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ANÁLISE O AMOR DE PEDRO POR JOÃO, TABAJARA RUAS
ALUNA: Alexandra Kappke,
Professora: Márcia Roque
Porto Alegre, 6 de agosto de 2015
Ruas,Tabajara, O amor de Pedro por João. 2ª edição – Porto Alegre: L&PM, 1991
O enredo de “O amor de Pedro por João” desenrola-se principalmente no Chile, mas também na argentina e no Uruguai, embora seja protagonizada por personagens brasileiros. O contexto histórico é o período das ditaduras militares nos países latino-americanos, em especial o Brasil, e obviamente, o Chile em 1973. O livro dá vestígios, logo no seu inicio, do 11 de setembro de 1973 no país, e mais adiante as noticias do próprio ataque ao Palácio de Allende. 
					“- O que há, pô?
					- Golpe. – Respondeu ela.” – página 10
 
É no Chile socialista de Salvador Allende que os personagens do livro, como o próprio Dorival e a Ana do diálogo, encontraram refúgio, embora que apenas temporariamente. O livro relata a quebra dessa “paz” temporária, a partir do momento em que o golpe é instalado. Os brasileiros começam a ser vistos com muito preconceito e todos os estrangeiros tornam-se suspeitos de terem ideias comunistas, Todos os personagens são afugentados pela revolução de Pinochet, mortos ou exilados na Europa.
No começo do livro, há uma cena onde dois amigos, Hermes e Marcelo, livram-se de armas em uma praia gaúcha, jogando-as em um poço. Esse ato tem significância para revelar ao leitor o contexto histórico da obra também, o trecho demostra o sentimento de desistência e raiva dos amigos que se traduz pelo fim da fracassada revolução do grupo revolucionário que participam, pois em seguida Marcelo ruma para o Chile, em fuga, embora Hermes fique no Brasil com o desejo de vingar a morte da amada, que é irmã de Marcelo, Bia. 
“Lá se foi a frase. Para o poço. Como as armas. Como os outros. Como tudo. Como as ilusões. Porra, por que não dizer, berrar, rebentar os pulmões proclamando? Como as ilusões.” – Página 14
	Ana é mostrada desde o começo como refugiada no Chile, é a primeira personagem a mostrar-se tensa perante as noticias, a nova situação e o encaminhamento do golpe. Ela, assim como outros personagens, começa a perceber a nova situação nas ruas do país, repletos de soldados nas ruas e principalmente em torno dos palácios de governantes. É logo encarregada de comprar mantimentos e provisões para o caso de terem de ficar por muito tempo presos e escondidos no apartamento e impõe um racionamento da comida, é então que o estado de Sítio é declarado.
	Ana tenta manter-se firme perante os demais durante este tempo, mas a medida que o golpe avança, ela bebe ao vizinho guerrilheiro e tem um ataque de nervos no apartamento, onde todas as suas lembranças vem a tona. Descobrimos pela primeira vez seu marido, o dentista José Azevedo Dias. Na memória, Ana está preocupada com o desaparecimento do marido, e junto do filho Pedrinho, acompanha um sujeito estranho, o Vale, com um pouco de desconfiança, para encontra-lo. 
Mais tarde, chegando a uma chácara na chapada diamantina (Minas Gerais), Ana, com muito medo, tenta convencer-se de que tudo não passaria de uma surpresa ou de um presente do marido, pois o mesmo andava estranho, mas por fim ela encontra-se em um porão onde ele é torturado por conter possíveis informações de um grupo revolucionário e terrorista de tendência comunista, que Ana nem sabia estarem relacionadas ao marido. 
Ana cai em desespero, luta a acreditar que o homem quase morto à sua frente é seu marido, negando a informação e qualquer ajuda aos torturadores, que por fim a violentam de diversas maneiras e machucam inclusive Pedrinho em sua frente. Ao final, o marido e o filho estão mortos.
