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MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL RISCO, VULNERABILIDADE E DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO E AO MEIO AMBIENTE Brasília - DF 2025 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Brasília - DF 2025 RISCO, VULNERABILIDADE E DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO E AO MEIO AMBIENTE Tiragem: 2ª edição –2025 – versão eletrônica 2025 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação-Geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde Esplanada dos Ministérios Bloco O, 9º andar CEP: 70052-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-2596 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svsa@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE - CONASEMS Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo CEP: 70058-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3022-8900 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3308-6000 Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Coordenação-geral: Cristiane Martins Pantaleão – CONASEMS Érika Rodrigues de Almeida – SGTES/MS Fabiano Ribeiro dos Santos - SGTES/MS Felipe Proenço de Oliveira - SGTES/MS Hisham Mohamad Hamida – CONASEMS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Coordenação técnica e pedagógica: Andréa Fachel Leal – UFRGS Carmen Lucia Mottin Duro – UFRGS Diego Gnatta - UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Fabiana Schneider Pires – UFRGS Kelly Cristina Santana – CONASEMS Luis Carlos Nunes Vieira de Vieira – SGTES/MS Marilise de Oliveira Mesquita – UFRGS Marta de Sousa Lima – CONASEMS Patricia da Silva Campos – CONASEMS Valdívia França Marçal – CONASEMS Elaboração de conteúdo – 1ª edição: Luiz Almeida da Silva Revisão de conteúdo – 2ª edição: Luiz Almeida da Silva Revisão técnica: Andréa Fachel Leal – UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Luis Carlos Nunes Vieira de Vieira - SGTES/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patricia da Silva Campos – CONASEMS Ranieri Flávio Viana de Sousa – SVSA/MS Designer educacional: Alexandra da Silva Gusmão – CONASEMS Gustavo Henrique Faria Barra – CONASEMS A coleção institucional do Programa Mais Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Risco, vulnerabilidade e danos à saúde da população e ao meio ambiente [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília: Ministério da Saúde, 2025. xxxx p. : il. - (Programa Mais Saúde com Agente; E-book 28). Modo de acesso: World Wide Web: Incluir link ISBN xxxxxxxxxxxx 1. Sistema Único de Saúde - SUS. 2. PNAB e Redes de Atenção. 3. Política Nacional de Vigilância em Saúde. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS xxxxxxxxx Título para indexação: Healthcare agent workers' Fundamentals CDU xxx Colaboração: Daniela Riva Knauth – UFRGS Diego Gnatta – UFRGS Lanusa Gomes Ferreira – SGTES/MS Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Rosângela Treichel S. Surita – CONASEMS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde Ltda Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – CONASEMS Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – CONASEMS Alexandre Itabayana – CONASEMS Caroline Boaventura – CONASEMS Icaro Duarte – CONASEMS Lucas Mendonça – CONASEMS Ygor Baeta Lourenço – CONASEMS Wellington Tadeu Aparecido Silva – CONASEMS Revisão linguística: Aline Ferreira de Almeida Fotografias e ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Envato Freepik Normalização: Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI Valéria Gameleira da Mota – Editora MS/CGDI 4 QR CODE Sempre que surgir o QR CODE, aponte a câmera de seu celular para acessar o conteúdo. Você também pode clicar sobre ele com o botão direito do mouse para abrir em uma nova aba ou navegador. COMO NAVEGAR NESTE E-BOOK Antes de iniciar a leitura do material, veja, aqui, algumas dicas para aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. SUMÁRIO: uma forma rápida e fácil de acessar os capítulos. Quer retornar à lista do sumário? Basta clicar no ícone no canto superior da página. OLÁ, AGENTE! Este é o seu e-book da disciplina Risco, Vulnerabilidade e Danos à Saúde da População e ao Meio Ambiente. Neste material, você verá que os danos causados por desastres naturais e/ou antropogênicos são, em sua maioria, irreparáveis, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. A degradação da fauna e da flora, assim como as alterações físicas e psíquicas vivenciadas pelas comunidades próximas às áreas afetadas, são de difícil mensuração. Você também terá a oportunidade de compreender que, diante da comoção inicial provocada por um desastre, há um forte impacto midiático que influencia diretamente a percepção da comunidade e a forma como a assistência às vítimas é conduzida. No entanto, com o passar do tempo, esse acontecimento tende a cair no esquecimento, deixando à natureza e às pessoas o peso de lidar com as consequências do dano. No caso específico do rompimento de barragens construídas para armazenamento de rejeitos de extração de ferro, ainda não se conhecem, com precisão, os impactos na saúde da população a curto, médio e longo prazo, especialmente, considerando que esse rejeitos contêm substâncias tóxicas e prejudiciais ao organismo humano. Embora existam legislações que definem níveis “aceitáveis” de exposição, sabe-se, na prática, que qualquer nível de contato com substâncias tóxicas, independente da intensidade/quantidade, representa um risco à saúde humana. Diante dessas reflexões, podemos questionar: onde estão os sobreviventes que foram afetados pelo rompimento das barragens, direta e/ou indiretamente? essas pessoas desenvolveram algum tipo de doença em decorrência da exposição à lama de rejeitos? como está a saúde mental daqueles que perderam seus bens materiais e, em muitos casos, familiares? houve acompanhamento psicológico para essa população? a degradação ambiental causada pela lama de rejeitos está sendo reparada pelas empresas responsáveis? E mais: a ocorrência aumentou o risco de novos desastres na região? Somente por meio do empoderamento social e da participação de todos os atores que vivem e atuam no território será possível construir estratégias conjuntas para transformar a realidade local. Essa mudança deve começar no âmbito individual e se expandir para o coletivo, promovendo ações integradas e sustentáveis. Nesse contexto, a proteção da natureza e prevenção de desastres, sejam eles naturais ou provocados pela ação humana, contribuem diretamente para a redução de riscos e danos, reforçando o papel do território como espaço de cuidado, prevenção e fortalecimento comunitário. Além disso, essas e outras questões exigem respostasda temperatura ambiental (Brasil, 2025). Você já sabe que as medidas de vigilância em saúde para prevenção de doenças causadas por arboviroses acontecem de forma ininterrupta, tendo como principal responsável o(a) ACE que, vinculado(a) à equipe da Atenção Primária, possui atribuições específicas para prevenção e controle de tais doenças. Emergências em Saúde Pública (ESP) Surtos/epidemias 73 Em casos de Surtos e Endemias causadas pela ocorrência de Dengue, Chikungunya e Zika, a atuação da VS envolve uma sequência de ações diferenciadas, as quais são planejadas de acordo com a situação epidemiológica do município, do nível da infestação pelo Aedes e da circulação dos arbovírus em cada território (Brasil, 2021; 2025). Pensando nesse cenário, o MS, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, construiu o Plano de Contingência para a Dengue, Chikungunya e Zika, o qual possui como objetivo orientar as ações de vigilância e a resposta a serem realizadas por todos os entes que compõe o SUS e o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), cujas atribuições são associadas com o conjunto de políticas e estratégias de vigilância, prevenção e controle das arboviroses (Brasil, 2025). Tendo em vista que as arboviroses citadas são endêmicas em algumas regiões e sazonais em outras, a depender das condições climáticas, como frio, calor, excesso de períodos chuvosos, tais situações podem elevar o risco de ocorrência de surtos e, caso não haja controle efetivo, esses podem evoluir para epidemias. Acesse o Plano de Contingência Nacional para a Dengue, Chikungunya e Zika. Para isto, clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-e-manuais/2025/plano-de-contingencia-nacional-para-dengue-chikungunya-e-zika.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-e-manuais/2025/plano-de-contingencia-nacional-para-dengue-chikungunya-e-zika.pdf • atuar de forma integrada e complementar nos domicílios e nos espaços da comunidade, junto aos(as) Agentes Comunitários de Saúde (ACS), fortalecendo o vínculo e a comunicação da população com os serviços de Atenção Primária; • contribuir com as atividades de educação e comunicação em saúde para a população, informando/esclarecendo a biologia do vetor, os principais criadouros; • realizar ações em pontos estratégicos e áreas propensas a maior circulação de pessoas (áreas com grande fluxo de pessoas, como instituições de ensino públicas e privadas, unidades de saúde, clubes, centros comerciais, instituições religiosas e outros), podendo contar com o auxílio dos trabalhadores da VE e da ESF. 16 Para entender o contexto social e a realidade do seu e dos territórios circunvizinhos, acesse o InfoDengue, plataforma que traz alertas baseados em dados híbridos gerados por meio da análise integrada de dados minerados a partir da web social, de dados climáticos e epidemiológicos (Brasil, 2025). Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. Agora, reflita! Quais ações o(a) ACE pode fazer para contribuir diante à ocorrência de surtos e endemias causadas por arbovírus? 74 https://info.dengue.mat.br/ https://info.dengue.mat.br/ Os desastres de origem tecnológica podem incluir a Radiação Ionizante (RI) e a Radiação Não Ionizante (RNI). DESASTRES DE ORIGEM TECNOLÓGICA E ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS 75 São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam, podendo ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. Com o advento tecnológico, a utilização de materiais com radiação se tornou corriqueiro, por exemplo, na área da saúde para utilização de raios X, ressonância magnética, tratamento de câncer, além de outras áreas que utilizam a luz, microondas, ondas de raios, radar, laser e radiação gama (Brasil, 2022b). RADIAÇÃO IONIZANTE (RI) É conhecida por ter seu efeito na saúde humana menos deletérios do que a ionizante, ainda que a curto prazo, tendo em vista que os efeitos a médio e longo prazo ainda carecem de maiores estudos para comprovação. É uma das estruturas que mais cresce no mundo, tendo em vista que o uso da telefonia celular e as tecnologias de comunicação sem fio, todas utilizam a RNI como fonte (Brasil, 2022b). RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE (RNI) Os casos como transporte de combustíveis, seja por via terrestre, aérea ou marítima são exemplos de situações de risco que estão suscetíveis à ocorrência de acidentes, bem como as indústrias que utilizam, fabricam e/ou armazenam produtos químicos (Brasil, 2022b). 