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MORFOFUNCIONAL Anatomia do Lobo Parietal O lobo parietal está localizado na parte superior e posterior de cada hemisfério cerebral. Ele se encontra entre o lobo frontal (à frente), o lobo occipital (atrás) e acima do lobo temporal. Limites anatômicos: • Anterior: sulco central (ou sulco de Rolando) • Posterior: sulco parieto-occipital • Inferior: fissura lateral (ou fissura de Sylvius) • Superior: fissura longitudinal medial (separa os hemisférios) Estruturas principais: • Giro pós-central: abriga a área somatossensorial primária (área 1, 2 e 3 de Brodmann), responsável pela recepção de estímulos táteis • Sulco intraparietal: divide o lobo parietal em duas partes: - Lóbulo parietal superior: envolvido na percepção espacial e atenção - Lóbulo parietal inferior: inclui áreas como a de Wernicke (importante para linguagem no hemisfério dominante) Funções do Lobo Parietal O lobo parietal é essencial para integrar informações sensoriais e construir uma percepção coerente do mundo. Ele atua como um “centro de interpretação” que transforma estímulos em experiências conscientes. Principais funções: • Processamento sensorial: tato, dor, temperatura e pressão • Percepção espacial: orientação no ambiente e coordenação motora • Integração sensorial: combina dados visuais, auditivos e táteis • Cognição corporal: reconhecimento de partes do corpo e sua posição • Linguagem e cálculo: no hemisfério dominante, participa da compreensão verbal e habilidades matemáticas Lesões nessa área podem causar síndromes como: • Síndrome de Gerstmann: dificuldade com escrita, cálculo, orientação direita-esquerda e reconhecimento de dedos • Síndrome de Balint: prejuízo na coordenação visual-motora e atenção espacial Anatomia do Lobo Occipital O lobo occipital está localizado na parte posterior do cérebro, na região da nuca. Ele é delimitado anteriormente pelo sulco parieto-occipital e inferiormente pelo sulco calcarino, especialmente visível na face medial. Estruturas principais: • Giros occipitais: superior, médio e inferior (na face lateral) • Giro lingual e cúneo: na face medial • Sulcos importantes: sulco calcarino, sulco occipital lateral, sulco intraoccipital • Vascularização: principalmente pela artéria cerebral posterior Funções do Lobo Occipital O lobo occipital é o centro da visão. Ele recebe, interpreta e integra os estímulos visuais que chegam pela retina, permitindo que você reconheça formas, cores, movimentos e profundidade. Áreas funcionais: • Área visual primária (V1 ou área 17 de Brodmann): recebe os sinais visuais brutos da retina • Áreas de associação visual (V2, V3, V4 – áreas 18 e 19 de Brodmann): interpretam e refinam os dados visuais, como reconhecimento de objetos, rostos e leitura Funções específicas: • Processamento de cor, forma, movimento e profundidade • Reconhecimento de padrões visuais • Coordenação com o lobo parietal e temporal para interpretação espacial e linguagem visual Lesões nessa região podem causar: • Cegueira cortical (mesmo com olhos saudáveis) • Alucinações visuais • Dificuldade de reconhecimento visual (agnosia visual) Anatomia do Lobo Insular A ínsula é uma estrutura profunda do córtex cerebral, localizada entre os giros frontais e temporais. Para visualizá-la, é necessário afastar os lobos que a recobrem. Características anatômicas: • Localização: profundamente à fissura lateral (Sylviana) • Divisões: anterior (envolvida em funções emocionais e cognitivas) e posterior (mais sensorial) • Giros: geralmente 3 a 5 giros curtos na porção anterior e giros longos na porção posterior • Conexões: altamente conectada com o sistema límbico, córtex pré-frontal, parietal e temporal Funções do Lobo Insular A ínsula é uma verdadeira “central de integração” — ela junta informações sensoriais, emocionais e cognitivas para formar nossa experiência subjetiva do mundo. Funções principais: • Interocepção: percepção dos estados internos do corpo (batimentos cardíacos, fome, sede, dor visceral) • Percepção da dor: especialmente dor emocional e empática • Regulação emocional: envolvida em sentimentos como nojo, medo, tristeza e empatia • Consciência corporal: percepção do corpo como parte do “eu” • Tomada de decisões: avaliação de riscos, recompensas e emoções • Funções sociais: empatia, reconhecimento de emoções alheias, comportamento social Lesões na ínsula podem causar: • Alterações na percepção da dor • Dificuldades na regulação emocional • Comprometimento da empatia e da consciência corporal Lobo Temporal: Anatomia e Funções O lobo temporal é o segundo maior lobo do cérebro - ficando atrás apenas do lobo frontal - e possui cerca de 20% do volume do neocórtex. Esse lobo ocupa grande parte da fossa média do crânio, e seu nome deriva da sua proximidade com o osso temporal. O lobo temporal contém as áreas corticais que processam a audição, bem como os aspectos sensoriais da fala e está localizado nas laterais inferiores dos hemisférios cerebrais, abaixo da fissura lateral (ou de Sylvius). Estrutura anatômica ● Faces: Lateral, inferior e medial ● Giros principais: ○ Giro temporal superior: contém o córtex auditivo primário (área 41 de Brodmann) ○ Giro temporal médio e inferior: envolvidos em processamento visual e linguagem ○ Giro fusiforme: associado ao reconhecimento facial e de objetos ○ Giro parahipocampal: relacionado à memória e emoções ● Sulcos importantes: ○ Sulco temporal superior e inferior ○ Sulco colateral (delimita o giro parahipocampal) ● Estruturas profundas: ○ Hipocampo: essencial para a formação de memórias ○ Amígdala: envolvida na regulação emocional ○ Uncus: relacionado ao olfato e à herniação cerebral Funções do Lobo Temporal O lobo temporal é considerado polissensorial, pois integra informações auditivas, visuais, olfativas e emocionais. Suas funções são distribuídas entre os hemisférios: Principais funções ● Audição: ○ Processamento de sons e linguagem falada ○ Área auditiva primária (A1) e secundária (A2) ● Linguagem: ○ Área de Wernicke (hemisfério esquerdo): compreensão da linguagem ● Memória: ○ Formação e consolidação de memórias (hipocampo) ○ Memória episódica e espacial ● Reconhecimento visual: ○ Identificação de rostos e objetos (giro fusiforme) ● Emoções e comportamento social: ○ Regulação emocional (amígdala e sistema límbico) ○ Processamento afetivo de estímulos sensoriais Correlações Clínicas Lesões ou disfunções no lobo temporal podem causar: ● Afasia de Wernicke: dificuldade na compreensão da linguagem ● Epilepsia do lobo temporal: crises focais com sintomas sensoriais e emocionais ● Amnésia: perda de memória associada a danos no hipocampo ● Alterações comportamentais: como agressividade ou apatia *A superfície lateral do lobo temporal é irrigada principalmente por ramos da artéria cerebral média, que por sua vez é o maior dos dois ramos terminais da artéria carótida interna. A superfície inferior do lobo temporal é nutrida por ramos da artéria cerebral posterior, que se origina do sistema vertebrobasilar. O lobo temporal é uma das quatro principais regiões do cérebro, localizado nas laterais da cabeça, abaixo dos lobos parietal e frontal. Ele está envolvido em: • Processamento auditivo • Memória (especialmente a de longo prazo) • Reconhecimento de padrões visuais e faciais • Compreensão da linguagem • Regulação emocional (via conexões com o sistema límbico) https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/arteria-carotida-interna Relação com a ansiedade O lobo temporal se conecta diretamente com estruturas do sistema límbico, como: • Amígdala: centro de processamento do medo e da resposta emocional • Hipocampo: responsável pela consolidação da memória e pela contextualização de experiências emocionais Essas estruturas são fundamentais na gênese e manutenção da ansiedade.Veja como: 1. Amígdala hiperativa • Pessoas com transtornos de ansiedade frequentemente apresentam hiperatividade da amígdala, localizada no lobo temporal medial • Isso leva a uma resposta exagerada ao medo, mesmo diante de estímulos neutros 2. Memória emocional • O hipocampo, também no lobo temporal, armazena memórias associadas a experiências traumáticas ou estressantes • Em casos de ansiedade, essas memórias podem ser reacessadas de forma disfuncional, gerando reações emocionais intensas 3. Epilepsia do lobo temporal • Estudos mostram que pacientes com epilepsia temporal têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade A B • Isso ocorre devido à instabilidade elétrica que afeta áreas límbicas, alterando o processamento emocional Evidência científica • A Universidade Federal de São Paulo estudou ratos com epilepsia do lobo temporal e observou redução da ansiedade, mas também déficits de memória de trabalho, sugerindo que alterações nessa região afetam o equilíbrio emocional A • A UFRGS identificou fatores de risco para ansiedade em pacientes com epilepsia do lobo temporal, reforçando a ligação entre disfunções temporais e transtornos emocionais B Epilepsia do lobo temporal A epilepsia do lobo temporal (ELT) é um dos tipos mais comuns de epilepsia focal, caracterizada por descargas elétricas anormais que se originam no lobo temporal do cérebro — região responsável por funções como memória, audição e regulação emocional. Essa condição pode afetar profundamente o comportamento, o humor e a saúde mental, especialmente em relação à ansiedade. Vamos explorar isso em detalhes 🧠⚡ O que é a Epilepsia do Lobo Temporal? Características principais: • Origem focal: as crises começam em uma área específica do lobo temporal, geralmente na região mesial (que inclui o hipocampo e a amígdala). • Crises parciais complexas: podem envolver alterações de consciência, automatismos (movimentos repetitivos involuntários), sensações estranhas (déjà vu, medo súbito), alucinações auditivas ou olfativas. • Duração: geralmente entre 30 segundos e 2 minutos. • Causa: pode estar associada a lesões cerebrais, esclerose hipocampal, infecções, traumas ou predisposição genética. Relação com a Ansiedade A conexão entre ELT e ansiedade é profunda e multifatorial. Estudos mostram que transtornos de ansiedade são altamente prevalentes em pacientes com epilepsia do lobo temporal, por razões que envolvem tanto fatores neurológicos quanto psicossociais. 1. Disfunção límbica • O lobo temporal abriga estruturas do sistema límbico, como a amígdala e o hipocampo, que regulam emoções e memória emocional. • Crises epilépticas nessa região podem hiperativar ou danificar essas estruturas, levando a:• Medo irracional • Ansiedade antecipatória • Ataques de pânico 2. Alterações neuroquímicas • A epilepsia pode alterar os níveis de neurotransmissores como GABA, glutamato, serotonina e noradrenalina, todos envolvidos na regulação da ansiedade. • Isso pode gerar um estado de hipervigilância emocional, típico de transtornos ansiosos. 3. Comorbidades psiquiátricas • Segundo o Instituto de Psiquiatria do Paraná A, sintomas psiquiátricos como ansiedade, depressão e irritabilidade são comuns em epilepsias focais, especialmente temporais. • A ansiedade pode se manifestar antes, durante ou após as crises epilépticas. 4. Impacto psicossocial • O medo de ter uma crise em público, o estigma social e as limitações funcionais podem gerar ansiedade situacional e transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Evidência científica Uma dissertação da UFRGS B investigou fatores de risco para transtornos de ansiedade em pacientes com ELT e concluiu que: • Há uma correlação significativa entre epilepsia temporal e sintomas ansiosos. • Pacientes com crises frequentes ou resistência ao tratamento têm maior risco de desenvolver ansiedade clínica. • O tratamento da epilepsia pode reduzir os sintomas ansiosos, especialmente quando envolve abordagem multidisciplinar. GLÂNDULAS SUPRARRENAIS: ANATOMIA E FUNÇÃO As glândulas suprarrenais (ou adrenais) são órgãos endócrinos pares, localizados acima dos rins, com cerca de 3 a 5 cm de comprimento, 2 a 3 cm de largura e pesando entre 3,5 a 5 g cada A. Elas são envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo e imersas em tecido adiposo retroperitoneal. Estrutura anatômica detalhada Cada glândula é dividida em duas regiões com funções e origens embrionárias distintas: 1. Córtex Suprarrenal (90% da glândula) Origem: Mesoderme. Produz hormônios esteroides. Subdivisões: Zona Hormônio Principal Função Glomerulosa Aldosterona Regula sódio, potássio e