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Professor Wagner Damazio 
1000 Questões Gratuitas de Direito Administrativo (Resolvidas e Comentadas) 
 
 
 
 
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o surgimento daqueles direitos, do que resulta na inexistência do dever de se indenizar as 
benfeitorias úteis e necessárias" (REsp 863.939/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 
24.11.2008). 3. "Configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em posse, 
mas em mera detenção, de natureza precária, o que afasta o direito de retenção por 
benfeitorias" (REsp 699374/DF, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, DJ 
18.6.2007). 4. "A ocupação de bem público não passa de simples detenção, caso em que se afigura 
inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público. Não induzem posse os atos 
de mera tolerância (art. 497 do Código Civil/1916)" (REsp 489.732/DF, Rel. Min. Barros Monteiro, 
Quarta Turma, DJ 13.6.2005). 5. "Tem-se como clandestina a construção, a qual está inteiramente 
em logradouro público, além do fato de que a sua demolição não vai trazer nenhum benefício direto 
ou indireto para o Município que caracterize eventual enriquecimento, muito pelo contrário, já que 
se está em discussão é a desocupação de imóvel público de uso comum que, por tal natureza, além 
de inalienável, interessa a toda coletividade" (REsp 245.758/PE, Rel. Min. José Delgado, Primeira 
Turma, DJ 15.5.2000) .6. Recurso Especial provido. REsp 900.159/RJ, Rel. Ministro HERMAN 
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe de 27/02/2012) (grifos não 
constantes do original) 
Já em relação a possibilidade de defesa desse bem público face a invasão provocada por outro 
particular, o STJ tem entendido caber a propositura de ações possessórias, como a ação de 
reintegração de posse, como se verá abaixo por meio do informativo nº 579 do STJ: 
 
Informativo 579 STJ 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO POSSESSÓRIA POR 
INVASOR DE TERRA PÚBLICA CONTRA OUTROS PARTICULARES. É cabível o ajuizamento 
de ações possessórias por parte de invasor de terra pública contra outros particulares. 
Inicialmente, salienta-se que não se desconhece a jurisprudência do STJ no sentido de que a 
ocupação de área pública sem autorização expressa e legítima do titular do domínio constitui 
mera detenção (REsp 998.409-DF, Terceira Turma, DJe 3/11/2009). Contudo, vislumbra-se que, 
na verdade, isso revela questão relacionada à posse. Nessa ordem de ideias, ressalta-se o 
previsto no art. 1.198 do CC, in verbis: "Considera-se detentor aquele que, achando-se em 
relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de 
ordens ou instruções suas". Como se vê, para que se possa admitir a relação de dependência, a 
posse deve ser exercida em nome de outrem que ostente o jus possidendi ou o jus possessionis. 
Ora, aquele que invade terras públicas e nela constrói sua moradia jamais exercerá a posse em 
nome alheio, de modo que não há entre ele e o ente público uma relação de dependência ou de 
subordinação e, por isso, não há que se falar em mera detenção. De fato, o animus domni é 
evidente, a despeito de ele ser juridicamente infrutífero. Inclusive, o fato de as terras serem 
públicas e, dessa maneira, não serem passíveis de aquisição por usucapião, não altera esse 
quadro. Com frequência, o invasor sequer conhece essa característica do imóvel. Portanto, os 
interditos possessórios são adequados à discussão da melhor posse entre particulares, 
ainda que ela esteja relacionada a terras públicas. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. 
Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016, DJe 15/3/2016. 
Vamos aos comentários: 
a) Incorreto. O ocupante de bem público, sendo mero detentor, pode propor ações possessórias 
contra outro particular que queira prejudicar o uso do bem. 
b) Incorreto. O particular exerce a posse sobre o bem público, cabendo a propositura de ações 
possessórias quando tiver o uso do bem prejudicado por outro particular. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10655205/artigo-1198-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp1484304