76 E OS ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS? São designados por compostos que podem causar agravos, desde explosão até queimaduras, intoxicações, contaminações do solo, da água e do ambiente como um todo. 77 Acesse o site do Ministério da Saúde e saiba mais sobre as Emergências Radiológicas.. Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. Em acidentes e/ou exposições dessa magnitude, o que o(a) ACE pode fazer e ou contribuir com a equipe de saúde? Com a evolução global, dentre elas do sistema de construção das cidades, redução de matas para o plantio, evolução dos meios tecnológicos e, consequentemente, as alterações realizadas no ambiente pelo homem, o mundo tem enfrentado o fenômeno de mudanças climáticas. Ocorrências como enchentes e secas vêm afetando cada vez mais as populações e têm agido diretamente na saúde das populações ao redor do mundo. Esses fenômenos naturais, embora opostos, compartilham a capacidade de causar danos significativos à saúde pública. ENCHENTES E SECAS: IMPACTOS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/resposta-a-emergencias/qbrn/emergencias-radiologicas?form=MG0AV3 https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/resposta-a-emergencias/qbrn/emergencias-radiologicas?form=MG0AV3 As enchentes, oriundas de situações ocasionadas por excessos de chuvas, as quais podem causar transbordamento de rios, rompimento de barragens e represas, são condicionantes que podem agravar a saúde humana, animal e do ecossistema, pois a depender de seu volume e intensidade gera alterações na estrutura e pode se configurar como veículo para ocorrência de acidentes, tais como afogamentos, ocorrência de doenças infecciosas por meio da contaminação da água e aumento de proliferação de doenças causadas por mosquitos, bem como pode alterar a saúde mental das pessoas que foram afetadas, tendo em vista que, em sua maioria, a população perde casas, bens materiais e familiares, tornando impossível a recuperação em muitos casos. Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e fique por dentro sobre as Orientações à População em situação de enchentes. 78 https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/enchentes/orientacoes-a-populacao-em-situacao-de-enchentes.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/enchentes/orientacoes-a-populacao-em-situacao-de-enchentes.pdf Em condições opostas, outro aspecto configurado dentro das alterações climáticas que causam agravos ao ambiente e, consequentemente, à saúde humana é a seca, determinada pela ausência de chuva por longos períodos, o que causa redução da umidade relativa do ar, eleva as temperaturas, intensifica a seca da pastagem, aumentando o risco de focos de incêndio espontâneo e também os criminosos, situação vivenciada no ano de 2024 que tem se tornado o ano com maior número de focos de queimadas. Dentre as variadas possibilidades de agravos que podem ser causados pela seca, destaca-se a produção agrícola, a qual leva à escassez de alimentos e em consequência temos o aumento dos preços ao consumidor, podendo levar a classe menos favorecida a situações como desnutrição e fome, o aumento e exacerbação de doenças respiratórias,tendo em vista a baixa umidade do ar, o aumento da emissão de poluentes em decorrência das queimadas, o excesso de poeira, névoa e material particulado suspenso no ar (Casemiro, 2024). 79 80 Quais medidas o(a) ACE pode realizar para contribuir com esse cenário? • juntamente com a equipe da APS, realizar conscientização e empoderamento social para que cada um faça a sua parte na proteção do ambiente, reforçando que ações individuais são precursoras para o sucesso coletivo; • fomentar junto à equipe e orientar a população a cobrar junto ao poder público a construção de infraestrutura que seja resiliente, principalmente em áreas de risco para alagamento, com sistemas de drenagem compatíveis com o histórico de ocorrências e padrão das cidades; • orientar a população em situações de enchentes a seguirem as recomendações gerais, tomando cuidado com a água, alimentos e com a higiene, evitando a propagação de doenças. capa capítulo 05 VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E PREVENÇÃO DE DESASTRES #SAIBA MAIS A discussão sobre vulnerabilidade socioambiental no contexto da prevenção de desastres é intrinsecamente ligada aos Determinantes Sociais da Saúde (DSS), que englobam as condições econômicas, sociais, culturais e ambientais em que as pessoas vivem e trabalham. Fatores como acesso à educação, renda, moradia, saneamento básico, segurança alimentar e serviços de saúde influenciam diretamente a capacidade das populações de se prepararem para desastres e responderem a seus impactos. 82 Entender o conceito de vulnerabilidade perpassa pelo entendimento das facetas que compõem a complexa arte de ser humano e viver em sociedade. A mera atribuição de questões sociais, de origem natural, econômica e modo de vida, por si só não é capaz de mensurar o que a população pensa do sistema e sua confiança em questões sociais, a política de articulação, bem como o entendimento individual dos riscos e perigos que permeiam a sociedade e que lhe impomos sem conhecermos suas percepções (Ojima, 2012). Comunidades em situação de maior vulnerabilidade social geralmente enfrentam maiores desafios, como residir em áreas de risco, menor acesso à informação e recursos para adaptação, além de barreiras para integrar políticas públicas de prevenção. Assim, compreender e abordar os DSS é essencial para promover equidade e resiliência, permitindo intervenções que reduzam os riscos de forma mais inclusiva e sustentável, enquanto fortalecem as capacidades locais de enfrentamento aos desastres. 83 Há uma intensa busca pela sustentabilidade, mas tais buscas têm levado em conta apenas aspectos inerentes ao ambiente, sem entender que o alcance da sustentabilidade não garante por si só a extinção da vulnerabilidade, nem das pessoas, nem das cidades, devendo para isso ter relações intrínsecas com todas as vertentes que compõem os DSS, haja vista que todos os fatores (animais, homem e natureza) estão intimamente ligados. A relação entre a saúde humana e os fatores do ambiente natural alterado pela ação humana é denominado de Saúde Ambiental. Tal articulação busca manter a sustentabilidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas, reduzindo o risco de vulnerabilidade, principalmente a vulnerabilidade socioambiental (Brasil, 2022b; Ojima, 2012). #FIQUE POR DENTRO O termo vulnerabilidade é comumente utilizado para designar a suscetibilidade das pessoas a problemas e danos de saúde, os quais estão relacionados a não garantia dos direitos individuais e coletivos relacionados aos DSS, bem como o grau de risco a que está exposta uma população em sofrer danos por desastres naturais e/ou antropogênicos. A vulnerabilidade às doenças, a exposição ambiental e seus efeitos sobre a saúde se distribuem de forma individualizada, levando em consideração aspectos como pobreza, grupos sociais específicos, cultura, escolaridade, saneamento, moradia digna, segurança, trabalho, renda, acesso efetivo aos serviços de saúde, dentre outros fatores que denominam o acesso aos equipamentos sociais (Bertolozzi et al., 2009; Ojima, 2012; Brasil, 2022b; Ribeiro et al., 2018). 84 Ao se considerar todos esses aspectos e também as condições ambientais da cidade e suas particularidades, tais como instituição de programas de moradias, acesso à educação e serviços de saúde de qualidade, pode-se abordar e ampliar o termo para vulnerabilidade socioambiental, que leva em consideração os aspectos que estão relacionados à saúde humana e à saúde do ambiente, inclusos os animais, os quais podem agir no controle de riscos ou em outros casos podem gerar riscos, assumindo papel de hospedeiros de determinadas doenças que podem ser transmitidas ao homem (Bertolozzi et al., 2009; Ojima, 2012; Brasil, [s.d.]). É válido lembrar que entre os fatores que aumentam a vulnerabilidade socioambiental, além dos condicionantes relacionados às pessoas, ainda estão as mudanças ambientais resultantes da degradação ambiental, ocupação de áreas de proteção ambiental, desmatamento ilegal, poluição de águas, solos e atmosfera, que tornam determinadas áreas mais vulneráveis, fazendo com que haja o fator resultante de vidas precárias e saúde ambiental inadequada (Brasil, 2022c). 85 86 Outro termo que tem sido discutido amplamente que se configura em elementos que podem aumentar a vulnerabilidade das pessoas são os determinantes comerciais da saúde. DETERMINANTES COMERCIAIS DA SAÚDE O termo se refere a “estratégias e abordagens utilizadas pelo setor privado para promover produtos e escolhas que são prejudiciais à saúde”. Interferindo em fatores como comportamentos e escolhas individuais relacionados a consumo e estilo de vida, e questões relacionadas a sociedade global, como riscos de consumo, economia política e globalização, podendo ser influenciados pelas dinâmicas: força motora, canais e resultados (Kickbusch, 2015; Kickbusch; Allen; Franz, 2016; OPAS, 2022). Nesse tocante, ao pensar na relação entre determinantes socioambientais e redução de riscos de desastres, há de se pensar: Qual a estrutura que compõe o cenário da saúde e do ambiente do seu território? Como elas estão planejadas e quais as possibilidades de atuação da equipe multiprofissional que está mais próxima da comunidade que pode ser afetada? Como as políticas públicas podem reduzir a vulnerabilidade socioambiental e prevenir desastres, considerando as desigualdades sociais, os impactos ambientais e a conscientização da população? Na organização do SUS, os municípios têm a responsabilidade de executar as ações de saúde. Nessa perspectiva, cabe ao município a identificação, programação e ações efetivas para a construção de estratégias de proteção à saúde da população, devendo direcionar e buscar recursos adicionais quando necessário. Quais são as estratégias para reduzir as vulnerabilidades, riscos e fortalecimento da população? 87 Segundo Ojima (2012), são várias as possibilidades para se reduzir a vulnerabilidade socioambiental das pessoas, a começar pela reestruturação e adequação dos equipamentos sociais dentro de cada território. A organização de serviços sociais e estruturas de oportunidades possibilitam o acesso de uma parcela mais ampla da sociedade, permitindo assim uma relativa redução de vulnerabilidades. 88 A garantia do cumprimento de um dos preceitos essenciais do SUS, a equidade, que significa tratar com desigualdade os desiguais, pensando não apenas no acesso à saúde, mas na garantia de todos os aspectos que compõem o arcabouço necessário para se viver em sociedade, pensando minimamente nas recomendações dos DSS, pode ser um fator desencadeador para a redução da vulnerabilidade social e socioambiental, com potencial para redução de riscos de desastres, tendo em vista que também o desastre é um componente multifatorial e que em sua maioria pode ser prevenido, integralmenteou em partes (Bertolozzi et al., 2009; Ojima, 2012; Brasil, 2022b; Ribeiro et al., 2018). Da mesma maneira, associações de bairro bem estruturadas, atividades escolares, atividades religiosas, festas, proximidade de familiares no entorno do domicílio/bairro, todas estas variáveis contextuais podem ser fundamentais para a redução da vulnerabilidade socioambiental em determinados contextos. 