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A área da Linguística
A Linguística como ciência
Antes de a Linguística alcançar o status de ciência, ela estava ligada a outros estudos, como a Lógica, a Retórica, a Filosofia, a Crítica Literária, mas isso mudou quando ela passou a focar exclusivamente nas questões da linguagem, gerando pressupostos teóricos, a partir de descrições e explicações para dar conta de sua análise.
Assim, pode-se afirmar o seguinte:
A linguística busca fazer a descrição e a compreensão de como o ser humano é capaz de se comunicar, por meio de sinais sensoriais.
Em outras palavras, a Linguística é a ciência responsável pelo estudo dos códigos utilizados para a comunicação (do latim, communicare, que significa “tornar comum”) e da capacidade inata da humanidade para adquirir a linguagem, sendo que a sua maior preocupação é com a língua falada.
Podemos, então, afirmar que a Linguística estuda as línguas naturais e se interessa por, pelo menos, seis dimensões (FRANCHI, 1990, p. 80):
Dimensão sintática
Conjunto estruturado dos recursos linguísticos que expressam as relações, funções e categorias relevantes para a interpretação dos enunciados.
Dimensão semântica
Modos de representação da realidade, tomados como sistema de referência para essa interpretação.
Dimensão dêitico-referencial
Mecanismos que relacionam essa interpretação a determinados estados de fato, nas coordenadas espaço-temporal e interpessoal.
Dimensão pragmático-discursiva
Determinadas situações de uso, inclusive para avaliar os enunciados, do ponto de vista de sua adequação a determinadas ações e propósitos.
Dimensão lógica
Determinadas situações de uso, inclusive para avaliar os enunciados, do ponto de vista de sua verdade ou falsidade.
Os estudos sobre a linguagem assumiram o formato que encontramos atualmente graças às mudanças no domínio da Linguística, que ocorreram no início do século XX, abandonando o naturalismo que dominava a abordagem comparativista do século anterior, muito voltada para a comparação entre as línguas e a investigação de seus aspectos históricos.
 
Ferdinand de Saussure.
No início do século XX, o linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) criou os fundamentos para que a Linguística deixasse de ser uma investigação e passasse a ser vista como uma ciência. Isso se deu a partir de um curso ministrado por ele na Universidade de Genebra, sendo publicado como obra póstuma elaborada por seus alunos, intitulada Curso de Linguística Geral.
 
Por isso, o século XX é considerado por muitos teóricos como o “século da linguagem”. Nele se destacaram filósofos com a preocupação especial nas questões da linguagem, como Wittgenstein, Heidegger, Habermas e outros.
Tal interesse surgiu em diversas áreas para discutir questões ligadas ao tema. Vejamos a seguir alguns exemplos:
Exemplo
Na Teoria do Conhecimento, a crítica transcendental mudou seu enfoque para a crítica da linguagem, a Lógica buscou entender as linguagens artificiais, e a Antropologia percebeu que a linguagem é exclusiva do ser humano e afeta a sua visão de mundo.
Daí temos a Linguística com o objetivo de pesquisar como a linguagem funciona a partir do estudo de línguas específicas. Para tal, ela considera a língua como seu objeto de estudo de forma empírica, dentro de seus limites, como acontece em outras ciências, por exemplo, a Biologia, a Física, a Geografia.
Logo, sua metodologia foca principalmente a fala de determinada comunidade de usuários de determinada língua.
A proposta metodológica desenvolvida pela Linguística visa descrever e analisar a partir de um corpus, ou seja, um conjunto de dados coletados, que são as frases realizadas pelos falantes no uso diário. Assim, a Linguística tem um caráter científico pautado pelo empirismo e pela objetividade de análise.
Nesse sentido, seriam duas as tarefas principais da Linguística:
Tarefa I
Estudar as línguas particulares como um fim em si mesmo, com o objetivo de descrevê-las adequadamente.
Tarefa II
Estudar as línguas como meio de levantar informações acerca da natureza da linguagem de um modo geral.
