Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

TÉCNICAS DE
PRODUÇÃO ANIMAL
Renata Augusto Vieira
G
es
tã
o
T
É
C
N
IC
A
S
 D
E
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
 A
N
IM
A
L
R
en
at
a 
A
ug
us
to
 V
ie
ira
Curitiba
2019
Técnicas de 
Produção Animal
Renata Augusto Vieira
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
V658t Vieira, Renata Augusto
Técnicas de produção animal / Renata Augusto Vieira. – Curitiba: 
Fael, 2019.
222 p.: il.
ISBN 978-85-5337-066-5
1. Zootecnia I. Título
CDD 636.08 
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Alf Ribeiro
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Introdução à produção animal | 7
2. Anatomia animal | 23
3. Bovinocultura de corte e leite | 47
4. Caprinocultura e ovinocultura | 67
5. Bubalinocultura | 85
6. Avicultura e suinocultura | 103
7. Piscicultura e ranicultura | 119
8. Sanidade Animal | 141
9. Genética e produção | 159
10. Parâmetros zootécnicos e gestão da produção | 177
Gabarito | 195
Referências | 211
Prezado(a) aluno(a),
A produção pecuária teve início há milhares de anos em tri-
bos dispersas em várias localidades do globo terrestre, e chegou 
ao Brasil no início da colonização portuguesa. Desde então, todos 
aqueles que se dedicam à criação animal têm contribuído para a 
ascensão dessa atividade e pela posição de destaque do Brasil 
no cenário mundial como um dos principais países produtores e 
exportadores de carne, leite, ovos, lã, entre outros produtos.
A criação de animais com fins comerciais é uma das ativi-
dades que constitui o agronegócio e é responsável por abaste-
cer o mercado interno e também por exportar a outros países, de 
acordo com as exigências de qualidade determinadas por cada 
um deles. Essa capacidade de atender à demanda internacional 
foi adquirida graças ao desenvolvimento da cadeia pecuária, com 
investimento em novas tecnologias e aprimoramento do conhe-
cimento técnico por parte dos responsáveis envolvidos (agrô-
nomos, técnicos, médicos veterinários, administradores etc.), e 
às condições climáticas e ambientais que colaboram com o pro-
gresso da pecuária brasileira.
Carta ao Aluno
– 6 –
Técnicas de Produção Animal
É de extrema importância que todos aqueles ligados não só à pecuá-
ria, mas também ao agronegócio como um todo, direta ou indiretamente, 
compreendam o funcionamento da cadeia produtiva, pois cada ponto dessa 
rede pode constituir um gargalo de produção, com a possibilidade de gerar 
lucros menores. Não obstante, o conteúdo da presente obra possibilita um 
maior conhecimento em melhorias de processos que podem ser aplicadas 
nos diferentes sistemas de criação, bem como na criação de diversas espé-
cies comerciais, contribuindo também para um maior desenvolvimento do 
processo como um todo.
Isto posto, essa obra tem como objetivo principal apresentar ao lei-
tor as particularidades das principais espécies comerciais de animais uti-
lizados na pecuária moderna. Aborda desde características anatômicas e 
fisiológicas desses animais, até o processo de gestão de um estabeleci-
mento, buscando sempre uma visão abrangente e sistêmica da atividade 
económica, sem deixar de mencionar características peculiares de cada 
atividade específica.
Ademais, por se tratar de um tema amplo, foram selecionados os 
assuntos mais importantes e, por conseguinte, alguns temas ocasional-
mente podem não ter sido mencionados ou então sido tratados de maneira 
superficial. Sendo assim, fica o convite ao leitor para se aprofundar em tais 
temas por meio dos materiais disponibilizados nas referências.
Espero que os assuntos discutidos nessa obra possam trazer diver-
sos esclarecimentos sobre a arte da criação animal e, inclusive, suscitar a 
vontade de adquirir mais conhecimento e, quem sabe, seguir profissional-
mente nessa área.
A autora.
1
Introdução à 
produção animal 
Desde os primórdios da domesticação animal, a relação 
entre homem e animal tem sido muito próxima. Durante séculos, 
essa relação é simbiótica, havendo uma intensa associação entre 
seres humanos e animais. Por exemplo, os bovinos dependem do 
homem no fornecimento de alimentação e abrigo, além de cuida-
dos gerais, ao passo que o homem se beneficiada carne, do leite, 
do esterco e outros produtos.
No início dessa interação, os indivíduos, ainda nômades, 
conduziam alguns animais em busca de melhores locais. Com o 
passar do tempo, já fixos ao ambiente em que viviam, a maioria 
das propriedades eram pequenas, e famílias inteiras viviam com 
um ou dois animais. A família e o gado normalmente coabitavam 
as mesmas instalações e, quando não, dividiam partes adjacentes 
das mesmas.
Técnicas de Produção Animal
– 8 –
Na atualidade, especialmente a partir do pós-Segunda Guerra Mun-
dial, as práticas mudaram e a maioria dos países buscou a autossuficiên-
cia na agricultura e na produção animal. Houve, consequentemente, um 
aumento no tamanho das propriedades, uma maior especialização produ-
tiva e o surgimento de novas tecnologias aliadas ao trabalho de profissio-
nais especializados.
Neste capítulo, serão tratados aspectos iniciais da produção animal, 
desde o início dessa relação entre homem e animal, passando pelo estudo 
geral da zootecnia e finalizando com aspectos de bem-estar animal.
1.1 Interação homem versus animal
Segundo cientistas, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos surgiu o 
planeta Terra. Não este ao qual estamos acostumados, com terras e mares, 
mas sim uma versão um pouco mais primitiva, com poucos componen-
tes em estado líquido e muitos 
gasosos. Desde este momento, 
a evolução tem sido cons-
tante: os primeiros seres vivos 
(microrganismos) datam de 
aproximadamente 3,8 bilhões 
de anos atrás e desde então o 
que tem definido o sucesso das 
espécies, sejam elas de plantas 
ou animais, é a capacidade de 
adaptação ao meio. Essa adap-
tação levou ao surgimento de 
diversos ambientes (Figura 
1), que por sua vez contribuí-
ram para a permanência desses 
seres, que constituíram novos 
ambientes, dando lugar a novas 
espécies animais e vegetais. 
Trata-se de um ciclo: a diversidade do meio gera mais evolução a partir 
da adaptação das espécies a novas situações. Por meio desse ciclo de 
Figura 1.1 – Evolução do planeta Terra
Fonte: Shutterstock.com/Vectorpocket
– 9 –
Introdução à produção animal 
evolução, que levou bilhões de anos, surgiram grupos de animais que 
têm características semelhantes, mas que também são fundamentalmente 
diferentes entre si. A partir disso, têm-se raças, linhagens, tipos e varie-
dades (ROLIM, 2014).
A domesticação animal teve início por volta do ano 7000 a.C., quando 
o homem passa do nomadismo ao sedentarismo. Com a Revolução Neolí-
tica (ou Transição Demográfica Neolítica), houve uma grande movimen-
tação de diversas culturas humanas, que abandonavam a vida baseada na 
caça nômade, sempre se deslocando para locais com abundância de recur-
sos, para adquirirem padrões de vida sedentários, transformado o local em 
que viviam de acordo com suas necessidades. Inicia-se, a partir de então, 
a domesticação de plantas e o início do desenvolvimento da agricultura, 
bem como da domesticação animal.
A domesticação foi uma consequência natural da própria criação de 
animais realizada pelo ser humano, a priori, para satisfazer suas necessi-
dades. O homem primitivo, agindo mais por instinto do que por experiên-
cia, convivia próximo aos animais e lhe foi muito fácil coexistir com eles, 
amansá-los, introduzindo-os na domesticidade.Este processo foi longo e 
atravessou gerações até estar concluído (BERTOLLI, 2008).
O cão foi o primeiro animal a ser domesticado pela raça humana para, 
em um primeiro momento, servir de alimento. Posteriormente, percebeu-
-se que o cão era um bom caçador, passando a ser utilizado em técnicas 
de caça, bem como no pastoreio e, por fim, como animal de companhia. 
Após o cão, a cabra, a ovelha e 
os suínos foram domesticados 
na Ásia e na Europa em virtude 
da produção de leite, de lã, de 
carne e de banha, respectiva-
mente. Os bovinos e os bubali-
nos vieram em seguida, embora 
estes (bubalinos) ainda não são 
considerados domésticos, mas 
semidomésticos, uma vez que 
apresentam alta adaptabilidade 
ao habitat natural e à vida sel-
Figura 1.2 – Interação entre homens e animais na 
Pré-História
Fonte: Shutterstock.com/ gerasimov_foto_174
Técnicas de Produção Animal
– 10 –
vagem quando reintroduzidos ao seu ecossistema original. A domestica-
ção do cavalo ocorreu anos mais tarde, durante a Idade do Bronze, na Ásia 
e na Europa (figura 1.2).
1.2 Introdução à Zootecnia
Em 1843 foi usada pela primeira vez a palavra zootechnie, de origem 
francesa, formada a partir de dois radicais gregos: zoon, “animal”, e tecne, 
“tratado sobre uma arte”. Sendo assim, em um primeiro momento, denomi-
nou-se o que hoje é chamado de Zootecnia como conhecimentos voltados à 
criação de animais. Hoje, ela é tratada como uma ciência que estuda criação, 
produção e manejo de animais domésticos ou em processo de domestica-
ção para finalidades econômicas, e, como diversas outras áreas, está em 
contínuo desenvolvimento. À medida que novos estudos e pesquisas são 
realizados, novos conceitos e métodos surgem, modificando a prática da 
produção animal. Cada vez mais a produção pecuária se torna economica-
mente viável, ecologicamente correta e fornece maior qualidade.
Por animais domésticos entende-se aqueles sobre os quais o homem 
tem profundo conhecimento, seja em relação à biologia, à genética, ao 
comportamento ou à reprodução, além de exercer certo domínio sobre eles. 
Ademais, para serem considerados domésticos, considera-se que estes ani-
mais estejam em simbiose com o homem (figura 1.3), ou seja, que haja uma 
associação entre organismos de espécies diferentes mutuamente vantajosa.
Figura 1.3 – Homem e animal em simbiose
Fonte: Shutterstock.com/ HQuality
– 11 –
Introdução à produção animal 
Para Bertolli (2008), no geral, os objetivos da Zootecnia são: produ-
ção de alimentos, de trabalho, de bens, e de matéria-prima para a indústria 
ou para a agricultura. Estes produtos gerados pela produção pecuária, fru-
tos da Zootecnia, fundamentam sua existência na promoção de uma maior 
qualidade de vida aos seres humanos, embora o acesso a eles nem sempre 
ocorra de forma equilibrada e justa.
Nesse sentido, nota-se que o avanço da Zootecnia como ciência deve-
-se à atuação conjunta de diversos profissionais, sejam eles produtores, 
técnicos/zootecnistas e/ou pesquisadores. Por meio do conhecimento 
prático, adquirido no dia a dia de uma propriedade, os produtores pas-
sam informações, conhecimentos e vivências aos técnicos e zootecnistas. 
Estes, por sua vez, através do conhecimento teórico, aliado ao saber prá-
tico, implementam soluções e, então, transferem aos pesquisadores obser-
vações e ideias a serem desenvolvidas em pesquisas, que se pretendem à 
aplicação empírica, ao final do processo.
Desde o início do vínculo entre homens e animais, pode-se dividir a 
Zootecnia em dois momentos: a Fase Empírica e a Fase Técnica.
 2 Fase empírica: a zootecnia era vista como arte, sem se basear 
em pressupostos científicos, mas sim em percepções pessoais. 
Ela é característica dos primeiros anos de domesticação do ani-
mal pelo homem, uma vez que se pautava na observação, e não 
na criação de hipóteses para sua corroboração ou refutação atra-
vés de experimentos e resultados. 
 2 Fase técnica: a ciência toma o lugar das observações ocasionais 
e passa a direcionar a atividade pecuária, provendo informações 
mais precisas sobre como produzir, visando sempre maior pro-
dutividade e qualidade do produto, bem como o seu beneficia-
mento e incorporação de valor, passando inclusive pelo bem-
-estar dos animais envolvidos no processo.
Através da Fase Empírica, subdividem-se duas grandes áreas: Zoo-
tecnia Geral e Especial. A Zootecnia Geral é a parte teórica, que trata 
do estudo de animais domésticos de um ponto de vista mais amplo, a fim 
de desenvolver leis, métodos, relações e modelos para a interação com o 
animal. Existem quatro aspectos estudados nessa área:
Técnicas de Produção Animal
– 12 –
1. Domesticação – estuda a origem das espécies, a interação do 
homem com a natureza até o ponto em que cada espécie é con-
siderada domesticada, bem como os processos envolvidos nessa 
ação. Entende-se também como animal doméstico aquele que 
passa aos seus descendentes hereditariamente características 
específicas (OLIVEIRA, 2008). Essas caraterísticas podem ser 
divididas em alguns atributos:
 2 sociabilidade – tendência em viver em sociedade;
 2 mansidão – ausência do instinto selvagem;
 2 fecundidade em cativeiro – capacidade de perpetuação da 
espécie em ambiente diferente do habitat natural;
 2 função especializada – função de interesse ao homem, por 
exemplo, produção de leite e/ou carne, aproveitamento de 
pele/pelo, tração, etc.;
 2 facilidade de adaptação – capacidade de adaptar-se a 
ambientes diferentes.
Caso não sejam satisfeitas as condições mencionadas, o ani-
mal não pode ser domesticado. Esse é o caso do elefante, que é 
sociável, de índole mansa, mas não se reproduz facilmente em 
cativeiro. O número de espécies domésticas é, portanto, muito 
limitado, e aproximadamente para cada 1000 selvagens, entre 
mamíferos e aves, há apenas uma doméstica.
2. Individualidade – preocupa-se com o conhecimento e desenvol-
vimento de caraterísticas raciais, étnicas, sexuais e produtivas 
das espécies.
3. Ambiente – analisa as variações ambientais, bem como a adap-
tação animal a essas mudanças. Estuda a interferência das condi-
ções do meio ambiente no desenvolvimento das espécies, assim 
como a intercorrência das condições artificiais, como alimenta-
ção, manejo, sanidade e higiene.
4. Genética – compreende as diferenças entre espécies e entre 
indivíduos através de variedades genéticas e raciais. Ademais, 
– 13 –
Introdução à produção animal 
observa-se os métodos de reprodução, sistemas de acasala-
mento, seleção natural, entre outros.
 Curiosidade
É comum que as pessoas confundam animal doméstico com animal 
amansado, como é o caso de papagaios, macacos, cotias, etc. Con-
tudo, estes não são como os bois, cavalos, carneiros, cabras, cães, 
que são espécies verdadeiramente domésticas. O animal amansado 
é um espécime, ou seja, apenas um em toda uma população; é um 
ser criado sob certas condições, que tem a capacidade de obedecer, 
responder a ordens e conviver pacificamente com o homem; já o ani-
mal doméstico é uma espécie inteira ou um grande grupo. O animal 
amansado é somente um indivíduo que perdeu sua agressividade 
(OLIVEIRA, 2008).
A Zootecnia Especial é o estudo particular de cada espécie, ou seja, 
o processo de produção específico de cada animal, bem como o tipo de 
produto que será gerado dessa criação, por exemplo:
1. bovinocultura de corte – criação de bovinos para produção de carne;
2. bovinocultura de leite – criação de bovinos para produção de leite;
3. suinocultura – criação de suínos para produção de carne;
4. avicultura de postura – criação de galinhas para produção de ovos;
5. avicultura de corte – criação de galinhas para produção de carne.
1.3 Bem-estar animal
Após o surgimento da Zootecnia e, consequentemente, do advento 
dos estudos e das pesquisas relacionadosà produção animal, houve uma 
certa negligência (ou falta de experiência) com a questão do bem-estar 
animal. Todas as tecnologias desenvolvidas para o aprimoramento dos 
resultados produtivos, durante muitos anos, consideraram somente o fun-
cionamento biológico praticamente mecânico dos animais.
Técnicas de Produção Animal
– 14 –
Felizmente, em um período mais recente da história, surge uma maior 
preocupação com a maneira com que se trabalha, por parte dos próprios 
produtores e pesquisadores. Ainda é uma área recente e carente de desen-
volvimento, mas tudo indica que nos próximos anos a preocupação com as 
condições físicas e psicológicas dos animais será mais extensamente consi-
derada. Com vistas a atender o mercado consumidor, um dos pontos-chave 
– quiçá o principal – da cadeia de produção tenderá a ser: entregar produtos 
de alta qualidade, seguros, nutritivos, mas que também tenham compromis-
sos sociais e ambientais; assim, o setor produtivo seja apresenta sinais de 
reestruturação, visando ao bem-estar animal, sem, contudo, perder o foco na 
lucratividade (ESCOLA DE VETERINARIA UFMG, 2012).
1.3.1 Etologia
Com o passar dos anos, as interações entre humanos e animais pas-
saram por modificações substanciais em virtude do aumento da demanda 
por produtos de origem animal. No início do século XX, os sistemas de 
produção adotavam mecanismos com altas taxas de lotação, buscando 
maior produção e redução de espaço. A partir de 1970, a criação intensiva 
de animais levou ao confinamento intenso de bovinos, suínos e aves em 
muitos países. Em contrapartida, ainda que timidamente, também crescia 
o número de pessoas dispostas a evitar o consumo de produtos provenien-
tes de produções que causem sofrimento aos animais (BÉRTOLLI, 2008).
A Etologia é o ramo que estuda o comportamento animal. O termo 
deriva da palavra grega ethos, que significa “costume”, “hábitos”, “com-
portamento”, e logos, que significa “estudo”, “ciência”. Com grande influ-
ência da teoria darwiniana, esta área de estudos se deriva da Zoologia e 
está ligada aos nomes de Konrad Lorenz e Niko Tinbergen, ganhadores 
do prêmio Nobel de Medicina, que buscaram maiores fundamentos para 
explicar o comportamento animal, tendo como uma de suas preocupa-
ções básicas a evolução do comportamento através do processo de seleção 
natural, concepção criada por Charles Darwin.
Para ele, cada espécie apresenta um conjunto de padrões de compor-
tamento que lhe é característico, da mesma forma que é dotada de parti-
cularidades anatômicas. Os etólogos, por sua vez, estudam esses padrões 
específicos, através de observação dos animais em seu ambiente natural, 
– 15 –
Introdução à produção animal 
pois acreditam que detalhes importantes desse comportamento só podem ser 
observados quando os animais estão livres, interagindo com o meio natural.
 Curiosidade
Charles Robert Darwin (1809-1882) foi um naturalista britânico que ficou 
famoso ao desenvolver uma teoria, conhecida como Teoria da Evolução, 
para explicar o surgimento da vida no planeta Terra. Por ir contra os dog-
mas da Igreja, predominantes naquela época, teve grande dificuldade de 
convencer a comunidade da época, levando ainda algumas décadas para 
que sua teoria fosse explorada e, mais tardiamente, aceita como a melhor 
explicação científica para a origem e o desenvolvimento da vida, o que 
perdura até hoje. Em seu livro A origem das espécies, de 1859, ele apresentou 
a ideia de evolução a partir de um ancestral em comum, através da sele-
ção natural, cuja premissa básica é: o animal mais adaptado (com alguma 
mutação ou característica especial) é o mais apto a sobreviver em seu meio 
e, portanto, passa os genes a seus descentes, que também os passarão 
aos seus descentes, de forma que, em um determinado momento, toda a 
espécie será marcada por aquelas características que a tornam mais apta, 
aprimorando, assim, aquele grupo. Este é considerado o paradigma central 
ainda hoje para explicar diversos fenômenos da biologia. 
Figura 1.4 – Naturalista Charles Darwin
 Fo
nt
e:
 S
hu
tt
er
st
oc
k.
co
m
/E
ve
re
tt
 H
is
to
ri
ca
l.
 
Técnicas de Produção Animal
– 16 –
Em 1963, Tinbergen criou quatro fases para observação do compor-
tamento:
1. primeiro deve-se analisar quais são os fatores exógenos e endó-
genos que desencadeiam um comportamento, estabelecendo 
uma relação entre este comportamento e uma condição anterior. 
Em outras palavras, o que está em análise é o caráter individual 
influenciado por experiências prévias.
2. em seguida verifica-se como o comportamento se desenvolve 
em um indivíduo. É uma análise ontogenética, que avalia o com-
portamento através do tempo para determinar como o indivíduo 
se desenvolve e se diferencia dos outros.
3. a terceira questão é a análise filogenética, que trata do valor 
adaptativo dos comportamentos, estudando a história do com-
portamento no fluxo evolutivo de cada espécie. Esses compor-
tamentos são, portanto, inatos, frutos de uma herança genética.
4. finalmente, a quarta fase aborda a análise funcional, que é a rela-
ção entre um comportamento e as mudanças que ocorrem no 
ambiente ou no próprio indivíduo.
Atualmente, o estudo do comportamento e bem-estar animal tem 
como principal objetivo promover o equilíbrio dos métodos de criação 
e de produção com melhores condições de manejo, proporcionando con-
dições de vida mais dignas aos animais, o que ainda contribui para altas 
taxas de produtividade. Para garantir esses objetivos, nos últimos anos, 
pesquisas e estudos têm sido desenvolvidos considerando condições do 
sistema nervoso e sensorial das espécies. Existem várias definições, mas, 
mundialmente, é aceito o princípio das cinco liberdades que determinam 
o bem-estar animal e dos “três Rs” para animais submetidos a experimen-
tação laboratorial:
Liberdades:
1. livres de medo e estresse;
2. livres de fome e sede;
3. livres de desconforto;
– 17 –
Introdução à produção animal 
4. livres de dor e doença;
5. liberdade para expressar seu comportamento natural.
3 Rs:
1. redução da quantidade de animais submetidos a testes laboratoriais;
2. recolocação ou substituição (replacement em inglês) de animais 
por outras alternativas;
3. refinamento de técnicas e protocolos para que animais utili-
zados em testes laboratoriais passem por cada vez menos dor 
e estresse.
Figura 1.5 – Animal de laboratório
Fonte: Shutterstock.com/unoL
1.3.2 Bem-estar animal, mercado e legislação
Por muito tempo, perdurou na mentalidade de produtores que índices 
zootécnicos, padrões de produção e economia não poderiam coexistir com 
a preocupação com o bem-estar animal. Os primeiros sinais de preocupa-
ção com manejo animal surgiram na Europa, por volta de 1809, quando 
o conceito de bem-estar animal (BEA) teve início. Esta data marca o sur-
gimento da primeira organização social de defesa dos animais, a Royal 
Society for the Prevention of Cruelty to Animals, em Liverpool, Ingla-
terra. O BEA (bem-estar animal) então passou a integrar os cálculos do 
Técnicas de Produção Animal
– 18 –
valor econômico dos produtos de origem animal e os primeiros conceitos 
de BEA começaram a ser implantados no cenário produtivo mundial a 
partir da definição de protocolos de boas práticas de manejo (ESCOLA 
DE VETERINARIA UFMG, 2012). Surgiram então os primeiros estudos 
que buscaram quantificar o impacto que o padrão de bem-estar pode ter 
nas relações custo-benefício. 
No Brasil o tema começou a ser discutido e ações afirmativas foram 
tomadas em 1934. Neste ano foram estabelecidas as primeiras medi-
das voltadas ao respeito e à proteção animal por meio do Decreto n. 
24.645, que, naquela época, já previa multa a quem desrespeitasse o 
regulamento, além de estabelecer critérios claros do quese considerava 
maus tratos. Também na Constituição de 1988, em seu artigo n. 225, o 
poder público demonstra competência para proteger a fauna e a flora, 
vetando práticas que submetam os animais a maus tratos e crueldade. 
Adicionalmente, a Lei sobre Política Agrícola de 1991 estabelece a obri-
gatoriedade da preservação ambiental e do uso racional da fauna e da 
flora brasileiras. Ou seja, ainda que o tema encontre entraves no que 
concerne à prática dessas ações voltadas ao bem-estar animal, existem 
no país regulamentações e exigências que visam direcionar a produção a 
uma visão um pouco mais sustentável.
Até o momento, a responsabilidade pelo estímulo e pelo desenvol-
vimento da produção pecuária, bem como pela fiscalização do bem-estar 
dos animais de produção, criados para fins econômicos, é do Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Inseridos no MAPA 
estão a Secretaria de Defesa Agropecuária e a Coordenação de Boas Prá-
ticas e Bem-estar Animal (CBPA) da Secretaria de Mobilidade Social, do 
Produtor Rural e Cooperativismo (SMC), responsáveis pela fiscalização e 
fomento à produção agropecuária.
Além de tudo, são comprovados os benefícios que podem da promo-
ção do BEA nos estabelecimentos. Por exemplo, uma melhor saúde ani-
mal pode diminuir os riscos para a saúde humana, principalmente em paí-
ses em desenvolvimento. A vacinação contra doenças como a brucelose e 
raiva animal influenciam diretamente na morbidade e mortalidade animal, 
reduzindo, inclusive, o risco potencial de transmissão dessas doenças para 
os humanos. Ademais, a segurança e a qualidade dos produtos alimen-
– 19 –
Introdução à produção animal 
tícios são também influenciadas por fatores que intimamente ligados ao 
bem-estar animal, como um manejo responsável que ajuda na prevenção 
de problemas ligados à qualidade da carne. 
Além desses benefícios práticos, a interação positiva com os ani-
mais pode proporcionar benefícios psicossociais que são importantes 
por contribuírem com o bem-estar humano, pois auxilia no ensino da 
ética do cuidado, na atuação em programas de terapia com animais, entre 
outros (figura 1.6).
A preocupação com o bem-estar animal também pode trazer benefícios 
mais amplos para as comunidades humanas: em áreas rurais, a subsistência 
dos pequenos agricultores está diretamente ligada à sobrevivência, à saúde 
e à produtividade de seus animais. Dessa forma, melhorando o ambiente 
que os cerca, estes aspectos podem ser melhorados consideravelmente, 
auxiliando no desenvolvimento e na manutenção da prosperidade e do 
emprego rural, com os consequentes benefícios da estabilidade familiar e 
da comunidade (FAO, 2009).
Figura 1.6 – Preocupação com bem-estar animal
Fonte: Shutterstock.com/ Doug McLean
Há no Brasil diversas legislações voltadas ao bem-estar animal. Den-
tre elas, podemos citar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, 
que traz tópicos importantes sobre como deve ser pensado e conduzido o 
agronegócio de forma que seja mais respeitosa com os animais. Resumi-
damente, os principais pontos que essa Declaração abrange são:
Técnicas de Produção Animal
– 20 –
 2 os animais têm direito à existência e à vida por serem todos iguais;
 2 os animais devem ser respeitados, tendo direito aos cuidados e à 
proteção do homem, o qual não pode exterminá-los ou explorá-
-los, passando por cima do direito ao respeito;
 2 é completamente proibida a tortura aos animais, bem como 
métodos cruéis de abate ou sacrifício. Quando for necessário o 
sacrifício de qualquer animal, deve ser feito de modo a poupar-
-lhe dor e angústia;
 2 animais selvagens têm o direito de viverem em seu habitat natural 
e qualquer tipo de privação dessas espécies a ele, ainda que para 
fins educativos, contraria o que está estabelecido nesta norma;
 2 animais domésticos que vivam na companhia do homem têm 
o direito de viverem e se desenvolverem de acordo com a sua 
fisiologia natural. Qualquer condição imposta pelo homem que 
modifique a sua natureza infringe esse código;
 2 os animais têm direito a uma vida duradoura dentro das capa-
cidades de cada um; abandono e morte de animais são crimes;
 2 animais próprios para trabalho (por exemplo, búfalos) têm 
direito a uma jornada razoável, com intensidade relativa à sua 
capacidade, além de terem direito ao descanso e à alimentação 
condizentes com o trabalho que realizam;
 2 animais destinados para alimentação devem ser criados den-
tro de padrões e critérios de bem-estar, sem dor ou sofrimento 
(físico ou psicológico).
Os exemplos citados acima foram retirados da Declaração Universal 
dos Direitos dos Animais, documento este proclamado pela UNESCO em 
uma sessão que ocorreu em Bruxelas, no ano de 1978.
Síntese
Há 4,6 bilhões de anos a história do planeta começou a ser escrita. 
De lá até hoje foram inúmeras as transformações pelas quais as espécies 
– 21 –
Introdução à produção animal 
de plantas e animais passaram e continuam passando, o que proporcionou 
maior adaptabilidade e, portanto, uma evolução das espécies originais. 
Essas mudanças permitiram uma relação mais próxima do homem com 
alguns animais, resultando na domesticação de bovinos, equinos, suínos, 
caprinos, ovinos etc. Dessa relação, o homem percebeu que havia um 
potencial de exploração dos produtos animais, como a carne, o leite e a 
lã; a partir de então, a produção animal surgiu como atividade econômica.
Em 1843, a Zootecnia toma forma pelas mãos de Étienne Pierre, o 
Conde de Gasparine, e hoje é conhecida pela ciência que estuda a criação 
de animais para atender às necessidades humanas. Através das caracterís-
ticas produtivas, a zootecnia analisa e desenvolve bases teóricas que auxi-
liam no aprimoramento da produção animal. Nos últimos anos, a preocu-
pação com o manejo animal tem sido pauta nas discussões dos produtores 
rurais e de toda a sociedade que consome esses produtos.
O bem-estar animal está ganhando cada vez mais reconhecimento 
como fator relevante para o sucesso do desenvolvimento em diversos paí-
ses, especialmente os europeus. Também no Brasil, porém, o BEA tem 
contribuído com programas para melhorar a saúde animal, para desen-
volver a sua produção, para atender a animais envolvidos em catástrofes 
naturais, assim como para adaptação da constituição genética dos animais 
ao ambiente em que são criados.
Atividades
1. A partir da evolução das espécies, animais e plantas desenvol-
veram capacidades adaptativas que foram fundamentais para 
sua permanência e para seu desenvolvimento na Terra. Explique 
como essa adaptação foi fundamental para a relação do homem 
com o animal e como se deu o processo de domesticação.
2. Explique com suas palavras o conceito de Zootecnia. Faça um 
esquema com as áreas de divisão dessa ciência e explique breve-
mente as características de cada uma.
3. Qual o principal objetivo de se estudar e aplicar técnicas de 
bem-estar animal?
Técnicas de Produção Animal
– 22 –
4. Pesquise normas, códigos, leis etc., que tratem sobre a questão 
do bem-estar animal e explique com suas palavras onde pode-
mos aplicar cada norma.
2
Anatomia animal 
Segundo Oliveira (2008), a anatomia tem origem na pala-
vra grega ἀνατέμνω (anatemnō), cujos morfemas ana e tomia, 
significam, respectivamente, “através de” e “cortar”, remetendo 
ao ato de dissecar. Desde aproximadamente 1600 a.C., já exis-
tiam civilizações que tratavam do estudo das partes do corpo, 
como papiros egípcios. Entretanto, até os dias atuais, os gregos 
são tidos como os pioneiros no estudo da anatomia por terem 
realizado dissecações com propósitos científicos (KONIG; LIE-
BICH, 2016).
Nessa linha, a anatomia, como o estudo científico da forma 
e da estrutura dos seres vivos, foi definida por Aristóteles como 
a busca de um plano básico de construção comum para todas asestruturas por meio de um processo metodológico. Analisando 
sua obra, Historia Animalium, acredita-se que Aristóteles tenha 
realizado pesquisas anatômicas por meio de dissecações.
Técnicas de Produção Animal
– 24 –
A anatomia animal não só permitiu que o homem conhecesse a con-
formação e disposição dos elementos do corpo dos animais, bem como 
colaborou para a evolução da medicina humana. O conhecimento da ana-
tomia sistêmica é muito importante para estudantes, pois propicia o enten-
dimento da conexão geral entre estrutura e função do corpo animal.
Nesse capítulo, serão abordados conceitos introdutórios de anatomia 
animal que auxiliam no entendimento de outros temas, como reprodução, 
manejo e saúde animal.
2.1 Histórico da anatomia
Desde os primeiros estudos 
de  Aristóteles,  quase  dois  mil 
anos  se passaram quando huma-
nistas dos séculos XV e XVI con-
tinuaram a estudar a abordagem 
de  morfologia  comparada.  Na 
Itália (por volta dos anos 1600), o 
estudo detalhado de corpos huma-
nos e animais levou a várias des-
cobertas, que foram registradas 
por meio da arte, que na atuali-
dade se demonstram como regis-
tros expressados em obras de arte 
mundialmente famosas.
Leonardo  da  Vinci,  Fabri-
zio d’Acquapendente, Marcello 
Malpighi  e  Carlo  Ruini  foram 
pioneiros na área e trouxeram a 
era de ouro da anatomia compa-
rada,  que  continuou  até  o  final 
do século XIX.
No início do século XVII, a 
anatomia dos animais começava 
Figura  2.1  –  Anatomia  muscular  Dell’Anatomia e 
dell’Infirmitá del Cavallo
Fonte: Konig e Liebich (2016).
– 25 –
Anatomia animal 
lentamente a passar por um renascimento. Entretanto, somente após 150 
anos foi criada uma academia veterinária em que o livro de Ruini pôde ser 
usado para ensinar profissionais.
Em meados do século XVIII, Philippe Etienne Lafosse, considerado 
o pai da anatomia dos animais, fundou uma escola veterinária particu-
lar em Paris. Dois anos mais tarde, Lafosse publicou sua obra de maior 
sucesso, Cours d’Hippiatrique – um curso sobre hipiatria ou um tratado 
completo sobre a medicina de cavalos (KONIG; LIEBICH, 2016).
Desde o início dos estudos anatômicos, diversos pesquisadores 
desenvolveram critérios próprios de denominação das partes dos corpos. 
Sendo assim, cada país determinava suas próprias nomenclaturas e havia 
pouca ou quase nenhuma coerência nas definições anatômicas.
A fim de unificar o vocabulário, anatomistas alemães deram o pri-
meiro passo em busca de uma consolidação e passaram a adotar o latim 
como  língua  oficial  na  caraterização  das  partes  corporais.  Em  1895,  o 
suíço Wilhelm His apresentou em um congresso realizado na Basileia um 
rol de nomes contendo mais de 5.550 termos, com as devidas explica-
ções, que passou a ser denominado “Basel Nomina Anatomica” (BNA). 
Entretanto, somente pouco mais de cinquenta anos depois (1952), na reu-
nião do International Anatomical Nomenclature Committee  (IANC),  as 
nomenclaturas propostas por 
His foram revisadas e padroni-
zadas, definindo o latim como 
língua oficial para a descrição 
de estruturas.
Em  1955,  foi  publicada 
a primeira edição da Nomina, 
conhecida  como “Paris 
Nomina Anatomica” (PNA), e 
estabelecido o Comitê Interna-
cional  para Nomenclatura  em 
Anatomia  Veterinária.  Treze 
anos mais tarde, em 1968, foi 
publicada a primeira Nomina 
Figura 2.2 – Vasos sanguíneos de um cavalo ilustrados 
por Seifert von Tennecker, em 1757
Fonte: Konig e Liebich (2016).
Técnicas de Produção Animal
– 26 –
Anatomica Veterinaria (NAV). Desde então, várias revisões foram reali-
zadas (1972, 1983 e 1993). Essa obra é de extrema relevância, pois padro-
niza mundialmente a terminologia na medicina veterinária, gerando uma 
ferramenta útil para o estudo da anatomia
2.2 Introdução ao estudo da anatomia
Anatomia é uma ciência, ramo da morfologia, que estuda e descreve 
a  forma,  a  estrutura,  a  topografia  e  a  interação  funcional  dos  tecidos  e 
órgãos que compõem o corpo quanto a sua posição, tamanho, coloração, 
origem, função etc. A dissecação ainda é o método mais usual, importante 
e eficiente para estudar e entender anatomia.
A anatomia animal pode ser dividida em dois ramos: descritiva e topo-
gráfica. A primeira refere-se à descrição dos sistemas e subdivide-se por sua 
vez em macroscópica e microscópica. A anatomia topográfica diz respeito 
ao estudo em conjunto de todos os sistemas e das relações entre eles.
2.2.1 Anatomia topográfica
São utilizados termos descritivos padronizados para indicar precisa-
mente a posição ou direção de partes do corpo. Divide-se o corpo animal 
em secções e dessa divisão tem-se a cabeça, o pescoço, o tronco, a cauda 
e os membros. Cada uma dessas partes é subdividida em regiões. Nesse 
sentido, para determinar as estruturas, deve-se considerar que o animal 
está em pé, com os quatro membros apoiados no solo, pescoço e cabeça 
retos, de maneira que as narinas estejam voltadas para a frente e os olhos 
voltados para o horizonte.
2.2.2 Anatomia sistemática
São estudados os sistemas que permitem o funcionamento do corpo 
do animal como um todo. As células e os tecidos com estrutura e função 
similares são agrupados em órgãos ou em sistemas que atuam em conjunto 
para executar determinadas funções que permitem o funcionamento do 
organismo e sua sobrevivência.
– 27 –
Anatomia animal 
Divide-se em áreas, como osteologia (descrição do esqueleto, de 
ossos e das cartilagens), sindesmologia (estudo das articulações), mio-
logia (conhecimento dos músculos), neurologia (sistema nervoso), entre 
outros. Nesse momento, os sistemas de maior importância para o estudo 
de técnicas de produção animal são o sistema digestivo e reprodutivo.
Figura 2.3 – Esqueleto bovino
Fonte: adaptado de Shutterstock.com/miha de.
2.3 Sistema digestivo
O sistema digestivo é responsável pela quebra dos alimentos em par-
tes menores, para ser utilizado na geração de energia para o crescimento e 
para a renovação celular. Os órgãos que compõem esse sistema recebem 
os alimentos, que, em seguida, são degradados química e mecanicamente 
em pedaços menores e então seus nutrientes são absorvidos pelo orga-
nismo (onde e/ou por quem). Por fim, o aparelho elimina resíduos excre-
tados e que não foram aproveitados.
Técnicas de Produção Animal
– 28 –
O  aparelho  digestivo  consiste  basicamente  de  um  tubo  músculo-
-membranoso que se estende da boca até o ânus. Também inclui glândulas 
anexas, como as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.
As funções básicas do sistema digestório são ingestão, mastigação, diges-
tão e absorção dos alimentos e a eliminação do material não aproveitável.
As partes principais do aparelho digestivo em monogástricos (exceto 
aves) e ruminantes são boca, faringe, esôfago, estômago, intestino del-
gado, intestino grosso, glândulas acessórias e canal anal. Nas aves, o sis-
tema digestório pode ser dividido em boca, esôfago, inglúvio (papo), pro-
ventrículo, moela, intestino e canal anal.
Quadro 2.1 – Comparação entre animais monogástricos e ruminantes
Característica Exemplos
Monogástricos
Possuem compartimento 
simples para a digestão
(unicavitário)
Cavalo
Porco
Ave
Coelho
Ruminantes
Possuem vários compar-
timentos que realizam a 
digestão
(pluricavitário)
Bovino
Ovino
Caprino
Fonte: elaborado pelo autor.
a) Boca
As principais funções são apreensão do alimento, mastigação e 
formação do bolo alimentar. Quando o alimento entra em con-
tato com a saliva – e por meio do ato de mastigar, inicia-se a 
digestão química com auxílio das glândulas salivares.
b) Faringe
Cavidade comum por meio da qual passam o ar e o material 
ingerido. Na passagem do bolo alimentar, ocorre a deglutição.
– 29 –
Anatomia animalSaiba mais
Deglutição é o processo pelo qual um bolo alimentar é transportado da 
boca por meio da faringe para o esôfago e finalmente até o estômago. 
Ela pode ser dividida em duas etapas, a primeira é o ato voluntário de 
mastigação e a passagem do bolo alimentar para a faringe, e a segunda 
etapa se inicia quando o bolo alimentar toca a mucosa faríngea, dando 
início aos reflexos de deglutição. Ao final, o alimento chega ao estômago.
c) Esôfago
É o canal entre a faringe e o estômago.
d) Estômago
Em ruminantes e monogástricos, o estômago apresenta varia-
ções quanto à forma, podendo ser dividido em estômago unica-
vitário (com apenas um compartimento) e pluricavitário (com 
diversos compartimentos).
Em  monogástricos,  o  estômago  é  constituído  por  uma  única 
estrutura, que é composta pela cárdia e pelo piloro, estruturas 
do tipo esfíncter que controlam a entrada e a saída do bolo ali-
mentar.
Nos  ruminantes,  o  estômago  é  dividido  em  quatro  estrutu-
ras ou cavidades: as três primeiras são o rúmen, o retículo e o 
omaso. Nelas, o alimento  recém-chegado ao estômago é umi-
dificado  e  digerido  por micro-organismos  (especialmente  car-
boidratos complexos). O rúmen é o maior dos compartimentos 
e é a primeira estrutura a  receber o alimento após uma rápida 
mastigação. Nele, o alimento passa por um processo de tritura-
ção mecânica do que foi ingerido e são liberadas enzimas que 
auxiliam no  início da digestão da celulose. Após esse período 
no rúmen, o alimento volta à boca, em que é mastigado nova-
mente de maneira mais completa. Logo após, o bolo alimentar 
volta ao rúmen e em seguida passa para o retículo, continuando 
Técnicas de Produção Animal
– 30 –
a digestão. O omaso é a terceira estrutura a receber o alimento, 
responsável pela  retirada da  água do bolo  alimentar. A última 
cavidade,  o  abomaso  (também  chamado  de  “estômago  verda-
deiro”), é responsável pela digestão do que não foi degradado 
pelas estruturas anteriores e nele é liberado o suco gástrico, que 
auxilia no processo da digestão química do alimento.
A ruminação é um ato no qual o animal ingere o alimento rapida-
mente, completando a mastigação mais tarde. Esse mecanismo 
envolve a regurgitação do alimento (retorno do alimento à boca), 
remastigação, reinsalivação e, então, a redeglutição.
Figura 2.4 – Comparação entre o aparelho digestivo de monogástricos e ruminantes
 
Fonte: Shutterstock.com/ Designua
e) Intestino delgado
O intestino, em geral, é a parte caudal do canal alimentar. Tem iní-
cio no piloro e prossegue até o ânus. É divido em intestino delgado 
– indo do piloro até o ceco – e intestino grosso – do ceco até o ânus.
O  intestino  delgado  é  segmentado  em  três  partes:  duodeno, 
jejuno e íleo. O duodeno é a parte inicial, seguido pelo jejuno 
(a parte mais extensa) e ao final pelo íleo, que é composto por 
uma forte camada muscular responsável pelo transporte do bolo 
alimentar até o ceco.
No  intestino  delgado,  os movimentos intestinais são seme-
lhantes para ruminantes e não ruminantes. A movimentação da 
– 31 –
Anatomia animal 
ingesta através do intestino auxilia na mistura do alimento com 
sucos digestivos (suco pancreático e biliar), promovendo maior 
absorção dos nutrientes.
f) Intestino grosso
O  intestino  grosso  tem  início  no  ceco,  que  é  a  estrutura  que 
se  conecta  com a  última parte  do  intestino  delgado,  o  íleo. A 
segunda parte do intestino grosso é o colo, seguido pela terceira 
e última parte, o reto.
g) Canal anal
O canal anal é uma estrutura curta e constitui a parte final do 
canal alimentar, abrindo-se para o exterior pelo ânus. Esse é con-
trolado pelos esfíncteres anais externo e interno.