89 Ações como: falta de vigilância da água para consumo humano; exposição humana a solos contaminados; exposição humana à poluição atmosférica; exposição humana a substâncias químicas e a acidentes com produtos perigosos; exposição humana à radiação ionizante e não ionizante; e exposição humana a desastres. Todas são condições que elevam a suscetibilidade humana e do ambiente, contribuindo para a redução do potencial de análise do risco, pois sem o entendimento da estrutura geral há uma grande dificuldade de contar com a participação social na análise das prioridades para se pensar estratégias de prevenção do risco. Figura 9 – Procedimento para identificação, análise e redução do risco 90 Um esquema adaptado de Mata-Lima et al. (2013) mostra a possibilidade de atuação e gestão do risco para redução de desastres: Fonte: adaptado de Mata-Lima et al., 2013. C O M U N IC A R E C O N SU LT A R M O N IT O RA R E RE VE R IDENTIFICAÇÃO DO RISCO COM PARTICIPAÇÃO POPULAR ANÁLISE DO RISCO HUMANO E AMBIENTAL IMPORTÂNCIA DO RISCO ENQUADRAMENTO TRATAMENTO DO RISCO AV A LI A ÇÃ O D O R IS C O Observa-se que o processo inicia-se com o enquadramento sobre o que é a condição de risco e qual a vulnerabilidade socioambiental relacionada; posteriormente, há a identificação do risco, incluindo a participação popular para que haja priorização do risco e principalmente comprometimento popular na hora da fiscalização e monitorização. Após elencados os riscos, faz-se a priorização do risco; qual é mais importante e qual ameaça mais a vida nesse momento? Após essa definição, estratégias são traçadas para a contenção do risco. 91 Observe que, independente da estrutura, em todas as etapas há uma comunicação entre toda a equipe multiprofissional, monitorando, revendo, comunicando e consultando aos órgãos competentes. Esse processo deve ser cíclico, ou seja, funcionar todo o tempo juntamente com as ações. Todos esses passos se juntam para a construção de um plano de Preparação e resposta do setor de saúde à ocorrência de desastres, conforme recomendado por Freitas, Mazoto e Rocha (2018). A análise multiprofissional, com a contribuição particular do(a) ACE na identificação de aspectos de natureza econômica, social, ambiental, cultural, política e suas mediações, contribuem para que a vigilância em saúde tenha condições de identificar locais de maior impacto no território e priorizar ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde do ambiente e da população (Brasil, 2022c). capa capítulo 06 RETROSPECTIVA 93 Ao longo da disciplina, desafiamos você, ACE, a relacionar a teoria com a prática em seu cotidiano, refletindo sobre seu papel na garantia dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS) e na promoção da abordagem "Uma Só Saúde" em seus territórios. Exploramos temas relacionados à interação entre saúde, ambiente e animais, especialmente no contexto de desastres naturais e antropogênicos, buscando promover o acesso a informações de qualidade para um atuação estratégica e eficaz nas comunidades, fortalecendo sua atuação na redução das vulnerabilidades sociais e ambientais. Abordamos também os desafios persistentes entre saúde e meio ambiente que exigem de você, ACE, uma postura consciente e contínua na promoção da educação em saúde e ambiental. Destacamos a importância de se construir uma bagagem sólida de informações e transformá-las em conhecimento aplicável na sua rotina de trabalho, favorecendo a transformação do cenário do seu território. Além disso, ressaltamos a importância da integração entre toda a equipe da APS e os demais órgãos relacionados aos animais e ao ecossistema, com o objetivo de monitorar o desenvolvimento de ambos e controlar ocorrências que impactam a saúde coletiva. Com este estudo, chegamos ao final do curso Técnico em Agente de Combate às Endemias (ACE)! Esperamos que você possa aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo desta jornada para fazer a diferença na qualidade de vida das pessoas que você acompanha em seu território. 64 PARABÉNS PELA CONQUISTA!!! SUCESSO EM SUA CARREIRA PROFISSIONAL! 94 REFERÊNCIAS 07 BARCELLOS, C.; QUITÉRIO, L. A. D. Vigilância ambiental em saúde e sua implantação no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, v. 40, n. 1, p. 170-177, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000100025. Acesso em: 03 out. 2025. BERTOLOZZI, M. R. et al. Os conceitos de vulnerabilidade e adesão na Saúde Coletiva. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 43, n. spe2, p. 1326-1330, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000600031. Acesso em: 03 out. 2025. BONATER, R. Atividades Meio Ambiente - Turma da Mônica. Blog Bonater Educação, 13 nov. 2012. Disponível em: https://bonatereducacao.blogspot.com/2012/11/atividades-meio-ambiente-t urma-da-monica.html. Acesso em: 07 out. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Saúde ambiental: guia básico para construção de indicadores. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 124 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.ht ml. Acesso em: 03 out. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Plano de Resposta às Emergências em Saúde Pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 44 p. 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Vale destacar que, em muitos casos, a identificação e priorização dos fatores de risco, a conscientização social sobre o perigo, bem como a capacidade de diagnóstico rápido e eficiente, com informações acessíveis e de qualidade, são elementos fundamentais para minimizar os danos causados por desastres. Diante dessas reflexões, estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Acompanhe também as teleaulas, participe da aula interativa e realize as atividades propostas para aprofundar sua compreensão sobre o tema. Bons estudos! ACE | Agente de Combate às Endemias ACS | Agente Comunitário de Saúde APS | Atenção Primária à Saúde CEREST | Centros de Referência em Saúde do Trabalhador CNUC | Cadastro Nacional de Unidades de Conservação DSS | Determinantes Sociais da Saúde EPI | Equipamento de Proteção Individual ESP | Emergências em Saúde Pública PNLA | Portal Nacional de Licenciamento Ambiental PNRS | Política Nacional dos Resíduos Sólidos LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS PNVS | Política Nacional de Vigilância em Saúde PP | Princípio da Precaução PV | Princípio da Prevenção RENAST | Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora RI | Radiação Ionizante RIN | Radiação Não Ionizante Sigercom | Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho Sinvas | Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde SI | Sistemas de Informação LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Siam | Sistema de Informações Ambientais no Mercosul SisFran | Sistema de Informações do Rio São Francisco SNVE | Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica SUS | Sistema Único de Saúde VA | Vigilância Ambiental VE | Vigilância Epidemiológica VISA| Vigilância Sanitária VISAT| Vigilância em Saúde do Trabalhador LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS FOTO DE LIXÃO (DEPÓSITO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A CÉU ABERTO), COM PESSOAS CATANDO MATERIAIS DE VALOR ILUSTRAÇÃO DE COMO O COMPORTAMENTO HUMANO PREDIZ DESASTRES FIGURA 03 LANÇAMENTO DE FUMAÇA TÓXICA NO AMBIENTE FIGURA 04 39 A DIFERENÇA ENTRE PERIGO E RISCO FIGURA 01 18 FIGURA 02 23 27 DIFERENTES POSSIBILIDADES DE INTEGRAÇÃO DAS VIGILÂNCIAS EM SAÚDE FIGURA 05 47 LISTA DE FIGURAS PROTEJA AS NOSSAS MATAS: QUEM É O VILÃO? AÇÕES A SEREM TOMADAS POR TODA A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE DESASTRE FIGURA 08 PROCEDIMENTO PARA IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E REDUÇÃO DO RISCO FIGURA 09 90 IDENTIFICANDO OS AGRESSORES DO AMBIENTE FIGURA 06 53 FIGURA 07 55 65 LISTA DE QUADROS IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO(A) ACE A CURTO PRAZO EM CASOS DE DESASTRES IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO(A) ACE A MÉDIO PRAZO EM CASOS DE DESASTRES QUADRO 03 PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS DISPONÍVEIS PARA ACESSO DA POPULAÇÃO QUADRO 01 51 QUADRO 02 66 68 IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO(A) ACE A LONGO PRAZO EM CASOS DE DESASTRES QUADRO 04 70 SU M ÁR IO RISCO E PERIGO: DIÁLOGO E REFLEXÕES POSSÍVEIS 01 15 RISCO À SAÚDE DA POPULAÇÃO: AVALIAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS EM VIGILÂNCIA 02 28 INFORMAÇÕES AMBIENTAIS E SISTEMAS COMO FERRAMENTAS PARA MONITORAMENTO 03 49 RISCOS E DESASTRES AMBIENTAIS NA APS: AVALIAR, AGIR E RECUPERAR 04 61 VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E PREVENÇÃO DE DESASTRES 05 81 SU M ÁR IO RETROSPECTIVA 06 92 REFERÊNCIAS 07 95 01 RISCO E PERIGO: DIÁLOGO E REFLEXÕES POSSÍVEIS 16 Qual a diferença entre risco e perigo? O conceito de risco é variável, pois possui múltiplas possibilidades, a depender do ponto de vista que se pretende abordar. Nesse material abordaremos o risco e o perigo relacionados ao ambiente e à saúde, fatores que estão diretamente ligados ao objetivo proposto. Entender o que é risco e perigo, bem como saber diferenciá-los, torna-se uma necessidade constante, uma vez que o conhecimento permite que os(as) ACE aprimorem seus olhares no território para as estratégias de precaução e prevenção de riscos e manutenção da saúde da população, por meio de estratégias de orientação e participação, identificando e reduzindo potenciais riscos e danos à saúde da população no território. Embora o risco possa, em alguns contextos, estar associado a aspectos positivos, na maioria das vezes ele é entendido como a possibilidade de ocorrência de danos. Vamos entender melhor esse contexto! Porto (2000) classifica o risco como qualquer possibilidade de evento, podendo ser oriundo de diversificadas fontes e com potencial de causar danos à saúde, reversíveis ou não. Vale ressaltar que o dano pode ser abordado de diferentes formas, podendo ser em decorrência de atividades de trabalho e/ou doenças relacionadas ao trabalho (risco ocupacional), poluição ambiental, desastres naturais, desastres de origem tecnológica, desastres com material químico perigoso, desastres antropogênicos, acidentes, dentre outras possibilidades. Para Kolluru, (1996, p. 113), “Um perigo é um agente químico, biológico ou físico (incluindo-se a radiação eletromagnética) ou um conjunto de condições que apresentam uma fonte de risco, mas não o risco em si”. 18 EXEMPLO Um agente químico perigoso, porém muito utilizado nas residências para limpeza de superfícies, é o álcool 70%, que, se for utilizado para essa finalidade, não tem risco de queimaduras. Logo, embora seja perigoso, o risco é pequeno, mas se for utilizado para acender fogo, churrasqueira, o risco aumenta e pode causar danos à saúde humana. 