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PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
2 
 
 
ÍNDICE 
 
CAPÍTULO I - PRISÃO PROCESSUAL ............................................................................................ 4 
1) INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 
2) PRISÃO EM FLAGRANTE: Relaxamento de prisão/liberdade provisória ............................................. 5 
3) PRISÃO PREVENTIVA: Revogação da prisão preventiva ................................................................ 28 
4) PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n. 7960/89): Revogação da prisão temporária ...................................... 44 
CAPÍTULO II - PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 53 
CAPÍTULO III – QUEIXA-CRIME E QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA .......................................... 56 
1) QUEIXA-CRIME ........................................................................................................................... 56 
2) QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA ...................................................................................................... 62 
CAPÍTULO IV - FASE JUDICIAL: PROCEDIMENTO COMUM ...................................................... 66 
1) DA DENÚNCIA E REJEIÇÃO DA DENÚNCIA ................................................................................. 66 
2) CITAÇÃO .................................................................................................................................. 69 
3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO .......................................................................................................... 71 
4) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO....................................................................................................... 86 
5) MEMORIAIS .............................................................................................................................. 87 
6) EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI – PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO DA 
CONSUBSTANCIAÇÃO .............................................................................................................. 102 
CAPÍTULO V - PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI – 1ª FASE ........................................ 109 
3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI ......................................... 112 
4) MEMORIAIS DO JÚRI ................................................................................................................. 116 
CAPÍTULO VI - RECURSOS ......................................................................................................... 123 
1) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO .............................................................................................. 123 
1.10) RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ..................................................................... 138 
2) CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ............................................................. 144 
3) APELAÇÃO ............................................................................................................................... 147 
3.8) RAZÕES DE APELAÇÃO ....................................................................................................... 159 
4) APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI .......................................................................................... 167 
5) CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO .............................................................................................. 173 
7) REFORMATIO IN PEJUS ............................................................................................................ 177 
8) EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE ............................................................................. 180 
9) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ................................................................................................... 187 
10) CARTA TESTEMUNHÁVEL ......................................................................................................... 192 
CAPÍTULO VII - COMPETÊNCIA ................................................................................................. 197 
CAPÍTULO VIII - EXERCITANDO PEÇAS ................................................................................... 212 
 PADRÃO DE RESPOSTAS - Questões e Exercitando Peças .................................................... 238 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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OAB 
2ª Fase 
 
4 
 
 CAPÍTULO I – PRISÃO PROCESSUAL 
1) Introdução 
A prisão processual, também chamada de prisão cautelar ou provisória, ocorre por 
força da necessidade de segregação cautelar do acusado da prática de um delito durante as investigações 
ou no curso da ação penal nas hipóteses previstas na legislação processual penal. 
É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos 
ou que adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente da 
prática delituosa. 
Nos termos do artigo 283 do CPP, três são as espécies de prisão provisória: prisão 
em flagrante (art. 301 a 310 CPP), preventiva (art. 311 a 316 CPP) e temporária (Lei 7.960/89). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISÃO EM FLAGRANTE – artigo 301/310 do CPP 
PRISÃO PREVENTIVA – artigo 311/316 do CPP 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 
ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA 
01
 
 
 
 
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2) PRISÃO EM FLAGRANTE 
2.1) CONCEITO 
Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e processual, 
consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido 
cometendo uma infração penal ou quando acabou de cometê-la, ou quando perseguido, logo após, sem 
situação que faça presumir ser autor da infração, ou, ainda, quando encontrado, logo depois à prática da 
infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o autor da infração. 
Em síntese, a prisão em flagrante decorre quando presente uma das hipóteses 
previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal. 
A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do CPP, suprimindo a 
possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se presentes os requisitos do 
artigo 312 do CPP e inadequada ou insuficiente a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz 
deverá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. 
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza 
precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo 310 do CPP 
(relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória). 
2.2) ESPÉCIES DE FLAGRANTE – Art. 302 CPP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
PRÓPRIO 
Art. 302, inciso III, do CPP. Ver art. 290, CPP. 
Art. 302, inciso I, do 
CPP. 
 
Art. 302, inciso II, 
do CPP. 
 
Preso praticando 
o delito ou 
quando acabou 
de cometê-lo 
Perseguição 
ININTERRUPTA 
IMPRÓPRIO 
Encontrado – Art. 
302, IV, CPP 
PRESUMIDO 
a)
) 
b)
) 
c)
) 
 
 
 
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a) Flagrante próprio – Art. 302, I e II, CPP 
Trata-se de prisão efetivada no momentoem que o sujeito está praticando uma 
infração penal, ou quando acabou de cometê-la. 
A prisão deve ocorrer de imediato, sem qualquer intervalo de tempo entre a prática 
da infração e a detenção. Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local do crime. 
Ex: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair da agência bancária onde 
praticava o delito de roubo. 
b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE) – Art. 302, III, CPP 
Trata-se da hipótese em que o agente é perseguido, logo após a infração, no 
contexto que faça presumir ser o autor do fato. 
A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, com 
perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já deixou o local do crime. 
É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de 
informações a respeito da identificação do autor e a direção seguida na fuga, iniciando-se, logo após, 
imediatamente a perseguição. Uma vez cessada a perseguição, cessa a situação de flagrância. Ou 
seja, a perseguição deve ser contínua, sem interrupções. 
A concepção de perseguição pode ser extraída do art. 290, § 1º, do CPP, 
notadamente das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro. 
Não confundir início da perseguição com duração da perseguição. O início da 
perseguição deve ser logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode perdurar por muitas horas e até 
dias, como, por exemplo, em crime de roubo a banco, em que a polícia chega imediatamente ao local, faz o 
primeiro levantamento e, de imediato, sai em perseguição dos suspeitos, que se embrenharam numa mata 
por mais de 30 horas, por exemplo. Nesse caso, considerando que a perseguição deflagrada logo após à 
prática da infração penal foi ininterrupta, eventual prisão em flagrante será legal. 
Se o agente for preso após cessada a perseguição, sem mandado judicial, a prisão 
será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
 
 
 
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c) Flagrante presumido – Art. 302, inciso IV, do CPP 
Aqui o agente não é “perseguido”, mas “encontrado”, logo depois da prática da 
infração penal, na posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis em situação que permita presumir ser 
ele o autor da infração. 
Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem admitido 
prisões ocorridas várias horas depois do crime. Não aceita, no entanto, prisão muitos dias depois ao do 
crime. 
2.3) OUTRAS VARIAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
A) FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO 
O flagrante preparado ou provocado ocorre quando uma pessoa, policial ou 
particular, provoca, induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente para poder prendê-la. 
Nesse caso, não fosse a ação do agente provocador, o sujeito não teria dado início à prática do delito, pelo 
menos nas circunstâncias pelas quais foi preso. 
Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da 
preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, seria impossível a consumação do crime. 
Em síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do flagrante age para evitar 
a consumação. 
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime impossível, 
que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal. 
 
CUIDADO: a perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a 
perseguição, não há mais situação de flagrância, devendo-se, a partir 
de então, efetivar-se a prisão somente munido de mandado judicial 
(prisão preventiva ou temporária, conforme o caso). 
 
 
 
 
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Ex: Policial disfarçado encomenda de um suspeito de praticar crime de falsidade de documento uma carteira 
de identidade fictícia, e, no momento combinado para a entrega do dinheiro e o recebimento do documento 
falsificado, realiza a prisão em flagrante. 
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade 
também pode decorrer de flagrante preparado por particular. 
Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da residência, dona de casa deixa uma 
joia na mesa de centro da sala, ficando à espreita. No momento em que a empregada pega a joia, a dona 
de casa, auxiliada ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, 
já decorrente de flagrante preparado. 
Em suma, o flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser relaxada. 
B) FLAGRANTE ESPERADO 
O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando conhecimento, 
por fonte segura, de que será praticado um delito, desloca-se até o local indicado, fica de campana e realiza 
a prisão quando iniciado os atos executórios do delito 
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante provocado, uma vez que, 
ao contrário deste, no flagrante esperado não há indução ou instigação da autoridade policial para que o 
agente dê início à execução do delito. 
O flagrante esperado constitui modalidade de flagrante válido, regular e, portanto, 
legal. 
C) FLAGRANTE FORJADO 
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de 
um crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato típico 
inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém. 
Ex: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa para prendê-la pelo delito de 
tráfico ilícito de entorpecentes. 
Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo/ilegal, merecendo, pois, ser 
relaxado. Nesse caso, o único infrator será o agente forjador, que pratica o delito de denunciação caluniosa 
(art. 339 do CP), e, se for agente público, também abuso de autoridade (Lei 4.898/65). 
 
 
 
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D) FLAGRANTE RETARDADO OU DIFERIDO OU AÇÃO CONTROLADA 
Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, 
não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas contra pessoas 
envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes. 
O flagrante retardado ou diferido funciona como autorização legal para que a 
prisão em flagrante seja retardada ou protelada para outro momento, que não aquele em que o agente está 
em situação de flagrância. Trata-se, pois, de uma autorização legal para que a autoridade policial e seus 
agentes, que, a princípio, teriam a obrigação de efetuar a prisão em flagrante (art. 301, 2ª parte, CPP), 
deixem de fazê-lo, visando a uma maior eficácia da investigação. 
Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou diferido, 
por exemplo no art. 53, II, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas) e art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das 
Organizações Criminosas). 
Nos termos do artigo 53, II, da Lei 11.343/2006, a não atuação policial na prisão 
imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do MP. Essa autorização judicial está 
condicionada ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei 12.850/2013, o retardamento da intervenção 
policial não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se for o caso, 
fixará os limites da atuação e comunicará ao MP. 
De acordo com o artigo 53, II, da Lei de Drogas, a não atuação imediata da 
autoridade policial exige autorização judicial e manifestação prévia do MP. 
A Lei nº 9613/98,que trata da Lavagem de Dinheiro, também prevê o instituto da 
ação controlada no seu artigo 4º-B, sendo possível suspender a ordem de prisão poderá ser suspensa pelo 
juiz, com prévia manifestação do MP, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIFERIDO/ 
RETARDADO 
ESPERADO espera a prática do delito para prender em flagrante. Prisão LEGAL. 
Cumpre no futuro 
PREPARADO/ 
PROVOCADO 
 
provoca, induz ou instiga 
 
 
Prisão ILEGAL 
 
Para aprofundar INVESTIGAÇÃO 
* artigo 53, inciso II, da Lei n. 11.343/2006; 
* artigo 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/2012; 
* artigo 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). 
 
Súmula 145 STF. CRIME IMPOSSÍVEL (artigo 17 do CP) 
 
Prisão ILEGAL 
 
acusa INOCENTE 
 
FORJADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.4) PROCEDIMENTO PARA A LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a 
presidência da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão em flagrante, tendo por 
objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a restrição de liberdade do agente e, ainda, reunir os 
primeiros elementos de convicção acerca da infração penal que motivou a prisão. 
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser 
conduzido à presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de 
flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe proceder 
da seguinte forma: 
a) oitiva do condutor: 
O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o apresentou 
à autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na maioria das vezes o condutor seja 
quem procedeu à prisão, não precisa necessariamente ser o responsável pela detenção do suspeito. 
Ex: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela 
prática do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia. Será um 
dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. 
b) oitiva de testemunhas: 
Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, 
que, pelos arts. 304, caput, e 304, §1º, do CPP, devem ser, no mínimo, duas (referem-se a “testemunhas”, 
no plural). 
Não há vedação a que sirvam como testemunhas agentes policiais. 
O condutor também pode ser considerado como testemunha numerária. 
A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão em 
flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas que tenham 
testemunhado a apresentação do preso à autoridade (art. 304, § 2º). Considera-se, portanto, testemunha 
de apresentação aquelas que presenciaram o momento em que o condutor apresentou o preso à autoridade 
policial. 
c) Interrogatório do preso. 
 
 
 
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O interrogatório deve observar as mesmas formalidades exigidas para o 
interrogatório judicial, previstas nos arts. 185 a 196, dentre as quais se destaca a advertência ao preso do 
seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor (art. 5º, LXIII, 
da CF1). 
d) Nota de culpa: 
Nos termos do artigo 306, § 1º e § 2º, do CPP, superadas essas etapas, cumpre à 
autoridade policial, em até 24 horas após a realização da prisão, encaminhar o auto de prisão em flagrante 
devidamente instruído ao juiz competente, bem como entregar ao preso, no mesmo prazo, mediante recibo, 
a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das 
testemunhas. 
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial 
cientifica o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. 
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de 
formalidade essencial. 
Além disso, a Lei 13.257/2016, incluiu o § 4º ao artigo 304, segundo o qual “Da 
lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas 
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa.” 
2.5) GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
A) Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público 
De acordo com o artigo 306 do CPP, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do 
preso ou à pessoa por ele indicada. 
O artigo 5º, LXII, da CF/88 dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local onde 
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
 
1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação penal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
 
 
 
 
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A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competente e 
ao Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. 
B) Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
Nos termos do artigo 306 do CPP e artigo 5º, LXII e LXIII, da CF/88, cumpre à 
autoridade policial providenciar a comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à 
pessoa por ele indicada, garantindo-lhe, assim, a assistência da família. 
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do 
preso, bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família. 
A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito subjetivo 
do flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em flagrante será ilegal, 
devendo, pois, ser relaxada. 
C) Da assistência de advogado ao preso 
Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal, o preso 
tem direito à assistência da família e de advogado. 
A presença de advogado não é imprescindível à lavratura do auto de prisão em 
flagrante. De outro lado, se o preso constituir advogado, não cabe, à evidência, à autoridade policial vedar 
a presença do advogado constituído nos atos que integram a lavratura do auto de prisão em flagrante, 
podendo o profissional acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas, bem como o interrogatório do 
flagrado. 
Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial 
encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do artigo 306, § 1º, 
do Código de Processo Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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14Em síntese, a inobservância de qualquer dessas formalidades gera a ilegalidade da 
prisão em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, deixar de homologar o auto de prisão em flagrante 
e determinar o relaxamento da prisão por ilegalidade formal. 
 
 
 
 
 
 
 
2.6) PROVIDÊNCIAS JUDICIAIS AO RECEBER O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Art. 310 
Ao receber o Auto de Prisão em Flagrante, o Juiz deverá adotar uma das 
providências previstas na nova redação do artigo 310 do CPP: 
A) 
B) 
C) 
 
Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o aspecto 
formal, a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, conforme as 
hipóteses do artigo 302 do CPP. Se observadas as formalidades, o Juiz homologa; na hipótese de alguma 
ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a prisão em flagrante. 
Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o 
Juiz deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou a concessão 
de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida cautelar diversa. 
GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata) 
COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO 
COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE 
ACESSO A ADVOGADO (DPE se não indicar adv.) 
A falta é 
ilegal 
RELAXAR O FLAGRANTE 
CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA 
CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança ou 
medidas cautelares) 
 
 
 
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Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade 
provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva2. 
Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá ser 
decretada em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP3 
e se não for suficiente outra medida diversa da prisão, bem como se presente uma das hipóteses do artigo 
313 do CPP. 
Assim, pela leitura do artigo 310, II, CPP, verifica-se que a prisão preventiva é 
a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada quando todas as demais medidas 
cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a insuficiência 
das medidas cautelares diversas da prisão (aquelas previstas no artigo 319 do CPP) passou a ser mais um 
requisito para o cabimento da prisão preventiva. 
Além disso, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá 
converter a prisão em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos do artigo 312 e 
313 do CPP. 
Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, 
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte), desde que: 
a) a prisão seja legal (inciso I); 
b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou insuficientes (inciso II, parte final); 
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude previstas no art. 23, 
do CP; 
d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP. 
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem cautelares). 
 
 
 
2 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente homologava o APF e 
mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá converter a prisão em flagrante em prisão 
preventiva. Eis a razão do caráter precautelar da prisão em flagrante (pois dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade 
provisória). 
3 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. 
Será estudado oportunamente. 
 
 
 
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Questão 04 – XXII EXAME 
Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas após mais um dia de aula 
na faculdade, quando são abordados por Marcos, que, mediante grave ameaça de morte e utilizando 
simulacro de arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e os celulares que carregavam. Após 
os fatos, Diego e Júlio comparecem em sede policial, narram o ocorrido e descrevem as características físicas 
do autor do crime. Por volta das 5h da manhã do dia seguinte, policiais militares em patrulhamento se 
deparam com Marcos nas proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas características 
físicas do roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos quaisquer dos bens subtraídos, nem o 
simulacro de arma de fogo. Ele é encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que era triplamente 
reincidente na prática de crimes patrimoniais, a autoridade policial liga para as residências de Diego e Júlio, 
que comparecem em sede policial e, em observância de todas as formalidades legais, realizam o 
reconhecimento de Marcos como responsável pelo assalto. O Delegado, então, lavra auto de prisão em 
flagrante em desfavor de Marcos, permanecendo este preso, e o indicia pela prática do crime previsto no 
Art. 157, caput, do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal. Diante disso, Marcos 
liga para seu advogado para informar sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede policial, para 
acesso aos autos do procedimento originado do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas as 
informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de acordo com a jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, aos itens a seguir. 
A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de Marcos e sob qual 
fundamento? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material poderá ser apresentado 
pela defesa para questionar a capitulação delitiva constante da nota de culpa, em busca de uma punição 
mais branda? Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
Questão 02 - XII EXAME DE ORDEM 
Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o patrimônio sem 
deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das 
vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para prender, 
em flagrante, o facínora. 
Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança deste. Certo dia, 
decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na próxima empreitada. Wilson diz 
que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir as instruções. 
O plano era o seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor 
momento, daria um sinal para que Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, 
 
 
 
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ocasião em que o ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e 
empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo o 
roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e anuncia o assalto. 
Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na casa lotérica 
eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo presoem flagrante, sob os aplausos da comunidade e dos 
demais policiais, contentes pelo sucesso do flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a 
Ricardo a prática do delito de roubo na modalidade tentada. 
Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda justificadamente: 
A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? (Valor: 0,80) 
B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua responsabilidade 
Jurídico penal? (Valor: 0,45) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.7) PEÇAS PRÁTICAS NO CONTEXTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
2.7.1) RELAXAMENTO DA PRISÃO 
I) BASE LEGAL 
 
 
II) IDENTIFICAÇÃO 
O pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO ILEGAL. 
 
III) CONTEÚDO 
A prisão ilegal pode decorrer de ilegalidade formal e/ou material. 
A) ILEGALIDADE FORMAL 
RELAXAMENTO DA PRISÃO PRISÃO ILEGAL 
BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 
PEÇA: 
 RELAXAMENTO DA PRISÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO ILEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades 
procedimentais previstas no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da Constituição Federal, 
notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV. 
As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de 
prisão em flagrante. 
Além da inobservância das formalidades no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do 
art. 5º da Constituição Federal, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso 
de prazo da prisão, como, por exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo previsto em lei, 
sem justificativa plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B) ILEGALIDADE MATERIAL 
Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem 
estar presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante. 
Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das hipóteses 
do artigo 302 do CPP, a prisão será materialmente ilegal. Em outras palavras, se não estiver configurada 
nenhuma das hipóteses de flagrância, a prisão é ilegal. 
ALGUMAS ILEGALIDADES FORMAIS 
* Inobservância das formalidades legais e constitucionais na lavratura do APF. 
* Não comunicação imediata da prisão à autoridade judiciária. 
* Não comunicação imediata ao Ministério Público 
* Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não informa 
nome de advogado. 
* Não entrega da nota de culpa no prazo de 24 horas. 
* Não viabilizar assistência de advogado. 
* Não comunicação imediata à família. 
* Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de crime 
de ação penal pública condicionada à representação. 
* Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por crime 
de ação penal privada; 
* Inversão da ordem de oitiva prevista no artigo 304 do CPP. 
* Falta de laudo de constatação da natureza da substância entorpecente (art. 50, §1º, 
da Lei 11.343/2006) 
 
 
 
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Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, ocorre 
invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS ILEGALIDADES MATERIAIS 
* Preso sem estar em situação de flagrância (artigo 302 do CPP) 
* Flagrante preparado/provocado – Súmula 145 do STF 
* Flagrante forjado 
* Preso por fato atípico 
* Condutor veículo no trânsito se prestar socorro à vítima (art. 301 do CTB). 
* Delito menor potencial ofensivo – comprometimento de comparecer à audiência. Artigo 69 
da Lei 9.099/95. 
* Preso por posse de drogas – Vedação usuário (art. 48, §2º, da Lei 11.343/2006). 
 
 
 
 
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A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Autos nº 
Fulano de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., 
residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, 
Código de Processo Penal e art. 5º, LXV da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos 
jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS4 
II) DO DIREITO5 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, 
a fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de 
soltura, por ser medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Local..., data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
4 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
5 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material. 
 
 
 
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2.7.2) LIBERDADE PROVISÓRIA 
I) CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o 
direito de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas condições. 
Nas palavras de Avena, com o advento da Lei 11.719/2008, modificada a redação 
do art. 408 (que restou substituído pelo atual art. 413) e revogado o art. 594, ficou o instituto da liberdade 
provisória limitado à prisão em flagrante.6 
Esse também é o entendimento de Nucci7, segundo o qual “a liberdade provisória, 
com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão preventiva 
ou temporária. Nessas duas últimas hipóteses, vislumbrando não mais estarem presentes os requisitos que 
a determinam, o melhor a fazer é revogar a custódia cautelar, mas não colocar o réu em liberdade provisória, 
que implica sempre o respeito a determinadas condições”. 
A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do CPP, segundo o 
qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá, fundamentadamente, conceder a liberdade 
provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda no art. 5º, LXVI, da CF/88, ninguém será levado à prisão 
ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Além disso, o artigo 321 do CPP dispõe que, ausentes os requisitos que autorizam 
a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as 
medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP e observados os critérios constantes do art. 282 do CPP. 
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar 
(na verdade, uma contracautela), alternativa à prisãopreventiva, nos termos do art. 310, III, do CPP. No 
sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva, como medida impeditiva 
da prisão cautelar [...] É a liberdade provisória uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha 
sua detenção convertida em preventiva.8 
 
 
 
 
66 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973. 
77 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785. 
8 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703. 
 
 
 
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PEÇA: 
 LIBERDADE PROVISÓRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO FLAGRANTE 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
II) BASE LEGAL 
 
 
 
III) IDENTIFICAÇÃO 
Cabe pedido de liberdade provisória nas hipóteses de prisão flagrante legal. 
 
 
 
 
 
 
 
IV) CONTEÚDO 
Se a prisão em flagrante se revestir de legalidade, pode o magistrado conceder a 
liberdade provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao agente a prestação de fiança e/ou 
outra medida cautelar diversa da prisão. 
Nos crimes afiançáveis, ausentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, 
é possível a concessão da liberdade provisória com fiança. 
Convém registrar, por pertinente, que há crimes que são inafiançáveis, tais como 
os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, crimes hediondos, 
bem como crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático. É o que se extrai do artigo 323 do CPP e art. 5º, XLII e XLIII, CF/88. 
BASE LEGAL: art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, LXVI da 
CF/88 
 
 
 
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Nesses casos, se ausentes os requisitos da prisão preventiva, será possível a 
concessão da liberdade provisória vinculada a fixação de uma medida cautelar diversa da prisão, salvo a 
fiança. 
Eis as hipóteses de liberdade provisória sem fiança: 
A) AUSÊNCIA DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA (ART. 321 DO CPP) 
Nos termos do artigo 321 do CPP, ausentes os requisitos da prisão preventiva, o 
juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância dos critérios da 
necessidade e da adequação previstos no art. 282 do CPP, exigir a prestação de fiança com a finalidade de 
assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de 
resistência injustificada à ordem judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão 
previstas no art. 319 do CPP. 
B) QUANDO HOUVER INDICATIVOS DE QUE O AGENTE PRATICOU A INFRAÇÃO PENAL 
ABRIGADO POR EXCLUDENTES DE ILICITUDE (ART. 310, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP) 
Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em 
flagrante indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade, 
exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal. 
Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente, 
independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável. 
Embora não esteja previsto no artigo 310, parágrafo único, do CPP, parte da 
doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de culpabilidade 
(embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc), uma vez que, ao final, o 
agente não será privado de liberdade. 
C) QUANDO, EMBORA AFIANÇÁVEL O CRIME, NÃO POSSUI O FLAGRADO CONDIÇÕES 
ECONÔMICAS PARA PEGAR A FIANÇA (ART. 350 DO CPP) 
V) LIBERDADE PROVISÓRIA X TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES 
A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei 
11.343/2006, que veda a concessão de liberdade provisória no crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o 
disposto no artigo 44 da Lei 11.343/2006 também na parte que veda a concessão da liberdade provisória, 
sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência e da dignidade da pessoa 
 
 
 
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humana, bem como que a Lei 11.464/2007, ao excluir dos crimes hediondos e equiparados a vedação à 
liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas, revogou, tacitamente, o artigo 44 desta Lei, que proibia 
o benefício ao crime de tráfico de drogas. 
Assim, é possível conceder a liberdade provisória ao agente preso em flagrante 
pelo delito de tráfico ilícito de entorpecentes, desde que ausentes os requisitos que autorizam a decretação 
da prisão preventiva. 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 4 - XV EXAME 
Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de março de 2015 porque conduzia um veículo automotor 
que sabia ser produto de crime pretérito registrado em Delegacia da área em que residia. Na data dos fatos, 
Wesley tinha 20 anos, era primário, mas existia um processo criminal em curso em seu desfavor, pela suposta 
prática de um crime de furto qualificado. Diante dessa anotação em sua Folha de Antecedentes Criminais, a 
autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que existiria 
risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato judicial. 
Você, como advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da ocorrência da prisão em flagrante, além de 
tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão 
já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em 
flagrante observadas. Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de Wesley? 
(Valor: 0,50) 
B) A representação da autoridade policial foi elaborada de modo adequado? (Valor: 0,75) 
Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso. 
Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão da 
liberdade provisória 
Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88. 
Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da CF/88. 
.. 
Ofensa ao princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da CF/88. 
 
 
 
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ESTRUTURA LIBERDADE PROVISÓRIA 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA.......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 9 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Autos nº... 
7 a 10 linhas 
Fulano de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., 
residente e domiciliado..., por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência requerer a LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no art. 310, inciso III, Códigode 
Processo Penal, art. 321 do Código de Processo Penal, e art. 5º, LXVI, da Constituição 
Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS10 
II) DO DIREITO11 
* Fazer referência, se for o caso, a fiança e/ou medidas cautelares diversas da prisão previstas no artigo 319 
e 320 do CPP.12 
 
9 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
10 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
11 Ausência dos requisitos da prisão preventiva (art. 321 CPP) e/ou hipótese de excludente de ilicitude (art. 310, 
parágrafo único, CPP), presunção da inocência (art. 5º, LVII, CF/88) 
12 Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou 
instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e 
trabalho fixos; 
 VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver 
justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os 
peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do 
seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
 
 
 
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III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
a) a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que possa responder 
a eventual processo em liberdade; 
b) a expedição do respectivo alvará de soltura; 
c) fixação de fiança13 e/ou medida cautelar diversa da prisão14; 
d) vista ao Ministério Público. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local... e data.... 
Advogado... 
OAB n. ... 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
Em suma: 
 
 
 
§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com 
outras medidas cautelares. 
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as 
saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas. 
13 Se o crime for afiançável. 
14 Extrair do enunciado a mais adequada ao caso concreto. 
 
 
 
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3) PRISÃO PREVENTIVA: Revogação da prisão preventiva 
3.1) CONCEITO 
Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz 
competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (arts. 312 e 313 do CPP). 
Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação 
criminal e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do 
 
Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia 
fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra embasamento também 
no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal, que permite a prisão provisória, antes do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva
 
 
fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis). 
 
“por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”. 
Necessita de Mandado 
Quando não for caso de conversão da prisão em flagrante em 
preventiva 
Formal ou material 
ma 
Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP e 
excludentes ilicitude – art. 310, parágrafo único do CPP 
Medidas cautelares – art. 319 do CPP 
FLAGRANTE 
DELITO 
PRISÃO 
LEGAL 
PRISÃO 
ILEGAL 
LIBERDADE 
PROVISÓRIA 
Se indeferido, 
HABEAS 
CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
RELAXAMENTO 
DA 
PRISÃO 
 
Se indeferido, 
HABEAS CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
 
 
 
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Conforme dispõe o art. 283, §2º, do CPP, a prisão poderá ser efetuada em qualquer 
dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade do domicílio, prevista no artigo 
5º, inciso XI, da Constituição Federal, segundo o qual salvo na hipótese de prisão em flagrante, a prisão 
somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. 
De acordo com o artigo 293 do CPP, durante o período noturno, no caso de prisão 
preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz competente, é vedado à 
autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão do suspeito. Todavia, nesse caso, se 
o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial, desde que munida de mandado, 
poderá efetivar a prisão. 
Durante o período noturno, se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, 
a autoridade policial deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir, com ou 
sem consentimento do morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem permissão do morador, 
a prisão será ilegal, devendo ser relaxada. 
O mandado de prisão deverá preencher os requisitos do artigo 285, parágrafo 
único, do CPP. 
3.2) LEGITIMAÇÃO 
Diante do que dispõe o art. 5º, LXI, CF/88, no sentido de que ninguém será preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo 
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, resta claro que a prisão 
preventiva somente pode ser decretada por ordem judicial. 
Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a 
prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. A prisão preventiva 
pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. 
Conforme se extrai do artigo 311 do CPP, durante a investigação policial, o juiz não 
pode decretar a prisão preventiva de ofício, mas apenas a requerimento do Ministério Público ou representação 
da autoridade policial. 
Durante a ação penal, a decretação da prisão preventiva pode ser decretada de 
ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, do querelante oudo assistente de acusação, ou 
representação da autoridade policial. 
Se, na fase de investigação, o juiz decretar de ofício a prisão preventiva, a prisão 
será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão. 
 
 
 
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3.3) PRESSUPOSTOS 
Nos termos da parte final do artigo 312 do CPP, a prisão preventiva somente é 
possível, se, no caso concreto, houver indícios suficientes de autoria e prova da materialidade: 
 
Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não 
cabe prisão preventiva nas contravenções penais. 
3.4) FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 312 
De acordo com o artigo 312 do CPP, a prisão preventiva pode ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, para assegurar a 
aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares. 
a) Garantia da ordem pública 
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em 
hipóteses de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista, seja, 
sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para garantia da ordem 
pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente situação de comprovada 
intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada comunidade. 
A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve 
analisar a gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime de 
homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão preventiva compulsória. 
Em suma: a gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela 
revelada não só pela pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, 
quando a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido, reclamem medidas imediatas para assegurar 
a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. Diante disso, a gravidade em abstrato não constitui 
motivo idôneo a embasar um decreto de preventiva, devendo o Magistrado fundamentar sua decisão, nos 
termos do artigo 93, IX, da CF/88, art. 5º, LXI, da CF/88, bem como artigo 315 do CPP. 
INDÍCIOS 
SUFICIENTES 
DE AUTORIA
PROVA DA 
MATERIALIDADE 
DO CRIME
PRESSUPOSTOS 
DA PREVENTIVA
 
 
 
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Embora os tribunais superiores utilizem, em determinadas decisões, a expressão 
revogação da prisão preventiva, a FGV, no exame de 2010/03 e XIV Exame, sinalizou no sentido de 
considerar, nesse caso, a ilegalidade de prisão, na medida em que, após constar no enunciado que o juiz 
decretou a prisão preventiva considerando a gravidade em abstrato do crime, no padrão de resposta da 
prova de 2010/03 constou a expressão “Ilegalidade na decretação da prisão preventiva”. No XIV Exame, 
após constar no enunciado que “Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do 
Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva 
do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de 
tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao 
meio social.”, a questão seguiu com a seguinte redação, “O advogado de Cristiano, inconformado com a 
fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de 
relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal”. 
Ressalta-se, por pertinente, que o clamor público, por si só, não autoriza o 
decreto da prisão preventiva, servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da 
custódia cautelar, devendo, portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional, que justifique a 
prisão processual. 
b) Conveniência da instrução criminal 
É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras 
suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em relação ao acusado, 
não autoriza o decreto da prisão preventiva. 
C
A
U
T
E
L
A
R
ID
A
D
E
SOCIAL
GARANTIA DA 
ORDEM PUBLICA
Não confundir com clamor 
popular. Deve haver 
gravidade em concreto, o 
criminoso deve oferecer 
perigo real, capaz de abalar a 
paz social.
GARANTIA DA 
ORDEM 
ECONOMICA
Se aplica, por exemplo, a 
crimes econômicos, nos 
casos em que o autor possa 
colocar em risco a situação 
financeira de instituição ou 
órgão estatal.
PROCESSUAL
ASSEGURAR A 
INSTRUÇÃO 
CRIMINAL
Não basta o mero receio da 
vitima ou testemunha.
ASSEGURAR A 
APLICAÇÃO DA LEI 
PENAL
Nos casos de fundado receio 
de fuga do acusado. 
 
 
 
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Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução criminal 
quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório (acareação, 
reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio. 
Se a prisão preventiva foi decretada exclusivamente com base na conveniência da 
instrução criminal, uma vez encerrada a instrução, não há mais motivo para subsistir o decreto, impondo-se, 
então, a revogação, conforme se infere dos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do CPP. Do contrário, passa a 
preventiva a se constituir uma forma de execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal. 
 
 
c) Garantia da aplicação da lei penal 
Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao 
Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da infração 
penal. 
É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença 
penal por impossibilidade de aplicação da pena cominada. 
Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em 
circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não 
há motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva. 
d) Garantia de ordem econômica 
Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente, 
causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de 
órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa área. 
Se o réu 
estava preso 
por ameaçar 
testemunhas
Ocorreu a 
oitiva das 
testemunhas 
Cessou o 
motivo que 
ensejava a 
preventiva
PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO 
DA 
PREVENTIVA
 
 
 
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Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, na 
medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na vida das pessoas, 
do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer. 
e) Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
Nos termos do art. 312, parágrafo único, do CPP, a prisão preventiva também 
poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares (art. 319 do CPP), conforme art. 282, § 4º, do CPP. 
Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo 
sempre priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando pela prisão 
preventiva em último caso. 
Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medidacautelar diversa da prisão 
caso entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a proibição 
do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (art. 319, III, CPP) e ele descumpre a medida. 
Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a medida ou aplicar outra em cumulação, para só 
então, se persistir o descumprimento, decretar a preventiva, conforme dispõe o art. 312, parágrafo único, 
c/c o art. 282, § 4º, CPP. 
 
