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Prévia do material em texto

Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos 
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto 
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de 
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A 
seguir, apresentamos cada seção:
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa 
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório 
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com 
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos 
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até 
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos 
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, 
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais 
o conhecimento do nosso aluno.
multimídia
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu 
distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão 
de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas 
para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para 
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida 
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma 
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre 
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em 
seu dia a dia.
vivenciando
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao 
fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o 
aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas 
na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, 
a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de 
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são 
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva 
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. 
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a 
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
-las com tranquilidade.
áreas de conhecimento do Enem
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los 
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio 
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos 
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.
diagrama de ideias
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-
borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata 
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não 
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos 
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem 
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre 
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade 
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas 
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan-
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que 
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma 
grande engrenagem no mundo em que ele vive.
conexão entre disciplinas
Herlan Fellini
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos 
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo 
o território nacional.
incidência do tema nas principais provas
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção 
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas 
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados 
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno 
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos.
teoria
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem 
parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, 
deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos 
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer 
momento, as explicações dadas em sala de aula.
aplicação do conteúdo
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.
Autor
Márcio Cavalcanti de Andrade
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista 
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica 
Hexag Sistema de Ensino
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Projeto gráfico e capa
Raphael Campos Silva
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
ISBN: 978-65-88825-05-1
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo 
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos 
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2020
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
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Telefone: (11) 3259-5005
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SUMÁRIO
ENTRE PENSAMENTOS: FILOSOFIA
Aula 1: Introdução à Filosofia grega 6
Aula 2: Filosofia de Atenas 13
Aula 3: Mito da caverna 18
Aula 4: Aristóteles 24
Aula 5: Filosofia medieval 30
Aula 6: Filosofia política 37
Aula 7: Filosofia moderna 44
Aula 8: Racionalistas 51
Aula 9: Empirismo 57
Aula 10: Iluminismo francês 65
Aula 11: Rousseau 72
Aula 12: Iluminismo alemão 79
Aula 13: O dever kantiano 86
Aula 14: Tempestade e ímpeto 92
Aula 15: Hegel 98
Aula 16: Utilitaristas 104
Aula 17: Materialismo filosófico 112
Aula 18: Schopenhauer 118
Aula 19: Nietzsche 124
Aula 20: Filosofia da Ciência 130
Aula 21: Fenomenologia do Conhecimento 135
Aula 22: Existencialismo 142
Aula 23: Escola de Frankfurt 149
Aula 24: Habermas 156
Aula 25: Hannah Arendt 162
Aula 26: A filosofia e o poder 167
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Compararpontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de 
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes 
grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca 
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do 
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, fa-
vorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. 
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e 
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
 FILOSOFIA: Incidência do tema nas principais provas
UFMG
A prova trata a Filosofia com um olhar 
independente, não relacionando com História. 
O seu enfoque é relacionar teorias e correntes 
filosóficas associadas ou contrárias.
 
A prova possui uma abordagem filosófica 
direcionada para os temas da redação, de 
modo que os pensadores podem auxiliar no 
processo de desenvolvimento dos argumen-
tos dos candidatos.
A prova apresenta uma relação da Filosofia 
com a História. Diante disso, o candidato 
precisa relacionar as transformações histó-
ricas em conjunto com as teorias 
filosóficas.
A prova cobra a disciplina de Filosofia de 
forma indireta nas temáticas de redação.
A prova é direcionada para a prática da Medi-
cina. Assim, a Filosofia é cobrada de maneira 
indireta, como a ética no campo médico, prin-
cipalmente nos temas de redação, que podem 
auxiliar os candidatos a elaborarem melhor os 
seus argumentos nas redações.
A prova cobra a disciplina de Filosofia de 
forma indireta nas temáticas de redação.
A prova direciona diretamente para Filosofia, 
com conceitos da história da Filosofia, e 
é abordada de forma direta na prova de 
conhecimentos específicos conceitos 
filosóficos.
A prova contém interdisciplinaridade nas 
Ciências Humanas, com poucas questões 
diretas na área da Filosofia, tendo preferência 
por questões temáticas.
A abordagem do vestibular da USP é inter-
disciplinar, de forma que a Filosofia é tratada 
mais como um alicerce para a compreensão 
da realidade.
A prova não direciona diretamente para a 
Filosofia.
A prova não aborda a Filosofia. A prova não aborda a Filosofia.
A prova cobra a disciplina de Filosofia de 
forma indireta nas temáticas de redação.
A prova é apresentada conforme seu edital 
específico, na qual são relacionados alguns 
livros ou trechos de obras de filósofos.
A prova trata a Filosofia com um olhar espe-
cífico, possuindo um edital diferenciado com 
autores específicos.
6
O mundo helenístico se beneficiou do momento histórico, 
quando as cidades-Estados na Grécia antiga eram prós-
peros centros comerciais e culturais. Desse modo, favore-
ceu-se o desenvolvimento do pensamento humano, isto 
é, ocorreu a supremacia do logos, que significa “palavra”, 
“discurso”, “razão”.
Mapa do Mundo helenístico
Vista do partenon, teMplo dedicado à deusa atena, 
construído no século V a.c., na acrópole de atenas
1. Período Pré-socrático 
ou cosmológico
Sendo uma explicação racional e sistemática diante da ori-
gem e da transformação da Natureza, a cosmologia nega 
que as coisas tenham surgido do nada, pois a própria 
Natureza está em transformação. Os pensadores desse 
período tiveram a preocupação de compreender a physis, 
ou seja, os aspectos da Natureza ou da nossa realidade, 
que se encontra em movimento. Assim, o termo filósofo 
significa “investigador da Natureza”.
1.1. Tales de Mileto (624-546 a.C.)
Tales é um famoso matemático, mas pouco se conhece 
sobre seus escritos, pois muitos se perderam ao longo do 
tempo. Ele foi o primeiro a afirmar que a água era a origem 
de todas as coisas, sendo a fonte originária de explicação 
da physis. Infelizmente, só temos interpretação de outros 
filósofos perante o seu pensamento.
Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] 
(é por este motivo também que ele declarou que a terra 
está sobre água), levado sem dúvida a esta concepção por 
ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o 
próprio quente dele procede e dele vive (ora, aquilo de que 
Os pré-socráticos
Uma breve explicação dos primeiros pensa-
dores da Grécia antiga
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
 Introdução à FIlosoFIa grega
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
AULA
1
7
De sua vida pouco se sabe. Foi-lhe atribuída a confecção de 
um mapa do mundo habitado. Anaximandro foi o primeiro 
a formular o conceito de uma lei universal presidindo o pro-
cesso cósmico total, numa clara ampliação da visão de Tales.
1.3. Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.)Heráclito preocupou-se com a questão da transformação, 
ou seja, da physis, e por sua forma tão concisa de escrita, 
ganhou o cognome de “o Obscuro”. A base de seu pensa-
as coisas vêm é, para todos, o seu princípio). Por tal ob-
servar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes 
de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o 
princípio da natureza para as coisas úmidas.
aristóteles 
MetaFísica, 1, 3. 983b (dK 11 a 12)
1.2. Anaximandro (610-547 a.C.)
Introdução à história da Filosofia
CHAUÍ, Marilena. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2002.
No primeiro volume desenvolvido pela filóso-
fa brasileira Marilena Chauí, é apresentada, 
de forma didática, a filosofia dos primeiros 
pensadores na Grécia antiga.
Fonte: Youtube
multimídia: livro
mento consiste no caráter transitório e mutável das coisas 
– para explicar esse pensamento, emerge a metáfora que 
“não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes”.
Nos mesmos rios entramos e não entramos. Somos e 
não somos.
herÁclito
Tudo muda
Guilherme Souza. Creio em ti (2016).
Fonte: Youtube
multimídia: música
A sabedoria grega (III): Heráclito
Giorgio Colli. São Paulo: Paulus, 2013.
Nessa obra bilíngue, idealizada pelo professor 
Giorgio Colli, são apresentados todos os frag-
mentos associados ao filósofo Heráclito, para 
compreendermos na sua plenitude a filosofia 
do pensador de Éfeso.
multimídia: livro
8
1.4. Parmênides de Eleia (530-460 a.C.)
O filósofo Parmênides concentrou seu pensamento no imo-
bilismo universal, indo contra o mobilismo de Heráclito. Seu 
único trabalho conhecido foi um poema intitulado “Sobre a 
Natureza”, que sobreviveu apenas na forma de fragmentos.
Segundo Parmênides, o ser era uno, indivisível, pleno e 
eterno, de modo que não há espaço para o não ser. Visto 
que, para o pensador, as coisas não surgiram do nada, isto 
é, tudo que existe sempre existiu.
Parmênides parece, neste ponto, raciocinar com mais penetração. 
Julgando que fora do ser o não ser nada é, forçosamente admite 
que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra.
aristóteles
MetaFísica, 1, 5. 986b 18 (dK 28 a 24)
1.5. Empédocles (490-430 a.C.)
Empédocles foi um filósofo da cidade de Agrigento, na Si-
cília, e seu pensamento consistia em que as coisas eram 
constituídas por quatro elementos: fogo, terra, água e ar.
Ele observa que o amor e o ódio aproximam e afastam 
os indivíduos, caracterizando-os como forças antagônicas 
cósmicas. Isso quer dizer que o semelhante atrai o seme-
lhante e o dessemelhante repulsa o dessemelhante, num 
movimento eterno – assim, ao se ter harmonia, o amor 
prevalece e, caso tenha desequilíbrio, o ódio está atuando. 
Diante disso, o filósofo inaugura o pluralismo, que orienta 
e ordena a Natureza; não mais um único elemento, como 
pensavam os outros filósofos.
Este (Empédocles) estabelece quatro elementos corporais, 
fogo, ar, água e terra, que são eternos e que mudam au-
mentando e diminuindo mediante mistura e separação; mas 
os princípios propriamente ditos, pelos quais aqueles são 
movidos, são o Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elemen-
tos permaneçam alternadamente em movimento, sendo ora 
misturados pelo Amor, ora separados pelo Ódio.
aristóteles
MetaFísica, 1, 3. 984a 8 (dK 31 a 28)
1.6. Demócrito (460-370 a.C.)
Filósofo nascido na cidade de Mileto ou Abdera, Demócrito 
foi o maior expoente do atomismo. Segundo seu pensa-
mento, tudo o que existe na physis, ou seja, na Natureza, 
é composto por átomos, que eram partículas indivisíveis e 
eternas. Seu método foi a observação.
Demócrito é o primeiro que excluiu rigorosamente todo ele-
mento mítico. E o primeiro racionalista.
nietZsche
o nasciMento da FilosoFia na época da tragédia grega. Vol. XiX.
Os pré-socráticos
Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril, 
1999.
Nessa compilação de textos dos primeiros fi-
lósofos da Grécia antiga, temos uma percep-
ção das teorias desses pensadores.
multimídia: livro
9
DIAGRAMA DE IDEIAS
TALES
TUDO É ÁGUA
HERÁCLITO
TUDO FLUI
PARMÊNIDES
O SER É OU
O SER NÃO É
OS PRIMEIROS 
PENSADORES NA 
GRÉCIA ANTIGA
SÃO 
INVESTIGADORES DA 
NATUREZA (PHYSIS)
BUSCAM EXPLICAR 
OS FENÔMENOS DA 
NATUREZA COM 
UMA ÚNICA 
DEFINIÇÃO
DE UMA FORMA 
ONTOLÓGICA E 
COSMOLÓGICA
EMPÉDOCLES
A MISTURA DOS 
ELEMENTOS 
FORMAM A 
PHYSIS
DEMÓCRITO
TUDO É 
COMPOSTO 
POR ÁTOMOS
FILOSOFIA
PRÉ-SOCRÁTICA
10
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Unifesp) “Vamos, vou dizer-te – eu tu escuta e fixa o 
relato que ouviste quais os únicos caminhos de investi-
gação que há para pensar: um que é, que não é para não 
ser. é caminho de confiança (pois acompanha a realida-
de); o outro que não, que tem de não ser, esse te indico 
ser caminho em tudo ignoto, pois não poderá conhecer 
o não ser, não é possível, nem indicá-lo [...]”
parMÊnides. da natureZa. são paulo: loYola, 2002.
Com base no fragmento, o autor:
a) faz um contraponto em relação aos pensamentos de 
Heráclito, no qual contradiz a teoria de que tudo está em 
uma constância perpétua de movimento e mudanças.
b) faz um contraponto em relação aos pensamentos 
do não ser, pois ser pode não ser, possibilitando o 
conhecimento do não se conhecer.
c) defende a teoria de que tudo está em uma cons-
tância perpétua de movimento e mudanças.
d) fundamenta que o ser, somente pode ser o que é, entre-
tanto, pode possibilitar o conhecimento da realidade através 
do que não se sabe, fomentando o conhecimento do não ser.
e) faz um contraponto a não identidade, pois o ser é 
impossível de saber ou compreender o que o constitui.
2. (Enem) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões 
como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam 
de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes au-
tores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare 
produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, 
o bem e o mal foram tratados.
Nessas peças, os grandes personagens falavam em ver-
so e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios 
aprenderam com os jesuítas a representar peças de 
caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em 
diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma de
a) manipulação do povo pelo poder.
b) diversão e de expressão dos valores e problemas da 
sociedade.
c) entretenimento popular.
d) manipulação do povo pelos intelectuais que com-
põem as peças.
e) entretenimento, que foi superada e hoje é substitu-
ída pela televisão.
3. Em relação ao fenômeno religioso e à história do de-
senvolvimento do homem, é correto afirmar que:
a) a manifestação do sagrado envolve os aspectos 
religiosos, que precedem a razão.
b) a razão possibilitou o desenvolvimento da religião.
c) o sagrado é invenção para apenas conduzir as massas.
d) o discurso racional criou a religião.
e) a moral é inata ao âmago do homem e precede ao fenô-
meno do sagrado, que está coligado à estrutura religiosa.
4. (UEL) Há, porém, algo de fundamentalmente novo 
na maneira como os gregos puseram a serviço do seu 
problema último – da origem e essência das coisas – 
as observações empíricas que receberam do Oriente 
e enriqueceram com as suas próprias, bem como no 
modo de submeter ao pensamento teórico e casual 
o reino dos mitos, fundado na observação das reali-
dades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o 
nascimento do mundo.
Jaeger, W. paideia. 3. ed. são paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação 
entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar:
a) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de 
interdependência, uma vez que o pensamento filosófico 
necessita do mito para se expressar.
b) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvin-
cula dos mitos, de forma gradual.
c) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos 
mitos, representando uma nova forma de pensamento ple-
namente racional, desde as suas origens.
d) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, 
a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e 
apenas posteriormente chega à Grécia.
e) O mitojá era filosofia, uma vez que buscava respostas para 
problemas que até hoje são objetos da pesquisa filosófica.
5. (UEL) De onde vem o mundo? De onde vem o univer-
so? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, 
em algum momento, o universo também tinha de ter 
surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo 
de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, en-
tão essa outra coisa também devia ter surgido de algu-
ma outra coisa algum dia.
Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de 
lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de 
ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir 
da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros 
filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que 
os instigava era saber como a água podia se transformar 
em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se trans-
formar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
gaarder, J. o Mundo de soFia. são paulo: coMpanhia 
das letras, 1995. p. 43-44 (adaptado).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgi-
mento da Filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos 
e as transformações da natureza e porque a vida é como 
é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável 
as histórias contadas acerca do mundo dos deuses.
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a con-
vicção de que havia alguma substância básica, uma 
causa oculta que estava por trás de todas as transfor-
mações na natureza e, a partir da observação, busca-
vam descobrir leis naturais que fossem eternas.
c) Os teóricos da natureza, que desenvolveram seus siste-
mas de pensamento por volta do século VI a.C., partiram 
da ideia unânime de que a água era o princípio original 
do mundo por sua enorme capacidade de transformação.
11
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem 
homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do 
mundo dos deuses em detrimento de uma explicação 
natural e regular acerca dos primeiros princípios que ori-
ginam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos da natureza – Tales, 
Anaxímenes e Heráclito –, há um princípio originário 
único denominado “o ilimitado”, que é a reprodução 
da aparência sensível que os olhos humanos podem 
observar no nascimento e na degeneração das coisas.
6. (UEAP) (...) que é e que não é possível que não seja,/ é 
a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); 
o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu 
te digo que esta é uma vereda em que nada se pode 
aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, 
porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo.
nicola, ubaldo. antologia ilustrada de 
FilosoFia. são paulo: globo, 2005.
O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo?
a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o 
mundo sensível e o inteligível.
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre 
pensamento e realidade.
c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio 
de todas as coisas.
d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade 
de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser 
e conhecimento.
e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida 
de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é.
7. (Unicentro) Leia o fragmento de um texto pré-socrático.
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para ne-
nhuma das coisas mortais, como não há fim na morte 
funesta, mas somente composição e dissociação dos ele-
mentos compostos: nascimento não é mais do que um 
nome usado pelos homens.”
eMpédocles. apud aranha; Martins. FilosoFando: 
introdução à FilosoFia. 3. ed. são paulo: Moderna, 2006, p. 86.
A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no 
início da filosofia grega, analise as assertivas e assinale 
a alternativa que aponta as corretas.
I. O fragmento acima denota a “luta de forças” opostas 
na massa dos membros humanos, que ora unem-se pelo 
amor – no início todos os membros que atingiram a corpo-
reidade da vida florescente –, ora
divididos pela força da discórdia, erram separados nas li-
nhas da vida. Assim ocorre também com todos os outros 
seres na natureza.
II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento 
de Empédocles através de uma estrutura lógica muito 
distante da “verdade” expressa nos relatos míticos dos 
gregos arcaicos.
III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são apre-
sentados por meio de representações míticas que o filóso-
fo retira de uma tradição religiosa presente ainda em seu 
tempo. Essas imagens, consequentemente, se transpõem, 
sem deixarem de ser místicas, em uma filosofia que quer 
captar a verdadeira essência da realidade física.
IV. O fragmento denota continuidade do pensamento mí-
tico no início da filosofia, pois estão presentes ainda o uso 
de certas estruturas comuns de explicação.
a) Apenas II, III e IV estão corretas.
b) Apenas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.
e) Apenas I, II e IV estão corretas.
8. A filosofia ocidental teve início com os pensadores an-
teriores a Sócrates, por isso chamados de pré-socráticos, 
dos quais a maioria viveu em colônias gregas distantes 
de Atenas. Sobre esses pensadores, pode-se dizer:
a) Com os pré-socráticos, a filosofia se constitui numa ci-
ência particular, e não mais no estudo da realidade total.
b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas 
doutrinas.
c) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao es-
tudo da política e recusaram a interferência da mate-
mática no estudo da cosmologia.
d) Heráclito defendeu a ideia de permanência subs-
tancial e constante do ser, contra a noção de devir.
e) Os naturalistas, ou fisiólogos da Jônia, dedicavam-se, 
sobretudo, ao estudo do cosmo, e muitos deles busca-
vam o princípio constitutivo do mundo em algum de 
seus elementos: ar, água, terra, ou fogo.
9. (UFU) Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e 
V a.C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia 
clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua im-
portante contribuição para a dialética. Os dois fragmen-
tos a seguir nos apresentam este pensamento.
“Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum 
dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente 
vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.”
“Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a 
água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, 
forma-se a água, e da água a alma.”
De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a 
alternativa incorreta.
a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão 
em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser.
b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa 
que nada permanece fixo e imóvel.
c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos con-
trários, isto é, a permanente conciliação dos opostos.
d) A expressão “devir” é adequada para compreen-
dermos a doutrina de Heráclito.
10. (UFU) O fragmento seguinte é atribuído a Heráclito 
de Éfeso.
12
“O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dormindo, 
novo e velho; pois estes, tombados além, são aqueles e 
aqueles de novo, tombados além, são estes”.
os pré-socrÁticos. 1. ed. são paulo: abril cultural. 1973, p. 93.
A partir do fragmento citado, escolha a alternativa que 
melhor representa o pensamento de Heráclito.
a) Não existe a noção de “oposto” no pensamento de 
Heráclito, pois todas as coisas constituem um único 
processo de mudança que expressa a concórdia e a 
harmonia do “fluxo” contínuo da natureza.
b) A equivalência de estados contrários com “o 
mesmo” exprime a alternância harmônica de polos 
opostos, pela qual um estado é transposto no outro, 
numa sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas as 
Coisas são “Um”, toda a multiplicidade dos opostos 
constitui uma unidade, e todos os seres estão num 
fluxo eterno de sucessão de opostos em guerra.
c) Se o morto é vivo, o velho é novo e o dormente 
é desperto, então não existe o múltiplo, mas apenas 
o como verdade profunda do mundo. A unidadepri-
mordial é a própria realidade da physis e a multiplici-
dade, apenas aparência.
d) A alternância entre polos opostos constitui um fluxo 
eterno, regido pela “guerra” e pela “discórdia”, que 
ocorre sem qualquer medida e proporção. A guerra entre 
contrários evidencia que a physis é caótica e denota o 
fato de que o pensamento de Heráclito é irracionalista.
11. Os fragmentos abaixo representam três temas 
fundamentais que configuram o pensamento de 
Heráclito de Éfeso.
“O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, saciedade 
fome; mas se alterna como fogo, quando se mistura a in-
censos, e se denomina segundo o gosto de cada.”
“Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por todas, tal 
como por ouro mercadorias e por mercadorias ouro.”
os pré-socrÁticos. são paulo: abril cultural, 1973, 
p. 85 e 87. coleção “os pensadores”.
A partir das citações acima:
a) explicite quais são esses temas; e
b) comente cada um deles, de modo a caracterizar a 
filosofia de Heráclito.
gabarito
1-A; 2-B; 3-A; 4-B; 5-B; 6-D; 7-A; 8-E; 9-A; 10-B
11.a) O eterno devir (fluxo); a luta dos contrários (opostos); 
o fogo (símbolo da filosofia heraclitiana e do logos).
b) De acordo com Heráclito, tudo está em eterno devir, 
toda a realidade é um processo constante de mudanças, 
em que nada, a não ser a própria mudança, permanece. 
A luta entre os contrários é o que mantém o eterno fluxo 
de todas as coisas, fazendo, através da luta dos opostos, 
com que nada seja igual ao que foi antes. No entanto, a 
mudança não é caótica, pois há uma lei que rege o fluxo 
eterno de todas as coisas, esta lei é o logos, que, segundo 
Heráclito, percebe como unidade aquilo que se apresenta 
como multiplicidade. A unidade dada e percebida pelo 
logos é uma unidade de tensões opostas que provoca 
a harmonia. Finalmente, Heráclito afirma que o fogo é o 
símbolo de sua filosofia, pois representa como o funda-
mento e princípio (arché) de todas as coisas.
13
A cidade-Estado de Atenas tornou-se um centro cultural, 
feito este ocorrido no século de Péricles, época de maior 
florescimento da democracia ateniense. Com o controle de 
quaisquer ataques de outras cidades, Atenas se favoreceu 
econômica e culturalmente, desenvolvendo a Filosofia.
1. sofismo
Com o crescimento da polis grega, surgiu uma prática 
educacional, em que os seus integrantes eram chamados 
de sofistas, sábios que vendiam o conhecimento, mas di-
recionavam esse conhecimento conforme as suas próprias 
convicções. Os principais sofistas foram Protágoras de Ab-
dera (490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (487-380 a.C.), 
Pródico de Creos (465-395 a.C.), dentre outros. Apresenta-
vam-se como mestres da oratória, de modo que, para eles, 
era possível ensinar as técnicas de oratórias e da persuasão 
para qualquer cidadão. Devido a isso, muitos jovens procu-
ravam os sofistas para alcançarem status na cidade, onde 
o logos era elemento fundamental. Afinal, numa cidade 
democrática, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de 
persuadir os outros com o auxílio das palavras.
parthenon
1.1. Sócrates (469-399 a.C.)
O filósofo ateniense foi um dos maiores críticos à prática 
do sofismo, pelo direcionamento da verdade pelo sofista, 
além de discordar que eram filósofos, visto que não investi-
gavam nada, só reproduziam fatos. Sócrates foi um marco 
na história da Filosofia, por modificar a investigação do 
pensamento, pretendendo direcionar para uma análise do 
indivíduo, e não mais para a compreensão da physis.
1.2. Dialética socrática
O método de investigação desenvolvido por Sócrates, co-
nhecido como dialética, consistia em alcançar a verdade 
por meio do diálogo. O objetivo dessa dialética era desmas-
carar a falsa sabedoria, chegando a um conhecimento da 
natureza do homem.
Dessa maneira, Sócrates dialogava com o intuito de justi-
ficar os conhecimentos, as virtudes ou as habilidades que 
lhe eram atribuídos. Com os seus diálogos, ele acabava 
fazendo com que o interlocutor expressasse suas opini-
ões, utilizando-se de questionamentos. O resultado dessas 
conversas era apresentar a fragilidade das opiniões alheias. 
Apesar de sua postura questionadora, Sócrates propagava 
que era o cidadão mais ignorante da Grécia e, mediante 
isso, era necessário aprender com os outros, de forma que 
lhe foi atribuído a frase “só sei que nada sei”. Por conta de 
suas conversas, realizadas nas praças públicas de Atenas, 
junto ao seu modo de investigação, Sócrates questionava 
os vícios e a corrupção na cidade grega.
4 Lições de Platão / Filosofia #1
Esse vídeo questiona: quem foi o filósofo gre-
go Platão; quais são as lições platônicas mais 
importantes e qual a sua relevância na atua-
lidade; o que é eudaimonia; e como vencer a 
mediocridade e ser feliz.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
 FIlosoFIa de atenas
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
AULA
2
14
Acabou sendo preso, com o pretexto de ofender os deu-
ses da cidade e corromper a juventude – esse momento é 
contado na obra Apologia de Sócrates, do filósofo Platão. 
Foi condenado à morte tomando um cálice de cicuta, um 
veneno extraído da planta conium maculatum.
“La mort de Socrate”
Pintura de Jacques-Louis David (1787)
A figura de Sócrates é bem mítica, pois nada escreveu em 
vida. Tudo o que sabemos dele é derivado dos relatos de 
seu discípulo mais famoso, o filósofo Platão, e de Aristófa-
nes, um dramaturgo grego que ridicularizava a figura de 
Sócrates contra os sofistas.
1.3. Das aparências ao mundo das ideias
Com o pensador ateniense Platão (428-354 a.C.), a Filo-
sofia ganhou uma característica epistemológica. Após a 
morte de seu mestre, Platão fundou a Academia, um re-
cinto onde se discutiam diversos temas, da Matemática, 
passando pela Astronomia e até a Música. Na Academia, 
o conhecimento deveria ser baseado numa episteme, ou 
seja, numa ciência, com o intuito de ultrapassar o plano 
instável da opinião. Logo na entrada desse recinto, existia 
um escrito:
“Que aqui não entre quem não souber geometria.”
Esta frase tinha uma definida intenção de valorização da 
ciência, que se iniciava na Grécia, mas também, uma forma 
de afastar os críticos que poderiam ter alguma intenção 
negativa aos seus métodos filosóficos.
1.4. Reminiscência
Segundo o filósofo grego, o ato de conhecer as coisas signifi-
ca, necessariamente, o ato de lembrar, sustentando a hipóte-
se da reminiscência, contida no diálogo Ménon. Nesse diálo-
go, Sócrates demonstra que, através de um escravo, o homem 
só precisa recordar as coisas que sua alma um dia aprendeu. 
Sócrates: o homem que perguntava (parte 1)
Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente 
no ano de 470 a.C., e tornou-se um dos prin-
cipais pensadores da Grécia antiga. Podemos 
afirmar que Sócrates fundou o que conhece-
mos hoje por Filosofia ocidental.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
Consciência de Sócrates - José Ribeiro
Fonte: Youtube
multimídia: música
Sócrates (1971)
Com direção do italiano Roberto Rossellini, 
esta produção europeia é a cinebiografia do 
filósofo Sócrates, em especial seu julgamento 
e sua condenação à morte.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
15
Nesse momento, Platão salienta que a alma é eterna.
Para o filósofo Platão, a concepção de mimesis significa “imi-
tação”. Nesse momento, o pensador faz uma separação do 
conhecimento e da arte, pautando a filosofia como o conhe-
cimento baseado na verdade, enquanto a arte se postula na 
reprodução, na imitação, de modo a construir uma posição 
de superioridade e inferioridade entre esses elementos.
Sócrates: (...) ora, diz-me: aprender não é tornar-se mais 
sábio acerca daquilo que se aprende?
Teeteto: Como não?
Sócrates: E é pela sabedoria, eu penso, que os sábios são sábios.
Teeteto: Sim.
Sócrates: E isto difere em algo do conhecimento?
Teeteto: Isto o quê?
Sócrates: A sabedoria. Ou será que os que conhecem tais 
coisas não são sábios?
Teeteto: Como não?
Sócrates: Então são o mesmo, o conhecimento e a sabedoria?Teeteto: Sim.
platão
DIAGRAMA DE IDEIAS
UM MODO DE
INVESTIGAÇÃO
MAIÊUTICA
QUESTIONA 
OS VÍCIOS E A 
CORRUPÇÃO
É PRECISO 
COMPREENDER 
O INDIVÍDUO
É CONDENADO
À MORTE
SÓCRATES
CRÍTICO AOS
SOFISTAS
O CONHECIMENTO
É EPISTEME
PLATÃO
FUNDA A 
ACADEMIA
TUDO SABEMOS,
SÓ PRECISAMOS
RELEMBRAR
ATO DA
REMINISCÊNCIA
A FILOSOFIA 
DE ATENAS
16
teeteto. 1903. [145d-e]
aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. O surgimento da Filosofia entre os gregos está asso-
ciado à passagem do pensamento mítico ao pensamen-
to racional. A grande preocupação nesse momento era 
com questões:
a) à história.
b) à tristeza humana.
c) ao cosmo.
d) à religião.
e) à política.
2. Sócrates inaugurou o período clássico da filosofia gre-
ga, também chamado de período antropológico. O pro-
blema do conhecimento passou a ser uma problemática 
central na filosofia socrática, pois “a briga” de Sócrates 
com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela 
sabedoria e a valorização pela busca da verdade. Nesse 
contexto, Sócrates inaugurou seu método que se funda-
mentava em dois princípios básicos, que são:
a) a indução e a dedução das verdades lógicas.
b) a doxa e o logos convergindo para o conceito racional.
c) a ironia e a maiêutica enquanto caminhos para 
conhecer a verdade através do autoconhecimento 
(conhecer-te a ti mesmo).
d) o diálogo e a dúvida dialética.
e) a amizade e a justiça social.
3. (UFU) A relação entre mito e filosofia é objeto de po-
lêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, 
a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico 
(teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma 
continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma 
forma os mitos continuaram presentes – seja como for-
ma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico.
A partir destas informações, assinale a alternativa que 
não contenha um exemplo de pensamento mítico no 
pensamento filosófico.
a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a di-
vindade do nascimento ou do amor) entre todos os 
deuses, a Eros (...)”.
b) Platão propõe algumas teses, como a teoria da re-
miniscência e a transmigração das almas.
c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”.
d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teoré-
tico, o prático e o poético.
4. (PUC) Leia os enunciados abaixo a respeito do pensa-
mento filosófico de Sócrates.
I. O texto “Apologia de Sócrates”, cujo autor é Platão, 
apresenta a defesa de Sócrates diante das acusações 
dos atenienses, especialmente os sofistas, entre os 
quais está Meleto.
II. Sócrates dispensa a ironia como método para re-
futar as acusações e calúnias sofridas no processo de 
seu julgamento.
III. Entre as acusações que Sócrates recebe, está a de “cor-
romper a juventude”.
IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e ter-
renas, a não acreditar nos deuses e a tornar mais forte a 
razão mais débil.
V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e 
resolutos e, em grande número, falam de forma persuasiva 
e persistente contra ele.
Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas 
corretas.
a) II, IV e V.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, III e V.
e) I, II e III.
5. (Unicamp) Apenas a procriação de filhos legítimos, 
embora essencial, não justifica a escolha da esposa. As 
ambições políticas e as necessidades econômicas que 
as subentendem exercem um papel igualmente podero-
so. Como demonstraram inúmeros estudos, os dirigen-
tes atenienses casam-se entre si, e geralmente com o 
parente mais próximo possível, isto é, primos coirmãos. 
É sintomático que os autores antigos que nos informam 
sobre o casamento de homens políticos atenienses omi-
tam os nomes das mulheres desposadas, mas nunca o 
nome do seu pai ou do seu marido precedente.
corbin, alain; et al. história da Virilidade. 
Vol. 1. petrópolis: VoZes, 2014, p. 62.
Considerando o texto e a situação da mulher na Atenas 
clássica, podemos afirmar que se trata de uma sociedade:
a) na qual o casamento também tem implicações po-
líticas e sociais.
b) que, por ser democrática, dá uma atenção especial 
aos direitos da mulher.
c) em que o amor é o critério principal para a forma-
ção de casais da elite.
d) em que o direito da mulher se sobrepõe ao interes-
se político e social.
6. (UEA) “O sofista” é um diálogo de Platão do qual par-
ticipam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. 
Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estran-
geiro a que método ele gostaria de recorrer para definir 
o que é um sofista.
Sócrates: Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a 
tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou em-
pregar o método interrogativo?
Estrangeiro: Com um parceiro assim agradável e dócil, 
Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um in-
terlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar 
apenas para si mesmo.
platão. “o soFista”. 1970 (adaptado).
17
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, 
do ponto de vista metodológico, adotar:
a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos 
argumentos.
b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos 
contendores.
c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao 
saber por meio dos sentidos.
d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão huma-
na na prova de existência de Deus.
e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possi-
bilidade do saber humano.
7. (UFU) O diálogo socrático de Platão é obra baseada 
em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar 
os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e res-
postas. Sócrates considerava o diálogo como a forma 
por excelência do exercício filosófico e o único caminho 
para chegarmos a alguma verdade legítima.
De acordo com a doutrina socrática:
a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma 
visão antropocêntrica da filosofia.
b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação 
filosófica.
c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do 
autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística.
d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas hu-
manos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas.
8. (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense 
que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de par-
tida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra 
Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que 
afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após 
interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou 
à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por 
reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” 
é um ponto de partida para a Filosofia, pois:
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se 
mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos 
sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia 
era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Fi-
losofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas 
a partir de métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer 
distante dos problemas concretos, preocupando-se 
apenas com causas abstratas.
9. (UEL) Para esclarecer o que seja a imitação, na re-
lação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, 
Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam 
a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. 
Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, 
cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como 
modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a 
sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um 
mundo de mera aparência.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das 
ideias de Platão, é correto afirmar:
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, en-
quanto coparticipante da criação divina, alcança a 
verdadeira causa das coisas, a partir do reflexo da 
ideia ou do simulacro que produz.
b) A participação das coisas às ideias permite admi-
tir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras 
acessíveis à razão.
c)Os poetas são imitadores de simulacros e, por in-
termédio da imitação, não alcançam o conhecimento 
das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas.
d) As coisas belas se explicam por seus elementos fí-
sicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles 
encontram sua verdade: a beleza em si e por si.
e) A alma humana possui a mesma natureza das coi-
sas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de co-
nhecê-las como tais na percepção de sua aparência.
10. (FCC) Sócrates é um dos personagens mais conheci-
dos e influentes do pensamento ocidental. Embora não 
tenha deixado nada escrito, suas ideias foram redigidas 
por um de seus discípulos, Platão, que lhe atribui a se-
guinte máxima: “a única coisa que sei é que nada sei”. 
Com essa máxima, Sócrates expressa que o caminho do 
conhecimento
a) é impossível e todo o saber possível é uma ilusão.
b) depende da experiência e não de proposições teóricas.
c) desconsidera a opinião sobre assunto que se ignora.
d) pressupõe dar opinião sobre assunto que se ignora.
e) é limitado porque a razão humana não pode saber 
tudo.
gabarito
1-C; 2-C; 3-D; 4-B; 5-A; 6-A; 7-A; 8-A; 9-C; 10-E
18
1. o mundo das ideias
Platão apresenta que o conhecimento é elaborado quando 
o indivíduo alcança a ideia, rompendo com as aparências, 
enquanto que a opinião nasce da percepção da aparência. 
Nesse instante, o filósofo compreende uma separação en-
tre dois mundos: o mundo inteligível e o mundo sensível.
 § Mundo inteligível: o filósofo encontra os elementos 
com o olhar da ciência.
 § Mundo sensível: o homem vê as coisas não muito 
claramente.
Diante disso, existe um mundo conceitual, onde existem 
as ideias dos elementos que constituem o mundo o qual 
conhecemos. Como exemplo, podemos imaginar um carro 
branco estacionado na esquina; cada indivíduo vai acabar 
elaborando uma ideia fixa desse tal carro branco, algo 
semelhante a uma ideia primária. Desse modo, o mundo 
inteligível (conceitual) existe de uma forma anterior e mais 
efetiva do que no mundo sensível.
Com essa concepção, Platão questiona a realidade do 
mundo sensível, pois esse universo está em constante 
transformação, o que nos leva ao mundo das incertezas.
2. alegoria da caverna
Segundo Platão, o filósofo é o sujeito que consegue enxer-
gar as coisas mais claramente do que as outras pessoas. 
Para ilustrar essa ideia, surge a alegoria da caverna, conti-
do no Livro VII de A República:
Um grupo de pessoas acorrentado numa caverna só vê 
sombras e julga que elas são a realidade.
Um homem consegue escapar das correntes e sai da ca-
verna. Lá fora, ele vê um mundo bem diferente, o mundo 
 MIto da caverna
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
AULA 
3
Matrix (1999)
O filme trata de descrever um futuro distópi-
co na realidade, sendo uma realidade simula-
da, chamada de matrix, que é um sistema de 
computador que manipula a mente das pes-
soas. Na área filosófica, o filme apresenta um 
eixo central baseado na alegoria da caverna.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
19
real. Ele volta à caverna para contar a novidade ao resto 
das pessoas, porém, ofuscado pela luz (da verdade), parece 
abobado. Com isso, os outros prisioneiros não acreditam 
na sua versão maluca e acabam matando o pobre infeliz.
2.1. A felicidade, segundo Platão
Para o filósofo grego Platão, o conceito de felicidade con-
sistia no resultado final de uma vida dedicada a um conhe-
cimento progressivo. Numa valorização pelo conhecimen-
to, Platão vai interligar a felicidade com a ciência.
Dessa maneira, o homem só atingirá a felicidade quando 
abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteli-
gível. Isso ocorre, pois no mundo inteligível estão as ideias 
perfeitas, como a beleza, a coragem, a justiça e a felicidade.
O mito da caverna: Platão
multimídia: vídeo
2.2. Política
Para o filósofo, todos os tipos de governo existentes no 
mundo são degenerados por natureza, pois a sua forma 
original tende a ter uma versão degenerada, como pode-
mos observar abaixo.
Forma original Forma degenerada 
Aristocracia Oligarquia
Monarquia Tirania
Democracia Anarquia
Diante disso, Platão defende que o melhor sistema de gover-
no deveria ser a monarquia, associada com o saber filosófico, 
visto que somente indivíduos que detêm o conhecimento po-
dem efetuar com melhor desempenho para o coletivo, sem 
sofrerem as interferências do pensar e agir particular. Sendo 
assim, os melhores governantes seriam os reis-filósofos.
Platão. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: 
Abril Cultural, 1999. 
Nessa obra, o filósofo ateniense trata de 
diversos temas filosóficos, sociais e políti-
cos, que se demonstram entrelaçados.
multimídia: livro
Sombras da caverna
Dead Fish. Ponto Cego. Desk, 2019
Fonte: Youtube
multimídia: música
Merlí
(Espanha, 2015, Netflix) – temporada 1, episódio 2
O novo professor de Filosofia do Ensino Mé-
dio, Merlí, utiliza de alguns métodos diferen-
tes de ensino, conseguindo abrir a mente de 
seus alunos e trabalhar os preconceitos inter-
nos de cada um.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
20
Sócrates: Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem 
a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imag-
inemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de 
repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a 
luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre 
ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os 
objetos cuja sombra antes via. Que te parece agora que ele 
responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto 
fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado 
para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora 
que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante 
os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, 
na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via 
era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?
Glauco: Sem dúvida nenhuma.
Sócrates: Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos do-
loridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as con-
sideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?
Glauco: Certamente.
Sócrates: Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo 
caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando es-
tivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria 
gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do 
dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia 
possível discernir os objetos que o comum dos homens tem 
por serem reais?
Glauco: A princípio nada veria.
Sócrates: Precisaria de algum tempo para se afazer à clari-
dade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem 
as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres 
refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua 
e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite 
que o pleno resplendor do dia.
platão
a república
DIAGRAMA DE IDEIAS
MITO DA CAVERNA
ALEGORIA 
PARA ILUSTRAR 
QUE POUCOS 
ALCANÇAM O 
MUNDO INTELIGÍVEL
MUNDO DAS IDEIAS
MUNDO INTELIGÍVEL
RAZÃO
MUNDO SENSÍVEL
SOMBRAS
POLÍTICA
TODOS OS TIPOS 
DE GOVERNOS SÃO 
DEGENERADOS 
POR NATUREZA
FORMA
ORIGINAL
FORMA 
DEGENERADA
ARISTOCRACIA OLIGARQUIA
MONARQUIA TIRANIA
DEMOCRACIA ANARQUIA
PLATÃO
21
aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Uncisal) No contexto da Filosofia clássica, Platão e 
Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concep-
ções, que se opõem, mas não se excluem, são ampla-
mente estudadas e debatidas devido à influência que 
exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento oci-
dental. Todavia, é necessário salientar que o produto 
dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição 
filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que 
influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os 
racionalistas, empiristas, Kant e Hegel.
Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas 
opções abaixo aquela que se identifica corretamente 
comsuas concepções.
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível vs. mundo 
inteligível) se opõe radicalmente às concepções de 
caráter empírico defendidas por Platão.
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo 
e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de con-
ceitos transcendentais.
c) Segundo Platão, a verdade é obtida a partir da 
observação das coisas, por meio da valorização do 
conhecimento sensível.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento 
sensível são ilusórios.
e) As concepções platônicas negam veementemente 
a validade do inatismo.
2. (Unisc) Nos Livros II e III, Platão, através de Sócrates, 
discute sobre as artes no contexto da educação dos guar-
diães. Já no Livro X, ele trata de vários tipos de práticas 
artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um 
todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse úl-
timo livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imi-
tativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a).
Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada?
a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócra-
tes trata dos diversos tipos de arte.
b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócra-
tes e esse personagem discutem sobre a natureza da 
arte, especialmente da poesia.
c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates 
discorre sobre o tema da arte, reportando-se à natu-
reza da pintura e da poesia.
d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates 
apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses.
e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afir-
ma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano.
3. (Uenp) Platão foi um dos filósofos que mais influen-
ciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia tem um 
fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas 
da vida. Considera a alma humana prisioneira do corpo, 
vivendo como se fosse um peregrino em busca do cami-
nho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites do 
corpo e contemplar o inteligível.
Assinale a alternativa correta.
a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma 
chave de leitura aplicável a todo pensamento platônico.
b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racio-
nalista que desconsiderava a vontade como elemento 
fundamental entre os motivadores da ação. Ele acredi-
tava que o conhecimento do bem era suficiente para 
motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem).
c) Platão propõe um modelo de organização política da 
sociedade que pode ser considerado estamental e anti-
democrático. Para ele, o governo não deveria se pautar 
pelo princípio da maioria. As almas têm natureza diver-
sa, de acordo com sua composição, isso faz com que 
os homens devam ser distribuídos de acordo com essa 
natureza, divididos em grupos encarregados do governo, 
do controle e do abastecimento da polis.
d) Platão chamava o conhecimento da verdade de 
doxa e o contrapõe a outra forma de conhecimento 
(inferior) denominada episteme.
e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir 
da análise de suas causas material e final.
4.(UEL) Platão, em A República, tem como objetivo 
principal investigar a natureza da justiça, inerente 
à alma, que, por sua vez, manifesta-se como pro-
tótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensa-
mento ético-político de Platão decorrem de uma 
correlação estrutural com constituição tripartite 
da alma humana. Assim, concebe uma organização 
social ideal que permite assegurar a justiça. Com 
base neste contexto, o foco da crítica às narrativas 
poéticas, nos Livros II e III, recai sobre a cidade e 
o tema fundamental da educação dos governantes. 
No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto 
ético-político para a cidade fundamentada em um 
logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel 
da poesia, o foco desta crítica se desloca para o in-
divíduo ressaltando a relação com a alma, compre-
endida em três partes separadas, segundo Platão: a 
racional, a apetitiva e a irascível.
Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter 
mimético das narrativas poéticas e sua relação com a 
alma humana, é correto afirmar:
a) A parte racional da alma humana, considerada superior 
e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela 
natureza mimética da poesia à contemplação do Bem.
b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar 
e dominar a parte irascível da alma é considerado exce-
lente prática propedêutica na formação ética do cidadão.
c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de 
racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao 
Estado ideal que se pretende fundar.
d) O elemento mimético cultivado pela poesia é jus-
tamente aquele que estimula, na alma humana, os 
elementos irracionais: os instintos e as paixões.
e) A reflexividade crítica presente nos elementos mi-
méticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo 
alcançar a visão das coisas como realmente são.
22
5. (Unesp) O que é terrível na escrita é sua semelhança 
com a pintura. As produções da pintura apresentam-
-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, 
mantêm o mais solene silêncio. O mesmo ocorre com os 
escritos: poderíamos imaginar que falam como se pen-
sassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (...) 
dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma 
(...). E quando são maltratados e insultados, injustamen-
te, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor 
porque são incapazes de se defenderem, de assistirem 
a si mesmos.
platão. Fedro ou da beleZa.
Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com 
a pintura, contrapondo-os à sua concepção de filoso-
fia. Assinale a alternativa que permite concluir, com 
apoio do fragmento apresentado, uma das principais 
características do platonismo.
a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de 
pequenas sentenças com sentido completo, as quais, no 
seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo.
b) A forma de exposição da filosofia platônica é o 
diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor interno 
das argumentações, produzido e comprovado pela 
confrontação dos discursos.
c) O platonismo se vale da oratória política, sem com-
promisso filosófico com a busca da verdade, mas diri-
gida ao convencimento dos governantes das Cidades.
d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias 
platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria alcança-
da na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos.
e) O discurso platônico tem a mesma natureza do dis-
curso religioso, pois o conhecimento filosófico modifi-
ca-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos.