pressão arterial Fasciculada Cortisol Metabolismo energético, resposta ao estresse Reticulada Andrógenos (DHEA, androstenediona) Características sexuais secundárias Medula Suprarrenal Origem: Neuroectoderme. Produz catecolaminas. Células cromafins secretam: • Adrenalina (epinefrina): Aumenta frequência cardíaca, dilata brônquios • Noradrenalina (norepinefrina): Vasoconstrição, elevação da pressão arterial Funções fisiológicas dos hormônios adrenais Cortisol (glicocorticoide) • Estimula neoglicogênese hepática • Inibe a utilização periférica de glicose • Aumenta a degradação de proteínas musculares • Suprime a resposta inflamatória e imunológica • Regulado pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) A Aldosterona (mineralocorticoide) • Atua nos túbulos renais para reabsorver sódio e excretar potássio • Regula o volume extracelular e a pressão arterial • Estimulada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e pelo aumento de potássio plasmático A Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) • Preparação para situações de “luta ou fuga” • Estímulo simpático via acetilcolina • Aumentam glicose plasmática, frequência cardíaca e fluxo sanguíneo muscular B Andrógenos adrenais • Produzem efeitos masculinizantes leves • Importantes na puberdade e libido feminina • Ex: DHEA, androstenediona A Regulação hormonal Córtex: • Cortisol: regulado por ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) da hipófise anterior • Aldosterona: regulada por angiotensina II, potássio e ACTH em menor grau • Andrógenos: também sob influência do ACTH Medula: • Estímulo direto do sistema nervoso simpático • Liberação rápida em resposta ao estresse agudo Síntese de hormônios esteroides Todos os hormônios corticais derivam do colesterol, que passa por várias etapas enzimáticas: Colesterol → Pregnenolona → Progesterona → Corticoesterona → Aldosterona Colesterol → 17-OH-Pregnenolona → 17-OH-Progesterona → Cortisol Colesterol → DHEA → Androstenediona → Testosterona/estradiol Essas vias ocorrem em diferentes zonas do córtex. Patologias associadas Córtex: • Doença de Addison: insuficiência adrenal primária (↓ cortisol e aldosterona) • Síndrome de Cushing: excesso de cortisol • Hiperaldosteronismo primário: excesso de aldosterona Medula: • Feocromocitoma: tumor produtor de catecolaminas • Neuroblastoma: tumor maligno infantil Vias Dopaminérgicas Via Mesolímbica A via mesolímbica é uma das mais estudadas por seu papel no sistema de recompensa, motivação e prazer. Ela está intimamente ligada a distúrbios como dependência química e esquizofrenia. Estruturas envolvidas: • Área Tegmental Ventral (ATV): localizada no mesencéfalo, é o ponto de origem dos neurônios dopaminérgicos • Núcleo Accumbens: parte do estriado ventral, é o principal alvo da dopamina nessa via • Amígdala: envolvida na resposta emocional • Hipocampo: participa da memória associativa • Tubérculo olfatório: também recebe projeções dopaminérgicas • Córtex pré-frontal ventromedial: recebe influências indiretas da via mesolímbica Anatomia detalhada: • Origem: Neurônios dopaminérgicos localizados na Área Tegmental Ventral (ATV), situada no mesencéfalo. • Projeções principais:- Núcleo accumbens (parte do estriado ventral): centro do sistema de recompensa - Amígdala: envolvida na avaliação emocional de estímulos - Hipocampo: memória associativa e contextual - Tubérculo olfatório: integração sensorial • Neurotransmissor: Dopamina, sintetizada a partir da tirosina via tirosina hidroxilase e dopa descarboxilase B Função: • Sistema de recompensa: ativa-se diante de estímulos prazerosos (comida, sexo, drogas) • Motivação e reforço: estimula comportamentos que levam à recompensa • Aprendizado emocional: associa estímulos a experiências positivas ou negativas Distúrbios associados: • Dependência química: hiperatividade da via leva à busca compulsiva por recompensas • Esquizofrenia: hiperfunção pode estar ligada aos sintomas positivos (delírios, alucinações) • Transtornos de humor: alterações na resposta ao prazer Via Mesocortical Essa via é crucial para funções executivas, atenção, memória de trabalho e controle inibitório. Alterações nessa via estão associadas a sintomas negativos da esquizofrenia e ao TDAH. Estruturas envolvidas: • Área Tegmental Ventral (ATV): também origem dos neurônios dopaminérgicos • Córtex Pré-Frontal Dorsolateral: principal alvo da via mesocortical, responsável por funções cognitivas superiores • Córtex orbitofrontal e medial: também recebem projeções dopaminérgicas Anatomia detalhada: • Origem: Também na Área Tegmental Ventral (ATV), como a mesolímbica • Projeções principais: - Córtex pré-frontal dorsolateral: responsável por funções executivas - Córtex orbitofrontal e ventromedial: envolvido em tomada de decisão e regulação emocional • Neurotransmissor: Dopamina, com menor densidade de receptores D2 em relação à mesolímbica Função: • Funções executivas: planejamento, memória de trabalho, atenção e controle inibitório • Tomada de decisão: avaliação de riscos e recompensas • Regulação emocional: modulação da resposta afetiva e empática Distúrbios associados: • Esquizofrenia: hipofunção da via está ligada aos sintomas negativos (apatia, retraimento social) • TDAH: déficit na transmissão dopaminérgica afeta atenção e controle de impulsos • Depressão: pode haver redução da atividade dopaminérgica no córtex pré-frontal Principais locais de produção da dopamina no cérebro - Substância Negra (pars compacta): localizada no mesencéfalo, é crucial para o controle motor. A degeneração dessa área está diretamente ligada ao Mal de Parkinson. - Área Tegmental Ventral (ATV): também no mesencéfalo, é o ponto de partida da famosa via mesolímbica, associada ao prazer, motivação e recompensa. - Hipotálamo: origina a via tuberoinfundibular, que regula a liberação de hormônios pela hipófise, especialmente a prolactina. Além do cérebro, a glândula suprarrenal também produz dopamina, embora com funções mais periféricas. Como ela é sintetizada? A dopamina é formada a partir do aminoácido tirosina, que é convertido em L-Dopa e depois transformado em dopamina por enzimas específicas. Esse processo ocorre dentro dos neurônios dopaminérgicos, que armazenam a