17 Já para Shinar, Gurion e Flascher (1991, p. 1095), “ (…) risco é um resultado medido do efeito potencial do perigo” . De posse das observações conclui-se que riscos e perigos permeiam o cotidiano da sociedade, pois todos estão expostos às questões ambientais, ainda que em diferentes proporções. O perigo, por si só, possui apenas a possibilidade de ocorrência do dano, se for somado ao fator exposição, haverá uma certa probabilidade de que a situação de perigo ocorra e tenha o potencial de causar dano. A Figura 1 ilustra bem a diferenciação descrita. Figura 1 - A diferença entre perigo e risco Fonte: EFSA [s.d.] apud Urriola, 2020. 18 https://www.3tres3.com.br/autores/pedro-e-urriola_829/ 25 Observe que no exemplo da Figura 1, vemos que o tubarão no mar é considerado um perigo, pois se trata de um animal de grande porte, agressivo e, se o homem for agredido por ele, poderá ter lesões que podem ser graves ou até mesmo provocar a morte. Então, nesse caso, o perigo existe, mas se o homem não entrar no mar, que é considerada a exposição, ele não terá o risco de ser atacado pelo tubarão. No ambiente de trabalho, muitas vezes não há a possibilidade de se evitar a exposição, fator esse que contribui diretamente para que o perigo esteja cada vez mais provável de acontecer. Uma situação real que aconteceu e ainda acontece no Brasil, com o advento da pandemia causada pelo Sars-cov-2 (COVID-19), é que todo ambiente de trabalho passou a ser um local perigoso para contaminação pelo vírus, tendo em vista que se trata de uma doença com transmissão por vias aéreas e aerossois. Com as visitas domiciliares para identificação de focos endêmicos, limpeza de calhas e caixas d'água, dentre outras atividades realizadas, os(as) ACE se expõem a diferentes ambientes,correm o risco de se contaminarem e também colocam as pessoas que moram naquela residência em risco de se contaminarem, caso o trabalhador esteja com a doença. 19 Em suas atividades laborais, os(as) ACE realizam vistoria de residências, depósitos, terrenos baldios e estabelecimentos comerciais para buscar focos endêmicos; inspeção cuidadosa de caixas d’água, calhas e telhados; aplicação de larvicidas e inseticidas; orientações quanto à prevenção e tratamento de doenças infecciosas; e recenseamento de animais (Torres, 2009, p. 16). Nesse contexto, os(as) ACE contribuem na promoção e prevenção da saúde, proporcionando a integração entre as diferentes vigilâncias. Pelo seu contato direto com a comunidade onde atua, deve conhecer os principais problemas locais, bem como os determinantes e condicionantes da saúde da população no território onde trabalha. Observe que o(a) ACE está exposto, no ambiente de trabalho, a diversos riscos de acidentes, tais como: • queda; • agressão por cães e gatos; • agressão por animais peçonhentos; • intoxicação por larvicidas e inseticidas; • além de outros riscos químicos, físicos, biológicos e psicossociais. Todas essas situações representam perigos, que se transformam em riscos reais, uma vez que no exercício de suas atividades, o(a) ACE está constantemente sujeito(a) a diferentes exposições ambientais. 20 21 Tendo em vista a diversidade de atividades realizadas pelo(a) ACE, em todas as situações de risco há a necessidade de utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI), fator que protege o trabalhador e reduz possibilidades de danos à saúde em decorrência de contato com substâncias nocivas, tais como os larvicidas (inseticidas para controle de larvas) e adulticidas (inseticidas para controle de insetos adultos) (Brasil, 2018a). Na vida e no trabalho do(a) ACE, a exposição a agentes nocivos à saúde assemelha-se à da sua comunidade, razão pela qual deve sempre atuar na contribuição para redução dos riscos que causem danos à população. Ainda no ambiente de trabalho, mas pensando pelo lado da exposição da população, no território, há possíveis riscos dentre os citados desastres, naturais ou antropogênicos, como o desabamento de estruturas, alagamento por excessos de chuvas e/ou por acúmulo de resíduos sólidos, ventos fortes com destruição de estruturas, altas ou baixas temperaturas, rompimento de barragens, contaminação por rejeitos, secas intensas, queimadas, dentre outros. 22 Que tal uma Situação-Problema? Em uma determinada cidade, não há a estrutura correta de coleta, armazenamento (tratamento) e destino final dos resíduos sólidos, chamado de resíduo sólido, como requer as recomendações da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecidas pelo Decreto nº 10.936/2022 (Brasil, 2022a). Embora haja legislação específica, em vários locais o resíduo sólido é jogado a “céu aberto” e a cada dia cresce a quantidade dos ditos “lixões” e também de resíduos armazenados nesses locais, fator que facilita a proliferação de insetos e roedores, podendo ocasionar doenças, bem como aumento da possibilidade de alagamentos (Montesanti, [s.d.]). Esses riscos precisam ser identificados e monitorados para que a possibilidade de causar impactos à saúde da comunidade seja reduzida, a partir de ações eficazes que podem ser realizadas pelo(a) ACE e por toda a equipe da Atenção Primária à Saúde (APS) assim como ações realizadas pela própria população. 23 Figura 2 - Foto de lixão (depósito de resíduos sólidos a céu aberto), com pessoas catando materiais de valor Fonte: Montesanti, [s.d.]. Vamos observar na Figura 2 o cenário de um dos “lixões” ainda existentes no país e refletirmos sobre os impactos ambientais que tal ação pode causar. Analisando a Figura 2, vê-se que esse cenário já nos é familiar, pois temos informações do problema e sabemos os danos à saúde ambiental e à saúde humana que ele pode causar. O perigo existe, pois há no território um agente (resíduo sólido) que pode causar danos de várias origens e/ou favorecer a ocorrência de danos de outras ordens, por exemplo, o acúmulo de larvas e insetos transmissores de doenças. Com o aumento da utilização de materiais descartáveis, tais como materiais de plásticos, embalagens de vidro, e também a evolução dos modelos de telefones celulares e computadores, sendo esses materiais utilizados uma única vez ou por pouco tempo, vê-se aumento na quantidade de resíduos produzidos. Isso acarreta necessidade de proposição de ações para que estes tenham um destino final adequado, conforme as recomendações da PNRS (Brasil, 2022a) e para não constituírem problemas ambientais que geram riscos à saúde. 24 Embora exista um marco regulatório estabelecido, temos um país tão grande em termos territoriais, que impõe grandes desafios à fiscalização eficaz por parte dos órgãos de controle. Diante disso, torna-se indispensável a contribuição coletiva, em que a mudança de comportamento individual serve como ponto de partida para transformações em nível coletivo. A adoção de atitudes conscientes e sustentáveis por parte da população é, portanto, um fator essencial para que as leis produzam os efeitos esperados. Na busca de implementação satisfatória da PNRS, foi publicado o Decreto nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022, que detalha instrumentos para efetiva gestão de resíduos sólidos no país (Brasil, 2022a). Ações como a segregação do resíduo sólido, o descarte correto de eletrônicos, a redução de consumo de materiais que são de difícil degradação pela natureza, tais como plásticos, vidros, são situações que merecem uma reflexão mais aprofundada e uma mudança de atitude tanto nas ações individuais como no posicionamento social, cobrando da sociedade e do Estado o cumprimento da legislação e a proteção ambiental para o cumprimento da PNRS. 25 O território apresenta um cenário com potenciais riscos, incluindo: contaminação do solo e dos cursos d'água; atração de animais peçonhentos. acidentes envolvendo materiais perfurocortantes; odores desagradáveis; aumento da presença de roedores e insetos; Mas… Quais as possibilidades de ações do(a) ACE frente a esse cenário? Algumas sugestões para orientar suas ações: 1. Fomentar na sociedade o desenvolvimento de ações alinhadas à PNRS, sobretudo para a correta destinação de resíduos sólidos; 2. Conscientizar a população sobre os riscos de doenças, acidentes e intoxicações que as comunidades estão expostas pela deposição irregular de resíduos sólidos na comunidade; 3. Sensibilizar os moradores do território quanto à importância do acondicionamento e descarte adequado dos resíduos; 4. Discutir com os órgãos de gestão local e com a equipe da UBS sobre ações para melhorar a gestão ambiental, visando ao cumprimento da legislação e à redução do risco, por meio do estímulo à compostagem, reciclagem, reuso e coleta seletiva. 26 27 Figura 3 - Ilustração de como o comportamento humano prediz desastres Fonte: Projetos, 2012. Observa-se que são várias as possibilidades de atuação do(a) ACE no cenário de identificação de risco e perigo no território, a depender da realidade local, da capacidade de ação e da articulação com a comunidade e poder público. Com o entendimento das reais necessidades individuais e coletivas do seu território, o(a) ACE deve buscar e discutir com a comunidade o que é prioridade, tanto do ponto de vista da opinião popular, quanto do ponto de vista da análise profissional, pois inserir a população como articuladora ou até protagonista de mudança é um fator primordial para o sucesso de qualquer ação proposta. A mudança de comportamento e de cultura requer que o sujeito assuma a responsabilidade individual e coletiva, entendendo-se como agente da mudança e, consciente da necessidade de promoção e proteção da saúde humana e do ambiente,reflita sobre as diferentes responsabilidades, as quais devem ser compartilhadas entre toda a sociedade. capa capítulo 02 RISCO À SAÚDE DA POPULAÇÃO: AVALIAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS EM VIGILÂNCIA 29 Para compreender os potenciais riscos à saúde da população e para que o(a) ACE possa atuar de forma eficaz na proteção e promoção da saúde, precisamos conhecer os conceitos que envolvem o tema do risco, especialmente o Princípio da Precaução (PP) e Princípio da Prevenção (PV). Você deve estar se perguntando... Quais são os riscos para a saúde da população? PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (PP) O PP foi formulado pela primeira vez pelo direito Germânico, na década de 70. Embora possa ser pensado para diversos aspectos da vida cotidiana, sua origem foi relacionada com o pensamento de que a sociedade poderia contribuir para a redução da degradação ambiental se, ao se empoderar de informações, ainda que pelo senso comum, conseguisse identificar a possível relação entre a degradação e a ocorrência de risco à saúde da população. Ainda que não tivessem estudos científicos que comprovem a relação existente, mas fossem identificadas situações de ameaça de danos sérios ou irreversíveis poderia ser utilizado o PP (Cezar; Abrantes, 2003). No Princípio 15 da Declaração RIO/92 (United Nations, 1992, p. 6), fica estabelecido que: “De modo a proteger o meio ambiente, a abordagem precautória deve ser largamente aplicada pelos Estados de acordo com suas capacidades. Onde houver ameaça de dano sério ou irreversível, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como uma razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”. Passadas mais de três décadas desde a Rio-92, a luta pela preservação ambiental permanece urgente. Continuamos enfrentando desafios, como a redução do desmatamento, a poluição ambiental e a recuperação da camada de ozônio. Paralelamente, interesses do mercado financeiro seguem predominando, resultando em concessões que viabilizam a construção de usinas hidrelétricas, barragens, desmatamentos e queimadas, muitas vezes sem a devida fiscalização ou análise dos impactos potenciais sobre o ambiente e a saúde humana. Com o processo de globalização e advento da tecnologia, o descarte de materiais oriundos, tais como baterias, computadores, celulares, os ditos lixos eletrônicos também se configuram em questões que precisam ser reguladas, pois as empresas realizam a degradação do ambiente, pela extração de matéria-prima e geração de resíduos, e não se responsabilizam pelo gerenciamento e nem pelo destino final de forma correta. 