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Recursos ergogênicos e doping
Compreensão geral sobre a utilização lícita ou ilícita de recursos ergogênicos, com seus respectivos
conceitos, aplicações, protocolos e contraindicações para praticantes de atividades físicas e atletas.
Prof. Daniel Ronaldo Chreem
1. Itens iniciais
Propósito
Discutir as bases gerais da suplementação de recursos ergogênicos de acordo com suas definições, origens,
estruturas, funcionalidades, riscos, benefícios e protocolos de utilização para prescrição dietética/médica, no
intuito de aprimorar o preparo ou a recuperação de indivíduos praticantes de esportes.
Objetivos
Analisar conceitos e critérios sobre doping esportivo para prescrição de recursos ergogênicos segundo
a Legislação Nacional.
 
Identificar suplementos nutricionais de origem proteica com fins ergogênicos.
 
Examinar suplementos nutricionais estimulantes, termogênicos ou com finalidade de redução adiposa.
Introdução
A indústria de suplementos alimentares e fitoterápicos cresce continuamente, uma vez que a busca por
soluções mais ágeis, que respondam aos anseios estéticos, esportivos ou clínicos, mantém demanda
crescente na sociedade. Contudo, ainda há extrema controvérsia sobre o consumo de diversos produtos, seja
por limitação nas evidências científicas, no público-alvo ou mesmo nos riscos potenciais. Comumente,
suplementos nutricionais ou outros agentes farmacológicos são denominados como recursos ergogênicos,
porque alguns ativos parecem melhorar a performance humana, seguindo protocolo prescricional seguro e
organizado.
 
Ampliadamente, é de profundo interesse da sociedade (acadêmica ou não) trazer luz sobre o que a legislação
vigente permite ou proíbe, bem como o que fontes científicas pujantes esclarecem sobre a segurança, origem,
estrutura, mecanismos de ação, efeitos (benéficos ou deletérios) e formas de ingestão de diversos agentes
ditos ergogênicos.
 
Sendo assim, neste conteúdo, vamos debater sobre o uso, por vezes, indiscriminado, de recursos ergogênicos
e suas consequências legais, esportivas ou envolvidas em fitness e wellness. A partir disso, apontaremos
critérios e métodos de prescrição dos suplementos nutricionais mais utilizados e buscados pelo mercado.
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1. Conceitos e critérios sobre doping esportivo
Recursos ergogênicos
Por definição, o termo ergogênese abarca o prefixo "ergo"
(proveniente do grego ergon, com significado de trabalho,
emprego ou labor) e o sufixo "gênese" (que exprime ideia
de desenvolvimento, síntese, produção ou origem).
Na conjuntura esportiva, ergogênese pode ser atribuído
como uma técnica ou substância utilizada com propósito de
aprimorar o rendimento atlético, melhorando valências
esportivas como velocidade, potência, força, resistência ou
hipertrofia muscular.
Atenção
Nem todo agente ergogênico pode ser considerado seguro, lícito, justificado, legítimo ou legal. Existem
suplementos nutricionais, concentrados fitoterápicos, drogas e fármacos que podem apresentar
potenciais danos à saúde humana e/ou vantagens esportivas ilegais, tais como hormônios anabolizantes
esteroides e infusão sanguínea. 
Nesse contexto, suplementos nutricionais podem, por vezes, ser tratados erroneamente como sinônimo de
recursos ergogênicos, uma vez que nem todos geram melhores condições de desempenho humano
metrificáveis ou asseguradas pela literatura. Antes do interesse prescricional de suplementos nutricionais no
esporte, é necessário compreender se o recurso será, de fato, ergogênico ou estratégico em suas finalidades.
 
Outro ponto importante reside no fato de que diversos recursos podem ser classificados como ergogênicos,
mesmo não tendo classificação de componente nutricional, como, por exemplo: os recursos ergogênicos
farmacológicos, psicológicos, fisiológicos e mecânicos.
Agentes ergogênicos mecânicos
Qualquer tipo de equipamento ou ferramenta utilizada durante o exercício com a finalidade de melhorar
valências esportivas pode ser considerado como agente ergogênico mecânico.
O uso de roupas de neoprene entre nadadores e surfistas, bastões de apoio para modalidades na neve,
sapatilhas entre velocistas e luvas entre levantadores de peso são alguns dos vários exemplos de auxílio
esportivo através de vestimentas ou materiais usados no exercício físico.
É muito comum observar, por exemplo, melhoria de performance esportiva entre corredores que utilizam
roupas de compreensão no esporte. Isso porque esse tipo de vestimenta reduz consideravelmente o nível de
oscilação do deslocamento muscular em altas velocidades ou no movimento de explosão.
Agentes ergogênicos farmacológicos
O aumento do nível de exigência competitiva em esportes de elite costumeiramente leva atletas a buscar
quaisquer meios de melhorar seu rendimento e sobressair aos seus adversários. Nesse sentido, o consumo de
fármacos e drogas lícitas ou ilícitas cresce consideravelmente no intuito de ergogenia.
 
Dentre esses ativos químicos, os mais usados são:
 
Hormônios esteroides androgênicos anabolizantes;
 
Hormônio do crescimento (GH);
 
Anfetaminas;
 
Eritropoietina (EPO).
 
Adicionalmente, a procura por ergogênicos farmacológicos não é limitada (e crescente) apenas em atletas
profissionais: praticantes de atividades físicas de diferentes faixas etárias fazem parte de uma grande fatia do
mercado de uma indústria que já é considerada multimilionária.
Curiosidade
Em um estudo realizado com 117 pessoas, entre estudantes e professores de Educação Física, em uma
amostragem de 43 academias de Belém/PA, foi constatado que aproximadamente 70% dos indivíduos
buscaram deliberadamente adquirir e consumir um ou mais hormônios anabolizantes. Nesse estudo,
conduzido por Abrahin et al. (2013), entre os participantes que confirmaram fazer uso de anabolizantes
androgênicos, as maiores justificativas foram condições dissociadas do esporte, como intuito estético
(76%) e/ou finalidades de marketing profissional pessoal (24%). 
Agentes ergogênicos psicológicos
A sensação de bem-estar pessoal, em uma condição confortável e motivadora, pode ampliar a capacidade
atlética em indivíduos engajados em esporte. Alguns fatores psicológicos parecem melhorar consistentemente
o resultado esportivo, tais como a realização de treinos com estímulos sonoros ou competir em ambientes
agradáveis (como equipes de esportes coletivos que participam de partidas sob seus domínios locais).
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Ouvir música tem sido uma estratégia ergogênica
psicológica eficaz para reduzir a percepção da fadiga.
Além disso, o indivíduo tenta sincronizar seus movimentos ao ritmo da música e, dessa forma, associa as
batidas por minuto da canção com sua velocidade, especialmente, em exercícios de ciclismo e corrida.
Agentes ergogênicos fisiológicos
A adaptação ou os métodos de treinamento no esporte são considerados recursos ergogênicos fisiológicos,
uma vez que a padronização de séries individualizadas e a execução de exercícios em ambientes diversos −
com variações de temperatura, umidade relativa do ar e altitude − geram mudanças fisiológicas nos sistemas
corporais, destacadamente nos sistemas muscular e cardiovascular.
 
A adaptação fisiológica induzida por condições ambientais é denominada de aclimatação. Em suma, a
aclimatação gera mudanças positivas que acabam melhorando o desempenho físico em médio prazo e
preservando mais o desgaste corporal inerente ao esporte, destacando-se:
Redução da frequência cardíaca
submáxima.
 
Melhor controle da sudorese e da
atividade hipotalâmica da temperatura
central corporal.
 
Aumento do volume plasmático.
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Diminuição da excreção eletrolítica, especialmente, do sódio.
 
Menor fluxo sanguíneo cutâneo.
 
Aumento da síntese de proteínas de choque térmico, fundamentais para responder frente ao estresse
fisiológico.
A aclimatação, portanto, aperfeiçoa condições fisiológicas relacionadas ao treinamento, permitindo que o
indivíduo tenha melhor desempenho atlético por limitar o excesso de atividade termorregulatória, respiratória,
metabólica, cardíacaapresentam respostas de ganho de força, mas não necessariamente
aumento de volume muscular. Essa ingestão é interessante, portanto, para atletas cujo controle de peso e
volume corporal seja necessário, tais como lutadores e remadores ou canoístas (para não aumentar o peso da
soma embarcação-atleta).
 
Os resultados mais interessantes, porém, desse tipo de resposta na potência e na força muscular de atletas
parece estar necessariamente indicado à suplementação de 0,05 g de arginina/kg de peso/dia, em
combinação com doses de BCAA, citrulina e ornitina. Segundo Castell et al. (2009) e Centeno et al. (2017),
também é possível encontrar certa consistência de resultados da suplementação conjunta de arginina,
ornitina, citrulina e BCAA na recuperação de atletas de endurance em estado de overtraining.
 
O nitrato também é capaz de ter interferência na produção de NO endógena, principalmente em condições de
claudicação da oferta de oxigênio durante a prática esportiva. A dieta pode ser um fator determinante na
presença endógena de nitrato, especialmente por conta de suas principais fontes alimentares, como alguns
vegetais − aipo, beterraba, espinafre, alface, rúcula, agrião etc. Por exemplo, 100 g de beterraba in natura
apresenta 250 mg de nitrato em 100 g de alimento.
 
A Tabela 10 apresenta concentração média de nitrato encontrado a partir da origem dietética de alguns
alimentos:
Alimento Nitrato (µg/mL)
Beterraba (suco) 476
Beterraba (em pó) 16.478
Aipo (suco) 255
Aipo (pó) 716
Espinafre (pó) 28.867
Tabela 10: Conteúdo de nitrato em alguns alimentos-fonte.
Adaptado de: Shah et al. (2013, p. 3).
Curiosamente, a síntese de NO tem relação com a presença de micro-organismos no trato gastrointestinal
com capacidade de converter e alterar nitrato e nitrito gasoso (tanto na saliva como no estômago) em NO.
Adicionalmente, ao contrário da suplementação de arginina, a ingestão de nitrato via dieta ou suplemento tem
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maior eficiência para melhora no desempenho físico e recuperação da fadiga, ao reduzir o custo da oxidação
de oxigênio no metabolismo aeróbico e aumentar a tolerância ao esforço. As principais respostas de
desempenho esportivo avaliadas sobre o consumo ou a suplementação de nitrato estão associadas a
indivíduos treinados, geralmente atletas de alto desempenho, e os resultados mais marcantes são:
 
Melhora do tempo e da distância percorrida até a exaustão.
 
Aumento da atividade e função de fibras musculares de contração rápida, favorecendo aumento de
explosão e torque.
Recomendação
Em média, recomenda-se a suplementação de doses de 5 a 9 mmol (310-560 mg) ao dia, durante 3 a 6
dias, cerca de 2 a 3h antes do treino-alvo. Outra estratégia pode residir na oferta de 8 a 10 mg de nitrato
de sódio ou nitrato de potássio por Kg de peso ao dia, antes do exercício, de acordo com Jones (2014) e
Maughan et al. (2018). 
BCAA
 
A denominação de BCAA advém da sua estrutura ramificada no radical R acoplado ao carbono central
assimétrico dos seus constituintes leucina, isoleucina e valina. Os BCAA são aminoácidos essenciais, portanto,
obrigatoriamente devem constar na dieta humana, pois não são fabricáveis pelo organismo.
De modo geral, as fontes de carnes, ovos e
leites e derivados fornecem cerca de 15 a 20 g
de BCAA em 100 g de fonte alimentar.
Bioquimicamente, os BCAA têm papel de
grande importância no metabolismo energético
intramuscular esquelético, em especial na
transaminação com cetoácidos de cadeia
ramificada (BCKA) e glutamato, gerando a
amônia como subproduto dessa reação. Além
disso, níveis controlados de BCAA no sangue
interferem diretamente sob o estado de fadiga
central durante o exercício físico. Isso ocorre
pois existe uma competição na barreira
hematocefálica neural entre BCAA e
aminoácidos aromáticos (AAA), com destaque
ao triptofano.
Caso ocorra redução nos níveis de BCAA sérico, geralmente em direção ao suprimento energético do tecido
muscular esquelético intraexercício, as concentrações de triptofano neurais costumam aumentar, gerando,
como consequência, o aumento da síntese de neurotransmissor 5-hidroxi-triptofano (5-HTP ou serotonina). A
serotonina tem como característica principal a geração de sensação de bem-estar por relaxamento neural,
sendo assim contraproducente ao intuito ergogênico estimulante necessário para o prolongamento da
duração de exercícios físicos.
 