Figura 2.5 – Topografia dos órgãos abdominais e pélvicos da vaca
Fonte: Shutterstock.com/Nicolas Primola.
h) Glândulas acessórias
 2 Glândulas Salivares: existem três pares de glândulas (paró-
tidas, submaxilares e sublinguais) que estão localizadas na 
boca dos animais. Possuem a função de secretar líquidos que 
auxiliam na umidificação e na formação do bolo alimentar.
 2 Fígado: produz a bile, fluido produzido e  armazenado na 
vesícula biliar que atua na emulsificação da gordura. A bile 
é lançada no duodeno, parte inicial do intestino delgado.
Técnicas de Produção Animal
– 32 –
 2 Pâncreas:  glândula  responsável  pela  produção  enzimas 
digestivas que são lançadas também no duodeno.
Nas aves, o sistema digestivo é divido em:
a) Boca
As aves não possuem dentes ou lábios, por isso a função da apre-
ensão dos alimentos, diferentemente do que ocorre em outros 
animais, é feita com auxílio do bico. Não há produção de saliva, 
por isso a umidificação do alimento ocorre no papo.
b) Esôfago
Possui  a  mesma 
função do esô-
fago dos mamí-
feros. Trata-se de 
um canal inter-
mediário entre a 
boca e o papo.
c) Inglúvio (papo)
Constitui parte do 
esôfago. É uma 
região avolumada 
com a função 
principal de umi-
dificar o alimento.
d) Proventrículo
É a primeira parte do estômago, onde tem início a digestão com 
a secreção do suco gástrico.
e) Intestino
Região onde ocorre a absorção de nutrientes e onde são lançados 
os sucos produzidos pelas glândulas acessórias.
f) Ânus
Localizado na cloaca.
olho
bico
traquéia
esôfago
crop
coração
baço
fígado
coluna
vertebral pulmões
ovário
rim
oviduto
moela intestino
cloaca
Figura 2.6 – Sistema digestivo em aves
Fonte: Shutterstock.com/BlueRingMedia
– 33 –
Anatomia animal 
2.4 Sistema reprodutivo
A reprodução é o maior recurso para preservação de vida na Terra. 
Especialmente a reprodução sexuada – fusão dos gametas feminino e mas-
culino –, que contribui para a manutenção e evolução das espécies. Por 
meio dela, as informações genéticas do pai e da mãe são passadas às gera-
ções futuras e, por mais que os reprodutores tenham vários descendentes, 
todos serão diferentes geneticamente entre si. A diferenciação genética é a 
característica mais importante para a evolução das espécies, uma vez que 
apenas os melhores adaptados se mantêm.
2.4.1 Sistema reprodutor feminino
A principal diferença na questão reprodutiva entre fêmeas e machos 
é que as fêmeas são responsáveis pela gestação da cria até seu nascimento 
e, posteriormente, pela sobrevivência do filhote até que ele adquira maior 
autonomia. Para tanto, o organismo das fêmeas é preparado para a fecun-
dação, bem como para a gestação e amamentação em algumas espécies. 
Ademais, produzem hormônios específicos para cada fase, que auxiliam 
no desenvolvimento das matrizes e de seus filhotes. O sistema reprodutor 
feminino é composto de ovários, trompas, útero, vagina e vulva.
a) Ovários
São glândulas  com duas  funções  principais,  produção de hor-
mônios e produção de óvulos. São órgãos primários que ficam 
localizados atrás dos rins, um do lado esquerdo e outro do lado 
direito.  Nos  ovários  são  produzidos  os  folículos,  que  poste-
riormente darão origem aos óvulos. Estes, também conhecidos 
como gametas femininos, carregam em si informações genéticas 
da fêmea que serão passadas adiante para a prole.
Em regra, as fêmeas  possuem  dois  ovários  que  ficam  ativos 
durante  toda  a  vida,  produzindo  hormônios  da  puberdade, 
durante a gestação e até que a fêmea envelheça.
b) Trompas
São pares  de  “tubos” que  fazem a  ligação dos  ovários  com o 
útero. Os óvulos prontos para serem fecundados são conduzidos 
Técnicas de Produção Animal
– 34 –
pelas trompas através de cílios que se movimentam carregando 
esses óvulos. Os espermatozoides também são conduzidos pelas 
trompas. Geralmente a fecundação ocorre nas próprias trompas.
c) Útero
O útero pode ser dividido em três regiões básicas: cornos, corpo 
e cervix(colo). O colo do útero é a região mais “baixa”, onde há 
a ligação entre útero e vagina. Também nessa região é formado 
o tampão mucoso durante a gestação, que auxilia na proteção do 
útero contra a entrada de corpos estranhos.
Figura 2.7 – Útero, ovário e trompas de vaca
Fonte: Dr. J. Maierl, Munique
d) Vagina
Trata-se da porção do canal de parto que está localizada dentro 
da pélvis, entre o útero e a vulva. Também serve como local para 
o acolhimento do pênis durante a cópula, e é o local onde ocorre 
a ejaculação na maioria dos animais.
É uma estrutura muito flexível e naturalmente lubrificada para o 
momento da cópula e também para o momento do parto.
e) Vulva
Porção externa do aparelho reprodutor feminino, que se estende 
da vagina para o exterior.
– 35 –
Anatomia animal 
Figura 2.8 – Comparação dos órgãos genitais em fêmeas de diversas espécies
Fonte: Shutterstock.com/Peter Hermes Furian
Quadro 2.2 – Conceitos importantes na fisiologia da fêmea
Conceito Significado
Puberdade
Período de transição entre a infância e a maturidade, 
durante o qual ocorre o desenvolvimento dos caracte-
res sexuais secundários, aceleração do crescimento e 
maturação dos órgãos reprodutores, levando ao início 
das funções reprodutivas. Caracteriza-se pelo surgi-
mento dos primeiros folículos e, consequentemente, 
do primeiro cio.
Ovulação
Os folículos ovarianos se desenvolvem, formando 
uma  protuberância  e,  finalmente,  rompendo-se. 
Desse rompimento saem o líquido folicular e o 
óvulo, que são expelidos do ovário, completando o 
processo de ovulação.
Técnicas de Produção Animal
– 36 –
Conceito Significado
Cio
Período no qual ocorrem modificações físicas e compor-
tamentais nas fêmeas. Ocorre em períodos que variam 
a cada espécie e representam a receptividade à cópula.
Ciclo Estral
A produção de óvulos ocorre de maneira cíclica, em 
intervalos regulares. O intervalo entre um cio e outro 
é denominado ciclo estral e este é controlado por dois 
hormônios:  hormônio  foliculoestimulante  (FSH)  e 
hormônio luteinizante (LH).
Pró-Estro
Antes do início do ciclo, há a produção de FSH, que 
estimula a produção dos folículos nos ovários, junta-
mente com outro hormônio, o estradiol. Em seguida, 
há o aumento de produção de LH.
Estro
Início  da  receptividade  sexual  da  fêmea  e momento 
no qual ocorre a ovulação, quando os níveis de FSH 
diminuem e os de LH aumentam. Assim que a ovula-
ção  termina,  também  termina  esse  período. A  fêmea 
apresenta sinais claros, como presença de muco cris-
talino, imobilidade ao ser montada, vulva edematosa, 
inquietação, monta em outras fêmeas, diminuição da 
ingestão de água e de alimentos, urina com mais fre-
quência, entre outros.
Metaestro
Trata-se da  fase pós-ovulatória. Há  redução do nível 
de estrogênio e aumento de progesterona, o que inibe 
o desenvolvimento de novos folículos caso haja fecun-
dação. Quando não há fecundação, o ovulo é eliminado 
e a progesterona retorna a níveis baixos, deixando de 
atuar até o próximo ciclo.
Fonte: adaptado de Bértoli (2008).
2.4.2 Sistema reprodutivo masculino
Assim  como  nos  seres  humanos,  o  aparelho  reprodutor masculino 
compartilha algumas estruturas com o sistema urinário. O sistema repro-
– 37 –
Anatomia animal 
dutor é composto de testículos, epidídimo, ducto deferente, uretra e glân-
dulas acessórias.
a) Testículos
O organismo masculino é composto por um par de testículos, 
que  variam  de  forma  e  tamanho  de  acordo  com  a  espécie. 
Neles são produzidos os espermatozoides e o hormônio mas-
culino, a testosterona.
b) Epidídimo
Quando saem dos testículos – ainda imaturos –, os espermato-
zoides passam pelo epidídimo, que faz a conexão com o ducto 
deferente. É no epidídimo que ocorre o amadurecimento dos 
espermatozoides antes de serem expelidos.
c) Ducto deferente
É uma estrutura muscular responsável pela propulsão dos esper-
matozoides no momento da ejaculação.
d) Uretra
Canal por onde passa a urina proveniente da bexiga e também o 
esperma durante a ejaculação.
e) Glândulas acessórias
 2 Vesículas seminais: são duas vesículas (um par) que depo-
sitam no interior da uretra o líquido seminal (composto 
por secreções da própria vesícula, da próstata e da glân-
dula bulbouretral, que auxiliam na manutenção e locomo-
ção dos espermatozoides até o exterior do sistema repro-
dutor masculino).
 2 Próstata:  glândula  que  contribui  para  a  produção  do 
líquido seminal.
 2 Glândulas  bulbouretrais  (de  Cowper):  par  de  glându-
las que auxilia na produção de secreção que compõe o 
líquido seminal.
Técnicas de Produção Animal
– 38 –
Figura 2.9 – Órgãos genitais masculinos do garanhão
Fonte: geralmedicinaveterinária.com.
2.5 Sistema reprodutivo das aves
Nas  aves,  os  sistemas  reprodutivos  feminino  e masculino  não  são 
diferentes até o sétimo dia de desenvolvimento embrionário. Mesmo após 
o nascimento, a sexagem é uma tarefa complicada. Essas características se 
explicam, basicamente, em função do desenvolvimento do aparelho repro-
dutor adaptado à condição de ovíparos – o embrião se desenvolve dentro 
de um ovo em ambiente externo, sem ligação com o corpo da mãe. Ade-
mais, as aves apresentam condições particulares morfológicas, como, por 
exemplo, ausência do ovário direito nas fêmeas e modificações morfoló-
gicas do sistema reprodutor ao longo do tempo.
2.5.1 Sistema reprodutor feminino das aves
O sistema reprodutor feminino é formado por um ovário e um oviduto.
a) Ovário
Local  onde  são  produzidos  os  folículos  que  darão  origem 
ao  óvulo. A  principal  diferença  entre  fêmeas  de mamíferos 
– 39 –
Anatomia animal 
e aves é que, naquelas, vários folículos são liberados em um 
período de alguns dias, ao passo que nessas, um único folí-
culo  é  liberado,  originando  o  óvulo,  em  um  intervalo  bem 
menor (a cada dia).
Além disso, outra função essencial dos ovários é a produção de 
hormônios fundamentais para o crescimento do trato reprodutivo.
b) Oviduto
Canal que faz a ligação do ovário com a cloaca. É dividido em 
três partes:
 2 infundíbulo – estrutura afunilada que recebe o óvulo (gema) 
e onde ocorre a fecundação.
 2 magno – estrutura 
seguinte ao infun-
díbulo, onde é ini-
ciada a formação 
da clara (albúmen).
 2 istmo – por-
ção  final,  onde  é 
produzida uma 
menor quanti-
dade de albúmen 
para composição 
da  clara,  além 
da formação das 
camadas interna e 
externa do ovo.
c) Útero
Local onde ocorre a formação da casca do ovo (composta por 
carbonato de cálcio, proteínas, pigmentos, cutícula, entre outros).
d) Vagina
Região de passagem do ovo para a cloaca. Tem como principal 
função adicionar um muco protetor sobre a casca.
Figura 2.10 – Sistema reprodutor feminino em aves
Fonte: sipbb.com
Técnicas de Produção Animal
– 40 –
2.5.2 Sistema reprodutor masculino das aves
a) Testículos
Dois  testículos,  sendo  o  esquerdo  maior  que  o  direito.  Têm 
como principal função a produção de espermatozoides e arma-
zenamento de  sêmen. Diferentemente dos machos mamíferos, 
os testículos ficam armazenados dentro da cavidade abdominal 
(a uma temperatura alta, entre 41 e 43 ºC).
b) Epidídimo
Porção que faz a ligação dos testículos com o ducto deferente.
c) Ducto deferente
Local de armazenamento dos espermatozoides.
d) Cloaca
Figura 2.11 – Sistema reprodutor masculino em aves
Fonte: sipbb.com.
– 41 –
Anatomia animal 
2.6 Técnicas modernas de reprodução
Ao longo dos anos, e em função dos avanços tecnológicos na pecuária, 
foram desenvolvidos métodos de reprodução que incrementam os resulta-
dos econômicos e produtivos na produção de animais superiores (animais 
vertebrados). Consistem de técnicas especializadasque apresentam rela-
tivo custo, porém que tendem a trazer um alto retorno econômico.
2.6.1 Inseminação artificial
Consiste em inserir o sêmen retirado do macho no aparelho reprodu-
tor da fêmea, por meio da manipulação humana. Normalmente, o sêmen 
de um animal de alto valor é retirado e distribuído entre várias fêmeas, 
sendo depositado o mais próximo possível das trompas, aumentando as 
chances de fecundação.
Os cuidados com os espermatozoides coletados no sêmen variam 
entre as espécies. Nos bovinos, por exemplo, os espermatozoides supor-
tam baixas temperaturas, e por isso o material tende a ser congelado para 
uso posterior. Os suínos e os equinos, por sua vez, não produzem esperma-
tozoides que toleram o congelamento e, por conseguinte, estes são manti-
dos apenas resfriados. Ovinos e caprinos têm apresentado capacidade de 
congelamento do esperma semelhante à de bovinos.
Algumas das vantagens na utilização da inseminação artificial estão 
elencadas a seguir:
 2 maior aproveitamento do macho, uma vez que com uma dose 
coletada de sêmen pode-se inseminar diversas matrizes;
 2 redução de problemas sanitários, físicos e psicológicos decor-
rentes do processo de monta natural;
 2 técnica relativamente simples;
 2 favorecimento do desenvolvimento de raças.
 2 Embora existam diversas vantagens, alguns riscos devem ser 
considerados na utilização dessa técnica, como:
Técnicas de Produção Animal
– 42 –
 2 possibilidade  de  diminuição  da  diversidade  genética  pelo  uso 
excessivo de descendentes;
 2 multiplicação de genes desfavoráveis relacionados a doenças 
genéticas;
 2 aumento da consanguinidade entre indivíduos, gerando maior 
probabilidade de compartilhamento de genes recessivos entre 
os animais.
Figura 2.12 – Inseminação artificial em bovino
Fonte: Shutterstock.com/Thanakorn Boonthawee
2.6.2 Fertilização in vitro (FIV) 
Trata-se da fecundação do espermatozoide no óvulo em um ambiente 
externo ao corpo das fêmeas. Em seguida, o óvulo fertilizado é inserido 
na fêmea para que se desenvolva durante a gestação. Na FIV, há a possi-
bilidade de se implantar os óvulos na própria fêmea que os produziu, bem 
como em outras.
Por exigir um nível técnico específico, material e tecnologia, tem-se 
uma técnica de alto custo.
As vantagens dessa técnica são:
 2 maior aproveitamento de uma matriz superior, aumentando 
sua descendência;
– 43 –
Anatomia animal 
 2 permite que uma fêmea de alto padrão produza óvulos com 
maior frequência e não fique prenhe.
Como desvantagens, podemos citar:
 2 alto custo de material, treinamento e mão de obra capacitada 
para realizar a técnica;
 2 assim como na inseminação artificial, existe o risco de redução 
da diversidade genética, ainda que menor.
Figura 2.13 – Fertilização in vitro
Fonte: Shutterstock.com/Martchan
2.6.3 Clonagem
Clonagem é a reprodução de organismos idênticos a partir de células 
já existentes. Ou seja, diferentemente das técnicas estudadas até agora, na 
clonagem não há a utilização de gametas para a fecundação, e sim cópias 
sucessivas de uma célula preexistente. Por isso, nesse método, os animais 
produzidos são todos geneticamente idênticos.
Apesar  de  ser  uma  técnica  ainda  em  estudo,  sem muita  aplicação 
comercial como as anteriormente citadas, existem alguns animais que já 
foram produzidos por meio da clonagem. O primeiro animal obtido por 
essa técnica foi uma rã, gerada por meio de uma célula intestinal de outra 
rã, em 1962. Anos mais  tarde, nasceu a ovelha Dolly, o primeiro clone 
mamífero e o mais famoso da história. A ovelha surgiu como um clone a 
Técnicas de Produção Animal
– 44 –
partir da célula mamária de outro animal adulto, e morreu aos seis anos 
de idade. Muito se afirmava sobre a mortalidade precoce de clones, mas 
no ano de 2017, pesquisadores reavaliaram o caso de Dolly e verificaram 
que a ovelha não apresentava sinais de envelhecimento precoce como fora 
sugerido por outros pesquisadores. Em razão desse e de outros dilemas, 
pode corroborar o  fato de que a  técnica de clonagem ainda é  imatura e 
carece de maiores estudos.
Portanto, trata-se de uma técnica de alto custo, ainda em estudo e que 
reduz drasticamente a variabilidade e a diversidade genética.
Vantagens:
 2 multiplicação de animais idênticos com características desejadas;
 2 uniformidade do rebanho.
Desvantagens:
 2 grande diminuição da diversidade genética do rebanho, uma vez 
que se trata do mesmo código genético para todos os animais;
 2 maior  possibilidade  do  surgimento  de  anomalias  genéticas 
nos clones;
 2 em geral, ainda é uma técnica de baixa eficiência, pois a intera-
ção de fatores biológicos e técnicos envolvidos no processo de 
clonagem ainda não é muito bem compreendida.
Síntese
A reprodução é o maior recurso da natureza para a preservação e a 
manutenção da vida na Terra, pois permite a sucessão de descendentes e 
garante que os mais adaptados sobrevivam às mudanças naturais.
Para  compreender  como  ocorre  a  reprodução,  é  fundamental  o 
entendimento das estruturas e sistemas que constituem o organismo ani-
mal. A anatomia é a ciência que estuda a distribuição e o funcionamento 
(fisiologia)  do  corpo,  podendo  ser  dividida  em  anatomia  topográfica  e 
sistêmica. As duas se complementam e uma permite que se compreenda 
a outra, e vice-versa.
– 45 –
Anatomia animal 
São vários os sistemas de compõem o corpo do animal, e todos têm 
sua  importância  no  funcionamento  do  organismo  como  um  todo.  São 
destacados dois sistemas fundamentais para a disciplina de técnicas de 
produção animal, quais sejam o sistema digestivo – responsável pela 
alimentação e absorção dos nutrientes que mantêm o animal vivo –, e o 
sistema reprodutor – responsável pela reprodução das espécies e, conse-
quentemente, pelo desenvolvimento de novos animais.
Finalmente,  além  da  cruza  natural  entre  macho  e  fêmea, existem 
técnicas desenvolvidas ao longo dos anos que permitem uma reprodução 
mais eficiente, gerando maior retorno econômico. As mais utilizadas são a 
inseminação artificial e a fertilização in vitro. A clonagem também é uma 
possibilidade, entretanto ainda carece de mais estudos.
Atividades
1. A anatomia  é  uma  ciência,  ramo da morfologia,  que  estuda  e 
descreve a forma, a estrutura, a topografia e a interação funcio-
nal dos tecidos e órgãos que compõem o corpo quanto a sua 
posição,  tamanho,  coloração,  origem,  função  etc.  Descreva  e 
explique quais são as divisões existentes no ramo da anatomia.
2. Explique com suas palavras qual a principal função do sis-
tema digestório e como ele se difere entre animais que pos-
suem um compartimento simples para digestão e animais 
com múltiplos compartimentos.
3. O  que  é  o  ciclo  estral?  Descreva  o  processo  e  os  hormônios 
envolvidos em cada etapa.
4. Descreva as principais técnicas de reprodução existentes atual-
mente, suas vantagens e a principal diferença entre a clonagem e 
as demais técnicas.
3
Bovinocultura de 
corte e leite 
A produção animal ocupa um papel econômico e social 
muito grande em nosso país. Em 2015, o Brasil ocupou o pri-
meiro lugar no ranking de mundial de rebanho bovino, com 209 
milhões de cabeças (GOMES, 2017). De 2017 para 2018, a pro-
dução de bovinos cresceu 3,6% de acordo com o IBGE. Esses 
dados corroboram o fato de que a bovinocultura brasileira é parte 
importante na cadeia pecuária nacional. Por isso, desenvolver 
a bovinocultura de maneira sustentável é um grande desafio, 
pois trata-se de buscar uma harmonia entre renda e preservação 
ambiental, bem como de focar em sistemas sustentáveis, dura-
douros e resilientes às variações climáticas e de mercado.
A produção e criação de bovinos pode ser divididaem dois 
ramos: de corte, voltada para a criação de animais que abastece-
rão o mercado com carne e seus subprodutos; e a bovinocultura 
leiteira, responsável pela produção de leite.
Nesse capítulo, serão estudados aspectos importantes na 
produção de gado de corte e leiteiro, como a importância socioe-
conômica no Brasil e no mundo, bem como as principais técnicas 
de produção e manejo.
Técnicas de Produção Animal
– 48 –
3.1 Importância socioeconômica
Atualmente, a posição do Brasil no cenário produtivo, comercial e 
mercadológico é extremamente promissora. Ao ocupar as primeiras posi-
ções em produção animal, mercado consumidor e exportador, o Brasil 
mostra que conseguiu um grande crescimento em pouco anos. Por volta 
da década de 70, o rebanho nacional era menos da metade das 209 cabeças 
que se tem hoje. Essa baixa expressividade no mercado interno, obvia-
mente, não supria sequer as demandas dos próprios brasileiros. Esses últi-
mos 40 anos foram vitais para o amadurecimento da pecuária e grande 
parte desse desenvolvimento se deve a uma modernização revolucionária 
baseada em avanços tecnológicos e na organização da cadeia produtiva 
(GOMES, 2017; IBGE, 2017; SENAR, 2015).
A crescente adoção de tecnologias pelos produtores rurais nos últi-
mos anos proporcionou saltos de produção e qualidade, especialmente nos 
eixos da melhoria na alimentação, evolução da pesquisa genética, manejo 
e saúde animal.
Quando se trata de alimentação, houve uma grande ascensão na pro-
dutividade de carne e leite influenciada pela utilização de pastagens de 
qualidade. O melhoramento de espécies e a seleção de capins com maior 
aproveitamento pelo animal contribuíram fortemente para um acréscimo 
de produção de carne e leite. Ademais, avanços na suplementação animal 
(mineral e proteica) e em tecnologias de criação, como confinamento e 
semiconfinamento, também contribuíram fortemente na produtividade, 
diminuindo a idade ao abate, por exemplo.
Simultaneamente à questão da alimentação, o desenvolvimento da 
genética também teve papel de destaque no desenvolvimento da produ-
ção animal brasileira. A melhoria genética de espécies melhor adaptadas à 
realidade brasileira (como as raças zebuínas e taurinas) foi fator definidor 
para o sucesso da criação no brasil. A introdução do gado zebu na região 
centro-oeste, por exemplo, foi fundamental para o sucesso de produção 
nessa região, tornando-se, inclusive, a base do rebanho brasileiro da atu-
alidade. Além disso, a diversidade de raças existentes no Brasil permite o 
cruzamento de animais com características desejáveis, que geram outros 
animais com maior rusticidade, desempenho, qualidade e eficiência supe-
– 49 –
Bovinocultura de corte e leite 
rior. Nesse sentido, em poucas décadas, o Brasil passou de importador de 
gado, para exportador de material genético de excelência.
Figura 3.1 – Gado zebu
Fonte: Shutterstock.com/Stepnext
Com relação ao manejo, gestão e saúde animal, a revolução da pecuá-
ria ocorre desde os primórdios da domesticação animal. Por muitos anos, a 
criação de animais era uma atividade familiar, de subsistência e, por mais 
que nos dias de hoje ainda sejam muito fortes a agricultura e a pecuária 
familiar, a produção animal tem se tornado cada vez mais uma operação 
profissional. A constante evolução, a profissionalização e a tecnificação 
proporcionam avanços no manejo animal e na gestão da propriedade. 
Aliada aos fatores econômicos, é também crescente a preocupação com 
o bem-estar animal e com as boas práticas, voltada a uma produção cons-
ciente; a preocupação sanitária nos últimos anos tem colocado o Brasil 
em posição de destaque no combate a doenças e propulsor de técnicas e 
medidas de defesa sanitária, garantindo que a carne exportada seja bem 
recepcionada pelos países importadores. Todos esses fatores têm elevado 
os ganhos, diminuído os riscos e gerado renda e emprego.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(EMBRAPA), em 2015, o Brasil ocupava o primeiro lugar como maior 
rebanho bovino (209 milhões de cabeças), o segundo maior consumidor 
(38,6 kg/habitante/ano) e o segundo lugar também em exportações (1,9 
milhões toneladas) de carne bovina do mundo. Em 2017, a exportação de 
carne bovina foi responsável por 3% das exportações brasileiras e garantiu 
Técnicas de Produção Animal
– 50 –
um faturamento de 6 bilhões de reais. No ano de 2018, segundo dados do 
Departamento Norte-Americano de Agricultura (sigla em inglês USDA), 
o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de produção de carne 
bovina e o segundo maior país em consumo desse mesmo produto, atrás 
somente da China.
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), representa 6% do PIB 
brasileiro ou 30% do PIB do Agronegócio, movimentando mais de 400 
bilhões de reais, resultado esse que vem aumentando ao longo dos anos 
e trouxe um incremento de quase 45% nos últimos cinco anos. Nos indi-
cadores do IBGE para o ano de 2018, destacam-se no cenário nacional 
como os estados com mais abates de bovinos Mato Grosso (15,6%), Mato 
Grosso do Sul (11,2%) e Goiás (10%).
A carne bovina também ocupa grande parte do mercado consumidor 
interno (cerca de 80% do consumo), além de possuir tecnologias avança-
das e moderno parque industrial para processamento com capacidade de 
abate de aproximadamente 200 mil bovinos por dia.
 Saiba mais
QUALIDADE DA PRODUÇÃO
O avanço da produção pecuária no Brasil aconteceu e ainda acontece 
graças aos aspectos já discutidos anteriormente (melhoramento gené-
tico, manejo, bem-estar animal, medidas sanitárias, entre outros), além 
das melhorias da qualidade que também vem evoluindo “da porteira 
para dentro”. Comprometidos com o aumento da produtividade, da 
qualidade e com a sustentabilidade do negócio, instituições de ciência 
e tecnologia, centros de ensino, indústrias, associações de produtores, 
ONGs, e demais atores, integram um grupo extremamente atuante com 
iniciativas que contribuem para uma melhora da qualidade “dentro e 
fora da porteira”.
Com relação à qualidade da produção, existem cada vez mais estímulos 
para que o produtor se adeque às exigências do mercado consumidor, 
interno e externo. O Pacto Sinal Verde para a Carne de Qualidade e o 
Programa de Novilho Precoce, por exemplo, são exemplos disso. Para
– 51 –
Bovinocultura de corte e leite 
Gomes (2017), esse tipo de iniciativa traz benefícios abrangentes, pois 
além de valorizar os produtores que melhor produzem, também eleva 
a qualidade da carne bovina que chega ao consumidor e orientam os 
sistemas produtivos para práticas melhores do ponto de vista ambien-
tal e econômico.
Os exemplos citados são alguns dos muitos existentes no país, mas que 
refletem bem um importante caminho que a atividade vem trilhando, 
que é o foco na qualidade, sustentado por boas práticas de produção 
(GOMES; FEIJÓ; CHIARI, 2017)
3.2 Bovinocultura de corte
Aproximadamente 80% do rebanho brasileiro de gado de corte é for-
mado por raças zebuínas (Nelores, Gyr e Guzerá), sendo que 90% com-
preende animais da raça Nelore. Por conta da grande extensão do território 
brasileiro, especialmente da região central do Brasil, e as condições climá-
ticas dessa região, o gado zebuíno – de origem indiana (Bos indicos) – teve 
uma ótima adaptação, uma vez que em seu país de origem as condições 
são semelhantes ao clima central brasileiro. Por volta de 1960, chegaram 
também ao Brasil animais taurinos, de origem europeia, provenientes do 
Uruguai. Atualmente compreendem aproximadamente 20% do rebanho 
nacional, com representantes das raças Angus, Holandês, Simental, entre 
outros; e são criados, em sua maioria, na região Sul do país.
A bovinocultura de corte tem como objetivo a produção de animais 
bem-acabados, precoces, dentro dos padrões sanitáriose de qualidade, 
com custo de produção razoável e com uso sustentável das terras. Uma 
utilização racional da terra é fator de extrema importância para a realidade 
brasileira, pois apesar de ser o quinto maior país em área, muito do que 
se destina a áreas de pastagens apresenta algum nível de degradação. Em 
outras palavras, dos 174 milhões de hectares de pastagens, aproximada-
mente 120 milhões (quase 70%) estão em algum estágio de degradação. 
Consequentemente, o animal que se alimenta e se desenvolve em ambien-
tes dessa qualidade, demora aproximadamente 50 meses para atingir o 
peso ideal de abate; enquanto aquele animal que se alimenta de pastos de 
alta qualidade leva menos de 24 meses.
Técnicas de Produção Animal
– 52 –
3.2.1 Sistemas de produção
Atualmente, existem três tipos de sistemas de criação de bovinos de 
corte no Brasil, que variam de acordo com o grau de tecnologias utiliza-
das: Sistemas extensivo, intensivo e semi-intensivo.
 2 Sistema extensivo
A criação é desenvolvida em campo nativo ou sobre pastagem sem 
nenhum tipo de manejo. Geralmente é realizado em grandes áreas, 
com baixa taxa de lotação e baixa produtividade, além de pouca 
utilização de insumos e mão-de-obra. É um sistema mais arcaico, 
onde são empregadas poucas ou nenhuma tecnologia de produção.
Figura 3.2 – Cultivo extensivo
Fonte: Shutterstock.com/ Patrick Jennings
 2 Sistema intensivo
Os animais são criados confinados ou em pastagens, mas com 
utilização de suplementação alimentar no cocho. São emprega-
das diversas tecnologias e o uso da terra é melhor aproveitado.
Normalmente são adotadas medidas de manejo que proporcio-
nam o aumento da produtividade, como a recuperação da ferti-
lização do solo, o ajuste de carga animal, o planejamento forra-
geiro, o melhoramento dos pastos e o manejo intensivo. Nesse 
sistema, a carne tende a ser a mais mole em função do menor 
esforço feito pelo animal se comparado ao sistema extensivo, 
– 53 –
Bovinocultura de corte e leite 
em que o deslocamento dos animais pelo terreno favorece o 
endurecimento da carne.
Figura 3.3 – Cultivo intensivo
Fonte: Shutterstock.com/Andre Nery
 2 Sistema semi-intensivo
São utilizadas algumas técnicas de produção para alcançar 
melhores índices de produtividade, como, por exemplo, suple-
mentação alimentar no pasto. Esse sistema encontra-se entre os 
sistemas extensivo e intensivo.
Figura 3.4 – Cultivo semi-intensivo
Fonte: Shutterstock.com/fotorobs
Técnicas de Produção Animal
– 54 –
3.2.2 Manejo
3.2.2.1 Alimentação
A alimentação do gado varia de acordo com o sistema de produção 
adotado. Como visto no tópico anterior, a adoção de cada sistema ofertara 
um tipo de alimento.
Apesar de o sistema extensivo utilizar pouco ou quase nenhuma tec-
nologia, podem ser adotadas algumas práticas que auxiliarão no cresci-
mento dos animais. No pastejo, é fundamental que as boas práticas de 
correção do solo sejam aplicadas, como por exemplo, o uso de corretivos 
e fertilizantes, irrigação e conservação de forragem, ou seja, as condições 
gerais do solo são decisivas para a qualidade da pastagem, afinal, o cultivo 
de pasto depende das condições solo e o gado depende exclusivamente do 
pasto para se alimentar e se desenvolver.
Em sistemas intensivos e semi-intensivos, o uso de suplementação 
mineral e proteica, concentrados volumosos, vitaminas e pastagens de 
qualidade, além da correção, adubação, rotação, irrigação e integração 
lavoura e/ou florestas garantem um ótimo aproveitamento do alimento 
pelo animal.
 Saiba mais
VOCÊ SABE O QUE É CREEP FEEDING?
Creep feeding é a suplementação alimentar para os bezerros ainda 
durante a fase de amamentação. A suplementação é feita geralmente 
com concentrado em cocho privativo aos bezerros. O sistema é 
composto de um pequeno cercado, onde ficam os cochos e para acesso 
exclusivo dos bezerros. A vantagem dessa técnica é permitir a desmama 
de bezerros mais pesados e proporcionar redução no tempo de abate 
dos animais.
É importante que o cercado esteja localizado junto das áreas de descanso 
das vacas.
– 55 –
Bovinocultura de corte e leite 
3.2.2.2 Instalações
As instalações devem ser planejadas e utilizadas levando em con-
sideração duas funções básicas: permitir o manejo dos animais e servir 
como abrigo. A quantidade, o tipo e a disposição das instalações variam 
de acordo com alguns fatores, tais como o sistema de criação, a dispo-
nibilidade de recurso financeiros, a exploração comercial, entre outros. 
Naturalmente, quanto mais tecnificado for o sistema de produção, maior 
gasto será necessário com as instalações.
Em geral, as instalações costumam apresentar alguns setores básicos:
 2 Centro de manejo
Local específico para serem realizadas algumas práticas ani-
mais, como identificação, apartação, descorna, vacinação, cas-
tração, exames básicos, inseminação artificial, profilaxia, entre 
outros. Em outras palavras, trata-se de uma instalação que ofe-
reça maior conforto ao produtor/trabalhador e ao animal.
Figura 3.5 – Centro de manejo
Fonte: Shutterstock.com/ Iakov Filimonov
 2 Curral
O curral deve ser próximo à sede e ao centro de manejo para 
que o acesso a esses locais pelos animais e pessoas seja fácil. 
Deve ser em um terreno plano, seco e não suscetível à erosão.
Técnicas de Produção Animal
– 56 –
É importante que energia elétrica, água, e vias de acesso ade-
quadas, que permitam a circulação em diversas situações, 
como em dias de chuva por exemplo. Além disso, é impor-
tante que seja construído em uma área suficiente que permita a 
ampliação futura.
 2 Cocho
Cochos e bebedouros são os locais onde os animais se alimen-
tam e bebem água, respectivamente. O correto dimensionamento 
é essencial para que o consumo de água e suplementos mine-
rais/proteicos seja adequado. Uma má distribuição dos cochos e 
bebedouros pode gerar estresse e competição dos animais para 
acesso à comida e água, dificuldade de alimentação naqueles 
que são construídos no tamanho errado, exposição do alimento 
e dos suplementos à chuva, formação de atoleiros ao redor do 
cocho e/ou bebedouro, entre outros.
Em geral, os cochos devem ser posicionados no pasto ou no con-
finamento de maneira que os animais tenham fácil acesso e per-
manência; devem ser cobertos e ter espaço suficiente para todos 
os animais tenham livre acesso sem competição.
Figura 3.6 – Cocho para alimentação
Fonte: Shutterstock.com/ JMx Images
– 57 –
Bovinocultura de corte e leite 
3.3 Bovinocultura de leite
Nos últimos 30 anos, a produção mundial de leite aumentou mais de 
50%, chegando a 769 milhões de toneladas em 2013 (FAO, 2016). Só no 
Brasil, nos últimos 15 anos, a produção leiteira de bovinos dobrou.
Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations 
(FAO,2016), aproximadamente 150 milhões de lares em todo o mundo 
trabalham com produção leiteira, sendo mais evidente nos países em 
desenvolvimento principalmente entre pequenos agricultores, pois for-
nece rápido retorno econômico.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) no ano de 2017, a produção leiteira alcançou a média de quase 
18 mil litros por dia de litros, sendo o Estado de Minas Gerais o maior 
produtor Brasileiro, seguido pelo Paraná́.
No Brasil, o modelo de produção é baseado em pequenas propriedades, 
com mão de obra familiar e que se mantém ao longo dos anos em razão 
da sucessão familiar. Contudo, nos últimos anos, assim como na criação 
do gado de corte, vem ocorrendo uma evolução e, consequentemente, 
um intenso processo de modernização do campo, através da utilização de 
insumos e novas tecnologias que aumentam a produtividade.
3.3.1 Sistemas de produção
A escolha pelo melhor tipo de sistema por parte do produtor rural 
depende de fatores técnicose econômicos regionais. As instalações podem 
ser desde as simples às mais elaboradas, desde que proporcionem conforto 
aos animais para que estes produzam leite de maneira consistente e com 
alta qualidade. Assim como na criação de gado para corte, na produção de 
leite, existem três sistemas de criação:
 2 Sistema a pasto
As vacas ficam soltas no pasto, sendo recolhidas apenas para 
ordenha. A fonte de alimentação se restringe a pastagem dis-
ponível. O leite produzido a pasto tem custo reduzido, pois não 
necessita de grandes investimentos em instalações e alimentação 
suplementar. Contudo, tende a ter menor retorno econômico
Técnicas de Produção Animal
– 58 –
Figura 3.7 – Vacas se alimentando de pasto
Fonte: Shutterstock.com/ Patrick Jennings
 2 Sistema confinado
As vacas ficam todo o tempo na instalação, onde recebem o ali-
mento no cocho. Os gastos com manutenção das instalações, 
como limpeza por exemplo, são elevados. Além disso, toda 
a dieta animal é composta por suplementação, o que gera um 
custo maior de produção. Entretanto, por serem fornecidos ali-
mentos nas proporções adequadas a conversão em produção de 
leite é grande.
Figura 3.8 – Vacas em confinamento
Fonte: Shutterstock.com/Alf Ribeiro
– 59 –
Bovinocultura de corte e leite 
 2 Sistema semiconfinado
As vacas têm acesso ao pasto em alguns momentos do dia. 
Quando não estão soltas, permanecem confinadas. Se alimen-
tam do pasto e do alimento oferecido no cocho. Nesse sistema, 
os animais tendem a sofrer menos estresse, pois em algumas 
horas do dia têm interação com o ambiente, com o solo, luz 
solar etc. Nesse sistema, o gasto com alimentação é menor 
quando comparado ao sistema de confinamento total, pois os 
animais se alimentam do pasto e recebem doses menores de 
suplementação alimentar.
3.3.2 Manejo
3.3.2.1 Alimentação
A criação de bezerras, muitas vezes, é negligenciada pelos produto-
res, sendo que esse animal é o futuro da sua propriedade. Para que se tenha 
uma vaca produtora de leite de qualidade, com longevidade e padrões da 
raça, é muito importante que o produtor esteja atento à criação desses ani-
mais, desde os primeiros meses de vida.
A atenção com a alimentação deve ser prioridade antes mesmo do 
nascimento da bezerra. A vaca gestante deve ter uma alimentação ade-
quada e diferencia no pré-parto para garantir todo o aporte nutricional 
necessário ao filhote no final da gestação, especialmente nos 30 dias ante-
riores ao parto, com dieta adequada, pasto baixo, água e sombra. Além de 
ser observada com mais frequência.
Ainda nas primeiras horas de vida da bezerra, deve ser fornecido o 
colostro, o primeiro leite que possui altas doses de anticorpos, proteínas, 
leucócitos, carboidratos, entre outros compostos. Esse primeiro leite é de 
fundamental importância para a bezerra visto que, ao nascerem, os filhotes 
não possuem anticorpos suficientes para sua proteção. Uma dica impor-
tante é fazer a retirada e armazenagem desse colostro no momento que 
a bezerra não estiver mamando, pois não existe nenhum substituto para 
ela e, caso a vaca venha a morrer, ele poderá ser fornecido para a cria. O 
Técnicas de Produção Animal
– 60 –
ideal é que a bezerra se alimente do colostro desde o nascimento até as 
próximas 12 horas.
A partir da primeira semana, pode ser fornecido concentrado à cria. 
A principal função do fornecimento de concentrado é auxiliar no desen-
volvimento das papilas do rúmen, uma vez que há a produção de ácidos 
graxos voláteis provenientes da fermentação do concentrado, o que fará 
com que a bezerra comece a ruminar mais rápido e, consequentemente, 
consuma e aproveite os nutrientes da pastagem e do feno de forma mais 
eficiente. Ademais, para um melhor aproveitamento do concentrado, é 
importante que esteja disponível água.
O feno pode ser ofertado a partir dos 30 dias de vida do animal, e 
seu consumo proporciona um desenvolvimento mais rápido da muscula-
tura do rúmen. Esse desenvolvimento permite um aproveitamento mais 
eficiente dos nutrientes provenientes do feno e da pastagem, além de 
facilitar a ruminação, atividade essencial para o sucesso da alimentação 
em ruminantes.
Vale ressaltar que a alimentação em excesso é tão prejudicial quanto 
a falta dela. Em novilhas acima do peso, há o acúmulo de células de gor-
dura na glândula mamaria, ocupando espaço das glândulas produtoras de 
leite, ou seja, diminuindo o potencial produtivo do animal.
Aos 10 meses de idade, no início da puberdade, normalmente a novi-
lha não tem mais necessidade de fornecimento de concentrado, desde que 
tenha pastagem de qualidade a sua disposição.
Com relação ao animal já adulto, existem três momentos nos quais 
deve ser dada maior importância com relação à alimentação: nas duas pri-
meiras lactações, no pré-parto e no pós-parto. Durante as duas primei-
ras lactações, o animal ainda está em crescimento, apesar de ser adulto. 
Por isso, deve ser dada atenção especial. No pré-parto, como já discutido 
anteriormente, a dieta da vaca gestante deve ser analisada com cuidado, 
particularmente nos 30 dias anteriores ao parto. Após o nascimento, é fun-
damental que a vaca receba uma dieta adequada, uma vez que dificilmente 
conseguem suprir sozinhas toda a necessidade nutricional para a produ-
ção de leite. Deve ser fornecida uma dieta mais concentrada, que permita 
maior ingestão de nutrientes para evitar a perda excessiva de peso que 
– 61 –
Bovinocultura de corte e leite 
a lactação proporciona. As pastagens devem ser de excelente qualidade, 
além da suplementação mineral e de concentrado.
O período seco compreende o intervalo no qual a vaca não produz 
mais leite e se prepara para uma nova lactação. Nessa etapa, é fundamen-
tal que se adotem os cuidados necessários para que a próxima lactação 
alcance uma produção satisfatória. Esse período dura aproximadamente 
60 dias e, no final do sétimo mês de gestação, a vaca deverá ser seca. Essa 
prática promove a regeneração das células secretoras de leite, além do 
acúmulo de colostro; colabora, inclusive, para o bom desenvolvimento do 
feto e aumento das reservas corporais.
 Saiba mais
CUIDADOS COM O PASTO
Com relação aos custos, obviamente, a alimentação a pasto é a mais 
barata, uma vez que há menos gasto com suplementação, instalações 
e mão de obra. Entretanto, é um sistema que depende das condições 
climáticas e suas variações podem limitar bastante a produção.
Por isso, o manejo do pasto é de suma importância. A rotação dos ani-
mais em piquetes auxilia diretamente no ganho de peso e desenvolvi-
mento dos animais, uma vez que após vários dias de consumo em uma 
mesma área, o valor nutritivo da forragem é reduzido. Essa diminuição 
de qualidade interfere diretamente na produção de leite.
3.3.2.2 Instalações
Em uma propriedade produtora de leite, o investimento com instala-
ções pode elevar significativamente os custos de produção. Quanto mais 
tecnificado o sistema de produção, maiores os custos. Contudo, já foi visto 
que os resultados podem ser bastante satisfatórios, cobrindo todo o inves-
timento inicial e gerando lucros ao proprietário.
