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TRABALHO E SOCIABILIDADE Adriana FerreiraTrabalho e processos de objetivação e subjetivação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir os processos de objetivação e de subjetivação humana. Examinar as estratégias de subjetivação do trabalhador a partir do modelo capitalista. Identificar os fatores que tensionam as relações e a gestão da força de trabalho. Introdução Neste capítulo, você verá considerações acerca dos processos de objetiva- ção e de subjetivação humana, vivenciados pelos sujeitos nas suas relações sociais. Você vai compreender a amplitude dos conceitos de objetivação e de subjetivação a partir das relações no mundo do trabalho, a sua dinâmica e as estratégias na gestão de pessoas no ambiente de trabalho. Processos de objetivação e de subjetivação humana De acordo com a concepção marxiana, o homem, sujeito de práxis que rea- liza o trabalho livre, criativo, por meio do qual cria, produz e transforma o mundo, constrói uma complexa trajetória histórica tendo como fio condutor o trabalho elemento constitutivo do ser social. Ao viver o cotidiano, os sujeitos produzem e assimilam imagens, símbolos, valores (elementos importantes para a sua autoconstrução), a fim de darem sentido às próprias ações e significação às práticas sociais. Todas as práticas sociais são práticas de significação e, portanto, produzem subjetividades e constroem identidades,2 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação forjam sentidos e instituem modos de ser e de viver na sociedade, por meio das relações de poder e dos jogos de forças a elas impostos, a exemplo da prática social do trabalho. Para Foucault (2004), a visão de subjetividade humana pode ser compre- endida como o modo como o sujeito faz a experiência de si mesmo, em um jogo de verdade em que ele está em relação consigo mesmo. Faz a experiência de uma consciência de si, permanentemente em produção. É por meio da linguagem (ou discursos), que as verdades são produzidas em determinados tempo e espaço. Assim, compõe-se a subjetividade humana, que dá significados ao plano concreto da realidade em que o sujeito está inserido, construindo o imaginário e o simbólico a partir das suas interações sociais. Então, o processo de subjetivação está sendo permanentemente constituído via meios discursivos (linguagem) e por constantes embates que impõem novas significações. Fique atento São os tempos e espaços, os lugares presenciais e os virtuais que exercem poder de objetivação e de subjetivação dos sujeitos. Os acontecimentos vividos no particular da vida dos sujeitos, bem como na vida em sociedade, provocam constante estado de movimento. Em cada uma das etapas da vida, sujeito precisa apropriar-se de símbolos e valores que vão dar sentido ao seu comportamento e contribuir para a compreensão do psiquismo humano. Pelo viés da psicologia, a subjetividade é entendida como aquilo que diz respeito ao indivíduo, ao psiquismo ou à sua formação, algo que é interno, em uma relação dialética com a objetividade, que se refere ao que é externo ao sujeito. É compreendida como processo e resultado, algo que é amplo e que ao mesmo tempo constitui a singularidade de cada pessoa. Somente existe pela atividade humana. Rey (2005, p. 19), ao desenvolver a Teoria da Subjetividade, definiu a palavra subjetividade como "um sistema complexo capaz de expressar, por meio dos sentidos subjetivos, a diversidade de aspectos objetivos da vida social que concorrem em sua formação". Subjetividade e objetividade se complementam e integram.Trabalho e processos de objetivação e subjetivação 3 A partir da observação da imagem a seguir (Figura 1), tente identificar quais significados (construção do imaginário simbólico) podem estar implicados, no que se refere às relações sociais da criança e do universo familiar. Figura 1. Criança em relacionamento com a mãe. Fonte: Michaeljung/Shutterstock.com. Pode-se inferir que a imagem demonstra uma relação entre uma mãe e seu filho, em que se denota afeto, cuidado e apoio (subjetivo) dela para com ele, ao andar de bicicleta (tarefa > objeto > andar de bicicleta > prática social), de acordo com o que a sociedade espera dessa mãe. O homem inserido na sociedade precisa, necessariamente, desenvolver as condições para sobreviver e viver as relações em sociedade, e o faz desde a sua primeira relação social, que é a família. Agora observe a Figura 2, a seguir, e tente identificar que significados podem estar implicados no processo migratório da população, vivenciado no cotidiano de muitas pessoas refugiadas em diferentes países, e