3.5) CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 313 
Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, 
devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração penal ou sob certas 
circunstâncias. Trata-se das condições de admissibilidade previstas no artigo 313 do CPP. 
 
Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes 
dolosos com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos. 
O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado 
definitivamente, o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída 
sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido, se condenado o agente não irá, a 
A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR 
A 4 (QUATRO) ANOS: 
Descumprimento 
de Cautelar
Nova 
Cautelar
Cumular 
Cautelares
DECRETAR 
PREVENTIVA
 
 
 
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princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso quando incide a seu favor a 
presunção da inocência. 
Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir 
a pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao 
cárcere à noite. 
São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão 
preventiva, tais como furto simples (art. 155 CP), apropriação indébita (art. 168 CP), receptação simples (art. 
180 CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros. 
No caso de concurso material de crimes, somam-se as penas para fins de prisão 
preventiva. Nos casos de concurso formal de crimes e crime continuado, considera-se a causa de aumento no 
máximo e a de diminuição no mínimo. Em qualquer caso, se a pena máxima for superior a 04 anos, poderá, 
em tese, ser decretada a prisão preventiva. 
Tratando-se de causas de aumento de pena e de diminuição da pena, deve-se 
considerar a quantidade que mais aumente ou que menos diminua, respectivamente, a fim de se chegar a 
pena máxima cominada ao delito. 
Ex1: Furto noturno, previsto no artigo 155, § 1º, CP, a pena é aumentada em 1/3. 
O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena máxima cominada é de 04 anos. 
Todavia, se for praticado durante repouso noturno, a pena é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por 
conseguinte, autorizando o decreto da prisão preventiva. 
Ex2: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do CP, a pena máxima 
cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de estelionato, esta pena poderá ser 
reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o art. 14, parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena 
de 05 anos a redução mínima (1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, 
incompatível com o disposto no artigo 313, inciso I, do CPP, o decreto da prisão preventiva. 
Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima 
não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela, por 
exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma das medidas cautelares 
previstas no art. 319 CPP. Somente se descumprida a medida cautelar, pode-se aventar a possibilidade de 
decreto da preventiva, com base no artigo 282, § 4º, c/c art. 312, parágrafo único, CPP. 
 
B) SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO 
PRAZO DE 05 ANOS DA REINCIDÊNCIA 
 
 
 
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Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que 
se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se 
o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos do art. 312 do CPP. 
 
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a 
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas 
protetivas de urgência. 
Além das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a 
nova redação do artigo 313 do CPP incluiu os casos de violência doméstica, não só em relação à mulher, mas 
à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com deficiência. 
Essas medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha), arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), e arts. 98 a 101 do ECA (Lei 8069/90).. 
Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de imposição anterior 
das cautelares protetivas de urgência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, 
ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
 
 
 
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Questão 01 – XX EXAME DA OAB 
Fausto, ao completar 18 anos de idade, mesmo sem ser habilitado legalmente, resolveu sair com o carro do seu 
genitor sem o conhecimento do mesmo. No cruzamento de uma avenida de intenso movimento, não tendo 
atentado para a sinalização existente, veio a atropelar Lídia e suas 05 filhas adolescentes, que estavam na calçada, 
causando-lhes diversas lesões que acarretaram a morte das seis. Denunciado pela prática de seis crimes do Art. 
302,§ 1º, incisos I e II, da Lei nº 9503/97, foi condenado nos termos do pedido inicial, ficando a pena final 
acomodada em 04 anos e 06 meses de detenção em regime semiaberto, além de ficar impedido de obter 
habilitação para dirigir veículo pelo prazo de 02 anos. A pena privativa de liberdade não foi substituída por 
restritivas de direitos sob o fundamento exclusivo de que o seu quantum ultrapassava o limite de 04 anos. No 
momento da sentença, unicamente com o fundamento de que o acusado, devidamente intimado, deixou de 
comparecer espontaneamente a última audiência designada, que seria exclusivamente para o seu interrogatório, 
o juiz decretou a prisão cautelar e não permitiu o apelo em liberdade, por força da revelia. Apesar de Fausto estar 
sendo assistido pela Defensoria Pública, seu genitor o procura, para que você, na condição de advogado(a), 
preste assistência jurídica. Diante da situação narrada, como advogado(a), responda aos seguintes 
questionamentos formulados pela família de Fausto: A) Mantida a pena aplicada, é possível a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Em caso de sua contratação para atuar no processo, o que poderá ser alegado para combater, especificamente, 
o fundamento da decisão que decretou a prisão cautelar? (Valor: 0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não pontua 
 
QUESTÃO 4 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO (por conta da falta de luz no 
dia da prova geral da 2ª fase) 
Maria, primáriae com bons antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de transporte de crianças. 
Certo dia, após mudar o itinerário sempre observado, resolve fazer compras em um supermercado, onde 
permaneceu por duas horas, esquecendo de entregar uma das crianças de 03 anos na residência da mesma. Ao 
retornar ao veículo, encontra a criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não conseguindo, porém, 
evitar o óbito. Acabou denunciada e condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do Código Penal 
(abandono de incapaz com resultado morte) à pena de 04 anos de reclusão em regime aberto. Apesar de ter 
respondido ao processo em liberdade, não foi permitido à Maria apelar em liberdade, fundamentando o juiz a 
ordem de prisão na grande comoção social que o fato causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) 
procurou para que assumisse a defesa de Maria. Considerando apenas as informações narradas na situação 
hipotética, responda aos itens a seguir. 
 
 
 
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A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual recurso defensivo para evitar a punição de Maria 
pelo crime pelo qual foi denunciada? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual a medida que deve ser adotada na busca da liberdade imediata de Maria e com qual fundamento? 
Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas.A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
Questão 02 - XVII EXAME 
Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que ele chega do trabalho 
à residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte à Glória, que, de imediato comparece à 
Delegacia, narra os fatos, oferece representação e solicita medidas protetivas de urgência. Encaminhados os 
autos para o Ministério Público, este requer em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, 
bem como a prisão preventiva de Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do CPP. O juiz acolhe os pedidos do 
Ministério Público e Jorge é preso. Novamente os autos são encaminhados para o Ministério Público, que oferece 
denúncia pela prática do crime do Art. 147 do Código Penal. Antes do recebimento da inicial acusatória, 
arrependida, Glória retorna à Delegacia e manifesta seu interesse em não mais prosseguir com o feito. A família 
de Jorge o procura em busca de orientação, esclarecendo que o autor é primário e de bons antecedentes. 
Considerando apenas a situação narrada, na condição de advogado(a) de Jorge, esclareça os seguintes 
questionamentos formulados pelos familiares: 
A) A prisão de Jorge, com fundamento no Art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, é válida? (Valor: 
0,60) 
B) É possível a retratação do direito de representação por parte de Glória? Em caso negativo, explicite as razões; 
em caso positivo, esclareça os requisitos. (Valor: 0,65) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A 
mera citação do dispositivo legal não confere pontuação 
 
QUESTÃO 02 XV EXAME 
Durante inquérito policial que investigava a prática do crime de extorsão mediante sequestro, esgotado o prazo 
sem o fim das investigações, a autoridade policial encaminhou os autos para o Judiciário, requerendo apenas a 
renovação do prazo. O magistrado, antes de encaminhar o feito ao Ministério Público, verificando a gravidade em 
abstrato do crime praticado, decretou a prisão preventiva do investigado. Considerando a narrativa apresentada, 
responda aos itens a seguir. 
 
 
 
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A) Poderia o magistrado adotar tal medida? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) A fundamentação apresentada para a decretação da preventiva foi suficiente? Justifique. (Valor: 0,60) 
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
QUESTÃO 3 – EXAME DE 2010/03 
Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar o valor 
relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por duas 
funcionárias da referida instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do 
delito. Ao oferecer denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público 
Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem pública, por ser o 
crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as testemunhas seriam mulheres e 
poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da colheita de seus depoimentos 
judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos 
argumentos apontados pelo Parquet. Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que 
recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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39 
 
3.6) PEÇAS PRIVATIVAS DE ADVOGADO NO CONTEXTO DE PRISÃO PREVENTIVA 
3.6.1) REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 
I) BASE LEGAL 
 
 
II) IDENTIFICAÇÃO 
Prisão preventiva legal. Quando não mais subsistir o motivo que ensejou o decreto 
da prisão preventiva. Trata-se de peça privativa de advogado. 
III) CONTEÚDO 
Buscar no enunciado informações no sentido de que não mais subsistem os 
motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, 
ou seja, que o agente não representa risco à ordem pública, à ordem econômica, à conveniência da instrução 
criminal, bem como à aplicação da lei penal. 
 
 
 
REVOGAÇÃO 
 DA PREVENTIVA 
PRISÃO PREVENTIVA 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
BASE LEGAL: art. 316 do CPP 
 
 
 
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40 
 
ESTRUTURA DE PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA ......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 15 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA 
...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA ......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Autos nº... 
Fulano de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., 
residente e domiciliado..., por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no art. 316 do Código de 
Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS16 
II) DO DIREITO 
* Fundamentar o pedido de revogação da prisão preventiva com o disposto no art. 5º, LVII, da 
CF/88 (princípio da presunção da inocência). 
* Demonstrar que cessaram os motivos que ensejaram a prisão preventiva (a ausência dos requisitos 
e pressupostos da prisão preventiva: Ausência de perigo à ordem pública, à ordem econômica, à 
conveniência a instrução criminal, à aplicação da lei penal. ) 
* Fazer, se for o caso, referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 e 320 do 
CPP17. 
 
15 Competênciada Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
16 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
17 Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
 
 
 
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41 
 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
a) A REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a 
eventual processo em liberdade; 
b) A expedição do respectivo alvará de soltura; 
c) Subsidiariamente, aplicação de medida cautelar diversa da prisão; 
d) Vista dos autos ao Ministério Público. 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
Local..., data... 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou 
instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e 
trabalho fixos; 
 VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver 
justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os 
peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do 
seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
IX - monitoração eletrônica. 
§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com 
outras medidas cautelares. 
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as 
saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas. 
 
 
 
 
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42 
 
3.6.2) RELAXAMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA 
I) BASE LEGAL 
 
 
 
II) IDENTIFICAÇÃO E CONTEÚDO 
O relaxamento da prisão no contexto da prisão preventiva poderá ocorrer quando 
a prisão for ilegal. Trata-se de peça privativa de advogado. 
Exemplos: 
* Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do art. 313 CPP. 
* Nos casos de Contravenções Penais. 
* Inobservância dos requisitos essenciais do mandado de prisão (art. 285, p. único, do CPP). 
* Prisão preventiva sem fundamentação. 
* Prisão preventiva decretada de ofício pelo juiz na fase investigatória. 
Em suma: 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DECRETA 
A PRISÃO 
PREVENTIVA 
 
PRISÃO LEGAL 
 
PRISÃO ILEGAL 
 
PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO DA 
PREVENTIVA 
 
PEDIDO DE 
RELAXAMENTO 
DE PRISÃO 
 
HC 
 
ROC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
ROC 
 
HC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
BASE LEGAL: art. 5º, LXV, CF/88 
 
 
 
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43 
 
ESTRUTURA DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)18 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
 
Fulano de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., 
residente e domiciliado... por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no art. 5º, LXV da 
Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS19 
II) DO DIREITO20 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, a 
fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de 
soltura, por ser medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local... e data... 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
18 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
19 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
20 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade da prisão preventiva. 
 
 
 
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44 
 
4) PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n. 7960/89) 
4.1) CONCEITO 
É prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações 
a respeito de crimes graves, durante o inquérito policial. 
4.2) HIPÓTESES PARA A DECRETAÇÃO 
A prisão temporária pode ser decretada em relação aos crimes previstos no art. 1º 
da Lei n. 7960/89 e nas seguintes hipóteses: 
a) Imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial: 
Quando a autoridade policial, atualmente, representa pela prisão temporária, é 
obrigada a dar os motivos dessa necessidade, expondo fundamentos que serão avaliados, caso a caso, pelo 
magistrado competente. 
b) Residência fixa e identidade conhecida 
Esses dois elementos permitem a correta qualificação do suspeito, impedindo que 
outra pessoa seja processada ou investigada em seu lugar, evitando-se, por isso, o indesejado erro judiciário. 
Aquele que não tem residência (morada habitual) em lugar determinado ou que 
não consegue fornecer dados suficientes para o esclarecimento da sua identidade (individualização como 
pessoa) proporciona insegurança na investigação policial. 
 
 
 
 
 
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45 
 
 
4.3) DECRETAÇÃO POR AUTORIDADE JUDICIAL 
No caso de prisão temporária, não pode o magistrado decretá-la de ofício. Há, 
invariavelmente, de existir requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial. 
 
 
 
 
 
4.4) PRAZO 
Prazo de 05 dias, prorrogáveis por mais 5 dias. 
D
E
C
R
E
T
A
Ç
Ã
O
 D
A
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M
P
O
R
Á
R
IA
REQUISITOS 
OBRIGATÓRIOS (art. 1º da 
Lei 7.960/89)
FUNDADAS RAZÕES
ESTAR O CRIME COMETIDO 
PREVISTO NO ROL TAXATIVO 
DA LEI 7960/89
REQUISITOS 
ALTERNATIVOS
NECESSIDADE DE PRESERVAR A 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
NÃO POSSUIR O RÉU 
RESIDÊNCIA FIXANÃO FORNECER RÉU 
ELEMENTOS PARA A 
SUA IDENTIFICAÇÃO
 
 
 
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46 
 
No caso de prisão temporária pela prática de crime hediondo e equiparados, o art. 
2º, § 4º, da Lei 8072/90, estabelece que o prazo de prisão temporária pode atingir 30 dias, prorrogáveis por 
igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. 
4.5) PROCEDIMENTO 
A prisão temporária pode ser decretada em face da representação da autoridade 
policial ou de requerimento do MP. Não pode ser decretada de ofício pelo juiz; 
No caso de representação da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, tem de 
ouvir o MP; 
O juiz tem o prazo de 24 horas, a partir do recebimento da representação ou 
requerimento, para decidir fundamentadamente sobre a prisão; 
O mandado de prisão deve ser expedido em duas vias, uma das quais deve ser 
entregue ao iniciado, servindo como nota de culpa; 
Efetuada a prisão, a autoridade policial deve advertir o preso do direito 
constitucional de permanecer calado; 
Ao decretar a prisão, o juiz poderá (faculdade) determinar que o preso lhe seja 
apresentado, solicitar informações da autoridade policial ou submetê-lo a exame de corpo de delito; 
O prazo de 5 dias (ou trinta) pode ser prorrogado uma vez em caso de comprovada 
e extrema necessidade. 
 
 
 
 
DEMAIS 
CRIMES
• 5 DIAS, 
prorrogáveis por 
mais 5 DIAS.
CRIMES
HEDIONDOS
• 30 DIAS, 
prorrogávies por 
mais 30 DIAS
 
 
 
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47 
 
4.6) REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA 
 
 
Como não há previsão expressa, considera-se como base legal, por analogia, o 
artigo 316 do CPP, podendo, ainda, ser considerado o artigo 282, § 5º, do CPP, que trata da revogação de 
medida cautelar. 
A revogação da prisão temporária ocorre no contexto de prisão temporária legal. 
4.7) RELAXAMENTO DE PRISÃO TEMPORÁRIA 
 
 
O relaxamento da prisão temporária guarda relação com prisão ilegal, que ocorre, 
por exemplo, quando o juiz decreta a prisão temporária de ofício; decreta prisão temporária na fase judicial; 
quando decreta em face de crime que não consta no rol do artigo 1º, inciso III, da Lei 7.960/89. 
Em síntese, alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISÃO 
TEMPORÁRIA 
LEGAL 
•Decretação através de
requerimento do MP ou da
Autoridade Policial
•Fase investigatória
•Imprescindibilidade para as
investigações do inquérito
policial
•Se houver dúvida quanto à
identificação civil do acusado
e este se recusar a esclarecê-
la
PRISÃO 
TEMPORÁRIA 
ILEGAL
• Decretação de ofício pelo juiz
•Fase Judicial
•Em crimes não constam no rol
do art. 1º da Lei 7.960/89.
Base Legal: art. 316 do CPP e art. 282, § 5º do CPP 
Base Legal: art. 5º, LXV, da CF/88 
 
 
 
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ESTRUTURA DE PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA ......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 21 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA 
...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA ......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Autos nº 
Fulano de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...22, por 
seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a 
REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, com base no art. 316 do Código de Processo Penal e 282, 
§ 5º, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS23 
II) DO DIREITO 
* Fundamentar o pedido de revogação da prisão temporária com o disposto no art. 5º, LVII, da 
CF/88 (princípio da presunção da inocência). 
* Demonstrar a que não subsistem os motivos que ensejaram a prisão temporária. 
* Por cautela, se for o caso, fazer referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 e 
320 do CPP. 
III) DO PEDIDO 
 
21 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
22 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
23 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
 
 
 
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50 
 
Ante o exposto, requer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, com a 
expedição do respectivo alvará de soltura, ou, subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como 
medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRUTURA DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)24 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
Fulano de Tal..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., residente e 
domiciliado..., RG nº..., por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, com base no art. 5º, LXV, da 
Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS25 
II) DO DIREITO26 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, a 
fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de 
soltura, por ser medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
24 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
25 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
26 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade da prisão temporária. 
 
 
 
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52 
 
 
QUESTÃO 02 - XX EXAME 
Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho, pela quantia de 
R$1.000,00 (mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime pretérito, passando a usá-lo como 
próprio. Tomando conhecimento dos fatos, um inimigo de Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério Público, que 
requisitou a instauração de inquérito policial. A autoridadepolicial instaurou o procedimento, indiciou Lúcio pela 
prática do crime de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do Código Penal), já que desenvolvia atividade 
comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer favorável do Ministério 
Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos. Na condição de advogado de Lúcio, esclareça os itens 
a seguir. 
A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão temporária de Lúcio? (Valor: 0,60) 
B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi de receptação qualificada 
(Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso negativo, indique qual seria o delito praticado e 
justifique. (Valor: 0,65) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas.A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
QUESTÃO 03 - VI OAB 
Caio, Mévio, Tício e José, após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade, resolveram praticar um 
estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua empreitada criminosa, os quatro dividiram 
os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da investigação policial, apurou-se a autoria do delito por meio 
dos depoimentos de diversas testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal informação, o 
promotor de justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma quadrilha de estelionatários, 
tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados. Recebida a denúncia, a prisão temporária 
foi deferida pelo juízo competente. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser endereçado(s)? (Valor: 0,6) 
b) Quais fundamentos deverão ser alegados? (Valor: 0,65) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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53 
 
 
 CAPÍTULO II – PROCEDIMENTOS – IDENTIFICAÇÃO 
1) NOTA INTRODUTÓRIA 
Os procedimentos constituem a forma de desenvolvimento do processo, delimitando e 
prevendo os passos e as sequências de atos que deverão ser seguidos ao longo de uma ação penal. 
A ação penal pública é deflagrada com o oferecimento da denúncia. A ação penal 
privada, por sua vez, será deflagrada por meio de uma queixa-crime. 
2) PROCEDIMENTO COMUM 
Nos termos do art. 394 do CPP, a disposição do procedimento comum ocorre da 
seguinte forma: 
a) Ordinário: pena máxima igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade. 
b) Sumário: pena máxima cominada maior de dois anos e inferior a quatro anos de pena privativa 
de liberdade. 
c) Sumaríssimo: Pena máxima até 02 anos. Para as infrações de menor potencial ofensivo, na forma 
da Lei 9.099/95, por exemplo, crime de lesão corporal leve, previsto no artigo 129, “caput”, do CP, cuja pena 
máxima não supera dois anos. 
Para a definição do procedimento devem ser consideradas as qualificadoras, bem 
como as causas de aumento de pena e de diminuição da pena, porquanto repercutem no montante da pena 
máxima abstrata prevista na lei. 
Nesse caso, a definição do procedimento tem especial relevância, por exemplo: 
a) no endereçamento da peça, por exemplo. Isso porque se incidir o procedimento sumaríssimo, a peça 
deverá ser direcionada para o Juiz do Juizado Especial Criminal; incidindo o procedimento sumário ou 
ordinário, a peça deverá ser direcionada para o Juiz de Direito da Vara Criminal. 
b) no recurso cabível na hipótese de rejeição da denúncia ou queixa-crime. Se o procedimento for 
sumaríssimo, o recurso cabível será apelação, conforme artigo 82 da Lei 9.099/95; se for procedimento 
sumário ou ordinário, o recurso cabível será o recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581, inciso 
I, do CPP. 
02
 
 
 
 
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54 
 
No caso de concurso de crimes, também devem ser considerados os critérios do 
cúmulo material (concurso material e concurso formal impróprio) e da exasperação da pena (concurso formal 
perfeito e crime continuado). 
No concurso material, nenhum problema se apresenta, já que basta somar as 
penas. Se a soma das penas ultrapassar dois anos, não será adotado o rito sumaríssimo, previsto na Lei 
9099/95. Se a soma das penas for superior a quatro anos, o procedimento será o ordinário, afastando-se a 
procedimento sumário. 
 
 
 
Ex: Crime de associação criminosa (art. 288, “caput”, do CP) segue o procedimento sumário, porquanto a 
sua pena máxima é de 03 anos. Todavia, se o crime é de associação criminosa armada, a pena aumenta até 
metade (art. 288, parágrafo único, do CP), passando a pena máxima a 04 anos e 06 meses. Logo, nesse caso, 
adota-se o procedimento ordinário, pois a pena máxima superou 04 anos. 
Da mesma forma, o crime de furto simples (art. 155, “caput”) adota o procedimento ordinário, pois a pena 
máxima é de 04 anos. Todavia, no crime de tentativa de furto simples, considerando a redução de 1/3 (fração 
mínima), a pena máxima ficará em 02 anos e 08 meses, adotando-se, nesse caso, o procedimento sumário. Note-
se que a redução pela tentativa é de 1/3 a 2/3 (art. 14, parágrafo único). No caso, diminui-se o mínimo possível, 
a fim de atingir a pena máxima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DICA: Se a causa for de aumento de pena, considera-se a fração 
máxima, a fim de que incida a pena máxima; na hipótese de causa de 
diminuição da pena, diminui-se o mínimo possível, também para se 
obter a pena máxima abstrata no caso. 
 
 
 
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55 
 
 
QUESTÃO 1 - V EXAME 
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário do Poder Judiciário 
Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição para representar o seu filho, 
solicitara a quantia de dois mil reais para defendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem averiguar a fundo 
a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo a acusação e o entrega 
ao juiz titular da vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao tomar conhecimento do ocorrido, 
Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de Antônio, na qual fica evidenciado 
que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e representa criminalmente pelo fato. O Ministério Público 
oferece denúncia perante o Juizado Especial Criminal, atribuindo a Antônio o cometimento do crime de calúnia, 
praticado contra funcionário público em razão de suas funções, nada mencionando acerca dos benefícios previstos 
na Lei 9.099/95. Designada Audiência de Instrução e Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as testemunhas, 
interrogado o réu e apresentadas as alegações orais pelo Ministério Público, na qual pugnou pela condenação na 
forma da inicial, o magistrado concede a palavra a Vossa Senhoria para apresentar alegações finais orais. 
Em relação à situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30) 
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30) 
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? (Valor: 0,65) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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56CAPÍTULO III – QUEIXA-CRIME E QUEIXA-CRIME SUBSDIÁRIA 
 
1) QUEIXA-CRIME 
1.1) CONCEITO 
Trata-se, em síntese, da petição inicial da ação penal privada oferecida, via de regra, 
pelo ofendido ou seu representante legal. 
1.2) BASE LEGAL 
 
 
 
 
1.3) IDENTIFICAÇÃO 
O ofendido/vítima de um crime de ação penal privada procura advogado para adotar a 
medida cabível. 
Exemplo da peça queixa-crime do XV Exame da OAB, : “(...) Enrico procurou seu 
escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo.” 
 
Base Legal: art. 30, 41 e 44, do CPP e art. 100, §2º, do CP 
03
 
PEÇA: 
QUEIXA-CRIME 
PALAVRA MÁGICA: 
Ação penal privada – 
ofendido procura 
advogado 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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2ª Fase 
 
57 
 
 
1.4) LEGITIMIDADE – Arts. 30/31 CPP 
 
 
 
 
 
 
A queixa-crime é ajuizada por um advogado contratado pelo ofendido ou seu 
representante legal, detentores da legitimidade para ajuizar a ação penal privada. 
Se o ofendido morre ou é declarado ausente, o direito de oferecer queixa, ou de 
dar prosseguimento à acusação, passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP), 
ressalvado o caso dos art. 236, parágrafo único, do CP, cuja legitimidade será somente do cônjuge enganado. 
1.5) PRAZO DA AÇÃO PENAL PRIVADA – Art. 38 do CPP e 103 do CP 
 
 
 
 
 
 
O prazo para o oferecimento da queixa-crime é de 06 meses, contados a partir da 
data do conhecimento da autoria do crime pelo ofendido ou seu representante legal (art. 38 CPP e 
103 do CP). 
O prazo é decadencial, conforme o art. 10 do CP, computando-se o dia do começo e 
excluindo-se o dia final. Assim, se, por exemplo, o ofendido do crime de calúnia toma conhecimento da autoria 
do fato no dia 12 de março de 2015, a queixa-crime deverá ser oferecida até o dia 11 de setembro de 2015, sob 
pena de decadência e consequente extinção da punibilidade. 
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de 06 meses a contar do 
encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia (art. 29 CPP e 100, § 3º, do CP). 
 
 
OFENDIDO 
REPRESENTANTE LEGAL 
(menor) 
CADI (morte ou ausência do 
ofendido) 
CADI (morto) 
Art. 30 do CPP 
Art. 31 do CPP 
6 meses DA CIÊNCIA DA AUTORIA 
 
 Art. 38 CPP e art. 103 CP 
PRAZO DECADENCIAL 
Artigo 10 CP 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
58 
 
 
1.6) REQUISITOS DA QUEIXA (IMPORTANTE) – Art. 41 CPP 
 
 
 
 
A) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias: 
 Descrever o fato de forma clara e objetiva, mencionando o autor da ação (ofendido/querelante) e o 
ofensor (querelado), a data, local do fato, os meios e instrumentos empregados, a forma como foi 
praticado o crime e o motivo. 
 Mencionar que a conduta do querelado constitui crime de ação penal privada, destacando e descrevendo, 
ainda, eventuais agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena. 
 Na hipótese de concurso de agentes, a queixa deve especificar a conduta de cada um. Assim, no caso de 
coautoria e participação, deverá ser descrita, individualmente, a conduta de cada um dos coautores e 
partícipes. 
B) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua identificação 
Qualificar é apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o 
querelado, distinguindo-o das demais pessoas: nome, nacionalidade, estado civil, RG, etc... 
 
 
 
C) Classificação jurídica do fato 
O autor deverá indicar o dispositivo (artigo) que se aplica ao fato imputado, não 
bastando a simples menção ao nome da infração. 
D) Rol de Testemunhas 
O momento adequado para arrolar testemunhas, consoante o disposto no art. 41 do 
CPP, é o da propositura da ação. 
E) Pedido de condenação 
 
 
 
Descrição do FATO e circunstâncias 
Identificação/Qualificação 
Qualificação jurídica 
Pedido de condenação 
Pedido de citação 
Rol de testemunhas 
Valor mínimo indenizatório 
Artigo 387, inciso IV, do CPP. 
Pedido produção de provas 
OBS: Na prova da OAB, colocar na qualificação única e exclusivamente os dados fornecidos no enunciado 
 da questão, sob pena de ter a peça zerada (podem interpretar que o candidato esteja se identificando). 
 
 
 
 
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59 
 
1.7) DICAS: 
I) Alguns crimes de ação penal privada previstos no Código Penal: 
Arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria), ressalvada a hipótese do art. 145 e parágrafo único, bem 
como disposto na Súmula 714 do STF. 
Art. 161, § 1º, incisos I e II – Alteração de limites (se não usar de violência e a propriedade for particular). 
Art. 163, “caput”, inciso IV do parágrafo único e art. 164 c/c art. 167 (crime de dano) 
Art. 179 e parágrafo único – fraude à execução 
Art. 184, “caput” – violação de direito autoral 
Art. 236 
Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões – VIII Exame da OAB) 
II) Na peça, importante mencionar que a queixa-crime está instruída com instrumento de procuração com 
poderes especiais (art. 44 do CPP). 
 
 
 
 
 
 
III) Além disso, deve ser feita referência ao disposto no art. 387, IV, do CPP, que dispõe sobre a fixação do valor 
mínimo para a indenização da vítima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCURAÇÃO COM PODERES 
ESPECIAIS 
ARTIGOS 41 e 44 do CPP 
 
 
 
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60 
 
ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da .....Vara Criminal da Comarca ........(se crime da competência 
da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da .....Vara Criminal da Seção Judiciária de ........(se crime da 
competência da Justiça Federal)27 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da Comarca de ........(se a infração 
for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95) 
 
 
 
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil, profissão, RG..., residente e 
domiciliado....28, por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes especiais, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, com base nos artigos 30, 41 e 
44, ambos do Código de Processo Penal, e artigo 100, § 2º, do Código Penal, contra CICLANO DE TAL, 
nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., residente e domiciliado...29, pelos fatos e fundamentos jurídicos 
a seguir expostos: 
I) DOS FATOS30 
1º Parágrafo: localizar (data, hora, local)31 e verbo nuclear do tipo 
2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito 
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras 
II) DO DIREITO 
Mencionar o fato e atribuir o respectivo tipo penal. 
III) PEDIDO 
Ante o exposto, requer o querelante: 
a) o recebimento da queixa-crime; 
b) a citação do querelado; 
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas; 
 
27 Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal 
28 Não inventar dados. 
29 Não inventar dados. 
30 Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias, sem inventar dados e somente reproduzir o enunciado 
da questão. 
31 Se o enunciado disponibilizar essas informações. 
 
 
 
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61 
 
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penasdos artigos ...do CP; 
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP. 
 
Local..., data... 
 
ADVOGADO..., 
OAB... 
 
ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado) 
1. Nome... 
2. Nome... 
 
OBS 1: Se for ajuizada a queixa-crime perante o Juizado Especial Criminal, formular pedido também de 
designação de audiência preliminar ou de conciliação, conforme constou no XV Exame, quando caiu queixa-crime. 
OBS 2: Como regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a honra será do Juizado Especial 
Criminal (pois a pena máxima é a do crime de calúnia e não supera 2 anos), seguindo o rito lá disposto; 
OBS 3: contudo, havendo concurso de crimes entre calúnia e difamação e/ou injúria será excedida a competência 
do JECCrim (a pena máxima superará dois anos), devendo o processo seguir o rito estabelecido nos arts. 519 e 
seguintes do CPP. 
OBS 4: Jamais esquecer de apresentar o rol de testemunhas (sem inventar nomes e dados. Colocar somente os 
fornecidos pelo enunciado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2) QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA - AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
2.1) CABIMENTO DA AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA 
A ação penal privada subsidiária é proposta nos crimes de ação pública, condicionada 
ou incondicionada, quando o Ministério Público deixar de requisitar diligências, promover pelo arquivamento ou 
oferecer denúncia no prazo legal. O MP, via de regra, tem o prazo de 05 dias, réu preso, e 15 dias, réu solto, 
para oferecer a denúncia, conforme art. 46 CPP. 
É a única exceção prevista no próprio art. 5º, LIX, da CF, à regra da titularidade 
exclusiva do MP sobre a ação penal pública. 
Não tem cabimento nos casos de arquivamento do Inquérito Policial ou das peças de 
informação ou, ainda, quando o Promotor Público requerer a devolução dos autos à autoridade policial, 
requisitando a realização de diligencias imprescindíveis para o oferecimento da denúncia. 
Portanto, a ação privada subsidiária só pode ser intentada no caso de inércia do órgão 
do Ministério Público, ou seja, quando o Promotor de Justiça ou Procurador da República (se Justiça Federal) não 
oferece denúncia no prazo legal, não promove pelo arquivamento do inquérito policial ou não requisita diligências. 
2.2) BASE LEGAL 
 
 
 
2.3) IDENTIFICAÇÃO 
Verificando-se a inércia do Ministério Público, ou seja, que o Ministério Público, dentro 
do prazo do artigo 46 do CPP, não ofereceu denúncia, não promoveu pelo arquivamento do inquérito policial e 
não requisitou diligências, o ofendido/vítima de um crime de ação penal pública procura advogado para adotar a 
medida cabível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA: 
 QUEIXA-CRIME 
 SUBSIDIÁRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
INÉRCIA DO MP 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
Base Legal: art. 29, 41 e 44, do CPP e art. 100, §3º, do CP, e 
artigo 5º, inciso LIX, da CF/88 
 
 
 
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2.4) PRAZO 
O ofendido ou seu representante legal tem o lapso de 06 meses para intentar a ação 
penal subsidiária por meio de queixa substitutiva, contados a partir do dia em que se esgotou o prazo para 
o Promotor de Justiça iniciar a ação penal pública (art. 38, parte final do CPP, e art. 103, in fine, 
CP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 do dia que esgotou o prazo 
para o MP oferecer a denúncia 6 meses 
 
 
 
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ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da .....Vara Criminal da Comarca de ........ (se crime da 
competência da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da .....Vara Criminal da Seção Judiciária de ........ (se crime da 
competência da Justiça Federal)32 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do .....Juizado Especial Criminal da Comarca de ........(se a infração 
for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95) 
 
 
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., residente e 
domiciliado....33, por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes especiais, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA, com base nos 
artigos 29, 41 e 44, todos do Código de Processo Penal, artigo 100, § 3º, do Código Penal e art. 5º, 
LIX, da Constituição Federal/88, contra CICLANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., 
residente e domiciliado....34, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS3536 
1º Parágrafo: localizar e verbo nuclear do tipo 
2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito 
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras 
II) DO DIREITO 
Mencionar o fato e atribuir o tipo penal respectivo. 
III) PEDIDO 
Ante o exposto, requer o querelante: 
a) o recebimento da queixa-crime; 
b) a citação do querelado; 
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas; 
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas dos artigos ...do CP; 
 
32 Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal 
33 Não inventar dados. 
34 Não inventar dados. 
35 Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias, sem inventar dados e somente reproduzir o enunciado 
da questão. 
36 Fazer referência à inércia do MP 
 
 
 
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e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP. 
 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado) 
1. Nome.... 
2. Nome.... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÃO PENAL 
PÚBLICA 
(DENÚNCIA) 
 
PRIVADA 
(Queixa-crime) 
INCONDICIONADA 
 
CONDICIONADA 
 
Exclusiva 
Personalíssima 
Art. 236, parágrafo único, 
do CP 
Subsidiária da Pública 
Art. 29 do CPP 
 
 
 
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 CAPÍTULO IV – FASE JUDICIAL 
 
1) DA DENÚNCIA E REJEIÇÃO DA DENÚNCIA 
 
1.1) INTRODUÇÃO 
A Denúncia é a petição inicial da ação penal pública, oferecida pelo Ministério Público 
contra o agente do fato criminoso. 
Ao receber o inquérito policial ou peças de informação, o Ministério Público, por meio 
do seu agente (Promotor ou Procurador da República), verificando a existência de prova da materialidade de fato, 
que caracteriza crime em tese, e indícios de autoria, em decorrência do princípio da obrigatoriedade, deve oferecer 
a denúncia. 
Para fins de prova dissertativa da OAB, convém sejam analisadas as causas de rejeição 
da denúncia, previstas no artigo 395 do CPP. 
1.2) REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU DA QUEIXA – ART. 395 
Causas de rejeição da denúncia ou queixa: 
 a) for manifestamente inepta 
b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal 
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal 
 
a) for manifestamente inepta 
Ocorre inépcia da denúncia quando a peça apresentada pelo Ministério Público não 
contém relato compreensível dos fatos ou não observa os requisitos exigidos no artigo 41 do CPP. 
Algumas hipótesesque podem ensejar a inépcia da denúncia, dentre outras: 
a) Descrição dos fatos de forma incompreensível, incoerente, que inviabiliza a produção da defesa. 
b) Descrição extensa, sem pormenorizar o objeto da acusação. 
c) Falta de pedido claro da acusação. 
d) O MP não descrever a conduta de cada um dos acusados, na hipótese de concurso de pessoas. 
 