Geralmente, a ingestão de BCAA isolado parece ser mais eficiente para combater efeitos seretoninérgicos
deletérios, em função da redução de BCAA sérico em atividades de endurance e ultraendurance. No entanto,
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em consensos da literatura científica contemporânea está estabelecido que a suplementação isolada de
BCAA, isto é, sem a presença dos demais AAE, não é capaz de gerar SPM e, portanto, resposta de ganho
direto de força, hipertrofia ou potência muscular.
Recomendação
As doses de suplementação de BCAA recomendadas para redução de indução à fadiga central são de
0,03 a 0,05 g/kg de peso por hora de treinamento ou 2-4g/h de treino, ingerida preferencialmente na
proximidade ou durante o exercício. O consumo pós-treino pode ser indicado, contato que exista
cuidado na ingestão conjunta de proteínas completas − se o interesse for de aumento da SPM e levando
em consideração que fontes proteicas dietéticas de alto valor biológico já contêm concentração razoável
de BCAA. 
Embora os BCAA sejam naturalmente circulantes e seu consumo possa parecer inofensivo, doses elevadas de
suplementação isolada (geralmente, entre 10-30g) parecem interferir na uragênese, no estímulo
insulinotrópico ou mesmo na variação pressórica.
A importância da suplementação proteica para hipertrofia muscular
O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre a importância da suplementação proteica para hipertrofia
muscular
Conteúdo interativo
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Na maioria das vezes, a busca do consumidor esportista por suplementos de origem proteica
tem o intuito de aumento de massa muscular. A hipertrofia muscular é resultado do aumento
do volume da fibra muscular, gerado pela combinação de incremento da síntese proteica
muscular (por balanço nitrogenado positivo), boa presença de aminoácidos disponíveis no
sangue e concentração regulada de hormônios anabólicos endógenos (principalmente insulina
e somatomedina-C). Sobre a oferta de proteínas da dieta para síntese proteica muscular, é
correto afirmar que:
A
A suplementação de proteínas completas costuma ser mais eficiente para indução da síntese proteica
muscular que a ingestão de proteínas da dieta.
B
Dentre as proteínas que podem ser suplementadas para estímulo da síntese proteica muscular, a ovoalbumina
e as proteínas do soro do leite (whey protein) entregam melhores resultados para hipertrofia muscular.
C
Independentemente do tipo de oferta de proteínas completas (seja por dieta ou suplemento), o mais
importante para síntese proteica muscular é ter quantidades relevantes de aminoácidos essenciais disponíveis
no sangue.
D
A suplementação de proteínas completas com glutamina e carboidratos costumam aumentar a síntese
proteica muscular.
E
Proteínas vegetais são incapazes de direcionar síntese proteica muscular.
A alternativa C está correta.
Não há nenhuma condição fisiológica que favoreça ou que obrigue a ingestão de suplementos nutricionais
frente ao consumo adequado de proteínas da dieta. Embora o whey protein e a ovoalbumina sejam
proteínas de altíssimo valor biológico, ambas não induzem maior formação de massa muscular que demais
fontes completas de aminoácidos essenciais. Seu diferencial está na velocidade absortiva dos nutrientes,
acelerando recuperação esportiva. Tanto a glutamina como os carboidratos não têm interferência
significativa no aumento do fluxo de aminoácidos essenciais na fibra muscular, e a soja, como proteína
vegetal, tem perfil de aminograma essencial completo.
Questão 2
Alguns aminoácidos, peptídeos e derivados proteicos podem ser utilizados comoagentes
ergogênicos na busca pelo aumento de valências esportivas que possam gerar melhora de
performance atlética. Observe as alternativas a seguir e assinale a correta:
A
A suplementação isolada de arginina é eficiente para aumento de massa muscular esquelética.
B
A suplementação de BCAA antes e após o exercício físico gera aumento da síntese proteica muscular.
C
A creatina monohidratada não gera diretamente aumento da síntese proteica muscular.
D
O nitrato é um agente vasoconstritor importante para retardar a presença de oxigênio e nutrientes no
músculo.
E
A glutamina consiste em um recurso ergogênico imprescindível para o aumento de força pós-treino.
A alternativa C está correta.
A creatina é um aminoácido não proteicogênico fosforilado na mitocôndria da fibra muscular. É endereçado
ao sarcoplasma, na forma de fosfocreatina (PCr), para o metabolismo anaeróbico alático em exercícios de
curta duração e alta intensidade.
3. Suplementos nutricionais estimulantes
Lipólise, oxidação lipídica e emagrecimento
Geralmente, o excesso de provisionamento energético através da dieta resulta na produção de lipídios de
armazenamento conhecidos como triglicerídeos (TG). A síntese de TG ocorre pela união de 3 ácidos graxos
livres e uma molécula de glicerol. A ingestão exagerada de quaisquer macronutrientes é capaz de desenvolver
mecanismos de produção de substratos para formação dos TG.
Essa molécula de grande densidade energética pode ser localizada em diversos sítios corporais, seja
circulando pelo sangue ou depositada nos tecidos hepático, muscular ou em seu local de abundância: no
tecido adiposo. Na composição corporal humana, existem locais de maior concentração de tecido
adiposo, que, por sua vez, contém significativa quantidade de TG.
É possível encontrar quantidade razoável de tecido adiposo na região hipodérmica/subcutânea com certa
quantidade de tecido conjuntivo frouxo, local comumente chamado de panículo adiposo ou gordura
subcutânea. Ademais, temos tecido adiposo de grande concentração abdominal, adjacente a tecidos
musculares e alojados nas vísceras, conhecido como gordura visceral. Embora o adipócito tenha característica
de reserva de TG, existem três possíveis tipos encontrados no corpo humano:
Adipócito branco
Célula de gordura com TG mais reservado de energia, ocupando majoritariamente o espaço
intracelular.
Adipócito marrom
Célula de gordura com capacidade de gerar calor interno, conhecido como mecanismo termogênico.
Além disso, os TG são menos concentrados em seu espaço intracelular, e há maior presença de
mitocôndrias para oxidação de nutrientes.
Adipócito bege
Estrutura celular intermediária entre o tecido adiposo branco e o marrom.
A Imagem 6 ilustra os três tipos de adipócitos apresentados:
imagem 6: Adipócito branco, bege e marrom.
É possível identificar que os TG do adipócito branco são maiores e mais concentrados. Já no caso do tecido
adiposo marrom, nota-se maior concentração de mitocôndrias e tamanho inferior de TG. O tecido adiposo
bege tem características intermediárias entre o adipócito branco e o marrom.
 
A demanda por produção energética endógena pode gerar atividade catabólica nos três tipos de tecido
adiposo. Em suma, esses mecanismos de geração catabólica são ordenados por reações bioquímicas em
cascata, por meio de eixo hormonal que se inicia na glândula hipotalâmica, perpassa pela hipófise e culmina
nas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins.
 
Inicialmente, o hipotálamo (localizado no sistema nervoso central) secreta o hormônio liberador de
corticotrofina (CRH) em resposta ao deficit energético interno. O CRH, por sua vez, é enviado à hipófise, que
recebe mensagem química hormonal e, em sequência, secreta corticotrofina ou hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH). Em seguida, o ACTH é enviado para as glândulas adrenais e desencadeia produção hormonal local de
diversos agentes catabolizantes, especialmente glicocorticoides como o cortisol e catecolamínicos como a
adrenalina. Tanto o cortisol como a adrenalina são hormônios que deflagram cascatas catabolizantes nas
reservas nutricionais corporais. Dentre as consequências da liberação de adrenalina e cortisol, observa-se
principalmente:
Aumento da proteólise do tecido muscular esquelético
No intuito de aumentar a presença de aminoácidos plasmáticos para metabolismo energético.
Aumento da lipólise do tecido adiposo
Suprimento de ácidos graxos para oxidação e produção energética aeróbica.
Aumento da gliconeogênese hepática
Manutenção da glicemia.
Esses cenários contribuem para manutenção da homeostasia e oferta de energia e nutrientes durante
períodos de estresse, como a atividade física.
Atenção
É importante ressaltar que tanto o hipotálamo quanto a hipófise possuem mecanismos de sensibilidade
regulatória para percepção da concentração da quantidade de cortisol e adrenalina no sangue. Quando
esses hormônios se encontram com concentrações significativas na corrente sanguínea, há uma
redução da secreção hormonal hipotalâmica e hipofisária para evitar excesso de catabolizantes
disponíveis. 
Essa medida de feedback negativo visa preservar estado imune, inflamatório e a própria longevidade do
sistema energético.
 
No tecido adiposo, o catabolismo induzido por adrenalina estimula atividade da enzima hormônio lipase
sensível (HLS), que age diretamente sobre a quebra das ligações dos TG intra-celulares. Nesse sentido, a
lipólise nada mais é do que o processo de degradação de TG em ácidos graxos e glicerol realizado pela HLS
em resposta à adrenalina.
 
A dieta, o exercício físico, o estresse psicológico e algumas enfermidades são capazes de estimular toda essa
cascata hormonal que desemboca na secreção de adrenalina. Assim, diversos suplementos que têm premissa
de gerar emagrecimento apresentam características de estímulo a adrenalina. Contudo, é importante
diferenciar a lipólise da oxidação de gorduras e o emagrecimento:
No exercício físico, por exemplo, os ácidos graxos oriundos da quebra do TG são encaminhados para a
mitocôndria (do músculo ou do próprio adipócito) por transportadores constituídos de uma amina quaternária
denominada de carnitina. Os transportadores de carnitina deslocam os ácidos graxos para processo de
oxidação no interior da mitocôndria, cenário bioquímico conhecido como β-oxidação. Os produtos da β-
oxidação podem ser utilizados diretamente para produzir energia na forma de ATP na cadeia de transporte de
elétrons ou enviados para aumento da atividade do ciclo de Krebs, também para produção energética.
Suplementos nutricionais para emagrecimento associado
ao exercício físico
Cafeína
A cafeína consiste em uma molécula de
estrutura alcaloide, ou seja, tem base
nitrogenada de origem vegetal e característica
alcalina. Mais precisamente, a cafeína está na
subclassificação das xantinas alcaloides que
possuem propriedades psicomotoras e
estimulantes do sistema nervoso central. A
teobromina encontrada no cacau e a teofilina
dos chás são outras xantinas com
características semelhantes.
 
Há décadas a cafeína vem sendo utilizada
como recurso ergogênico nutricional no
esporte, por seus atributos de excitação neuromuscular e atividade lipolítica. Bioquimicamente, a cafeína é um
potente antagonista da adenosina, um neurotransmissor psicodepressor que induz ao sono pela fadiga
acumulada do metabolismo energético. Isso ocorre em virtude da cafeína inibir a interação da adenosina com
os receptores adrenérgicos α-1, resultando em redução de sua atividade. Nesse ambiente, nota-se aumento
significativo das concentrações de monofosfato de adenosina cíclica (AMPc), que aumenta em função da falta
de contrapartida regeneradora de ATP. O acúmulo de AMPc gera aumento do estímulo catabólico, em especial
de condições lipolíticas induzidas pela secreção de adrenalina, segundo Rodrigues et al. (2020).
 
As principais vantagens ergogênicas a partir do consumo de cafeína são:
LIPÓLISE 
A LIPÓLISE pode vir acompanhada de
lipogênese, caso o indivíduo faça ingestão
energética compatívelàs suas demandas,
reesterificando os ácidos graxos junto ao
glicerol.
EMAGRECIMENTO FACTUAL 
O EMAGRECIMENTO FACTUAL, por sua
vez, ocorre apenas quando há processo
de oxidação de ácidos graxos oriundos
dos TG de armazenamento adipocitário.
Aumento da mobilização adiposa
A lipólise desloca grande quantidade de ácidos graxos para beta-oxidação, favorecendo,
principalmente, exercícios aeróbicos de endurance e emagrecimento.
Aumento da excitabilidade contrátil do músculo
Ocorre aumento da liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático, promovendo elevação da
frequência de contração muscular.
Modificação da percepção de fadiga e esforço
Em função do SNC não gerar conexões significativas com a adenosina, têm-se redução da
sensibilidade ao cansaço.
Aumento do estado de alerta/vigília
A redução da sensibilidade ao acúmulo fatigante gera cenário de prolongamento de atenção.
Esportivamente, esses pontos positivos são, por vezes, traduzidos em acréscimo de desempenho em
atividades submáximas e duradouras, superiores a 90 minutos de treinamento. Ainda há certa inconstância de
resultados para ergogenia em exercícios de maior intensidade e curta duração, com propósitos de melhora
explosiva. As principais orientações para suplementação segura de cafeína são:
 
Não prescrever doses de cafeína para gastro, hepato, nefro, neuro e cardiovasculopatas,
contundentemente em virtude do aumento do estímulo a vasoconstrição, hiperadrenalinemia e indução
ao aumento da pressão arterial gerada pela suplementação.
 
Jamais oferecer doses em jejum, tanto por conta do aumento de irritabilidade gástrica como em função
do risco de hipercatabolismo (uma vez que no jejum já há processos catabolizantes em curso).
 
Clinicamente, avaliar se o consumidor não apresenta manifestações clínicas de distúrbios dos sistemas
corporais, como náuseas, vômitos, dores de cabeça e tremores.
 
Considerar que, em média, a cafeína consumida em cápsula ou pó demora cera de 45-50 minutos para
atingir a corrente sanguínea e apresentar seus efeitos estimulantes.
 
Considerar que indivíduos notavelmente assíduos em ingestão de suplementos ou fontes dietéticas de
cafeína (principalmente cafés) têm tendência a apresentar manifestações ergogênicas benéficas em
menor grau, devido à redução da sensibilidade neural.
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As doses indicadas dependem do objetivo traçado. Entretanto, a oferta de 3 a 6 mg de cafeína por kg
de peso ao dia costuma gerar melhores resultados para promoção lipolítica. Para atividade de melhoria
de desempenho físico, doses de 1 a 3 mg por kg de peso ao dia ou medidas fixas de 70 a 200 mg/dia já
parecem apresentar efeitos satisfatórios, destacadamente para atletas de elite. Doses superiores a 9
mg/kg/dia são sumariamente contraindicadas.
 
Cuidados gerais em relação à ingestão hídrica diária, seguindo as mesmas orientações da CM.
 
Embora não haja consenso na literatura, períodos prolongados de consumo de cafeína podem
potencializar aumento do dano muscular induzido pelo treinamento, suscetibilizando lesões.
Recomenda-se criar janelas de suplementação de 3 meses com períodos igualitários de washout
(tempo para um fármaco ser eliminado do corpo).
Óleo de cártamo e ácido linoleico conjugado (CLA)
O termo CLA é atribuído para uma série de isômeros com
estrutura derivada do ácido linoleico, um ácido graxo de
cadeia longa poli-insaturado naturalmente presente na dieta
humana, principalmente em óleos vegetais. O óleo de
girassol e o óleo de cártamo costumam ser as principais
fontes alimentares de CLA utilizadas pela indústria para
gerar suplementos concentrados.
O nível de concentração de isômeros de ácido linoleico
encontrados no óleo de cártamo é significativamente
superior àqueles achados no óleo de girassol, assim
tornando o primeiro a principal origem industrial no
isolamento de oferta de CLA.
Do ponto de vista bioquímico, a presença de CLA (principalmente os isômeros 9-cisRA e cis12, trans10) atua
como ativador ou inibidor da atividade dos receptores ativados por proliferadores de peroxissoma (PPAR).
Dentre outras funções, as alterações de atividade de PPAR podem aumentar a beta-oxidação, melhorar a
captação de glicose, intensificar a sensibilidade à insulina e estimular a biogênese de proteínas mitocondriais,
favorecendo metabolismo energético. Todas essas ações parecem implicar em benefícios esportivos, pois
resultariam na linha final em aumento de tecido magro e redução de massa gorda, segundo Lehnen et al.
(2015).
 
