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SÉRIES DE POTÊNCIA SÉRIES DE POTÊNCIA Nosso objetivo, neste artigo, é estudar as séries de potências, pois queremos "escrever" determinadas funções importantes do cálculo como séries de potência. É muito útil esse conteúdo, pois imagine uma função que não tem como resolver através dos procedimentos que estudamos, podemos tentar transforma-la em séries e achar seu resultado, ou seja, tentamos achar um resultado numérico para ela, através das técnicas que estudamos até aqui. OBSERVAÇÃO: Para o índice usarei n, no entanto podemos usar qualquer letra que não altera nossos cálculos. Nos artigos anteriores o índice está como k. SÉRIES DE POTÊNCIAS TEOREMA 1: Uma série de potências centrada em x = a é uma série da forma: No qual a, C0 , C1 , C2, C3, .... são constantes e x é variável. OBSERVAÇÃO: Note que para cada valor de x fixado, a série de potência torna-se uma série numérica que pode convergir ou não. Nosso objetivo inicial é verificar quais valores de x tornam uma determinada série de potência convergente. Quando x = a, todos os termos são 0 para n ≥ 1, e a série de potências sempre converge quando x = a. EXEMPLO 1: Considere a série de potências tal que Cn =1 para todo n e a = 0. RESOLUÇÃO: Observe que temos uma série geométrica em que a razão é x (série geométrica vista em séries infinitas III). Portanto, obtemos: A série de potências converge para todos os valores de x tal que |x| < 1, ou seja, -1 < x < 1. A série de potências diverge para x ≥ 1. EXEMPLO 2: Pra quais valores de x a série é convergente? RESOLUÇÃO: Usarei o teste da razão para a convergência absoluta (teorema 11 - séries infinitas III) para verificar os valores que x converge. Se x = 0, veja que o resultado ficou 0 . ∞ que é uma forma indeterminada, reescrevi a equação e calculei, logo pelo teste do teorema 11, quando c < 1 a série converge se x = 0 e se x ≠ 0 o limite dará sempre infinito e a série divergirá. EXEMPLO 3: Para quais valores de x a série converge? RESOLUÇÃO: Usarei o teste da razão para a convergência absoluta (teorema 11 - séries infinitas III) para verificar os valores que x converge. Substitui n por x para aplicar L'Hôpital para achar o limite, logo meu c = |x - 3|, e pelo teorema 11 do teste a série só converge para c < 1, portanto |x - 3| < 1, observe abaixo Resumindo a série é convergente para x ∈ (2,4). Falta testar o que acontece para x = 2 e x = 4, testar os extremos. * Para x= 2 , no exemplo do teorema 9 em séries infinitas II testamos esta série, uma série harmônica alternada e pelo teste da série alternada ela converge. *Para x = 4, é uma série harmônica ou uma série p (teorema 3 em séries infinitas III) com p = 1, portanto divergente. CONCLUSÃO FINAL: O intervalo de convergência da série é [2,4), ou seja, para 2 ≤ x < 4 a série converge. TEOREMA 2: Para uma série de potências existem apenas 3 possibilidades: 1) A série converge apenas quando x = a e seu raio de convergência é 0, R =0. 2) A série converge para todo x . (O intervalo de convergência é (-∞,+∞), seu raio de convergência é ∞, R = ∞). 3) Existe R > 0 tal que a série converge se |x - a| < R e diverge se |x - a| > R. (Observe que nesse caso R é chamado de raio de convergência e por isso temos que testar os extremos para ver o ponto no extremo diverge ou converge, veja o quadro abaixo para melhor compreensão) EXEMPLO 1: Encontre o raio de convergência e o intervalo de convergência da série . RESOLUÇÃO: A série pode ser descrita como: Usarei o teste da razão para a convergência absoluta (teorema 11 - séries infinitas III) para verificar os valores que x converge. Dividi por n ambos os termos dentro da raiz para simplificar e não alterar a solução. c = 3 . |x|, sabemos que para convergir pelo teorema 11, 3 . |x| < 1 e diverge se 3 . |x| > 1. Observe abaixo, o raio de convergência é igual a 1/3, ou seja, R = 1/3. Possuo o intervalo de convergência da série -1/3 < x < 1/3, falta verificar os extremos x = -1/3 e x = 1/3. * x = -1/3, a série é igual a . Para testar se a série converge, podemos usar o teste da série p (teorema 3 em séries infinitas III), pois é uma série p com p = 1/2, portanto divergente (somando 1 no índice, diminui um na equação na parte em que possui o índice n). * x = 1/3, a série é igual a: . É uma série alternada. Para testar se a série converge, podemos usar o teste de Leibniz (teorema 9 em séries infinitas III): Satisfizeram as duas condições do teste de Leibniz, logo a série converge. CONCLUSÃO FINAL: O raio de convergência da série é R = 1/3 e o intervalo de convergência é (-1/3, 1/3], ou seja, -1/3 < x ≤ 1/3. EXEMPLO 2: Encontre o intervalo de convergência e o raio de convergência da série . RESOLUÇÃO: A série pode ser descrita como Usarei o teste da razão para a convergência absoluta (teorema 11 - séries infinitas III) para verificar os valores que x converge. Dividi por n ambos os termos, antes de aplicar, o limite para simplificar e não alterar a solução. c = 1/3 . |x + 2|, sabemos que para convergir pelo teorema 11, 1/3 . |x + 2| < 1 e diverge se 1/3 . |x + 2| > 1. Observe abaixo, o raio de convergência é igual a 3, ou seja, R = 3. Falta analisar a convergência nos extremos x = -5 e x = 1. * x = -5, a série é igual a: Note que é uma série alternada, para testar se a série converge, podemos usar o teste da série absolutamente convergente (teorema 