6. (UFPI) A respeito da cultura grega, leia as sínteses 
filosóficas abaixo.
I. A ciência, a moral e os credos religiosos eram criações 
humanas válidas para determinados grupos sociais em um 
determinado período.
II. Sua principal contribuição filosófica foi a Teoria das 
Ideias, segundo a qual as ideias são a essência dos con-
ceitos e das coisas e, portanto, transcendentes ao homem, 
que delas tem apenas um pálido reflexo.
III. Defendia a existência de um conhecimento estável e 
válido para todos. Sua grande preocupação era o auto-
conhecimento que poderia ser obtido através da ironia 
e da maiêutica.
As sínteses que você acabou de ler podem ser associa-
das, respectivamente, a:
a) Platão, Aristóteles e Sócrates.
b) Platão, sofistas e Aristóteles.
c) Sócrates, sofistas e Platão.
d) sofistas, Platão e Sócrates.
e) Platão, sofistas e Sócrates.
7. (IFSP) – Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio 
que de entrada estabelecemos que devia observar-se 
em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, 
esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das 
suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo 
suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lem-
bras, que cada um deve ocupar-se de uma função na ci-
dade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada.
platão. a república. 7. ed. lisboa: calouste-gulbenKian, 2001, p. 185.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a con-
cepção platônica de justiça na cidade ideal, assinale a 
alternativacorreta.
a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou 
seja, a que respeita o princípio de igualdade natural 
entre todos os seres humanos, concedendo a todos os 
indivíduos os mesmos direitos perante a lei.
b) Platão defende que a democracia é fundamento 
essencial para a justiça, uma vez que permite a todos 
os cidadãos o exercício direto do poder.
c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado 
natural das ações de cada indivíduo na perseguição 
de seus interesses pessoais, desde que esses interes-
ses também contribuam para o bem comum.
d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é 
possível se cada cidadão executar, da melhor maneira 
possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer 
bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões.
e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada 
membro do organismo social tiver condições de per-
seguir seus ideais, exercendo funções que promovam 
sua ascensão econômica e social.
8. (UEL) Leia os textos a seguir.
“A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa 
tudo, ao que parece, é pelo fato de atingir apenas uma peque-
na porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.”
platão. a república. 7.ed. lisboa: calouste-
gulbenKian, 1993. p. 457 (adaptado).
“O imitar é congênito no homem e os homens se compra-
zem no imitado.”
aristóteles. poética. 4. ed. são paulo: noVa cultural, 
1991. p. 203. coleção “os pensadores” (adaptado).
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética 
e a questão da mimesis em Platão e Aristóteles, assinale 
a alternativa correta.
a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomê-
nicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequa-
do e inferior, tanto em relação aos objetos representados 
quanto às ideias universais que os pressupõem.
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, 
pintores e escultores representam perfeitamente a 
verdade e a essência do plano inteligível, sendo a ati-
vidade do artista um fazer nobre, imprescindível para 
o engrandecimento da pólis e da filosofia.
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restrin-
ge à reprodução de objetos existentes, o que veda o 
23
poder do artista de invenção do real e impossibilita 
a função caricatural que a arte poderia assumir ao 
apresentar os modelos de maneira distorcida.
d) Aristóteles concebe a mimesis artística como uma 
atividade que reproduz passivamente a aparência das 
coisas, o que impede ao artista a possibilidade de re-
criação das coisas segundo uma nova dimensão.
e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação 
e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes 
de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador.
9. (Enem)
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado 
apontando para o alto. Esse gesto significa que o co-
nhecimento se encontra em uma instância na qual o 
homem descobre a:
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.
10. (Enem) Trasímaco estava impaciente porque Sócra-
tes e os seus amigos presumiam que a justiça era algo 
real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu enten-
der, as pessoas acreditavam no certo e no errado ape-
nas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da 
sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam 
de invenções humanas.
rachels, J. probleMas da FilosoFia. lisboa: gradiVa, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálo-
go A República, de Platão, sustentava que a correlação 
entre justiça e ética é resultado de
a) determinações biológicas impregnadas na natureza 
humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos in-
teresses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das 
tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses humanos 
contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas 
atitudes humanas.
11. (UFU) Leia o trecho abaixo extraído do diálogo pla-
tônico O banquete.
Eis, com efeito, em que consiste o proceder corretamente 
nos caminhos do amor, ou por outro se deixar conduzir: 
em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, 
subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só 
para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos 
corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas 
ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de 
nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim 
o que em si é belo.
platão. o banquete. são paulo: editora 34, p. 147.
Em conformidade com a teoria platônica das ideias, responda:
a) As afirmações “do que é belo aqui” e “em vista 
daquele belo” designam o quê, respectivamente?
b) Que ciência é esta que se encarrega “daquele pró-
prio belo” e conhece “enfim o que é em si belo”?
gabarito
1-D; 2-E; 3-C; 4-D; 5-B; 6-D; 7-D; 8-A; 9-B; 10-D
11. a) A afirmação “do que é belo aqui” designa o mundo 
sensível ou dos sentidos, aquele caracterizado pela doxa (opi-
nião) e que possui caráter transitório, imperfeito e perecível, 
sendo uma cópia do mundo inteligível ou das ideias. Já a 
afirmação “em vista daquele belo” refere-se ao mundo das 
ideias ou formas, o inteligível, das essências eternas, imutá-
veis e perfeitas.
b) Esta ciência é a dialética. Nesse caso, a dialética significa 
o processo de busca e aquisição do conhecimento verda-
deiro ou o percurso da alma que vai das aparências ou 
“sombras” do mundo sensível até as essências ou formas 
puras do mundo inteligível, culminando na ideia do Bem, a 
mais perfeita e causa de todas as outras.
24
1. aristóteles (384-323 a.c.)
Aristóteles foi o último e mais influente dos grandes filóso-
fos gregos. Nascido em Estagira, atual Grécia, foi mandado 
por seu pai à Academia de Platão, onde permaneceu por 
cerca de 20 anos. Depois, viajou muito e começou a desen-
volver e a sistematizar as suas próprias ideias. Tornou-se o 
crítico mais feroz do pensamento platônico.
Em 343 a.C., Filipe da Macedônia chamou Aristóteles à 
corte e confiou-lhe importante missão: a de educar seu fi-
lho, Alexandre. Durante sete anos, o filósofo encarregou-se 
dessa missão, até a subida do jovem Alexandre ao poder.
O jovem imperador da Macedônia, já ganhando as titula-
ções de senhor do mundo conhecido, mencionou que “Se 
a meu pai devo a minha existência, a meu preceptor devo à 
arte de me saber conduzir. Se governo com alguma glória, 
a ele sou devedor”.
aleXandre, o grande, Foi educado por aristóteles.
Grandes Pensadores: Aristóteles
Aristóteles é considerado o primeiro cientista da História.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
Com a subida de Alexandre ao poder, Aristóteles retornou 
a Atenas e, em 335 a.C., fundou sua própria escola, o Li-
ceu, que foi muito superior à Academia. Aristóteles ensi-
nava caminhando e, por causa desse hábito, os alunos do 
Liceu ficaram conhecidos como peripatéticos, que significa 
“os que passeiam”.
O filósofo deixou muitos escritos, sendo a maioria tratados 
bem fundamentados. Foi o primeiro a dividir e subdividir áre-
as de investigação, sendo o primeiro a fazer uma classifica-
ção do conhecimento, de modo que versou perante diferen-
tes áreas, como biologia, retórica, lógica, ética, dentre outras.
representação de platão (à esquerda, apontando para 
ciMa) e de aristóteles (que aponta para baiXo)
Ação e Razão – Aristóteles
Marco Zingano, professor da Faculdade de 
Filosofia da USP, trata das origens do concei-
to de razão na filosofia clássica ateniense.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
 arIstótelesAULA
4
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
25
A crítica para Platão consiste em analisar corretamente os 
fenômenos da natureza, indo além da superficialidade in-
teligível, construindo uma nova concepção de conhecimen-
to. Entre seus textos temos:
 § A Física: a relaçãodos quatro elementos (terra, água, 
ar e fogo) com o planeta Terra. Seus princípios não são 
corretos, de modo que não descrevem nada com exati-
dão. Porém, essas estruturas auxiliaram outros experi-
mentos e tecnologias, com o método científico.
 § A Metafísica: textos compilados que foram batizados 
após a morte do filósofo por seu discípulo, Andrônico 
de Rodes. Aristóteles trata da ciência das causas pri-
meiras do ser enquanto ser geral. O filósofo define qua-
tro causas das coisas:
1. causa formal (a forma da coisa);
2. causa material (matéria de que uma coisa é feita);
3. causa eficiente (a origem da coisa); e
4. causa final (a finalidade do objeto).
Podemos utilizar como exemplo a obra O pensador, do es-
cultor francês Auguste Rodin.
A causa formal é o formato dessa obra, de um homem 
sentado; a causa material é o bronze; a causa eficiente é 
o escultor Rodin; e a causa final é a significação da obra.
 § Ética a Nicômaco: neste texto direcionado ao seu fi-
lho, Nicômaco, Aristóteles apresenta que a ética é algo 
palpável, não sendo um elemento abstrato. Seguindo a 
teoria da justa-medida, ou seja, do equilíbrio, o filósofo 
apresenta que, ao seguirmos esse equilíbrio em nossos 
atos particulares, conseguimos atingir a felicidade, sen-
do que existe uma inclinação para essa finalidade últi-
ma do ser humano. Entretanto, o conceito de felicidade 
varia de indivíduo para indivíduo e de como é sua vida. 
Para o filósofo, existem três tipos de vida:
1. vida dos prazeres: onde o ser se torna refém daquilo 
que deseja;
2. vida política: onde o ser busca a honra pelo conven-
cimento; e
3. vida contemplativa: onde o ser busca os elementos 
dentro de si, o prazer intelectual – essa vida contém a 
essência da felicidade.
 § A Lógica: a lógica não é uma ciência, mas um instrumen-
to para o correto pensar. Aristóteles disse que o bloco de 
construção básico de qualquer argumento era o silogismo; 
constituído por premissas e uma conclusão, desenvolven-
do um primeiro estudo da linguagem de argumentação 
baseada na coerência lógica. Logo, a lógica assim se torna 
uma ferramenta na busca do conhecimento.
Todos os homens são mortais. • premissa 1
Sócrates é mortal. • premissa 2
Logo, Sócrates é mortal. • conclusão
 § Arte Poética: o filósofo, na Poética, examina as formas 
de poesia – epopeia, comédia e tragédia –, que tentam imi-
tar a realidade, porém, de modos diferentes. A poesia é o 
gênero literário que mais se aproxima da filosofia, pois tende 
para o conhecimento do universal, que é o objetivo máximo 
da filosofia.
 § Arte Política: o homem é um animal político – politi-
kón zoón – que vive naturalmente em sociedade. Ao tratar 
do tema em Política, Aristóteles, ao contrário de Platão, não 
se interessa por idealizar uma cidade justa. Ele classifica as 
formas de governo em três: o governo de um só indivíduo 
(monarquia), de alguns (aristocracia) e de todos (democracia). 
Cada um desses regimes políticos apresenta vantagens e des-
vantagens, formas boas e corrompidas. Diante desse estudo, 
Aristóteles não questionou a escravidão e achava as mulheres 
despreparadas para a liberdade e para os direitos políticos.
 § A Arte: o filósofo entende que o Belo é o resultado da jus-
ta-medida, da simetria. Assim, o Belo faz parte do ser humano, 
podendo imitar a natureza, mas também abordar o impossível 
e o inverossímil, podendo completar o que falta na natureza.
Ética a Nicômaco
Aristóteles. São Paulo: Martin Claret, 2008.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
26
Happiness
Needtobreathe. Hard Love. Atlantic, 2016
A canção questiona as nossas escolhas na busca 
da felicidade.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
Essas considerações tornam evidente que a cidade é uma 
realidade natural e que o homem é, por natureza, um ani-
mal político (politikón zoón). E aquele que, por natureza 
e não por mero acidente, não faz parte de uma cidade é 
ou um ser degradado ou um ser superior ao homem; ele 
é como aquele a quem Homero censura por ser sem clã, 
sem lei e sem lar; um tal homem é, por natureza, ávido de 
combates, e é como uma peça isolada no jogo de damas. 
É evidente, assim, a razão pela qual o homem é um animal 
político em grau maior que as abelhas ou todos os outros 
animais que vivem reunidos. Dizemos, de fato, que a natu-
reza nada faz em vão, e o homem é o único entre todos os 
animais a possuir o dom da fala. (...) só ele sabe discernir 
o bem e o mal, o justo e o injusto, e os outros sentimentos 
da mesma ordem; ora, é precisamente a posse comum 
desses sentimentos que engendra a família e a cidade.
(...) o homem que é incapaz de viver em comunidade, ou 
que disso não tem necessidade porque basta-se a si pró-
prio, não faz parte de uma cidade e deve ser, portanto, 
um bruto ou um deus.
aristóteles
arte política. liVro i
DIAGRAMA DE IDEIAS
ARISTÓTELES
NOVA CONCEPÇÃO 
DO CONHECIMENTO
• RETÓRICA
• FÍSICA
• METAFÍSICA
• LÓGICA
• POÉTICA
NA BUSCA DO BEM
O SER HUMANO 
PRECISA BUSCAR 
A JUSTA MEDIDA
O EQUILÍBRIO EM 
TODOS OS CAMPOS
27
aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Enem) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais no-
bre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos 
não devem estar separados como na inscrição existen-
te em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, 
e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que 
amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas 
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós 
a identificamos como felicidade.
aristóteles. a política. são paulo: cia. das letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais exce-
lentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) a busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) a plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) a finalidade das ações e condutas humanas.
d) o conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) a expressão do sucesso individual e reconheci-
mento público.
2. (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o me-
lhor conjunto de normas e naquela dotada de homens 
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver 
uma vida de trabalho trivial ou de negócios – esses 
tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as 
qualidades morais –, tampouco devem ser agricultores 
os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável 
ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática 
das atividades políticas”.
Van acKer, t. grécia: a Vida cotidiana na cidade-
estado. são paulo: atual. 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, per-
mite compreender que a cidadania
a) possui uma dimensão histórica que deve ser criti-
cada, pois é condenável que os políticos de qualquer 
época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o 
resto dos cidadãos tem de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria dos 
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção 
política profundamente hierarquizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia antiga, a uma percep-
ção política democrática, que levava todos os habi-
tantes da polis a participarem da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela 
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado 
às atividades vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles 
que se dedicavam à política e que tinham tempo para 
resolver os problemas da cidade.
3. (Enem) Se, pois, para as coisas que fazemos existe 
um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais 
é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal 
fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá 
o conhecimento, porventura, grande influência sobre 
essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, 
ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e 
de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. 
Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à 
arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se 
pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra 
ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as 
ciências que devem ser estudadas num Estado, quais 
são as que cadacidadão deve aprender, e até que 
ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior 
apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, 
estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as 
demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que 
devemos e o que não devemos fazer, a finalidade 
dessa ciência deve abranger as das outras, de modo 
que essa finalidade será o bem humano.
aristóteles. ética a nicôMaco. ln: pensadores. 
são paulo: noVa cultural, 1991 (adaptado).
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organi-
zação da polis pressupõe que
a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perse-
guir seus interesses.
b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são 
os portadores da verdade.
c) a política é a ciência que precede todas as demais 
na organização da cidade.
d) a educação visa formar a consciência de cada pes-
soa para agir corretamente.
e) a democracia protege as atividades políticas neces-
sárias para o bem comum.
4. (Enem) Ninguém delibera sobre coisas que não po-
dem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é im-
possível fazer. Por conseguinte, como o conhecimento 
científico envolve demonstração, mas não há demons-
tração de coisas cujos primeiros princípios são variáveis 
(pois todas elas poderiam ser diferentemente), e como 
é impossível deliberar sobre coisas que são por neces-
sidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem 
arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer é 
capaz de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e 
o produzir são duas espécies diferentes de coisa. Resta, 
pois, a alternativa de ser ela uma capacidade verdadei-
ra e raciocinada de agir com respeito às coisas que são 
boas ou más para o homem.
aristóteles. ética a nicôMaco. são paulo: abril cultural, 1980.
Aristóteles considera a ética como pertencente ao cam-
po do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se dos ou-
tros saberes, porque é caracterizada como
a) conduta definida pela capacidade racional de escolha.
b) capacidade de escolher de acordo com padrões 
científicos.
c) conhecimento das coisas importantes para a vida 
do homem.
d) técnica que tem como resultado a produção de 
boas ações.
e) política estabelecida de acordo com padrões de-
mocráticos de deliberação.
28
5. (UFPA) Tendemos a concordar que a distribuição iso-
nômica do que cabe a cada um no estado de direito é o 
que permite, do ponto de vista formal e legal, dar esta-
bilidade às várias modalidades de organizações institu-
ídas no interior de uma sociedade. Isso leva Aristóteles 
a afirmar que a justiça é “uma virtude completa, porém 
não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo”
aristóteles. ética a nicôMaco. são paulo: 
abril cultural, 1973, p. 332.
De acordo com essa caracterização, é correto dizer que 
a função própria e universal atribuída à justiça, no es-
tado de direito, é:
a) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias 
racionais com poder normativo positivo e irrestrito.
b) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria se 
não fossem os mecanismos contidos nos sistemas jurídicos.
c) determinar, para as relações sociais, critérios legais tão 
universais e independentes que possam valer por si mesmos.
d) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade 
entre as necessidades do Estado e as de cada cidadão 
individualmente.
e) estabelecer a regência na relação mútua entre os ho-
mens, na medida em que isso seja possível por meio de leis.
6. (UFU) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão 
“ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois mo-
dos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opos-
tos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até 
mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao 
ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato.
reale, gioVanni. história da FilosoFia antiga. 
Vol. ii. são paulo: loYola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade 
com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a 
alternativa correta.
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capaci-
dade de se transformar em algo diferente dele mes-
mo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em 
relação à estátua (ser-em-potência).
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência 
explica o movimento percebido no mundo sensível. 
Tudo o que possui matéria possui potencialidade (ca-
pacidade de assumir ou receber uma forma diferente 
de si), que tende a se atualizar (assumindo ou rece-
bendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas 
o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verifi-
cado no mundo material é apenas ilusório, e o que 
existe é sempre imutável e imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo 
sensível (das coisas materiais) e a potência se en-
contra tão-somente no mundo inteligível, apreendido 
apenas com o intelecto.
7. (Enem)
Texto I
Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade 
ou que dela não tem necessidade, porque se basta a si 
mesmo, não é em nada parte da cidade, embora seja quer 
um animal, quer um deus.
aristóteles. a política. são paulo: Martins Fontes, 2002.
Texto II
Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita 
em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo 
que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de 
outros seres humanos.
arendt, h. a condição huMana. rio de Janeiro: Forense, 1995.
Associados a contextos históricos distintos, os fragmen-
tos convergem para uma particularidade do ser humano, 
caracterizada por uma condição naturalmente propensa à
a) atividade contemplativa.
b) produção econômica.
c) articulação coletiva.
d) criação artística.
e) crença religiosa.
8. (UEA) A sabedoria do amo consiste no emprego que 
ele faz dos seus escravos; ele é senhor, não tanto por-
que possui escravos, mas porque deles se serve. Esta 
sabedoria do amo nada tem, aliás, de muito grande ou 
de muito elevado; ela se reduz a saber manda o que o 
escravo deve saber fazer. Também todos que a ela se 
podem furtar deixam os seus cuidados a um mordomo, 
e vão se entregar à política ou à filosofia.
aristóteles. a política. são paulo: cia. das letras, 2010.
O filósofo Aristóteles dirigiu, na cidade grega de Atenas, 
entre 331 e 323 a.C., uma escola de filosofia chamada de 
Liceu. No excerto, Aristóteles considera que a escravidão:
a) é um empecilho ao florescimento da filosofia e da 
política democrática nas cidades da Grécia.
b) permite ao cidadão afastar-se de obrigações econômi-
cas e dedicar-se às atividades próprias dos homens livres.
c) facilita a expansão militar das cidades gregas à me-
dida que liberta os cidadãos dos trabalhos domésticos.
d) é responsável pela decadência da cultura grega, 
pois os senhores preocupavam-se somente em domi-
nar os escravos.
e) promove a união dos cidadãos das diversas pólis 
gregas no sentido de garantir o controle dos escravos.
9. (Unioeste) “A excelência moral, então, é uma dispo-
sição da alma relacionada com a escolha de ações e 
emoções, disposição esta consistente num meio-ter-
mo (o meio-termo relativo a nós) determinado pela 
razão (a razão graças à qual um homem dotado de 
discernimento o determinaria)”.
aristóteles
Sobre o pensamento ético de Aristóteles e o texto aci-
ma, seguem as seguintes afirmativas:
I. A virtude é uma paixão consistente num meio-termo 
entre dois extremos.
29
II. A ação virtuosa, por estar relacionada com a escolha, é 
praticada de modo involuntário e inconsciente.
III. A virtude é uma disposição da alma relacionada com 
escolha e discernimento.
IV. A virtude é um meio-termo absoluto, determinado pela 
razão.
V. A virtude é um extremo determinado pela razão e pelas 
paixões de um homem dotado de discernimento.
Das afirmativas feitas acima:
a) somente a afirmação I está correta.
b) somente a afirmação III está correta.
c) as afirmações II e III estão corretas.
d) as afirmações III e IV estão corretas.
e) as afirmações IV e V estão corretas.
10. (UEL) Leia o texto a seguir.
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com 
a escolhae consiste numa mediania, isto é, a mediania re-
lativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional 
próprio do homem dotado de sabedoria prática.
aristóteles. ética a nicôMaco. liVro ii. são 
paulo: abril cultural, 1973, p. 273.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada 
ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética:
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha 
situada entre o excesso e a falta.
b) implica na escolha do que é conveniente no exces-
so e do que é prazeroso na falta.
c) consiste na eleição de um dos extremos como o 
mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta.
d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em 
razão de preferências pragmáticas.
e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com 
o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos.
gabarito
1-C; 2-B; 3-C; 4-A; 5-E; 6-B; 7-C; 8-B; 9-B; 10-A
30
 FIlosoFIa MedIevalAULA
5
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
Durante o período que corresponde ao Império Ro-
mano e à Idade Média, a filosofia sofreu um processo 
de reclusão ao acesso popular, estando cada vez mais 
reservada a poucos nichos intelectuais. Desse modo, 
entre os séculos V e XV, a filosofia e a religião estive-
ram interligadas intimamente, tendo diversas correntes 
filosófico-católicas que monopolizaram o conhecimento 
nesse período.
durante o período MedieVal, a FilosoFia 
perManeceu no criVo da igreJa católica.
Filosofia medieval
STORCK, Alfredo de. São Paulo: Jorge Zahar 
Editor, 2003.
Esse livro oferece um panorama da filosofia 
no período medieval e analisa sua trans-
missão, principais características e formas 
literárias de expressão, mostrando que ela 
não se resume à filosofia cristã.
multimídia: livro
1. agostinho (354-430 d.c.)
Com Agostinho – figura mundana que, já adulto, se con-
verteu de livre vontade para o mundo espiritual –, a filo-
sofia se mesclou com o cristianismo. Aurelius Augustinus 
nasceu em Tagaste, atual Argélia, região que fazia parte do 
Império Romano.
Tendo imensa influência dos neoplatônicos – uma es-
cola filosófica com doutrina platônica –, Agostinho pro-
pôs uma conciliação entre fé e razão. Com a dualidade 
platônica, o pensador medieval ressaltou que o conhe-
cimento se consolida quando o homem tem acesso ao 
eterno, ao divino, ou seja, tem acesso ao mundo inteli-
gível platônico.
Quem foi Agostinho?
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
31
Para o pensador, Deus é eterno, portanto, está fora do 
tempo; porém, para o homem, o tempo começou quando 
o mundo foi criado, enquanto para Deus, sempre existiu, 
num eterno presente.
Com o intuito de ilustrar esse procedimento, Agostinho 
propôs uma cidade de Deus, feita com as virtudes do 
homem, e uma cidade do Diabo, constituída pelos vícios 
do ser humano. Essa ideia está contida em sua obra mais 
famosa, intitulada A cidade de Deus. Nesse instante, o fi-
lósofo direciona os hábitos das pessoas, com o intuito de 
conseguir a iluminação divina, isto é, ter acesso ao mundo 
inteligível platônico.
 ilustração do liVro a cidade de deus, de agostinho
Essa cidade de Deus só pode ser conhecida através da 
autoridade infalível da Igreja. Assim, Agostinho comenta 
que o Estado deve subjugar-se ao poder do clero, demons-
trando que o ser humano pode atingir o entendimento 
mediante as leituras das Escrituras Sagradas, fato este que 
propicia a esse indivíduo a felicidade. Entretanto, nem to-
dos os homens recebem a graça das mãos de Deus, sendo 
que somente alguns são predestinados à salvação. Agosti-
nho se tornou o principal filósofo da patrística.
Tarde te amei
Oração extraída das Confissões de Santo Agosti-
nho, X Livro, 38.
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
É desta Cidade da Terra que surgem os inimigos dos 
quais tem que ser defendida a cidade de Deus. Mui-
tos deles, afastando-se dos seus erros de impiedade, 
tornaram-se cidadãos bastante idôneos da Cidade 
de Deus. Mas muitos outros ardem em tamanho ódio 
contra ela e são tão ingratos aos manifestos benefí-
cios do Redentor, que hoje não moveriam contra Ele a 
sua língua senão porque encontraram nos seus lugares 
sagrados, ao fugirem das armas inimigas, a salvação 
da vida de que agora tanto se orgulham. Não são na 
verdade estes romanos encarniçados contra o nome de 
Cristo aqueles a quem os bárbaros pouparam a vida 
por amor de Cristo? Disto dão testemunho os santuá-
rios dos mártires e as basílicas dos Apóstolos que aco-
lheram quantos aí se refugiaram, tanto cristãos como 
estranhos, durante a devastação da Urbe l.
agostinho
a cidade de deus. lisboa: calouste gulbelKian, 1996, p. 99.
1.1. Patrística
A patrística é a doutrina religiosa elaborada pelos pais 
ou padres da Igreja (por isso o nome), nos séculos II ao 
VIII, que tinha como objetivo ordenar as verdades da fé, 
para defender-se dos ataques dos hereges. Para conso-
lidar o dogma religioso, tem uma construção lógica das 
ideias. Os inúmeros textos dessa doutrina almejavam 
orientar as ações dos indivíduos de dentro e de fora dos 
muros da Igreja católica.
2. Pedro abelardo (1079-1142)
Na Idade Média, significou uma mudança do pensamen-
to dos dominantes, seguiu-se o ideal de ora et labora 
(reza e trabalha). Assim, iniciou-se a “querela dos univer-
sais”, a qual discutia a relação entre o nome e a coisa, a 
linguagem e a realidade.
2.1. O nome da rosa
A palavra “rosa” pode sobreviver à morte ou ao desapare-
cimento da própria rosa; então, a palavra fala até de coisas 
inexistentes. Como podemos entender isso? Nesse instan-
te, acontece uma questão ou querela de como os nomes 
dos objetos não estão atrelados com os objetos. Os nomes 
são elementos arbitrários que rotulam as coisas, não tendo 
nenhuma relação direta com o próprio objeto. Um exemplo 
disso são os nossos nomes de batismo, que foram escolhi-
dos por outras pessoas, de forma arbitrária.
Segundo Pedro Abelardo, os universais só existem no 
intelecto, mas, ao mesmo tempo, mantêm relação com 
as coisas particulares, à medida que lhes dão significa-
do. Desse modo, é como significado que os universais 
subsistem às coisas.
32
Sua obra mais conhecida é Sic et Non (Sim e Não), a qual 
revitaliza a dialética, afirmando que esse processo era a 
via para a verdade e fazia bem à mente. Ficou famoso por 
seu caso de amor com Heloísa, e acabou sendo castrado 
como penalidade.
3. tomás de aquino (1226-1274)
Com Tomás de Aquino, existe um domínio comum à razão 
e à fé. Diante de uma forte influência de Aristóteles, buscou 
organizar todos os ramos do conhecimento em um sistema 
completo. Foi um dos principais representantes da escolás-
tica, uma das escolas medievais.
O pensamento de Aquino procura apresentar o equilíbrio 
entre a fé e a razão. Para ele, quando há algum desacordo, 
a razão é sempre o elemento que se apresenta em equívo-
co, pois a razão que se excede torna-se indiscreta e invade 
o terreno exclusivo da fé, que são os mistérios divinos – 
fato que provoca, devido à desconfiança, a impossibilidade 
de demonstrar a existência de Deus. Tomás de Aquino será 
o representante máximo da escolástica.
Com isso, o seu pensamento assumiu a condição de dou-
trina oficial do catolicismo. O doctor angelicus acabou 
canonizado em 1323.
Em sua Summa contra gentilles, Aquino propõe-se a provar 
para um não cristão, mediante um raciocínio natural, a im-
portância do cristianismo e a existência de Deus. Essa obra 
é considerada um manual de teologia destinado a conver-
ter os muçulmanos, evitando, assim, o avanço do islã.
O intelecto humano, que das coisas sensíveis recebe o 
conhecimento que é conatural, para intuir em si mes-
mo a essência divina, que transcende infinitamente 
todas as coisas sensíveis, e até todos os entes, por 
si mesmo não é capaz de atingir a essência divina. 
Como, no entanto, o bem perfeito do homem consiste 
em conhecer a Deus de algum modo, e para que uma 
tão nobre criatura não fosse considerada totalmente 
vã por não poder atingir o seufim, foi-lhe dado um 
caminho pelo qual pudesse elevar-se ao conhecimen-
to de Deus, a saber: como todas as perfeições das 
coisas descem de Deus ordenadamente, de Deus que 
é o vértice supremo de todas elas, também o homem, 
partindo das coisas inferiores e subindo gradativa-
mente, deve progredir no conhecimento de Deus, pois 
também nos movimentos corpóreos há o caminho 
pelo qual se desce e o caminho pelo qual se sobe, 
distintos em razão do princípio e do fim.
toMÁs de aquino
suMa contra os gentios. porto alegre: sulina, 1990, p. 689.
4. escolástica
A escolástica foi o método utilizado nos recintos educacio-
nais da Idade Média, durante o século XI, principalmente 
nas universidades. Seguindo um modelo romano de ensi-
no, eram ensinadas Gramática, Retórica, Dialética, Geome-
tria, Aritmética, Astronomia e Música.
A influência do aristotelismo na escolástica adentra no sé-
culo XII, salientando a concepção de divisão de matérias, 
em que existem diversos tipos de conhecimento.
Filosofia Medieval 
Agostinho e Tomás de Aquino
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
33
A relação que a instituição religiosa teve com seus seguidores, orientando as ações e os seus hábitos, principalmente 
a Igreja católica, teve uma influência gigantesca dos pensadores, com o intuito de orientar, criar normativas que não 
contradissessem com o documento sagrado, além de propiciar aos seguidores uma confiança na palavra passada.
Aqui, vemos uma nítida interligação com a estrutura lógica da escrita, a fim de não causar uma invalidade nas prop-
osições apresentadas – conjunto com o domínio de um grupo perante outro, papel analisado com a sociologia, e sem 
contar a ligação histórica dos fatos tratados.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
34
DIAGRAMA DE IDEIAS
FILOSOFIA
MEDIEVAL
A RAZÃO ESTÁ 
SUBORDINADA AOS 
PRECEITOS DA FÉ
PEDRO 
ABELARDO
O NOME NÃO ESTÁ 
ASSOCIADO 
AO OBJETO
AGOSTINHO
INFLUÊNCIA 
PLATÔNICA
A ILUMINAÇÃO 
HUMANA FAZ PELO 
CONTATO DIVINO
DEPENDENDO DE 
NOSSAS AÇÕES 
NO MUNDO
OU NA
CIDADE DO DIABO
OU NA 
CIDADE DE DEUS
MORAREMOS 
DEPOIS DA VIDA
TOMÁS DE 
AQUINO
INFLUÊNCIA ARIS-
TOTÉLICA
A FÉ NUNCA PODE 
SER QUESTIONADA
A RAZÃO PODE SER 
QUESTIONADA
É PRECISO 
DIVULGAR O 
PENSAMENTO 
CRISTÃO
EVITANDO 
O AVANÇO 
MUÇULMANO 
NA EUROPA
35
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Enem) Não é verdade que estão ainda cheios de 
velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia 
Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e 
nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sem-
pre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como 
antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo mo-
vimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas 
que nunca antes criara, como pode haver verdadeira 
eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes 
não existia?”
agostinho. conFissões. são paulo: abril cultural, 1984.
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, 
é um exemplo de reflexão filosófica sobre a(s)
a) essência da ética cristã.
b) natureza universal da tradição.
c) certezas inabaláveis da experiência.
d) abrangência da compreensão humana.
e) interpretações da realidade circundante.
2. (Enem) Se os nossos adversários, que admitem a exis-
tência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo 
Bem, quisessem admitir que essas considerações estão 
certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a 
de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos 
males, pois sendo Ele fonte suprema de Bondade, nunca 
poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.
agostinho. a natureZa do beM. rio de 
Janeiro: sétiMo selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem 
do mal porque
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe 
de Deus.
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por na-
tureza, má.
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é opos-
to, o mal.
e) Deus se limita a administrar a dialética existente 
entre o bem e o mal.
3. Pedro Abelardo foi um filósofo medieval que parti-
cipou de uma acirrada disputa filosófica no século XII.
Essa disputa centrava-se sobre:
a) a existência de Deus.
b) o predomínio da fé sobre a razão.
c) a questão da existência dos universais.
d) a presença do mal no mundo.
e) a morte da alma.
4. (Enem) “(...) de modo particular, quero encorajar os 
crentes empenhados no campo da filosofia para que ilu-
minem os diversos âmbitos da atividade humana, graças 
ao exercício de uma razão que se torna mais segura e 
perspicaz com o apoio que recebe da fé.”
papa João paulo ii. carta encíclica Fides et ratio aos bispos da 
igreJa católica sobre as relações entre Fé e raZão. 1998.
“As verdades da razão natural não contradizem as verda-
des da fé cristã.”
santo toMÁs de aquino (pensador MedieVal)
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que
a) a encíclica papal está em contradição com o pen-
samento de santo Tomás de Aquino, refletindo a dife-
rença de épocas.
b) a encíclica papal procura complementar santo To-
más de Aquino, pois este colocava a razão natural 
acima da fé.
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a 
encíclica de João Paulo II.
d) o pensamento teológico teve sua importância na 
Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação 
com o pensamento filosófico.
e) tanto a encíclica papal como a frase de santo To-
más de Aquino procuram conciliar os pensamentos 
sobre fé e razão.
5. (UFF) A grande contribuição de Tomás de Aquino para 
a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência huma-
na e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da 
razão natural, inclusive a respeito de certas questões da 
religião. Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir 
a verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de 
verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a verdades 
da revelação que a razão humana não consegue alcan-
çar, por exemplo, entender como é possível Deus ser uno 
e trino. A segunda modalidade é composta de verdades 
que a razão pode atingir, por exemplo, que Deus existe.
A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor 
expressa o pensamento de Tomás de Aquino.
a) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade.
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à 
revelação da verdade que Deus lhe concede.
c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcan-
çar certas verdades por seus meios naturais.
d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades 
acerca de Deus.
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser 
humano nada pode conhecer d’Ele.
6. (UFU) A filosofia de Agostinho (354-430) é estreita-
mente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas 
traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Ploti-
no e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo 
do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influen-
ciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas 
resistências (de tornar-se cristão).
pepin, Jean. santo agostinho e a patrística ocidental. 
in: chÂtelet, François (org.). a FilosoFia MedieVal. 
rio de Janeiro: Zahar editores, 1983, p. 77.
36
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, 
por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agos-
tinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pen-
samento de Platão. Assinale a alternativa que apresenta, 
corretamente, uma dessas diferenças.
a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o co-
nhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a ver-
dade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano.
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mun-
do das ideias, enquanto para Agostinho não existe nenhu-
ma realidade além do mundo natural em que vivemos.
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para 
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma 
do corpo.
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, remi-
niscência, a alma reconhece as ideias que ela con-
templou antes de nascer; Agostinho diz que o conhe-
cimento é resultado da Iluminação divina, a centelha 
de Deus que existeem cada um.
7. (Unesp) A vida cultural europeia, na Baixa Idade Média 
(dos séculos XI ao XV), pode ser caracterizada pelo(a):
a) esforço de Ptolomeu para estruturar os conceitos 
geográficos.
b) multiplicação das universidades e difusão da ar-
quitetura gótica.
c) deslocamento, de Córdoba para Paris, do centro de 
gravidade da cultura muçulmana.
d) difusão do dogma escolástico baseado na negação 
da união entre a fé e a razão para a busca da verdade.
e) decadência do ensino urbano seguido de sua 
ruralização.
8. Para Tomás de Aquino, filosofia e teologia são ciên-
cias distintas porque:
a) a filosofia se funda no exercício da razão humana 
e a teologia na revelação divina.
b) a filosofia é uma ciência complementar à teologia.
c) a filosofia nos traz a compreensão da verdade que 
será comprovada pela teologia.
d) a revelação é critério de verdade, por isso não se 
pode filosofar.
e) a teologia é a mãe de todas as ciências e a filo-
sofia serve apenas para explicar pontos de menor 
importância.
9. Durante a Idade Média, a questão dos universais foi 
um dos grandes problemas debatidos pelos filósofos da 
época. Realismo, conceitualismo e nominalismo foram 
as soluções típicas do problema.
Outra preocupação da época foi o da possibilidade ou 
impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo Agosti-
nho, sobre a relação fé e razão, protagonizou uma tese 
que se pode resumir na frase Credo ut intelligam (Creio 
para entender).
A partir dos seus conhecimentos sobre a questão dos 
universais e da filosofia medieval, identifique as propo-
sições verdadeiras.
I. O apogeu da patrística aconteceu no século XIII com 
santo Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o 
pensamento de Platão, fez a síntese mais bem elaborada 
da filosofia com o cristianismo durante a Idade Média.
II. O pensamento filosófico medieval, a partir do século IX, 
é chamado de escolástica. A filosofia escolástica tinha por 
problema fundamental levar o homem a compreender a 
verdade revelada pelo exercício da razão, contudo apoiado 
na Auctoritas, seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja.
III. Para os nominalistas, o universal é apenas um conteúdo 
da nossa mente, expresso por um nome. O que significa 
dizer que os universais são apenas palavras, sem nenhuma 
realidade específica correspondente.
IV. No conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais são 
conceitos, entidades mentais, que não existem na realida-
de, nem são meros nomes.
V. De acordo com a teoria da iluminação de santo Agos-
tinho, o ser humano recebe de Deus o conhecimento das 
verdades eternas. Tal como o sol, Deus ilumina a razão e 
torna possível o pensar correto.
Em verdade, santo Agostinho não conflita a fé com a ra-
zão, sendo esta última auxiliar e subordinada da fé. Assi-
nale a alternativa que contém as afirmativas verdadeiras.
a) I, II e III.
b) I, III e V.
c) II e V.
d) I, II e IV.
e) II, III, IV e V.
10. (ESPM) No século XIII, surgiu a escolástica, corren-
te filosófica que, a partir de então, dominou o pensa-
mento medieval.
aquino, rubiM santos leão de. história das sociedades: 
das coMunidades priMitiVas às sociedades MedieVais.
A escolástica:
a) teve em santo Agostinho seu maior expoente e era 
teocêntrica.
b) teve em Alberto Magno seu maior expoente e re-
futava o teocentrismo, pregando o antropocentrismo.
c) teve em Tomás de Aquino seu principal expoente 
e foi uma tentativa de harmonizar a razão com a fé.
d) considerava que a razão podia proporcionar uma vi-
são completa e unificada da natureza ou da sociedade.
e) pregava o recurso racional da força, sendo este mais 
importante do que o exercício da virtude ou da fé.
gabarito
1-D; 2-D; 3-C; 4-E; 5-C; 6-D; 7-B; 8-A; 9-E; 10-C
37
 FIlosoFIa polítIcaAULA
6
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
Diante das transformações sociais e políticas que a Europa 
passava durante a Baixa Idade Média – conjunto com os 
ideais e as ações do Renascimento Cultural, que privilegia 
o ser humano e as suas próprias criações –, emerge um 
novo ramo na área da filosofia – a filosofia política –, que 
se debruça perante os limites e a organização do Estado 
frente ao indivíduo. O termo “política” já existia na polis 
grega; porém, essa nova concepção representa um novo 
olhar perante as relações da sociedade. Os pensadores com 
maior destaque nessa área foram Maquiavel e Hobbes.
1. nicolau maquiavel (1469-1527)
estÁtua de MaquiaVel, de lorenZo bartolini, na 
galleria degli uFFiZi, eM Florença
O filósofo da região de Florença é considerado um teórico 
da política. Com uma observação perspicaz da história dos 
governos, Maquiavel analisa as atitudes dos governantes e 
como esse Estado é organizado.
Em sua obra mais conhecida, O príncipe (1513), Maquiavel 
tinha como pretensão propiciar a união das províncias ita-
lianas, para garantir a paz nessas terras.
O príncipe
MAQUIAVEL, Nicolau. São Paulo: Editora 
34, 2017.
multimídia: livro
Tendo uma experiência de análise histórica, em conjunto 
com uma orientação de valorização do governante, Ma-
quiavel tem a preocupação de saber como os governantes 
agem de fato e como essas atitudes podem garantir ou 
não a sua permanência no poder.
O príncipe, de Maquiavel, com o historiador da 
Unicamp José Alves de Freitas Neto
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
1.1. A estrutura do poder para Maquiavel
O poder, segundo Maquiavel, foi adquirido pelo uso da 
força excessiva ou pela herança. Entretanto, não significa 
que esse poder ficará eternamente para esse ser, pois o 
38
que vai garantir tal poder são suas ações no agrupamento 
social. Desse modo, o principal objetivo desse governante 
é perpetuar-se no poder.
Assim, para o pensador, a figura mais importante dessa 
sociedade é o governante. Isso ocorre, pois esse indivíduo 
possui algo que poucos têm: a virtù.
A virtù representa as qualidades que esse indivíduo terá 
em determinadas situações, sendo ações ou atitudes que 
devem ser tomadas rápidas, sem prejuízos ao seu maior 
objetivo, sem precisar seguir qualquer moral religiosa.
Só que esse governante também precisa ter ao seu favor 
a fortuna, ou seja, a sorte, de modo que ele não pode, de 
forma alguma, renegar as situações de sorte que podem 
surgir em seu caminho. Assim, para conseguir perpetuar-se 
no poder, o bom governante precisa, necessariamente, unir 
a virtù e a fortuna.
Maquiavel, com o professor da USP Renato 
Janine Ribeiro
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
MaquiaVel, pintura de santi di tito, século XV
O príncipe (em quadrinhos)
Maquiavel. Roteiro de André Diniz. São 
Paulo: Escala, 2008.
A obra do filósofo Maquiavel foi adaptada 
em quadrinhos.
multimídia: livro
Origina-se aí a questão aqui discutida: se é preferível ser 
amado ou temido. Responder-se-á que se preferiria uma 
e outra coisa; porém, como é difícil unir, a um só tem-
po, as qualidades que promovem aqueles resultados, é 
muito mais seguro ser temido do que amado, quando 
se veja obrigado a falhar numa das duas. Os homens 
costumam ser ingratos, volúveis, dissimulados, covardes 
e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas 
benefícios, todos estão contigo, oferecem-te sangue, 
bens, vida, filhos, como se disse antes, desde que a ne-
cessidade dessas coisas esteja bem distante.
nicolau MaquiaVel
o príncipe. são paulo: coleção “os pensadores”, 1999, p. 106.
2. thomas hobbes (1588-1679)
O filósofo inglês Thomas Hobbes explanou a sua teoria 
sobre a formação da sociedade. Foi um pensador jusna-
turalista, isto é, acreditava que os princípios e direitos dos 
homens têm-se como ideia universal e imutável de justiça. 
Hobbes foi uma das bases filosóficas para a consolidação 
do absolutismo europeu.
39
Em seu livro O leviatã (1651), ele pretende compreender 
a formação da sociedade. Segundo o filósofo, no início, 
os homens viviam no Estado de natureza, onde os seres 
sobrevivem num conflito de todos contra todos, onde a re-
gra máxima era a lei da sobrevivência. Nesse instante,a 
competição entre os indivíduos fazia com que a paz ficasse 
cada vez mais longe do convívio humano.
Para romper essa situação de guerra, os homens decidem 
sair do estado de natureza e partir para a sociedade civil, 
criando um pacto social entre os integrantes dessa comuni-
dade, visando à tranquilidade e à paz. O que fundamentará 
esse pacto é o temor da morte, ou seja, visando a uma 
preservação da vida, os integrantes do grupo decidem ce-
der suas forças (ou armas) para um líder soberano, que de-
veria cumprir com alguns deveres, como trazer a paz para 
o grupo e o bem comum. Diante desse pacto, os homens 
não devem se rebelar contra o governante escolhido, com 
a intenção de fomentar a tranquilidade desejada.
O leviatã, de Thomas Hobbes, por Yara Frateschi
Fonte: Youtube
multimídia: vídeo
2.1. O leviatã: o perigo do monstro
Hobbes aponta que, nessa sociedade civil construída pelas 
ações humanas, insurge um líder supremo que precisa uti-
lizar-se da força para se manter no poder.
O problema apontado nesse momento é que, tendo o poder 
legal nas mãos, o governante, se não tiver destreza, inclina-
rá para um poder incontrolável, absoluto, transformando-se 
num monstro com poderes ilimitados. Aqui, Hobbes compa-
ra esse governante incontrolável, tendo o aval das leis cria-
das por ele próprio, com o monstro que dá título à sua obra, 
o leviatã (um peixe feroz citado no Antigo Testamento), que 
deve concentrar todo o poder em torno de si, para, assim, 
ordenar todas as decisões da sociedade. Isso prejudica com-
pletamente a consolidação do pacto social, perdendo com 
isso o objetivo de preservação da paz entre os homens.