 
04
 
 
 
 
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b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal 
Pressupostos processuais são elementos que repercutem na própria existência e 
validade do processo (necessidade de ter juiz competente, capacidade postulatória, ausência de litispendência, 
coisa julgada) 
As condições da ação são: 
a) possibilidade jurídica do pedido: fato narrado não constitui crime 
b) interesse de agir – estar prescrita a ação – evidente perdão judicial 
c) legitimidade para agir 
Com relação à legitimidade para agir, particularmente em relação à queixa, pode ser 
rejeitada se oferecida diretamente pela vítima e não por meio do seu procurador; se oferecida por advogado sem 
procuração outorgada pela vítima; se, em caso de morte do ofendido, apresentar-se como querelante pessoa que 
não consta do rol do art. 31 do CPP. 
Haverá ilegitimidade ativa se for oferecida denúncia em crime de ação penal privada ou 
queixa em crime de ação penal pública (sem que se trate de hipótese de ação privada subsidiária). 
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal 
Consiste na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua 
autoria. Em outras palavras, para haver justa causa, a inicial acusatória deve estar acompanhada de um suporte 
probatório mínimo que demonstre a materialidade do delito e indícios suficientes de autoria. 
* Ex: não haver prova suficiente de autoria; ou, ainda, a denúncia apontar autoria 
localizada a partir de prova ilícita, que, uma vez verificada, deve ser desentranhada dos autos (art. 157 do CPP). 
Em sendo considerada ilícita, a prova da autoria será desentranhada dos autos, não restando, portanto, nenhum 
elemento para subsidiar o oferecimento da denúncia. 
A incidência de prescrição ou outra causa de extinção da punibilidade também podem 
induzir falta de justa causa para ação penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 01 – IV EXAME OAB 
Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu namorado, exerce o cargo de 
auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa do rapaz. Ao ler o conteúdo, descobre 
que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), que recebera da empresa em que trabalhava para 
efetuar um pagamento, mas utilizara tal quantia para comprar uma joia para uma moça chamada Júlia. 
Absolutamente transtornada, Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35) 
b) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na correspondência aberta por Maria, o 
que você, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,9) 
 
QUESTÃO 4 - V EXAME OAB 
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro do corrente 
ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, investiu contra o carro de João, que já 
não se encontrava em bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 2008, 
2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu diversos insultos contra João no dia de sua festa de formatura, perante 
seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram 
registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu escritório e 
contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis. Você, como profissional 
diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, interpõe Queixa-Crime ao juízo competente no dia 
18/7/11. 
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de clara 
decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi publicada dia 25 de julho de 
2011. 
Com base somente nas informações acima, responda: 
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30) 
c) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30) 
d) Qual é a tese defendida? (0,35) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2) CITAÇÃO 
Não sendo caso de rejeição da denúncia, deve o juiz recebê-la, determinando, a seguir, 
a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, se não for o caso de 
suspensão condicional do processo (previsto no artigo 89 da Lei 9.099/9537). 
No processo penal, a regra é citação pessoal e por mandado, observando-se os 
requisitos do art. 351, 352 e 357 CPP. 
Se o réu se oculta para não ser citado, o artigo 362 prevê a possibilidade de citação 
por hora certa, oportunidade em que o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora 
certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo 
Civil. 
Todavia, a partir da entrada em vigor do novo CPC, a citação por hora certa na esfera 
penal segue o procedimento previsto nos artigos 252/254. Assim, quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça 
houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de 
ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, 
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Nos termos do artigo 253 do Novo CPC, No dia e na hora designados, o oficial de justiça, 
independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a 
diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, 
dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. 
A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho 
que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a 
receber o mandado. 
Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da 
família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador 
especial se houver revelia. 
Conforme o artigo 254 do novo CPC, feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe 
de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada 
do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
 
37 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo 
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensãocondicional da 
pena (art. 77 do Código Penal). 
(...) 
 
 
 
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Na hipótese de o réu encontrar-se em local incerto e não sabido, a citação será feita 
por edital, suspendendo-se o processo e o prazo prescricional se o réu não comparecer ou não nomear 
advogado, conforme artigo 366 CPP. 
Ressalta-se: somente quando o réu for citado pessoalmente e não apresentar resposta 
à acusação é que o juiz poderá nomear um defensor para realizar a defesa técnica e continuar o processo. Se 
não for caso de citação pessoal, mas citação por edital, deve-se aplicar a regra do art. 366 do CPP, suspendendo-
se o processo e a prescrição. 
 
Cuidado: 
Nos termos da Súmula 415 do STJ, “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada”. 
Ou seja, na hipótese de um crime com pena máxima de 02 anos o prazo prescricional é de 04 anos. Com 
o recebimento da denúncia, o prazo de prescrição é interrompido, passando a correr novamente o prazo 
de 04 anos. Considere que entre o recebimento da denúncia e a decretação da suspensão do processo e 
do prazo prescricional (em decorrência da citação por edital) tenha se passado 06 meses. A ação ficará 
suspensa por 04 anos se o réu não for localizado. Findo o período de suspensão, o prazo prescricional volta 
a correr pelos 03 anos e 06 meses restantes. Ao término deste período, deverá ser decretada extinta a 
punibilidade do réu pela prescrição da pretensão punitiva. 
 
A ausência de citação ou vícios insanáveis no ato citatório constitui causa de nulidade 
absoluta do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PEÇA: 
RESPOSTA A ACUSAÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
CITAÇÃO 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 396 e 396-A CPP 
3.1) PEÇA OBRIGATÓRIA 
A resposta à acusação constitui peça obrigatória, pois, se não apresentada, deverá o 
juiz nomear defensor para oferecê-la, nos termos do artigo 396-A, § 2º, CPP. 
Assim, não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não 
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias. A 
ausência de nomeação de defensor pelo juiz para oferecimento da resposta à acusação gerará nulidade 
absoluta. 
3.2) BASE LEGAL 
 
 
3.3) IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
A resposta à acusação é oferecida após a citação do acusado. Antes, por óbvio, 
da audiência de instrução. 
Base Legal: art. 396 e 396-A do CPP 
 
 
 
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Logo, deve haver denúncia, o recebimento da denúncia e a citação do réu. Não 
poderá ter sido realizada audiência de instrução e julgamento. 
DICA: Nem sempre consta expressamente no enunciado toda a sequência dos atos (“foi 
oferecida denúncia e recebida”). Basta, para identificar a peça resposta à acusação, que no 
enunciado conste como último ato processual a CITAÇÃO. 
Exemplos: 
Peça XXI Exame: “Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o 
país, Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu 
regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação. 
Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para 
apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou 
desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público. 
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, 
diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A 
peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00)” Pediu para parar, parou na citação: resposta à 
acusação 
 
Peça VIII Exame: “(...) Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no dia 18 de janeiro de 
2011.(...)” PEDIU PARA PARAR, PAROU AQUI!!! 
 
3.4) PRAZO 
Devidamente citado, cumpre ao réu oferecer resposta escrita, por escrito, no prazo 
de 10 dias. O Código de Processo Penal não aponta a partir de quando começa a correr o prazo de citação. 
PRAZO
• 10 DIAS 
A CONTAR DO 
EFETIVO 
CUMPRIMENTO DO 
MANDADO 
 
 
 
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Por isso, adota-se, por analogia, o art. 406, § 1º, CPP e Súmula 710 do STF, segundo o qual o prazo será 
contado a partir do efetivo cumprimento do mandado e não da juntada do mandado aos autos. 
Defensor Público: prazo em dobro. 
3.5) CONTEÚDO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
Na resposta à acusação, deve-se buscar eventuais informações que permitam 
desenvolver teses preliminares e de mérito. 
É o momento destinado ao denunciado arguir nulidades, em matéria preliminar, 
consistente, inclusive, em defeitos de natureza processual constantes na peça acusatória e, até mesmo, na 
fase de inquérito (nulidade de provas produzidas no Inquérito), bem como toda matéria de defesa, visando 
à absolvição sumária (art. 397 CPP), oferecer documentos, especificar as provas que pretende produzir e 
arrolar testemunhas. 
Assim, no caso da resposta à acusação, as teses de mérito guardam relação com 
as hipóteses que ensejam a absolvição sumária, previstas no artigo 397 do CPP. 
Em síntese, na resposta à acusação, assim como nas outras peças, deve-se 
desenvolver uma tese que, ao final, viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, a tese invariavelmente 
guarda relação com o objeto de pedido. 
Nesse sentido, considerando que o pedido correspondente à resposta à acusação 
é de ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, com base no artigo 397 do CPP, as teses de mérito na resposta à acusação 
envolvem, via de regra: 
I) causa excludente de ilicitude 
II) excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade por doença mental 
III) excludente de tipicidade 
IV) causas extintivas de punibilidade 
 
Portanto, na resposta à acusação, deve-se buscar no enunciado: 
A) Preliminares: 
 
 
 
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Vícios processuais e procedimentais decorrentes da inobservância de exigências 
legais que podem levar à nulidade do ato e dos que dele derivam e, até mesmo, do processo. 
* Alguns exemplos de preliminares 
B) Mérito 
Corresponde, basicamente, em invocar causas excludentes de ilicitude, 
culpabilidade, salvo a inimputabilidade e tipicidade. Na resposta à acusação, a extinção da punibilidade 
integra uma das hipóteses de pedido de absolvição sumária, sendo, por isso, excepcionalmente, tratada 
como se mérito fosse. 
I) Algumas causas excludentes de ilicitude 
 
a) Incompetência absoluta do juízo 
b) Rejeição da denúncia (art. 395) 
c) Nulidade da citação 
d) Nulidade/ilicitude de prova produzida no inquérito policial 
e) Nulidades – art. 564 CPP, I, II, III (“a”, “b”, “c” e “e”) e IV 
f) Nulidade do processo por não ter sido adotado o procedimento adequado. 
 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE ILICITUDE 
art. 397, I do 
CPP 
ESTADO DE NECESSIDADE 
art.24, CP 
LEGITIMA DEFESA 
art.25, CP 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
art.23, III, CP 
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 
art.23, III, CP 
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
Causa Supralegal 
 
 
 
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II) Algumas causas excludentes de culpabilidadeIII) Alguns exemplos de excludentes da tipicidade que podem ensejar absolvição sumária 
 
FALTA DE POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE 
CULPABILIDADE 
art. 397, II do 
CPP 
INIMPUTABILIDADE PELA 
EMBRIAGUEZ COMPLETA E ACIDENTAL 
art. 28, § 1º, CP 
art.21, CP 
INEXIGIBILIDADE DE 
CONDUTA ADVERSA 
art.22, CP 
ERRO DE 
PROIBIÇÃO 
INEVITÁVEL 
 
COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL 
 
OBEDIÊNCIA 
HIERÁRQUICA 
 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE 
TIPICIDADE 
art. 397, III do 
CPP 
FATO ATÍPICO 
COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL 
CRIME IMPOSSÍVEL 
art.17, CP 
ERRO DE TIPO ESSENCIAL 
art.20, CP 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
SÚMULA VINCULANTE Nº 24 
 
 
 
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IV) Alguns exemplos de causas de extinção da punibilidade38 
 
3.6) PEDIDO: ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – Art. 397 CPP 
 
 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido expresso acerca de cada 
tese desenvolvida. Por exemplo, se foi desenvolvida tese que envolva preliminar (incompetência do juízo, por 
exemplo), deve-se pedir expressamente que seja declarada a incompetência do juízo. 
Além disso, após o oferecimento da resposta escrita, abre-se a possibilidade de o 
juiz absolver sumariamente o réu, encerrando o processo, quando incidir, no caso, causa manifesta de 
exclusão da ilicitude do fato; causa manifesta de exclusão da culpabilidade (exceto a inimputabilidade por 
doença mental, seguindo-se o processo nesse caso); o fato narrado evidentemente não constituir crime 
(causas excludentes de tipicidade, por exemplo); ou causa extintiva de punibilidade. 
 
38 Tratada aqui, excepcionalmente, como mérito, já que o seu reconhecimento enseja absolvição sumária (Art. 397, IV, 
CPP). 
CAUSAS DE 
EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE 
PRESCRIÇÃO 
RESSARCIMENTO DO DANO NO PECULATO CULPOSO 
PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO 
SOCIAL, INCLUSIVE ACESSÓRIOS 
RESSARCIMENTO DO DANO ANTES DO RECEBIMENTO DA 
DENUNCIA NO CRIME DE ESTELIONATO MEDIANTE EMISSÃO DE 
CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS 
art. 171, § 2º, VI, CP e Súmula 554 STF 
HIPÓTESES DO ART. 107,CP 
art.109 a 117 CP 
art.312 § 3º CP 
Na resposta à acusação, o pedido é de absolvição sumária, com base no artigo 397 do CPP. 
 
 
 
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I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato 
O juiz estará autorizado a julgar antecipadamente a lide penal quando estiver 
comprovada a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato, prevista, via de regra, nos artigos 
23, 24 e 25 do Código Penal. Ou seja, para a decretação da absolvição sumária é necessária a existência de 
prova que permita ao juiz, desde logo, em cognição sumária, obter plena certeza de que o réu agiu em legítima 
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito. 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade 
Trata o dispositivo, por exemplo, das causas de exclusão da culpabilidade 
consistente na embriaguez completa acidental (art. 28, §1º, do CP), a falta de potencial consciência da ilicitude 
(erro de proibição inevitável, artigo 21 do CP), coação moral irresistível e obediência hierárquica (art. 22 do 
CP). 
Na hipótese em que a inimputabilidade se encontra comprovada por exame de 
insanidade mental, o Código de Processo Penal não autoriza a absolvição imprópria do agente, pois esta 
implicará a imposição de medida de segurança, o que poderá ser prejudicial ao réu, já que não lhe será 
possível comprovar por outras teses defensivas a sua inocência, sem a imposição de qualquer outra medida 
restritiva. 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime 
Se o juiz não rejeitar a denúncia e, por conta dos argumentos e provas juntadas 
com a resposta escrita, se convencer que o fato narrado não constitui crime, poderá, agora, absolver 
sumariamente o réu. 
Alguns exemplos: 
Ex: Acusado pela prática de crime contra a ordem tributária apresenta documento demonstrando que o tributo 
supostamente sonegado ainda não havia sido lançado (Súmula Vinculante nº 2439). 
Ex2: erro de tipo essencial invencível. 
Ex3: crime impossível. 
Ex4: princípio da insignificância 
Ex5: fato atípico 
 
39 Súmula vinculante nº 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, 
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. 
 
 
 
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IV – extinção da punibilidade do agente 
Aqui há uma impropriedade do legislador, pois, nos casos de extinção de 
punibilidade, não há análise de mérito, mas causa impeditiva da sua análise. Além disso, o artigo 61 do CPP 
permite que o juiz, em qualquer fase do processo, reconheça a extinção da punibilidade, inclusive de ofício. 
De qualquer modo, para fins de resposta escrita, o juiz declara extinta a 
punibilidade e absolve o réu, com base no art. 397, inciso IV, do CPP. 
V – Produção de provas e rol de testemunhas 
Também deve constar pedido expresso de produção de provas, com designação 
de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas 
3.7) RECURSOS 
A absolvição sumária faz coisa julgada material, resolvendo, pois, definitivamente 
o mérito da causa. 
Por isso, da decisão que absolve sumariamente o réu com base no artigo 397, 
incisos I, II e III, cabe apelação. 
Quanto à decisão que declara a extinção da punibilidade, impropriamente 
considerada como hipótese de absolvição sumária, a doutrina é uníssona no sentido de que o recurso cabível 
é o recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, VIII, do CPP. 
Não há recurso cabível contra a decisão que não acolhe o pedido de absolvição 
sumária. Nesse caso, assim como na hipótese de recebimento da denúncia ou queixa, a medida cabível é a 
impetração de habeas corpus visando ao trancamento da ação penal. 
3.8) DICAS 
A) Aliado às preliminares e questões de mérito, cumpre ao acusado na resposta escrita oferecer documentos 
e justificações, especificar as provas pretendidas, arrolar testemunhas qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. 
B) Embora não seja comum neste momento processual, cremos ser possível a desclassificação do delito em 
sede de resposta à acusação, como, por exemplo: 
a) desclassificação ensejar incompetência absoluta do juízo (arguida em preliminar); 
 
 
 
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Ex: Denúncia pela prática do delito de moeda falsa (art. 289 CP) perante a Justiça 
Federal. Acolhida a tese da falsificação grosseira, alegada na resposta à acusação, haverá desclassificação para 
o delito de estelionato (art. 171 do CP), cuja competência é da Justiça Estadual, nos termos da Súmula 73 do 
STJ. 
b) desclassificação para crime de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, 
que, ao final, redundará na decadência e pedido de absolvição sumária, pela extinção da punibilidade (art. 397, 
inciso IV) 
Ex: Conforme admitido no VIII Exame da OAB, possível postular a desclassificação do 
delito, com consequente extinção da punibilidade se desclassificado para crime de ação penal privada, com prazo 
decadencial expirado. No caso do VIII Exame, exigiu-se a desclassificação do crime de extorsão (art. 158) para 
exercício arbitrário das próprias razões (art. 345), que se trata de crime, via de regra, deação penal privada. 
 
3.9) ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
 
 
 
NO MÉRITO: 
- Causa excludente de ilicitude 
- Causa excludente de 
culpabilidade 
- Causa excludente de tipicidade 
- Causa excludente de 
punibilidade 
BASE LEGAL: 
ART. 396 E 396-A 
PRAZO: 10 DIAS 
PEDIDO: 
 
a) seja reconhecida a 
incompetência do juízo; 
 
b) seja rejeitada a denúncia; 
 
c) nulidades (referir todas as 
nulidades enfrentadas na peça); 
 
d) seja o réu absolvido 
sumariamente, com base no 
artigo 397 (apontar o inciso 
correspondente); 
 
e) a produção de provas, com 
designação de audiência de 
instrução e julgamento e oitiva 
das testemunhas arroladas. 
 
 
 
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A) Endereçamento: juiz da causa 
B) Preâmbulo: nome e qualificação do acusado (não inventar dados), capacidade postulatória (por seu 
procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 396 ou 396-A), nome da peça (resposta escrita ou resposta 
à acusação), frase final (pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
C) corpo da peça (teses defensivas) 
D) pedidos: pedidos articulados conforme as teses desenvolvidas. Ex: nulidades, absolvição sumária, com 
base no artigo 397 do CPP e, subsidiariamente, a produção de provas, com designação de audiência de 
instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas. 
E) parte final (local, data, advogado e OAB) 
F) rol de testemunhas 
SUGESTÃO ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA ......(SE CRIME 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SECÃO JUDICIÁRIA DE 
.......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)40 
Processo nº .... 
 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos artigos 
396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS41 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES42 
B) DO MÉRITO 
 
40 Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 
41 Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem transcrever o enunciado. Relatar o crime pelo qual o réu foi denunciado. 
O oferecimento e recebimento da denúncia. Que o réu foi citado 
42 As preliminares são questões que envolvem vícios formais processuais e procedimentais. São questões que levam à nulidade do ato 
ou do próprio processo. Não guardam nenhuma relação com a absolvição (que trata de matéria de mérito) 
 
 
 
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* Após identificar e arguir eventuais preliminares contidas no enunciado, deve-se atacar o mérito, buscando 
a absolvição sumária do réu, com base no artigo 397 do CPP. 
* No mérito, busca-se, invariavelmente, no enunciado causas excludentes do crime: ilicitude, culpabilidade, 
tipicidade e, excepcionalmente na resposta à acusação, causas extintivas de punibilidade. 
* O VIII exame da OAB também considerou a desclassificação de um crime para outro. Extorsão (art. 158) 
para Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345), com posterior decadência do direito de queixa, pois 
desclassificado para crime de ação penal privada. 
III) DO PEDIDO43 
Ante o exposto, requer o denunciado: 
a) seja reconhecida a incompetência do juízo; 
b) seja rejeitada a denúncia; 
c) nulidades (referir todas as nulidades enfrentadas na peça); 
d) Absolvição sumária, com base no artigo 397 (apontar o inciso correspondente); 
e) A produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas 
arroladas. 
 
Local...e data...44 
 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
ROL DE TESTEMUNHAS45 
 
A) FULANO DE TAL 
B) CICLANO DE TAL 
Cuidado: No procedimento crimes de responsabilidade dos funcionários públicos 
(art. 514 do CPP) e tráfico ilícito de entorpecentes (art. 55 da Lei 11.343/2006) há previsão de defesa 
preliminar (que não se confunde com a resposta escrita do art. 396 do CPP). 
 
43 Deve-se elaborar os pedidos de modo articulado, seguindo-se a ordem das teses desenvolvidas, desde as preliminares 
até o mérito. 
44 cuidado com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo 
45 colocar somente os nomes e dados fornecidos pela banca. não inventar nada. 
 
 
 
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A defesa preliminar desses procedimentos especiais visa, em síntese, a convencer 
ao juiz a rejeitar a denúncia ou queixa. Ou seja, tem cabimento antes do recebimento da denúncia ou queixa, 
e o réu é notificado (e não citado) para apresentá-la. 
O equívoco no fundamento legal pode levar a zerar e peça. 
 
 
PEÇA PROFISSIONAL XXI EXAME 
Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando as 
agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em comunidade 
carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem ter familiares 
no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de acesso 
público, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade 
com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia 24 de 
dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da 
ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um grande 
supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava 
R$18,00(dezoito reais). Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a 
abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu 
os dois produtos escondidos. Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos 
financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem 
outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, 
inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito 
policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática 
do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade 
da acusada. O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a 
denúncia oferecida pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter 
o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida 
a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para 
ser citada. No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica em melhores condições. Em razão disso, 
procura um advogado, esclarecendo que nada sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. 
Disse, ainda, que Maria, hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha 
conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira 
dia útil em todo o país, Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, ondesão informados que o 
processo estava em seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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OAB 
2ª Fase 
 
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localização de Gabriela para citação. Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, 
junto ao seu advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu 
patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida 
pelo Ministério Público. Considerando a situação narrada, apresente, na qual idade de advogado(a) de 
Gabriela, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus , apresentando todas as teses jurídicas de 
direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00) 
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à 
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
PEÇA PROFISSIONAL XXI EXAME 
PEÇA OAB – 2010-02 
A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria Campos 
a prática de crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos falsos. Diante 
da notícia crime, a autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa 
pela decretação da interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos 
fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para o exterior por outros 
meios, pois o ‘modus operandi’ envolve sempre atos ocultos e exige estrutura organizacional sofisticada, o 
que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela investigada Maria”. O Ministério Público 
opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão de decidir, “os 
fundamentos explicitados na representação policial”. 
No curso do monitoramento, foram identificadas pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos para 
providenciar expedição de passaporte para viabilizar viagens de crianças para o exterior. Foi gravada 
conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal, Antônio Lopes, 
em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já estavam prontos, e se 
poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação das linhas 
telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado. 
O juiz, também com prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério 
Público, deferiu a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito de 
dinheiro em espécie na conta de Antônio, efetuado naquele mesmo ano, no valor de R$ 100.000,00 (cem 
mil reais). O monitoramento telefônico foi mantido pelo período de quinze dias, após o que foi deferida 
medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A decisão foi proferida nos seguintes 
termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados objetos relevantes para 
investigação, defiro requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos Casais, 213) e de 
Antonio (Rua Castro, 170, apartamento 201)”. No endereço de Maria Campos, foi encontrada apenas uma 
relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes que teriam requerido a expedição de 
 
 
 
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passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. No endereço indicado no mandado 
de Antônio Lopes, nada foi encontrado. Entretanto, os policiais que cumpriram a ordem judicial perceberam 
que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao investi gado, motivo pelo qual nele 
ingressaram, encontrando e apreendendo a quantia de cinquenta mil dólares em espécie. Nenhuma outra 
diligência foi realizada. 
Relatado o inquérito policial, os autos foram remeti dos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia nos 
seguintes termos: “o Ministério Público vem oferecer denúncia contra Maria Campos e Antônio Lopes, pelos 
fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da polícia federal Antônio Lopes, expediu 
diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades legais. Maria tinha a 
finalidade de viabilizar a saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro apreendida na casa de 
Antônio Lopes, bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente que ele recebia vantagem 
indevida para efetuar a liberação dos passaportes. Assim agindo, a denunciada Maria Campos está incursa 
nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e nas 
penas do artigo 333, parágrafo único, c/c o artigo 69, ambos do Código Penal. Já o denunciado Antônio 
Lopes está incurso nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente) e nas penas do artigo 317, § 1º, c/c artigo 69, ambos do Código Penal”. 
O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre, RS, recebeu a denúncia, nos seguintes termos: “compulsando 
os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos descritos na denúncia e do 
envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se os 
réus, na forma da lei”. Antônio foi citado pessoalmente em 27.10.2010 (quarta-feira) e o respectivo mandado 
foi acostado aos autos dia 01.11.2010 (segunda-feira). Antônio contratou você como Advogado, repassando-
lhe nomes de pessoas (Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 10, nesta capital; João de Tal, residente na Rua 
4, n. 310, nesta capital; Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital) que prestariam relevantes 
informações para corroborar com sua versão. 
Nessa condição, redija a peça processual cabível desenvolvendo TODAS AS TESES DEFENSIVAS que podem 
ser extraídas do enunciado com indicação de respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no último dia 
do prazo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 3 – XVII EXAME 
Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que 
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth 
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, 
consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto 
com um policial militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago 
localizou Antônio, já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em 
sua cintura, tendo o policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela 
prática do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca 
de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o 
magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar resposta 
à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade 
de advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. 
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi 
das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento dedireito material poderia 
ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 
0,60) 
 
 
QUESTÃO 3 – XV EXAME 
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo 
ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento 
administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo 
tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, 
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime 
previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. 
Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela 
Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. 
Diante disso, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor: 
0,60) 
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) 
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
QUESTÃO 1 – VIII OAB 
Em determinada ação fiscal procedida pela Receita Federal, ficou constatado que Lucile não fez constar 
quaisquer rendimentos nas declarações apresentadas pela sua empresa nos anos de 2009, 2010 e 2011, 
omitindo operações em documentos e livros exigidos pela lei fiscal. Iniciado processo administrativo de 
lançamento, mas antes de seu término, o Ministério Público entendeu por bem oferecer denúncia contra 
Lucile pela prática do delito descrito no art. 1º, inciso II da Lei n. 8.137/90, combinado com o art. 71 do 
Código Penal. A inicial acusatória foi recebida e a defesa intimada a apresentar resposta à acusação. 
Atento(a) ao caso apresentado, bem como à orientação dominante do STF sobre o tema, responda, 
fundamentadamente, o que pode ser alegado em favor de Lucile. (Valor: 1,25) 
 
 
 
 
 
 
 
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4) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO 
Em não sendo caso de absolvição sumária, o Magistrado designará audiência de 
instrução e julgamento, aonde a produção de prova é concentrada, ou seja, toda prova oral deverá, em 
regra, ser produzida em única audiência. 
Na audiência de instrução, deve-se respeitar a ordem estabelecida pelo 
procedimento legal. 
Primeiramente, ouve-se o ofendido; depois, as testemunhas de acusação; após, 
as testemunhas de defesa e, por fim, proceder-se-á ao interrogatório do réu. Note-se que, para viabilizar 
a ampla defesa, o interrogatório do réu passou a ser o último ato instrutório. 
Se a inversão da ordem de inquirição for determinada pelo juiz sem concordância 
do réu, gera-se nulidade relativa. 
Durante a audiência de instrução e julgamento pode haver, ainda, esclarecimentos 
de perito, acareação, reconhecimento de pessoas e coisas. 
No procedimento comum ordinário, as partes podem arrolar, sem justificar ou 
motivar, até 08 testemunhas cada uma. 
Encerrado o interrogatório, passa-se à fase das diligências, passíveis de serem 
requeridas pelas partes cuja necessidade ou conveniência se origine de circunstâncias ou de fatos apurados 
na instrução. 
Ordenada diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da 
parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Realizada a diligência determinada, as partes 
apresentarão, conforme artigo 404, parágrafo único, do CPP, no prazo sucessivo de cinco dias, suas 
alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 dias, o juiz proferirá a sentença. Trata-se, portanto, de 
hipótese em que será autorizada a cisão da audiência única. 
 
 
 
 
 
POSSÍVEIS NULIDADES 
DURANTE A AUDIÊNCIA DE 
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
INVERSÃO ORDEM 
INQUIRIÇÃO 
AUSÊNCIA CIENTIFICAÇÃO DO DIREITO AO 
SILÊNCIO 
NÃO VIABILIZAÇÃO DE 
CONVERSA PRÉVIA E RESERVADA 
COM DEFENSOR 
AUSÊNCIA DO DEFENSOR 
 
 
 
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5) MEMORIAIS OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
5.1) INTRODUÇÃO 
Declarada encerrada a instrução, passa-se à etapa dos debates orais. Todavia, 
sobretudo no contexto da prova da OAB, os debates orais podem ser convertidos em memoriais escritos em, 
basicamente, três hipóteses: a) complexidade da causa; b) excessivo número de réus; c) quando na audiência 
for ordenada realização de diligência. 
 
5.2) IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA 
Os memoriais são oferecidos após o encerramento da instrução e antes da sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA: 
MEMORIAIS ESCRITOS 
PALAVRA MÁGICA: 
ENCERRADA A 
INSTRUÇÃO 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
Encerramento da Instrução--------MEMORIAIS------sentença 
 
 
 
 
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Exemplos de como identificar a peça extraídos de memoriais que já cobrados pela FGV: 
XXIII EXAME 
(...) Recebida a denúncia, durante a instrução, foi ouvida Cláudia, que confirmou ter deixado seu notebook 
acoplado à tomada, mas que Roberta o subtraíra, somente havendo restituição do bem com a descoberta dos 
agentes da lei. Também foram ouvidos os funcionários do curso preparatório, que disseram ter identificado a 
autoria a partir das câmeras de segurança. Roberta, em seu interrogatório, confirma os fatos, mas esclarece que 
acreditava que o notebook subtraído era seu e, por isso, levara-o para casa. Foi juntada a Folha de Antecedentes 
Criminais da ré sem qualquer outra anotação, o laudo de avaliação do bem subtraído, que constatou seu valor 
de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o CD com as imagens captadas pela câmera de segurança. O Ministério 
Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação da ré nos termos da denúncia. 
Você, como advogado(a) de Roberta, é intimado(a) no dia 24 de agosto de 2016, quarta-feira, sendo 
o dia seguinte útil em todo o país, bem como todos os dias da semana seguinte, exceto sábado e 
domingo. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Roberta, redija a peça 
jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser 
datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) 
 
XX EXAME 
(...) Após a juntada da Folha de Antecedentes Criminais do réu, apenas mencionando aquele inquérito, e do laudo 
de exame de material, confirmando que, de fato, a substância encontrada no veículo do denunciado era “cloridrato 
de cocaína”, os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela condenação do acusado 
nos exatos termos da denúncia. Em seguida, você, advogado (a) de Astolfo, foi intimado (a) em 06 de março de 
2015, uma sexta-feira. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso 
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo, sustentando 
todas as tese s jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) 
 
XVII EXAME 
(...) Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas aquele processo pelo 
porte de arma de fogo, que não tivera proferida sentença até o momento, o laudo de avaliação indireta do 
automóvel e o vídeo da câmera de segurança da residência. O Ministério Público, em sua manifestação 
derradeira, requereu a condenação nos termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 
de julho de 2015, sexta feira. 
 