O ideal é que as instalações atendam à necessidade de cada um e, 
principalmente, estejam dentro da realidade daquele produtor. Indepen-
dentemente do tipo de sistema, é fundamental que sejam construídos 
Técnicas de Produção Animal
– 62 –
locais funcionais, práticos e que atendam às especificações necessárias ao 
desenvolvimento da atividade leiteira.
Com relação ao local geral, o ideal é que possua boa drenagem, sem 
excesso de umidade, com uma leve inclinação e que forneça refúgio para 
proteção contra chuva e vento. É essencial que a propriedade possua energia 
elétrica e que esta alcance também as instalações. Água de qualidade, vias 
de acesso e área para ampliação futura tambémdevem ser consideradas.
Especificamente para uma propriedade produtora de leite é necessário:
 2 galpão para fornecimento de volumoso – mesmo que os ani-
mais sejam criados a pasto, em algum momento necessitarão de 
suplementação. Nesse momento, esses alimentos (silagem, feno, 
concentrado etc.) devem ser fornecidos em local apropriado.
 2 área de espera – local destinado às vacas que aguardam para 
serem ordenhadas. De preferência cobertos, com acesso a água e 
possuir espaço de 2 m² a 2,5 m² por vaca. É preferível que o piso 
da área de espera seja de concreto e construído de maneira que 
a limpeza seja fácil.
 2 sala de ordenha – local onde é feita a colheita diária do leite. 
Independentemente do tipo de ordenha, a sala deve possuir ins-
talações adequadas que garantam a sanidade e bem-estar do ani-
mal, além de atender às exigências técnicas e legais.
Figura 3.9 – Sala de ordenha manual
Fonte: Shutterstock.com/ Wichaiwish
– 63 –
Bovinocultura de corte e leite 
Figura 3.10 – Sala de ordenha canalizada
Fonte: Shutterstock.com/ ekapol sirachainan
 2 sala de leite – local destinado à armazenagem do leite. Com-
posto por tanques resfriadores que acondicionam o leite recém-
-ordenhado, além de servir como local de lavagem armazena-
gem de equipamentos de ordenha. É importante que a sala de 
leite e a sala de ordenha sejam próximas, evitando que o leite 
ordenhado manualmente demore para ser transferido para os 
tanques e acabe estragando. Ademais, é necessário que a sala de 
leite seja acessível a caminhões.
Figura 3.11 – Tanque de armazenamento de leite
Fonte: Shutterstock.com/ Alexey Pevnev
Técnicas de Produção Animal
– 64 –
 2 bezerreiras – locais onde os bezerros ficam do nascimento ao desmame.
 2 área de parto – local reservado para as vacas que estão prestes a 
entrar em trabalho parto. Recomenda-se que elas sejam coloca-
das nessa área 21 dias antes do parto.
 2 cocho e bebedouros – seguem as mesmas orientações para o 
gado de corte. Devem ser posicionados no pasto ou no local do 
confinamento de maneira que os animais tenham fácil acesso e 
permanência; devem ser cobertos e ter espaço suficiente para 
que todos os animais tenham livre acesso sem competição.
 Saiba mais
CUIDADOS COM A ORDENHA
A ordenha realizada com técnicas adequadas de higiene é a melhor maneira 
para se atingir os parâmetros de qualidade exigidos pela legislação, pela 
indústria e pelos consumidores, além de garantir a saúde do animal.
Antes de iniciar a ordenha, alguns cuidados devem ser tomados:
Garantir que a sala de ordenha esteja limpa
Utilizar roupas adequadas e limpas
Preferir usar água potável ou pelo menos limpa nas operações
Lavar as mãos constantemente e usar luvas ao manusear par-
tes delicadas, especialmente durante a ordenha
Imergir as tetas em solução desinfetante antes a depois da 
ordenha. Ao final, secá-las com papel toalha descartável.
Lavar todos os equipamentos utensílios após a ordenha. 
Garantir que o local de armazenamento dos equipamentos e 
utensílios também esteja limpo.
– 65 –
Bovinocultura de corte e leite 
Síntese
Hoje, o Brasil é referência no cenário produtivo, comercial e merca-
dológico, além de demonstrar ser cada vez mais um mercado promissor e 
estável na produção agropecuária. Em poucos anos de criação animal para 
comercialização, o Brasil já ocupa as primeiras produções nos rankings 
mundiais de produção animal, mercado consumidor e exportador. A cres-
cente produção nacional endossa o fato de que a bovinocultura de maneira 
sustentável é uma grande oportunidade e, ao mesmo tempo, um desafio, 
pois trata-se de buscar uma harmonia entre renda e preservação ambien-
tal, bem como, focar em sistemas sustentáveis, duradouros e resilientes às 
variações climáticas e de mercado.
A constante implementação de tecnologias pelos produtores rurais nos 
últimos anos proporcionou saltos de produção e qualidade, especialmente 
com relação à melhoria na alimentação, evolução da pesquisa genética, 
manejo e saúde animal. A utilização de pastagens de qualidade e a sele-
ção de capins com maior aproveitamento pelo animal contribuíram forte-
mente para um acréscimo de produção; suplementação animal e sistemas 
de criação bem desenvolvidos também contribuíram. O desenvolvimento 
da engenharia genética teve papel de destaque pecuária brasileira. A cons-
tante evolução, profissionalização e tecnificação proporcionam avanços 
no manejo animal e na gestão da propriedade. Aliada aos fatores econô-
micos, é também crescente a preocupação com o bem-estar animal e boas 
práticas, voltada a uma produção consciente; a preocupação sanitária nos 
últimos anos tem colocado o Brasil em posição de destaque no combate a 
doenças e propulsor de técnicas e medidas de defesa sanitária, garantindo 
que a carne exportada seja bem recepcionada pelos países importadores 
(Hong Kong, China e Egito). Todos esses fatores têm elevado os ganhos, 
diminuído os riscos e gerado renda e emprego.
A bovinocultura de corte tem como objetivo a produção de animais 
bem-acabados, precoces, dentro dos padrões sanitários e de qualidade, 
com custo de produção razoável e com uso sustentável das terras. Para a 
produção de animais com a finalidade de carne, encontram-se três siste-
mas básicos de criação: sistema extensivo, no qual os animais ficam soltos 
no pasto e se alimentam principalmente da forragem disponível; sistema 
Técnicas de Produção Animal
– 66 –
intensivo, onde os animais ficam confinados a locais específicos e se ali-
mentam do que é oferecido e sistema semi-intensivo, quando os animais 
passam parte do tempo confinados e parte no pasto.
A bovinocultura leiteira compartilha de alguns aspectos da bovi-
nocultura de corte, como os tipos de sistema de criação. Entretanto, são 
necessários mais cuidados com relação à alimentação em algumas etapas. 
Um fornecimento de qualidade, suprindo as necessidades nutricionais dos 
animais garante melhores resultados futuros.
Atividades
1. Comente três avanços que ocorreram na pecuária brasileira 
desde os anos de 1970 até hoje.
2. Explique quais são as etapas mais importantes com relação ao 
manejo da alimentação de vacas leiteiras.
3. Explique os diferentes sistemas de criação de gado de corte.
4. Descreva o passo a passo de uma rotina de ordenha em uma pro-
priedade. Não se esqueça de mencionar os cuidados sanitários e 
especificar os locais onde ocorrem cada etapa.
4
Caprinocultura e 
ovinocultura 
Ovinos e caprinos foram os primeiros animais a serem 
domesticados na história do homem, provavelmente em locais 
onde hoje estão Turquia, Irã e Chipre. Todo o conhecimento 
adquirido ao longo de séculos contribui para que a criação des-
sas espécies exista até hoje. Por se tratar de animais pequenos e 
ágeis, eles foram os precursores da interação homem-animal que 
existe até os dias atuais.
A criação de caprinos e ovinos para fornecimento de carne 
e outros produtos têm sido a principal fonte de alimentação para 
alguns brasileiros e também alternativa para outros tantos, espe-
cialmente nas regiões Nordeste e Sul. Como principal fonte de 
renda e alimentar, a carne e o leite são os principais produtos. 
Para aqueles que utilizam a caprinocultura e a ovinocultura como 
diversificação de produção, além do leite e da carne, o couro, a lã 
e a pele têm se mostrado produtos de valor no mercado.
Técnicas de Produção Animal
– 68 –
No Brasil, o potencial para crescimento da criação de ovinos e capri-
nos é grande. Atualmente, o que se tem são sistemas produtivos em sua 
maioria simples, manuais e pouco tecnológicos; contudo, apesar de ser 
uma produção em crescimento, observa-se que em algumas regiões, espe-
cialmente nos últimos três anos, vem ocorrendo uma diminuição dos reba-
nhos e, consequentemente, da produção.
Nessecapítulo serão tratados conceitos de manejo de caprinos e ovi-
nos, bem como sua importância socioeconômica.
4.1 Importância socioeconômica
A caprinocultura e a ovinocultura são atividades amplamente dis-
seminadas por todo o território brasileiro, embora haja uma maior con-
centração dessas atividades na região Nordeste, em especial do rebanho 
caprino. A rusticidade e a adaptabilidade dos caprinos e ovinos às con-
dições climáticas desafiadoras do semiárido são seculares e, por meio 
de um processo de adaptação, seleção natural e também por influência 
do homem, foi possível desenvolver rebanhos com animais adaptados 
a essas regiões. No Brasil, aproximadamente 90% dos rebanhos capri-
nos e 60% dos rebanhos ovinos estão localizados na região Nordeste. 
A região Sul do país, até início da década de 80, se destacava na pro-
dução de ovinos. Com a crise da lã ̃, os produtores viram a necessidade 
de substituir a produção laneira por carne e tiveram que modificar seus 
rebanhos para animais de corte. Atualmente, com número bem redu-
zido, o rebanho ovino no sul do Brasil representa pouco mais de 20% 
do rebanho total.
A origem das raças de caprinos e ovinos no Brasil ocorreu ainda na 
época da colonização portuguesa, uma vez que ambas as espécies não são 
originárias das américas, e sim do Oriente Médio. Os animais se adaptaram 
rapidamente ao novo ambiente e passaram a se multiplicar, espalhando-se 
pelo território brasileiro. Ao longo dos anos, passaram por processos de 
seleção natural nos diferentes ambientes em que estavam.
– 69 –
Caprinocultura e ovinocultura 
Nos últimos dez anos, o rebanho caprino no Brasil cresceu 2,5%. 
Entretanto, a maioria das regiões apresentou um encolhimento no reba-
nho. Dados do IBGE apontam que de 2016 para 2017 houve uma redu-
ção de aproximadamente 2% no número de caprinos em todo Brasil. Essa 
diminuição é reflexo de um declínio geral, em todas regiões, e, inclusive, 
no Nordeste. Esse aumento geral, apesar da diminuição da maioria das 
regiões, pode ser explicado pelo incremento – ainda que tímido – dos 
rebanhos da região Nordeste, que teve um crescimento de 5% (figura 4.1).
Figura 4.1 – Evolução do rebanho caprino no Brasil e na região Nordeste
Fonte: Embrapa (2018).
Com relação ao rebanho ovino, houve decréscimo nos números 
de todas as regiões brasileiras, especialmente na região Centro-Oeste. 
Avaliando os últimos dez anos, as regiões Norte e Nordeste foram as 
únicas que apresentaram crescimento no rebanho ovino, com 22, 8% 
e 23,3% respectivamente. Portanto, essas duas regiões são as respon-
sáveis pelo crescimento do rebanho no país nesse período. Em termos 
numéricos, o Nordeste e o Sul do país são os principais produtores de 
ovinos (figura 4.2).
Técnicas de Produção Animal
– 70 –
Figura 4.2 – Produção de ovinos no Brasil por regiões
Fonte: Embrapa (2018).
Com relação à evolução do rebanho ovino no Brasil, pode-se obser-
var comportamento semelhante ao rebanho caprino. Analisando a última 
década, houve crescimento de aproximadamente 8%. De 2016 para 2017, 
houve também uma diminuição nos números, cerca de 2,3%.
Em termos gerais, apesar da variação no número de rebanhos, com 
quedas até 34,43%, como no caso de caprinos, em Santa Catarina, e de 
até 23% de ovinos, em Sergipe, de 2016 para 2017, pode-se observar uma 
certa estabilidade nos efetivos de rebanhos caprinos e ovinos no Brasil. 
O Nordeste brasileiro segue com papel de destaque na produção tanto 
de caprinos quanto de ovinos, o que evidencia a alta adaptação das duas 
espécies às condições desafiadoras da região, além da importância destas 
atividades para a socioeconomia da região do semiárido brasileiro.
4.2 Ovinocultura
Apesar de a ovinocultura ser uma atividade secundária em várias pro-
priedades, ela também tem aptidão para ser desenvolvida como atividade 
principal. Por possuir vários produtos aproveitáveis, como carne, leite, 
lã e pele, quando a produção é bem desenvolvida e o manejo adequado é 
realizado, os ganhos tendem a ser muito satisfatórios.
– 71 –
Caprinocultura e ovinocultura 
Figura 4.3 – Ovinos
 Fo
nt
e:
 
Sh
ut
te
rs
to
ck
.c
om
/R
us
la
n 
K
al
ni
tsk
y
Alguns gargalos são encontrados quando se avalia a produção ovina 
no Brasil, dentre eles:
 2 pouca ou nenhuma capacitação dos produtores;
 2 falta de padronização das carcaças;
 2 baixa qualidade do produto;
 2 sazonalidade da produção de carne;
 2 informalidade na comercialização.
Analisando os aspectos apresentados, nota-se que, ainda que indireta-
mente, todos estão ligados entre si e convergem em um ponto comum: pla-
nejamento e organização da produção. Com as informações certas sobre 
raça, manejo, planejamento econômico e comercial, é possível conduzir 
um rebanho muito eficiente e de qualidade.
No quadro a seguir estão listados pontos fortes e pontos a serem 
desenvolvidos para que se atinja uma produção ovina de qualidade e viá-
vel economicamente.
Quadro 4.1 – Comparativo entre pontos fortes e pontos a serem melhorados na produção 
de ovinos no Brasil
Pontos fortes Pontos que demandam atenção
Raças bem adaptadas a diversas 
regiões brasileiras
Abate informal e consequente 
perda de qualidade da carcaça
Técnicas de Produção Animal
– 72 –
Pontos fortes Pontos que demandam atenção
Facilidade de integração com 
outras atividades
Falta de padronização da carcaça e 
demais produtos
Atividade tradicional na cultura 
brasileira
Deficiência no marketing e desen-
volvimento de consumidores
Animais de ciclo rápido Pouca assistência técnica especia-lizada
Necessidade de pequenos espaços 
para criação
Processo de abate e preparação da 
carne similar ao de outros animais
Diversidade de produtos
Fonte: adaptado de SENAR (2015).
4.2.1 Produtos
4.2.1.1 Carne
Para que se tenha uma carne de qualidade e padronizada, o ideal é 
que se utilize animais jovens, de até 5 meses de idade e com peso entre 
35 e 40 kg.
Costuma-se dividir os ovinos de acordo com a idade e o sexo:
 2 cordeiro – até 7 meses de idade, de ambos os sexos, com peso 
vivo de 15 a 25 kg, possui carne rosada e lisa.
 2 borrego – entre 7 e 15 meses de idade, com peso vivo de 30 a 
45 kg, carne mais vermelha que a do cordeiro.
 2 capão – macho com mais de 15 meses, castrado ainda quando 
cordeiro, coloração da carne vermelha intensa.
 2 ovelha – fêmea adulta com idade acima de 15 meses, com peso 
vivo de mais de 35 kg, carne vermelha escura.
 2 carneiro – macho adulto, não castrado, com idade superior a 2 
anos, carne pouco atraente pelo aspecto, consistência e sabor.
– 73 –
Caprinocultura e ovinocultura 
*Recomenda-se que a carne de animais velho seja destinada para 
o preparo de alimentos embutidos uma vez que são menos macias, 
podendo apresentar maior teor de gordura e odor mais perceptível.
(SENAR, 2015)
4.2.1.2 Leite
Com o crescimento da produção de carne na ovinocultura de corte 
e crescente aderência ao sistema de criação intensivo por parte de alguns 
produtores, observou-se um maior interesse na pesquisa sobre produção 
de leite de ovelha. Nos últimos anos, com o advento de alimentos orgâni-
cos, sustentáveis e saudáveis, o leite de ovinos tem encontrado cada mais 
oportunidades no mercado.
O leite de ovelha é rico em proteína e gordura e é utilizado em sua 
maioria para a produção de queijos e iogurtes Além de se mostrar uma 
boa alternativa de diversificação à produção ovina, também tem sido 
preferência em alguns setores de consumo humano, sendo uma alterna-
tiva ao consumo de leite de vaca, especialmente por aqueles com restri-
ções alimentares.
O leite de ovelha contém quase o dobro de sólidos totais que o de 
vaca: maior teor de proteína, principalmente a fração de caseína, e de 
gordura. O rendimento industrial é de 18-25%, ou seja, são necessáriosapenas de 4 a 5 kg de leite de ovelha para a produção de 1 kg de queijo, 
enquanto se requer 8 a 12 kg de leite de vaca para fazer 1 kg de queijo.
(SENAR, 2015)
4.2.1.3 Lã
A maioria do rebanho brasileiro é composta por raças para lã ou raças 
mistas, o que contribui para a utilização desse produto no mercado brasileiro.
A lã ̃ é classificada de acordo com as características das fibras e a 
qualidade do velo e, a partir dos dois anos de idade, o animal já consegue 
fornecer uma lã de qualidade.
A melhor época para fazer a tosquia varia de acordo com a raça e as 
condições da região, como o clima e, inclusive, com o amadurecimento de 
Técnicas de Produção Animal
– 74 –
leguminosas, cujas sementes aderem ao velo, diminuindo a qualidade do 
material e desvalorizando a lã.̃ De modo geral, é feita uma vez por ano – 
no início da estação seca – para que se evite o surgimento de doenças por 
causa da chuva.
A tosquia pode ser feita de duas maneiras: manual e mecanicamente. 
A tosquia manual normalmente é feita com tesoura (martelo) e a mecâ-
nica com máquina elétrica de tosquiar. Uma pessoa habilitada e experiente 
consegue tosquiar manualmente em média 30 animais em um dia de tra-
balho. Com a máquina elétrica é possível tosquiar entre 80 e 100 cabeças 
em um dia. Vale a pena ressaltar que, após a tosquia, o animal fica muito 
cansado e estressado e, por isso, o ideal é que ele seja alocado em bom 
pasto até que esteja recuperado.
Figura 4.4 – Tosquia manual em ovelha
Fonte: Shutterstock.com/Naruedom Yaempongsa
4.2.1.4 Pele
Casos seja dado tratamento adequado, a pele pode ser mais um pro-
duto comercial agregador de valor à produção ovina. Existem duas opções 
de comercialização da pele, o pelego in natura (pele com lã) e a pele 
curtida. O pelego tem um menor valor, já a pele possui valor de comercia-
lização maior.
Para curtir a pele artesanalmente, utiliza-se algumas substâncias quí-
micas ou vegetais e alguns equipamentos simples. A técnica de curtimento 
– 75 –
Caprinocultura e ovinocultura 
mais comum consiste na utilização de sais de cromo, que dá maior elasti-
cidade e maciez e é encontrado no mercado com facilidade. Vale lembrar 
que qualquer método, artesanal ou não, requer uma pele de qualidade, 
cuidada desde a criação até o abate do animal.
Assim como qualquer órgão vivo animal, a pele ovina começa sua 
decomposição por volta de três minutos após o abate o animal, ou seja, 
caso se deseje comercializá-la, é fundamental que o processo seja iniciado 
o mais rápido possível.
4.2.2 Manejo
4.2.2.1 Alimentação
A alimentação dos ovinos é principalmente a pastagem, uma vez que 
são animais ruminantes e o aproveitamento de alimentos fibrosos como 
capins é alto. Assim como para os bovinos, a capacidade de digestão e o 
aproveitamento do pasto se relaciona com a qualidade da pastagem. Em 
geral, o ideal é que se forneça entre 50 e 70% de matéria seca na forma 
de pasto e a suplementação deve ser feita apenas em casos especiais, por 
exemplo, para ovelhas, no terço final da gestação e em lactação, cordeiros 
desmamados e reprodutores em período de monta. Quando o clima da 
região está ameno e favorável, os ovinos podem ser mantidos a pasto; 
contudo, em épocas desfavoráveis, talvez seja necessário fornecimento de 
forragem armazenada.
Com relação ao tipo de pasto, o ideal é que sejam ofertados aqueles 
de tamanho médio a baixo, de porte inferior a 1 m, pois em pastos mais 
altos os animais têm a tendência de pastejar apenas as bordas, diminuindo 
o aproveitamento. Ademais, pastos altos dificultam a visão dos animais 
entre si, e como têm o comportamento de permanecer em grupos, o capim 
alto dificulta que eles se vejam.
Outra questão importante sobre o tipo e qualidade de pasto é com 
relação à forma de pastejo das ovelhas. São animais extremamente seleti-
vos com relação à alimentação e tendem a consumir o pasto em camadas, 
de cima para baixo. A formação dos lábios em fenda permite que os ovinos 
Técnicas de Produção Animal
– 76 –
escolham o que querem consumir e, por isso, a pastagem deve ser sempre 
nova, fresca e nutritiva.
Algumas considerações importantes sobre a pastagem são 
(SENAR, 2015):
 2 utilizar espécies de forragens com alto valor nutricional, aceita-
bilidade entre os animais e boa digestibilidade;
 2 utilizar espécies de porte médio a baixo, com altura máxima 
de 1 m;
 2 realizar a manutenção do solo, garantindo condições satisfató-
rias de crescimento da pastagem;
 2 dar preferência pela utilização do sistema de manejo rotacio-
nado para evitar a infestação de pragas e superutilização do solo. 
O período de repouso varia de acordo com a época do ano, con-
dições climáticas e de qualidade do solo. Em geral, utiliza-se 
entre 30 a 40 dias de repouso;
 2 sempre que possível, diversificar a cultura entre forrageiras e 
leguminosas – como pega-pega (Desmodium incanum), amen-
doim forrageiro (Arachis pintoi) e feijão bravo (Centrosema 
brasilianum) para conservar mais o solo, além de combater pos-
síveis doenças e pragas.
 2 utilizar preferencialmente espécies de crescimento cespitoso 
(crescem para cima), pois permitem maior penetração do sol no 
solo e, consequentemente, evitam o surgimento de doenças;
 2 empregar pastagens com alta capacidade de rebrote e que tenham 
sistema radicular bem desenvolvido (por exemplo: coast cross, 
tiftons e estrelas (gênero Cynodon), pangola (gênero Digitaria) 
e pensacola (gênero Paspalum)).
4.2.2.2 Manejo dos cordeiros
É fundamental que os cordeiros tenham tratamento adequado a 
partir das primeiras horas de vida. Por isso, recomenda-se que o cor-
deiro seja mantido em local limpo, com cuidados especiais de higiene 
– 77 –
Caprinocultura e ovinocultura 
por pelo menos 15 dias após o nascimento. Devem ser adotadas algumas 
medidas, como:
 2 corte e desinfecção do umbigo – deve ser realizado com material 
limpo e desinfetado a 5 cm do abdômen e com aplicação de iodo 
10%. Essa técnica evita a penetração de patógenos e o desenvol-
vimento de infecções e doenças;
 2 corte da cauda (animais de lã) – garante o asseio da região peria-
nal, evitando miíases, acidentes na cópula e higiene no parto. 
Nas raças deslanadas, não deve ser cortada a cauda, uma vez que 
os animais utilizam a cauda para repelir moscas e outros insetos;
 2 marcação de identificação dos animais.
Com relação ao desmame, este pode ser (SENAR, 2015):
 2 precoce, de 35 a 45 dias – é o que exige maior atenção por parte 
do produtor uma vez que o cordeiro ainda é muito novo. Reco-
menda-se que o animal seja manejado em creep-feeding;
 2 semiprecoce, de 45 a 70 dias – o animal ainda é novo, exigindo 
os mesmos cuidados do desmame precoce, ou seja, creep-fee-
ding e acompanhamento;
 2 normal, de 70 a 80 dias – trata-se da época mais saudável do 
ponto de vista de mortalidade e saúde. A taxa de mortalidade pré 
e pós-desmame é muito pequena e a contaminação por doenças 
provenientes da mãe também. Na semana do desmame, as crias 
devem ser vermifugadas;
 2 tardio, após 80 dias – geralmente utilizado em sistemas de cria-
ção extensiva. Não é o mais indicado, por apresentar taxa de 
mortalidade elevada em razão de contaminação por helmintos 
provenientes do contato com a mãe.
4.2.2.3 Instalações
Algumas instalações são fundamentais para o sucesso da criação 
de ovinos, como o galpão para abrigar os animais – também conhe-
cido por aprisco, que serve para recolher os animais especialmente à 
Técnicas de Produção Animal
– 78 –
noite, quando é comum ocorrer ataques de predadores –; curral para 
manejo (aplicação de vacinas e medicamentos, marcação, etc.); bebe-
douros e comedouros.
4.2.3 Integração bovinos e ovinos
A integração de bovinos e ovinos em um mesmo local tem como 
principal objetivo a otimização do uso da pastagem, uma vez queovinos 
e bovinos têm seletividade diferente para o pasto e o que não apetece a 
um, satisfaz ao outro. O mais indicado é que as ovelhas sejam inseridas 
no pasto para fazer o repasse após o pastejo das vacas. Além disso, como 
consequência dessa otimização, há aumento de renda devido à diversifi-
cação de produção.
No quesito sanidade, a integração das duas espécies diminui a conta-
minação por parasitas provenientes da pastagem, uma vez que interrompe 
o ciclo dos parasitas, além de contribuir para uma maior produção e reno-
vação do pasto.
Figura 4.5 – Integração bovinos e ovinos
Fonte: Shutterstock.com/Heath Johnson
Contudo, é importante ressaltar que a criação integrada demanda 
alguns cuidados com relação ao manejo, especialmente com relação às 
instalações, como galpões, salas de manejo (local onde são realizadas as 
atividades, como vacinação, marcação, entre outros. Semelhante aos cen-
tros de manejo de outras espécies, como bovinos) e cercas.
– 79 –
Caprinocultura e ovinocultura 
4.3 Caprinocultura
O Brasil possui mais de 9 milhões de cabeças de caprinos, princi-
palmente na região Nordeste, correspondendo a mais de 90% do reba-
nho nacional. A caprinocultura é desenvolvida em diversas localidades do 
Brasil, principalmente por pequenos produtores. É uma operação que tem 
uma função socioeconômica muito importante, uma vez que em alguns 
locais é a principal ou única fonte de proteína (são animais rústicos e adap-
tados a condições climáticas muitas vezes adversas e incompatíveis com 
outras espécies), além de servir muitas vezes como moeda troca em “mer-
cados paralelos”.
O consumo dos produtos de origem caprina no Brasil é bastante seg-
mentado. Na região Sudeste, o maior consumo é de leite, onde a única 
carne produzida é proveniente dos cabritos que nascem das cabras lei-
teiras. Já a região Nordeste e regiões com grande influência nordestina, 
consome-se mais a carne e também a pele.
Figura 4.6 – Rebanho caprino
Fonte: Shutterstock.com/ Nataly Regina
4.3.1 Produtos
4.3.1.1 Leite
O leite de cabra é altamente digestivo e possui alto valor nutritivo, 
sendo recomendando para crianças, idosos e/ou pessoas que tenham aler-
Técnicas de Produção Animal
– 80 –
gia ao leite de vaca por possuir menos substâncias com potencial alergê-
nico, como a proteína caseína α-S1 e a β-lactoglobulina. Possui teores ele-
vados de vitamina A e de alguns ácidos importantes para uma boa saúde, 
como os ácidos butírico, capróico, palmítico, linoleico, dentre outros.
Todavia, o aspecto mais relevante do leite de cabra é o tamanho redu-
zido de seus glóbulos de gordura, facilitando a digestão.
As características mencionadas elevam o leite de cabra ao patamar de 
alimento funcional. Esses alimentos são descritos como
alimentos ou ingredientes que produzem efeitos benéficos à saúde, 
além de suas funções nutricionais básicas. Caracterizam-se por 
oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente 
à sua composição química, podendo desempenhar um papel poten-
cialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas dege-
nerativas, como câncer e diabetes, dentre outras (MINISTÉRIO 
DA SAUDE, 2009, [S.p.]).
Apesar de todos os benefícios apresentados, o leite de cabra ainda 
não ocupa papel de destaque no mercado brasileiro. Dois dos principais 
fatores que colaboram para essa dificuldade são a falta de conhecimento 
dos seus reais benefícios, em outras palavras, uma estratégia de marketing 
inexistente, além do preço elevado dos produtos quando comparados ao 
leite de vaca, consequência da falta de um mercado consolidado, com pro-
dutos que atendam à demanda.
4.3.1.2 Carne
Além do leite de boa qualidade e de elevado valor nutricional dos 
caprinos, da mesma forma se aproveita a carne, que também se destaca 
como alimento altamente nutritivo. Trata-se de um alimento com baixo 
teor de calorias, de colesterol e de gordura; com alta digestibilidade e 
elevados níveis de ferro e proteína. Por isso, é conhecida como a carne 
vermelha mais magra que se tem atualmente, sendo indicada inclusive 
para pessoas com diabetes e com problemas cardíacos. O percentual de 
gordura saturada desse alimento é 40% menor que o da galinha e 850, 900 
e 1100% menor que o de bovinos, ovinos e suínos (EMBRAPA, 2017).
O consumo no Brasil ainda é pequeno e também mais comum na 
região Nordeste e em locais com influência dessa cultura. Entretanto, esse 
– 81 –
Caprinocultura e ovinocultura 
cenário vem mudando nos últimos anos, com cada vez mais participação 
na alta gastronomia.
A carne caprina consumida geralmente é proveniente do cabrito, aba-
tido aos 4-6 meses com aproximadamente 12 kg. Pode ainda ser abatido 
precocemente, aos 2-3 meses de idade e a sua carcaça atinge por volta de 
4-6 kg. Esse animal precoce é denominado cabrito mamão, uma vez que 
nessa idade ainda está mamando.
4.3.1.3 Pele
A produção de pele é realizada principalmente nos estados nordesti-
nos e tem relevada importância econômica, já que pode refletir até 30% 
do preço do animal. Contudo, como nesses locais a criação normalmente 
é conduzida no modo extensivo e os animais naturalmente são de pequeno 
porte, a qualidade das peles varia substancialmente. Sendo assim, boa 
parte do que é produzido não segue um bom padrão de qualidade, dimi-
nuindo a agregação de valor.
4.3.2 Manejo
4.3.2.1 Alimentação
Apesar de os caprinos serem animais reconhecidamente rústicos e adap-
táveis a situações adversas, alimentos pouco nutritivos, obviamente, refletem 
em um baixo desempenho de produção e, inclusive, de reprodução. Para níveis 
satisfatórios de produção de carne e de leite, é fundamental que os animais 
tenham à disposição pastagem de boa qualidade e em quantidades adequadas.
Uma característica que favorece a criação desses animais é que a prin-
cipal fonte de alimentos é a própria vegetação nativa, o que reduz bastante 
o custo em comparação a outras espécies que utilizam suplementação ou 
que necessitam de pastagem mais específica. Contudo, é possível melhorar 
a oferta dessa vegetação nativa, de modo a incrementar a alimentação para 
que obtenha melhores resultados produtivos. A remoção de plantas que não 
são utilizadas como alimentos, por exemplo, é uma maneira de favorecer e 
melhorar a alimentação; uma vez que elas não competem com as plantas dese-
jadas. Correção e adubação do solo também melhoram significativamente a 
Técnicas de Produção Animal
– 82 –
qualidade dessa vegetação, além da implementação de outras espécies conco-
mitantemente com o que já existe, como gramíneas e leguminosas.
Assim como os demais ruminantes de outras espécies, os capri-
nos apresentam maior exigência de suplementação em algumas espocas 
especificas, como pré e pós-parto, lactação, recém-nascidos e na época 
de reprodução. Água e sal mineral também são de extrema importância, 
assim como para as demais espécies, e devem ser oferecidos em quanti-
dade e qualidade adequadas.
4.3.2.2 Instalações
Recomenda-se a construção de um local para abrigo e manejo dos 
animais, denominado capril. A indicação é que seja feito com materiais 
simples e baratos, que estejam de acordo com a condição financeira do 
criador. Entretanto, é importante que sejam garantidas algumas premis-
sas, como baias separadas para animais de sexos diferentes, para fêmeas 
prenhes, recém-paridas, em lactação etc. Pode ser também destinado um 
espaço para a ordenha dentro do capril.
Figura 4.7 – Separação dos animais em baias no capril
Fonte: Shutterstock.com/ Andrew Park
Síntese
A criação de caprinos e ovinos teve seu início nos primeiros anos da 
civilização humana, sendo as ovelhas os primeiros animais domesticados 
– 83 –
Caprinocultura e ovinocultura 
de que se tem estudo. Apesar de ser uma atividade milenar, o que se pode 
observar é que tanto no Brasil comono mundo, a atividade ainda é majori-
tariamente simples e o cultivo quase sempre extensivo, pouco tecnificado 
e os produtos de pouca qualidade.
Ovinos e caprinos são animais extremamente rústicos e adaptáveis a 
meios quase sempre desafiadores, com condições climáticas muitas vezes 
desfavoráveis. Por meio de um processo de adaptação ao longo dos anos 
e a seleção natural que ocorreu devido à criação doméstica, foi possível 
desenvolver raças com animais adaptados à diversas regiões.
Nos últimos anos tem se observado uma variação no número de reba-
nhos de ovinos e caprinos, com uma tendência à diminuição desses núme-
ros na maioria dos estados, especialmente nos estados de Santa Catarina e 
Sergipe. Entretanto, o Nordeste tem mantido papel de destaque na produ-
ção, influenciando um aumento, ainda que tímido, no número de animais. 
Esse fato tem explicação em dois fatores principais: a grande adaptação 
dos rebanhos às condições climáticas da região e a importância dessas 
atividades para a socioeconomia da região do semiárido brasileiro.
Atividades
1. Explique com suas palavras os fatores que contribuem para a 
criação de ovinos e caprinos no Brasil e no mundo.
2. Relacione os principais gargalos da ovinocultura no Brasil. Em 
seguida, reflita e sugira correções que poderiam ser executadas 
para alavancar e desenvolver a produção no Brasil.
3. Explique com suas palavras como deve ser a pastagem disponi-
bilizada a ovinos.
4. Com base no texto do capítulo e em informações adicionais que 
podem ser buscadas em sites de pesquisa, explique como fun-
ciona a adoção da integração pecuária entre bovinos e caprinos.
5
Bubalinocultura
O Brasil é o quinto maior país do mundo, ocupando a zona 
tropical e subtropical do hemisfério sul. Apesar da ampla varia-
ção de clima entre as regiões brasileiras, predominantemente 
tem-se o clima tropical, com temperaturas elevadas e chuvas 
constantes. Nessas condições adversas se desenvolve uma espé-
cie extremamente adaptada e que, embora com participação 
pequena na pecuária brasileira, vem ocupando seu espaço na 
produção nacional; trata-se aqui do búfalo.
A bovinocultura é uma atividade já amplamente conhecida e 
praticada no Brasil, mas, como já se sabe, apresenta alguns garga-
los, especialmente quando se trata de cultivos extensivos que são 
a maioria. Por exemplo, raças bovinas europeias se desenvolvem 
muito bem em locais de clima temperado, mas não apresentam 
altos número de produtividade em zonas tropicais. Já as raças 
zebuínas se adaptam melhor ao clima mais quente, mas genetica-
mente já não possuem valores muito elevados de produtividade.
Técnicas de Produção Animal
– 86 –
As crescentes pesquisas zootécnicas, com vistas ao aumento de pro-
dutividade de bovinos tem levado pesquisadores e criadores a voltarem 
aos olhos para uma espécie antiga no Brasil, mas ainda pouco explorada: 
os búfalos. O que se tem notado é que estes animais se desenvolvem muito 
bem em várias condições adversas, inclusive em locais com solos e pas-
tagens de baixa qualidade. Além disso, de uma maneira geral, pesquisas 
vem apontando que os índices de produtividade de carne e leite de bubali-
nos são superiores aos dos bovinos, no cenário brasileiro.
Neste capítulo, são trazidas as principais particularidades da criação 
de búfalos, vantagens e desafios de uma atividade muito promissora para 
a pecuária brasileira.
5.1 Importância socioeconômica
A criação de búfalos domésticos teve início na Ásia e até hoje tem 
papel fundamental nos países asiáticos na produção de leite, carne e também 
como força de trabalho. Da Ásia, esses animais foram levados para África, 
em seguida Europa – especialmente na Itália – e, mais recentemente, chega-
ram à América. No Brasil, os búfalos foram introduzidos no final do século 
XIX como uma alternativa à bovinocultura e o primeiro local a ter contato 
com esses animais foi o estado do Pará, mais especificamente na Ilha de 
Marajó. Desde a introdução de alguns animais no Brasil até a década de 50, 
os animais viveram basicamente em condições naturais, com pouca explo-
ração. Até que criadores marajoaras decidiram utilizar os búfalos como ati-
vidade produtiva e então, aproximadamente 10 anos depois, mais animais 
ingressaram em outras regiões, como Norte e Sudeste.
A adaptabilidade, a longevidade e a elevada taxa de fertilidade dos 
rebanhos permitiram a criação dos búfalos em vários países e diversas 
regiões do Brasil. Desde a sua exploração como atividade comercial, os 
búfalos têm sido importante fonte de alimento e de produtos por apresen-
taram características importantes, como melhor aproveitamento de forra-
gens com valor nutritivo baixo, pastejo em áreas de pouco utilização por 
outras espécies e áreas não utilizáveis para a agricultura.
Atualmente, estes animais são divididos em dois grandes grupos, 
búfalos de rio e búfalos de pântano. Os primeiros possuem origem na Ásia 
– 87 –
Bubalinocultura
e Oriente Médio e normalmente são utilizados para produção de leite e 
carne. Já os búfalos de pântano possuem maior aptidão para trabalhos 
pesados por possuírem uma estrutura corporal mais robusta. No Brasil, 
são encontradas quatro principais raças: Mediterrâneo, com origem ita-
liana; Murrah e Jafarabadi, provenientes da Índia; e Carabao, de origem 
filipina. As três primeiras são classificadas como búfalos de rio e o Cara-
bao como búfalo de pântano.
Os búfalos são caracterizados como animais de tripla aptidão, pois 
são adequados para a produção de três produtos (muitas vezes o mesmo 
animal é capaz de fornecer os três), quais sejam carne, leite e animal 
de trabalho.
Figura 5.1 – Búfalo africano
Fonte: Shutterstock.com/ Ondrej Prosicky
De acordo com dados do IBGE, em 2017 o rebanho nacional de búfa-
los era de 1.351.631 cabeças, sendo os estados do Pará, Amapá e São Paulo 
os três maiores estados criadores dessa espécie com 514.308, 286.477 e 
102.922 cabeças respectivamente.
Os maiores desafios da criação de búfalos no Brasil são a imple-
mentação dessa atividade no cenário nacional, uma maior organização da 
cadeia produtora e um melhor desenvolvimento dos produtos. Por meio 
das suas características zootécnicas, alta adaptabilidade, rusticidade e 
facilidade do manejo, a bubalinocultura já demonstrou ser uma atividade 
viável e relevante na produção brasileira. Com relação aos seus produtos, 
Técnicas de Produção Animal
– 88 –
diversos estudos e pesquisas já comprovaram os benefícios e a alta quali-
dade provenientes destes.
Ressalta-se, ainda, que o Brasil se encontra em situação de destaque 
no cenário mundial com relação a bubalinocultura, uma vez que possui 
o maior rebanho dessa espécie no ocidente. Ademais, aqui se encontram 
animais com aptidão tanto para produção leiteira, quanto de carne e inclu-
sive para o trabalho manual.
 Saiba mais
Ilha do Marajó: Maior concentração de búfalos do país
“Localizada no norte do Pará, em uma área em que nem os pescado-
res sabem dizer onde termina o rio e começa o mar, a ilha concentra 
o maior rebanho de búfalos do Brasil. De acordo com a Pesquisa da 
Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, o Pará contava com mais de 500 
mil cabeças (38% do total nacional) em 2016.
A criação de búfalos não envolve apenas os pecuaristas, já que os ani-
mais fornecem carne, leite, couro e chifres para restaurantes, artesãos, 
queijeiros e outros tipos de estabelecimento. Em uma oficina de cur-
tume na cidade de Soure bolsas e calçados são vendidos após um pro-
cesso que dura mais de dois meses e envolve o tratamento da pele, o 
tingimento com tinta extraída da casca da Árvore do Mangue e o ali-
samento do couro antes de ser trabalhado pelo artesão. Os animais são 
utilizados até mesmo pela polícia de Soure em suas patrulhas, algo que 
maravilha os turistas e tranquiliza os habitantes.Dóceis, os bichos pas-
tam soltos pela cidade e não é raro encontrar moradores que criam um 
no quintal de casa”.
Claudia Sedano (IBGE, 2017, [S.p.]).
Já no cenário mundial, a bubalinocultura ainda não tem encontrado 
grande espaço. Apesar de se perceber uma disseminação maior desses ani-
mais em países da América do Sul e Europa, ainda assim é um segmento 
um pouco mais restrito aos países da Ásia, especialmente àqueles locali-
zados no sudeste asiático e na China. Nesses países, inclusive, a criação 
– 89 –
Bubalinocultura
que antes era voltada para o trabalho manual, como animais de tração, 
nos últimos anos vem ganhando espaço na produção leiteira. Na Europa, 
países como França, Alemanha, Dinamarca e Suíça tem buscado a criação 
de búfalos como alternativa à bovinocultura, uma vez que essa tem encon-
trado elevados subsídios para sua produção. Além disso, alguns estudos 
vêm demonstrando mais vantagens na criação de búfalos. Rodrigues et al. 
(2001), por exemplo, verificaram que búfalos levam menos tempo para 
atingir o peso ideal de abate quando comparados aos bovinos.
5.2 Produtos
5.2.1 Carne
No Brasil, o alto custo da carne bovina e a dificuldade de acesso de 
mercado em algumas regiões têm contribuído para uma demanda cada 
vez maior de carne de búfalo. Estimativas indicam que, na década de 80, 
por volta de 30 mil toneladas de carne de búfalo foram consumidas em 
detrimento à carne bovina.
A carne de búfalo pode facilmente substituir a demanda pela carne 
bovina, uma vez que apresenta características bem aceitas pelo público 
em geral. Trata-se de uma carne saudável, saborosa e de boa aparência. 
Comparativos entre a carne 
bubalina e a carne bovina indi-
cam que a primeira apresenta 
40% menos colesterol, 55% 
menos calorias, 11% a mais de 
proteínas e menos gordura que 
a segunda.
Nos últimos anos, tem sur-
gido um grande apelo a uma 
vida mais saudável. Um seg-
mento do mercado consumidor 
tem baseado suas escolhas não 
somente pelo preço do alimento, 
mas pelo valor nutricional e pela qualidade de vida que agregam. A busca por 
Figura 5.2 – Filé mignon de carne de búfalo
Fonte: Shutterstock.com/Tasty Life
Técnicas de Produção Animal
– 90 –
uma dieta equilibrada e hábitos alimentares saudáveis é um momento propi-
cio para uma maior inclusão da carne bubalina na mesa dos consumidores.