O lobo
Pitty. Admirável Chip Novo, DeckDisc, 2003.
Com uma nítida influência da filosofia de 
Hobbes, a cantora Pitty apresenta como a 
competição do homem pelo homem está 
contida na sociedade.
Fonte: Youtube
multimídia: música
Diz-se que um Estado foi instituído quando uma mul-
tidão de homens concordam e pactuam, cada um com 
cada um dos outros, que a qualquer homem ou assem-
bleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o 
direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, 
de ser seu representante ), todos sem exceção, tanto os 
que votaram a favor dele como os que votaram contra 
ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse 
homem ou assembleia de homens, tal como se fossem 
seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz 
uns com os outro e serem protegidos dos restantes ho-
mens. É desta instituição do Estado que derivam todos 
os direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o 
poder soberano é conferido mediante o consentimento 
do povo reunido. (...)
Pois uma doutrina contrária à paz não pode ser verda-
deira, tal como a paz e a concórdia não podem ser con-
trárias à lei da natureza. É certo que, num Estado onde, 
devido à negligência ou incapacidade dos governantes 
e dos mestres, venham a ser geralmente aceites falsas 
doutrinas, as verdades contrárias podem ser geralmen-
te ofensivas. Mas mesmo a mais brusca e repentina 
irrupção de uma nova verdade nunca vem quebrantar 
a paz: pode apenas às vezes despertar a guerra. Por-
que aqueles que são tão desleixadamente governados 
que chegam a ousar pegar em armas para defender 
40
ou impor uma opinião, esses se encontram ainda em 
condição de guerra. Sua situação não é a paz, mas 
apenas uma suspensão de hostilidades por medo uns 
aos outros. É como se vivessem continuamente num 
prelúdio de batalha. Portanto compete ao detentor do 
poder soberano ser o juiz, ou constituir todos os juízes 
de opiniões e doutrinas, como uma coisa necessária 
para a paz, evitando assim a discórdia e a guerra civil.
thoMas hobbes
o leViatã
DIAGRAMA DE IDEIAS
FILOSOFIA
POLÍTICA
O GOVERNANTE 
 É A FIGURA 
IMPORTANTE DA 
SOCIEDADE
O PRÍNCIPE É UM 
SER COM VIRTÚ E 
COM FORTUNA
MAQUIAVEL
PRECISA TOMAR 
DECISÕES
HOBBES
A MONARQUIA 
É O MELHOR 
SISTEMA POLÍTICO
O ESTADO CIVIL 
EVITA A MATANÇA 
DE TODOS CONTRA 
TODOS
PORÉM, 
O PODER ABSOLUTO 
PODE GERAR UM 
MONSTRO SEM 
LIMITES
41
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UEL) A República de Veneza e o Ducado de Milão ao 
norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a 
república de Florença no centro formavam ao final do 
século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália su-
jeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos inter-
nos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel desenvolveu 
reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem 
necessária para a unificação e a regeneração da Itália.
sadeK, M.t. nicolau MaquiaVel: o cidadão seM Fortuna, o 
intelectual de Virtù. in: WeFort, F.c. (org.). clÁssicos da 
política. V. 2. são paulo: Ática, 2003. p. 11-24 (adaptado).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso-
fia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta.
a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas 
com a existência de um príncipe que age segundo a 
moralidade convencional e cristã.
b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas 
concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo que 
a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita.
c) A história é compreendida como retilínea, portanto, 
a ordem é resultado necessário do desenvolvimento e 
aprimoramento humano, sendo impossível que o caos 
se repita.
d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o 
âmbito dos assuntos humanos é resultante da mate-
rialização de uma vontade superior e divina.
e) Há uma ordem natural e eterna em todas as ques-
tões humanas e em todo o fazer político, de modo 
que a estabilidade e a certeza são constantes nessa 
dimensão.
2. (Enem) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser 
amado que temido ou temido que amado. Responde-
-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque 
é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que 
amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos 
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são in-
gratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lu-
cro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, 
oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quan-
do, como acima disse, o perigo está longe; mas quando 
ele chega, revoltam-se.
MaquiaVel, nicolau. o príncipe. rio de Janeiro: bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento huma-
no em suas relações sociais e políticas, Maquiavel defi-
ne o homem como um ser
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar 
o bem a si e aos outros.
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para 
alcançar êxito na política.
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são 
imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado 
pré-social e portando seus direitos naturais.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas 
com seus pares.
3. (UFU) Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel bus-
ca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “ver-
dade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos 
da multifacetada história humana/política através dos 
tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns 
e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por 
exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simu-
ladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O 
príncipe, cap. XVII) 
Para Maquiavel:
a) a “verdade efetiva” das coisas encontra-se em pla-
no especulativo e, portanto, no “dever-ser”.
b) fazer política só é possível por meio de um moralis-
mo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.
c) fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer 
influência, que distribui bens de forma indiscriminada.
d) a virtù possibilita o domínio sobre a fortuna. Esta 
é atraída pela coragem do homem que possui virtù.
4. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que 
o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo 
acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devi-
do às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem 
diariamente, os quais escapam à conjectura humana. 
Não obstante, para não ignorar inteiramente o nossolivre arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte de-
cida metade dos nossos atos, mas [o livre arbítrio] nos 
permite o controle sobre a outra metade.
MaquiaVel, nicolau. o príncipe. brasília: edunb, 1979 (adaptado).
Em O príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do 
poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demons-
tra o vínculo entre o seu pensamento político e o huma-
nismo renascentista, ao:
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos 
definidores do seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fun-
damento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado 
como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre 
fé e razão.
5. “Daqui nasce um dilema: é melhor ser amado que 
temido, ou o inverso? Respondo que seria preferível ser 
ambas as coisas, mas, como é muito difícil conciliá-las, 
parece-me muito mais seguro ser temido do que ama-
do, se só se pode ser uma delas [...]”
MaquiaVel, nicolau. o príncipe. portugal: 
publicações europa-aMérica, 1976, p. 89.
A respeito do pensamento político de Maquiavel, é cor-
reto afirmar que:
42
a) mantinha uma nítida vinculação entre a política e 
os princípios morais do cristianismo.
b) apresentava uma clara defesa da representação 
popular e dos ideais democráticos.
c) servia de base para a ofensiva da Igreja em con-
fronto com os poderes civis na Itália.
d) sustentava que o objetivo de um governante era a 
conquista e a manutenção do poder.
e) censurava qualquer tipo de ação violenta por parte 
dos governantes contra seus súditos.
6. (Unesp) A China é a segunda maior economia do 
mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, 
como fizeram os Estados Unidos no Caribe depois da 
guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas 
desabitado que disputam com a China. O Japão está de 
plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China 
diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfia mais 
da China do que dos Estados Unidos. As autoridades 
de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano 
invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o 
Vietnã dezessete.
petrY, andré. o século do pacíFico. VeJa, 24.04.2013 (adaptado).
A persistência histórica dos conflitos geopolíticos des-
critos na reportagem pode ser filosoficamente compre-
endida pela teoria:
a) iluminista, que preconiza a possibilidade de um es-
tado de emancipação racional da humanidade.
b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude 
com a fortuna como princípios básicos da geopolítica.
c) política de Rousseau, para quem a submissão à von-
tade geral é condição para experiências de liberdade.
d) teológica de santo Agostinho, que considera que o 
processo de iluminação divina afasta os homens do 
pecado.
e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a des-
confiança como condições básicas da natureza humana.
7. (UFU) Porque as leis de natureza (como a justiça, a 
equidade, a modéstia, a piedade ou, em resumo, fazer 
aos outros o que queremos que nos façam) por si mes-
mas, na ausência do temor de algum poder capaz de le-
vá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões 
naturais, as quais nos fazem tender para a parcialidade, 
o orgulho, a vingança e coisas semelhantes.
hobbes, thoMas. o leViatã. cap. XVii. são 
paulo: noVa cultural, 1988, p. 103.
Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:
a) o seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce 
com o advento do contrato social deve assiná-lo, para 
submeter-se aos compromissos ali firmados.
b) a condição natural do homem é de guerra de todos 
contra todos. Resolver tal condição é possível apenas 
com um poder estatal pleno.
c) os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a 
criação do Estado deve servir como instrumento de 
realização da isonomia entre tais homens.
d) a guerra de todos contra todos surge com o Estado 
repressor. O homem não deve se submeter de bom 
grado à violência estatal.
8. (Unioeste) “Com isto se torna manifesto que, duran-
te o tempo em que os homens vivem sem um poder 
comum capaz de os manter a todos em respeito, eles 
se encontram naquela condição que se chama guerra; e 
uma guerra que é de todos os homens contra todos os 
homens. [...] E os pactos sem a espada não passam de 
palavras, sem força para dar segurança a ninguém. Por-
tanto, apesar das leis da natureza (que cada um respei-
ta quando tem vontade de respeitá-las e quando pode 
fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder 
suficientemente grande para nossa segurança, cada um 
confiará, e poderá legitimamente confiar apenas em 
sua própria força e capacidade, como proteção contra 
todos”. (Hobbes)
Considerando o texto citado e o pensamento político 
de Hobbes, seguem as afirmativas abaixo:
I. A situação dos homens, sem um poder comum que os 
mantenha em respeito, é de anarquia, geradora de insegu-
rança, angústia e medo, pois os interesses egoísticos são 
predominantes, e o homem é lobo para o homem.
II. As consequências desse estado de guerra generalizada 
são as de que, no estado de natureza, não há lugar para a 
indústria, para a agricultura nem navegação, e há prejuízo 
para a ciência e para o conforto dos homens.
III. O medo da morte violenta e o desejo de paz com 
segurança levam os indivíduos a estabelecerem entre 
si um pacto de submissão para a instituição do estado 
civil, abdicando de seus direitos naturais em favor do 
soberano, cujo poder é limitado e revogável por causa 
do direito à resistência que tem vigência no estado civil 
assim instituído.
IV. Apesar das leis da natureza, por não haver um poder 
comum que mantenha a todos em respeito, garantindo a 
paz e a segurança, o estado de natureza é um estado de 
permanente temor e perigo da morte violenta, e “a vida do 
homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”.
V. O poder soberano instituído mediante o pacto de sub-
missão é um poder limitado, restrito e revogável, pois no 
estado civil permanecem em vigor os direitos naturais à 
vida, à liberdade e à propriedade, bem como o direito à 
resistência ao poder soberano.
Das afirmações acima:
a) somente a I está correta.
b) somente a I e III estão corretas.
c) somente a II e IV estão incorretas.
d) somente a III e V estão incorretas.
e) somente a II, III e IV estão corretas.
43
9. (Enem) A importância do argumento de Hobbes está 
em parte no fato de que ele se ampara em suposições 
bastante plausíveis sobre as condições normais da vida 
humana. Para exemplificar: o argumento não supõe 
que todos sejam de fato movidos por orgulho e vaida-
de para buscar o domínio sobre os outros; essa seria 
uma suposição discutível que possibilitaria a conclusão 
pretendida por Hobbes, mas de modo fácil demais. O 
que torna o argumento assustador e lhe atribui impor-
tância e força dramática é que ele acredita que pesso-
as normais, até mesmo as mais agradáveis, podem ser 
inadvertidamente lançadas nesse tipo de situação, que 
resvalará, então, em um estado de guerra.
raWls, J. conFerÊncias sobre a história da FilosoFia 
política. são paulo: WMF, 2012 (adaptado).
O texto apresenta uma concepção de filosofia política 
conhecida como
a) alienação ideológica.
b) microfísica do poder.
c) estado de natureza.
d) contrato social.
e) vontade geral.
10. (UFPA) “Desta guerra de todos os homens contra to-
dos os homens também isto é consequência: que nada 
pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça 
e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder 
comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na 
guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. 
A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades 
do corpo ou do espírito.
Se assim fosse, poderiam existir num homem que es-
tivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus 
sentidos e paixões.”
hobbes, o leViatã. são paulo: abril cultural, 1979, p. 77.
Quanto às justificativas de Hobbes sobre a justiça e a 
injustiça como não pertencentes às faculdadesdo cor-
po e do espírito, considere as afirmativas:
I. Justiça e injustiça são qualidades que pertencem aos ho-
mens em sociedade, e não na solidão.
II. No estado de natureza, o homem é como um animal: 
age por instinto, muito embora tenha a noção do que é 
justo e injusto.
III. Só podemos falar em justiça e injustiça quando é insti-
tuído o poder do Estado.
IV. O juiz responsável por aplicar a lei não decide em confor-
midade com o poder soberano; ele favorece os mais fortes.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
gabarito
1-B; 2-C; 3-D; 4-C; 5-D; 6-E; 7-B; 8-D; 9-C; 10-B
44
 FIlosoFIa ModernaAULA
7
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. erasmo de rotterdam 
(1466-1536)
Nascido Herasmus Gerritzsoon, o pensador humanista ne-
erlandês faz uma crítica mordaz e feroz sobre a insensibi-
lidade dos detentores do poder, sobre a perda dos valores 
da vida, com uma sátira da sociedade dos séculos XV e 
XVI. Assim, ele redigiu o seu Elogio da Loucura.
Nesse caso, a Loucura é uma deusa que se apresenta 
como condutora das ações humanas, ou seja, a Loucura 
domina o mundo, do modo que a felicidade suprema do 
homem está nas loucuras que comete. Com isso, Loucura 
é o próprio mundo que o homem construiu, pois os seres 
se tornam medíocres e hipócritas.
A crítica maior recai sobre a Igreja, sua hierarquia e suas 
instituições. Assim, Erasmo propõe o retorno da Igreja à 
simplicidade dos tempos iniciais. Foi considerado o homem 
mais erudito de sua época.
Embora os homens costumem ferir a minha reputação 
e eu saiba muito bem quanto o meu nome soa mal aos 
ouvidos dos mais tolos, orgulho-me de vos dizer que 
esta Loucura, sim, esta Loucura que estais vendo é a úni-
ca capaz de alegrar os deuses e os mortais. (...)
Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agra-
dável. Mas, que é que torna os meninos tão amados? Que 
é que nos leva a beijá-los, abraçá-los e amá-los com tanta 
afeição? Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo 
se enternece e os socorre. Qual é a causa disso? É a natu-
reza, que, procedendo com sabedoria, deu às crianças um 
certo ar de loucura, pelo qual elas obtêm a redução dos 
castigos dos seus educadores e se tornam merecedoras 
do afeto de quem as tem ao seu cuidado. Ama-se a pri-
meira juventude que se sucede à infância, sente-se prazer 
em ser-lhe útil, iniciá-la, socorrê-la. Mas, de quem recebe 
a meninice os seus atrativos? De quem, se não de mim, 
que lhe concedo a graça de ser amalucada e, por conse-
guinte, de gozar e de brincar? Quero que me chamem de 
mentirosa, se não for verdade que os jovens mudam in-
teiramente de caráter logo que principiam a ficar homens 
e, orientados pelas lições e pela experiência do mundo, 
entram na infeliz carreira da sabedoria.
erasMo de rotterdaM
elogio da loucura
2. michel de montaigne 
(1533-1592)
O filósofo francês Michel de Montaigne faz filosofia como 
quem conversa com um amigo. Reintroduzindo a ideia de 
investigação crítica permanente, concebeu uma nova ma-
neira de descobrir o conhecimento.
Com formação em Direito, acabou adentrando na política, 
sendo prefeito de Bordeaux, entre 1580 e 1581. No fim 
da vida, escolheu a reclusão, a fim de escrever a sua maior 
obra, intitulada Ensaios, uma compilação de textos de di-
versas temáticas abordadas, que foi iniciada em 1572.
Elogio da loucura
Erasmo de Rotterdam. Porto Alegre: L&PM, 
2013.
multimídia: livro
45
Em seu ensaio mais famoso, intitulado Dos canibais, 
Montaigne apresenta uma crítica aos europeus, em re-
lação às práticas com os povos do Novo Mundo. Para o 
filósofo, os povos ameríndios são menos bárbaros que 
os europeus, apontando, pela primeira vez, um respeito 
cultural a outros povos e demonstrando que a única dife-
rença entre os povos do Novo Mundo e os europeus era 
que aqueles não usavam calças.
Analisa o cotidiano constituído por homens “estranhos” 
e “absurdos”, mas também “milagres”. O homem é um 
ser verdadeiro em sua contínua mutação; equívocas são as 
teorias e as convenções sociais e políticas que pretendem 
aprisioná-lo em uma única imagem.
Montaigne
Apresentação da filosofia
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Ora, eu acho, para retomar meu assunto, que não há nada 
de bárbaro e selvagem nessa nação, pelo que dela me re-
lataram, senão que cada um chama de bárbaro o que não 
é de seu uso – como, em verdade, não parece que tenha-
mos outro padrão de verdade e de razão que o exemplo 
e a ideia das opiniões e usanças do país de onde somos. 
Lá sempre a religião perfeita, o regime político perfeito, o 
emprego perfeito e acabado de todas as coisas. Eles são 
selvagens do mesmo modo que chamamos de selvagens 
os frutos que a natureza, de si e de seu curso ordinário, 
produziu. Lá onde, na verdade, estão os que alteramos 
por nosso artifício e desviamos da ordem comum, estão 
os que deveríamos antes chamar de selvagens. Naqueles 
estão vivas e vigorosas as verdadeiras e mais úteis e natu-
rais propriedades, as quais abastardamos nestes, apenas 
acomodando-as ao prazer de nosso gosto corrompido.
Michel de Montaigne
dos canibais. são paulo: alaMeda, 2009, p. 51-52.
3. rené descartes (1596-1650)
O francês René Descartes é considerado o pai da filosofia 
moderna. Na intenção de encontrar a certeza de alguma 
coisa, o filósofo utiliza a sua maior arma – a dúvida –, 
procurando, assim, uma base de certeza em suas próprias 
faculdades racionais.
Discurso do método & Ensaios
DESCARTES, René. São Paulo: Editora Unesp, 
2018.
multimídia: livro
O ceticismo cartesiano consiste numa formulação sistemá-
tica, em que não se trata mais de duvidar por duvidar, mas 
de examinar criteriosamente todas as coisas, a fim de nelas 
descobrir elementos sobre os quais possa recair alguma sus-
peita. A dúvida de Descartes é uma metódica, ou seja, con-
duzida por um método rigoroso. As regras são as seguintes:
1. Só aceitar ideias claras e definidas.
2. Dividir cada problema em tantas partes necessárias 
à solução.
3. Ordenar os pensamentos do simples ao complexo.
4. Verificar exaustivamente se existe alguma falha.
Filosofia da Educação – Descartes
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Esse pensamento está contido no Discurso do método, a 
qual nota-se o caminho intelectual de Descartes: o homem 
46
deve desconfiar de seus sentidos, pois eles podem nos enga-
nar; diante da dúvida, posso desconfiar do que estou a fazer 
agora. Posso estar a sonhar ou, então, um gênio maligno 
poderia estar a me iludir. Diante disso, como posso encontrar 
a verdade? Ademais, com todo esse ceticismo, Descartes, no-
tou que o único momento a qual não pode duvidar é quan-
do pensa, mesmo que pense estar sonhando ou se iludindo. 
Assim, se duvido, penso e, ao pensar, logo, existo.
René Descartes – Penso, logo, existo
Vídeo explicativo sobre a teoria cartesiana na 
área da filosofia
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Com isso, Descartes supôs que a essência do ser era o 
pensamento, e que a mente era separada do corpo. Sur-
gira, assim, o problema mente–corpo, a qual o corpo 
tinha os seus próprios princípios de movimento, agindo 
de forma mecânica.
Penso logo existo
Inquérito. Mudança. 2010
A banda de rap Inquérito apresenta o pensa-
mento cartesiano de reflexão como fórmula de 
marcação do ser humano na sociedade, sendo 
uma forma de resistência.
Fonte: Youtube
multimídia: música
Em seguida, era necessário comprovar a existência de 
Deus, para garantir que nossas ideias claras e definidas 
são verdadeiras e que não estamos sendo iludidos por 
um gênio maligno. Se Deus é perfeito por ter uma causa, 
o homem, por possuir inúmeros defeitos, não pode ser 
essa causa. Assim, Deus deve ser a causa de nossa ideia 
de perfeição dele.
Desse modo, os sentidos fornecem primeiro a existência do 
corpo, porém, a razão evidencia antes a certeza do cogito. 
Portanto, diante esse enorme poder da mente, os homens 
se tornam “como que senhores e possuidoresda natureza”.
As obras de Descartes são escritas em francês, rompendo com 
a tradição medieval da língua latina nos textos filosóficos.
Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo 
que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se ne-
cessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao 
notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão 
sólida e tão correta que as mais extravagantes suposi-
ções dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, 
julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o 
primeiro princípio da filosofia que eu procurava.
Mais tarde, ao analisar com atenção o que eu era, e ven-
do que podia presumir que não possuía corpo algum e 
que não havia mundo algum, ou lugar onde eu existis-
se, mas que nem por isso podia supor que não existia; 
e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em 
duvidar da verdade das outras coisas, resultava com bas-
tante evidência e certeza que eu existia (...).
rené descartes
discurso do Método. são paulo: coleção 
“os pensadores”, 1999, p. 62.
47
DIAGRAMA DE IDEIAS
FILOSOFIA
MODERNA
MONTAIGNE
ANALISA O 
HOMEM MEDIANTE 
AS SUAS AÇÕES
INVESTIGAÇÃO 
CRÍTICA 
PERMANENTE
A MENTE DOMINA 
O CORPO
DESCARTES
DÚVIDA METÓDICA
SEPARAÇÃO 
MENTE-CORPO
PENSO, LOGO 
EXISTO
CETICISMO EM 
BUSCA DA VERDADE
ERASMO DE 
ROTTERDAM
CRÍTICA FEROZ A 
INSENSIBILIDADE 
DOS PODERES
A LOUCURA 
DOMINA AS AÇÕES
TRAZENDO COISAS
NOVAS
48
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UFRN) Erasmo de Roterdam, autor de Elogio da Lou-
cura (1511), obra em que criticava valores dominantes na 
sociedade de seu tempo, assim escreveu:
No presente, o homem se faz pela posse da razão. Se 
as árvores e as bestas selvagens crescem, os homens, 
creiam-me, moldam-se. [...] E aquele que não permite 
que seu filho seja instruído de forma conveniente, não é 
homem, nem seu filho se tornará um homem.
A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma 
criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que 
se converta em um homem de verdade.
Esse fragmento textual sugere a vinculação de Erasmo 
de Roterdam ao:
a) escolasticismo, que tentava conciliar as verdades da re-
velação com aquelas formuladas pela pesquisa empírica.
b) liberalismo, que pregava a necessidade de uma so-
ciedade em que os homens construíssem, livremente, 
seu destino.
c) renascimento, que valorizava a pessoa humana e 
acreditava no poder de suas capacidades intelectuais.
d) universalismo, que desejava descobrir leis que 
pudessem explicar, cientificamente, o mundo. 
2. (Unesp) Todas as coisas humanas têm dois aspectos (...) 
para dizer a verdade todo este mundo não é senão uma 
sombra e uma aparência; mas esta grande e interminá-
vel comédia não pode representar-se de um outro modo. 
Tudo na vida é tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que 
não podemos nos assegurar de nenhuma verdade.
erasMo de roterdã. elogio da loucura.
Erasmo de Roterdã foi um dos primeiros pensadores a 
contribuir para o surgimento da modernidade. Nesse 
texto, de 1509, pode-se considerar moderno:
a) o elogio da loucura, vista como uma forma sofisti-
cada de sensibilidade.
b) o caráter obscuro e sombrio da vida, na qual o ho-
mem deve mover-se pela fé.
c) a ausência de verdades absolutas, em contraste com 
as verdades do clero.
d) a ideia de que o mundo é uma comédia, e nós ho-
mens devemos nos divertir.
e) a ideia de que o mundo é aparência, mera represen-
tação do plano divino.
3. (Enem)
Texto I
“Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verda-
deiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios 
tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e 
incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha 
vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera 
crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um 
saber firme e inabalável.”
descartes, rené. Meditações concernentes à priMeira 
FilosoFia. são paulo: abril cultural, 1973 (adaptado).
Texto II
“É o caráter radical do que se procura que exige a radica-
lização do próprio processo de busca. Se todo o espaço 
for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a 
partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria 
dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que 
foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.”
(silVa, F.l. descartes: a MetaFísica da Modernidade. 
são paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam 
que, para viabilizar a reconstrução radical do conheci-
mento, deve-se
a) retomar o método da tradição para edificar a ciên-
cia com legitimidade.
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas 
ideias e concepções.
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens 
menos esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes 
antigos e ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dis-
pensam ser questionados.
4. (Unicamp) A dúvida é uma atitude que contribui para 
o surgimento do pensamento filosófico moderno. Nes-
te comportamento, a verdade é atingida através da su-
pressão provisória de todo conhecimento, que passa a 
ser considerado como mera opinião.
A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio 
da Filosofia.
bornheiM, gerd. introdução ao FilosoFar. porto 
alegre: editora globo, 1970, p. 11 (adaptado).
A partir do texto, é correto afirmar que:
a) a Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e 
verdade são conceitos equivalentes.
b) a dúvida é necessária para o pensamento filosófico, 
por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico.
c) o espírito crítico é uma característica da Filosofia e 
surge quando opiniões e verdades são coincidentes.
d) a dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito críti-
co são fundamentos do pensamento filosófico moderno.
5. (Enem) Nunca nos tornaremos matemáticos, por 
exemplo, embora nossa memória possua todas as de-
monstrações feitas por outros, se nosso espírito não for 
capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos 
tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios 
de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo 
49
sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pa-
receríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.
descartes, rené. regras para a orientação do espírito.
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera 
o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
a) investigação de natureza empírica.
b) retomada da tradição intelectual.
c) imposição de valores ortodoxos.
d) autonomia do sujeito pensante.
e) liberdade do agente moral.
6. (UFSJ) Ao analisar o cogito ergo sum – “penso, logo, 
existo”, de René Descartes, conclui-se que:
a) o pensamento é algo mais certo que a própria 
matéria corporal.
b) a subjetividade científica só pode ser pensada a 
partir da aceitação de uma relação empírica fundada 
em valores concretos.
c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e repre-
sentativa da ética que insurgia já no século XVI.
d) ele consegue infirmar todos os sistemas científicos 
e filosóficos ao lançar a dúvida sistemático-indutiva 
respaldada pelas ideias iluministas e métodos inci-
pientes da revolução científica.
7. (UFU) Em O discurso sobre o método, Descartes afirma:
“Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo que 
não se reconhece ser tal pela evidência, ou seja, evitar acu-
radamente a precipitação e a prevenção, assim como nun-
ca se deve abranger entre nossos juízos aquilo que não se 
apresente tão clara e distintamente à nossa inteligência a 
ponto de excluir qualquer possibilidade de dúvida.”
reale, g.; antiseri, d. história da FilosoFia: do huManisMo 
a descartes. são paulo: paulus, 2004. p. 289.
Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa correta.
a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes, 
permanece uma noção indefinível.
b) A evidência é a primeira regra do método carte-
siano, mas não é o princípio metódico fundamental.
c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias 
evidentes.
d) A evidêncianão é um princípio do método cartesiano.
8. (FGV) Erasmo de Rotterdam (1467-1536) foi um dos 
pensadores mais influentes de sua época, sobretudo 
porque em sua obra Elogio da Loucura defendeu, entre 
outros aspectos:
a) a tolerância, a liberdade de pensamento e uma te-
ologia baseada exclusivamente nos Evangelhos.
b) a restauração da teologia nos termos da ortodoxia 
escolástica, na linha de Tomás de Aquino.
c) a reforma eclesiástica da Igreja segundo a proposta 
de Savonarola, conforme sua pregação em Florença.
d) o comunismo dos bens, teoria que influenciaria o 
pensamento de Rousseau no século XVIII.
e) a supremacia da razão do Estado sobre as regras 
definidas nos princípios da moral cristã.
9. (UEL) O principal problema de Descartes pode ser for-
mulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir 
que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” 
Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário 
do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, 
Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda 
assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto 
eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade 
eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que 
eu existo [...]”
descartes. rené. Meditações MetaFísicas. Meditação terceira. são 
paulo: noVa cultural, 1991. p. 182. coleção “os pensadores”.
Com base no enunciado e considerando o itinerário se-
guido por Descartes para fundamentar o conhecimento, 
é correto afirmar:
a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discer-
níveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são fa-
lhos e limitados, portanto, o conhecimento seguro detém-
-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.
b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apre-
senta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às 
próprias coisas que são percebidas de acordo com as cir-
cunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados.
c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do 
conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas 
por meio da experiência sensível possuem existência real.
d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões 
que se pode observar no debate perpétuo e universal 
sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência 
de Deus a única certeza que se pode alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o conheci-
mento seguro consiste em submetê-lo sistematica-
mente a todas as possibilidades de erro, de modo que 
ele resista à dúvida mais obstinada. 
10. (Unioeste) Considerando-se as primeiras linhas das 
Meditações sobre a filosofia primeira, de René Descartes:
“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por 
verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei so-
bre princípios tão mal assegurados devia ser apenas 
muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso 
tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-
-me de todas as opiniões que recebera até então em 
minha crença e começar tudo novamente desde os 
fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa 
de firme e de constante nas ciências. (...) Agora, pois, 
que meu espírito está livre de todas as preocupações e 
que obtive um repouso seguro numa solidão tranquila, 
aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em 
geral todas as minhas antigas opiniões”.
É correto afirmar, sobre a teoria do conhecimento 
cartesiana, que:
a) Descartes não utiliza um método ou uma estraté-
gia para estabelecer algo de firme e certo no conhe-
cimento, já que suas opiniões antigas eram incertas.
50
b) Descartes considera que não é possível encontrar 
algo de firme e certo nas ciências, pois até então esse 
objetivo não foi atingido.
c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica 
considerou como conhecimento, busca fundamentar 
nos sentidos uma base segura para as ciências.
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o 
conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas anti-
gas opiniões e utiliza o método da dúvida até encon-
trar algo de firme e certo.
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as 
suas antigas opiniões e encontrar entre elas aquela 
que seria o verdadeiro fundamento do conhecimento. 
11. (UEL) Mas há algum, não sei qual, enganador mui 
poderoso e mui ardiloso que emprega toda sua indús-
tria em enganar-me sempre. Não há, pois, dúvida algu-
ma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me 
engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, 
enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, 
após ter pensado bastante nisto e de ter examinado 
cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir 
e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu exis-
to, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a 
enuncio ou que a concebo em meu espírito.
descartes, rené. Meditações. coleção “os pensadores”. 
são paulo: abril cultural, 1973. p. 100.
A partir do texto e dos conhecimentos acerca de Descartes:
a) apresente o propósito e os graus da dúvida metódica; e
b) demonstre como Descartes descobre que o pensa-
mento é a verdade primeira.
12. (Unesp) Para René Descartes, o que fundamenta o 
método universal para conhecer o mundo é a reta ra-
zão, que pertence a todos os homens, sendo “a coisa 
mais bem distribuída do mundo”. Mas o que é essa reta 
razão? “A faculdade de julgar bem e distinguir o ver-
dadeiro do falso é propriamente aquilo que se chama 
bom senso ou razão, que é naturalmente igual em todos 
os homens”. A unidade das ciências remete à unidade 
da razão. E a unidade da razão remete à unidade do 
método. O saber deve basear-se na razão e repetir sua 
clareza e distinção, que são os únicos pressupostos irre-
nunciáveis do novo saber.
reale, gioVanni; antiseri, dario. história 
da FilosoFia. 1990 (adaptado).
Com base no texto, justifique por que o método de Des-
cartes aspira à universalidade. Explique a importância 
da matemática para a produção de conhecimentos do-
tados de clareza e distinção.
gabarito
1-C; 2-C; 3-B; 4-D; 5-D; 6-A; 7-C; 8-A; 9-E; 10-D
11. a) Em Descartes, a dúvida expressa a tentativa de 
estabelecer um princípio firme e constante nas ciências. 
Seguindo a ordem das razões, serão submetidos à crítica 
os fundamentos do conhecimento, partindo do sensível 
(argumento dos sentidos), passando pela imaginação (ar-
gumento do sonho) e chegando às verdades matemáticas 
(argumento do deus enganador e do gênio maligno). Sen-
do metódica, a dúvida converter-se-á em universal, e se 
dela não resultar um princípio positivo para fundamentar o 
sistema da ciência, pelo menos não se tomará por verda-
deiro o que for dubitável.
b) Para Descartes, o pensamento aparece como uma evi-
dência, resultante como logicamente necessária, do mé-
todo da dúvida. O pensamento não é instituído pela uni-
versalização da dúvida, pois ele é a própria condição de 
duvidar. Após estender a dúvida a todos os fundamentos 
do conhecimento, dos mais incertos aos mais aparente-
mente seguros, o pensamento surgirá como uma evidên-
cia, cuja certeza é tão irrefutável, que sequer o gênio ma-
ligno poderá fazer com que eu nada seja, enquanto pensar 
ser algo. A solidez desta certeza servirá de fundamento ao 
sistema das ciências.
12. Para Descartes, a forma tradicional de adquirir o co-
nhecimento não deveria mais se fundamentar, mas sim 
seguir um ceticismo metodológico, com o intuito de atin-
gir-se um saber universal e válido. O fundamento ma-
temático consolida o pensamento de Descartes, com a 
lógica matemática, as análises e sua investigação, para 
se atingir o verdadeiro conhecimento.
51
 racIonalIstasAULA
8
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. baruch de esPinoza 
(1632-1677)
O filósofo holandês Espinoza foi um dos grandes raciona-
listas do século XVII. Em sua obra Tratado teológico-políti-
co (1670), o filósofo submete o Velho Testamento a uma 
rigorosa crítica, baseando-se numa análise gramatical da 
língua hebraica e na história do povo judeu. A conclusão 
foique o conteúdo bíblico não se refere à verdade, mas 
apenas estabelece preceitos de conduta para guiar os ho-
mens, o que reduz a nada todo o esforço da teologia.
Segundo Espinoza, existe uma só substância, que é um 
princípio científico unificador, figurando-se em Deus ou 
Natureza, do modo que a mente e a matéria são apenas 
atributos da substância única.
Deus é a causa primeira e eficiente de todas as coisas, 
porém, isso não significa que seja o criador, pois, sendo 
Deus a única substância, nada pode existir fora dele. As-
sim, Deus é a causa do mundo, mas o mundo existe em 
Deus, que é, por isso, causa imanente, isto é, causa que 
produz efeito em si mesma. Em outras palavras, Deus é 
Natureza (Deus sive Natura). 
A filosofia de Espinoza tinha como propósito esclarecer a 
identidade existente entre nossa mente e a natureza. Essa 
identidade só acontece, quando conhecemos a nós mes-
mos e a própria natureza, como uma coisa una. Diante 
disso, o conhecimento da natureza se concretiza quando 
entendemos a essência dos objetos.
Baruch Espinoza
Baruch Spinoza foi um dos grandes raciona-
listas da Filosofia moderna. Nasceu na cidade 
de Amsterdã, nos Países Baixos, em 1632, e 
faleceu na cidade de Haia, em 1677. Ele cres-
ceu na Holanda, em família judia e foi criado 
para se tornar um rabino. Naquela época, a 
Holanda era um dos principais centros da li-
berdade intelectual na Europa, atraindo pen-
sadores como Descartes e Locke.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Por causa de seu pensamento perante a religião, Espino-
za sofreu dois atentados à sua vida (sobreviveu a ambos), 
sendo um deles realizado por um religioso extremista.
Espinoza foi um daqueles raros filósofos que, além de 
acreditar no que dizia, era fiel a seus princípios. Che-
gou a recusar uma cátedra de Filosofia em Heidelberg, 
posição que, por ser oficial, implicava aceitar ideias e 
limitações oficiais. Para a sua subsistência, trabalhava 
com polimentos de lentes. 
1.1. Definições de Espinoza
I. Por sua causa entendo aquilo cuja essência implica a exis-
tência e cuja natureza só pode ser concebida como existente.
II. Diz-se finita no seu gênero uma coisa que pode ser 
limitada por uma outra da mesma natureza. Por exemplo, 
dizemos que um corpo é finito porque concebemos sem-
pre um outro maior. Do mesmo modo, um pensamento é 
limitado por um outro pensamento. Mas nem um corpo 
52
pode ser limitado por um pensamento nem um pensa-
mento por um corpo.
III. Por substância entendo aquilo que existe em si e por si 
é concebido, isto é, aquilo cujo conceito, para ser formado, 
não precisa do conceito de uma outra coisa.
IV. Por atributo entendo aquilo que o intelecto percebe 
como a essência da substância.
V. Por modo entendo aquilo que existe em outra coisa pela 
qual também é concebido.
VI. Por Deus entendo o ente absolutamente infinito, isto é, 
uma substância que consta de infinitos atributos, cada um 
dos quais exprime uma essência eterna e infinita.
 
estÁtua representado o FilósoFo holandÊs
Destinada aos homens livres, o filósofo trata também sobre 
a Ética, obra escrita em axiomas, no ano de 1677. Para Es-
pinoza, o que os indivíduos pensam reflete diretamente na 
sua maneira de viver, colhendo frutos positivos ou negati-
vos de suas ações. Seguindo uma lógica racional, o filósofo 
tenta provar a natureza racional de Deus. 
Qualquer coisa natural pode conceber-se adequada-
mente, quer exista ou não exista, pelo que o princípio 
da existência das coisas naturais, tal como a sua per-
severança na existência, não pode concluir-se da sua 
definição. Com efeito a sua essência ideal depois de co-
meçarem a existir é a mesma que era antes de existirem. 
Por conseguinte, da mesma forma que o princípio da sua 
existência não pode ser consequência da sua essência, 
assim também a sua perseverança na existência o não 
pode ser. Porém, para continuarem a existir precisam da 
mesma potência de que precisam para começar a existir. 
De onde se segue que a potência pela qual as coisas na-
turais existem, e pela qual consequentemente operam, 
não pode ser nenhuma outra senão a própria potência 
eterna de Deus. 
baruch de espinoZa
tratado lógico-político. são paulo: Martins Fontes, 2009, p. 11. 
2. gottfried Wiljhelm 
leibniz (1646-1716)
O filósofo alemão Leibniz é uma figura central na história 
da matemática e da filosofia, que concebeu as ideias de 
cálculo diferencial e integral, sem sofrer influência dos es-
tudos de Isaac Newton. 
Leibniz escreveu prodigiosamente sobre muitos temas das 
áreas filosófica e matemática. O filósofo procurou a harmo-
nia entre elementos aparentemente díspares: o mundo na-
tural e o mundo moral; o corpo e a alma; Platão e Aristóteles.
Em sua maior obra filosófica intitulada Monadologia, o 
pensador apresenta como a natureza é constituída, de 
modo a salientar uma lógica racional. A força motora da 
natureza é acionada por Deus, que também está contida 
na própria natureza.
Monadologia
Leibniz foi um filósofo e matemático alemão, 
nascido em 1646 e falecido em 1716. Ele 
desenvolveu o cálculo integral e diferencial, 
mais ou menos na mesma época que New-
ton. Leibniz também foi contemporâneo de 
Hobbes, Spinoza e Locke.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
53
Segundo Leibniz, todos os elementos da natureza são com-
postos por mônadas (do grego monas, que significa “uni-
dade”, o que é uno), concebidas como verdadeiros átomos 
da natureza, elementos das coisas, fechadas, sem janelas, 
reguladas, em seu funcionamento pela harmonia preestabe-
lecida, de modo que, cada mônada é diferente e reflete o 
universo inteiro; porém, não está no espaço e nem no tempo.
Cada elemento que existente no universo é composto por 
inúmeras mônadas, da sendo que alguns possuem mais 
que outras. Deus, por exemplo, também é composto por 
mônadas, sendo uma substância infinita, perfeita, criadora 
de todas as coisas e da harmonia preestabelecida. As mô-
nadas que compõem Deus, criam as mônadas da natureza.
A Mônada de que vamos falar aqui não é outra coisa se-
não uma substância simples, que entra nos compostos; 
simples, quer dizer, sem partes.
Teod. §10 [Discurso preliminar, §10]: “(...) há necessaria-
mente substâncias simples e sem extensão, espalhadas 
por toda a natureza (...)”
E é preciso que haja substâncias simples, visto que há 
compostos. Efetivamente, o composto não é outra coi-
sa senão uma amálgama (amas) ou aggregatum dos 
simples.
Ora, onde não há partes, não há extensão, nem figu-
ra nem divisibilidade possível. E estas Mônadas são os 
verdadeiros Átomos da Natureza e, numa palavra, os 
Elementos das coisas.
Também não há dissolução a temer, e não há nenhuma 
maneira concebível pela qual uma substância simples 
possa perecer naturalmente.
gottFried leibniZ
Monadologia. lisboa: edições colibri, 2016, p. 39.
A monadologia e outros escritos
LEIBNIZ, Gottfried. São Paulo: Hedra, 2008.
multimídia: livro
Gita
Raul Seixas. Gita. Universal Music, 1974.
Na canção de Raul Seixas, notamos a essência in-
direta da monadologia de Leibniz, em que os ele-
mentos da criação estão em todos os elementos.
Fonte: Youtube
multimídia: música
54
DIAGRAMA DE IDEIAS
RACIONALISTAS
ESPINOZA
DEUS É NATUREZA
TODAS AS 
SUBSTÂNCIAS NO 
MUNDO ESTÃO 
INTERLIGADOS
TUDO É UM
A NATUREZA 
É CONSTITUÍDA 
POR MÔNADAS
MÔNADA 
= 
UNIDADE
DEUS TEM 
MÔNADAS 
PERFEITAS
LEIBNIZ
QUE GERAM AS 
MÔNADAS 
IMPERFEITAS DOS 
SERES DA NATUREZA
EXISTE UMA 
HARMONIA ENTRE 
ELEMENTOS 
DÍSPARES
CORPO-ALMA
PLATÃO-ARISTÓTELES
55
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UEL) A ideia ilusória da vontade livre deriva de per-
cepções inadequadas confusas; a liberdade, entendida 
corretamente, no entanto não é o estar livre da necessi-
dade, mas sim a consciência da necessidade.
scruton, roger. espinosa. são paulo: unesp, 2000. p. 41.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre liberda-
de em Espinosa, considere as afirmativas a seguir.
I. A liberdade identifica-se com escolha voluntária.
II. A liberdade significa a capacidadede agir espontanea-
mente, segundo a causalidade interna do sujeito
III. A liberdade e a necessidade são compatíveis.
IV. A liberdade baseia-se na contingência, pois se tudo 
no universo fosse necessário não haveria espaço para 
ações livres.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
2. (Enem) A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é 
simples ou composta. A substância simples é aquela que 
não tem partes. O composto é a reunião das substân-
cias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra grega 
que significa unidade ou o que é uno. Os compostos ou 
os corpos são Multiplicidades, e as Substâncias simples, 
as Vidas, as Almas, os Espíritos são unidades. É preciso 
que em toda parte haja substâncias simples porque sem 
as simples não haveria as compostas, nem movimento. 
Por conseguinte, toda natureza está plena de vida.
leibniZ, g.W. discurso de MetaFísicas e outros teXtos. 
são paulo: Martins Fontes, 2004 (adaptado).
Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua aten-
ção para o tema da metafísica, que trata basicamente 
do fundamento de realidade das coisas do mundo. A 
busca por esse fundamento muitas vezes é resumida a 
partir do conceito de substância, que para ele se refere 
a algo que é
a) complexo por natureza, constituindo a unidade mí-
nima do cosmo.
b) estabilizador da realidade, dada a exigência de 
permanência desta.
c) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo unin-
do-se a outras substâncias simples.
d) considerado simples e múltiplo a um só tempo, por 
ser um todo indecomponível constituído de partes.
e) essencial na estrutura do que existe no mundo, 
sem deixar de contribuir para o movimento.
3. (UFPA) No contexto da cultura ocidental e na história 
do pensamento político e filosófico, as considerações 
sobre a necessidade de valores morais prévios na or-
ganização do Estado e das instituições sociais sempre 
foi um tema fundamental devido à importância, para 
esse tipo de questão, dos conceitos de bem e de mal, 
indispensáveis à vida em comum. Diante desse fato da 
história do pensamento político e filosófico, a afirma-
ção de Espinosa, segundo a qual “Se os homens nas-
cessem livres, não formariam nenhum conceito de bem 
e de mal, enquanto permanecessem livres” (ESPINOSA, 
1983, p. 264), quer dizer o seguinte:
a) O homem é, por instinto, moralmente livre, fato que 
condiciona sua ideia de ética social.
b) Assim como o indivíduo é anterior à sociedade, a 
liberdade moral antecede noções como bem e mal.
c) Os valores morais que servem de base para nossa 
socialização são tão naturais quanto nossos direitos.
d) Não poderíamos falar de bem e de mal se não nos 
colocássemos além da liberdade natural.
e) Não há nenhum vínculo necessário entre viver livre 
e saber o que são bem e mal.
4. (Searh-RN) “Baruch Spinoza acreditava que os dog-
mas rígidos e os rituais vazios eram as únicas coisas que 
ainda mantinham o cristianismo e o judaísmo vivos. Não 
acreditava que cada palavra da Bíblia fosse realmente 
inspirada por Deus, mas que deveriam ser analisadas à 
luz de seu contexto genealógico. Dessa forma, Spinoza 
foi o primeiro a aplicar o que foi denominado de inter-
pretação _______________ da Bíblia.”
Assinale a alternativa que completa corretamente a 
lacuna da afirmativa anterior.
a) semântica
b) universalista
c) histórico-crítica
d) histórico-canônica
5. (UEM) Diz Spinoza: “Proposição XXX: Nenhuma coisa 
pode ser má pelo que tem de comum com nossa nature-
za, mas é má para nós na medida em que nos é contrária. 
