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surgir no cotidiano da vida pessoal, como também pa-
ra exercer uma atitude cidadã transformadora em um 
sentido mais amplo, coletivo.
E como essa formação integral pode se materializar? 
Ela pode se materializar na construção de processos edu-
cativos que promovam a autonomia e o protagonismo 
dos estudantes e se integrem à cultura juvenil e à realida-
de deles, contextualizando o ensino e tornando a apren-
dizagem significativa. A intenção dessa formação integral 
é formar sujeitos capazes de construir conhecimento, de 
colocar esse conhecimento em uso e de se relacionar 
consigo com autocuidado e com os outros de modo em-
pático e cooperativo.
As experiências de aprendizagem dos estudantes pre-
cisam estar em concordância com as necessidades, possi-
bilidades e os interesses deles de modo a promover e fa-
vorecer a construção de seu projeto de vida.
• Educação integral
Leia mais sobre educação integral no site do Ministério da 
Educação.
Disponível em: http://educacaointegral.mec.gov.br/ (acesso 
em: 16 jul. 2020).
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Em conformidade com essa proposta de educação in-
tegral, as áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e 
Matemática e suas Tecnologias dialogam, neste volume, 
sob o viés da Educação matemática crítica, segundo Ole 
Skovsmose, apresentando preocupações da sociedade, nos 
âmbitos social, político e econômico, e demonstrando a 
valorização do raciocínio matemático, da racionalidade 
matemática, como ferramenta que tem uma função em 
prol das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
O conhecimento matemático é valorizado socialmen-
te como fundamental por ser considerado inquestionável 
e de caráter exato que pode ser demonstrado. Nesse sen-
tido, a Educação matemática crítica favoreceu a aborda-
gem teórico-metodológica desta obra colaborando para 
o desenvolvimento da consciência crítica dos estudantes 
com base em reflexões:
• das práticas políticas como eleitores (capítulo Institui-
ções políticas e democracia);
• de questões econômicas e sociais que se relacionam 
a desigualdades, marginalização e grupos sub-repre-
sentados (capítulo Desigualdades e justiça social);
• de tomadas de decisão que diminuam riscos do pon-
to de vista social e de saúde pública, considerando o 
bem-estar coletivo (capítulo Saúde e crises sanitárias);
• de comportamentos de consumo e Educação fi-
nanceira, refletindo sobre necessidades, motivações 
e impulsos que fundamentam tais comportamen-
tos (capítulo Consumo e Educação financeira);
• de práticas agrícolas em ambientes urbanos, bem co-
mo suas implicações, inclusive para o acesso a uma 
alimentação nutritiva e saudável (capítulo Agricultura 
urbana e sustentabilidade).
 � O jovem em desenvolvimento no 
Ensino Médio
Os jovens ocupam uma posição social que, depen-
dendo do contexto (histórico, social e cultural), recebem 
da sociedade um tratamento com contornos particulares 
distintos por serem vistos apenas sob o ponto de vista de 
“fronteira” entre duas faixas etárias específicas.
A fase da adolescência, período em que os jovens, de 
modo geral, estão cursando o Ensino Médio, é a fase que 
marca o ingresso na juventude e é, também, uma fase ca-
racterizada por muitas mudanças biológicas, psicológicas 
e, até mesmo, de inserção social.
É nessa fase que os estudantes sinalizam o desejo da 
busca por independência, querendo apropriar-se de al-
gumas responsabilidades e, para isso, acham que a pro-
teção familiar e orientações escolares podem ser dispen-
sadas e tentam, por isso, demonstrar autossuficiência.
No Ensino Médio, as experiências vivenciadas pelos 
jovens, além dos aspectos essenciais relacionados às áreas 
do conhecimento, constituem parte de um processo de 
aprendizagem que visa levar os estudantes a reconhecer 
e compreender o lugar que ocupam como protagonistas 
da própria aprendizagem.
• Por uma pedagogia das juventudes: experiências 
educativas do Observatório da Juventude da UFMG
Juarez Dayrell (org.). Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.
De acordo com a proposta de Paulo Freire, esse livro, com 
base em experiências educativas desenvolvidas pelo 
Observatório da Juventude da Universidade Federal de 
Minas Gerais (UFMG), trata do tema de que pensar a 
prática pedagógica é o melhor modo de “pensar certo”, 
expressão usada pelo próprio educador pernambucano 
Paulo Freire.
Disponível em: https://observatoriodajuventude.ufmg.br/
publication/view/livro-por-uma-pedagogia-das-juventudes/ 
(acesso em: 27 jul. 2020).
SAIBA11
 � O estudante protagonista do 
processo de aprendizagem
O termo “protagonista” foi incorporado à prática 
educativa para designar que os estudantes devem ser 
ORIENTAÇÕES GERAIS | 169
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considerados elementos centrais do processo de ensino 
e aprendizagem. Na BNCC, essa ideia de protagonismo, 
mais especificamente o juvenil, perpassa todo o texto 
do documento, relacionando a educação integral ao pro-
jeto de vida, que será comentado no tópico seguinte.