Geralmente a criação de búfalos para aproveitamento da carne é feita 
de maneira extensiva, sendo a base da alimentação as pastagens nativas 
de regiões alagadiças e, em alguns casos, cultivadas. A suplementação 
alimentar raramente é praticada, inclusive em épocas desfavoráveis. Por 
isso, o desenvolvimento dos animais ocorre de acordo com a oferta ali-
mentar, que é influenciada, por sua vez, pela sazonalidade da região.
 Saiba mais
Baby Búfalo, você já ouviu falar?
Há pouco mais de dez anos foi criada no mercado uma nova marca para 
carne de búfalo. É um produto proveniente de animais jovens, abatidos 
precocemente – com menos de 24 meses. Por serem abatidos mais novos, a 
carne comercializada é mais macia e mais saborosa. O manejo dos animais 
destinados a esse fim é cuidadoso, evitando estresse antes do abate e garan-
tindo cuidados essenciais pós-abate para garantir uma carne de qualidade.
Figura 5.3 – Búfala e filhote
Fonte: Shutterstock.com/ Four Oaks
Apesar de a carne ser o principal produto proveniente dos bubalinos, 
a cadeia de produção ainda é bastante desorganizada, fazendo com que 
– 91 –
Bubalinocultura
essa carne muitas vezes seja comercializada como carne bovina. Por um 
lado, essa situação permite um maior escoamento da carne bubalina, mas 
por outro prejudica o estabelecimento do mercado específico desse pro-
duto, uma vez que dificulta a concentração de abates, aumentando a sazo-
nalidade da produção e dificultando a agregação de valor à carne bubalina, 
que muitas vezes é mais nutritiva e saudável do que a carne bovina, e os 
preços praticados são os mesmos.
Para Oliveira (2005, p. 123)
um dos maiores objetivos da pesquisa relacionada à produção do 
búfalo é a busca de novas tecnologias para aumentar os rendimen-
tos da porção comercializável e a sua qualidade. Isto pode ser con-
seguido se, na cadeia da carne bubalina, for feito um completo 
entrosamento entre os geneticistas, melhoristas, produtores, frigo-
ríficos e especialistas em qualidade de carcaça e de carne, além de 
pessoal de divulgação e marketing.
5.2.2 Leite
A produção de leite de búfalas é uma atividade crescente no mercado 
nacional em virtude do alto valor conferido aos produtos provenientes 
dela, que têm encontrado no mercado brasileiro cada vez mais espaço e 
aceitação, com valores acima dos produtos à base de leite de vaca. Esse 
crescimento vem se destacando especialmente na região sudeste com a 
produção de queijo muçarela feito de leite de búfala.
Comparado ao leite de vaca, o leite de búfala apresenta mais gordura, 
contudo, também possui maiores teores de proteínas, carboidratos, cálcio 
e vitamina A. Ademais, o leite de búfala possui mais de 50% de sólidos a 
mais do que o leite de vaca, influenciando diretamente no rendimento para 
produção de subprodutos como o queijo, por exemplo. Em outras pala-
vras, com 3 l de leite de búfala é possível produzir 1 kg de queijo do tipo 
frescal, ao passo que para produzir esse mesmo queijo com leite de vaca, 
seriam necessários aproximadamente 6 l (VERRUMA, 1994).
Tabela 5.1 – Comparativo da composição química dos leites de búfala e de vaca (g/100g)
Leite de Búfala Leite de Vaca
Lipídios (g) 7,02 3,23
Técnicas de Produção Animal
– 92 –
Leite de Búfala Leite de Vaca
Proteína (g) 3,82 2,93
Colesterol (mg) 19,35 12,37
Vitamina A (RAE) mcg 54 48,9
Cálcio (mg) 180 107
Fonte: adaptada de FORC (2019).
A maior parte do leite produzido atualmente no Brasil ainda é pro-
veniente de pequenas propriedades, com manejo de baixa tecnologia e 
normalmente como complemento de alguma outra atividade. Com essas 
características, os rebanhos são compostos por animais com baixo rendi-
mento produtivo e baixa taxa de fertilidade e, consequentemente, baixa 
reprodução. Contudo, tem-se 
observado uma crescente espe-
cialização por parte dos produ-
tores nos produtos de origem 
bubalina. Especialmente esses 
pequenos produtores tem procu-
rado cada vez um maior domí-
nio e aperfeiçoamento dessa 
atividade. Essas características 
são facilmente percebidas em 
regiões onde existem laticínios 
especializados na captação de 
leite de búfala.
Precipuamente a partir dos anos 90 e 2000, houve uma expansão 
das indústrias especializadas na produção de derivados do leite de búfala. 
Por conta da maior concentração (menos água e mais matéria seca), mais 
nutrientes (proteínas, gorduras e minerais), rendimento industrial e maior 
agregação de valor, o leite bubalino tem cerca de duas vezes mais valor do 
que o leite bovino.
Outrossim, derivados como queijo minas frescal, ricota, doce de 
leite, queijo tipo coalho, provolone, entre outros, também começaram a 
ser produzidos mais recentemente. Essa diversificação de produtos cola-
Figura 5.4 – Queijo tipo muçarela de búfala
Fonte: Shutterstock.com/ Valerio Pardi
– 93 –
Bubalinocultura
bora para um aumento do consumo de leite de búfala, em contraposição à 
estagnação do consumo de derivados lácteos do leite de vaca.
Assim como para animais destinados ao corte, as búfalas produtoras 
de leite são mantidas a pasto, sendo feita a suplementação de volumoso, 
como cana-de-açúcar e silagem, mas pouco comum a suplementação de 
concentrado. Normalmente é feita uma ordenha diária, mas nos últimos 
anos, com a especialização dessa atividade em algumas propriedades, vem 
sendo adotada a prática de duas ordenhas diárias concomitantemente à 
suplementação de volumosos e concentrado em períodos de escassez.Essa 
melhora do manejo produtivo tem aumentado em até 60% a produtividade 
média de acordo com estudos conduzidos por Fernandes et al. (2004).
5.2.3 Animal de carga
Os búfalos eram usados como animais de carga desde a pré-história, no 
início da domesticação animal pelo homem; e ainda hoje é possível encon-
trar essa atividade em diversas partes do mundo, especialmente nas peque-
nas propriedades rurais. Os animais são usados em diversas etapas, como 
preparo do solo, plantio, colheita, transporte de matéria prima e de pessoas.
O búfalo se destaca entre outras espécies por ter mais características 
que favorecem esse tipo de trabalho, como por exemplo a capacidade de 
tração superior a bovinos, equinos e asininos; menor exigência alimentar 
do que bovinos e equinos; habilidade maior para trabalhar em terrenos ala-
gadiços e desnivelados do que equinos; entre outros fatores, além da doci-
lidade que permite uma domesticação mais fácil e a manipulação pode ser 
feita por adultos, crianças e idosos.
 Saiba mais
Utilização do búfalo na agricultura
De acordo com Damé (2006), para que se possa utilizar o búfalo como 
animal de carga, algumas etapas devem ser seguidas para que o homem 
tenha sucesso no manejo do animal.
1. Seleção do animal
A seleção tem por objetivo escolher o animal que apresente as 
Técnicas de Produção Animal
– 94 –
melhores características para o que se deseja. No caso de búfalos 
que serão utilizados como animais de tração e carga é importante 
que se observe as seguintes características:
 2 Temperamento dócil
 2 Peso aproximado de 300 kg (esse peso normalmente é 
atingido entre um e dois anos de idade, quando o animal 
possui capacidade de aprendizagem e estrutura física apro-
priadas para o adestramento)
 2 Ossatura bem desenvolvida, peito amplo e musculoso
 2 Linha dorso-lombar sem curvatura acentuada para evitar 
que a força exercida pelo animal não sobrecarregue a coluna.
2. Perfuração do septo nasal
Trata-se da primeira medida a ser tomada no processo de aman-
samento do animal. É realizada a perfuração do septo, onde sera 
colocada uma argola pela qual passara a corda que servirão como 
controle da direção do animal. É importante que essa prática seja 
realizada por um profissional experiente e seguindo as recomen-
dações de higiene.
3. Amansamento
Compreende o período pelo qual o animal passará pela adaptação 
às novas condições, como a implantação da argola no septo e o 
processo de adestramento. O ideal é que durante o amansamento 
o animal seja tratado com cuidado, sem severidade e castigos para 
que seja estabeleça uma boa relação com o adestrador. É recomen-
dável que nesta fase o animal tenha contato apenas com o adestra-
dor, evitando a presença de pessoas estranhas e outros animais.
4. Arreios
Existem três tipos de arreios:
 2 Canga – É feita de madeira e serve como apoio no pescoço 
do animal para que a carga seja tracionada. Dos três tipos 
é considerado o pior pois afeta diretamente no rendimento
– 95 –
Bubalinocultura
do animal, concentrando todo o esforço na cernelha ao invés de 
distribuí-lo, além da corda que passa pelo pescoço dificultar a res-
piração do animal, que se cansa mais rapidamente.
Figura 5.5 – Animal utilizando o modelo canga de arreio para trabalho
 Fo
nt
e:
 S
hu
tt
er
st
oc
k.
co
m
/ t
he
 p
ea
l
 2 Colar e cinta – São feitos de couro e permitem uma maior 
distribuição da carga a ser tracionada, evitando a fadiga 
precoce do animal
5. Adestramento
Durante o adestramento o animal aprende efetivamente como traba-
lhar. Deve ser feito o passo a passo de maneiras contaste para o búfalo 
se acostume com o trabalho. No início, os animais devem se acostumar 
com os arreios, sem que seja realizado nenhum trabalho. Em seguida, 
quando eles já estiverem familiarizados com a cinta ou colar, deve-se 
iniciar a tração de pequenos objetos, como toras leves, e a carga deve ser 
aumentada de acordo com a adaptação do animal.
Nesta fase também são ensinados os comandos de andar e parar, bem 
como os direcionamento de esquerda e direita.
Ao final, o animal estará pronto para a última etapa do adestramento, 
quando são instalados os implementos agrícolas como arado, grades etc.
As etapas de amansamento e adestramento tem duração média de 6 
meses, podendo variar de acordo com o animal e o tipo de trabalho.
Técnicas de Produção Animal
– 96 –
Apesar de serem animais rústicos, de musculatura bem desenvolvida 
e adequados para trabalhos pesados, os búfalos têm predisposição a sofrer 
nos dias muito quentes por não possuírem muitas glândulas sudoríparas 
(responsáveis pela produção e liberação de suor), acumulando muito calor 
em seus corpos, sem conseguir dissipá-lo. Dessa forma, o mais indicado é 
que eles sejam submetidos ao trabalho nos horários menos quentes do dia 
e não ultrapassar o total de 5 horas diárias de trabalho.
Após cada turno de trabalho (manhã e tarde) e ao final do dia antes do 
descanso, é importante dar água aos animais e sempre que possível um banho.
Durante a troca de dentes, que ocorre quando o animal chega aos 
dois ou três anos de idade, também não é indicado que ele seja submetido 
a atividades muito desgastantes. A troca de dentição gera um grande incô-
modo ao animal por não conseguir pastar adequadamente. Essa alimenta-
ção prejudicada interfere no ganho de peso e o búfalo tende a emagrecer, 
ficando mais fraco.
5.3 Manejo
5.3.1 Alimentação
Por ser um excelente conversor de alimentos de baixa qualidade em 
energia, os búfalos são capazes de se manter e se desenvolver em ambien-
tes com baixa oferta nutricional de pastagem. Entretanto, quando se espera 
maiores níveis de produtividade, obviamente, deve-se investir em alimen-
tação de qualidade, além de suplementação e fornecimento de macro e 
micronutrientes essenciais.
A maioria dos produtores de búfalos tanto para carne, como para leite 
e inclusive para ambos, tende a fornecer apenas o alimento volumoso (pas-
tagem nativa e, em alguns casos, pastagem cultivada), que apesar de ser 
convertido de maneira eficiente pelos animais, não fornece o suprimento 
completo de nutrientes. Qualquer que seja a espécie de forragem utilizada, 
desde as mais nutritivas até as de menor qualidade, nenhuma delas é capaz 
de atender 100% da demanda do animal. Para que se tenha produções mais 
elevadas, é fundamental que se utilize outras fontes de alimentos, que 
– 97 –
Bubalinocultura
sejam capazes de suprir as exigências nutricionais dos animais, como as 
capineiras (gramíneas utilizadas para suplementação alimentar) de capim 
elefante, além do fornecimento de mistura mineral.
É aconselhável que fêmeas produtores de leite sejam suplementadas 
com concentrado energético-proteico. Os filhotes em fase de amamenta-
ção também devem receber maior atenção e, nesse caso, sugere-se que 
sejam fornecidas gramíneas de boa qualidade, além de ração suplementar.
Normalmente, os partos acontecem no verão, possibilitando à fêmea 
uma melhor alimentação durante a gestação, favorecendo nascimentos mais 
saudáveis e um retorno da fêmea à disponibilidade mais rápido. Já o perí-
odo de aleitamento ocorre quando não há muita oferta de pasto, comprome-
tendo a produção de leite; contudo, os filhotes, quando desmamados, podem 
alimentar-se do pasto já recuperado, só voltando a esse cenário de escassez 
quando já estiverem mais bem desenvolvidos, aproximadamente um ano 
depois. O pasto em boas condições nutricionais disponível ao filhote recém-
-desmamado permite que os animais cresçam e atinjam a puberdade com 
24 meses de vida, e que as fêmeas tenham o primeiro parto aos 36 meses.
A utilização de pastagens 
nativas em conjunto com pas-
tagem cultivada também é uma 
técnica que proporcionamaio-
res ganhos de produtividade, 
especialmente em épocas mais 
críticas. A adoção dessa medida 
garante que os animais tenham 
alimento de qualidade a um 
custo razoavelmente pequeno. 
Para que a pastagem tenha con-
dições de se recuperar, o mais 
indicado é o pastejo rotacionado.
5.3.2 Instalações
Existem diversas modelos de instalações que atendem às necessida-
des das atividades do criador de búfalos e para escolher a melhor opção, 
Figura 5.6 – Suplementação alimentar no cocho
Fonte: Shutterstock.com/ ckbacteria
Técnicas de Produção Animal
– 98 –
deve ser levado em conta o modelo que melhor atende a funcionalidade 
do sistema, além do custo e da durabilidade dos materiais. Independen-
temente do tipo de instalação a ser usada, é essencial que seja construída 
em terreno firme e bem drenado. Apesar de serem animais bem adaptados 
a terrenos encharcados e alagadiços, para o manejo o ideal é que seja em 
solo firme e seco. Já os materiais que serão utilizados na construção das 
instalações devem ser compatíveis com a região (condições climáticas, 
tipo de solo etc.). Dentre as instalações existentes, destacam-se três que 
são consideradas as mais importantes, são elas:
 2 Centro de Manejo
Trata-se do complexo de instalações onde é realizado o manejo 
do rebanho. O mais indicado é que seja construído relativa-
mente perto da sede da 
propriedade para que 
o acesso seja rápido e 
fácil. É no centro de 
manejo que são rea-
lizadas as atividades 
rotineiras, como orde-
nha, vacinação, mar-
cação, entre outros. 
Por isso, o ideal é que 
exista um espaço des-
tinado aos animais 
que estão aguardando 
algum procedimento (curral) e áreas reservadas para as demais 
atividades, como área de ordenha, área dos bezerros, área para 
atividades de saúde (vacinação, aplicação de remédios etc.).
Deve-se observar, durante a construção do centro de manejo, o 
tipo de piso, as divisões entre as áreas, altura do teto e paredes. 
Esses elementos são imprescindíveis para que a instalação per-
mita a realização das atividades. Um piso de fácil manutenção e 
limpeza, por exemplo, diminui significativamente a contamina-
ção dos animais por fezes.
Figura 5.7 – Centro de manejo
Fonte: Shutterstock.com/ NATTAPON JUIJAIYEN
– 99 –
Bubalinocultura
 2 Cercas
Apesar de serem animais conhecidamente dóceis, a transposi-
ção dos búfalos por meio das cercas de contenção não é rara. 
Por isso, é importante que sejam dimensionadas e construídas 
de maneira correta. Bubalinos não tendem a passar pela cerca 
pulando, preferem tentar derrubá-la e, por isso, as partes mais 
baixas do cercamento merecem atenção. Nesses locais, os ani-
mais tendem a fazer mais força para rompê-la. A altura entre um 
fio e outro da cerca não deve ser maior que 20 cm e podem ser 
feitas de arame liso ou farpado. A distância entre os mourões não 
deve ultrapassar os 2 m.
 2 Cocho
Os cochos para suplementação animal devem estar distribuí-
dos no pasto, em locais de fácil acesso, ou no próprio centro 
de manejo, a depender do sistema ade criação a ser adotado. 
Caso se opte pela alocação dos cochos no centro de manejo, 
eles devem ser colocados no curral, no bezerreiro ou no abrigo e 
nesses casos é importante que se mantenha acesso facilitado dos 
animais ao cocho, além de um dimensionamento que atenda às 
necessidades dos animais que estejam abrigados.
Em regiões de chuva mais intensa e ventos fortes, caso o 
cocho esteja localizado no pasto, sugere-se que ele seja cons-
truído coberto com telhado e com proteção nas laterais. Em 
locais de pouca chuva, o cocho pode ser construído apenas 
com o telhado.
Para qualquer tipo de cocho que seja construído em área externa, 
é fundamental que sejam localizados em áreas de boa drenagem, 
de fácil acesso e dimensionado para tender todos os animais. 
Além disso, sempre que viável, é interessante que o cocho esteja 
relativamente afastado da fonte de água, pois, dessa maneira, 
os animais têm eu deslocar mais entre a água e o cocho, percor-
rendo mais área do pasto e consumindo a pastagem de maneira 
mais distribuída.
Técnicas de Produção Animal
– 100 –
Figura 5.8 – Cocho de alimentação construído em área de manejo
Fonte: Shutterstock.com/Pataporn Kuanui
Síntese
Os búfalos são animais que possuem ótimas características de produ-
ção de leite e de carne, além de demonstrarem enorme aptidão para o tra-
balho de carga. Essas particularidades somadas à adaptabilidade a diver-
sas condições ambientais, altas taxas de reprodução e natalidade, além da 
docilidade, colocam o rebanho bubalino como um grupo muito promissor 
na pecuária nacional.
Apesar de ser uma atividade ainda pouco desenvolvida pela maioria 
dos produtores, com baixa tecnologia e investimento, já apresenta números 
de produtividade maior que a cadeia produtiva de carne bovina. Ademais, os 
principais produtos como carne e leite começam a ocupar papel de destaque 
no comercio nacional por apresentarem excelente valor nutricional.
No momento atual, as ações mais importantes para alavancar a indús-
tria e o mercado consumidor são duas: desenvolver uma cadeia de pro-
dução mais especializada, voltada diretamente para o mercado bubalino, 
com tecnologia e qualidade e desenvolver o mercado consumidor para as 
pessoas tenham mais consciência das vantagens que se tem ao consumir 
esses produtos.
– 101 –
Bubalinocultura
Atividades
1. Cite e explique alguns benefícios da criação de búfalos.
2. Explique as vantagens da carne e do leite provenientes de 
bubalinos.
3. Comente com suas palavras como acontece o processo de aman-
samento dos búfalos que são utilizados em atividades agrícolas.
4. Explique resumidamente como devem ser a instalações para 
criação de búfalos.
6
Avicultura e 
suinocultura 
A avicultura e a suinocultura são atividades tradicionais na 
cultura brasileira, tendo seus primeiros registros remontados à 
época da colonização. Por conseguinte, o Brasil tem sido des-
taque no mercado internacional nos últimos anos e, atualmente, 
ocupa a segunda posição no ranking mundial de produção de 
carne de frango e é líder em exportação desse produto; a suini-
cultura não fica atrás, sendo a carne de porco brasileira a quarta 
maior produção e exportação no mundo.
Ainda que ambas tenham sido iniciadas como atividades 
basicamente manuais e voltadas para a subsistência das famílias, 
o que se vê hoje é uma tecnificação cada vez maior. Novas tec-
nologias, aliadas à seleção de animais com genéticas voltadas 
para a produção, têm colaborado para uma maior consolidação 
do mercado nacional.
Nesse capítulo, serão abordados temas relevantes sobre a 
produção, sistemas de manejo e instalações voltadas para a cria-
ção de aves e suínos.
Técnicas de Produção Animal
– 104 –
6.1 Importância socioeconômica
A avicultura é uma atividade de extrema importância na produção 
nacional, por ocupar papel de destaque na cadeia do agronegócio brasi-
leiro. Trata-se da criação de aves, envolvendo a reprodução, a criação pro-
priamente dita, o abate e a comercialização, sejam de animais vivos ou de 
produtos, como carne e ovos.
A primeira informação que se tem notícia sobre a existência de aves 
de criação no Brasil remonta aos tempos da colonização portuguesa em 
terras brasileiras. Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada portuguesa 
conduzida por Pedro Alvares Cabral, registrou em suas anotações o pri-
meiro contato dos nativos indígenas que aqui habitavam com animais tra-
zidos pelos portugueses a bordo de suas embarcações. Em uma dessas 
passagens, Caminha narra:
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o capitão traz consigo; 
tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os hou-
vesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mos-
traram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não queriampôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados (ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE PROTEINA ANIMAL, 2019).
No início da avicultura, os animais eram criados de maneira rudi-
mentar, nos quintais das casas e exclusivamente para consumo próprio 
das famílias (figura 6.1). Ainda 
que existisse um escasso comer-
cio de aves, os preços praticados 
não eram acessíveis a todos. 
Com o passar dos anos e com o 
crescimento da economia e da 
população, percebeu-se a neces-
sidade de investir na produção 
animal com fins comerciais. 
Em virtude da febre do ouro e 
da mineração em Minas Gerais, 
houve também um aumento da 
criação de animais para abaste-
cer o mercado interno. Por isso, nessa mesma época, o estado de Minas 
Figura 6.1 – Galinhas criadas em quintal
Fonte: Shutterstock.com/ Luis War
– 105 –
Avicultura e suinocultura 
Gerais era o maior produtor de aves no país, abastecendo não só a popula-
ção local, mas quase todo o território nacional.
O desenvolvimento da avicultura no Brasil começou a se consolidar 
ao final da década de 70, quando empresas processadoras de alimentos 
chegaram ao mercado nacional, especializando o processo de produção de 
frango, principalmente. A chegada dessas companhias, aliada a um maior 
avanço tecnológico, desenvolvimento de material genético e criação de 
técnicas de produção também alavancaram o setor. Nessa mesma época, 
em Santa Catarina, foi estabelecido o Sistema de Integração Vertical na 
avicultura, que constitui em uma parceria entre empresas e produtores. 
Nesse modelo de integração, as empresas fornecem os insumos necessá-
rios para o avicultor e ele, por sua vez, envia a produção final para proces-
samento nessas empresas.
De acordo com Zen et al (2014), esse sistema integrado de produção 
colaborou para o desenvolvimento da avicultura nacional, especialmente 
no que se refere à biossegurança, sanidade animal e qualidade dos produ-
tos. Essa integração promoveu uma maior organização da criação, estabe-
lecendo padrões de manejo e boas práticas, além de auxiliar os avicultores 
com assistência técnica de qualidade.
Segundo o relatório técnico da Companhia Nacional de Abasteci-
mento (CONAB), o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial 
de produção de carne de frango e é líder em exportação desse produto. 
Dados do IBGE mostram que em no primeiro trimestre de 2018 foram 
abatidas 1,48 bilhão de cabeças de frango e, apesar de algumas quedas em 
alguns trimestres, desde 2013 (1,29 bilhões de cabeças) até 2018 pode-se 
observar um aumento no abate de frangos no Brasil.
Ainda em 2018, a região Sul responde por aproximadamente 60% 
do abate nacional. Em seguida temos a região sudeste, com 19%, Cen-
tro Oeste (14,5%), Nordeste (3,9%) e Norte (1,7%). Quando se analisa 
especificamente a região Sul, o estado do Paraná se destacou com o maior 
número de abates (31,5%), Santa Catarina e Rio Grande do sul abateram 
14,4% cada (IBGE, 2018).
Algumas condições favoráveis contribuem para que o Brasil tenha 
destaque na produção de aves. O clima propício e as regiões com relevos 
Técnicas de Produção Animal
– 106 –
planos são fatores ambientais que contribuem fortemente para o sucesso 
da atividade. Ademais, por ser o maior produtor de soja e terceiro maior 
produtor de milho no mundo (CONAB 2018); a avicultura no Brasil tem 
se consolidado no mercado internacional, uma vez que esses grãos consti-
tuem aproximadamente 95% das rações comerciais de frangos.
Assim como a avicultura, a suinicultura é uma atividade bastante 
antiga que acompanha toda a história da civilização humana. Acredita-se 
que desde o ano 5.000 a.C. humanos e suínos já conviviam harmonica-
mente, sendo estes já utilizados como animais domésticos (figura 6.2). 
Estudiosos acreditam que a domesticação do porco tenha se iniciado no 
oriente, especialmente na China e a dispersão dessa atividade tenha se 
dada de maneira facilitada porque suínos são animais onívoros, o que faci-
lita sua alimentação em diversas regiões.
Figura 6.2 – Criação de suínos em ambiente aberto
Fonte: Shutterstock.com/ Karelian
No Brasil, esses animais chegaram juntamente com a frota de Mar-
tim Afonso de Souza, em 1532. Eram animais europeus, desenvolvidos e 
adaptados ao clima da região de Portugal e, ao chegarem e se reproduzi-
rem no Brasil, foram definindo e selecionando as melhores características 
para o nosso país.
A carne suína é a proteína animal mais consumida mundialmente. 
Mais de 100 milhões de toneladas são produzidas por ano, sendo metade 
produzida na China, seguido por União Europeia e Estados Unidos. Nesse 
– 107 –
Avicultura e suinocultura 
cenário, o Brasil ocupa a quarta posição na produção e exportação de 
carne suína, 3,2 e 12,5%, respectivamente.
Com relação ao consumo nacional, ainda se observa uma menor pro-
cura pela carne suína em comparação às carnes de frango e bovina. Con-
tudo, desde 2009 tem aumentado a demanda pela carne de porco, o que pode 
ser explicado pelo maior conhecimento do mercado consumidor acerca dos 
benefícios dessa carne, além do aumento do poder aquisitivo das classes C e 
D, que passaram a procurar fontes proteicas de maior qualidade.
6.2 Avicultura
Como já mencionado anteriormente, nos primórdios a avicultura era 
basicamente uma atividade familiar, na qual a criação das aves era feita 
em quintais, sítios e chácaras, de maneira extensiva. Os animais eram 
criados soltos e sua alimentação era baseada no se tinha disponível no 
ambiente, como insetos e pequenos vertebrados, e, ocasionalmente, grãos. 
Esse modo de criação fazia com que o abate acontecesse após os 6 meses 
de idade das aves. Atualmente, ainda se encontra muitas propriedades que 
criam dessa maneira, mas em geral trata-se de uma produção de subsistên-
cia ou para abastecimento de um mercado mais próximo, menor e restrito. 
Para um consumo em maior escala, que atenda à demanda das grandes 
cidades, o mais comum é a avicultura comercial (figura 6.3).
Figura 6.3 – Galpão de granja comercial
Fonte: Shutterstock.com/David Tadevosian
Técnicas de Produção Animal
– 108 –
Para abastecer um mercado em expansão, com uma grande demanda 
de carne de frango, criadores e indústrias vêm, ao longo dos anos, apri-
morando o manejo de criação desses animais. O melhoramento genético, 
a utilização de novas tecnologias e o aperfeiçoamento da gestão alimentar 
têm contribuído para a produção de animais cada vez mais precoces e 
com índices zootécnicos satisfatórios. Entretanto, isso tem gerado tam-
bém controvérsias quanto à sanidade desses produtos. Ainda há um pen-
samento generalizado de que animais criados em granjas são submetidos 
a doses de hormônios e antibióticos como forma de melhorar os índices 
de produção, mas já se sabe que não é verdade. Os resultados obtidos 
são fruto de cuidados, como melhoramento genético e alimentação, entre 
outros. Indústrias sérias e produtores comprometidos com a saúde animal 
e humana fazem uso de tecnologias limpas e aprovadas pelos órgãos de 
controle e segurança alimentar.
6.2.1 Produtos
6.2.1.1 Carne
A carne de frango é um dos alimentos mais comuns na dieta do bra-
sileiro. É um alimento com elevada qualidade nutricional, de alta dispo-
nibilidade e baixo custo. Com relação à questão nutricional, ressalta-se o 
baixíssimo percentual de gordura dessa carne, na qual a cada 100 gramas 
de peito de frango, apenas 1% corresponde à gordura. Ademais, é um ali-
mento rico em aminoácidos e proteínas, vitaminas do complexo B e mine-
rais (ferro, potássio, zinco, entre outros).
O abate dos animais para comercialização da carne varia de acordo 
com as necessidades do mercado consumidor e com o tipo de produto 
ofertado pelo criador. Indústrias de processamento, restaurantes e outras 
demandas informam ao produtor o tipo de carne desejada (tamanho, 
cortes, idade etc.) e este pode se organizarao longo do ciclo produ-
tivo para oferecer o produto desejado. Por exemplo, frangos de granja 
já podem ser abatidos a partir de 1kg de peso vivo, que normalmente 
acontece quando a ave está com 28 a 42 dias de idade. Por sua vez, o 
frango caipira tende a ser abatido mais tardiamente, entre 1,8 e 2 kg, um 
pouco antes dos 120 dias, uma vez que esses animais são criados soltos, 
– 109 –
Avicultura e suinocultura 
geralmente com uma alimentação a base de pasto e de pequenos ani-
mais., como insetos, aranhas, minhocas etc. Dessa maneira, a engorda 
acontece de maneira mais lenta o que, consequentemente, estende o 
período de criação.
Como será visto posteriormente, a criação de aves para abate pode ser 
classificada de acordo com três sistemas praticados atualmente (extensivo, 
intensivo e semi-intensivo).
6.2.1.2 Ovos
A produção de ovos tem dois objetivos principais: a perpetuação 
da espécie por meio dos descendentes e o consumo humano direito e/
ou indireto (figura 6.4). Apesar de existirem diversos animais ovíparos 
(aqueles em que os embriões se desenvolvem dentro de ovos, fora dos 
organismos da mãe), as aves são os de maior interesse para o homem. 
Dentre as aves, as galinhas se destacam como fonte de produção de ovos 
para consumo humano.
O ovo é uma importante fonte de proteína, gordura, vitaminas e 
minerais combinados a poucas calorias e baixo valor de compra. No Bra-
sil, em 2010, o consumo de ovos por habitante era de aproximadamente 
148 em um ano. Já em 2017, esse número subiu para 192 ovos per capita. 
Esse aumento pode ser explicado pela maior conscientização da popula-
ção acerca dos benefícios desse alimento.
Uma produção de sucesso depende de alguns fatores básicos, como 
qualidade da ração/alimento fornecidos às galinhas poedeiras, sanidade 
animal, genética e instalações. Dentre esses, podemos destacar dois fato-
res elementares: alimentação e genética.
A ração constitui o principal custo de produção e influencia na qua-
lidade do produto final. Uma vez que a maioria dos produtores prepara a 
ração nas propriedades, é de fundamental importância que sejam seguidas 
as proporções de cada constituinte, bem como o fornecimento em quan-
tidades adequadas. A genética desses animais, por sua vez, está presente 
não só na coloração dos ovos, mas também em algumas outras caracte-
rísticas, como capacidade de postura dessas aves, resistência a doenças e 
enfermidades, quantidade e tamanho de ovos, entre outros.
Técnicas de Produção Animal
– 110 –
Figura 6.4 – Produção industrial de ovos de galinha
Fonte: Shutterstock.com/N-sky
6.2.2 Manejo
De acordo com Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR, 
2015), o sistema de produção de frangos de corte pode ser classificado em 
três tipos distintos: sistema independente, cooperativo e integrado.
No sistema independente, todo o processo fica sob os cuidados do 
criador. Tanto a aquisição de pintos, quanto a ração, instalações, mão de 
obra e abate são de inteira responsabilidade do avicultor.
O sistema cooperativo inclui o criador na organização e nas decisões 
sobre a criação e fornecimento dos animais. Há o papel-chave da coopera-
tiva nesse tipo de sistema, e ela tem como função básica o fornecimento e 
insumos. Como cooperado, o criador tem direito à participação nos lucros 
e demais decisões sobre investimento dentro da cooperativa.
Por último, no sistema de integração, a empresa responsável pela 
industrialização da carne fornece ao criador pintos de um dia juntamente 
com a ração, além de assistência técnica. As instalações, bem como os 
equipamentos, a criação em si e a mão de obra ficam sob responsabilidade 
do criador. Ao final, o abate fica a encargo da empresa (figura 6.5). Nesse 
sistema, o pagamento ao criador é feito de acordo com o desempenho 
zootécnico de cada lote de animal fornecido.
– 111 –
Avicultura e suinocultura 
Figura 6.5 – Indústria de processamento de carne de frango em Santa Catarina
Fonte: Shutterstock.com/Alf Ribeiro
Com relação aos sistemas de criação, assim como na pecuária, a avi-
cultura pode ser conduzida de três maneiras distintas – sistema extensivo, 
intensivo e, o mais recente, sistema semi-intensivo.
 Saiba mais
Você se lembra?
- Sistema Extensivo: Animais são criados livres, sem uso de tecnologia 
para incremento de produção. Normalmente os animais se alimentam 
do que tem disponível no ambiente e, por isso, os índices de produtivi-
dade geralmente são mais baixos. Nesse sistema o mais comum é que a 
produção seja voltada para consumo próprio
- Sistema Intensivo: Também conhecido como “confinamento”, é aquele 
no qual os animais ficam presos a um local específico durante toda a 
criação, e a alimentação é fornecida através da ração. Trata-se de um 
sistema com altas taxas de produtividade, uma vez que exige maior 
investimento em instalações, alimentação e sanidade animal.
No sistema semi-intensivo, mais recentemente criado, os animais têm 
maior grau de liberdade e, ao mesmo, tempo, são empregadas algumas 
técnicas de criação voltadas para um desempenho zootécnico satisfató-
rio. O mais comum nesse tipo de criação é que as aves tenham acesso
Técnicas de Produção Animal
– 112 –
a áreas livres de pastejo durante parte do dia, mas que também sejam 
alimentadas com ração e confinadas durante a noite.
Essa nova alternativa aos sistemas mais conhecidos na avicultura surgiu 
nos últimos anos em virtude de uma crescente demanda por parte do 
mercado consumidor por alimentos mais saudáveis, com menos utiliza-
ção de químicos e com grande preocupação com o bem-estar dos animais.
6.2.3 Instalações
Criadores que utilizam o sistema intensivo ou semi-intensivo preci-
sam garantir alguns aspectos básicos para desenvolvimento dos animais. 
Dentre eles, tem-se as instalações físicas destinadas aos animais, como a 
cama de maravalha e o espaço onde os animais serão acondicionados.
A cama de maravalha é feita de raspas de madeiras, maiores que a ser-
ragem, e funcionam como uma esponja, uma vez que absorvem a umidade 
dos dejetos, dos alimentos e da água que caem no solo (excesso de umidade 
favorece a produção de amônia 
no ambiente, prejudicando as 
vias respiratórias das aves). Além 
disso, servem como conforto tér-
mico, retendo calor e protegendo 
os animais do frio. De acordo 
com o SENAR (2015), o ideal é 
que no verão a cama tenha 5 cm 
de altura e que no inverno esse 
número dobre (10 cm).
Com relação à construção 
do aviário, é importante que ela 
seja feita no sentido leste-oeste, 
a fim de se evitar a incidência excessiva de raios solares e, consequente-
mente, o superaquecimento do ambiente. É importante que sejam tomadas 
medidas que impeçam a entrada de água, bem como de outros animais. 
Para tanto, sugere-se a construção de muretas e aplicação de telas nas 
laterais (figura 6.6).
Figura 6.6 – Instalação para frangos
Fonte: Shutterstock.com/ IRIT3530
– 113 –
Avicultura e suinocultura 
6.3 Suinocultura
A suinocultura brasileira cresceu e vem crescendo significativamente 
nos últimos anos. Segundo dados do governo brasileiro, de 2016 a 2018 
o Brasil teve um aumento de 1,5% na produção de carne suína, represen-
tando um acréscimo de 130 mil toneladas entre esse período.
A criação de suínos praticada no passado seguiu essa evolução e hoje 
temos técnicas e modelos de negócio diferenciados, que buscam a coor-
denação das atividades entre produtores, indústrias e consumidores. Todo 
esse desenvolvimento da cadeia suinícola brasileira possibilitou um esta-
belecimento cada vez mais sólido desse mercado, bem como uma econo-
mia mais competitiva.
6.3.1 Carne
A carne suína é a fonte de proteína animal mais consumida no mundo 
e o Brasil é protagonista nesse cenário, sendo o quarto maior produtor, 
precedido de China no topo do ranking,União Europeia e Estados Unidos, 
respectivamente segundo e terceiro lugares.
Técnicas de seleção e o próprio melhoramento animal nos suínos 
tiveram início no século passado, com a utilização de raças puras. Por 
causa de uma maior pressão 
da sociedade por animais mais 
saudáveis e com maior valor 
nutricional, produtores, pes-
quisadores e indústrias vêm, 
ao longo das últimas décadas, 
aperfeiçoando linhagens que 
possam atender a esse novo 
perfil de consumo. Desde 
então, os suínos vêm apresen-
tando menor teor de gordura e 
mais massa muscular, princi-
palmente naqueles cortes mais 
comerciais como o pernil e o lombo.
Figura 6.7 – Processamento de carne de porco
Fonte: Shutterstock.com/Ivan Nakonechnyy
Técnicas de Produção Animal
– 114 –
Essa variação ao longo dos anos é facilmente perceptível quando se 
compara os animais mais primitivos, que possuíam por volta de 40% de 
massa magra e 5 centímetros de espessura de gordura, e os suínos criados 
e comercializados atualmente, com 60% de carne magra e entre 1 e 1,5 
centímetros de gordura.
6.3.2 Manejo
A suinocultura no Brasil é praticada basicamente de duas maneiras: 
industrial – tecnificada e voltada para grandes empresas processadoras de 
alimentos – ou de subsistência – desenvolvida em pequenas proprieda-
des familiares (figura 6.7). De acordo com pesquisadores da EMBRAPA 
(MIELLE, 2011), a suinocultura industrial tem crescido nos últimos 40 
anos, especialmente nas regiões produtoras onde são presentes indústrias 
e cooperativas. Entretanto, a suinocultura de subsistência vem diminuindo 
substancialmente, perdendo espaço na produção suinícola nacional.
O que se pode observar é que não necessariamente os pequenos cria-
dores estão abandonando a atividade, mas que estes têm cada vez mais 
se integrado à cadeia industrial, trabalhando em parceria ou integrados 
a cooperativas e grandes empresas. Por exemplo, na região Sul do país, 
vem ocorrendo uma mudança no ciclo de produção desses animais. Até os 
anos 90, o mais frequente nas propriedades criadoras de suínos era que o 
animal desenvolvesse o ciclo completo (nascimento até terminação) em 
um único local. Com a ascensão da suinocultura industrial, a produção 
tem se tornado mais especializada e dividida em etapas. Hoje, é comum 
encontrar propriedades especializadas em etapas do ciclo do animal, como 
unidades produtoras de leitão (UPL) e unidades de crescimento e termi-
nação (UCT).
Para Carvalho e Viana (2011), os sistemas de criação de suínos podem 
ser divididos em sistema extensivo, sistema semiextensivo, sistema inten-
sivo de criação de suínos ao ar livre (SISCAL) e sistema intensivo de 
suínos confinados (SISCON).
O sistema extensivo é semelhante aos demais sistemas extensivos de 
outras espécies. Caracterizado por pequenas propriedades, voltados à sub-
sistência e com pouco incremento tecnológico; machos e fêmeas, filhotes 
– 115 –
Avicultura e suinocultura 
e adultos são criados juntos. Os animais são alimentados com sobras de 
alimentos e restos das pequenas lavouras. O conhecimento é adquirido de 
geração para geração, com pouca ou nenhuma assistência técnica. Todos 
esses fatores resultam em uma baixa produtividade de carne (figura 6.8).
Figura 6.8 – Animais pastando em sistema extensivo
Fonte: Shutterstock.com/Karelian
No sistema semiextensivo, por outro lado, já ocorre uma separação 
dos animais de acordo com sexo e idade. Alguns animais, dependendo 
da fase em que estão, têm acesso aos piquetes e não ficam confinados 
100% do tempo (figura 6.9). 
Por exemplo, fêmeas não-
-prenhes, gestantes, machos 
reprodutores têm livre acesso 
ao ambiente externo (delimi-
tado por piquetes e cercas); por 
outro lado, fêmeas lactantes e 
animais em fase de terminação 
ficam confinados. A reprodu-
ção não ocorre totalmente de 
maneira aleatória, pois o pro-
dutor se preocupa em selecionar os melhores animais que passarão adiante 
a melhor genética. Há um maior investimento em instalações e tecnologia 
de baixo custo. Como consequência, em comparação ao sistema anterior, 
este apresenta maiores taxas de crescimento e maior qualidade ao produto.
Figura 6.9 – Animais de mesmo sexo e idade em 
ambiente externo
Fonte: Shutterstock.com/ acceptphoto
Técnicas de Produção Animal
– 116 –
O SISCAL é um método mais recente se comparado aos outros 
tipos, mas que nos últimos anos vem sendo adotado por muitos criado-
res em razão do bom desempenho produtivo dos animais, do baixo custo 
de implementação e manutenção do sistema e da sanidade animal. Nesse 
sistema, os animais são mantidos em piquetes, o que permite maior mobi-
lidade pelo terreno (nas fases de reprodução, maternidade e creche); ani-
mais adultos em fase de crescimento e terminação são mantidos confina-
dos. É necessária a atenção para algumas prerrogativas do sistema, como, 
por exemplo, a instalação dos piquetes em solos com baixa declividade 
(menor que 15%) e com boa capacidade de drenagem. Além de utilizar 
gramíneas mais resistentes ao pisoteio animal e que sejam de qualidade e 
palatável (figura 6.10).
Figura 6.10 – Exemplificação do sistema SISCAL
Fonte: Shutterstock.com/ Steven Frame
No SISCON, os animais são mantidos em confinamento durante todo 
o ciclo de produção com o objetivo de se obter animais mais precoces, com 
ganho de peso em menos tempo. Por isso, os suínos são mantidos presos, 
em espaço reduzido para evitar grande movimentação e atividade do ani-
mal. Aliado a isso, tem-se uma alimentação rigorosamente quantificada e 
adequada a cada fase específica. Trata-se de um sistema com alto custo de 
implementação, visto que demanda uma área específica para os animais, 
bem como locais para armazenamento de ração e medicamentos; além de 
mão de obra especializada e animais com genética melhorada para atin-
girem altas taxas de produtividade. O alto custo, os impactos ambientais 
– 117 –
Avicultura e suinocultura 
(principalmente concentração de dejetos) e o bem-estar animal praticamente 
inexistente são as principais desvantagens desse sistema (figura 6.11).
Figura 6.11 – Animais em confinamento
Fonte: Shutterstock.com/ C.Lotongkum
6.3.3 Instalações
Independentemente do tipo de sistema que será adotado, inclusive 
para modelos extensivos, é necessária a construção de instalações para 
abrigar os animais em determinados períodos, como em época de chuva, 
frios e ventos (sistema extensivo) ou durante fases de produção, como 
gestação, pré-parto, lactação, entre outros.