Apesar de alguns achados apresentarem efeitos ergogênicos razoáveis de perda de massa adiposa em
humanos e animais, ainda há grande inconsistência e discordância nas grandes revisões da literatura sobre a
suplementação de CLA diretamente ou por óleo de cártamo. Embora o conteúdo de dados que possam
apontar para melhorias esportivas ou de composição corporal para CLA e suas fontes pareça ser insuficiente,
doses de 2 a 6g/dia por cerca de 90 dias em praticantes de atividade física podem, em alguns casos,
contribuir para redução de peso. De acordo com Lehnen et al. (2015), porém, fatores como conteúdo de
outros macronutrientes e energia da dieta e estado inflamatório do indivíduo podem facilitar ou dificultar a
eventual ação potencializadora do suplemento, deixando condição incerta e de recomendação duvidosa do
recurso.
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PPAR
É um conjunto de vários tipos de receptores que têm papel no processo de transcrição da síntese
proteica e expressão gênica.
L-carnitina
Os estoques de carnitina intramuscular
costumam ser de cerca de 25 g,
correspondendo a 95% do total encontrado no
corpo humano. Em média, um ser humano
ingere 70 a 100 mg de carnitina na dieta, e
indica-se que doses de consumo isolado não
ultrapassem 2 mg/dia.
 
A carnitina, como explicitado anteriormente,
tem papel importante e imprescindível na
estruturação dos transportadores CAT
(carnitina-palmitoil transferase I e II) presentes
nas membranas mitocondriais, principalmente
no tecido muscular esquelético.
Especula-se que o aumento da oferta exógena da amina quaternária possa interferir em maior produção de
CAT e, consequentemente, da entrada e beta-oxidação de gorduras para provisionamento energético.
 
De fato, o consumo isolado de carnitina vem sendo indicado pela indústria como solução ao aumento de
oxidação de gorduras e troca de combustível metabólica, ou seja, preservando os estoques de glicogênio
muscular e requisitando degradação do armazenamento lipídico para gerar emagrecimento.
 
Entretanto, os resultados observados em doses suplementares ou até mesmo intravenosas não parecem ser
tão animadores. Diversos trabalhos que analisam a resposta de oxidação lipídica em humanos a partir do
consumo oral (2 a 6 g/dia) ou intravenoso (65 mg/kg/dia) crônico (4 meses) não costumam identificar efeitos
potencializados na composição corporal ou treinamentos, segundo Castell et al. (2010).
 
Alguns achados até fazem apontamentos cardioprotetores ou glicopreservadores, mas sem consenso ou
pujança científica. De acordo com Talenezhad et al. (2020), há uma metanálise que direciona perda de peso
modesta em indivíduos sedentários com obesidade e sobrepeso, mas sem concluir uma dose-resposta
específica.
Triglicerídeos de cadeia média e óleo de coco
Os TG podem ser formados por uma variedade de ácidos graxos, destacadamente aqueles que são
conhecidos como ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) − por ter uma estrutura química contendo mais de 12
carbonos − e de cadeia média (AGCM), nos quais verifica-se organização de 6 a 12 carbonos em sua
conformação molecular. Existem diferenças fisiológicas na cinética de atividade entre os AGCL e os AGCM:
 
Os AGCL, após absorção na mucosa intestinal, são direcionados para síntese de quilomícrons os quais,
através do sistema linfático, atingem a circulação sanguínea, desta forma, participando na formação de
frações colesterolêmicas (LDL, VLDL, HDL e IDL) e interferindo diretamente no perfil lipídico sérico.
• 
 
Após circulação linfática, os AGCL são enviadospara tecidos periféricos, seja para contribuição
energética ou mesmo para armazenamento na forma de TG. Em destaque, observa-se ação sobre
tecido muscular esquelético, tecido adiposo e tecido cutâneo/tegumentar.
 
Os AGCL remanescentes na circulação (aqueles não direcionados aos tecidos periféricos) são enviados
aos hepatócitos para produção de TG, colesterol e lipoproteínas ou são endereçados para a
mitocôndria, necessitando do transporte via CAT I e II para, assim, serem oxidados.
 
Os AGCM pós-absortivos são enviados via sistema porta-hepático para o fígado. Lá, são rapidamente
encaminhados para a mitocôndria e são capazes de ultrapassar a membrana da organela sem a
necessidade de transporte ou gasto energético, tão somente por difusão.
 
A velocidade de metabolização de ACGM em hepatócitos costuma ser mais ágil quando comparado
aos AGCL.
 
Os AGCM não interferem no perfil lipídico sérico. Mesmo que todos os seus componentes sejam
gorduras de cadeia saturada, não há produção de colesterol e suas frações e, portanto, condição de
interferência no lipidograma.
 
É importante compreender também que existem observações metabólicas a partir do consumo de fontes
alimentares de TG de cadeia média (TCM) naturalmente contendo boa concentração de AGCM. Alguns
ensaios têm apontado para aumento da secreção de incretinas sacietógenas, em especial leptina e
colecistoquinina (CCK). Há evidências, ainda, de que o aumento da presença de TCM dietética frente aos TG
de cadeia longa (TGL) podem interferir na atividade termogênica endógena, gerando aumento do gasto
energético em repouso (TMR) ou da taxa metabólica basal (TMB). Em adição, alguns autores apontam para
possível incremento da captação da glicose via insulina, tendo assim efeitos hipoglicemiantes e até mesmo
antidiabetogênicos.
 
A Imagem 7 esquematiza proposta de indução à perda de peso pela abordagem multilateral em resposta ao
consumo de TCM:
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• 
• 
Imagem 7: Modificações fisiológicas a partir do aumento da proporção de TCM
dietético frente à presença de TCL.
Do ponto de vista prático esportivo, porém, por mais que alguns interações bioquímicas apresentadas se
sustentem, a oferta dietética aumentada de TCM não parece promover vantagens benéficas na performance
de exercícios aeróbicos (que poderiam aproveitar o aumento da taxa de oxidação lipídica). Em detrimento da
falta de ergogênese, há bom nível de evidências a respeito da promoção da perda de peso corporal, mas com
magnitude ainda pouco empolgante.
Em média, a substituição dietética parcial ou total de fontes alimentares de TCL por TCM gera
diminuição de peso na margem de aproximadamente 0,5 kg a menos, de 8 a 12 semanas de alteração
dietética, segundo Mumme & Stonehouse (2015).
Assim sendo, é possível ajustar o consumo de TCM dietético em quaisquer condições alimentares, mas
existem algumas condições nas quais parece ser mais indicado:
 
Dietas de restrição glicídica.
 
Dietas cetogênicas.
 
Indivíduos com síndrome de má absorção.
 
Intuito, comedido, de aumento do gasto energético em repouso.
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• 
• 
 
As principais fontes alimentares de TCM podem ser observadas na Tabela 11:
Alimento Composição de TCM
Óleo de coco 59%
Óleo de palma (dendê) 54%
Coco seco 37%
Coco cru (polpa/carne) 20%
Tabela 11: Fontes dietéticas com alto teor de TCM.
Adaptada de: Lima, Renan & Block, Jane, 2019.
Em função da significativa concentração de
TCM presente em alimentos como coco − em
especial na extração do seu óleo −, diversas
hipóteses sobre sua ação termogênica,
sensibilizadora de glicose, indutora de
alteração de perfil lipídico e outros fatores pró-
emagrecimentos são aventados em debates
científicos.
 
Adversamente, a ingestão isolada de óleo de
coco não apresenta resultados interessantes
em nenhum dos benefícios esperados. Isso
pode ocorrer porque a composição do alimento
não é plena em TCM, ainda contendo razoável percentual de TCL. Outro ponto fundamental está associado à
falta de cuidados com a substituição do restante da dieta por maiores concentrações de TCM, o que não
levaria a mudanças no perfil lipídico da dieta.
Para encaixe dos TCM na dieta, recomenda-se consumo de 50 a 60% do valor energético total (VET) de
lipídios de 50 a 60%, ou seja, cerca de metade da concentração que será determinada para as gorduras da
dieta. Também é possível oferecer 1 g de TCM por kg de peso ao dia.
 
Ressalta-se que alguns efeitos adversos podem ser notáveis quando a ingestão de TCM é exagerada ou
desconfortável para o indivíduo. Dentre as manifestações clínicas, destacam-se cólicas abdominais,
desconfortos gástricos, flatulência e outras sensações do trato gastrointestinal. Geralmente, doses diárias a
partir de 90 g já podem levar a esse cenário. Outra indicação consiste no fato de que não é recomendável a
substituição total dos lipídios da dieta por TCM.
Picolinato de cromo (PC)
O cromo é um tipo de mineral-traço que participa do
metabolismo de carboidratos, com ação potencial
coadjuvante nos efeitos hipoglicemiantes propostos pela
insulina. Uma vez tendo relação com a insulina, espera-se
sua colaboração também no processo de síntese proteica,
pois esse hormônio, assim como a IGF-1 (somatomedina-C),
tem relação de estímulo a SPM por aumentar o fluxo de
aminoácidos para fibra muscular.
No entanto, os principais benefícios aguardados a partir da
sua ingestão isolada estão associados à sua capacidade de
facilitar perda de peso e emagrecimento. Isso porque,
eventualmente, o mineral auxiliaria no processo de melhoria
da tolerância glicídica, além de colaborar para a redução da síntese de gorduras e derivados por inibição de
HMG-CoA (hidroximetil-glutaril-Coenzima A), uma enzima hepática precursora da formação colesterolêmica.
Recomendação
Dentre as principais fontes alimentares de cromo, emergem a gema do ovo, o bife de carne vermelha
magra e a levedura de cerveja − todas com concentrações pouco significativas. 
A forma química de picolinato costuma ser mais bem absorvida quando comparada à ingestão do cromo
dietético em cerca de 2 a 5% de diferença. Entretanto, com exceção feita a indivíduos que apresentam
deficiência − como pacientes internados em estados agravados de diabetes recebendo aporte dietético
enteral −, a maioria esmagadora de trabalhos da literatura aponta para baixíssimo nível de evidência e grau de
recomendação do PC para ergogênese, ainda mais entre esportistas.
 
Mesmo que a atividade física induza a uma perda variável de cromo e que a absorção dietética do
micronutriente seja diminuta, ainda assim é raro observar deficiência de cromo entre praticantes de atividades
físicas e atletas. Portanto, segundo Castell et al. (2010) e Maughan et al. (2020), de maneira geral, não se
recomenda o uso efetivo e isolado de PC para quaisquer dos seus possíveis efeitos propagados pela indústria.
É necessário o uso de suplementos termogênicos para o emagrecimento?
O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre: “uso de termogênicos no emagrecimento, é necessário?”
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Dentre os possíveis mecanismos fisiológicos que podem facilitar a redução de massa gorda
corporal, pode-se afirmar que:
A
A lipólise depende de balanço energético positivo para ser estimulada.
B
Tanto a atividade termogênica, no tecido adiposo branco, como o deficit calórico e de carboidratos são as
melhores formas de induzir ao emagrecimento em indivíduos obesos e com sobrepeso.
C
O balanço energético negativo estimula lipólise em todos os tipos de tecido adiposo; contudo, a termogênese
somente é observada nos tecidos adiposos bege e marrom.
D
A atividade termogênica dos tecidos adiposos somente é ativada por mecanismos de baixa temperatura
exógena.
E
A termogênese gera redução direta da atividade da taxa metabólica basal.
A alternativa C está correta.
A lipólise de triglicerídeos − não somente do tecido adiposo, mas também de outras áreas do corpo − é
sinalizada pelodeficit energético diante da relação consumo-gasto de calorias. A termogênese induzida
pela atividade dos tecidos adiposos bege e marrom pode ser estimulada também por fontes alimentares,
como TCM.
Questão 2
Sobre os recursos ergogênicos utilizados para aprimorar a promoção do emagrecimento em
conjunto com a dieta e exercício físico, é seguro afirmar que:
A
Suplementos de cafeína costumam ser eficazes nesse propósito, resguardando seus possíveis efeitos
adversos e contraindicando sua ingestão para indivíduos com doenças diversas.
B
Suplementos de cromo são indicados nesse propósito pela ausência de efeitos adversos.
C
Suplementos de isômeros de ácido linoleico, como CLA, são seguros e eficazes em curto prazo (30 dias).
D
A suplementação de carnitina, além de segura, é amplamente eficiente para emagrecimento, principalmente
em indivíduos já eutróficos.
E
A substituição plena de gorduras convencionais da dieta (como azeite) por gorduras de cadeia média (TCM)
costuma ser segura e eficiente para emagrecimento.
A alternativa A está correta.
A cafeína, como estimulante, promove boa mudança no quadro lipolítico e excitatório celular. Contudo, por
se tratar de um agonista de adenosina, há aumento de frequência cardíaca e vasoconstrição, cenários
perigosos para indivíduos com doenças e comorbidades diversas.
4. Conclusão
Considerações finais
Observamos neste conteúdo, através de aprofundamento científico e organizado, que é necessário
compreender a existência de uma variedade de possíveis recursos ergogênicos, que podem ser utilizados
para incremento da performance esportiva que vão além de suplementos nutricionais.
 