XIV EXAME DA OAB 
 
 
 
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89(...) A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o 
primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual. O Ministério Público pugnou 
pela condenação de Felipe nos termos da denúncia. A defesa de Felipe foi intimada no dia 10 de 
abril de 2014 (quinta-feira). 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, 
redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, 
sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) 
 
IX EXAME 
(...) Nesse sentido, considere que o magistrado encerrou a audiência e abriu prazo, intimando as partes, 
para o oferecimento da peça processual cabível. Como advogado de Gisele, levando em conta tão somente 
os dados contidos no enunciado, elabore a peça cabível. (Valor: 5,0) 
 
5.3) BASE LEGAL 
Há duas hipóteses de base legal: 
 
 
 
 
A) Pela complexidade da causa ou número de acusados: Art. 403, § 3º, CPP. 
B) Quando for requerido diligências em audiência: Art. 404, parágrafo único, CPP. 
 
5.4) PRAZO 
 
 
 
Prazo: 05 dias 
Defensor Público: prazo em dobro 
 
Base legal: art. 403, § 3º, CPP OU art. 404, parágrafo único, CPP. 
5 dias 
 
 
 
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5.5) CONTEÚDO 
Os memoriais podem conter questões preliminares e/ou matérias de mérito. 
A) Preliminares: 
Como já referido, as questões preliminares são aquelas que não observam aspectos 
formais de determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade. 
Aqui, por questão de organização, recomenda-se que as causas extintivas de 
punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas no campo destinado às preliminares. 
B) Mérito: 
Conforme já mencionado, nas peças práticas profissionais deverão ser buscadas no 
enunciado teses que, ao final, viabilizarão a formulação do correspondente pedido. Ou seja, aborda-se na peça 
aquilo que, ao final, poderá ser objeto de pedido. 
No caso dos memoriais escritos, as teses de mérito guardam relação com as hipóteses 
que ensejam a absolvição, previstas no artigo 386 do CPP. 
Considerando que o pedido de absolvição deve observar um dos incisos do artigo 386, 
a matéria de mérito nos memoriais (aqui vale para apelação) consistirá, necessariamente, na discussão, acerca 
da materialidade, autoria, tipicidade, ilicitude, culpabilidade, além de teses subsidiárias, formando aquilo que 
convencionamos representar pela sigla MATICS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) SUBSIDIARIEDADE46 
 
Além das preliminares e das questões de mérito, deve-se buscar no enunciado 
informações que permitam identificar alguma tese subsidiária. As teses subsidiárias consistem, basicamente, nas 
hipóteses em que, uma vez condenado, permitem ao réu ter sua situação amenizada. 
 
46 As teses subsidiárias serão estudadas com mais profundidade na aula de Direito Penal, na parte da teoria da pena. 
M 
A 
T 
I 
C 
S 
MATERIALIDADE (incisos I e II) 
AUTORIA (incisos IV e V) 
TIPICIDADE (inciso III) 
ILICITUDE (inciso VI) 
CULPABILIDADE (inciso VI) 
SUBSIDIARIEDADE 
 
 
 
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Como forma de facilitar a identificação, convencionarmos considerar a ordem 
estabelecida no art. 59 do CP. Trata-se de espécie de checklist. 
c.1) na quantidade de pena: Art. 59, II: verificar o sistema trifásico (art. 68). 
* buscar no enunciado informações para sustentar a pena-base no mínimo legal (afastar, por exemplo, maus 
antecedentes); 
* Apontar atenuantes (previstas no artigo 65 do CP); afastar agravantes (previstas no artigo 61 e 62 do CP); 
* Apontar causas de diminuição de pena (ex: tentativa – art. 14, parágrafo único, do CP); afastar causas de 
aumento de pena. 
* Afastar qualificadoras 
c.2) regime carcerário mais brando: Art. 59, III, do CP 
* Verificar o artigo 33 do Código Penal e artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 ( O STF declarou inconstitucional esse 
dispositivo). 
c.3) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: Art. 59, IV, do CP 
* Verificar o artigo 44 do CP e artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 (ver Resolução nº 05 do Senado). 
c.4) Sursis – Art. 77 do CP 
c.5) Desclassificação do delito 
5.6) PEDIDO 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma 
das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou a tese da incompetência do juízo, sob o argumento de que o processo 
tramita na Justiça Estadual, ao passo que a competência é da Justiça Federal, deve-se, ao final, formular pedido 
expresso de que seja declarada a incompetência do Juízo; 
Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias. 
Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido 
expresso de absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do CPP. Se sustentou, subsidiariamente, que o réu 
não é reincidente, deve-se, ao final, formular pedido expresso para afastar a reincidência, com a consequente 
diminuição da pena...e assim por diante... 
O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do artigo 386 do CPP. 
 
 
 
 
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ATENÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sentença absolutória é aquela que julga improcedente a acusação, valendo-se 
de um dos fundamentos mencionados no artigo 386 do CPP: 
A) Estar provada a inexistência do fato – artigo 386, inciso I, do CPP. 
Nesse caso, há prova robusta da inexistência da materialidade do delito. Ou seja, 
não se trata de mera insuficiência de prova, pois restou categoricamente demonstrado que o fato não existiu. 
Ex: Vítima de estupro que admite, em juízo, não ter havido o constrangimento, 
tendo imputado o delito ao réu somente para prejudicá-lo. 
Ex2: vítima de furto que afirma ter encontrado os objetos, que, na verdade, 
estavam perdidos. 
 
B) Não haver prova da existência do fato – artigo 386, inciso II, do CPP. 
Nesse caso, incide a dúvida acerca da existência ou não do fato criminoso. Ou seja, 
o fato até pode ter ocorrido, mas a acusação não logrou comprovar a sua existência ou materialidade. 
Ex: quando o juiz fica na dúvida se a vítima foi efetivamente estuprada ou mentiu 
para prejudicar o réu. 
C) Não constituir o fato infração penal – artigo 386, inciso III, do CPP. 
Na resposta à acusação (art. 396-A), o pedido é de absolvição sumária, com base no artigo 397 do CPP. 
 
Nos memoriais do procedimento do júri, o pedido é de absolvição sumária terá por base o artigo 415 
do CPP. 
! 
 
 
MEMORIAIS DO PROCEDIMENTO COMUM 
Pedido de absolvição é com base no artigo 386 CPP 
 
 
 
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Nessa hipótese, a instrução revelou causas de exclusão de uma ou algumas 
elementares do delito relatado na denúncia. Trata-se, pois, de hipótese de reconhecimento de uma das 
causas excludentes da tipicidade do fato descrito na denúncia. 
Ex: Sujeito denunciado por ter praticado conjunção carnal com menina de 13 anos 
de idade. Durante a instrução, comprova-se que a relação sexual ocorreu quando a suposta vítima já havia 
completado 14 anos. Nesse caso, há exclusão do crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A. 
Ex: princípio da insignificância. 
 
D) Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal – artigo 386, inciso IV, do CPP. 
Nesse caso, restou caracterizada a existênciado delito. Todavia, restou 
comprovado que o delito foi praticado por outras pessoas. 
Ex: vítima reconhece o réu por fotografia como sendo o autor do roubo ocorrido 
na Avenida Tenente Coronel Brito em Santa Cruz do Sul, no dia 05 de novembro de 2012, por volta das 22h. 
o réu consegue comprovar não ter sido o autor do delito, porque, na referida data e horário, estava em São 
Luiz Gonzaga, distante 400km, visitando a família. 
 
E) Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal – artigo 386, inciso V, do CPP. 
O fato ocorreu. Todavia, não há comprovação segura no sentido de que o réu 
contribuiu para a empreitada delituosa. Aqui a dúvida deve militar em favor do réu. 
Considere o fato de a autoria ter sido apontada por meio de prova ilícita (Ex: 
interceptação telefônica sem autorização judicial), uma vez alegada a ilicitude da prova e o seu consequente 
desentranhamento dos autos, nada restará para apontar a autoria do delito. 
 
F) Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 
26 e § 1o do art. 28, todos do código penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua 
existência – artigo 386, inciso VI, do CPP. 
* Absolvição com base nas circunstâncias que excluam o crime: trata-se de causas excludentes de 
ilicitude, previstas nos artigos 23, 24 e 25 do CP, consistentes na legítima defesa, estado de necessidade, 
exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. 
* Absolvição com base nas causas que isentem o réu de pena: trata-se das causas excludentes de 
culpabilidade previstas no artigo 21 (erro de proibição inevitável), 22 (coação moral irresistível e obediência 
 
 
 
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hierárquica à ordem não manifestamente ilegal), 26, “caput” (inimputabilidade por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado), e 28, § 1º (embriaguez acidental completa), todos do 
Código Penal. 
Na hipótese de absolvição com base na inimputabilidade decorrente de doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o juiz aplicará medida de segurança consistente 
em internação ou tratamento ambulatorial (art. 386, parágrafo único, III, do CPP). Por se tratar de sentença 
absolutória na qual se aplica uma espécie de sanção penal, chama-se de sentença absolutória imprópria. 
G) Não existir prova suficiente para a condenação 
Constitui fórmula genérica a ser utilizada quando não for possível a aplicação dos 
dispositivos anteriores. 
 
* ESTRUTURA DOS MEMORIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BASE LEGAL: 
Art. 403, §3º, CPP 
OU 
Art. 404, parágrafo único, 
CPP 
PRAZO: 05 DIAS 
 
*Materialidade 
*Autoria 
*Tipicidade 
*Ilicitude 
*Culpabilidade 
*Subsidiariedade 
 
 
 
* Mesmas da resposta à 
acusação + nulidades da 
audiência 
* Nulidades do ato e do 
processo (art. 564 do CPP) 
* Extinção da punibilidade 
* Prescrição da pretensão 
punitiva em abstrato. 
 
 
 
MEMORIAIS 
 
Todas as teses 
alegadas 
+ 
 
Absolvição 
art. 386, CPP 
 
 
*Quantificação da pena; 
*Regime inicial 
carcerário; 
*Substituição da PPL por 
PRD; 
*Sursis da pena (se não 
cabível PRD). 
 
 
 
 
1.PRELIMINARES 
 
 
 2. MÉRITO 
 
 
 4. PEDIDO 
 
 
3. SUBSIDIARIAMENTE 
Art. 59 do CP 
 
 
 
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A) Endereçamento: juiz da causa 
B) Preâmbulo: nome e qualificação do acusado (não inventar dados), capacidade postulatória (por seu procurador 
infra-assinado), fundamento legal (art. 403, § 3º ou 404, parágrafo único, do CPP), nome da peça 
(Memoriais escritos), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
C) corpo da peça (teses defensivas) 
D) pedidos: 
1) Nulidades (acompanhar a ordem das preliminares) 
2) Extinção da punibilidade. Ex: seja declarada extinta a punibilidade pela prescrição, com base no artigo 107, 
inciso IV, do Código Penal. 
3) absolvição, com base no artigo 386 do Código de Processo Penal. 
4) diminuição da pena, regime carcerário, etc 
E) parte final (local, data, advogado e OAB) 
 
ESTRUTURA DOS MEMORIAIS: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA ......(SE CRIME 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ......(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)47 
Processo nº____ 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º, 
do Código de Processo Penal (se complexidade da causa ou número de réus), ou 404, parágrafo 
único, do Código de Processo Penal (se deferida realização de diligências em audiência), pelos fatos 
e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS48 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES49 
 
47 Competência da Justiça Federal – art. 109 da CF/88. 
48 Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem simplesmente transcrever o enunciado.* Relatar o crime 
pelo qual o réu foi denunciado. O oferecimento e recebimento da denúncia. Que o réu foi citado. Apresentou resposta escrita. 
Audiência de instrução. Inquirição testemunhas 
49 As preliminares são questões que envolvem vícios formais processuais e procedimentais. São questões que levam à 
nulidade do ato (e dos que dele derivarem) ou do próprio processo. Não guardam nenhuma relação com a absolvição, que 
seria matéria de mérito. 
Embora não sejam tecnicamente questões preliminares, pois não anulam o processo, recomenda-se que as causas extintivas 
de punibilidade sejam arguidas antes das matérias de mérito. 
 
 
 
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B) DO MÉRITO50 
* No mérito, busca-se afastar a materialidade e a autoria, bem como arguir uma das 
causas excludentes do crime: exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, além das teses subsidiárias, 
representada pela sigla MATICS. 
Materialidade 
Autoria 
Tipicidade 
Ilicitude 
Culpabilidade 
Subsidiariedade 
C) SUBSIDIARIEDADE51 
III) DO PEDIDO52 
Ante o exposto, requer o denunciado: 
a) preliminares 
b) nulidades (referir todas as nulidades enfrentadas na peça); 
c) absolvição, com base no artigo 386 do CPP (apontar o inciso correspondente); 
d) diminuição da pena (pena-base no mínimo legal, reconhecimento de atenuante e/ou causa de diminuição da 
pena, afastar agravante e/ou causa de aumento de pena); 
e) regime carcerário; 
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, 
g) “sursis” (se não cabível a restritiva de direitos), 
 
 
50 No mérito, busca-se afastar a materialidade e autoria do delito, bem como arguir uma das causas excludentes do crime: 
exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. 
51 Dica: para facilitar a identificação dos dos pedidos voltados a melhorar a situação do réu, sugere-se seguir a sequência dos incisos do art. 
59 do CP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos [buscar atenuantes (arts.65 e 66 CP) e causas de diminuição da pena - 
tentativa, por exemplo, art. 14, II CP); b) afastar agravantes e causas de aumento da pena e qualificadoras]; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33 CP); 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível (art. 44 CP). 
ART. 77 CP (SURSIS) 
52 Deve-se elaborar os pedidos de modo articulado, seguindo-se a ordem das teses desenvolvidas, desde as preliminares 
até o mérito e teses subsidiárias envolvendo o apenamento. 
 
 
 
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Local... e data...53 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL XXIII EXAME OAB 
No dia 23 de fevereiro de 2016, Roberta, 20 anos, encontrava-se em um curso preparatório para concurso na 
cidade de Manaus/AM. Ao final da aula, resolveu ir comprar um café na cantina do local, tendo deixado seu 
notebook carregando na tomada. Ao retornar, retirou um notebook da tomada e foi para sua residência. Ao 
chegar em casa, foi informada de que foi realizado registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo 
em vista que as câmeras de segurança da sala de aula captaram o momento em que subtraiu o notebook de 
Cláudia, sua colega de classe, que havia colocado seu computador para carregar em substituição ao de Roberta, 
o qual estava ao lado. 
No dia seguinte, antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem ou atitude da autoridade policial, Roberta 
restituiu a coisa subtraída. As imagens da câmera de segurança foram encaminhadas ao Ministério Público, que 
denunciou Roberta pela prática do crime de furto simples, tipificado no Art. 155, caput, do Código Penal. O 
Ministério Público deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do processo, destacando que o delito de 
furto não é de menor potencial ofensivo, não se sujeitando à aplicação da Lei nº 9.099/95, tendo a defesa se 
insurgido. 
Recebida a denúncia, durante a instrução, foi ouvida Cláudia, que confirmou ter deixado seu notebook acoplado 
à tomada, mas que Roberta o subtraíra, somente havendo restituição do bem com a descoberta dos agentes da 
lei. Também foram ouvidos os funcionários do curso preparatório, que disseram ter identificado a autoria a partir 
das câmeras de segurança. Roberta, em seu interrogatório, confirma os fatos, mas esclarece que acreditava que 
o notebook subtraído era seu e, por isso, levara-o para casa. Foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais da 
ré sem qualquer outra anotação, o laudo de avaliação do bem subtraído, que constatou seu valor de R$ 3.000,00 
(três mil reais), e o CD com as imagens captadas pela câmera de segurança. O Ministério Público, em sua 
manifestação derradeira, requereu a condenação da ré nos termos da denúncia. 
Você, como advogado(a) de Roberta, é intimado(a) no dia 24 de agosto de 2016, quarta-feira, sendo o dia 
seguinte útil em todo o país, bem como todos os dias da semana seguinte, exceto sábado e domingo. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Roberta, redija a peça jurídica 
cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada 
no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) 
 
53 cuidado com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo 
 
 
 
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Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e dispositivos legais cabíveis. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL XX EXAME OAB 
Astolfo, nascido em 15 de março de 1940, sem qualquer envolvimento pretérito com o aparato judicial, no dia 22 
de março de 2014, estava em sua casa, um barraco na comunidade conhecida como Favela da Zebra, localizada 
em Goiânia/GO, quando foi visitado pelo chefe do tráfico da comunidade, conhecido pelo vulgo de Russo. Russo, 
que estava armado, exigiu que Astolfo transportasse 50 g de cocaína para outro traficante, que o aguardaria em 
um Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo ser expulso de sua residência e não mais poder morar na Favela da 
Zebra. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação, mas quando estava em seu automóvel, na direção 
do Posto de Gasolina, foi abordado por policiais militares, sendo a droga encontrada e apreendida. Astolfo foi 
denunciado perante o juízo competente pela prática do crime previsto no Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Em 
que pese tenha sido preso em flagrante, foi concedida liberdade provisória ao agente, respondendo ele ao 
processo em liberdade. Durante a audiência de instrução e julgamento, após serem observadas todas as 
formalidades legais, os policiais militares responsáveis pela prisão em flagrante do réu confirmaram os fatos 
narrados na denúncia, além de destacarem que, de fato, o acusado apresentou a ver são de que transportava as 
drogas por exigência de Russo. Asseguraram que não conheciam o acusado antes da data dos fatos. Astolfo, em 
seu interrogatório, realizado como último ato da instrução por requerimento expresso da defesa do réu, também 
confirmou que fazia o transporte da droga, mas alegou que somente agiu dessa forma porque foi obrigado pelo 
chefe do tráfico local a adotar tal conduta, ainda destacando que residia há mais de 50 anos na comunidade da 
Favela da Zebra e que, se fosse de lá expulso, não teria outro lugar para morar, pois sequer possuía familiares e 
amigos fora do local. Disse que nunca respondeu a nenhum outro processo, apesar já ter sido indiciado nos autos 
de um inquérito policial pela suposta prática de um crime de falsificação de documento particular. Após a juntada 
da Folha de Antecedentes Criminais do réu, apenas mencionando aquele inquérito, e do laudo de exame de 
material, confirmando que, de fato, a substância encontrada no veículo do denunciado era “cloridrato de cocaína”, 
os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela condenação do acusado nos exatos 
termos da denúncia. Em seguida, você, advogado (a) de Astolfo, foi intimado (a) em 06 de março de 2015, uma 
sexta-feira. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, 
redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as 
tese s jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) 
Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e dispositivos legais cabíveis. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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PEÇA PRÁTICO-PROFFISIONAL DO XX EXAME DA OAB – REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO 
Bruno Silva, nascido em 10 de janeiro de 1997, enquanto adolescente, aos 16 anos, respondeu perante a Vara 
da Infância e Juventude pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico, sendo julgada procedente a 
ação socioeducativa e aplicada a medida de semiliberdade. No dia 10 de janeiro de 2015, na cidade de Belo 
Horizonte, Minas Gerais, Bruno se encontrava no interior de um ônibus, quando encontrou um relógio caído ao 
lado do banco em que estava sentado. Estando o ônibus vazio, Bruno aproveitou para pegar o relógio e colocá-
lo dentro de sua mochila, não informando o ocorrido ao motorista. Mais adiante, porém, 15 minutos após esse 
fato, o proprietário do relógio, Bernardo, já na companhia de um policial, ingressou no coletivo procurando pelo 
seu pertence, que havia sido comprado apenas duas semanas antes por R$ 100,00 (cem reais). Verificando que 
Bruno estava sentado no banco por ele antes utilizado, revistou suamochila e encontrou o relógio. Bernardo 
narrou ao motorista de ônibus o ocorrido, admitindo que Bruno não estava no coletivo quando ele o deixou. 
Diante de tais fatos, Bruno foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime de furto simples, na 
forma do Art. 155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida e foi formulada pelo Ministério Público a 
proposta de suspensão condicional do processo, não sendo aceita pelo acusado, que respondeu ao processo em 
liberdade. No curso da instrução, o policial que efetivou a prisão do acusado, Bernardo, o motorista do ônibus e 
Bruno foram ouvidos e todos confirmaram os fatos acima narrados. Com a juntada do laudo de avaliação do bem 
arrecadado, confirmando o valor de R$ 100,00 (cem reais), os autos foram encaminhados ao Ministério Público, 
que se manifestou pela procedência do pedido nos termos da denúncia, pleiteando reconhecimento de maus 
antecedentes, em razão da medida socioeducativa antes aplicada. 
Você, advogado(a) de Bruno, foi intimado(a), em 23 de março de 2015, segunda-feira, sendo o dia subsequente 
útil. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a 
peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as tese s 
jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00 pontos) 
Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e dispositivos legais cabíveis. 
 A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL XIV EXAME OAB 
Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se encantou. 
Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram 
carícias, e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Felipe. Depois da noite juntos, ambos foram 
para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Felipe, ao 
acessar a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) 
anos de idade, tendo Felipe ficado em choque com essa constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada 
da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Ana, ao 
descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Ana ser inimputável e contar, à época 
dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Felipe pela prática de dois crimes 
de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet 
requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o 
reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP. O processo 
teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, local de 
residência do réu. Felipe, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo 
em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas 
que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos. As testemunhas de acusação 
afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair com as amigas. As testemunhas 
de defesa, amigos de Felipe, disseram que o comportamento e a vestimenta da Ana eram incompatíveis com uma 
menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que 
Felipe não estava embriagado quando conheceu Ana. O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por 
Ana, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no 
local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo 
oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos. A prova pericial atestou 
que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia 
foi realizada longos meses após o ato sexual. O Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos termos 
da denúncia. 
A defesa de Felipe foi intimada no dia 10 de abril de 2014 (quinta-feira). 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, 
redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, 
sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. 
 
 
 
 
 
 
 
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PEÇA PROFISSIONAL - IX EXAME OAB – 
Gisele foi denunciada, com recebimento ocorrido em 31/10/2010, pela prática do delito de lesão corporal leve, 
com a presença da circunstância agravante, de ter o crime sido cometido contra mulher grávida. Isso porque, 
segundo narrou a inicial acusatória, Gisele, no dia 01/04/2009, então com 19 anos, objetivando provocar lesão 
corporal leve em Amanda, deu um chute nas costas de Carolina, por confundi-la com aquela, ocasião em que 
Carolina (que estava grávida) caiu de joelhos no chão, lesionando-se. A vítima, muito atordoada com o acontecido, 
ficou por um tempo sem saber o que fazer, mas foi convencida por Amanda (sua amiga e pessoa a quem Gisele 
realmente queria lesionar) a noticiar o fato na delegacia. Sendo assim, tão logo voltou de um intercâmbio, mais 
precisamente no dia 18/10/2009, Carolina compareceu à delegacia e noticiou o fato, representando contra Gisele. 
Por orientação do delegado, Carolina foi instruída a fazer exame de corpo de delito, o que não ocorreu, porque 
os ferimentos, muito leves, já haviam sarado. O Ministério Público, na denúncia, arrolou Amanda como 
testemunha. Em seu depoimento, feito em sede judicial, Amanda disse que não viu Gisele bater em Carolina e 
nem viu os ferimentos, mas disse que poderia afirmar com convicção que os fatos noticiados realmente ocorreram, 
pois estava na casa da vítima quando esta chegou chorando muito e narrando a história. Não foi ouvida mais 
nenhuma testemunha e Gisele, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Cumpre destacar que a 
primeira e única audiência ocorreu apenas em 20/03/2012, mas que, anteriormente, três outras audiências foram 
marcadas; apenas não se realizaram porque, na primeira, o magistrado não pôde comparecer, na segunda o 
Ministério Público não compareceu e a terceira não se realizou porque, no dia marcado, foi dado ponto facultativo 
pelo governador do Estado, razão pela qual todas as audiências foram redesignadas. Assim, somente na quarta 
data agendada é que a audiência efetivamente aconteceu. Também merece destaque o fato de que na referida 
audiência o parquet não ofereceu proposta de suspensão condicional do processo, pois, conforme documentos 
comprobatórios juntados aos autos, em 30/03/2009, Gisele, em processo criminal onde se apuravam outros fatos, 
aceitou o benefício proposto. Assim, segundo o promotor de justiça, afigurava-se impossível formulação de nova 
proposta de suspensão condicional do processo, ou de qualquer outro benefício anterior não destacado, e, além 
disso, tal dado deveria figurar na condenação ora pleiteada para Gisele como outra circunstância agravante, qual 
seja, reincidência. Nesse sentido, considere que o magistrado encerrou a audiência e abriu prazo, intimando as 
partes, para o oferecimento da peça processual cabível. 
Como advogado de Gisele, levando em conta tão somente osdados contidos no enunciado, elabore a peça 
cabível. (Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6) EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI - PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO 
DA CONSUBSTANCIAÇÃO 
No processo penal, o réu se defende dos fatos, sendo secundário a classificação 
jurídica constante na denúncia ou queixa. 
Segundo o princípio da correlação, a sentença está limitada apenas à narrativa 
feita na peça inaugural, pouco importando a tipificação legal dada pelo acusador. 
O princípio da correlação está regulamentado nos arts. 383 e 384 do CPP, que 
dispõem, respectivamente, dos institutos da emendatio libelli e mutatio libelli. 
Na verdade, o estudo desses institutos está intimamente relacionado a dois 
princípios básicos em matéria de sentença penal: primeiro, o princípio da consubstanciação, segundo o qual 
o réu defende-se dos fatos descritos na denúncia ou na queixa-crime e não da capitulação; e, segundo, o 
princípio da correlação da sentença, traduzindo-se este como a necessidade de amoldar a sentença aos fatos 
descritos na inicial acusatória. (AVENA, 2013, p. 1089). 
6.1) EMENDATIO LIBELLI – Art. 383 
Ao oferecer a denúncia ou queixa, o acusador deve descrever o fato criminoso e, 
após, conferir a ele a respectiva classificação jurídica. O réu, como visto, defende-se dos fatos relatados e 
não da classificação dada. 
Nessa hipótese, pode ocorrer de o juiz considerar inadequada a classificação 
jurídica atribuída ao fato narrado na inicial acusatória. 
O fato delituoso descrito na peça acusatória continua sendo rigorosamente o 
mesmo, cabendo ao juiz corrigir a classificação atribuída pelo Ministério Público ou querelante ao fato 
descrito. 
Desse modo, sem que tenha surgido ao longo da instrução nenhum 
elemento novo ou circunstância capaz de modificar a descrição do fato contido na denúncia ou 
queixa, o juiz poderá dar aos eventos delituosos descritos explícita ou implicitamente na denúncia ou queixa 
a classificação jurídica que considerar correta, ainda que, em consequência, venha a aplicar pena mais grave, 
sem necessidade de prévia vista à defesa, a qual não poderá alegar surpresa, uma vez que não se defendia 
da classificação legal, mas da descrição fática da infração penal. 
Ex: A denúncia narra que fulano subtraiu, mediante o emprego de fraude para 
diminuir ou burlar a vigilância da vítima sobre o objeto subtraído, classificando, no entanto, tal conduta como 
sendo estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, deixando de propor a suspensão condicional do 
processo pelo fato de o agente ter sido condenado pela prática de outro crime. No caso, deve o Juiz dar 
definição jurídica diversa à atribuída pelo Ministério Público, condenando o acusado pela prática do crime de 
furto qualificado pelo emprego de fraude (art. 155, § 4º, inciso II, do CP), sem ofensa ao contraditório ou 
 
 
 
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ampla defesa, nem tampouco do princípio da correlação entre acusação ou sentença, já que o acusado se 
defendia do fato de ter subtraído objeto mediante fraude, conforme narrado na denúncia. 
 
a) Nova definição jurídica do fato e suspensão condicional do processo Art. 383, § 1º 
Se a nova definição jurídica do fato é viável, inclusive para a aplicação de pena 
mais grave, naturalmente, o mesmo se dá para a aplicação de benefícios anteriormente não concedidos por 
falta de condições. 
Se o crime inicialmente imputado previa pena mínima superior a um ano, não se 
podia utilizar o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). 
Porém, vislumbrando a possibilidade de que isto se concretize, cabe ao magistrado, 
em decisão fundamentada, determinar a abertura de vista ao Ministério Público, a fim de que possa oferecer 
proposta, se for o caso. 
Ex: A denúncia narra que fulano empurrou a vítima e arrebatou-lhe a corrente do 
pescoço, classificando tal conduta como roubo (art. 157 do CP). Após o encerramento da instrução, o 
Magistrado se convence de que o fato descrito na denúncia não constitui violência ou grave ameaça, 
interpretando a conduta descrita na inicial acusatória como sendo furto simples (art. 155 do CP). No 
momento do oferecimento da denúncia, não era cabível a proposta de suspensão condicional do processo, 
uma vez que a pena mínima do crime de roubo é de 04 anos. Ao final de instrução, considerando-se a 
hipótese de furto simples, cuja pena mínima é de 01 ano, passou-se a aventar a possibilidade de suspensão 
condicional do processo. 
Assim, nesse caso, ao receber os autos conclusos para sentença, vislumbrando 
hipótese de definição jurídica diversa da contida na exordial, que, por sua vez, poderá ensejar a suspensão 
condicional do processo, o Magistrado deverá operar a desclassificação do delito, limitando-se 
exclusivamente à correta tipificação da conduta, sem emitir, portanto, qualquer juízo de valor acerca do 
mérito (condenação ou absolvição). Em seguida, deverá determinar vista dos autos ao Ministério Público 
para que se manifeste acerca da possibilidade da proposta da suspensão condicional do processo. 
Se o juiz proferir sentença condenatória pelo delito de furto, pode-se, em sede de 
preliminar de apelação, arguir a nulidade da sentença, pela inobservância do procedimento do artigo 383, § 
1º, do CP. 
b) Desclassificação – Art. 383, § 2º 
Se o juiz, ao sentenciar, por exemplo, verificar que o fato descrito, em verdade, 
equivale a uma tentativa de homicídio e não a uma lesão corporal gravíssima, deve remeter o caso à Vara 
Privativa do Júri. 
 
 
 
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O mesmo ocorrerá se observar tratar-se de crime de órbita federal, determinando 
a remessa dos autos à Vara da Seção Federal da sua Região. 
Nesse caso, caberá ao juiz, motivadamente, realizar a desclassificação, sem, 
contudo, emitir juízo de valor acerca do mérito (condenação ou absolvição), devendo, pois, limitar-se à 
tipificação do delito, encaminhando, após, os autos ao juízo competente. 
Ex: A denúncia narra que determinado funcionário público aceitou promessa de vantagem indevida 
para retardar ato de ofício, capitulando a conduta como sendo de corrupção passiva, prevista no artigo 317 
do CP. Após o encerramento da instrução, o Magistrado considera ter ocorrido, em tese, o delito de corrupção 
passiva privilegiada, previsto no artigo 317,§ 2º, do CP, cuja pena varia de 03 meses a 01 ano, sendo, pois, 
crime de menor potencial ofensivo, devendo, diante disso, sem emitir qualquer juízo de valor acerca do 
mérito, remeter o processo ao Juizado Especial Criminal. 
 
QUESTÃO 4 – 2010/01 
Jânio foi denunciado pela prática de roubo tentado (Código Penal, art. 157, caput, c/c art. 14, II), cometido em 
dezembro de 2009, tendo sido demonstrado, durante a instrução processual, que o réu praticara, de fato, delito 
de dano (Código Penal, art. 163, caput). 
Considerando essa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes indagações. 
a) Em face da nova definição jurídica do fato, que procedimento deve ser adotado pelo juiz? 
b) Caso a nova capitulação jurídica do fato fosse verificada apenas em segunda instância, seria possível a 
aplicação do instituto da emendatio libelli? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.2) MUTATIO LIBELLI – Art. 384 
Aqui não ocorre simples emenda na acusação, mediante correção na tipificação 
legal, mas verdadeira mudança, com alteração na narrativa acusatória. Assim, a mutatio libelli implica o 
surgimentode uma prova nova, desconhecida ao tempo do oferecimento da ação penal, levando a uma 
readequação dos episódios delituosos relatados na denúncia ou queixa. 
Ex1: Um sujeito é denunciado pelo crime de furto. Ao longo da instrução, uma 
testemunha afirma ter visto o réu apontando uma arma, circunstância que não estava descrita na denúncia. 
O juiz não poderá condenar o réu pelo delito de roubo. Deverá dar vista dos autos ao Ministério Público, 
para aditamento da denúncia e inclusão da circunstância da arma, abrindo-se, após, oportunidade à defesa 
se pronunciar, procedendo-se, se for o caso, à instrução, mediante a oitiva de até 03 testemunhas, para, 
somente agora, o juiz proferir sentença. 
a) Procedimento da mutatio libelli 
Considerando a hipótese de mutatio libelli, cumpre ao juiz abrir vista dos autos ao 
Ministério Público para o aditamento da denúncia, no prazo de 05 dias, concedendo-se, após, vista dos autos 
ao defensor para se manifestar também no prazo de 05 dias (art. 384, § 2º). 
Em sendo admitido o aditamento da denúncia, o Magistrado designará nova 
audiência para inquirição de testemunhas, novo interrogatório, debates e julgamento. Nos termos do artigo 
384, § 4º, do CPP, na hipótese de aditamento, cada parte poderá arrolar até três testemunhas. 
Conforme o artigo 384, § 4º, ao sentenciar o feito, o juiz ficará adstrito aos termos 
do aditamento recebido, ou seja, não poderá condenar o réu além dos limites do aditamento. 
b) Exclusividade dos crimes de ação pública 
Veda a lei que o juiz tome qualquer iniciativa para o aditamento da queixa, em 
ação exclusivamente privada, pois a iniciativa é sempre da parte ofendida, além de não viger, nesse caso, o 
princípio da obrigatoriedade da ação penal, cujo controle é de ser feito tanto pelo promotor, quanto pelo 
magistrado. 
Ao contrário, regendo a ação privada exclusiva o princípio da oportunidade, não 
cabe qualquer iniciativa nesse sentido pelo órgão acusador. Aliás, se o querelante, por sua própria ação, 
desejar aditar a queixa, em ação privada exclusiva, deve levar em conta o prazo decadencial de seis meses. 
c) Impossibilidade de aplicação da mutatio libelli em grau recursal 
A mutatio libelli se aplica somente em 1ª instância, não sendo possível aplicar tal 
procedimento em 2ª instância (Tribunal de Justiça). É o que diz a Súmula 453 do STF. 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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Súmula 453 STF: “Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do 
Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, 
em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na 
denúncia ou queixa.” 
 