Sugere-se que sejam destinados locais específicos, no mínimo, para 
fêmeas gestantes, recém-paridas (maternidade), filhotes (creche) e cresci-
mento e terminação (animais adultos). Esses ambientes devem ser constru-
ídos em locais altos, com boa ventilação, drenagem e declividade. Todos 
esses quesitos buscam principalmente facilitar o escoamento de dejetos, 
da água de limpeza e dos gases produzidos pelos próprios animais.
Síntese
Nos primeiros anos da criação de aves e suínos no Brasil, os animais 
eram criados de maneira rudimentar, nos quintais das casas e exclusiva-
mente para consumo próprio das famílias. Com o passar dos anos e com 
Técnicas de Produção Animal
– 118 –
o crescimento da economia e da população, percebeu-se a necessidade de 
investir na produção animal com fins comerciais. O desenvolvimento da 
avicultura no Brasil teve início no final da década de 70, quando empre-
sas processadoras de alimentos chegaram ao mercado nacional, trazendo 
maior avanço tecnológico, desenvolvimento de material genético e cria-
ção de técnicas de produção também alavancaram o setor.
A carne de frango e os ovos são alimentos comuns na dieta do brasi-
leiro. Possuem elevada qualidade nutricional, alta disponibilidade e baixo 
custo. A carne apresenta baixo percentual de gordura, além de ser rica em 
aminoácidos e proteínas,vitaminas do complexo B e minerais. Os ovos 
são fonte de proteína, gordura, vitaminas e minerais combinados a poucas 
calorias e baixo valor de compra.
A carne suína vem passando por intensas modificações para atender a 
um mercado cada vez mais exigente em alimentos de qualidade, nutritivos 
e que respeitem o bem-estar animal. Desde então, os suínos vêm apre-
sentando menor teor de gordura e mais massa muscular; e as técnicas de 
manejo vem sendo aperfeiçoadas.
Atividades
1. Comente as diferenças entre a criação de aves nos primeiros 
anos de colonização português e os tempos atuais.
2. Explique com suas palavras como se caracteriza o sistema semi-
-intensivo de criação de aves e qual o seu benefício quando com-
parado ao sistema intensivo.
3. Descreva resumidamente como devem ser as instalações básicas 
para criação de suínos e aves.
4. Explique resumidamente os sistemas de criação de suínos.
7
Piscicultura e 
ranicultura 
Conforme estudado nos capítulos anteriores, o Brasil tem 
ocupado um papel de destaque nas produções de carne bovina, 
suína e frango. Contudo, de acordo com dados do Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), até o ano de 2017, a pro-
dução de peixes e outros organismos aquáticos, como moluscos, 
crustáceos e anfíbios, tem apresentado um desempenho inferior 
ao previsto. Esses baixos valores produtivos influenciam direta-
mente na inserção brasileira no mercado internacional.
Apesar dos números poucos favoráveis, houve crescimento 
na produção. Nesse ponto, o Brasil se destaca como um país 
com altíssimo potencial para a aquicultura e pesca no geral, em 
razão do mercado doméstico cada vez mais consolidado para o 
consumo desses produtos, bem como pela elevada produção de 
grãos que contribui para a indústria de ração animal. O clima 
predominantemente tropical e a disponibilidade hídrica também 
são fatores que colaboram para um alto potencial de crescimento.
Técnicas de Produção Animal
– 120 –
Os benefícios citados, aliados a uma maior organização da cadeia 
produtiva, estabelecimento de políticas públicas efetivas e maior partici-
pação e apoio do governo ao setor, certamente contribuiriam para o desen-
volvimento da cadeia produtiva.
A aquicultura envolve a produção de diversos organismos aquáticos, 
mas nesse capítulo, daremos ênfase ao estudo da ranicultura e da pisci-
cultura, abordando aspectos econômicos e sociais, bem como o manejo 
produtivo desses organismos.
7.1 Importância socioeconômica
Desde a década de 1960, a agricultura e a agropecuária brasileira 
vêm passando por grandes transformações. Desde políticas públicas, 
passando pela incorporação tecnológica, até o melhoramento genético 
vegetal e animal, atualmente há um ambiente extremamente favorável 
à inovação e, por conseguinte, altas taxas de produtividade em diver-
sos setores. Todas as regiões brasileiras, cada qual no seu ritmo e de 
acordo com suas características produtivas, apresentaram crescimento 
de produção, seja de áreas cultivadas, de rebanhos ou de produtos finais. 
Entretanto, essa vertente de crescimento não foi observada na aquicul-
tura no geral.
A superpopulação mundial, a maior preocupação com segurança 
alimentar e as crescentes discussões sobre sustentabilidade ambiental e 
bem-estar animal são as principais questões a serem resolvidas pelos paí-
ses nos próximos anos. Dados levantados pela Organização das Nações 
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2016) indicam que, em 
2050, a população mundial será de 9 bilhões de pessoas, cuja sobrevivên-
cia dependerá da produção de 470 milhões de toneladas de carne. Nesse 
sentido, com relação ao Brasil, espera-se cada vez mais um maior posicio-
namento no mercado internacional de produção de alimentos, ao lado de 
China, União Europeia e Estados Unidos.
Se, por um lado, a demanda de alimentos está cada vez maior, por 
outro, percebe-se que há também um incremento na produção mundial 
de alimentos. A Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório 
– 121 –
Piscicultura e ranicultura 
recente sobre a pesca e a aquicultura a nível mundial (SOFIA, 2018), 
aponta que a aquicultura cresce mais rápido que qualquer outro setor 
alimentício. Apesar disso, o Brasil não tem sido capaz de demonstrar 
grande participação nesse aumento de produção, ocupando, em 2018, a 
13ª posição no ranking de produção de pescado (proveniente de aquicul-
tura), com pouco mais de meio milhão de toneladas (figura 7.1); enquanto 
a China se destaca como a maior produtora mundial, com mais de 49 
milhões de toneladas (FAO, 2018).
Figura 7.1 – Ranking de maiores produtores mundiais na aquicultura
Fonte: Relatório SOFIA (2018).
No estudo das atividades produtivas dentro do ambiente aquático, a 
divisão pode ser feita em dois 
grandes grupos de atuação. 
Por um lado, temos a pesca, 
atividade baseada na retirada 
de recursos pesqueiros do 
ambiente natural; e por outro, 
temos a aquicultura, que com-
preende o cultivo em locais 
específicos, muitas vezes em 
condições controladas de orga-
nismos aquáticos com interesse 
econômico. Na aquicultura, 
várias atividades podem ser 
desenvolvidas de acordo com 
a espécie produzida, como piscicultura (criação de peixes), ranicultura 
Figura 7.2 – A fazenda de ostras
Fonte: Shutterstock.com/Ethan Daniels
Técnicas de Produção Animal
– 122 –
(criação de rãs), carcinicultura (criação de camarões), malacocultura (cria-
ção de ostras [Figura 7.2], moluscos e mexilhões), entre outras de menor 
expressividade econômica.
Dentro de todo cenário da aquicultura, a piscicultura se destaca como 
a maior atividade de produção de organismos aquáticos. Isso envolve a 
criação de peixes de água doce (Tilápia, Carpa, Tambaqui, Pacu, Pirarucu, 
etc.) e de água salgada (Beijupirá, Garoupa, Dourado, Salmão, Robalo, 
etc.); e pode ser desenvolvida em tanques-rede diretamente no habitat 
natural (rios, lagos ou mar) ou em tanques escavados (reservatório ou tan-
que artificial com condições controladas).
Dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), em 2017, apontaram uma produção de pouco mais de 485 mil 
toneladas de peixes no Brasil. Os principais produtores de peixe no país 
são os estados do Paraná, São Paulo e Rondônia, com 20,2%, 9,8% e 8,2% 
da produção nacional, respectivamente.
A Tilápia se destaca como a espécie mais produzida, responsável 
por 283 mil toneladas nesse mesmo ano, referente a 58,3% do total. Em 
seguida, aparece o Tambaqui (88 mil toneladas), Tambacu, Tambatinga 
(42 mil toneladas), Carpas (18 mil toneladas) e demais espécies, como 
Pintado, Surubim, Pacu, entre outros.
Em um levantamento feito pela EMBRAPA (2017), em solo brasi-
leiro, as espécies mais produzidas por região são:
 2 Norte – tambaqui, pirarucu (figura 7.3) e pirapitinga
 2 Nordeste – tilápia e 
camarão marinho
 2 Centro-Oeste – tam-
baqui, pacu e pintado
 2 Sudeste – tilápia, pacu 
e pintado
 2 Sul – carpa, tilápia, jun-
diá, ostra e mexilhão
Figura 7.3 – Pirarucu
Fonte: Shutterstock.com/SergioRocha
– 123 –
Piscicultura e ranicultura 
A ranicultura representa outra atividade encontrada na aquicultura e 
refere-se à criação de rãs.
No Brasil, essa atividade teve início no Rio de Janeiro, em 1935, 
quando o canadense Tom Cyrril Harrison importou para cá 300 casais 
de rã-touro americana (Lithobates catesbeianus) para iniciar a produção 
nacional. Esses animais deram origem ao primeiro ranário brasileiro, cha-
mado Ranário Aurora, construído no município de Itaguaí. Desde a che-
gada dos primeiros animais até pouco mais de 40 anos depois (1978), 
quase não houve avanço tecnológico na criação de rãs. Criadores indepen-
dentes produziam seus animais de maneira autônoma, sem que houvesse 
nenhum tipo de controle produtivo ou de condições ambientais. A partir 
da década 70, iniciaramos primeiros estudos e grupos de discussões sobre 
a atividade.
Diversos modelos de criação foram desenvolvidos. Nesse cenário, 
nos dias atuais, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de 
produção de rã, atrás do Taiwan, de acordo com o último levantamento 
do IBGE. Entretanto, entre esses dois países, há uma diferença quanto 
ao sistema de produção. No Brasil, os animais são mantidos confinados, 
enquanto no Taiwan, o sistema de manejo é o semiconfinamento. Apesar 
do bom posicionamento no mercado internacional, a produção brasileira 
em números ainda é bem pequena, alcançando pouco mais de 160 tonela-
das por ano.
Infelizmente, a cadeia produtiva de carne de rã tem encontrado diver-
sos obstáculos na busca pela modernização do setor. Pesquisadores da 
Embrapa (2013) acreditam que o número reduzido de estudos socioeco-
nômicos, a dificuldade de acesso ao crédito e cadastramento do produtor, 
a demora na obtenção de licenças ambientais e o escoamento ineficiente 
dos produtos são os principais gargalos da ranicultura atual.
7.2 Piscicultura
O crescente consumo de pescados - principalmente de peixes – no 
mundo, consequência da busca por uma alimentação mais saudável, acar-
Técnicas de Produção Animal
– 124 –
reta aumento de interesse das propriedades rurais no aprimoramento de 
atividades aquícolas.
Há poucos anos, a criação de peixes na maioria das propriedades 
rurais não era tida como atividade principal. Diante disso, era possível 
observa que, quando não ocorria naturalmente, a colonização de açudes, 
rios e lagos em propriedades privadas era muitas vezes subatividades 
para abastecimento próprio, atividades recreativas, entre outras. Dessa 
maneira, os poucos criadores de peixes e demais pescados existentes ainda 
mantinham suas produções sem muita tecnologia e, consequentemente, 
com resultados inferiores.
Não obstante, entre os anos 80 e 90, teve início no Brasil um significa-
tivo avanço na cultura de produção de peixes, especialmente da tilápia, que 
se destaca como a espécie mais consumida nacionalmente até os dias de hoje.
Sabe-se que esse animal tem apresentado ótimo desempenho na pro-
dução aquícola nacional e mundial. No Brasil, a Tilápia do Nilo encontrou 
condições ótimas para desempenhar todo seu potencial produtivo, pois é 
uma espécie com alta adaptabilidade, que consegue se desenvolver em 
diferentes ambientes. Ademais, a Tilápia é um peixe onívoro (alimenta-se 
de diversos tipos de alimentos, como vegetais e animais), o que facilita a 
alimentação visto que não é um animal com restrições alimentares. Ade-
mais, são peixes rústicos, dóceis e precoces.
 Saiba mais
Tilapicultura no Brasil
A produção de Tilápia teve início no Brasil em meados da década de 70, 
com a introdução da Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) (Figura 
7.4) e da Tilápia de Zanzibar (Oreochromis hornorum). Os primeiros 
organismos foram trazidos para o Brasil com o intuito de produzir ale-
vinos para o repovoamento de reservatórios da região Nordeste, que 
auxiliariam como alternativa à alimentação da população nordestina, 
bem como fomento ao cultivo e desenvolvimento da atividade.
Na década de 1980, já havia populações consideráveis de Tilápia no 
Nordeste, além das estações de piscicultura em São Paulo e Minas
– 125 –
Piscicultura e ranicultura 
Gerais. Alguns exemplares de alevinos foram distribuídos a produtores 
rurais para repovoamento de outras áreas e comercialização. A partir 
de então, a Tilápia teve rápida distribuição em diversos estados bra-
sileiros, inclusive nos estados do Sul do Brasil. Nessa época, então, a 
Tilapicultura deixou de ser uma atividade voltada exclusivamente para 
repovoamento e complementação de renda, e passou a ser enxergada 
como atividade principal para a exploração comercial.
Em 1990, graças à difusão da técnica de reversão sexual (manipulação 
do sexo dos peixes para que todos sejam machos e alcancem o peso final 
para abate mais precocemente),a produção de Tilápia passou a atingir 
níveis zootécnicos extremamente satisfatórios. No estado do Paraná, a 
Tilapicultura surgiu com mais força com foco industrial. Nos municí-
pios de Toledo e Assis Chateaubriand, foram construídos os primeiros 
frigoríficos voltados exclusivamente para o processamento de Tilápia.
Dados de 2018, levantados pela associação Brasileira de Piscicultura, 
apontam o Brasil como o quarto maior produtor mundial de Tilápia 
(atrás da China, Indonésia e Egito) e a região Sul como líder no cená-
rio nacional. O estado do Paraná lidera o ranking nacional como o 
maior produtor.
(IPEA, 2017)
Figura 7.4 – Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)
Fonte: Shutterstock.com/neenawat khenyothaa
Técnicas de Produção Animal
– 126 –
7.2.1 Manejo
Por serem animais que se desenvolvem completamente na água, a 
qualidade dela é de extrema importância para o sucesso da piscicultura.
Os parâmetros de qualidade de água avaliados podem ser divididos 
em dois grandes grupos: físicos e químicos. Dentro dos parâmetros físi-
cos, os mais importantes são temperatura, cor e turbidez. Os parâmetros 
químicos, por sua vez, compreendem pH, dureza, oxigênio dissolvido e 
amônia. Abaixo, temos uma breve explicação sobre cada um deles:
 2 temperatura – a temperatura tem dois grandes papéis no 
ambiente aquático. Primeiro, porque as reações químicas ocor-
ridas nesse ambiente (Ex. respiração e transporte de oxigênio) 
são estritamente dependentes da temperatura. Caso ela atinja 
níveis acima ou abaixo do desejável, os organismos podem ces-
sar seu desenvolvimento, podendo causar a morte. A segunda 
importância do controle da temperatura diz respeito às ativida-
des fisiológicas dos animais, nesse caso em especial, dos pei-
xes (como digestão, reprodução e alimentação). Temperaturas 
acima ou abaixo da faixa ótima reduzem o desenvolvimento 
dos animais.
 2 cor – a cor ótima varia em função da espécie cultivada. Por 
exemplo, Carpas e Tilápias se desenvolvem melhor em 
ambientes aquáticos com água de coloração esverdeada, pois 
a cor verde é característica da presença de alimento natural 
favorável ao desenvolvimento dessas espécies. Ambientes com 
água de coloração azulada também são propícios para o desen-
volvimento de peixes, e a cor azul também indica a presença 
de outras espécies de alimento natural. Por sua vez, águas 
muito cristalinas não são indicadas, pois a ausência de colo-
ração indica baixa produtividade de plânctons e fitoplâncton 
(alimentos naturais).
 2 turbidez – água turva é aquela que apresenta uma coloração 
mais escura e densa, não permitindo a passagem de luz. Ou 
seja, quanto mais turva a água, menor transparência. Quando a 
luz não consegue transpassar a água, isso impede o desenvolvi-
– 127 –
Piscicultura e ranicultura 
mento de alimento natural, como o fitoplâncton, e consequente-
mente, inviabiliza o desenvolvimento dos peixes.
 2 pH – o pH é uma maneira de medir a acidez e a alcalinidade 
de uma substância. No caso da piscicultura, é a medida de 
quão ácida ou básica (alcalina) a água está. A água pura, por 
exemplo, possui pH 7, que é um valor neutro e encontra-se 
exatamente na metade da escala que vai de 0 a 14. A água 
marinha possui em média pH que varia de 7,5 a 8,5, ou seja, 
é uma substância alcalina, pois o pH está acima de 7. A água 
de rios e lagos (água doce) tende a apresentar pH entre 6 e 
7, ou seja, um pouco mais ácida. Ressalta-se que os valores 
apresentados acima são a título exemplificativo, em que o pH 
deve ser sempre medido de acordo com cada tanque ou local 
de criação, e a medição deve ser feita no mínimo de uma a 
duas vezes por semana.
 2 dureza – a dureza pode ser definida, resumidamente, como a 
concentração de minerais dissolvidos na água e a sua capa-
cidade de resistir às variações de pH. Os minerais,principal-
mente cálcio e magnésio, são essenciais para o estabelecimento 
do fitoplâncton. Águas com valores muito baixos de dureza 
(aproximadamente menos que 20mg/L) tendem a não conter 
esses organismos.
 2 oxigênio dissolvido – os peixes respiram o oxigênio presente na 
água. Por isso, é o gás mais importante em tanques ou viveiros 
de cultivos. O oxigênio consegue estar presente no meio aquá-
tico através da penetração direta proveniente do ar atmosférico, 
bem como por meio da fotossíntese que ocorre dentro da água, 
realizada por organismos vegetais que se desenvolvem ali, como 
microalgas. A temperatura tem grande influência na quantidade 
de oxigênio dissolvido disponível para os peixes e, de modo 
geral, quanto menor a temperatura, mais oxigênio estará pre-
sente no meio; em temperaturas mais elevadas, menor quanti-
dade de oxigênio terá a água. Normalmente, valores de oxigênio 
dissolvido entre 0 e 1,0 mg/L são letais para os animais; entre 
1,0 e 5,0 mg/L há sobrevivência, porém, o desempenho zoo-
Técnicas de Produção Animal
– 128 –
técnico é baixo; acima de 5,0 mg/L é a faixa ótima para pleno 
desenvolvimento dos peixes.
 2 amônia – a amônia é um composto tóxico para diversos organis-
mos aquáticos, não só para os peixes. Usualmente, é proveniente 
das fezes excretadas pelos animais e também de fertilizantes que 
são adicionados aos tanques de cultivo. Além de afetar direta-
mente os animais por seu alto grau de toxidez, a amônia em meio 
aquático também provoca o consumo do oxigênio dissolvido na 
água. Valores de amônia acima de 0,1 mg/L já são considerados 
tóxicos para criação de peixes.
7.2.1.1 Sistemas de produção
Os sistemas de produção de peixes se assemelham aos sistemas já 
estudados em capítulos anteriores. Podem ser de três tipos principais, a 
saber: sistema extensivo, sistema semi-intensivo e sistema intensivo. A 
classificação leva em consideração fatores como densidade de animais, 
tipo de alimentação, manejo e resultados de produtividade.
O sistema extensivo tem como características a baixa densidade 
populacional de peixes e as espécies criadas dependem exclusivamente 
do alimento natural desenvolvido no ambiente. Habitualmente, a criação 
é feita em açudes, represas ou reservatórios, com pouco ou nenhum uso 
de tecnologia.
No sistema semi-intensivo, a densidade de peixes é um pouco maior 
se comparada ao sistema anterior (extensivo). A alimentação natural não 
é mais a única fonte de alimento, em que é fornecida ração como com-
plementação alimentar. De forma geral, a criação é feita em viveiros já 
construídos para esse fim. Algumas alternativas tecnológicas são imple-
mentadas, como o controle de alguns parâmetros de qualidade de água.
O sistema intensivo é caracterizado pela alta densidade de animais 
em viveiros construídos especificamente para a criação de peixes. A ali-
mentação é feita com reação comercial e os controles de parâmetros físi-
cos e químicos são verificados frequentemente. Em muitos casos, há a 
utilização de aparatos tecnológicos, como máquinas para aeração da água.
– 129 –
Piscicultura e ranicultura 
7.2.1.2 Instalações 
A piscicultura pode ser realizada em água doce ou salgada, na 
qual o tipo de instalação varia em função da espécie escolhida e o local 
(quadro 7.1).
Em cultivos de água doce, normalmente, são utilizados viveiros esca-
vados no solo, tanques-rede, sistemas de recirculação de água ou estufa, 
sendo que, no Brasil, os mais utilizados são viveiros escavados e tanques-
-rede. Em água salgada, os tanques-rede são os mais utilizados.
Quadro 7.1 – Tipos de instalações na piscicultura
Fonte: Shutterstock.com/Edinaldo 
Maciel
Viveiro escavado
Constitui em cavar um espaço na terra 
em formato retangular. Pode ser apenas 
escavado ou, após a abertura do local, 
ser construído em alvenaria. É impor-
tante observar características do terreno, 
como declividade e tipo de solo, sendo 
indicados locais com pouca declividade 
(até 3%). Para terrenos que não são de 
alvenaria, o melhor solo é o tipo argiloso, 
por apresentar menos infiltração de água, 
mantendo o viveiro mais estável.
Fonte: Shutterstock.com/Edinaldo 
Maciel
Tanques-rede
São estruturas de tela ou rede em formato 
de gaiolas, colocadas em lagos, açudes, 
rios ou mar. Os animais se desenvolvem 
na “mesma água” do ambiente natural, 
mas estão confinados a um espaço restrito.
Técnicas de Produção Animal
– 130 –
Fonte: Shutterstock.com/Ton 
Bangkeaw
Sistema de Recirculação de Água 
(RAS)
São utilizados tanques com um sistema 
que fica constantemente trocando a água, 
através da passagem dela por equipamen-
tos que removem sólidos como fezes e 
restos de alimentos. Após o processo, a 
água tratada é devolvida ao tanque.
Fonte: Shutterstock.com/Joseph 
Sohm
Estufa
Os tanques de criação são alocados dentro 
da estufa (podendo ou não haver outros 
sistemas, como recirculação de água). 
Criadores que optam por colocar a estufa 
buscam um maior controle da tempera-
tura do ambiente e, consequentemente, 
da temperatura da água.
Fonte: elaborado pela autora.
7.3 Ranicultura
A rã é um anfíbio, grupo de animais que têm como característica a 
fase larval geralmente aquática, seguida de uma metamorfose completa, 
na qual o animal, na maioria das vezes, torna-se um ser terrestre. Apesar 
da sua adaptação ao ambiente terrestre, estes animais são extremamente 
dependentes da água, uma vez que alguns processos ocorrem em ambien-
tes aquáticos, como, por exemplo, a reprodução.
A classe Amphibia é constituída por três ordens. Dentre elas, a mais 
conhecida delas é a Anura, cujos representantes são os sapos, rãs e perere-
cas. Desses, apenas as rãs são utilizadas para a exploração econômica, das 
quais quatro espécies são mais conhecidas mundialmente: rã-touro ameri-
cana, rã indiana, rã chilena e a rã europeia. No Brasil, as principais espé-
– 131 –
Piscicultura e ranicultura 
cies encontradas são a rã manteiga ou paulistinha (figura 7.5), a rã pimenta 
e a gia. Apesar de relatos apontarem para o consumo destas espécies em 
toda a América do Sul, no Brasil, seu consumo não é permitido comercial-
mente. Dessa forma, apenas a rã-touro é produzida para fins comerciais.
Figura 7.5 – Rã manteiga (Leptodactylus latrans)
Fonte: Shutterstock.com/Fabio Maffei
Mesmo não havendo espécies nativas brasileiras aptas à produção 
e comercialização, a rã-touro tem demonstrado ótima capacidade de 
desenvolvimento e reprodução em diversas regiões brasileiras, bem como 
diferentes tipos de manejos alimentares e instalações. Inclusive, taxas de 
produção no Brasil têm se mostrado superior à região de origem dessa 
espécie, a América do Norte.
7.3.1 Carne
De acordo com a legislação brasileira (Decreto 30.691/1952), a rã é 
considerada um alimento que compõe a categoria dos pescados, sendo a 
carne o produto de interesse comercial.
A carne de rã é um alimento de alto valor biológico e alta digesti-
bilidade, além de possuir minerais importantes, com atenção especial ao 
cálcio. Outrossim, é uma carne reconhecida pelo seu baixíssimo potencial 
para causar alergia, além de ser hipocalórica.
Técnicas de Produção Animal
– 132 –
De maneira geral, o animal é abatido e a carne congelada. No comér-
cio, são vendidas em pacotes que contêm a carcaça inteira ou em partes, 
como as “froglegs” - pernas de rã – (figura 7.6) e pedaços menores, servi-
dos como petiscos.
Figura 7.6 – “Froglegs” assadas para consumo
Fonte: Shutterstock.com/Piotr Krzeslak
7.3.2 Manejo
Assim como para a agricultura, em que a qualidade do solo (textura, 
nível de erosão, porosidade, profundidade etc.) é fundamental para um bom 
desempenho das culturas, para a criação de rãs a qualidade da água é o 
principal fator a ser considerado em um sistema de produção. É na água 
que esses animais deixam restosde excreta e de pele (provenientes da troca 
constante ao longo de seu desenvolvimento). Por isso, a troca contínua da 
água é essencial para que sejam mantidos níveis aceitáveis de qualidade.
Uma vez que são estritamente dependentes da água, antes do início 
de uma criação, o responsável deve garantir que parâmetros como pH, 
condutividade elétrica, alcalinidade, dureza total, amônia, nitrito, nitrato, 
fósforo, cloreto, ferro e oxigênio estejam dentro dos níveis ótimos para o 
desenvolvimento dos animais. Importante ressaltar que ambientes aquá-
ticos são especialmente dinâmicos, ou seja, os parâmetros se relacionam 
entre si e uma simples alteração em um deles é capaz de comprometer 
todo o sistema, levando a grandes chances de mortalidade animal.
– 133 –
Piscicultura e ranicultura 
 Você sabia
As fezes e a urina excretadas pelos animais aquáticos originam com-
postos à base de amônia, que é extremamente tóxica aos seres vivos 
quando em altas concentrações. Além disso, a amônia diluída na água é 
convertida em nitrito e nitrato por meio de bactérias nitrificantes, tam-
bém presentes na água. Assim como a amônia, o nitrito é tóxico e inter-
rompe o transporte de oxigênio dentro das células dos animais. Essa 
reação de produção de amônia e conversão em nitrato e nitrito é a prin-
cipal causa de morte em tanques de girinos, mas pode ser evitada atra-
vés do controle de alimento ofertado (evitando a superalimentação), 
oxigenação constante dos tanques, renovação da água periodicamente 
e limpeza constante.
 
Infelizmente, ainda não existem muitos dados sobre os valores 
ótimos para os parâmetros de qualidade de água na criação de rãs. De 
acordo com o Manual de Ranicultura desenvolvido pela Embrapa, mui-
tos dados são provenientes de adaptações feitas de cultivos de peixes 
e camarões. O Manual indica valores desejáveis a serem seguidos em 
propriedades onde os tanques são abastecidos com água mole e de baixa 
alcalinidade (tabela 7.1).
Tabela 7.1 – Parâmetros físicos e químicos da água de tanques de girinos em criações 
comerciais de rã-touro
Parâmetro Valor recomendado
pH 6,5 – 7,0
Amônia Até 0,5 mg/L
Nitrito Até 0,5 mg/L
Nitrato Até 1,0 mg/L
Dureza Até 40 mg/L
Alcalinidade Até 40 mg/L
Fonte: adaptada de Embrapa (2013).
Técnicas de Produção Animal
– 134 –
7.3.2.1 Instalações
No manejo de reprodução das rãs, são definidas fases distintas que 
devem ser levadas em consideração no momento da construção das insta-
lações: reprodução, larvicultura (com cinco fases distintas), engorda ini-
cial e engorda final.
I. Reprodução
O setor de reprodução é dividido em dois subsetores, de man-
tença e de acasalamento.
Na área de mantença, são construídas baias diferentes para 
machos e fêmeas. É importante que seja feita a limpeza do local 
antes da chegada dos animais. A água deve ser renovada e man-
tida a uma temperatura entre 21 e 25 ºC. Após as medidas de 
limpeza e renovação de água, deve ser fornecido o alimento, 
como ração para peixes carnívoros, de três a quatro vezes por 
dia, de acordo com o comportamento daquele lote de rãs. A tem-
peratura do ar deve ser controlada de modo que permaneça entre 
25 e 29 ºC e o fotoperíodo (período luz escuro) deve ser entre 
12:12 e 14:10. Por fim, é importante que a umidade relativa do 
ar seja mantida em 80%.
No setor de acasalamento, são disponibilizadas baias coletivas 
com pequenas piscinas (o número de piscinas é o mesmo do 
número de machos). Este modelo de reprodução é denominado 
Reprodução Natural, pois os animais são alocados nas baias e 
o acasalamento ocorre sem intervenção humana. Normalmente, 
utiliza-se a proporção de um macho para cada duas ou três 
fêmeas. Neste setor, não há a necessidade de fornecer alimen-
tação, uma vez que, quando estão aptas ao acasalamento, as rãs 
interrompem a alimentação para que a região da cloaca fique 
limpa e os gametas não sejam contaminados por microorganis-
mos presentes nas fezes e urina.
II. Larvicultura (girinagem)
O setor da larvicultura ou girinagem possui distintas fases, pois, 
à medida que se desenvolvem, os girinos possuem diferentes 
– 135 –
Piscicultura e ranicultura 
exigências. As fases internas da larvicultura são embrionagem, 
G1, G2, G3 e G4.
A embrionagem é o primeiro momento após a desova da fêmea 
(figura 7.7). Neste setor, existem tanques onde são depositadas 
as desovas transferidas do setor de acasalamento. É importante 
que a temperatura da água não ultrapasse os 25ºC. Além disso, 
a renovação não deve ser feita com muita frequência, apenas 
quando se observar partículas na água e turbidez excessiva.
Figura 7.7 – Desova em tanque
Fonte: Shuttestock.com/WitR
G1 ou larva inicial 
(figura 7.8) é o nome 
dado aos girinos 
recém-ec lodidos . 
Por não possuírem 
capacidade de ali-
mentação externa, 
os girinos dessa pri-
meira fase possuem 
um saco vitelínico, 
de onde eles retiram 
os nutrientes neces-
Figura 7.8 – Larva inicial de rã touro (G1)
Fonte: Shutterstock.com/Suwat wongkham
Técnicas de Produção Animal
– 136 –
sários ao seu desenvolvimento. Essa primeira fase tem duração 
de 5 a 7 dias e, ao final desse período, todo o vitelo é consumido 
e os girinos passam para a próxima fase, G2.
Na fase G2, a principal característica dos girinos é a procura por 
alimentação no meio em que se encontram. Neste momento, tem 
o início do fornecimento de ração e alimentos naturais, como 
plâncton, perifiton, vegetais e musgos. Nessa fase, os girinos são 
transferidos a outros tanques para continuarem seu crescimento 
e desenvolvimento larval. Após alguns dias, que variam bastante 
entre as propriedades (não há uma definição da duração desse 
período na literatura), esses animais passam a apresentar mudan-
ças fisiológicas, que os caracterizam como G3.
Na fase G3 (figura 7.9), os girinos começam a apresentar uma 
diferenciação na região próxima à cauda. São as pernas que come-
çam a se desenvolver. Nesta etapa, não há diferenciação na ali-
mentação, mas os girinos devem ser transferidos a outros tanques.
Durante as etapas de G1 a G3, é importante que seja feita a reno-
vação da água dos tanques numa proporção de 25% do volume 
total/dia, de preferência nos momentos de transferência dos ani-
mais. É fundamental que sejam realizadas análises de qualidade 
da água.
Figura 7.9 – Girino G3
Fonte: Shutterstock.com/Eric Isselee
O surgimento dos braços caracteriza a última fase da larvicul-
tura, denominada G4 ou clímax metamórfico (figura 7.10). Com 
duração média de 10 dias, vai do momento do surgimento dos 
braços até a absorção total da cauda. Durante essa fase, os giri-
– 137 –
Piscicultura e ranicultura 
nos são transferidos a outros tanques, em uma área chamada de 
“área de metamorfose”. Nela, há menos água que nas etapas 
anteriores, uma vez que os girinos estão transacionando para o 
meio terrestre.
Figura 7.10 – Rã-da-floresta (Rana sylvatica) em fase G4
Fonte: Shutterstock.com/Steve Byland
III. Engorda inicial
Após aproximadamente 90 dias, os girinos chegam à fase de 
imagos e iniciam a fase de engorda. Nesta fase, não há mais 
alimentação natural e toda fonte de nutrientes é proveniente da 
ração fornecida. Os imagos iniciam a fase de engorda com 8 a 
10g. Quando alcançam as 50g, já são denominados rãs – esse 
processo leva em torno de um mês para ser finalizado.
Durante a engorda, ocorre a maior taxa de mortalidade, podendo 
chegara 20%, um alto percentual. Isso ocorre principalmente por 
dificuldade de adaptação dos animais ao novo ambiente.
IV. Engorda final
A engorda final, também chamada de terminação, tem início 
quando os imagos atingem o peso de 50g e passam a ser chama-
dos de rãs. Nessa fase, a taxa de mortalidade tem uma diminui-
ção considerável, ficando entre os 5%, normalmente. Após seis 
ou sete meses do começodo ciclo completo, as rãs são conside-
radas aptas ao abate.
Técnicas de Produção Animal
– 138 –
7.3.2.2 Sistemas de produção
Nos primeiros anos do surgimento dos ranários, os animais eram 
criados basicamente em tanques-ilha, caracterizados por serem locais de 
grandes dimensões, com uma área seca nas extremidades, uma pequena 
lagoa/área molhada mais ao centro, e outra área seca no interior (ilha). 
Esse sistema também possui como característica a não distinção das 
fases de desenvolvimento dos animais, ou seja, coexistiam nesse mesmo 
ambiente animais em fase de reprodução, desovas na área molhada, giri-
nos em desenvolvimento e animais em fase de engorda.
Na década de 1980, diferentes modelos de produção surgiram na rani-
cultura, que transformaram os modelos produtivos existentes até então. 
São eles o sistema de confinamento, o sistema anfigranja e o ranabox.
O sistema de confinamento foi desenvolvido na Universidade Fede-
ral de Uberlândia (UFU) e consiste em uma baia de formato retangular, 
onde inicialmente 40% da área era alagada e 60% seca, em piso cimentado 
e sem a presença de cochos para alimentação – o alimento era ofertado 
diretamente no piso (figura 7.11). Ainda é um sistema de produção muito 
utilizado, porém, atualmente, os ranicultores têm optado por destinar uma 
maior área alagada, entre 60 e 70% da área total.
Figura 7.11 – Modelo de sistema confinado
Fonte: Shutterstock.com/Jeerapong Winyayong
O segundo sistema desenvolvido foi o anfigranja. Originário da Uni-
versidade Federal de Viçosa, consiste em baias retangulares estreitas onde 
– 139 –
Piscicultura e ranicultura 
o cocho, a área seca com abrigo e a piscina ficam lado a lado linearmente, 
indo de uma extremidade à outra da baia. Neste sistema, houve uma ino-
vação na questão da construção do abrigo. Trata-se de uma casinha onde 
os animais podem se abrigar quando o criador ou tratador entra na baia 
para realizar alguma atividade de rotina. Quando bem manejados, pro-
porcionam proteção e diminuição do estresse dos animais; contudo, caso 
não haja correta manutenção e limpeza, pode ser um local favorável ao 
desenvolvimento de outros animais, insetos e vetor de doenças e parasitas.
O sistema anfigranja foi o pioneiro na produção de mosca doméstica 
em cativeiro, em um local específico, o moscário. Nessa adaptação, são cria-
das moscas de maneira higiênica, que são adicionadas à alimentação, tanto 
misturadas à ração, como no desenvolvimento dos instintos alimentares dos 
imagos, que necessitam de estímulos para a busca do alimento na natureza.
O ranabox, terceiro sistema de produção, foi desenvolvido por uma 
empresa. Sua principal característica é a utilização de caixas sobrepostas. 
Dessa maneira, o principal objetivo desse modelo é a economia de espaço. 
O projeto inicial se assemelhava ao das anfigranja, com área de piscina 
e área seca dispostas lado a lado. Após algumas reformulações físicas, o 
sistema ranabox atual é feito de PVC e poliestireno de alto impacto, além 
de utilizar o sistema inundado no seu interior.
A partir da década de 90, surgiram ainda outros modelos importantes 
para o desenvolvimento na ranicultura. Um deles foi elaborado pelo Instituto 
de Pesca de São Paulo e consistia na combinação dos sistemas semissecos, 
estudados anteriormente, com a utilização de estufas agrícolas. Outro modelo 
foi desenvolvido por pesquisadores internacionais com base nos modelos de 
criação praticados no Taiwan, denominados de alagados ou inundados.
O modelo alagado proposto pelos pesquisadores consistia na utiliza-
ção de baias com maior densidade de animais e sem área seca. Apesar de 
trazer alguns benefícios, como facilidade do manejo e a desnecessidade da 
utilização de cocho, esse sistema traz consigo também a preocupação rela-
cionada à higiene e sanidade dos animais. Por estarem permanentemente 
na água, os animais também ficam em contato direto e constante com 
fezes e urina. Ademais, a alta densidade, aliado a condições estressantes, 
tendem a aumentar as taxas de canibalismos e mortalidade entre as rãs.
Técnicas de Produção Animal
– 140 –
Síntese
O consumo de pescados no Brasil tem crescido nos últimos tempos, 
impulsionado principalmente pela conscientização da população acerca 
dos benefícios inerentes ao consumo desses alimentos, como vitaminas, 
minerais e proteínas, além de um baixo valor calórico.
Na piscicultura, a partir da década de 1970, teve início no Brasil um 
avanço considerável na produção de peixes, especialmente da tilápia. A tilápia 
do Nilo e a tilápia de Zanzibar foram importadas com o objetivo de servirem 
como fonte extra de alimento e cultivo para pequenos produtores no Nordeste 
brasileiro. Entretanto, a rápida adaptação dessas espécies, aliado à rusticidade e 
precocidade, transformou a tilápia no peixe mais produzido no território nacio-
nal; além de colocar o Brasil em posição de destaque no mercado internacional.
Assim como a piscicultura, a ranicultura é um setor que vem se con-
solidado cada vez mais no mercado nacional. Contudo, apesar do Brasil 
ocupar o segundo lugar no ranking de produção de carne de rã (e o pri-
meiro quando se fala em sistemas confinados), o consumo desse tipo de 
alimento ainda é tímido entre a população brasileira.
Pode-se concluir que a aquicultura, especialmente a piscicultura e a 
ranicultura, tem encontrado cada vez mais espaço na pecuária brasileira. 
Em linhas gerais, são alimentos nutritivos, que fornecem alta quantidade 
de nutrientes essenciais e importantes para o desenvolvimento humano.
Atividade
1. Comente a importância dos parâmetros de temperatura e oxigê-
nio dissolvido na criação de peixes.
2. Diferencie os sistemas de criação de peixes em viveiro escavado 
e em tanques-rede.
3. Explique de que maneira restos de alimentos e excretas animais 
são prejudiciais para a criação de rãs e como é possível evitar o 
acúmulo desses dejetos nos viveiros.
4. Explique resumidamente as principais características dos sistemas 
confinado, anfigranja e ranabox para a criação de rãs comerciais.
8
Sanidade Animal 
O estudo do bem-estar animal vem ganhando cada vez mais 
espaço nas pesquisas relacionadas à produção animal. Como já 
visto em capítulos anteriores, há alguns anos, a preocupação com 
o bem-estar e a sanidade animal eram assuntos pouco explorados, 
carregados pelo senso comum de que investimentos nesse sentido 
traziam mais prejuízos do que lucro para a produção animal.
Entretanto, atualmente, muitos criadores já assimilaram a 
importância de conduzir os rebanhos ao levarem em considera-
ção aspectos zootécnicos e boas práticas de manejo que respei-
tam o comportamento natural dos animais, bem como que garan-
tam conforto ambiental e mental.
Neste capítulo, veremos conceitos importantes de sanidade 
animal, além de aprender como identificar os sinais de saúde e os 
fatores que interferem na saúde animal. Também estudaremos as 
principais doenças das espécies já abordadas, assim como a clas-
sificação e caracterização de medicamentos de uso veterinário.
Técnicas de Produção Animal
– 142 –
8.1 Manejo sanitário
O Brasil é atualmente um dos países mais importantes na produção 
de alimentos mundialmente. De acordo com dados do Departamento de 
Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2019), em 2018, o país ocupou 
o segundo lugar em rebanho bovino mundial, atrás somente da Índia. Na 
produção suinícola, aparece na quarta posição em produção e exportação 
mundial; na indústria de abate de frango, é o segundo maior produtor e 
o maior exportador. Esses dados corroboram a relevância dos produtos 
brasileiros no mercado internacional.
Contudo, é preciso considerar que a produção animal não é um 
índice independente, mas um composto de diversos fatores, como raças 
e melhoramento genético, condições ambientais, nutrição e manejo sani-tário dos animais.
O manejo sanitário pode ser definido como um conjunto de medi-
das que visam proporcionar aos animais condições ótimas de saúde. 
Essas medidas são aplicadas para evitar, eliminar ou reduzir a incidên-
cia de doenças. Quando corretamente aplicadas, proporcionam um maior 
aproveitamento e expressão do material genético, com seu consequente 
aumento de produção e produtividade (VIEIRA; QUADROS, 2012).
As técnicas utilizadas na 
aplicação do manejo sanitário 
animal podem ser divididas em 
dois grupos:
i. procedimentos sanitá-
rios preventivos – são 
adotadas ações profiláti-
cas (prevenção) durante 
o manejo animal, como 
vacinação (figura 8.1), 
vermifugação, testes 
sorológicos para detec-
ção de doenças, testes 
parasitológicos, entre 
Figura 8.1 – Vacinação contra a febre aftosa como 
exemplo de procedimento preventivo
Fonte: Shutterstock.com/Alf Ribeiro
– 143 –
Sanidade Animal 
outros. Em outras palavras, o principal objetivo é garantir que o 
animal saudável não adquira doenças no futuro.
ii. procedimentos sanitários curativos – são ações tomadas após 
a ocorrência de uma adversidade, como doenças, infestações, 
machucados, intoxicações. Diferentemente dos procedimentos 
preventivos, nesses casos, o animal já não está mais saudável e 
necessita de algum tipo de tratamento para curá-lo.
8.2 Sinais de saúde
Uma vez definido o conceito de manejo sanitário, bem como as téc-
nicas utilizadas preventivamente e posteriormente às doenças e demais 
problemas, é importante entender quais sinais definem o animal como sau-
dável ou não. Trata-se de “mensagens” enviadas pelos próprios animais 
sobre seu estado de saúde física ou emocional. Esses sinais específicos são 
denominados sinais de saúde e são comumente divididos em grupos para 
uma melhor análise:
 2 Sinais vitais
Os sinais vitais são a frequência respiratória, temperatura corpo-
ral e frequência cardíaca.