dopamina em vesículas e a liberam quando estimulados. Estruturas envolvidas importantes - Núcleo Accumbens O núcleo accumbens está situado na região basal do cérebro, mais especificamente no estriado ventral, entre o putâmen e o núcleo caudado. Ele é dividido em duas partes principais: Parte central (core): associada a respostas motoras e comportamentais. Parte externa (shell): mais envolvida com emoções e motivação. O núcleo accumbens desempenha papéis cruciais: - Sistema de recompensa: É um dos principais centros de processamento de prazer e reforço. Quando você experimenta algo gratificante (como comida, afeto ou música), essa área é ativada. - Liberação de dopamina: Recebe projeções da área tegmental ventral, liberando dopamina e gerando sensação de prazer e motivação. - Tomada de decisões: Participa da avaliação de riscos e recompensas, influenciando escolhas e comportamentos. - Aprendizado por reforço: Ajuda a consolidar comportamentos que levam a - recompensas, sendo essencial na formação de hábitos. - Vício e compulsão: Muitos livros apontam que o núcleo accumbens é hiperativado em casos de dependência química, como no uso de drogas, álcool ou jogos de azar. - Amígdala A amígdala cerebral é uma das estruturas mais intrigantes do cérebro — pequena, mas poderosa. Ela tem formato de amêndoa (daí o nome) e está localizada profundamente no lobo temporal, sendo parte essencial do sistema límbico, que regular emoções, memória e comportamento. Funções principais da amígdala - Processamento emocional: É especialmente conhecida por sua atuação no medo, raiva e prazer. Quando você sente medo diante de um perigo, é a amígdala que dispara o alarme. - Memória emocional: Ajuda a consolidar memórias ligadas a experiências marcantes — como lembrar de um acidente ou de um momento muito feliz. - Tomada de decisão: Influencia escolhas baseadas em experiências emocionais passadas. - Comportamento social: Participa da interpretação de expressões faciais e da empatia, sendo essencial para interações humanas. - Aprendizado associativo: Permite que o cérebro associe estímulos neutros a respostas emocionais (como no condicionamento clássico). Implicações clínicas Ansiedade e fobias: Hiperatividade da amígdala está ligada a transtornos de ansiedade. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): Memórias traumáticas ficam “presas” na amígdala. Depressão: Alterações na atividade da amígdala podem afetar o processamento emocional. Síndrome de Klüver-Bucy: Lesões bilaterais podem causar comportamento sexual desinibido, hiperoralidade e perda de medo. - Hipocampo O hipocampo é uma estrutura localizada na parte medial do lobo temporal, em ambos os hemisférios cerebrais. Seu nome vem do grego e significa “cavalo-marinho”, devido ao seu formato curvo e alongado. Ele faz parte do sistema límbico, que está envolvido na regulação das emoções, da memória e do comportamento. Sua principal função é a formação e consolidação da memória. Ele transforma memórias de curto prazo em memórias de longo prazo, especialmente aquelas ligadas a experiências vividas, como eventos pessoais ou locais visitados. Além disso, o hipocampo é essencial para a navegação espacial — ele nos ajuda a criar mapas mentais do ambiente e a lembrar caminhos percorridos. Essa estrutura também participa do aprendizado associativo, ou seja, da capacidade de relacionar estímulos e respostas com base em experiências anteriores. Por isso, é fundamental em processos de adaptação e tomada de decisão. Do ponto de vista anatômico, o hipocampo é composto por regiões como o giro denteado e o subículo, que trabalham em conjunto para processar e transmitir informações. Ele se conecta com áreas como o córtex entorrinal, o córtex pré-frontal e os corpos mamilares, formando circuitos que integram memória, emoção e comportamento. Em termos clínicos, o hipocampo é uma das primeiras regiões afetadas em doenças como o Alzheimer, o que explica a perda de memória precoce nesses casos. Lesões nessa área também podem causar amnésia, dificuldades de aprendizado e desorientação espacial. - Córtex Pré-frontal O córtex pré-frontal é a porção mais anterior do lobo frontal, situado logo atrás da testa. Ele é considerado a região mais evoluída do cérebro humano, tanto em termos filogenéticos (evolução das espécies) quanto ontogenéticos (desenvolvimento individual). É também uma das últimas áreas a amadurecer — completando seu desenvolvimento apenas por volta dos 25 anos. Essa área é subdividida em regiões funcionais, como: - Dorsolateral: associada à memória de trabalho, planejamento e tomada de decisões. - Ventromedial: envolvida na regulação emocional e julgamento social. - Orbitofrontal: responsável pela avaliação de recompensas e punições, além do controle de impulsos.Funções cognitivas e comportamentais Segundo obras clássicas da neuropsicologia, o córtex pré-frontal é o centro das chamadas funções executivas — processos mentais que nos permitem agir de forma consciente, adaptativa e orientada por metas. Entre essas funções estão: - Planejamento e organização: permite traçar estratégias, antecipar consequências e coordenar ações complexas. - Tomada de decisões: avalia riscos e benefícios, considerando experiências passadas e objetivos futuros. - Controle inibitório: regula impulsos e comportamentos automáticos, favorecendo respostas mais ponderadas. - Flexibilidade cognitiva: permite mudar de estratégia diante de novos desafios ou informações. - Regulação emocional: modula reações afetivas, especialmente em contextos sociais ou estressantes. - Autoconsciência: contribui para o senso de identidade, reflexão e julgamento moral. Essas capacidades são fundamentais para a vida em sociedade, para o aprendizado e para o equilíbrio emocional. Impactos de lesões ou disfunções Lesões no córtex pré-frontal, como as observadas em casos clínicos ou após traumas, podem provocar alterações significativas no comportamento e na personalidade. Os sintomas mais comuns incluem: - Impulsividade e dificuldade de autocontrole. - Desorganização e incapacidade de planejar. - Alterações emocionais, como apatia ou irritabilidade. - Comportamento social inadequado, com perda de empatia ou julgamento ético. Esses