quais são as consequências desse fenômeno social para o mundo do trabalho.4 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação Figura 2. Sujeitos refugiados em processo de migração. Fonte: Janossy Gergely/Shutterstock.com No imaginário social, e de acordo com a cultura de cada país, o movimento migratório de refugiados pode carregar estigmas, preconceito, exclusão social e fortalecimento da discriminação, o que é denominado xenofobia. O desem- prego tem sido uma característica estrutural do neoliberalismo e as pessoas migram, fundamentalmente, em busca de segurança e proteção (pela questão da guerra) e de trabalho, à procura de segurança econômica para si e para as suas famílias. Nesse sentido, vamos construindo e reconstruindo a sociedade a partir desses elementos que compõem o imaginário social. Valores, hábitos e fatos vão influenciando o estabelecimento de relações sociais e materializam-se na história do sujeito e na comunidade. A compreensão da realidade está articulada às vivências contraditórias dos sujeitos em coletividade, na vida de cada um e de todos que, pelas práticas sociais, vão sendo subjetivados. Quando as ações comprometem a liberdade, principalmente a liberdade de poder sonhar, deve-se parar e refletir sobre como estão sendo estabelecidas as relações humanas e as relações de produção na sociedade capitalista. O cruzamento entre o que acontece no contexto social e na vida de cada pessoa é que produz o conjunto, denominado processo de subjetivação, como efeito da relação entre o sujeito e os discursos produzidos a partir dessa interação.Trabalho e processos de objetivação e subjetivação 5 Estratégias de subjetivação do trabalhador no modelo capitalista No ambiente de trabalho, reconhecido pela administração como organização e/ou empresa, o processo de subjetivação tem sido relacionado às formas de dominação, exploração e alienação do trabalhador. O sujeito reconhece as suas necessidades, busca atendê-las, transformando o que foi idealizado (objetivação) e, a partir disso, produz novas necessidades, desenvolve novos conhecimentos, capacidades e habilidades (subjetivação), o que transforma a natureza em produto social. Assim, o sujeito se reconhece nesse pro- cesso que parece ser circular, sistêmico e onde participa ativa e subjetivamente. É importante ressaltar que, no modelo capitalista, as relações sociais do processo de trabalho as relações de produção e a venda da força de trabalho cooperada, as combinações sociais objetivas e subjetivas convertem o trabalho em mercadoria, resultado que interessa ao capital. Por intermédio de relações antagônicas e dialéticas entre o trabalhador e o dono do capital, fortalecem-se a reprodução social e a acumulação capitalista. Dialéticas e antagônicas porque: [...] todo o ato de trabalho é sempre voltado para o atendimento de uma ne- cessidade concreta, pois termina por remeter seu resultado para muito além de si próprio. Suas consequências objetivas e subjetivas não se limitam à produção do objeto imediato, mas se estendem por toda a história da huma- nidade (LESSA, 1999, p. 24). É importante salientar que a relação dialética e antagônica pode ser com- preendida como a lógica de interesses e posições opostas na relação entre o capital e o trabalho, também definida como a síntese dos opostos, de acordo com Marx (1980), das contradições em que a racionalidade capitalista funciona, em que a força de trabalho não funciona se não estiver vendida ao capital. Entretanto, o sujeito como ser social desenvolve-se e produz para si e para a sociedade por meio do trabalho. Há necessidade de conexão entre as partes por meio da luta dos contrários para que a produção do trabalho ocorra. Nesse sentido, é importante compreender que o trabalho, como fator hu- mano, estende-se para além de sua finalidade imediata, possibilitando também o desenvolvimento das capacidades e habilidades do homem, assim como das forças produtivas (trabalho cooperado, coletivo), com consequências para o desenvolvimento da sociedade. Entretanto, a força produtiva pertence ao capital e o produto final é propriedade do capitalista.6 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação Fique atento processo de trabalho cooperado adquiriu a sua forma clássica entre os séculos XVII e XVIII, quando foi abandonado processo de produção artesanal, que cedeu espaço para a introdução da máquina no processo produtivo. À medida que os homens percebem que o seu trabalho resulta em uma quan- tidade de produtos que excede o necessário para sua sobrevivência, estabelece-se a relação de reprodução social e a mais-valia produção de