São os primeiros sinais a serem observados por veterinários, cria-
dores e técnicos. Utilizam-se parâmetros técnicos, com auxílio de 
equipamentos. Também é importante uma visão geral do animal, 
com base na experiência do criador e dos demais profissionais que 
convivem com o animal e conhecem a rotina de manejo.
Animais saudáveis respiram de maneira natural, mantendo um 
ritmo constante. A temperatura e a frequência cardíaca também 
se mantêm constantes.
 2 Frequência respiratória: é observada através dos movi-
mentos do tórax, do abdômen e das narinas. Animais com 
frequência respiratória aumentada (taquicardia) podem 
estar passando por alguma situação de estresse ou susto. 
Técnicas de Produção Animal
– 144 –
A frequência respiratória diminuída (bradipneia) normal-
mente indica uma diminuição da temperatura corporal ou 
frequência cardíaca.
 2 Temperatura: animais com a temperatura elevada podem 
estar com algum tipo de infecção. De modo contrário, aque-
les que apresentam temperatura corporal abaixo do normal, 
podem estar prestes a sofrer algum tipo de choque, como 
o hipovolêmico (volume sanguíneo insuficiente para trans-
portar oxigênio).
 2 Frequência cardíaca: a frequência cardíaca representa o 
número de batimentos cardíacos por minuto. A frequência 
dos batimentos acima dos valores normais pode ser reflexo 
de variações fisiológicas e ambientais. Por exemplo, em 
dias mais quentes, os batimentos cardíacos tendem a ficar 
mais acelerados; além disso, animais em fase de lactação, 
gestação ou filhotes apresentam frequência elevada. Algu-
mas infecções também podem ocasionar uma alteração da 
frequência cardíaca.
 2 Sinais fisiológicos
Os principais sinais fisiológicos são urinar, defecar, beber água e 
alimentar-se – aliados à aparência externa do animal.
Os sinais fisiológicos correspondem ao funcionamento das 
atividades básicas de um organismo. Todos os animais se ali-
mentam, bebem água, defecam e urinam com uma frequência 
característica de cada um deles. Nesse sentido, vale ressaltar que 
a observação e o acompanhamento por parte da pessoa respon-
sável influenciam nesse tipo de avaliação. Essas informações 
são importantes para a formação de um diagnóstico completo 
e assertivo.
 2 Sinais atitudinais
Sinais atitudinais estão relacionados com atitude, com o com-
portamento, ação e reação ao ambiente e outros animais. Os 
sinais avaliados são mobilidade e interação com o grupo.
– 145 –
Sanidade Animal 
Animais considerados saudáveis movimentam-se de maneira 
natural, andam, deitam, buscam comida e interagem com outros 
animais. Quando há uma alteração no comportamento conside-
rado normal, pode ser reflexo de alguma disfunção fisiológica.
 2 Sinais produtivos
Os sinais produtivos caracterizam o desenvolvimento dos ani-
mais e estão intimamente ligados ao valor comercial que se 
espera obter com a pecuária. Entre eles, destaca-se a capacidade 
de produção de leite, postura de ovos, engorda e reprodução.
É importante destacar que os sinais produtivos são indicadores 
de sanidade animal, mas devem ser observados os limites produ-
tivos de cada espécie e de cada indivíduo. Com relação a esses 
fatores, há indícios de anormalidade quando o animal não conse-
gue produzir dentro dos valores médios para cada espécie e raça.
Diante do que foi abordado, pode-se considerar, então, que um ani-
mal saudável é aquele que se comporta dentro dos padrões específicos 
para a espécie e que produz de acordo com seu potencial produtivo.
Infecções, anomalias, problemas genéticos e doenças em geral produ-
zem variações que podem ser percebidas em questão de horas. Entretanto, 
existem ainda outros fatores (fisiológicos, climáticos, psicológicos, etc.) 
que também são capazes de alterar os sinais produtivos, sem, contudo, 
indicar problemas de saúde. Vejamos abaixo os principais:
 2 Estado fisiológico
Em algumas fases específicas, os animais tendem a apresen-
tar variações nos sinais de saúde. Normalmente, durante o cio 
e a gestação são observadas variações acentuadas de compor-
tamento, que podem levar a uma alteração nos sinais vitais, 
fisiológicos e atitudinais, principalmente. Por exemplo, uma 
fêmea no cio tende a ser mais agitada, consequentemente, a fre-
quência cardíaca é usualmente aumentada. Por outro lado, uma 
fêmea gestante em fase final de gestação fica mais lenta, o que 
ocasiona uma diminuição da frequência cardíaca (figura 8.2). 
Observe que, apesar de apresentarem frequência cardíaca acima 
Técnicas de Produção Animal
– 146 –
ou abaixo do valor médio normal, não se trata de animais doen-
tes, mas de animais que estão passando por fases específicas que 
possuem como característica sinais de saúde diferentes do que é 
considerado normal para esses animais no geral.
As principais fases em que ocorrem essas modificações são 
durante o cio, acasalamento, gestação e os primeiros dias ou 
meses de filhotes recém-nascidos.
Figura 8.2 – Vaca prenhe descansando
Fonte: Shutterstock.com/JR AK
 2 Clima
O clima é uma condição natural dificilmente controlada pelo 
homem. Mesmo que sejam construídas instalações para o abrigo 
dos animais, ou que sejam adotadas técnicas de manejo que 
reduzam a exposição desses animais a condições climáticas 
desfavoráveis, o criador/técnico não consegue garantir 100% de 
eficiência no domínio das condições climáticas. Dessa maneira, 
apesar de todas as intervenções humanas, os animais ainda têm 
sensibilidade às condições climáticas, em que algumas delas são 
capazes de alterar os sinais de saúde deles. Por exemplo, em dias 
mais quentes, os animais tendem a ingerir menos comida e mais 
água. Por sua vez, em dias muito frios, os batimentos cardíacos 
e a frequência respiratória ficam mais lentos (figura 8.3).
– 147 –
Sanidade Animal 
Figura 8.3 – Cavalo descansando à sombra de uma árvore
Fonte: Shutterstock.com/ansem
 2 Estresse
O estresseé um estado gerado por diversos tipos de estímulos 
que leva a um aumento na secreção de adrenalina e cortisol, hor-
mônios relacionados ao estresse. O estresse pode produzir diver-
sos efeitos, desde os imediatos ou mediatos, aos passageiros ou 
duradouros. Independentemente do efeito causado, certamente 
os sinais de saúde são alterados em menor ou maior intensidade.
Alguns exemplos de situações que podem provocar o estresse 
dos animais são: mudança de grupo de convívio ou isolamento. 
Como uma ilustração, as vacas são animais extremamente soci-
áveis e estabelecem uma relação mais próxima com outras, bem 
como com seres humanos. Quando trocadas de grupo ou isola-
das, tendem a ficar estressadas, com elevação dos batimentos 
cardíacos. Outro exemplo de situação que pode levar ao estresse 
é a troca de ração, que pode ocasionar a interrupção da alimen-
tação por parte do animal.
 2 Características individuais
As características individuais dizem respeito ao comportamento 
específico de cada animal. Mesmo que sejam da mesma espécie, 
Técnicas de Produção Animal
– 148 –
ou ainda que tenham nascido dos mesmos genitores, cada animal 
tem uma personalidade própria, assim como os seres humanos. 
Dessa maneira, todo animal tem uma resposta distinta aos estí-
mulos. Por isso, seus organismos têm diferentes reações, depen-
dendo de cada situação. Por exemplo, em um mesmo rebanho 
existem animais que se estressam com barulho mais que outros. 
Nesse sentido, é importante que o criador saiba que, para uma 
mesma situação, é possível que dois animais tenham diferentes 
reações e, consequentemente, alguns sinais de saúde alterados, 
sem, contudo, indicar algum tipo de doença.
 Saiba mais
Rotina é fundamental
Assim como para os seres humanos, a rotina tem se mostrado um ele-
mento importante para o desenvolvimento, a sanidade e o bem-estar 
animal. Não é raro que os sinais de saúde apresentem alterações sem 
uma razão específica ou previsível. Por isso, a observação constante e o 
acompanhamento da rotina animal por parte do profissional responsá-
vel são tão importantes.
Animais e humanos têm dias mais felizes ou mais tristes, mais agita-
dos ou menos, com disposição para interação social ou não, e nenhuma 
dessas alterações indicam problemas de saúde. As diferenças de per-
sonalidades que todos têm, já abordadas anteriormente, também não 
implicam em uma menor sanidade. Todas essas questões corroboram 
a importância de que se tenha uma pessoa responsável que possa esta-
belecer uma rotina saudável de vida para os animais, além de acompa-
nhar, dia a dia, o comportamento deles (Figura 8.4).
– 149 –
Sanidade Animal 
Figura 8.4 – Profissionais responsáveis pelo acompanhamento dos animais
Fonte: Shutterstock.com/ RGtimeline
8.3 Problemas de saúde
Uma vez que o responsável pela condução dos animais tenha iden-
tificado algum sinal de provável problema, é importante que as medidas 
necessárias sejam tomadas de forma eficiente para que o problema seja 
eliminado, garantindo não só a sanidade daquele individuo, como também 
a saúde dos demais animais.
Por meio da classificação dos tipos mais comuns de problemas de 
saúde, é possível identificar a urgência e o tipo de tratamento. A compe-
tência para prescrição de medicamentos e tratamento é do médico vete-
rinário, entretanto, cabe ao técnico e/ou criador, ou qualquer outro res-
ponsável, identificar os primeiros sinais, avaliar a urgência e fornecer ao 
médico veterinário as principais informações.
Técnicas de Produção Animal
– 150 –
Os problemas de saúde em animais podem ser divididos em sete gru-
pos, a saber: inflamatórios, infecciosos, congênitos (ou de má formação), 
genéticos (ou hereditários), nutricionais, fisiológicos e parasitários. A 
seguir, estudaremos cada um eles.
8.3.1 Problemas inflamatórios
O animal, assim como o ser humano, possui métodos de controle 
próprios que atuam no combate de doenças, como o sistema imunoló-
gico. Esse sistema consiste num conjunto de células especializadas no 
embate a microrganismos indesejáveis, como bactérias e vírus. Quando 
o organismo animal inicia as atividades de combate, inicia-se um pro-
cesso inflamatório, o conjunto de ações classificadas como febre, ver-
melhidão, inchaço e dor. Toda vez que o organismo estiver atuando de 
acordo com os termos recém-mencionados, estaremos diante de um pro-
cesso inflamatório.
 2 Febre: a febre é uma resposta ao aumento dos processos fisioló-
gicos do organismo que ocorrem para evitar um ataque de outro 
organismo invasor. Sendo assim, quando o corpo “percebe” a 
entrada de algo nocivo, há uma elevação da temperatura como 
forma de combater a agressão externa.
 2 Vermelhidão: ocorre a vermelhidão no local afetado em razão 
do aumento de atividade e maior circulação de sangue naquela 
área específica. Normalmente, a vermelhidão é percebida em 
animais de pele clara.
 2 Inchaço: o inchaço é consequência de duas causas principais, a 
existência de microrganismos patogênicos ou tecido lesionado. 
Tanto para a expulsão de patógenos, quanto na cura do tecido 
prejudicado, o corpo do animal intensifica algumas atividades 
naquelas áreas, ocasionando o inchaço.
 2 Dor: a dor é uma resposta do organismo que serve como alerta 
para o cérebro sobre a existência de algum problema, geralmente 
no local onde se apresenta a sensação de dor.
– 151 –
Sanidade Animal 
8.3.2 Problemas Infecciosos
As doenças ou problemas infecciosos normalmente apresentam os mes-
mos sintomas estudados nos problemas inflamatórios. A principal diferença 
entre infecção e inflamação, portanto, é o tipo de agente que está causando 
a doença. Ao tratarmos do combate a lesões ou à invasão de organismos não 
patogênicos, porém estranhos ao animal, estamos tratando de inflamação. Con-
tudo, quando as doenças são causadas pela invasão de organismos externos 
- como vírus, bactérias e fungos -, é uma doença infecciosa (ROLIM, 2014).
Os problemas infecciosos podem ser de dois tipos: Transmissíveis ou 
não transmissíveis.
 2 Transmissíveis: são doenças que podem ser transmitidas de um 
animal infectado a outro, por contato direto (quando a superfície 
ou fluídos corporais do animal infectado entram em contato com 
outro animal diretamente) ou indireto (o animal infectado em 
contato com alguma superfície ou objeto transfere os microrga-
nismos patogênicos e, posteriormente, outro animal sadio que 
encosta na superfície ou objeto contaminados, acaba infectado).
Febre aftosa (figura 8.5), brucelose, tuberculose, bouba avia-
ria, peste suína africana, entre outros, são exemplos de doen-
ças transmissíveis.
Figura 8.5 – Vaca com sintomas de febre aftosa
Fonte: Shutterstock.com/nathawit immak
Técnicas de Produção Animal
– 152 –
 2 Não transmissíveis: são doenças que acometem o animal, mas 
não são transmitidas aos demais animais, por nenhum tipo de 
contato (direto ou indireto). As doenças pertencentes a grupos 
geralmente são provenientes de acidentes nos quais os animais 
se ferem e, então, micro-organismos se aproveitam e se insta-
lam no corpo do animal. A ingestão de alimentos contaminados 
representa outro exemplo de doença não transmissível.
Infecções por cortes ou vacinações, diarreia, otite, inflamação uri-
nária, entre outros, são exemplos de doenças não transmissíveis.
8.3.3 Problemas hereditários ou genéticos
Essas doenças são adquiridas pelo animal por meio da herança gené-
tica proveniente dos ascendentes (pai e mãe). Uma vez que doenças ou 
problemas desse grupo são causados por organismos patogênicos, não há 
cura específica, cabendo ao criador o tratamento e cuidados necessários 
para evitar que o problema seja passado para as próximas gerações.
Alguns exemplos de problemas genéticos são a hérnia, cegueira, 
má-formação de partes do corpo, nanismo,entre outros.
8.3.4 Problemas congênitos (má-formação)
Os problemas congênitos são aqueles característicos de um único 
indivíduo, que ocorrem espontaneamente. Podem ser confundidos com 
problemas genéticos quando observados no nascimento do animal, porém 
diferenciam-se por não serem causados por anomalias genéticas que pas-
sam de “pai para filho”, mas um resultado genético anômalo específico 
daquele indivíduo.
Dependendo do tipo de má-formação, o animal consegue ter uma 
vida normal e cumprir sua função reprodutiva, comercial, etc. Em alguns 
casos, os problemas congênitos impedem que o animal cresça e se desen-
volva normalmente, o que acaba gerando um descarte, dependendo da 
função a que esse animal estava destinado, ou até o sacrifício.
– 153 –
Sanidade Animal 
Exemplos de problemas congênitos são atresia anal (ânus fechado), 
membros tortos ou malformados (figura 8.6), órgãos imperfeitos, entre outros.
Figura 8.6 – Búfalo com má-formação
Fonte: Shutterstock.com/wk1003mike
8.3.5 Problemas nutricionais
Os problemas nutricionais são aqueles adquiridos pelo animal através 
da ingestão de alimentos ou substâncias não alimentícias. Em relação a 
esses problemas, existem dois principais grupos, as intoxicações (excesso 
de algum alimento ou substância) e as deficiências (carência de algum 
alimento ou nutriente).
 2 Intoxicações: geralmente, ocorrem em razão da ingestão de 
substâncias que não são alimentos (produtos tóxicos, plantas não 
comestíveis, restos de alimentos em decomposição, etc.), ou por 
alimentos ou componentes alimentares que são fornecidos em 
excesso (excesso de minerais, vitaminas, etc.).
 2 Deficiências: normalmente, as deficiências alimentares são cau-
sadas pela falta de minerais na alimentação do animal. Apesar de 
serem exigidos em pequenas quantidades, caso o fornecimento de 
ração seja desbalanceado, a chance de o animal estar com defi-
ciência na ingestão de minerais é grande (figura 8.7). Em geral, 
Técnicas de Produção Animal
– 154 –
animais que não con-
sumem a quantidade 
adequada de vitaminas 
minerais apresentam o 
crescimento e o desen-
volvimento corporal 
comprometido, mas 
cada mineral especí-
fico provoca outros 
sinais. Por exemplo, a 
falta de manganês na 
suplementação de aves 
pode causar perose e 
condrodistrofia em aves, doenças relacionadas à anormalidade no 
desenvolvimento das pernas e desenvolvimento anormal da carti-
lagem, respectivamente.
8.3.6 Problemas fisiológicos
Problemas fisiológicos são aqueles consequentes de falhas no fun-
cionamento normal do organismo animal. Nesse grupo, são classificadas 
as doenças que não tenham sido originadas por problemas genéticos, 
nutricionais e/ou congênitos. Por exemplo, um ataque cardíaco que seja 
causado por esforço excessivo pode ser entendido como um problema 
fisiológico, visto que há uma falha no funcionamento normal do coração, 
que não foi gerada por nenhuma outra doença prévia. Alguns problemas 
de reprodução, especialmente relacionados ao momento do parto, como 
retenção de placenta e prolapso uterino, também são entendidos como 
problemas fisiológicos.
8.3.7 Problemas parasitários
Parasitas são organismos que vivem associados a outras espécies 
e retiram delas condições para sua sobrevivência, como ambiente e ali-
mento. Numa relação de parasitismo, aquele que se desenvolve em outro 
organismo adquire vantagens e aquele que é parasitado tem prejuízos. No 
Figura 8.7 – Animal com sinais de desnutrição
Fonte: Shutterstock.com/ pkul
– 155 –
Sanidade Animal 
caso dos animais, eles servem como meio de desenvolvimento para orga-
nismos parasitas, como carrapato, sarna e vermes.
Os parasitas podem ser internos, que se desenvolvem no interior do 
hospedeiro (endoparasitas), ou externos, que ficam sobre o animal, na pele 
ou nos pelos normalmente (ectoparasitas):
 2 endoparasitas – vermes (Ostertagia ostertagi, Haemonchus pla-
cei, Toxocara vitulorum, Ascaris suum [figura 8.8], entre outros)
Figura 8.8 – Ascaris sp. Isoladas em laboratório
Fonte: Shutterstock.com/Rattiya Thongdumhyu
 2 ectoparasitas – carrapato (figura 8.9), sarna, berne etc.
Figura 8.9 – Infestação de carrapatos em bovino
 Fo
nt
e:
 S
hu
tt
er
st
oc
k.
co
m
/T
oo
th
21
Técnicas de Produção Animal
– 156 –
8.4 Principais doenças
Uma vez compreendido os principais conceitos e fundamentos que 
envolvem a sanidade animal, como sinais de saúde e a classificação das 
doenças, veremos as principais patologias que acometem as espécies estu-
dadas nos capítulos anteriores.
8.4.1 Mastite
A mastite é o problema que mais afeta a cadeia produtiva do leite, 
gerando grande impacto econômico aos criadores. Trata-se de uma infec-
ção do úbere causada por micro-organismos, principalmente bactérias, 
que afeta principalmente animais ruminantes. Tem como consequência a 
diminuição da produção de leite ou perda total da capacidade produtiva. 
Ademais, o leite de animais infectados tem suas características modifica-
das, como sabor, odor, textura, além de alterações microbiológicas, como 
a presença de íons de cloro e sódio e enzimas que causam alteração na 
proteína e na gordura encontradas no leite.
O principal meio de controle da mastite é a adoção de práticas higi-
ênicas que diminuam o contato dos tetos do animal com agentes patoló-
gicos. Cuidados com a higiene do animal e do ambiente de ordenha, a 
desinfecção dos tetos antes e após a ordenha e a utilização de roupas e 
acessórios limpos são os principais controles a serem adotados.
8.4.2 Brucelose
A brucelose é uma doença bacteriana causada pela bactéria Brucella-
abortus que leva ao aborto nas fêmeas prenhes. É uma doença transmissí-
vel ao homem, especialmente quando ingeridos leite e derivados contami-
nados com secreções de animais doentes. O controle é realizado a partir 
da vacinação dos animais.
8.4.3 Febre Aftosa
É uma doença causada por vírus do gênero Aphtovirus em bovinos, 
suínos, caprinos e ovinos. Os principais sintomas são febre e o apareci-
mento de aftas nas bocas e pés dos animais. A transmissão pode ocor-
– 157 –
Sanidade Animal 
rer pelo contato direto dos fluidos das vesículas, bem como pelo contato 
indireto. É uma doença de alto impacto porque compromete o desenvol-
vimento dos animais que tendem a ficar deitados e interromper a alimen-
tação. Ademais, abala fortemente as relações comerciais internacionais, 
visto que os países importadores de carne brasileira têm controles sanitá-
rios rigorosos para evitar a entrada de doenças em seus territórios.
8.4.4 Clostridiose
Clostridiose é um termo generalista utilizado para denominar doenças 
provenientes de bactérias do gênero Clostridium, que são encontradas natural-
mente no intestino de várias espécies animais – especialmente bovinos, capri-
nos e ovinos – e também no ambiente. A clostridiose de maior importância na 
produção animal é o botulismo: causado pela neurotoxina da bactéria Clostri-
dium botulinum tipos C e D, é transmitido principalmente pelo consumo de 
águas estagnadas e alimentos contaminados. Acomete ruminantes, equídeos, 
suínos e aves, em que o principal sinal é a paralisia da musculatura.
8.4.5 Pneumonia
A pneumonia é a inflamação dos pulmões e pode ser causada por vírus 
ou bactérias. Nos grandes animais, as doenças de origem bacteriana são 
as mais comuns, como a Pasteurella multocida e Pasteurella haemolytica, 
que acometem suínos e bovinos, respectivamente.
A pneumonia bacteriana ocorre quando há a colonização de bactérias 
no tecido que reveste os pulmões dos animais. Muito frequentemente está 
associada a algum problema anterior, principalmente estresse e supressão 
do sistema imunológico. Os principais sinais são: secreção nasal puru-
lenta, tosse, febre e isolamento do animal infectado.
Síntese
O manejo sanitárioé o conjunto de medidas que visa proporcionar 
aos animais condições ótimas de saúde. Essas medidas são aplicadas para 
evitar, eliminar ou reduzir a incidência de doenças. Quando corretamente 
Técnicas de Produção Animal
– 158 –
aplicadas, proporcionam um maior aproveitamento e expressão do mate-
rial genético com seu consequente aumento de produção e produtividade.
Por isso, muitos criadores, técnicos, e demais participantes da cadeia de 
criação de animais, já perceberam que a produção animal não é um índice 
independente, mas um composto de diversos fatores, como raças e melhora-
mento genético, condições ambientais, nutrição e manejo sanitário dos animais.
Dessa maneira, a teoria divide o manejo sanitário em preventivos e 
curativos. Manejo Preventivo são ações profiláticas realizadas durante o 
manejo animal, sendo o principal exemplo a vacinação. No manejo cura-
tivo, as medidas são tomadas após a ocorrência de uma doença, infes-
tação, intoxicações etc. Diferentemente dos procedimentos preventivos, 
nesses casos o animal já não está mais saudável e necessita de algum tipo 
de tratamento para curá-lo.
Os sinais de saúde são “mensagens” enviadas pelos próprios animais 
sobre seu estado de saúde física ou emocional. Esses sinais são comumente 
divididos em grupos para uma melhor análise, como vitais, fisiológicos, 
atitudinais e produtivos. Entretanto, existem outros fatores (fisiológicos, 
climáticos, psicológicos, etc.) que também são capazes de alterar os sinais 
produtivos, sem, contudo, indicar problemas de saúde.
Por fim, vimos algumas doenças que são características de espécies 
que foram estudadas nos capítulos anteriores, como a febre aftosa, mas-
tite, brucelose, clostridiose e pneumonia.
Atividade
1. Explique o que são os procedimentos sanitários preventivos e 
curativos.
2. Explique resumidamente quais são os sinais vitais e como podem 
ser observadas alterações nesses sinais.
3. Como o estresse pode alterar os sinais saudáveis dos animais?
4. Comente sobre o processo inflamatório e através de quais sinais 
ele se caracteriza.
9
Genética e produção 
O melhoramento genético surgiu principalmente para atin-
gir níveis maiores de produção e produtividade animal, além de 
garantir maior qualidade aos produtos, sem deixar de considerar 
necessidades solicitadas pelo mercado consumidor e as condi-
ções do sistema de produção específicas de cada criador.
O emprego de animais domésticos está presente desde 
os primórdios da vida humana na terra, e tem contribuído for-
temente para a evolução da sociedade, tanto pela subsistência 
como pela exploração econômica de nações desenvolvidas. Em 
destaque, temos o Brasil ocupando posições importantes no mer-
cado internacional graças aos avanços tecnológicos na área de 
melhoramento animal.
Neste capítulo, serão estudados alguns modelos de cruzamen-
tos comerciais e conceitos sobre os principais índices zootécnicos 
que devem ser levados em consideração na criação de animais.
Técnicas de Produção Animal
– 160 –
9.1 Histórico
A utilização de animais domésticos como subsistência ou exploração 
econômica faz parte da evolução do ser humano, gerando dos animais não 
só componentes indispensáveis ao desenvolvimento e à prosperidade do 
homem, mas também estabelecendo-os como elementos ativos do desen-
volvimento tecnológico.
Semelhante aos demais países, o Brasil também se inclui no grupo de 
nações que foram e são diretamente influenciadas pela utilização desses 
animais. Em um primeiro momento da história, bovinos tiveram destaque 
durante o ciclo do açúcar no período colonial (séculos XVI e XVII), assim 
como suínos e ovinos. Posteriormente, já no século XVIII, no ciclo do 
ouro, equinos eram frequentemente utilizados para alavancar a indústria 
da extração e exportação de ouro.
A partir do século XX, começaram a ser realizados no Brasil traba-
lhos mais estruturados, voltados ao melhoramento genético de animais, 
com o advento de livros de registro genealógico. Em 1904, foi lançado o 
Herd Book Colares para raças taurinas; em 1916, o Herd Book Caracu; e 
em 1918, o Herd Book Zebu.
Nas décadas de 1950 e 1960, foram realizadas provas de ganho de 
peso e zootécnicas. Então, em 1970, após uma intensa formação de pro-
fissionais especializados, foram constituídas as bases do melhoramento 
genético animal moderno, com o desenvolvimento de diversos trabalhos 
que definiram os parâmetros genéticos necessários para a condução de 
programas de seleção e melhoramento.
No final dos anos 1970, os progressos atingidos na área da genética e 
do melhoramento genético, juntamente a avanços nas pesquisas de quali-
dade de solos, pastagens, nutrição e sanidade animal, possibilitaram levar 
o Brasil as maiores posições entre os mercados produtores e exportadores 
de matéria-prima animal.
Os últimos 50 anos foram promissores com relação aos avanços tec-
nológicos referentes ao melhoramento genético de animais. Houve uma 
– 161 –
Genética e produção 
grande evolução na aplicação de conhecimentos e desenvolvimento de 
processos voltados ao bem-estar da sociedade. Não obstante, as novas 
aplicações de tecnologias ainda são criadas a partir das bases teóricas 
estabelecidas há muitos anos, como o estudo da herança genética desen-
volvido por Mendel, em 1865.
Quando se trata especificamente sobre melhoramento animal, apesar 
da fundamentação teórica ser antiga, os estudos e resultados são um pouco 
mais recentes. Essa abertura à manipulação genética advém com a neces-
sidade imposta pelo mercado.
9.2 Raças
Semelhante às espécies animais que evoluíram e vêm evoluindo ao 
longo do tempo, a interferência do homem na domesticação e seleção ani-
mal também contribui para a evolução e, consequentemente, para a cria-
ção e o desenvolvimento de raças.
A diferenciação das espécies e a criação de raças geram animais mais 
adaptados, contribuindo para a preservação destes animais e também para 
a manutenção da vida em diferentes ambientes. Além disso, o desenvolvi-
mento de raças produz animais mais eficientes, produtivos e com produtos 
de maior qualidade.
Para Rolim (2014), um animal pode ser considerado de raça ou puro 
quando tem características que se encaixam em um padrão e consegue 
transferir essas características a seus descendentes (figura 9.1). Essas 
características que compõem o padrão esperado são definidas pelas asso-
ciações de raças. Como exemplos de associações, tem-se a Associação 
Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil (ABCRSS), Asso-
ciação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), Asso-
ciação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira 
de Criadores de Ovinos Naturalmente Coloridos (ABCONC), entre outras. 
Sendo assim, o conceito de raça é uma definição convencional, elaborada 
pelo ser humano e adotada por criadores.
Técnicas de Produção Animal
– 162 –
Figura 9.1 – Animais da raça Simental (A) e (B) Quarto de Milha
 
Fonte: Shutterstock.com/Baronb/Bianca Grueneberg
Analisando pelo lado científico, não se busca animais 100% puros, 
uma vez que estaríamos tratando de animais com genes homozigóticos, 
uma combinação estatisticamente impossível e biologicamente indese-
jável. Animais que apresentam genes homozigóticos estão associados a 
doenças, como
 2 Complexo de Má Formação Vertebral (do inglês, CVM), que pro-
voca altas taxas de aborto em virtude da má formação do feto;
 2 Deficiência de Adesão Leucocitária Bovina (do inglês, BLAD), 
que causa crescimento retardado e comprometimento no sistema 
imune, causando morte em animais jovens.
Em resumo, as raças ditas puras por criadores e estudiosos na verdade 
são o conjunto de características desejáveis com objetivo de aumento de 
produtividade, qualidade etc.
9.3 Cruzamento
9.3.1 Aspectos gerais
Como visto anteriormente,a influência do homem na seleção dos 
melhores animais gerou um impacto grande na domesticação das espécies 
que conhecemos hoje. O melhoramento genético teve início na seleção 
dos animais ainda nos primórdios da interação homem e animal, e consiste 
– 163 –
Genética e produção 
basicamente em selecionar os melhores animais (mais adaptados, mais 
produtivos, mais sadios, etc.) para darem continuidade à espécie. Sendo 
assim, na seleção não há manipulação genética, ela apenas permite que os 
animais com melhores características continuem transferindo seus genes 
aos descendentes. Atualmente, os cruzamentos são os métodos utilizados 
no melhoramento genético quando se deseja criar raças, manter ou aumen-
tar as já existentes.
As principais vantagens dos cruzamentos comerciais é a possibili-
dade de se obter elevadas taxas de produtividade e produção. Entretanto, 
pode-se destacar algumas dificuldades observadas nesse segmento. Por 
exemplo, a dependência de reprodutores ou de sêmen de qualidade é um 
fator que acrescenta no custo de obtenção dos descendentes que se deseja. 
As matrizes que são utilizadas na reprodução também têm um alto valor 
quando se opta pelo cruzamento comercial, pois normalmente não se usa 
os animais provenientes do próprio rebanho por uma questão de consan-
guinidade, o que faz com o que criador tenha que buscar constantemente 
matrizes novas para introduzir no rebanho.
Para que se possa compreender melhor os aspectos que envolvem 
cada de tipo de cruzamento e suas vantagens e desvantagens, é importante 
conhecer rapidamente alguns conceitos:
 2 genes – microestruturas responsáveis por definir as caracte-
rísticas dos seres vivos que são herdadas dos pais, como cor 
dos olhos e da pelagem. Para cada característica, existem duas 
cópias de um gene (uma cópia herdada do pai e outra da mãe) 
que são denominados alelos. Alguns alelos são dominantes e 
outros recessivos, por isso os dominantes expressam-se sobre 
os outros. Quando é formado um par com alelos recessivos, o 
gene recessivo é expressado. Por exemplo, uma fêmea tem o 
gene para a cor preta e é dominante (P) e um macho tem o gene 
recessivo para a cor marrom (m). Em um acasalamento, se esses 
dois genes forem passados ao filhote, ele terá o par Pm e nascerá 
com a pelagem preta dominante da mãe.
 2 DNA – o conjunto de genes forma uma longa “fita” chamada 
DNA. Por isso, dizemos que o DNA carrega informações gené-
Técnicas de Produção Animal
– 164 –
ticas de todos os animais, todas as plantas e demais seres como 
bactérias e vírus.
 2 cromossomos – o DNA, por sua vez, apesar de ser uma “fita” 
longa, se enovela e toma forma arredondada, que se localiza 
dentro dos cromossomos. Estes encontram-se dentro das célu-
las (figura 9.2).
Figura 9.2 – Genes, DNA e cromossomos
Fonte: Shutterstock.com/ Designua
 2 homozigose – ocorrência de dois alelos iguais formando um 
gene. Por exemplo, suponha que o alelo dominante M indique a 
produção de melanina em bovinos e o alelo recessivo m indique 
a ausência de produção de melanina. A combinação desses ale-
los pode gerar animais:
 2 Mm – heterozigoto com produção de melanina, pois o gene 
que determina a produção (M) é dominante sobre o gene 
que determina a não produção (m);
 2 MM – homozigoto dominante com produção de melanina;
 2 mm – homozigoto recessivo albino.
 2 heterozigose – ao contrário da homozigose, na heterozigose 
há a ocorrência de dois alelos diferentes formando um gene. 
Como no exemplo anterior, o gene heterozigoto é aquele 
– 165 –
Genética e produção 
Mm condicionado a produção de melanina, visto que o gene 
dominante M é o responsável pela produção dela pelo organismo 
e o recessivo m é responsável pela não produção. Sendo o alelo 
M dominante em relação ao m, a condição de produção de 
melanina é expressa nesse caso.
 2 vigor híbrido – em poucas palavras, o vigor híbrido é o quando 
os filhos apresentam melhor desempenho do que a média de pro-
dução/desempenho dos pais. O vigor híbrido ocorre quanto mais 
diferente geneticamente forem os pais, por isso, está relacionado 
com a heterozigose. Animais de mesma raça que acasalam entre si 
produzem filhos com menos variação genética, já que os próprios 
pais têm material geneticamente semelhantes por serem da mesma 
raça. Animais de raças diferentes que acasalam entre si geram filhos 
com maior vigor híbrido, pois os genes dos pais são diferentes entre 
si, e, ao serem herdados pelos filhos, produzem combinações mais 
diferentes ainda e com menos chance de ocorrência de alelos reces-
sivos, que estão ligados a deficiências e a doenças genéticas.
 Você sabia
A consanguinidade é o grau de parentesco que indivíduos têm em 
comum. Os progenitores (pai e mãe) transferem, cada um, 50% dos 
genes para a prole; ou seja, o filho e o pai ou o filho e a mãe tem um coe-
ficiente de consanguinidade de 0,5. Quanto maior o grau de parentesco 
entre os indivíduos, maior a consanguinidade. Irmãos de mesmo pai e 
mãe também têm coeficiente de 0,5.
Em uma explicação mais simplista, animais com grau de parentesco ele-
vado apresentam maiores chances de terem os “mesmos genes”, o que 
leva a uma condição denominada homozigose. Na reprodução animal, 
quanto maior a homozigose, maiores as chances de anomalias congênitas 
relacionadas principalmente a problemas de fertilidade e sobrevivência 
(por exemplo, acondroplasia, agnatia, espinha curta etc.) e, por isso, nos 
tipos de cruzamentos veremos que em alguns casos o que se busca é a uti-
lização de animais com reduzidos ou nenhum grau de consanguinidade.
 
Técnicas de Produção Animal
– 166 –
9.3.2 Principais tipos de cruzamentos
9.3.2.1 Cruzamento absorvente
O método de cruzamento absorvente é utilizado quando o objetivo é 
formar uma nova raça no rebanho. São utilizados animais mestiços ou de 
outra raça diferente, como fêmeas e machos da raça pretendida.
Basicamente, são realizados cruzamentos sucessivos entre machos da 
raça desejada e fêmeas e, com o passar das gerações, se obterá cada vez 
mais animais homogêneos da raça dos machos e a raça das fêmeas será 
diluída (figura 9.3).
Por meio desse modelo de cruzamento, a partir da quarta geração (F4), 
os animais nascidos já serão praticamente idênticos fisicamente (93,75% da 
raça paterna) ao macho puro original, de modo que não é possível distinguir 
a olho nu as diferenças entre o animal puro e o de quarta geração.
O cruzamento absorvente é amplamente utilizado quando a intenção 
do criador é introduzir uma nova raça ou ampliar um rebanho pequeno já 
existente a partir de um único animal puro. Esse tipo de cruzamento pode 
ser aplicado em bovinos, caprinos e ovinos, por exemplo.
Nessa modalidade, 
podem ser utilizados 
quaisquer raças, inclusive 
de várias espécies que se 
deseje purificar. Por isso, 
ao final da geração F4, 
os animais são chamados 
de puro por cruza (PC), 
uma vez que são geneti-
camente muito semelhan-
tes ao primeiro ascen-
dente (raça que se deseja 
ampliar no rebanho). 
Alguns criadores de ovi-
nos de corte têm utilizado 
o cruzamento absorvente 
Figura 9.3 – Esquema de cruzamento absorvente
Fonte: elaborada pela autora.
– 167 –
Genética e produção 
para estabelecimento de raças como Dorper, Border Leicester e Corrie-
dale. Pecuaristas de bovinos tem aplicado essa técnica na raça Senepol.
Apesar de ser um método simples de ser conduzido, amplamente 
utilizado em várias espécies e de ampliação rápida de rebanhos, o cru-
zamento absorvente facilita a diminuição gradual do vigor híbrido dos 
descendentes, ou seja, à medida que as gerações vão sendo avançadas, a 
genética do macho vai adquirido maior proporção se comparada à gené-
tica da fêmea; dessa forma, o material genética da progênie é cada vez 
mais semelhante entre si (uma vez que se objetivaa produção de um reba-
nho homogêneo de uma única raça) e, como visto anteriormente, o grau 
de consanguinidade é cada vez maior, contribuindo para a diminuição do 
vigor híbrido dos animais descendentes.
9.3.2.2 Cruzamento simples (produção de F1)
O cruzamento simples é o modelo que vem se tornando cada vez 
mais popular no cruzamento animal por ser muito vantajoso em termos 
econômicos, pois, como será visto a seguir, a produção de F1 é a que 
garante a maior expressão do vigor híbrido e, consequentemente, maiores 
taxas de produção.
No modelo de cruzamento simples são utilizados macho e fêmea de 
raças distintas, que originarão o filho F1, a geração 1 de mestiço (figura 9.4).
Figura 9.4 – Esquema de cruzamento simples
Fonte: elaborada pela autora.
Apesar de ser o modelo que traz o benefício de um alto vigor híbrido, 
apresenta como desvantagem o descarte de machos e fêmeas progenitores, 
pois não poderão ser utilizados em outros acasalamentos dentro de um 
mesmo rebanho, uma vez que influenciaram na composição genética.
Técnicas de Produção Animal
– 168 –
Quando se deseja a obtenção do máximo vigor híbrido com a com-
binação de duas raças, o cruzamento simples é o mais indicado e pode ser 
utilizado na reprodução de bovinos, suínos e coelhos. Em bovinos, o mais 
comum é que sejam feitos cruzamento simples entre zebuínos e taurinos, 
como Nelore e Angus, respectivamente.
Nas aves, utiliza-se o cruzamento simples para obtenção do F2, que é 
uma derivação do F1. São utilizados dois grupos de duas raças, e que cada 
grupo gerará um F1. Posteriormente, os dois F1 gerados (um F1 em cada 
grupo) são cruzados entre si, gerando o F2 (figura 9.5).
Figura 9.5 – Esquema de cruzamento para obtenção de F2 em aves
Fonte: elaborada pela autora.
9.3.2.3 Cruzamento triplo (tricross) (PESO 03)
Se no cruzamento simples são utilizadas duas raças distintas para a 
produção de um híbrido, no cruzamento triplo são utilizadas três raças, 
ou seja, a cada geração são alternados os reprodutores. Esse cruzamento 
mantém elevado nível de vigor híbrido e permite que as fêmeas F1 sejam 
utilizadas, evitando o descarte que ocorre no cruzamento simples.
No cruzamento triplo, primeiramente são utilizados dois animais de 
raças distintas e, como produto, tem-se o F1. Em seguida, a fêmea F1 
é acasalada com outro macho, gerando o tricross, que é a combinação 
de material genético dos três animais envolvidos (figura 9.6). Na bovi-
nocultura, é muito comum que se utilize o tricross no cruzamento entre 
Holandês e Zebu (Gir ou Guzerá) em um primeiro momento, e que o F1 
– 169 –
Genética e produção 
seja cruzado com uma segunda raça europeia, como Pardo-suíça, Jersey 
ou Simental.
Figura 9.6 – Esquema de cruzamento triplo
Fonte: elaborada pela autora.
9.3.2.4 Cruzamento para obtenção de nova raça (5/8)
A produção de animais 5/8 é considerada, na maioria das vezes, a 
melhor opção para a criação de novas raças, no qual se utiliza duas raças 
já estabelecidas que têm características desejáveis e não desejáveis. Nesse 
modelo, obtenção do animal 5/8, o objetivo é repassar boas características 
e suprimir aquilo que não se deseja.
A princípio, são 
utilizados dois animais 
de raças distintas, que 
por sua vez dão origem 
a um animal com 50% 
do pai (1) e 50% da mãe 
(1). A filha ½ é casalada 
com um segundo macho 
puro da raça do pai (1), 
gerando um descendente 
¾ do pai (1) e ¼ da mãe 
(1). A segunda filha então acasala com um macho puro da raça da mãe (1), 
dando origem à cria 5/8 conforme esquema a seguir (figura 9.7).
Figura 9.7 – Esquema de produção de animal 5/8
Fonte: elaborada pela autora.
Técnicas de Produção Animal
– 170 –
 Saiba mais
Girolando
Na bovinocultura leiteira, o exemplo clássico que representa a produ-
ção do 5/8 é a raça Girolando, na qual se utiliza o macho da raça Gir e a 
fêmea da raça Holandesa (figura 9.8). O Girolando é uma ótima opção 
para criadores brasileiros porque é a mistura da raça holandesa, que 
tem ótima aptidão para a produção de leite, mas, por ter origem euro-
peia, não se adapta muito bem ao clima tropical, com a raça Gir, que 
apresenta maior rusticidade e adaptabilidade a climas mais quentes.
Figura 9.8 – Animais da raça Gir (A), Holandesa (B) e Girolando (C)
 
Fonte: Shutterstock.com/ Via Rural yk/Clara Bastian/ Jaboticaba Fotos
9.3.2.5 Cruzamento alternativo
Apesar de ser uma modalidade de cruzamento pouco utilizada, o 
cruzamento alternativo é uma opção muito interessante porque sua prin-
cipal vantagem é que grande parte do vigor híbrido animal é mantido 
ao longo das gerações. Isso se deve ao fato de que a alternação entre os 
machos a cada nova geração permite uma maior heterozigose. E, como 
foi estudado anteriormente, a heterozigose está diretamente relacionada 
ao vigor híbrido, contribuindo para o aumento de produtividade e demais 
taxas zootécnicas.
No cruzamento alternativo, são utilizados machos de duas ou mais 
raças, que são usados a cada cruzamento das fêmeas provenientes de 
– 171 –
Genética e produção 
outros pais (figura 9.9). Ou seja, caso a opção seja alternar duas raças de 
macho, por exemplo, as filhas da raça X são cruzadas com machos da raça 
Y, sucessivamente, as filhas da raça Y são cruzadas com machos da raça X.
Uma possibilidade de aplicação do cruzamento alternativo seria a 
utilização de Nelore e Angus como progenitores primários e, em seguida, 
a fêmea ½ seria acasalada com um macho Senepol, dado origem a uma 
fêmea ½ Senepol, ¼ Nelore e ¼ Angus. A partir daí, é iniciada a rotação, 
e essa fêmea seria acasalada novamente com um Nelore.