efeitos foram observados em casos históricos, como o famoso paciente Phineas Gage, que sofreu uma lesão nessa região e teve mudanças drásticas em sua personalidade. Relação com transtornos mentais O córtex pré-frontal está envolvido em diversos transtornos psiquiátricos: - Depressão: redução da atividade pré-frontal dificulta a regulação de emoções e a tomada de decisões. - TDAH: prejuízos nas funções executivas afetam atenção, organização e controle de impulsos. - Esquizofrenia: alterações na conectividade pré-frontal comprometem o raciocínio lógico e o comportamento social. - Transtornos de personalidade: disfunções orbitofrontais podem levar à impulsividade e à insensibilidade moral. Conexão entre as três estruturas: amígdala, hipocampo e córtex pré-frontal Hipocampo: memória e vulnerabilidade ao estresse Na depressão, o hipocampo costuma apresentar redução de volume. Isso está associado à diminuição da neurogênese (formação de novos neurônios) e ao impacto do cortisol, o hormônio do estresse. Quando o estresse é crônico, como ocorre em muitos quadros depressivos, o hipocampo sofre — o que prejudica a consolidação da memória, a aprendizagem e a regulação emocional. 1. Atrofia Hipocampal - Estudos mostram que níveis elevados de cortisol estão associados à redução do volume do hipocampo, especialmente em pessoas com depressão ou Alzheimer. - Essa atrofia compromete a capacidade de formar novas memórias e recuperar informações antigas. 2. Neurotoxicidade e Inflamação - O cortisol em excesso pode promover degradação de proteínas neuronais, reduzir a neurogênese (formação de novos neurônios) e aumentar a inflamação cerebral. - Isso contribui para o surgimento de emaranhados neurofibrilares e placas amiloides, características da Doença de Alzheimer.. 3. Ciclo Vicioso com Depressão - Pacientes com depressão frequentemente apresentam níveis elevados de cortisol e redução do volume hipocampal. - Isso intensifica a resposta ao estresse, agravando os sintomas depressivos e perpetuando o dano cerebral. 4. Alterações Cognitivas e Emocionais - Dificuldades de aprendizagem, lapsos de memória e alterações de humor são comuns em pessoas com hipercortisolemia crônica. - O hipocampo também participa do feedback negativo que regula o eixo HPA. Quando danificado, esse sistema perde eficiência, mantendo o corpo em estado de alerta constante. Amígdala: hiperatividade emocional A amígdala tende a ficar hiperativa em pessoas com depressão. Isso significa que estímulos negativos — como críticas, rejeição ou lembranças dolorosas — são processados com mais intensidade. Essa hiperatividade contribui para a ruminação, ou seja, o pensamento repetitivo e negativo, além de aumentar a sensibilidade ao medo e à tristeza. Córtex pré-frontal: falha na regulação O córtex pré-frontal é responsável por regular emoções, tomar decisões e controlar impulsos. Na depressão, ele pode apresentar redução de massa cinzenta e atividade diminuída, o que compromete a capacidade de frear pensamentos negativos e de reavaliar situações de forma racional. Isso explica por que pessoas deprimidas têm dificuldade em “sair do ciclo” de pensamentos disfuncionais. Interação entre as três estruturas Essas áreas formam um circuito integrado: - A amígdala detecta emoções negativas com mais intensidade. - O hipocampo registra essas experiências de forma mais duradoura e dolorosa. - O córtex pré-frontal perde eficiência para regular e reinterpretar essas emoções. Esse desequilíbrio contribui para sintomas como tristeza profunda, desesperança, baixa autoestima e dificuldade de concentração. - Giro Cingulado O giro do cíngulo é uma estrutura cerebral profundamente envolvida em processos emocionais, cognitivos e comportamentais. Ele faz parte do córtex cingulado, localizado na porção medial dos hemisférios cerebrais, logo acima do corpo caloso. É considerado uma ponte funcional entre o sistema límbico (emocional) e o córtex (racional), e aparece com destaque em diversos livros de neurociência e neuropsicologia. Funções cognitivas e emocionais O giro cingulado participa de uma ampla gama de funções: - Regulação emocional: Atua na interpretação e modulação de emoções, especialmente em situações de estresse, medo e dor. Ele ajuda a integrar experiências emocionais com respostas comportamentais apropriadas. - Tomada de decisão: Contribui para a avaliação de recompensas e punições, influenciando escolhas baseadas em valor emocional e expectativa de resultado. - Atenção e controle cognitivo: Está envolvido na manutenção do foco, na resolução de conflitos mentais e na adaptação a mudanças de contexto. - Empatia e comportamento social: Participa da leitura de estados emocionais alheios e da resposta empática, sendo essencial para a convivência social. - Percepção da dor: Modula a experiência subjetiva da dor, tanto física quanto emocional. Subdivisões funcionais O giro cingulado é dividido em regiões com funções distintas: - Córtex cingulado anterior: Responsável pela regulação das emoções, controle autonômico e tomada de decisões. Ele se conecta com a amígdala, o hipotálamo e o córtex pré-frontal, formando um circuito que regula o comportamento emocional e a resposta ao estresse. - Córtex cingulado médio: Envolvido na previsão de resultados e na execução de comportamentos dirigidos a metas. Atua em conjunto com áreas motoras e o córtex dorsolateral pré-frontal. - Córtex cingulado posterior: Relacionado à orientação visuoespacial, à memória autobiográfica e à integração de informações sensoriais. Também participa da chamada “rede de modo padrão”, ativada durante o repouso e a introspecção. Relação com transtornos mentais Alterações no giro cingulado estão associadas a diversos distúrbios: - Depressão: Hipoatividade no córtex cingulado anterior pode prejudicar a regulação emocional e a resposta ao prazer. - Ansiedade: Hiperatividade nessa região está ligada à amplificação de respostas ao medo e à preocupação excessiva. - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): Disfunções no circuito cingulado podem gerar rigidez cognitiva e comportamentos repetitivos. - Esquizofrenia e transtorno bipolar: Alterações na conectividade cingulada afetam o julgamento social, a empatia e o controle emocional. Alterações no Giro Cingulado na Depressão 1. Redução de Volume • Estudos de neuroimagem mostram que há redução da massa cinzenta no girocingulado, especialmente na porção anterior (giro cingulado anterior ou ACC). • Essa redução está associada à diminuição da capacidade de regulação emocional, levando a maior vulnerabilidade ao estresse e dificuldade em lidar com emoções negativas. 