Demonstração: Chamamos mau o que é causa de Tristeza, 
isto é, o que diminui ou reduz nossa potência de agir. Se, 
portanto, uma coisa, pelo que tem de comum conosco, 
fosse má para nós, essa coisa poderia diminuir ou reduzir 
o que tem de comum conosco, o que é absurdo. Coisa 
alguma portanto pode ser má para nós pelo que tem de 
comum conosco, mas, ao contrário, na medida em que é 
má, isto é, na medida em que pode diminuir ou reduzir 
nossa potência de agir, ela nos é contrária.”
spinoZa. in: Marcondes, danilo. teXtos bÁsicos 
de FilosoFia. rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 93.
A partir do texto é correto afirmar:
01) Segundo o filósofo, é absurdo que uma coisa má 
tenha algo de comum conosco.
02) As coisas são consideradas más em função de sua 
própria natureza.
04) As coisas más não reduzem a nossa potência de agir.
56
08) A tristeza é causada pelos efeitos das coisas más.
16) O filósofo demonstra a contrariedade entre natu-
reza humana e maldade.
6. (UEM) (...) muitas vezes lamentamos as nossas ações 
e que, frequentemente, quando somos dominados por 
afecções contrárias, vemos o melhor e fazemos o pior, 
nada os impediria de crer que todas as nossas ações são 
livres. [...] Um homem embriagado julga também que é 
por uma livre decisão da alma que conta aquilo que, mais 
tarde, em estado de sobriedade, preferiria ter calado.
espinosa, b. ética iii. são paulo: abril cultural, 1983, p. 179.
Acerca da compreensão da liberdade para Espinosa, 
assinale o que for correto.
01) Espinosa se contrapõe à ideia de um ato comple-
tamente gratuito.
02) Ser livre, para Espinosa, é ser causa adequada de 
seus atos.
04) O espinosismo, assim como o historicismo, ofere-
ce-nos um meio de converter a liberdade em neces-
sidade inelutável.
08) O livre-arbítrio para Espinosa é o poder que temos 
de escolher.
16) É livre o homem que atua pela única necessidade 
de sua natureza.
7. (Enem) Os filósofos concebem as emoções que se 
combatem entre si, em nós, como vícios em que os ho-
mens caem por erro próprio; é por isso que se habitua-
ram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quan-
do querem parecer mais morais, detestá-los. Concebem 
os homens, efetivamente, não tais como são, mas como 
eles próprios gostariam que fossem.
espinosa, b. tratado político. são paulo: abril cultural, 1973.
No trecho, Espinosa critica a herança filosófica, no que 
diz respeito à idealização de uma
a) estrutura da interpretação fenomenológica.
b) natureza do comportamento humano.
c) dicotomia do conhecimento prático.
d) manifestação do caráter religioso.
e) reprodução do saber tradicional.
8. (Seduc-RJ) Para Spinoza (MARCONDES, 1997), o ho-
mem livre se caracteriza como aquele que, ao contem-
plar a substância infinita, reconhece a necessidade do 
curso natural das coisas e a ação livre é aquela que está 
de acordo com:
a) a indignação do sujeito.
b) o isolamento do indivíduo.
c) a utilidade do pensamento.
d) a determinação das coisas.
e) o princípio da universalidade.
9. (Idecan-RN) Os filósofos racionalistas representa-
ram uma das vertentes da filosofia moderna. Dentre 
eles, Baruch Spinoza possui um pensamento peculiar 
a respeito de Deus. Assinale a alternativa referente à 
concepção teológica de Spinoza.
a) Deus está morto, e ainda há pessoas que não acre-
ditam e nem compreenderam isso.
b) Deus é um pai maldoso e intolerante, ao mesmo 
tempo que ama e age com misericórdia.
c) Deus não é uma causa externa à realidade, pois se 
manifesta através das leis da natureza e só através delas.
d) Deus é um ser que vive somente nas concepções da 
alma humana. É transcendente à natureza antropológica.
10. (Fepese-SC) Sobre a ética em Espinosa, é correto 
afirmar:
a) Apresenta como seus fundamentos um conjunto de 
virtude e vícios que reforçam os princípios do cristianismo.
b) Não menciona o pecado e o dever, mas fala em 
fraqueza e força para pensar, ser e agir.
c) Fundado em Aristóteles afirma que a ética está sujeita 
aos limites estabelecidos pelas fragilidades humanas.
d) Na sua obra Depois da Virtude procurou divulgar a 
ideia de virtude na sociedade contemporânea.
e) Responsável pela tradição filosófica do racionalismo 
ético na qual a razão humana ocupa lugar de destaque 
na vida ética.
gabarito
1-C; 2-E; 3-D; 4-C; 5-(01 + 08 + 16 = 25); 6-(1 + 2 + 4 + 
16 = 23); 7-B; 8-D; 9-C; 10-B
57
 eMpIrIsMoAULA
9
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20,22, 23, 24 e 25
O empirismo é uma teoria do conhecimento que se de-
senvolveu na Idade Moderna, tendo como o seu principal 
direcionamento a experiência, na evidência para a forma-
ção de algum tipo de conhecimento e numa nítida oposi-
ção ao pensamento racionalista, que emerge no mesmo 
período histórico.
Assim, os pensadores adeptos do empirismo valorizavam 
as experiências sensoriais, constituindo um método cientifi-
cista com um processo indutivo. O empirismo desenvolveu-
-se na Inglaterra e seus principais nomes são os ingleses 
John Locke, Francis Bacon e David Hume.
 § Indução: parte de muitos casos particulares para se 
chegar a uma lei geral.
 § Dedução: parte de um uma lei geral para se prever ca-
sos particulares.
Empirismo
MEYERS, Robert G. São Paulo: Vozes, 2017.
Esta obra traz uma introdução à tradição 
empirista em filosofia. O livro examina as 
mais importantes questões filosóficas sobre 
o tema, mantendo distância suficiente das 
complexidades acadêmicas acerca de Locke, 
Berkeley e Hume, para permitir aos leitores 
uma visão geral clara do empirismo, sem se 
perder em detalhes de disputas exegéticas 
sobre filósofos específicos.
multimídia: livro
1. john locke (1632-1704)
Considerado o pai do empirismo, o inglês John Locke apre-
sentou que a experiência é a única fonte das ideias. Para o 
filósofo, a mente humana é como uma tábula rasa que, aos 
poucos, é preenchida pelos dados da experiência.
O conhecimento é o resultado das operações que a mente 
realiza com as ideias, tanto da sensação como da reflexão, 
procurando perceber o acordo ou o desacordo entre elas.
John Locke
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1.1. A política para Locke
Locke afirma que o trabalho justifica a propriedade priva-
da, a qual era natural. Essa ideia se baseava na noção de 
que, desde que o trabalho do homem lhe pertencia, tudo 
o que ele transformava com seu trabalho deveria tornar-se 
seu. De fato, a propriedade é a principal razão porque os 
homens deixam o estado de natureza e estabelecem o go-
verno civil, com governo e regras preestabelecidas.
Assim, a ideia de se ter um contrato social seria a de pre-
servar a propriedade privada, ou seja, o direito natural dos 
58
seres do grupo. Esse contrato foi feito de modo consentido, 
assim, nenhum membro da sociedade estaria acima do 
contrato social.
Portanto, eis a razão de se ter um rei, leis e uma socieda-
de civil regidos que usufruem de seus direitos inalienáveis, 
ordenados por Deus. Os quatro direitos inalienáveis são:
1. direito à vida;
2. direito à liberdade;
3. direito à propriedade; e
4. direito de revoltar-se contra leis e governantes injustos.
Por ser aristocrático, Locke não defendia esses direitos aos 
pobres e nem às mulheres.
 
Não há princípios inatos na mente humana
A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento 
constitui suficiente prova de que não é inato. Consiste 
numa opinião estabelecida entre alguns homens que o 
entendimento comporta certos princípios inatos, certas 
noções primárias, koinai énoiai, caracteres, os quais es-
tariam estampados na mente do homem, cuja alma os 
receberá em seu ser primordial e os transportará consigo 
ao mundo. Seria suficiente para convencer os leitores 
sem preconceito da falsidade desta hipótese se pudesse 
apenas mostrar (o que espero fazer nas outras partes 
deste tratado) como os homens, simplesmente pelo 
uso de suas faculdades naturais, podem adquirir todo 
conhecimento que possuem sem a ajuda de impressões 
inatas e podem alcançar a certeza sem nenhuma destas 
noções ou princípios originais.
O assentimento geral consiste no argumento mais im-
portante. Não há nada mais ordinariamente admitido do 
que a existência de certos princípios, tanto especulativos 
como práticos (pois referem-se aos dois), com os quais 
concordam universalmente todos os homens. A vista 
disso, argumentam que devem ser uniformes as impres-
sões recebidas pelas almas dos homens em seus seres 
primordiais, que, transportadas por eles ao mundo, mos-
tram-se tão necessárias e reais como o são quaisquer de 
suas faculdades inatas.
O acordo universal não prova o inatismo. O argumento 
derivado do acordo universal comporta o seguinte incon-
veniente: se for verdadeiro que existem certas verdades 
devido ao acordo entre todos os homens, isto deixará de 
ser uma prova de que são inatas, se houver outro meio 
qualquer para mostrar como os homens chegam a uma 
concordância universal acerca das coisas merecedoras 
de sua anuência. Suponho que isso pode ser feito.
 John locKe
ensaio acerca do entendiMento huMano. são 
paulo: noVa cultural, 1999, p. 37. 
2. francis bacon (1561-1626)
Considerado como o “primeiro dos modernos e último 
dos antigos”, o inglês Francis Bacon desenvolveu uma 
ciência experimental, na intenção de descobrir ideias que 
pudessem ser úteis, tendo como principal referência a 
filosofia de Aristóteles.
Para o filósofo, é necessário eliminar os “ídolos”, isto é, 
as falsas noções, mediante a observação de um método 
seguro e rigoroso, na intenção de desenvolver a ciência. Os 
ídolos para Bacon são:
 § ídolos da caverna: dificuldades da própria pessoa;
 § ídolos da tribo: tendência do grupo que direcionam o 
indivíduo;
 § ídolos do foro: significado atrelados às palavras, 
influenciando como entendemos o mundo; e
 § ídolos do teatro: limitações que fazem com que defen-
deremos uma única visão de um fato.
Francis Bacon
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
59
Em seu livro Novum organum, Bacon pretende desenvolver 
uma reforma total do conhecimento humano, baseando-se 
na observação dos fenômenos naturais e do cumprimento 
das seguintes etapas:
 § observação da natureza para a coleta de informações;
 § organização racional dos dados recolhidos empirica-
mente;
 § formulação de explicações gerais (hipóteses) destina-
das à compreensão do fenômeno estudado; e
 § comprovação da hipótese formulada mediante experi-
mentações repetidas.
No seu pensamento, os “homens devem saber que, neste 
teatro da vida humana, apenas Deus e os anjos podem ser 
espectadores”. Assim, saber é poder.
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto 
humano e nele se acham implantados não somente o 
obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, 
como, mesmo depois de seu pórtico logrado e descerra-
do, poderão ressurgir como obstáculo à própria instaura-
ção das ciências, a não ser que os homens, já precavidos 
contra eles, se cuidem o mais que possam.
São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente 
humana. Para melhor apresentá-los, lhes assinamos no-
mes, a saber: Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos 
do Foro e Ídolos do Teatro.
A formação de noções e axiomas pela verdadeira indu-
ção é, sem dúvida, o remédio apropriado para afastar e 
repelir os ídolos. Será, contudo, de grande préstimo indi-
car no que consistem, posto que a doutrina dos ídolos 
tem a ver com a interpretação da natureza o mesmo que 
a doutrina dos elencos sofísticos com a dialética vulgar.
Francis bacon
noVuM organuM. são paulo: noVa cultural, 1999.
3. david hume (1711-1776)
Nascido na Escócia e considerado o mais importante e 
influente dos empíricos britânicos, levando o empirismo à 
sua conclusão lógica, David Hume indica que os homens 
associam ideias e acreditam nessa associação por força do 
hábito ou costume.
Desse modo, Hume conclui que “o costume é, pois, o 
grande guia da vida humana”. Diante disso, ocorre a 
destruição de todos os raciocínios baseados em hipóte-
ses, pois, sem o apoio da experiência, esses raciocínios 
tornam-se dogmáticos.
O conhecimento só pode ser resultado da associação de 
ideias, isto é, da conexão de várias impressões por meio de 
suas cópias, formando ideias complexas. A certeza só pode 
ser uma crença, ou seja, uma repetição de experiências se-
melhantes. Assim, o ceticismo, que sempre se guiou pela 
razão, tem bases não racionais, como a crença e o hábito.
Isso significa que, desconfiando das convicções arraigadas 
pelo hábito, o cientista deve apresentarsuas teses como 
probabilidades lógicas, e não como certezas irrefutáveis. Tal 
atitude epistemológica, estendida ao convívio social, tor-
naria os homens mais tolerantes, democráticos e abertos.
David Hume
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Empirista convicto e conhecedor da evolução científica de 
sua época, Hume insiste sobre a impossibilidade do conhe-
cimento ir além da experiência. A crítica à religião e a pos-
tura cética lhe valeram a acusação de ateísmo. A novidade 
do seu pensamento influenciou decisivamente os filósofos 
posteriores, seja para rejeitá-lo, seja para levar em conta 
sua crítica à metafísica.
60
Este livro parece ter sido escrito obedecendo ao mesmo 
plano de vários outros trabalhos, que têm tido grande 
voga na Inglaterra, nos últimos anos. O espírito filosófico, 
que tanto se desenvolveu nestas oito décadas em toda 
a Europa, neste reino foi levado tão longe quanto em 
qualquer outro. Nossos autores parecem até ter inau-
gurado um novo tipo de filosofia, que promete mais en-
tretenimento e proveito à humanidade do que qualquer 
outro conhecido pelo mundo. A maioria dos filósofos da 
Antiguidade que trataram da natureza humana mostrou 
mais delicadeza de sentimentos, senso justo da moral, 
ou grandeza de alma, que profundidade de raciocínio e 
reflexão. Contentou-se em representar o senso comum 
humano sob a mais viva luz e com a melhor forma de 
pensamento e expressão, sem seguir sistematicamente 
uma cadeia de proposições, nem organizar as várias 
verdades em uma ciência rigorosa. No entanto, vale a 
pena ao menos perguntar se a ciência do homem não 
comporta a mesma precisão de que se julgam suscetí-
veis várias partes da filosofia natural. Parece haver toda 
a razão do mundo para supor que ela pode ser levada ao 
mais alto grau de exatidão.
daVid huMe
resuMo de uM tratado da natureZa huMana. porto 
alegre: paraula, 1995, p. 35-37.
Tente outra vez 
Raul Seixas. Novo Aeon. Philips Record, 1975.
A música de Raul Seixas sintetiza o movimento 
dos empiristas, de repetir as ações para que se 
tenha validade.
Fonte: Youtube
multimídia: música
61
DIAGRAMA DE IDEIAS
EMPIRISMO
O CONHECIMENTO 
SÓ É VÁLIDO COM 
A EXPERIÊNCIA
BACON
PARA ISSO É PRE-
CISO ELIMINAR 
OS ÍDOLOS QUE 
ATRAPALHAM O 
CONHECIMENTO
HUME
O HÁBITO É O GUIA 
DA VIDA HUMANA
QUE A 
EXPERIÊNCIA VALIDA 
O CONHECIMENTO
LOCKE
A MENTE É UMA 
TÁBULA RASA
QUE É PREENCHIDA 
PELA EXPERIÊNCIA
SÓ O GÊNERO 
MASCULINO 
TEM DIREITOS 
NA SOCIEDADE
BUSCA 
REORGANIZAR O 
CONHECIMENTO
62
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Enem) Os produtos e seu consumo constituem a 
meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa 
meta foi proposta pela primeira vez no início da Mo-
dernidade, como expectativa de que o homem poderia 
dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, con-
vertida em programa anunciado por pensadores como 
Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não 
surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperia-
lismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem 
e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
cupani, a. a tecnologia coMo probleMa FilosóFico: 
trÊs enFoques. scientiae studia, são paulo, V. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descar-
tes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência 
como uma forma de saber que almeja libertar o homem 
das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investi-
gação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver definitiva-
mente as disputas teóricas ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que 
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para 
outras áreas do saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar 
a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos 
naturais e impor limites aos debates acadêmicos. 
2. (Enem)
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram engano-
sos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em que já 
nos enganou uma vez.
descartes, r. Meditações MetaFísicas. são 
paulo: abril cultural, 1979.
Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma 
ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, 
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta 
suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer im-
pressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
huMe, d. uMa inVestigação sobre entendiMento. 
são paulo: unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a 
natureza do conhecimento humano. A comparação dos 
excertos permite assumir que Descartes e Hume
a) defendem os sentidos como critério originário para 
considerar um conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado 
de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à 
gênese do conhecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossí-
vel em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos 
no processo de obtenção do conhecimento.
3. (Unicamp) A maneira pela qual adquirimos qual-
quer conhecimento constitui suficiente prova de que 
não é inato.
locKe, John. ensaio acerca do entendiMento huMano. 
são paulo: noVa cultural, 1988, p. 13
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua 
aquisição deriva da experiência.
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhe-
cimentos possam ser obtidos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao 
negar a existência de ideias inatas.
d) defende que as ideias estão presentes na razão 
desde o nascimento.
4. (Unesp) Sendo os homens, conforme (...) dissemos, 
por natureza, todos livres, iguais e independentes, nin-
guém pode ser expulso de sua propriedade e submeti-
do ao poder de outrem sem dar consentimento.
John locKe. segundo tratado sobre o goVerno.
O patrimônio do pobre reside na força e destreza de 
suas mãos, sendo que o impedir de utilizar essa força e 
essa destreza da maneira que ele considerar adequada, 
desde que não lese o próximo, constitui uma violação 
pura e simples dessa propriedade sagrada.
adaM sMith. a riqueZa das nações.
A partir da leitura dos textos, é correto afirmar que:
a) John Locke defende a democracia, isto é, a igual-
dade política entre os homens, ao passo que Adam 
Smith privilegia o trabalho, portanto a desigualdade.
b) John Locke funda sua teoria política liberal na defe-
sa da propriedade privada, em sintonia com a defesa 
da livre iniciativa proposta por Adam Smith.
c) o consentimento para evitar o poder centralizado 
do rei, em John Locke, choca-se com a necessidade de 
intervenção econômica, segundo Adam Smith. 
d) a monarquia absolutista é a base da teoria política 
de John Locke, enquanto o Estado não intervencionis-
ta é o suporte da teoria econômica de Adam Smith.
e) para John Locke, o consentimento é garantido pela 
divisão dos poderes harmonizando-se com a defesa 
da propriedade coletiva de Adam Smith.
5. (UEL) A figura do homem que triunfa sobre a natu-
reza bruta é significativa para se pensar a filosofia de 
Francis Bacon (1561-1626). Com base no pensamento 
de Bacon, considere as afirmativas a seguir.
I. O homem deve agir como intérprete da natureza para 
melhor conhecê-la e dominá-la em seu benefício.
63
II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza depende 
da experiência guiada por método indutivo.
III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um homem 
que parte de proposições gerais para, na sequência e à luz 
destas, clarificar as premissas menores.
IV. Os homens de experimentos processam as informações 
à luz de preceitos dados a priori pela razão.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente asafirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
6. (UEL) [...] é necessário, ainda, introduzir-se um mé-
todo completamente novo, uma ordem diferente e um 
novo processo, para continuar e promover a experiên-
cia. Pois a experiência vaga, deixada a si mesma [...] é 
um mero tateio, e presta-se mais a confundir os homens 
que a informá-los. Mas quando a experiência proceder 
de acordo com leis seguras e de forma gradual e cons-
tante, poder-se-á esperar algo de melhor da ciência. [...]
A infeliz situação em que se encontra a ciência humana 
transparece até nas manifestações do vulgo. Afirma-se 
corretamente que o verdadeiro saber é o saber pelas 
causas. E, não indevidamente, estabelecem- se quatro 
coisas: a matéria, a forma, a causa eficiente, a causa fi-
nal. Destas, a causa final longe está de fazer avançar as 
ciências, pois na verdade as corrompe; mas pode ser de 
interesse para as ações humanas.
bacon, F. noVo organuM ou Verdadeiras indicações 
acerca da interpretação da natureZa. 
são paulo: abril cultural, 1973, p. 72; 99-100.
Com base no texto e no pensamento de Francis Bacon 
acerca da verdadeira indução experimental como inter-
pretação da natureza, é correto afirmar:
a) Na busca do conhecimento, não se podem encon-
trar verdades indubitáveis, sem submeter as hipóteses 
ao crivo da experimentação e da observação.
b) A formulação do novo método científico exige sub-
meter a experiência e a razão ao princípio de autori-
dade para a conquista do conhecimento.
c) O desacordo entre a experiência e a razão, prevale-
cendo esta sobre aquela, constitui o fundamento para 
o novo método científico.
d) Bacon admite o finalismo no processo natural, por 
considerar necessário ao método perguntar para que 
as coisas são e como são.
e) O estabelecimento de um método experimental, 
baseado na observação e na medida, aprimora o mé-
todo escolástico.
7. (Enem) Todo o poder criativo da mente se reduz a nada 
mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar 
ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e 
a experiência. Quando pensamos em uma montanha de 
ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consis-
tentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos 
conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de 
conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimen-
tos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cava-
lo, animal que nos é familiar.
huMe, d. inVestigação sobre o entendiMento 
huMano. são paulo: abril cultural, 1995.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e im-
pressão ao considerar que
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na 
sensação.
b) o espírito é capaz de classificar os dados da percep-
ção sensível.
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais 
determinadas pelo acaso.
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos 
devem ser processados na memória.
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento 
cujos dados são colhidos na empiria.
8. (Unioeste) John Locke afirma em Ensaio acerca do 
entendimento:
“(...) é de grande utilidade para o marinheiro saber a 
extensão de sua linha, embora não possa com ela son-
dar toda a profundidade do oceano. É conveniente que 
saiba que ela é suficientemente longa para alcançar o 
fundo dos lugares necessários para orientar sua viagem, 
e preveni-lo de esbarrar contra escolhos que podem des-
truí-lo. Não nos diz respeito conhecer todas as coisas, 
mas apenas as que se referem à nossa conduta. Se pu-
dermos descobrir aquelas medidas por meio das quais 
uma criatura racional, posta nesta situação do homem 
no mundo, pode e deve dirigir suas opiniões e ações 
delas dependentes, não devemos nos molestar por que 
outras coisas escapam ao nosso conhecimento”.
Tendo em conta o texto acima e a teoria do conheci-
mento de Locke, é incorreto afirmar que:
a) o homem, utilizando suas faculdades racionais, 
pode conhecer tudo sobre todas as coisas do mundo.
b) o homem deve saber os limites da razão para ter 
conhecimento certo daquilo que é possível conhecer.
c) há certas coisas que a razão do homem não pode 
conhecer.
d) assim como o marinheiro guia sua viagem por uma 
sonda de tamanho conhecido, o homem deve orien-
tar sua conduta por aquilo que conhece.
9. (UFU) Em sua teoria do conhecimento, Tomás de Aqui-
no substitui a doutrina da iluminação divina pela da 
abstração, de raízes aristotélicas: a única fonte de co-
nhecimento humano seria a realidade sensível, pois os 
objetos naturais encerrariam uma forma inteligível em 
potência, que se revela, porém, não aos sentidos que 
só podem captá-la individualmente – mas ao intelecto.
inÁcio, inÊs c.; luca, tÂnia regina de. o pensaMento 
MedieVal. são paulo: Ática, 1988, p. 74.
64
Considerando o trecho citado, assinale a alternativa 
verdadeira.
a) O texto faz referência à influência de Aristóteles 
no pensamento de Tomás de Aquino, que se opõe, 
em muitos pontos, à tradição agostiniana, que tinha 
influência de Platão.
b) O texto expõe a doutrina da iluminação, formulada 
por Tomás de Aquino para explicar a origem de nosso 
conhecimento.
c) Para Tomás de Aquino, a realidade sensível é ape-
nas uma cópia enganosa da verdadeira realidade que 
se encontra na mente divina.
d) Tomás de Aquino substitui a doutrina da ilumi-
nação pela teoria da abstração aristotélica, a fim de 
mostrar que a fé em Deus é incompatível com as ver-
dades científicas.
10. (UEM) Todas as ideias derivam da sensação ou re-
flexão. Suponhamos que a mente é, como dissemos, um 
papel em branco, desprovida de todos os caracteres, 
sem quaisquer ideias; como ela será suprida? (...) De 
onde apreende todos os materiais da razão e do co-
nhecimento?
A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o 
nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva 
fundamentalmente o próprio conhecimento.
locKe, John. ensaio acerca do entendiMento huMano. 
são paulo: abril cultural, 1973, p. 165.
Assinale o que for correto.
01) Para John Locke, embora nosso conhecimento se 
origine na experiência, nem todo ele deriva da experi-
ência. No entendimento, existem ideias inatas abstra-
ídas das coisas pela reflexão.
02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a 
diferença entre conhecimento verdadeiro, que é pura-
mente intelectual e infalível, e conhecimento sensível, 
que, por depender da sensação, é suscetível de erro.
04) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento 
em sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do 
entendimento humano, a investigar explicitamente a na-
tureza, a origem e o alcance do conhecimento humano.
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento pro-
vém e se fundamenta na experiência. As impressões 
formam as ideias simples; a reflexão sobre as ideias 
simples, ao combiná-las, formam ideias complexas, 
como substância, Deus, alma etc.
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em 
qualidades primárias (solidez, extensão, movimento 
etc.) e qualidades secundárias (cor, odor, sabor etc.); 
as primeiras existem realmente nas coisas, as segun-
das são relativas e subjetivas.
11. (UFU) Suponha-se, agora, que esse homem adquiriu 
mais experiência e viveu no mundo o tempo suficien-
te para ter observado uma conjunção constante entre 
objetos ou acontecimentos familiares: qual é o resulta-
do desta experiência? Ele infere imediatamente a exis-
tência de um objeto do aparecimento do outro. E, sem 
embargo, nem toda a sua experiência lhe deu qualquer 
idéia ou conhecimento do poder secreto pelo qual um 
objeto produz outro; e tampouco é levado a fazer essa 
inferência por qualquer processo de raciocínio. No en-
tanto, é levado a fazê-la. (...) Há algum outro princípio 
que o determina a tirar essa conclusão.
huMe, daVid. inVestigação sobre o entendiMento huMano. 
coleção “os pensadores”. são paulo: abril cultural, 1978.
Qual é o princípio a que Hume se refere acima? De acor-
do com o texto, aponte a sua relevância para a teoria 
do conhecimento.
gabarito
1-C; 2-E; 3-A; 4-B; 5-A; 6-A; 7-A; 8-A;9-A; 10-(04 + 08 + 
16 = 28)
11. Hume apresenta a noção de hábito. A relevância dessa 
noção para a teoria do conhecimento é que ela está se 
contrapondo à noção de casualidade. Ele crê que o hábito 
é de extrema importância para o conhecimento humano.
65
 IluMInIsMo FrancêsAULA
10
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
O século XVIII costuma ser chamado de Idade do Iluminis-
mo, por causa da disseminação de ideias racionais, pro-
gressistas, liberais e científicas. Surgida com o enfraqueci-
mento do absolutismo, o iluminismo vem para combater 
todos os elementos atrelados ao sistema absolutista e a 
influência da Igreja no comportamento das pessoas.
O iluminismo francês despontou como um movimento na 
história da filosofia com características sociopolíticas que de-
sencadearam inúmeras transformações históricas e sociais.
Iluminismo: do antigo regime aos nossos dias
O iluminismo foi um movimento de ideias de-
senvolvido, essencialmente, no século XVIII e 
que acabou levando ao fim do antigo regime 
e aos movimentos de independência das co-
lônias na América. Este vídeo analisa o ilumi-
nismo no contexto do antigo regime, desde 
o pensamento precursor de John Locke, se-
guindo pelos principais filósofos iluministas e 
chegando à atualidade.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1. voltaire (1694-1778)
Um dos mais famosos pensadores do iluminismo, o filóso-
fo francês François-Marie Arquet, conhecido como Voltaire, 
destacou-se pelas críticas que fez ao clero católico, à into-
lerância e à prepotência dos poderosos.
Tornou-se marcante sua posição em defesa da liberdade de 
pensamento. Existe uma frase que é atribuída ao seu nome: 
“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você 
diz, mas defenderei até à morte o direito de você dizê-las.”.
A filosofia, para o Voltaire, deveria ser útil, modificando o 
comportamento das pessoas.
Deixa eu falar
Raimundos. Só no Forevis. WE Music, 1999
Nessa faixa, a banda apresenta a ideia da 
liberdade, apontando uma crítica contra as 
opressões que estão na nossa sociedade.
Fonte: Youtube
multimídia: música
66
1.1. Cândido ou O otimismo (1758)
Em seu livro mais famoso, intitulado Cândido, o homem 
não é um ser maldoso, “torna-se mau tal como se torna 
doente”. O mal deixa de ser uma questão metafísica e teo-
lógica para assumir uma dimensão humana.
Sendo um retrato satírico de seu tempo, essa obra situa al-
guns fatos históricos, como o terremoto em Lisboa (1755) 
e a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), ao passo que faz 
críticas, com bom humor, às regalias da nobreza, à intole-
rância religiosa e aos absurdos da Santa Inquisição. O per-
sonagem mestre Pangloss é uma representação sarcástica 
da filosofia otimista do pensador Gottfried Leibniz.
Assim, a história é a história do progresso, que avança à 
medida que os homens vão se esclarecendo pelas luzes 
da razão. Por isso, o filósofo luta contra os dogmas, a 
superstição e o fanatismo.
2. denis diderot (1713-1784)
Denis Diderot foi o principal expoente do projeto da Enci-
clopédia – uma obra que sintetiza as luzes: trata de filoso-
fia, ciências, artes, política, economia, geografia e técnicas.
Concebia a Natureza como um grande processo criativo, 
com o homem como parte de um todo. O filósofo ressalta 
a relatividade da cultura e a necessidade de mudança – o 
homem pode ser bom e feliz, contanto que se liberte das 
imposições das autoridades religiosas, metafísicas, filosó-
ficas ou políticas que teimam em contrariar a razão e a 
natureza. Porém, seguir as leis da natureza não significa 
tornar-se seu prisioneiro, pois, a razão não é apenas a imi-
tação da natureza, mas a capacidade de criação.
Em sua obra Sobrinho de Rameau, Diderot ataca o con-
formismo burguês.
Diderot
Roberto Romano, professor da Unicamp, co-
menta a filosofia de Diderot.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
3. montesquieu (1689-1755)
O objetivo de Charles Loms de Secondat, o barão de Mon-
tesquieu, é claro: destacar e analisar separadamente o 
aspecto propriamente político e social do homem. Assim, 
Montesquieu quer demarcar o domínio próprio da política 
e de sua ciência, que não se confunde com o da religião ou 
o da moral. Para muitos que o interpretam, ele inaugura a 
sociologia política.
67
Sua obra mais famosa, Do espírito das leis (1748), procura a 
“natureza e o princípio” subjacentes a diferentes tipos de lei. 
Classificou formas de governo, de acordo com seu “princípio 
animador”, de modo que o importante não é julgar os go-
vernos existentes, mas compreender a natureza e o princípio 
de cada espécie de governo. Montesquieu afirmava que:
 § a virtude é o princípio de uma república;
 § a honra, o de uma monarquia; e
 § o medo, o do despotismo.
Do espírito das leis
Montesquieu. São Paulo: Saraiva, 2008.
Nessa obra, Montesquieu apresenta as bases 
estruturais da divisão dos poderes, analisando 
uma nova conjuntura política.
multimídia: livro
As leis, em seu significado mais extenso, são as relações 
necessárias que derivam da natureza das coisas; e, neste 
sentido, todos os seres têm suas leis; a Divindade possui 
suas leis, o mundo material possui suas leis, as inteligên-
cias superiores ao homem possuem suas leis, os animais 
possuem suas leis, o homem possui suas leis.
Aqueles que afirmaram que uma fatalidade cega pro-
duziu todos os efeitos que observamos no mundo pro-
feriram um grande absurdo: pois o que poderia ser mais 
absurdo do que uma fatalidade cega que teria produzi-
do seres inteligentes?
Existe, portanto, uma razão primitiva; e as leis são as re-
lações que se encontram entre ela e os diferentes seres, 
e as relações destes diferentes seres entre si.
Deus possui uma relação com o universo, como criador 
e como conservador: as leis segundo as quais criou são 
aquelas segundo as quais conserva. Ele age segundo 
estas regras porque as conhece; conhece-as porque as 
fez, e as fez porque elas possuem uma relação com sua 
sabedoria e sua potência.
Como observamos que o mundo, formado pelo mo-
vimento da matéria e privado de inteligência, ainda 
subsiste, é necessário que seus movimentos possuam 
leis invariáveis; e se pudéssemos imaginar um mun-
do diferente deste ele possuiria regras constantes ou 
seria destruído.
Montesquieu
do espírito das leis. são paulo: Martins Fontes, 2000, p. 11.
68
DIAGRAMA DE IDEIAS
ILUMINISMO 
FRANCÊS
PENSAMENTO 
BURGUÊS QUE 
SERÁ CONTRA O 
ABSOLUTISMO
VOLTAIRE
LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO
NINGUÉM DEVE 
SER PUNIDO POR 
EXPRESSAR A 
SUA OPINIÃO
DIDEROT
SURGE A 
ENCICLOPÉDIA
O CONHECIMENTO 
DEVE SER DIFUNDIDO
MONTESQUIEU
MAIOR 
PARTICIPAÇÃO 
POPULAR NO
GOVERNO
DIVISÃO DOS 
PODERES
• JUDICIÁRIO
• EXECUTIVO
• LEGISLATIVO
69
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Enem) Para que não haja abuso, é preciso organi-
zar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo 
poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o 
mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, 
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de execu-
tar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as 
divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma in-
dependente para a efetivação da liberdade, sendo que 
esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer 
os referidos poderes concomitantemente.
Montesquieu, b. do espírito das leis. são 
paulo: abril cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são con-
dições necessárias para que possa haver liberdade em 
um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo 
político em que haja
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-
-científicas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às 
instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar 
nas mãos de um governante eleito.
2. (Enem) Éverdade que nas democracias o povo parece 
fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste 
nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é 
independência e o que é liberdade. A liberdade é o direi-
to de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão 
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais 
liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
Montesquieu. do espírito das leis. são paulo: 
noVa cultural, 1997 (adaptado).
A característica de democracia ressaltada por Montes-
quieu diz respeito
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao 
tomar as decisões por si mesmo.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à 
conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, 
nesse caso, livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que 
é proibido, desde que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acor-
do com seus valores pessoais.
3. (Enem) Observe as duas afirmações de Montesquieu 
(1689-1755) a respeito da escravidão:
A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao 
senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode fazer 
por virtude; àquele, porque contrai com seus escravos 
toda sorte de maus hábitos e se acostuma insensivel-
mente a faltar contra todas as virtudes morais: torna-se 
orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel. Se 
eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar 
escravos os negros, eis o que eu diria: tendo os povos da 
Europa exterminado os da América, tiveram que escravi-
zar os da África para utilizá-los para abrir tantas terras. O 
açúcar seria muito caro se não fizéssemos que escravos 
cultivassem a planta que o produz.
(Montesquieu, do espírito das leis)
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Mon-
tesquieu,
a) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
b) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.
c) a escravidão era indefensável de um ponto de vista 
econômico.
d) o convívio com os europeus foi benéfico para os 
escravos africanos.
e) o fundamento moral do direito pode submeter-se 
às razões econômicas.
4. (Fuvest) “A autoridade do príncipe é limitada pelas 
leis da natureza e do Estado... O príncipe não pode, por-
tanto, dispor de seu poder e de seus súditos sem o con-
sentimento da nação e independentemente da escolha 
estabelecida no contrato de submissão (...)”
diderot, artigo “autoridade política”, enciclopédia, 1751.
Tendo por base esse texto da Enciclopédia, é correto 
afirmar que o autor:
a) pressupunha, como os demais iluministas, que os 
direitos de cidadania política eram iguais para todos 
os grupos sociais e étnicos.
b) propunha o princípio político que estabelecia leis 
para legitimar o poder republicano e democrático.
c) apoiava uma política para o Estado, submetida aos 
princípios da escolha dos dirigentes da nação, por 
meio do voto universal.
d) acreditava, como os demais filósofos do Iluminis-
mo, na revolução armada como único meio para a 
deposição de monarcas absolutistas.
e) defendia, como a maioria dos filósofos iluministas, 
os princípios do liberalismo político que se contrapu-
nham aos regimes absolutistas.
5. (UFPR) A respeito do iluminismo, movimento filosófi-
co que se difundiu pela Europa ao longo do século XVIII, 
considere as seguintes afirmativas:
I. Muitos filósofos franceses, entre eles Montesquieu, Vol-
taire e Diderot, foram leitores, admiradores e divulgadores 
da filosofia política produzida pelos ingleses, como John 
Locke com sua crítica ao absolutismo.
II. Quanto à organização do Estado, os filósofos iluministas 
não eram contra a monarquia, mas contra as ideias de que 
o poder monárquico fora constituído pelo direito divino e 
de que ele não poderia ser submetido a nenhum freio.
70
III. A descoberta da perspectiva e a valorização de temas reli-
giosos marcaram as expressões artísticas durante o iluminismo.
IV. Em Portugal, o pensamento iluminista recebeu grande 
impulso das descobertas marítimas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
6. (UFF) O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu no 
século XVIII, é considerado um dos grandes pensadores 
do iluminismo ou século das luzes. Ele afirma o seguinte 
sobre a importância de manter acesa a chama da razão:
“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, 
ainda renascem algumas cabeças da hidra do fanatismo. 
Parece que seu veneno é menos mortífero e que suas 
goelas são menos devoradoras. Mas o monstro ainda 
subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-
-se-á a ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas 
trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja 
e a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tan-
ge, acredito que a verdade não deve mais se esconder 
diante dos monstros e que não devemos abster-nos do 
alimento com medo de sermos envenenados.”
Identifique a opção que melhor expressa esse pensa-
mento de Voltaire.
a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não 
é um sábio, pois corre um risco desnecessário.
b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse 
sempre se impõe sobre os seres humanos.
c) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade 
deve munir-se da coragem para enfrentar o obscuran-
tismo e o fanatismo.
d) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do pas-
sado e por isso a razão não precisa mais estar alerta.
e) A razão envenena o espírito humano com o fanatismo.
7. Montesquieu (1689-1755), na obra Do espírito das 
leis, afirma:
“Quando os poderes legislativo e executivo ficam reuni-
dos numa mesma pessoa ou instituição do Estado, a li-
berdade desaparece [...] Não haveria também liberdade 
se o poder judiciário se unisse ao executivo, o juiz pode-
ria ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se 
uma mesma pessoa ou instituição do Estado exercesse 
os três poderes: o de fazer leis, o de ordenar a sua execu-
ção e o de julgar os conflitos entre os cidadãos.”
A partir dessas informações sobre a filosofia política 
de Montesquieu e a divisão que propõe do poder, é 
correto afirmar:
a) O poder judiciário aplica as leis; o poder legislativo cria e 
aprova as leis; o poder executivo executa normatizações e 
deliberações referentes à administração do Estado.
b) O poder judiciário tem força para administrar o execu-
tivo; o poder executivo tem força para conduzir o judiciá-
rio; o poder legislativo tem força para tutelar o judiciário.
c) O poder legislativo aplica as leis; o poder executivo 
gerencia as normatizações e deliberações relacionadas à 
administração do Estado; o poder judiciário aprova as leis.
d) O poder executivo cria as leis; o poder judiciário 
sanciona as leis; e o poder legislativo efetiva as leis 
na administração do Estado.
8. (Unesp) Governos que se metem na vida dos outros 
são governos autoritários. Na história temos dois gran-
des exemplos: o fascismo e o comunismo. Em nossa época 
existe uma outra tentação totalitária, aparentemente mais 
invisível e, por isso mesmo, talvez, mais perigosa: o “totali-
tarismo do bem”. A saúde sempre foi um dos substantivos 
preferidos das almas e dos governos autoritários. Quem es-
tudar os governos autoritários verá que a “vida cientifica-
mente saudável” sempre foi uma das suas maiores paixões. 
E, aqui, o advérbio “cientificamente” é quase vago porque 
o que vem primeiro é mesmo o desejo de higienização de 
toda forma de vício, sujeira, enfim, de humanidade não 
correta. Nosso maior pecado contemporâneo é não reco-
nhecer que a humanidade do humano está além do modo 
“correto” de viver. E vamos pagar caro por isso porque um 
mundo só de gente “saudável” é um mundo sem Eros.
luiZ Felipe pondé. gosto que cada uM sente na boca não é da 
conta do goVerno. Folha de s.paulo, 14.03.2012 (adaptado).
Na concepçãodo autor, o totalitarismo:
a) é um sistema político exclusivamente relacionado 
com o fascismo e o comunismo.
b) inexiste sob a égide de regimes políticos institucio-
nalmente democráticos e liberais.
c) depende necessariamente de controles de natureza 
policial e repressiva dos comportamentos.
d) mobiliza a ciência para estabelecer critérios de na-
tureza biopolítica sobre a vida.
e) estabelece regras de comportamento subordinadas 
à autonomia dos indivíduos.
9. (UFF) Nos séculos XVI e XVII os conflitos religiosos se 
disseminaram por toda a Europa provocando guerras 
e impondo um ambiente de perseguição e fanatismo. 
Diante desse contexto, o aparecimento de alternativas 
de paz envolveu o “princípio de tolerância” que pode 
ser associado à seguinte opção:
a) As crenças e opiniões devem ser expressas somen-
te na intimidade.
b) Os seres humanos devem respeitar as crenças e 
opiniões uns dos outros.
c) O Estado tem o dever de impedir que os seres hu-
manos adotem crenças e opiniões falsas.
d) A opinião verdadeira tem o direito de se impor a 
todos os seres humanos.
e) A minoria deve adotar as opiniões e crenças da maioria.
10.(FGV) “O gênero humano é de tal ordem que não 
pode subsistir, a menos que haja uma grande infinidade 
de homens úteis que não possuam nada.”
(dicionÁrio FilosóFico, Verbete “igualdade”)
71
“O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglaterra, 
contribuiu para os tornar livres, e essa liberdade deu 
por sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou 
o poderio do Estado.”
(cartas inglesas)
Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o autor:
a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia 
como classe, no século XVIII: o comércio como con-
dição para a acumulação de capital, a riqueza como 
fator de liberdade e do poder de Estado e a proprie-
dade ligada à desigualdade.
b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas 
igualdades social e política, pois a filosofia burguesa 
elabora uma doutrina universalista que confunde a 
causa da burguesia com a de toda a humanidade.
c) critica a centralização do poder na medida em que 
ela breca a liberdade, impedindo o progresso das téc-
nicas e a expansão do comércio que geram riqueza, 
e, ao mesmo tempo, aceita a propriedade como fun-
damento da igualdade.
d) considera que a burguesia não se constitui em uma 
classe no século XVIII, e ela precisa do poder do Estado 
centralizado para garantir a sua riqueza e, nessa medi-
da, aproxima-se da nobreza para obter apoio político.
e) defende, como representante da Ilustração, a li-
berdade ligada à ausência da propriedade e elabora 
princípios universais, com direitos e deveres para to-
dos os homens, o que faz a igualdade econômica ser 
o fundamento da sociedade.
11. (Unicamp) O pensamento iluminista do século XVIII 
tem na Enciclopédia, dirigida por Diderot e d’Alembert, 
uma obra de 35 volumes, editada entre 1751 e 1780, 
que reúne a totalidade dos conhecimentos da época. 
Por usarem os princípios da razão para questionar os 
fundamentos da sociedade em que viviam, os enciclo-
pedistas foram considerados defensores de um pensa-
mento revolucionário.
a) Qual a característica principal do pensamento das 
luzes?
b) O que significa afirmar que esses pensadores usa-
vam em suas críticas sociais os princípios da razão?
c) Contra quais valores da época se dirigiam as críti-
cas dos pensadores iluministas?
12. (Fuvest) Quando na mesma pessoa, ou no mesmo cor-
po de magistrados, o poder legislativo se junta ao exe-
cutivo, desaparece a liberdade (...). Não há liberdade se 
o poder judiciário não está separado do legislativo e do 
executivo (...). Se o judiciário se unisse com o executivo, o 
juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria per-
dido se a mesma pessoa ou o mesmo corpo de nobres, de 
notáveis, ou de populares, exercesse os três poderes: o de 
fazer as leis, o de ordenar a execução das resoluções pú-
blicas e o de julgar os crimes e os conflitos dos cidadãos.
(Montesquieu, do espírito das leis, 1748)
a) Qual o tema do texto?
b) Explique o contexto histórico em que foi produzido.
gabarito
1-D; 2-B; 3-E; 4-E; 5-B; 6-C; 7-A; 8-D; 9-B; 10-A
11.
a) Racionalismo
b) Significa que defendiam que deixassem de utilizar pre-
ceitos da religião para interferir na política, educação, entre 
outros. Defendiam a liberdade de expressão.
c) Os pensadores iluministas dirigiam suas críticas ao poder 
soberano, que eram a Igreja e o monarca absolutista.
12.
a) A formação do Estado moderno e da divisão dos poderes.
b) Este texto está inserido na consolidação do Estado bur-
guês moderno e mudança do pensamento político.
72
 rousseauAULA
11
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. jean-jacques rousseau 
(1771-1778)
Jean-Jacques Rousseau é o filósofo de maior destaque no 
iluminismo – uma figura inconformista, inquieto, individua-
lista, mas também coletivista.
No livro Discurso sobre a origem da desigualdade entre os 
homens, a figura do homem, para Rousseau, constitui em 
um ser bom, que diante das instituições do estado civil aca-
ba corrompido. Demonstra nesse texto que a desigualdade 
entre os homens origina-se com o início da propriedade 
privada, fato este que provoca as disputas entre os seres.
No estado de natureza, por sua vez, os homens vivem 
isolados, porém, são basicamente iguais. Neste estado, os 
homens vivem por duas paixões: o desejo de autoconser-
vação e a piedade.
Desse modo, Rousseau demonstra que o homem primi-
tivo parecia viver em unidade orgânica consigo mesmo, 
em total harmonia, ao passo que o homem moderno vivia 
afastado da igualdade, apontando todos os passos que o 
homem deu desde a liberdade no estado de natureza até a 
vida desregrada e servil em sociedade.