Figura 9.9 – Esquema de cruzamento alternativo
Fonte: elaborada pela autora.
Embora o vigor híbrido nesse tipo de cruzamento seja mantido alto, 
a principal desvantagem nesse modelo é a necessidade de manter duas (ou 
mais) raças de reprodutores distintas, gerando mais custo de produção.
9.4 Unidades de medida
Uma das principais carências da pecuária brasileira é a falta de con-
trole dos índices zootécnicos dos rebanhos. Os índices zootécnicos são 
dados e valores numéricos que representam diversos fatores de cres-
cimento, desenvolvimento e reprodução. Refletem numérica e objeti-
Técnicas de Produção Animal
– 172 –
vamente o cenário produtivo do rebanho e auxiliam o criador, técnico, 
zootecnista, engenheiro agrônomo ou médico veterinário nas tomadas 
de decisão.
As avaliações dos índices, as anotações e a acuracidade dos dados 
são de extrema importância na orientação dos profissionais envolvidos no 
manejo do rebanho, independentemente da espécie trabalhada. Ao longo 
dos últimos anos, criadores e proprietários vêm percebendo a importância 
do registro dessas informações, ainda que poucos deles se baseiam de fato 
nesses dados para definir estratégias.
A aferição do desempenho animal por meio dos índices zootécnicos é 
uma ferramenta que conduz o desenvolvimento da pecuária a novos pata-
mares de produção, permitindo ao pecuarista, por exemplo:
 2 comparar a atividade atual com o que era feito no passado, ava-
liando se houve aumento de produção, por exemplo;
 2 levantar os pontos fortes e fracos da sua produção e criar lista de 
prioridades sobre o que deve ser resolvido com mais urgência;
 2 estabelecer metas de produção
 2 analisar o benefício de novas tecnologias introduzidas ou 
novos manejos;
 2 ter maior controle financeiro da atividade.
As unidades de medida utilizadas para determinar os índices são mui-
tas, por isso, com base no que foi proposto por Rolim (2014), foram sele-
cionadas as principais unidades representadas a seguir:
i. período de serviço – refere-se ao intervalo entre o parto e a pró-
xima concepção. A busca pelo menor tempo de serviço garante 
menor intervalo entre partos e, consequentemente, mais animais 
em lactação.ii. intervalo entre partos – é um dos fatores mais importantes na 
avaliação de eficiência dos rebanhos leiteiros. É constituído pela 
soma do período de serviço (número de dias entre o parto e a 
próxima cobertura) e de gestação. Pesquisadores afirmam que 
intervalos curtos entre partos levam a uma maior produção de 
– 173 –
Genética e produção 
leite durante a vida útil do animal, ao passo que intervalos maio-
res entre partos tendem a diminuir a produção leiteira.
iii. idade à primeira 
cobertura – este índice 
indica a idade da 
fêmea quando ocorre 
a primeira tentativa 
de concepção (figura 
9.10). Evidentemente, 
quanto mais nova a 
fêmea, mais rápido 
é o retorno do inves-
timento e dos gastos 
de manutenção desse 
animal. Entretanto, é 
importante que o ani-
mal esteja totalmente pronto anatômica e fisiologicamente.
iv. taxa de concepção – indica o número de fêmeas que ficaram 
prenhes em relação ao número total de fêmeas que foram inse-
minadas ou montadas. Esse valor é um ótimo indicativo para 
avaliar a fertilidade das fêmeas e a qualidade do sêmen
v. taxa de prenhez – mede o tempo que leva para as fêmeas aptas 
ficarem prenhes a cada 
intervalo de 21 dias
vi. taxa de natalidade – é 
calculado com base 
no número de nasci-
dos vivos divido pelo 
número de fêmeas 
prenhes (figura 9.11).
vii. taxa de desmama – 
revela o percentual de 
crias que chegaram 
à idade de desmama 
Figura 9.10 – Reprodução animal por meio de monta 
natural
Fonte: Shutterstock.com/ O.PASH
Figura 9.11 – Nascimento de bezerro
Fonte: Shutterstock.com/Kurt Vansteelant
Técnicas de Produção Animal
– 174 –
comparado ao total de crias nascidas em um ano. Para bovino-
cultura, por exemplo, o valor ideal para taxa de desmama é algo 
em torno de 95 a 97%. Caso em um rebanho a taxa esteja abaixo 
do indicado, pode ser indício de baixa habilidade materna para 
as fêmeas ou manejo incorreto.
viii. conversão alimentar – é definida como o consumo total de 
alimento dividido pelo peso médio do animal. É um índice 
muito importante para a pecuária, no geral, por estar diretamente 
ligado ao custo de produção, especialmente ao custo de ração, 
suplementos, entre outros. Animais com baixa conversão ali-
mentar se alimentam, mas não conseguem transformar a comida 
em peso, o que leva a uma perda econômica, pois o gasto com a 
alimentação é alto e não há retorno produtivo.
O controle da produção por meio dos índices zootécnicos é uma ferra-
menta fundamental para o gerenciamento da atividade pecuária nos tempos 
atuais e auxiliam os criadores, buscando um aumento da eficiência produ-
tiva da propriedade. Contudo, a máxima produtividade nem sempre se tra-
duz em máxima rentabilidade, sendo assim, o controle zootécnico deve ser 
sempre utilizado em combinação com o controle financeiro da propriedade.
Conclusão
O principal objetivo do melhoramento genético é atingir níveis maio-
res de produção, produtividade e qualidade dos produtos, levando em 
consideração as necessidades do mercado consumidor e das condições do 
sistema de produção.
A incorporação de animais domésticos no modo de vida do homem, 
como subsistência ou para exploração econômica, faz parte da evolução 
do ser humano. Por isso, os animais podem ser considerados elementos 
ativos do desenvolvimento tecnológico. O Brasil, assim como vários 
outros países, é diretamente beneficiado pela utilização desses animais. 
Nos primeiros anos após a colonização portuguesa, bovinos, suínos, ovi-
nos e equinos tiveram destaque na economia e na sociedade durante o 
ciclo do açúcar e do ouro.
– 175 –
Genética e produção 
O convívio do homem com o animal contribuiu para o modo de evo-
lução e adaptação de espécies domesticadas. Assim como os animais evo-
luíram e vêm evoluindo ao longo do tempo, a interferência do homem na 
domesticação e na seleção animal também contribuiu para a evolução e, 
consequentemente, para a criação e o desenvolvimento de raças por meio 
da seleção e do melhoramento genético.
Neste capitulo foram estudados alguns modelos de cruzamentos 
comerciais, como cruzamento absorvente, ideal quando o objetivo é for-
mar uma nova raça no rebanho; cruzamento simples, utilizado quando se 
deseja uma maior expressão do vigor híbrido e, consequentemente, maio-
res taxas de produção; cruzamento triplo, para manter elevado nível de 
vigor híbrido e permitir a utilização das fêmeas F1; produção de 5/8, para 
criação de novas raças; e o cruzamento alternativo, por manter grande 
parte do vigor híbrido animal ao longo das gerações. Finalmente, tam-
bém foram estudados os conceitos dos principais índices zootécnicos que 
devem ser levados em consideração na criação de animais.
Atividades
1. De acordo com o texto do capítulo, o que é um animal de raça? 
Quem define os parâmetros para que determinado animal seja 
considerado puro ou não?
2. Explique por que, no geral, deve-se evitar a consanguinidade em 
programas de cruzamentos comerciais.
3. Explique, resumidamente, como é formado o Girolando, a prin-
cipal vantagem dessa raça e qual método de cruzamento é utili-
zado na obtenção desses animais.
4. Quais são as vantagens de se analisar os índices zootécnicos de 
um rebanho?
10
Parâmetros 
zootécnicos e gestão 
da produção 
A qualidade e, consequentemente, a produtividade de um 
animal criado com fins econômicos deve ser avaliada levando 
em consideração alguns fatores, e não de maneira subjetiva ou 
superficial. Por isso, identificar os animais mais produtivos e efi-
cientes, com embasamento técnico, seguindo parâmetros zootéc-
nicos, tem sido umas das maiores dificuldades dos criadores.
A identificação e seleção de animais compatíveis com a ati-
vidade desenvolvida pela propriedade, juntamente com a gestão 
desse negócio, têm o poder de transformar qualquer negócio, do 
menor ao maior.
Gerenciar é ter conhecimento do que precisa ser feito e 
como fazê-lo, de maneira eficiente. Por meio do processo de ges-
tão, uma propriedade se desenvolve, aprimora suas atividades 
e, por conseguinte, alcança seus objetivos. Todos os envolvidos 
no processo devem ter comprometimento com os princípios, os 
valores e os padrões de qualidade estabelecidos.
Neste capítulo, veremos as principais características utilizadas 
na comparação e na identificação dos animais, além das ferramentas 
que auxiliam os criadores na condução da propriedade rural.
Técnicas de Produção Animal
– 178 –
10.1 Avaliação animal
A identificação dos animais é uma prática utilizada constantemente 
por todos aqueles envolvidos na criação de animais, seja para produção 
visando ao lucro, ou simplesmente por subsistência. A comparação é feita, 
frequentemente, quando se confronta um ou mais animais entre si, tanto 
na compra de novos indivíduos para incorporação a um rebanho já exis-
tente, como para definir aqueles que serão vendidos. Ou, ainda, para sele-
cionar os mais produtivos, mais fortes, mais bonitos e, consequentemente, 
os piores e menos eficientes.
O processo de escolha pode ser feito de maneira técnica e baseada em 
indicadores confiáveis, ou de maneira mais natural, com base em obser-
vações pessoais e subjetivas. Qualquer que seja o modo, é certo que as 
escolhas realizadas com critério ou seguindo um determinado raciocínio 
tendem a fornecer melhores resultados. Sendo assim, nos últimos anos, 
vêm sendo desenvolvidas pesquisas, metodologias e unidades de medida 
que orientem os responsáveis na seleção dos melhores animais.
De acordo com os objetivos da criação, são definidos alguns aspec-
tos mais relevantes. Por exemplo, quando o rebanho é conduzido para a 
produção de carne, leva-se em consideração parâmetros sobre o tempo e 
a qualidade da musculatura desenvolvida pelo animal, bem como a velo-
cidade de crescimento, uma vez que esses indicadores estão diretamenterelacionados à quantidade e à qualidade da carne. Já em rebanhos espe-
cializados na produção de leite, são considerados animais de qualidade 
aqueles que apresentam bom desenvolvimento do sistema mamário e a 
aptidão da raça para produzir leite.
Para auxiliar a pessoa responsável na definição das melhores carac-
terísticas, são formados dois conjuntos que agrupam os principais atribu-
tos, quais sejam: características de observação direta e características de 
observação indireta.
 2 Características de observação direta: são aquelas percebidas 
ao olhar o animal. Podem ser objetivas ou subjetivas.
 2 Avaliação objetiva: aquela que utiliza determinados 
recursos ou instrumentos que fornecem valores objetivos, 
– 179 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
como fitas métricas, balanças, ultrassom, entre outros 
(figura 10.1).
Figura 10.1 – Avaliação do comprimento de peixe
Fonte: Shutterstock.com/IrinaK
 2 Avaliação subjetiva: aspectos subjetivos como cor, pela-
gem, formato de partes do corpo (chifre, dentes, casco etc.), 
feitos de maneira subjetiva, levando em consideração a opi-
nião do avaliador (figura 10.2).
Figura 10.2 – Avaliadores conferindo aspectos de cor e pelagem em feira de animais
Fonte: Shutterstock.com/Mysikrysa
 2 Características de observação indireta: aquelas dependen-
tes de processos, testes e cálculos mais elaborados. Algumas 
Técnicas de Produção Animal
– 180 –
delas, inclusive, só são feitas após o abate do animal. Ganho 
de peso, conversão alimentar, libido, rendimento de carcaça, 
entre outros, são alguns exemplos de características de obser-
vação indireta.
 Saiba mais
A evolução dos concursos e exposições
Durante muitos anos, o valor de animais de raça puros esteve vinculado 
aos prêmios que ganhavam em concursos e exposições agropecuárias 
organizadas por associações de criadores.
Os avaliadores técnicos, especialistas nas raças, eram os responsáveis 
por definir as notas atribuídas aos animais concorrentes, de acordo com 
as características físicas que podiam ser observadas no momento da 
avaliação. Tratava-se, entretanto, de uma definição subjetiva, com base 
na percepção de cada avaliador, não levando em conta fatores que não 
podiam ser observados a olho nu, mostrando-se ineficiente na avalia-
ção do desenvolvimento fisiológico ou expressão produtiva daqueles 
animais, por exemplo.
Buscando aprimorar as análises, foram desenvolvidas, mais recente-
mente, outras opções de avaliação, baseadas em estudos científicos e 
no desenvolvimento de novas tecnologias, como as provas de ganho de 
peso, os testes de progênie e avaliação pelo DNA.
A prova de ganho de peso é uma verificação de desempenho de bovi-
nos de corte que tem como objetivo identificar indivíduos superiores 
dentro das características de interesse. São realizadas por criadores, 
empresas, associações ou instituições de pesquisa. Os testes devem ser 
repetidos com frequência, a cada geração.
O teste de progênie apresenta maior precisão do que a prova de ganho 
de peso, pois consegue informar com exatidão as características que o 
reprodutor consegue passar aos descendentes. É uma técnica ampla-
mente utilizada na produção leiteira principalmente, em que são feitas 
comparações entre os descendentes de reprodutores. Por depender da 
avaliação das crias, é um método que leva muito tempo e é mais caro.
– 181 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
Dentre as técnicas mencionadas, a avaliação pelo DNA é a mais recente 
de todas elas e ainda está em desenvolvimento. Por ser uma metodolo-
gia incipiente, apresenta custo elevado e dependente de outras análises 
químicas e laboratoriais.
10.2 Parâmetros zootécnicos
Independentemente da característica (direta ou indireta), é necessário 
que se estabeleçam unidades padrão para que, onde quer que seja feita a 
avaliação, ela siga um só critério, garantindo que os animais obedeçam a 
uma mesma referência.
Sendo assim, de acordo com Rolim (2014), podem-se agrupar as 
características mais observadas em classes para melhor apreciação.
10.2.1 Características físicas
Normalmente essas características são traduzidas em notas ou núme-
ros, porém são valores atribuídos subjetivamente, de acordo com a per-
cepção de quem está avaliando. E, embora se utilize de uma grandeza, é 
considerada uma avaliação subjetiva.
 2 Raça: características raciais dependem do padrão pré-determi-
nado por juízes de 
associações especia-
lizadas, com conhe-
cimento profundo do 
fenótipo da raça em 
questão. São avalia-
dos, por exemplo, for-
mato da cabeça, cor e 
formato dos chifres, 
cor e tipo de pelagem 
e disposição de alguns 
membros corporais 
(figura 10.3).
Figura 10.3 – Cavalo da raça Clydesdale
Fonte: Shutterstock.com/Muskoka Stock Photos
Técnicas de Produção Animal
– 182 –
 2 Disposição corporal: são avaliados aspectos corporais desejá-
veis em todos os animais no geral, independente da raça. Esses 
aspectos indicam qualidade estética, mas também condições 
funcionais e fisiológicas dos animais, ou seja, permitem avaliar 
se ele está plenamente desenvolvido, com capacidade de produ-
zir de maneira saudável.
São avaliados:
 2 formatos de pernas e pés e o conjunto dos aprumos, que 
apontam longevidade animal, capacidade de percorrer lon-
gas distâncias e viver sem dores, facilidade de gestação e 
parto, entre outros.
 2 estatura e tamanho corporal estão associados à produti-
vidade de carne, principalmente, uma vez que animais 
maiores tendem a apresentar maior rendimento de car-
caça. Entretanto, no caso de fêmeas, não é desejável que 
sejam muito grandes, pois valores elevados dessa carac-
terística estão associados a fêmeas menos produtivas e 
menos longevas.
 2 linha superior e coluna dorsal são indicadores de estrutura 
óssea forte e bem desenvolvida, demonstrando capacidade 
para suportar maiores pesos.
 2 tamanho e posicionamento do sistema mamário demons-
tram a possibilidade das fêmeas em expressar seu potencial 
genético para gestação e produção de leite, permitindo que 
se atinjam níveis de produção desejados e adequados para 
cada raça específica, bem como mantenham o animal fisi-
camente saudável.
10.2.2 Características do produto
São características que indicam a qualidade do produto final. Nos 
animais domésticos estudados ao longo do livro, os principais produtos 
avaliados são carne, leite, lã e pele.
– 183 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
São avaliados, por exemplo, teor de gordura e proteína do leite, tama-
nho e peso do ovo (figura 10.4), maciez e textura da carne, qualidade da lã, 
docilidade (em búfalos, por exemplo), entre outros fatores.
Figura 10.4 – Avaliação de qualidade em ovos
Fonte: Shutterstock.com/didesign021
10.2.3 Características de capacidade de produção
As características de capacidade de produção se relacionam com 
aquelas vistas no tópico anterior, porém se diferenciam com relação ao 
parâmetro em si. Em outras palavras, as avaliações das características 
do produto visam analisar aspectos qualitativos, ao passo que a capaci-
dade de produção avalia efetivamente a quantidade do que foi produzido. 
Por exemplo, são analisados quantos litros de leite foram produzidos, ou 
quantos quilos de lã foram obtidos por lote tosquiado.
10.2.4 Características de eficiência produtiva
A eficiência produtiva compreende o grupo de características que 
analisa a precocidade produtiva dos animais, ou seja, a relação entre o 
tempo e a quantidade de carne/, leite, lã, etc. produzida. As medidas mais 
trabalhadas são velocidade de ordenha, ganho de peso (normalmente diá-
rio), conversão alimentar e peso em faixas de idade.
Técnicas de Produção Animal
– 184 –
10.2.5 Características reprodutivas das fêmeas
As caraterísticasreprodutivas das fêmeas se confundem um pouco 
com as características de produção, porque a aptidão para produção de 
leite e de crias está intimamente ligada aos dois parâmetros. Incluem-
-se também, às características de reprodução, fatores relacionados à 
sanidade animal e aptidão materna. Dentre as principais característi-
cas, ressalta-se:
 2 precocidade
 2 idade ao primeiro 
cio e ao primeiro 
parto
 2 maternidade
 2 h a b i l i d a d e 
materna (cui-
dado com as 
crias) (figura 
10.5)
 2 m o r t a l i d a d e 
durante a lactação
 2 produtividade e eficiência
 2 tamanho da cria 
ao nascer e ao 
desmame
 2 intervalo entre 
partos
 2 coberturas por 
gestação
Figura 10.5 – Ovelha recém-parida
 Fonte: Shutterstock.com/Malachi Jacobs
– 185 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
10.2.6 Características reprodutivas dos machos
A principal função do macho nos rebanhos é a reprodução para geração 
de descendentes. Sendo assim, os reprodutores são avaliados principalmente 
quanto a sua capacidade reprodutiva. Normalmente, os paramentos são ava-
liados com a realização de exames andrológicos, que analisam o aparelho 
reprodutor do animal como um todo e também fatores relacionados, como 
a libido. Recomenda-se que o acompanhamento da saúde dos reprodutores 
seja feito anualmente, analisando aspectos como libido, concentração de 
espermatozoides no sêmen e volume de sêmen produzido.
10.3 Gestão da produção
Como já estudado anteriormente em outros capítulos, no geral os sis-
temas de criação são classificados em intensivo, semi-intensivo e exten-
sivo. Os conceitos atribuídos a esses sistemas, bem como suas caracte-
rísticas, foram definidos há algumas décadas, tempo em que a área da 
propriedade e a quantidade de animais definia como o criador conduziria 
seu negócio. Existia, inclusive, uma relação inversa entre o tamanho da 
área disponível e o uso tecnológico, isto é, antigamente se definia que 
em áreas pequenas se tinha muitos animais e era feito uso de tecnologias 
mais modernas, o que conhecemos por sistema intensivo, ao passo que, 
em áreas grandes, era frequente a adoção do sistema extensivo, com pou-
cos animais e baixa tecnologia.
Atualmente, contudo, essa relação simplista entre área, quantidade de 
animais e adaptação tecnológica está entrando em desuso, dando lugar à inten-
sidade e à adequação de tecnologias, de acordo com especificidades de cada 
local. Mais importante que a mera classificação de sistemas é a avaliação da 
adequação das ferramentas utilizadas às necessidades de cada criador, valori-
zando os registros corretos e habituais, cuidados sanitários, nutrição adequada 
e bem-estar animal, independentemente do nível tecnológico (Figura 6).
Técnicas de Produção Animal
– 186 –
Figura 10.6 – Comparação entre acompanhamentos em propriedades de menor e maior 
nível tecnológico. A: Registro manual. B: Registro computadorizado
 
 Fonte: Shutterstock.com/only_kim/ TORWAISTUDIO
É importante mencionar que todo criador, de qualquer nível de 
aplicação tecnológica, pode e deve buscar a intensificação da sua atividade 
pecuária. Para tanto, é necessário que todos os envolvidos com a criação 
conheçam profundamente a atividade, tendo o hábito de documentar todos 
os acontecimentos importantes, resultados de produção, condições sanitá-
rias e de bem-estar animal. Dessa maneira, será mais fácil estabelecer os 
pontos de melhoria e evolução, aplicando as práticas mais adequadas a 
cada cenário.
Hoje existem diversos estudos, técnicas, empresas públicas de assis-
tência e profissionais capacitados que podem auxiliar os criadores de 
todos os sistemas de criação, de qualquer nível de tecnologia empregado 
e para diversas espécies economicamente exploradas. Todas essas ferra-
mentas são capazes de elevar a produção e eficiência da propriedade, sem 
necessariamente elevar os custos de investimento. Muitas vezes, é possí-
vel ter ganhos expressivos de produtividade com a adoção de técnicas e 
ferramentas de simples manejo.
Alguns métodos muito conhecidos no mundo corporativo, por admi-
nistradores e engenheiros de produção, começam aos poucos a fazer parte 
da vida do produtor rural. Atualmente, é possível encontrar fazendas que 
aplicam os conhecimentos de ferramentas como 5S e ciclo PDCA e que já 
têm melhoria expressiva nos resultados de produção.
– 187 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
10.3.1 5S
A metodologia 5S teve seu desenvolvimento no Japão, após a Segunda 
Guerra, com o principal objetivo de reorganizar as indústrias japonesas para 
uma volta ao mercado. Sendo assim, foram propostas etapas que deveriam 
ser seguidas ao longo do processo, para que se tivesse maior eficiência de 
produção. Essa ferramenta foi fundamental à época, porque permitiu um 
grande avanço sem que para isso fossem necessários grandes investimentos.
Por se tratar de ajustes com relação à organização e ao controle de 
produção, pode ser facilmente aplicada na pecuária. Normalmente, a 
rotina intensa de manejo ocupa a maior parte do tempo numa propriedade 
rural e o responsável, ao final do dia de trabalho, já não tem tempo ou 
disponibilidade suficientes para levantar todos os pontos de melhoria ou 
relatar todas as dificuldades vividas. A mentalidade predominante entre 
os criadores e técnicos é que os pequenos ajustes diários não fazem muita 
diferença no resultado final de produção, e realmente não fazem. A soma 
de cada dia, entretanto, gera um total de perdas produtivas, de eficiência e, 
consequentemente, de lucro enormes.
O conceito de 5S é baseado em cinco palavras japonesas, todas ini-
ciando com a letra S, que buscam direcionar comportamentos dentro de 
um processo. São elas Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke (figura 10.7).
Figura 10.7 – Esquema da ferramenta 5S
 Fo
nt
e: 
Sh
ut
te
rs
to
ck
.c
om
/ Y
ao
w
al
ak
 R
ah
un
g
Técnicas de Produção Animal
– 188 –
 2 Seiri: utilização
Diz respeito à utilização consciente e equilibrada dos mate-
riais, ferramentas, equipamentos, dados, etc. Nessa primeira 
fase é importante que se observe tudo o que é realmente neces-
sário para a realização das tarefas e o que já não estiver mais 
uso, o que estiver quebrado, obsoleto ou sem função deve ser 
descartado. Com a aplicação dessa primeira regra, é possível 
observar quase que imediatamente o ganho de espaço físico, 
controle de estoque, redução de desperdícios e, consequente-
mente, de custos.
 2 Seiton: organização
Como o próprio nome sugere, a segunda etapa consiste em defi-
nir os locais apropriados para materiais, ferramentas, insumos, 
etc., de modo que tudo o que for necessário esteja sempre à mão 
e volte ao seu lugar específico após o uso. É importante defi-
nir setores de manejo e, em cada um deles, organizar todos os 
equipamentos necessários para aquela atividade, evitando que 
se perca tempo procurando os materiais necessários, e liberando 
mais espaço para a realização do serviço. Um local organizado 
permite que seja realizado um trabalho mais seguro e mais efi-
ciente (figura 10.8).
Figura 10.8 – Exemplo de organização do espaço de trabalho
Fonte: Shutterstock.com/J. Lekavicius
– 189 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
 2 Seiso: limpeza
O princípio de limpeza estabelece a importância de se manter um 
local limpo, sem resíduos e objetos que não têm mais utilidade. 
Obviamente que o grau de limpeza varia de acordo com o local 
de trabalho. Por exemplo, o nível de limpeza de um hospital é 
muito diferente do da limpeza de um curral. Em ambos, con-
tudo, é possível manter uma qualidade satisfatória com relação 
à higienização. Ademais, em atividades nas quais há a manipu-
lação de animais, como vacinação, ordenha, parto, alimentação, 
entre outros, é indispensável que o local estejaadequadamente 
limpo (figura 10.9), para receber os animais e evitar a contami-
nação por microrganismos; e os animais também sejam higieni-
zados quando necessário, por exemplo, no momento da ordenha.
Figura 10.9 – (A) Galpão limpo; (B) Higienização dos tetos da vaca
 
 Fonte: Shutterstock.com/Stephen Barnes/ pixinoo
 2 Seiketsu: saúde
A questão da saúde aplicada a esse tópico diz respeito à saúde, 
principalmente das pessoas envolvidas no processo produtivo. 
Abrange tanto saúde física, como mental, social e ambiental. 
Por isso, tão importante quanto manter condições agradáveis 
aos animais, é garantir que os funcionários envolvidos se sintam 
amparados, trabalhando em condições legais e saudáveis.
 2 Shitsuke: disciplina
O senso de disciplina está diretamente ligado a cada uma das 
fases anteriores. Trata-se da busca contínua pelo comprometi-
Técnicas de Produção Animal
– 190 –
mento com tudo o que já foi visto e com a organização de uma 
maneira geral. A disciplina, como ponto finalizador da metodo-
logia 5S, tem como principal papel garantir que as ações toma-
das nos quatro primeiros passos sejam mantidas com frequência, 
de maneira que se torne um hábito e que as regras previamente 
estipuladas sejam seguidas diariamente. Também nesse último 
estágio podem ser elaborados padrões e procedimentos a serem 
seguidos. A criação de procedimentos, normas e padrões garante 
uma otimização do processo, sem perda de tempo. Além do uso 
eficiente e consciente dos recursos disponíveis.
Apesar de a metodologia 5S ter sido desenvolvida a princípio para 
fábricas e indústrias, podemos ver que pode ser facilmente adaptada à 
realidade do pecuarista. Ademais, não é um processo engessado, sendo 
possível adaptá-lo a diversos cenários, desde o pequeno criador até gran-
des rebanhos.
10.3.2 Ciclo PDCA
O ciclo PDCA, assim 
como a metodologia 5S, é uma 
ferramenta de gestão de quali-
dade. Criado na década de 20 
por Walter A. Shewart, esse 
método só ficou conhecido em 
1950, quando William Edward 
Deming o colocou em prá-
tica após a Segunda Grande 
Guerra, auxiliando japoneses a 
desenvolverem suas indústrias. 
Por isso, também é conhecido 
como Ciclo de Deming ou ciclo 
de Shewart.
A sigla, em inglês, faz refe-
rência a ações que compõem o 
ciclo, mostrando que não existe 
Figura 10.10 – Ciclo PDCA
 Fonte: Shutterstock.com/ananaline
– 191 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
um fim, uma vez que, ao final da “última” etapa, deve-se retornar à pri-
meira. Plan, Do, Check e Act são as atividades que visam à melhoria con-
tínua de um sistema (figura 10.10).
 2 Plan: planejar
A primeira etapa consiste em definir os problemas ou pontos de 
melhoria dentro do processo e estabelecer prioridades entre eles. 
Definida a lista de preferência, para cada ponto devem ser desig-
nadas as metas, ou seja, para cada problema, deve-se estipular 
qual o resultado a ser obtido. Assim, se em uma propriedade rural 
o principal ponto a ser melhorado é a produção de litros de leite, 
por exemplo, é necessário estabelecer uma meta que deverá ser 
atingida, por exemplo, aumentar em 15% a produção de leite.
Uma vez levantados os problemas e definidos os objetivos, o 
próximo passo dentro desse ponto é analisar como o processo 
vem sendo desenvolvido e definir os gargalos da produção que 
impedem que os resultados sejam melhores. A partir daí pode-
rão ser elaborados os planos de ação. O plano de ação consiste 
em ações que devem ser adotadas para melhorar o processo. 
Seguindo o exemplo anterior, possíveis planos de ação para a 
questão da baixa produção de leite poderiam ser:
 2 análise do fornecimento de alimento: verificar se a quanti-
dade de alimento fornecido está de acordo com a necessi-
dade do animal (já sabemos que vacas em lactação necessi-
tam de uma dieta diferenciada);
 2 quantidade de ordenhas por dia: aumentar o número de 
ordenhas de acordo com a idade e o período de lactação;
 2 variação climática: dar preferência por ordenhar os animais 
em períodos de clima ameno e planejar a época de lactação 
para dias não muito frios nem muito quentes.
 2 Do: fazer
Momento para colocar em prática tudo o que foi levantado na 
etapa anterior. Caso sejam necessários treinamentos para aper-
Técnicas de Produção Animal
– 192 –
feiçoamento das atividades, essa é a hora. Também é nessa etapa 
que são passadas informações àqueles diretamente ligados direta 
ou indiretamente às atividades, garantindo que todos tenham 
compreendido a importância da padronização do processo.
 2 Check: checar (conferir)
Com o plano de ação funcionando, durante a etapa de confe-
rência, os responsáveis devem registrar todos os acontecimen-
tos, se o plano de ação está sendo seguido, quais as dificuldades 
encontradas, etc. É importante ter em mente que nem sempre o 
que é planejado na teoria pode ser aplicado no dia a dia com per-
feição. Por isso, a etapa de checar o andamento das atividades 
é tão importante. No futuro, tudo o que foi registrado e todas as 
percepções dos funcionários servirão de base para avaliação das 
metas e das ações.
 2 Act: agir
De acordo com o que foi anotado na etapa anterior, os responsá-
veis poderão verificar quais os pontos de falha e os de acertos. 
Além disso, nessa fase, é possível confirmar se as metas estipu-
ladas na fase de planejamento foram alcançadas.
Como mencionado anteriormente, as ferramentas de gestão não têm 
um final imediato, pois sempre existem pontos a serem melhorados, pro-
cessos a serem aprimorados. São instrumentos que devem ser conduzidos 
de maneira contínua, qualquer que seja o tamanho da propriedade e inde-
pendente de investimento tecnológico.
Síntese
A qualidade e a produtividade de uma criação animal com fins eco-
nômicos devem ser avaliadas levando em consideração alguns fatores 
técnicos. Sendo assim, é fundamental que a identificação dos animais 
siga parâmetros zootécnicos. Independentemente do nível tecnológico da 
propriedade, é certo que as escolhas realizadas com critério ou seguindo 
padrões e procedimentos tendem a fornecer melhores resultados.
– 193 –
Parâmetros zootécnicos e gestão da produção 
Diante dessa importância, foram elencadas algumas características a 
serem observadas no rebanho. Em um primeiro momento, elas são dividi-
das em características de observação direta - aquelas percebidas ao olhar 
o animal, podendo ser objetivas ou subjetivas – e características de obser-
vação indireta - aquelas dependentes de processos, testes e cálculos. Em 
seguida, foram apresentadas as principais classes de características, como 
características físicas, de produto, de capacidade de produção, de eficiên-
cia produtiva e de características reprodutivas de machos e fêmeas.
Por último, apresentamos a importância de uma gestão de produção, 
em que mais importante que a antiga classificação de sistemas (intensivo, 
semi-intensivo e extensivo), é a avaliação das ferramentas que podem ser 
utilizadas de acordo com as necessidades de cada criador.
Uma gestão eficiente permite que os pecuaristas tenham condições 
de desenvolver suas atividades e as ferramentas de gestão são um ótimo 
ponto de partida, pois contribuem com melhorias não só de produção, mas 
também em condições socioeconômicas, decisões estratégicas e avanços 
na produção.
Atividade
1. Explique o que são as provas de ganho de peso e o teste de 
progênie.
2. Explique resumidamente como são divididas as características 
que normalmente são observadas nos animais de produção.
3. Considere que você é o gerente de uma propriedade rural e 
deseja aplicar a metodologia 5S. Resuma o processo que você 
adotaria para melhorar os resultados de produção.
4. Explique resumidamente as etapas do ciclo PDCA.
Gabarito
Técnicas de Produção Animal
– 196 –
1. Introduçãoà produção animal 
1. A adaptação dos animais foi fundamental porque permitiu a sua 
permanência e adaptação ao ambiente natural. Uma vez adapta-
dos, homem e animal conviviam em locais próximos e seu rela-
cionamento se deu de maneira natural. No início, o ser humano 
era nômade e, junto com os animais, estava sempre migrando 
em busca de alimentos. Com o passar dos anos passou a se fixar 
em um local e nele desenvolver o necessário para sua subsistên-
cia. Foi quando o processo de domesticação tomou mais força e 
o homem primitivo percebeu que poderia aproveitar os recursos 
fornecidos pelos animais. Estes se adaptaram às necessidades 
humanas e, geração após geração, desenvolveram características 
que os definem como animais domesticados.
2. Na definição de Zootecnia devem estar presentes palavras-chave 
como ciência, criação/produção de animais e atividade econô-
mica (ou sinônimos). Importante frisar de se trata de uma ciên-
cia que estuda basicamente a criação e o manejo de animais com 
finalidade econômica.
3. Atualmente, o estudo do comportamento e do bem-estar ani-
mal tem como principal objetivo promover o equilíbrio entre 
os métodos de criação e produção e as condições de manejo, 
visando proporcionar melhores condições aos animais, a fim de 
contribuir para altas taxas de produtividades e desempenho alia-
dos ao seu bem-estar dos animais.
4. Exemplo de resposta:
i. Declaração dos Direitos dos animais, Art. 2. Todo o ani-
mal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do 
– 197 –
Gabarito
homem. Pode ser aplicado aos animais domésticos como 
cães e gatos, pois seus donos devem protegê-los, forne-
cendo uma vida digna, com cuidado e proteção.
ii. Declaração dos Direitos dos animais Art. 7. Todo o ani-
mal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de 
duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação 
reparadora e ao repouso. Pode ser aplicado nas proprieda-
des que usam animais como tração animal, por exemplo, 
cavalos, jumentos etc. Esses animais não devem ser explo-
rados para trabalho pesado, sendo um direito deles a ali-
mentação e o repouso.
2. Anatomia animal
1. Anatomia topográfica: são utilizados termos padronizados para 
indicar a posição ou direção de partes do corpo. Divide-se o 
corpo animal em cabeça, pescoço, tronco, cauda e membros. 
Para determinar as estruturas, deve-se considerar que o animal 
está em pé, com os quatro membros apoiados no solo, pescoço 
e cabeça retos de maneira que as narinas estejam voltadas para à 
frente e os olhos voltados para o horizonte.
Anatomia sistemática ou descritiva: são estudados os sistemas 
que permitem o funcionamento do corpo do animal como um 
todo. As células e os tecidos com estrutura e função similares 
são agrupados em órgãos ou sistemas. Divide-se em áreas, como 
osteologia, sindesmologia, miologia, neurologia etc.
2. O sistema digestório é responsável pela digestão e absorção dos 
alimentos, gerando compostos vitais para a vida animal (carboi-
dratos, proteínas, gorduras etc.).
Ruminantes são animais que possuem vários compartimen-
tos para a realização da digestão, quais sejam: rúmen, retículo, 
omaso e abomaso. Nesse tipo de digestão, o alimento é rumi-
nado (o animal ingere o alimento rapidamente, completando a 
mastigação mais tarde).
Técnicas de Produção Animal
– 198 –
Monogástricos possuem um compartimento simples para a 
digestão.
3. Ciclo estral: intervalo entre um cio e outro. É controlado por 
dois hormônios, hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormô-
nio luteinizante (LH).
 2 Pró-estro: produção do hormônio FSH, que estimula a produ-
ção dos folículos nos ovários, juntamente com outro hormô-
nio, o estradiol. Em seguida, há o aumento de produção de LH.
 2 Estro: início da receptividade sexual da fêmea e momento 
no qual ocorre a ovulação, quando os níveis de FSH dimi-
nuem e os de LH aumentam.
 2 Metaestro: trata-se da fase pós-ovulatória. Há redução do 
nível de estrogênio e aumento de progesterona, que inibe o 
desenvolvimento de novos folículos caso haja fecundação. 
Quando não há fecundação, o óvulo é eliminado e a pro-
gesterona retorna a níveis baixos, deixando de atuar até o 
próximo ciclo.
4. Inseminação artificial: o sêmen é coletado do macho é inserido 
na fêmea manualmente (não há a cópula). As principais vanta-
gens são a utilização de um macho com caraterísticas desejáveis, 
redução de problemas decorrentes da cruza natural, custo relati-
vamente baixo e simples execução.
FIV: a fecundação do óculo ocorre fora do corpo do animal. É 
coletado o óvulo da fêmea desejada e fecundado com o macho 
em ambiente laboratorial. Em seguida, o óvulo fecundado é 
inserido na fêmea. As principais vantagens são a possibilidade 
de se utilizar uma matriz com boas características somente como 
produtora de óvulos, sem que necessite ficar prenhe.
Clonagem: técnica de cópia genética de um indivíduo. Na clo-
nagem, são produzidos indivíduos idênticos à célula originária. 
Essa é a principal diferença da clonagem para as demais técni-
cas, pois nas outras há a fecundação em algum momento, já na 
clonagem não.
– 199 –
Gabarito
3. Bovinocultura de corte e leite
1. Nos últimos 40 anos, o Brasil tem evoluído consistentemente 
na produção pecuária. O primeiro abanco que pode ser mencio-
nado é com relação à melhoria genética, que tem proporcionado 
ganhos de produtividade e utilização de raças com maior adapta-
bilidade ao cenário brasileiro. Em segundo lugar pode ser men-
cionado a questão alimentar, com a utilização de pastagens de 
maior qualidade e suplementação animal. Por fim, o manejo e o 
bem-estar animal também contribuíram para o avanço produtivo 
no Brasil. Os sistemas de produção intensivo e semi-intensivo 
garantem animais terminados mais precocemente e o bem-estar 
animal associado à mediadas sanitárias permite uma produção 
segura e saudável.
2. 
i. No nascimento: deve ser fornecido o colostro, o primeiro 
leite que possui altas doses de anticorpos, proteínas, car-
boidratos etc. Este é de fundamental importância visto que, 
ao nascerem, os filhotes não possuem anticorpos suficientes 
para sua proteção. O ideal é que a bezerra se alimente do 
colostro desde o nascimento até as próximas 12 horas.
ii. A partir da 1ª semana: a partir da primeira semana, pode ser 
fornecido concentrado à cria.
iii. A partir do 1º mês: o feno pode ser ofertado a partir dos 
30 dias de vida do animal, e seu consumo proporciona um 
desenvolvimento mais rápido da musculatura do rumem.
iv. Pré-parto: a vaca gestante deve ter uma alimentação ade-
quada e diferencia no pré-parto, especialmente nos 30 dias 
anteriores ao parto, com dieta adequada, pasto baixo, água 
e sombra.
v. Pós-parto: após o nascimento, é fundamental que a vaca 
receba uma dieta adequada, uma vez que dificilmente con-
seguem suprir sozinhas toda a necessidade nutricional para 
a produção de leite.
Técnicas de Produção Animal
– 200 –
3. Sistema extensivo: desenvolvido em campo nativo ou sobre pas-
tagem sem nenhum tipo de manejo. Geralmente é realizado em 
grandes áreas, com baixa taxa de lotação, baixa produtividade e 
pouca utilização de insumos e mão de obra.
Sistema intensivo: os animais são criados confinados ou em 
pastagens, mas com utilização de suplementação alimentar no 
cocho. São empregadas diversas tecnologias e o uso da terra é 
melhor aproveitado. Normalmente são feitas a recuperação da 
fertilização do solo, ajuste de carga animal, planejamento forra-
geiro, melhoramento dos pastos e manejo intensivo
Sistema semi-intensivo: são utilizadas algumas técnicas de 
produção para alcançar melhores índices de produtividade, 
como, por exemplo, suplementação alimentar no pasto. Esse 
sistema encontra-se entre os sistemas extensivo e intensivo.
4. Os animais devem ser encaminhados para a área de espera,onde 
aguardam para serem ordenhados. É preferível que o piso da área 
de espera seja de concreto e construído de maneira a facilitar a 
limpeza. Em seguida, os animais são encaminhados para a sala 
de ordenha, que deve possuir instalações adequadas que garan-
tam a sanidade e bem-estar do animal, além de atender às exi-
gências técnicas e legais. Para a ordenha, o responsável deve uti-
lizar roupas adequadas e limpas, lavar as mãos e emergir as tetas 
em solução desinfetante e secá-las com papel toalha descartável. 
Após a ordenha, o leite é levado para a sala de leite, composta 
por tanques que acondicionam o leite recém-ordenhado, além de 
servir como local de lavagem e armazenagem de equipamentos. 
É importante que a sala de leite e de ordenha sejam próximas, 
evitando que o leite demore para ser transferido para os tanques. 
Os equipamentos utilizados devem ser higienizados ao final de 
cada ordenha. As tetas devem ser limpas e secas novamente.
4. Caprinocultura e ovinocultura
1. Os principais fatores que fazem com que a criação de caprinos e 
ovinos no mundo seja possível são dois:
– 201 –
Gabarito
a) Por serem os primeiros animais a ser domesticados, as téc-
nicas de criação são bastante conhecidas e praticadas há 
muitos anos. Esse fator contribui para que essa atividade 
exista até hoje.
b) A rusticidade e a adaptabilidade dos caprinos e ovinos às 
condições climáticas desafiadoras é outro fator que permite 
a criação desses animais. Por meio de um processo de adap-
tação, seleção natural e também por influência do homem, 
foi possível desenvolver rebanhos com animais adaptados 
a essas regiões.
2. Principais gargalos e sugestões:
 2 Pouca ou nenhuma capacitação dos produtores – desenvol-
ver profissionais habilitados a auxiliar os produtores/cria-
dores rurais em órgãos como EMATER, EMBRAPA etc.;
 2 Baixa qualidade do produto – o principal fator para melho-
rar essa condição é o manejo adequado. A falta de quali-
dade está diretamente ligada à alimentação de qualidade e 
em quantidades adequadas; cuidados com higiene e manejo 
das instalações.
 2 Sazonalidade da produção de carne – métodos de criação 
mais tecnificados garantem carne de qualidade durante 
todo o ano. Como os cultivos no brasil são na sua maioria 
extensivos, ficam dependentes das condições climáticas e 
do pasto.
