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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP ESCOLA POLITECNICA DA USP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUCAO PRO-3213 PRINCIPIOS DE ADMINISTRACAO EXERCICIOS DE ENGENHARIA ECONOMICA- Lista de Exercícios de Engenharia Econômica extraída do Livro “Engenharia Econômica” , autor: Pierre Jacques Erlich VALOR PRESENTE LIQUIDO E RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO Este conjunto de procedimentos utiliza o fluxo em si, ao longo do tempo e uma taxa de juros correspondente ao custo de oportunidade. Vejamos os projetos A, B e C que ocorrem ao longo de seis períodos t. Os valores são os de fim de cada período. A taxa de juros r = 12% é a mesma para os três projetos. Projeto VPL ROI t 0 1 2 3 4 5 6 A 352,0 -1000 800 800 1,4 B 361,2 -1200 650 650 650 1,3 C 160,1 -1200 -1000 700 700 700 700 700 1,1 R 12% O projeto A consiste num investimento inicial de 1000 em t = 0 e rendimentos iguais de 800 em t = 1 e t = 2. Em seguida, o projeto se encerra. O Valor Presente Liquido VPL é a soma dos valores de t = 0 a t = 2, descontados: VPL = 352. Sendo VPL positivo, o projeto resulta desejável, pois ele é melhor que a alternativa de referência que rende 12%. O Retorno sobre Investimento ROI é igual aos dois retornos de 800, devidamente descontados para o instante t = 0 e somados, dividido pelo investimento, que já está em t = 0. Resulta ROI = 1,4 maior do que 1,0 o que confirma a desejabilidade. O projeto B termina em t = 3. Resulta um VPL = 361,2 e um ROI = 1,3. Este projeto também é desejável, tanto pelo critério do VPL como pelo critério do ROI. O importante é que os projetos A e B não seriam comparáveis se não tivéssemos especificado claramente que A termina em t = 2 e que B termina em t = 3. Como veremos mais adiante em mais detalhes, se tivéssemos que escolher o mais desejável dos dois, o único critério correto seria o VPL. O projeto C termina em t = 6 e resulta desejável, tanto pelo critério do VPL como pelo critério do ROI. Para o calculo do ROI, o investimento de 1000 que ocorre em t = 1 foi descontado para encontrar seu valor em t = 0 e foi somado ao investimento de 1200 em t = 0. Os rendimentos que ocorrem de t = 2 até t = 6, foram todos descontados e somados em t = 0. Ou seja todas as operações, quer sejam de soma, ou de divisão sempre têm que ser feitas com valores referenciados ao mesmo instante no tempo: neste caso (e é o mais comum) em t = 0. O critério do ROI é muito utilizado, mas requer alguns cuidados na sua interpretação. Para melhor entender, vamos decompor os projetos A, B e C e, para poder compará-los, adicionar uma hipótese (que tanto pode corresponder à realidade, como não) que os torna compatíveis no tempo: todos terminam em t = 6. Para tanto, o projeto A será repetido 3 vezes (e chamado de A1), o projeto B duas (e chamado de B1) e o C já está adequado. Repare bem que os projetos A e A1 são muito diferentes. Em t = 4, O valor para A é zero, enquanto que para A1 é -200. A parte superior da planilha é a mesma que já foi analisada acima. Quanto ao resto, separamos com o índice i o que é investimento e com r o que é retorno. As letra maiúsculas correspondem aos valores tais como ocorrem ao longo do tempo, enquanto as minúsculas correspondem aos valores descontados para t = 0, de modo a poder proceder com as operações de soma e de divisão. Vemos que A é pior que B, mas que A1 é melhor tanto que B, como que B1. O ROI também é chamado de VPLq ou NPVq, para notar que é um quociente. Cuidado, ROI ou VPLq, não é somente uma maneira diferente de apresentar o resultado de uma avaliação – também é uma maneira diferente de especificar a estrutura de um projeto !!. Em diversas ocasiões, a melhor maneira de apresentar o resultado de uma avaliação é pelo seu Valor Equivalente Uniforme "Anual", que costuma ser