QUESTÃO 1 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO (por conta da falta de luz no 
dia da prova geral da 2ª fase) 
 
Jorge, com 21 anos de idade, reincidente, natural de São Gonçalo/RJ, entrou em uma briga com seus pais, razão 
pela qual foi morar na casa de sua tia Marta, irmã de seu pai, na cidade de Maricá/RJ, já que esta tinha apenas 
40 anos e “o entenderia melhor”. Após 06 meses residindo no mesmo local que sua tia, Jorge subtraiu o carro de 
Marta, levando-o para uma favela em Niterói, onde pretendia morar no futuro. No começo, Marta não desconfiou 
da autoria, porém após alguns dias, teve certeza de que o autor do crime era seu sobrinho, mas nada fez para 
vê-lo responsabilizado criminalmente, em razão do afeto que tinha por ele. Apenas, então, comunicou à 
seguradora que seu veículo fora furtado. Jorge, 01 ano após esses fatos, estava na direção do veículo que havia 
subtraído quando foi abordado por policiais militares que, constatando que aquele bem era produto de crime 
pretérito, realizaram sua prisão em flagrante. Jorge foi denunciado pela prática do crime de receptação, mas, no 
curso da instrução, foi descoberto que, na verdade, o acusado era o autor do crime de furto. O Ministério Público 
aditou a denúncia para adequá-la às novas descobertas e, após manifestação da Defensoria Pública, foi o 
aditamento recebido. Não houve requerimento de novas provas. Jorge o(a) procura para, na condição de 
advogado(a), apresentar as Alegações Finais. 
Considerando as informações extraídas da hipótese, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a principal tese defensiva a ser formulada nas Alegações Finais para evitar a condenação de Jorge? 
(Valor: 0,65) 
B) Na condição de advogado(a) do acusado, o que você alegaria, no campo processual, caso o juiz viesse a 
condenar Jorge, após o aditamento, de acordo com a imputação original de receptação? (Valor: 0,60) Obs.: o 
examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 3 - VIII OAB 
João e José foram denunciados pela prática da conduta descrita no art. 316 do CP (concussão). Durante a 
instrução, percebeu-se que os fatos narrados na denúncia não corresponderiam àquilo que efetivamente teria 
ocorrido, razão pela qual, ao cabo da instrução criminal e após a respectiva apresentação de memoriais pelas 
partes, apurou-se que a conduta típica adequada seria aquela descrita no art. 317 do CP (corrupção passiva). O 
magistrado, então, fez remessa dos autos ao Ministério Público para fins de aditamento da denúncia, com a nova 
capitulação dos fatos. Nesse sentido, atento(a) ao caso narrado e considerando apenas as informações contidas 
no texto, responda fundamentadamente, aos itens a seguir. 
A) Estamos diante de hipótese de mutatio libelli ou de emendatio libelli? Qual dispositivo legal deve ser aplicado? 
(Valor: 0,50) 
B) Por que o próprio juiz, na sentença, não poderia dar a nova capitulação e, com base nela, condenar os réus? 
(Valor: 0,50) 
C) É possível que o Tribunal de Justiça de determinado estado da federação, ao analisar recurso de apelação, 
proceda à mutatio libelli? (Valor: 0,25) 
 
QUESTÃO 3 – 2009-03 
 
Júlio foi denunciado pela prática do delito de furto cometido em fevereiro de 2010. Encerrada a instrução 
probatória, constatou-se, pelas provas testemunhais produzidas pela acusação, que Júlio praticara roubo, dado 
o emprego de grave ameaça contra a vítima. 
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes indagações. 
a) Dada a nova definição jurídica do fato, que procedimento deve ser adotado pela autoridade judicial, sem que 
se fira o princípio da ampla defesa? 
b) O princípio da correlação é aplicável ao caso concreto? 
c) Caso Júlio tivesse cometido crime de ação penal exclusivamente privada, dada a nova definição jurídica do fato 
narrado na queixa após o fim da instrução probatória, seria aplicável o instituto da mutatio libelli? 
 
 
 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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EMENDATIO LIBELLI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MUTATIO LIBELLI 
 
 
Ex. Se o Juiz condenar o réu direto, mesmo sabendo de fato novo, não descrito na denúncia, haverá 
nulidade, devendo ser arguida, em termos de peça, em preliminar de apelação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DENÚNCIA 
FATOS SENTENÇA 
Princípio da Correlação 
e 
Congruência 
MP relato dos fatos 
+ 
definição jurídica 
 
Não há fatos novos 
+ 
Definição jurídica diversa 
FATO NOVO 
 
(não descrito na denúncia) 
 
 
 
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CAPÍTULO V - PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI – 1ª FASE05 
 
 
 
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1) NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
Nos termos do artigo 5º, XXXVIII, “d”, da Constituição Federal/88, o procedimento 
do Tribunal do Júri é o procedimento destinado a processar e julgar crimes dolosos contra a vida, que são, 
segundo o artigo 74, § 1º, do CPP. 
 
O rito procedimental para os processos de competência do Júri comporta duas 
fases: 
A primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia e se encerra com a decisão 
de pronúncia (judicium accusationis ou sumário de culpa). 
A segunda fase tem início com o recebimento dos autos pelo juiz presidente do 
tribunal do júri, e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri (judicium causae). 
 
2) PROCEDIMENTO DA 1ª FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI – Arts. 406/411 
 
O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder à acusação, no 
prazo de dez dias. 
O réu poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), 
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são processadas em apartado. 
 
 
 
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Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-
la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. 
Após a resposta à acusação e, eventualmente, a manifestação do órgão acusatório 
acerca de preliminares que tenham sido levantadas ou documentos juntados, deve o magistrado deliberar a 
respeito do encaminhamento a ser dado o processo. 
Em seguida, determinará as diligências cabíveis (produção de prova pericial, 
reconstituição do crime, entre outros). O mais relevante será designar a audiência de instrução e julgamento, 
uma vez que as partes, quase sempre, arrolam testemunhas. 
O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências 
requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio 
requerimento e de deferimento pelo juiz. Todas as provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o 
juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. 
Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, 
determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Declarações do 
ofendido, se possível
Declarações de 
testemunhas da 
acusação
Declarações de 
testemunhas da defesa
Interrogatório do 
acusadoDebates
Decisão
 
 
 
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3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI 
I) BASE LEGAL 
 
II) IDENTIFICAÇÃO 
A resposta à acusação é oferecida após o recebimento da denúncia e citação do 
acusado. Antes, por óbvio, da instrução. 
Logo, deve haver denúncia, o recebimento da denúncia e a citação do réu. Não 
poderá ter sido realizada audiência de instrução e julgamento. 
III) CONTEÚDO 
Nos termos do artigo 406, § 3º, do CPP, na resposta, o acusado poderá arguir 
preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as 
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. 
Em síntese, além de eventuais nulidades, deve-se buscar no enunciado 
informações relacionadas a causas evidentes de exclusão de ilicitude, tipicidade e culpabilidade, salvo a 
inimputabilidade por doença mental. 
IV) PEDIDO 
No procedimento do júri, não há previsão legal de absolvição sumária logo após o 
oferecimento da resposta à acusação. Neste procedimento, a possibilidade de absolvição sumária está 
prevista após o encerramento da instrução, nos termos do artigo 415 do CPP. 
Todavia, sugere-se, para esse caso excepcional, adotar, por analogia, o artigo 397 
do CPP. É o entendimento de Gustavo Badaró, segundo o qual “Embora o procedimento especial dos crimes 
dolosos contra a vida haja a previsão de uma ‘absolvição sumária’ ao término do juízo da acusação (CPP, 
art. 415), isso não impede de que seja aplicado o art. 397 do CPP, sendo possível ao juiz, logo após o 
oferecimento da resposta, absolver sumariamente o acusado. Aliás, o § 4º do art. 394 prevê que ‘as 
disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, 
Base legal: art. 406 do CPP 
 
 
 
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113 
 
ainda que não regulados neste Código’. Aplica-se, pois, o art. 397 ao procedimento dos crimes dolosos contra 
a vida”.54 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 3ª ed. São Paulo: RT. 2015, p. 656. 
 
 
 
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114 
 
ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)55 
Processo nº... 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo 
406 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS56 
II) DO DIREITO57 
A) DAS PRELIMINARES58 
B) DO MÉRITO59 
III) DO PEDIDO60 
Ante o exposto, requer o denunciado: 
a) seja rejeitada a denúncia; 
b) nulidades (referir todas as nulidades enfrentadas na peça); 
c) Absolvição, com base no artigo 397 e inciso correspondente (por analogia); 
d) a produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas 
arroladas. 
Local... e data...61 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
55 Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 
56 Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem transcrever o enunciado. Relatar o crime pelo qual o réu foi denunciado. 
O oferecimento e recebimento da denúncia. Que o réu foi citado 
57 Com relação aos fundamentos jurídicos, sugere-se dividir a peça em preliminares (questões formais e procedimentais) e mérito (materiais 
que levam à absolvição). 
58 As preliminares são questões que envolvem vícios formais processuais e procedimentais. São questões que levam à nulidade do ato 
ou do próprio processo. Não guardam nenhuma relação com a absolvição (que trata de matéria de mérito) 
59 No mérito, deve-se buscar no enunciado causas manifestas de excludentes do crime: ilicitude, culpabilidade, tipicidade. 
60 Deve-se elaborar os pedidos de modo articulado, seguindo-se a ordem das teses desenvolvidas, desde as preliminares 
até o mérito. 
6161 cuidado com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo 
 
 
 
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115 
 
 
ROL DE TESTEMUNHAS62 
 
A) FULANO DE TAL... 
B) CICLANO DE TAL... 
 
 
 
62 colocar somente os nomes e dados fornecidos pela banca. não inventar nada. 
 
 
 
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116PEÇA: 
 MEMORIAIS DO JÚRI 
PALAVRA MÁGICA: 
Encerrada a instrução 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
4) MEMORIAIS DO JÚRI OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
I) BASE LEGAL 
 
 
 
 
Embora não tenha previsão na lei, admite-se, no procedimento do júri, a 
substituição dos debates orais em memoriais escritos, por analogia aos artigos 403, § 3º e 404, ambos do 
Código de Processo Penal. Aliás, foi o que ocorreu na peça da OAB 2010-01. 
II) IDENTIFICAÇÃO 
Os memoriais são oferecidos após a instrução e antes da decisão de pronúncia, 
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III) CONTEÚDO DOS MEMORIAIS DO JÚRI 
Assim como nas demais peças, deve-se buscar no enunciado preliminares e mérito. 
A) Preliminares: 
Como já referido, as questões preliminares são aquelas que não observam aspectos 
formais de determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade. 
Aqui, por questão de organização, recomenda-se que as causas extintivas de 
punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas no campo destinado às preliminares. 
Base legal: art. 403, § 3º, CPP OU art. 404, parágrafo único, CPP. 
 
 
 
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117 
 
B) Mérito: 
Finda a instrução do processo relacionado ao Tribunal do Júri, cuidando de crimes 
dolosos contra a vida e infrações conexas, o magistrado poderá proferir decisão de: 
a) Pronúncia 
b) Impronúncia 
c) Absolvição sumária 
d) Desclassificação 
Conforme abordado, nas peças práticas profissionais deverá ser desenvolvida uma tese 
que, ao final, viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, somente se aborda na peça aquilo que, ao final, 
poderá ser objeto de pedido. 
No caso dos memoriais escritos do procedimento do júri, as teses de mérito guardam 
relação com as hipóteses que podem ensejar decisão de: a) impronúncia (art. 414 do CPP); b) absolvição sumária 
(art. 415 do CPP); c) ou desclassificação (art. 419 do CPP). 
Para melhor visualização do conteúdo dos memoriais do júri, convém destacar as 
hipóteses de decisões que podem ser proferidas nesta primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri: 
 
A) Pronúncia – Art. 413 
É decisão interlocutória mista não terminativa, que julga admissível a acusação, 
remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. 
Na pronúncia, há um mero juízo de admissibilidade, pelo qual o juiz admite ou 
rejeita a acusação, sem penetrar no exame do mérito. No caso de o juiz se convencer da existência do crime 
e de indícios suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, fundamentando os motivos de seu 
convencimento. 
Assim, nos termos do artigo 413, § 1º, do CPP, a decisão de pronúncia deve se 
limitar à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de 
participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as 
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. 
Se o Magistrado se aprofundar na análise do mérito, extrapolando na linguagem, 
enfatizando, por exemplo, ser o réu efetivo autor do delito ou que não agiu sob o amparo de excludente de 
crime, caracteriza-se o que se denomina eloquência acusatória, gerando nulidade da decisão de pronúncia. 
 
 
 
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B) Impronúncia – Art. 414 
É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto que encerra a 
primeira fase, deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito. Assim, inexistindo prova da 
materialidade do fato ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado impronunciar o réu, 
que significa julgar improcedente a denúncia e não a pretensão punitiva do Estado. 
C) Absolvição sumária – Art. 415 
A absolvição sumária ocorrerá quando estiver provada a inexistência do fato, 
provado não ser o réu autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou estiver demonstrada 
causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso de inimputáveis, a absolvição sumária só é 
possível, agora por disposição expressa, se a inimputabilidade for a única tese defensiva. 
Nos termos do artigo 415 do CPP, o juiz absolverá, desde logo (sumariamente, 
portanto), o acusado quando: 
 
•Prova indiscutível de que o réu não cometeu 
ou participou de sua execução
Provada não ser ele o autor ou 
partícipe do fato
•Prova cabal de que os fatos narrados na inicial 
acusatória não aconteceram
Provada a inexistência do fato
•Fato atípicoO fato não constituir infração penal
•Vide notas de excludentes de ilicitude e 
culpabilidade
Demonstrada causa de isenção de 
pena ou de exclusão do crime
CUIDADO COM O SOCO 
MISSIONEIRO! 
IMPORTANTE! 
Não confundir a absolvição sumária prevista 
no art. 397 do CPP (que decorre da resposta 
à acusação), com a absolvição sumária do 
artigo 415 do CPP, adstrita ao procedimento 
do júri. 
 
 
 
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119 
 
De acordo com o parágrafo único do artigo 415 do CPP, “não se aplica o disposto 
no inciso IV do caput do art. 26 do CP, salvo quando esta for a única tese defensiva”. 
Dessa forma, ainda que a inimputabilidade se encontre comprovada por exame de 
insanidade mental, o CPP não autoriza a absolvição imprópria do agente, pois esta implicará na imposição 
de medida de segurança, o que poderá ser prejudicial ao réu, uma vez que não lhe será viabilizado 
demonstrar, no plenário do Júri, outras teses defensivas a sua inocência, sem a imposição de qualquer 
medida restritiva. 
Assim, havendo outra tese defensiva e não sendo caso de absolvição sumária por 
outro fundamento, o Magistrado deverá pronunciar o réu, para que seja submetido a julgamento pelo 
plenário do Júri. Agora, se, por conta dessa outra tese, ficar evidenciada hipótese de absolvição sumária, 
que não a inimputabilidade, o juiz deverá absolver o réu sumariamente, sem imposição de medida de 
segurança (absolvição própria). 
De outro lado, se a inimputabilidade for a única tese da defesa, admite-se a 
absolvição sumária imprópria, com a imposição de medida de segurança. 
No caso de não haver prova da autoria, ainda que o acusado seja inimputável, 
deverá ser impronunciado, pois a medida de segurança só poderá ser imposta se ficar provada a prática de 
um fato típico e ilícito. 
D) Desclassificação – Art. 419 
Nos termos do artigo 419 do CPP, quando o juiz se convencer, em discordância 
com o que consta na peça acusatória, da existência de crime não doloso contra a vida e não for competente 
para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja, ficando à disposição deste o acusado preso. 
Exemplo: o agente ser denunciado por crime de homicídio doloso e, ao final, 
constatar-se que agiu sem a intenção de matar, passando a ser, em tese, homicídio culposo. 
IV) PEDIDO 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma 
das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou alguma preliminar, nulidade, por exemplo, deve-se, ao final, formular 
pedido expresso no sentido de que seja declarada a nulidade. 
 
 
 
 
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120 
 
No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas: 
a) impronúncia, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou 
b) Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou 
c) Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal. 
No procedimento do júri, as teses e pedidos subsidiários guardam relação, 
invariavelmente,com o afastamento da qualificadora ou causa de aumento de pena. 
V) ESTRUTURA DOS MEMORIAIS DO JÚRI 
A) Endereçamento: Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri (se crime da competência da Justiça Estadual) 
ou Juiz Federal da Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária (se crime da competência da Justiça Federal) 
B) Preâmbulo: nome e qualificação do acusado (não inventar dados), capacidade postulatória (por seu 
procurador infra-assinado), fundamento legal (403, § 3º ou 404, parágrafo único), nome da peça (Memoriais 
escritos), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
C) corpo da peça (teses defensivas) 
D) pedidos: 
- I) Nulidades (acompanhar a ordem das preliminares) 
- II) absolvição sumária (art. 415), impronúncia (art. 414) e/ou desclassificação (art. 419) 
E) parte final (local, data, advogado e OAB) 
 
VI) SISTEMA RECURSAL 
 
 
Pronúncia
RESE
art. 581, 
IV, CPP
Impronúncia
Apelação
art. 416, CPP
Desclassificação
RESE
art. 581, II, CPP
Absolvição 
Sumária
Apelação
art. 416, CPP
 
 
 
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ESTRUTURA MEMORIAIS NO TRIBUNAL DO JÚRI 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE.....(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Processo nº ... 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência apresentar MEMORIAIS ESCRITOS, com base 403, § 3º 
(complexidade) ou 404, parágrafo único, do CPP, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I) DOS FATOS63 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO 
impronúncia: ausência de prova da materialidade e não restar provada a autoria. (art. 414 CPP) 
absolvição sumária (Art. 415 CPP) 
desclassificação: fato imputado não constitui crime doloso contra a vida (Art. 419 do Código de Processo Penal). 
C) SUBSIDIARIAMENTE64 
III) DO PEDIDO65 
a) preliminares (nulidades, prescrição, etc – acompanhar a ordem das preliminares) 
b) impronúncia, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; 
c) Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; 
d) Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal; 
e) Afastar qualificadora ou causa de aumento de pena. 
Local... e data...66 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
63 Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem simplesmente transcrever o enunciado. 
64 Afastar qualificadora ou causa de aumento de pena. 
65 OBS: CONFORME O ENUNCIADO DA PEÇA OU DA QUESTÃO, OS PEDIDOS PODEM SER CUMULATIVOS 
66 com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo 
 
 
 
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QUESTÃO 2 - VI OAB 
Hugo é inimigo de longa data de José e há muitos anos deseja matá-lo. Para conseguir seu intento, Hugo induz 
o próprio José a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava se insinuando para a esposa de José. Ocorre 
que Hugo sabia que Luiz é pessoa de pouca paciência e que sempre anda armado. Cego de ódio, José espera 
Luiz sair do trabalho e, ao vê-lo, corre em direção dele com um facão em punho, mirando na altura da cabeça. 
Luiz, assustado e sem saber o motivo daquela injusta agressão, rapidamente saca sua arma e atira justamente 
no coração de José, que morre instantaneamente. Instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da 
morte de José, ao final das investigações, o Ministério Público formou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve 
responder pelo excesso doloso em sua conduta, ou seja, deve responder por homicídio doloso; Hugo por sua vez, 
deve responder como partícipe de tal homicídio. A denúncia foi oferecida e recebida. 
Considerando que você é o advogado de Hugo e Luiz, responda: 
a) Qual peça deverá ser oferecida, em que prazo e endereçada a quem? (Valor: 0,3) 
b) Qual a tese defensiva aplicável a Luiz? (Valor: 0,5) 
c) Qual a tese defensiva aplicável a Hugo? (Valor: 0,45) 
 
QUESTÃO 4 - EXAME 2010-03 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel 
tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir asperamente, 
o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, Madalena pede 
insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o 
automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer 
possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade 
empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, vitimando-as 
fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que 
relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela 
prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso formal. Recebida a 
denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada ao Tribunal do Júri da localidade e colhida a prova, o 
Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. 
Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4) 
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3) 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser 
dirigida? (Valor: 0,3) 
 
 
 
 
 
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 CAPÍTULO VI - RECURSOS 
1) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
1.1) BASE LEGAL 
 
1.2) NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
É o recurso cabível contra decisões interlocutórias, quando se tratar de hipótese 
expressamente prevista em lei (arts. 581 a 592). 
O rol de hipóteses do recurso em sentido estrito é taxativo, sendo cabível, portanto, 
somente nas hipóteses do artigo 581 do CPP, podendo, eventualmente, ser adotada interpretação extensiva, 
que não desborde sobremaneira da natureza da decisão recorrida, como, por exemplo, recurso em sentido 
estrito contra decisão rejeitou o aditamento próprio da denúncia ou queixa. 
Convém registrar que algumas decisões que constam no rol do artigo 581 não 
comportam mais recurso em sentido estrito, passando a ser cabível agravo em execução: 
 
 
6
 
a) concessão, negativa ou revogação da suspensão condicional da pena (inc. XI), 
lembrando que, quando a concessão ou negativa se der na sentença condenatória, 
cabe apelação; 
b) concessão, negativa ou revogação do livramento condicional (XII); 
c) decisão sobre unificação de penas (XVII); 
d) Decisões relativas a medidas de segurança (XIX, XX, XXI, XXII e XXIII). 
e) Conversão da multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV). 
A hipótese deixou de subsistir após a Lei 9.268/96, que modificou o art. 51 do CP. 
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Base legal: art. 581 do CPP 
 
 
 
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124 
 
1.3) HIPÓTESES DE CABIMENTO 
 
Cabe recurso em sentido da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, por conta da 
incidência de uma das hipóteses do artigo 395 do CPP. 
De regra, do recebimento da denúncia não cabe qualquer recurso, apenas 
impetração de Habeas corpus, ante a absoluta falta de previsão legal. 
 
O STF firmou entendimento, por meio da Súmula 707 do STF, no sentido de 
que: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao 
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. 
QUESTÃO 4 – EXAME V – OAB 
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro do corrente 
ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, investiu contra o carro de João, que já 
não se encontrava em bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 2008, 
2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu diversos insultos contra João no dia de sua festa de formatura, perante 
seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram 
registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu escritório e 
contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis. Você, como profissional 
diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, interpõe Queixa-Crime ao juízo competente no dia 
18/7/11. O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se 
de clara Decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi publicada dia 25 de 
julho de 2011. Com base somente nas informações acima, responda: 
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30) 
c) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30) 
d) Qual é a tese defendida? (0,35) 
 
 
É o caso do reconhecimento ex officio da incompetência pelo próprio juiz, que 
determina a remessa dos autos ao juízo competente, nos termos do art. 109 do CPP. Se o juiz se dá por 
incompetente, acolhendo exceção (caso de incompetência relativa), aplica-se o inciso III do artigo 581. 
I) Da sentença que não receber/rejeitar a denúncia ou queixa 
 
II) Da decisão que concluir pela incompetência do juízo: 
 
DICA: No caso das infrações penais de competência do juizado especial 
criminal, não cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a 
denúncia ou queixa, mas apelação, com prazo de 10 dias (art. 82, caput, 
da Lei 9.099/95). 
 
 
 
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125 
 
No procedimento do júri, da decisão de desclassificação do fato para crime não 
doloso contra a vida (art. 419 do CPP), cabe recurso em sentido estrito com base neste inciso, pois o juiz 
estará, em última análise, concluindo pela incompetência do Tribunal do Júri para julgar a causa. 
Da decisão do juiz dando-se por competente não cabe qualquer recurso, podendo 
a parte prejudicada intentar apenas habeas corpus. 
 
Recurso voltado para a acusação. 
O art. 95 do CPP enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, 
incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada. 
Note-se que o cabimento do recurso em sentido estrito está restrito à decisão que 
acolher a exceção oposta pelo réu, ou seja, julgar procedente a exceção. Se rejeitada a exceção, a decisão 
é irrecorrível, podendo ensejar eventual HC. 
Acolhida ou rejeitada a exceção de suspeição, não cabe qualquer recurso, pois não 
se pode forçar o juiz que se considera suspeito a julgar a causa. 
 
A decisão de pronúncia trata-se de uma decisão interlocutória mista não 
terminativa, que encerra uma fase do procedimento, sem julgar o mérito, isto é, sem declarar o réu culpado. 
A decisão de impronúncia, com a edição da Lei 11689/2008, passou a comportar 
o recurso de apelação (art. 416). 
 
Nessa parte, a lei prevê tanto situação favorável ao réu quanto desfavorável. 
Assim, concedida a fiança ou fixado um valor muito baixo, pode o MP recorrer. Negada, cassada ou 
considerada inidônea, cabe ao acusado apresentar o seu inconformismo. 
Por outro lado, quando o juiz conceder liberdade provisória, pode o MP recorrer, 
mas não cabe RESE para o réu que tem o seu pedido de liberdade provisória negado, sendo possível o 
habeas corpus. 
Finalmente, quando a prisão, por ser ilegal, mereça ser relaxada, caso o juiz o faça, 
proporciona ao MP a interposição de recurso em sentido estrito. Quando houver a negativa ao 
relaxamento, pode-se impetrar habeas corpus. 
 
 
III) Da decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição 
 
IV) Da decisão que pronunciar 
V) Da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a 
prisão em flagrante: 
 
VI) Absolvição sumária (REVOGADO) 
 
 
 
 
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126 
 
Essa decisão era impugnada por recurso em sentido estrito. Com a edição da Lei 
11689/2008, o recurso cabível passou a ser apelação. 
 
São situações desfavoráveis ao réu, sendo-lhe permitido o recurso em sentido 
estrito, porque, realmente, são decisões interlocutórias, merecedoras do duplo grau de jurisdição. 
Entretanto, quando houver o quebramento, implicando a obrigação de se recolher 
à prisão, poder dar ensejo à impetração de HC. 
 
Trata-se de sentença terminativa de mérito, isto é, que encerra o processo com 
julgamento do mérito, sem absolver ou condenar o réu. 
Cabe recurso em sentido estrito contra a decisão terminativa que, no processo de 
conhecimento, declara extinta a punibilidade do acusado. 
O recurso em sentido estrito relativo a este inciso tem aplicação residual, ou seja, 
somente é cabível nos casos em que a extinção da punibilidade não tenha ocorrido no corpo da sentença ou 
no âmbito da Vara de Execuções Criminais. 
Com efeito, se ocorrer a extinção da punibilidade no corpo da sentença penal, o 
recurso cabível será o de apelação, conforme dispõe o art. 593, § 4º, CPP. Ex: imagine que o réu esteja 
sendo processado por dois delitos. O Juiz absolve o réu pela prática de um deles e declara a prescrição em 
relação ao outro. Nesse caso, o recurso do MP ou assistente à acusação (na inércia do MP) será o de 
apelação, com base no artigo 593, I, do CPP, inclusive em relação à decisão que decretou a prescrição. É o 
que se extrai do artigo 593, § 4º, do CPP 
Quando a decisão for proferida no curso da execução criminal, o recurso cabível é 
o agravo da execução, previsto no art. 197 da LEP. 
Nesse sentido, somente cabe recurso em sentido estrito quando a decisão de 
extinção da punibilidade for proferida fora do âmbito da sentença penal e da execução criminal. Ex: Extinção 
da punibilidade no curso do processo em face da prescrição do crime (art. 107, inciso IV, do CP). 
Salienta-se que essa legitimidade é supletiva, ou seja, o assistente somente poderá 
recorrer se o Ministério Público não interpuser recurso. 
* Absolvição sumária pela extinção da punibilidade (art. 397, inciso IV, do CPP) 
Diante da previsão legal atípica no sentido de considerar a possibilidade de 
sentença absolutória na hipótese de causa extintiva da punibilidade, parte da doutrina passou a aventar a 
possibilidade de interposição do recurso de apelação contra tal decisão. 
VII) Da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor 
 
VIII) Da decisão que decreta a prescrição ou julga,por outro modo, extinta a punibilidade do 
acusado 
 
 
 
 
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127 
 
Assim, diante do paradoxo criado pelo legislador, o entendimento doutrinário 
prevalente é no sentido de que o juiz deverá, simplesmente, declarar a causa extintiva de punibilidade, 
independentemente do veredicto absolutório, ou seja, declara a causa extintiva de punibilidade e 
simplesmente absolve o réu, com base no artigo 397, inciso IV, do CPP, cabendo, contra essa decisão, 
recurso em sentido estrito. 
 
É a contraposição do inciso anterior. Negada a extinção da punibilidade, o processo 
seguirá seu curso normal. Trata-se, portanto, de decisão interlocutória simples. Diante da previsão expressa 
da lei, caberá recurso em sentido estrito. 
Da mesma forma do inciso anterior, o recurso em sentido estrito contra decisão 
que indeferir pedido de extinção de punibilidade somente poderá ser manejado de forma residual, ou seja, 
quando a decisão não ocorrer na própria sentença condenatória (cabendo apelação) ou em sede de execução 
criminal (quando será cabível agravo em execução). 
Convém ressaltar que o Código de Processo Penal, especificamente no artigo 648, 
inciso VII, prevê a possibilidade de impetração de habeas corpus quando incidente causa de extinção da 
punibilidade. Nesse sentido, a regra deverá ser o uso do RSE, uma vez que o habeas corpus não deve ser 
usado como sucedâneo de recurso. 
Todavia, em caso de evidente constrangimento ilegal, na qual o reconhecimento 
da causa extintiva de punibilidade não reclama aprofundamento da prova, afigura-se possível – e na prática 
é a providência mais comum – a adoção do habeas corpus.67 
 
O dispositivo refere-se à decisão do juiz de primeira instância, da qual, na hipótese 
de concessão, cabe também recurso ex officio (art. 574, I). 
No caso de decisão denegatória proferida em única ou última instância, pelos 
Tribunais Regionais Federais e pelos tribunais dos Estados, caberá recurso ordinário para o STJ (art. 105, II, 
“a”, CF). 
Se a decisão denegatória for proferida em única instância (somente em única 
instância) pelos tribunais superiores, caberá recurso ordinário ao STF (art. 102, II, “a”). 
 
 
67 STJ, HC 91.115/RJ, DJ 04.08.2008. 
IX) Da decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade 
 
X) Da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus 
XI) Da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena 
 
 
 
 
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128 
 
No caso da decisão encontrar-se embutida em sentença condenatória, cabe 
apelação. Após o trânsito em julgado da condenação, cabe agravo em execução (art. 197 da LEP). Assim, 
esse dispositivo tem aplicação prejudicada. 
Além disso, se o “sursis” for concedido ou negado na sentença, caberá apelação, 
por conta do disposto no artigo 593, § 4º, do CPP. 
 
Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 
da LEP). 
 
Reconhecida essa hipótese, que é típica decisão interlocutória, cabe à parte 
inconformada em ter que reiniciar a instrução ou reproduzir determinados atos, impugnar a decisão 
anulatória pelo recurso em sentido estrito. 
De outro lado, se condenado, nada impede que o interessado argua a nulidade em 
preliminar de eventual recurso de apelação. 
Por interpretação extensiva ao artigo 581, inciso XIII, do CPP, é cabível o recurso 
em sentido estrito contra decisão que declarar ilícita a prova juntada aos autos. 
 
Tendo em vista a imparcial formação da lista de jurados, o procedimento deve ser 
de conhecimento geral, publicando-se o resultado final na imprensa e afixando-se no fórum. Logo, é possível 
que qualquer pessoa questione a idoneidade de um jurado, incluído na lista (art. 426, § 1º). 
Nesse caso, pode o juiz, acolhendo petição da parte interessada, excluí-lo da lista, 
o que dá margem ao inconformismo daquele que foi extirpado. Por outro lado, a inclusão de alguém, 
impugnada e mantida pelo magistrado, dá lugar à interposição de recurso em sentido estrito. Nesse caso, 
em caráter excepcional, segue o recurso ao Presidente do TJ. 
Excepcionalmente, em relação a essa decisão, o prazo para interpor o recurso é 
de 20 dias, devendo ser dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça. 
 
No caso da apelação, o juízo de prelibação (admissibilidade) deve ser feito tanto 
na primeira quanto na instância superior. Assim, o juiz a quo pode deixar de receber o apelo (o que equivale 
a denegá-lo), se entender não preenchido algum pressuposto recursal objetivo ou subjetivo. 
XII) Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional (REVOGADO) 
 
XIII) Da decisão que anular a instrução criminal no todo ou em parte 
 
XIV) Da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral 
 
XV) Da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta 
 
 
 
 
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Nessa hipótese, cabe recurso em sentido estrito contra o despacho denegatório da 
apelação. Note-se que o recurso não se volta contra a sentença apelada, mas exclusivamente contra o 
despacho que negou seguimento à apelação. 
 
