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GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Ética, Cidadania e Relações interpessoais Unidade 4 – Pesquisa empírica sobre questões éticas na sociedade brasileira Objetivo: Conhecer e comparar as visões da sociedade sobre ética no Brasil ► Pesquisas de opinião sobre dilemas e conflitos éticos. O dia 2 de maio é considerado o Dia Nacional da Ética. Conforme já estudamos nas Unidades anteriores, o conceito envolve um conjunto de regras e preceitos que norteiam um indivíduo ou grupo social dentro da sociedade. O termo - apesar de antigo - ainda hoje gera controvérsias devido às diferenças culturais, sociais, políticas e pessoais de cada indivíduo. Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado. Ao falar de ética estamos falando de nós mesmos, dos grupos dos quais participamos e da sociedade em que vivemos. Podemos analisar vários tipos de ética como, por exemplo: Ética pessoal que diz respeito à ação individual. Ter ética é ter consciência ou caráter. É ter seus valores e princípios fundamentados nas suas convicções e particularidades. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Ética Pública (ou social) que diz respeito à responsabilidade da sociedade como um todo pelo bem comum. Ética Profissional que diz respeito à forma particular de agir da pessoa em sua atividade profissional em benefício da comunidade a que pertence. A Ética do consenso é um conjunto de práticas exercidas pelo individuo com a consciência de sua inclusão social, em seus múltiplos papéis e funções, objetivando a sua realização pessoal. Para a ética do consenso, só há aperfeiçoamento, quando surgem resultados proveitosos para si, com um mínimo de prejuízo para o outro, havendo um máximo de melhoria na vida alheia. Com base nesses preceitos sobre moral e ética nos mais variados segmentos da nossa sociedade, fizemos um levantamento acerca de algumas pesquisas de opinião realizadas por institutos de pesquisas reconhecidos e confiáveis, a fim de identificarmos como as pessoas enxergam e se posicionam em relação aos dilemas éticos enfrentados no campo profissional. Leia e analise com atenção os resultados obtidos nas pesquisas apresentadas. A partir destas análises você poderá perceber em que medida as mudanças vividas em sociedade no campo político, as denúncias de corrupção e o apelo por atitudes ética, por mais justiça, honestidade e solidariedade alteraram a forma como os indivíduos pesam e agem no meio social. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF PESQUISA 1 “Como se proteger de um chefe antiético” Para afastar as solicitações imorais, aprenda com os vampiros Disponível:https://exame.abril.com.br/carreira/como-se-proteger-de-um-chefe-antietico/ Você já se sentiu pressionado a arriscar sua ética no trabalho? Talvez seu chefe lhe peça para mentir e dizer que está em reunião quando na verdade foi jogar golfe, ou um supervisor lhe pede para fazer de conta que não viu quando faltar dinheiro no caixa? Você não está sozinho: cerca de 10% dos funcionários relataram que se sentiram assim em uma pesquisa do Centro de Recursos Éticos em 2013. Maryam Kouchaki, da Kellogg School, quer ajudar as pessoas que trabalham a se sentirem menos impotentes nestas situações: não oferendo uma maneira perfeita de recusar pedidos antiéticos, mas impedindo que os mesmos cheguem a ocorrer. Sua nova pesquisa mostra que exibir um “símbolo moral” como por exemplo um ícone religioso, um poster de uma figura espiritual como Gandhi, ou uma citação eticamente relevante podem servir como uma espécie de amuleto contra a corrupção no local de trabalho. Este recurso funciona tanto para estimular a consciência moral nas outras pessoas quanto para criar a percepção de que a pessoa que o exibe possui um elevado caráter moral. “A ideia é a de que ao ser autenticamente moral, ter orgulho disso e demonstrar esse comportamento pode ter consequências positivas”, diz Kouchaki, professora assistente de gestão e organizações. Um “colar de alho” https://exame.abril.com.br/carreira/como-se-proteger-de-um-chefe-antietico/ http://www.exame.com.br/topicos/etica http://www.exame.com.br/topicos/dinheiro