mercadorias. O conceito de alienação continua sendo fundante para a compreensão dos processos de objetivação e de subjetivação humana pelo trabalho. Alienação, na perspectiva de Marx (1980), pode ser compreendida como a ação na qual um indivíduo torna-se alheio ou estranho ao resultado ou produto desenvol- vido pela prática profissional, em relação às suas possibilidades humanas e em relação a si mesmo. Iamamoto (2011) descreve que essa alienação se dá em dois planos: o subjetivo e o objetivo. Partindo do plano subjetivo, a alienação significa o não reconhecimento de si nos seus produtos, na sua atividade produtiva e entre os homens que surgem como seres estranhos entre si, no processo de produção. No plano objetivo, é reconhecida a pobreza material e espiritual em contraste com a riqueza que produz ao capital. Portanto, o ser social está alienado porque "a sua essência" está divorciada da sua existência, distanciada do trabalho criador, em que o sujeito se reconheça nos seus produtos, na atividade produtiva e nas relações que estabelece com outros sujeitos. Iamamoto (2011) explica que o predomínio do capital fetiche conduz à banalização do humano, à descartabilidade e à indiferença perante o outro, o que se encontra na raiz das novas configurações da questão social, que atesta o processo de alienação e a invisibilidade do trabalho social, produzido pelos sujeitos que o realizam. É por isso que a expressão capital fetiche, empregada inicialmente por Marx (1980) e explorada por Iamamoto (2011) para situar a questão social, é tão relevante. O fetichismo do capital é o fenômeno pelo qual este não apenas obscurece as relações sociais, mas também emerge como uma entidade que opera automaticamente, assumindo o papel de sujeito. Os sujeitos históricos deixam de ser sujeitos humanos no processo de produção. O fetichismo do capital surgiu no interior desse processo, a partir do capital como uma figuraTrabalho e processos de objetivação e subjetivação 7 processual autônoma que se autoexpande indefinidamente e que se apossa dos sujeitos humanos, tornando-se o "sujeito automático" das relações sociais. processo de trabalho aparece, por isso, como algo misterioso, tornando-se o produto desse trabalho um fetiche, na medida em que apresenta as caracte- rísticas sociais do próprio trabalho como se fossem características materiais e propriedades sociais inerentes aos próprios produtos, o que transforma a relação entre homens em uma relação entre coisas (KUENZER, 2011). As organizações, desde o período moderno, tomam para si as capacidades das pessoas, a administração subjetiva dos sujeitos como parte dos seus ob- jetivos, colocando uma maquinaria "oculta" em movimento para a regulação da conduta do empregado, a fim de traçar estratégias que atendam à sua missão, dando uma matriz psicológica à vida e à cultura da empresa. De forma orientativa, conduz e educa os novos empregados, também chamados de cola- boradores, e constitui uma nova racionalidade nas formas de ser trabalhador e viver o cotidiano no mundo do trabalho. Portanto, a organização governa os saberes, as subjetividades humanas e produz novas formas de ser trabalhador. conceito de governo tem como fundamento a proposta de Foucault (1979), a de exercer a administração da conduta, conduzir a atuação do trabalhador, a fim de regular a vida coletiva dos deste e garantir as relações de produção. A Figura 3 demonstra uma linha de produção de uma empresa e os seus postos de trabalho, onde trabalhadores exercem a sua atividade profissional de acordo com padrões, normas, regras, postura física, orientados pela empresa para que tenham maior produtividade em menor tempo. Lembre-se de que o sujeito é subjetivado pelo lugar, pelas relações e pelo processo de trabalho. Figura 3. Linha de produção. Fonte: BartlomiejMagierowski/Shutterstock.com.8 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação Na Figura 4, é possível observar um esquema representativo das instâncias de relacionamento do sujeito, as suas conexões por meio do trabalho e os processos de objetivação e de subjetivação. Faça a sua análise do esquema a partir do sujeito, situado no centro do arranjo, pois essa representação tem por objetivo facilitar a visualização dos processos e meios como o sujeito vai se constituindo no cotidiano do trabalho e da vida, lembrando que é um processo dinâmico, dialético e antagônico, quase sistêmico, dentro de um contexto e de uma cultura específicos. Transforma-se em Trabalho Trabalho objetivo/concreto subjetivo/abstrato Objetividades Alienação/ mais-valia Relações de trabalho Constituição do sujeito