notado pela letra A. Para os três projetos, resulta: AA = VPLA/(P/A, 12%, 2) = 352,0/1,6901 = 208,2 AB = VPLB/(P/A, 12%, 3) = 361,2/2,4018 = 150,4 AC = VPLC/(P/A, 12%, 6) = 160,1/4,1114 = 38,9 EXERCICIO 1 Durabilidade e Flexibilidade O problema consiste na decisão para a aquisição de um entre cinco equipamentos diferentes oferecidos por diferentes fornecedores. Vou precisar deste tipo de equipamento por seis anos. Qualquer um resulta no mesmo desempenho técnico. Entretanto, o custo inicial, assim como os custos de manutenção e o tempo de vida são diferentes. O custo do capital é de 10% a.a. Equipamento Custo Inicial I Estimativa dos gastos em manutenção a serem contabilizados ao fim de cada ano de serviço Tempo de vida em anos I em $ M1 M2 M3 M4 M5 M6 N A 10.000 200 300 2 B 12.000 400 600 1.200 3 C 15.000 300 500 1.300 2.000 4 D 18.000 200 400 1.000 1.500 1.600 5 E 20.000 500 800 1.200 1.500 1.500 2.000 6 Analise este problema e proponha solução. EXERCICIO 2 Meu consumo anual de mandungos especiais é de 5.000 peças. Posso comprá-los prontos a $100 por unidade ou fabricá-los a um custo variável unitário de $60. Para fabricá-los preciso comprar uma mandugueira especializada por $1.500.000 que trabalhará durante dez anos antes de ser jogada fora, sem valor residual. O custo do capital para minha firma é de 15% a.a O Método Tempo de Retorno (Pay-Back) Este método recai na categoria dos "errados" e muito utilizados. Ele é intuitivo e, como freqüentemente ocorre, a intuição engana. No método do tempo de retorno, a idéia é privilegiar o projeto que reponha o investimento no tempo mais curto. Na sua forma mais simples, os investimentos ocorrem nos primeiros períodos do projeto e, somando-se as parcelas da esquerda (início) para a direita, começa-se com valores negativos. Os valores positivos (rendimentos) ocorrem nos períodos subsequentes. Ao continuar somando, há o momento em que o total passa de negativo para positivo. Este é o tempo de retorno. Vejamos os projetos A e B: A: (0, -100); (1, 40); (2, 60); (3, 20); (4, -10); (5, 20) B: (0, -100); (1, 40); (2, 60); (3, 20); (4, 20); (5, -10) Para estes dois projetos, a soma sucessiva cruza o zero em t = 2, de modo que para ambos os projetos o tempo de retorno é de 2 períodos. A soma total até t = 5 também resulta igual a 30 para ambos os projetos. Se ficarmos com estas análises, concluiremos que ambos os projetos são igualmente desejáveis – o que é errado ! Vamos procurar melhorar o processo somando os valores descontados (vamos adotar 10% por período) à origem. Os valores descontados (sugerimos que o leitor verifique) são: a: (0, -100); (1, 36,4); (2, 49,6); (3, 15); (4, -6,8); (5, 12,4) b: (0, -100); (1, 36,4); (2; 49,6): (3, 15); (4, 13,7); (5, -6,2) Agora o tempo de retorno passa a ser de aproximadamente 2,9 períodos (apesar que este não costuma ser o procedimento utilizado – costuma-se utilizar o anterior), mas continua rigorosamente idêntico para ambos os projetos. Entretanto, VPLA = 6,6 VPLB = 8,5 O método já não conseguiu identificar que o projeto B é melhor que o A, sendo que ambos têm o mesmo horizonte. Com horizontes diferentes, é ainda pior. Mas, como já expusemos, o método é bastante popular. Sua popularidade vem de uma mistura confusa de retorno e risco. Ele responde: em quanto tempo consigo recuperar meu investimento? É evidente que todos desejaríamos que fosse o mais rápido possível – mas isto não é uma medida de rentabilidade. No melhor dos casos é apenas uma medida de ansiedade. EXERCICIO 3 Um incinerador de lixo de 1.000 t/dia de capacidade requer um investimento de $ 50.000.000 e opera a um custo variável de $50/t. Um incinerador com capacidade de apenas 500 t/dia requer um investimento de $30.000.000 e opera a um custo variável de $55/t. A economia de escala é evidente, mas um incinerador excessivamente grande pode ficar