10 em séries infinitas III) e depois o teste da divergência (teorema 1 em séries infinitas III) para confirmar a convergência ou divergência. Portanto pelo teste da divergência o resultado foi diferente de 0, portanto a série diverge. * x = 1, a série é igual a Já testamos a série acima, usando o teste da divergência (teorema 1 em séries infinitas III), ela diverge. CONCLUSÃO FINAL: O raio de convergência da série é R = 3 e o intervalo de convergência é (-5, 1), ou seja, -5 < x < 1. REPRESENTAÇÕES DE FUNÇÕES COMO SÉRIES DE POTÊNCIAS Neste artigo, aprenderemos como representar certos tipos de funções como somas de séries de potências pela manipulação de séries geométricas ou pela diferenciação e integração de tais séries. Cientistas fazem isso para simplificar expressões que eles utilizam; cientistas que trabalham com computadores fazem isso para representar as funções em computadores e calculadoras. TEOREMA 3: Começaremos com uma equação que vimos antes; quando a série de potências tal que Cn =1 para todo n e a = 0, obtemos uma série geométrica e conhecemos sua soma como representado abaixo. É uma série geométrica com a = 1 e r = x. Nosso ponto de vista é diferente. Agora nos referiremos à equação acima como uma expressão da função f (x) = 1 / (1 - x) como uma soma de uma série de potências. LEMBRANDO: que a série converge para |x| < 1, ou seja, -1 < x < 1 e consequentemente o domínio da função é de (-1,1), pois são os valores que a séries converge. Domínio é os valores que a variável pode assumir. EXEMPLO 1: Expresse 1 / (1 + x²) como a soma de uma série de potências e encontre o intervalo de convergência. RESOLUÇÃO: A ideia é utilizar o teorema 3, isto é, . Então pela função 1/ (1 + x²), observe que x = - x²: Vamos calcular o intervalo de convergência, sabemos que a função converge |x| < 1, então: Portanto, o intervalo de convergência é (-1,1). OBSERVAÇÃO: Claro que poderíamos ter determinado o raio de convergência aplicando o teste da razão (teorema 11 - séries infinitas III), mas todo aquele trabalho é desnecessário aqui. Sob o ponto de vista da função, temos que f(x) = 1 / (1 + x²) pode ser escrita como f(x) = 1 - x² + x4 - x6 + x8...... em que dom (f) = (-1,1), dom (f) = domínio da função. EXEMPLO 2: Encontre uma representação em série de potências para 1 / (x + 2). RESOLUÇÃO:Usaremos a mesma ideia do exemplo 1, mas, antes, devemos fatorar o denominador da função, veja abaixo: O intervalo de convergência será: Assim, o intervalo de convergência é (-2,2). EXEMPLO 3: Encontre uma representação para séries de potência para x³ / (x + 2). RESOLUÇÃO: Como essa função é x³ vezes o exemplo 2, tudo que temos que fazer é multiplicar essa série por x³. Como x = -x/2, o intervalo de convergência é o mesmo do exemplo 2, intervalo (-2,2). DIFERENCIAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE SÉRIE DE POTÊNCIAS TEOREMA 4: A soma da série de potências é uma funçãotiver um raio de convergência R > 0, então a função f definida por é diferenciável (e portanto contínua) no intervalo de convergência (a - R, a + R) e 1) Para derivar (diferenciar) a função, basta derivar termo a termo e montar a série. Diminuindo um no índice de n somamos 1 a função, e se somarmos algum número no índice diminuímos na função. Nesse caso, vou diminuir um no índice e meu n na função tenho que substituir por n + 1. (fiz isso para começar em 0 a série) 2) Para diferenciar a série é o mesmo procedimento, ou seja, integro termo a termo e pelo padrão dos termos monto a série. (C é a constante que aparece na integral indefinida e para saber seu valor basta igualar x a 0 e isolar a constante). Pela sequência dos termos escrevo a série: Os raios de convergência da série de potências nas equações 1 e 2 são ambos iguais a R. EXEMPLO 1: Expresse 1 / (x - 2)² como uma série de potência. Qual é o raio de convergência? RESOLUÇÃO: Note que diferenciando cada lado da função que estávamos usando antes, obtemos: Se quisermos, começar no 0, diminuímos 1 no índice, consequentemente, aumenta um no índice da fórmula da série, ou seja, substituindo n por n + 1, obtemos: O raio de convergência da série derivada é o mesmo que o da série original como nossa série original foi 1 / (1 - x) sabemos que o raio é |x| < 1, ou seja, R = 1. EXEMPLO 2: Encontre a representação de série de potências para ln (1 - x) e seu raio de convergência. RESOLUÇÃO: Note que a integral . Exceto pelo sinal negativo a função é igual a integral do nosso modelo que usamos, logicamente, basta integrar os termos de nosso modelo e multiplicar por (-) depois. Agora preciso saber o valor da constante C para calcular seu valor faço x = 0. O raio de convergência é o mesmo da série original, ou seja, R = 1. OBSERVAÇÃO: Observe o que acontece quando colocamos x = 1/2. EXEMPLO 3: Encontre uma representação de potências para f(x) = arc tg (x). RESOLUÇÃO: Lembre-se que f(x) = arc tg (x) = tg-1(x), vamos calcular pela integral, observe abaixo: (a função 1 / (1 + x²) já foi escrita em série de potência no exemplo 1 do teorema 3.) Para montar a série, veja o padrão dos termos no denominador e no expoente variam n + 2, simplificando temos 2n + 1 e a série alterna entre mais e menos. Para calcular a constante faço x = 0. Então a função fica: Como o raio de convergência da série para 1 / (1 + x²) é 1, o raio de convergência dessa série para arc tg (x) é também 1.