Rousseau (vida e obra)
Vídeo que trata sobre a vida e as obras do 
filósofo Rousseau
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Ele aponta que o homem, no estado civil, está preso às 
amarras do Estado, às regras que direcionam o embate 
do homem contra o homem, de maneira a fomentar a ga-
nância e a inveja entre os pares, caracterizando uma desi-
gualdade legalizada entre os homens. Assim, a crítica de 
Rousseau se faz pelas amarras proporcionadas pelas leis 
civis, que condicionam e perpetuam a existência da desi-
gualdade entre os homens.
Ao passo que Rousseau critica todas os elementos desse es-
tado civil, inclusive as ciências e as artes, que condicionam 
aos hábitos viciosos dos homens, destruindo as virtudes hu-
manas, não apontando para uma valorização da racionalida-
de humana. Isso não quer dizer que o filósofo é contrário às 
ciências e às artes, ele só aponta que essas estruturas preci-
sam impedir que a corrupção humana seja menor.
73
1.1. O contrato social (1757)
Rousseau tenta estabelecer as condições de possibilidade de 
uma sociedade legítima, estabelecendo, desde a sua origem, 
as condições de uma sociedade legitimamente constituída.
Assim, a obediência às leis não poderá nunca se configu-
rar como a obediência a um homem ou a um grupo de 
homens, mas como obediência a si mesmo, desde que as 
leis tenham sido o resultado de uma decisão comum, que 
envolva a todos os membros da associação política. Pelo 
contrato social, todos os membros da associação assumem 
a responsabilidade pelas deliberações públicas. O povo ad-
quire a sua soberania e cada membro da associação se 
transforma em um cidadão. Dessa maneira, o soberano é o 
povo, pois os indivíduos, ao se submeterem pelo contrato 
social, criam-se a si mesmos como povo.
O contrato social – Resumo
Vídeo que comenta sobre a obra O contrato 
social, de Rousseau
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Com isso, Rousseau propôs reformular a sociedade, que pre-
cisa criar seus regimentos internos, mas que visa a respeitar 
a natureza humana, ou seja, a conservação da liberdade e a 
igualdade entre os homens. A fórmula rousseauniana con-
siste em fomentar que o povo deve ser o principal agente 
do Estado, e o governo deveriaser o representante desse 
povo. Assim, as formas clássicas de governo – monarquia, 
aristocracia e democracia – teriam um papel secundário em 
relação à representatividade do povo.
O contrato Social
ROUSSEAU, Jean-Jacques. São Paulo: L&PM, 
2007.
multimídia: livro
A culpa é de quem?
Pacto Social. Hasta La Lucha y Viva Zapata. 
Independente, 2018.
A banda punk Pacto Social apresenta as de-
sigualdades criadas pelos acordos civis que 
naturalizam as desigualdades, estrutura tão 
criticada por Rousseau.
multimídia: música
1.2. Emílio ou Da Educação (1762)
Estruturado nessa nova conjuntura social, Rousseau apresen-
ta, no livro Emílio ou Da Educação, que, para a criação de uma 
nova sociedade, era preciso criar um novo indivíduo, pensan-
do na sua primeira formação – a infância. Assim, a criança 
deveria ser preparada seguindo o acordo com a Natureza, 
visando a um desenvolvimento progressivo de seus sentidos e 
de sua razão, com o intuito de reduzir a desigualdade social.
Nesse livro, ele expõe um direcionamento pedagógico para 
cada estágio da vida, seguindo a dinâmica do livro, dividido 
nos cinco capítulos. Nos dois primeiros capítulos, o filósofo 
descreve que é preciso enfatizar o lado físico de sua educa-
ção até os doze anos, com o objetivo de aprender um ofício 
manual. Nos capítulos III e IV, apresenta os estágios tran-
sitórios da adolescência, instante em que as faculdades da 
razão do indivíduo começam a se consolidar. Já no capítulo V, 
descreve a idade adulta, na qual emerge a Era da Sabedoria.
74
Essa estrutura pensada por Rousseau serviu para o nasci-
mento do conceito moderno de infância, pois começou a 
serem direcionadas ações específicas para diferentes eta-
pas do jovem em sua formação, de modo a desencadear 
um abandono da pedagogia escolástica tradicional, que 
moldava o homem, independente da idade.
1.3. O patrono da Revolução Francesa
Durante os anos que constituíram a Revolução Francesa 
(1789), os textos de Rousseau permeiam as mentes dos 
burgueses, principalmente da ala mais radical – os jacobi-
nos. Essas ideias inovadoras de mudanças sociais serviram 
de motivação para que os burgueses pudessem mudar o 
sistema de governo e transformassem a sociedade francesa.
“a liberdade guiando o poVo”, quadro do 
FrancÊs eugène delacroiX (1830)
O primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de 
dizer: ‘Isso é meu’, e encontrou pessoas bastante simples 
para crê-los, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. 
Quantos crimes, guerras, mortes, quantas misérias e hor-
rores não teria poupado ao gênero humano aquele que, 
arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gri-
tado aos seus semelhantes: ‘Guardai-vos de escutar este 
impostor; estais perdidos se esquecerdes que os frutos são 
para todos, e que a terra é de ninguém!’ Mas existem um 
grande indício de que as coisas aí já tivessem chegado ao 
ponto de não poder mais continuar como estavam: pois 
esta ideia de propriedade – provindo de muitas ideias an-
teriores, que não puderam nascer senão sucessivamente 
– não se formou repentinamente no espírito humano (...).
Jean-Jacques rousseau
discurso sobre a origeM e dos FundaMentos da desigualdade entre os 
hoMens. in: os clÁssicos da política. são paulo: Ática, 2008, p. 201.
Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos des-
providos de tudo, temos necessidade de assistência; 
nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que 
não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, 
é-nos dado pela educação. Essa educação nos vem 
da natureza, ou dos homens ou das coisas. O desen-
volvimento interno de nossas faculdades e de nossos 
órgãos é a educação da natureza; o uso que nos ensi-
nam a fazer desse desenvolvimento é a educação dos 
homens; e o ganho de nossa própria experiência sobre 
os objetos que nos afetam é a educação das coisas. 
Cada um de nós é, portanto, formado por três espécies 
de mestres. O aluno em quem as diversas lições desses 
mestres se contrariam é mal educado e nunca esta-
rá de acordo consigo mesmo; aquele em quem todas 
visam ao mesmos pontos e tendem para os mesmos 
fins, vai sozinho a seu objetivo e vive em consequência. 
Somente esse é bem educado.
Jean-Jacques rousseau
eMílio ou da educação. são paulo: diFel, 1979.
75
DIAGRAMA DE IDEIAS
ROUSSEAU
A SOCIEDADE 
CIVIL CONSOLIDA 
A DESIGUALDADE 
ENTRE OS SERES 
HUMANOS
POIS TEM A 
PROPRIEDADE 
PRIVADA COMO 
BASE
A SOCIEDADE É 
FORMADA
POR UM 
CONTRATO SOCIAL
QUE ORDENA 
AS REGRAS CIVIS 
DESSE GRUPO
QUE PODE SER 
MODIFICADO AO 
LONGO DO TEMPO
76
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Unicamp) Leia o trecho a seguir.
“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a 
ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser 
mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um 
direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) 
Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma 
multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, 
quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, 
e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo 
algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, 
caso se queira, de uma agregação, mas não de uma as-
sociação; nela não existe bem público, nem corpo político.
rousseau, Jean-Jacques. do contrato social. 
[1762]. são paulo: abril, 1973, p. 28 e 36.
Sobre Do contrato social, publicado em 1762, e seu au-
tor, é correto afirmar que:
a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo, 
defende a necessidade de o Estado francês substituir 
os impostos por contratos comerciais com os cidadãos.
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, 
ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato 
social e pregar a soberania do povo.
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem vol-
tar a seu estado natural, para assim garantir a sobre-
vivência da sociedade.
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da Inde-
pendência Americana, chegou a ser proibido e quei-
mado em solo francês.
2. (UEL 2018) Leia o texto a seguir.
Por que só o homem é suscetível de tornar-se imbecil? 
[...] O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o pri-
meiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de 
dizer, isto é, meu e encontrou pessoas suficientemente 
simples para acreditá-lo.
rousseau, Jean-Jacques. discurso sobre a origeM e 
os FundaMentos da desigualdade entre os hoMens. 3. ed. 
são paulo: abril cultural, 1983. p. 243 e 259.
Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil, 
propriedade e natureza humana no pensamento de 
Rousseau, assinale a alternativa correta.
a) A instauração da propriedade decorre de um ato legí-
timo da sociedade civil, na medida em que busca aten-
der às necessidades do homem em estado de natureza:
b) A instauração da propriedade e da sociedade civil 
cria uma ruptura radical do homem consigo mesmo e 
de distanciamento da natureza.
c) A fundação da sociedade civil é legitimada pela 
racionalidade e pela universalidade do ato de instau-
ração da propriedade privada.
d) O sentimento mais primitivo do homem, que o leva 
a instituir a propriedade, é o reconhecimento da ne-
cessidade da propriedade para garantir a subsistência.
e) A sociedade civil e a propriedade são expressões 
da perfectibilidade humana, ou seja, da sua capaci-
dade de aperfeiçoamento.
3. (UFU) O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o 
primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de 
dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente 
simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, as-
sassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero 
humano aquele que, arrancando as estacas ou enchen-
do o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: “Defen-
dei-vos de ouvir esse impostor; estarei perdidos se es-
quecerdes que os frutos são de todos e que a terra não 
pertence a ninguém!”
rousseau, Jean-Jacques. discurso sobre a origeM e os FundaMentos da 
desigualdade entre os hoMens. são paulo: noVa cultural, 1997, p. 87.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensa-
mento político de Rousseau, é corretoafirmar:
a) A desigualdade é um fato natural autorizada pela 
lei natural, independentemente das condições sociais 
decorrentes da evolução histórica da humanidade.
b) A finalidade da instituição da sociedade e do governo é 
a preservação da individualidade e das diferenças sociais.
c) A sociabilidade tira o homem do estado de natureza 
onde vive em guerra constante com os outros homens.
d) Rousseau faz uma crítica ao processo de socializa-
ção, por ter corrompido o homem, tornando-o egoísta 
e mesquinho para com os seus semelhantes.
e) Rousseau valoriza a fundação da sociedade civil, 
que tem como objetivo principal a garantia da posse 
privada da terra.
4. (Mackenzie) Assinale a alternativa em que aparecem 
as principais ideias de Jean-Jacques Rousseau, em sua 
obra O contrato social.
a) Cada homem é inimigo do outro, está em guerra 
com o próximo e por esta razão cria o Estado para sua 
própria defesa e proteção.
b) O Estado é uma realidade em si e é necessário con-
servá-lo, reforçá-lo e eventualmente reformá-lo, reconhe-
cendo uma única finalidade: sua prosperidade e grandeza.
c) O governante deve dar um bom exemplo para que 
os súditos o sigam. Através da educação e de rituais, 
os homens de capacidade aprenderiam e transmiti-
riam os valores do passado.
d) Que as classes dirigentes tremam ante a ideia de 
uma revolução! Os trabalhadores devem proclamar 
abertamente que seu objetivo é a derrubada violenta 
da ordem social tradicional.
e) A única esperança de garantir os direitos de cada 
indivíduo é a organização da sociedade civil, cedendo 
todos os direitos à comunidade, para que seja politi-
camente justo o que a maioria decidir.
5.(Unesp) Encontrar uma forma de associação que de-
fenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado 
com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-
-se a todos, só obedece, contudo, a si mesmo, perma-
77
necendo assim tão livre quanto antes. Esse, o problema 
fundamental cuja solução o contrato social oferece. [...]
Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o 
seu poder sob a direção suprema da vontade geral, e 
recebemos, enquanto corpo, cada membro como parte 
indivisível do todo.
(Jean-Jacques rousseau. do contrato social, 1983.)
O texto apresenta características:
a) iluministas e defende a liberdade e a igualdade so-
cial plenas entre todos os membros de uma sociedade.
b) socialistas e propõe a prevalência dos interesses 
coletivos sobre os interesses individuais.
c) iluministas e defende a liberdade individual e a necessida-
de de uma convenção entre os membros de uma sociedade.
d) socialistas e propõe a criação de mecanismos de 
união e defesa de todos os trabalhadores.
e) iluministas e defende o estabelecimento de um 
poder rigidamente concentrado nas mãos do Estado.
6.(Unesp 2020) Cada um de nós põe em comum sua 
pessoa e todo o seu poder sob a direção suprema da 
vontade geral, e recebemos, enquanto corpo, cada 
membro como parte indivisível do todo. [...] um corpo 
moral e coletivo, composto de tantos membros quantos 
são os votos da assembleia [...]. Essa pessoa pública, 
que se forma, desse modo, pela união de todas as ou-
tras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o 
de república ou de corpo político, o qual é chamado por 
seus membros de Estado [...].
(Jean-Jacques rousseau. os pensadores. 1983.)
O texto, produzido no âmbito do iluminismo francês, 
apresenta a doutrina política do:
a) coletivismo, manifesto na rejeição da propriedade priva-
da e na defesa dos programas socialistas de estatização.
b) humanismo, presente no projeto liberal de valorizar 
o indivíduo e sua realização no trabalho.
c) socialismo, presente na crítica ao absolutismo monár-
quico e na defesa da completa igualdade socioeconômica.
d) corporativismo, presente na proposta fascista de unir 
o povo em torno da identidade e da vontade nacional.
e) contratualismo, manifesto na reação ao Antigo Re-
gime e na defesa dos direitos de cidadania.
7. (Enem PPL) O homem natural é tudo para si mesmo; é a 
unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona 
consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil 
é apenas uma unidade fracionária que se liga ao deno-
minador, e cujo valor está em sua relação com o todo, 
que é o corpo social. As boas instituições sociais são as 
que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua 
existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir 
o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular 
não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da 
unidade, e só seja percebido no todo.
rousseau, Jean-Jacques. eMílio ou da educação. 
são paulo: Martins Fontes, 1999.
A visão de Rousseau em relação à natureza humana, 
conforme expressa o texto, diz que
a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua 
própria natureza.
b) as instituições sociais formam o homem de acordo 
com a sua essência natural.
c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as 
instituições sociais dependem dele.
d) o homem é forçado a sair da natureza para se tor-
nar absoluto.
e) as instituições sociais expressam a natureza huma-
na, pois o homem é um ser político.
8. (Unioeste) “Através dos princípios de um direito na-
tural preexistente ao Estado, de um Estado baseado 
no consenso, de subordinação do poder executivo ao 
poder legislativo, de um poder limitado, de direito de 
resistência, Locke expôs as diretrizes fundamentais do 
Estado liberal.”
(bobbio)
Considerando o texto citado e o pensamento político 
de Locke, seguem as afirmativas abaixo:
I. A passagem do estado de natureza para a sociedade 
política ou civil, segundo Locke, é realizada mediante um 
contrato social, através do qual os indivíduos singulares, 
livres e iguais dão seu consentimento para ingressar no 
estado civil.
II. O livre consentimento dos indivíduos para formar a so-
ciedade, a proteção dos direitos naturais pelo governo, a 
subordinação dos poderes, a limitação do poder e o direito 
à resistência são princípios fundamentais do liberalismo 
político de Locke.
III. A violação deliberada e sistemática dos direitos natu-
rais e o uso contínuo da força sem amparo legal, segundo 
Locke, não são suficientes para conferir legitimidade ao di-
reito de resistência, pois o exercício de tal direito causaria 
a dissolução do estado civil e, em consequência, o retorno 
ao estado de natureza.
IV. Os indivíduos consentem livremente, segundo Locke, 
em constituir a sociedade política com a finalidade de pre-
servar e proteger, com o amparo da lei, do arbítrio e da 
força comum de um corpo político unitário, os seus inalie-
náveis direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade.
V. Da dissolução do poder legislativo, que é o poder no 
qual “se unem os membros de uma comunidade para for-
mar um corpo vivo e coerente”, decorre, como consequên-
cia, a dissolução do estado de natureza.
Das afirmativas feitas acima
a) somente a afirmação I está correta.
b) as afirmações I e III estão corretas.
c) as afirmações III e IV estão corretas.
d) as afirmações II e III estão corretas.
e) as afirmações III e V estão incorretas.
78
9. (UFSM) Sem leis e sem Estado, você poderia fazer o 
que quisesse. Os outros também poderiam fazer com 
você o que quisessem. Esse é o “estado de natureza” 
descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo durante as 
guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu em primei-
ra mão como esse cenário poderia ser assustador. Sem 
uma autoridade soberana não pode haver nenhuma se-
gurança, nenhuma paz.
laW, stephen. guia ilustrado Zahar: FilosoFia. 
rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Considere as afirmações:
I. A argumentação hobbesiana em favor de uma autorida-
de soberana, instituída por um pacto, representa inequivo-
camente a defesa de um regime político monarquista.
II. Dois dos grandes teóricos sobre o estado de natureza”, 
Hobbes e Rousseau, partilham a convicção de que o afeto 
predominante nesse “estado” é o medo.
III. Um traço comum da filosofia política moderna é a ide-
alização de um pacto que estabeleceria a passagem do 
estadode natureza para o estado de sociedade.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
10. “A passagem do estado de natureza para o estado 
civil determina ao homem uma mudança muito notá-
vel, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça 
e dando às suas ações a moralidade que antes lhe falta-
va. É só então que, tomando a voz do dever o lugar do 
impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, 
até aí levando em consideração apenas a sua pessoa, 
vê-se forçado a agir baseando-se em outros princípios 
e a consultar a razão antes de ouvir suas inclinações.”
rousseau. o contrato social. liVro i. cap. Viii.
Nesse fragmento, Rousseau sublinha as implicações da 
passagem do estado de natureza para o estado civil. 
Explique por que seria impossível para o homem sobre-
viver em um estado de natureza.
11. O homem natural é tudo para si mesmo: ele é a uni-
dade numérica, o inteiro absoluto que só tem relação 
com ele próprio ou com seu semelhante. O homem civil 
é apenas uma unidade fracionária que depende do de-
nominador cujo valor está em sua relação com o inteiro, 
que é o corpo social. As boas instituições são aquelas 
que melhor sabem desnaturar o homem, tirar-lhe sua 
existência absoluta para lhe dar uma relativa, e trans-
portar o eu para a unidade comum: de tal modo que 
cada particular não se creia mais um, mas parte da uni-
dade, e apenas seja sensível no todo.
rousseau, Jean-Jacques, oeuVres coMplètes. 
pleiade, 1964 (FragMento).
Tomando como referência as ideias do texto, explique a 
diferença entre estado de natureza e estado civil.
gabarito
1-B; 2-A; 3-D; 4-E; 5-C; 6-E; 7-A; 8-E; 9-C
10. Segundo o filósofo Rousseau, é impossível sobre-
viver no estado de natureza, apesar do ser humano ter 
uma liberdade, depois de vivenciar o estado civil, com 
regras – esse indivíduo não consegue mais retornar ao 
um estado primitivo.
11. Para Rousseau, existem muitas diferenças entre o es-
tado de natureza e o estado civil. No estado de natureza, 
o ser humano tem plena liberdade de agir, sem se limitar 
ou ser punido de forma civil; enquanto no estado civil, o 
ser humano ganha uma liberdade vigiada, o poder de ter a 
propriedade privada, e se acostuma com as desigualdades 
entre os homens.
79
 IluMInIsMo aleMãoAULA
12
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
O processo histórico que expandiu o conhecimento huma-
no na região da Alemanha, entre os séculos XVII e XIX, 
teve um aparato mais ideológico, não desencadeando para 
futuras transformações sociais, como ocorreu no iluminis-
mo francês. Com um viés nacionalista, questionou o abso-
lutismo e a Igreja. O conceito “iluminismo”, na Alemanha, 
surgiu com o filósofo Immanuel Kant.
“Kant e seus coMpanheiros na Mesa”, pintura de eMil doerstling
1. immanuel kant (1724-1804)
O filósofo Immanuel Kant nasceu na cidade de Königsberg 
(atual Kaliningrado). Ele foi responsável por desenvolver 
uma síntese entre duas correntes filosóficas: o racionalis-
mo e o empirismo.
A análise kantiana afirma que existia uma incompetência 
no racionalismo para demonstrar a existência, contrarian-
do, em parte, a solução dada por Descartes para tal; e tam-
bém com a incompetência do empirismo para demonstrar 
como a experiência tornava-se conhecimento.
Para o filósofo alemão, o processo de obter conhecimento 
pode ser adquirido tanto de forma empírica como racional, 
unindo, pela primeira vez, correntes que caminhavam sepa-
radas na história da filosofia.
1.1. A importância dos sentidos e da razão
Kant apresenta que os sentidos e a razão desempenham 
papel fundamental na maneira do ser humano experimen-
tar o mundo. Para o filósofo, as experiências nos proporcio-
nam um tipo de conhecimento, como pensam os empiristas. 
Entretanto, a razão também apresenta pressupostos rele-
vantes para a maneira como podemos descobrir o mundo.
Só que existem fatores condicionantes que determinam 
como analisamos essa realidade – fatores racionalistas. 
Um exemplo é se nos imaginarmos utilizando óculos com 
lentes azuis, de modo que tudo o que vemos teria tons 
azulados. As lentes azuis seriam a razão: fatores que condi-
cionam nossa percepção da realidade.
Porém, nessa conjuntura de pensamento, o filósofo re-
mete que esses pressupostos são subjetivos, isto é, se 
referem ao sujeito, a quem usa os óculos. Ao passo que, 
estes pressupostos são o tempo e o espaço, ou seja, a 
experiência que praticamos desencadeará a formação do 
nosso conhecimento.
Kant – a priori e a posteriori
Immanuel Kant categoriza o conhecimento, 
definindo duas formas: a priori e a posteiori.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
80
O filósofo distingue duas formas básicas do ato de conhecer:
 § O conhecimento empírico (a posteriori), fruto da ex-
periência – aquele que se refere aos dados fornecidos 
pelos sentidos, isto é, que é posterior à experiência. 
Exemplo: “Este livro tem a capa verde.”
 § O conhecimento puro (a priori), fruto apenas do racio-
cínio independente da experiência – aquele que não 
depende de quaisquer dados dos sentidos, ou seja, que 
é anterior à experiência. Nasce puramente de uma ope-
ração racional. Exemplo: “Duas linhas paralelas jamais 
se encontraram no espaço.”
1.2. A revolução copernicana
Em seu questionamento lógico-transcendental, Kant atin-
ge, pela primeira vez, consciência de si mesmo. A solução 
apresentada por ele para esta oposição entre o raciona-
lismo e o empirismo é chamada de “revolução coperni-
cana da filosofia”, numa alusão ao paradigma feito por 
Copérnico na astronomia.
Kant salienta que a razão é inata, mas é uma estrutura es-
vaziada e sem conteúdo, que não depende da experiência 
para existir. A razão fornece a forma do conhecimento e a 
matéria é fornecida pelo conhecimento. Diante disso, esse 
conhecimento é racional e verdadeiro.
Afirma também que não podemos conhecer a realidade 
das coisas e do mundo, o que ele trata de noumeno 
(a coisa-em-si). Isso ocorre porque a razão humana só 
pode conhecer aquilo que recebe em formas, como cor 
e tamanho, e em categorias, como os elementos que 
organizam o conhecimento.
Com isso, Kant afirma que a realidade não está nas coisas, 
mas em nós. Assim, vemos o mundo pela nossa razão, de-
pois que as percepções passaram pelas categorias.
A revolução kantiana consiste em mostrar que o objeto 
se regula pela faculdade de conhecer, ao invés de admi-
tir que a faculdade de conhecer se regula pelo objeto. A 
filosofia, assim, deveria investigar a possível existência de 
certos princípios a priori que seriam responsáveis pela sín-
tese dos dados empíricos. Estes, por sua vez, deveriam ser 
encontrados nas duas fontes de conhecimento, que seriam 
a sensibilidade e o entendimento.
Assim, as ideias puras da razão são ilusões, pois pretendem 
transformar o transcendental em transcendente (aquilo que 
ultrapassa toda experiência possível). O transcendental – 
as formas de intuição (espaço e tempo) e do entendimento 
(as categorias) – é apenas a forma da objetividade, e não 
o próprio objeto; é vazio de conteúdo e não significa em si.
A metafísica, então, não é nem sequer falsa ou fictícia, 
é propriamente ilusão, esse vazio do não conhecimento, 
que é produzido pelo uso ilegítimo dos conceitos. É por 
tal ilegitimidade que a metafísica deve ser condenada no 
tribunal da razão.
Kant e a razão pura
O professor de Filosofia da Unicamp Daniel 
Omar Perez ressalta a crítica da razão pura e 
a razão prática.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1.3. As categorias do juízo
Segundo Kant, o intelecto possui doze categorias. A razão 
possui somente três ideias que não constituem objetos, 
mas são reguladoras das ações. São elas:
81
 § ideia psicológica (alma);
 § ideia cosmológica (do mundo como totalidade); e
 § ideia teológica (de Deus).
O juízo consiste na conexão de dois conceitos:
 § Juízo analítico: são juízos em que o predicado (B) pode 
estar contido no sujeito(A) e, por isso, ser extraído por 
uma análise. Isso significa que o predicado nada mais faz 
do que explicar ou explicitar o sujeito. Exemplo: “Todo 
triângulo tem três lados.”
 § Juízos sintéticos a posteriori: são aqueles em que o 
predicado não está contido no sujeito, mas relacio-
na-se a ele por uma síntese. Esta, porém, é sempre 
particular ou empírica, não sendo universal e neces-
sária, portanto, não servem para a ciência. Exemplo: 
“Aquela casa é verde.”
 § Juízos sintéticos a priori: são juízos em que também 
o predicado não é extraído do sujeito, mas que, pela 
experiência, forma-se como algo novo, construído. No 
entanto, essa construção deve permitir ou antever a pos-
sibilidade da repetição da experiência, isto é, a apriorida-
de, entendida como a possibilidade formal de construção 
fenomênica, que permite a universalidade e a necessi-
dade dos juízos. A experiência aqui não é a mera depo-
sição de fenômenos na mente, em razão da sequência 
das percepções, mas sim a organização da mente numa 
unidade sintética daquilo que é recebido pela intuição.
O imperativo categórico procede em todas as suas ações, 
de modo que a norma de seu proceder possa tornar-se 
uma lei universal – este é o princípio universal que une 
todos os homens, sendo uma lei inflexível.
82
DIAGRAMA DE IDEIAS
KANT
O INDIVÍDUO 
APLICA SUA 
ANÁLISE 
PERANTE O 
OBJETO
REVOLUÇÃO 
COPERNICANA
O OBJETO SE 
REGULA PELA 
FACULDADE DE 
CONHECER
UNE O 
RACIONALISMO 
COM O EMPIRISMO
O PROCESSO DE 
OBTENÇÃO DO 
CONHECIMENTO 
TEM VÁRIAS 
FORMAS
CONHECIMENTO 
A PRIORI
PELA RAZÃO
CONHECIMENTO 
A POSTERIORI
PELA 
EXPERIÊNCIA
83
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Uema) Fraqueza e covardia são as causas pelas quais 
a maioria das pessoas permanece infantil mesmo ten-
do condição de libertar-se da tutela mental alheia. Por 
isso, fica fácil para alguns exercer o papel de tutores, 
pois muitas pessoas, por comodismo, não desejam se 
tornar adultas. Se tenho um livro que pensa por mim; 
um sacerdote que dirige minha consciência moral; um 
médico que me prescreve receitas e, assim por diante, 
não necessito preocupar-me com minha vida. Se posso 
adquirir orientações, não necessito pensar pela minha 
cabeça: transfiro ao outro esta penosa tarefa de pensar.
Kant, iMManuel. o que é a ilustração. in: WeFFort, F. (org.). 
os clÁssicos da política. V. 2, 6 ed. são paulo: saraiVa, 2006.
Esse fragmento compõe o livro de Kant que trata da 
importância da(o):
a) juízo.
b) razão.
c) cultura.
d) costume.
e) experiência.
2. (Enem) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento 
se devia regular pelos objetos; porém todas as tenta-
tivas para descobrir, mediante conceitos, algo que am-
pliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse 
pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar 
se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, 
admitindo que os objetos se deveriam regular pelo 
nosso conhecimento.
Kant, iMManuel. crítica da raZão pura. lisboa: 
calouste-gulbenKian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou co-
nhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, 
confrontam-se duas posições filosóficas que:
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natu-
reza do conhecimento.
b) defendem que o conhecimento é impossível, res-
tando-nos somente o ceticismo.
c) revelam a relação de interdependência entre os da-
dos da experiência e a reflexão filosófica.
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, 
na primazia das ideias em relação aos objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nos-
so conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
3. (UFSJ) Sobre a questão do conhecimento na filosofia 
kantiana, é correto afirmar que:
a) o ato de conhecer se distingue em duas formas bá-
sicas: conhecimento empírico e conhecimento puro.
b) para conhecer, é preciso se lançar ao exercício do 
pensar conceitos concretos.
c) as formas distintas de conhecimento, descritas na 
obra Crítica da razão pura, são denominadas, respecti-
vamente, juízo universal e juízo necessário e suficiente.
d) o registro mais contundente acerca do conhecimen-
to se faz a partir da distinção de dois juízos, a saber: 
juízo analítico e juízo sintético ou juízo de elucidação.
4. (Unioeste) “Em todos os juízos em que for pensada 
a relação de um sujeito com o predicado (se considero 
apenas os juízos afirmativos [...]), essa relação é possí-
vel de dois modos. Ou o predicado B pertence ao sujeito 
A como algo contido (ocultamente) nesse conceito A, 
ou B jaz completamente fora do conceito A, embora es-
teja em conexão com o mesmo”.
(Kant)
Considerando o texto acima e a teoria do conhecimento 
de Kant, é incorreto afirmar que:
a) os juízos sintéticos a posteriori são os mais impor-
tantes para a teoria do conhecimento de Kant, pois são 
contingentes e particulares, estando ligados a casos 
empíricos singulares.
b) Kant denomina o primeiro modo de relacionar sujeito e 
predicado de juízo analítico e o segundo, de juízo sintético.
c) o problema do conhecimento para Kant envolve res-
ponder “como são possíveis os juízos sintéticos a priori?”.
d) os juízos analíticos, embora universais e neces-
sários, não fazem progredir o conhecimento, pois 
são tautológicos.
e) o juízo “Todos os corpos são extensos” é analítico, 
pois não há como pensar o conceito de corpo sem o 
conceito de extensão.
5. (Uncisal) Contrapondo ceticismo e dogmatismo, o cri-
ticismo se apresenta como única saída para se repensar 
às questões pertinentes à metafísica. O criticismo deno-
mina a filosofia de:
a) Hume.
b) Hegel.
c) Kant.
d) Marx.
e) Rousseau.
6. (UEL) Leia o texto a seguir.
Na primeira secção da Fundamentação da metafísica dos 
costumes, Kant analisa dois conceitos fundamentais de sua 
teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo 
categórico. Esses dois conceitos traduzem as duas condições 
básicas do dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu 
aspecto subjetivo, o acatamento da lei pela subjetividade li-
vre, como condição necessária e suficiente da ação.
dutra, d.V. Kant e haberMas: a reForMulação discursiVa da 
Moral Kantiana. porto alegre: edipuc-rs, 2002, p. 29.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria 
moral kantiana, é correto afirmar:
a) A vontade boa, enquanto condição do dever, consis-
te em respeitar a lei moral, tendo como motivo da ação 
a simples conformidade à lei.
84
b) O imperativo categórico incorre na contingência de 
um querer arbitrário cuja intencionalidade determina 
subjetivamente o valor moral da ação.
c) Para que possa ser qualificada do ponto de vista 
moral, uma ação deve ter como condição necessária 
e suficiente uma vontade condicionada por interesses 
e inclinações sensíveis.
d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio 
para a satisfação de todas as necessidades e assim 
realizar seu verdadeiro destino prático: a felicidade.
e) A razão, quando se torna livre das condições 
subjetivas que a coagem, é, em si, necessariamente 
conforme a vontade e somente por ela suficiente-
mente determinada.
7. (Uncisal) No século XVIII, o filósofo Emanuel Kant for-
mulou as hipóteses de seu idealismo transcendental. Se-
gundo Kant, todo conhecimento logicamente válido ini-
cia-se pela experiência, mas é construído internamente 
por meio das formas a priori da sensibilidade (espaço e 
tempo) e pelas categorias lógicas do entendimento. Des-
sa maneira, para Kant, não é o objeto que possui uma 
verdade a ser conhecida pelo sujeito cognoscente, mas 
sim o sujeito que, ao conhecer o objeto, nele inscreve 
suas próprias coordenadas sensíveis e intelectuais. De 
acordo com a filosofia kantiana, pode-se afirmar que:
a) a mente humana é como uma tabula rasa, uma 
folha em branco que recebe todos os seus conteúdos 
da experiência.
b) os conhecimentos são revelados por Deus para 
os homens.
c) todos os conhecimentos são inatos, não dependen-
do da experiência.
d) Kant foi um filósofo da antiguidade.
e) para Kant, o centro do processo de conhecimento é 
o sujeito,não o objeto.
8. (Uema) Na perspectiva do conhecimento, Immanuel 
Kant pretende superar a dicotomia racionalismo-empi-
rismo. Entre as alternativas abaixo, a única que contém 
informações corretas sobre o criticismo kantiano é:
a) A razão estabelece as condições de possibilidade 
do conhecimento; por isso independe da matéria do 
conhecimento.
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma. 
Para termos conhecimento das coisas, temos de orga-
nizá-las a partir da forma a priori do espaço e do tempo.
c) O conhecimento é constituído de matéria, forma 
e pensamento. Para termos conhecimento das coisas 
temos de pensá-las a partir do tempo cronológico.
d) A razão enquanto determinante nos conhecimen-
tos fenomênicos e noumênicos (transcendentais) 
atesta a capacidade do ser humano.
e) O homem conhece pela razão a realidade fenomêni-
ca porque Deus é quem afinal determina este processo.
9. (Unioeste) “Já desde os tempos mais antigos da filoso-
fia, os estudiosos da razão pura conceberam, além dos se-
res sensíveis ou fenômenos, que constituem o mundo dos 
sentidos, seres inteligíveis particulares, que constituiriam 
um mundo inteligível, e, visto que confundiam (o que era 
de desculpar a uma época ainda inculta) fenômeno e apa-
rência, atribuíram realidade unicamente aos seres inteligí-
veis. De fato, se, como convém, considerarmos os objetos 
dos sentidos como simples fenômenos, admitimos assim 
que lhe está subjacente uma coisa em si, embora não sai-
bamos como ela é constituída em si mesma, mas apenas 
conheçamos o seu fenômeno, isto é, a maneira como os 
nossos sentidos são afetados por este algo desconhecido”.
(Kant)
Sobre a teoria do conhecimento kantiana, conforme o 
texto acima, seguem as seguintes afirmativas:
I. Desde sempre, os filósofos atribuíram realidade tanto aos 
seres sensíveis quanto aos seres inteligíveis.
II. Podemos conhecer, em relação às coisas em si mesmas, 
apenas seu fenômeno, ou seja, a maneira como elas afe-
tam nossos sentidos.
III. Porque podemos conhecer apenas seus fenômenos, as 
coisas em si mesmas não têm realidade.
IV. Os filósofos anteriores a Kant não diferenciavam fenô-
meno de aparência, e, assim, consideravam que o fenôme-
no não era real.
V. As intuições puras da sensibilidade e os conceitos puros do 
entendimento incidem apenas em objetos de uma experiência 
possível; sem as primeiras, os segundos não têm significação.
Das afirmativas feitas acima:
a) apenas II e IV estão corretas.
b) apenas II, IV e V estão corretas.
c) apenas II, III, IV e V estão corretas.
d) todas as afirmativas estão corretas.
e) todas as afirmativas estão incorretas.
10. (UEL) “O imperativo categórico é, portanto só um único, 
que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que pos-
sas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”
Kant, iMManuel. FundaMentação da MetaFísica dos 
costuMes. lisboa: edições 70, 1995, p. 59.
Segundo essa formulação do imperativo categórico por 
Kant, uma ação é considerada ética quando:
a) privilegia os interesses particulares em detrimento 
de leis que valham universal e necessariamente.
b) ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo 
dos outros, satisfazendo as exigências individuais de 
prazer e felicidade.
c) é determinada pela lei da natureza, que tem como 
fundamento o princípio de autoconservação.
d) está subordinada à vontade de Deus, que preesta-
belece o caminho seguro para a ação humana.
e) a máxima que rege a ação pode ser universalizada, 
ou seja, quando a ação pode ser praticada por todos, 
sem prejuízo da humanidade.
85
11. (Unesp) Preguiça e covardia são as causas que ex-
plicam por que uma grande parte dos seres humanos, 
mesmo muito após a natureza tê-los declarado livres da 
orientação alheia, ainda permanecem, com gosto, e por 
toda a vida, na condição de menoridade. É tão confortá-
vel ser menor! Tenho à disposição um livro que entende 
por mim, um pastor que tem consciência por mim, um 
médico que prescreve uma dieta etc.: então não preciso 
me esforçar. A maioria da humanidade vê como muito 
perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado 
rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomaram 
para si de bom grado a sua supervisão. Após terem pre-
viamente embrutecido e cuidadosamente protegido 
seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem 
dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem 
andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ame-
aça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, 
porém, não é assim tão grande, pois, após algumas que-
das, aprenderiam finalmente a andar; basta, entretanto, 
o perigo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las 
por completo para que não façam novas tentativas.
iMManuel Kant apud danilo Marcondes. teXtos bÁsicos 
de ética – de platão a Foucault, 2009 (adaptado).
O texto se refere à resposta dada pelo filósofo Kant à 
pergunta sobre “O que é o iluminismo?”. Explique o 
significado da oposição por ele estabelecida entre “me-
noridade” e “autonomia intelectual”.
12. (Unesp) O iluminismo é a saída do homem de um 
estado de menoridade que deve ser imputado a ele 
próprio. Menoridade é a incapacidade de servir-se do 
próprio intelecto sem a guia de outro. Imputável a si 
próprios é esta menoridade se a causa dela não depen-
de de um defeito da inteligência, mas da falta de deci-
são e da coragem de servir-se do próprio intelecto sem 
ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a coragem de 
servires de tua própria inteligência!
(iMManuel Kant, 1784)
Esse texto do filósofo Kant é considerado uma das mais 
sintéticas e adequadas definições acerca do Iluminismo. 
Justifique essa importância comentando o significado 
do termo religião e da política.
gabarito
1-B; 2-A; 3-A; 4-A; 5-C; 6-A; 7-E; 8-B; 9-B; 10-E
11. A oposição entre menoridade e maioridade (ou autono-
mia) é o recurso alegórico utilizado para falar sobre o estado 
do homem e o movimento iluminista, que buscava retirar o 
homem deste estado. O homem, segundo Kant, está aco-
modado. Preguiçoso e covarde, o homem continua, mesmo 
depois de adquirir plenas capacidades de ser autônomo (de 
se dar a própria lei), servo da consciência de outros, das pres-
crições de terceiros. Além da sua própria preguiça e covardia, 
o ato mesmo de se tornar maior é visto como perigoso, o 
que faria a libertação da tutoria uma escolha ainda menos 
provável. Enfim, passar da menoridade para a maioridade é 
um ato de libertação do homem das relações de tutela que 
direcionam opressivamente o seu comportamento.
12. Para o filósofo Kant, o termo menoridade refere-se 
à “incapacidade de servir-se do próprio intelecto sem a 
guia de outro”, ou seja, a incapacidade do pensamento 
de se desenvolver fora de um quadro de restrições institu-
cionais representadas, ou seja, de desenvolver uma crítica 
ou uma reflexão perante a realidade. No final do século 
XVIII, no contexto do iluminismo e do processo revolucio-
nário francês, a Igreja perdeu influência e o Estado leigo 
ascendeu, criando-se, assim, as condições sociais para a 
superação da “menoridade”.
86
 o dever kantIanoAULA
13
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. a maioridade intelectual
Em sua obra O que é o esclarecimento?, o filósofo Imma-
nuel Kant esclarece que, quando o indivíduo consegue pos-
tular suas próprias ideias e críticas, ele atinge a maioridade 
intelectual, saindo de um estágio de menoridade, ou seja, 
esse ser consegue sair da condição de incapacidade de fa-
zer uso da razão sem a orientação de outro indivíduo. Esse 
alcance do esclarecimento não tem uma ligação direta com 
a idade biológica desse sujeito.
O interessante é que, para Kant, o culpado por essa condi-
ção pode ser o próprio indivíduo, no caso de sua motivação 
ser a falta de coragem de utilizar-se da razão por si mesmo. 
Para o filósofo, todo indivíduo vive uma situação de me-
noridade em algum momento de sua vida: neste caso, a 
menoridade é natural, pois é o mesmo que imaturidade. 
O filósofodiz que nenhum ser humano nasce inteiramente 
pronto para o raciocínio; uma criança demora até atingir a 
autossuficiência, por exemplo.
Kant afirma que a comodidade e a covardia são os grandes 
motivos pelos quais tantos homens continuem presos à 
menoridade – e frisa que, caso seja de sua vontade (e caso 
não haja barreiras para isso, como restrições à liberdade), 
todo e qualquer homem é capaz de abandonar a menori-
dade e concluir o processo de esclarecimento.
Conforme dito anteriormente, Kant ressalta que, para ha-
ver esclarecimento, a liberdade é condição fundamental: 
só se pode raciocinar se o direito ao questionamento for 
amplamente garantido. O filósofo reconhece, contudo, que 
as restrições às liberdades são bastante comuns (ainda 
mais em sua época). Finalmente, o filósofo conclui que 
ter esclarecimento não se trata somente de se adquirir um 
profundo conhecimento sobre determinado tema, mas sim 
combinar este conhecimento à conquista da autonomia e 
da emancipação humana.
2. a Paz PerPétua (1795)
Em 1795, Kant escreveu essa obra, com o objetivo de apre-
sentar como os Estados nacionais poderiam estabelecer en-
tre si um quadro de paz perpétua, tendo como força motriz 
a racionalidade, conjunto com os requisitos da maioridade 
intelectual. Diante disso, todos os países devem respeitar 
um pacto de não agressão, visando a uma ética universal, 
que respeita todos os seres humanos existentes no Plane-
ta, sem violar as regras locais de seus respectivos países.
A paz perpétua
Immanuel Kant. Porto Alegre: L&PM, 2016.
multimídia: livro
Com essas teorias, Kant antevê as ações da Organização 
das Nações Unidas (ONU), que visa a assegurar que os 
Estados compactuem um acordo de paz e não iniciem 
um conflito armado.
87
3. a ética kantiana 
(ou a ética do dever)
Kant também dedicou grande parte de sua obra a questões 
relativas à esfera moral. Segundo o filósofo, todo ser huma-
no sabe o que é certo e o que é errado: este conhecimento 
é intrínseco à condição humana. Isso ocorre porque Kant 
diz que todos somos dotados de uma razão prática, isto é, 
de uma capacidade racional inata de discernir sobre o que 
é certo e o que é errado.
O filósofo vai além: a capacidade de discernimento é tão 
inata quanto qualquer outra faculdade da razão – tal afir-
mação tem desdobramentos importantes. O mais óbvio é o 
fato de a ética kantiana ser baseada na ideia de que há algo 
como uma lei moral universal, tão absoluta quanto qualquer 
lei natural. Tal lei seria, segundo Kant, válida para qualquer 
momento histórico, sociedade e situação, e seria também im-
perativa, pois não se pode escapar dela. Kant a formula, por-
tanto, como um imperativo categórico, e um de seus maiores 
pressupostos, juntamente com a ideia de que a moralidade 
está relacionada à maneira universal de se agir, é a proibição 
de se utilizar outrem como meios para atingir quaisquer ob-
jetivos: todos devem ser tratados como um fim em si mesmo.
Pode-se entender a lei moral kantiana como a manifestação 
da própria consciência humana – que também é intrínseca 
a todo homem e não pode ser comprovada racionalmente, 
apesar de ser possível conhecê-la. Kant diz que muito mais 
importante para a moralidade do que se perguntar o que 
fazer é se perguntar o motivo pelo qual se faz alguma coisa.
Imaginemos a seguinte situação: uma pessoa é abordada 
na rua por um pedinte e, ao sentir pena de sua situação, 
lhe dá uma esmola. Uma segunda pessoa também é abor-
dada pelo pedinte e, apesar de não se compadecer de sua 
situação, lhe oferece ajuda mesmo assim. Kant diria que a 
segunda pessoa agiu mais moralmente do que a primeira. 
Por quê? Simplesmente porque a segunda pessoa agiu de 
maneira descolada de suas próprias emoções. Ela ofereceu 
ajuda ao pedinte porque sabia que aquilo era o certo a se 
fazer, porque era seu dever (por essa razão, inclusive, a ética 
kantiana também é chamada de ética do dever); a primeira 
pessoa, por sua vez, ofereceu ajuda por pena, pela maneira 
como se sentiu. Da mesma forma, Kant veria alguém que 
pratica boas ações para se promover socialmente ou ficar 
bem aos olhos de Deus. Se esta é a motivação de suas boas 
ações, ele diria, elas de nada valem.
O caminho do bem
Tim Maia. Álbum: Racional Vol. 1. Seroma, 1976.
A música de Tim Maia salienta o dever kan-
tiano, de que se utilizando de ações racionais, 
chegaremos ao bem universal.
Fonte: Youtube
multimídia: música
4. a liberdade, Para kant
A concepção de liberdade para Kant, não se liga à feli-
cidade, nem é determinada a um bem externo a ela – a 
liberdade está atrelada ao homem. Diante disso, o bem é o 
que resulta da razão, à medida que ela determina a ação. 
Assim, o homem precisa submeter-se às leis éticas, que vi-
sem a um respeito universalista e que condicionem a esse 
ser uma maioridade. Por isso, a liberdade para Kant é uma 
autonomia para o sujeito.
Dessa forma, a liberdade é a autonomia de cumprir seu 
dever, de acordo com as leis da natureza – com isso, somos 
donos de nós mesmos e de nossas ações.