De volta ao apartamento e a vigia revezada entre Marcelo, Dorival, ela e o Alemão, quando permitida a saída breve das pessoas de Santiago para a rua com a finalidade de abastecer suas provisões, Dorival e ela tentam chegar ao apartamento de Mara e Hermes, mas Ana, mais traumatizada do que nunca, em delírio, enxerga Pedrinho em meio aos soldados e corre para busca-lo, Dorival é revistado e acaba ferido por tiros quando os soldados encontram com ele uma arma, ferido, tenta salvar Ana, mas ambos acabam mortos, esmagados por um tanque. Ana é descrita morta, mas abraçando o ar, como na presença do filho em seus braços.
Dorival tem a trajetória muito parecida com a de Ana no começo do livro, pois ambos estão escondidos juntos no apartamento. Ele conhece toda a sua história e acaba por encarregar-se de cuidar dela. Conheceram-se no aeroporto de Galeão (Rio de Janeiro), algemados juntos, prontos para serem exilados no Chile. Quando vê a falta de vida nos olhos da mulher, a trata com gentileza, lhe faz gestos simples, e decide permanecer com ela.
Dorival é um ex-lutador de boxe, que perdeu sua maior luta por muito pouco, ao ouvir a noticia do golpe recorda-se desse fato e de sua origem como grevista em Osasco. Ele avisa Marcelo e Alemão, que juntam-se no apartamento. Tem-se notificações de que o estrangeiros seriam a partir de agora, presos, e aqueles em porte de armas, fuzilados. Ele desdenha os hinos tocados na rua, e demostra fúria ao Ultimado à Allende e o estado de sítio. Mas fica preso no apartamento com os amigos, procurando musica, jogos e capoeira para distrai-lo, enquanto o vizinho, atira da janela de seu apartamento nos militares.
É no apartamento que conta à Marcelo e Alemão sobre o dia que enfrentou a guarda quando preso no Rio de Janeiro, desafiando, frustrado, os guardas da prisão, mostrando o tão burocrático e sem sentido eram as ordens que os militares, não importando a patente, seguiam, completamente indignado com as negações de um simples banho de chuveiro. Nesse episodio de seu passado, ele mostra-se corajoso e forte, e mais inteligente que os militares. Argumenta ao final da discussão que eles seriam “paus-mandados”, pois tal ordem de proibição vinha do carcereiro e não tinha validade nenhuma. Por fim, perdendo a paciência completamente, ele ataca com agressividade o tenente. Dorival apanha de vários guardas e por fim, o limpam de seu sangue no chuveiro.
Por fim, tentando como sempre proteger Ana, como já mostrara ao decorrer de todo livro importar-se e cuidar dela, tenta salva-la na rua quando dirigem-se ao apartamento de Hermes e Mara e ambos morrem atropelados por um tanque militar.
Marcelo Oliveira é o personagem que inaugura o livro. Ele participa da Estória no começo dos capítulos, em um determinado tempo-presente, e também do enredo que desenrola-se em Santiago, com Dorival, Ana e Alemão, fatos do passado. Onde, como já descrito, ficaste também preso no apartamento.
Asilado politico, é acolhido pela embaixada argentina no Chile, onde encontra outros 580 companheiros aglomerados e começa a lembrar-se do amigo Hermes e o episódio em que livram-se das armas quando revistado. Lá, ele percebe a partir do paulista manco Álvaro a pouca comida e as condições pouco favoráveis para o numero de pessoas, negando-se a comentar sobre os arranhões no rosto. 
Em seguida, é informado que Ana e Dorival estão mortos, arrasado, deseja apenas dormir, embora qualquer tentativa de encostar a cabeça resulte em lembranças horríveis. Os pesadelos de Marcelo giram sobretudo em torno da morte do companheiro Micuim, abalando ainda mais suas condições psicológicas. Micuim era um poeta do seu tempo de faculdade que acreditava que sua poesia mudaria o mundo. 