Vimos também que conhecer os conceitos de ergogenia e os critérios de escolha segura e protocolada dos
seus recursos passa, obrigatoriamente, pelo entendimento dos dispositivos da legislação brasileira e das
instituições de controle de substâncias ilícitas, como o COI e a WADA. Isso serve para garantir que não seja
gerado dolo ao indivíduo ou à equipe multidisciplinar de acompanhamento.
 
Adicionalmente, debatemos que a utilização de estratégias de suplementação nutricional esportiva deve vir
em conjunto com a análise personalizada das demandas nutricionais e atléticas, em associação ao
fornecimento dietético e à programação de treinamento de exercícios físicos.
Assim, é possível aplicar a prescrição cuidadosa de suplementos nutricionais de eficácia e segurança
estabelecidos pela literatura, desde que sua métrica evolutiva seja acompanhada para análise condizente com
os objetivos da prática esportiva.
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Agora, a especialista Renata Baratta dos Passos fala sobre: “atletas e doping: o que fazer para melhorar
a performance e quais os riscos com uso de recursos ergogênicos proibidos pela WADA.”
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, pesquise na internet:
 
A lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping (WADA).
 
A Resolução RDC no 18, publicada em 27 de abril de 2010, que dispõe sobre alimentos para atletas.
 
A Resolução CFN nº 656, de 15 de junho de 2020, que dispõe sobre a prescrição de suplementos
alimentares por nutricionistas.
 Referências
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• 
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estudantes e professores de Educação Física que atuam em academias de ginástica. Revista Brasileira de
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AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM. Joint position statement: nutrition and athletic
performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, 2016.
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PARA FINS ESPECIAIS E CONGÊNERES. ABIAD. 
Hábitos de consumos de suplementos alimentares. 2015.
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PARA FINS ESPECIAIS E CONGÊNERES. ABIAD. 
Hábitos de consumos de suplementos alimentares. 2020.
 
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 8.234. Brasília, 1991.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Resolução RDC no 18. Brasília,
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WILLIAMS, M. H.; KREIDER, R. B.; BRANCH, J. D. Creatina. São Paulo: Manole, 2000.
	Recursos ergogênicos e doping
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Conceitos e critérios sobre doping esportivo
	Recursos ergogênicos
	Atenção
	Agentes ergogênicos mecânicos
	Agentes ergogênicos farmacológicos
	Curiosidade
	Agentes ergogênicos psicológicos
	Ouvir música tem sido uma estratégia ergogênica psicológica eficaz para reduzir a percepção da fadiga.
	Agentes ergogênicos fisiológicos
	Exemplo
	Exemplo
	Agentes ergogênicos nutricionais
	Termogênicos e estimulantes
	Pré-treinos
	Recuperadores
	Hipercalóricos, repositores energéticos e substitutos de refeições
	Perfil do consumo de suplementos nutricionais no país
	Sobre a indicação
	As principais razões
	Legislação de suplementos nutricionais
	Portaria no 32/98
	Resolução no 16/99
	Resolução no 18/99
	Resolução no 18/10
	Resolução no 243/18
	Instrução Normativa no 76/20
	Suplementos nutricionais para atletas
	Hidroeletrolíticos
	Energéticos
	Proteicos
	Substitutos parciais de refeições
	Creatina
	Cafeína
	Critérios de evidências científicas para suplementos nutricionais
	Prescrição dietética de suplementos nutricionais por nutricionistas
	Doping esportivo
	Atenção
	S1. Agentes anabólicos
	S2. Hormônios, substâncias afins e seus fatores de liberação
	S3. Beta-2-agonistas
	S4. Agentes com atividade antiestrogênica
	S5. Diuréticos e outros agentes mascarantes
	Métodos proibidos
	M1. Aumento do carreamento de oxigênio
	M2. Manipulação química e física
	M3. Doping genético
	Substâncias e métodos proibidos em competição
	S6. Estimulantes
	S7. Narcóticos
	S8. Canabinoides
	S9. Glicocorticosteroides
	P1. Álcool
	P2. Betabloqueadores
	Os riscos do uso de anabolizantes em atletas e praticantes de atividade física
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	A legislação brasileira para controle da venda e do consumo de suplementos nutricionais no país é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao longo dos últimos 30 anos, a Anvisa vem atualizando e fiscalizando a segurança dos produtos disponíveis para consumidores do mercado doméstico. No que tange aos cuidados de suplementos para finalidade esportiva, a Anvisa fez publicação em 2010 que controla a qualidade de vários produtos, dentre eles os proteicos e hidroeletrolíticos, por exemplo. Sobre a RDC nº 18, que dispõe sobre alimentos para atletas, é correto afirmar que:
	A Agência Mundial Antidoping (WADA) costuma gerar publicações a cada dia 1º de janeiro, atualizando a lista de substâncias proibidas no esporte. Contudo, algumas substâncias são proibidas somente no período competitivo e, eventualmente, liberadas fora dessa condição. São elas:
	2. Suplementos nutricionais de origem proteica
	Turnover proteico e demanda nutricional do exercício
	Lesões mecânicas
	Lesões oxidativas
	Lesões metabólicas
	Atenção
	Exercícios de endurance
	Exercícios de força, potência ou hipertrofia
	Fisiculturistas
	Síntese proteica e hipertrofia muscular
	Atenção
	Suplementação de proteínas e derivados no esporte
	TREONINA
	METIONINA
	VALINA
	LEUCINA
	ISOLEUCINA
	FENILALANINA
	TRIPTOFANO
	TIROSINA
	HISTIDINA
	Atenção
	Ação anabólica muscular
	Ação antioxidante
	Ação cardiovascular
	Ação hipoglicemiante
	Ação sacietógena
	Comentário
	Atenção
	Proteína texturizada
	Proteína concentrada
	Proteína isolada
	Peptídeos, aminoácidos e metabólitos
	Essencialmente o aminoácido mais abundante do corpo, a glutamina é definida como um aminoácido condicionalmente essencial.
	Atenção
	Recomendação
	Recomendação
	A importância da suplementação proteica para hipertrofia muscular
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Na maioria das vezes, a busca do consumidor esportista por suplementos de origem proteica tem o intuito de aumento de massa muscular. A hipertrofia muscular é resultado do aumento do volume da fibra muscular, gerado pela combinação de incremento da síntese proteica muscular (por balanço nitrogenado positivo), boa presença de aminoácidos disponíveis no sangue e concentração regulada de hormônios anabólicos endógenos (principalmente insulina e somatomedina-C). Sobre a oferta de proteínas da dieta para síntese proteica muscular, é correto afirmar que:
	Alguns aminoácidos, peptídeos e derivados proteicos podem ser utilizados como agentes ergogênicos na busca pelo aumento de valências esportivas que possam gerar melhora de performance atlética. Observe as alternativas a seguir e assinale a correta:
	3. Suplementos nutricionais estimulantes
	Lipólise, oxidação lipídica e emagrecimento
	Adipócito branco
	Adipócito marrom
	Adipócito bege
	Aumento da proteólise do tecido muscular esquelético
	Aumento da lipólise do tecido adiposo
	Aumento da gliconeogênese hepática
	Atenção
	Suplementos nutricionais para emagrecimento associado ao exercício físico
	Cafeína
	Aumento da mobilização adiposa
	Aumento da excitabilidade contrátil do músculo
	Modificação da percepção de fadiga e esforço
	Aumento do estado de alerta/vigília
	Óleo de cártamo e ácido linoleico conjugado (CLA)
	L-carnitina
	Triglicerídeos de cadeia média e óleo de coco
	Picolinato de cromo (PC)
	Recomendação
	É necessário o uso de suplementos termogênicos para o emagrecimento?
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Dentre os possíveis mecanismos fisiológicos que podem facilitar a redução de massa gorda corporal, pode-se afirmar que:
	Sobre os recursos ergogênicos utilizados para aprimorar a promoção do emagrecimento em conjunto com a dieta e exercício físico, é seguro afirmar que:
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referênciase musculoesquelética.
Exemplo
Quando indivíduos buscam altitudes consideradas relativamente acima do nível do mar para treinar (a
partir de 500m), a característica atmosférica de menor concentração de oxigênio disponível induz
modificações hematológicas, como maior síntese de eritropoietina e hemoglobina. Isso resulta, segundo
Lancaster & Smart (2012), em melhor capacidade aeróbica, consistindo em uma condição esportiva
peculiar comumente denominada de live low-train high (do inglês, "treine em altas e viva em baixas
altitudes"). 
Outro bom exemplo pode ser observado na aclimatação de atletas em locais de temperaturas elevadas. Após
dias de aclimatação em ambientes quentes, são notáveis as melhorias no metabolismo energético, na
resistência à fadiga, na capacidade circulatória e no remodelamento da fibra muscular. A Imagem 1 ilustra
como a exposição repetida ao calor pode aumentar a amplitude do pico de potência na contração muscular
após período adaptativo.
Imagem 1: Aumento do pico do torque de contração do músculo plantar da região
posterior da perna de atletas após aclimatação ao calor.
• 
• 
• 
Assim como a aclimatação, a periodização monitorada, programada e personalizada de treinamentos pode ser
agregada ao contexto de ergogênese esportiva fisiológica, pois incita alterações importantes tanto no sistema
musculoesquelético como em diversos outros tecidos.
Exemplo
A execução de treinos de resistência muscular acarreta, dentre outras modificações, no aumento do
volume e da força de massa muscular esquelética, além do aumento do consumo de oxigênio e do gasto
energético em repouso. 
Agentes ergogênicos nutricionais
Usualmente, os agentes ergogênicos nutricionais são denominados de suplementos nutricionais ou
alimentares, e podem ser segmentados em diferentes classes, geralmente tipificadas de acordo com sua
estrutura e origem. A Quadro 1 apresenta os principais tipos de suplementos nutricionais consumidos por
indivíduos esportistas, apresentando exemplos e suas proposições:
Tipo de
suplemento
Exemplo de
composto Suposto benefício
Carboidratos Maltodextrina
Oferta de carboidratos com intuito de contribuição
de preparação ou reposição de glicogênio muscular
ou manutenção de glicemia durante exercício.
Proteínas Ovoalbumina
Oferta de aminoácidos de alto valor biológico no
pool plasmático para reparação do dano muscular e
funções plásticas de síntese proteica muscular.
Lipídios Triglicerídeos de
cadeia média
Oferta energética substituta de lipídios de cadeia
longa, com propósito de melhor digestibilidade e
efeito termogênico.
Peptídeos L-carnosina
Prevenção e retardo de fadiga periférica por acidez
muscular precoce.
Aminoácidos L-glutamina Melhora da função imune.
Metabólitos
β-hidroxi-β-
metilbutirato
(HMB)
Estímulo à síntese proteica muscular.
Alcaloides Cafeína Aumento do estado de alerta e atividade lipolítica.
Tamponantes Bicarbonato de
sódio
Prevenção e retardo de fadiga periférica por acidez
muscular precoce.
Vitaminas Vitamina C
Coadjuvante na absorção de nutrientes e agente de
recuperação imune e antioxidante.
Minerais Magnésio
Melhoria do controle e da capacidade contrátil
muscular e cardíaca. Aumento da capacidade
antioxidante.
Quadro 1: Principais classes de suplementos nutricionais com finalidades de desempenho esportivo, com
respectivos exemplos e expectativa de ação no organismo humano.
Adaptado de: COSTA, A.; ROSADO, E.; LOPES, M., 2012.
Não obstante, a classificação de suplementos nutricionais esportivos pode ser de difícil organização, uma vez
que diversas classes de nutrientes podem ser combinadas e denominadas de acordo com a função atribuída
ao conjunto, tais como:
Termogênicos e estimulantes
Podem ser compostos isolados ou combinados de cafeína com outros alcaloides, como sinefrina, por
exemplo.
Pré-treinos
Combinados de estimulantes, tamponantes, aminoácidos e peptídeos para excitar o sistema neural e
disponibilizar recursos energéticos, aminoacídicos e vasodilatadores previamente ao exercício.
Recuperadores
Combinados de proteínas e carboidratos para facilitar a recuperação nutricional esportiva plena, em
especial a ressíntese proteica, a reparação de fluidos, o ajuste antioxidante e a regeneração de
estoques de glicogênio muscular.
Hipercalóricos, repositores energéticos e substitutos de refeições
Combinados de macronutrientes para maior oferta energética para ganho de peso ou atendimento a
altas demandas energéticas esportivas.
Para que nutricionistas e médicos tenham predisposição em orientar o consumo de suplementos nutricionais,
alguns critérios de análise devem ser levados em consideração. O Quadro 2 elenca os principais fundamentos
que devem ser considerados para eventual prescrição ou descarte dos suplementos nutricionais.
Densidade energética
Impacto em necessidades nutricionais
Timing
Praticidade
Ergogênese e eficácia
Qualidade e segurança
Custo x benefício
Oferta quando não for possível atingir a demanda energética exclusivamente através do
consumo alimentar.
Deficiências, insuficiências ou aumento da demanda de algum nutriente ou ativo específico
induzido pelo exercício e incapaz de ser oferecido adequadamente por matrizes alimentares.
Necessidade de oferta de nutrientes em curto espaço de tempo no preparo, na continuidade
ou na recuperação do exercício
A execução, o preparo, o deslocamento ou a qualidade de refeições dietéticas pode estar
aquém das necessidades do indivíduo.
Premissa de melhoria de rendimento esportivo mensurável e cientificamente validada
O isolamento de determinado ativo pode ser mais seguro para o indivíduo para ingestão
(intratreino, na maioria das vezes).
Mais vantajoso financeira ou estrategicamente substituir refeições.
Quadro 2: Principais critérios consideráveis para prescrição qualitativa e acompanhamento da suplementação
nutricional esportiva.
Adaptado de: Maughan et al. (2018)
Perfil do consumo de suplementos nutricionais no país
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) encomendou um
estudo, em 2015, entrevistando 1007 pessoas com mais de 17 anos de idade. Esse estudo demonstrou, entre
diversos dados, que 53% dos brasileiros consomem algum tipo de suplemento nutricional, com destaque para
a busca de concentrados de ácidos graxos poli-insaturados Ômega 3 (na forma de óleo de peixe em cápsula),
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA, do inglês Branched-Chain Amino Acids), cálcio, óleo de fígado de
bacalhau, goji berry, whey protein, polivitamínicos, fibras e probióticos. Essa mesma pesquisa ainda apresenta
outros dados bastante elucidativos sobre perfil de aquisição, orientação e busca de suplementos no país,
como, por exemplo:
Sobre a indicação
60% dos entrevistados que consomem
suplementos relataram que foram orientados
por profissionais de saúde. Destes, 29% eram
médicos, 16% eram profissionais de Educação
Física, 8% eram farmacêuticos e somente 7%
eram nutricionistas.
As principais razões
Dentre os consumidores de suplementos, 86%
buscaram produtos para benefícios à saúde,
57% com propósito de melhoria de desempenho
físico e 45% para finalidade exclusivamente
estética, especialmente para ganho de tecido
muscular e/ou redução de massa gorda
absoluta.
Em 2020, a própria ABIAD encomendou pesquisa para
atualizar a ingestão dos suplementos alimentares durante a
pandemia do coronavírus (SARS-CoV2 ou COVID-19) no
país. Dentre diversas constatações, notou-se que:
59% dos domicílios no Brasil possuem ao menos um tipo de
suplemento alimentar.
48% dos consumidores de suplementos aumentaram sua
ingestão durante a pandemia, visando principalmente
melhora de imunidade (91%).
 