2. Alterações Funcionais • O giro cingulado anterior apresenta hipoatividade funcional em muitos pacientes com depressão. • Isso afeta a capacidade de avaliar recompensas, tomar decisões e controlar respostas emocionais, contribuindo para sintomas como apatia, indecisão e ruminação. 3. Conectividade Alterada • Há disfunção na conectividade entre o giro cingulado e outras áreas cerebrais, como o córtex pré-frontal e a amígdala. • Essa desconexão prejudica o equilíbrio entre emoção e razão, intensificando sentimentos de tristeza, culpa e desesperança. 4. Sensibilidade à Dor e Autopercepção • O giro cingulado também está envolvido na percepção da dor física e emocional. • Na depressão, ele pode se tornar hiperativo em resposta a estímulos negativos, o que explica a maior sensibilidade à dor e o sofrimento emocional exacerbado. Fundamentos Neurobiológicos do Hipotálamo na Depressão 1. O Hipotálamo e o Eixo HPA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal) Segundo o artigo Neurobiologia da Depressão da Universidade do Porto A, o hipotálamo é o ponto de partida do eixo HPA, liberando o hormônio CRH (hormônio liberador de corticotropina), que estimula a hipófise a liberar ACTH, culminando na produção de cortisol pelas glândulas adrenais. • Em cerca de 50% dos pacientes com depressão, esse eixo está hiperativo, levando à hipercortisolemia crônica. • Isso causa resistência dos receptores de glicocorticoides, especialmente no hipocampo e no próprio hipotálamo, prejudicando o feedback negativo que deveria inibir o eixo. Essa desregulação está associada a: • Redução da neurogênese • Atrofia do hipocampo • Maior vulnerabilidade ao estresse 2. Relação com Neurotransmissores e Neuroplasticidade O artigo Além do Abismo: Revisão de Literatura sobre os Fundamentos Neurobiológicos da Depressão B destaca que o hipotálamo também interage com sistemas de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, que são fundamentais na regulação do humor. • A redução da serotonina afeta diretamente o funcionamento do hipotálamo, alterando o sono, apetite e libido. • O BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), que promove a plasticidade neuronal, também é afetado negativamente pela hiperatividade do eixo HPA, prejudicando a adaptação cerebral ao estresse. 3. Sono, Apetite e Ritmo Circadiano O hipotálamo contém o núcleo supraquiasmático, responsável pelo ritmo circadiano. Na depressão, há: • Desregulação do ciclo sono-vigília • Alterações na secreção de melatonina • Distúrbios no apetite e metabolismo Esses sintomas clássicos da depressão (insônia, hipersonia, perda ou ganho de peso) têm origem direta na disfunção hipotalâmica. A literatura científica e médica, como a revisão da Universidade do Porto e o artigo da Revista Além do Abismo, confirma que o hipotálamo é um dos principais centros afetados na depressão, tanto por mecanismos hormonais quanto por alterações neuroquímicas e estruturais. Ele não apenas inicia a resposta ao estresse, mas também regula funções vitais que são profundamente alteradas no transtorno depressivo. Ativação do HHA no transtorno de ansiedade O que é o eixo HHA? O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal é um dos principais sistemas de resposta ao estresse no corpo humano. Ele envolve três estruturas: Estrutura - Função principal Hipotálamo - Libera o hormônio CRH (corticotropin-releasing hormone) Hipófise - Estimulada pelo CRH, libera ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) Adrenais - Estimuladas pelo ACTH, produzem cortisol, o principal hormônio do estresse Ativação do eixo HHA na ansiedade Segundo o livro “Principles of Neural Science” de Eric Kandel (5ª ed.), e o manual “Neurociências: desvendando o sistema nervoso” de Bear, Connors e Paradiso, o eixo HHA é ativado da seguinte forma em situações de ansiedade: 1. Percepção de ameaça • O sistema límbico, especialmente a amígdala, detecta estímulos ameaçadores (mesmo que não reais). • Essa ativação envia sinais ao núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN). 2. Liberação de CRH • O hipotálamo libera CRH, que age sobre a hipófise anterior. • O CRH também tem efeito direto sobre a amígdala, intensificando a resposta emocional. 3. Liberação de ACTH • A hipófise libera ACTH na corrente sanguínea. • O ACTH estimula as glândulas adrenais a produzirem cortisol. 4. Produção de cortisol • O cortisol prepara o corpo para a resposta de “luta ou fuga”: aumenta a glicose, a pressão arterial e a vigilância. • Em pessoas com transtorno de ansiedade, essa ativação é exagerada e persistente, mesmo sem ameaça real. Evidência em transtornos específicos Segundo o artigo da Revista Brasileira de Psiquiatria sobre ansiedade e o eixo HHA A: • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): há ativação sustentada do eixo HHA, com níveis elevados de cortisol. • Transtorno de Pânico: curiosamente, os ataques de pânico não ativam fortemente o eixo HHA, mas sim o sistema nervoso simpático (adrenalina e noradrenalina). • Ansiedade antecipatória: ativa tanto o eixo HHA quanto o sistema simpático, gerando sintomas físicos intensos. Consequências da ativação crônica De acordo com o livro “Biological Psychiatry” de Michael Trimble: • A ativação crônica do eixo HHA pode levar à atrofia do hipocampo, prejudicando memória e regulação emocional. • Pode causar alterações imunológicas, distúrbios do sono, fadiga e problemas metabólicos. • A resposta ao estresse torna-se desregulada, perpetuando o ciclo da ansiedade. Alterações Neuroanatômicas no Transtorno Bipolar 1. Córtex Pré-Frontal • Função: Regulação emocional, tomada de decisão, controle executivo. • Alterações: Redução de volume em áreas dorsolateral e ventromedial. Estudos de neuroimagem funcional (fMRI) mostram hipoatividade durante episódios depressivos e hiperatividade em fases maníacas. • Implicações: Dificuldade de planejamento, impulsividade, julgamento comprometido. 