ocioso, pois a demanda projetada para os próximos dez anos é: ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ton./dia 300 350 400 450 500 600 700 800 900 1.000 EXERCICIO 4 Um localfoi identificado para a construção de uma barragem, com benefícios integrados de geração de energia elétrica, irrigação e controle de inundações. Os custos são de diversas naturezas, tais como a construção da barragem, desapropriações e de deslocar populações e de atividades. O custo do capital para este tipo de atividade é de 7% ao ano. O horizonte de tempo, para fins de análise, é de 40 anos. Analise as três propostas em estudo. Altura da Barragem I – 58m II – 65m III – 70m Custo das Obras 9.000.000 11.500.000 15.500.000 Custo das Instalações 900.000 900.000 900.000 Custo dos Equipamentos 4.428.500 4.938.500 5.372.000 Investimento Total 14.328.500 17.338.500 21.772.000 Gastos Anuais de Operações e Manutenções 620.000 710.000 845.000 Valor dos Benefícios Anuais 3.647.000 4.067.000 4.424.000 EXERCICIO 5 Uma firma transportadora compra caminhões por $ 110.000 e incorre em custos anuais de manutenção de $ 10.000 no primeiro ano, $ 12.000 no segundo e assim por diante, aumentando em $ 2.000 por ano. Um caminhão com cinco anos de uso pode ser vendido $ 40.000 e um com seis por $ 30.000. O custo de oportunidade do capital é de 10% ao ano. Utilizando método do Equivalente Anual, analise a conveniência de ficar com o caminhão por cinco ou por seis anos. EXERCICIO 6 A firma Geringonça & Cia. Precisa aumentar sua produção de uma pecinha de precisão. Depois de muitos estudos, concluiu-se que, tecnicamente isto poderia ser feito por uma máquina RONCA operada semi-manualmente ou de uma máquina BRONCA totalmente automatizada. A capacidade de produção de ambas as máquinas é praticamente a mesma. A máquina RONCA custa aproximadamente $ 150.000, tem uma vida útil de 20 anos e um valor residual de $ 25.000. As despesas anuais com energia e manutenção serão da ordem de $ 25.000. Os custos da mão de obra foram estimados em $ 40.000 anuais. Será necessário efetuar reformas de maior porte ao fim de cada 5 anos (quinto, décimo e décimo quinto) a um custo de $ 30.000 cada vez. A máquina BRONCA é composta por duas unidades: a unidade básica e a unidade de controle. A unidade básica custa $ 250.000 e tem uma vida útil de 20 anos, após os quais seu valor residual será de $ 40.000. As despesas anuais de manutenção e de energia serão de $ 35.000 enquanto a operação custará $ 55.000 anualmente. A máquina também necessitará de reformas a cada cinco anos (quinto, décimo e décimo quinto) a um custo de $ 20.000 cada vez. A unidade de controle custa cerca de $ 125.000 e tem uma vida útil de dez anos, com valor residual de $ 25.000. As despesas anuais com energia e com manutenção serão de $ 27.500. Optando pela máquina BRONCA haverá um aumento anual de $ 1.500 no Imposto de Renda, em relação à opção pela máquina RONCA. O custo de oportunidade do capital é de 10% ao ano. Determine a melhor alternativa econômica EXERCICIO 7 – PERIODO DE REPOSICAO Calcular o tempo ótimo de reposição de um equipamento cujo custo inicial é de $1.000; os gastos de manutenção, considerados concentrados no fim de cada ano, são crescentes e dados pela tabela por Mn. O custo de oportunidade do capital é de 6% a.a. Política de troca a cada N anos Custo de Manutenção Mn VPL das manutenções, Para a política CAE [Investimento + VPL da Manutenção], para a política 1 50 2 75 3 90 4 125 5 150 6 180 7 200 8 250 9 300 10 400 EXERCICIO 8 – SUBSTITUICAO DE EQUIPAMENTO Equipamento atual – defensor Equipamento proposto – desafiante Há dez anos atrás, foi instalada uma tubulação de água a um custo de investimento de $ 150.000. Esperava-se que a instalação durasse 20 anos. Os custos de operação e manutenção têm crescido com o tempo e atualmente estão em $18.000 por ano e aumentando à taxa