70% dos indivíduos que passaram a ingerir suplementos durante a pandemia pretendem continuar
ingerindo definitivamente os novos produtos.
• 
• 
• 
A grande variedade de suplementos nutricionais disponíveis no mercado − segmentados em tipificação
estrutural ou função proposta −, na maioria das vezes, falha significativamente em entregar suasprerrogativas
de ingestão. Os motivos para isso são diversos: qualidade do produto, eficácia do princípio ativo, adoção de
protocolos de consumo ou até mesmo devido a problemas de contaminação ou manipulação.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde brasileiro procura acompanhar os principais critérios técnico-
científicos e as normas de segurança através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no
interesse de permitir ou vedar a veiculação de suplementos nutricionais com ações que visam benefícios
à saúde ou o rendimento atlético.
Legislação de suplementos nutricionais
No mundo, algumas instituições são responsáveis por determinar regras para que as legislações vigentes
estabeleçam o grau de segurança do consumo de suplementos nutricionais.
A Anvisa é o órgão regulador e centralizador de
resoluções, portarias e decretos que
determinam a legalidade de veiculação e
prescrição de recursos ergogênicos, incluindo
suplementos alimentares, princípios ativos e
outros constituintes, através de produtos
comercializados pelo mercado brasileiro.
 
Muitas das decisões da Anvisa referentes ao
espectro de suplementos nutricionais
esportivos consideram pareceres técnico-
científicos publicados pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI), pela Agência Mundial
Antidoping (Worldwide Anti-Doping Agency − WADA), pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do
Esporte (SBME) e pela American College of Sports Medicine (ACSM).
Cronologicamente, a legislação brasileira que regula suplementos nutricionais, em geral, publicou as seguintes
portarias e resoluções especiais:
1998
Portaria no 32/98
Regulamento técnico para suplementos vitamínicos e/ou minerais.
1999
Resolução no 16/99
Regulamento técnico para novos alimentos, determinando produtos como óleo de cártamo e óleo de
prímula.
1999
Resolução no 18/99
Regulamento técnico para alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde,
determinando produtos como óleo de peixe e carotenoides (licopeno, luteína e zeaxantina).
2010
Resolução no 18/10
Regulamento técnico para alimentos para atletas, regulando potenciais recursos ergogênicos.
2018
Resolução no 243/18
Dispõe sobre requisitos para composição, qualidade, segurança e rotulagem dos suplementos
alimentares e para atualização das listas de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos,
de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar desses produtos.
2020
Instrução Normativa no 76/20
Dispõe sobre a atualização das listas de constituintes, limites de uso, alegações e rotulagem
complementar dos suplementos alimentares.
Suplementos nutricionais para atletas
A resolução RDC no 18, de 27 de abril de 2010, dispõe sobre regulamento técnico aprovado denominado
“Alimento para atletas”, tipificando os seguintes itens subclassificáveis:
Hidroeletrolíticos
O termo hidroeletrolítico provém da composição hídrica acompanhada de concentrações razoáveis de
eletrólitos ou elementos-traços, que nada mais são que micronutrientes que possuem carga elétrica.
São, portanto, íons, que, mesmo em baixas concentrações, apresentam potencial funcional
significativo. Dentre os principais eletrólitos, emergem: sódio (Na+), potássio (K+), magnésio (Mg2+),
fosfato (PO3-) e cloreto (Cl-). Os suplementos hidroeletrolíticos devem também ter conteúdo
energético exclusivamente proveniente de fontes de carboidratos que não sejam à base de amido ou
poliois. A Tabela 1 apresenta os principais pontos obrigatórios para que repositores hidroeletrolíticos
sejam considerados adequados pela Anvisa:
Nutriente Recomendação
Sódio Entre 460 e 1150 mg/L.
Potássio Até 700 mg/L.
Carboidratos 8% de concentração (massa/volume).
Proteínas e lipídios Sem adição.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e outros minerais Podem ser adicionados.
Tabela 1: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos hidroeletrolíticos para
atletas.
Adaptado de: RDC no 18/2010.
Energéticos
Os suplementos energéticos devem prover conteúdo nutricional capaz de preparar ou recuperar
atletas, à base de macronutrientes, como carboidratos, proteínas e lipídios. A principal premissa
reside na condição de reestabelecimento de reservas de glicogênio, hepáticas e musculares, por meio
da massiva presença de carboidratos.
Alguns produtos podem ser adicionados de vitaminas, minerais ou outros nutrientes para intensificar
as bases reparadoras do treino, como antioxidantes e eletrólitos, por exemplo. É permitido, ainda,
acréscimo de proteínas e lipídios para participar tanto do reparo da degradação proteica-muscular
quanto incentivar o balanço energético positivo. A Tabela 2 resume as principais condições para
designação de suplementos energéticos pela Anvisa:
Nutriente Recomendação
Energia total No mínimo 75% proveniente de carboidratos.
Carboidratos No mínimo 15 g na porção-dose.
Proteínas e lipídios Podem ser adicionados.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e minerais Podem ser adicionados.
Tabela 2: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos energéticos para
atletas.
Adaptado de RDC no 18/2010.
Proteicos
Os suplementos proteicos para atletas devem procurar atender a demanda de ressíntese de proteínas
estimulada pelo exercício físico, aumentando a presença de aminoácidos essenciais na corrente
sanguínea. A segurança e a eficiência para veiculação do produto no mercado são determinadas de
acordo com o Score químico de Aminoácidos Corrigidos por Digestibilidade Proteica (PDCAAS, em
inglês Protein Digestibility Corrected Amino Acids Score). O PDCAAS mede a relação entre o processo
digestivo de biodisponibilização de aminoácidos e sua demanda em humanos. A escala varia de 0 a 1,
sendo proteínas que se aproximem de PDCAAS valor 1 com melhor grau de qualidade. De acordo com
a Anvisa, os suplementos de origem proteica devem ter PDCAAS superiores a 0,9. A Tabela 3
apresenta as principais premissas para esse subgrupo de suplemento.
Nutriente Recomendação
Energia total No mínimo 50% proveniente de proteínas.
Proteínas No mínimo 10g na porção-dose.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e minerais Pode ser adicionado.
Tabela 3: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos proteicos para
atletas.
Adaptado de RDC no 18/2010.
Substitutos parciais de refeições
Também conhecidos como MRS (do inglês, Meal Replacement Supplements), os substitutos de
refeições buscam oferecer conteúdos nutricionais que encaixem nas demandas fisiológicas e
esportivas de atletas. Esses produtos devem possuir concentrações variadas dos macronutrientes.
Vale ressaltar que o conteúdo proteico deve ter valor de PDCAAS acima de 0,9. A Tabela 4 demonstra
os principais pontos-chave para determinação de suplementos substitutos parciais de refeições.
Nutriente Recomendação
Energia total
Carboidratos de 50 a 70%, proteínas de 13 a 20% e lipídios no
máximo 30% do Valor Energético Total (VET), sendo a soma dos
macronutrientes resultante mínima de 300 Kcal na porção-dose.
Lipídios
saturados No máximo 10% do VET.
Lipídios
insaturados
trans
No máximo 1% do VET.
Fibras
alimentares Pode ser adicionado.
Vitaminas e
minerais Pode ser adicionado.
Tabela 4: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos substitutos parciais
de refeições para atletas.
Adaptado de: RDC no 18/2010.
Creatina
A creatina é um tipo de aminoácido bastante distinto dos aminoácidos essenciais e dos biológicos.
Isso porque sua síntese é feita a partir de aminoácidos que fazem parte do ciclo da ureia,
principalmente. Sua característica mais importante é sua capacidade de combinação com o fosfato
presente na biomolécula energética de adenosina trifosfato (ATP) para formação de composto
fosfocreatina (PCr), que serve como substrato energético imediato para esportes de explosão
muscular, geralmente muito intensos e de curta duração. Embora existam várias maneiras de
apresentação química da creatina, a Anvisa determina que a veiculação seja especificamente para
forma de altapureza mono-hidratada. A Tabela 5 elenca os fatores necessários para comercialização
do produto.
Nutriente Recomendação
Creatina De 1,5 a 3,0g na porção-dose.
Carboidratos Podem ser adicionados.
Fibras alimentares Sem adição.
Tabela 5: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos de creatina para
atletas.
Adaptado de: RDC no 18/2010.
Cafeína
O consumo de cafeína por vezes é escolhido por atletas em virtude de sua capacidade estimulante,
que pode resultar, quando bem controlada, em benefícios esportivos consideráveis, como: aumento
do grau de lipólise, melhora do estado de alerta e excitabilidade contrátil musculoesquelética. No
Brasil, a Anvisa determina que a forma química de venda do produto seja composta de, no mínimo,
98,5% de 1,3,7-trimetilxantina de sua base anidra. A Tabela 6 lista as condições preconizadas pela
Anvisa.
Nutriente Recomendação
Cafeína De 210 a 420 mg na porção-dose.
Macronutrientes Sem adição.
Fibras alimentares Sem adição.
Tabela 6: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos de cafeína para
atletas.
Adaptado de RDC no 18/2010.
Demais suplementos e comentários gerais
 
De acordo com o artigo 12º, capítulo IV, da RDC no 18/2010, que confere requisitos específicos, outros
compostos somente têm autorização da Anvisa desde que haja segurança, por regulamentação técnica
específica, e eficácia de sua ação ou finalidade com bases sólidas na literatura científica competente.
 
Nesse sentido, um dos principais cuidados na análise e na permissibilidade de produtos aprovados e liberados
pela Anvisa leva em consideração os critérios rígidos de controle de substâncias ilícitas para prática esportiva
• 
estabelecidos pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Anualmente, a WADA atualiza a lista de substâncias
proibidas para prática esportiva, em especial de modalidades consideradas olímpicas, e serve como referência
técnica para agências reguladoras de produtos com finalidades esportivas por todo mundo.
Critérios de evidências científicas para suplementos nutricionais
Recomenda-se sempre buscar ou compreender o nível de evidência e o grau de recomendação de
suplementos nutricionais baseados em investigações científicas amplas e minuciosas. Para tal, é possível
seguir orientações do posicionamento consensual do Comitê Olímpico Internacional (COI) ou as diretrizes da
SBME, respectivamente apresentadas na Imagem 2 e na Quadro 3.
Imagem 2: Nível de evidência de acordo com o COI para critérios de prescrição e
boas práticas de suplementos nutricionais. Do topo para a base, o nível científico
decresce.
Nível de evidência
Nível
1
Evidência baseada em muitos estudos randomizados, controlados, amplos,
concordantes e com poder estatístico adequado; preferencialmente com revisão
sistemática conclusiva.
Nível
2
Evidência baseada em poucos estudos randomizados, controlados, concordantes e
de médio porte ou metanálises de vários estudos dessa natureza, pequenos ou de
médio porte.
Nível
3
Evidência baseada em poucos estudos randomizados, controlados e de ótima
qualidade.
Nível
4 Evidência baseada em mais de um estudo de coorte, de ótima qualidade.
Nível
5 Evidência baseada em mais de um estudo caso-controle, de qualidade.
Nível
6 Evidência baseada em mais de uma série de casos de alta qualidade. Inclui registros.
Nível de evidência
Nível
7
Evidência baseada apenas em: extrapolações de resultados coletados para outros
propósitos (testar outras hipóteses); conjecturas racionais, experimentos com
animais ou baseados em modelos mecanísticos de fisiopatologia e/ou mecanismos
de ação; conduta antiga baseada em prática comum; opiniões sem referência a
estudos anteriores.
 