2. Amígdala • Função: Processamento emocional, resposta ao medo e prazer. • Alterações: Volume aumentado em alguns estudos, com hiperatividade funcional durante episódios maníacos. • Implicações: Reatividade emocional exacerbada, instabilidade afetiva. 3. Hipocampo • Função: Memória, aprendizado, modulação do humor. • Alterações: Redução volumétrica associada à recorrência de episódios e à duração da doença. • Implicações: Déficits de memória, dificuldade de contextualização emocional. 4. Tálamo e Gânglios da Base • Função: Integração sensorial, regulação motora e emocional. • Alterações: Disfunção nos circuitos fronto-talâmicos e fronto-estriatais. O tálamo mostra conectividade alterada com o córtex pré-frontal. • Implicações: Alterações no ritmo circadiano, flutuações de energia e humor. 5. Cerebelo • Função: Coordenação motora e cognitiva. • Alterações: Estudos recentes indicam envolvimento do cerebelo em funções emocionais e cognitivas, com alterações na conectividade funcional. • Implicações: Desregulação emocional e cognitiva sutil. Aspectos Neuroquímicos e Neuroinflamatórios Neurotransmissores • Serotonina: Redução na atividade durante episódios depressivos. • Dopamina: Hiperatividade em mania, hipoatividade em depressão. • Noradrenalina: Flutuações associadas à excitação e à apatia. • Glutamato/GABA: Desequilíbrio entre excitação e inibição neuronal. Neuroinflamação • Evidências de aumento de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-α) em pacientes com transtorno bipolar. • A neuroinflamação pode afetar a plasticidade sináptica e a neurogênese, contribuindo para sintomas cognitivos e emocionais A. Anatomia do eixo HHA segundolivros de fisiologia 1. Hipotálamo • Localizado na base do encéfalo, acima da hipófise. • Contém o núcleo paraventricular, que secreta o CRH (hormônio liberador de corticotropina). • Atua como centro integrador neuroendócrino, regulando funções como fome, sede, temperatura e emoções. 2. Hipófise anterior (adenohipófise) • Recebe o CRH via sistema porta hipotalâmico-hipofisário. • Libera o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), que estimula o córtex da suprarrenal. 3. Glândula suprarrenal (córtex adrenal) • Estimulada pelo ACTH, produz cortisol, principal hormônio do estresse. • O cortisol exerce feedback negativo sobre o hipotálamo e a hipófise, regulando o eixo. Funções fisiológicas do eixo HHA O eixo HHA é ativado em resposta a estímulos estressantes físicos ou emocionais. Suas funções incluem: • Mobilização de energia (glicose e lipídios) • Supressão da resposta inflamatória • Regulação do ciclo sono-vigília • Manutenção da pressão arterial • Modulação da função imunológica Relação com a ansiedade Ativação crônica do eixo HHA • Estressores persistentes levam à hipersecreção de cortisol • Isso afeta estruturas cerebrais como: - Hipocampo: prejudica a memória e a regulação emocional - Amígdala: intensifica a resposta ao medo - Córtex pré-frontal: reduz o controle racional sobre emoções Ansiedade como disfunção do eixo • Em transtornos como TAG (transtorno de ansiedade generalizada), há ativação exagerada do eixo HHA • O cortisol elevado perpetua sintomas como: - Taquicardia - Insônia - Irritabilidade - Sensação de ameaça constante Questões Depressão 1- Analise a influência do córtex orbitofrontal na tomada de decisões emocionais e como lesões nessa área podem afetar o comportamento social e emocional. O córtex orbitofrontal (COF) está envolvido na integração de informações emocionais com a tomada de decisões. Ele avalia recompensos e punições, ajudando na escolha de comportamentos apropriados em contextos sociais. Lesões no COF podem levar a impulsividade, dificuldade em avaliar consequências, comportamentos socialmente inapropriados e alterações emocionais, como irritabilidade ou apatia. Isso afeta negativamente o comportamento social e emocional, podendo levar a dificuldades nos relacionamentos e no funcionamento diário. 2 - Explique o papel do córtex pré-frontal na regulação emocional e como disfunções nessa área podem contribuir para distúrbios emocionais como a depressão. O córtex pré-frontal (CPF), especialmente as regiões dorsolateral e ventromedial, regula emoções ao inibir respostas emocionais inadequadas, planejar estratégias adaptativas e reavaliar estímulos negativos. Em casos de disfunção, há dificuldade em modular emoções negativas, o que pode gerar pensamentos ruminativos, desesperança e perda de motivação - características típicas da depressão. A conectividade alterada entre o CPF e outras regiões, como a amígdala, também contribui para a intensificação das respostas emocionais negativas. 3 - Quais são as principais funções do córtex pré-frontal, e como essa região está envolvida na tomada de decisões e no planejamento de ações? O córtex pré-frontal está relacionado a funções executivas: planejamento, controle inibitório, memória de trabalho, atenção e tomada de decisões. Ele permite prever consequências, formular metas e adaptar o comportamento com base em experiências passadas. Durante a tomada de decisões, o CPF avalia opções e controla impulsos, promovendo escolhas racionais. Sua integridade é essencial para comportamentos organizados e direcionados a objetivos. 4 - Qual é o papel do lobo insular na percepção interoceptiva e como essa região cerebral está envolvida na experiência subjetiva de emoções, como dor e empatia? O lobo insular, especialmente a insula anterior, é responsável pela percepção interoceptiva - a consciência das sensações corporais internas (como batimentos cardíacos ou dor visceral). Ele integra essas sensações com emoções, contribuindo para a experiência subjetiva do estado emocional. A ínsula também está envolvida na empatia, ao permitir que uma pessoa compreenda e compartilhe o sofrimento alheio. Assim, é fundamental na dor emocional e na consciência afetiva. 