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UNICV - SOCIOLOGIA - SOCIOLOGIA DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES - SOCIOLOGIA DO TRABALHO

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CONTEMPORÂNEA Ana Ligia Muniz RodriguesSociologia do trabalho Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as mudanças estruturais na organização do trabalho no mundo contemporâneo. Explicar conceito da sociologia do trabalho. Relacionar sindicalismo, direitos trabalhistas, desemprego e saúde do trabalhador. Introdução Como você sabe, trabalho é uma atividade central da vida humana. É por meio dele que a humanidade progride em diversas áreas, bem como transforma as suas condições de vida. Ao longo da história, trabalho se manifesta de diversas formas: existe trabalho manual, trabalho inte- lectual, trabalho assalariado. Ou seja, modo como uma sociedade se organiza econômica, cultural e politicamente está relacionado às formas de trabalho existentes e a como essa atividade afeta a vida dos indivíduos. Neste capítulo, você vai conhecer as formas de organização do traba- lho no mundo contemporâneo e ver como trabalho se tornou objeto de análise sociológica. Além disso, você vai estudar a relação entre trabalho e questões contemporâneas como organização sindical, saúde, trabalho informal e desemprego. trabalho no mundo contemporâneo A Revolução Industrial transformou o sistema de produção de mercadorias e as formas de trabalho vigentes. Artesãos e camponeses passaram a ter de vender sua mão de obra em troca de um salário, não sendo mais donos de sua produção. surgimento de fábricas, novas tecnologias para produção (máquinas substituindo homens) e técnicas adequadas ao contexto urbano e ao campo também marcou essas transformações.2 Sociologia do trabalho Se antes o trabalho, a família e o lazer compunham um núcleo consistente, com a implementação do sistema de produção em massa e o uso de tecnologias para aumentar a produção e o lucro, isso muda. Assim, a organização da sociedade passa a distanciar essas instituições umas da outras. Taylorismo, fordismo e toyotismo Com a consolidação do capitalismo, o trabalho também se tornou objeto de estudo da ciência no campo da administração. A ideia era encontrar formas de aumentar a produtividade. Como consequência, foram desenvolvidos sistemas de aprofundamento da divisão do trabalho. É o caso do fordismo, do taylorismo e do toyotismo, que você vai conhecer a seguir (MAXIMIANO, 2009). Taylorismo O taylorismo é um sistema de produção criado por Frederick Taylor (1856-1915) no início do século XX, nos Estados Unidos. Taylor fez da administração cien- tífica um meio para aumentar a lucratividade e a produtividade nas empresas. Assim, os princípios da administração científica utilizados pelo autor visavam a combater a vadiagem entre os trabalhadores e a desorganização do trabalho. Os princípios da administração científica desenvolvidos por Taylor valo- rizavam a melhor maneira de executar tarefas, a seleção do trabalhador para uma função adequada às suas capacidades, o treinamento da mão de obra, a articulação entre coordenação e trabalhadores, assim como salários altos e baixo custo de produção. Fique atento Um dos lemas do taylorismo foi The best way. Esse lema pode ser compreendido como a crença de que existe uma maneira certa de executar determinar tarefa e aumentar a produção. Fordismo Henry Ford (1863-1947), fundador da fábrica de automóveis Ford, aplicou o taylorismo na sua produção e chegou a ser considerado o homem mais rico do mundo na sua época. fordismo é voltado para a produção em massa, deSociologia do trabalho 3 forma planejada e ordenada, com intensa especialização do trabalho. Esse sistema de organização do trabalho tem como base três princípios, como você pode ver a seguir. Princípio da intensificação: deve-se diminuir o tempo do processo de produção (fornecendo matéria-prima). Princípio da economicidade: deve-se reduzir o volume do estoque. Princípio da produtividade: deve-se aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período, por meio da linha de produção. Se o taylorismo foca no aumento da produtividade individual, no fordismo o ritmo de trabalho é baseado no ritmo das máquinas e da esteira rolante. Porém, ambos se organizam em torno da produção em massa, com cada trabalhador realizando uma única tarefa. Toyotismo No taylorismo e no fordismo, os trabalhadores são considerados agentes produtivos, com a mesma função das máquinas. A intensificação da espe- cialização do trabalho gerou tarefas repetitivas e que não exigiam atividade intelectual. Assim, o toyotismo surgiu como resultado do enfraquecimento