Grau de recomendação
Grau
A
Sempre usar. Recomendação conclusiva, sendo adotada por unanimidade; conduta
conclusivamente útil e segura; eficácia e segurança comprovadas. Quase sempre se
requer níveis de evidência 1 ou 2 para que esse grau de recomendação seja
adotado.
Grau
B
Deve ser geralmente indicada. Recomendação considerada aceitável, mas com
ressalvas; conduta aceitável e segura; grande potencial de utilidade, mas ainda sem
comprovação conclusiva, com nível de evidência menos sólido.
Grau
C
Fica a critério pessoal. Recomendação indefinida; conduta a respeito da qual não há
evidência segura, a favor ou contra, quanto à eficácia e a segurança.
Grau
D
Em geral, não se deve usar. Conduta não recomendada, embora possa em algum
contexto excepcional ser adotada, tratando-se de opção muito fraca; evidência
mínima de eficácia e segurança, embora se vislumbre algum potencial de utilidade
em algumas circunstâncias.
Grau
E Nunca usar. Não recomendada por unanimidade.
Quadro 3: Nível de evidência e grau de recomendação das diretrizes da SBME para critérios de prescrição e boas
práticas de suplementos nutricionais.
Adaptado de: SBME (2009).
Prescrição dietética de suplementos nutricionais por nutricionistas
Especificamente para nutricionistas, a Lei no 8.234/1991, que regulamenta a profissão, em seu artigo 4o e
inciso VII, permite que suplementos nutricionais possam ser prescritos para contemplar o planejamento
dietético. Essa lei deve seguir o regulamento atualizado pela Resolução no 656/2020, do Conselho Federal de
Nutricionistas (CFN). A prescrição de suplementos por nutricionistas pode incluir: nutrientes, substâncias
bioativas, enzimas, prebióticos, probióticos, produtos apícolas (como mel, própolis, geleia real e pólen), novos
alimentos e novos ingredientes e outros autorizados pela Anvisa para comercialização − isolados ou
combinados −, bem como medicamentos isentos de prescrição à base de vitaminas e/ou minerais e/ou
aminoácidos e/ou proteínas isolados ou associados entre si. Outros pontos dessa resolução devem ser
destacados:
 
A via de ingestão de suplementos deve ser exclusivamente oral ou enteral. É excludente a veiculação
de nutrientes através de via parenteral, intramuscular, anorretal ou qualquer outro método invasivo.
 
O profissional deve adotar critérios objetivos e/ou subjetivos baseados em estratégias científicas de
avaliação e triagem nutricional, no intuito de determinar carências, insuficiências ou riscos nutricionais
que possam ser reestabelecidos como métodos protocolares de prescrição suplementar dietética.
• 
• 
 
Deve-se procurar ajustar a concentração dos nutrientes dentro dos limites máximos (UL, do inglês 
Upper Limits) estabelecidos pelas revisões de consumos dietéticos de referência, como a DRI (do
inglês Dietary Reference Intake) de 2002. Exceção feita somente caso haja respaldo científico pujante
com elevado grau de evidência e nível de segurança.
Doping esportivo
Como abordado anteriormente, a WADA consiste na principal instituição reguladora e pesquisadora de
substâncias potencialmente danosas ou ética e disciplinarmente questionáveis para prática esportiva e, por
vezes, para saúde humana.
O termo doping vem do inglês dope, que significa
entorpecente, droga ou narcótico. Portanto, a dopagem
consiste na ação de utilização deliberada ou não de
substâncias, por vezes não naturais ao corpo, para
ergogênese direta ou indireta.
A WADA trabalha em parceria com diversas outras agências
controladoras no esporte, em destaque para o COI e a
Agência Norte-americana Antidoping (USADA). Esta última
monitora intimamente as competições nos Estados Unidos,
dando suporte mais intenso nos últimos anos para eventos
de Artes Marciais Mistas (MMA, do inglês Mixed Martial
Arts), com destaque para o Ultimate Fighting Championship
(UFC). O COI, por sua vez, busca administrar as modalidades olímpicas, principalmente no período de Jogos
Olímpicos Mundiais.
A WADA busca, ano após ano, atualizar sua lista de substâncias proibidas, bem como aumentar a rigidez na
análise e no diagnóstico laboratorial dos testes realizados em atletas de elite. Nas publicações anuais da
WADA, constam também detalhamento de eventuais autorizações/permissões de ingestão de substâncias
proibidas. Para tal, é necessário verificar os formulários deautorização denominados de Isenção de Uso
Terapêutico (TUE, do inglês Therapeutic Use Exemption), geralmente acompanhados de registros
profissionais de médicos justificados por questões de saúde.
Atenção
É comum que alguns atletas façam ingestão de produtos aparentemente seguros, mas que podem
apresentar algum tipo de contaminação ilícita. O rol de substâncias proibidas pode ser classificado de
acordo com a sazonalidade (dentro ou fora de competições), especificidade ou dependência química
(substâncias de abuso, como drogas sociais). 
Para organização da grande quantidade de substâncias proibidas, a WADA organiza os agentes em classes,
geralmente, com códigos que determinem por letras e números se são substâncias ilícitas (S); métodos (M);
ou substâncias proibidas em determinados esportes (P), segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do
Exercício e do Esporte (2009).
Substâncias ilícitas e proibidas dentro ou fora de competições:
• 
S1. Agentes anabólicos
Esteroides Androgênicos Anabolizantes (EAA) exógenos ou endógenos ou outros agentes
anabolizantes, como clembuterol, moduladores receptivos de receptores androgênicos (SARMs, do
inglês Selective Androgenic Receptors Modulators), tibolona, zeranol e zilpaterol.
S2. Hormônios, substâncias afins e seus fatores de liberação
Eritropoietina (EPO), hormônio do crescimento humano (HGH), fator de crescimento semelhante à
insulina (IGF-1), fatores de crescimento mecânicos (MGFs), gonadotrofinas (como hormônio
luteinizante e hormônio coriônico gonadotrófico, proibidas somente em homens), insulinas,
corticotrofinas e outras substâncias com estrutura química similar ou efeito biológico(s) similar(es).
S3. Beta-2-agonistas
Todos os beta-2-agonistas, tanto isômeros D- como L-, são proibidos.
S4. Agentes com atividade antiestrogênica
Inibidores da aromatase (tais como: anastrozola, letrozola, aminoglutetimida, exemestano, formestano
e testolactona), moduladores de receptor seletivo a estrógenos (SERMs, do inglês Selective Estrogen
Recpetors Modulators), outras substâncias antiestrogênicas (como, por exemplo, clomifeno,
ciclofenila e fulvestranto) e agentes modificadores da função(ões) da miostatina.
S5. Diuréticos e outros agentes mascarantes
Diuréticos, epitestosterona, probenecida, inibidores da alfa redutase (como finasterida e
adutasterida), expansores de plasma (como albumina, dextran e hidroxietilamido) e outras
substâncias com efeito(s) biológico(s) similar(es).
Métodos proibidos
1
M1. Aumento do carreamento de oxigênio
a) Doping sanguíneo, incluindo o uso de sangue autólogo, homólogo ou heterólogo, ou de produtos
contendo glóbulos vermelhos de qualquer origem.
 
b) Aumento artificial da captação, do transporte ou do aporte de oxigênio, tais como
perfluoroquímicos, efaproxiral (RSR 13) e produtos à base de hemoglobina modificada (como
substitutos de sangue com base em hemoglobina e produtos com hemoglobina microencapsulada).
2M2. Manipulação química e física
a) Manipular ou tentar manipular, visando alterar a integridade e a validade das amostras coletadas
no controle de dopagem, como, dentre outras possibilidades, a substituição e/ou alteração da urina.
 
b) Infusões intravenosas são proibidas. Em caso de emergência médica em que o método for
necessário, isenção de uso terapêutico retroativa será necessária.
3
M3. Doping genético
É proibido o uso não terapêutico de células, genes, elementos genéticos ou a modulação da
expressão genética que tenham a capacidade de aumentar o desempenho do atleta.
Substâncias e métodos proibidos em competição
Adicionalmente, as substâncias de S1 a S5 e os métodos de M1 a M3, nos períodos competitivos, adicionam-
se à lista proibida:
S6. Estimulantes
Todos os estimulantes são proibidos, incluindo seus isômeros óticos (D- e L-), quando relevantes,
exceto derivados de imidazol para uso tópico e aqueles estimulantes incluídos no programa de
monitoramento de 2008.
S7. Narcóticos
Buprenorfina, dextromoramida, diamorfina (heroína), fentanil e seus derivados, hidromorfona,
metadona, morfina, oxicodona, oximorfona, pentazocina e petidina.
S8. Canabinoides
Canabinoides (haxixe e maconha, por exemplo).
S9. Glicocorticosteroides
Todos os glicocorticosteroides são proibidos quando administrados por via oral, retal, intramuscular
ou endovenosa. Seu uso terapêutico requer a aprovação de uma TUE.
P1. Álcool
O etanol é proibido, seguindo controle de limite séricos, apenas nas competições de: Aeronáutica,
arco e flecha, automobilismo, boliche, lancha de potência, karatê, motociclismo e pentatlo moderno
(em tiro).
P2. Betabloqueadores
Proibido nas seguintes competições: Aeronáutica, arco e flecha (incluindo fora da competição),
automobilismo, bilhar, bobsledge (trenó de velocidade), boliche (incluindo boliche com 9 pinos), 
curling (nos Jogos de Inverno, com pedras de granito no gelo), esqui/snowboarding (salto com esqui
e estio livre em snowboard), ginástica, lancha de potência, lutas, motociclismo, pentatlo moderno
(para disciplinas envolvendo tiro), tiro (também fora da competição) e vela (exclusivamente para 
match race).
Os riscos do uso de anabolizantes em atletas e praticantes de atividade física
O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre os riscos à saúde do uso de anabolizantes em atletas e
praticantes de atividade física.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A legislação brasileira para controle da venda e do consumo de suplementos nutricionais no
país é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao longo dos últimos
30 anos, a Anvisa vem atualizando e fiscalizando a segurança dos produtos disponíveis para
consumidores do mercado doméstico. No que tange aos cuidados de suplementos para
finalidade esportiva, a Anvisa fez publicação em 2010 que controla a qualidade de vários
produtos, dentre eles os proteicos e hidroeletrolíticos, por exemplo. Sobre a RDC nº 18, que
dispõe sobre alimentos para atletas, é correto afirmar que:
A
Suplementos proteicos devem conter obrigatoriamente a totalidade de sua composição energética de
proteínas.
B
Suplementos hidroeletrolíticos são exclusivamente indicados para atletas de endurance.
C
Tanto os suplementos energéticos como os proteicos devem ser adicionados de fibra alimentar, para maior
saúde do consumidor.
D
Os suplementos de cafeína não devem conter nenhuma adição de macronutrientes em sua composição.
E
Os suplementos de creatina não devem conter nenhuma adição de macronutrientes em sua composição.
A alternativa D está correta.
De acordo com a RDC nº 18, de 2010, a Anvisa dispõe que: suplementos proteicos devem ter pelo menos
50% da energia do produto advinda de proteínas; suplementos hidroeletrolíticos não têm discriminação de
tipo de modalidade esportiva; suplementos energéticos e proteicos não devem ser adicionados de fibras
dietéticas (para garantir que não haja retardo do esvaziamento gástrico e perda de conteúdo e da
velocidade absortiva dos produtos); e os suplementos de creatina podem ser adicionados de carboidratos.
Questão 2
A Agência Mundial Antidoping (WADA) costuma gerar publicações a cada dia 1º de janeiro,
atualizando a lista de substâncias proibidas no esporte. Contudo, algumas substâncias são
proibidas somente no período competitivo e, eventualmente, liberadas fora dessa condição.
São elas:
A
Álcool, narcóticos e canabinoides.
B
Doping sanguíneo.
C
Doping genético.
D
Esteroides androgênicos anabolizantes.
E
Diuréticos.
A alternativa A está correta.
Fora dos períodos competitivos, a WADA não considera proibitiva a ingestão de drogas sociais, como
álcool, narcóticos e canabinoides. As demais alternativas são proibidas dentro ou fora de períodos
competitivos, pois trazem vantagens ou danos à saúde cumulativos ou agudos.
2. Suplementos nutricionais de origem proteica
Turnover proteico e demanda nutricional do exercício
O treino esportivo gera, fisiologicamente, microdanos na fibra muscular, por razões mecânicas,oxidativas e
até mesmo metabólicas. Dá-se o nome de turnover proteico à relação entre a degradação de proteínas
durante o exercício e a indução à síntese proteica posterior. Destacam-se os principais agentes causadores da
proteólise muscular durante e após o exercício de forma concomitante:
Lesões mecânicas
Dano mecânico. Intensidade e volume do treino:
Interação natural entre as proteínas
sarcoméricas (como actina e miosina) para
suporte da contração muscular, gerando
ruptura da microestrutura da miofibrila.
Lesões oxidativas
Dano oxidativo. Radicais livres:
Aumento das Espécies Reativas de Oxigênio e
Nitrogênio (ERON) por incremento no consumo
de oxigênio durante o exercício.
As ERON geram lipoperoxidação das
membranas e de outros conteúdos da fibra
muscular, resultando em microdanos.
Lesões metabólicas
Dano metabólico. Adrenalina e cortisol:
Para auxílio no suprimento energético, mesmo
que significativamente diminuto, há estímulo
para proteólise de tecido magro durante o
exercício, para maior oferta de aminoácidos no
plasma sanguíneo.
O controle desse processo ocorre através do
eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. O córtex
adrenal é capaz de produzir hormônios
adrenalina e cortisol, que são significativamente
catabolizantes, para colaboração energética e
neoglicêmica.
As lesões microscópicas, inerentes ao exercício, liberam proteínas, antes intramusculares, em direção à
corrente sanguínea − tais como creatino kinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH), que servem como
biomarcadores da extensão das injúrias da célula muscular frente ao exercício. Esse fenômeno é
acompanhado da liberação de hormônios eicosanoides, em especial de prostaglandinas tipo E2 (PGE2), que
têm grande importância na indução à quimiotaxia. Esta, por sua vez, acarreta processo de resposta
inflamatória por citocinas liberadas por células de defesa.
 