Não deve considerar-se como válido nenhum tratado 
de paz que se tenha feito com a reserva secreta de 
elementos para uma guerra futura. Seria então, pois, 
apenas um simples armistício, um adiamento das 
hostilidades e não a paz, que significa o fim de todas 
as hostilidades, e juntar-lhe o epíteto eterna é já um 
pleonasmo suspeitoso. As causas existentes para uma 
guerra futura, embora talvez não conhecidas agora 
nem sequer pelos negociadores, aniquilam-se no seu 
conjunto pelo tratado de paz, por muito que se possam 
88
extrair dos documentos de arquivo mediante um es-
crutínio penetrante. – A restrição (reservatio mentalis) 
sobre velhas pretensões a que, no momento, nenhuma 
das partes faz menção porque ambas estão demasia-
do esgotadas para prosseguir a guerra, com a perver-
sa vontade de, no futuro, aproveitar para este fim a 
primeira oportunidade, pertence à casuística jesuítica 
e não corresponde à dignidade dos governantes, do 
mesmo modo que também não corresponde à digni-
DIAGRAMA DE IDEIAS
KANT
DEVER EM SI NA 
BUSCA DE UM 
BEM UNIVERSAL
O HOMEM, 
UTILIZANDO DE 
SUA RAZÃO, TEM 
O DEVER
DE CONSTRUIR 
UM CAMINHO 
SEGURO, QUE 
RESPEITE A TODOS
CONDICIONANDO 
PARA UMA PAZ 
UNIVERSAL
O SER HUMANO 
PODE CONSEGUIR 
SER INDEPENDENTE
ATINGINDO A 
MAIORIDADE 
INTELECTUAL
COMEÇA A TER UM 
POSICIONAMENTO 
CRÍTICO
ESSE ESTADO 
NÃO DEPENDE DA 
IDADE BIOLÓGICA
dade de um ministro a complacência em tais deduções, 
se o assunto se julgar tal como é em si mesmo. Se, pelo 
contrário, a verdadeira honra do Estado se colocar, se-
gundo os conceitos ilustrados da prudência política, no 
contínuo incremento do poder seja por que meios for, 
então aquele juízo afigurar-se-á como escolar e pedante.
iMManuel Kant
a paZ perpétua. corVilhã: lusosoFia press, 2008, p. 4-5.
89
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UEL) As leis morais juntamente com seus princípios 
não só se distinguem essencialmente, em todo o conhe-
cimento prático, de tudo o mais onde haja um elemento 
empírico qualquer, mas toda a Filosofia moral repousa 
inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao ho-
mem, não toma emprestado mínimo que seja ao co-
nhecimento do mesmo (Antropologia).
Kant, iMManuel. FundaMentação da MetaFísica dos 
costuMes. são paulo: discurso editorial, 2009. p. 73.
Com base no texto e na questão da liberdade e autono-
mia em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta.
a) A fonte das ações morais pode ser encontrada atra-
vés da análise psicológica da consciência moral, na 
qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o que 
ele deveria ser.
b) O elemento determinante do caráter moral de uma 
ação está na inclinação da qual se origina, sendo as in-
clinações serenas moralmente mais perfeitas do que as 
passionais.
c) O sentimento é o elemento determinante para a 
ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar 
uma direção à presente inclinação, na medida em que 
fornece o meio para alcançaro que é desejado.
d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se 
nos “propulsores” humanos naturais, os quais se dire-
cionam ao bem próprio e ao bem do outro.
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se 
na razão prática pura, e as leis morais devem ser inde-
pendentes de qualquer condição subjetiva da natureza 
humana.
2. (UEL) Kant, mesmo que restrito à cidade de Königs-
berg, acompanhou os desdobramentos das Revoluções 
Americana e Francesa e foi levado a refletir sobre as 
convulsões da história mundial. Às incertezas da Eu-
ropa plebeia, individualista e provinciana, contrapôs 
algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao 
menos no pensamento, a sociabilidade e a paz entre as 
nações com vista à constituição de uma federação de 
povos – sociedade cosmopolita.
andrade, r.c. Kant: a liberdade, o indiVíduo e a 
república. in: WeFort, F.c. (org.). clÁssicos da política. 
V. 2. são paulo: Ática, 2003, p. 49-50 (adaptado).
Com base nos conhecimentos sobre a filosofia política 
de Kant, assinale a alternativa correta.
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil do 
prejudicial torna imperativo um governo paternal para 
indicar a felicidade.
b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade, sen-
do considerados cidadãos ativos também as mulheres 
e os empregados.
c) No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os 
membros da comunidade e o chefe de Estado.
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir igualdade 
de ação em conformidade com a lei universal da liberdade.
e) Os súditos estão autorizados a transformar em vio-
lência o descontentamento e a oposição ao poder le-
gislativo supremo.
3. (UFU) Autonomia da vontade é aquela sua proprieda-
de graças à qual ela é para si mesma a sua lei (indepen-
dentemente da natureza dos objetos do querer). O prin-
cípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de 
modo a que as máximas da escolha estejam incluídas 
simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal.
Kant, iMManuel. FundaMentação da MetaFísica dos 
costuMes. lisboa: edições 70, 1986, p. 85.
De acordo com a doutrina ética de Kant:
a) O imperativo categórico não se relaciona com a ma-
téria da ação e com o que deve resultar dela, mas com 
a forma e o princípio de que ela mesma deriva.
b) O imperativo categórico é um cânone que nos leva 
a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a 
satisfação de paixões subjetivas.
c) Inclinação é a independência da faculdade de apeti-
ção das sensações, que representa aspectos objetivos 
baseados em um julgamento universal.
d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os 
desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento 
determinante do agir, para a satisfação das inclinações.
4. (Unioeste) A necessidade prática de agir segundo este 
princípio, isto é, o dever, não assenta em sentimentos, 
impulsos e inclinações, mas, sim, somente na relação 
dos seres racionais entre si, relação essa em que von-
tade de um ser racional tem de ser considerada sempre 
e simultaneamente como legisladora, porque de outra 
forma não podia pensar-se como fim em si mesmo. A ra-
zão relaciona, pois, cada máxima da vontade concebida 
como legisladora universal com todas as outras vonta-
des e com todas as ações para conosco mesmos, e isto 
não em virtude de qualquer outro móbil prático ou de 
qualquer vantagem futura, mas em virtude da ideia da 
dignidade de um ser racional que não obedece à outra 
lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente dá a 
si mesmo. [...] O que se relaciona com as inclinações e 
necessidades gerais do homem tem um preço venal [...], 
aquilo, porém, que constitui a condição só graças a qual 
qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, não tem 
somente um valor relativo, isto é, um preço, mas um 
valor íntimo, isto é, dignidade.
(Kant)
Considerando o texto citado e o pensamento ético de 
Kant, seguem as afirmativas abaixo.
I. Para Kant, existe moral porque o ser humano e, em geral, 
todo o ser racional, fim em si mesmo e valor absoluto, não 
deve ser tomado simplesmente como meio ou instrumento 
para o uso arbitrário de qualquer vontade.
II. Fim em si mesmo e valor absoluto, o ser humano é pes-
soa e tem dignidade, mas uma dignidade que é, apenas, re-
90
lativamente valiosa, por se encontrar em dependência das 
condições psicossociais e político-econômicas nas quais vive.
III. A moralidade, única condição que pode fazer de um ser 
racional fim em si mesmo e valor absoluto, pelo princípio 
da autonomia da vontade, e a humanidade, enquanto ca-
paz de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade.
IV. As pessoas têm dignidade porque são seres livres e au-
tônomos, isto é, seres que se submetem às leis que se dão 
a si mesmos, atendendo imediatamente aos apelos de suas 
inclinações, sentimentos, impulsos e necessidades.
V. A autonomia da vontade é o fundamento da dignidade 
da natureza humana e de toda natureza racional e, por 
esta razão, a vontade não está simplesmente submetida à 
lei, mas submetida à lei por ser concebida como vontade 
legisladora universal, ou seja, se submete à lei na exata 
medida e que ela é a autora da lei (moral).
Das afirmativas acima:
a) somente a I está incorreta.
b) somente a III está incorreta.
c) II e IV estão incorretas.
d) II e III estão incorretas.
e) II, III e V estão incorretas.
5. (UEM) O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) esta-
belece uma íntima relação entre a liberdade humana e 
sua capacidade de pensar autonomamente, ao afirmar:
“Esclarecimento é a saída do homem da menoridade 
pela qual é o próprio culpado. Menoridade é a incapaci-
dade de servir-se do próprio entendimento sem direção 
alheia. [...] É tão cômodo ser menor. Possuo um livro que 
faz as vezes do meu entendimento; um guru espiritual, 
que faz às vezes de minha consciência; um médico, que 
decide por mim a dieta etc.; assim não preciso eu mes-
mo dispensar nenhum esforço. Não preciso necessaria-
mente pensar, se posso apenas pagar.”
Kant, iMManuel. resposta à questão: o que é esclareciMento? in: 
antologia de teXtos FilosóFicos. curitiba: seed-pr, 2009, p. 407.
A partir do texto de Kant, é correto afirmar que:
01) liberdade é não precisar de ninguém para nada.
02) riqueza não é sinônimo de liberdade, como pobre-
za não é sinônimo de escravidão.
04) a justificativa para a falta de liberdade é a pouca 
idade dos seres humanos.
08) a liberdade é, primeiramente, liberdade de pensamento.
16) a liberdade é resultado de um esforço pessoal in-
cômodo para libertar-se das amarras do pensamento.
6. (Enem) Esclarecimento é a saída do homem de sua 
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A meno-
ridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendi-
mento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o 
próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não 
se encontra na falta de entendimento, mas na falta 
de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a 
direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu 
próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. 
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma 
tão grande parte dos homens, depois que a nature-
za de há muito os libertou de uma condição estranha, 
continuem, no entanto, de bom grado menores duran-
te toda a vida.
Kant, iMManuel. resposta à pergunta: o que é 
esclareciMento? petrópolis: VoZes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, 
fundamental para a compreensão do contexto filosófi-
co da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empre-
gado por Kant, representa:
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racio-
nal como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto me-
nor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter 
objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam 
o homem da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideolo-
gias produzidas pela própria razão.
7. (Enem) Um Estado é uma multidão de seres humanos 
submetida a leis de direito. TodoEstado encerra três 
poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral 
consiste de três pessoas: o poder soberano (soberania) 
na pessoa do legislador; o poder executivo na pessoa 
do governante (em consonância com a lei) e o poder ju-
diciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo 
com a lei) na pessoa do juiz.
Kant, iMManuel. a MetaFísica dos costuMes. bauru: edipro, 2003.
De acordo com o texto, em um Estado de direito:
a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois é 
ele que tem o verdadeiro poder.
b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a 
representação da vontade geral.
c) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, 
pois é ele que outorga a cada um o que é seu.
d) o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, 
pois depende dele para validar suas determinações.
e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, 
na pessoa do governante, pois ele que é soberano.
8. (UEL) O desenvolvimento não é um mecanismo cego 
que age por si. O padrão de progresso dominante des-
creve a trajetória da sociedade contemporânea em busca 
dos fins tidos como desejáveis, fins que os modelos de 
produção e de consumo expressam. É preciso, portanto, 
rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende 
predominantemente por desenvolvimento, aceita-se re-
ver as quantidades (menos energia, menos água, mais 
eficiência, mais tecnologia), mas pouco as qualidades: 
que desenvolvimento, para que e para quem?
leroY, Jean pierre. encruZilhadas do desenVolViMento. o iMpacto 
sobre o Meio aMbiente. le Monde diploMatique brasil. Jul. 2008, p. 9.
91
Tendo como referência a relação entre desenvolvimen-
to e progresso presente no texto, é correto afirmar que, 
em Kant, tal relação, contida no conceito de Aufklärung 
(Esclarecimento), expressa:
a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da 
lógica de produção capitalista.
b) A segmentação do desenvolvimento tecno-científico 
nas diversas especialidades.
c) A ampliação do uso público da razão para que se 
desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito técni-
co e material das sociedades.
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na 
resolução dos problemas da filosofia prática.
9. (UEL)
90 milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração.
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, salve a seleção.
De repente é aquela corrente pra frente.
Parece que todo o Brasil deu a mão.
Todos ligados na mesma emoção.
Tudo é um só coração.
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Brasil,
Salve a seleção.
canção: pra Frente brasil/ copa 1970
autor: Miguel gustaVo
Na obra “Resposta à questão: o que é o esclarecimen-
to?”, Kant discute conceitos como uso público e privado 
da razão e a superação da menoridade. À luz do pensa-
mento kantiano, o fenômeno contemporâneo do uso po-
lítico dos eventos esportivos:
a) torna o indivíduo dependente, já que a sua meno-
ridade impede o esclarecimento e a possibilidade de 
pensar por si próprio.
b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a 
sua capacidade de fazer uso da própria razão para agir 
autonomamente.
c) impede que o indivíduo pense de forma restrita, pois, 
mesmo estando cercado por tutores, facilmente rompe 
com a menoridade.
d) proporciona esclarecimento político das massas, 
pois tais eventos promovem o aprendizado crítico me-
diante a afirmação da ideia de nacionalidade.
e) confere liberdade às massas para superar a depen-
dência gerada pela aceitação da tutela de outrem.
10. (Uema) No texto Que é “Esclarecimento”? (1783), 
o que significa, conforme Kant, a saída do homem da 
menoridade da qual ele mesmo é culpado?
a) O uso da razão crítica, exceto quando se tratar de 
doutrinas religiosas.
b) A capacidade de aceitar passivamente a autoridade 
científica ou política.
c) A liberdade para executar desejos e impulsos confor-
me a natureza instintiva do homem.
d) A coragem de ser autônomo, rejeitando, portanto, 
qualquer condição tutelar.
e) O alcance da idade apropriada para uso da raciona-
lidade subjetiva.
gabarito
1-E; 2-D; 3-A; 4-C; 5-(02 + 08 + 16 = 26); 6-A; 7-B; 8-C; 
9-A; 10-D
92
 teMpestade e íMpetoAULA
14
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. o sentimento vence a razão
No século XVIII, o movimento cultural que predominava na 
Europa era o iluminismo, que colocava a razão acima de 
tudo. Diante da sombra da Aufklärung, desenvolve-se na 
Alemanha (e em outras regiões da Europa), no final do sé-
culo XVIII e início do XIX, uma nova forma de sensibilidade 
e de valores artísticos – surge o romantismo, cuja versão 
conceitual é o idealismo.
Tudo começou com o Sturm und drang (Tempestade e ím-
peto), um movimento de jovens poetas alemães que reagiu 
violentamente contra a aridez racionalista da Aufklärung, 
enaltecendo o sentimento contra a razão. O nome Sturm 
und drang deriva da peça homônima de Friedrich Klinger 
(1752-1831).
Tempestade e ímpeto
Uma apresentação do movimento cultural 
contrário ao racionalismo alemão.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Esse movimento ficou marcado por combater a influência 
francesa na cultura alemã. Com uma oposição ao Classicismo 
francês, a essência do movimento alemão consiste na criação 
baseada no impulso irracional, valorizando o sentimento.
Destacam-se nesse período: os poetas alemães Schlegel 
(1767-1845), Novalis (1772-1801); os escritores alemães 
Schiller (1750-1805) e Goethe (1749-1832); os composi-
tores alemães Beethoven (1770-1827), Schumann (1810-
1856) e Brahms (1833-1897), o austríaco Schubert (1797-
1828) e o polonês Chopin (1810-1849).
Sofrimentos do jovem Werther
GOETHE, Johann Wolfgang. Porto Alegre: 
L&PM Pocket, 2001.
Ao escrever Werther, em 1774, Johann Wolf-
gang Goethe alcançava sua primeira obra de 
sucesso e dava início à prosa moderna na Ale-
manha. Uma das mais célebres obras de Goe-
the, trata-se da história de uma paixão literal-
mente devastadora. Com enorme repercussão 
quando do seu lançamento, Werther foi um 
testemunho de como a literatura tinha poder 
de agir na sociedade.
multimídia: livro
93
As principais características desse movimento cultural são:
 § liberdade política, de expressão e de pensamentos;
 § individualismo e subjetivismo;
 § gosto pelo mistério;
 § imaginação e sonho;
 § culto pelo exótico;
 § nacionalismo;
 § valorização do passado;
 § desejo de reforma e engajamento político.
A literatura alemã passa a ser original, com esse movimen-
to, espalhando uma nova forma de arte para o mundo.
Marcha Fúnebre
Frédéric Chopin
As músicas de Chopin expressam um forte 
sentimento, com diversas variações.
Fonte: Youtube
multimídia: música
2. da arte à liberdade
O poeta e filósofo Friedrich Schiller (1759-1805) acreditava 
que os homens não estavam preparados para a liberdade, 
pois não sabiam, de forma inata, como lidar em plenitude 
com ela. Assim, é preciso educar o homem para a liberdade, 
através da arte. O ser humano é um indivíduo que participa 
tanto no mundo sensível como do inteligível, de modo que 
existe uma oposição entre matéria e forma, necessidade e 
liberdade – e esses conflitos geram um jogo de caráter lúdico 
que os reconcilie, tendo como objetivo o belo. A arte, nessa 
medida, prenuncia a possibilidade da realização da liberda-
de, pois ela possibilita os meios para alcançá-la.
Segundo Schiller, a harmonia entre o homem e o mundo 
foi rompida, quando o ser humano decidiu se ver diferente 
da ordem natural, com a ordenação racional e iluminista de 
querer transformar e dominar a natureza. Nesse momento, 
a crítica aos racionalistas e aos iluministas é bem nítida e 
direta. Essa postura radical, refere-se ao instante em que o 
ser humano, ao acreditar cegamente no poderio da razão, 
se sente superior aos outros seres e acima da própria na-
tureza, criando uma dicotomia – de um lado, a natureza e, 
de outro, a razão.
Para o filósofo, só a arte pode reconciliar essas duas forças 
(natureza e razão), porém, a arte, que nãopode mais ser 
ingênua – como era na Grécia antiga – deve ser, agora, 
sentimental.
Sentimental significa para Schiler, o ato da reflexão pelo 
qual o sujeito, ao voltar-se para si mesmo, se reconcilia com 
a harmonia da totalidade.
Em sua obra Cartas sobre a educação estética do homem, 
de 1794, apresenta essa ideia de educar o homem com o 
auxílio da arte.
goethe e schiller
3. o Problema da estética
A problemática da arte na filosofia não é um assunto sur-
gido no período pós-iluminismo. Desde a Grécia antiga, os 
pensadores tratavam em discutir essa temática.
Platão, por exemplo, criticava veementemente a arte, pro-
pagando-a como um elemento inferior à natureza, pois 
tenta imitar a própria natureza, a qual tratou de se utilizar 
da mimesis. Aristóteles, por sua vez, acredita que o belo 
não pode ser desligado do homem, e o que representará 
94
a arte será a simetria, a proporção, ou seja, a justa medida. 
Entretanto, para o filósofo Kant, o questionamento da arte é 
diferente – ele não questiona em que medida uma obra de 
arte pode nos comunicar ou se a arte tem um compromisso 
com as coisas pensadas. Para Kant, os juízos de gosto, que 
seriam a opinião das pessoas sobre a beleza, são relevantes, 
tornando o belo uma forma sensível e subjetiva. Como res-
posta a esse pensamento, emergem os românticos alemães, 
que apresentam a arte como um caminho para reordenação 
do mundo, guiando para um mundo sensível, onde o senti-
mento é algo bom para o ser humano.
É mediante a cultura ou educação estética, quando se 
encontra no “estado de jogo” contemplando o belo, que 
o homem poderá desenvolver-se plenamente, tanto em 
suas capacidades intelectuais quanto sensíveis [...] “Pois, 
para dizer tudo de vez, o homem joga somente quando 
é homem no pleno sentido da palavra, e somente é ho-
mem pleno quando joga”. No “impulso lúdico”, razão e 
sensibilidade atuam juntas e não se pode mais falar da 
tirania de uma sobre a outra. Através do belo, o homem 
é como que recriado em todas as suas potencialidades e 
recupera sua liberdade.
Friedrich Von schiller
a educação estética do hoMeM. são paulo: iluMinuras, 2014, p. 14.
DIAGRAMA DE IDEIAS
A HUMANIDADE 
TEM A RAZÃO, 
MAS TAMBÉM É 
SENTIMENTO
NÃO TER MEDO 
DE EXPRESSAR O 
SENTIMENTO
TEMPESTADE 
E ÍMPETO
STURM UND DRANG
CONTRÁRIO AS 
LIMITAÇÕES 
DA RAZÃO
É PRECISO 
VALORIZAR O 
SENTIMENTO
MOVIMENTO 
CULTURAL ALEMÃO
GOETHE
95
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. Há muito que dizer em favor das regras; quase os 
mesmos argumentos que se poderão fazer a respeito 
das leis da sociedade civil: um artista que se formar se-
gundo estas mesmas regras não produzirá jamais uma 
coisa absolutamente má; da mesma forma, aquele que 
se regular pelas leis e atender ao decoro, nunca será um 
vizinho muito insuportável nem um velhaco decidido. 
Contudo, diga-se embora o que quiserem; as regras não 
servem senão para destruir o verdadeiro sentimento e 
a expressão da natureza. Não, o que digo não é em de-
masia; as regras não fazem senão constranger; podem 
tirar, é verdade, alguma coisa supérflua etc.
goethe. os soFriMentos do JoVeM Werther. [carta 8] 26 de Maio.
Identifique a característica romântica mais evidente do 
fragmento:
a) egocentrismo.
b) rejeição a regras e modelos.
c) valorização da vida burguesa.
d) valorização do amor como sentido da vida.
e) inadaptação à realidade, desejo de evasão.
2. Sobre os pressupostos históricos e filosóficos do Ro-
mantismo, considere as seguintes afirmações:
I. Teve base no iluminismo, de modo que as obras românti-
cas são sempre despidas de subjetividade e baseiam-se tão 
somente na produção de conhecimento racional.
II. Valoriza as emoções e as experiências sensoriais e, por 
conseguinte, da objetividade, característica que fez o movi-
mento romântico ser conhecido como anti-iluminista.
III. Teve como marca inicial, em termos mundiais, a pu-
blicação de Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, 
romance escrito em cartas.
Estão corretas as afirmativas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.
3. Schiller, em A educação estética do homem numa sé-
rie de cartas, afirma que a cultura estética torna possí-
vel ao homem “aprender a desejar mais nobremente, 
para não ser forçado a querer de modo sublime”.
A esse respeito, segundo o autor, é correto afirmar que:
a) o homem pode ir além do dever e cultivar sua 
sensibilidade a ponto de seus desejos coincidirem ao 
máximo com as exigências da moral.
b) as exigências da sensibilidade devem valer também 
no âmbito da moralidade, matizando a exigência da lei 
moral e reconciliando dever e felicidade.
c) as leis da natureza sensível e da natureza racional 
devem ser ambas submetidas às leis da beleza, reali-
zando plenamente a natureza humana.
d) o dever, por si só, não tem acesso ao homem sen-
sível, dependendo da beleza para que possa ter sobre 
ele uma força determinante.
4. (Coaero) Friedrich Schiller (1759-1805), autor de Sobre 
a educação estética da humanidade, diz que existe no ser 
humano um impulso que o liga a matéria, sujeitando-o 
à natureza e um outro impulso, de ordem superior, que 
eleva o ser humano ao nível do pensamento racional e 
que aspira à permanência e à imutabilidade. Para supe-
rar o dualismo matéria e espírito que tal divisão sugere, 
Schiller admite a existência de um terceiro impulso.
Assinale a alternativa cuja afirmação se relaciona cor-
retamente com o terceiro impulso admitido por Schiller.
a) Impulso do equilíbrio: busca manter uma neutralida-
de entre matéria e razão, possibilitando a boa capaci-
dade do julgar.
b) Impulso da realidade: faz o ser humano perceber a 
tensão dialética existente entre forma e matéria, pos-
sibilitando assim, a construção do real.
c) Impulso crítico: responsável por elaborar o senso 
crítico humano, capacitando o homem a conhecer 
o mundo possível de forma racional. Percebido por 
Kant, não foi por ele conceituado.
d) Impulso lúdico: concilia a matéria, presente aos 
sentidos, com a forma, ato do pensamento, que pare-
ce excluir o que é material e sensível. Exerce-se acima 
das necessidades naturais e independe dos interesses 
práticos. Apresenta-se como jogo estético.
5. A noção de estética, quando formulada e desenvolvi-
da nos séculos XVIII e XIX, concebia as artes como be-
las-artes e pressupunha que:
I. A arte é uma atividade humana dependente da política, 
visto que a sua finalidade é servir os grupos economica-
mente dominantes e dirigentes, isto é, aqueles que podem 
pagar pelas obras de arte.
II. A arte é produto da experiência sensorial ou perceptiva 
(sensibilidade), da imaginação e da inspiração do artista 
como criador autônomo ou livre
III. A finalidade da arte é desinteressada (não utilitária) ou 
contemplativa. Em outras palavras, a obra de arte não está 
a serviço do culto, nem da prática moral das virtudes, assim 
como não está destinada a produzir objetos de uso e de 
consumo, e sim a propiciar a contemplação da beleza.
IV. O belo é diferente do bom e do verdadeiro. O bem é ob-
jeto da ética; a verdade, objeto da ciência e da metafísica; 
e a beleza, o objeto próprio da estética.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I, III e IV.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
96
d) III e IV.
e) II e IV.
6. (Unioeste) No curso dos séculos, reconheceu-se a exis-
tência de coisas belas e agradáveis e de coisas ou fenô-
menos terríveis, apavorantes e dolorosos (...). No século 
XVIII o universo do prazer estético divide-se em duas 
províncias, a do Belo e a do Sublime (...). Tudo aquilo que 
pode despertar ideias de dor e perigo, isto é, tudo aquilo 
que seja, em certo sentido, terrível ou que diga respeito a 
objetos terríveis, ou que atue de modo análogo ao terror 
é uma fonte de Sublime, ou seja, é aquilo que produz a 
mais forte emoção que o espírito é capaz de sentir (...). 
[Mas, o terror] só é deleitável quando há um distancia-
mento da coisa que faz medo, donde, uma espécie de 
desinteresse em relação à ela. Dor e terror são causa de 
Sublime se não sãorealmente nocivos.
(uMberto eco)
Acerca do Sublime, é correto afirmar que:
a) refere-se, exclusivamente, a puras criações da ima-
ginação, sem a presença de objetos externos.
b) ele se opõe ao Belo, por isso não é um problema 
da Estética.
c) este sentimento leva nossa natureza sensível a per-
ceber seus próprios limites, uma vez que a experiên-
cia do Sublime, diante dos espetáculos da natureza, 
ultrapassa nossa sensibilidade.
d) terremotos, tempestades, rochedos arrojados, fu-
racões, vulcões em toda sua violência destrutiva e o 
oceano enfurecido são exemplos de Sublime e, quan-
to maior for o perigo, quanto mais próximo dele esti-
ver o espectador mais intensa será a experiência, uma 
vez que a sensação de possuir o horror será maior.
e) nenhum artista tentou representar a experiência do 
sentimento do Sublime por saber de antemão que ele 
é da ordem do irrepresentável.
7. (Unioeste) O nascimento da estética como disciplina 
filosófica está indissoluvelmente ligado à mutação radi-
cal que intervém na representação do belo quando este 
é pensado em termos de gosto, portanto, a partir do 
que no homem irá logo aparecer como a essência mes-
ma da subjetividade, como o mais subjetivo do sujeito. 
Com o conceito de gosto, efetivamente, o belo é ligado 
tão intimamente a subjetividade humana que se define, 
no limite, pelo prazer que proporciona, pelas sensações 
ou pelos sentimentos que suscita em nós.
(...) Com o nascimento do gosto, a antiga filosofia 
da arte deve, portanto, ceder lugar a uma teoria da 
sensibilidade.
(luc FerrY)
Assinale a alternativa que não está relacionada com a 
Estética como disciplina filosófica.
a) Estética e a tradução da palavra grega aisthetiké que 
significa “conhecimento sensorial, experiência sensível, 
sensibilidade”; só na modernidade, por volta de 1750, 
foi utilizada para referir-se aos estudos das obras de 
artes enquanto criações da sensibilidade tendo como 
finalidade o belo.
b) Desde seu nascimento como disciplina específica 
da filosofia, a Estética afirma a autonomia das artes 
pela distinção entre beleza, bondade e verdade.
c) Ainda que a obra de arte seja essencialmente par-
ticular, em sua singularidade única ela oferece algo 
universal. Eis a peculiaridade do juízo de gosto: pro-
ferir um julgamento de valor universal tendo como 
objeto algo singular e particular.
d) A Estética não cabe apenas ocupar-se com o sentimen-
to de beleza, mas também com o sentimento de sublime.
e) Considerando que tanto o gosto do artista quanto 
os gostos do público são individuais e incomparáveis e 
que, portanto, “gosto não se discute”, a Estética como 
disciplina da filosofia está destinada ao fracasso, pois 
não é possível dar universalidade ao juízo de gosto.
8. (Unesp) A fonte do conceito de autonomia da arte é o 
pensamento estético de Kant. Praticamente tudo o que 
fazemos na vida é o oposto da apreciação estética, pois 
praticamente tudo o que fazemos serve para alguma coi-
sa, ainda que apenas para satisfazer um desejo. Enquan-
to objeto de apreciação estética, uma coisa não obedece 
a essa razão instrumental: enquanto tal, ela não serve 
para nada, ela vale por si. As hierarquias que entram em 
jogo nas coisas que obedecem à razão instrumental, isto 
é, nas coisas de que nos servimos, não entram em jogo 
nas obras de arte tomadas enquanto tais. Sendo assim, 
a luta contra a autonomia da arte tem por fim submeter 
também a arte à razão instrumental, isto é, tem por fim 
recusar também à arte a dimensão em virtude da qual, 
sem servir para nada, ela vale por si. Trata-se, em suma, 
da luta pelo empobrecimento do mundo.
antônio cícero. “a autonoMia da arte”. Folha 
de são paulo, 13.12.2008 (adaptado).
De acordo com a análise do autor:
a) a racionalidade instrumental, sob o ponto de vista 
da filosofia de Kant, fornece os fundamentos para a 
apreciação estética.
b) um mundo empobrecido seria aquele em que ocor-
re o esvaziamento do campo estético de suas quali-
dades intrínsecas.
c) a transformação da arte em espetáculo da indústria 
cultural é um critério adequado para a avaliação de 
sua condição autônoma.
d) o critério mais adequado para a apreciação esté-
tica consiste em sua validação pelo gosto médio do 
público consumidor.
e) a autonomia dos diversos tipos de obra de arte 
está prioritariamente subordinada à sua valorização 
como produto no mercado.
9. (Uema) A concepção de arte tem mudado ao longo 
dos séculos. A arte como imitação da natureza e a arte 
como expressão e construção são, respectivamente, 
concepções dos seguintes períodos:
a) antigo e contemporâneo.
b) antigo e medieval.
97
c) medieval e moderno.
d) antigo e moderno.
e) moderno e contemporâneo.
gabarito
1-B; 2-D; 3-A; 4-D; 5-C; 6-C; 7-E; 8-B; 9-A
98
 HegelAULA
15
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. georg Wilhelm friedrich 
hegel (1770-1831)
Friedrich Hegel nasceu na cidade alemã de Stuttgart, em 
1770. O seu pensamento foi determinante para a filosofia 
contemporânea, apesar de difundi-lo de modo rebuscado 
e num grau de complexidade elevada, sendo construída 
no racionalismo – faz parte do círculo que corresponde ao 
idealismo alemão.
Vivenciando as mudanças históricas de seu tempo, como a 
Revolução Francesa (1789), Hegel observou o dinamismo 
das coisas e como os atos e as ideias estão interligados, 
de modo que não podemos separar tais elementos. Entre-
tanto, esses elementos podem sofrer alterações, por não 
serem fixos, ao passo que o momento histórico carrega 
consigo elementos culturais e ideais de tal período, sofren-
do mudanças ao longo do tempo. Assim, segundo o filóso-
fo, cada época tem seu próprio tipo de sabedoria, na qual 
não podemos menosprezar o conhecimento do passado. 
Aqui, vemos que, para Hegel, a filosofia e a história estão 
entrelaçadas, sem uma separação nítida.
Tendo uma influência kantiana, Hegel salienta que a histó-
ria da humanidade é a história da emancipação dos indiví-
duos, diante de uma elevação gradual de suas liberdades 
individuais, atingindo uma maioridade intelectual. Porém, 
o que move essa elevação gradual é ocasionada pelo “es-
pírito do tempo” (zeitgeist, em alemão) que impulsiona as 
ações e as ideias, algo como um movimento que atinge a 
humanidade. O filósofo entende a realidade como espírito, 
como substância, mas também como sujeito.
Hegel e a razão dialética como justificação do 
drama histórico – Parte I
Com o Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A dialética hegeliana: uma tentativa de 
compreensão
De Fernando Guimarães Ferreira
multimídia: livro
99
1.1. A dialética hegeliana
Para Hegel, o movimento da história é o confronto de 
ideias diferentes, sendo um contínuo devir composto por 
três momentos: tese, antítese e síntese.
É um movimento circular que não se fecha, ou seja, um 
movimento em espiral, pois cada momento final, que seria 
a síntese, se torna a tese de um movimento anterior, de 
caráter mais avançado. Sendo que, para compreender essa 
dialética, é necessário buscar o Absoluto, superando o en-
tendimento comum atingindo a certeza completa e global.
Hegel
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1.2. O espírito se expressa na arte
Na arte, o saber se configura como expressão sensível do 
espírito. O homem se liberta de sua sujeição natural, da 
finitude entendida como submissão à natureza. O espírito 
vê-se livre para criar, e essa criação manifesta uma disposi-
ção para o absoluto.
Mas a arte, segundo Hegel, é ainda dependente da maté-
ria. Na escultura, arte simbólica por excelência, a liberdade 
do espírito encontra o limite no material bruto. A liberdade 
já é bem maior na música e na pintura, nas quais o grau 
de abstração permite ao espírito uma ampla variabilidade 
de formas expressivas. Mas é no domínio da palavra que se 
realiza a liberdade expressiva da arte: a palavra não é som 
ou grafia, mas o sentido que veicula. Na palavra atinge-se 
o grau máximo de abstração, e o alcancedas construções 
espirituais é praticamente infinito.
Assim, a arte é um momento do espírito, em que este procu-
ra adequar-se ao elemento sensível para expressar o saber.
Introdução à história da Filosofia
O ensino da Filosofia segundo Hegel, de Pedro 
Novelli
multimídia: livro
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Após a morte de Hegel, seus seguidores dividiram-se em 
dois campos contrários:
 § os hegelianos de direita – discípulos diretos do filósofo, 
na Universidade de Berlim, que defenderam o conser-
vadorismo político do período posterior à restauração 
napoleônica. Alguns chegaram a defender, inclusive, o 
nazismo, nas décadas de 1930 e 1940, na Alemanha.
 § os hegelianos de esquerda – interpretaram Hegel em 
um sentido revolucionário, o que os levou a se aproxi-
marem do ateísmo, na religião, e ao socialismo, na po-
lítica. Entre os hegelianos de esquerda, encontram-se 
Ludwig Feuerbach, David Friedrich Strauss, Max Stirner 
e, o mais famoso de todos, Karl Marx.
Podemos compreender a dialética hegeliana como ana-
logia a uma soma vetorial. Quando somamos dois ve-
tores, geramos um terceiro, que conserva, de alguma 
forma, as propriedades dos originais. Podemos pensar 
na soma de um vetor A (tese) com um vetor B (antítese), 
gerando um novo vetor S (síntese), tal como representa-
do na imagem abaixo.
100
DIAGRAMA DE IDEIAS
DIALÉTICA 
HEGELIANA
• TESE
• ANTÍTESE
• SÍNTESE (TESE)
HEGEL
EXISTE UM 
DINAMISMO NO 
MUNDO
UM MOVIMENTO
ZEITGEIST
ESPÍRITO DO 
TEMPO
101
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UEM) O filósofo alemão Hegel (1770-1831) afir-
ma que “É tarefa da filosofia conceber o que é, pois, 
aquilo que é é a razão. No que concerne ao indivíduo, 
cada um é, de todo modo, um filho de seu tempo; do 
mesmo modo que a filosofia é seu tempo apreendido 
em pensamentos”.
hegel, g.W.F. eXcertos e parÁgraFos traduZidos. in: 
Marçal, J. (org.). antologia de teXtos FilosóFicos. 
curitiba: seed-pr, 2009, p. 314.
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) 
correta(s).
01) A razão de algo é o conceito desse algo concebi-
do filosoficamente pelo seu tempo.
02) Aquilo que é, a essência de algo, é para o filósofo 
um conceito racional.
04) O indivíduo, que é filho de seu tempo, do ponto 
de vista filosófico, pensa os seus problemas a partir 
de seu momento histórico.
08) Os conceitos filosóficos, por serem determinados 
historicamente, estão restritos ao seu tempo e à sua 
época, não sendo, pois, universais.
16) A reflexão filosófica está intimamente ligada ao 
seu momento histórico, visto que leva esse mundo ao 
plano do conceito.
2. (UEM) “A filosofia de Hegel constitui, assim, exemplo 
de um grandioso e radical investimento especulativo, 
qualificado como ideia de liberdade. Ao mesmo tempo 
em que tem a pretensão de analisar a liberdade segundo 
um modo conceitual (lógico-ontológico), quer, também, 
compreendê-la como uma forma histórica de sua mani-
festação. Ou, dito de outro modo, sem abandonar o seu 
caráter autorreferencial (subjetivo), o filósofo pretende 
efetivá-la na sua necessária forma institucional (objeti-
va). (...) Se a liberdade subjetiva não alcançar essa dimen-
são e se circunscrever no âmbito dos interesses e desejos 
particulares dos indivíduos nas suas relações privadas, o 
próprio princípio da liberdade se vê ameaçado.”
Marçal, J. (org.). antologia de teXtos FilosóFicos. 
curitiba: seed-pr, 2009. p. 309.
Com base na citação anterior, assinale o que for correto.
01) O livre arbítrio constitui uma ameaça para a rea-
lização da liberdade.
02) A liberdade deve ser pensada em dois planos dis-
tintos: o primeiro, autorreferencial ou subjetivo, e o 
segundo, institucional ou objetivo.
04) A efetividade do Estado e das instituições sociais 
constitui um obstáculo para os desejos particulares 
dos indivíduos.
08) O exercício da liberdade é característico de um 
processo historicamente definido.
16) A liberdade é uma síntese da religião com o au-
toconhecimento.
3. (UEM) “Marx e Hegel têm em comum a crítica à 
exacerbação do individualismo egoísta moderno, bem 
como das suas consequências, porém discordam quanto 
às possibilidades de solução da questão. Um dos ele-
mentos fundamentais desse debate é a questão da so-
berania política.”
Marçal, J. (org.). antologia de teXtos FilosóFicos. 
curitiba: seed-pr, 2009, p. 466.
Sobre as relações entre indivíduo e Estado, assinale o 
que for correto.
01) Karl Marx considera que a emancipação humana re-
alizar-se-á na sociedade comunista, pois, nessa socieda-
de, o indivíduo não será mais submetido a um Estado e à 
divisão social do trabalho, podendo, dessa forma, passar 
do reino da necessidade ao reino da liberdade.
02) Para Karl Marx, a liberdade do indivíduo, como 
concebida pelo Estado burguês, não passa de um for-
malismo jurídico; é uma ficção da lei, pois o indivíduo 
só pode ser livre quando a esfera da produção estiver 
sujeita ao controle daqueles que produzem.
04) Para Hegel, o Estado deveria ser substituído pela 
sociedade civil, pois essa pode representar os interes-
ses coletivos e é capaz de garantir os interesses de 
cada indivíduo.
08) Hegel critica as teorias políticas contratualistas, segun-
do as quais os indivíduos isolados abandonam o estado 
de natureza para se reunirem em sociedade, por meio de 
um pacto, a fim de formar artificialmente o Estado e ga-
rantir a liberdade individual e a propriedade privada.
16) A filosofia política de Karl Marx fundamenta-se 
numa nova antropologia, segundo a qual a nature-
za humana varia historicamente, pois o indivíduo se 
produz à medida que transforma a natureza pelo tra-
balho dentro de certas relações sociais de produção.
4. (UEG) Para Hegel, a razão é a relação interna e ne-
cessária entre as leis do pensamento e as leis do real. 
Assim, ela é a unidade entre a razão subjetiva e a razão 
objetiva. Hegel denominou essa unidade de espírito ab-
soluto. Dessa forma, um evento real pode expressar e 
ser resultado das ideias que o precedem. Um exemplo 
da objetivação dessas ideias é o seguinte evento:
a) A subida de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, 
representando os ideais sionistas germânicos.
b) A queda de Dom Pedro I do trono brasileiro, repre-
sentando a crise do sistema colonial português.
c) A ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, re-
presentando o ideal iluminista de igualdade social.
d) A coroação de Dom Pedro II no trono brasileiro, 
representando a vitória dos ideais puritanos de moral.
5. (UEM) Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o 
kantismo. Endereçou a todos a mesma crítica, a de não 
terem compreendido o que há de mais fundamental e 
essencial à razão: o fato de ela ser histórica. Com base 
nessa afirmação, assinale o que for correto.
01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel consi-
dera a razão como sendo relativa, isto é, não possui 
um caráter universal e não pode alcançar a verdade.
102
02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a ra-
zão e a realidade. Submetida às circunstâncias dos 
eventos históricos, a razão está condenada ao ceticis-
mo, isto é, “ao duvidar sempre”.
04) A identificação entre razão e história conduz 
Hegel a desenvolver uma concepção materialista da 
história e da realidade, negando entre ambas a possi-
bilidade de uma relação dialética.
08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais 
um modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do 
real e do pensamento. O mundo é a manifestação da 
ideia, o real é racional, e o racional é o real.
16) Karl Marx, ao afirmar, na ideologia alemã, que 
não é a história que anda com as pernas das ideias, 
mas as ideias é que andam com as pernas da história, 
critica, ao mesmo tempo, o idealismo e a concepção 
da história de Hegel e dos neo-hegelianos.
6. (UEM) Segundo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a rea-
lidade é a manifestação do espírito infinito ou absoluto, 
que é necessariamente histórico, dialético e realizador 
da unidade entre pensamento e mundo. Sobre a ma-
nifestação do espírito na arte, segundo a filosofia de 
Hegel, assinale o que for correto.01) A arte, para Hegel, é a manifestação sensível do 
espírito, isto é, a primeira forma de expressão do ab-
soluto, sucedida pela religião e pela filosofia.
02) Entre as obras de arte, a poesia é a mais espiritual 
de todas, segundo Hegel, pois a matéria que utiliza é 
a linguagem.
04) Para Hegel, a arte sempre renasceu e renascerá 
eternamente, pois seu conteúdo histórico deve ser 
atualizado ao longo do tempo.
08) A arte sacra (música-coral, arquitetura gótica, es-
culturas e afrescos) é, segundo Hegel, uma forma de 
arte perfeita, pois a religião é a base do artista.
16) De acordo com o processo de autoconsciência do 
espírito, Hegel classifica a arte em três momentos ou 
formas: simbólica, clássica e romântica.
7. (Unicentro) Analise as assertivas e assinale a alter-
nativa que aponta a(s) correta(s). Em seu livro História 
da Filosofia, Hegel (1770-1831) declara que a filosofia 
moderna pode ser considerada o nascimento da filoso-
fia propriamente dita, porque nela, segundo Hegel, pela 
primeira vez, os filósofos afirmam que:
I. a filosofia é independente e não se submete a nenhuma 
autoridade que não seja a própria razão como faculdade 
plena de conhecimento. Isto é, os modernos são os primei-
ros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode 
nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças 
a seu próprio esforço. Só a razão conhece e somente ela 
pode julgar a si mesma.
II. a filosofia moderna realiza a primeira descoberta da 
subjetividade propriamente dita porque nela o primeiro ato 
do conhecimento, do qual dependerão todos os outros, é a 
reflexão e consciência de si reflexiva.
III. a filosofia moderna é a primeira a reconhecer que, sen-
do todos os seres humanos seres conscientes e racionais, 
todos têm igualmente o direito ao pensamento e a ver-
dade. Segundo Hegel, essa afirmação do direito ao pen-
samento, unida à ideia da recusa de toda censura sobre 
o pensamento e palavra, seria a realização filosófica do 
princípio da individualidade como subjetividade livre que 
se relaciona livremente com a verdade.
IV. a filosofia moderna está tão intimamente vinculada aos 
fundamentos da práxis humana que a ação não pode ser 
ignorada na determinação de seus critérios filosóficos. Para 
Hegel, os modernos foram os primeiros a entender que 
esta prática, no entanto, não deve ser considerada apenas 
no sentido restrito da conduta pessoal, mas na acepção 
mais abrangente de experiência humana em seus vários 
aspectos, desde histórico até o nível psicológico.
Considerando as afirmações acima:
a) apenas I, III e IV são corretas.
b) apenas I, II e III são corretas.
c) apenas I é correta.
d) apenas II, III e IV são corretas.
e) apenas IV é correta.
8. (Unicentro) Relacione os fragmentos e argumentos 
abaixo identificando-os com o pensamento político de 
seu respectivo autor.
I. Na obra Filosofia do Direito, em que são desenvolvidas 
as teorias sobre o Estado, encontramos uma crítica à tra-
dição jurisnaturalista típica dos filósofos contratualistas. Ao 
contrário destas teorias, a obra em questão nega a ante-
rioridade dos indivíduos na formação da sociedade, pois é 
o Estado que fundamenta a sociedade, ou seja, não existe 
o homem em estado de natureza, pois o homem é sempre 
um indivíduo social.
cF. aranha; Martins. FilosoFando: introdução à 
FilosoFia. 2. ed. são paulo: Moderna, 1993, p. 234.
II. É verdade que nas democracias o povo parece fazer o 
que quer, mas a liberdade política não consiste nisso. Num 
Estado, isto é, numa sociedade em que há leis, a liberdade 
não pode consistir senão em poder fazer o que se deve 
querer não ser constrangido a fazer o que não se deve de-
sejar. Deve-se ter sempre em mente o que é independência 
e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo 
o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo 
o que elas proíbem não teria mais liberdade, porque os 
outros também teriam tal poder.
