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Orçamento Público 1. Introdução O orçamento público é o instrumento que planeja e controla as receitas e despesas do governo em determinado período — normalmente, um ano. Ele mostra como o Estado arrecada recursos (impostos, taxas, contribuições) e onde pretende aplicá-los (educação, saúde, segurança, infraestrutura etc.). Em resumo, o orçamento público é o plano financeiro do governo, aprovado pelo Poder Legislativo e executado pelo Poder Executivo. 2. Funções do Orçamento Público O orçamento público tem três funções principais, segundo a teoria econômica: a) Função alocativa Busca alocar recursos para atender às necessidades coletivas — como escolas, hospitais, saneamento e transporte público. b) Função distributiva Visa reduzir desigualdades sociais e regionais por meio de políticas públicas (transferência de renda, subsídios, investimentos regionais etc.). c) Função estabilizadora Utiliza os gastos e arrecadações públicas para manter o equilíbrio econômico, controlando inflação, desemprego e crescimento. 3. Estrutura do Orçamento Público O orçamento é composto por receitas e despesas. Receitas públicas São os recursos que entram nos cofres do governo. Dividem-se em: • Receitas correntes: impostos, taxas, contribuições, transferências. • Receitas de capital: empréstimos, venda de bens públicos e recebimento de dívidas. Despesas públicas São os gastos do governo para manter o funcionamento do Estado e realizar políticas públicas. Classificam-se em: • Despesas correntes: pagamento de pessoal, manutenção de serviços, juros da dívida. • Despesas de capital: investimentos, obras, compra de equipamentos, amortização de dívidas. 4. Princípios Orçamentários O orçamento público segue princípios legais e técnicos para garantir transparência e controle: 1. Legalidade: o orçamento só pode ser executado após aprovação por lei. 2. Anualidade: é válido por um exercício financeiro (geralmente, o ano civil). 3. Publicidade: deve ser acessível à população. 4. Equilíbrio: as despesas não devem ultrapassar as receitas. 5. Exclusividade: o orçamento deve conter apenas assuntos financeiros. 6. Universalidade: todas as receitas e despesas públicas devem ser incluídas. 5. Ciclo Orçamentário O ciclo orçamentário é o processo que envolve a elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento. Etapas: 1. Elaboração – O Poder Executivo prepara a proposta orçamentária. 2. Aprovação – O Poder Legislativo analisa, discute e aprova a proposta (transformando-a em lei). 3. Execução – O governo arrecada receitas e realiza despesas conforme o orçamento aprovado. 4. Controle e avaliação – Realizado pelos tribunais de contas, parlamento e sociedade civil, para garantir transparência e correção de desvios. 6. Instrumentos do Planejamento Orçamentário No Brasil, o orçamento público é parte de um sistema de planejamento governamental, composto por três leis principais: a) PPA (Plano Plurianual) Define as diretrizes, objetivos e metas do governo para um período de quatro anos. b) LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) Estabelece as prioridades e metas para o ano seguinte e orienta a elaboração do orçamento anual. c) LOA (Lei Orçamentária Anual) É a lei que detalha todas as receitas e despesas do governo para o ano. A LOA é elaborada com base nas orientações do PPA e da LDO. Resumo da hierarquia: PPA → define objetivos de médio prazo (4 anos) LDO → orienta o orçamento do ano seguinte LOA → executa o orçamento anual 7. Controle e Transparência O orçamento público deve ser controlado e fiscalizado para garantir que o dinheiro público seja usado corretamente. Os principais órgãos de controle são: • Tribunais de Contas (TCU, TCEs) • Controladorias (CGU, CGEs) • Ministério Público • Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleias, Câmaras) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (Lei Complementar nº 101/2000) também estabelece regras rígidas de gestão fiscal, exigindo: • Limites para gastos com pessoal e endividamento; • Transparência na execução orçamentária; • Responsabilidade dos gestores públicos. 8. Importância do Orçamento Público O orçamento é fundamental porque: • Permite planejar as ações do governo. • Garante transparência e controle social dos gastos. • Promove equilíbrio entre arrecadação e despesa. • Serve como instrumento de política econômica e social. Em uma democracia, o orçamento público é também uma forma de participação cidadã, pois reflete as prioridades da sociedade na aplicação dos recursos. 9. Conclusão O orçamento público é o coração da administração financeira do Estado. Mais do que um documento contábil, ele expressa as escolhas políticas, econômicas e sociais de um governo. Sua boa gestão garante eficiência, transparência e justiça social, assegurando que os recursos públicos retornem em benefícios para toda a população.