http://www.exame.com.br/topicos/kellogg-school-of-management http://www.exame.com.br/topicos/corrupcao GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Este é o mesmo raciocínio utilizado pelos moradores de vilarejos medievais que, em vez de esperar passivamente que Drácula aterrisasse com suas enormes asas, eles se adornavam com totens mágicos para afastar os vampiros. Embora ninguém tenha elaborado ainda um estudo avaliado por pares sobre a eficácia protetora de crucifixos e da água benta, Kouchaki e Sreedhari Desai, da Kenan-Flagler Business School da UNC, realizaram seis estudos para testar essa hipótese. As autoras publicaram os resultados em um novo estudo na Academy of Management Journal, “Símbolos morais: Um colar de alho contra solicitações antiéticas”. “Ouvimos diversas histórias de pessoas dizendo que tinham que agir de forma antiética para manter seus empregos. Era pedido a essas pessoas que agissem anti-eticamente e não viam forma de recusar”, diz Kouchaki. “Queríamos descobrir se existe uma maneira de alguém dizer não de forma sutil, porém eficaz, evitando assim a ocorrência destas situações difíceis”. Quando o dinheiro e a moralidade vão de encontro em si Em uma das análises do estudo, 148 universitários foram convidados a jogar um jogo com prêmios em dinheiro. Foi dito a cada participante de que ele iria supervisionar outros dois companheiros de equipe, “Pat” e “Sam”. (Na realidade, Pat e Sam eram fictícios.) Em seguida, os participantes tiveram acesso a e-mails em que seus companheiros se apresentaram. Para alguns participantes, o e-mail de apresentação de Pat continha uma citação com temática moral. Para outros, não. O e-mail de Sam não continha nenhuma citação. “É melhor o fracasso com honra do que o sucesso pela fraude” foi a citação cuidadosamente escolhida para parecer ao mesmo tempo discreta e adequada para um ambiente empresarial, diz Kouchaki. “Não é super virtuosa, porque não queríamos que a pessoa inspirasse desprezo nas demais se passando pela mais certinha, e porque queríamos que parecesse realista e natural”. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF No jogo, os participantes tiveram que decidir se um companheiro da equipe enviaria uma mensagem honesta ou enganosa para a outra equipe, bem como qual companheiro da equipe a enviaria. Os participantes foram informados de que a mensagem honesta provavelmente faria com que a equipe perdesse US$18 dos seus ganhos, enquanto a mensagem enganosa provavelmente resultaria em uma perda de apenas US$3 para a equipe. Em ambos os casos, o subordinado que enviaria a mensagem não saberia se era enganosa ou não. 64% dos participantes não expostos à citação ética optaram por enviar a mensagem enganosa, enquanto apenas 46% das pessoas que viram a citação ética fizeram o mesmo. Não só isso, mas aqueles que viram a citação ética e ainda assim decidiram enviar a mensagem enganosa erammais propensos a escolher Sam (cujo e-mail não continha citação) como mensageiro. A experiência subsequente encontrou efeitos protetores semelhantes para avatares, quando usaram camisetas com os nomes de sites de Internet (YourMorals.org, por exemplo) impressos nelas. Isso significa que o colar de alho funcionou. “Temos a tendência de evitar sujar coisas limpas”, diz Kouchaki, apontando para a literatura antropológica e psicológica que sugere que as pessoas acham intrinsecamente imoral danificar objetos ou seres tidos como puros. Os participantes do estudo podem ter evitado pedir ao subordinado que consideravam moralista realizar uma tarefa imoral porque isso teria sido duplamente imoral. Ou, ela salienta, simplesmente pode ser que, ver um símbolo moral, de forma consciente ou inconsciente, aumenta a consciência moral na pessoa que o vê. Levando para o mundo real GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Para testar essas descobertas em campo, Kouchaki e Desai realizaram uma pesquisa com 104 pares de chefes-subordinados de uma variedade de organizações na Índia, onde ícones religiosos são frequentemente exibidos no trabalho. A pesquisa perguntou aos chefes sobre o desempenho do seu subordinado no trabalho, o relacionamento com o chefe, a tendência a exibir símbolos morais e o caráter moral. Enquanto