Perceba que a Linguística não é uma disciplina homogênea, pois ela tem um conjunto de opções teóricas e orientações na busca por investigar as questões da linguagem que afetam diretamente a sociedade, tanto no ensino quanto nas diversas situações cotidianas de comunicação. Assim, a linha de atuação da Linguística é bastante ampla, como veremos mais adiante.
1.
Origem e conceito da Linguística Aplicada
Surgimento da Linguística Aplicada
Em 1946, Charles Fries e Robert Lado ministraram, na Universidade de Michigan, o primeiro curso de Linguística Aplicada. Naquele momento, o foco era o ensino de línguas e os linguistas buscavam uma proposta diferenciada na forma como ministravam a Linguística, com base na experiência que tinham no ensino do inglês como língua estrangeira.
Em 1948, a revista Language Learning: A Journal of Applied Linguistics usou pela primeira vez o termo Linguística Aplicada.
Aquele era um período próximo do final da Segunda Guerra Mundial e que se caracterizava pelo grande investimento no ensino de línguas, com métodos que combinavam:
O behaviorismo;
A linguística contrastiva;
A tecnologia dos laboratórios de línguas; e
As capacitações linguísticas com fins militares.
Saiba Mais
Behaviorismo - A perspectiva behaviorista da linguagem se caracteriza, em linhas gerais, pelo entendimento do processo de aprendizagem da linguagem por meio de uma cadeia ou sequência de estímulo-resposta-reforço.
 
Linguística contrastiva – Caracteriza-se, em linhas gerais, pelo estudo e descrição de duas ou mais línguas a fim de verificar diferenças e semelhanças entre elas.
Nesse contexto é que surge um campo fértil para desenvolvimento da Linguística Aplicada (ROCHA; DAHER, 2015).
Para Rajagopalan (2006, p. 152), houve uma guinada nos estudos linguísticos em função dos investimentos ou “novas fontes de financiamento” no ensino de línguas, assim, “a forma como as pesquisas linguísticas foram conduzidas nessa época foi determinada pelas expectativas criadas em torno de suas possíveis aplicações”.
A Linguística Aplicada, também referida como LA, surgiu no mundo anglófono. Depois da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os Estados Unidos enxergaram o potencial de expandir a língua inglesa por meio do ensino, devido à necessidade de aprender novas línguas. A presença de soldados norte-americanos baseados em países orientais é um exemplo dessa situação.
Naquele contexto do Pós-Guerra, a Linguística Aplicada não tinha relação nem com a “Linguística”, nem com a “aplicação”. Isso porque a Linguística tinha a preocupação de descrever línguas, algumas isoladas, estudar estruturas e assim por diante.
Quando a Inglaterra percebe que está perdendo seu espaço no mundo, ela decide exportar o ensino de sua língua para se manter erguida, numa tentativa de exportar o idioma e manter o poder. Daí surgem os primeiros conceitos da Linguística Aplicada em sua tentativa de estender o ensino da língua inglesa para o resto do mundo.
Quando a Inglaterra percebe que está perdendo seu espaço no mundo, ela decide exportar o ensino de sua língua para se manter erguida, numa tentativa de exportar o idioma e manter o poder. Daí surgem os primeiros conceitos da Linguística Aplicada em sua tentativa de estender o ensino da língua inglesa para o resto do mundo.
Na década de 60, quando os indianos eram tidos como falantes de um inglês que ninguém entendia. Gillian Brown (1990), foneticista, e seu grupo de pesquisa fizeram um esforço tremendo em consertar a fala dos indianos: estiveram em Madras (hoje Tamil Nadu) e ao final do treinamento acharam que tinham conseguido que os indianos falassem igual à rainha da Inglaterra. Um ano depois voltaram para saber o resultado de seus esforços: os falantes já haviam voltado a falar como antes do treinamento. Esse evento foi conhecido como Madras Snowball (Bola de Neve de Madras). Apesar de todo esse apelo a um inglês puro, na década de 70, os indianos já contavam com umaprodução literária bastante representativa, demonstrando que o inglês britânico não podia mais restaurar seu império, muito menos o linguístico. Hoje a Índia só perde para os Estados Unidos e Inglaterra em produção em língua inglesa.