As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP. 
Questão prejudicial é aquela que deve ser decidida antes do julgamento da questão 
principal de forma definitiva, no mesmo ou em outro processo com ela relacionado. 
Exemplo de prejudicialidade obrigatória: ação de anulação de casamento no crime 
de bigamia. Deve-se primeiro definir a questão da anulação de um dos casamentos, para depois resolver o 
mérito do delito de bigamia. 
Exemplo de prejudiciais facultativa: a verificação do direito de propriedade nos 
crimes de furto, estelionato; da posse, no de esbulho e invasão de domicílio, etc. 
Se o juiz determinar a suspensão do processo para solução da questão prejudicial, 
obrigatória ou facultativa, cabe recurso em sentido estrito. 
 
O incidente de falsidade está previsto no artigo 145 a 148 do CPP. 
 
1.4) PRAZO – ART. 586 E 588 
 
O recurso em sentido se procede em dois momentos distintos, um para 
interposição (fundamental para atestar a tempestividade) e outro para apresentação das razões. Ou seja, 
via de regra, primeiro o recorrente interpõe o recurso, o juiz recebe e, após, determina a intimação para 
oferecimento das razões (ressalta-se, contudo, que, para fins de EXAME OAB, a peça de interposição e as 
razões de recurso são apresentadas simultaneamente). 
 
 
 
XVI) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 
XVII) que decidir o incidente de falsidade 
 
PRAZO
• Razões:
• 02 DIAS
PRAZO
• Interposição:
• 05 DIAS
 
 
 
 
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1.5) LEGITIMIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Ministério Público, o querelante (ação penal privada), a defesa, o próprio réu e, 
ainda, o assistente de acusação podem interpor recurso em sentido estrito. 
OBS: O assistente de acusação poderá recorrer em sentido estrito somente da 
decisão que “decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade”, nos termos do art. 
584, § 1º, c/c art. 581, VIII, já que tal decisão impede a formação de título executivo para eventual reparação 
do dano. 
O assistente de acusação pode ser habilitado nos autos, hipótese que, nessa 
condição, será intimado de todos os atos e poderá recorrer, caso não o faça o Ministério Público, no prazo 
de 05 dias. 
No caso de assistente de acusação não habilitado, considerandoque ainda 
não tinha tomado ciência dos atos praticados no processo e, portanto, não foi intimado das decisões, terá o 
prazo de 15 dias para interpor o recurso em sentido estrito (art. 584, §1º, c/c 598, parágrafo único, do CPP). 
A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra 
disposta na Súmula 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a 
correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGITIMADOS 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
QUERELANTE 
 
DEFESA 
 
PRÓPRIO RÉU 
 
ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO 
LlellLLEJDJDJ Ver súmula 448 do STF 
 
 
 
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1.6) COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO 
A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que 
proferiu a decisão, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação. 
As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente 
(Tribunal de Justiça, se da competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da 
competência da Justiça Federal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.7) EFEITO REGRESSIVO 
Na hipótese de manutenção da decisão recorrida, ou, ainda, se houver retratação 
e agora a outra parte impugnar a nova decisão, o recurso passará a ter efeito devolutivo, devolvendo a 
discussão de toda a matéria ao Tribunal Competente. 
Além do efeito devolutivo, o RESE possui efeito regressivo, uma vez que a 
interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a 
ou reformando-a, conforme dispõe o artigo 589, “caput”, do CPP. 
INTERPOSIÇÃO 
LlellLLEJDJDJ 
RAZÕES 
 
JUÍZO DE 1ª GRAU 
LlellLLEJDJDJ 
TRIBUNAL COMPETENTE 
LlellLLEJDJDJ 
Excelentíssimo Senhor Doutor 
Juiz de Direito da Vara do 
Tribunal do Júri da Comarca 
se crime doloso contra a vida da 
competência da Justiça Estadual 
 
Excelentíssimo Senhor Doutor 
Juiz Federal da Vara do 
Tribunal do Júri da Secção 
Judiciária 
se crime doloso contra a vida da 
competência da Justiça Federal 
Excelentíssimo Senhor Doutor 
Juiz de Direito da Vara 
Criminal da Comarca 
se crime da competência 
da Justiça Estadual 
Excelentíssimo Senhor Doutor 
Juiz Federal da Vara Criminal 
da Secção Judiciária de 
se crime da competência 
da Justiça Federal 
Egrégio Tribunal de Justiça 
Colenda Câmara 
Egrégio Tribunal Regional 
Federal 
Colenda Turma 
Egrégio Tribunal de Justiça 
Colenda Câmara 
Egrégio Tribunal Regional 
Federal 
Colenda Turma 
 
 
 
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PEÇA: 
 RECURSO EM SENTIDO 
ESTRITO 
PALAVRA MÁGICA: 
DECISÃO DE PRONÚNCIA 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
No tocante ao efeito regressivo do recurso: recebendo os autos, o juiz, dentro 
de dois dias, reformará ou sustentará a sua decisão, mandando instruir o recurso com as cópias que lhe 
parecerem necessárias. A falta de manifestação do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os 
autos para esta providência. O juízo de retratação será sempre fundamento. A fundamentação deficiente do 
juiz também obriga o tribunal a convencer o julgamento em diligência para esse fim. 
Se o juiz mantiver o despacho, remeterá os autos à instância superior; se reformá-
la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida dos 
autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz. 
1.8) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONTRA DECISÃO DE PRONÚNCIA 
I) BASE LEGAL 
Se for recurso em sentido estrito contra uma decisão de pronúncia, a base legal 
será o artigo 581, inciso IV, do CPP. 
 
 
 
II) IDENTIFICAÇÃO 
Se, ao final da 1ª fase do procedimento do júri, o juiz proferir uma decisão de 
pronúncia, contra essa decisão cabe recurso em sentido estrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo de como identificar a peça extraído RESE já cobrado pela FGV: 
XI EXAME 
“(...) Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu 
pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida 
decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira).” 
Base legal: art. 581, inciso IV, do CPP. 
 
 
 
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133 
 
III) CONTEÚDO 
Assim como nas demais peças, deve-se buscar no enunciado preliminares e mérito. 
A) Preliminares: 
Como já referido, as questões preliminares são aquelas que não observam aspectos 
formais de determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade. 
Aqui, por questão de organização, recomenda-se que as causas extintivas de 
punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas no campo destinado às preliminares. 
B) Mérito 
Conforme abordado, nas peças práticas profissionais deverá ser desenvolvida uma tese 
que, ao final, viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, somente se aborda na peça aquilo que, ao final, 
poderá ser objeto de pedido. 
No caso do recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia, as teses de mérito 
guardam relação com as hipóteses que podem ensejar decisão de: a) impronúncia (art. 414 do CPP); b) absolvição 
sumária (art. 415 do CPP); c) ou desclassificação (art. 419 do CPP).68 
Eventuais teses subsidiárias podem consistir no afastamento da qualificadora e/ou de 
causa de aumento de pena. 
IV) PEDIDO 
Quando se trata de recursos, deve-se formular pedido de REFORMA da decisão e 
PROVIMENTO do recurso. 
Além disso, no campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para 
cada uma das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou alguma preliminar, nulidade, por exemplo, deve-se, ao final, formular 
pedido expresso no sentido de que seja declarada a nulidade. 
No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas: a) 
Impronúncia; e/ou absolvição sumária; e/ou desclassificação. 
a) impronúncia, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou 
b) Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou 
c) Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal. 
d) Afastamento da qualificadora ou causa de aumento de pena. 
 
68 Conteúdo abordado no capítulo que trata dos memoriais do Júri. 
 
 
 
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1.9) ESTRUTURA DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A estrutura do RESE segue dois momentos: interposição do recurso (afirmar que 
pretende recorrer) e as razões de recurso. 
A) INTERPOSIÇÃO 
a) Endereçamento: Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri (se crime doloso contra a vida); Juiz de 
Direito da Vara Criminal (se crime não doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) ou Juiz 
Federal da Vara Criminal da Secção Judiciária (se crime não doloso contra a vida da competência da Justiça 
Federal) 
b) Preâmbulo: nome (qualificação), capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), 
fundamento legal (art. 581 e um dos incisos), nome da peça (Recurso em sentido estrito), frase final 
(pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
c) juízo de retratação, conforme artigo 589 CPP (importante) 
d) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data, 
advogado e OAB) 
Obs: cuidarhipóteses de formação de instrumento e relação de peças (é na interposição que se indica e 
requer o traslado de peças para formação do instrumento). 
B) RAZÕES 
a) Endereçamento: 
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); 
PEÇA DE 
INTERPOSIÇÃO 
RAZÕES DO 
RECURSO 
PARA O JUIZ DE 
1º GRAU 
PARA O TRIBUNAL 
FUNDAMENTO LEGAL: 
art. 581, (indicar o inciso) 
PRAZO: 
EXCEÇÃO: 15 + 2 DIAS NOS 
CASOS DO ART. 584, § 1º 
EXCEÇÃO: 20 DIAS NOS CASOS 
DO ART. 581, XVI, CPP 
INTERPOSIÇÃO: 05 DIAS 
RAZÕES: 02 DIAS 
RECURSO 
EM 
SENTIDO 
ESTRITO 
CABIMENTO: 
Art. 581, CPP 
Art. 294, 
parágrafo 
único do CTB 
Art. 2º, III do 
DECRETO-LEI 
Nº 201/67 
 
 
 
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135 
 
Tribunal Regional Federal (se da competência da Justiça Federal). 
b) identificação: recorrente, recorrido, nº processo 
c) saudação: 
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara 
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Turma 
d) corpo da peça (I. DOS FATOS: breve relato; II. DO DIREITO: preliminares e mérito) 
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico 
f) parte final: Nestes termos, pede deferimento; local, data e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRUTURA DA PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: ENDEREÇAMENTO AO JUIZ DE 1º GRAU 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA........ (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA........ (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DA COMARCA ........(SE CRIME 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE........(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)69 
 
Processo nº .... 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., 
interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, (indicar o inciso), do 
Código de Processo Penal. 
Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos 
termos do artigo 589 do Código de Processo Penal70. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente 
recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal71, para o devido 
processamento. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local..., data...72. 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 Competência da Justiça Federal – Art. 109 da CF/88 
70 IMPORTANTÍSSIMO FAZER REFERÊNCIA AO JUÍZO DE RETRATAÇÃO PREVISTO NO ARTIGO 589 CPP 
71 conforme competência seja da Justiça Estadual ou Federal 
72 CUIDAR QUANDO O ENUNCIADO PEDIR O ÚLTIMO DIA DO PRAZO RECURSAL 
 
 
 
 
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RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: ENDEREÇAMENTO AO TRIBUNAL 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...OU EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 
Recorrente: Fulano de Tal 
Recorrido: Ministério Público 
Processo nº... 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara ou Colenda Turma (se Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS73 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO 
Ex: Se for RESE contra decisão de pronúncia, seguem hipóteses: 
Mérito para pedido de impronúncia (art. 414 CPP) 
Mérito para pedido de absolvição sumária (art. 415 CPP) 
Mérito para pedido de desclassificação (art. 419 CPP)74 
C) SUBSIDIARIEDADE 
* Afastar qualificadora e/ou causa de aumento de pena 
III) DO PEDIDO75 
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a REFORMA 
DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que: 
a) sejam reconhecidas as preliminares invocadas76 
b) seja o réu impronunciado, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou 
Seja o réu absolvido sumariamente, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou 
Seja desclassificado o delito, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal, remetendo-se os autos ao 
juízo competente. 
c) Seja afastada a qualificadora e/ou causa de aumento de pena. 
Local... e data... 
 
 
Advogado... 
OAB... 
 
73 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o enunciado). 
74 Atentar para possibilidade de adoção de teses envolvendo nexo de causalidade (art. 13, § 1º, CP) e desistência voluntária e 
arrependimento eficaz (art. 15), já que podem resultar em fatos que não se coadunam com crimes dolosos contra a vida, persistindo, 
por exemplo, como crime remanescente lesão corporal leve, grave ou gravíssima, levando, por conseguinte, à desclassificação do delito 
e declinação de competência. 
75 CONFORME O ENUNCIADO DA PEÇA OU DA QUESTÃO, OS PEDIDOS PODEM SER CUMULATIVOS 
76 Referir novamente todas as preliminares, articulando o pedido na ordem que foram invocadas. 
 
 
 
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138 
 
1.10) RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
I) INTRODUÇÃO 
Em todas as oportunidades em que cobrou a peça recurso em sentido estrito, a 
FGV exigiu que o candidato fizesse a interposição e, de forma concomitante, já apresentasse as razões de 
apelação. 
Todavia, se considerado o procedimento previsto para o recurso em sentido estrito, 
pode-se aventar a possibilidade de a FGV cobrar do candidato a peça RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO 
ESTRITO. 
Isso porque, nos termos do artigo 586 do CPP, se não concordar com a decisão 
proferida, a parte irresignada deverá apresentar a petição de interposição de recurso em sentido estrito no 
prazo de 05 dias. Após, o juiz de 1º grau fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso 
em sentido estrito. Recebendo o recurso, o recorrente será intimado para apresentar as respectivas razões de 
recurso em sentido, no prazo de 02 dias. 
Ou seja, poderá constar no enunciado que o juiz proferiu decisão e que a parte 
interpôs recurso em sentido estrito, exigindo, após, que o candidato apresente a peça correspondente, qual 
seja, RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. 
E, nesse caso, deve-se apresentar a petição de juntada e depois as razões do 
recurso em sentido estrito. 
II) IDENTIFICAÇÃO NO CASO DE DECISÃO DE PRONÚNCIA 
O Recurso em sentido estrito é interposto, sendo, na sequência, o recorrente 
intimado para apresentar as respectivas razões. 
 
 
 
 
III) BASE LEGAL 
 
 
PEÇA: 
 RAZÕES DE RECURSO EM 
SENTIDO ESTRITO 
PALAVRA MÁGICA: 
INTERPOSIÇÃO DO RECURSO 
E INTIMAÇÃO PARA 
APRESENTAR A PEÇA 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
Base legal: art. 588 do CPP 
 
 
 
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139 
 
IV) PRAZO 
Conforme o artigo 588 do CPP, o prazo para razões de recurso em sentido estrito é 
de 02 dias. 
V) CONTEÚDO 
Como visto, em se tratando de recursoem sentido estrito contra decisão de pronúncia, 
deve-se buscar no enunciado informações relacionadas a preliminares e mérito, que, no caso, consiste, 
basicamente, em informações que permitem desenvolver tese envolvendo impronúncia e/ou absolvição sumária 
e/ou desclassificação. 
As teses subsidiárias giram, basicamente, em torno do afastamento da qualificadora 
e/ou causa de aumento de pena. 
VI) PEDIDO 
Quando se trata de recursos, deve-se formular pedido de REFORMA da decisão e 
PROVIMENTO do recurso. 
Além disso, no campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para 
cada uma das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou alguma preliminar, nulidade, por exemplo, deve-se, ao final, formular 
pedido expresso no sentido de que seja declarada a nulidade. 
No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas: 
a) impronúncia, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou 
b) Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou 
c) Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal. 
d) Afastar qualificadora e/ou causa de aumento de pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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140 
 
ESTRUTURA DA PETIÇÃO DE JUNTADA77 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA COMARCA.......... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA......... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA 
JUSTIÇA FEDERAL) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DA COMARCA 
.......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ..........(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
Processo nº ... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes RAZÕES DE 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 588 do Código de Processo Penal, requerendo sejam 
recebidas, com posterior remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou Egrégio Tribunal Regional Federal) 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local..., data78... 
____________________ 
Advogado ... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
77 As razões de recurso em sentido estrito também são compostas de petição de juntada e outra de razões para 
manutenção da decisão. 
78 CUIDAR QUANDO O ENUNCIADO PEDIR O ÚLTIMO DIA DO PRAZO RECURSAL) 
 
 
 
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141 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: ENDEREÇAMENTO AO TRIBUNAL 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ___OU EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 
Recorrente: Fulano de Tal 
Recorrido: Ministério Público 
Processo nº... 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara ou Colenda Turma (se Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS79 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO 
Ex: Se for RESE contra decisão de pronúncia, seguem hipóteses: 
Mérito para pedido de impronúncia(art. 414 CPP) 
Mérito para pedido de absolvição sumária (art. 415 CPP) 
Mérito para pedido de desclassificação (art. 419 CPP)80 
C) SUBSIDIARIEDADE 
* Afastar qualificadora e/ou causa de aumento de pena 
III) DO PEDIDO81 
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a REFORMA 
DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que: 
a) sejam reconhecidas as preliminares invocadas82 
b) seja o réu impronunciado, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou 
Seja o réu absolvido sumariamente, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou 
Seja desclassificado o delito, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal, remetendo-se os autos ao 
juízo competente. 
c) Seja afastada a qualificadora e/ou causa de aumento de pena. 
Local... e data... 
 
Advogado... 
OAB... 
 
 
79 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o enunciado). 
80 Atentar para possibilidade de adoção de teses envolvendo nexo de causalidade (art. 13, § 1º, CP) e desistência voluntária e 
arrependimento eficaz (art. 15), já que podem resultar em fatos que não se coadunam com crimes dolosos contra a vida, persistindo, 
por exemplo, como crime remanescente lesão corporal leve, grave ou gravíssima, levando, por conseguinte, à desclassificação do delito 
e declinação de competência. 
81 CONFORME O ENUNCIADO DA PEÇA OU DA QUESTÃO, OS PEDIDOS PODEM SER CUMULATIVOS 
82 Referir novamente todas as preliminares, articulando o pedido na ordem que foram invocadas. 
 
 
 
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142 
 
XI EXAME OAB 
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas 
respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua 
frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa 
não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir 
Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a 
presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece 
em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das 
investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito 
de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). 
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao 
não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido 
contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram 
regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente 
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa 
é intimado da referida decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). 
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso cabível 
e date-o com o último dia do prazo para a interposição. 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
 
QUESTÃO 3 - IX EXAME OAB 
Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em 
Luciano, com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, uma amostra da referida substância foi recolhida 
para análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de 
armazenamento e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava 
destinada. Mesmo assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público 
pugnou pela pronúncia de Mário nos exatos termos da denúncia. Com base apenas nos fatos apresentados, 
responda justificadamente. 
A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ouabsolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65) 
B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveria ser 
endereçado? (Valor: 0,60) 
 
QUESTÃO 4 - 2010-03 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu 
automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir 
asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, 
Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria 
possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e 
refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, 
em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam 
na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e 
ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi 
denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três 
vezes em concurso formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada ao Tribunal do 
Júri da localidade e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos 
da inicial. 
Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando 
os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4) 
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3) 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria 
ser dirigida? (Valor: 0,3) 
 
 
 
 
 
 
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143 
 
QUESTÃO 03 – OAB – 2010-02 
Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. 
José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia 
ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução 
processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, “caput”, do Código 
Penal. Na condição de Advogado de Pedro: 
I. Indique o recurso cabível; 
II. O prazo de interposição; 
III. A argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. 
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. 
 
QUESTÃO 1 – 2009-02 
Edson, condenado à pena de 8 anos de reclusão pela prática do crime de atentado violento ao pudor contra 
sua genitora, e seu defensor foram intimados da sentença em 8/5/2009, sexta-feira. Inconformada com a 
sentença, a defesa interpôs recurso de apelação em 15/5/2009, antes do final do expediente forense. O juiz, 
contudo, alegando intempestividade do apelo, não recebeu o recurso, tendo sido essa decisão publicada em 
1.//6/2009, segunda-feira, data em que Edson e seu advogado compareceram em juízo e tomaram ciência 
da denegação. 
Considerando a situação hipotética apresentada, esclareça, de forma fundamentada, com a indicação dos 
dispositivos legais pertinentes, se o juiz agiu corretamente ao denegar a apelação e se o Código de Processo 
Penal prevê algum recurso contra a decisão proferida. Em caso afirmativo, indique o recurso cabível e o 
último dia do prazo para sua interposição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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144 
 
2) CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
2.1) INTRODUÇÃO 
Nos termos do artigo 586 do CPP, se não concordar com a decisão proferida, a parte 
irresignada deverá apresentar a petição de interposição de recurso em sentido estrito no prazo de 05 dias. 
Após, o juízo a quo fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso em sentido estrito, 
intimando-se o recorrente para apresentar, no prazo de 02 dias, as respectivas razões de recurso em sentido 
estrito, se não apresentadas simultaneamente à interposição. 
Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas CONTRARRAZÕES ou 
RAZÕES DO RECORRIDO, voltada à MANUTENÇÃO da decisão recorrida. 
2.2) IDENTIFICAÇÃO 
O Recurso em sentido estrito é interposto e arrazoado pelo recorrente, sendo, na 
sequência, o recorrido intimado para oferecer as contrarrazões. 
 
 
 
 
 
2.3) PRAZO 
Conforme o artigo 588 do CPP, o prazo para contrarrazões é de 02 dias. 
2.4) CONTEÚDO 
Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas 
à manutenção da decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério Público. 
 
 
 
 
PEÇA: 
 CONTRARRAZÕES DE RECURSO 
EM SENTIDO ESTRITO 
PALAVRA MÁGICA: 
RECORRENTE OFERCEU AS 
RAZÕES E INTIMAÇÃO PARA 
APRESENTAR A PEÇA 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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145 
 
ESTRUTURA DA PETIÇÃO DE JUNTADA83 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA COMARCA.......... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA......... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA 
JUSTIÇA FEDERAL) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DA COMARCA 
.......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ..........(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
Processo nº ... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 588 do Código de Processo 
Penal, requerendo sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida, conforme artigo 589 do Código de Processo 
Penal, com posterior remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou Egrégio Tribunal Regional Federal) 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local..., data... 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
83 As contrarrazões de recurso em sentido estrito também são compostas de petição de juntada e outra de razões para 
manutenção da decisão. 
 
 
 
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146 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ........OU EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 
 
Recorrente: Ministério Público 
Recorrido: Fulano de Tal 
Processo nº _____________ 
 
 
 CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
 
 Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara Criminal ou Colenda Turma (se Justiça Federal) 
2 linhas 
I) DOS FATOS84 
 
II) DO DIREITO85 
 
III) DO PEDIDO86 
Ante o exposto, requer o NÃO CONHECIMENTO do recurso e, no mérito, seja 
IMPROVIDO o recurso em sentido estrito interposto, MANTENDO-SE, por conseguinte, a decisão recorrida nos 
seus exatos termos.Local...e data... 
 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
CUIDADO: SE FOR CONTRARRAZÕES DE RECURSO INTERPOSTO PELA ACUSAÇÃO CONTRA DECISÃO 
DE IMPRONÚNCIA OU ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, AS CONTRARRAZÕES SERÃO DE APELAÇÃO, UMA 
VEZ QUE O RECURSO CABÍVEL CONTRA AQUELAS DECISÕES É O DE APELAÇÃO, CONFORME ART. 
416 DO CPP. 
 
 
 
 
84 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada), bem como da decisão 
recorrida. 
85 Pode-se dividir em preliminares e mérito. Em preliminar, buscar, invariavelmente, informações no enunciado para 
desenvolver tese para o não conhecimento do recurso (Ex: intempestividade do recurso interposto). No mérito, buscar 
informações para desenvolver teses voltadas a Expor argumentos contrários aos invocados nas razões de RESE (informados 
no enunciado da questão), defendo, em síntese, a manutenção da decisão recorrida. 
86 REQUERER O NÃO CONHECIMENTO, IMPROVIMENTO DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO E A MANUTENÇÃO DA DECISÃO 
RECORRIDA. 
 
 
 
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147 
 
3) APELAÇÃO 
 
3.1) CONCEITO 
É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a 
segunda instância, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação 
parcial ou total da decisão. 
3.2) IDENTIFICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de como identificar a peça extraídos de apelações já cobradas pela FGV: 
XXII EXAME 
Em sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal. No momento de fixar a pena-base, 
reconheceu a existência de maus antecedentes em razão da representação julgada procedente em face de 
Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 meses de reclusão. Não foram reconhecidas 
agravantes ou atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em 1/3 a pena, justificando ser 
desnecessária a apreensão de arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor causado 
à vítima. Com a redução de 1/3 pela modalidade tentada, a pena final ficou acomodada em 4 (quatro) anos de 
reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o fechado, justificando o magistrado que o crime de roubo 
é extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Intimado, o Ministério Público 
apenas tomou ciência da decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na condição de advogado, adotar as 
medidas cabíveis. Constituída nos autos, a intimação da sentença pela defesa ocorreu em 08 de maio de 2017, 
segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país. 
 
XVIII EXAME 
No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença pelo juízo competente, qual seja a 1ª Vara Criminal da Comarca 
de Natal, condenando Caio à pena privativa de liberdade de 10 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em 
regime inicial fechado. Na sentença consta que a pena base de cada um dos crimes deve ser aumentada em seis 
meses pelo fato de Caio possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua FAC duas condenações pela prática 
PEÇA: 
 RECURSO DE APELAÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
SENTENÇA 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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148 
 
de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade sexual da mulher, um dos 
valores mais significativos da sociedade, restando a sanção penal da primeira fase em 07 anos de reclusão, para 
cada um dos delitos. Na segunda fase, não foram reconhecidas atenuantes ou agravantes. Afirmou o magistrado 
que atualmente é o réu maior de 21 anos, logo não estaria presente a atenuante do Art. 65, inciso I, do CP. Ao 
analisar o concurso de crimes, o magistrado considerou a pena de um dos delitos, já que eram iguais, e aumentou 
de 1/2 (metade), na forma do Art. 71 do CP, justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticados 
serem extremamente graves. Por fim, o regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando 
que, independente da pena aplicada, este seria o regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 
8.072/90. Apesar da condenação, como Caio respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito 
de aguardar o trânsito em julgado da mesma forma. Caio e sua família o (a) procuram para, na condição de 
advogado (a), adotar as medidas cabíveis, destacando que estão insatisfeitos com o patrono anterior. Constituído 
nos autos, a intimação da sentença ocorreu em 07 de julho de 2015, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil 
em todo o país. 
 
XIII EXAME 
O Juiz, então, proferiu sentença em audiência condenando Diogo pela prática do crime de violação de 
domicílio em concurso material com o crime de furto qualificado pela escalada. Para a dosimetria da pena o 
magistrado ponderou o fato de que nenhum dos bens subtraídos fora recuperado. Além disso, fez incidir a 
circunstância agravante da reincidência, pois considerou que a condenação de Diogo pelo crime de estelionato o 
faria reincidente. O total da condenação foi de 4 anos e 40 dias de reclusão em regime inicial semi-aberto e multa 
à proporção de um trigésimo do salário mínimo. Por fim, o magistrado, na sentença, deixou claro que Diogo não 
fazia jus a nenhum outro benefício legal, haja vista o fato de não preencher os requisitos para tanto. A sentença 
foi lida em audiência. O advogado(a) de Diogo, atento(a) tão somente às informações descritas no texto, deve 
apresentar o recurso cabível à impugnação da decisão, respeitando as formalidades legais e desenvolvendo, de 
maneira fundamentada, as teses defensivas pertinentes. O recurso deve ser datado com o último dia 
cabível para a interposição. (Valor: 5,0) 
 
XII EXAME 
Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em audiência. Na dosimetria da pena, o 
magistrado entendeu por bem elevar a pena base em patamar acima do mínimo, ao argumento de que o trânsito 
em julgado de outra sentença condenatória configurava maus antecedentes; na segunda fase da dosimetria da 
pena o magistrado também entendeu ser cabível a incidência da agravante da reincidência, levando em conta a 
data do trânsito em julgado definitivo da sentença de estelionato, bem como a data do cometimento do furto 
(ora objeto de julgamento); não verificando a incidência de nenhuma causa de aumento ou de diminuição, o 
magistrado fixou a pena definitiva em 4 (quatro) anos de reclusão no regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) 
 
 
 
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dias-multa. O valor do dia-multa foi fixado no patamar mínimo legal. Por entender que a ré não atendia aos 
requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Ao 
final, assegurou-se à ré o direito de recorrer em liberdade. O advogado da ré deseja recorrer da decisão. 
Atento ao caso narrado e levando em conta tão somente as informações contidas no texto, elabore o recurso 
cabível. (Valor: 5,0) 
 
3.3) CABIMENTO DA APELAÇÃO NAS SENTENÇAS DO JUIZ SINGULAR – Art. 593 
A) DAS SENTENÇAS DEFINITIVAS DE CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO PROFERIDAS POR JUIZ 
SINGULAR (artigo 593, inciso I, do CPP) 
 
 
 
 
Cabe apelação nas sentenças definitivas de condenação ou absolvição. São as 
decisões que põe fim à relação jurídica processual, julgando o seu mérito, quer absolvendo, quer condenando 
o acusado. 
Com o advento da Lei 11.689/2008, caberá apelação contra a sentença de 
absolvição sumária (art. 416), tanto as proferidas nos processos de competência do juiz singular (art. 397), 
exceto a decisão que declara extinta a punibilidade (incisoIV do art. 397), como as proferidas nos processos 
de competência do júri, na 1ª fase do procedimento (art. 415 do CPP). 
B) DAS DECISÕES DEFINITIVAS, OU COM FORÇA DE DEFINITIVAS, PROFERIDAS POR JUIZ 
SINGULAR NOS CASOS NÃO PREVISTOS NO CAPÍTULO ANTERIOR (artigo 593, inciso II, do CPP) 
Cabe, ainda, apelação das sentenças que, julgando o mérito, põe fim à relação 
jurídica processual ou ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado. 
Logo, no caso, consistem na hipótese de decisões interlocutórias mistas (definitivas 
ou com força de definitivas), que não integram o rol do art. 581, sendo, assim, cabível, na forma residual, 
portanto, o recurso de apelação, previsto no inciso II do art. 593. 
* DECISÕES DEFINITIVAS: também denominadas terminativas de mérito, são 
aquelas que encerram o processo, incidental ou principal, com julgamento do mérito, sem, no entanto, 
absolver ou condenar. 
Ex: procedência ou improcedência da restituição de coisa apreendida (art. 120, § 
1º); decisão que autoriza levantamento do sequestro; que concede a reabilitação. 
* DECISÕES COM FORÇA DE DEFINITIVAS: são aquelas decisões que encerram o processo, sem 
julgamento do mérito (decisão interlocutória mista terminativa) ou uma etapa procedimental (decisão 
interlocutória mista não terminativa). 
Fundamento legal: art. 593, inciso I, do CPP 
 
 
 
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Ex: decisão de impronúncia, que é apelável (art. 416 CPP). 
3.4) PRAZO – Art. 593 e Art. 600 
O prazo para interposição é, em regra, 05 dias (art. 593), a contar da intimação, 
sendo 08 dias para arrazoar o recurso (art. 600). 
Nos termos da Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da 
data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou carta precatória ou ordem”. 
No caso do réu, devem ser intimados ele e seu defensor, iniciando-se o prazo após 
a última intimação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.5) LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE À ACUSAÇÃO 
A legitimidade do assistente de acusação está prevista no artigo 598 do CPP. O 
assistente à acusação, pode ser: 
a) habilitado nos autos: quando já atuava nos autos, razão pela qual vinha sendo 
intimado dos atos processuais, podendo, nessa condição, interpor recurso no prazo de 05 dias. 
b) não habilitado nos autos: quando passa a atuar nos autos a partir da sentença, 
não sendo até então, portanto, intimado dos atos processuais, razão pela qual terá o prazo mais dilatado 
para interpor recurso de apelação, qual seja, 15 dias, nos termos do artigo 598, parágrafo único, do CPP. 
A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra 
disposta na Súmula 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a 
correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”. 
PRAZO
• Interposição
 
PRAZO
• Razões
5 DIAS 
15 DIAS 
Para o assistente da 
acusação não habilitado 
10 DIAS 
No JECrim, já com as razões 
 
8 DIAS 
 
 
 
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151 
 
3.6) CONTEÚDO 
O recurso de apelação pode exigir do candidato desenvolver teses relacionadas a 
preliminares e/ou matérias de mérito. 
A) Preliminares: 
As questões preliminares são aquelas que não observam aspectos formais de 
determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade. Aqui, por questão de organização, recomenda-
se que as causas extintivas de punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas no campo destinado às 
preliminares. 
B) Mérito: 
Conforme já mencionado, nas peças práticas profissionais deverão ser buscadas no 
enunciado teses que, ao final, viabilizarão a formulação do correspondente pedido. Ou seja, aborda-se na peça 
aquilo que, ao final, poderá ser objeto de pedido. No caso da apelação contra decisão proferida por juiz singular, 
as teses de mérito guardam relação com as hipóteses que ensejam a absolvição, previstas no artigo 386 do CPP. 
Considerando que o pedido de absolvição deve observar um dos incisos do artigo 386, 
a matéria de mérito consistirá, necessariamente, na discussão, acerca da materialidade, autoria, tipicidade, 
ilicitude, culpabilidade, além de teses subsidiárias, formando aquilo que convencionamos representar pela sigla 
MATICS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No XXII exame, caiu também como tese a desistência voluntária. 
C) SUBSIDIARIEDADE87 
 
Além das preliminares e das questões de mérito, deve-se buscar no enunciado 
informações que permitam identificar alguma tese subsidiária. As teses subsidiárias consistem, basicamente, nas 
hipóteses em que, uma vez condenado, permitem ao réu ter sua situação amenizada. 
 