isso, os subordinados foram questionados sobre a frequência com que seus chefes os orientavam de forma antiética, bem como a frequência com que seus chefes paravam em suas mesas. As autoras descobriram que os subordinados que exibiam símbolos morais eram mais propensos a serem considerados pelos seus supervisores como tendo caráter moral elevado, e tinham menos probabilidade de serem requisitados a comprometer seus padrões morais no trabalho. Não só isso, mas “nós não descobrimos nenhuma possível reação adversa e nenhuma diferença nas avaliações de desempenho”, diz Kouchaki. Em outras palavras, exibir símbolos morais não parece ter afetado negativamente os sentimentos dos chefes em relação ao subordinado. Da mesma forma, quando os participantes da experiência do e-mail foram questionados se achavam que os e-mails de Sam e Pat tinham afetado sua decisão de repassar mensagens éticas ou antiéticas, nenhum dos participantes disse que os e-mails tinham sido um fator relevante. Isso não deve ser ignorado. A pesquisa do Centro de Recursos Éticos descobriu que 21% dos funcionários que relataram má conduta disseram que sofreram retaliação. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF E qual a amplitude da proteção de um crucifixo ou de um poster de Ghandi? Kouchaki observou rapidamente que a pesquisa se concentra principalmente em comportamentos antiéticos relacionados a dinheiro. É necessário mais pesquisa para determinar se os símbolos morais podem proteger contra outros tipos de corrupção, como a discriminação racial ou assédio sexual. Ela acredita que eles podem proteger. “Não há pesquisas suficientes sobre como pessoas sem poder podem fazer a diferença”, diz Kouchaki. “Queremos que as pessoas sintam que, independente do que aconteça, elas têm controle sobre estas situações, e que elas podem fazer algumas coisas para evitar comportamentos questionáveis por parte de outras pessoas”. Texto publicado com a permissão da Northwestern University (em representação da Kellogg School of Management). Publicado originalmente no Kellogg Insight. PESQUISA 2 “Brasileiro ficou mais ético no trabalho após Lava Jato? Estudo explica as mudanças” As empresas devem utilizar todos os recursos disponíveis para potencializarem essa mudança Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/brasileiro-ficou-mais-etico-no- trabalho-apos-lava-jato-estudo-explica-as-mudancas/ A implementação da Lei Anticorrupção e o andamento das investigações da Lava Jato reforçaram a preocupação das empresas com as questões éticas. Mas, na prática, como reage o profissional brasileiro diante da corrupção, fraude, desvios e má-conduta? Segundo um estudo realizado pela http://insight.kellogg.northwestern.edu/ https://www.infomoney.com.br/carreira/brasileiro-ficou-mais-etico-no-trabalho-apos-lava-jato-estudo-explica-as-mudancas/ https://www.infomoney.com.br/carreira/brasileiro-ficou-mais-etico-no-trabalho-apos-lava-jato-estudo-explica-as-mudancas/ GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF consultoria global Protiviti, houve impacto positivo sobre as atitudes dos brasileiros no ambiente corporativo. A pesquisa indica como os funcionários se posicionam quando estão expostos a dilemas éticos existentes no seu dia a dia do trabalho. De acordo com o levantamento, 47% dos trabalhadores denunciam atos irregulares no ambiente organizacional, enquanto 53% apresentam resistências por medo das possíveis consequências. Na pesquisa anterior, de 2015, os números apresentados eram de 40% e 60% respectivamente. Esse crescimento de 17,5% de pessoas que denunciam atos ilícitos mostra que as pessoas começam a enxergar que a conveniência a atos antiéticos tem causas externas. “Embora as empresas estejam cada vez menos tolerantes a atos antiéticos e o profissional sinta que pode ser prejudicado por saber da ocorrência de ilicitudes e se omitir, o medo de exposição e retaliação por denunciar ainda está presente, mas a divulgação constante da Lava Jato promove a conscientização sobre a queda da impunidade em relação a atitudes não éticas”, explica Antonio Carlos Hencsey, líder da prática de Ética & Compliance na Protiviti. O estudo também observa que 15% dos profissionais avaliados têm baixa flexibilidade moral, ou seja, apresentam valores morais internalizados e sólidos. Já 35% tem uma flexibilidade moral média baixa, ou seja, seus valores morais ainda são sólidos e estão ancorados num contexto afetivo-social maior, como família e amigos. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Outros 36% apresentam média flexibilidade, o que indica que possuem tendência a agir de forma correta, porém, em situações de pressão e não identificação de uma saída correta podem flexibilizar sua conduta. “Esses percentuais mostram que, caso a empresa estimule e dê condições para que ações éticas sejam tomadas, como um canal de denúncia anônimo, que contempla processos investigativos e tratamentos adequados, políticas claras e reflexões sobre ética frequentes, 86% da população interna tenderiam a agir de acordo com o que é correto. Neste cenário, apenas 14% da população apresentaria um perfil somado de média alta e alta flexibilidades apresentando maior probabilidade de riscos. Porém, em empresas que não oferecem condições para que as pessoas se posicionem em relação a atitudes ilícitas, os 36% com média flexibilidade tenderiam a compactuar com atitudes ilícitas mesmo que não concordando com elas, elevando para 50% o potencial de risco vindo dos colaboradores”, explica Hencsey. Outros índices positivos trazidos na pesquisa são que 63% dos respondentes não repassam dados sigilosos por medo de serem prejudicados no mercado de trabalho ou pegos atuando de forma irregular. Esse mesmo percentual (63%) dos entrevistados também não furtariam ou fariam mau uso dos bens materiais da empresa com receio de forte condenação social. No quesito pagamentos e recebimentos ilícitos, 57% dos trabalhadores respondentes afirmaram que esta prática não faz parte de suas relações profissionais por receio de serem punidos, sem, contudo, demonstrarem um distanciamento moral relevante com essa prática. Além disso, a gratificação indevida é vista com maus olhos para 56%dos profissionais entrevistados pela Protiviti. GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF Vale ressaltar que quando abordados sobre o receio da punição em reportar aos superiores os erros próprios ou de terceiros, 66% dos profissionais deixam de denunciar. Isso mostra que ainda há falta de visão do colaborador sobre as consequências futuras pela omissão do ato e o descomprometimento em não se envolver com a missão e os valores da empresa. A consultoria afirma que a análise deste ano traz duas conclusões inéditas. A primeira delas é que os profissionais brasileiros estão mais atentos a este momento nacional, e as empresas devem utilizar todos os recursos disponíveis para potencializarem essa mudança. O segundo ponto está relacionado a uma nova maneira das companhias avaliarem os candidatos e colaboradores frente a dilemas éticos por meio de metodologias diferenciadas. PESQUISA 3 “Ações antiéticas tendem a ser aceitas por brasileiros” Teste de integridade mostra que 46% desviariam bens de suas companhias ou não denunciariam colegas Disponível em: http://www.3gconsultoria.com.br/noticias/acoes-antieticas-tendem-a-ser- aceitas-por-brasileiros/ Pesquisa divulgada nesse começo de ano pelo jornal Valor Econômico joga um balde de água fria em quem imaginava um resultado mais promissor para as lições anticorrupção da já histórica Operação Lava-Jato. Ela mostra que ações antiéticas tendem a ser aceitas por brasileiros. Quase metade dos profissionais (46%) submetidos a um teste de integridade demonstra ter tendência a sucumbir a desvios ou a não denunciar colegas que desviam bens http://www.3gconsultoria.com.br/noticias/acoes-antieticas-tendem-a-ser-aceitas-por-brasileiros/ http://www.3gconsultoria.com.br/noticias/acoes-antieticas-tendem-a-ser-aceitas-por-brasileiros/ https://valor.globo.com/ GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF da empresa. Além disso, 48% manipulariam relatórios de despesas pagas pela companhia com o intuito de ganhar mais. Na mesma pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC), dois terços dos entrevistas (66%) demonstraram ter tendência a realizar pagamentos indevidos para beneficiar fornecedores, e somente 29% percebem