5 - Quais são as principais estruturas do sistema límbico e como contribui para o processamento das emoções, memória e comportamento motivacional? O sistema límbico é um conjunto de estruturas cerebrais interconectadas que desempenham um papel fundamental na regulação das emoções, na formação da memória e no comportamento motivacional. As principais estruturas são: Amígdala: essencial no processamento das emoções, principalmente medo, agressividade e resposta emocional a estímulos ameaçadores. Ela também participa do condicionamento emocional e da modulação da memória emocional. Hipocampo: envolvido na consolidação da memória de curto para longo prazo e na navegação espacial. Trabalha em conjunto com a amígdala para armazenar memórias com carga emocional. Hipotálamo: regula funções autonômicas e hormonais associadas a estados emocionais (como estresse e excitação) e comportamento motivacional (como fome, sede e desejo sexual). Córtex cingulado (especialmente o giro do cíngulo): atua na integração entre emoções e cognição, controle da atenção e resposta a conflitos emocionais. Está ligado à empatia e ao processamento da dor. Área septal e núcleos do septo: associadas ao prazer, recompensa e comportamento social. Corpos mamilares: envolvidos na formação da memória, em especial no circuito de Papez, que conecta várias áreas do sistema límbico. Essas estruturas trabalham em conjunto para integrar estímulos emocionais, sensoriais e cognitivos, modulando a resposta comportamental e a motivação. Disfunções nesse sistema estão associadas a transtornos como depressão, ansiedade, TEPT e dependência química. Esquizofrenia 1- Descreva o trajeto anatômico da via mesocortical, mencionando suas principais estruturas envolvidas, como o núcleo ventral tegmental e o córtex pré-frontal. Correlacione com a esquizofrenia 1. Via Mesocortical: Trajeto Anatômico e Relação com a Esquizofrenia Trajeto Anatômico: • Origem: Núcleo ventral tegmental (VTA), localizado no mesencéfalo. • Projeção: Córtex pré-frontal, especialmente áreas dorsolaterais e ventromediais. • Neurotransmissor principal: Dopamina. Função: • Regulação de funções cognitivas superiores: atenção, julgamento, memória de trabalho, tomada de decisão e comportamento social. Correlações com a Esquizofrenia: • Hipofunção dopaminérgica nessa via está associada aos sintomas negativos da esquizofrenia, como apatia, anedonia, isolamento social e prejuízo cognitivo A B. • A disfunção do córtex pré-frontal também contribui para déficits executivos e desorganização do pensamento C. 2- Explique a anatomia da via mesolímbica, incluindo seu ponto de origem no núcleo ventral tegmental e sua projeção para o núcleo accumbens. Correlacione com a esquizofrenia. 2. Via Mesolímbica: Anatomia e Relação com a Esquizofrenia Trajeto Anatômico: • Origem: Núcleo ventral tegmental (VTA). • Projeção: Núcleo accumbens (parte do sistema límbico), além de conexões com o hipocampo e amígdala. • Neurotransmissor: Dopamina. Função: • Sistema de recompensa, motivação, prazer e reforço de comportamentos. Correlações com a Esquizofrenia: • Hiperatividade dopaminérgica nessa via está ligada aos sintomas positivos da esquizofrenia, como delírios, alucinações e comportamento desorganizado A D. • Essa hiperatividade é o principal alvo dos antipsicóticos, que bloqueiam receptores dopaminérgicos D2. 3- A via dopaminérgica extrapiramidal inclui projeções que envolvem o estriado (núcleo caudado e putâmen) e o globo pálido. Descreva o papel dessas estruturas anatômicas no controle motor e explique como disfunções nessa via podem levar a sintomas motores, como os observados na doençade Parkinson. Correlacione com a esquizofrenia. 3. Via Dopaminérgica Extrapiramidal: Estriado, Globo Pálido e Controle Motor Estruturas Envolvidas: • Estriado: composto pelo núcleo caudado e putâmen. • Globo pálido: dividido em partes interna e externa. • Substância negra (pars compacta): origem da via nigroestriatal. Função: • Coordenação do movimento voluntário e do tônus muscular. • Modulação de circuitos motores via núcleos da base. Disfunções: • Na doença de Parkinson, há degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, levando à redução de dopamina no estriado E. • Isso causa sintomas como bradicinesia, rigidez muscular, tremores e instabilidade postural. Correlações com a Esquizofrenia: • Antipsicóticos que bloqueiam receptores D2 podem afetar essa via, causando efeitos colaterais motores, como parkinsonismo, discinesias e acatisia F. 4- Correlacione as funções anatômicas do córtex pré-frontal e do núcleo accumbensas via mesocortical e mesolímbica. Como essas regiões influenciam a esquizofrenia? 4. Córtex Pré-Frontal e Núcleo Accumbens: Funções e Influência nas Vias Mesocortical e Mesolímbica Córtex Pré-Frontal: • Associado à cognição, planejamento, controle emocional e comportamento social. • Recebe dopamina da via mesocortical. Núcleo Accumbens: • Parte do sistema de recompensa. • Recebe dopamina da via mesolímbica. Influência na Esquizofrenia: • Disfunções no córtex pré-frontal contribuem para sintomas negativos e cognitivos. • Hiperatividade no núcleo accumbens está ligada aos sintomas positivos D C. • O desequilíbrio entre essas regiões pode explicar a complexidade dos sintomas da esquizofrenia. 5- A via dopaminérgica extrapiramidal está envolvida no controle motor involuntário. Descreva como o circuito dopaminérgico que conecta a substância negra ao estriado influencia o tônus muscular e o movimento. Quais alterações anatômicas ocorrem nessa via em doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson? Correlacione com a esquizofrenia 5. Circuito Nigroestriatal: Substância Negra, Estriado e Doença de Parkinson Trajeto Anatômico: • Origem: Substância negra (pars compacta). • Projeção: Estriado (núcleo caudado e putâmen). • Neurotransmissor: Dopamina. Função: • Regula o tônus muscular e inicia movimentos voluntários. • Atua em conjunto com o globo pálido e o tálamo para controlar a atividade motora. Alterações na Doença de Parkinson: • Degeneração da substância negra leva à diminuição de dopamina no estriado E. • Isso resulta em rigidez, tremores e lentidão motora. Correlações com a Esquizofrenia: • Embora a esquizofrenia não cause degeneração da substância negra, os tratamentos dopaminérgicos podem afetar essa via, gerando sintomas motores semelhantes aos da doença de Parkinson F. Estrutura anatômica Principais funções