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Tríade da Mulher Atleta
Nutrição Esportiva - Aula 6
Profa Alessandra Lucca
A mulher sempre participou de competições?
Não! Historicamente não havia encorajamento da participação feminina
em jogos esportivos, pois presumia-se que a mulher não estava apta
fisiologicamente para participar de atividade física de alta intensidade
e longa duração.
• O ciclo menstrual sempre foi ligado a superstições.
• Preocupação se a "delicadeza" das mulheres não poderia ser
prejudicada pelos músculos que ganhariam.
Quando houve a primeira participação das mulheres em olimpíadas?
Em 1896, em Atenas, as mulheres eram proibidas de
disputar provas olímpicas.
“Mulheres tem apenas um papel, que é o de coroar os
vendedores” – Barão Pierre de Coubertin, fundador do
COI.
Organizadores descreviam a inclusão da mulher como
“impraticável, desinteressante e incorreta”.
Somente em Paris, em 1900 permitiu-se a 
participação feminina nas Olimpíadas.
Foram 22 atletas inscritas no tênis, vela, 
críquete, hipismo e golfe → 2,21% do total de 
competidores naquela edição.
1984, Los Angeles: primeira maratona olímpica 
feminina, após 90 anos de exclusão e 
discriminação. 
50 mulheres de 28 países disputaram. 
Vencedora foi americana, mas a imagem da 
prova foi a da suíça, Gabriele Andersen.
1924, Paris - A nadadora Sybill Bauer ganha
o ouro nos 100 m de costas. Foi a 1ª mulher
da história a quebrar um recorde masculino.
Até 1960 só era permitido à mulher correr
até 800 metros (Mantoanelli et al., 2002).
Nos últimos 20 anos...
• A participação em competições esportivas e o número de mulheres
atletas, em particular, tem aumentado consideravelmente.
• A participação feminina cresceu cerca de 600% abrangendo um
total de mais de 1,9 milhões de mulheres atletas (Pardini, 2001). Londres, 2012: 44,25% dos 10.568 atletas.
Rio 2016: 45,29% dos 11.437 atletas
Foi o maior percentual já registrado!
Maureen Maggi – 1º 
ouro individual 
feminino
Com o aumento da participação feminina no esporte, notaram-
se os seus benefícios:
efeitos fisiológicos: prevenção de CA de mama e de
osteoporose;
efeitos psicológicos: como a aceitação melhor do corpo e maior
auto-estima;
efeitos sociais: evitando a gravidez na adolescência e o
envolvimento com drogas e ocasionando maior assiduidade na
escola.
No entanto, apesar dos benefícios, quando se trata de
modalidade competitiva, pode haver riscos de injúrias e
fraturas ou problemas relacionados à saúde (Callahan, 2000).
Baixa Ingestão Energética 
(com ou sem desordem 
alimentar)
Baixa Densidade Mineral 
Óssea Disfunção menstrual 
Estresse psicológico/competitivo
Tríade da 
Mulher 
Atleta
Baixa ingestão energética (com ou sem 
desordem alimentar)
• A ingestão energética insuficiente, mesmo sem atividade física, é um
dos fatores que contribuem para a disfunção menstrual.
• A redução de energia ingerida não está relacionada com o aparelho
reprodutor feminino, porém a desnutrição aguda, provocada por essa
restrição, está associada ao surgimento da amenorreia.
• Eumenorreia: precisa consumir cerca de 45kcal/kg de massa magra/dia
2a Guerra Mundial: falta de alimento � mulheres tornaram-se
amenorreicas (<30kcal/kg de mm/dia)
• Restabelecimento do acesso à alimentação � volta dos ciclos
menstruais (Beznos, 1993).
Desordens Alimentares
Até 70% dos atletas de elite que competem em
esportes de categoria de peso (masculino e
feminino) faz alguma dieta e tem algum tipo de
distúrbio alimentar com o objetivo de reduzir o
peso antes da competição.
Prevalência de TA entre atletas de elite feminino
(16% a 47%) prevalência em não atletas: Homens
(0,5%); mulheres (10%)
Desordens Alimentares
Gama de comportamentos alimentares
irregulares, variam desde restrição de alimentos,
passando por exageros alimentares e purgação
(vômito induzido), não são necessariamente os
mais graves como anorexia nervosa (AN) e a
bulimia nervosa (BN), mas pode evoluir para
estes.
Comportamentos incentivados por uma imagem
corporal específica idolatrada pelos treinadores,
colegas de treino, próprias atletas e mídia.