(RAJAGOPALAN, 2010, p. 15)
No início, a Linguística Aplicada era vista como uma área que tinha como propósito investigar as práticas de aprendizagem de línguas, portanto, voltada para métodos e técnicas científicas para ensino de línguas estrangeiras.
Desse modo, a LA não nasce como uma aplicação da Linguística, antes, a LA surge a partir de uma abordagem indutiva, ou seja, uma pesquisa vinculada ao estudo da língua a partir de seu uso no mundo real, e não a partir de uma língua idealizada.
O que podemos perceber é que a Linguística Aplicada estava ligada a um movimento imperialista que levava a língua inglesa para os países falantes de outros idiomas, o que nos mostra a Linguística sujeita a interesses socio geopolíticos (RAJAGOPALAN, 2010).
1.
Origem e conceito da Linguística Aplicada
Conceitos e objetivos da Linguística Aplicada
Na década de 1980, surgiu uma discussão sobre a abrangência da Linguística Aplicada.
A LA iria além do ensino, do uso da linguagem em determinados contextos, chegando à busca da união entre teoria e prática, o que incluía:
Bilinguismo e multilinguismo;
Comunicação por intermédio de computadores;
Análise de conversação;
Linguística de corpus;
Análise crítica do discurso;
Linguística forense;
Planejamento e políticas linguísticas;
Comunicação multimodal;
Tradução.
Isso significa que a preocupação passa a ser com problemas linguísticos do mundo real, apoiada na multidisciplinaridade, seja na vida social, cultural e mesmo política, considerando a complexidade dos sujeitos.
Com o avançar dos anos, surgiram novas formas de pesquisa e o conceito da Linguística Aplicada como aquela que vai resolver os problemas da linguagem foi deixado de lado.
O que surge é a noção de que ela passa a ter um papel interdisciplinar e de produção de novos conhecimentos.
Diz-se que a linguística é aplicada quando suas teorias, métodos de investigação e achados de pesquisa são aproveitados para elucidar e ajudar a resolver questões e problemas práticos relacionados à língua e a seu uso.
(BAGNO, 2017, p. 253)
Vale lembrar que não se trata de utilizar os conhecimentos da Linguística e aplicá-los para criar soluções, isto é, não é uma aplicação da Linguística.
A Linguística Aplicada é um campo que investiga as relações linguísticas a partir de uma perspectiva própria, mas utilizando teorizações de diversos campos para convergir em discussões específicas.
Assim, a Linguística Aplicada tem o objetivo de dialogar com diversas áreas a partir de práticas sociais, pensando novas formas de conhecimento e pesquisa que respondam às demandas da sociedade na qual estamos inseridos.
Com a popularização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), passa-se a refletir sobre as diversas semioses que se manifestam nos discursos sociais, em diversas culturas, a partir de diferentes usos linguísticos.
Em especial, são considerados o avanço e a popularização dos usos tecnológicos dos computadores, o desenvolvimento do Wi-Fi, a tecnologia Bluetooth, o 4G e os smartphones e tablets, pensando no ensino de línguas.
O que essas tecnologias provocam são novos letramentos, com os usuários passando a ter acesso tanto a recursos digitais quanto às soluções tradicionais, como papel e caneta, de acordo com a disponibilidade.
Os objetivos da Linguística Aplicada
A Linguística Aplicada se caracteriza por, pelo menos, três aspectos relacionados com seus objetivos:
Objetivo I
Responder a determinada demanda social.
Objetivo II
Valer-se de diferentes áreas do conhecimento.
Objetivo III
Usar como critério de avaliação os seus resultados.
Rocha e Daher (2015) acrescentam a essa lista dos objetivos da Linguística Aplicada mais dois itens:
Enfatizar ensino-aprendizagem de línguas; e
Ancorar as bases teóricas na pesquisa linguística.
Uma das características da Linguística Aplicada é sua busca por tentar resolver problemas ligados ao ensino de línguas, às traduções, à organização de dicionários, além de ações cotidianas que a área pode ajudar a solucionar, mas sempre ligadas ao engajamento às demandas sociais, seja no Direito, na Saúde, na Mídia ou na Administração, entre outras áreas, na tentativa de compreender a sociedade.