FragMento retirado da obra: do espírito das 
leis. são paulo: diFel, 1962, p. 179.
III. A ideia central da obra Segundo tratado sobre o go-
verno gira em torno do conceito de propriedade privada. 
Inicialmente, este conceito é usado num sentido muito 
103
amplo, indicando tudo o que pertence a cada indivíduo, 
isto é, seu corpo, suas capacidades, seu trabalho, seus 
bens, sua vida e liberdade. Segundo essa concepção, to-
dos são proprietários, mesmo quem não possui bens, pois 
todos são proprietários de sua vida, de seu corpo, de seu 
trabalho. Nessa obra, aparece a distinção entre o público 
e o privado, que devem ser regidos por leis diferentes, de 
tal modo que o Estado não deve intervir, mas sim garantir 
e tutelar o livre exercício da propriedade.
cF. aranha; Martins. FilosoFando: introdução à 
FilosoFia. 2. ed. são paulo: Moderna, 1993, p. 219.
IV. Nas minhas pesquisas cheguei à conclusão de que as 
relações jurídicas – assim como as formas de Estado – não 
podem ser compreendidas por si mesmas, nem pela dita 
evolução geral do espírito humano (...). A conclusão geral 
a que cheguei (...) pode formular-se resumidamente assim: 
na produção social de sua existência, os homens estabele-
cem relações determinadas, necessárias, independentes da 
sua vontade, relações de produção que correspondem a 
um determinado grau de desenvolvimento das forças pro-
dutivas materiais. (...) O modo de produção da vida mate-
rial condiciona o desenvolvimento da vida social, política e 
intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que 
determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, 
determina sua consciência.
FragMento retirado da obra: contribuição à crítica da econoMia 
política. são paulo: Martins Fontes, 1977, p. 23.
Os fragmentos e argumentos acima correspondem ao 
pensamento político de quais filósofos? Preencha os 
parênteses com o número do argumento ou fragmento 
que lhe é correspondente.
( ) Karl Marx
( ) Friedrich Hegel
( ) John Locke
( ) Montesquieu
Assinale a alternativa correta.
a) I, II, III e IV.
b) II, III, I e IV.
c) IV, III, II e I.
d) III, I, IV e II.
e) IV, I, III e II.
9. (UFU) Hegel, em seus cursos universitários de Filoso-
fia da História, fez a seguinte afirmação sobre a relação 
entre a filosofia e a história: “O único pensamento que 
a filosofia aporta é a contemplação da história”.
hegel, g.W.F. FilosoFia da história. 2. ed. 
brasília: editora da unb, 1998, p. 17.
De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar 
que:
I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal 
é um processo racional.
II. a ação dos homens obedece a vontade divina que pre-
estabelece o curso da história.
III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao 
real existente.
IV. a ideia ou a razão se originam da força material de 
produção e reprodução da história.
Assinale a alternativa que contém somente assertivas 
corretas.
a) III e IV.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
10. (UFU) Segundo Hegel, “Na história universal só se 
pode falar dos povos que formam um Estado. É preciso 
saber que tal Estado é a realização da liberdade, isto 
é, da finalidade absoluta, que ele existe por si mes-
mo: além disso, deve-se saber que todo valor que o 
homem possui, toda realidade espiritual, ele só o tem 
mediante o Estado”.
hegel. FilosoFia da história. 2. ed. brasília: 
editora da unb. 1998. p. 39-40.
A interpretação do trecho citado permite afirmar que:
a) o Estado é realidade espiritual, que ao mesmo tempo 
é a garantia dos valores humanos, sendo a liberdade a 
realização suprema da existência humana, pois ela é 
a síntese da vontade universal e da vontade subjetiva.
b) o Estado resulta da ação abstrata produzida por 
uma força divina absoluta e superior às vontades hu-
manas que a ela se submetem.
c) o Estado é a limitação da liberdade, que é cerceada 
para que o Estado se coloque acima e à frente dos 
cidadãos no curso da história.
d) o Estado é a recondução do indivíduo e da espécie 
às condições naturais de existência, únicas capazes 
de garantir a liberdade como valor absoluto.
gabarito1-(01 + 02 + 04 + 16 = 23); 2-(02 + 08 = 10);
3-(01 + 02 + 08 + 16 = 27); 4-C; 5-(08 + 16 = 24);
6-(01 + 02 + 16 = 19); 7-B; 8-E; 9-D; 10-A
104
 utIlItarIstasAULA
16
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
O utilitarismo é considerado como uma doutrina que afirma 
que as ações são boas quando tendem a promover a felici-
dade, ao passo que também podem produzir ações negati-
vas quando não propiciar a felicidade.
Utilitarismo na Unesp
Bentham e Mill: esses são os nomes que você 
deve conhecer bem para entender melhor o 
liberalismo. O utilitarismo concilia a moral e a 
política para dar um novo sentido ao século 
XIX: a produtividade.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1. jeremy bentham (1748-1832)
O filósofo inglês Bentham salientava que a natureza huma-
na era governada por dois elementos soberanos – prazer 
e dor –, num movimento constante de busca pelo prazer e 
de fuga da dor.
O pensador promulgou o princípio da utilidade como pa-
drão de ação correta por parte dos indivíduos e pelo Es-
tado, de modo que essas ações ganham uma validade/
aprovação, quando desencadeiam a felicidade, enquanto 
outras ações são inválidas/reprovadas, quando causam a 
infelicidade ou a própria dor.
As características de sua filosofia são:
 § maior princípio de felicidade: promove a felicidade em 
geral, sendo o princípio que aprova ou desaprova a ação;
 § o egoísmo universal: prevalece o pensar numa ação vol-
tada para o coletivo, seguindo uma lógica utilitarista;
 § identificação artificial dos interesses de alguém: diante 
desta característica, o indivíduo entenderá o outro como 
relevante na sociedade, ou seja, os interesses de um é o 
mesmo de todos.
Segundo a filosofia de Bentham, o princípio da utilidade 
é algo que não admite provas diretas, não sendo neces-
sariamente um problema, pois alguns princípios explica-
tivos devem começar em algum lugar, tendo como base 
a observação.
Esse pensamento utilitarista apresenta vantagens numa 
filosofia moral, pois permite que as decisões sejam discuti-
das por todos, com o mesmo interesse coletivo, o interesse 
do bem, visando à felicidade. Aqui, notamos uma orienta-
ção de que todos os sujeitos da sociedade são relevantes e 
iguais na construção de um bem coletivo. Com isso, a filo-
sofia moral, ou a ética, pode ser descrita como uma orien-
tação que dirige a ação do homem para maior quantidade 
possível de felicidade.
105
A liberdade, para o filósofo, consistia na ausência da restri-
ção, podendo ter uma liberdade plena, sem o impedimen-
to dos outros, sendo que essa liberdade não é “natural” 
(no sentido de existir antes da vida social), pois as pessoas 
sempre viveram em sociedades, isto é, essa liberdade surge 
com o próprio sujeito.
A utilização das leis arbitrárias se torna negativa porque, 
por natureza, restringe a liberdade do sujeito, sendo, na 
sua essência, prejudicial ao indivíduo. Entretanto, a lei é 
necessária para orientar a ordem social, e as boas leis se-
rão essenciais. Isso ocorre quando o controle pelo Estado 
é limitado, deixando o indivíduo livre, pois o protegerá de 
qualquer dano em sua liberdade e na própria liberdade co-
letiva. Isso dá uma utilidade positiva, pois expressa a von-
tade do soberano, que o próprio grupo social.
1.1. Pensamento contra a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão
Bentham foi contrário às declarações do ideal contratua-
lista da Revolução Francesa – ao firmar um pacto de di-
reitos, limitando valores morais e éticos, priva o indivíduo 
de viver a vida na sua totalidade, pois não há escolha 
consciente e coletiva.
Advogado do Diabo
Estados Unidos, 1997
Nesse filme, um jovem e brilhante advoga-
do enfrenta o dilema entre o sucesso na sua 
carreira profissional e valores humanos, em 
especial a honestidade.
multimídia: vídeo
2. john stuart mill 
(1806-1873)
O filósofo inglês Stuart Mill foi seguidor de Bentham, em-
bora discordasse de algumas de suas afirmações.
Para Mill, os prazeres possuem um quadro de satisfação, 
como numa escala de valores. Por exemplo, o prazer intelec-
tual é de um tipo melhor que os prazeres que são sensuais 
ou instintivos. Essa condição é direcionada indutivamente, 
pois Mill questiona: “quem preferiria ser um jabuti feliz, vi-
vendo uma vida extremamente longa, do que ser uma pes-
soa vivendo numa vida normal?”.
A contribuição de Mill para o utilitarismo está mais na for-
ma do que no conteúdo.
Liberdade de expressão, uma conversa sobre 
Stuart Mill
Os filósofos Paulo Ghiraldelli e Francielle 
Chies conversam sobre o tema “liberdade de 
expressão”, da obra Liberdade, de Stuart Mill.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
2.1. O princípio do dano
O princípio do dano assegura que cada indivíduo tem o di-
reito de agir como quiser, desde que suas ações não prejudi-
quem as outras pessoas. Se a ação afeta diretamente apenas 
a pessoa que a está realizando, então a sociedade não tem 
o direito de intervir. Entretanto, Mill argumenta que os indi-
víduos são prevenidos de fazer algo ruim para eles mesmo 
princípio do dano, pois ninguém vive isolado e, feito dano a 
si mesmo, os outros serão, também, prejudicados.
2.2. A liberdade do indivíduo
A liberdade de expressão, oral e escrita, é proeminente 
entre as condições de um bom governo. Só que essa liber-
dade, num governo popular, baseado no voto, não garante 
106
a liberdade, pois um governo baseado na vontade popular 
pode exercer a tirania. Assim, as restrições impostas ao in-
divíduo, seja pela lei ou pela opinião, deveriam ser basea-
das num princípio coletivo.
A liberdade é um bem em si mesmo como num meio para 
a felicidade e o progresso.
Menino do Engenho
José Lins do Rego. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 2010.
Trata-se do romance apresentado no início do 
capítulo, que traz uma série de questões que po-
dem ser debatidas a partir da ética e da moral.
multimídia: livro
2.3. A crítica
O pensamento de Mill sofre uma crítica porque, em seu zelo 
pela liberdade e em sua oposição à extensão da interferência 
do Estado, ele deu pouca importância à justiça e ao bem-es-
tar, elementos que podem comprometer a liberdade.
Stuart Mill viu com entusiasmo o surgimento do socia-
lismo e acreditou que o mesmo seria vitorioso contra o 
sistema da propriedade.
Embora Bentham e Mill partam de um entendimento se-
melhante em relação ao conceito de utilidade, o utilitaris-
mo de Bentham enfatiza a moralidade da ação, enquanto 
o de Mill busca entender em que consistiria a avaliação 
moral da ação e a moralidade das próprias normas.
Gattaca, a experiência genética
Estados Unidos, 1997
Filme de ficção científica ambientado no fu-
turo, que apresenta uma situação bastante 
interessante: a personagem principal viola 
as principais regras morais da sociedade na 
qual vive, mas, apesar disso, suas ações são 
legítimas, do ponto de vista ético.
multimídia: vídeo
Sob o título de Salários vamos considerar, primeiramen-
te, as causas que determinam ou alteram os salários da 
mão de obra em geral, e, em segundo lugar, as diferen-
ças existentes entre os salários das diferentes ocupações. 
Convém ter em mente essas duas classes distintas de 
considerações e, ao discutir a lei salarial, proceder, em 
primeiro lugar, como se não houvesse outro tipo de mão 
de obra senão a mão de obra comum não qualificada 
para trabalho medianamente duro e desagradável. Os 
salários, assim como outros elementos, podem ser regu-
lados tanto pela concorrência como pelo costume. Nesse 
país há poucos tipos de mão-de-obra cuja remuneração 
não seria mais baixa do que é se o empregador tirasse 
toda vantagem possível da concorrência.
A concorrência, no entanto, deve ser considerada, no es-
tágio atual da sociedade, como o principal regulador dos 
salários, e o costume ou caráter individual, apenas como 
uma circunstância modificadora, e isso em um grau relati-
vamente baixo. Por conseguinte, os salários dependem so-
bretudo da procura e da oferta de mão de obra; ou então,como se diz com frequência, da proporção existente entre 
a população e o capital. Por população entende-se aqui 
somente o número de trabalhadores, ou melhor, daqueles 
que trabalham como assalariados; e por capital, somente 
o capital circulante, e nem sequer este em sua totalida-
de, senão apenas a parte gasta no pagamento direto de 
mão de obra. A isso, porém, devem-se acrescentar todos 
os fundos que, sem serem capital, são pagos em troca de 
trabalho tais como os vencimentos de soldados, criados 
domésticos e todos os outros trabalhadores improdutivos.
Infelizmente, não há maneira de expressar com um único 
termo comum o conjunto daquilo que se tem denomina-
do o fundo salarial de um país; e já que os salários da 
mão de obra produtiva constituem quase a totalidade 
desse fundo, costuma-se passar por cima da parte menor 
107
e menos importante, e dizer que os salários dependem da 
população e do capital. Será conveniente empregar essa 
expressão, mas lembrando-se de considerá-la como elíp-
tica, e não uma afirmação literal da verdade integral. Res-
salvadas essas limitações inerentes aos termos, os salários 
não somente dependem do montante relativo do capital e 
da população, senão que, sob o domínio da concorrência, 
não podem ser afetados por nenhuma outra coisa.
Os salários (naturalmente, no sentido de taxa geral dos 
salários) não podem aumentar a não ser em razão de 
um aumento do conjunto de fundos empregados para 
contratar trabalhadores ou em razão de uma diminui-
ção do número daqueles que competem por emprego; 
tampouco podem baixar, a não ser porque diminuem os 
fundos destinados a pagar mão de obra ou porque au-
menta o número de trabalhadores a serem pagos.
stuart Mill
princípios de econoMia política. são paulo: abril, 1996, p. 395-396.
Filosofia política: o utilitarismo
Curso Livre de Humanidades, com o professor 
Luis Alberto Peluso, da PUC-Campinas
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
108
DIAGRAMA DE IDEIAS
UTILITARISTA
AS AÇÕES 
SÃO BOAS, POIS 
PROMOVEM A 
FELICIDADE
TODOS TEM O 
DIREITO DE AGIR SEM 
PROVOCAR DANOS 
AS OUTRAS PESSOAS
STUART MILL
PRINCÍPIO 
DO DANO
OS PRAZERES 
DO HOMEM TEM 
UM QUADRO DE 
SATISFAÇÕES
BENTHAM
O SER HUMANO 
BUSCA O PRAZER
PROCURA 
EVITAR A DOR
PARA O BEM 
COMUM
109
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Enem PPL) O povo que exerce o poder não é sempre 
o mesmo povo sobre quem o poder é exercido, e o fala-
do self-government [autogoverno] não é o governo de 
cada qual por si mesmo, mas o de cada qual por todo 
o resto. Ademais, a vontade do povo significa pratica-
mente a vontade da mais numerosa e ativa parte do 
povo – a maioria, ou aqueles que logram êxito em se 
fazerem aceitar como a maioria.
Mill, John stuart. sobre a liberdade. 
petrópolis: VoZes, 1991 (adaptado).
No que tange à participação popular no governo, a ori-
gem da preocupação enunciada no texto encontra-se na:
a) conquista do sufrágio universal.
b) criação do regime parlamentarista.
c) institucionalização do voto feminino.
d) decadência das monarquias hereditárias.
e) consolidação da democracia representativa.
2. (Unesp) Tradição de pensamento ético fundada pelos 
ingleses Jeremy Bhentam e John Stuart Mill, o utilitarismo 
almeja muito simplesmente o bem comum, procurando 
eficiência: servirá aos propósitos morais a decisão que 
diminuir o sofrimento ou aumentar a felicidade geral da 
sociedade. No caso da situação dos povos nativos brasi-
leiros, já se destinou às reservas indígenas uma extensão 
de terra equivalente a 13% do território nacional, quase 
o dobro do espaço destinado à agricultura, de 7%. Mas a 
mortalidade infantil entre a população indígena é o dobro 
da média nacional e, em algumas etnias, 90% dos inte-
grantes dependem de cestas básicas para sobreviver. Este 
é um ponto em que o cômputo utilitarista de prejuízos 
e benefícios viria a calhar: a felicidade dos índios não é 
proporcional à extensão de terra que lhes é dado ocupar.
VeJa, 25 out. 2013 (adaptado).
A aplicação sugerida da ética utilitarista para a popula-
ção indígena brasileira é baseada em
a) uma ética de fundamentos universalistas que de-
precia fatores conjunturais e históricos.
b) critérios pragmáticos fundamentados em uma rela-
ção entre custos e benefícios.
c) princípios de natureza teológica que reconhecem o 
direito inalienável do respeito à vida humana.
d) uma análise dialética das condições econômicas 
geradoras de desigualdades sociais.
e) critérios antropológicos que enfatizam o respeito 
absoluto às diferenças de natureza étnica.
3. (Unioeste) Segundo John Stuart Mill, a autoridade da 
sociedade sobre o indivíduo deveria ser claramente limi-
tada. Visando estabelecer o justo limite da soberania do 
indivíduo sobre si mesmo, ele afirma que “(...) o único 
objetivo a favor do qual se possa exercer legitimamente 
pressão sobre qualquer membro de uma comunidade 
civilizada, contra a vontade dele, consiste em prevenir 
danos a terceiros. Não basta que se leve em conta o pró-
prio bem, físico ou moral, da pessoa”.
Mill, John stuart. da liberdade. são paulo: ibrasa, 1963.
Este princípio, muito caro ao liberalismo político ra-
dical, ficou conhecido como “princípio da liberdade”. 
Com base na leitura do enunciado de Mill, escolha a 
alternativa correta.
a) Os indivíduos têm total liberdade de ação e a socieda-
de jamais pode legitimamente reprimi-los, mesmo quan-
do suas ações venham a provocar danos aos demais.
b) A vontade do indivíduo é soberana, mas a sociedade 
tem o direito legítimo de reprimir os vícios e os compor-
tamentos autodestrutivos por parte de seus membros.
c) Os indivíduos movidos por seus interesses pessoais 
agem de forma egoísta e a sociedade tem o direito 
legítimo de regular suas ações em função dos valores 
estabelecidos pelos bons costumes.
d) Os indivíduos têm o direito de fazer suas escolhas 
pessoais, mesmo quando estas colidem com a visão de 
mundo dominante e a sociedade só pode coibir tais es-
colhas quando estas provocarem danos a terceiros.
e) A salvaguarda do bem-estar físico ou moral do in-
divíduo é o fundamento para que o poder possa ser 
legitimamente exercido sobre qualquer membro de 
uma sociedade civilizada, mesmo contra a sua vontade.
4. (UEM) Entre o final do século XVII e o final do século 
XIX, desenvolvem-se duas grandes concepções refe-
rentes à organização social e à ordem política, isto é, 
o liberalismo e o socialismo. Essas duas doutrinas di-
ferenciam-se tanto pelos princípios que fundamentam 
a organização social e a ordem política, quanto por 
pretenderem atender aos interesses de classes sociais 
divergentes. Assinale o que for correto.
01) Ao formular a teoria da propriedade privada 
como direito natural, o filósofo inglês John Locke es-
tabeleceu um dos princípios que fundamentaram a 
organização social e a ordem política do liberalismo.
02) A revolta da Comuna de Paris, em 1871, foi uma 
insurreição dos liberais contra o Estado que, ao de-
cretar leis para regulamentar o mercado, infringia o 
princípio do “deixai fazer, deixai passar”, ou seja, da 
não intervenção do Estado na economia.
04) Karl Marx e Friedrich Engels ficaram conhecidos 
como representantes do socialismo científico. Eles criti-
caram os socialistas utópicos, tais como Charles Fourier e 
Robert Owen, que acreditavam ser possível mudar a rea-
lidade social de maneira idealista e voluntarista, criando 
comunidades-modelo.
08) John Stuart Mill foi um dos poucos liberais que criti-
cou as desigualdades sociais e políticas, a ponto de de-
fender o sufrágio universal contra o voto censitário e ser 
um dos pioneiros na defesa da emancipação da mulher.
16) Karl Marx e Friedrich Engels criticaram a democracia 
burguesa fundada no liberalismo, que, para eles, dissi-
mulava o poder político do capitalista proprietário dos 
meios de produção e legitimava o domínio sobre o ope-
rariado expropriado.
110
5. (UEL) Leia o trecho a seguir.
O objeto deste ensaio é defender [que] o único propósito 
com o qual se legitima o exercício do podersobre algum 
membro de uma comunidade civilizada contra a sua von-
tade é impedir dano a outrem.
Mill, John stuart. sobre a liberdade [1859]. petrópolis: VoZes, 1991.
O trecho expressa:
a) o argumento jusnaturalista, encontrado também em 
autores como Thomas Hobbes, para a criação do contra-
to social que fundaria as bases de um Estado soberano.
b) a visão fascista, na qual o Estado surge como solu-
ção para os conflitos e problemas existentes no inte-
rior da sociedade civil.
c) a análise influenciada por Marx e Engels, na medi-
da em que se baseia nas classes sociais para identifi-
car o raio de ação dos indivíduos na sociedade.
d) o ideário positivista do século XIX, no qual há uma forte 
crítica à visão utilitarista da moral e da vida em sociedade.
e) uma preocupação característica do liberalismo do 
século XIX, que buscava pensar os limites da ação do 
Estado em relação à vida particular dos indivíduos.
6. (Enem) O edifício é circular. Os apartamentos dos 
prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode cha-
má-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor 
ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser, de alo-
jamento do inspetor. A moral reformada; a saúde pre-
servada; a indústria revigorada; a instrução difundida; 
os encargos públicos aliviados; a economia assentada, 
como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei so-
bre os Pobres não cortado, mas desfeito – tudo por uma 
simples ideia de arquitetura!
benthaM, JereMY. o panóptico. belo horiZonte: autÊntica, 2008.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóp-
tico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas 
sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente 
por mecanismos
a) religiosos, que se constituem como um olho divino 
controlador que tudo vê.
b) ideológicos, que estabelecem limites pela aliena-
ção, impedindo a visão da dominação sofrida.
c) repressivos, que perpetuam as relações de domina-
ção entre os homens por meio da tortura física.
d) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo 
por meio do olhar como instrumento de controle.
e) consensuais, que pactuam acordos com base na 
compreensão dos benefícios gerais de se ter as pró-
prias ações controladas.
7. (Unioeste) O utilitarismo é um tipo de teoria teleoló-
gica (de telos que, em grego, significa “fim”) ou conse-
quencialista porque sustenta que a qualidade de um ato/
regra de ação é função das consequências produzidas 
pelo ato/regra em questão. O utilitarismo de atos estatui 
que uma ação é correta se sua realização dá origem a 
estados de coisas pelo menos tão bons quanto aqueles 
que teriam resultados de cursos alternativos de ação. O 
utilitarismo de regras ensina que são corretas as ações 
que se conformam a regras de cuja observância geral re-
sulta um estado de coisas pelo menos tão bom quanto o 
resultante de regras alternativas. (...). Para o consequen-
cialismo, o bem é logicamente anterior ao correto, no 
sentido de que nenhum critério de correção pode ser es-
tabelecido antes que uma concepção de bem tenha sido 
delineada. (...) Para o utilitarismo, o bem é a utilidade (...)
(M.c.M. de carValho)
Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:
I. Na concepção moral utilitarista, é necessário, nos juízos 
morais, levar em consideração as consequências resultan-
tes das ações praticadas.
II. Para o utilitarismo de regras, são consideradas boas as 
ações conforme a regras cuja observância resulta num es-
tado de coisas tão bom, ou melhor, do que o estado de 
coisas resultante de regras alternativas.
III. Na concepção ética utilitarista, o princípio fundamental 
é o princípio da utilidade.
IV. Na concepção ética utilitarista, nenhum critério de cor-
reção no agir moral pode ser estabelecido com base numa 
determinada concepção de bem.
V. Há, em termos morais, apenas, uma única concepção utili-
tarista, por esta ser uma concepção moral deontológica.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e IV estão corretas.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas IV e V estão incorretas.
d) Apenas III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão incorretas.
8. (Ifam) O filósofo liberal John Stuart Mill, um dos princi-
pais expoentes do utilitarismo, colocou a liberdade como 
a “pedra de toque” de sua teoria política. Esta se baseia 
no princípio de que:
a) os interesses da maioria não podem ser conciliados 
com os da minoria, já que no sistema democrático 
esta é governada por aquela.
b) a esfera da liberdade individual deve ser ampliada, 
em nome do interesse próprio, a despeito de causar 
danos à sociedade como um todo.
c) a liberdade se restringe ao direito do indivíduo de 
participar como cidadão dos negócios públicos (do 
Estado), através da elaboração da lei.
d) o governo deve visar à felicidade para um número 
cada vez maior de pessoas.
e) a liberdade, entendida como a não interferência do 
Estado na esfera privada, é inconciliável com a igual-
dade entre os indivíduos na esfera pública.
9.(IFG) Na contramão das previsões que anunciaram a 
morte da filosofia moral utilitarista, essa doutrina con-
tinua sendo um tema privilegiado no campo de estudos 
111
sobre a ética. A que se deve atribuir a vitalidade atual 
dos estudos sobre o utilitarismo?
a) É possível afirmar que, se o utilitarismo continua 
fecundando a reflexão ética em nossos dias, é porque, 
à luz dessa doutrina, os direitos têm prioridade sobre 
o bem. Por isso, na “era dos direitos”, para falar com 
Norberto Bobbio, é compreensível que as éticas dos 
direitos busquem inspiração no utilitarismo.
b) Os utilitaristas chegaram a um consenso na inter-
pretação do conceito de utilidade. Um conceito que 
privilegia o interesse individual em detrimento do 
interesse geral e que leva a sério a pessoa humana.
c) Não se pode ignorar que justiça e equidade estão 
suficientemente asseguradas na teoria utilitarista. 
Daí a importância que essa teoria adquire no cenário 
atual. O utilitarismo não admite que minorias sejam 
oprimidas e direitos humanos violados.
d) Qualquer sistema ético deve promover o bem-estar 
e preocupar-se com a minimização do sofrimento. Daí 
a pertinência do utilitarismo, uma doutrina sensível às 
preocupações distributivas, que não opõe princípio de 
utilidade e princípio de equidade.
e) O utilitarismo é um modelo ético desafiante que nos 
leva a pensar sobre importantes questões da ética nor-
mativa, da metaética e da teoria da ação. A doutrina 
tem o mérito de considerar e ao mesmo tempo avaliar a 
importância das consequências da ação humana, como 
também de colocar em primeiro plano a satisfação das 
necessidades e dos interesses humanos da maioria.
10. (Enem) A moralidade, Bentham exortava, não é 
uma questão de agradar a Deus, muito menos de fi-
delidade a regras abstratas. A moralidade é a tentati-
va de criar a maior quantidade de felicidade possível 
neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos, por-
tanto, perguntar qual curso de conduta promoveria a 
maior quantidade de felicidade para todos aqueles 
que serão afetados.
rachels, J. os eleMentos da FilosoFia Moral. 
barueri-sp: Manole, 2006.
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em con-
formidade com uma
a) fundamentação científica de viés positivista.
b) convenção social de orientação normativa.
c) transgressão comportamental religiosa.
d) racionalidade de caráter pragmático.
e) inclinação de natureza passional.
11. (UFMG) Leia estes dois trechos:
Trecho 1
Em todas as épocas do pensamento, um dos mais for-
tes obstáculos à aceitação da utilidade ou da felicidade 
como critério do certo e do errado tem sido extraído da 
ideia de justiça.
Mill, John stuart. o utilitarisMo. são paulo: 
iluMinuras, 2000. cap. V, p. 69.
Trecho 2
A justiça segue sendo o nome adequado para certas utili-
dades sociais que são muito mais importantes e, portanto, 
mais absolutas e imperativas do que quaisquer outras con-
sideradas como classe (embora não mais do que outras 
possam sê-lo em casos particulares). Elas devem, por isso, 
ser protegidas, como de fato naturalmenteo são, por um 
sentimento diferente não só em grau mas em qualidade, 
distinto, tanto pela natureza mais definida de seus dita-
mes como pelo caráter mais severo de suas sanções, do 
sentimento mais moderado que se liga à simples ideia de 
promover o prazer ou a conveniência dos homens.
ibideM, p. 94.
Com base na leitura desses dois trechos e considerando 
outros elementos presentes no capítulo citado da obra 
de Mill, responda:
a) Qual é o obstáculo ao princípio de utilidade que, 
segundo o autor, tem sido extraído da ideia de justiça?
b) Qual é o argumento utilizado pelo autor para en-
frentar esse obstáculo e demonstrar que não há incom-
patibilidade entre as regras da justiça e o princípio da 
maior felicidade?
gabarito
1-E; 2-B; 3-D; 4-(01 + 04 + 08 + 16 = 29); 5-E; 6-D; 7-C; 
8-D; 9-E; 10-D
11.
a) O obstáculo é a ideia de justiça, que é vista como um 
valor superior ao útil ou ao conveniente. Neste caso, a jus-
tiça tem de ser encarada como um senso natural, próprio 
do ser humano.
b) Stuart Mill considera que a noção de justiça é um con-
junto de componentes de ordem emocional, como no caso 
do ser humano defender-se de um mal, e racional, que está 
estritamente fundamentada na ideia de justiça que acarre-
ta aos seres humanos sentimentos mais intensos, como a 
segurança, aspectos dos mais desejáveis.
112
 MaterIalIsMo FIlosóFIcoAULA
17
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
Tendo como uma recusa do idealismo de Hegel, emergiu 
o materialismo, uma visão material da realidade. Entre os 
contestadores, o pensador que teve maior destaque foi o 
alemão Ludwig Feuerbach.
1. ludWig feuerbach (1804-1872)
O pensamento do filósofo alemão Feuerbach se caracteriza 
pelo materialismo, ateísmo e humanismo. O pensador ata-
ca a ideia de imortalidade e afirmava que, após a morte, o 
ser humano é absorvido pela natureza.
Ele qualificou o idealismo de Hegel como uma “especula-
ção vazia”, pois não trata do ser real, das coisas reais e dos 
homens concretos, sendo um pensamento muito abstrato 
e fora da realidade necessária para o período histórico.
Essa estrutura de pensamento se fez pelo momento histó-
rico em que vivia o filósofo alemão, pois a Europa estava 
passando por uma turbulenta mudança ideológica e de or-
dem prática. Em 1815, surgiu o Congresso de Viena, com o 
objetivo de redesenhar o mapa político do continente, em 
conjunto com uma onda de revoluções de cunho liberal e 
nacionalistas, como as revoluções de 1820 e 1848. Assim, a 
filosofia precisava associar-se com a realidade, precisava sair 
do campo das ideias e ir para o mundo prático.
2. a filosofia materialista
Feuerbach propõe que a filosofia deveria partir do concreto, 
da realidade, de forma que o ser humano precisava ser con-
siderado como um ser natural e social, e não só no campo 
ideológico. Só que, apesar de conter esse caráter mais práti-
co, essa filosofia ainda não atinge completamente as ações 
práticas, sendo uma relação menos abstrata, porém, ainda 
longe da praticidade real.
Sua estrutura filosófica consiste em valorizar o indivíduo 
como elemento criador das ideias, ou seja, o pensamen-
to surge do homem, e não o ser humano que surge do 
pensamento.
O seu interesse filosófico está no processo de formação da 
ideia de Deus no pensamento humano. A religião, para Feuer-
bach, representa o reflexo fantástico da natureza humana. O 
seu pensamento pode ser resumido na máxima “Não é Deus 
quem cria o homem, mas o homem quem criou Deus”.
A essência do cristianismo
Ludwig Feuerbach. São Paulo: Vozes, 2007.
Nesse livro, o autor revela que o verdadeiro 
sentido da teologia é a antropologia, que não 
há diferença entre a essência divina e a hu-
mana, ou o sujeito, e que a diferença que se 
estabelece entre os predicados teológicos e 
antropológicos não tem razão de ser.
multimídia: livro
113
2.1. O elo intermediário
O pensamento de Feuerbach constitui o elo intermediário 
entre a filosofia de Hegel e a de Marx. O materialismo de 
Feuerbach seria um materialismo metafísico, pois, repudian-
do a dialética hegeliana; entretanto, não compreendia a im-
portância da atividade prática revolucionária.
Esse pensamento de Feuerbach influenciou a filosofia de 
Karl Marx e Friedrich Engels, que se utilizou da essência 
fundamental do materialismo transformando-o em uma 
teoria prática denominada materialismo histórico.
A principal qualidade do pensamento de Feuerbach, des-
tacada por Marx e Engels, foi ir contra as instituições po-
líticas existentes na época, com a religião, a teologia e a 
metafísica, sendo um crítico a essas instituições pela força 
da alienação diante dos indivíduos em sociedade, que con-
dicionam de forma negativa os seres.
Entretanto, Marx e Engels se desencantaram com esse mate-
rialismo, pois observaram que a crítica de Feuerbach perante 
a religião não passava de uma simples luta contra frases, não 
tendo uma efetividade concreta, a fim de destruir completa-
mente essa dominação perante o ser humano.
Segundo Marx e Engels, Feuerbach compreende o ho-
mem como máquina, tornando-se incapaz de perceber o 
mundo como processo, como matéria em via de desen-
volvimento histórico.
Clóvis de Barros – Porque o homem criou 
Deus (Feuerbach e Marx)
Nessa palestra, o filósofo Clóvis de Barros 
comenta sobre a criação de Deus, segundo o 
pensamento de Feuerbach e de Marx.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
114
DIAGRAMA DE IDEIAS
MATERIALISMO
FILOSÓFICO
FEUERBACH
A RELIGIÃO DOMINA 
O SER HUMANO
ALIENAÇÃO 
RELIGIOSA
A FILOSOFIA PRECISA 
TRATAR DE FATOS 
CONCRETOS
INFLUENCIARA O 
MATERIALISMO 
HISTÓRICO
É PRECISO 
QUESTIONAR ESSA 
ALIENAÇÃO
MARX
115
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (UEM) Na obra A essência do cristianismo, Feuerbach 
faz uma crítica à religião cristã. Para ele, o homem aliena 
sua essência na religião, pois os seres humanos se esque-
cem de que foram os criadores da divindade e invertem a 
relação quando acreditam que foram criados pelos deu-
ses. Assinale o que for correto.
01) Para Feuerbach, o verdadeiro fundamento do ho-
mem é apenas ele mesmo; assim, o único fundamen-
to absoluto de todo pensamento humano é o homem 
como razão, como vontade, como coração.
02) A teoria da alienação religiosa de Feuerbach ofe-
receu uma contribuição importante à filosofia políti-
ca, particularmente à de Marx.
04) Feuerbach critica a religião, todavia aceita a teo-
logia, pois acredita que ela pode nos conduzir a um 
conhecimento racional da essência de Deus.
08) A crítica de Feuerbach à alienação religiosa levou 
Marx a aderir à filosofia existencialista de Feuerbach.
16) Quando Marx declara que a religião é o ópio do 
povo, ele concorda com Feuerbach que a religião é 
uma alienação; para Marx, a religião amortece a com-
batividade dos oprimidos e dos explorados, porque lhes 
promete uma vida feliz no futuro e no outro mundo.
2. (UFSM) O filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804-
1872) afirmou a tese materialista de que o “homem é 
aquilo que come”. Uma concepção semelhante foi de-
fendida posteriormente por Karl Marx. Qual(is) asser-
ção(ões) a seguir expressa(m) corretamente essa ideia 
materialista no pensamento de Marx?
I. A exploração do trabalhador pelos donos dos meios de 
produção é mantida pela consciência de classe.
II. A classe dominante tem como fim último a tomada do 
poder através da ação do proletariado.
III. As relações econômicas determinam a consciência do 
homem como ser social.
Está(ão) correta(s):
a) apenas III.
b) apenas I e II.
c) apenas II e III.
d) I, II e III.
3. Leia o texto abaixo, de autoria de Karl Marx.
O principal defeito de todo materialismo até aqui (incluído 
o de Feuerbach) consiste em que o objeto, a realidade, a 
sensibilidade, só é apreendido sob a forma de objeto ou de 
percepção, mas não como atividade humana sensível, como 
práxis, não subjetivamente. Eis porque ocorreu que o aspecto 
ativo, em oposição ao materialismo, foi desenvolvido pelo 
idealismo –mas apenas abstratamente, pois o idealismo, 
naturalmente, desconhece a atividade real, sensível, como 
tal. Feuerbach quer objetos sensíveis – realmente distintos 
dos objetos do pensamento, mas não apreende a própria 
atividade humana como atividade objetiva. Por isso, em A 
essência do cristianismo, considera apenas o comportamen-
to teórico como o autenticamente humano, enquanto que a 
práxis só é apreendida e fixada em sua forma fenomênica 
judaica e suja. Eis porque não compreende a importância da 
atividade “revolucionária”, “prático-crítica”.
De acordo com essa tese de Marx, não é correto afirmar 
que:
a) o filósofo Feuerbach revela um desprezo pela prá-
tica (dissocia teoria e prática), defendendo que o ca-
minho para a revolução é a via teórica. Ele almeja a 
transformação intelectual.
b) a subjetividade é a força que move a realidade, e 
esta não é só o que se apresenta aos nossos sentidos, 
mas é também resultado do trabalho humano.
c) o idealismo supera o realismo ingênuo do materialis-
mo tradicional, mas cai no erro de reduzir a realidade do 
conhecimento a resultado da atividade do pensamento.
d) o filósofo Feuerbach ignora o avanço operado pelo 
idealismo de conceber o objeto do conhecimento como 
resultado da atividade (ainda que do pensamento), e re-
torna à concepção do materialismo tradicional anterior.
e) a filosofia/ideologia alemã (Kant/Hegel) não concebe 
a realidade do conhecimento como resultado da ativida-
de humana, mas tão somente sob a forma da percepção.
4. (UEG) Em sua 11ª tese sobre Feuerbach, Karl Marx 
(1818-1883) afirma que “Os filósofos até hoje inter-
pretaram o mundo, cabe agora transformá-lo”. Muitos 
marxistas interpretaram mal a frase de Marx e abando-
naram livros, teoria e partiram para a prática, negligen-
ciando o significado da noção de práxis em Marx. Nesse 
sentido, tem-se que:
a) a tese marxista estimulava a prática e não a teoria, já que 
a ideia de práxis privilegia o fazer em detrimento do pensar, 
o que levaria à condenação da filosofia como teoria pura.
b) a noção de práxis em Marx exige que a filosofia 
sempre permaneça nos limites do conhecimento te-
órico, pois a práxis humana deve ser conduzida por 
peritos técnicos e não por filósofos.
c) a tese marxista criticava a filosofia por não favo-
recer uma práxis revolucionária na qual toda prática 
suscita a reflexão, que por sua vez vai incidir sobre a 
prática reorientando uma ação transformadora.
d) a ideia de práxis em Marx foi desvirtuada por aque-
les que não perceberam que existe uma ruptura entre 
teoria e prática, e que o trabalho intelectual deve pre-
valecer sobre o trabalho manual.
5. (Funece) Marx, em sua 11ª tese, ad Feuerbach, ao afir-
mar que “Os filósofos não fizeram mais que interpretar 
o mundo de maneiras diferentes, o que importa é trans-
formá-lo” evidencia a filosofia como:
a) explicação verdadeira, que objetiva uma transforma-
ção social.
116
b) elemento do espírito absoluto, que se caracteriza 
como puro idealismo.
c) interpretação do mundo, que é dispensável ao pro-
cesso revolucionário.
d) proposição platônica, que considera como verda-
deiro, o mundo das ideias.
6. A teoria sociológica de Marx é marcada pela obser-
vação do modo de produção como determinante para a 
organização social. Sobre as principais influências sofri-
das por este autor para o desenvolvimento de seu pen-
samento sociológico, analise as seguintes sentenças:
I. Para Hegel, o movimento parte da ideia, do pensamen-
to, para então desenvolver a matéria e gerar história, para 
Marx esta ordem é invertida.
II. Para Feuerbach, a alienação do ser humano estava na 
religião, e para Marx estava na alienação material origina-
da pelo sistema capitalista.
III. Marx desenvolve o materialismo dialético, onde a re-
alidade existe a partir do mundo material, e não a partir 
do pensamento, pois este também é determinado pelas 
condições materiais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa III está correta. 
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I, II e III estão corretas. 
d) As afirmativas I e III estão corretas.
7. (UEM) A Filosofia apresentou como debate político, ao 
longo da história, as questões da liberdade do indivíduo 
na sociedade, teorizando a finalidade do Estado e das 
instituições sociais. Sobre a natureza do debate filosófico 
acerca das questões políticas, assinale o que for correto.
01) Em virtude da defesa da Igreja católica, a fundação do 
Estado moderno de direito é essencialmente dogmática, já 
que os teóricos da Idade Média faziam da união dos planos 
humano e divino a exigência central do republicanismo.
02) O debate político em torno dos ideais liberais e 
socialistas se dá no interior de questões religiosas, pois 
nem John Locke nem Thomas Hobbes desvinculam o 
debate político das questões metafísicas e morais.
04) A importância do projeto de Ludwig Feuerbach 
para a filosofia da época é seu profundo apego ao 
cristianismo de Hegel, razão pela qual defendeu, na 
essência do cristianismo, a tese espiritualista de que o 
Estado é o poder de Deus em nossas mãos.
08) Para Karl Marx, não basta reivindicar a liberdade 
sem tomar decisões históricas e efetivas, capazes de 
controlar os meios de produção e formar a consciên-
cia de classe dos trabalhadores.
16) São conceitos fundamentais do marxismo os con-
ceitos de fetiche da mercadoria, alienação política, 
ação política transformadora e emancipação humana.
8. (Seduc) A noção de que nossas próprias habilidades, 
enquanto seres humanos, são assumidas por outras 
entidades. O termo foi originalmente empregado por 
Marx em referência à projeção dos poderes humanos 
sobre os deuses. Mais tarde, ele empregou o termo para 
se referir à perda do controle por parte dos trabalhado-
res sobre a natureza da tarefa desempenhada e sobre 
os resultados de seu trabalho. Feuerbach utilizou esse 
termo em referência à instituição de deuses ou forças 
divinas distintas dos seres humanos.
O texto se refere corretamente ao conceito de:
a) ideologia.
b) anomia.
c) alienação.
d) magia.
e) simulacros.
9. (UFPR) Ligia Marcia Martins (2008) afirma que é impos-
sível divorciar uma matriz psicológica do sistema filosó-
fico que media suas proposições. No caso da psicologia 
histórico-cultural, também conhecida como psicologia 
sócio-histórica, a formulação filosófica que lhe serve de 
esteio é a epistemologia marxiana, desenvolvida inicial-
mente por Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels 
(1820-1895). Em relação à essa epistemologia, considere 
as seguintes afirmativas:
I. O pressuposto do sistema filosófico proposto por Marx e 
Engels é o materialismo e a lógica é a dialética.
II. Esse sistema filosófico se opõe à lógica formal, funda-
da numa série de princípios e elementos já presentes em 
Aristóteles e que alcançam seu apogeu no século XVII com 
Francis Bacon e René Descartes. Entre esses princípios está 
o da não identidade e o princípio da contradição.
III. Com Hegel a dialética se constitui como método para 
pensar o mundo enquanto movimento, na tentativa de su-
perar a tradição intelectual que vem de Aristóteles. Mas é 
com Marx que a dialética aparece concretizada historica-
mente sobre fundamentos materialistas, já que para Hegel 
o primado é o espírito e a realidade encarnação das ideias.
IV. Em sua segunda tese sobre Feuerbach, texto de 1845, 
Marx afirma a “prática como critério da verdade”, isso sig-
nifica que a partir da prática se constrói o conhecimento, 
prescindindo das categorias e instrumentos heurísticos 
para entender a realidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
10. Na obra A ideologia alemã, Marx e Engels realizam 
uma crítica às concepções idealistas de Feuerbach e lan-
çam as bases para sua compreensão marxista da história.
117Assinale a alternativa que indica o primeiro pressu-
posto da análise histórica, sobre os quais os demais se 
constroem.
a) A produção de ideias.
b) A criação de uma propriedade comunal.
c) O desenvolvimento da propriedade privada.
d) A organização dos homens e sua relação com a 
natureza.
e) A divisão do trabalho como organização dos homens.
gabarito
1-(01 + 02 + 16 = 19); 2-A; 3-E; 4-C; 5-A; 6-C; 
7-(08 + 16 = 24); 8-C; 9-D; 10-D
118
 scHopenHauerAULA
18
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. arthur schoPenhauer 
(1788-1860)
O polonês Arthur Schopenhauer foi criado para ser um 
homem de negócios, com estudos de línguas e viagens a 
outros países, como seu pai; porém, após o falecimento do 
pai, o jovem polonês escolheu a Filosofia, para o desalento 
de sua mãe.
Enfrentando diversas críticas maternas devido às suas es-
colhas, Schopenhauer adentrou em diversos embates com 
a progenitora, alguns destes que se tornaram públicos e 
degradantes para ambas as partes, recheados de insultos.
O pensamento de Schopenhauer
O professor de Filosofia Leandro Chevitarese fala 
sobre o pensamento de Arthur Schopenhauer.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Seus escritos só causaram algum impacto na filosofia ale-
mã, somente no fim do século XIX, pois o pensamento vi-
gente era o hegeliano. Tendo influência kantiana, mediante 
o processo de uma crítica permanente, Schopenhauer cri-
tica a filosofia de Kant, em relação a coisa-em-si, de modo 
que a realidade consiste em fenômenos e na coisa-em-si, o 
que, para Kant, (a coisa-em-si) jamais será conhecida. Em 
sua filosofia, Arthur Schopenhauer apresenta que o fenô-
meno é uma manifestação da própria coisa-em-si.
O mundo como vontade e representação
Arthur Schopenhauer. São Paulo: Unesp, 2015.
A obra máxima de Arthur Schopenhauer, que 
associa a dialética de Kant com a visão pla-
tônica para definir suas constantes filosóficas.
multimídia: livro
1.1. O filósofo da representação 
e da vontade
Em 1818, surge uma de suas maiores obras, intitulada O 
mundo como vontade e representação. Para o pensador 
alemão, tudo o que existe para mim é o que eu percebo, 
diante das formas a priori da minha própria consciência. 