e da estagnação dos modelos tradicionais de produção descritos anteriormente. Tendo em vista a distância geográfica do Japão tanto para o forne- cimento de matéria-prima como para a distribuição dos seus produtos a empresas japonesas, a Toyota em especial, desenvolveram um modelo de produção adaptado ao seu contexto. toyotismo tem como base a qualidade e a flexibilidade. O maior envolvimento do operário com a atividade reali- zada permite o comprometimento com a qualidade e reduz a distância entre concepção e execução. Assim, nesse modelo, os trabalhadores têm uma visão mais ampla do pro- cesso de produção. Eles conhecem operações diferenciadas, seu treinamento envolve alto investimento e ainda há políticas de benefícios. Além disso, há um incentivo à naturalização da necessidade de adicionar valor ao produto. toyotismo também apresenta três estratégias de eliminação de desperdícios: racionalização da força de trabalho; just in time (fabricar apenas o certo na hora certa); produção flexível (modificada de acordo com o mercado).4 Sociologia do trabalho No taylorismo, o planejamento é exclusividade da chefia, enquanto a execução da atividade é responsabilidade do trabalhador. Já no fordismo, a produção em massa e a linha de montagem promovem a despersonalização do trabalhador. No toyotismo, a flexibilização do trabalho, a produção voltada para a demanda (e não mais em massa) e a possibilidade de o trabalhador exercer diversas tarefas incentivam e dão espaço para a sua atividade intelectual. trabalho em mutação Se no senso comum existe a ideia de que os trabalhadores estão sendo cada vez mais substituídos pelas máquinas, a sociologia do trabalho constata que essa classe está longe de desaparecer (ANTUNES; ALVES, 2004). No mundo atual, a classe trabalhadora ganha novas dimensões, abrangendo trabalhadores e trabalhadoras assalariadas que não possuem meios de produção. Entre as mudanças ocorridas, segundo o sociólogo Antunes e Alves (2004), destacam- -se as listadas a seguir. Com a redução de formas de organização de trabalho, como o taylorismo e o fordismo, ocorreu uma diminuição do proletariado fabril, base da indústria verticalizada fordista e taylorista. Esse tipo tradicional de proletariado vem perdendo espaço com a reestruturação produtiva do capital e com o estabelecimento cada vez maior de formas desregula- mentadas de trabalho. Ou seja, com as formas de horizontalização do capital produtivo e a flexibilização do trabalho, o número de trabalha- dores formais e em situação de estabilidade diminui consideravelmente. Ao mesmo tempo, o proletariado fabril e de serviços, em escala mundial, vem aumentando cada vez mais. No entanto, essas são modalidades de trabalho precarizadas, que historicamente consistiam em postos de trabalho ocupados por imigrantes. Nesse contexto, há o desemprego e a tendência internacional de implementação do trabalho informal e desregulamentado, terceirizado, temporário. Entra em cena também a expansão do trabalho feminino, em grande parte em postos precarizados. Não obstante, essa tendência não acom- panhou os salários. As mulheres recebem em média salários inferiores aos recebidos pelos trabalhadores do sexo masculino. A chamada divisão sexual do trabalho, no mundo contemporâneo, destinou as atividades de concepção aos homens. Já o trabalho intensivo e que exige menores níveis de qualificação ficou destinado às mulheres, aos negros, aos indígenas e aos imigrantes. Hoje, o trabalho feminino atinge mais deSociologia do trabalho 5 40% da força de trabalho em diversos países avançados. Esse trabalho tem sido absorvido pelo capital, preferencialmente no universo do trabalho part-time, precarizado e desregulamentado. No final do século XX, houve uma expansão do setor de serviços e a ocupação dos postos de trabalho por trabalhadores assalariados. Esses trabalhadores foram expulsos do mundo produtivo industrial como resultado do processo de políticas neoliberais e de privatização. Hoje ocorre também a exclusão dos jovens. Ao atingirem idade para ingresso no mercado de trabalho, eles não encontram emprego e acabam em ocupações precárias. Por outro lado, há exclusão de trabalhadores mais velhos, que possuem uma formação especializada e são substituídos por profissionais polivalentes. Acontece ainda a expansão do terceiro setor, das formas de trabalho voluntário e do trabalho em domicílio. Isso está relacionado não só à desconcentração do processo produtivo e à flexibilização do trabalho, mas também ao contexto de transnacionalização do trabalho. Hoje, há indústrias que possuem uma classe de trabalhadores a nível local, regional, nacional e internacional e que interferem