Mesmo Saussure e seus seguidores já mostravam preocupação com aspectos práticos nas pesquisas linguísticas.
Interdisciplinaridade e pesquisa na Linguística Aplicada
Além disso, a Linguística Aplicada busca instrumentos em outras ciências, tais como a Didática das Línguas, que une Linguística, Psicologia e Sociologia, numa tentativa de unir teoria e prática no ensino de línguas, por exemplo.
Perceba que a Linguística Aplicada é marcada pela interdisciplinaridade.
Infelizmente, durante muito tempo não se via o especialista em Linguística Aplicada como um produtor de teorias, mas apenas como alguém que reproduzia teorias já existentes.
Outro item que merece destaque é que a Linguística Aplicada é avaliada pelos resultados obtidos, conforme apontado acima. Isso quer dizer que seus resultados são avaliados em função da resposta dada à demanda averiguada.
Segundo Rocha e Daher (2015), essa repercussão sobre as pesquisas em Linguística Aplicada se dá a partir da demanda formulada:
Outro item que merece destaque é que a Linguística Aplicada é avaliada pelos resultados obtidos, conforme apontado acima. Isso quer dizer que seus resultados são avaliados em função da resposta dada à demanda averiguada.
Segundo Rocha e Daher (2015), essa repercussão sobre as pesquisas em Linguística Aplicada se dá a partir da demanda formulada:
Por alguém que ocupa uma posição hierárquica mais alta na situação investigada.
Pelo pesquisador a partir de objetivos de pesquisa.
Pelo pesquisador a partir atribuídos a um dado coletivo.
Por um círculo que não exerce nenhuma função de destaque na hierarquia institucional em questão.
Rocha e Daher (2015) ainda acrescentam que a Linguística Aplicada e o campo do ensino de línguas eram tratados praticamente como sinônimos nas primeiras décadas da área, já que a sua preocupação era ser “prática”. Mas, de lá para cá, o interesse foi ampliado para outras formas de atuação, além do ensino de línguas, ainda que fortemente calcada na área.
A Linguística Aplicada ainda sofre do complexo de não produzir conceitos novos, mas aplicar teorias da Linguística. A esse respeito, pode-se afirmar o seguinte:
A Linguística Aplicada lida com pesquisas e práticas de problemas da comunicação, aplicando teorias da Linguística ou desenvolvendo propostas novas a partir das suas constatações.
A área da Linguística Aplicada
A Linguística Aplicada mantém a sua identidade na área de estudos da linguagem. Mesmo com todas as mudanças pelas quais passou, ela mantém a sua proximidade com as ideias de Wittgenstein, com os primeiros cursos ministrados sobre o seu conteúdo. Essa área permanece com um eixo comum até hoje, mesmo com todas as ofertas de disciplinas novas cada vez mais especializadas.
A ampliação de seu currículo acabou evitando um aprofundamento de divergências teóricas e querelas na sua epistemologia. O fato é que todas essas mudanças visam à busca de soluções dos problemas encontrados nas suas pesquisas no que se refere às questões de linguagem.
A área da Linguística Aplicada se mostra muito promissora.
 
Inclusive, têm surgido propostas recentes, como da Linguística Aplicada Crítica, com a Linguística tendo um papel político importante, contribuindo para mudar as relações de poder no mundo.
O especialista em Linguística Aplicada ajudaria o ser humano a tomar consciência sobre o domínio que a língua exerce sobre os outros, questionando a visão do progresso das ciências como algo linear, já que elas devem ser ligadas a diversas outras ideias, dentro de um contexto geopolítico e sócio-histórico.Antes de finalizarmos esta seção e conhecermos o trabalho da LA no Brasil, há uma questão à qual devemos responder:
Qual a diferença entre a Linguística e a Linguística Aplicada?
1.
