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O que são as vacinas de RNA mensageiro e como a
tecnologia pode tratar doenças?
Entenda o que são as vacinas de mRNA e como e como essa tecnologia também pode tratar doenças
Apesar de a tecnologia de RNA mensageiro ser estudada há décadas, a aplicação dela só teve
repercussão mundial quando foi utilizada para a produção em tempo recorde de vacina contra a Covid-
19. Mas a função do RNA mensageiro vai além e pode ser usado, inclusive, no tratamento de vários
tipos de cânceres. Para saber mais sobre esse tipo de tecnologia na área da saúde e como ele funciona,
continue a leitura. 
O QUE É O RNA MENSAGEIRO?
Para entender o que é o RNA mensageiro, é necessário saber como funcionam algumas estruturas das
células envolvidas no armazenamento e na transmissão das informações genéticas delas para que
possam se duplicar:
1. DNA - o ácido desoxirribonucleico é uma molécula presente no núcleo de todas as células de
qualquer ser vivo, exceto de alguns vírus. A função dele é armazenar as informações genéticas
desse ser e transmiti-las para o RNA;
2. RNA - o ácido ribonucleico é responsável pela síntese das proteínas que formam todas as células
a partir das informações armazenadas no DNA. Existem três tipos de RNA envolvidos no processo
de síntese de proteínas, sendo que um deles é o RNA mensageiro.
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3. RNA mensageiro - leva as informações genéticas do DNA, que estabelecem a ordem em que os
aminoácidos devem ser unidos para que cada proteína seja formada;
4. Ribossomos - são estruturas que ficam no citoplasma da célula, cuja função é produzir as
proteínas com as instruções trazidas pelo RNA mensageiro.
COMO FUNCIONA UMA VACINA COM RNA MENSAGEIRO?
Até recentemente, todas as vacinas eram feitas a partir de uma parte de um agente infecioso específico
morto ou atenuado que levava o organismo a reconhecê-lo como um agente estranho e desenvolver
uma resposta imunológica que prevenisse a infecção. 
Já a vacina de RNA mensageiro é feita a partir de um mRNA sintético que corresponde a uma
determinada proteína do agente infecioso. Quem recebe essa vacina não é exposto a uma parte do
micro-organismo que causa a doença, mas sim a um modelo de um RNA mensageiro dele. Isso faz com
que as células produzam parte de uma proteína específica do agente infeccioso para que o
organismo possa aprender que ela é estranha e, assim, desenvolva uma resposta imunológica, ou seja:
1. Após a vacinação, o mRNA entra nas células e produz um pedaço inofensivo de uma determinada
proteína do agente infeccioso. No caso do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, é parte de
um tipo de proteína encontrada na superfície dele, chamada de spike;
2. Quando as células do nosso organismo produzem um pedaço inofensivo de uma determinada
proteína do agente infeccioso, o sistema imunológico reconhece que ela não pertence ao
organismo, ativando a produção de anticorpos e de outras células imunológicas para combater o
que o corpo reconhece como uma infecção;
3. Dessa forma, o corpo aprende a se proteger contra futuras infecções pelo mesmo tipo de vírus. 
O RNA mensageiro (mRNA) foi descoberto no início dos anos 1960 e começou a ser pesquisado para
utilização em vacinas na década seguinte. Entretanto, foram necessários muitos anos para solucionar
vários problemas para tornar isso possível, sendo que o maior desafio foi como entregar o mRNA nas
células sem que ele se degradasse antes.
A ideia se mostrou promissora em experimentos realizados durante os 1990 e 2000. O objetivo dos
pesquisadores era criar vacinas para proteger contra doenças virais como influenza, ebola e síndrome
respiratória aguda grave (SARS), além terapias para o câncer.
No caso do câncer, a principal diferença no uso de vacinas baseadas em mRNA em relação às doenças
infecciosas é que o objetivo é terapêutico, ou seja, é o tratamento, não a prevenção. Então, no caso do
câncer, o mRNA sintético acionaria o sistema imunológico para identificar e atacar as células
cancerígenas que já existem na pessoa, ao invés de ensinar o sistema imunológico a identificar e atacar
um agente infeccioso ao qual alguém pode ser exposto.
QUAIS AS VANTAGENS DE VACINAS PRODUZIDAS COM MRNA?
Um benefício que ficou muito evidente por conta da pandemia de Covid-19 em relação à tecnologia
mRNA é a rapidez com que ela pode ser produzida. Diferentemente das vacinas convencionais, cujo
processo de desenvolvimento e aplicação pode levar anos por serem feitas a partir da inativação ou
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enfraquecimento de vírus, as vacinas de mRNA são produzidas de forma rápida e sintética, usando
somente o código genético do patógeno. Outras vantagens importantes são:
Flexibilidade - com o mRNA, a vacina pode ser alterada rapidamente para poder agir contra
variantes mais potentes do vírus;
Padronização - o RNA mensageiro é feito em laboratório, garantindo padronização da produção
em grande escala, o que seria útil em prováveis novos grandes surtos e epidemias;
Maior segurança e eficácia - as vacinas de mRNA já foram aprovadas em todo o mundo e o seu
uso na população entrega uma resposta imunológica rápida e eficaz. 
POR QUE A TECNOLOGIA DE MRNA É REVOLUCIONÁRIA NA MEDICINA? 
Os estudos que envolvem o mRNA são realizados há décadas e são uma grande esperança na
medicina. Seja por tornar possível o desenvolvimento de vacinas em tempo recorde - o que por si só já é
uma boa mostra do potencial da tecnologia -, quanto pela possibilidade futura do RNA mensageiro ser
capaz de induzir a destruição de células nocivas do nosso próprio organismo.
A tecnologia abre a perspectiva de que doenças como câncer de pulmão e aids, por exemplo, podem vir
a ser evitáveis por vacinação, o que melhoraria a expectativa de vida de toda população
mundial. Também poderiam ser tratadas pessoas com doenças genéticas raras ou outros distúrbios
associados a proteínas ausentes ou que não funcionem corretamente. Nesse caso, o mRNA sintético
introduzido no corpo serviria como modelo para a produção da proteína ausente ou disfuncional que é a
causa da doença ou distúrbio raro.