na vida social de diversos locais do mundo. Trabalho como categoria sociológica O trabalho é um importante meio de análise da sociedade e das relações entre os indivíduos. Ele abrange diversas dimensões da vida social, da vida privada e da vida profissional, impactando o dia a dia das pessoas. Nessa perspectiva, a categoria trabalho ocupa um lugar de destaque na sociologia desde o seu surgimento: Na construção do método da análise sociológica, a redução da realidade social ao construto categoria permitiu à sociologia operar e classificar as complexas manifestações do social. Portanto, na medida em que a sociedade ocidental, transformada pela revolução industrial e pelo capitalismo, se desenvolveu e fez do trabalho a sua principal mercadoria e o mecanismo de geração de valor e de alavanca para o processo de acumulação capitalista, o trabalho se impôs enquanto uma categoria central e fundamental para o entendimento dessa sociedade (CARDOSO, 2008, p. 12). O trabalho é o meio pelo qual o homem domina a natureza e a transforma para a sua subsistência ou o seu conforto. É uma atividade própria da vida social,6 Sociologia do trabalho que pode enaltecer ou rebaixar o ser humano. Com a Revolução Industrial e o estabelecimento de um novo modo de produção, o trabalhador passou a vender a sua força de trabalho para sobreviver, em troca de um salário. O trabalho e o trabalhador tornam-se, então, mercadorias, com valores que podem ser negociados no mercado (MARX, 2010). No mundo capitalista, o trabalho se torna a principal mercadoria e é o motor dos processos de acumulação. Nesse sentido, ele ocupa grande parte da vida do indivíduo e afeta diretamente a organização da sociedade. Tal dimensão torna o trabalho uma categoria central nos autores clássicos da sociologia: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. A sociologia do trabalho surge a partir dos estudos de Marx (2010) sobre o modo de produção capitalista e as relações no mundo do trabalho. Para o autor, a exploração capitalista subverte o sentido de realização que o trabalho tinha e o torna uma atividade que degrada o homem. trabalho estabelece uma divisão na sociedade. Já Durkheim vê na divisão do trabalho um meio de organização social. Weber, por sua vez, destaca a relação entre o trabalho no mundo capitalista e a ética protestante. Veja, a seguir, a categoria trabalho na perspectiva desses três pensadores. trabalho na sociologia clássica Karl Marx produziu um conjunto de conceitos e uma teoria social que visava a compreender a sociedade capitalista. Analisando as relações econômicas e o modo de produção, o autor afirma que o trabalho, na vida moderna, se tornou um meio de exploração do homem pelo homem. Para ele, o trabalho deveria ser fonte de realização do indivíduo, uma atividade em que o homem se expressa e se realiza. No entanto, no capitalismo, o trabalho se tornou um meio de sobrevivência; as pessoas se sujeitam às mais variadas formas de exploração em troca de um salário. Assim, o trabalhador não se reconhece mais na mercadoria que produz. Tampouco tem condições de consumi-la. Ele possui uma relação de estranhamento e alienação com os bens que ajudou a produzir. Os conceitos e as reflexões sobre o sistema capitalista, a luta de classes, os valores da mer- cadoria, entre outros desenvolvidos por Marx, consideram o trabalho como categoria central de análise da vida social. O francês Émile Durkheim investigou a função que o trabalho cumpre nas sociedades modernas. No contexto de estabelecimento e desenvolvimento da sociologia no início do século XX, sua preocupação era estabelecer um método de análise próprio da sociologia. Para o autor, a sociedade é um organismo vivo.Sociologia do trabalho 7 Cada instituição, indivíduo e atividade possui uma função para manter esse orga- nismo saudável e em pleno funcionamento. mundo moderno, diz Durkheim, é marcado por uma intensa diferenciação social, resultado da divisão do trabalho. Durkheim analisa a divisão do trabalho a partir da função que ela exerce na vida social. Antes dele, essa divisão era pensada apenas em termos econô- micos. Tal divisão constitui um meio de integração do indivíduo na sociedade. No sistema capitalista, a divisão do trabalho torna-se mais acentuada e gera especialização, produzindo um novo tipo de coesão social. Essa coesão, também chamada de "solidariedade" pelo autor, também está relacionada com a cons- ciência coletiva e se apresenta de duas formas, como você pode ver a seguir. Solidariedade mecânica: ocorre em sociedades ditas primitivas e com escassa divisão social do trabalho. As pessoas exercem atividades se- melhantes e não desenvolvem seus talentos