3. O ideal é que seja ofertado entre 50 e 70% de pasto, sendo que 
a suplementação deve ser feita em ocasiões especiais, como, por 
exemplo, para ovelhas no terço final da gestação e em lactação, 
cordeiros desmamados e reprodutores em período de monta, ou 
quando o clima não estiver favorável e a pastagem estiver em 
más condições e com pouca qualidade. O melhor tipo de pasto é 
o de tamanho médio a baixo. Ademais, a pastagem deve ser, na 
medida do possível, sempre nova e fresca. O mais aconselhado 
é a utilização do sistema de manejo rotacionado, para evitar a 
infestação de pragas e a superutilização do solo. E, sempre que 
Técnicas de Produção Animal
– 202 –
possível, diversificar a cultura entre forrageiras e leguminosas, 
para conservar mais o solo, além de combater possíveis doenças 
e pragas.
4. A integração entre bovinos e caprinos consiste na criação das 
duas espécies ao mesmo tempo em uma mesma propriedade. 
Essa integração tem como principal benefício a otimização do 
uso da pastagem, uma vez que bovinos e caprinos têm compor-
tamento de pastejo diferentes e, por isso, exploraram de maneira 
distinta o pasto. Diferentemente de bovinos, que tendem a con-
sumir as pontas do capim e são menos seletivos, caprinos têm 
preferência pelas partes mais baixas e tendem a selecionar as 
melhores partes. No final, tem-se um aproveitamento quase que 
total do pasto. Esse maior consumo também colabora para a 
diminuição de doenças provenientes da pastagem, melhorando o 
aspecto sanitário dos rebanhos.
5. Bubalinocultura
1. Os búfalos são animais que apresentam boa adaptabilidade, pois 
são capazes de se desenvolver em regiões que oferta de alimen-
tos de baixa qualidade como áreas alagadiças e de solos pobres; 
longevidade, por viverem até mais de 40 anos e serem produ-
tivos também por bastante tempo; elevada taxa de fertilidade 
e reprodutividade. Comparados aos bovinos, os búfalos têm 
melhor aproveitamento de forragens com valor nutritivo baixo, 
pastejo em áreas de pouco utilização por outras espécies e áreas 
não utilizáveis para a agricultura.
2. A carne de búfalo apresenta características bem aceitas pelo 
público em geral. Trata-se de uma carne saudável, saborosa e 
de boa aparência. Comparativos entre a carne bubalina e a carne 
de vaca indicam que a primeira apresenta 40% menos coleste-
rol, 55% menos calorias, 11% a mais de proteínas e menos gor-
dura que a segunda. O leite de búfala possui maior concentração 
(menos água e mais matéria seca), mais nutrientes (proteínas, 
gorduras e minerais), rendimento industrial e maior agregação 
– 203 –
Gabarito
de valor, o leite bubalino tem cerca de duas vezes mais valor do 
que o leite bovino.
3. O processo de amansamento inicia com a perfuração nasal. É 
realizada a perfuração do septo, onde será colocada uma argola 
pela qual passara a corda que servirá como controle da direção 
do animal. Com a perfuração já cicatrizada, é iniciado o ades-
tramento, que é quando o animal aprende efetivamente como 
trabalhar. No início, os animais devem se acostumar com os 
arreios, sem que seja realizado nenhum trabalho. Em seguida, 
quando eles já estiverem familiarizados com a cinta ou colar, 
deve-se iniciar a tração de pequenos objetos e a carga deve ser 
aumentada de acordo com a adaptação do animal. Nesta fase 
também são ensinados os comandos de andar e parar, bem como 
os direcionamento de esquerda e direita.
4. Centro de manejo: deve ser construído perto da sede da proprie-
dade para que o acesso seja rápido e fácil. O ideal é que exista 
um espaço específicos destinados aos animais (curral, área de 
ordenha, bezerreiros, área de vacinação etc.). Um piso de fácil 
manutenção e limpeza, por exemplo, diminui significativamente 
a contaminação dos animais por fezes.
Cochos: devem estar distribuídos no pasto ou no centro de 
manejo, em locais de fácil acesso. Para cochos em área externa, 
é fundamental que estejam em áreas de boa drenagem e dimen-
sionado para tender todos os animais.
Cercas: a altura entre um fio e outro da cerca não deve ser maior 
que 20 cm, podendo ser de arame liso ou farpado. A distância 
entre os mourões não deve ultrapassar os 2 m.
6. Avicultura e suinocultura
1. Antigamente, a avicultura era basicamente uma atividade fami-
liar, na qual a criação das aves era feita em quintais, sítios e chá-
caras, de maneira extensiva. Os animais eram criados soltos e 
sua alimentação era baseada no se tinha disponível no ambiente, 
Técnicas de Produção Animal
– 204 –
como insetos e pequenos vertebrados, e, ocasionalmente, grãos. 
Esse modo de criação fazia com que o abate acontecesse após os 
6 meses de idade das aves. Atualmente, ainda se encontra mui-
tas propriedades que criam dessa maneira, mas em geral trata-se 
de uma produção de subsistência ou para abastecimento de um 
mercado mais próximo, menor e restrito. Para um consumo em 
maior escala, que atenda à demanda das grandes cidades, o mais 
comum é a avicultura comercial.
2. Os animais têm maior grau de liberdade e, ao mesmo, tempo, 
são empregadas algumas técnicas de criação voltadas para um 
desempenho zootécnico satisfatório. O mais comum nesse tipo 
de criação é que as aves tenham acesso a áreas livres de pastejo 
durante parte do dia, mas que também sejam alimentadas com 
ração e confinadas durante a noite.
Essa nova alternativa sistema 100% intensivo surgiu nos últi-
mos anos em virtude de uma crescente demanda por parte do 
mercado consumidor por alimentos mais saudáveis,com menos 
utilização de químicos e com grande preocupação com o bem-
-estar dos animais.
3. Para criação de aves, deve-se utilizar a cama de maravalha. 
Além disso, servem como conforto térmico, retendo calor e pro-
tegendo os animais do frio. O ideal é que no verão a cama tenha 
5 centímetros de altura e que no inverno esse número dobre (10 
cm). A construção do aviário deve ser feita no sentido leste-oeste 
(a fim de se evitar a incidência excessiva de raios solares), com 
a construção de muretas e aplicação de telas nas laterais.
Na criação de suínos, o ideal é que existam locais específicos, 
pelo menos, para fêmeas gestantes, recém-paridas, filhotes e ani-
mais adultos). Esses ambientes devem ser construídos em locais 
altos, com boa ventilação, drenagem e declividade.
4. Sistema Extensivo: Animais são criados soltos, sem separação 
por sexo e idade, com pouco uso de tecnologia. São alimen-
tados com sobras de alimentos e restos das lavouras. A baixa 
capacidade técnica e a falta de assistência profissional contri-
– 205 –
Gabarito
buem para uma baixa produtividade. Sistema Semiextensivo: 
Animais são separados de acordo com sexo e idade. Há mais 
investimento em instalações e tecnologia e, por isso, apresenta 
maiores taxas de crescimento e maior qualidade do produto. 
SISCAL: Animais são mantidos em piquetes. Possui baixo 
custo de implementação e manutenção. Deve-se observar espe-
cificações sobre o terreno, como declividade, qualidade das 
gramíneas, infiltração e erosão do solo. SISCON: Animais são 
mantidos confinados todo o ciclo. É um sistema com alto custo 
de implementação, mão de obra especializada e animais com 
genética melhorada para atingirem altas taxas de produtividade. 
Alto custo, impacto ambiental negativo e o bem-estar animal 
são as principais desvantagens.
7. Piscicultura e ranicultura 
1. A temperatura é importante porque as reações químicas que 
acontecem na água são dependentes dela. Caso ela atinja níveis 
acima ou abaixo do desejável, os organismos podem cessar seu 
desenvolvimento e morrerem. Ademais, o controle da tempe-
ratura influencia nas atividades fisiológicas dos animais (como 
digestão, reprodução e alimentação). O oxigênio está no meio 
aquático através da penetração direta proveniente do ar atmos-
férico, bem como por meio da fotossíntese realizada por orga-
nismos vegetais. A temperatura tem grande influência na quan-
tidade de oxigênio dissolvido disponível para os peixes, em que 
quanto menor a temperatura, mais oxigênio estará presente no 
meio; em temperaturas mais elevadas, menor quantidade de oxi-
gênio terá a água. Acima de 5,0 mg/L é a faixa ótima para pleno 
desenvolvimento dos peixes.
2. Nos sistemas de viveiro escavado, é aberto no terreno um espaço 
necessário para a locação dos peixes que serão criados. Trata-se 
de uma área retangular que pode ser povoada diretamente com a 
adição da água e dos animais, que pode ser feito um acabamento 
de alvenaria. Nesse sistema, é importante observar as condições 
Técnicas de Produção Animal
– 206 –
do relevo do terreno, bem como o tipo de solo. Os tanques-rede 
são estruturas colocadas diretamente no ambiente natural (rios, 
açudes, mar etc.) e os animais são confinados nesses espaços, 
mas ficam em contato com a água do local.
3. Restos de alimentos, fezes e urina, quando lançados em 
ambientes aquáticos, produzem um composto tóxico para o 
desenvolvimento de organismos aquáticos, a amônia. Depen-
dendo da concentração de amônia e seus derivados (como 
nitrito e nitrato), os animais podem sofrer irritações de pele, 
o que pode levar à morte deles. Para evitar a produção de 
amônia nos viveiros, é importante que seja feito o controle do 
alimento ofertado (evitando a superalimentação), oxigenação 
constante dos tanques, renovação da água periodicamente e 
limpeza constante.
4. O sistema confinado é constituído por um tanque retangular 
dividido em duas áreas, seca e molhada. O percentual de área 
molhada vem aumentando desde a sua criação. Atualmente, os 
criadores têm optado por uma divisão de 60 a 70% de área ala-
gada, e os demais de área seca. O sistema anfigranja é seme-
lhante ao anterior por possuir área seca e molhada, porém, a 
disposição é diferente. Em alguns, pode-se observar a adoção de 
abrigos para os animais. O ranabox é um sistema que visa eco-
nomia de espaço e consiste em caixas empilhadas umas sobre 
as outras onde os animais são confinados. Nesse sistema, toda a 
área é alagada.
8. Sanidade Animal
1. Procedimentos preventivos são ações profiláticas (prevenção) 
durante o manejo animal, como vacinação, vermifugação, tes-
tes sorológicos para detecção de doenças, testes parasitológicos, 
entre outros.
Procedimentos curativos são ações tomadas após a ocorrência 
de um problema, como doenças, infestações, machucados, into-
– 207 –
Gabarito
xicações. Diferentemente dos procedimentos preventivos, nes-
ses casos o animal já não está mais saudável, logo, necessita de 
algum tipo de tratamento para curá-lo.
2. Os sinais vitais são a frequência respiratória, temperatura corpo-
ral e frequência cardíaca. A frequência respiratória é a entrada e 
a saída de ar dos pulmões. É observada através dos movimentos 
do tórax, do abdômen e das narinas. A temperatura corporal cor-
responde ao equilíbrio entre o calor produzido e o calor perdido 
pelo organismo. A temperatura elevada pode estar relacionada a 
algum tipo de infecção. De modo contrário, aqueles que apresen-
tam temperatura corporal abaixo do normal, podem estar prestes 
a sofrer algum tipo de choque. A frequência cardíaca representa 
o número de batimentos cardíacos por minuto. A frequência 
acima dos valores normais pode ser reflexo de variações fisioló-
gicas e ambientais. Algumas infecções também podem acarretar 
uma alteração da frequência cardíaca.
3. O estresse é um estado gerado por diversos tipos de estímulos 
que levam a um aumento na secreção dos hormônios adrenalina 
e cortisol. O estresse pode produzir diversos efeitos, desde os 
imediatos ou mediatos, aos passageiros ou duradouros. Qual-
quer que seja, os sinais de saúde são alterados em menor ou 
maior intensidade.
4. O processo inflamatório consiste na reação do sistema imunoló-
gico à invasão de micro-organismos indesejados, como vírus e 
bactérias. Esse processo é marcado por um conjunto de ações, 
como febre, vermelhidão, inchaço e dor. A febre é uma reação ao 
aumento dos processos fisiológicos do organismo que ocorrem 
para evitar um ataque de outro organismo invasor. O organismo 
aumenta os processos para que a alta temperatura combata a 
agressão externa. A vermelhidão aparece no local afetado em 
razão do aumento de atividade e maior circulação de sangue. O 
inchaço é uma consequência da existência de micro-organismos 
patogênicos ou tecido lesionado. Tanto para a expulsão de pató-
genos, quanto na cura do tecido prejudicado, o corpo do ani-
Técnicas de Produção Animal
– 208 –
mal intensifica algumas atividades naquela área, ocasionando o 
inchaço. A dor é uma resposta do organismo que serve como 
alerta para o cérebro sobre a existência de algum problema.
9. Genética e produção
1. De acordo com o texto e com Rolim (2014), um animal de raça 
é aquele que tem características que se encaixam em um padrão 
e consegue transferir essas características a seus descendentes. 
Essas características que compõem o padrão esperado são defi-
nidas pelas associações de raças.
2. A consanguinidade é o grau de parentesco que indivíduos têm 
em comum, por isso quanto maior o grau de parentesco entre 
os indivíduos, maior a consanguinidade. Animais com grau 
de parentesco elevado apresentam maiores chances de terem 
os “mesmos genes” porque vieram de progenitores semelhan-
tes (irmãos entre si, pai e filha, avô e neta, etc.), o que leva a 
uma condição denominada homozigose.Na reprodução animal, 
quanto maior a homozigose, maiores as chances de anomalias 
congênitas relacionadas principalmente a problemas de fer-
tilidade e sobrevivência e, por isso, nos tipos de cruzamentos 
veremos que, em alguns casos, o que se busca é a utilização de 
animais com reduzidos ou nenhum grau de consanguinidade.
3. Na raça Girolando, utiliza-se o macho da raça Gir e a fêmea da 
raça Holandesa. O Girolando é uma ótima opção para criado-
res brasileiros porque é a mistura da raça holandesa, que tem 
ótima aptidão para a produção de leite e da raça Gir, que apre-
senta maior rusticidade e adaptabilidade a climas mais quentes. 
Para a obtenção do Girolando, é realizado o cruzamento para 
obtenção de 5/8. Para a produção, são utilizados dois animais 
de raças distintas, que dão origem a um animal com 50% do pai 
(1) e 50% da mãe (1). Esse animal fêmea ½ é casalada com um 
segundo macho puro da raça do pai (1), gerando um descendente 
¾ do pai (1) e ¼ da mãe (1). A segunda filha, então, acasala com 
um macho puro da raça da mãe (1), dando origem à cria 5/8.
– 209 –
Gabarito
4. A análise do desempenho animal por meio dos índices zootécni-
cos é uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento da pecuá-
ria, permitindo ao pecuarista, por exemplo:
 2 comparar as técnicas do presente com o que era feito no 
passado, avaliando se houve aumento de produção, de cus-
tos, de produtividade etc.
 2 levantar os pontos fortes e fracos do rebanho.
 2 estabelecer metas de produção.
 2 Analisar o benefício de novas tecnologias introduzidas, ou 
novos manejos.
 2 ter maior controle financeiro da atividade.
10. Parâmetros zootécnicos e gestão da produção
1. A prova de ganho de peso é uma verificação de desempenho de 
bovinos de corte que tem como objetivo identificar indivíduos 
superiores dentro das características de interesse. São realizadas 
por criadores, empresas, associações ou instituições de pesquisa. 
Os testes devem ser repetidos com frequência, a cada geração.
O teste de progênie apresenta maior precisão do que a prova de 
ganho de peso, pois consegue informar com exatidão as carac-
terísticas que o reprodutor consegue passar aos descendentes. É 
uma técnica amplamente utilizada na produção leiteira princi-
palmente, em que são feitas comparações entre os descenden-
tes de reprodutores. Por depender da avaliação das crias, é um 
método que leva muito tempo e é mais caro.
2. As características podem ser divididas em físicas, que são valo-
res atribuídos subjetivamente, de acordo com a percepção de 
quem está avaliando (por exemplo raça e disposição corporal); 
de produto, que indica a qualidade do produto final; de capa-
cidade de produção, que avalia efetivamente a quantidade do 
que foi produzido; de eficiência produtiva, que analisa a preco-
cidade produtiva dos animais; e de características reprodutivas 
Técnicas de Produção Animal
– 210 –
de machos (avaliados principalmente quanto a sua capacidade 
reprodutiva) e fêmeas (reprodução e fatores relacionados à sani-
dade animal e à aptidão materna
3. Seiri (utilização): Observar o que é necessário para a realização 
das tarefas e o que já não estiver mais em uso, quebrado, obso-
leto ou sem função deve ser descartado. Seiton (organização): 
definir os locais apropriados para materiais, ferramentas, insu-
mos e os locais específicos para atividades como vacinação, ali-
mentação e marcação. Seiso (limpeza): limpeza e higienização 
dos locais, como curral, equipamentos de vacinação, recipien-
tes de alimentação, pisos e chão. Seiketsu (saúde): promover o 
bem-estar dos animais, com locais adequados para descanso e 
para alimentação, além de realizar as atividades de acordo com 
o clima, buscando manter o conforto térmico. Para os funcioná-
rios, é importante garantir equipamentos apropriados, bem como 
proteção individual. Shitsuke (disciplina): garantir que tudo que 
foi desenvolvido nas etapas anteriores seja mantido.
4. Planejar: definir os problemas ou pontos de melhoria e priorizá-
-los. Em seguida, definidos os principais problemas, estipular as 
metas para cada ponto levantado. Por fim, elaborar o plano de 
ação. Fazer: colocar em prática as ações definidas no plano, bem 
como treinamentos. Conferir: registrar todos os acontecimentos 
e verificar se o plano de ação está sendo seguido, quais as difi-
culdades e percepções encontradas. Agir: compilar os resultados 
das ações e confirmar se as metas estipuladas na fase de planeja-
mento foram alcançadas.
Referências
Técnicas de Produção Animal
– 212 –
ABREU, Urbano Gomes Pinto de; LOPES, Paulo Sávio. Análise de Sis-
temas de Produção Animal: Bases Conceituais. Corumbá: Embrapa 
Pantanal, 2005. 29 p.
AGRONEGOCIO INTERIOR. Bem-estar animal na suinocul-
tura. 2016. Disponível em: <http://agronegociointerior.com.br/wp-con-
tent/uploads/2016/04/bem-estar-animal.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2019.
AGROPECUARIA, Revista. Inseminação artificial em bovinos: tec-
nologia de ponta. Disponível em: <http://www.revistaagropecuaria.
com.br/2015/02/13/inseminao-artificial-em-bovinos-biotecnologia-de-
-ponta/>. Acesso em: 10 fev. 2019.
ALEXANDER, George Razook. Secretaria de Agricultura e Abasteci-
mento. Prova de ganho de peso: normas adotadas pela estação experi-
mental de zootecnia de sertãozinho. 40. ed. Sertãozinho: Instituto de Zoo-
tecnia, 1997.
AMARAL, Gisele et al. Avicultura de postura: Estrutura da cadeia produ-
tiva, panorama do setor no Brasil e no mundo e o apoio do BNDES. BNDES 
Setorial, Rio de Janeiro, v. 43, n. 1, p.167-207, mar. 2016.
AQUACULTURE BRASIL (Laguna). Peixe BR lança o Anuário da 
Piscicultura 2018. 2018. Disponível em: <http://www.aquaculturebra-
sil.com/2018/02/19/peixe-br-lanca-o-anuario-da-piscicultura-2018/#>. 
Acesso em: 29 abr. 2019.
ARTMANN, Tairine Aimara et al. Melhoramento genético de bovinos 1/2 
sangue taurino x 1/2 zebuínos no Brasil. Revista Cientifica de Medicina 
Veterinária, Garça, v. 22, n. 12, p.1-19, jan. 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (São 
Paulo). Resumo do setor de aves. Disponível em: <http://abpa-br.com.
br/setores/avicultura/resumo>. Acesso em: 13 abr. 2019.
______. História da Avicultura no Brasil. Disponível em: <http://abpa-
-br.com.br/setores/avicultura>. Acesso em: 8 abr. 2019.
______. História da Suinocultura no Brasil. Disponível em: <http://
abpa-br.com.br/setores/suinocultura>. Acesso em: 08 abr. 2019.
– 213 –
Referências
AYROZA, Daercy Maria Monteiro de Rezende; CARMO, Fernando 
Jesus; AYROZA, Luiz Marques da Silva. Panorama da Piscicultura no 
Brasil. Casa da Agricultura, São Paulo, v. 3, n. 14, p.9-10, jul. 2011.
AZEVEDO, Danielle Maria Machado Ribeiro; ALVES, Arnaud Azevedo; 
SALES, Ronaldo de Oliveira. Principais Ecto e Endoparasitas que Aco-
metem Bovinos Leiteiros no Brasil: Uma Revisão. Revista Brasileira de 
Higiene e Sanidade Animal, Ceará, v. 2, n. 1, p.43-55, maio 2008.
BAYER. Verminoses em Bovinos. Disponível em: <https://www.saudea-
nimal.bayer.com.br/pt/doencas/visualizar.php?codDoenca=verminoses-
-em-bovinos>. Acesso em: 10 maio 2019.
BERNARDES, Otavio. Bubalinocultura no Brasil: situação e importância 
econômica. Revista Brasileira de Reproduçao Animal, Belo Horizonte, 
v. 31, n. 3, p.293-298, jul. 2007.
BÉRTOLI, Cláudia Damo. Introdução à Zootecnia. Camboriú: Ifsc, 
2008. 55 p.
BOYAZOGLU, J. Livestock farming as a factor of environment, social 
and economic stability with special reference to research. Livestock Pro-
duction Science, v. 57, 14p., 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos Funcionais. 2009. Elaborado 
por Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/220_alimentos_funcionais.html>. Acesso 
em: 12 mar. 2019.
______. Ministério da Saúde. O que é sistema imunológico. Disponível 
em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv/o-que-e-sis-tema-imunologico>. Acesso em: 08 maio 2019.
BRITO, Maria Aparecida. Agência de Informação Embrapa. Mastite. Dis-
ponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/
arvore/AG01_202_21720039247.html>. Acesso em: 10 maio 2019.
BROOM, D. M; FRASER, A. F. Comportamento e bem-estar de ani-
mais domésticos. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2010. 438 p.
CAMARGO, Wellington. Controle de Qualidade Total. Curitiba: IFPR, 2011.
Técnicas de Produção Animal
– 214 –
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Aná-
lise Mensal: Carne de Frango. Brasília, 2017.
______. Perspectivas para a agropecuária: Safra 2018/2019. 6. ed. Bra-
sília: Conab, 2018.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Declaração 
Universal dos Direitos dos Animais. 1978. Disponível em: <http://por-
tal.cfmv.gov.br/uploads/direitos.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2019.
CORR, S. A. et al. Radiographic assessment of the skeletons of Dolly and 
other clones finds no abnormal osteoarthritis. Scientific Reports, [s.l.], v. 
7, n. 1, p.1-3, 23 nov. 2017. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1038/
s41598-017-15902-8.
DAMÉ, Maria Cecília Florisbal. Búfalo: animal de tração. Pelotas: 
Embrapa Clima Temperado, 2006. 24 p.
DELPRETE, Sâmila Esteves. FIV em bovinos: conheça a forma mais 
rápida de melhorar a genética do rebanho. Disponível em: <https://tecno-
logianocampo.com.br/fiv-em-bovinos/>. Acesso em: 10 fev. 2019.
EMBRAPA. A qualidade da carne suína. Disponível em: <https://www.
embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-suina>. Acesso em: 8 abr. 2019.
______. Caprinos e Ovinos. Boletim do Centro de Inteligência e Mer-
cado de Caprinos e Ovinos: Pesquisa Pecuária Municipal 2017: efetivo 
dos rebanhos caprinos e ovinos. 5. ed. Sobral, 2018. 12 p.
______. Criação de Búfalos: Coleção CRIAR. [s.l]: Embrapa, 1998. 140 p.
______. Informação tecnológica. Pastejo associado de ovinos e bovi-
nos. 2010. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/noticias/pastejo-
-associado-de-ovinos-e-bovinos_116103.html>. Acesso em: 13 mar. 2019.
______. Manual Técnico de Ranicultura. Brasília: Embrapa Agroindús-
tria de Alimentos, 2013.
______. Sugestões para a implantação do sistema intensivo de suínos 
criados ao ar livre (SISCAL). 14. ed. Brasília: Cnpsa, 1994.
– 215 –
Referências
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO 
NORTE (EMPARN). . Orientações técnicas sobre criação de ave cai-
pira. Natal: Emparn, 2005. 15 p.
ESCOLA DE VETERINARIA UFMG (Minas Gerais). Caderno Técnico 
de Veterinária e Zootecnia: Bem-estar animal. 67. ed. Belo Horizonte: 
Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia - 
Fepmvz, 2012. 159 p.
EUCLIDES FILHO, Kepler. A EMBRAPA Gado de Corte e a produção 
de carne de qualidade. 36. ed. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 
2000. 5 p.
______. O melhoramento genético e os cruzamentos em bovino de 
corte. 2. ed. Campo Grande: Embrapa, 1997.
FAO. Dairy Production and Products – Milk Production. Disponível em 
<http://www.fao.org/agriculture/dairy- gateway/milk-production/en/#.
V3AZwbgrLIV> Acesso em 20 de fevereiro de 2019
______. Food And Agriculture Organization Of United Nations. The state 
of world fisheries and aquaculture 2018 (SOFIA). Roma, 2018.
______. Capacitação para implementar boas práticas de bem-estar ani-
mal: relatório do encontro de especialistas da FAO. Roma: Fao, 2009. 61 p.
______. The State of Food and Agriculture. Roma: Fao, 2016. 173 p.
FARIA, Caroline. William Edward Deming. Disponível em: <https://
www.infoescola.com/biografias/william-edward-deming/>. Acesso em: 
14 jun. 2019.
FEDERAL, Governo. Censo Agropecuário: rebanho caprino aumen-
tou 16% no Brasil. 2018. Elaborado por Embrapa. Disponível em: < 
http://www.brasil.gov.br/noticias/economia-e-financas/2018/08/censo-
-agropecuario-rebanho-caprino-aumentou-16-no-brasil>. Acesso em: 12 
mar. 2019.
FERNANDES, Sergio Augusto Albuquerque; ROSSATO, Caio; BER-
NARDES, Otavio. Avaliação da produção leiteira de búfalas na região 
sudoeste de São Paulo. Bol Búfalo ABCB, n.1, 2004.
Técnicas de Produção Animal
– 216 –
FERREIRA, Ademir de Moraes. Importância econômica de intervalos 
entre partos. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/
Agencia8/AG01/arvore/AG01_79_21720039240.html>. Acesso em: 31 
maio 2019.
FERREIRA, Cláudia Maris. A Importância da Água e sua Utilização em 
Ranários Comerciais. Panorama da Aquicultura, Rio de Janeiro, v. 13, 
n. 79, p.15-17, nov. 2003.
FORC CENTRO DE PESQUISA EM ALIMENTOS. Leite de búfala 
tem mais gordura, cálcio, vitamina A e proteínas do que o leite de 
vaca. Disponível em: <http://alimentossemmitos.com.br/leite-de-bufa-
la-tem-mais-gordura-calcio-vitamina-a-e-proteinas-do-que-o-leite-de-
-vaca>. Acesso em: 26 abr. 2019.
FRANDSON, Rowen D; WILKE, W Lee; FAILIS, Ana Dee. Anatomia 
e Fisiologia dos Animais Domésticos. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1979. 429 p.
GILBERTO ROMEIRO DE OLIVEIRA MENEZES. Empresa Brasileira 
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Demandas tecnológicas dos 
sistemas de produção de bovinos de corte no Brasil – Melhoramento 
Genético Animal. Brasília: Embrapa Gado de Corte, 2016. 20 p.
GOMES, Rodrigo da Costa; FEIJÓ, Gelson Luiz Dias; CHIARI, Luci-
mara. Evolução e Qualidade da Pecuária Brasileira. Campo Grande: 
Embrapa, 2017. 4 p.
GONÇALVES, Rafael Garcia; PALMEIRA, Eduardo Mauch. Suino-
cultura Brasileira. Observatorio de La Economía Latinoamericana. 
Revista Academica de Economia, [s.l], v. 71, n. 1, p.1-11, dez. 2006.
GOUVEIA, Aurora M.. Sistema digestivo dos ruminantes. Disponível 
em: <http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/sistema-digestivo-
-dos-ruminantes/>. Acesso em: 10 abr. 2019.
GUIMARAES, Clovis. Cabrito, a carne vermelha mais saudável do 
mundo. Revista de Política Agrícola, São Paulo, v. 2, p.125-126, abr/
mai/jun 2017.
– 217 –
Referências
HAFEZ, B.; HAFEZ, E. S. Reprodução Animal. 7 ed. Barueri, SP: 
Manole, 2004. 513 p.
HELLMEISTER FILHO, Paulo. Efeitos de fatores genéticos e do sis-
tema de criação sobre o desempenho e o rendimento de carcaça de 
frangos tipo caipira. 2002. 77 f. Tese (Doutorado) - Curso de Agronomia, 
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São 
Paulo, Piracicaba, 2002.
IBAMA. Lei da Vida: Lei dos Crimes Ambientais. 2. ed. Brasília: Ibama, 
2014. 64 p.
III SEMANA DE PATOLIGA VETERINARIA E 2º SIMPOSIO DE 
PATOLOGIA VETERINARIA DO CENTRO-OESTE PAULISTA, 2005, 
Garça. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária da FAEF. Garça: 
Famed, 2005. 4 p.
INFOESCOLA. Charles Darwin. Disponível em: <https://www.infoes-
cola.com/wp-content/uploads/2017/08/charles-darwin.jpg>. Acesso em: 
16 jan. 2019.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indi-
cadores IBGE. Brasília: Ibge, 2017. 52 p.
______. Indicadores IBGE: Estatística da Produção Pecuária. Brasília: 
Ibge, 2018.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Evolução da 
Piscicultura no Brasil: Diagnóstico e desenvolvimento da cadeia pro-
dutiva de tilápia. Rio de Janeiro, 2017.
JORGE, André Mendes et al. Características quantitativas da carcaça de 
bubalinos de três grupos genéticos terminados em confinamento e abati-
dos em diferentes estádios de maturidade. Revista Brasileira de Zootec-
nia, [s.l.], v. 34, n. 6, p.2376-2381, 2005.
JOSÉ PIMENTA. Associação Brasileira de Proteína Animal (abpa). A 
proteína animal brasileira em 2018: Desafios e Perspectivas. [s.l]: 
ABPA, 2018.
Técnicas de Produção Animal
– 218 –
KONIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-george. Anatomia dos Animais 
Domésticos: Texto e Atlas coloridos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
804 p.
KOURY FILHO, William. Mitos e realidade sobre consanguinidade ou 
endogamia. Revista Abcz, [s.l], v. 10, n. 1, p.1-5, set./out. 2002.
LOPES, Marcos Aurélio et al. Uso de ferramentas de gestão na atividade 
leiteira: um estudo de caso nosul de Minas Gerais. Revista Científica de 
Produção Animal, Lavras, v. 18, n. 1, p. 26-44, 2016.
LOURENÇO JUNIOR, José de Brito; GARCIA, Alexandre Ros-
seto. Panorama da Bubalinocultura na Amazônia. Belém: Embrapa 
Amazônia Oriental (cpatu), 2009.
MADELLA-OLIVEIRA, Aparecida de Fátima et al. Aspectos da comercia-
lização de carne e leite de bubalinos na região Norte Fluminense. Revista 
Brasileira de Reproduçao Animal, Belo Horizonte, v. 29, n. 1, p.53-54, 
jan. 2005.
MAIS CARNE SUÍNA. Associação Brasileira dos Criadores de Suí-
nos. Bem-estar animal na suinocultura. Disponível em: <http://www.
maiscarnesuina.com.br/wp-content/uploads/2015/09/img-bem-estar-1.
png>. Acesso em: 16 jan. 2019.
MARINHEIRO, Mariana Fontanetti. Enfermidades genéticas com 
mutações caracterizadas em bovinos. 2011. 17 f. TCC (Graduação) - 
Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-
tecnia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botu-
catu, 2011.
MATTE JÚNIOR, Alexandre Aloys; JUNG, Carlos Fernando. Produção 
leiteira no Brasil e características da bovinocultura leiteira no Rio Grande 
do Sul. Ágora, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 1, p.34-47, 5 jan. 2017.
MENDES, Judas Tadeu Grassi; PADILHA JUNIOR, João Batista. Agro-
negócio, uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 
2007. 369 p.
MIELE, Marcelo et al. O desenvolvimento da suinocultura brasileira nos 
últimos 35 anos. In: SOUZA, Jean Carlos Porto Vilas Boas et al. Sonho, 
– 219 –
Referências
desafio e tecnologia: 35 anos de contribuições da Embrapa Suínos e 
Aves. Concordia: Embrapa Suínos e Aves, 2011. p. 85-102.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECI-
MENTO. Roberto Luiz Teodoro. Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (EMBRAPA). Cruzamento Triplo ou Tricross. Disponível 
em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/
AG01_245_21720039249.html>. Acesso em: 30 maio 2019.
______. Rui da Silva Verneque. Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (EMBRAPA). Heterose ou Vigor Híbrido. Disponível em: 
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/
AG01_234_21720039248.html>. Acesso em: 30 maio 2019.
______. Dados de rebanho bovino e bubalino no Brasil – 2017. 2017. 
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-ani-
mal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/febre-aftosa/
documentos-febre-aftosa/DadosderebanhobovinoebubalinodoBra-
sil_2017.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2019.
MION, Thiago Denardi et al. Indicadores zootécnicos e econômicos para 
pequenas propriedades leiteiras que adotam os princípios do Projeto Balde 
Cheio. Informações Econômicas, São Paulo, v. 42, n. 5, p.5-19, set/out. 
2012.
MORAES, Paula Louredo. Sistema Digestório das Aves. Disponível em: 
<https://alunosonline.uol.com.br/biologia/sistema-digestorio-das-aves.
html>. Acesso em: 05 fev. 2019.
NASCIMENTO, Cristo Nazaré Barbosa do; CARVALHO, Luis Otávio 
Danin de Moura; LOURENÇO JUNIOR, José de Brito. Importância do 
Búfalo para a Pecuária Brasileira. In: ENCONTRO SOBRE BUBALI-
NOS. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 1., 1979, Araça-
tuba. Belém: Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (cpatu), 
1979. p. 1 - 31.
OLIVEIRA, Afonso de Liguori. Búfalos: produção, qualidade de carcaça 
e de carne. Alguns aspectos quantitativos, qualitativos e nutricionais para 
promoção do melhoramento genético. Revista Brasileira de Reprodu-
çao Animal, Belo Horizonte, v. 29, n. 2, p.122-134, abr. 2005.
Técnicas de Produção Animal
– 220 –
OLIVEIRA, Marcos de. Contribuições dos bovinos brasileiros. Pesquisa 
Fapesp, São Paulo, v. 264, n. 1, p.68-71, fev. 2018. Disponível em: <http://
revistapesquisa.fapesp.br/2018/02/15/folheie-a-edicao-264/>. Acesso em: 
16 abr. 2019.
OLIVEIRA, S. R. de. Apostila de Zootecnia Geral. São Gabriel da 
Cachoeira: IFAM, 2008. 41 p.
PAULO, Portal do Estado de S. Evolução da caprino e ovinocul-
tura no Brasil. 2006. Disponível em: <https://economia.estadao.
com.br/noticias/negocios,evolucao-da-caprino-e-ovinocultura-no-bra-
sil,20060704p1387>. Acesso em: 13 mar. 2019.
PESSOA, Ricardo Alexandre Silva. Nutrição Animal: Conceitos Ele-
mentares. São Paulo: Érica, 2014.
PINHEIRO, Cleusa. Piscicultura: Tecnologia e Profissionalismo Fazem a 
Diferença. Casa da Agricultura, São Paulo, v. 3, n. 14, p.6-8, jul. 2011.
PORTAL PRÉ-HISTÓRIA. Eras geológicas. Disponível em: <https://4.
bp.blogspot.com/-J9Jlg6Pt7QU/VrhCLIhh1fI/AAAAAAAADpE/
mPeTJi5zR1A/s1600/eras_geologicas_by_piratadandi.jpg>. Acesso 
em: 16 jan. 2019.
REVISTA GLOBO RURAL. Brasil tem 120 milhões de hectares de 
pastos degradados. mar. 2015. Disponível em: <http://revistagloboru-
ral.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/ noticia/2015/03/brasil-tem-
-120-milhoes-de-hectares-de-pastos-degradados.html>. Acesso em 20 de 
fevereiro de 2019.
REVISTA SUPER INTERESSANTE. Grupo Abril. Como o homem 
caçava e se alimentava na Pré-História. 2018. Disponível em: <https://
abrilsuperinteressante.files.wordpress.com/2018/07/565c6b2a0e-
216333040099b5thinkstockphotos-875226481.jpeg?quality=70&stri-
p=info&resize=680,453>. Acesso em: 16 jan. 2019.
RODRIGUES, Milenna Karoline Fernandes et al. Uso do Ecocardiograma 
na Avaliação Cardíaca de Bovinos. Enciclopédia Biosfera, [s.l.], p.2749-
2771, 4 dez. 2015. Centro Científico Conhecer. http://dx.doi.org/10.18677/
enciclopedia_biosfera_2015_240.
– 221 –
Referências
ROLIM, A. F. M. Produção animal: base da reprodução, manejo e saúde. 
São Paulo: Érica, 2014.
RUTZ, Fernando et al. Avanços na fisiologia e desempenho reprodutivo 
de aves domésticas. Revista Brasileira de Reproduçao Animal, Belo 
Horizonte, v. 31, n. 3, p.307-317, jul. 2007.
SANTOS, Fábio. Girolando, a raça que mudou a produção de leite 
no Brasil. 2019. Disponível em: <https://canalrural.uol.com.br/noticias/
pecuaria/leite/girolando/>. Acesso em: 30 maio 2019.
SANTOS, Glauco Jonas Lemos; PINHEIRO, Diana Célia Sousa Nunes. 
Adesão Leucocitária na Medicina Veterinária: Aspectos Moleculares e 
Enfermidades Relacionadas. Acta Veterinária Brasilica, Fortaleza, v. 6, 
n. 4, p.249-259, mar. 2013.
SEDANO, Claudia. Agência IBGE. Maior concentração de búfalos do 
país, Ilha do Marajó está no Censo Agro. 2017. Disponível em: <https://
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/17932-maior-concentracao-de-bufalos-do-pais-ilha-do-marajo-
-esta-no-censo-agro>. Acesso em: 26 mar. 2019.
SENAR. Técnicas de produção animal. Brasília: Senar, 2015.
SHEI, Marcelo. O que é – Aquicultura em Sistema de Recirculação de 
Água?. Disponível em: <http://www.aquaculturebrasil.com/2017/01/30/o-
-que-e-aquicultura-em-sistema-de-recirculacao-de-agua/>. Acesso em: 29 
abr. 2019.
SILVA, Ecarlos Carneiro da. Gestão de propriedades rurais. Brasília: 
EMATER/DF, 2011.
SOUSA, Gioto Ghiarone Terto. et al. Intervalo de parto e período de ser-
viço em bovinos de leite. PUBVET, Londrina, v. 6, n. 22, Ed. 209, Art. 
1398, 2012.
TEIXEIRA, Eliana Maria; TSUZUKI, Natália; FERNANDES, Célia 
Andressa; Martins, Reginaldo Marcos. Produção Agroindustrial. São 
Paulo: Érica, 2015.
Técnicas de Produção Animal
– 222 –
TOKARNIA, Carlos H.; DÖBEREINER, Jürgen; PEIXOTO, Paulo V. 
Deficiências minerais em animais de fazenda, principalmente bovinos 
em regime de campo. Pesquisa Veterinária Brasileira, [s.l.], v. 20, n. 3, 
p.127-138, set. 2000. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: <http://dx.
doi.org/10.1590/s0100-736x2000000300007>. Acesso em: 13 maio 2019
UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE (USDA). Live-
stock and Poultry: World Markets and Trade. [s.l]: Office Of Global 
Analysis, 2019. 21 p. Disponível em: <https://apps.fas.usda.gov/psdon-
line/circulars/livestock_poultry.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2019.
VIEIRA, Guilherme Augusto; QUADROS., Danilo Gusmão de. O 
manejo sanitário e sua importânciano novo contexto do agronegó-
cio da produção de pecuária de corte. 2012. Disponível em: <https://
pt.engormix.com/pecuaria-corte/artigos/manejo-sanitario-sua-importan-
cia-t37727.htm>. Acesso em: 06 maio 2019.
XLV CONGRESSO DA SOBER “CONHECIMENTOS PARA AGRI-
CULTURA DO FUTURO”, 45., 2007, Londrina. Gestão da qualidade 
em propriedades leiteiras. Tupã: Sober, 2007. 13 p.
XXVII ENCONTRO DA ANPAD, 27., 2004, São Carlos. Ferramentas 
de gestão para a agricultura familiar: o uso de sistemas de custeio e 
indicadores de desempenho. Atibaia: Anpad, 2004. 12 p.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODU-
ÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. A etapa planejamento do ciclo PDCA: 
um relato de experiências multicasos. Santa Maria: Abepro, 2008. 15 p.
ZEN, Sergio de et al. Evolução da Avicultura no Brasil. Piracicaba: Cen-
tro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/esalq/usp, 2014. 5 p.
A presente obra tem como objetivo analisar e propor uma reflexão sobre aspec-
tos importantes da pecuária brasileira. Inicialmente, o leitor tem contato com 
conceitos fundamentais de anatomia e fisiologia animal, para que possa com-
preender as semelhanças e, principalmente, as diferenças básicas no funcio-
namento dos organismos das espécies animais mais comumente utilizadas na 
criação animal com finalidade econômica. Posteriormente, são trabalhados em 
cada capítulo as atividades produtivas, como bovinocultura, caprinocultura e 
ovinocultura, bubalinocultura, avicultura, suinocultura, ranicultura e piscicultura.
São apresentados os históricos das atividades e o cenário econômico mundial, 
para que o leitor tenha uma visão de como cada sistema de criação nacional 
contribui para o desenvolvimento da pecuária mundial. Ademais, são discuti-
dos os principais aspectos das criações, como são conduzidos os diferentes 
sistemas e o que há de mais moderno nas atividades.
Ao longo dos capítulos, o leitor encontra algumas referências explicitas no pró-
prio texto, servindo como um referencial sobre aquele assunto. Autores renoma-
dos no campo do agronegócio e da produção animal foram utilizados para que 
as temáticas abordadas contenham informações de qualidade.
No decorrer do exto, é possível perceber que as questões da sanidade e 
do bem-estar animal são inseridas para que o aluno perceba que é possível 
desenvolver uma produção economicamente viável, lucrativa e tecnológica que 
respeite a dignidade dos seres vivos e o meio ambiente.
A obra se encerra com a abordagem de padrões zootécnicos importantes 
para a criação animal e trata da importância de uma gestão de mercado bem 
conduzida, levando em consideração não só questões de ordem prática, como 
uma análise teórica embasada em estudos científicos. Desse modo, é disponi-
bilizado ao leitor um entendimento mais abrangente dos principais pontos da 
pecuária, além de uma compreensão com fundamentações cientificas, possibi-
litando um nível de entendimento mais aprofundado.

Mais conteúdos dessa disciplina