Baixa Densidade Mineral Óssea 
(DMO)
Osteopenia ou osteoporose
• Massa óssea reduzida e maiores taxas de perda óssea.
Prevalência de osteopenia: 22% a 50% em atletas mulheres
Prevalência de osteoporose: até 13%
Prevalência de osteopenia e osteoporose na população normal:
12% e 2,3%.
DMO significantemente menor em atletas amenorreicas se
comparada à atletas eumenorreicas.
Atletas com amenorreia têm 2 a 4 vezes mais chances de fraturas
que atletas eumenorreicas
Por que atletas sofrem redução da massa óssea?
Em geral, existem 2 causas principais para perda de tecido ósseo
na mulher atleta:
- deficiência de estrogênio decorrente de amenorreia;
- ingestão inadequada de cálcio em razão dos transtornos
alimentares.
Mas o treinamento físico não atenua 
a perda óssea?
Sim, mas não consegue reverter 
completamente o processo, devido a 
hipoestrogenia. 
Baixa DMO Tríade da Mulher Atleta
Disfunções menstruais
Amenorreia
• Amenorréia é ausência de 3 ou mais ciclos menstruais
consecutivos após a menarca.
– Primária: atraso na menarca (nenhuma menstruação na
idade de 15 anos c/ presença das características sexuais
normais ou 5 anos após desenvolvimento das mamas)
– Secundária: sem menstruação por mais de 90 dias após a
menarca
Outras Irregularidades 
Menstruais
• anovulação (ausência por desenvolvimento folicular
prejudicado);
• deficiência da fase lútea (condição assintomática causada
por uma fase lútea encurtada ( < 11 dias ) e/ou um baixa
concentração de progesterona);
• oligomenorreia (intervalo entre ciclos maiores do que 35
dias)
Amenorreia Hipotalâmica Funcional 
(AFH):
Amenorreia Hipotalâmica Funcional: tipo mais associado ao
exercício e alterações na disponibilidade de energia.
Ocorre a supressão do eixo hipotalâmico-pituitário-
ovariano sem causa orgânica ou anatômica, caracteriza-se
pela ausência de ciclos menstruais durante mais de 6 meses.
A AFH pode estar associada à perda de peso abrupta, no
contexto de distúrbios alimentares como a anorexia nervosa,
ao exercício físico vigoroso e/ou ao stresse físico ou
psíquico.
Amenorreia Hipotalâmica Funcional
↓ Produção de 
gonadrotofinas
↓ LH + FSH
Supressão da produção 
de estrógeno + 
progesterona
Estresse 
psicológico 
competitivo Baixa disponibilidade energética (por alto volume de treino e baixa 
ingestão alimentar) com ou sem desordem alimentar
Altera controle do eixo 
hipotalâmico-pituitário-
ováriano
Anormalidades 
menstruais
↓ DMO
Prevalência da Amenorreia
População normal: 2 a 5%
Em mulheres que participam de esportes que enfatizam a
estética ou magreza como ballet ou corrida a prevalência de
amenorreia secundária pode ser tão elevada como 69 % (Dusek,
2001).
• 30 a 50% nas bailarinas profissionais,
• 50% em corredoras competitivas,
• 25% em corredoras não competitivas e
• 12% em nadadoras e ciclistas.
Relação da % de gordura com amenorreia?
Estudo muito criticado! (Frish & McArthur, 1974)
• 22% seria a quantidade de gordura corporal necessária para
manutenção do ciclo menstrual
• 17% seria a quantidade mínima de gordura para desencadear a
menarca
Estudo com técnicas mais apuradas (pesagem hidrostática):
• sem diferenças significativas na %GC entre atletas com amenorreia
e com ciclos regulares.
• Mas... sabe-se que quando existe diminuição da gordura, a
quantidade de estrógeno diminui e os andrógenos aumentam,
causando a parada dos ciclos menstruais.
Baixo peso x amenorreia
• O peso médio das dançarinas com amenorreia
secundária foi de 44,9 kg e daquelas com ciclos
irregulares foi de 45,9 kg, contrastando com o peso de
47 kg nas dançarinas com ciclos normais (Frish et al,
1980).
Há relação entre amenorreia e massa 
óssea?
A produção adequada de estrógeno e progesterona
se faz necessária para manter a integridade mineral
óssea.
� Inibe ação dos osteoclastos
� Hipoestrogenemia: causa 
interrupção da remodelação óssea e 
acelera areabsorção óssea.