de $1.500 a mais por ano. Existe a alternativa de substituir toda a tubulação por uma nova (desafiante) a um custo de $ 100.000. Não se recuperaria nada da tubulação velha. Os custos de operação e manutenção da nova seriam de $7.000 por ano nos primeiros dez anos, e depois cresceriam linearmente, valendo $9.500 no décimo primeiro ano, $12.000 no décimo segundo, etc. O custo de oportunidade do capital é de 8% a.a. Pede-se: a) o tempo ótimo de reposição da nova instalação sendo proposta; b) quando substituir a instalação defensora existente pela proposta desafiante. a) Vejamos a tabela: Política N Custo Operacional no ano n (DEFENSOR) CAE do custo operacional ao longo da política CAE do Investimento em t = 0 CAE total 10 7.000 11 9.500 12 12.000 13 14.500 14 17.000 15 19.500 16 22.000 17 24.500 18 27.000 EXERCICIO 9 Um equipamento custa $ 60.000. Seus custos anuais de operação e manutenção são de 1.000 N e preço de revenda é $ 5.000(10-N), onde N é o número de anos, completos, de operação do equipamento. Para um custo de oportunidade do capital de 10% a.a., qual o prejuízo em renovar o equipamento a cada 3 anos de uso em vez de renová-lo a cada 4 anos de uso? EXERCICIO 10 Uma máquina comprada nova, em t = 0, por C0 = $2.000.000 tem os seguintes custos de manutenção e valores de revenda: Tempo t em anos Custo anual de manutenção no ano t Valor de Revenda no fim do ano t $ 1 50.000 1.600.000 2 110.000 1.300.000 3 170.000 1.000.000 4 230.000 900.000 5 290.000 800.000 6 350.000 700.000 7 410.000 600.000 8 470.000 500.000 9 530.000 450.000 10 590.000 400.000 Utilizando uma taxa de desconto anual de 15%, encontre o tempo ótimo de renovação desta máquina. EXERCICIO 11 – EFEITO DE DEPRECIACAO CONTABIL E REDUCAO NO IR Uma máquina tipo Ronca requer um investimento inicial de $ 100.000 e exigirá despesas extras de ajuste de $ 10.000 no primeiro ano, $ 5.000 no segundo ano e $ 3.000 no terceiro. Ao longo dos seus 15 anos de via útil ela gerará uma receita de $ 30.000 por ano para uma despesa operacional anual de $ 5.000. Ao fim de sua vida útil, seu desmonte implica numa despesa extra pontual de $ 20.000. A maquina Ronca será depreciada linearmente em 10 anos. A empresa está na faixa de 30% para fins de imposto de renda. Calcular a TIR – Taxa interna de retorno, após o imposto de renda. Para analisar este tipo de problema é preciso montar uma projeção de lucros e perdas correspondentes à operação desta máquina. Observe o papel da Depreciação. t Ano A Receita Bruta B Despesa Extra C Despesa Operacional D Depreciação E Lucro Contábil antes do IR = A-(B+C+D) F IR = 0,3*E G Fluxo Líquido = A-(B+C+F) 0 - $ 100.000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 EXERCICIO 12- Arrendar ou Comprar Uma empresa necessita de um equipamento cujo valor é $ 30.000, que poderá ser depreciado linearmente em 5 anos. Esta empresa trabalha com um custo de oportunidade do capital de 15% ao ano, após o IR e ela está na faixa de 30% para fins de imposto de renda. Uma financeira propõe-se a comprar o equipamento à vista e a oferecer as alternativas de revendê-lo financiado ou então por meio de um contrato de arrendamento. Eis os detalhes das propostas: Venda Financiada: Entrada de $ 10.000 e 5 anuidades de $ 4.000, cobrando juros adiantados de 10% sobre o saldo. A empresa poderá revender este equipamento, após os 5 anos de uso, por 10% do seu valor original. Contrato de Arrendamento: Pagamento $ 6.500 por ano, no inicio de cada ano. Análise da Empresa: a) Compra. Observe que em t = 5 vende-se o equipamento por $ 3.000 Ano I Pagamento do Principal II Juros de 6% adiantado III Depreciação IV Redução do IR V Fluxo = I + II - IV 0 1 2 3 4 5 Calculando à taxa de 15%, resulta VP = $ b) Arrendamento AnoI Pagamento II Redução do IR III Fluxo = I - II 0 1 2 3 4 � VPL em inglês é NPV = Net Present Value � ROI = Return on Investment