individuais. A consciência coletiva e o poder do grupo sobre o indivíduo predominam. Solidariedade orgânica: característica das sociedades mais complexas e com intensa divisão do trabalho. As pessoas possuem mais especia- lização e a diferenciação social torna os indivíduos interdependentes. A consciência individual também tem seu espaço. Saiba mais Outro ponto levantado por Durkheim é a divisão anômica do trabalho. Ou seja, as formas irregulares de divisão que não geram solidariedade nem integração entre os indivíduos. Para Max Weber, a ética protestante desempenhou um papel fundamental na fundação do capitalismo moderno e na visão social sobre o trabalho. trabalho passa a ser visto como vocação, e as pessoas passam a definir suas identidades pela sua profissão. A ética protestante, diz Weber, une as neces- sidades do capitalismo e o dever cristão (contrapondo assim a tradição cristã medieval, que via o trabalho como subsistência ou penitência). A exploração pelo trabalho e a busca do lucro passam a ser consideradas atividades virtuosas, uma forma de louvar a Deus e de realizar a sua vontade. Assim, essa racionalidade, própria da acumulação capitalista, invade outras esferas da vida social. A racionalidade empregada no sistema econômico para maior obtenção de lucro também marca as organizações. Ela gera um conjunto de insti-8 Sociologia do trabalho tuições baseadas na burocracia, na meritocracia e no funcionalismo. Nesse cenário, se anulam a individualidade e os valores morais em detrimento da racionalidade. trabalho na sociologia contemporânea Hoje, a sociologia vem se dedicando ao estudo do trabalho a partir de diversas perspectivas. Temas como o movimento operário, as organizações sindicais, o mercado de trabalho, a organização de empresas, o trabalho no campo, as políticas públicas, o desemprego e as desigualdades sociais constituem abordagens clássicas sobre o mundo do trabalho. A agenda de pesquisa atual também contempla outras abordagens, como a flexibilização do trabalho, a informalidade, a discriminação racial e de gênero no ambiente de trabalho, a economia solidária, o associativismo, o trabalho imaterial, o trabalho remoto e a saúde do trabalhador. contexto do trabalho O trabalho afeta diretamente a saúde dos indivíduos. Na Revolução Indus- trial, marcada por ciclos relacionados ao desenvolvimento da tecnologia e das formas de trabalho, havia um controle autoritário sobre o trabalhador. Extensas jornadas de trabalho, castigos e ameaças faziam parte do cotidiano fabril (MERLO; LAPIS, 2007). As mulheres e as crianças compunham grande parte da mão de obra em meados do século XIX, período denominado Primeira Revolução Industrial, que teve como base a máquina a vapor. Ainda não existia um sistema de pro- teção aos trabalhadores, que estavam expostos a acidentes de trabalho (perda de dedos, mãos e queimaduras, por exemplo) e sujeitos a doenças respiratórias, cardíacas e estresse físico e mental. O final do século XIX e o início do século XX, nos Estados Unidos, foram marcados pelo uso da eletricidade para alimentar os motores das máquinas. Foi nesse contexto, chamado de Segunda Revolução Industrial, que surgiu a administração científica e os modelos taylorista e fordista de organização do trabalho. A produção em massa e a divisão exagerada do trabalho tornavam o tra- balhador uma extensão da máquina, cada vez menos pensante. Como você sabe, tarefas repetitivas desestimulam os indivíduos e acabam por tornar o trabalho menos desafiador. Assim, o trabalhador tinha de se adaptar ao ritmoSociologia do trabalho 9 da máquina, chegando ao limite de sua saúde. Além disso, estava submetido a uma alta pressão por resultados e sabia que poderia ser descartado e substituído por outro profissional. Saiba mais trabalho infantil se tornou uma forma de exploração comum com a consolidação da Revolução Industrial. As crianças das famílias operárias, assim como as mulheres, eram vistas como mão de obra barata e trabalhavam em longas jornadas, recebendo baixos salários. Sindicalismo Junto à Revolução Industrial, nasceu o movimento operário, uma organização criada em resposta às más condições de trabalho e ao desemprego causado pela substituição de trabalhadores por máquinas. Os sindicatos possuem uma organização burocrática, nos moldes da administração pública ou privada. Eles têm como principal função a negociação coletiva dos salários e das condições de trabalho. Representam os interesses dos trabalhadores a nível nacional e dialogam com o poder público. Essas organizações também são marcadas por relações de poder: entre os dirigentes e a massa (que muitas vezes estão distantes), entre a massa e o