Consequências:
Atletas oligomenorreicas:
Curto prazo: altas taxas de lesões, particularmente fraturas de stress
longo prazo: osteoporose e risco aumentado de fraturas, embora jovens.
Quanto mais precoce for o diagnóstico provavelmente menores serão as
chances de prejuízo ósseo
Mesmo após recuperação do ciclo menstrual, a massa óssea pode
permanecer inferior àquela das atletas que sempre foram eumenorreicas.
AF x puberdade
Vários estudos têm demonstrado que o início da atividade física antes da
puberdade pode retardar a menarca, em decorrência da supressão do eixo
hipotálamo-hipofisário, que ainda está imaturo.
Observa-se atraso puberal em bailarinas, ginastas de elite, nadadoras e
tenistas, podendo chegar a um atraso de até 4-5 anos, considerando-se a idade
normal para menarca na população geral em torno de 12,6 anos de idade.
O início da puberdade é individual e é influenciado principalmente por fatores
genéticos e nutricionais.
O período da adolescência é muito importante do ponto de
vista nutricional, pois nessa fase há grande desenvolvimento
e crescimento dos indivíduos. A inadequação da dieta pode
retardar o crescimento e a maturação sexual (Dunker,
1999).
Grupos de maior risco*:
Natação
Bailarinas
Ginástica
Corredoras de longas distâncias
Equitação
Ciclistas
* mas pode ocorrer em qualquer modalidade
O principal objetivo do tratamento é a restauração do
ciclo menstrual normal e melhorar DMO.
Geralmente envolve uma equipe multidisciplinar +
suporte de familiares, treinadores e amigos
Avaliação Nutricional:
� Determinar necessidade de energia e
� normalizar ingestão calórica
Tratamento: 
Tratamento 
A solução para o problema da perda de minerais ósseos da atleta consiste em
corrigir a deficiência de estrogênio e/ou aumentar a ingestão de cálcio até
níveis normais.
Como?
� modificação da dieta → para aumentar a disponibilidade global de
energia (pelo menos 30 kcal/kg de massa magra/dia para retomar
menstruação).
→ Ganhar peso (c/ dietas acima de 2500 kcal): estabelecer peso-alvo: 250 a
500g/semana
� 90% de adolescentes amenorréicas retomam menstruação após restaurar
peso (Golden et al, 1997)
� Aumento calórico de 20% levaria a ovulação em 2 meses e
� aumento de 50% nas calorias, ovulação em 2 semanas (Willians et al, 2001).
Tratamento 
� esquema de exercício: ↓ de 10% a 20% da carga de treinos → pode ser
suficiente para normalizar ciclo menstrual.
� Exerc. resistidos são efetivos para baixa DMO
• Suplementação de cálcio e vit. D em todas mulheres com TMA:
– Ca: 1200 a 1500mg/dia
– Vit. D.: 400 a 800 UI/d
� Apoio emocional (Terapia Cognitiva Comportamental): estratégias
terapêuticas com a finalidade de mudança de padrões de pensamento
� Atleta deve ser hospitalizada dependendo da gravidade do quadro
� Medicamentos? Avaliar proibição de substâncias no contexto esportivo
Relativas: 
� HAS
� DM/intolerância a glicose
� Dislipidemias-Doenças
renais ou biliares
� Enxaqueca
� Depressão
� Cirurgias recentes
Contra-indicações à terapia estrogênica
Absolutas: 
� AVC
� DAC
� Desordens tromboembólicas
� Disfunção hepática
� Neoplasias estrógeno-dependentes
� Sangramento vaginal sem diagnóstico
� CA de mama
Quando há resistência em ganhar peso e 
ajustes nutricionais não são suficientes 
para restaurar a ciclicidade menstrual 
Necessário tratamento de 
reposição hormonal para 
evitar a perda óssea precoce. 
Tratamento controverso 
� Uso de pílula anticoncepcional via oral pode ser indicada, 
pois contém estrógeno e progesterona.
� Mas também podem levar à retomada do sangramento 
menstrual, dando falsa sensação de melhora sem 
qualquer alteração na disponibilidade calórica.
Situações que exigem grau elevado de suspeição
• ênfase na perda de peso
• pressão excessiva (staff, individual ou familiar)
• baixa auto-estima
• perfeccionismo
• ansiedade e atitudes obssesivo-compulsivas
• atletas excessivamente magras ou com imagem corporal 
distorcida
• amenorreia
Sinais cardinais da tríade:
• recente declínio no desempenho, 
• mudanças de humor, 
• perda de peso acentuada, 
• lesões frequentes, especialmente fraturas.

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