30 31 Sabe-se que o tratamento eficaz dos resíduos eletrônicos passa por desmontagem por empresas específicas e/ou a reciclagem desses materiais de forma correta, evitando assim a contaminação ambiental. Existem diversas alternativas para descarte correto, dentre elas os pontos de coleta e reciclagem especializados, recebimento dos materiais pelas lojas fabricantes, trocas ou doações por empresas especializadas, dentre outras. No ano de 2020, foi editado no Brasil o Decreto nº 10.240 e reforçado no Decreto nº 10.396/2022 as normas para implementação da logística reversa, que obriga indústrias fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos a promoverem de forma sustentável o descarte correto e reciclagem dos materiais, resíduos e embalagens. Essa é mais uma forma de podermos cobrar a mudança do cenário ambiental relacionado ao descarte e destino final (Brasil, 2022a; Brasil, 2020). Qual o impacto ambiental e para a saúde humana que esses materiais provocam a curto, médio e longo prazo quando descartados sem o devido tratamento específico? Imobilização de membros superiores (braços) ou inferiores (pernas) 32 No caso dos resíduos sólidos eletrônicos, ainda há diversas discussões sobre as possibilidades de agravos à saúde e ao ambiente, logo, faz-se necessário invocar o PP, pois, embora não saibamos os efeitos diretos à saúde, tem-se o conhecimento dos agravos que o resíduo não tratado e armazenado de forma inadequada pode causar ao ambiente, estando entre eles a contaminação do solo e das águas. FIQUE ATENTO! Ainda pensando no caráter coletivo que a prevenção precisa permear, no Brasil, o Ministério da Saúde tem se desdobrado para seguir a tendência denominada “One Health” (Uma Só Saúde). Este termo surgiu no início dos anos 2000 e é visto como uma estratégia internacional que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas, dos animais e do ecossistema, considerando interdependência entre todas essas vertentes. Situações de difícil controle, como a resistência antimicrobiana, o surgimento de novas doenças infecciosas e a segurança alimentar são vertentes que necessitam de esforços multidisciplinar e multiprofissional, incluindo aqui o(a) ACE, o qual pode contribuir especificamente na orientação da população para não tomar antibióticos sem prescrição médica e, quando prescrito, fazer o tratamento completo (tomando todos os medicamentos prescritos), a importância da lavagem e processamento dos alimentos de forma adequada, o diálogo individual e coletivo para que sejam realizadas refeições saudáveis, o estímulo à realização de hortas comunitárias em locais com dificuldade ao acesso de alimentos. O dia 3 de novembro é considerado o Dia Mundial da Uma Só Saúde, a qual foi regulamentada no Brasil pela Lei nº 14.792, de 5 de janeiro de 2024, a qual institui o Dia Nacional da Saúde Única (Brasil, 2024). Embora não sejam atribuições regulamentares da profissão, o(a) ACE é o(a) agente de mudança que tem acesso às residências em seu cotidiano, podendo ser uma ponte entre a equipe multiprofissional e os usuários. 33 Discutindo agora o princípio dos efeitos que já são corriqueiros em nosso cotidiano, o princípio da prevenção (PV) é definido por situações onde a relação causa e efeito já é conhecida, por exemplo: inalação da poeira da sílica que causa a silicose (doença pulmonar), a relação da exposição ao chumbo sobre a saúde das crianças, o uso do tabaco na causa do câncer de pulmão, a exposição ao asbesto (amianto) na asbestose, todas são questões já conhecidas que nos dão possibilidades de pensar em como promover a saúde das pessoas expostas por meio da integração entre humanos, animais e ecossistema, com o intuito de promover Uma Só Saúde, evitando que ocorra o dano para todos os seres vivos do planeta (Capelozzi, 2001; Padula et al., 2006). PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO (PV) 34 Eventos, tais como o uso de agrotóxicos no Brasil, têm sido também uma das questões ambientais mais discutidas nos últimos tempos, tendo em vista as inúmeras possibilidades de agravos à saúde humana, degradação do ambiente, contaminação do solo e dos leitos dos rios, extinção de espécies de animais e plantações, pois as dosagens e os tipos de agrotóxicos utilizados são prejudiciais à saúde humana e ambiental, o que torna esse fator um sério problema de saúde pública. 35 A amplitude da população exposta nas fábricas e em seus entornos, no combate às endemias, nas áreas agrícolas, no consumo dos alimentos, eleva em grande monta a exposição ao agrotóxico direta ou indiretamente, estando as pessoas e o ambiente sujeitos aos efeitos danosos à saúde (Rigotto; Vasconcelos; Rocha, 2014). VALE LEMBRAR! É sabido que a relação entre a exposição ao agrotóxico e ocorrência de doenças se tornou um problema de saúde pública, desenvolvendo agravos como câncer, doenças respiratórias, doenças mentais, malformação fetal, intoxicações agudas, dentre outras. De acordo com o Mapa de Agrotóxicos, em relação à utilização de agrotóxicos, a América do Sul foi o continente que mais utilizou agrotóxico no ano de 2020, representando um aumento de 119,4% em comparaçãocom o ano de 1999. O Brasil se tornou um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, tendo em vista a extensa flexibilização das leis no país. No ano de 2010, o volume total de agrotóxicos consumidos no país, os quais são utilizados principalmente nas sojas, cana-de-açúcar, milho e algodão, somaram 384.501 toneladas. Já em 2021, o consumo aumentou para 720.870 toneladas, com aumento de 87% em 12 anos. É válido ressaltar que, dentre os agrotóxicos vendidos no Brasil, quatro são proibidos na União Europeia, que tem leis mais duras e diferentes com base nos compromissos sociais com a saúde da população, sendo eles: Mancozebe, Clorotalonil, Atrazina e Acefato (Tygel et al., 2023). Ainda não existe o posicionamento do Ministério da Saúde pela extinção dos agrotóxicos no controle de vetores, mantendo-se o discurso pelo uso racional e pelo Manejo Integrado de Vetores, que prioriza outras formas de controle, como a remoção e eliminação de criadouros, o controle biológico e ações de educação em saúde. É imprescindível, entretanto, o fortalecimento de ações intersetoriais, como a destinação adequada de resíduos sólidos, educação em saúde e mobilização da sociedade, para a redução da necessidade de controle vetorial por meio da aplicação de inseticidas. 36 Embora haja na legislação os ditos limites de concentração de agrotóxicos que são toleráveis pelos seres humanos, do ponto de vista fisiológico não há uma garantia de que a exposição não afetará a saúde humana a médio e longo prazo, logo, para que se tenha segurança, a iniciativa é criar a cultura de tolerância zero para exposição a agrotóxicos, seja no ambiente, na água ou nos alimentos, assim protegendo a sociedade. Por se tratar de um problema que pode agravar a saúde pública, há estudos que ponderam em invocar o PP e cobrar a extinção do uso de agrotóxicos nas atividades alimentícias e ao ambiente, utilizando para o controle de pragas estratégias alternativas disponíveis e comprovadamente eficazes (Barcellos; Quitério, 2006). Para que o risco seja avaliado de forma eficaz, há de se ter um modo sistematizado para saber quais são as prioridades de monitoramento e ações, assim, Cezar e Abrantes (2003) propõe três fases distintas para orientar os agentes na tomada de decisão, sendo elas: • Fase inicial, compreendida como a observação; • Análise do risco, compreendida como a relação existente entre agentes que podem causar e/ou potencializar um dano; • Gestão do risco, que após identificar os pontos-chave na etapa inicial e análise do risco, a equipe multidisciplinar deve delimitar ações estratégicas para atuação, com foco na redução dos potenciais danos. Diante dos fatos, há que se refletir: os fatores de comportamento de risco individual refletem a ocorrência de danos na coletividade e consequentemente na saúde comunitária? 37 Que tal uma Situação-Problema? Em seu território, localizado na região próxima à Amazônia, instalou-se uma empresa de extração de minério e uma usina de cana-de-açúcar. Um ano após o início das atividades, iniciou-se o aumento das consultas na Unidade Básica de Saúde por doenças respiratórias, fato que se intensificou no inverno, chegando a um aumento de 200% no número de atendimentos. As pessoas se queixam do mau cheiro que as indústrias provocam na cidade, além da fumaça e das fuligens que ficam suspensas no ar em decorrência da queima da palha da cana-de-açúcar. Os trabalhadores das duas empresas também se queixam das altas exigências e horas excessivas na jornada de trabalho, bem como do baixo salário que as empresas pagam. Na sua avaliação, no cenário ambiental descrito, há risco para a saúde da população? Como avaliar o risco à saúde da população local e priorizar estratégias para redução das ocorrências de doenças respiratórias? Esses riscos precisam ser identificados e monitorados para que a possibilidade de causar impactos à saúde da comunidade seja reduzida, a partir de ações eficazes que podem ser realizadas pelo(a) ACE e por toda a equipe da Atenção Primária à Saúde (APS) assim como ações realizadas pela própria população. 38 39 Em todos os possíveis casos de contaminação, há potencial risco à vida e à saúde da população, dos animais e do ecossistema, por isso deve ser considerado o PP, tendo em vista que nesse caso o risco de agravos à saúde humana tende a aumentar. Cabe a todos os profissionais que trabalham no campo da prevenção, sejam diretamente ligados à saúde ou não, atuar na prevenção de situações de risco, trabalhando de forma integrada com a vigilância em saúde. Os agravos à saúde decorrentes da exposição ambiental podem ter difícil definição de causa e efeito, logo, as vigilâncias devem permanecer sempre atentas a sinais que se façam presentes em grande parte da população sem causa aparente e que possam estar relacionadas a um novo fator que se instalou no território, como no exemplo, o caso das indústrias. Figura 4 - Lançamento de fumaça tóxica no ambiente Fonte: 123 Ecos Redação, 2024. Em todos os possíveis casos de contaminação, há potencial risco à vida e à saúde da população, dos animais e do ecossistema, por isso deve ser considerado o PP, tendo em vista que, nesse caso, o risco de agravos à saúde humana tende a aumentar. Cabe a todos os profissionais que trabalham no campo da prevenção, sejam diretamente ligados à saúde ou não, atuar na prevenção de situações de risco, trabalhando de forma integrada com a vigilância em saúde. O sistema de vigilância em saúde é um dos principais pilares do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído no ano de 2003 por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde que, ligada ao Ministério da Saúde e de forma descentralizada, faz com que os preceitos estabelecidos pela legislação sejam cumpridos, atuando com ações educativas, fiscalizações, criação de normas e regras para o funcionamento de estabelecimentos. Trabalhando de forma independente, as vigilâncias estão distribuídas em: Epidemiológica, Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador. Na Política Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS), publicada em 2018, é explícito o papel de contribuir para a integralidade na atenção à saúde, o que pressupõe a inserção de ações de vigilância em saúde em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta, com o intuito de promover uma Só Saúde. Que tal falarmos agora sobre a integração da Vigilância em Saúde? 