Numa relação subjetiva entre o objeto e o indivíduo, a qual 
119
criamos a nossa representação diante do mundo. Assim, 
não existe uma única resposta, nem uma única representa-
ção dos fenômenos, isto é, do mundo. Com isso, o mundo 
é um conjunto de representações.
Numa aproximação com o pensamento oriental, o filósofo 
polonês é o primeiro pensador ocidental a valorizar essa fi-
losofia. Não seguindo uma dualidade cartesiana entre razão 
e vontade, Schopenhauer define que a vontade é a essência 
da subjetividade, ou seja, é a própria essência do “eu”, isso 
para os animais se expressa como instinto.
Para ele, essa vontade é a essência do mundo, causando a 
dor no indivíduo. Sendo fruto de um descontentamento do 
próprio estado do ser, impulsionando uma realização que 
não será alcançada, gerando, com isso, um arrependimento, 
uma espécie de sofrimento. Para interromper essa ordena-
ção de vontade que gera sofrimento, Schopenhauer aponta 
a arte como ferramenta de anulação da vontade no homem, 
o que faz ele esquecer do seu sofrimento, e não extingui-lo.
Com isso, o filósofo não extingue o sofrimento, ele apre-
senta que é preciso saber que a razão não tem controle 
total perante a vontade, mas é preciso saber conviver e 
observar as coisas boas desse sofrimento.
Para Schopenhauer, causar mal às outras pessoas é tam-
bém causar mal a si próprio. Com isso, a moral básica scho-
penhaueriana consiste em ensinar a compaixão.
Livin’ La Vida Loca
Ricky Martin. Álbum: Livin’ La Vida Loca. Sony 
Music, 1999.
Nessa canção, Ricky Martin apresenta, de for-
ma sútil, como o impulso pode levar o indiví-
duo a agir sem a razão, levando-o para baixo.
Fonte: Youtube
multimídia: música
1.2. Reflexões sobre a Psicologia
Schopenhauer apresenta em seu pensamento que o ser 
humano não é um ser a qual a razão domina todas as suas 
ações, sendo um ser passional e fragmentado, sofrendo 
ações de forças que fogem de seu controle.
Essa sua postura de não domínio racionalizado das ações 
humanas, que abrangem as nossas paixões, seja no 
campo do “inconsciente”, procura resgatar uma definição 
humanística do ser em si.
1.3.A arte como libertador da vontade
Nenhum outro filósofo valorizou a arte, pois é a arte que 
fornece um ponto de tranquilidade, de modo que, durante 
um curto período, conseguimos escapar do ciclo infinito da 
luta e do desejo.
A contemplação estética, para o filósofo, seria uma forma 
de escapar do sofrimento da realidade. A contemplação 
leva o indivíduo a uma identificação com a essência do 
mundo, desencadeando nesse ser uma ruptura com a dor. 
Schopenhauer valoriza a música como o maior condutor da 
vontade, de uma forma individualizada e própria. Segundo 
o pensador “a música exprime a mais alta filosofia numa 
linguagem que a razão não compreende.” Assim, a música 
é a melhor forma da arte.
Schopenhauer
Esse vídeo apresenta como o pensamento de 
Schopenhauer sofreu influência do budismo 
e analisa uma nova postura sobre a vida.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Apresentado no primeiro livro como pura representa-
ção, objeto para um sujeito, consideramos o mundo no 
segundo livro por sua outra face e verificamos como 
esta é vontade, que unicamente se mostrou como o 
que aquele mundo é além da representação; em con-
formidade, denominávamos o mundo como represen-
tação, no todo ou em suas partes, a objetividade da 
vontade, quer dizer: a vontade tornada objeto, i. e., re-
presentação. Recordamos também que tal objetivação 
da vontade possuía graus numerosos, porém determi-
nados, em que, com clareza e perfeição gradualmente 
crescente, a vontade surgia na representação, i. e., se 
apresentava como objeto. Reconhecíamos as ideias de 
Platão em tais graduações, na medida em que estas 
são as espécies determinadas, ou as formas e proprie-
dades invariáveis originárias de todos os corpos natu-
120
rais, orgânicos ou inorgânicos, como também as forças 
genéricas se manifestando conforme leis naturais. Tais 
ideias, portanto, se manifestam em indivíduos e par-
ticularidades inumeráveis, comportando-se como mo-
delo para estas suas imagens. A multiplicidade de tais 
indivíduos é concebível unicamente mediante o tempo 
e o espaço, seu surgir e desaparecer unicamente me-
diante a causalidade, em cujas formas reconhecemos 
somente as diversas modalidades do princípio de ra-
zão, princípio último de toda finitude, toda individua-
ção, forma geral da representação, tal como esta se dá 
na consciência do indivíduo como tal.
arthur schopenhauer
o Mundo coMo Vontade e representação. liVro iii.
That’s How People Grow Up
Morrissey. Years of Refusal. Polydor Records, 2009.
Nesta música, Morrissey apresenta que, apesar 
dos infortúnios que tivermos na vida, devemos 
observar e aprender com os erros, para assim 
melhorar as nossas próximas ações.
Fonte: Youtube
multimídia: música
DIAGRAMA DE IDEIAS
SCHOPENHAUER
O MUNDO 
É VISTO DIANTE 
MINHA VONTADE, 
SENDO UMA 
REPRESENTAÇÃO
EXISTEM INÚMERAS 
REPRESENTAÇÕES 
DO MUNDO
MAS A RAZÃO NEM 
SEMPRE CONSEGUE 
CONTROLAR OS 
NOSSOS IMPULSOS
A ARTE AJUDA 
AO HOMEM A 
SE LIBERTAR DA 
VONTADE
O SER HUMANO É 
RAZÃO E IMPULSO
O QUE LEVA AO 
SOFRIMENTO
121
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. Schopenhauer considerou ser a “vontade” a última e 
mais fundamental força da natureza, que se manifesta 
em cada ser no sentido da sua total realização e sobrevi-
vência. O conceito de vontade deste filósofo diz respeito:
a) a algo infinito, uno, indizível.
b) a uma vontade finita, individual, ciente.
c) ao mundo e que não seria mais do que represen-
tações, como síntese entre o subjetivo e o objetivo.
d) aos fundamentos transcendentais (assentados em 
Deus) dos valores mais caros de nossas vidas.
e) à moral e aos valoresexistentes na sociedade que 
lhe é contemporânea.
2. De acordo com o conjunto dos nossos pontos de vis-
ta, a vontade é não somente livre, mas também oni-
potente; e produz não somente a sua conduta, como 
também o seu mundo; tal a vontade qual a ação e qual 
o seu mundo; ambas não são senão vontade consciente 
de si própria e nada mais; a vontade se determina a si 
mesma e determina com isto a conduta e o mundo, por 
isso que sem ela nada existe: Compreendida assim, a 
vontade é verdadeiramente autônoma; compreendida 
doutro modo, é heterogênea.
schopenhauer, arthur. o Mundo coMo Vontade 
e representação. toMo iV (adaptado).
Segundo o pensamento de Schopenhauer, podemos in-
ferir que:
a) a vontade se manifesta no homem como um desejo.
b) a vontade é só uma manifestação da consciência 
em si e do mundo.
c) o desejo é uma autopreservação desvinculada da espécie.
d) a vontade é um querer consciente do mundo.
e) o desejo é representado como uma força controla-
da totalmente pela razão.
3. Apresentado no primeiro livro como pura representa-
ção, objeto para um sujeito, consideramos o mundo no 
segundo livro por sua outra face e verificamos como esta 
é vontade, que unicamente se mostrou como o que aque-
le mundo é além da representação; em conformidade, 
denominávamos o mundo como representação, no todo 
ou em suas partes, a objetividade da vontade, quer dizer: 
a vontade tornada objeto, isto é, representação.
schopenhauer, arthur. o Mundo coMo 
Vontade e representação (adaptado).
O conceito de representação na filosofia de Schope-
nhauer significa:
a) a forma que o homem se espelha no mundo, vejo 
aquilo que quero ver, ouço aquilo que quero ouvir.
b) a forma que o homem se relaciona com o mundo, 
utilizando-se de valores e moral.
c) a forma que o homem é capaz de representar o 
mundo por intermédio de seus sentidos e intelecto.
d) essência do mundo, solução para o enigma do universo.
e) essência do mundo, a coisa em si que Kant tanto 
problematizava.
4. (Enem) “Sentimos que toda satisfação de nossos de-
sejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que 
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã 
a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à 
fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas 
as preocupações.”
schopenhauer, arthur. aForisMo para a sabedoria 
da Vida. são paulo: Martins Fontes, 2005.
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradi-
ção filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se 
mostra indissociavelmente ligada à
a) consagração de relacionamentos afetivos.
b) administração da independência interior.
c) fugacidade do conhecimento empírico.
d) liberdade de expressão religiosa.
e) busca de prazeres efêmeros.
5. Para Schopenhauer, a vontade é a raiz do mundo e da 
conduta humana e, ao mesmo tempo, é a fonte de todos 
os sofrimentos. Isso ocorre porque a vontade é:
a) um querer irracional, que acaba por gerar a dor.
b) algo racional, que proporciona o sofrimento.
c) um desejo antigo, que abarca a dor.
d) um prazer, que quando atingido gera dor.
e) um desejo suprimido, que proporciona o sofrimento.
6. Uma das máximas da filosofia de Schopenhauer con-
siste em dizer que “viver é sofrer”. Essa afirmação é 
correta, pois o prazer:
a) nunca surge na vida do ser humano, só o sofrimento.
b) sempre surge na vida do homem, igual ao sofrimento.
c) é um momento de curta duração na vida do ho-
mem, ao contrário do sofrimento.
d) é um momento de média duração na vida do ho-
mem, enquanto o sofrimento tem curta duração.
e) é um momento passageiro na vida humana, tal qual 
o sofrimento.
7. Buscando argumentar a sua tese de que a vida do ser 
humano é construída, em sua maior parte, pelo sofri-
mento, Schopenhauer afirma que:
a) a história nos mostra a vida dos povos e nada en-
contra a não ser guerras e rebeliões para nos relatar; 
os anos de paz nos parecem apenas curtas pausas.
b) a história nos mostra a vida dos povos e só encon-
tramos pequenos conflitos para nos relatar; os anos 
de paz nos parecem em longos períodos.
c) a história nos mostra a vida dos povos e nada en-
contramos a não ser momentos de tranquilidade; os 
anos de conflitos nos parecem apenas curtas pausas.
d) a história nos mostra a vida dos povos e nada en-
contra a não ser guerras e rebeliões para nos relatar; 
os anos de paz não existem.
122
e) a história nos mostra a vida dos povos e só encon-
tramos guerras e conflitos, na mesma maneira a qual 
encontramos momentos de paz.
8. Na filosofia do alemão Arthur Schopenhauer, tido como 
o arauto do pessimismo, podemos encontrar uma das me-
lhores compreensões do que seja a felicidade. Entre as 
cinquenta regras que se encontram esparsas pela obra do 
filósofo, destacam-se três: Primeira: estar ciente de que 
só a dor é verdadeira. Ou seja, não requer nenhuma ilusão 
acessória para existir. Usufruir um presente sem dor, em 
vez de procurar o prazer num futuro improvável, é já uma 
forma de ser feliz, por mais que isso possa parecer sem 
graça aos olhos da civilização hedonista. “O homem sábio 
não aspira ao deleite, e sim à ausência de sofrimento”, es-
creveu Schopenhauer, citando o grego Aristóteles. Segun-
da: evitar a inveja: ela tortura quem a nutre e, por esse 
motivo, causa infelicidade. “Você nunca será feliz enquan-
to se torturar por alguém ser mais feliz”, resumiu Sêneca. 
A crueldade apontada por Schopenhauer: “E, no entanto, 
nós estamos constantemente preocupados em despertar 
inveja” Terceira: ser fiel a si próprio. Seguir as característi-
cas e os pensamentos que o forjaram, assim como aceitar 
as suas limitações, é essencial para o indivíduo resguar-
dar-se de frustrações. Trata-se de algo difícil, porque não 
raro somos tentados a enveredar por caminhos estranhos 
a nós mesmos, mais adaptados às condições de quem in-
vejamos. Diz o filósofo alemão: “Quando reconhecemos, 
claramente, e de uma vez por todas, nossas qualidades e 
forças, bem como nossos defeitos e fraquezas, consegui-
mos fixar os nossos objetivos e nos resignamos com o 
inatingível. Escapamos, dessa maneira, à mais terrível de 
todas as dores: a insatisfação com nós mesmos, essa insa-
tisfação que é a consequência inelutável da ignorância da 
própria individualidade”.
Mario sabino, a arte de ser FeliZ, VeJa, 23.07.2014 (adaptado).
É correto afirmar que as ideias de Schopenhauer sobre 
a felicidade:
a) estão dissociadas da busca por prazer e vinculadas 
ao conhecimento das próprias limitações.
b) dependem principalmente de fatores externos à 
vontade do indivíduo, os quais ele não pode afastar.
c) baseiam-se em princípios éticos moralmente questio-
náveis, embora grande parte da sociedade os condene.
d) afastam preocupações com o presente, para focar-
-se no futuro, como forma de evitar frustrações.
e) recusam o sofrimento, entendido como antinatural 
e negativo, apesar de inevitável nos dias atuais.
9. “Onde se descreve o procedimento mais original e mais 
importante de minha filosofia, qual seja, a passagem, que 
Kant declarara impossível, do fenômeno à coisa em si.”
schopenhauer, arthur. o Mundo coMo 
Vontade e coMo representação (adaptado).
Apesar de ser grande devedor do pensamento kan-
tiano, Schopenhauer abandona o otimismo da razão 
abordando o mundo pelo pessimismo da Vontade. Para 
ele, a vontade é:
a) a interação entre a percepção e o nôumeno, ou 
seja, o fenômeno.
b) a essência do mundo, a coisa em si kantiana, percebi-
da imediatamente por intermédio de meu próprio corpo.
c) a essência do mundo, amor, ódio, salvação.
d) o querer racional de preservação dos outros mani-
festa pela reprodução.
e) a angústia que guia o homem à felicidade a partir 
do impulso do instinto de sobrevivência.
10. “No espaço infinito, inumeráveis esferas brilhantes. 
Em torno de cada uma delas giram aproximadamente 
uma dúzia de outras esferas menores iluminadas pelas 
primeiras e que, quentes em seu interior, estão cobertas 
de uma crosta rígida e fria sobre a qual uma cobertura 
lodosa deu origem a seres vivos que pensam; – eis aí a 
verdade empírica,o real, o mundo”.
schopenhauer, arthur. o Mundo coMo 
Vontade e coMo representação (adaptado).
Para Schopenhauer, ao contrário da tradição socrático-
-cartesiana, a razão nada mais é do que uma ilusão. Mes-
mo que usemos a razão para organizar as representações 
do mundo, a verdade nunca será cognoscível. Tendo isso 
em vista, o que significa a representação para o filósofo?
a) A representação é a interpretação pessimista da realida-
de, que, a partir da vontade não satisfeita, gera angústia.
b) A representação é manifestação, nos indivíduos, de 
suas vontades, onde cada um arremeda, dissimula e 
encena ações em busca de sua satisfação.
c) Para Schopenhauer a representação são o conheci-
mento que obtemos a partir da experiência do mundo 
a partir de juízos estéticos.
d) A representação se manifesta, para Schopenhauer, 
como fenômenos sensíveis, considerados como enganosos 
pelo pensador e que devem ser ignorados em nome da 
busca da verdade absoluta.
e) Na concepção da realidade dualista do autor (coisa em 
si e fenômenos) a representação é a manifestação da von-
tade (que é una e transcendental) objetivada no mundo 
das ideias. Ou seja, a representação é o que a mente e a 
consciência nos permitem ver da coisa-em-si.
11. 
“Pensamentos no papel são como as pegadas de um ho-
mem na areia. É certo que podemos ver o caminho que ele 
tomou; mas para ver o que ele viu no trajeto, precisamos 
usar os nossos próprios olhos.”
(Michel de Montaigne)
“Quanto mais claro é o conhecimento do homem, quanto 
mais inteligente ele é, mais sofrimento ele tem; o homem 
que é dotado de gênio sofre mais do que todos.”
(arthur schopenhauer)
Estabeleça uma relação entre os textos de Michel de 
Montaigne e de Arthur Schopenhauer.
123
gabarito
1-A; 2-A; 3-C; 4-B; 5-A; 6-C; 7-A; 8-A; 9-B; 10-E
11. Ambos acreditam que o conhecimento é construído 
pelo próprio indivíduo por meio de conteúdo e pelas ex-
periências. Assimila mais aquele que é despertado para o 
saber e que se limita ao conhecimento por imposição. O 
indivíduo precisa vivenciar para aprender.
124
 nIetzscHeAULA
19
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. friedrich nietzsche 
(1844-1900)
Após a leitura das obras de Schopenhauer, Friedrich Niet-
zsche empreendeu uma crítica radical à moral. Desenvol-
vendo uma crítica intensa aos valores morais, chegando à 
conclusão de que não existem as noções absolutas de bem 
e de mal. Para ele, as concepções morais surgem com os 
homens, a partir das necessidades dos homens. Assim, os 
seres humanos são os verdadeiros criadores dos valores 
morais, sobretudo nas religiões.
Portanto, ao compreendermos que os valores presentes em 
nossa vida são construções humanas, temos o dever de re-
fletir sobre nossas concepções morais e enfrentar o desafio 
de viver por nossa própria conta e risco.
Friedrich Nietzsche, por Scarlett Marton
A professora da USP Scarlett Marton, umas das 
maiores estudiosas do alemão Nietzsche, conver-
sa sobre o pensamento intempestivo do filósofo.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Nietzsche escreveu, sob a forma de aforismos (máximas 
ou sentenças curtas que exprimem um conceito), a maior 
parte de suas obras. O conjunto de suas obras revela como 
preocupação básica uma crítica profunda e impiedosa à ci-
vilização ocidental, crítica à massificação, à visão de mundo 
burguesa e ao conservadorismo cristão.
1.1. Sócrates: o início da decadência
Nietzsche acrescenta que a sociedade permanece nesse es-
tado doentio devido à continuidade de hábitos consolidados 
pelos filósofos iniciados por Sócrates. A crítica perante os 
pensadores atenienses aprofunda-se quando estes demons-
traram que era preciso seguir uma espécie de moral, um con-
junto pré-definido de valores, condicionando o belo, o certo e 
o errado para todos os integrantes da sociedade.
De modo que, foi com Sócrates o começo da decadência 
humana, pois foi o pensador ateniense, com sua dialéti-
ca, que direcionava as conversas e moldava conforme os 
seus próprios valores o rumo das falas, julgando os valores 
morais dos seus interlocutores, colocando como o cami-
nho correto do pensamento, a sua interpretação dos fatos, 
Além de conduzir o interlocutor a calar-se perante as impo-
sições ilusórias revestidas de verdade.
Entretanto, Nietzsche acreditava que só o filósofo pode-
ria curar os males da civilização – visto que o mundo está 
doente, pois os homens não estão sabendo viver –, sendo 
que só os filósofos podem se colocar além dos juízos mo-
rais, e consegue enxergar que através da arte podemos nos 
afastar da dor e do surgimento, fazendo o papel de um 
médico que pretende sanar os males. Mas essa categoria 
de filósofo era baseada nos pensadores que aceitam as 
críticas como algo positivo, como “investigadores”, e não 
125
como a visão do filósofo construída após Sócrates, como 
o dono da verdade absoluta. Seria numa concepção de fi-
lósofo como o próprio Zaratustra, personagem criado por 
Nietzsche para ilustrar esse médico da sociedade.
1.2. A moral do senhor e a moral do escravo
Ao se debruçar sobre os valores que regem a sociedade, 
Nietzsche analisa a existência de dois tipos de moral: a mo-
ral do senhor e a moral do escravo.
Seguindo uma polaridade, a moral do senhor consiste 
numa moral da força de vontade, voltada para um grupo 
dominante, que almeja controlar e se impor perante os ou-
tros. Numa clara valorização de si, tendo um orgulho imen-
so de seus atos. Seria uma vontade de agir, de dominar as 
ações coletivas.
Enquanto a moral do escravo, também denominada moral 
do rebanho caracteriza-se como os valores de rebaixamen-
to coletivo, ressaltando uma essência de desqualificação 
perante o outro. Nesses valores está a obediência, o des-
qualificar-se, humilhando-se perante os mandos dos ou-
tros. Nietzsche define essa moral, como a ação ressentida 
de “dar a outra face”, de aceitar completamente passivo 
aos mandos e desmandos dos outros. 
Para o filósofo essa luta entre a moral do senhor e a moral 
dos escravos está presente nos nossos dias. E para superar 
essa dicotomia era preciso reavaliar a moral, para corrigir 
as inconsistências de ambas as morais. Num movimento 
de transvaloração de todos os valores, ou seja, repensar 
nos valores morais, sem recair num dualismo que arruinou 
a sociedade anteriormente.
1.3. Filosofar com martelo
A filosofia nietzschiana consistia em filosofar com o marte-
lo nas mãos, isto é, um filosofar com o intuito de destruir os 
ídolos, todos ilusórios, criados para o ser humano, com por 
exemplo, as morais religiosas.
Esses ídolos ilusórios foram impostos às pessoas indefesas 
por um poder opressor. Todos esses ídolos são moldados 
e erguidos para serem cultuados e adorados; porém, só 
mediante o ato de filosofar com o martelo, destruindo es-
ses falsos ídolos, é que os homens podem se encontrar em 
sua completude, retirando de sua mente as falsas “verda-
des” que constituem a nossa sociedade. Com essa postura, 
Nietzsche nos indica que a filosofia precisa se voltar para a 
sua origem, que é de se questionar constantemente, sem 
receio de errar.
O Eterno Retorno e o além do homem
De Oswaldo Giacóia Júnior
O professor da Unicamp Oswaldo Giacóia Júnior 
comenta sobre a filosofia do alemão Nietzsche.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1.4. O Apolíneo e o Dionisíaco 
Segundo Nietzsche, na “A origem da Tragédia”, existe um 
fundamento para a norma cultural, mediante os elementos 
do dionisíaco e do apolíneo.
Com um olhar estético, o filósofo alemão apresenta que o 
dionisíaco é a afirmação triunfal da realidade. Sendo o cará-
ter mais racionalizado, controlado. As formas dionisíaca são 
a tragédia e a música. tragédia é a transformação da reali-
dade em um fenômeno estético, mas sem cobrir a realidade.
 
apolo e dionísio
126
Enquanto o apolíneo é a individualização, sendo um sím-
bolo de luz, de medida, de limite. De modo que, que nos faz 
resistir ao pessimismo através de uma ilusãoda realidade 
criada pela arte. A forma apolínea são a mitologia, as artes 
épicas e as artes plásticas.
1.5. O Eterno Retorno
O conceito do Eterno Retorno representa aos ciclos re-
petitivos da vida; pois estamos sempre presos aos fatos 
do fato, que acontecem no presente e terão uma repe-
tição no futuro. Com esse conceito, o filósofo questiona 
a ordem das coisas, não existindo uma bipolaridade 
dos elementos.
1.6. Assim falou Zaratustra
Em 1883, Nietzsche escreveu, segundo ele próprio, a sua 
maior contribuição para a humanidade, o livro “Assim 
Falou Zaratustra – um livro para todos e para ninguém”. 
Nesse livro, o filósofo busca apresentar a necessidade da 
mudança na sociedade, alertando da hipocrisia que consti-
tuem o homem e a sociedade.
Com uma linguagem repleta de metáforas, guiada pelo 
choque de paradoxos, o livro retrata o ermitão Zaratustra, 
um personagem que após dez anos isolado nas monta-
nhas, decide contar para a sociedade a boa nova: “Deus 
está morto, e é a vez dos seres humanos”.
Zaratustra também é o anunciador do “além do ho-
mem” (übermensch), um estágio que o ser humano 
pode alcançar se souber viver bem, querendo sempre 
conhecer mais.
Assim falou Zaratustra
Friedrich Nietzsche. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2018.
Nessa obra o leitor reconhecerá, na lingua-
gem metafórica e alegórica dos discursos e 
diálogos de Zaratustra, muitas das ideias de 
valorização do ser humano, com uma ideia 
de transmutação dos valores.
multimídia: livro
“Uma coisa sou eu, outra são meus escritos... Aqui, antes 
de chegar a falar deles mesmos, quero tocar a questão da 
compreensão ou da não-compreensão desses escritos. Eu 
o faço de maneira tão relaxada quanto me parece ser con-
veniente: pois o tempo para essa questão por certo ainda 
não chegou. O tempo não chegou nem mesmo para mim; 
alguns apenas nascem postumamente... Um dia serão ne-
cessárias instituições, nas quais será ensinando e vivido 
como eu compreendo o ensino e a vida; quem sabe não 
serão instituídas, também, algumas disciplinas para a in-
terpretação do Zaratustra.”
“Quando chegou aos trinta anos, Zaratustra deixou sua 
pátria e o lago de sua terra natal e partiu para as mon-
tanhas. Lá permaneceu, nutrindo-se de seu espírito e de 
sua solidão, sem se cansar. Dez anos se passaram. Seu 
coração, porém, mudou e, uma manhã, tendo-se levan-
tado com a aurora, pôs-se frente ao sol e assim lhe falou:
Tu, grande astro! Que seria de tua sorte, se te faltassem 
aqueles a quem iluminas? (...)
Quando Zaratustra chegou à cidade mais próxima, situ-
ada à beira da floresta, encontrou uma grande multidão 
reunida na praça pública porque havia sido anunciado 
que seria apresentado o espetáculo de um equilibrista 
na corda-bamba. Zaratustra se dirigiu então ao povo 
com estas palavras:
Eu vos anunciou o além-do-homem. O homem existe 
para ser superado. Que fizestes para o superar? (...)
Entretanto, Zaratustra olhava a multidão e ficava assom-
brado. A seguir, assim falou:
O homem é uma corda estendida entre o animal e o 
além-do-homem. Uma corda sobre o abismo. 
Perigosa para percorrê-la, é perigoso ir por esse cami-
nho, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. 
O que é grande no homem é ele ser uma ponte e não 
uma meta. O que se pode amar no homem é ele ser uma 
passagem e um declínio.”
nietZsche, Friedrich. assiM FalaVa Zaratustra - uM liVro para todos 
e para ninguéM. são paulo: editora escala, 2000, pp.15,17 e 19.
127
DIAGRAMA DE IDEIAS
NIETZSCHE
A SOCIEDADE 
MODERNA ESTÁ 
DOENTE
SÓ OBEDECE 
OS VALORES DE 
ORIGEM RELIGIOSA
PORQUE O SER 
HUMANO NÃO VIVE
COM O INTUITO 
DE DOMINAÇÃO 
SOCIAL
CRÍTICA A 
FILOSOFIA
É PRECISO 
QUESTIONAR
POR DIRECIONAR 
A VERDADE AOS 
HOMENS
FILOSOFAR COM UM 
MARTELO NA MÃO
PARA QUEBRAR AS 
IDEIAS IMPOSTAS
O SER HUMANO 
PRECISA ELEVAR 
O SEU ESTADO
ATINGINDO O 
ALÉM-DO-HOMEM
ATUA COM A PRÓ-
PRIA VONTADE 
INDEPENDENTE 
DAS MASSAS
Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (ENEM) Vi os homens sumirem-se numa grande triste-
za. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-
-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é 
oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inú-
til; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado ama-
releceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e 
se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam 
em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes 
secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se 
querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!
nietZsche. F. assiM Falou Zaratustra. rio de Janeiro: ediouro, 1977.
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz 
um entendimento da doutrina niilista, uma vez que:
a) reforça a liberdade do cidadão.
b) desvela os valores do cotidiano.
c) exorta as relações de produção.
d) destaca a decadência da cultura.
e) amplifica o sentimento de ansiedade.
128
2. (UFSJ) "A filosofia a golpes de martelo" é o subtítulo 
que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais 
golpes são dirigidos, em particular, ao(s):
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são 
os instrumentos eficientes para a compreensão e o 
norteamento da humanidade.
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a se-
xualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica de 
artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo.
c) compositores do século XIX, como, Wolfgang Ama-
deus Mozart, compositor de uma ópera de nome 
"Crepúsculo dos deuses", parodiada no título.
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes 
nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o 
antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâ-
neos Kant, Hegel e Schopenhauer.
3. (UFSJ) Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é funda-
mental entender a crítica que ele faz à metafísica. Nes-
se sentido, é correto afirmar que essa crítica:
a) tem o sentido, na tradição filosófica, de contenta-
mento, plenitude.
b) é a inauguração de uma nova forma de pensar sem 
metafísica através do método genealógico.
c) é o discernimento proposto por Nietzsche para le-
var à supressão da tendência que o homem tem à 
individualidade radical.
d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua 
razão, tem como conceber uma metafísica qualquer, 
que não tenha recebido a chancela da observação.
4. (UFSJ) Ao declarar que "a moral e a religião pertencem 
inteiramente à psicologia do erro", Nietzsche pretendeu:
a) destruir os caminhos que "a psicologia utiliza para 
negar ou afirmar a moral e a religião".
b) criticar essa necessidade humana de se vincular a va-
lores e instituições herdados, já que "o Homem é forjado 
para um fim e como tal deve existir".
c) denunciar o erro que tanto a moral quanto a religião 
cometem ao confundir "causa com efeito, ou a verda-
de com o efeito do que se considera como verdade".
d) comprovar que "a moral e a religião estão no ima-
ginário coletivo, mas para se instalarem enquanto 
verdade elas precisam ser avalizadas por uma ciência 
institucionalizada".
5. (UNIMONTES) O pensamento de Nietzsche (1844-1900) 
orienta-se no sentido de recuperar as forças inconscien-
tes, vitais, instintivas, subjugadas pela razão durante 
séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter encaminha-
do, pela primeira vez, a reflexão moral em direção ao 
controle racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica 
à tradição moral desenvolvida pelo ocidente. Marque a 
alternativa que indica as obras que melhor representam 
a crítica nietzscheana.
a) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, 
Crepúsculo dos ídolos.
b) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, 
República.
c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.
d) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Crepús-
culo dos ídolos.
6. (UFSJ) Nietzsche estampa a sua inconformidade e in-
dignação quanto ao homem que se deixa levar pelos 
valores morais e religiosos instituídos. Assinale a alterna-
tiva que corretamente corrobora essa afirmação:
a) "Hoje, não desejamos o gado moral nem a
ventura gorda da consciência".
b)"O verme se retrai quando é pisado. Isso indica sa-
bedoria. Dessa forma ele reduz a chance de ser pisado 
de novo. Na linguagem da moral: a humildade".
c) "À força de querer buscar as origens nos tornamos 
caranguejos. O historiador olha para trás e acaba cren-
do para trás".
d) "Há um ódio contra a mentira e a dissimulação que 
procede duma sensível noção de honra; há outro ódio 
semelhante por covardia, já que a mentira é interdita 
pela lei divina. Ser covarde demais para mentir...".
7. (UNESP) "Em algum remoto rincão do sistema solar cin-
tilante em que se derrama um sem-número de sistemas so-
lares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes 
inventaram o conhecimento.
Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história uni-
versal: mas também foi somente um minuto. Passados pou-
cos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais 
inteligentes tiveram de morrer. Assim poderia alguém inven-
tar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente 
quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem 
finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natu-
reza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de 
novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, 
ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão 
pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. 
Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberí-
amos então que também ela boia no ar (...) e sente em si o 
centro voante deste mundo". 
nietZsche. o liVro das citações. 2008.
Sobre o texto, é correto afirmar que:
a) seu teor acerca do lugar da humanidade na história 
do universo é antropocêntrico.
b) o autor revela uma visão de mundo cristã.
c) o autor apresenta uma visão cética acerca da impor-
tância da humanidade na história do universo.
d) ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, 
Nietzsche corrobora os fundamentos de diversas teolo-
gias, não se limitando ao ponto de vista cristão.
e) para o filósofo, a vida humana é eterna.
8. (UFU) Friedrich Nietzsche (1844-1900) opõe à moral 
tradicional, herdeira do pensamento socrático-platôni-
co e da religião judaica-cristã, a transvaloração de to-
dos os valores.
129
Conforme Aranha & Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da 
moral tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração 
de todos os valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decaden-
te’, ‘de rebanho’, ‘de escravos’, cujos valores seriam a 
bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próxi-
mo”. Desta forma, opõe a moral do escravo à moral do 
senhor, a nova moral.
aranha, M.l. de a.; Martins, M.h.p. FilosoFando:
introdução à FilosoFia. são paulo: Moderna, 2000, p. 286.
Assinale a alternativa que contenha a descrição da 
“moral do senhor” para Nietzsche:
a) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação 
da alegria.
b) É negativa, baseada na negação dos instintos vitais.
c) É transcendental; seus valores estão no além-mundo.
d) É positiva, baseada no sim à vida.
9. (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos 
Apolo e Dionísio, respectivamente, como
a) complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo 
segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas.
b) movimento e niilismo: polos de tensão na existên-
cia humana.
c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de inter-
venção e subversão de toda moral humana.
d) razão e desordem: dimensões complementares da 
realidade.
10. (UFFS – FEPESE – 2010) Para lidar com o tratamento 
dos valores no pensamento de Nietzsche, o conceito da 
“morte de Deus” é essencial.
Assinale a alternativa que reflete esse conceito.
a) A morte de Deus desvaloriza o mundo.
b) A morte de Deus gera necessariamente o super-homem.
c) A morte de Deus implica a perda das sanções so-
brenaturais dos valores.
d) A morte de Deus exige o retorno a Apolo e a Dionísio.
e) A morte de Deus impossibilita a superação dos va-
lores hoje aceitos.
11. (UFU 2009/2 2a Fase): Leia atentamente o texto a 
seguir.
“O cristianismo, por sua vez, esmagou e alquebrou com-
pletamente o homem, e o mergulhou como que em um 
profundo lamaçal: então, no sentimento de total abjeção, 
fazia brilhar de repente o esplendor de uma piedade divina, 
de tal modo que o surpreendido, atendido pela graça, lan-
çava um grito de embevecimento e por um instante acredi-
tava carregar o céu inteiro em si.”
nietZsche, F. huMano, deMasiado huMano. col. os 
pensadores. são paulo: noVa cultural, 1987. p. 59.
Com base no texto de Nietzsche, responda as seguintes 
questões:
A) O cristianismo pode ser considerado "moral do es-
cravo" ou "moral do senhor"?
B) Selecione uma frase do texto que apresenta a carac-
terística fundamental do cristianismo para Nietzsche.
C) Com base na frase selecionada, explique se, para 
Nietzsche, o cristianismo é uma doutrina que nega ou 
que valoriza a força, a saúde e a vida.
gabarito
1-D; 2-D; 3-B; 4-C; 5-A; 6-A; 7-C; 8-D; 9-D; 10-C
11. 
a) "Moral de escravo”: este é um dos conceitos-chave do 
pensamento nietzschiano, conforme o programa do vesti-
bular: "a moral do escravo é caracterizada pelo ódio dos 
impotentes". 
b) Há mais de uma frase ou expressão que pode ser re-
tirada do texto para responder a esta pergunta, seguem 
abaixo alguns exemplo:
1) "O cristianismo, por sua vez, esmagou e alquebrou com-
pletamente o homem, e o mergulhou como que em um 
profundo lamaçal";
2) "[...] no sentimento de total abjeção, fazia brilhar de 
repente o esplendor de uma piedade divina";
3) "[...] de tal modo que o surpreendido, atendido pela gra-
ça, lançava um grito de embevecimento e por um instante 
acreditava carregar o céu inteiro em si". Observa-se, nesta 
frase, que o "surpreendido" é o fraco que se acredita forte 
por "carregar o céu inteiro dentro de si".
c) O cristianismo, para Nietzsche, nega o valor vida. 
Nesse sentido, nega igualmente tudo o que a ele se 
relaciona (saúde, criatividade, força). O objetivo de 
Nietzsche é revalorizar o equilíbrio entre as forças ins-
tintivas e vitais do homem que foram subjugadas pela 
filosofia socrático-platônica e pelas religiões.
130
 FIlosoFIa da cIêncIaAULA
20
CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades:
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 15, 16, 
20, 22, 23, 24 e 25
1. karl raimund PoPPer 
(1902-1994)
O filósofo austro-britânico Karl Popper apresenta a ideia 
de que as ciências empíricas nunca pode ser provada, mas 
pode ser falsificada, isso significa que pode e deve ser exa-
minada por diversos experimentos decisivos. 
Popper faz uma distinção entre ciência e não-ciência, de 
modo que afirma que a indução nunca é realmente utili-
zada na ciência e a indução está contida na não-ciência. 
Segundo o filósofo não existe uma metodologia única es-
pecífica para a ciência.
Karl Popper – Ciência e pseudo-ciência
O vídeo apresenta a filosofia de Karl Popper e 
sua teoria da falsificidade.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A ciência consiste em grande parte em solucionar os pro-
blemas. Para o filósofo uma teoria é científica somente se 
for refutável por um evento concebível. Assim, todo teste 
é uma tentativa de refutá-la ou falsificá-la. De modo que, 
o filósofo estabelece uma distinção clara entre a lógica da 
falseabilidade e sua metodologia aplicada. A lógica utiliza-
da é simples: se um único metal ferroso não é afetado por 
um campo magnético, não é possível que todos os metais 
ferrosos sejam afetados por campos magnéticos.
Dessa forma, enquanto defende a falseabilidade como o 
critério de demarcação para a ciência, Popper afirma que a 
possibilidade de que, na prática, uma única prova conflitante 
ou contrária nunca é metodologicamente suficiente para re-
futar uma teoria. Fato este que condiciona que teorias cientí-
ficas são frequentemente mantidas, embora tenham sofrido 
o processo de refutação.
O filósofo enfatiza que não existe um único caminho, nem 
um único caminho para a teoria científica. A ciência se ini-
cia com problemas e não com observações, a observação 
seria o segundo passo do método científico. Seguindo um 
critério de Popper, a física,a química, entre outras, são ci-
ências; enquanto a psicologia é pré-ciência, e a astrologia 
é uma pseudociência.
1.1. O Conhecimento
O crescimento do conhecimento humano procede de nos-
sos problemas e de nossas tentativas de resolvê-los. Essas 
tentativas devem ir além do conhecimento existente, re-
querendo um salto da imaginação. Por essa razão, Popper 
dá ênfase especial ao papel desempenhado pela imagina-
ção criativa independente na formulação da teoria.
131
Os cientistas, para o filósofo, são solucionadores de proble-
mas, pois apresentam uma centralidade e uma prioridade 
dos problemas.De modo que o solucionar o problema será 
o primeiro passo para o início da ciência, seguindo um pro-
cesso dedutivo.
Esse processo dedutivo é formulado seguindo quatro etapas:
1. O primeiro é formal, um teste da consistência interna, 
para que não ocorra nenhuma contradição.
2. A semiformal da teoria, buscando distinguir entre seus 
elementos empíricos e lógicos. De modo que fique atento 
para distinguir elementos analíticos (a priori) e sintéticos (a 
posteriori).
3. A comparação da nova teoria com as já existentes para 
constituir um avanço. Caso não tenha tal progresso, a nova 
teoria não será adotada.
4. O último passo é o teste de uma teoria pela aplicação 
empírica das conclusões derivadas dela. Caso se mostre 
verdadeiras, essa teoria é validada; caso o contrário, o cien-
tista começa sua busca por uma teoria melhor, o que não 
significa que será totalmente abandonada essa teoria. 
Para Popper não existe um único método para alcançar o 
conhecimento científico, sendo que esse procedimento crí-
tico seria a essência da racionalidade, para assim eliminar 
as falsas categorias.
"Um cientista, seja teórico ou experimental, formula 
enunciados ou sistemas de enunciados e verifica-os um 
a um. No campo das ciências empíricas, para particu-
larizar, ele formula hipóteses ou sistemas de teorias, e 
submete-os a teste, confrontando-os com a experiência, 
através de recursos de observação e experimentação.
A tarefa da lógica da pesquisa científica, ou da lógica 
do conhecimento, é, segundo penso, proporcionar uma 
análise lógica desse procedimento, ou seja, analisar o 
método das ciências empíricas.
Que são, entretanto, esses 'métodos das ciências empíri-
cas'? A que damos o nome de 'ciência empírica'?
O Problema da Indução
Segundo concepção amplamente aceita - a ser contes-
tada nesse livro - , as ciências empíricas caracterizam-se 
pelo fato de empregarem os chamados ‘métodos indu-
tivos’. De acordo com essa maneira de ver, a lógica da 
pesquisa científica com a Lógica Indutiva, isto é, com a 
análise lógica desses métodos indutivos."
a lógica da pesquisa cientíFica. Karl r. popper. 
são paulo: cultriX, 1978, p.27
2. thomas samuel 
kuhn (1922-1996)
O físico e filósofo da ciência estadunidense Thomas Kuhn 
desenvolveu estudos diante o procedimento científico.
Segundo o filósofo existe uma pré-ciência, momento em que 
cada um faz o que bem entende. Entretanto, para ter uma 
ciência estruturada é preciso possuir um único paradigma. 
Para Kuhn,o desenvolvimento de uma ciência não é unifor-
me, alternando entre fases “normal” e “revolucionária”. A 
ciência normal parece com a imagem cumulativa padrão 
do progresso científico, pelo menos na superfície. A ciência 
normal desenvolve-se perante um paradigma, seja mecâ-
nica newtoniana ou de qualquer outra; enquanto a ciência 
revolucionária representa um novo paradigma, não sendo 
acumulativa, proporcionando uma revolução no desenvol-
vimento científico.
Só que um paradigma pode gerar crises, quando começa-
mos a enfrentar problemas no enfrentamento de dados 
observacionais ou experimentais. Cada paradigma verá o 
mundo como composto de diferentes tipos de coisas.
Thomas Kuhn- o fim da ciência
Nesse vídeo apresenta o pensamento científi-
co de Thomas Kuhn.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Kuhn rejeitou as visões tradicionais e as visões de Popper. 
Isso ocorre pois a ciência só pode ter sucesso se houver um 
forte compromisso da comunidade científica relevante com 
suas crenças, valores e técnicas.
A constelação de compromissos compartilhados, é denomi-
nada de “matriz disciplinar”, que se torna um pré-requisito 
para o sucesso da ciência normal. Esse conservadorismo da 
atitude do cientista, distingue Kuhn de Popper.
132
A Estrutura das Revoluções Científicas
Thomas S. Kuhn. São Paulo: Perspectiva, 2018.
Um dos aspectos mais interessantes de A Es-
trutura das Revoluções Científicas é a análise 
do papel dos fatores exteriores à ciência na 
erupção desses momentos de crise e transfor-
mação do pensamento científico e da prática 
correspondente.
multimídia: livro
"Se a História fosse vista como um repositório para algo 
mais do que anedotas ou cronologias, poderia produzir 
uma transformação decisiva na imagem de ciência que 
atualmente nos domina. Mesmo os próprios cientistas 
têm haurido essa imagem principalmente no estudo das 
realizações científicas acabadas, tal como estão regis-
tradas nos clássicos e, mais recentemente, nos manuais 
que cada nova geração utiliza para aprender seu ofício. 
Contudo, o objetivo de tais livros é inevitavelmente 
persuasivo e pedagógico; um conceito de ciência deles 
haurido terá tantas probabilidades de assemelhar-se ao 
empreendimento que os produziu como a imagem de 
uma cultura nacional obtida através de um folheto turís-
tico ou um manual de línguas. Este ensaio tenta mostrar 
que esses livros nos têm enganado em aspectos funda-
mentais. Seu objetivo é esboçar um conceito de ciência 
bastante diverso que pode emergir dos registros históri-
cos da própria atividade de pesquisa."
a estrutura das reVoluções cientíFicas. thoMas s. Kuhn. 
são paulo: perspectiVa, 1998, pp.19-20.
DIAGRAMA DE IDEIAS
NÃO EXISTE UM 
MÉTODO PARA 
ALCANÇAR O 
CONHECIMENTO
POPPER
AS CIÊNCIAS PODEM 
SER FALSIFICADAS 
EXISTE A CIÊNCIA 
E A NÃO-CIÊNCIA
A VALIDADE DA 
CIÊNCIA SURGE COM 
O COMPROMISSO
CIENTÍFICO
A CIÊNCIA PRECISA 
TER UM PARADIGMA
THOMAS KUHN
DE MODO QUE AS 
CRISES DIRECIONAM 
O ANDAMENTO 
DA CIÊNCIA
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Aplicando para 
Aprender (A.P.A.)
1. (Uel 2005) "As experiências e erros do cientista con-
sistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e mui-
tas vezes por escrito. Pode então tentar encontrar bre-
chas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-a 
experimentalmente, ajudado por seus colegas cientis-
tas, que ficarão deleitados se puderem encontrar uma 
brecha nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e 
esses testes pelo menos tão bem quanto suas concor-
rentes, será eliminada".
(popper, Karl. conheciMento obJetiVo. trad. de Milton 
aMado. são paulo: edusp & itatiaia, 1975. p. 226.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e 
método científico, é correto afirmar:
a) O método científico implica a possibilidade constante 
de refutações teóricas por meio de experimentos cruciais.
b) A crítica no meio científico significa o fracasso do 
cientista que formulou hipóteses incorretas.
c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido 
por quem as formulou, sem ajuda de outros cientistas.
d) O método crítico consiste em impedir que as hipó-
teses científicas tenham brechas.
e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso 
científico.
2. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. 
[…] não exigirei que um sistema científico seja suscetível 
de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido 
positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que 
se torne possível validá-lo através de recurso a provas em-
píricas em sentido negativo […]. 
(popper, K. a lógica da pesquisa cientíFica. trad. l. hegenberg 
e o. s. da Mota. são paulo: cultriX, 1972. p. 42.)
Assinale a alternativa que corresponde ao critério de 
avaliação das teorias científicas empregado por Popper.
a) Falseabilidade
b) Organicidade
c) Confiabilidade
d) Dialeticidade
e) Diferenciabilidade
3. (Uel 2008) Considerando a solução apresentada por 
Karl Popper ao problema da indução nos métodos

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