Antonio Carlos Gomes da Costa é referência brasilei-
ra como autor que, com base em um processo educacio-
nal desenvolvido por ele com jovens, elaborou a seguin-
te definição:
Protagonismo juvenil [...] é a participação do ado-
lescente em atividades que exploram o âmbito de 
seus interesses individuais e familiares e que podem 
ter como espaço a escola, a vida comunitária [...] e 
até mesmo a sociedade em sentido mais amplo, atra-
vés de campanhas, movimentos e outras formas de 
mobilização que transcendem os limites de seu en-
torno sócio-comunitário.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Protagonismo juvenil: 
adolescência, educação e participação democrática. 
Salvador: Fundação Odebrecht, 2000. p. 175.
Para que os estudantes sejam protagonistas do proces-
so de aprendizagem, é recomendável aliar esse protagonis-
mo dos jovens aos temas da contemporaneidade com ba-
se em propostas por meio das quais eles se apropriem da 
ideia de que terão sempre de continuar estudando, bus-
cando conhecimento, pesquisando, ao longo de toda a 
vida e não apenas na escola. Isso porque vivemos em um 
mundo fluido, em constante transformação, no qual as in-
formações se alastram de maneira rápida. Todavia, o co-
nhecimento que é fruto de uma atitude reflexiva requer 
preparar-se, reciclar-se e atualizar-se sempre para estar pre-
parado para lidar com a realidade e saber como lidar com 
os novos desafios que surgem a todo momento.
O protagonismo, de acordo com a definição que vo-
cê leu de Antonio Carlos Gomes da Costa, tem relação 
com cidadania, logo, é importante que as situações de 
ensino e aprendizagem sejam organizadas de modo a per-
mitir aos estudantes que exerçam um papel autoral, ativo 
e criativo, voltado à construção dos conhecimentos, com-
preendendo a responsabilidade que eles têm como agen-
tes ativos na sociedade.
O protagonismo juvenil também está relacionado 
com o desenvolvimento integral dos estudantes no En-
sino Médio por incorporar princípios éticos na formação 
de jovens, instigando-os a serem críticos tanto para com-
preender quanto para opinar sobre o que ocorre ao redor 
deles, bem como agir de maneira autônoma nas muitas 
dimensões da vida (social, produtiva, econômica, ambien-
tal, cultural e política). 
No texto introdutório da BNCC para a etapa de En-
sino Médio, destaca-se uma orientação para o favoreci-
mento do desenvolvimento do protagonismo dos jovens. 
Tal orientação recomenda que:
O mundo deve lhes ser apresentado como campo 
aberto para investigação e intervenção quanto a seus 
aspectos políticos, sociais, produtivos, ambientais e 
culturais, de modo que se sintam estimulados a 
equacionar e resolver questões legadas pelas gera-
ções anteriores – e que se refletem nos contextos 
atuais –, abrindo-se criativamente para o novo.
BRASIL. Ministério da Educação. Base NacionalComum 
Curricular. p. 463. Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf (acesso em: 10 ago. 2020).
Esse “campo aberto para investigação e intervenção” 
significa que aos estudantes devem ser oferecidas pro-
postas que os levem a descobrir, desbravar, explorar co-
nhecimentos que lhes permitam compreender e ler o 
mundo, segundo a proposta de literacia de Paulo Freire 
e, concomitantemente, fazer uso desse conhecimento 
para intervir, transformar, mudar a realidade ao redor, 
propondo, sugerindo e produzindo protótipos com pos-
síveis soluções.
Nesse sentido, o trabalho com o desenvolvimento de 
projetos é muito indicado para a viabilização do prota-
gonismo juvenil enquanto ação educativa, pois cria con-
dições para solução de problemas reais, iniciativas com 
liberdade e responsabilidade e a tomada de decisões. 
Neste volume, intercalados aos capítulos, são propos-
tos projetos que exploram diferentes métodos e técnicas 
de pesquisa na realização.
Trabalhar com projetos cria situações que promo-
vem, para além dos conteúdos das áreas de conheci-
mento, situações de aprendizagem com acolhimento, 
valorização da diversidade, empatia, colaboração, res-
peito às pessoas, etc. Dessa maneira, as competências 
gerais são incorporadas e apropriadas de modo orgâni-
co pelos estudantes que as desenvolvem por meio des-
sas vivências em práticas educativas que intencional-
mente visam o desenvolvimento delas de modo 
coerente aos ambientes escolares e educativos.
Para que os estudantes desenvolvam a autonomia, 
você precisa estar aberto a novas possibilidades, exercen-
do um papel de mediador. Sua postura é fundamental 
para incentivar o protagonismo dos estudantes, sendo 
responsável por organizar, entusiasmar, corrigir rotas, dar 
suporte para as ações, entre outros..
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