É justamente esse mecanismo da relação de dano até a indução ao feedback pró-inflamatório que permite que
os conteúdos do tecido muscular sejam remodelados, tanto para sua própria reparação quanto para maior
estímulo à síntese proteica muscular. Essas modificações, quando controladas em sua magnitude, são
capazes de gerar as adaptações fisiológicas desejadas pela prática esportiva, como aumento da resistência e
hipertrofia muscular, por exemplo.
quimiotaxia
É um processo de migração das células em direção a um gradiente químico, podendo ser de forma
negativa ao gradiente, por exemplo, as células se movem em sentido oposto de uma substância e
positiva as células se movem em direção a um gradiente químico. 
Atenção
A atividade física demanda ingestão de conteúdos proteicos maiores do que para indivíduos
sedentários, de qualquer faixa etária, justamente para atender ao turnover de proteínas. 
Em média, as recomendações para consumo de proteínas entre esportistas adultos seguem a seguinte
orientação, segundo a American College of Sports Medicine (2016):
Exercícios de endurance
1,2 a 1,6g de proteínas por kg de peso ao dia.
Exercícios de força, potência ou hipertrofia
1,4 a 2,0g de proteínas por kg de peso ao dia.
Fisiculturistas
na fase de bulking, 1,4 a 2,0g de proteínas por kg de peso ao dia.
na fase de cutting, 2,0 até 3,1g de proteínas por kg de peso ao dia.
Síntese proteica e hipertrofia muscular
Por vezes, é natural observar confusão entre os processos de síntese proteica muscular (SPM) e de hipertrofia
muscular. Entenda as diferenças abaixo:
Síntese proteica muscular (SPM) 
Aumento da construção de proteínas
estruturantes da fibra muscular que
participam de uma série de funções e
atividades, como na formação de energia
aeróbica (caso de proteínas mitocondriais) ou
na contração muscular (caso de proteínas
miofibrilares).
Hipertrofia muscular 
É um resultado do aumento do volume
muscular considerando o tamanho
adquirido pelas fibras que compõem o
tecido. O acréscimo pode ser resultado
de maior presença de proteínas, água e
até mesmo glicogênio, gerando
aumento significativo da célula. 
Atenção
Não há nenhuma relação de dependência ou obrigatoriedade do consumo de suplementos nutricionais
para se atingir balanço proteico positivo (BPP), em prol do êxito em quaisquer objetivos esportivos
desejados, seja hipertrofia muscular ou outros benefícios de uma síntese proteica significativa (maior
atividade aeróbica e anaeróbica, maior resistência à fadiga, maior resistência ao dano, melhor
recuperação ao dano etc.). 
Para que um indivíduo gere BPP, alguns pontos são relevantes, segundo Phillips (2014):
 
A SPM é favorecida pela presença de aminoácidos no período pós-prandial (após refeições),
acompanhada de treinos de resistência muscular.
 
O período de recuperação (popularmente chamado de “pós-treino”) compreende melhor timing para
ingestão de proteínas ou aminoácidos, por aproveitar a indução à síntese proteica após a proteólise
muscular induzida pelo exercício.
• 
• 
 
Proteínas completas, com todos os aminoácidos essenciais (AAE) e bom conteúdo de leucina,
favorecem a SPM.
 
Alguns componentes são comumente associados a proteínas para melhoria da SPM ou supressão da
degradação proteica muscular (DPM), como carboidratos, arginina e glutamina. No entanto, nenhuma
dessas associações gera eficácia observável em aumentar SPM, diferentemente da hipertrofia, que
pode ser favorecida de uma boa ingestão, em especial, de carboidratos.
 
Evidências sugerem que dietas hiperproteicas associadas a exercícios de resistência muscular são
capazes de gerar BBP, SPM e hipertrofia, mesmo diante de restrição calórica para promoção de perda
de peso. Contudo, a extensão da hipertrofia é claramente inferior quando comparada às dietas de
balanço energético positivo ou hipercalóricas frente ao exercício resistido.
 
O treino de resistência, isoladamente, já é capaz de promover o estímulo de SPM, inclusive em
condições de jejum. Entretanto, no jejum também é observado aumento da DPM.
 
A forma como os aminoácidos atingem a corrente sanguínea é irrelevante para o processo de SPM. Ou
seja, os aminoácidos que atingem o meio interno através da digestão de alimentos proteicos (como
bifes e ovos), das proteínas suplementadas (como whey protein ou ovoalbumina) ou até mesmo por
oferta via intravenosa, indicam a mesma magnitude de SPM, em velocidades distintas. Contanto,
porém, que tenham o mesmo perfil de aminoácidos.
 
O estímulo insulinêmico que acompanha ingestão proteica após exercício não é necessariamente
estimulante à SPM, mas, provavelmente, supressora da proteólise e da DPM, favorecendo a
recuperação do tecido. Em outras palavras, a insulina, como hormônio anabólico que é, cria condições
mais adequadas e permissivas para SPM.
Por outro lado, de fato, existem recursos
nutricionais que apresentam respostas
ergogênicas, contanto que respeitem os
critérios de demanda corporal frente ao
consumo dietético do indivíduo, além de outros
fatores pré-requisitantes. Nesse sentido, a
eficácia de suplementos nutricionais proteicos
está íntima e dependentemente ligada à
composição proteica dietética e à demanda de
SPM do exercício físico.
 
Alguns dos suplementos dietéticos que
apresentam bom nível de evidência na
literatura, como proteínas de alto valor biológico e creatina monohidratada, devem estar condizentes às
condições de treinamento, dieta e composição corporal do indivíduo, segundo Phillips (2014).
Suplementação de proteínas e derivados no esporte
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Os anseios esportivos, estéticos e de busca de bem-estar nutrem o interesse de indivíduos em suplementos
nutricionais, por conta das agressivas estratégias de marketing impostas pelo mercado. Entretanto, com a
aplicação dos critérios prescricionais mais indicados, é possível saber fazer uso dos recursos ergogênicos
disponíveis. Dentre os principais suplementos adquiridos, destacam-se os produtos de origem ou derivação
proteica, como proteínas hidrolisadas, peptídeos, aminoácidos e metabólitos.
 
Proteínas
 
Os suplementos de proteínas disponíveis pela indústria podem auxiliar praticantesde exercícios físicos a
compor seu planejamento dietético, no intuito de gerar tanto BPP quando balanço nitrogenado positivo (BNP)
para ajuste da SPM. Nesse quesito, é fundamental que as proteínas ingeridas sejam consideradas de alto valor
biológico/completas, ou seja, contendo todos os AAE (aminoácidos essenciais). Os AAE são aqueles
aminoácidos que são incapazes de serem sintetizados pelo corpo, sendo dependentes da ingestão alimentar
para sua biodisponibilidade. De acordo com Church et al. (2020), são eles:
TREONINA METIONINA VALINA
LEUCINA ISOLEUCINA FENILALANINA
TRIPTOFANO TIROSINA HISTIDINA
 
O Quadro 4 segmenta as proteínas completas mais utilizadas como suplementos nutricionais, apresentando
velocidade de oferta de aminoácidos para corrente sanguínea, por conta de maior ou menor digestibilidade, e
sugestão de ingestão.
 
Proteína Velocidade/
Digestibilidade Sugestão de ingestão Fontes dietéticas
Proteínas do soro
do leite (whey
protein)
Rápida/Elevada
30 minutos antes e
imediatamente após o
treino.
Leites e derivados.
Ovoalbumina Rápida/Elevada
30 minutos antes e
imediatamente após o
treino.
Ovos de galinha
brancos ou caipiras.
Soja
Intermediária/
Média
Em grandes refeições, pelo
menos 2 horas antes ou
após o treino.
Grãos de soja, leite
de soja, proteína
texturizada da soja.
Caseína Lenta/Baixa
Desjejuns, ceias ou
grandes refeições,
afastadas do pré e do pós-
exercício.
Leites e derivados.
Bife de carne
vermelha
Lenta/Baixa
Grandes refeições,
afastadas em pelo menos
2-3h do exercício.
Alcatra, patinho,
músculo, filé
mignon.
Quadro 4: Características de proteínas e aplicações práticas para o esporte.
Adaptado de: Lowery & Antonio (2012).
Dependendo do tipo de proteína ingerida, há impacto na velocidade de presença de aminoácidos no pool
plasmático. Essa condição resulta em diferentes tempos de desenvolvimento de SPM e em taxas de síntese
fracionadas (FSR, do inglês Fractional Synthesis Rate) de proteínas. Isso ocorre, pois a concentração de
aminoácidos do plasma sanguíneo é precursora da presença de aminoácidos intramusculares para SPM. A
FSR proteica consiste na taxa na qual uma determinada proteína é incorporada na massa proteica, nesse caso
muscular, do corpo.
 
A imagem 3 apresenta diferença da FSR da SPM após 1h de consumo de três tipos de proteínas hidrolisadas
suplementadas (whey protein, caseína e soja), tanto em repouso quanto após o exercício físico de resistência
muscular, em 18 homens, divididos por grupo de produto ingerido. Nesse ensaio, é possível observar que:
 
a) Em repouso, a porcentagem de FSR tanto do whey protein como da soja foram significativamente maiores
que o da caseína;
 
b) Em repouso, a porcentagem de FSR do whey protein foi maior, porém não significativamente superior, ao da
soja;
 
c) Após o exercício, todos os três grupos tiveram a porcentagem de FSR maior do que no estado de repouso;
 
d) Após o exercício, o consumo de whey protein gerou mais rapidamente a porcentagem de FSR que os
demais.
 
Isso demonstra que a digestibilidade da proteína pode resultar em oscilações na velocidade SPM pós-
exercício. Todavia, segundo Tang et al. (2009), é fundamental compreender que:
 
Não é porque uma proteína gera maior velocidade de SPM que ela necessariamente gera maior SPM
que as demais. Conforme já vimos, independentemente do tipo de proteína e forma de oferta, caso
essa fonte seja composta de AAE e acompanhada de exercício de resistência muscular, haverá
estímulo de SPM na mesma extensão (somente em velocidades diferentes).
 
Existem casos nos quais a recuperação da SPM pode ser realizada de forma mais lenta, como no caso
de indivíduos que buscam reduzir a massa corporal ou reduzir a atrofia muscular induzida pelo sono ou
grandes períodos em jejum.
• 
• 
Imagem 3: Valor % de FSR após 1h de ingestão de cerca de 20 g de suplementos de
whey protein, caseína e soja, tanto em repouso quanto após o exercício.
A velocidade na qual os AAE chegam à corrente sanguínea está, portanto, intimamente ligada à capacidade
digestiva da proteína, seja por sua estrutura (grande ou pequena massa molecular, por exemplo) ou estado de
oferta (líquida ou sólida).
 
A imagem 4 demonstra a relação de tempo e variação das concentrações de AAE de acordo com o tipo de
proteína consumida:
Imagem 4: Concentração de AAE após ingestão de whey protein, soja e caseína. É
possível observar, em asterisco, que a concentração de AAE após ingestão do whey
protein encontra-se significativamente mais elevada de forma mais rápida que os
demais.
Whey protein
O whey protein (WP) é um termo em inglês para as proteínas encontradas no soro do leite. O conjunto de
proteínas do WP pode ser adquirido a partir do isolamento químico das proteínas totais do leite,
principalmente de vaca.
A desnaturação da caseína por redução de pH resulta na separação do precipitado da coalhada do leite denso
nessa proteína, enquanto o soro translúcido em fase líquida na camada superior da amostra contém diversas
proteínas que compreendem o rol de componentes do WP.
 
A Tabela 7 apresenta os principais constituintes do WP, com suas respectivas características mais relevantes:
Proteína do soro do
leite Concentração Característica
β-lactoglobulinas
(β-Lg)
45-57%
Contém cerca de 25% de aminoácidos de BCAA da
amostra total de WP.
α-lactoalbumina (α-
La)
15-25%
Contém 6% de triptofano da amostra total de WP,
sendo considerada maior fonte dietética desse
aminoácido.
Soroalbumina
bovina (BSA)
10% Contém 6% de cistina da amostra total de WP.
Imunoglobulinas (Ig) 10-15% 80% é composta por IgG.
Outras subfrações
proteicas
com potencial dano aos tecidos renais e hepático. 
Além da capacidade de oferta qualitativa de perfil de aminoácidos de forma ágil para SPM, o WP parece
apresentar boa atividade do ponto de vista clínico-funcional. Segundo Souza et al. (2012) e Vasconcelos,
Bachur & Aragão (2018), dentre as principais vantagens a partir da ingestão de WP, emergem:
1
Ação anabólica muscular
O excelente aminograma fornecido após digestão do WP favorece aumento da SPM e, por
consequência, propicia melhor cenário para hipertrofia, força, resistência e potência muscular.
2
Ação antioxidante
A lactoferrina possui relevante ação antioxidante, propiciando cenário de redução do estresse
oxidativo e envelhecimento celular.
3
Ação cardiovascular
Peptídeos de β-Lg e α-La são capazes de gerar inibição da enzima conversora de angiotensina
(ECA). A ECA gera produção de angiotensina II, componente com característica vasoconstritora do
sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), sistema este que controla a pressão arterial e o
volume plasmático intravascular. Logo, com a inibição de ECA, observa-se redução da pressão
arterial.
4 Ação hipoglicemiante
A ingestão de WP acarreta no aumento de insulina pós-prandial e de jejum. Isso acontece porque a
rápida presença de AAE desencadeia ação da insulina, induzindo redução de glicemia.
5
Ação sacietógena
A ingestão de WP pode interferir no balanço energético diário e favorecer emagrecimento, por
estimular redução da secreção de hormônios orexígenos − tais como a grelina gástrica − e aumentar
a liberação de incretinas sacietógenas no intestino ou no tecido adiposo, como a GIP (peptídeo
inibidor gástrico), a GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1) e a leptina.
Ovoalbumina
 
O ovo consiste em uma das fontes alimentares de melhor custo-benefício na dieta, pois possui conteúdo
nutricional de alta qualidade acompanhado de baixo valor econômico, na maioria dos países.
Um ovo branco, em média, apresenta composição dividida em 57% de albúmen (popularmente
conhecida como clara do ovo) e 31% de gema, sendo os outros componentes geralmente não
consumíveis, como a cápsula (casca) de carbonato de cálcio. Dentre os principais nutrientes
encontrados no ovo, verifica-se grande conteúdo proteico de alto valor biológico, gordura (como ácidos
graxos essenciais), minerais e vitaminas hidro e lipossolúveis.
A presença de alguns componentes enfatiza a categorização de alimento funcional para ovos, muito em
virtude da sua ação antioxidante − principalmente a partir de carotenoides como a luteína e a zeaxantina −, e
pró-cognitiva, pelo conteúdo de colina.
 