40 Um dos principais desafios encontrados em nosso cotidiano é a possibilidade de integração das vigilâncias com a APS, tendo em vista suas dificuldades de articulação e da proposta individualizada de atuação em cada setor. controle da água para consumo humano; controle de vetores, hospedeiros, reservatórios, animais peçonhentos; Das diferentes particularidades, o Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde (Sinvas) tem como principais responsabilidades (Barcellos; Quitério, 2006): desastres naturais e acidentes com produtos perigosos. 41 42 Suas ações, como a busca ativa por focos de vetores, limpeza de locais com acúmulo de água e aplicação de controle químico, contribuem para o controle imediato de riscos à saúde e para a preservação ambiental, promovendo a sustentabilidade e minimizando o impacto de resíduos. Além disso, ao identificar áreas com condições ambientais inadequadas, como acúmulo de resíduos sólidos, descarte irregular de materiais ou degradação de corpos d’água, o(a) ACE fornece informações estratégicas para intervenções ambientais que podem prevenir a proliferação de vetores e outros riscos ambientais. Quais são as atribuições do(a) ACE? As atribuições do(a) ACE estão diretamente relacionadas à Vigilância Ambiental (VA) em saúde, envolvendo tanto o controle de vetores quanto questões ambientais que impactam a saúde das comunidades. O(a)ACE fornece dados importantes para ações preventivas, reforçando a importância de sua atuação tanto no nível municipal quanto estadual e nacional, visando à promoção de um ambiente mais saudável e equilibrado para a população. VIGILÂNCIA AMBIENTAL (VA) 43 Quais são as atividades desenvolvidas pela VISA? Quanto às atividades desenvolvidas pela Vigilância Sanitária (VISA), observa-se que todos os processos relacionados com a saúde humana estão sob sua responsabilidade, cabendo à VISA fiscalizar o controle sanitário, bem como emitir alvarás de autorização para funcionamento e controlar a comercialização de produtos alimentícios, produção e distribuição de medicamentos, fiscalização de portos, sendo a única dentre as vigilâncias que possui poder de polícia, dentre eles a de interditar e fechar estabelecimentos que não estejam em consonância com as recomendações estabelecidas pela vigilância (Oliveira; Cruz, 2015). VIGILÂNCIA SANITÁRIA (VISA) Embora a VISA tenha o poder coercitivo, esse só é utilizado em casos específicos e de extrema necessidade, pois o seu principal fundamento é trabalhar de forma educativa, orientando a população quanto às formas corretas de trabalho com foco na proteção da saúde humana, logo, configura-se como um órgão parceiro da sociedade na promoção da saúde e prevenção de doenças. VALE RESSALTAR! Ainda que indiretamente, quando o(a) ACE identifica questões em seu território que ameaçam a saúde da população e/ou têm o potencial de degradar o ambiente, este está contribuindo para o cumprimento das ações da VISA, como identificar má qualidade de produtos relacionados à alimentação, a ineficácia de um agrotóxico no controle de insetos vetores de doenças, comercialização clandestina de produtos alimentícios e/ou relacionados à saúde. Em todos esses casos, tanto o(a) ACE (embora não seja uma atribuição oficial) como qualquer pessoa da comunidade que tomar conhecimento, preocupado com o bem estar de seu território, pode acionar a VISA para que essa faça a investigação e dê os devidos encaminhamentos necessários. 44 Qual é a função da VE? Quanto à Vigilância Epidemiológica (VE), observa-se que esta possui estruturas específicas de funcionamento, atuando na prevenção e controle de doenças evitáveis. Tem como foco de trabalho a proteção de fatores de agravos coletivos, em detrimento a problemas individuais. Entre suas ações, estão a coleta, análise, interpretação e divulgação de informações sobre problemas de saúde específicos, desenvolvidas de maneira sistemática e rotineira (Cavalcante; Luna; Araújo, 2018; Brasil, 2021). VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (VE) A VE possui papel mundialmente reconhecido, tendo em vista que atua e já atuou diretamente no caso de erradicação de doenças, como a Varíola, Poliomielite, Rubéola, Difteria, além do controle de outras, como Tétano, Coqueluche, Sarampo, AIDS. Ademais, atua também nas notificações de doenças compulsórias, construindo importantes indicadores, como taxas de mortalidade, morbidade, taxa de natalidade, coeficiente de mortalidade infantil, expectativa de vida ao nascer, dentre outros. O cenário epidemiológico mostra-nos que a VE atua de forma eficaz, protegendo a saúde da população (Leite; Assis; Cerqueira, 2003). O trabalho do(a) ACE também integra importantes ações do ponto de vista estratégico na VE, pois contribui cotidianamente para construção de indicadores e controle do cenário epidemiológico. As ações de controle de vetores e consequente redução de casos de Dengue, Chikungunya, Malária, Raiva, mordeduras de animais, agressão por animais peçonhentos são quesitos primordiais para se ter um cenário epidemiológico controlado, reduzindo a possibilidade de danos à saúde da população. Cumpre destacar que, para efetivo diagnóstico e controle das situações de risco que permeiam o território, há a necessidade de fortalecimento do diálogo entre o(a) ACE, APS e todas as vigilâncias que compõe a vigilância em saúde, pois o diálogo estreita as relações e aumenta a confiança da comunidade com a equipe (Brasil, 2018b). 45 46 Qual o principal objetivo da VISAT? A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) tem como principal objetivo promover saúde e reduzir os riscos decorrentes do trabalho em seus diferentes níveis, identificando vulnerabilidades socioambientais e intervindo de maneira eficaz em consonância com as demais vigilâncias para proteção da saúde dentro e fora dos ambientes laborais (Brasil, 2021). Desde a reforma sanitária, o movimento para a proteção da saúde do trabalhador tem sido discutido, havendo grandes avanços nas conferências de saúde do trabalhador, posteriormente com a criação da Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (RENAST), a criação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), bem como a instituição da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, por meio da portaria nº 1.823/2012 (Brasil, 2012). Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) O(A) ACE deve vislumbrar a VISAT por dois cenários, reconhecendo-se como trabalhador, estando dessa forma exposto a todas as intempéries do ambiente de trabalho e os riscos de adoecimento, bem como reconhecendo as condições para outros trabalhadores de seu território. A descoberta de condições de trabalho análogas à escravidão, empresas que trabalham em situações clandestinas, que expõem seus trabalhadores a condições insalubres e indignas, são elementos que os(as) ACE podem atuar para contribuir na vigilância desses cenários, seja nas denúncias ou nas discussões com as equipes da estratégia de saúde da família. Figura 5 - Diferentes possibilidades de integração das vigilâncias em saúde VIGILÂNCIA EM SAÚDE IMUNIZAÇÃO ENDEMIAS SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTROLE DA ÁGUA VIGILÂNCIA SANITÁRIA PROMOÇÃO À SAÚDE EPIDEMIOLOGIA LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA EDUCAÇÃO EM SAÚDE CAPACITAÇÃO ZOONOSES Fonte: Adaptado de IFNMG, 2023. 47 Observa-se que são variadas as possibilidades de integração das vigilâncias e também das unidades de Atenção Primária sendo, nesse caso e em outros similares, de fundamental importância a atuação do(a) ACE para contribuir no trabalho conjunto dos atores que possuem o mesmo objetivo, que é proteger e promover a saúde da população. 48 As ações individualizadas são sempre importantes, ainda mais em condições de subdimensionamento de pessoal de trabalho, mas o trabalho em equipe, interdisciplinar e intersetorial enriquece as possibilidades de sucesso para o alcance do objetivo proposto e, consequentemente, faz com que a população do seu território tenha melhoria da qualidade de vida e saúde, logo, entender a realidade do local onde vive e trabalha por meio de informações que sejam confiáveis deve ser um dos fatores a considerar. Por que é importante a integração das vigilâncias e também das unidades de Atenção Primária? capa capítulo 03 INFORMAÇÕES AMBIENTAIS E SISTEMAS COMO FERRAMENTAS PARA MONITORAMENTO Do ponto de vista da gestão do risco, as informações ambientais e os sistemas de informação existentes assumem importante papel no tocante à consolidação dos dados, realização e divulgação de relatórios que demonstrem a realidade e, a partir daí, a equipe multidisciplinar tenha condições de pensar nas questões prioritárias que ameaçam a vida em comunidade. O acesso a informações confiáveis e de qualidade é um fator primordial para que sejam realizados o diagnóstico situacional e a gestão de risco efetiva. Quanto à questão ambiental, os Sistemas de Informação (SI) específicos são disponibilizados gratuitamente e permitem que as equipes multidisciplinares tenham em mãos dados já analisados sobre as condições ambientais e riscos dos territórios. Dentre os SI podemos citar:Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho – Sigercom, Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA, dentre outros apresentados no Quadro 1. Para que qualquer ação de intervenção no território seja planejada e efetivamente realizada, é essencial o acesso a informações confiáveis e atualizadas, que revelem com precisão a realidade do cenário local. 