Hermes e Marcelo, no passado, viajam das praias gaúchas até a fronteira após livrar-se das evidencias. Ambos recordam os bons tempos na casa da praia, onde viveram amores com Bia e Mara, respectivamente, então fogem para o Uruguai. Eles discutem a rota: Uruguaiana ou livramento; e optam por separem-se, Marcelo fica em Riveira e Hermes retorna à Porto Alegre para caçar Porco, assassino de Bia.
Na embaixada, Marcelo tem contato com outros personagens do livro com estórias desenvolvidas antes do exilio, como Sepé. Ele informa Marcelo que Mara e Hermes estão presos no Estádio Nacional do Chile, é aqui que Marcelo mostra-se preocupado com o estadodela. Ele conta ainda o episodio em que não conseguiu entrar no prédio de Hermes e Mara em Santiago, abordado por um momio e como conseguiu fugir.
Marcelo não mostra interesse na estória de Sepé sobre seus pensamentos nas ruas de Santiago em que se escondeu. Ele pergunta insistentemente sobre Mara e Hermes, pois a situação lhe é um grande trauma, considerando todas as pessoas que perdeu. Ele não confia plenamente em Sepé ou Álvaro e Imagina que Mara está enlouquecendo de nervosismo.
A vida de Marcelo, torna-se em parte, pensar em Micuim, Mara e Hermes. Então ele tem um encontro com Degrazzia no banheiro da embaixada e ao avista-lo, velho, acabado, sem dentes, nem um pouco ereto, sofrendo de delírios por causa de seu passado; abandona as lembranças e ilusões do tempo da guerrilha e dos revolucionários, reconhecendo que a batalha foi perdida. 
Quando a cruz vermelha aparece na embaixada, Marcelo escreve para Mara, em suas lembranças, descobre-se que ele perdeu a virgindade com ela. Ele espera dias e mais dias, sem obter resposta. Seus sonhos envolvem Micuim, sangue, odor de urina e o relógio de seu bulso.
Ainda cercado de lembranças, Marcelo revela um encontro com seu pai em Porto Alegre, que mostra mais um motivo justificável para seu estado emocional. Após a morte de Bia, sua irmã, disfarçado, ele segue o pai, que o reconhece. No encontro, Marcelo explica o pai sua vida clandestina e descobre a morte da mãe após uma depressão causada por ver o corpo deformado de Beatriz e um pai adoecido e triste, em busca de contato espiritual com a filha. Porém, o motivo da lembrança para é o desejo de reencontro e de conversa com o pai.
Hermes chega à Embaixada do Estádio e Marcelo resiste ao seu impulso incontrolável de perguntar por Mara em primeiro lugar, ele relembra do reencontro com Micuim, da guerrilha do La Hermida com Alemão após se separem de Dorival e Ana em Santiago, Chile. É narrada a falta de funcionalidade das armas, o evento em que Micuim foi morto em uma explosão, dia em que o relógio de Marcelo poderia ter parado e que Micuim, antes de morrer, confessou ter sido um traidor e entregado Bia. No trecho, Marcelo recusa-se a acreditar, inconformado com as suas perdas e fora de si em meio a uma batalha perdida.
Mara e Hermes ficam juntos, em Belo Horizonte, Marcelo lembra-se de uma das ultimas vezes que viu Mara, em Garibaldi, e os personagens começam a receber asilo de diversos países diferentes. Marcelo livra-se do relógio e recebe uma fotografia de Hermes, que lhe trás extrema tristeza. Na foto, Mara, Beatriz, Marcelo e Hermes estão na praia de arroio do mar, litoral gaúcho, felizes, nos bons tempos, juntos de Micuim, o fotografo na ocasião e eles sentem que naquele momento eles eram ainda ingênuos em comparação à atualidade. Marcelo embarca então, em Buenos Aires, rumo à França.
Essa obra deveria ser incentivada como leitura obrigatória por apresentar para muitos jovens a realidade de outros de idade similar nos anos das ditaduras latino-americanos, pois esse é um período da história que não deve ser esquecido ou apagado, como por vezes parece acontecer. A escrita de Tabajara Ruas é sensacional e bastante desafiadora por sair da linearidade a qual boa parte das pessoas é acostumada.

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