Subjetividades, condutor Valores, relações Ambiente ética, moral invisíveis externo Relações sociais, família e relações Produção de mercadorias de consumo Figura 4. Representação esquemática da produção dos sujeitos a partir do processo de trabalho, pela objetivação e subjetivação. Como pode ser observado, a subjetividade deve ser pensada como um conjunto que articula as instâncias internas e externas do sujeito e das suas relações. Não é possível valorizar a subjetividade em relação à objetividade são instâncias contínuas, sendo que uma necessita da outra. Bauman oferece uma compreensão da dinâmica cultural da relação pro- dução/consumo, que permite fechar o ciclo da racionalidade capitalista. Ex- plica que a denominação "eu condição atual do sujeito, traduz o verdadeiro culto ao eu:Trabalho e processos de objetivação e subjetivação 9 na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem rea- nimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de consumidores ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta é a transformação dos consumidores em mercadorias (BAU- MAN, 2008, p. 20). Tornar-se uma mercadoria é o que liga o indivíduo à economia de mercado atual, é o que mantém a racionalidade contemporânea. Fatores que tensionam as relações e a gestão do trabalho O mundo do trabalho passa por processos de reestruturação produtiva e mu- danças significativas na relação entre capital e trabalho. Outras e novas formas de laboração integram estratégias capitalistas para garantir a produção de mercadorias, a fim de atender a um mercado globalizado. São introduzidos sistemas de qualidade e controles no intuito de atender estratégias, exigências dos clientes e necessidades do mercado, cada vez mais competitivo e acirrado. Sistemas de venda on-line, introdução de tecnologias e dispositivos des- territorializam os trabalhadores por meio de novas formas de gestão, como os modelos de trabalho home office (trabalho em casa), terceirização do trabalho (empresas são contratadas para prestar serviços para outras empresas) e fle- xibilização. Com isso, as relações nesse contexto se modificam: as vagas de emprego são reduzidas, mudam os perfis das vagas, salários são reduzidos, aumenta o desemprego formal e, em contrapartida, amplia-se a informalidade do trabalho. Assim, as relações pessoais e as possibilidades da criação de vínculos são esvaziadas, ou seja, o impacto para os sujeitos é desastroso, pois desapropria os trabalhadores da realização pessoal e profissional e afasta-os do processo de humanização dos homens pelo trabalho. Portanto, são os processos de objetivação e de subjetivação humana que estão sendo modificados, o que torna os sujeitos cada vez mais vulneráveis. Essas novas formas de constituição das subjetividades, decorrentes das mudanças relativas à dimensão tempo-espaço são chamadas de produção imaterial. Grisci (2008, p. 2, documento online) orienta para: [...] o conjunto de atividades corporais, intelectuais, criativas, afetivas e comu- nicativas, intrínsecas ao trabalhador, atualmente valorizadas e demandadas10 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação como condição indispensável ao trabalho. Do trabalho imaterial resultam, além de produtos imateriais, informações, produtos intangíveis, como sentimentos de confiança, antecipação de necessidades, segurança e conforto aos clientes, numa nova relação de produção-consumo. Há uma lógica que orienta para a produção de subjetividades padronizadas e consentidas, por meio das relações sociais. Novos modos de controle e de dominação são empregados na gestão de pessoas, configurada pela autodisci- plina a partir de um pacto subjetivo, ao que Grisci (2008) chama de "servidão voluntária" movida pelo alcance de metas econômicas, diferentemente da con- cepção moderna de produção, com foco no controle disciplinar da chefia direta. Outra importante característica do trabalho imaterial é que ele produz uma interface na relação entre produção e consumo, por meio do relacionamento com o cliente. É estar a serviço do cliente, em que quem ativa essa relação é o próprio cliente. Um bom exemplo que configura isso são os serviços ban- cários, exemplificados na Figura 5.0 contato pessoal e direto ocorre somente se o cliente se deslocar até a agência bancária; caso contrário, o serviço será disponibilizado on-line, sendo o atendimento feito por meio de call center, ou seja, serviço terceirizado. Online Banking 5 304.02 Messages Transfer Money Figura 5. Serviço de banco on-line. Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com. O trabalho imaterial parece querer declarar a diminuição da alienação do trabalho porque passa a valorizar algumas características pessoais do trabalhador, como iniciativa, proatividade, cooperação, tomada de decisão, envolvimento afetivo, boa comunicação, e a demonstrar disponibilidade total. Essas são asTrabalho e processos de objetivação e subjetivação 11 características necessárias ao novo perfil requerido pelo modelo capitalista para empregabilidade na contemporaneidade. sujeito, para se vender bem como "eu mercadoria", deve apresentar as características que o cliente/empregador necessita. A classe capitalista que detém o poder material também detém o poder intelectual; o trabalho imaterial é transformado em mercadoria. Pode-se perceber que a complexidade do mundo do trabalho provém do fato de que o essencial da significação do trabalho é subjetivo. O trabalho é decisivo para a vida, a sua significação põe em questão a vida passada, a presente e a vida futura do trabalhador, no que se refere à possibilidade ou à impossibilidade de aposentadoria, tão discutida nos dias atuais, que possa garantir uma qualidade de vida satisfatória. Para cada trabalhador, essa relação com o trabalho é dialética e única. Também envolve a vida privada (íntima), pública (social), muda a cultura e as relações políticas e jurídicas. Tal análise é crucial porque as relações, as condições e a organização do trabalho geram tensões decorrentes de diversos fatores vivenciados no coti- diano no que se refere, por exemplo, às condições da lide (ambiente físico e biológico, barulho, temperatura, as insalubridades), a carga horária, estresse, fadiga, doenças. A organização do trabalho está relacionada diretamente com o processo (divisão deste e a tarefa em si versus riscos, periculosidades). A saúde física e mental do trabalhador, questões como o sofrimento e o estresse, as psicopatologias e os problemas ergonômicos decorrem de fatores que ten- sionam as relações e implicam em novas formas e modos de gerir as pessoas. Se, de um lado, o trabalho promove o desenvolvimento e a realização humana, e é considerado fonte de prazer, por outro, pode produzir sofrimento, insatisfações concretas (relacionadas à proteção à vida, à dor, ao risco físico, aos baixos salários), insatisfações simbólicas (falta de motivação, empobre- cimento e significação do trabalho, medo) e, inclusive, violência e morte. Decorrem daí os conflitos, as ações disciplinares previstas na legislação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a rotatividade de pessoal e as demissões, em última análise. Saiba mais Você sabia que, no Japão, há um número recorde de pedidos de indenização relacio- nados com a morte por excesso de trabalho? Saiba mais sobre fenômeno chamado de karoshi no link a seguir. https://goo.gl/Q7xQVG12 Trabalho e processos de objetivação e subjetivação A produção mecanizada e tecnológica introduz os conceitos de qualificação e eficiência, e o trabalho manual, hoje, é quase inexistente. Revela-se aí o progresso histórico necessário ao desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, o meio refinado de superexploração do trabalho, o que expressa o quão imprescindível é o trabalho realizado pelos homens para a organização material da vida em sociedade e para o desenvolvimento humano. Referências BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação de pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. FOUCAULT, Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. GRISCI, L.I. Trabalho imaterial controle, controle rizomático e subjetividade no paradigma tecnológico. ERA-eletrônica, V. 7, n. 1, 1-23, 2008. IAMAMOTO, M. V. Serviço social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011. KUENZER, K. Pedagogia da fábrica: as relações de produção e a educação do tra- balhador. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2011. LESSA, S. processo de produção-reprodução social: trabalho e sociabilidade. Ca- pacitação em Serviço Social e Política Social: módulo 2. Brasília: Centro de Educação a Distância (CEAS)/UnB, 1999. MARX, capital: crítica a economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. REY, F. L. G. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da infor- mação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. Leituras recomendadas ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial, 2001. OFFE, Trabalho como categoria sociológica fundamental? Trabalho e sociedade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991.Encerra aqui trecho do livro dispor esta Unidade de Aprendizagem. Na Bi da Instituição, você encontra a obrsa Conteúdo: SOLUÇÕES EDUCACIONAIS INTEGRADAS