poder público. Elas se dividem em células profissionais, territoriais ou industriais (CROZIER, 1973). A formação dos sindicatos também se relaciona com a ideologia, que é o motor desse movimento social. A ideologia sindicalista prega a defesa dos trabalhadores e busca garantir a sua proteção no dia a dia e durante crises sociais. Fique atento Se sindicatos surgiram com intuito de mudar status quo, atualmente eles consti- tuem um canal de diálogo, uma forma institucionalizada para se garantir a manutenção das boas relações de trabalho.10 Sociologia do trabalho Organização sindical e direitos trabalhistas no Brasil No Brasil, há uma forte organização hierárquica dos sindicatos, expressa em federações e confederações. A nível macro, as principais organizações sindicais do País são a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e a Força Sindical. Em termos históricos, os trabalhadores se organizam em torno dos seus direitos no Brasil desde o final do século XIX. A transição para o século seguinte, caracterizada pelo grande número de imigrantes influenciados pelo anarquismo, foi marcada por essa associação inicial entre os trabalhadores. No entanto, o sindicalismo no Brasil teve sua origem na Era Vargas, a partir da década de 1930. Foi nesse período que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi criada, não como o resultado da luta dos trabalhadores, e sim como benefício concedido por Getúlio Vargas às massas. Com um governo populista e que objetivava o controle da população, os sindicatos nesse período eram criados pelo próprio Ministério do Trabalho. O contexto populista perdurou até 1964, quando os movimentos operários deixaram de ser permitidos após o início da ditadura militar no Brasil. Já na década de 1970, trabalhadores do ABC paulista se insurgiram contra o controle dos salários pelo governo militar, pressionando os empresários e inaugurando o período chamado Novo Sindicalismo. Em 1982, ocorreu a greve dos meta- lúrgicos, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva. Devido à dimensão que tomou, essa greve acabou pressionando o retorno da democracia. Atualmente, as relações de trabalho são reguladas pela Constituição de 1988. Os sindicatos possuem a função de fiscalizar a aplicação das leis e de defender a CLT. Com o desenvolvimento da tecnologia e da concorrência global, o capitalismo industrial foi perdendo espaço para o capitalismo financeiro. Como consequência, surgem novas formas de trabalho formal, com menos direitos e garantias para os trabalhadores. Ao mesmo tempo, há o aumento do trabalho informal. Esse contexto é compreendido pela sociologia como precarização do tra- balho e desvalorização do trabalhador (ANTUNES; ALVES, 2004). Diante do desemprego, os trabalhadores no mundo atual estão submetidos à intensa flexibilização e à redução dos direitos trabalhistas, bem como à terceirização e à pressão para que atinjam metas de produtividade.Sociologia do trabalho 11 A sociologia do trabalho, assim, se volta tanto para o reconhecimento das novas formas de trabalho e organização dos trabalhadores como para as consequências da lógica do capital na saúde, no cotidiano e na vida desses trabalhadores. É a partir do estudo desses contextos sociais que esse campo da ciência infere que o trabalho está mais forte do que nunca. Referências ANTUNES, R.; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação & Sociedade, Campinas, V. 25, n. 87, p. 335-351, 2004. CARDOSO, L.A. A centralidade da categoria trabalho: uma análise crítica do debate sociológico contemporâneo. Confluências Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, V. 10, n. 1, 11-41, 2008. CROZIER, M. Sociologia do sindicalismo. In: FRIEDMANN, G.; NAVILLE, P. (Org.). Tratado de sociologia do trabalho. São Paulo: Cultrix, 1973. V. 2, p. 202-228. MARX, K. Manuscritos São Paulo: Boitempo, 2010. MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MERLO, Á. R. C.; LAPIS, N.L. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, Porto Alegre, V. 19, n. 1, 61-68, 2007. Leituras recomendadas ANTUNES, R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estudos Avançados, São Paul, V. 28, n. 81, p. 39-53, maio/ago. 2014. BAVA JR., Introdução à sociologia do trabalho. São Paulo: Ática, 2000. BRAGA, R. A política do precarizado: do populismo à hegemonia lulista. São Paulo: Boitempo, 2012. HIRATA, Nova divisão sexual do trabalho? São Paulo: Boitempo, 2002. MÉSZAROS, I. Para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2002.Encerra aqui 0 trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.sa Conteúdo: SOLUÇÕES EDUCACIONAIS INTEGRADAS

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