Origem e conceito da Linguística Aplicada
Pesquisa em Linguística Aplicada
Linguística Aplicada no Brasil
No Brasil, inicialmente, o desenvolvimento da Linguística Aplicada se dá devido à sua origem interdisciplinar e à sua interface entre a Linguística e a Educação. Em seguida, passa por um processo de maior teorização e avança para uma área transdisciplinar a fim de enfatizar uma epistemologia indisciplinar, o que inclui questões diversas como:
Discurso;
Identidade;
Etnia;
Sexualidade e gênero;
Letramentos;
Entre outras.
Desse modo, a LA vai além da aplicação da Linguística para o “mundo real”, como foi vista por muito tempo. A Linguística Aplicada precisou incorporar novas fontes teóricas, a fim de dar conta das necessidades e problemáticas que surgiam, já que:
Nenhuma área do conhecimento pode dar conta da teorização necessária para compreender os processos envolvidos nas ações de ensinar/aprender línguas em sala de aula devido a sua complexidade.
(MOITA LOPES, 2006, p. 16)
Por isso, existe um número considerável de especialistas com o entendimento de que é preciso procurar ajuda em outras áreas do saber das Ciências Humanas e Sociais, além da Linguística, para estudar e buscar possíveis respostas em relação às questões que afligem o mundo e passam pela linguagem (ligadas ou não ao ensino).
Temas e preocupações da pesquisa em LA no Brasil
Em nosso país, a preocupação com os estudos da Linguística Aplicada começou no final da década de 1970 e início dos anos 1980, muito influenciada pela imprensa, que anunciava as dificuldades de leitura na escola, atribuindo a responsabilidade aos docentes. Isso acabou culminando nas pesquisas ligadas à formação de professores.
Logo, a leitura, primeiramente nas línguas estrangeiras e posteriormente em língua portuguesa, passou a ser uma das primeiras preocupações das pesquisas em Linguística Aplicada no Brasil.
Tais pesquisas focadas no problema da leitura foram incorporadas em documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além de constarem na bibliografia de cursos superiores e de concursos. Essas pesquisas continuam sendo objeto de discussão ainda hoje.
A escrita, quando a Linguística Aplicada começou a dar seus primeiros passos, ainda era vista como suporte para o livro, mas atualmente ela se manifesta em meios variados e muito próxima das nossas práticas sociais e cotidianas, em mídias digitais e diversos outros suportes materiais, inclusive combinando com linguagens não verbais.
Assim, a questão da leitura mudou muito nas últimas décadas.
 
Particularmente, num cenário em que se fala em pós-verdade e fake news, não basta ler, mas investigar se a informação é verdadeira e quem está por trás dela.
Nesse contexto de preocupação da pesquisa em LA com a situação da leitura e da escrita relacionada à formação dos estudantes e dos professores, surgem trabalhos que realizam análises etnográficas, por exemplo, de escolas como local de trabalho, da formação continuada do professor, possibilitando o registro e a análise da leitura de textos com a intenção de servir de motivação para professores e participantes diversos das reuniões. Tudo isso situado em um contexto social e ao mesmo tempo histórico, que ajuda a entender tais práticas no ambiente da periferia de grandes centros urbanos.
Resumindo
Assim, podemos dizer que a Linguística Aplicada foca um leque bastante diversificado de opções no que se refere aos seus objetivos e ao modo de ensino e de pesquisa, buscando respostas e contribuindo para a solução dos problemas ligados ao ensino e à aprendizagem, por exemplo, da língua portuguesa no Brasil.
Podemos notar que, com mais de meio século de existência, a Linguística Aplicada conseguiu resgatar e renovar instrumentos, objetos, temas e conceitos, inclusive modificando as concepções da área, dando voz aos participantes e valorizando conhecimentos, mesmo que socialmente excluídos.
Por isso, é possível que o próximo passo da Linguística Aplicada no Brasil seja a elaboração de currículos e materiais didáticos com a intenção de dar visibilidade a grupos tratados como “invisíveis” socialmente, além da inclusão de pesquisadores no ambiente escolar, valorizando práticas de outros contextos, dirigidas por personagens de outras culturas e de outras identidades, sem abandonar as mudanças pelas quais o mundo passa.

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