que pagamentos indevidos a terceiros são uma modalidade de fraude. O jeitinho sobrevive “Muitas pessoas não cometem a fraude diretamente, mas se percebem um colega fazendo não interferem. Isso tem muito a ver com a nossa cultura, a ideia do jeitinho brasileiro, de aceitar ações antiéticas desde que elas não afetem diretamente a vida da pessoa”, comenta Renato Santos, diretor acadêmico do IPRC e professor de compliance no Ibmec, Gipecafi, Fecap, FIA e Trevisan Escola de Negócios. Lançado em 2018, o instituto é resultado de uma parceria entre a S2 Consultoria e a Meu Estúdio, produtora de conteúdo de comunicação corporativa e reúne especialistas da academia e do mercado. Para chegar aos números da pesquisa, o instituto aplicou um teste desenvolvido por Santos chamado Potencial de Integridade Resiliente (PIR), em 2.435 profissionais de 24 empresas. Eles foram submetidos a um extenso questionário que simula dilemas éticos e expõe o entrevistado a diferentes situações de corrupção, apropriação indevida e fraudes. Cultura do suborno Santos explica que as perguntas não são diretas, do tipo “você aceitaria suborno?”. Os temas são abordados de forma sutil – como na pergunta “se você recebesse presente de um fornecedor na sua casa como você se sentiria? Feliz ou irritado?” Questões nessa linha são https://www.iprcbrasil.com.br/ GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF feitas repetidas vezes para que se consiga realmente identificar a visão do entrevistado sobre o assunto. A precisão do PIR é de 82%. Em outra questão, o entrevistado responde à pergunta “o que te impediria de aceitar suborno”. “Se a pessoa colocar o medo de ser pega ou fato de ter um bom salário, isso indica que dependendo da situação ela pode aceitar”, diz. Regras claras Nesse cenário de índices tão elevados de tendência a aceitar desvios éticos no trabalho, a saída é a empresa ter um conjunto de regras de compliance e apresentá-lo ao funcionário logo que ele entra. “Às vezes, ele vem de uma empresa onde essa cultura é aceita, então é importante alinhar com ele o que a empresa não tolera em termos de política de compliance”, afirma. Além disso, é necessário trabalhar o tema continuamente na organização. Por fim, um terceiro ponto é a manutenção de um canal de denúncias seguro e confidencial. “É fundamental dar ao funcionário a possibilidade de denunciar de forma anônima e sem qualquer tipo de retaliação.” Longo caminho Para Gino Oyamada, diretor da 3G Consultoria, o país avançou de forma importante nos últimos anos, em direção a um ambiente corporativo e político mais ético. Foram vitais para isso instrumentos como a Lei Anticorrupção, que acaba de completar três anos de vigência, e a Lei das Estatais. Também cabem méritos aos esforços da força-tarefa que levou a cabo a gigantesca investigação conhecida como Operação Lava-Jato, responsável por desbaratar quadrilhas de http://www.3gconsultoria.com.br/ GDF - SEEDF – CRE-PP CEJAEP EAD Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília-DF corruptores e corruptos na esfera pública e na privada, por dezenas de prisões e pela recuperação de grandes valores para os cofres públicos. Mas ainda há muito por fazer e para conquistar. “Esse é um esforço que cabe à toda sociedade. Mas sem dúvida as empresas e seus gestores têm uma grande responsabilidade em suas mãos, pela capacidade de construir bons exemplos e gerar resultados que sirvam de exemplo para todos. Só as empresas com boa governança serão capazes de reverter essa tendência perniciosa, e de sobreviver em um mundo que cobra cada vez mais caro pela licença social para atuar”, alerta Oyamada. Leia mais em https://glo.bo/36tMjAB Sobre a falta de ética que assola a nossa sociedade, Leonardo Boff (2016) explica que essa “se revela nas mínimas coisas, desde as mentirinhas ditas em casa aos pais, a cola na escola ou nos concursos, o suborno de agentes da polícia rodoviária quando alguém é surpreendido numa infração de trânsito até em fazer pipi na rua”. Segundo o autor, para superarmos a crise da ética não bastam apelos, mas uma transformação da sociedade. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2020/01/06/brasileiros-tendem-a-aceitar-acoes-antieticas.ghtml