50 Quadro 1 - Principais sistemas de informações ambientais disponíveis para acesso da população Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA https://pnla.mma.gov.br/ Portal da Biodiversidade https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/pro gramas-e-projetos/portal-da-biodiversidade Serviço Florestal Brasileiro https://www.gov.br/florestal/pt-br Gestão Territorial, Gerenciamento Costeiro e Gestão de Substâncias Químicas https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agen daambientalurbana/gestao-territorial-gerenci amento-costeiro-e-gestao-de-substancias-qu imicas Sistema de Informações do Rio São Francisco – SisFran http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/sisfran Educação e cidadania ambiental https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/s ecex/dea Sistema de Informações Ambientais no Mercosul – Siam https://www.mercosur.int/pt-br/sistema-de-inf ormacao-ambiental-do-mercosul-siam/ Observação da terra http://www.obt.inpe.br/prodes/ Cadastro Nacional de Unidades de Conservação – CNUC https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/area sprotegidasecoturismo/plataforma-cnuc-1 Para que o(a) ACE possa contribuir na construção de indicadores ambientais, precisa primeiro refletir quais são as possibilidades de agravos, quem os faz e, posteriormente, ter um local específico para que possa buscar informações e assim identificar a evolução do agravo ambiental. Caminhando nessa lógica, iremos refletir sobre as possibilidades de agravos para, em seguida, identificar quais são os principais sistemas de informações disponíveis, a fim de que possamos consultar a realidade dos indicadores ambientais. 51 Fonte: Adaptado de Brasil, 2011 e atualizado em 11/02/2023. https://pnla.mma.gov.br/ https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/programas-e-projetos/portal-da-biodiversidade https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/programas-e-projetos/portal-da-biodiversidade https://www.gov.br/florestal/pt-br https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/gestao-territorial-gerenciamento-costeiro-e-gestao-de-substancias-quimicas https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/gestao-territorial-gerenciamento-costeiro-e-gestao-de-substancias-quimicas https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/gestao-territorial-gerenciamento-costeiro-e-gestao-de-substancias-quimicas https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/gestao-territorial-gerenciamento-costeiro-e-gestao-de-substancias-quimicas http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/sisfran https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/secex/dea https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/secex/dea https://www.mercosur.int/pt-br/sistema-de-informacao-ambiental-do-mercosul-siam/ https://www.mercosur.int/pt-br/sistema-de-informacao-ambiental-do-mercosul-siam/ http://www.obt.inpe.br/prodes/ https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/areasprotegidasecoturismo/plataforma-cnuc-1 https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/areasprotegidasecoturismo/plataforma-cnuc-1 Quem realmente são os agressores do ambiente? 52 Então, reflita... Você, como ACE, conhece os agentes ambientais presentes no seu território que causam impactos no ambiente, como o desmatamento, o uso inadequado de agrotóxicos ou a poluição hídrica? Sabe as razões por trás desses problemas e como eles afetam o ecossistema local? Você realiza ou já realizou alguma ação/atividade para reduzir danos ao ambiente? As políticas públicas de saúde, ambiente, prevenção de desastres (naturais ou antropogênicos) existem e funcionam com efetividade no seu território? 53 Figura 6 - Identificando os agressores do ambiente Fonte: Bonater, 2012. A Figura 6 traz a demonstração de possibilidades de agravos à natureza, ações que, em nosso cotidiano, muitas vezes tendem a ser normalizadas por não possuir um impacto imediato, mas que, com o passar do tempo, o acúmulo dessas ações causa danos ao ambiente. A Figura 6 permite a identificação de diversos agressores ao ambiente, mostra que de nove (A até I) possibilidades, apenas duas estão protegendo a natureza. O restante, poluição de automóvel, contaminação dos rios com resíduos sólidos afetando os peixes, desperdício de água, derrubada de árvores, caça de animais, poluição sonora, todas são situações que degradam o ambiente, enquanto uma delas planta uma muda de árvore e outra faz reciclagem dos resíduos sólidos. A tirinha tem todo o seu conteúdo voltado para a Educação Ambiental (EA). 54 Por apresentar imagens ilustrativas, serve como impulsionador do aprendizado e estimula a mudança comportamental individual e coletiva, pois mostra que em variadas possibilidades diversos comportamentos infelizmente têm se tornado “naturais” por parte da população, mas que individualmente estão degradando as principais fontes de subsistência na terra. E por que não o(a) ACE utilizar essa estratégia de tirinhas para refletir com a sociedade os agravos causados em nosso cotidiano? O desmatamento, a luta por terras indígenas, as queimadas propositais com grande enfoque no ano de 2024, também se configuram em questões ambientais complexas, pois envolvem interesses capitalistas, tanto para a utilização da área territorial para plantações diversas, com foco no agronegócio, como para a comercialização ilegal de madeiras. Caso específico disso temos a degradação da floresta amazônica, que tem sofrido com os ataques, aumentando assim as ondas de calor e reduzindo o volume de água e, consequentemente, a oxigenação do nosso planeta, fazendo com que a natureza fique mais propensa a desenvolver desastres naturais (Marques, 2022). PARA REFLETIR! 55 Figura 7 - Proteja as nossas matas: quem é o vilão? Fonte: Pinterest, [s.d.]. A Figura 7 nos ajuda a refletir sobre a questão do desmatamento ilegal. tem uma ligação direta com a EA, pois demonstra o papel de protagonistas das crianças, bem como a possibilidade para que o(a) ACE, juntamente com a equipe multiprofissional, possa começar o trabalho de conscientização popular pelas crianças, na tentativa de desenvolver cidadãos com espírito crítico de proteção ambiental para as próximas gerações. mostra que cada um de nós, a começar pelas crianças, pode e tem o dever de cuidar da proteção ambiental. Dá a entender que as crianças chamaram a atenção do adulto e ele se conscientizou e decidiu não mais cortar árvores. Essa tirinha… 56 Frente a essa discussão, faz-se os seguintes questionamentos: • no seu território, existem dados ambientais disponíveis e acessíveis? • em quais locais o(a) ACE pode buscar informações para entender o cenário do seu território, para realizar suas atividades de rotina e, principalmente, orientar a sua população? • como as condições climáticas do seu território, tais como: tempo quente, tempo frio, vento, poeira, chuvas, têm interferido no aumento do número de casos de doenças/atendimentos na unidade de saúde? • as políticas públicas de saúde, ambiente, prevenção de desastres (naturais ou antropogênicos) existem e funcionam com efetividade no seu território? O trabalho realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil para prevenção e controle das arboviroses – Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela – ganhou destaque, em 2022, na reunião Global Integrated Arboviruses Initiative, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Leia a publicação Saúde Ambiental: guia básico para construção de indicadores (2011). Este guia mostra quais são as informações necessárias para alimentar o sistema e quais são as formas de se realizar o cálculo. Para isto, clique aqui ou aponte a câmera de seu celulare escaneie o QR CODE. Para se pensar na construção de informações, deve-se levar em consideração as diferenças entre dado, indicador e índice. Compreender as diferenças faz com que tenhamos maior familiaridade na coleta dos dados e posteriormente na interpretação do indicador e do índice. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_ambiental_guia_basico.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_ambiental_guia_basico.pdf Refere-se a um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância, por exemplo, a temperatura do ambiente em um determinado momento, a quantidade de chuva no final de semana, o número de pessoas mortas com o desmoronamento ocorrido, número de internações por envenenamento ou exposição a agrotóxicos, concentração de poluentes na qualidade do ar, número de mortes de crianças menores de cinco anos por infecção respiratória aguda, entre outras possibilidades que foram observadas, mas que ainda não sofreram nenhuma análise (Brasil, 2011). DADO COLETADO Tem a finalidade de sintetizar os dados que foram coletados e que, isolados, não nos dão informações precisas. INDICADOR 57 Com o auxílio da estatística, os dados são analisados e transformados em informações, por exemplo, com o dado de número de mortes de crianças menores de cinco anos por infecção respiratória aguda, eu posso ter a informação do número de internações e verificar se existe relação com a concentração de poluentes (Brasil, 2011). ÍNDICE Essa abordagem estimula que o(a) ACE compreenda a dinâmica da inserção de dados nos sistemas de informação, assim como das possibilidades de uso desses dados para conhecimento do cenário epidemiológico. Não só o conhecimento sobre informações ambientais, mas faz-se necessário também o acesso às informações sobre a saúde, que possui uma grande quantidade de sistemas, principalmente com o apoio do DATASUS que compila e divulga diversas informações sobre a situação de saúde de todas as regiões do país, pelos sistemas oficiais do Ministério da Saúde. É importante ressaltar que, para construção de indicadores, há a necessidade de ter participação de toda a equipe multiprofissional, para que juntos possam decidir quais pontos podem ser considerados mais relevantes. 58 Corvalán, Briggs e Kjellstrom (2000) trouxeram uma denominação de que para se construir um indicador é necessário que as informações sejam cientificamente válidas, isto é, haja relações conhecidas entre seres humanos, animais, ecossistema e saúde, seja representativo da realidade, seja construído com dados confiáveis e acessíveis. A construção e efetiva divulgação de indicadores é um dos fatores essenciais para diagnosticar o estado de vulnerabilidades na comunidade e buscar subsídios para planejar intervenções. IMPORTANTE! 59 Outro ponto é que seja também socialmente relevante, com a utilização de dados disponíveis a baixo custo, esteja relacionado a uma questão específica da temática ambiental e que tenha capacidade de ser entendida e interpretada por diferentes tipos de usuários. Que tal uma Situação-Problema? Em um território X, o(a) ACE foi abordado(a) por moradores e esses relatam que têm observado uma grande movimentação nas áreas mais afastadas, com a presença de caminhões com madeiras de grande porte. Eles suspeitam de desmatamento ilegal e tráfico de madeira de lei, mas como não possuem conhecimento sobre, resolveram solicitar ajuda ao ACE. Quais as possibilidades de ações do(a) ACE frente a esse cenário? Sugestões para orientar suas ações: comunicar a equipe para que a situação seja conhecida por todos, e as medidas sejam tomadas; 1 orientar aos moradores o que fazer caso aumente a presença de insetos e outros animais que possam implicar riscos à saúde e, caso identifiquem, comunicar ao Meio Ambiente (Limpeza urbana) e à Vigilância Ambiental. 2 Há de se observar que, em muitos casos, a ação ilegal do homem na degradação da natureza contribui para a emergência ou re-emergência de doenças e/ou ocorrência de desastres naturais e antropogênicos. Portanto, a vigília, identificação e informação deve ser constante para que consigamos mensurar os indicadores de vulnerabilidade social, ambiental e de aumento do risco à saúde, devendo para isso termos fontes e informações confiáveis. 