87 As teses subsidiárias serão estudadas com mais profundidade na aula de Direito Penal, na parte da teoria da pena. 
M 
A 
T 
I 
C 
S 
MATERIALIDADE (incisos I e II) 
AUTORIA (incisos IV e V) 
TIPICIDADE (inciso III) 
ILICITUDE (inciso VI) 
CULPABILIDADE (inciso VI) 
SUBSIDIARIEDADE 
 
 
 
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152 
 
Como forma de facilitar a identificação, convencionarmos considerar a ordem 
estabelecida no art. 59 do CP. Trata-se de espécie de checklist. 
I) na quantidade de pena: Art. 59, II: verificar o sistema trifásico (art. 68). 
* buscar pena-base no mínimo legal (afastar, por exemplo, maus antecedentes); 
* Apontar atenuantes (previstas no artigo 65 do CP); afastar agravantes (previstas no artigo 61 e 62 do CP); 
* Apontar causas de diminuição de pena (ex: tentativa – art. 14, parágrafo único, do CP); afastar causas de 
aumento de pena. 
* Afastar qualificadoras 
II) regime carcerário mais brando: Art. 59, III, do CP 
* Verificar o artigo 33 do Código Penal e artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 ( O STF declarou inconstitucional esse 
dispositivo). 
III) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: Art. 59, IV, do CP 
* Verificar o artigo 44 do CP e artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 (ver Resolução nº 05 do Senado). 
IV) Sursis – Art. 77 do CP 
V) Desclassificação para delito mais brando. 
3.7) PEDIDO 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma 
das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou a tese da nulidade da sentença, deve-se, ao final, formular pedido 
expresso de que seja declarada a nulidade da sentença. 
Se desenvolveu tese acerca da prescrição, ao final deve formular pedido expresso de 
extinção da punibilidade, com base no artigo 107, IV, do Código Penal. 
Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias. 
Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido 
expresso de absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do CPP. Se sustentou, subsidiariamente, que o réu 
não é reincidente, deve-se, ao final, formular pedido expresso para afastar a reincidência, com a consequente 
diminuição da pena...e assim por diante... 
O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do artigo 386 do CPP. 
 
 
 
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153 
 
 
 ATENÇÃO 
 
 
 
 
3.8) ESTRUTURA DO RECURSO DE APELAÇÃO 
A estrutura do recurso de apelação segue dois momentos: interposição do recurso 
(afirmar que pretende recorrer) e as razões de recurso. 
A) INTERPOSIÇÃO – para juiz de 1º grau 
a) Endereçamento: Juiz de Direito da Vara Criminal (se crime não doloso contra a vida da competência da 
Justiça Estadual) ou Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária (se crimenão doloso contra a vida da 
competência da Justiça Federal); Juiz de Direito da Vara do Juizado Especial Criminal (se for infração de 
menor potencial ofensivo) 
b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por 
seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 593, inciso __, 416 se absolvição sumária ou 
impronúncia, ou artigo 82 da Lei 9.099/95, se tratar de infração de menor potencial ofensivo), 
nome da peça (Recurso de apelação), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
Obs: se for apelação contra decisão do Tribunal do Júri, não esquecer de indicar o inciso contra o qual 
está recorrendo. Nesse sentido é a Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do 
júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. 
c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data, 
advogado e OAB) 
Obs: o recurso de apelação não tem efeito regressivo. 
B) RAZÕES 
a) Endereçamento: para Tribunal ou Turmas Recursais (se for infração de menor potencial 
ofensivo) 
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); 
Tribunal Regional Federal (se da competência da Justiça Federal). 
Turmas Recursais (Se for infração de menor potencial ofensivo) 
! 
 
 APELAÇÃO CONTRA DECISÃO DE JUIZ SINGULAR 
Pedido de absolvição é com base no artigo 386 CPP 
 
 
 
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154 
 
b) identificação: apelante, apelado, nº processo 
c) saudação: 
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara 
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Turma 
d) corpo da peça (I. Dos fatos: breve relato; II. DO DIREITO: preliminares, mérito e teses subsidiárias) 
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico 
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data, advogado e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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155 
 
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: ENDEREÇAMENTO: Juiz de 1º grau 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA 
COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)88 
 
 
Processo nº ... 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., 
interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, (indicar o inciso), do Código 
de Processo Penal. 
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, 
remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal. 
 
Nestes termos, 
pede deferimento 
 
Local..., data...89 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
88 Competência da Justiça Federal – Art. 109 da CF/88 
89 CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO 
 
 
 
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OAB 
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156 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...... (se da competência da Justiça Estadual); 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ....REGIÃO (se da competência da Justiça Federal). 
Apelante: Fulano de Tal 
Apelado: Ministério Público 
Processo nº 
 
 RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS90 
II) DO DIREITO91 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO92 
C) SUBSIDIARIAMENTE93 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU, com o 
consequente PROVIMENTO do presente recurso, para o fim ......: 
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das preliminares) 
II) absolvição, com base no artigo 386, inciso ....., do CPP 
III) diminuição da pena, regime carcerário, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos, “sursis” (se não cabível a restritiva de direitos), 
 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
90 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever 
o enunciado). 
91 Aqui também sugere-se dividir os fundamentos jurídicos em preliminares e mérito. 
92 No mérito, busca-se afastar a materialidade e autoria do delito, bem como arguir uma das causas excludentes do 
crime: exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. MATICS 
93 Dica: para lembrar dos pedidos voltados a melhorar a situação do réu, sugere-se seguir a sequência dos incisos do art. 59 do CP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos [buscar atenuantes (arts. 65 e 66 CP) e causas de diminuição da pena - 
tentativa, por exemplo, art. 14, II CP); b) afastar causas de aumento da pena e qualificadoras]; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33 CP); 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível (art. 44 CP). 
ART. 77 CP (SURSIS) 
 
 
 
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2ª Fase 
 
157 
 
ESTRUTURA DE APELAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: ENDEREÇAMENTO: Juiz de 1º grau 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA 
COMARCA ...... 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA 
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...... 
 
 
Processo nº .... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., interpor o presente 
RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 82 da Lei 9.099/95. 
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, 
remetendo-se os autos às Turmas Recursais. 
 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Local..., data...94. 
 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
94 CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO 
 
 
 
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158 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento às TURMAS RECURSAIS 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL 
Apelante: Fulano de Tal 
Apelado: Ministério Público 
Processo nº .... 
 
 
 RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 Egrégia Turma Recursal 
 Eméritos Julgadores 
 
I) DOS FATOS95 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO96 
C) SUBSIDIARIAMENTE97 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU, com o 
consequentePROVIMENTO do presente recurso, para o fim ......: 
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das preliminares) 
II) absolvição, com base no artigo 386, inciso ....., do CPP 
III) diminuição da pena, regime carcerário, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos, “sursis” (se não cabível a restritiva de direitos), 
 
Local... e data... 
 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
95 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever 
o enunciado). 
96 No mérito, busca-se afastar a materialidade e autoria do delito, bem como arguir uma das causas excludentes do 
crime: exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. MATICS 
97 Dica: para lembrar dos pedidos voltados a melhorar a situação do réu, sugere-se seguir a sequência dos incisos do art. 59 do CP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos [buscar atenuantes (arts. 65 e 66 CP) e causas de diminuição da pena - 
tentativa, por exemplo, art. 14, II CP); b) afastar causas de aumento da pena e qualificadoras]; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33 CP); 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível (art. 44 CP). 
ART. 77 CP (SURSIS) 
 
 
 
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159 
 
3.8) RAZÕES DE APELAÇÃO 
I) INTRODUÇÃO 
Em todas as oportunidades em que cobrou a peça apelação, a FGV exigiu que o 
candidato fizesse a interposição e, de forma concomitante, já apresentasse as razões de apelação. 
Todavia, se considerado o procedimento previsto para interposição do recurso de 
apelação, pode-se aventar a possibilidade de a FGV cobrar do candidato a peça RAZÕES DE APELAÇÃO. 
Isso porque, conforme dispõe o artigo 593 do CPP, se não concordar com a 
sentença proferida, a parte irresignada deverá apresentar a petição de interposição da apelação no prazo de 
05 dias. Após, o juízo de 1º grau, onde foi proferida a sentença, fará o primeiro juízo de admissibilidade, 
recebendo ou não a apelação. Na sequência, conforme dispõe o artigo 600 do CPP, se recebida a apelação, 
intima-se o apelante para apresentar suas RAZÕES PARA REFORMA da decisão recorrida. 
Ou seja, poderá constar no enunciado que o juiz proferiu sentença e que a parte 
interpôs recurso de apelação, exigindo, após, que o candidato apresente a peça correspondente, qual seja, 
RAZÕES DE APELAÇÃO. 
E, nas razões de apelação, deve-se apresentar, no caso, a petição de juntada e 
depois as razões de apelação propriamente dita. 
II) IDENTIFICAÇÃO 
O Recurso de apelação é interposto e arrazoado pelo apelante, sendo, na sequência, 
o apelado intimado para oferecer as contrarrazões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA: 
 RAZÕES DE APELAÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
INTERPOSIÇÃO DO RECURSO E 
INTIMAÇÃO PARA APRESENTAR A 
PEÇA 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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160 
 
III) BASE LEGAL 
 
 
 
 
IV) PRAZO 
Conforme o artigo 600 do CPP, o prazo para razões de apelação é de 08 dias. 
V) CONTEÚDO 
O recurso de apelação pode exigir do candidato desenvolver teses relacionadas a 
preliminares e/ou matérias de mérito (MATICS), conforme visto acima. 
VI) PEDIDO 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma 
das teses desenvolvidas ao longo da peça. 
Ex. Se sustentou a tese da nulidade da sentença, deve-se, ao final, formular pedido 
expresso de que seja declarada a nulidade da sentença. 
Se desenvolveu tese acerca da prescrição, ao final deve formular pedido expresso de 
extinção da punibilidade, com base no artigo 107, IV, do Código Penal. 
Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias. 
Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido 
expresso de absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do CPP. Se sustentou, subsidiariamente, que o réu 
não é reincidente, deve-se, ao final, formular pedido expresso para afastar a reincidência, com a consequente 
diminuição da pena...e assim por diante... 
O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do artigo 386 do CPP. 
 
 
 
 
 
Base legal: art. 600 do CPP 
 
 
 
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161 
 
PETIÇÃO DE JUNTADA RECURSO DE APELAÇÃO98 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DA 
COMARCA.....(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SECÇÃO 
JUDICIÁRIA DE..... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
 
Processo nº .... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu 
procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes 
RAZÕES DE APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código de Processo Penal, requerendo sejam 
recebidas, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado... (ou Tribunal Regional 
Federal) 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
 
Local..., data... 
 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
98 As razões de recurso de apelação também são compostas de petição de juntada e de razões para manutenção da 
decisão. 
 
 
 
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162 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...... (se da competência da Justiça Estadual); 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ....REGIÃO (se da competência da Justiça Federal). 
Apelante: Fulano de Tal 
Apelado: Ministério Público 
Processo nº 
 
 RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS99 
II) DO DIREITO100 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO101 
C) SUBSIDIARIAMENTE102 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU, com o 
consequente PROVIMENTO do presente recurso, para o fim ......: 
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das preliminares) 
II) absolvição, com base no artigo 386, inciso ....., do CPP 
III) diminuição da pena, regime carcerário, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos, “sursis” (se não cabível a restritiva de direitos), 
 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
99 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever 
o enunciado). 
100 Aqui também sugere-se dividir os fundamentos jurídicos em preliminares e mérito. 
101 No mérito, busca-se afastar a materialidade e autoria do delito, bem como arguir uma das causas excludentes do 
crime: exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. MATICS102 Dica: para lembrar dos pedidos voltados a melhorar a situação do réu, sugere-se seguir a sequência dos incisos do art. 59 do CP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos [buscar atenuantes (arts. 65 e 66 CP) e causas de diminuição da pena - 
tentativa, por exemplo, art. 14, II CP); b) afastar causas de aumento da pena e qualificadoras]; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33 CP); 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível (art. 44 CP). 
ART. 77 CP (SURSIS) 
 
 
 
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163 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXII EXAME 
 
Desejando comprar um novo carro, Leonardo, jovem com 19 anos, decidiu praticar um crime de roubo em 
um estabelecimento comercial, com a intenção de subtrair o dinheiro constante do caixa. Narrou o plano 
criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se recusou a contribuir. Leonardo decidiu, então, praticar o 
delito sozinho. Dirigiu-se ao estabelecimento comercial, nele ingressou e, no momento em que restava 
apenas um cliente, simulou portar arma de fogo e o ameaçou de morte, o que fez com ele saísse, já que a 
intenção de Leonardo era apenas a de subtrair bens do estabelecimento. Leonardo, em seguida, consegue 
acesso ao caixa onde fica guardado o dinheiro, mas, antes de subtrair qualquer quantia, verifica que o único 
funcionário que estava trabalhando no horário era um senhor que utilizava cadeiras de rodas. Arrependido, 
antes mesmo de ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem nada subtrair, mas, já do lado 
de fora da loja, é surpreendido por policiais militares. Estes realizam a abordagem, verificam que não havia 
qualquer arma com Leonardo e esclarecem que Roberto narrara o plano criminoso do vizinho para a Polícia. 
Tomando conhecimento dos fatos, o Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em 
preventiva e denunciou Leonardo como incurso nas sanções penais do Art. 157, § 2º, inciso I, c/c o Art. 14, 
inciso II, ambos do Código Penal. Após decisão do magistrado competente, qual seja, o da 1ª Vara Criminal 
de Belo Horizonte/MG, de conversão da prisão e recebimento da denúncia, o processo teve seu 
prosseguimento regular. O homem que fora ameaçado nunca foi ouvido em juízo, pois não foi localizado, e, 
na data dos fatos, demonstrou não ter interesse em ver Leonardo responsabilizado. Em seu interrogatório, 
Leonardo confirma integralmente os fatos, inclusive destacando que se arrependeu do crime que pretendia 
praticar. Constavam no processo a Folha de Antecedentes Criminais do acusado sem qualquer anotação e a 
Folha de Antecedentes Infracionais, ostentando uma representação pela prática de ato infracional análogo 
ao crime de tráfico, com decisão definitiva de procedência da ação socioeducativa. O magistrado concedeu 
prazo para as partes se manifestarem em alegações finais por memoriais. O Ministério Público requereu a 
condenação nos termos da denúncia. O advogado de Leonardo, contudo, renunciou aos poderes, razão pela 
qual, de imediato, o magistrado abriu vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais. Em 
sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal. No momento de fixar a pena-base, 
reconheceu a existência de maus antecedentes em razão da representação julgada procedente em face de 
Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 meses de reclusão. Não foram reconhecidas 
agravantes ou atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em 1/3 a pena, justificando ser 
desnecessária a apreensão de arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor 
causado à vítima. Com a redução de 1/3 pela modalidade tentada, a pena final ficou acomodada em 4 
(quatro) anos de reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o fechado, justificando o magistrado 
que o crime de roubo é extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. 
Intimado, o Ministério Público apenas tomou ciência da decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na 
condição de advogado, adotar as medidas cabíveis. Constituída nos autos, a intimação da sentença pela 
defesa ocorreu em 08 de maio de 2017, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país. Com base 
nas informações expostas acima e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, 
excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as 
teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que 
possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XVIII EXAME 
Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, a família de Joana resolveu viajar para comemorar 
o feriado, enquanto Joana, de 19 anos, decidiu ficar em sua residência, na cidade de Natal, sozinha, para 
colocar os estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa situação, Caio, vizinho de Joana, nascido 
em 25 de março de 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no quarto de Joana e, mediante grave 
ameaça, obrigou-a a praticar com ele conjunção carnal e outros atos libidinosos diversos, deixando o local 
após os fatos e exigindo que a vítima não contasse sobre o ocorrido para qualquer pessoa. Apesar de 
temerosa e envergonhada, Joana contou o ocorrido para sua mãe. A seguir, as duas compareceram à 
Delegacia e a vítima ofertou representação. Caio, então, foi denunciado pela prática como incurso nas 
sanções penais do Art. 213 do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 71 do Estatuto Repressivo. 
Durante a instrução, foi ouvida a vítima, testemunhas de acusação e o réu confessou os fatos. Foi, ainda, 
juntado laudo de exame de conjunção carnal confirmando a prática de ato sexual violento recente com Joana 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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2ª Fase 
 
164 
 
e a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, que indicava a existência de duas condenações, 
embora nenhuma delas com trânsito em julgado. Em alegações finais, o Ministério Público requereu a 
condenação de Caio nos termos da denúncia, enquanto a defesa buscou apenas a aplicação da pena no 
mínimo legal. No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença pelo juízo competente, qual seja a 1ª Vara 
Criminal da Comarca de Natal, condenando Caio à pena privativa de liberdade de 10 anos e 06 meses de 
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na sentença consta que a pena base de cada um dos 
crimes deve ser aumentada em seis meses pelo fato de Caio possuir maus antecedentes, já que ostenta em 
sua FAC duas condenações pela prática de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado 
a liberdade sexual da mulher, um dos valores mais significativos da sociedade, restando a sanção penal da 
primeira fase em 07 anos de reclusão, para cada um dos delitos. Na segunda fase, não foram reconhecidas 
atenuantes ou agravantes. Afirmou o magistrado que atualmente é o réu maior de 21 anos, logo não estaria 
presente a atenuante do Art. 65, inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de crimes, o magistrado considerou 
a pena de um dos delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. 71 do CP, 
justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticadosserem extremamente graves. Por fim, o 
regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando que, independente da pena aplicada, 
este seria o regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da condenação, 
como Caio respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito de aguardar o trânsito em 
julgado da mesma forma. Caio e sua família o (a) procuram para, na condição de advogado (a), adotar as 
medidas cabíveis, destacando que estão insatisfeitos com o patrono anterior. Constituído nos autos, a 
intimação da sentença ocorreu em 07 de julho de 2015, terçafeira, sendo quarta-feira dia útil em todo o 
país. 
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a 
peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo para interposição, 
sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos) 
 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - IV EXAME OAB 
Tício foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X, pela prática de roubo 
qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase de inquérito policial, Tício foi 
reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima olhou através de pequeno 
orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em sede de instrução criminal, nem vítima 
nem testemunhas afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram uníssonas no 
sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o 
réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após 
escutarem gritos de “pega ladrão!”, viram o réu correndo e foram em seu encalço. Afirmaram que, durante 
a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como que este jogou um objeto no córrego que 
passava próximo ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, em seu 
interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, Tício foi condenado a oito anos e 
seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado 
para cumprimento de pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta os 
depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento feito pela vítima em sede policial, bem 
como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias comprovadas no curso 
do processo. 
Você, na condição de advogado(a) de Tício, é intimado(a) da decisão. Com base somente nas informações 
de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, apresentando 
as razões e sustentando as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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OAB 
2ª Fase 
 
165 
 
V EXAME OAB - PEÇA 
Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto 
qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciada havia se valido da 
qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de 
seu patrão Cláudio, presidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. 
A denúncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de 
dezembro de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete à pena 
final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §2º, inciso IV, do Código 
Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por 
bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento 
injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal, ficou 
comprovado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia uma semana e só tinha 
a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o suposto fato criminoso teria 
ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ademais, foi juntada aos autos a comprovação dos 
rendimentos da vítima, que giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais. Após a 
apresentação de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida nova sentença penal 
condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir, 
assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez que se reveste de 
enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada no agente, motivo pelo qual 
a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final, converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de 
direitos, consubstanciada na prestação de 8 (oito) horas semanais de serviços comunitários, durante o 
período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de execuções penais. 
Novamente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário Eletrônico em 16 
de fevereiro de 2011. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, 
redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último dia do prazo legal, o recurso cabível à 
hipótese, invocando todas as questões de direito pertinentes, mesmo que em caráter eventual. (Valor: 5,0) 
 
 
PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL – VII OAB 
Leia com atenção o caso concreto a seguir: 
Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o qual é 
imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém‐nascido em suas mãos, Ana é tomada por extremo 
furor, bradando aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não saiu de mim” e bate por seguidas 
vezes a cabeça da criança na parede do quarto do hospital, vitimando‐a fatalmente. Após ser dominada 
pelos funcionários do hospital, Ana é presa em flagrante delito. 
Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico‐legal, o qual atestou que Ana agira sob 
influência de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas colhidas na fase 
inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri pela prática do crime 
de homicídio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o Parquet que Ana fora movida por motivo 
fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato criminoso, além de se utilizar de recurso que tornou 
impossível a defesa da vítima. Em sede de Alegações Finais Orais, o Promotor de Justiça reiterou os 
argumentos da denúncia, sustentando que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar seu 
filho em razão de tê‐lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas vezes 
contra a parede, além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender‐se. 
A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que a ré não teria praticado o fato e, alternativamente, se o tivesse 
feito, não possuiria plena capacidade de autodeterminação, sendo inimputável. Ao proferir a sentença, o 
magistrado competente entendeu por bem absolver sumariamente a ré em razão de inimputabilidade, pois, 
ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar em consequência da influência do 
estado puerperal. Tendo sido intimado o Ministério Público da decisão, em 11 de janeiro de 2011, o prazo 
recursal transcorreu in albis sem manifestaçãodo Parquet. 
Em relação ao caso narrado, você, na condição de advogado(a), é procurado pelo pai da vítima, em 20 de 
janeiro de 2011, para habilitar‐se como assistente da acusação e impugnar a decisão. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, 
redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando do último dia do prazo. 
(Valor: 5,0) 
 
 
 
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166 
 
 
 
QUESTÃO 2 - IV EXAME 
Caio é denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio qualificado por motivo fútil. De 
acordo com a inicial, em razão de rivalidade futebolística, Caio teria esfaqueado Mévio quarenta e três vezes, 
causando-lhe o óbito. Pronunciado na forma da denúncia, Caio recorreu com o objetivo de ser 
impronunciado, vindo o Tribunal de Justiça da localidade a manter a pronúncia, mas excluindo a 
qualificadora, ao argumento de que Mévio seria arruaceiro e, portanto, a motivação não poderia ser 
considerada fútil. No julgamento em plenário, ocasião em que Caio confessou a prática do crime, a defesa 
lê para os jurados a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça no que se refere à caracterização de Mévio 
como arruaceiro. Respondendo aos quesitos, o Conselho de Sentença absolve Caio. 
Sabendo-se que o Ministério Público não recorreu da sentença, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) A esposa de Mévio poderia buscar a impugnação da decisão proferida pelo Conselho de Sentença? Em 
caso positivo, de que forma e com base em que fundamento? (Valor: 0,65) 
b) Caso o Ministério Público tivesse interposto recurso de apelação com fundamento exclusivo no artigo 593, 
III, “d”, do Código de Processo Penal, poderia o Tribunal de Justiça declarar a nulidade do julgamento por 
reconhecer a existência de nulidade processual? (Valor: 0,6) 
 
 
QUESTÃO 1 – XIX EXAME 
João estava dirigindo seu automóvel a uma velocidade de 100 km/h em uma rodovia em que o limite máximo 
de velocidade é de 80 km/h. Nesse momento, foi surpreendido por uma bicicleta que atravessou a rodovia 
de maneira inesperada, vindo a atropelar Juan, condutor dessa bicicleta, que faleceu no local em virtude do 
acidente. Diante disso, João foi denunciado pela prática do crime previsto no Art. 302 da Lei nº 9.503/97. 
As perícias realizadas no cadáver da vítima, no automóvel de João, bem como no local do fato, indicaram 
que João estava acima da velocidade permitida, mas que, ainda que a velocidade do veículo do acusado 
fosse de 80 km/h, não seria possível evitar o acidente e Juan teria falecido. Diante da prova pericial 
constatando a violação do dever objetivo de cuidado pela velocidade acima da permitida, João foi condenado 
à pena de detenção no patamar mínimo previsto no dispositivo legal. Considerando apenas os fatos narrados 
no enunciado, responda aos itens a seguir. 
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado, indicando seu prazo e fundamento legal? (Valor: 0,60) 
B) Qual a principal tese jurídica de direito material a ser alegada nas razões recursais? (Valor: 0,65) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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167 
 
4) APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI 
 
4.1) IDENTIFICAÇÃO 
Após a decisão dos jurados no Plenário do Júri, o Juiz Presidente passa a proferir a 
sentença, restringindo-se, se for sentença condenatória, a fixar a pena. 
Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo 
Juiz após o julgamento no Plenário do Júri. 
4.2) BASE LEGAL 
 
 
 
 
 
A base legal do recurso de apelação contra decisão do Plenário do Júri guarda 
relação com o artigo 593, inciso III, do CPP, devendo, ainda, o recorrente mencionar a(s) alínea(s) pelo qual 
está recorrendo, ou seja, art. 593, III, “a” e/ou “b” e/ou “c” e/ou “d”, sem prejuízo da possibilidade de 
recorrer por mais de um fundamento. 
Quando a parte pretender recorrer de decisão proferida no Tribunal do Júri deve 
apresentar logo na petição de interposição qual o motivo que o leva a apelar, deixando expressa a alínea 
eleita do inciso III do art. 593 do CPP, ficando vinculado, nas razões de apelação aos argumentos 
relacionados ao motivo declinado na interposição. Assim sendo, o Tribunal somente pode julgar nos limites 
da interposição. Nesse sentido é a Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do 
júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. 
4.3) HIPÓTESES DE CABIMENTO 
I) NULIDADE POSTERIOR À PRONÚNCIA 
Tratando-se de nulidade anterior à pronúncia, a questão já foi analisada na própria 
decisão ou em recurso contra ela interposto, operando-se, por conseguinte, a preclusão. 
LOPES JÚNIOR (2012, p. 1224) elenca algumas hipóteses: 
* a juntada de documentos fora do prazo estipulado no art. 479; 
* participação de jurado impedido; 
* inversão da ordem de oitiva das testemunhas de plenário; 
* produção, em plenário, de prova ilícita; 
* uso injustificado de algemas durante o julgamento; 
* referências, durante os debates, à decisão de pronúncia ou posteriores, que 
julgaram admissível a acusação; 
Base legal: art. 593, inciso III, …, do CPP 
 
 
 
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168 
 
* referências, durante os debates, ao silêncio do acusado, em seu prejuízo; 
* e, o mais recorrente: defeitos na formulação dos quesitos. 
Se a nulidade ocorrer na própria sentença de pronúncia, o recurso cabível é o 
Recurso em Sentido Estrito (art. 581, inciso IV). 
Na hipótese de provimento do recurso, o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional 
Federal deverá determinar a renovação do ato viciado e, até mesmo do próprio julgamento em plenário. 
II) SENTENÇA DO JUIZ PRESIDENTE CONTRÁRIA À LETRA EXPRESSA DA LEI OU À DECISÃO 
DOS JURADOS 
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do 
juiz togado sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e o 
juiz-presidente aplica a pena, de acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-se. 
Como se vê, há duas hipóteses concentradas nesse inciso: a) decisão contra lei 
expressa; b) decisão de forma contrária à decisão dos jurados. 
Alguns exemplos de decisão contrária à lei expressa (LOPES JÚNIOR, 2012, p. 
1226): 
a) a sentença substitui a pena aplicada pelo homicídio doloso por prestação de 
serviços à comunidade em desacordo com os limites do art. 44 do CP; 
b) fixar o regime fechado para o réu primário condenado a uma pena inferior a 8 
anos; 
c) decidir sobre o crime conexo sem submetê-lo a julgamento pelo júri. 
Alguns exemplos de sentença contrária à decisão dos jurados (LOPES JÚNIOR, 
2012, p. 1227): 
a) os jurados absolvem o réu e o juiz profere uma sentença condenatória, fixando 
a pena, e vice-versa; 
b) o júri condena por homicídio qualificado e o juiz realiza a dosimetria 
considerando a pena do homicídio simples; 
c) o júri reconhece uma privilegiadora e o juiz não faz a respectiva redução da 
pena; 
d) os jurados acolhem a tese defensiva de desclassificação de homicídio doloso 
para culposo e o juiz condena o réu por homicídio doloso; 
e) os jurados acolhem a tese de crime tentado, e o juiz profere sentença 
condenatória por crime consumado etc. 
Se der provimento ao recurso de apelação interposto com base nesta alínea, o 
Tribunal ad quem procederá à retificação da sentença, sem necessidade de renovação do julgamento em 
plenário do Júri (art. 593, § 1º, CPP). 
 
 
 
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2ª Fase169 
 
III) QUANDO HOUVER ERRO OU INJUSTIÇA NO TOCANTE À APLICAÇÃO DA PENA OU DA 
MEDIDA DE SEGURANÇA 
É outra hipótese que diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz presidente, 
não importando em ofensa à soberania do veredicto popular. Logo, o Tribunal pode corrigir a distorção 
diretamente. 
A aplicação de penas muito acima do mínimo legal para réus primários, ou 
excessivamente brandas para reincidentes, por exemplo, sem ter havendo fundamento razoável, ou medidas 
de segurança incompatíveis com a doença mental apresentada pelo réu podem ser alteradas pela Instância 
superior. 
Se der provimento à apelação interposta com base na alínea “c”, o Tribunal 
retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança, sem necessidade de renovação do julgamento 
pelo Júri. 
OBS: Qualificadoras: Encontra-se pacificado o entendimento no sentido de que a 
discussão envolvendo o reconhecimento ou afastamento da qualificadora deve ser abordada com base na 
alínea “d” do inciso III do art. 593. Isso significa que, se der provimento ao recurso de apelação, o réu será 
submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Em síntese, a interposição do recurso de apelação visando ao afastamento da 
qualificadora deve ser com base no artigo 593, inciso III, alínea “d”, do CPP. 
IV) QUANDO A DECISÃO DOS JURADOS FOR MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS 
AUTOS 
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum 
elemento de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apóia em 
versão mais fraca. 
Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual 
das partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas. 
Conforme o art. 593, § 3º, do CPP, se a apelação se fundar no inciso III, “d”, e o 
tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, 
dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, 
segunda apelação. 
 
 
 
 
 
Das decisões do Tribunal do Júri, quando 
Ocorrer nulidade posterior à pronúncia 
 
A sentença do Juiz Presidente for contrária à letra 
expressa da Lei ou à decisão dos jurados 
 
Quando houver erro ou injustiça à aplicação da pena ou 
da medida de segurança 
 
Quando a decisão dos jurados for manifestamente 
contrária à prova dos autos 
 
 
 
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170 
 
ESTRUTURA DO RECURSO DE APELAÇÃO CONTRA DECISÃO DO TRIBUAL DO JÚRI 
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: ENDEREÇAMENTO: Juiz de 1º grau 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL 
DO JÚRI DA COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL 
DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)103 
 
 
Processo nº .... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., 
interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, III (indicar a alínea)104, do Código 
de Processo Penal. 
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, 
remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal. 
 
Nestes termos, 
pede deferimento 
 
Local..., data...105. 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
103 Competência da Justiça Federal – Art. 109 da CF/88 
104 Cuidado: se for contra decisão do Tribunal do Júri indicar o fundamento (uma das alíneas do inciso III do Art. 593). 
Súmula 713 STF 
105 CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO 
 
 
 
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171 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...... (se da competência da Justiça Estadual); 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ....REGIÃO (se da competência da Justiça Federal). 
Apelante: Fulano de Tal 
Apelado: Ministério Público 
Processo nº .... 
 
 
 
 RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 
 Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
 Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS106 
II) DO DIREITO107 
III) DO PEDIDO 
 
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU, com o 
consequente PROVIMENTO do presente recurso, para o fim ......: 
I) seja declarada a nulidade do processo a partir do ato tal...e, por consequência, seja o réu submetido a 
novo júri. (se pela alínea “a” do art. 593, III) 
II) seja retificada a decisão, a fim de que prevaleça a decisão dos jurados, no sentido de que...(se pela alínea 
“b”, do art. 593, III) 
III) seja retificada a pena, a fim de que seja fixada no mínimo legal, fixado regime carcerário semiaberto, 
etc.(se pela alínea “c”, do art. 593, IIII) 
IV) seja o réu submetido a novo júri pelo Plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do Código de 
Processo Penal. (se pela alínea “d”, do artigo 593, III) 
 
Local... e data... 
 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
106 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever 
o enunciado). 
107 Cuidado: Observar as hipóteses das alíneas do artigo 593, III, do CPP. 
 
 
 
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QUESTÃO 3 – XVIII EXAME 
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve como vítima 
Henrique. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, o réu e sua namorada, ouvida na condição de informante, 
afirmaram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que este agiu em legítima defesa. Por sua vez, 
a namorada da vítima e uma testemunha presencial asseguraram que não houve qualquer agressão pretérita 
por parte de Henrique. No momento do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade, 
mas optaram por absolver Fernando da imputação delitiva. Inconformado, o Ministério Público apresentou 
recurso de apelação com fundamento no Art. 593, inciso III, alínea ‘d’, do CPP, alegando que a decisão foi 
manifestamente contrária à prova dos autos. A família de Fernando fica preocupada com o recurso, em 
especial porque afirma que todos tinham conhecimento que dois dos jurados que atuaram no julgamento 
eram irmãos, mas em momento algum isso foi questionado pelas partes, alegado no recurso ou avaliado 
pelo Juiz Presidente. 
Considerando a situação narrada, esclareça, na condição de advogado(a) de Fernando, os seguintes 
questionamentos da família do réu: 
A) A decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos? Justifique. (Valor: 0,60) 
B) Poderá o Tribunal, no recurso do Ministério Público, anular o julgamento com fundamento em nulidade 
na formação do Conselho de Sentença? Justifique. (Valor: 0,65) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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173 
 
5) CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO 
5.1) INTRODUÇÃO 
Nos termos do artigo 593 do CPP, senão concordar com a sentença proferida, a 
parte irresignada deverá apresentar a petição de interposição da apelação no prazo de 05 dias. Após, o juízo 
de 1º grau, onde foi proferida a sentença, fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não a 
apelação. Na sequência, conforme dispõe o artigo 600 do CPP, se recebida a apelação, intima-se o apelante 
para apresentar suas RAZÕES PARA REFORMA da decisão recorrida e, após, o apelado para oferecer suas 
CONTRARRAZÕES ou RAZÕES DO APELADO. 
5.2) PRAZO 
Conforme o artigo 600 do CPP, o prazo para contrarrazões é de 08 dias. 
5.3) IDENTIFICAÇÃO 
O Recurso de apelação é interposto e arrazoado pelo apelante, sendo, na sequência, 
o apelado intimado para oferecer as contrarrazões. 
Exemplo de identificação considerando a peça que caiu no XIX Exame. 
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL XIX EXAME 
 
“ (...) Ao final da instrução, após alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada 
procedente, com Rodrigo sendo condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em 
regime semiaberto, e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer 
qualquer agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu as majorantes 
mencionadas na denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta. O Ministério Público foi intimado 
da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o 
Ministério Público apresentou recurso de apelação perante o juízo de primeira instância, acompanhado das 
respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, requerendo: i) O aumento da pena-base, tendo 
em vista a existência de diversas anotações na Folha de Antecedentes Criminais do acusado; ii) O 
reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código Penal; iii) A 
majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art. 157, §2º, incisos I 
e II, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes; iv) Fixação do regime inicial 
fechado de cumprimento de pena, pois o roubo com faca tem assombrado a população do Rio de Janeiro, 
causando uma situação de insegurança em toda a sociedade. A defesa não apresentou recurso. O 
magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou, no dia 19 de 
outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, advogado(a) 
de Rodrigo, para apresentar a medida cabível. Com base nas informações expostas na situação 
hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade 
de habeas corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00)” 
 
 
 
 
 
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174 
 
5.4) CONTEÚDO 
Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas 
à manutenção da decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pela acusação. 
ESTRUTURA DAS CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO108 
PETIÇÃO DE JUNTADA 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA CRIMINAL DA 
COMARCA.....(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SECÇÃO 
JUDICIÁRIA DE..... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
7 a 10 linhas 
 
Processo nº .... 
 
