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ALUNO/MATRÍCULA: Junior Gabryel Campos De Oliveira - 3883116 ATIVIDADE COMPENSATÓRIA – PUBLICIDADE MÉDICA O artigo 1º da Resolução nº 1.974/2011 do Conselho Federal de Medicina (CFM) define "publicidade" como qualquer forma de comunicação ao público sobre a atuação profissional do médico. A discussão sobre publicidade médica teve início em 1949, durante a 3ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial, na Inglaterra, e desde então tem gerado debates sobre como o médico pode divulgar seu trabalho sem comprometer princípios éticos (CFM, 2024). Com o avanço das mídias sociais e o conceito de "saúde 2.0", que promove maior interação entre médico e paciente no ambiente virtual, a publicidade médica passou a utilizar ferramentas como sites, redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagens para atrair pacientes. Essa transformação aumentou a necessidade de regulamentação, devido ao crescimento de práticas inadequadas de divulgação e do número de processos médico-legais. Entre 2000 e 2014, o Superior Tribunal de Justiça registrou um aumento de 1.600% em ações judiciais contra médicos (SCHMIDT, A.C.F.D.A. et.al., 2021). O termo "erro médico" refere-se a condutas profissionais inadequadas que resultam em prejuízo ao paciente, incluindo diagnósticos equivocados, procedimentos inadequados, quebra de sigilo ou práticas voltadas exclusivamente ao lucro. Médicos que desrespeitam as normas de publicidade podem ser responsabilizados civil, penal e eticamente, enfrentando sanções aplicadas pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e o CFM. Estudos apontam que parte dos processos registrados nos conselhos médicos decorre de infrações relacionadas à publicidade (SCHMIDT, A.C.F.D.A. et.al., 2021). O Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução nº 1.974/2011, estabeleceu normas para regulamentar a publicidade médica, complementando o Código de Ética Médica. A resolução define "publicidade médica" como qualquer comunicação pública sobre a atividade profissional do médico, incluindo materiais impressos, propagandas em mídia digital, televisiva, rádio e outros formatos. Essa divulgação deve seguir princípios éticos e educativos, diferenciando-se da publicidade comercial (CFM, 2024). Para garantir o cumprimento dessas normas, o CFM instituiu que os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) contem com uma Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame), responsável por supervisionar e orientar a publicidade médica. Entretanto, o aumento do número de escolas médicas no Brasil tem intensificado a competição no mercado, levando muitos profissionais a recorrerem a práticas de marketing que nem sempre respeitam os limites éticos (CFM, 2024). Dado o impacto dessas mudanças, é essencial aprofundar o estudo sobre publicidade médica, promovendo maior conscientização sobre a importância de práticas éticas e sugerindo melhorias na formação e capacitação dos profissionais de saúde em um cenário cada vez mais influenciado pela comunicação digital (SCHMIDT, A.C.F.D.A. et.al., 2021). As normas para médicos nas redes sociais permitem a publicação de selfies, imagens e áudios, desde que não promovam sensacionalismo ou concorrência desleal. É permitido o compartilhamento esporádico de postagens de terceiros ou pacientes que elogiem o profissional, mas repostagens reiteradas (mais de duas vezes por semestre) podem ser caracterizadas como sensacionalismo e prática antiética. Essas regras se aplicam a todos os médicos, independentemente de serem figuras públicas, e a fiscalização cabe às Codames dos CRMs (art.7 e art.8 – CFM, 2024) Elogios publicados por terceiros sobre técnicas ou resultados, mesmo que não compartilhados pelo médico, serão analisados pela Codame, especialmente se forem reiterados em perfis de grande alcance que possam induzir à captação de clientela. Essa diretriz visa evitar associações inadequadas entre médicos e tais perfis (art. 7 e art.8 – CFM, 2024). Os médicos podem utilizar suas redes sociais para discutir aspectos de seu trabalho, relatar experiências práticas (sem identificação de pacientes), e compartilhar reflexões ou comentários embasados sobre artigos científicos e curiosidades da área médica. Sempre é necessário manter o conteúdo em conformidade com a literatura médica e evitar informações sensacionalistas art.7 e art.8 – CFM, 2024). A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) considera informações relacionadas à saúde, como diagnósticos, exames e prontuários, como dados sensíveis. O uso desses dados exige autorização do titular e deve seguir normas legais. Paralelamente, médicos e estudantes de medicina estão vinculados ao sigilo profissional (PURIM, K.S.M., 2022). Com a popularização das redes sociais e a intensificação da comunicação digital, especialmente durante a pandemia, a divulgação de serviços médicos aumentou, em parte devido ao crescimento no número de Escolas de Medicina e de profissionais no mercado. A capacidade de comunicar-se de forma ética, tanto em privado quanto em público, é uma competência essencial prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de medicina. No entanto, a publicidade médica muitas vezes é negligenciada no ensino formal, permanecendo um tema pouco explorado pelos estudantes (PURIM, K.S.M., 2022). O Código de Ética do Estudante de Medicina (CEEM) estabelece princípios éticos, direitos e deveres para a atuação acadêmica e a relação com colegas, professores e pacientes. Diante desse contexto, o estudo busca avaliar o conhecimento dos estudantes de medicina sobre o uso das redes sociais no âmbito da publicidade médica (PURIM, K.S.M., 2022). A Resolução CFM nº 2.336/23 trouxe mudanças significativas à publicidade médica, flexibilizando regras e permitindo maior liberdade na divulgação de serviços. Os médicos agora podem divulgar preços, realizar campanhas promocionais e utilizar imagens de pacientes para fins educativos, desde que respeitem critérios éticos, como garantir o anonimato e evitar manipulações ou promessas de resultados. Também é permitido repostar elogios de pacientes, desde que sejam sóbrios. A norma autoriza a gravação de procedimentos médicos para divulgação, mediante autorização do paciente, mas mantém a proibição de ensinar técnicas médicas a não-médicos. A resolução busca equilibrar a liberdade de comunicação com responsabilidade, reforçando a ética e a segurança na relação médico-paciente (CFM, 2024). Médicos podem anunciar suas qualificações, incluindo pós-graduação lato sensu, desde que identifiquem-se como "NÃO ESPECIALISTA", e devem informar o número do RQE caso sejam especialistas. Selfies e publicações sobre ambiente de trabalho, equipe e emoções profissionais são permitidas, desde que não sejam sensacionalistas ou desleais. É autorizado divulgar preços, campanhas promocionais e informações sobre tecnologias aprovadas, mas práticas como vendas casadas e consórcios continuam proibidas. Postagens de pacientes elogiando médicos serão investigadas pela Codame, caso reiteradas. Além disso, médicos podem organizar cursos para leigos, porém diagnósticos e consultas em grupo permanecem vedados. A norma promove equilíbrio entre liberdade de comunicação e compromisso ético (CFM, 2024). Referências CFM. Manual de publicidade médica: resolução CFM nº 2.336, de 13 de julho de 2023. Brasília, DF: Conselho Federal de Medicina, 2024. PURIM, K.S.M. et.al. Publicidade médica em redes sociais: conhecimento e ensino na graduação de medicina. Rev Col Bras Cir, s/n, 2022. SCHMIDT, A.C.F.D.A. et.al. Publicidade médica em tempos de medicina em rede. Rev. Bioét, v.29, n.1, p.115-127, 2021.