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Democracia racial no Brasil Reflex›es Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta seção. NÃO ESCREVA NO LIVRO Movimento negro nos Estados Unidos Assim como você aprendeu anteriormente sobre importantes momentos do processo de escravidão nos Estados Unidos, vai conhecer agora características cen- trais da história do movimento negro naquele país. Desde o fim da Guerra de Secessão até meados da década de 1960, vigorou nos Estados Unidos, principalmente nos estados do sul do país, um sistema de segrega- ção que proibia negros de frequentar as mesmas escolas dos brancos, os mesmos lugares públicos, os mesmos espaços nos ônibus, além de reproduzir diferenças so- ciais, como maior pobreza e analfabetismo entre os negros. Em 1955, no estado do Alabama, a atitude de Rosa Parks – uma mulher negra que se recusou a ceder seu lugar no ônibus a um homem branco – desencadeou um intenso processo de luta por direitos civis que culminou com a abolição formal do sistema estadunidense de apartheid em 1964. Alguns dos principais líderes negros que conduziram essa luta foram o pastor pro- testante Martin Luther King (1929-1968), o militante islâmico pelos direitos dos afro- -americanos Malcom X (1925-1965) e os fundadores ativistas do Partido dos Panteras Negras Huey Newton (1942-1989), Bobby Seale (1936-) e Angela Davis (1944-). O professor doutor Kabengele Munanga (1940-), um antropólogo brasileiro-congolês, é uma das principais referências na questão do racismo na so- ciedade brasileira. Abaixo, veja alguns trechos de uma entrevista concedida por ele. A luta pela mudança, da transformação da so- ciedade, demora muito. Já tivemos no Brasil algu- mas conquistas, sobre a questão da igualdade en- tre branco, negro, indígenas e outros diferentes e isso foi luta de gerações do movimento negro que vem desde Zumbi dos Palmares até agora. [...] As palavras são importantes, mas a luta se faz com políticas e essas políticas estão sendo destru- ídas. A consciência está lá, o discurso está lá, mas não as políticas públicas, que estão sendo destru- ídas por uma conjuntura onde parece que não se entendeu [a necessidade dessas políticas] [...] A gente se pergunta o que está por trás disso, porque a questão para mim não é ser de direita ou ser de esquerda, a questão importante é saber como se viver em uma sociedade que tem proble- mas, onde você deve construir políticas sociais [...] A luta pela liberdade não tem preço. A única saída é a população se mobilizar para defender seus direitos, para que esse retrocesso não acon- teça mais e que possamos recuperar o que está sendo perdido rapidamente, construindo mais do que o que já foi feito [...]. MILENA, Lilian. Carta Maior, 15 maio 2019. Disponível em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/ Kabengele-Munanga-o-antropologo-que-desmistificou-a- democracia-racial-no-Brasil/5/44091. Acesso em: 30 jun. 2020. 1. Qual é a principal preocupação do professor Munanga? Por quê? 2. Observe novamente os dados apresentados na página 50 sobre a representação política de pre- tos e pardos no Parlamento e considere a pas- sagem do texto em que Munanga diz: “a luta se faz com políticas e essas políticas estão sendo destruídas”. De que forma é possível estabelecer alguma relação entre as duas mensagens? Kabengele Munanga, doutor em Antropologia e professor da Universidade de São Paulo (USP). Fotografia de 2006. R o g é ri o C a s s im ir o /F o lh a p re s s 51 V5_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap2_040-063.indd 51V5_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap2_040-063.indd 51 18/09/2020 11:4218/09/2020 11:42 Ampliando Martin Luther King, ou “Dr. King”, como ficou conhecido entre os militantes, foi um pastor pro- testante defensor dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Inspirado no método da não violência de Gandhi, lutou contra o racismo, por mais empregos e melhores salários para os negros e foi ativamente contra a Guerra do Vietnã. Ele era conhecido por sua excelente retórica e por pro- ferir frases que ficaram famosas ao longo da his- tória, como a emblemática “Eu tenho um sonho” (“I have a dream”). Veja a seguir algumas de suas famosas falas. Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta seção. Os professores de História e de Sociologia são indicados, prioritariamente, para o trabalho deste segmento. M a ti ld e C a m p o d o n ic o / A P P h o to /G lo w I m a g e s Ativista Angela Davis em comício da Universidade da República de Montevidéu, no Uruguai, em 2019. Angela Davis nasceu em 1944 no estado do Alabama, Estados Unidos. Militante dos Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, foi acusada de envolvimento em um atentado que terminou com a morte de um juiz. Em agosto de 1970, seu nome foi incluído na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI. Após meses escondida, a ativista e intelectual foi presa, e o mundo inteiro enga- jou-se na campanha conhecida como Libertem Angela Davis. Após dezoito me- ses, ela foi inocentada de todas as acusações. Filósofa marxista é, hoje, professora emérita da Universidade da Califórnia e ícone na luta mundial pelos direitos civis. Pe rfil Dica Os contos do livro Olhos d’água abordam a pobreza e a violência urbana que atingem a população feminina afro-brasileira. A autora busca expor as difíceis condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira, sobretudo a situ- ação das mulheres. Os contos apresentam personagens em di- ferentes contextos que compar- tilham as mesmas dificuldades e dilemas sociais e existenciais. EVARISTO, Conceição. Olhos d’á- gua. Rio de Janeiro: Pallas, 2014. O Partido dos Panteras Negras foi criado na dé- cada de 1960, nos Estados Unidos, para defender os moradores dos bairros negros da violência policial e denunciar o racismo na sociedade. Eram socialistas e defendiam a resistência armada contra a opressão e a perseguição por parte dos brancos ricos e da polícia. Também lutavam por melhores condições sociais para os afro-americanos e foram contra a Guerra do Vietnã. H u lt o n A rc h iv e / G e tt y I m a g e s “Eu tenho um sonho: que meus quatro filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim por seu caráter.” 23 de agosto de 1968, na Marcha de Washington pelo Trabalho e pela Liberdade. “Creio que a verdade desarmada e o amor incondicional terão a últi-ma palavra na realidade. É por isso que o bem temporariamente derro-tado é mais forte que o mal triunfante.” 10 de dezembro de 1964, no discurso de aceitação do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, Noruega. “Não sei o que acontecerá agora, se virão dias difíceis. Mas realmente não me importa, porque estamos no cimo da montanha. Como qualquer um, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas agora isso não me preocupa. Quero apenas fazer a vontade de Deus. [...]” 3 de abril de 1968, no templo do bispo Charles Mason em Memphis, Tennessee (um dia antes de ser morto). G e tt y I m a g e s 3 de abril de 1968, no templo do bispo Charles Mason em Memphis, Tennessee (um dia antes de ser morto). Martin Luther King, ou “Dr. King”, como ficou conhecido entre os militantes, foi um pastor pro- testante defensor dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Inspirado no método da não violência de Gandhi, lutou contra o racismo, por mais empregos e melhores salários para os negros e foi ativamente contra a Guerra do Vietnã. Ele era conhecido por sua excelente retórica e por pro- ferir frases que ficaram famosas ao longo da his- tória, como a emblemática “Eu tenho um sonho” (“I have a dream”). Veja a seguir algumas de suas famosas falas. “Eu tenho um sonho: que meus quatro filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim por seu caráter.” 23 de agosto de 1968, na Marcha de Washington pelo Trabalhoe pela Liberdade. “Creio que a verdade desarmada e o amor incondicional terão a últi-ma palavra na realidade. É por isso que o bem temporariamente derro- “Creio que a verdade desarmada e o amor incondicional terão a últi-ma palavra na realidade. É por isso que o bem temporariamente derro- ma palavra na realidade. É por isso que o bem temporariamente derro- “Creio que a verdade desarmada e o amor incondicional terão a últi- 10 de dezembro de 1964, no discurso de aceitação do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, Noruega. “Não sei o que acontecerá agora, se virão dias difíceis. Mas realmente não me importa, porque estamos no cimo da montanha. Como qualquer um, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas agora isso não me preocupa. Quero apenas fazer a vontade de Deus. [...]” 3 de abril de 1968, no templo do bispo Charles Mason em Memphis, Tennessee ”). Veja a seguir algumas de suas H u lt o n A rc h iv e / G e tt y I m a g e s “Não sei o que acontecerá agora, se virão dias difíceis. Mas realmente não me importa, porque estamos no cimo da montanha. Como qualquer um, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas agora isso não me preocupa. Quero apenas fazer a vontade de Deus. [...]” 3 de abril de 1968, no templo do bispo Charles Mason em Memphis, Tennessee Martin Luther King, em 28 de agosto de 1963, quando proferiu um dos seus discursos mais emblemáticos, na Marcha pelo Trabalho e pela Liberdade, em Washington, Estados Unidos. PARA LEMBRAR: as frases mais famosas de Martin Luther King. Estad‹o, 4 abr. 2018. Disponível em: https://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/para-lembrar-as-frases-mais-famosas-de- martin-luther-king. Acesso em: 30 jun. 2020. 52 V5_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap2_040-063.indd 52V5_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap2_040-063.indd 52 18/09/2020 11:4218/09/2020 11:42