 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu 
procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes 
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código de Processo Penal, 
requerendo sejam recebidas, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado... (ou 
Tribunal Regional Federal) 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
 
Local..., data... 
 
 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
108 As contrarrazões de recurso de apelação também são compostas de petição de juntada e de razões para manutenção 
da decisão. 
 
 
 
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175 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO....OU EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 
 
 
Apelante: Ministério Público 
Apelado: Fulano de Tal 
Processo nº .... 
 
 
 CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
Colenda Câmara ou Colenda Turma (se Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS109 
II) DO DIREITO110 
III) DO PEDIDO111 
Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO o recurso e, no mérito, seja 
IMPROVIDO o recurso de apelação interposto, MANTENDO-SE, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus 
exatos termos. 
 
2 linhas 
Local... e data... 
 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
 
 
109 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada), bem como da decisão recorrida. 
110 Pode-se dividir em preliminares e mérito. Em preliminar, buscar, invariavelmente, informações no enunciado para desenvolver tese para o não conhecimento do recurso 
(Ex: intempestividade do recurso interposto). No mérito, buscar informações para desenvolver teses voltadas a Expor argumentos contrários aos invocados nas razões de 
apelação (informados no enunciado da questão), defendo, em síntese, a manutenção da decisão recorrida. 
111 REQUERER O NÃO CONHECIMENTO, IMPROVIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO E A MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. 
 
 
 
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176 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL– XIX EXAME 
No dia 24 de dezembro de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, Rodrigo e um amigo não identificado foram 
para um bloco de rua que ocorria em razão do Natal, onde passaram a ingerir bebida alcoólica em 
comemoração ao evento festivo. Na volta para casa, ainda em companhia do amigo, já um pouco tonto em 
razão da quantidade de cerveja que havia bebido, subtraiu, mediante emprego de uma faca, os pertences 
de uma moça desconhecida que caminhava tranquilamente pela rua. A vítima era Maria, jovem de 24 anos 
que acabara de sair do médico e saber que estava grávida de um mês. Em razão dos fatos, Rodrigo foi 
denunciado pela prática de crime de roubo duplamente majorado, na forma do Art. 157, § 2º, incisos I e II, 
do Código Penal. 
Durante a instrução, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Rodrigo, onde constavam anotações 
em relação a dois inquéritos policiais em que ele figurava como indiciado e três ações penais que respondia 
na condição de réu, apesar de em nenhuma delas haver sentença com trânsito em julgado. Foram, ainda, 
durante a Audiência de Instrução e Julgamento ouvidos a vítima e os policiais que encontraram Rodrigo, 
horas após o crime, na posse dos bens subtraídos. Durante seu interrogatório, Rodrigo permaneceu em 
silêncio. Ao final da instrução, após alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada procedente, 
com Rodrigo sendo condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime 
semiaberto, e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer qualquer 
agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu as majorantes mencionadas na 
denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta. 
O Ministério Público foi intimado da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-
feira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de apelação perante o juízo de primeira 
instância,acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, requerendo: 
i) O aumento da pena-base, tendo em vista a existência de diversas anotações na Folha de Antecedentes 
Criminais do acusado; 
ii) O reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código Penal; 
iii) A majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art. 157, §2º, 
incisos I e II, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes; 
iv) Fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, pois o roubo com faca tem assombrado a 
população do Rio de Janeiro, causando uma situação de insegurança em toda a sociedade. 
 
A defesa não apresentou recurso. O magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do Ministério Público 
e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, 
advogado(a) de Rodrigo, para apresentar a medida cabível. 
 
Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso 
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo, 
sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00) 
 
 
 
 
 
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177 
 
6) EFEITO EXTENSIVO – Art. 580 CPP 
Conforme dispõe o artigo 580 do CPP, havendo dois ou mais réus, com idêntica situação 
processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver benefício, será este aplicado também aos demais que 
não impugnaram a sentença ou decisão. 
Ex: Theo e Russo são condenados por terem praticado crime de roubo majorado por 
emprego de arma de fogo não apreendida, considerando o magistrado desnecessária a perícia na arma. Theo 
interpõe recurso de apelação buscando também afastar a majorante do emprego de arma de fogo. O provimento 
do recurso, afastando a majorante, se estende a Russo, que não havia apelado. 
O efeito extensivo não se aplica quando a matéria recorrida envolver somente 
circunstância de caráter pessoal. Ex: Na situação acima, Theo interpõe recurso de apelação voltado à diminuição 
da pena, porque não foi considerada a sua menoridade (menor de 21 anos) à época do fato. Eventual provimento 
do recurso não alcançará Russo, pois se trata de circunstância pessoal, nada relacionada ao fato praticado. 
Esse efeito extensivo não se restringe unicamente à apelação, sendo cabível também 
nos demais recursos. 
 
7) REFORMATIO IN PEJUS 
Todos os recursos possuem efeito devolutivo. Significa que a interposição de um recurso 
viabiliza a análise total ou parcial da matéria impugnada em primeiro grau. Em síntese, a interposição do recurso 
reabre a discussão da decisão combatida no recurso por um órgão superior, cuja extensão da apreciação pelo 
Tribunal depende de quem seja o recorrente, ou seja, se o recurso foi interposto pela acusação ou defesa. 
Especificamente em relação à reformatio in pejus, convém seja feito um estudo 
articulado considerando quem foi o recorrente: recurso da acusação ou recurso da defesa. 
7.1) Recurso da acusação: 
A) Extensão do efeito devolutivo visando a agravar a situação jurídica do réu condenado: 
O efeito devolutivo do recurso da acusação é bastante limitado quando voltado a piorar 
a situação do réu. Isso porque não pode o Tribunal, por exemplo, reconhecer contra o réu nulidade não postulada 
no recurso da acusação. 
É nesse sentido, aliás, o teor da Súmula 160 do STF, segundo a qual é nulo o acórdão 
que reconhece contra o réu nulidade não arguida no recurso da acusação, excetuados os casos de reexame 
necessário (já que no caso de reexame necessário, a devolução é sempre na íntegra). 
7.2) Recurso da defesa: 
A) Extensão do efeito devolutivo visando a beneficiar o réu condenado 
Neste caso, a devolução que se opera pelo recurso defensivo é, em regra, integral, 
podendo ser decididas em seu favor, no juízo ad quem, temas não enfrentados na impugnação. 
 
 
 
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178 
 
B) O efeito devolutivo do recurso da defesa em face da reformatio in pejus: 
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 
386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando 
somente o réu houver apelado da sentença. 
Ocorre a reformatio in pejus quando o Tribunal agrava a situação do réu em face de 
recurso interposto exclusivamente pela defesa. A reformatio in pejus pode ser direta ou indireta. 
* REFORMATIO IN PEJUS DIRETA 
Ocorre quando o próprio Tribunal profere decisão agravando a situação jurídica do réu 
ao julgar recurso exclusivo da defesa. 
Embora a apelação permita o reexame da matéria decidida na sentença, o efeito 
devolutivo não é pleno, ou seja, não pode resultar do julgamento decisão desfavorável à parte que interpôs o 
recurso. 
Recorrendo apenas o réu, não é possível haver reforma da sentença para agravar sua 
situação; recorrendo a acusação em caráter limitado, não pode o tribunal dar provimento em maior extensão 
contra o apelado. 
* REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA 
Trata-se da anulação da sentença, por recurso exclusivo do réu, vindo outra a ser 
proferida, devendo respeitar os limites da primeira, sem poder agravar a situação do acusado. 
Assim, caso o réu seja condenado a 5 anos de reclusão, mas obtenha a defesa a 
anulação dessa decisão, quando o magistrado – ainda que seja outro – venha a proferir outra sentença, está 
adstrito a uma condenação máxima de 5 anos. 
Se pudesse elevar a pena, ao proferir nova decisão, estaria havendo uma autêntica 
reforma em prejuízo da parte que recorreu. 
Em tese, seria melhor ter mantido a sentença, ainda que padecendo de nulidade, pois 
a pena seria menor. 
Em síntese: Imagine-se que o réu, condenado a cinco anos de reclusão, recorra 
invocando nulidade do processo. Considere-se, outrossim, que o Ministério Público não tenha apelado da decisão 
para aumentar a pena. Se o tribunal, acolhendo o inconformismo da defesa, der-lhe provimento e determinar a 
renovação dos atos processuais, não poderá a nova sentença, como regra, agravar a situação em que já se 
encontrava o réu por força da sentença, sob pena de incorrer em reformatio in pejus indireta, ou seja, o juiz, na 
nova sentença, estaria limitado a cinco anos. Se fixar pena superior a cinco anos, poderá ser alegado, em 
preliminar de apelação, nulidade da sentença. 
 
 
 
 
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179 
 
QUESTÃO 02 – XIV EXAME DA OAB 
Gustavo está sendo regularmente processado, perante o Tribunal do Júri da Comarca de Niterói-RJ, pela 
prática do crime de homicídio simples, conexo ao delito de sequestro e cárcere privado. Os jurados 
consideraram-no inocente em relação ao delito de homicídio, mas culpado em relação ao delito de sequestro 
e cárcere privado. O juiz presidente, então, proferiu a respectiva sentença. Irresignado, o Ministério Público 
interpôs apelação, sustentando que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos. 
A defesa, de igual modo, apelou, objetivando também a absolvição em relação ao delito de sequestro e cárcere 
privado. 
O Tribunal de Justiça, no julgamento, negou provimento aos apelos, mas determinou a anulação do processo 
(desde o ato viciado, inclusive) com base no Art. 564, III, i, do CPP, porque restou verificado que, para a 
constituição do Júri, somente estavam presentes 14 jurados. 
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda justificadamente às 
questões a seguir. 
A) A nulidade apresentada pelo Tribunal é absoluta ou relativa? Dê o respectivo fundamento legal.(Valor: 
0,40) 
B) A decisão do Tribunal de Justiça está correta? (Valor: 0,85) 
Utilize os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
 
 
 
 
QUESTÃO 2 – XI EXAME 
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua modalidade 
tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto. Todavia, atento às 
particularidades do caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o benefício da suspensão condicional 
da execução da pena, sendo certo que, na sentença, não fixou nenhuma condição. Somente a defesa interpôs 
recurso de apelação, pleiteando a absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, 
subsidiariamente, a substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de 
Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da 
defesa e, no acórdão, fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de 
fazê-lo na sentença condenatória. 
Nesse sentido, atento apenas às informações contidas no texto, responda, fundamentadamente, aos itens a 
seguir. 
A) Qual o recurso cabível contra a decisão do Tribunal de Justiça? (Valor: 0,55) 
B) Qual deve ser a principal linha de argumentação no recurso? (Valor: 0,70) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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180 
 
8) EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE – Art. 609 
8.1) CONCEITO 
Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da 
matéria decidida pelo Tribunal de Justiça ou TRF, por ter havido maioria de votos contra o réu, ou seja, decisão 
não unânime desfavorável ao réu, ampliando-se o quórum do julgamento. 
Assim, o recurso obriga que órgão do Tribunal seja chamado a decidir por completo e 
não apenas com os votos dos Desembargadores que participaram do julgamento da apelação, recurso em sentido 
estrito e agravo em execução. 
Em determinados Tribunais de Justiça, por exemplo, as Câmaras são compostas por 
cinco Desembargadores, participando da turma julgadora apenas três deles. Dessa forma, caso a decisão 
proferida contra os interesses do réu constituir-se de maioria (dois a um) de votos, cabe a interposição de 
embargos infringentes, chamando-se os demais desembargadores a participarem do julgamento da matéria 
divergente. 
Tecnicamente, o recurso de embargos infringentes guarda relação com a hipótese em 
que o acórdão embargado tenha apresentado divergência em matéria de mérito, atribuindo-se a nomenclatura 
embargos de nulidade à impugnação de acórdãos divergentes em matéria de nulidade processual. 
8.2) BASE LEGAL 
 
8.3) IDENTIFICAÇÃO 
 
 
 
 
 
Base legal: art. 609, parágrafo único, do CPP 
PALAVRA MÁGICA! 
 - DECISÃO NÃO UNÂNIME 
 
 - MAIORIA DOS VOTOS 
 
DESFAVORÁVEL AO RÉU 
 
 
 
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181 
 
8.4) LEGITIMIDADE PARA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE 
Dispondo a lei que os embargos infringentes ou de nulidade só podem ser apresentados 
pela defesa, não é cabível tal recurso da acusação ou da assistência. 
 
 
8.5) CABIMENTO DOS EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE 
Considerando que a previsão legal desses embargos se encontra no Capítulo V do Título 
II do Código de Processo Penal, que trata “do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e das 
apelações”, os embargos infringentes e de nulidade referem-se apenas ao recurso em sentido estrito e à apelação 
e, segundo a jurisprudência majoritária, em agravo em execução, já que segue o processamento do recurso em 
sentido estrito. 
É pacífico na doutrina e na jurisprudência que não é cabível em revisão criminal e em 
habeas corpus. 
Não cabe recurso de embargos infringentes nos julgamentos realizados pelas turmas 
recursais, porque não possuem natureza de tribunais. 
Também não cabem embargos infringentes contra acórdãos de 1º grau, ou seja, 
aqueles proferidos no julgamento de crimes de sua competência originária (nos casos de foro com prerrogativa 
de função). Isso porque o próprio art. 609, parágrafo único, do CPP, faz expressa alusão às decisões de segunda 
instância. 
Assim, no caso, por exemplo, de determinado prefeito, no exercício do mandato, ser 
julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça por maioria dos votos, não poderão ser opostos embargos 
infringentes, cabendo somente recurso especial e/ou extraordinário, conforme o caso. 
8.6) PRAZO – Art. 609, parágrafo único 
 
 
 
 
 
 
PRAZO
• 10 DIAS
• A contar da 
publicação do 
acórdão
RECURSO PRIVATIVO DA DEFESA 
 
 
 
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182 
 
O prazo para a oposição dos embargos infringentes é de dez dias, a contar da publicação 
do acórdão, sendo desnecessária a intimação pessoal do réu e de seu defensor, salvo, no caso deste último, 
quando se tratar de defensoria pública. A intimação do MP também é pessoal. 
Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído com as razões, 
pois não será aberta vista para essa finalidade. 
8.7) FORMA E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO 
Os embargos infringentes somente poderão ser opostos por petição, sendo inadmissível 
por termo nos autos, já que as razões devem acompanhar a peça de interposição no momento do protocolo do 
recurso. 
A petição de interposição deve ser endereçada ao Desembargador-Relator do acórdão 
embargado, enquanto as razões devem ser dirigidas ao respectivo órgão julgador. 
A competência para o julgamento nos Tribunais de Justiça Estaduais depende do Código 
de Organização Judiciária de cada Estado. Por isso, sugere-se que as razões sejam endereçadas ao Tribunal de 
Justiça. Em sede de Tribunal Regional Federal, o julgamento dos embargos infringentes opostos contra decisão 
das turmas incumbe, normalmente, às seções criminais. 
 
 
 
 
 
 
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183 
 
8.8) ESTRUTURA DO RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES OU DE NULIDADE 
A estrutura do recurso de embargos infringentes ou de nulidade segue dois momentos: 
interposição do recurso (afirmar que pretende recorrer) e as razões de recurso. 
A) INTERPOSIÇÃO – para o Desembargador Relator do acórdão embargado 
a) Endereçamento: Desembargador Relator da __Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do 
Estado de ____(se crime de matéria da Justiça Estadual) ou Desembargador Federal Relator da __Turma 
Criminal do Egrégio Tribunal Regional Federal da ___Região (se crime da competência da Justiça Federal) 
b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por 
seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 609, parágrafo único, do Código de Processo 
Penal), nome da peça (Recurso de Embargos Infringentes ou de Nulidade), frase final (pelas fatos e 
fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data, 
advogado e OAB) 
B) RAZÕES 
a) Endereçamento: para Tribunal, dependendo do Regime Interno 
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); 
Tribunal Regional Federal (se da competência da Justiça Federal). 
b) identificação: embargante, embargado, nº processo 
c) saudação: 
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara – Eméritos Julgadores 
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal –Colenda Turma – 
d) corpo da peça: I. DOS FATOS: breve relato; II. DO DIREITO: Buscar no enunciado informações voltadas 
a prevalecer o voto vencido (favorável ao réu). 
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico 
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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184 
 
QUESTÃO 4 – XVIII EXAME 
John, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de tráfico de drogas. Após a 
instrução, inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que o acusado confessou os fatos, John foi 
condenado, na forma do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, à pena de 1 ano e 08 meses de reclusão, a ser 
cumprido em regime inicial aberto. O advogado de John interpôs o recurso cabível da sentença condenatória. 
Em julgamento pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, a sentença foi integralmente mantida por 
maioria de votos. O Desembargador revisor, por sua vez, votou no sentido de manter a pena de 01 ano e 
08 meses de reclusão, assim como o regime, mas foi favorável à substituição da pena privativa de liberdade 
por duas restritivas de direitos, no que restou vencido. O advogado de John é intimado do acórdão. 
Considerando a situação narrada, responda aos itens a seguir. 
A) Qual medida processual, diferente de habeas corpus, deverá ser formulada pelo advogado de John para 
combater a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça? (Valor: 0,65) 
B) Qual fundamento de direito material deverá ser apresentado para fazer prevalecer o voto vencido? (Valor: 
0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
185 
 
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO ACÓRDÃO Nº DA 
.....CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ........(SE CRIME DA 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL); 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO ACÓRDÃO Nº DA 
.....TURMA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ........REGIÃO (SE CRIME 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)112 
 
Processo nº ..... 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., 
opor o presente EMBARGOS INFRINGENTES/ NULIDADE, com base no artigo 609, parágrafo 
único, do Código de Processo Penal, requerente seja recebido e processado, pelos fatos e fundamentos 
expostos nas razões inclusas. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local..., data... 
 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
112 Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 
 
 
 
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186 
 
RAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES OU DE NULIDADE 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ..... (se da competência da Justiça Estadual); 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA.....REGIÃO (se da competência da Justiça Federal). 
Embargante: Fulano de Tal 
Embargado: Ministério Público 
Processo nº ...... 
 
 
 RAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES OU NULIDADE 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS113 
II) DO DIREITO114 
III) DO PEDIDO115 
Ante o exposto, requer seja REFORMADO O ACÓRDÃO RECORRIDO, COM O 
CONSEQUENTE PROVIMENTO DO RECURSO, prevalecendo o voto vencido, para o fim de ......: 
 
 
Local... e data... 
 
________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
113 * Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente 
transcrever o enunciado). 
* Importante: Justificar o cabimento e admissibilidade do recurso de embargos infringentes 
114 O mérito deve guardar relação com o voto vencido (basicamente o que poderia ser alegado em sede de apelação, 
recurso em sentido estrito e agravo em execução). 
115 Pedido relacionado ao voto vencido. 
 
 
 
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9) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Art. 382 e 619 do CPP e 83 da Lei 9099/95 
 
9.1) CABIMENTO/CONTEÚDO 
Trata-se de recurso posto à disposição de qualquer das partes, voltado ao 
esclarecimento de dúvidas surgidas no acórdão, quando configurada ambiguidade, obscuridade, contradição 
ou omissão, permitindo, então, o efetivo conhecimento do teor do julgado, facilitando a sua aplicação e 
proporcionando, quando for o caso, a interposição de recurso especial ou extraordinário. 
Ambiguidade: é o estado daquilo que possui duplo sentido, gerando equivocidade e incerteza, 
capaz de comprometer a segurança do afirmado. Assim, no julgado, significa a utilização, pelo magistrado, 
de termos com duplo sentido, que ora apresentam uma determinada orientação, ora seguem em caminho 
oposto, fazendo com o leitor, seja ele leigo ou não, termine não entendendo qual o seu real conteúdo. 
Obscuridade: é o estado daquilo que é difícil de entender, gerando confusão e ininteligência, no 
receptor da mensagem. No julgado, evidencia a utilização de frases e termos complexos e desconexos, 
impossibilitando ao leitor da decisão, leigo ou não, captar-lhe o sentido e o conteúdo. 
 
Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior, 
referentes ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão do julgado. 
 
Omissão: é a lacuna ou o esquecimento. No julgado, traduz-se pela falta de abordagem do 
magistrado acerca de alguma alegação ou requerimento formulado, expressamente, pela parte 
interessada, merecedor de apreciação. 
 
9.2) IDENTIFICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA: 
 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
Decisão obscura, 
contraditória, omissa ou 
ambígua 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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9.3) BASE LEGAL 
 
 
9.4) PRAZO 
 
 
 
 
 
 
 
Os embargos devem opostos no prazo de 02 dias perante o próprio juiz prolator 
da sentença (art. 382), ou, no caso dos tribunais (art. 619), endereçados ao próprio relator do acórdão 
embargado. 
Cuidado: No procedimento do Juizado Especial Criminal, o prazo para oposição dos 
embargos de declaração é de 05 dias, nos termos do artigo 83, § 1º, da Lei 9.099/95. 
9.5) EFEITO INTERRUPTIVO 
Por analogia ao disposto no art. 1026 do novo CPC, os embargos de declaração 
possuem o efeito de interromper o prazo para interposição de recurso. 
Com a nova redação do artigo 83, § 2º, da Lei 9.099/95, dada pelo novo Código 
de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), os embargos de declaração no âmbito do Juizado Especial 
Criminal passaram também a ter efeito interruptivo. 
9.6) ESTRUTURA DO RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Os embargos de declaração deverão ser interpostos em peça única, já com as 
razões da interposição. 
 
PRAZO
• 1º Grau:
PRAZO
• Tribunal:
2 DIAS 2 DIAS 5 DIAS 
PRAZO
• JEC:
Base legal: art. 382 ou 619 e 620 do CPP 
 
 
 
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189I) Endereçamento: 
Embargos de Declaração contra sentença (art. 382 do CPP) 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri da Comarca (se crime doloso 
contra a vida da competência da Justiça Estadual) ou da Seção Judiciária (se crime doloso contra a vida da 
competência da Justiça Federal) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca ..... (se crime da competência 
da Justiça Estadual) 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária de ......(se crime da 
competência da Justiça Federal) 
Embargos de Declaração contra Acórdão – Art. 619 e 620 CPP 
a) Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator do Acórdão nº... da __Câmara Criminal do Egrégio 
Tribunal de Justiça do Estado de .....(se crime de matéria da Justiça Estadual), 
b) Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Relator do Acórdão nº .... da ....Turma Criminal do Egrégio 
Tribunal Regional Federal da ....Região (se crime da competência da Justiça Federal) 
II) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por 
seu procurador infra-assinado), fundamento legal (arts. 382 ou 619 e 620 do Código de Processo 
EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO 
2 DIAS 
5 DIAS 
Tribunal 
JEC 
1º Grau 
PRAZO 
ambiguidade 
obscuridade 
CABIMENTO 
Acórdão 
Sentença de 1º Grau 
Art. 382 do CPP 
Art. 619 do CPP 
contradição 
omissão 
 
 
 
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Penal), nome da peça (Recurso de Embargos de Declaração), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos 
a seguir expostos); 
c) corpo da peça: I) DOS FATOS: breve relatório; II) DO DIREITO: apontar a contradição, obscuridade, 
ambiguidade ou omissão – demonstrar o vício da decisão; 
d) pedido: declaração dos embargos, com a correção da contradição, obscuridade, ambiguidade ou 
omissão. 
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRUTURA DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA........ (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) OU DA 
SEÇÃO JUDICIÁRIA (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ......VARA CRIMINAL DA COMARCA .........(SE 
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
........(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
Embargos de Declaração contra Acórdão – Art. 619 e 620 CPP 
A) DESEMBARGADOR RELATOR DA .....CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO 
ESTADO DE ........(SE O CRIME É DE MATÉRIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DA .....TURMA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL 
FEDERAL DA.....REGIÃO (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, opor o presente EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO, com base no artigo 382 ou 619 e 620 do Código de Processo Penal, pelos fatos e 
fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS 
II) DO MÉRITO116 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer sejam recebidos os presentes embargos e, ao final, 
declarado a sentença ou acórdão embargado, corrigindo-se a (omissão, contradição, obscuridade ou 
ambiguidade), como medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
Local...e data..., 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
116 Demonstrar a obscuridade, contradição, omissão ou ambiguidade. 
 
 
 
 
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10) CARTA TESTEMUNHÁVEL – Art. 639 
 
10.1) CONCEITO 
É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou 
impedir o seguimento de recurso em sentido estrito e do agravo em execução. 
10.2) BASE LEGAL 
 
 
 
 
 
10.3) IDENTIFICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10.4) CABIMENTO/CONTEÚDO 
A carta testemunhável é recurso de caráter residual ou subsidiário, sendo cabível, 
portanto, somente quando não houver previsão de outro recurso específico. 
Assim, por exemplo, com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso 
em sentido estrito (art. 581, XV, CPP), não sendo cabível, nesse caso, carta testemunhável. 
Assim, a carta testemunhável tem cabimento nas seguintes hipóteses: 
* não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito; 
* não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo em execução. 
 
 
Base legal: art. 639, inciso I ou II do CPP 
PEÇA: 
 
 CARTA TESTEMUNHÁVEL 
PALAVRA MÁGICA: 
Não recebimento ou negativa de 
seguimento de recurso em sentido 
estrito ou agravo em execução 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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10.5) PROCESSAMENTO 
O art. 641 faz referência ao prazo de 60 dias quando se tratar de recurso 
extraordinário. Todavia, encontra-se revogado nesta parte, visto que do indeferimento desse recurso cabe 
agravo instrumento. 
Conforme o artigo 643, a carta testemunhável segue o processamento do recurso 
em sentido estrito. Diante disso, o prazo para o oferecimento das razões da carta testemunhável é de 02 
dias. Além disso, deve-se requerer o juízo de retratação por parte do juiz que denegou o recurso. 
Na instância superior, o recurso seguirá o rito do recurso denegado. O tribunal 
mandará processar o recurso, ou, se a carta estiver suficientemente instruída, julgará diretamente o recurso. 
10.6) PRAZO 
A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do 
despacho que denegar o recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento (art. 640). Não constando, no 
ato de intimação, o horário que em foi realizada, deve-se considerar o prazo de 02 dias. 
10.7) POSSIBILIDADE DE ANALISAR O MÉRITO DO RECURSO DENEGADO – Art. 644 
Nos termos do artigo 644 do CPP, uma vez sendo conhecida a carta testemunhável 
e a ela seja dado provimento, poderá o Tribunal, se a carta estiver suficientemente instruída, decidir a própria 
matéria que gerou a interposição do recurso denegado/não recebido. 
Em outras palavras, uma vez denegado seguimento ao recurso em sentido estrito, 
interpõe-se o recurso carta testemunhável, buscando junto ao Tribunal seja dado seguimento ao recurso em 
sentido estrito e, se suficientemente instruído o recurso (enunciado informando, por exemplo, que a carta 
testemunhável foi instruída com a cópia integral do processo), o Tribunal poderá julgar o próprio mérito do 
recurso denegado (mérito do recurso em sentido estrito, por exemplo). 
Ou seja, além de dar provimento à carta testemunhável para o fim de receber o 
recurso em sentido estrito ou agravo em execução, o Tribunal poderá julgar o próprio mérito do recurso 
denegado, dando provimento para, por exemplo no caso do Recurso em sentido estrito contra decisão de 
pronúncia, impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar o delito para outro não doloso contra vida. 
10.8) ESTRUTURA DA CARTA TESTEMUNHÁVEL 
A estrutura da carta testemunhável segue dois momentos: interposição do recurso 
(afirmar que pretende recorrer) e as razões de recurso. 
 
 
 
 
 
 
Não recebimentodo RESE 
CABIMENTO 
Não recebimento do Agravo de Execução 
 
 
 
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A) INTERPOSIÇÃO – para o escrivão 
a) Endereçamento: Ao escrivão, nos termos do artigo 640 do CPP. 
b) Preâmbulo: nome, capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 
639, colocar inciso), nome da peça (Carta Testemunhável), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos 
a seguir expostos); 
c) parte final (Nesses termos, requer o traslado das peças abaixo relacionadas e o processamento do 
presente recurso. Pede deferimento, data, advogado e OAB) 
d) Rol das peças: indicar as peças para o traslado (se informado no enunciado). 
B) RAZÕES 
a) Endereçamento: para Tribunal 
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); 
Tribunal Regional Federal (se da competência da Justiça Federal). 
b) identificação: Testemunhante, Testemunhado, nº processo 
c) saudação: 
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara 
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Turma 
d) corpo da peça: I) DOS FATOS: breve relato; II) DO DIREITO: demonstrar as razões pelas quais o 
recurso denegado deve ser recebido. 
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico (processamento do recurso 
denegado e, se a carta estiver suficientemente instruída, o julgamento desde logo do mérito do recurso 
denegado – RESE ou agravo em execução –). 
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: Endereçamento: escrivão ou Secretário do Tribunal 
A) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA...... 
(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA .... VARA CRIMINAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
C) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL) OU DA SEÇÃO JUDICIÁRIA ...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 
 
Processo nº .... 
 
 
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Senhoria, interpor a presente CARTA 
TESTEMUNHÁVEL, com base no artigo 639, (indicar o inciso), do Código de Processo Penal. 
Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, 
nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o 
presente recurso, já com as razões inclusas, ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal), 
para o devido processamento. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
Local..., data... 
____________________ 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ......(se da competência da Justiça Estadual) 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL ....(se da competência da Justiça Federal) 
 
 
Testemunhante: Fulano de Tal 
Testemunhado: ..... 
Processo nº ...... 
 RAZÕES DE CARTA TESTEMUNHÁVEL 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal 
Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS 
II) DO DIREITO117 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU, determinando-
se o processamento do recurso denegado (recurso em sentido estrito ou agravo em execução), ou, 
considerando estar suficientemente instruída a carta testemunhável, seja, desde logo, dado provimento ao 
recurso em sentido estrito (EXEMPLO), para: 
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das preliminares) 
II) impronúncia com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; 
Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal 
Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal. 
 
 
Local... e data... 
 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
 
 
 
117 OBS: Estando suficientemente instruída a carta, apontar os fundamentos para provimento do recurso denegado 
(impronúncia, desclassificação ou absolvição sumário, no recurso em sentido estrito denegado, por exemplo), invocando, 
nesse caso, eventuais preliminares e mérito (ART. 644 CPP) 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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 CAPÍTULO VII - COMPETÊNCIA 
 
1.1) CONCEITO 
Competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa os limites dentro dos quais 
o juiz pode prestar jurisdição). 
1.2) ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA 
A doutrina tradicional distribui a competência considerando três aspectos 
diferentes: 
a) ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado. 
b) ratione personae: em razão da qualidade das pessoas acusadas. 
c) ratione loci (art. 69, I e II): em razão do local. 
1.3) CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
Não sendo hipótese de foro por prerrogativa da função, deve-se estabelecer 
critério para fixação da competência. Nesse particular, necessário seguir os seguintes passos de forma 
articulada: 
1º) Identificar qual a Justiça Competente 
2º) Identificar o foro competente 
3º) Identificar o Juízo competente 
Em relação à matéria, existe, basicamente, as de competência das Justiças 
Especiais (Justiça Militar e Justiça Eleitoral) e da Justiça Comum (Federal e Estadual). 
Nesse sentido, em primeiro lugar, deve-se verificar se o crime é da Justiça Especial 
Militar; num segundo momento, se não for da competência da Justiça Militar, analisar se é da competência 
da Justiça Eleitoral; para somente ao final, em não sendo da competência de nenhuma das justiças 
especializadas, passar à análise se é da competência da Justiça Comum Federal ou Estadual. 
1.4) JUSTIÇA FEDERAL 
A competência da Justiça Federal é residual em relação às especiais; prevalece, 
por outro lado, sobre a Justiça Estadual, nos termos do art. 78, III, do CPP e Súmula 122 do STJ. 
A competência da Justiça Federal está prevista no artigo 109 da Constituição 
Federal. 
I) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da união ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
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contravenções e ressalvada a competência da justiça militar e da justiça eleitoral – art. 109, IV, 
da CF/88 
Qualquer delito que atinja bens jurídicos de interesse da união será da competência 
da Justiça Federal. 
Não abrange as contravenções. Dispõe-se a súmula 38 do STJ que “compete à 
Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda 
que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades”. 
Há que se ressaltar o previsto na Súmula 147 do STJ no sentido de que é 
competente a Justiça Federal para processar e julgar os crimes praticados contra funcionário federal, quando 
relacionados com o exercício da função. 
Evidentemente, por lesarem serviços da União, são também da competência da 
Justiça Federal os crimes praticados por funcionários federais no exercício da função. 
Por se limitar o art. 109, IV, da CF,

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