A Quadro 6 destaca o conjunto de proteínas observadas nos seus compartimentos comestíveis:
Localização Proteína Característica
Ovoalbumina
Clara
Glicoproteína fosforilada mais abundante no ovo e de
melhor composição de aminoácidos. Pode apresentar
potencial alergênico importante.
Ovotransferrina Transportadora de ferro dentro do ovo para formação
embrionária animal.
Ovomucoide Significativo potencial alergênico.
Ovomucina Estrutura gelatinosa da clara.
Lisozima Ação antimicrobiana.
Avidina Ação antinutricional, em especial a vitamina biotina
(vitamina B7).
Ovoglobulina Dá propriedades espumosas à clara.
Lipoproteína de baixa
densidade (LDL)
Gema
Capacidade adsortiva.
Lipoproteína de alta
densidade (HDL) Função antioxidante.
Fosvitina Função emulsificante.
Livetina Potencial alergênico.
Quadro 6: Composição proteica do ovo.
Adaptado de Guha, Majumder & Mine (2018).
A ovoalbumina (OA) consiste no componente majoritário de todo ovo (54% das proteínas da clara) e tem
elevado valor nutricional pela sua excelente distribuição de aminoácidos, especialmente BCAA, aminoácidos
aromáticos e cisteína. Além disso, assim como o WP, a OA é uma proteína de alta digestibilidade, tornando-se
excelente fonte proteica para indivíduos que almejam rápida recuperação ou presença de AAE no sangue para
SPM pós-exercício.
Comentário
Assim como discutido anteriormente, quaisquer proteínas oferecidas devem estar computadas no
cálculo de ingestão proteica diária, em função do tipo de exercício praticado. Adicionalmente,
ressaltamos que doses de 20 a 40g de suplementação de AO são capazes de gerar ótima resposta para
SPM e síntese de proteínas plasmáticas, como a própria albumina humana, transferrina etc., de acordo
com Jäguer et al. (2017). 
Proteínas vegetais
 
A procura pelo aumento de ingestão de alimentos com conteúdo proteico vegetal pode acontecer em virtude
de diversas condições, baseadas na redução ou na substituição total de fontes proteicas animais, seja por
escolhas socioculturais, pessoais, clínicas ou até mesmo gustativas.
Atenção
Os alimentos vegetais, em sua maioria, apresentam limitação no perfil disponível de aminoácidos. Isso
torna seu conteúdo proteico de menor qualidade e valor biológico, quando comparados às demais
proteínas de origem (ou derivadas de) animais. Entretanto, isso não significa que não é possível manter
uma dieta dentro do espectro do vegetarianismo em combinação com elevada demanda esportiva. 
Como debatido anteriormente, o exercício eleva a demanda proteica no indivíduo para atender às requisições
da SPM, seja para reparo dos microdanos ou para aumento de proteínas intramusculares. Contudo, também
como já apresentado, a origem da combinação dos aminoácidos presentes no sangue e com destino ao
músculo é indiferente para SPM.
 
Segundo Rogerson (2017), para que vegetarianos obtenham capacidade de oferta proteica adequada, será
necessário: escolher fontes proteicas de melhor qualidade, como a soja; ou combinar fontes proteicas
limitantes em aminoácidos para que elas se completem, tornando a soma total da ingestão proteica vegetal
combinada condizendo com a necessidade fisiológica induzida pelo exercício.
 
A melhor maneira de compor a oferta proteica vegetal, de acordo com Mariotti & Gardner (2019), pode ser
apresentada pela combinação simultânea e frequente nas refeições de fontes alimentares de leguminosas, 
oleaginosas e sementes (LNS, do inglês Legumes, Nuts and Seeds). Recomenda-se que a dieta proteica
vegetariana seja composta de 80 a 100% de LNS.
A Tabela 8 apresenta uma lista de fontes alimentares vegetais com seu respectivo conteúdo proteico.
Ressalta-se que o cozimento das fontes de LNS geralmente reduz em 40-50% a presença de proteínas
disponíveis no alimento.
Alimento Proteína por 100g
Soja (crua) 36,5
Semente de abóbora desidratada 30,2
Lentilhas (sem cocção) 24,6
Alimento Proteína por 100g
Feijão preto (sem cocção) 21,6
Amêndoas (cruas) 21,2
Tofu 17,3
Aveia 16,9
Quinoa 14,1
Tabela 8: Conteúdo proteico em alimentos de origem vegetal.
Adaptado de Rogerson (2017).
A análise físico-química da soja apresenta distribuição de aproximadamente 40% da sua composição formada
por proteínas com valor de PDCAAS de 1,0, assemelhando-se às fontes proteicas animais. A digestibilidade
das proteínas da soja gera certo retardo na capacidade absortiva e na velocidade de presença de
aminoácidos na corrente sanguínea, em função de alguns fatores antinutricionais presentes no alimento. No
mercado de suplementos, a proteína da soja (PS) pode ser encontrada nas formas apresentadas a seguir:
Proteína texturizada
A partir de 50% de PS, acompanhada de carboidratos e lipídios.
Proteína concentrada
A partir de 70% de PS, acompanhada de macronutrientes.
Proteína isolada
A partir de 90% de concentração de PS. Remoção total ou parcial de carboidratos e lipídios
(dependendo do grau de isolamento).
Mesmo com aporte proteico adequado e bom estímulo à SPM, adeptos do vegetarianismo devem estar
atentos à eventual insuficiência nutricional − com destaque aos micronutrientes −, comum nesses indivíduos
(principalmente por veganistas) em função da retirada de fontes derivadas de animais. Dentre os nutrientes
passíveis de análise ou suplementação, encontram-se:
 
Vitamina B12
 
Ferro
 
Zinco
 
Cálcio
• 
• 
• 
• 
 
Vitamina D
 
Iodo
 
Ácidos graxos poli-insaturados ômega 3
Peptídeos,aminoácidos e metabólitos
Creatina
 
A creatina consiste em um aminoácido denominado de “não proteico”, por não ter função biológica direta na
síntese de proteínas corporais. Sua estrutura é formada após sucessivas transformações químicas, que
envolvem a participação de aminoácidos fundamentais para conversão e excreção de amônia no ciclo da ureia
hepático, como arginina e ornitina, além de outros aminoácidos, como a glicina e a metionina.
Após sua síntese endógena ou seu consumo dietético por
variadas fontes alimentares (Tabela 9), a creatina é
majoritariamente endereçada ao tecido muscular
esquelético, para colaboração no metabolismo energético
anaeróbico alático, também conhecido como sistema
fosfagênio. Na fibra muscular em repouso, a creatina é
transportada para o interior da membrana mitocondrial para
fosforilação e formação do composto PCr, que serão
depositadas no interior do sarcoplasma da fibra muscular.
Em situações de rápida e intensa contração muscular, as
reservas de fosfocreatina (PCr) são catabolizadas pela
enzima creatinokinase (CK), formando como produtos a
liberação de fosfato, energia e creatina. Tanto a energia
quanto o fosfato são utilizados para ressintetizar imediatamente o ATP do tecido muscular. O ATP
desenvolvido é então hidrolisado, liberando energia química para o sarcômero realizar interação entre as
proteínas miofibrilares e o movimento cinético, tendo como resultado a contração/relaxamento muscular e o
acúmulo de adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi).
 
Paralelamente, a maior parte da creatina originada da degradação da PCr é acumulada no sarcoplasma da
fibra muscular até significativa redução da intensidade ou término do exercício, para que sua molécula seja
encaminhada novamente para a mitocôndria da célula e ressintetize PCr.
Alimento Creatina (g/Kg)
Arenque 6,5-10
Carne suína magra 5
Carne bovina magra 4,5
Salmão 4,5
Atum 4
Bacalhau 3
• 
• 
• 
Alimento Creatina (g/Kg)
Peixe solha 2
Leite 0,1
Frutas silvestres 0,02
Tabela 9: Fontes alimentares e concentração de creatina.
Adaptado de: Williams, Kreider & Branch (2000).
A suplementação de creatina na forma mono-hidratada (CM) consiste em um dos 5 suplementos
considerados de maior nível de evidência e grau de recomendação pela American College of Sports Medicine.
Há vasta publicação científica apontando para efeitos ergogênicos, principalmente, ganho de força, hipertrofia
e potência muscular. A prescrição de CM deve ser protocolada para manter segurança de ingestão dietética e
não desenvolver concentrações significativas de creatinina (seu metabólito nitrogenado), o que,
eventualmente, poderia aumentar o risco de dano renal. As principais orientações para suplementação de CM
são:
Oferecer ingestão diariamente, independentemente dos dias de repouso do treinamento.
Consumir no mínimo por 3 meses.
A oferta por períodos prolongados deve vir acompanhada do monitoramento das escórias
nitrogenadas − como ureia, ácido úrico e creatinina − e da taxa de filtração glomerular.
As doses podem variar de 0,05 g por kg de massa corporal ao dia ou em valores fixos de 1 a
5 g por dia.
Os modelos de suplementação de duas fases (saturação e manutenção) não parecem
apresentar vantagens ao protocolo de suplementação única.
Nefropatas não devem buscar ingestão do suplemento.
Tomar atenção à ingestão hídrica diária, de aproximadamente 35 mL de água por kg de peso
ao dia em adição ao consumo hídrico de reposição da desidratação do treino.
Lutadores e fisiculturistas devem estar atentos à retirada da suplementação nos períodos de
corte de peso para redução hídrica.
 
Glutamina
 
Geralmente, envolvida em debates acerca de incremento do estado imune, a glutamina costuma ser estudada
em análises sobre recuperação clínica ou esportiva.
Essencialmente o aminoácido mais abundante do
corpo, a glutamina é definida como um aminoácido
condicionalmente essencial.
Sua síntese, seu armazenamento e sua liberação na corrente sanguínea ocorre de forma predominante pelo
tecido muscular esquelético, e costuma ser endereçada para o intestino, o fígado, os rins e os leucócitos.
 
As principais funções fisiológicas desse aminoácido estão associadas à sua capacidade de:
 
Colaboração energética e na síntese proteica.
 
Produção de intermediários de vias aeróbicas, antioxidantes, aminoácidos e neurotransmissores.
 
Nutrição de micro-organismos desejáveis (agindo como prebiótico), enterócitos e colonócitos.
 
Além disso, a glutamina ainda é capaz de auxiliar na biossíntese endógena de glicogênio e colágeno e
colaborar para melhor processo de detoxificação da amônia por meio do ciclo da ureia, de acordo com
Newsholme et al. (2011).
 
A glutamina tem relação direta com o glutamato, funcionando tanto como precursor como produto deste. Por
exemplo, o glutamato produz cerca de 40% da glutamina dentro da fibra muscular através de reação
catalisada pela glutamina sintetase, que condensa glutamato e amônia.
 
A imagem 5s apresenta capacidade da glutamina em se converter a glutamato para síntese de várias
moléculas de participação fisiológica da manutenção do estado nutricional.
Imagem 5: Conversão de glutamina intramuscular a glutamato.
O glutamato tanto pode voltar a sintetizar glutamina, com adição de ATP, como pode produzir
neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), intermediários do ciclo de Krebs, glutationa (potente
antioxidante plasmático) e outras moléculas de importância na manutenção do status nutricional.
• 
• 
• 
 
A suplementação de glutamina parece ser interessante em algumas condições e irrelevante em outras,
principalmente nos cenários nos quais não se observa depleção desse aminoácido.
Atenção
É fundamental compreender que além de existir significativa abundância de glutamina no plasma
sanguíneo, sua síntese não é de difícil execução. Contudo, em condições fisiológicas ou patológicas de
aumento substancial do catabolismo proteico (como na combinação de treinos extenuantes e falta de
entrega energética ou glicídica), há chance de redução de suas concentrações circulantes ou
armazenadas. 
As principais orientações para sua prescrição são:
Oferecer doses diárias, concentradas ou fragmentadas em cenários de indução à
hipoglutaminemia:
Dietas de restrição de carboidratos (menos de 2g de carboidratos por Kg de peso ao dia) ou
energia (abaixo ou com proximidade da taxa metabólica basal).
Em exercícios de endurance ou ultraendurance.
Nos estados caracterizados de overtraining e disbiose nutricional, a suplementação controlada de
glutamina parece apresentar resultados relevantes de melhora de performance, ambiente imune,
capacidade absortiva e saúde nutricional.
A ingestão pode ser realizada em doses únicas ou segmentadas de 0,01 g por Kg de peso ao dia ou em
quantidades fixas de 5-20 g ao dia.
Arginina e nitrato
 
A discussão sobre a finalidade de ingestão ou prescrição de arginina e glutamato costuma ser conjunta, em
função de ambos terem ação predisponente de cenário de hemodilatação. Nesse cenário, há constatação de
maior chegada de sangue, oxigênio e nutrientes à fibra muscular, melhorando suas valências esportivas e,
consequentemente, o desempenho físico.
A arginina é um aminoácido classificado como condicionalmente essencial, isto é, se torna apenas
imprescindível para consumo diante de alguns cenários específicos. Além de participar da síntese
proteica corporal, desempenha um papel importante na regulação desse processo.
• 
• 
• 
De forma complementar, a arginina ainda apresenta as seguintes funções:
Precursor da síntese de óxido nítrico (NO), um
neurotransmissor de ação vasodilatadora endotelial.
Precursor da síntese endógena de creatina.
Auxilia o processo de transformação e excreção de amônia,
no ciclo da ureia no fígado.
Estimulante da secreção de hormônio do crescimento (HG, do inglês Growth Hormone).
Embora não haja observação considerável na literatura sobre a relação direta da ingestão de arginina com
hipertrofia muscular, alguns achados até

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