60 capa capítulo 04 RISCOS E DESASTRES AMBIENTAIS NA APS: AVALIAR, AGIR E RECUPERAR 62 O que é um desastre? Um desastre, independente da sua origem, não acontece sem que haja ameaças/sinais, logo, a estratégia de conhecimento das realidades do território é um fator primordial para que as equipes de saúde e a comunidade possam pensar estratégias e monitorar os riscos, evitando assim que o desastre ocorra ou que a magnitude dos impactos seja reduzida em seu território adjacente (Freitas; Mazoto; Rocha, 2018). Segundo o Vigidesastres, os desastres podem ser classificados segundo as origens natural, tecnológica e acidentes com produtos químicos perigosos (Brasil, 2022b). DESASTRES NATURAIS Entre os desastres naturais que comumente acontecem em nosso país, podemos citar os geológicos que incluem eventos como deslizamentos, erosão e terremotos, sendo o último o de menor probabilidade em nosso país. Há, no Brasil, locais montanhosos que possuem estrutura irregular e que se tornam áreas de risco quando são explorados e/ou habitados. Os desastres de origem hidrológicas incluem inundações, enxurradas e alagamentos. Os extremos sempre causam prejuízos à população, longos períodos de chuva, em cidades que não há planejamento correto para drenagem, as inundações e alagamentos são problemas recorrentes, ocasionando perdas para a população, desabastecimento das cidades, agravos à saúde e até mesmo a morte de pessoas. Os desastres de origem climatológicos estão ligados a longos períodos de seca, estiagem e incêndio florestal. O clima é uma das principais preocupações da era atual, pois o comportamento humano tende a contribuir para situações que estimulem a seca, estiagem e o incêndio florestal, levando ao aumento da poluição ambiental e ao aumento das temperaturas. DESASTRES DE ORIGEM CLIMATOLÓGICOS DESASTRES DE ORIGEM HIDROLÓGICAS 63 É válido observar que as situações de desastres causam agravos a curto, médio e longo prazo, sendo o setor saúde um dos que mais demandam tempo e recursos para o atendimento das vítimas, o que reforça a necessidade de construção de planos de ação para prevenção e atendimento a desastres. A Figura 8 mostra as possibilidades de agravos e sua relação com o tempo, bem como o direcionamento para atendimento e monitoramento da comunidade, visando à reabilitação das pessoas e das cidades que foram afetadas com o desastre. O clima mais quente e seco resseca as florestas e faz com que a possibilidade de incêndio florestal aumente em grandes proporções. O MS, juntamente com a Fiocruz, construiu o Guia de preparação e respostas do setor saúde aos desastres, um instrumento suporte para que os municípios se organizem e, em conjunto com os órgãos competentes, construam seus próprios Planos de Preparação e Respostas do setor saúde para a ocorrência de desastres (Freitas; Mazoto; Rocha, 2018). VALE DESTACAR! 64 IM PA C TO S 65 Fonte: Adaptado de Freitas et al., 2018. Figura 8 - Ações a serem tomadas por toda a equipe multiprofissional na ocorrência de eventos de desastre ESCALA TEMPORAL HORAS - DIAS SEMANAS-MESES MESES-ANOS ● Resgate e Socorro; ● Traumas Agudos; ● Óbitos • Atendimentos a casos de doenças transmissíveis e não transmissíveis. • Vigilância de doenças transmissíveis. • Vigilância de doenças não transmissíveis. • Reabilitação de serviços essenciais. ● Atenção e vigilância de doenças crônicas. ● Vigilância de doenças não transmissíveis. ● Reabilitação e reconstrução. Na situação de ocorrência deum desastre, independente da sua origem, o(a) ACE pode contribuir no fortalecimento das relações entre as vigilâncias, Atenção Primária e outros órgãos, como defesa civil, orientando a população quanto aos fatores que devem ser observados no decorrer dos dias, tais como o desenvolvimento de sintomas característicos de contaminação, bem como estimular a sociedade quanto a sua participação no monitoramento das condições do ambiente. Pensando em cenários diversificados e levando em consideração as ações/situações propostas na Figura 8, vamos pensar em possibilidades de contribuições do (a)ACE? Quadro 2 - Identificação de situações e possibilidades de atuação do(a) ACE a curto prazo em casos de desastres Fonte: Elaboração própria. ORIGEM CENÁRIO AÇÕES DO(A) ACE HIDROLÓGICO Inundação da cidade por excesso de chuva. ✔ Intensificar a busca por focos de água parada, bem como locais com criadouros de transmissores de arboviroses; ✔ Realizar a fiscalização das casas afetadas com maior frequência; ✔ Identificar a ocorrência de sintomas como diarreia, fraqueza, mal estar geral, dor nas articulações e caso seja detectado, sugerir à equipe de saúde avaliação clínica. GEOLÓGICO Escorregamento de terra com soterramento de casas e pessoas. ✔ Permanecer vigilante para os relatos de doenças, sejam transmissíveis ou não transmissíveis; ✔ Auxiliar a equipe de saúde no resgate às vítimas, juntamente com os profissionais da UBS de referência e dar os devidos encaminhamentos. CLIMATOLÓGICO Incêndio na região com aumento da temperatura, fuligem e fumaça em grande intensidade. ✔ Utilizar-se dos princípios de primeiros socorros e auxiliar na demarcação de áreas de calor intenso; ✔ Auxiliar na retirada de vítimas e transporte para locais seguros determinados pelo poder público; ✔ Identificar casos de suscetibilidade e auxiliar no encaminhamento para o serviço de apoio. CONTRIBUIÇÕES A CURTO PRAZO: HORAS – DIAS 66 Se você, ACE, identificar riscos de incêndio florestal na sua comunidade, quais orientações poderia dar para as pessoas com o intuito de evitar tal ocorrência? E se o incêndio já tiver iniciado, quais ações você, enquanto ACE, poderá fazer para proteger a sua população e contribuir com a equipe? Dentre as variadas possibilidades, quando ocorrem as queimadas, além dos agravos à natureza, há a ocorrência de agravos à saúde humana, pela liberação de grande quantidade de fuligem, emissão de monóxido de carbono e também a elevação das temperaturas. 67 Quadro 3 - Identificação de situações e possibilidades de atuação do(a) ACE a médio prazo em casos de desastres Fonte: Elaboração própria. CONTRIBUIÇÕES A MÉDIO PRAZO: SEMANAS – MESES ORIGEM CENÁRIO AÇÕES DO(A) ACE HIDROLÓGICO Inundação da cidade por excesso de chuva. ✔ Prestar socorro até a chegada da equipe especializada; ✔ Auxiliar a equipe de resgate com o socorro às vítimas; ✔ Auxiliar as famílias na evacuação do local e transporte para um local seguro. GEOLÓGICO Escorregamento de terra com soterramento de casas e pessoas. ✔ Identificar áreas de risco e auxiliar na demarcação das áreas; ✔ Manter atenção em possíveis doenças transmissíveis, tendo em vista que nos casos de soterramentos podem ser encontrados animais mortos, inclusive pessoas sob os escombros em estado de decomposição. CLIMATOLÓGICO Incêndio na região com aumento da temperatura, fuligem e fumaça em grande intensidade. ✔ Auxiliar na identificação de novos focos de calor, solicitando auxílio à comunidade e mantendo constante diálogo; ✔ Atentar-se à ocorrência de aumento de doenças respiratórias relatadas e atendidas na UBS, discutindo com a equipe a possibilidade de relação entre o desastre e o aumento de casos. 68 Ei, ACE! As inundações e deslizamentos de terra podem causar a destruição de casas e, consequentemente, aumentar o risco de desenvolvimento de doenças como Dengue, Zika, Chikungunya e Leptospirose, casos que, se não controlados, podem evoluir para a ocorrência de uma epidemia. Você já vivenciou, pessoal ou profissionalmente, um desastre natural dessa magnitude? Se sim, qual foi o seu sentimento? 69 Quadro 4 - Identificação de situações e possibilidades de atuação do(a) ACE a longo prazo em casos de desastres Fonte: Elaboração própria. ORIGEM CENÁRIO AÇÕES DO(A) ACE HIDROLÓGICO Inundação da cidade por excesso de chuva. ✔ As áreas estão sendo reconstruídas de forma eficaz e segura do ponto de vista epidemiológico? ✔ Houve e ainda há casos de doenças transmissíveis no local? ✔ Houve o aumento de casos de arboviroses? Se sim, há necessidade de intensificação de ações nesse território, para que o restabelecimento seja seguro para toda a comunidade. GEOLÓGICO Escorregamento de terra com soterramento de casas e pessoas. ✔ As áreas atingidas foram limpas corretamente? ✔ A comunidade conseguiu voltar com segurança e os locais estão livres de acúmulo de resíduos sólidos, com sistema sanitário em perfeito funcionamento? ✔ Orientar a população quanto a todos esses aspectos que precisam ser revistos para um retorno seguro. CLIMATOLÓGICO Incêndio na região com aumento da temperatura, fuligem e fumaça em grande intensidade. ✔ Houve em sua unidade aumento de doenças crônicas relacionadas ao aparelho circulatório e respiratório? Em suas visitas às casas, as pessoas relatam isso? ✔ Se sim para o item anterior, dialogar com a equipe de saúde da unidade e alertar para ocorrências similares em grande parte da população. CONTRIBUIÇÕES A LONGO PRAZO: MESES – ANOS 70 Para consultar o site do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de desastres Naturais – Cemaden/MCTI, clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. Para conhecer outras informações, visite o site do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI). Tenha sempre em mente a seguinte reflexão: Diante da ocorrência de desastres, qual é o papel do(a) (ACE)? O que pode ser feito? Amplie seu conhecimento! Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para consultar o Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 16/01/2025 ANO 07 nº 74. Quando se está de posse de indicadores que demonstrem vulnerabilidade, tanto de pessoas como da cidade como um todo, estes certamente estão mais expostos, devendo-se, assim, levar em conta suas particularidades e potenciais de enfrentamento tanto da comunidade como dos serviços de saúde, pois a exposição é diferenciada pelas condições individuais de vulnerabilidade (Freitas; Mazoto; Rocha, 2018). 71 https://www.gov.br/cemaden/pt-br https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/monitoramento/boletim-de-impactos/boletim-de-impactos-de-extremos-de-origem-hidro-geo-climatico-em-atividades-estrategicas-para-o-brasil-2013-16-01-2025-ano-07-no-74?form=MG0AV3 https://www.gov.br/cemaden/pt-br https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/monitoramento/boletim-de-impactos/boletim-de-impactos-de-extremos-de-origem-hidro-geo-climatico-em-atividades-estrategicas-para-o-brasil-2013-16-01-2025-ano-07-no-74?form=MG0AV3 Uma emergência em saúde pública caracteriza-se como uma situação que demande o emprego urgente de medidas de prevenção, de controle e de contenção de riscos, de danos e de agravos à saúde pública em situações que podem ser epidemiológicas (surtos e epidemias), de desastres, ou de desassistência à população (Brasil, 2014). DESASTRE DE ORIGEM BIOLÓGICA: 72 No caso específico de surtos e endemias causadas pelas arboviroses, dentre as de elevada incidência e prevalência no Brasil, podemos citar a Dengue, a Chikungunya e a Zika. Embora o processo de transmissão seja o mesmo para todas as citadas, os períodos de incubação dependem de fatores como o tipo de vírus e, no caso do período de incubação extrínseco,