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Completando os elementos dessa demonstração, considere a reta 
QF

. Esta vai intersectar o cone em um ponto L , conforme a fi-
gura acima (de fato, essa reta intersecta o cone em dois pontos, 
mas o outro ponto de intersecção não será relevante para nossa 
demonstração). O plano da cônica intersecta o plano da circunfe-
rência , , 'M G M em uma reta, que vamos denotar por RS

 (esta 
será a reta diretriz da cônica), onde R é o ponto de intersecção 
dessa reta comum aos dois planos (que sempre existe, pois dois 
planos distintos, quando se intersectam, determinam uma reta) 
com a reta perpendicular a essa a partir do ponto P (conforme 
figura) e S é a intersecção dessa reta comum aos dois planos com 
a reta QF

. Deixamos a seu encargo a verificação geométrica (ra-
zoavelmente elementar) de que a reta QF

 está no mesmo plano 
que as retas 'MM

 e 'KK

 (pense no que é a secção da esfera por 
esse plano). Como os pontos M e K estão sobre a mesma gera-
triz do cone, então KM PG≡ .
O plano da cônica intersecta o plano , , 'K P K , na reta 'PP

 e in-
tersecta o plano , , 'M G M na reta RS

. Como os planos , , 'K P K 
e , , 'M G M são paralelos, concluímos que a reta 'PP

 é paralela à 
reta RS

. Por outro lado, a reta 'PP

 é perpendicular ao plano que 
contém as retas paralelas 'MM

 e 'KK

, portanto, 'PP

 é perpen-
dicular à reta QF

, que por sua vez, vai ser perpendicular à reta 
RS

. Concluindo, como a reta RS

 é perpendicular à reta PR

, te-
mos que QF

 é paralela a PR

. Portanto, o quadrilátero , , ,P Q S R 
é um retângulo, o que implica que QS PR≡ . 
Considere, agora, os triângulos QLK∆ e SLM∆ . Temos que 
QLK SLM∠ ≡ ∠ , pois são ângulos opostos pelo vértice, temos 
também que QKL SML∠ ≡ ∠ , pois as retas 'MM

 e 'KK

 são re-
tas paralelas. Portanto, os triângulos QLK∆ e SLM∆ são seme-
lhantes, assim:
 1 1 
 .
KL QL KL QL
ML SL ML SL
KL ML QL SL KM QS
ML ML SL SL ML SL
= ⇒ + = + ⇒
+ = + ⇒ =
Portanto, temos que 
PF KM ML
PR QS SL
= = ,
110
e como a razão ML
SL
 depende apenas do triângulo SLM∆ , que 
está unicamente determinado pelos dados da cônica e não pelo 
ponto específico sobre a mesma, temos o resultado. Nesse caso, a 
excentricidade da cônica será exatamente 
MLe
SL
= .
∎
A excentricidade de uma cônica é um número positivo que varia 
de cônica para cônica. Você pode argumentar utilizando raciocí-
nios de geometria elementar que para uma elipse temos que 1e < , 
para uma parábola vale a igualdade 1e = e para uma hipérbole, 
temos que 1e > .
Tendo em vista o resultado demonstrado acima, podemos dedu-
zir a equação polar de uma cônica. Considere uma cônica cujo 
foco esteja localizado na origem do sistema de coordenadas e cuja 
diretriz seja a reta vertical x A= − , conforme ilustrado na Figura 
2.29. 
y
x
F
r
R
(−A,0)
P=(x,y)
Figura 2.29 - Dedução da equação polar de uma cônica.
Seja ( , )P x y= um ponto sobre a cônica. Sabemos que a razão 
PFe
PR
= independe do ponto P em questão, portanto
Em um triângulo qualquer 
ao maior ângulo se opõe o 
maior lado.
111
2 2
 
cos( )
cos( ) (1 cos( )) 
.
1 cos( )
x y re
x A r A
er eA r r e eA
eAr
e
q
q q
q
+
= = ⇒
+ +
+ = ⇒ − = ⇒
=
−
Essa última equação é a equação da cônica em coordenadas po-
lares (note que se 0A < , podemos ter uma variação no denomi-
nador da equação polar, obtendo-se uma soma ao invés de uma 
subtração). Como dissemos, a equação polar das cônicas será im-
portante no próximo capítulo para identificarmos o formato das 
órbitas planetárias.
Resumo
Neste capítulo, pudemos ver alguns exemplos do uso de funções 
elementares para a modelagem de problemas físicos. Entre os tó-
picos abordados vimos
A modelagem matemática de fenômenos físicos possui duas •	
vertentes principais: A primeira é a análise da configuração 
do sistema, isto é, da geometria dos elementos envolvidos no 
sistema físico. Nesta etapa, por exemplo, temos a escolha do 
sistema de coordenadas mais apropriado. A segunda con-
siste da análise física propriamente dita, como, por exem-
plo, a identificação das grandezas físicas que realmente são 
relevantes no sistema e o que pode ser desprezado em uma 
primeira aproximação bem como a dependência funcional 
entre as grandezas envolvidas.
A dependência funcional entre as grandezas físicas deve ser •	
extraída a partir da análise de dados experimentais, estas 
são denominadas leis empíricas.
As funções de primeiro graus podem ser utilizadas para •	
modelar problemas de variação (velocidade) constante. O 
raciocínio cinemático pode ser muito útil no tratamento de 
problemas matemáticos envolvendo proporcionalidade, in-
clusive problemas clássicos de regra de três simples e com-
posta podem ser tratados utilizando velocidades e funções 
de primeiro grau.
As funções quadráticas são utilizadas para tratar problemas •