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Futebol: a cultura de massa do Brasil
O futebol pode ser considerado um dos principais elementos da cultura de mas-
sa brasileira. É recorrente se fazer um contraponto entre um futebol mais lúdico, 
denominado futebol-arte, e outro mais pragmático, 
voltado à conquista de prêmios e, consequentemen-
te, ao lucro dos clubes esportivos. Esse contraponto é 
dado pelo fato de que o futebol acabou se tornando 
uma mercadoria na sociedade contemporânea.
Há uma série de indícios que embasam essa afir-
mação, a começar pela maneira como o futebol é 
consumido. Com o desenvolvimento das transmis-
sões esportivas pelo rádio, televisão e, recentemente, 
a internet, os torcedores transformaram-se em es-
pectadores-consumidores; os jogadores tornaram-se 
figuras publicitárias utilizadas para alavancar a popu-
laridade de um time, divulgar marcas e impulsionar 
o consumo de produtos relacionados (ou não) ao 
futebol; e os times passaram a ser patrocinados por 
grandes empresas. 
Tal processo transformou o esporte em um grande negócio, situação que não 
só é refletido no consumo de produtos relacionados ao futebol, como jogos de 
videogame, artigos ou roupas esportivas, como também na elevação do preço dos 
ingressos e na privatização dos estádios.
Adorno e Horkheimer analisaram como os indivíduos agem em culturas mas-
sificadas. Em blocos de indivíduos, as pessoas se deixam levar pelos aconteci-
mentos massificados sem racionalizá-los, ou seja, sem questioná-los ou refletir 
sobre eles. Elas apenas aderem à massa. Para os autores, isso explica uma série de 
fenômenos, como o antissemitismo, que conta com a cumplicidade de alguns 
grupos de pessoas. 
Essa estrutura de fenômeno de massa observada pelos autores pode servir para 
pensarmos o futebol? Como podemos pensar a interação dos indivíduos no fute-
bol, que é um fenômeno explicitamente de massa? Um torcedor em meio a uma 
torcida em um estádio de futebol tem um tipo de interação social bastante diferen-
te da interação de um telespectador, que assiste aos jogos de sua casa. Da mesma 
maneira, um jogador que interage com um time de futebol presencial em um cam-
po perto de sua casa não tem a mesma interação social que um jogador que utiliza 
um ambiente virtual para se divertir.
O futebol brasileiro pela lente de Frankfurt
Você já pensou em como as pessoas escolhem um time de futebol? Alguns 
estudos demonstram que as famílias têm grande importância nessa decisão. Mas 
há também outros fatores que influenciam, como a popularidade de um time na 
região onde se mora ou a frequente transmissão de jogos do time pelas estações de 
rádios ou canais de televisão aberta. 
Atualmente, por exemplo, o time do Flamengo tem a maior torcida do Brasil. 
Isso se deve, em parte, ao fato de que o rádio e a televisão aberta, durante muitos 
anos, transmitiram seus jogos para o estado do Rio de Janeiro e para outras regiões 
do país, como Nordeste, Norte e Centro-Oeste. 
antissemitismo: ódio aos 
povos semitas, como os 
judeus.
Estádio do Maracanã, no 
Rio de Janeiro (RJ), lotado de 
torcedores para assistir a jogo 
de futebol, em 2018.
FLAMENGO é o time mais 
popular do Brasil. Instituto 
de Pesquisas Datafolha, 
2019. Disponível em: http://
datafolha.folha.uol.com.br/
opiniaopublica/2019/09/ 
1988413-flamengo-e-time-
mais-popular-do-brasil.shtml. 
Acesso em: 22 jul. 2020. 
A.PAES/Shutterstock 
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Hoje em dia, não só os times brasileiros se tornaram po-
pulares internacionalmente, como também seus jogado-
res. Economicamente, os jogadores que se tornam grandes 
ídolos favorecem o crescimento dos clubes e, consequen-
temente, dos lucros. Tal dimensão acarreta altos salários, 
patrocínios de grandes marcas e elevados valores de nego-
ciação de venda dos jogadores entre os clubes. 
Um dos maiores exemplos de ídolos do futebol é o Pelé, 
conhecido por levar o futebol-arte brasileiro mundo afora. 
Pelé, mais do que um jogador, tornou-se uma marca pres-
tigiosa e um símbolo popular do esporte no século XX. Por 
trás do deslumbre com o futebol, a Copa do Mundo de 
1970 – estrelada por ele – não só garantiu o terceiro título 
mundial para o Brasil, como também serviu de estímulo ao 
patriotismo brasileiro, fundamental para garantir o apoio de 
certos grupos ao regime militar vigente no país. 
Além disso, é importante notar como a cultura de massa do 
futebol brasileiro foi direcionada ao público masculino. Apenas 
em meados de 1940, iniciou-se a participação de mulheres no 
futebol. A presença feminina não só foi algo permeado de pre-
conceitos, como também foi interrompida por lei. O Decreto-
-Lei no 3.199, de 1941, previa a vedação da participação de mulheres em práticas de 
desportos “incompatíveis com as condições de sua natureza” e funcionou como uma 
barreira legal para que o futebol feminino se desenvolvesse. 
Esse decreto foi regulamentado em 1965 e só em 1979 foi revogado. O futebol 
feminino começou a se desenvolver no país, portanto, a partir da década de 1980. 
Atualmente, a jogadora brasileira Marta é a atleta com mais troféus do Bola de 
Ouro (premiação que nomeia os melhores atletas do mundo), estando à frente, 
inclusive, de Messi e Cristiano Ronaldo. Além dela, a seleção feminina de futebol 
já conquistou muitos títulos e é reconhecida mundialmente pela qualidade do es-
porte. Ainda assim, muitas partidas da seleção feminina nem sequer aparecem nos 
canais abertos de televisão, o que ressalta a invisibilização das mulheres atletas na 
mídia esportiva no Brasil.
Na fotografia acima, Pelé 
comemora o terceiro título 
do Brasil na final da Copa do 
Mundo de 1970, no México. 
Na fotografia abaixo, Marta 
comemora gol contra a Itália 
durante a Copa do Mundo 
feminina de 2019, na França.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
[...] O que é a mercadoria cinematográfica? Quan-
do se compra um quilo de arroz, um par de sapatos 
ou um quadro, a mercadoria é um objeto concreto. 
Mas o espectador não compra um filme na bilheteria, 
ele compra uma entrada que lhe dá direito a sentar-
-se numa poltrona durante um tempo determinado 
para olhar um filme. É uma mercadoria abstrata que 
se assemelha não ao quadro ou ao livro, mas a uma 
mercadoria tipo “transporte público”. Quando se 
compra uma passagem, não se adquire um ônibus ou 
um avião, mas sim o direito de ocupar uma poltrona 
para ser transportado de um lugar para outro.
BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. 
São Paulo: Brasiliense, 1980.
1. Com base no texto acima, redija um texto argumen-
tativo (defendendo uma ideia, hipótese, teoria ou 
opinião) sobre o papel do cinema na sociedade de 
consumo e de cultura de massa. Você pode fazer 
uma consulta na internet sobre esse tema e apresen-
tar argumentos construídos por outros autores.
Professor, no Manual você encontra 
orientações sobre esta atividade.Explorando
NÃO ESCREVA NO LIVRO
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