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LIVRO I – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
CONCEITO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO 
● Conceito: A obrigação é o vínculo jurídico ou permissão normativa que dá ao 
credor o direito de exigir do devedor uma determinada prestação (dar, fazer ou 
não fazer alguma coisa), que atenda integralmente aos seus interesses. 
● São três os elementos constitutivos da obrigação: o elemento subjetivo ou 
pessoal representado pelos sujeitos ativo (credor) e passivo (devedor); o 
elemento objetivo ou material, representado pelo objeto da prestação; e o 
elemento espiritual ou imaterial, representado pelo vínculo jurídico ou liame que 
liga os sujeitos. 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
As fontes da obrigação consitem no fato jurídico que gera a relação obrigacional. 
Pode resultar tanto da vontade do Estado, através da Lei, quanto da vontade 
das partes, através dos contratos (fonte negocial mais relevante para o Direito 
das Obrigações), declarações unilaterais (como o testamento e a promessa de 
recompensa) e da prática de atos ilícitos (comportamento humano voluntário, 
contrário ao direito, e causador de prejuízo de ordem material ou moral). 
CONCEITOS IMPORTANTES 
As obrigações propter rem são denominadas como obrigações hibridas, ou 
ambulatórias, como bem explica Tartuce , por manterem-se entre os direitos 
patrimoniais e os direitos reais, perseguindo a coisa onde quer que ela esteja, 
ou seja, tem caráter hibrido por não decorrer da vontade do titular, mas ainda 
sim decorrer da coisa. 
Exemplo: a obrigação do proprietário do imóvel pagar as despesas de 
condomínio, uma vez que o adquirente do imóvel em condomínio edilício 
responde por tais débitos, que acompanham a coisa para onde quer que ela vá. 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
● A obrigação pode ser positiva (dar coisa certa, dar coisa incerta, restituir e 
fazer) ou negativa (não fazer). 
● Obrigação de dar: É a obrigação de efetuar a tradição, quer a tradição efetiva 
ou real, no caso dos móveis, quer a tradição ficta, no caso dos imóveis. Se o 
objeto da prestação já estiver certo e determinado se terá a obrigação de dar 
coisa certa na qual o devedor não se desobrigará oferecendo outra coisa, ainda 
que mais valiosa. 
ART.233 
● O preceito contido no artigo trata-se da aplicação da regra geral do direito 
romano acessorium sequitur principale, segundo o qual o acessório tem o 
mesmo destino que o principal. 
● O próprio artigo, no entanto, faz uma ressalva a natureza do contrato ou as 
circuntâncias do caso. 
ART.234 
● Ocorrendo perda total, sem culpa do devedor, ou seja, em decorrência de 
caso fortuito ou força maior, resolve-se a obrigação, aplicando-se a antiga regra 
do direito romano res perit domino, segundo a qual a coisa perece para o dono, 
o que equivale dizer que apenas o proprietário da coisa arcará com o prejuízo. 
Como ainda não houve tradição, a coisa pertence ao devedor, que está obrigado 
apenas a devolver ao credor o que já houver recebido pelo negócio. 
● Havendo culpa do devedor, o credor tem direito de receber o equivalente do 
objeto perecido, ou seja, o valor que a coisa tinha na data do perecimento, além 
das perdas e danos. 
ART.235 
● A deterioração é a perda parcial ou danificação da coisa. Ocorrendo antes da 
tradição, o prejuízo será, novamente, suportado pelo dono ou devedor. Ao credor 
se abre duas saídas: ou abate do preço o valor correspondente à depreciação, 
se o aceitar receber a coisa danificada, ou resolve a obrigação. 
ART.236 
● Na hipótese de culpa (deterioração), prevista por este artigo, ainda o credor 
tem opção: ou recebe o equivalente, que é representado pelo valor da coisa, 
mais perdas e danos; ou recebe a coisa, com indenização por perdas e danos. 
ART.237 
● Da mesma forma como, havendo perda ou deterioração da coisa, o prejuízo é 
do devedor (dono), havendo acréscimo, o lucro deve ser dele, salvo dispondo o 
contrato de modo diverso. Assim, como a coisa há de ser entregue na sua 
integralidade, ou seja, com todos melhoramentos e acréscimos, poderá o 
devedor de boa-fé postular ao credor aumento no preço ou resolver a obrigação 
se o credor não concordar em pagar pela valorização decorrente dos 
ascréscimos. 
● O parágrafo único dispõe que os frutos ainda não percebidos (pendentes) 
seguem a regra geral de que o acessório acompanha o principal, pertencendo, 
portando, ao credor. Se já tiverem sido percebidos, pertencem ao devedor, que, 
antes da tradição, era o dono da coisa principal. 
ART.238 
● Obrigação de restituir: na obrigação de restituir, o dono da coisa é o credor, 
ao contrário da obrigação de dar, em que a coisa pertence ao devedor até o 
momento da tradição. 
● Nesse caso, a perda da coisa resolve a obrigação, com prejuízo do credor, seu 
proprietário, salvo, naturalmente, se tiver havido culpa do devedor. 
ART.239 
Havendo culpa do devedor no perecimento, o credor não suportará prejuízo 
algum. O devedor, além de restituir o equivalente em dinheiro, indenizará o 
credor pelos danos materiais e imateriais eventualmente suportados. 
ART.240 
No caso da deterioração, se não houver culpa do devedor, o credor, que é 
dono da coisa, fica com o prejuízo: receberá de volta a coisa danificada, sem 
direito a qualquer indenização. Havendo culpa do devedor, o credor ou 
receberá a coisa danificada ou o valor equivalente da coisa, em ambos os casos 
cabendo perdas e danos. 
ART.241 
Na obrigação de restituir o princípio é o mesmo do art.237. Os acréscimos e a 
valorização ocorridos antes da tradição e decorrentes de fatos naturais para os 
quais não contribuiu o devedor pertencem ao dono da coisa, que aqui vem a 
ser o credor. 
ART.242 
O devedor de boa-fé que houver contribuído para o acréscimo tem direito a 
indenização pelos melhoramentos considerados úteis e necessários e a levantar 
os voluptuários (obras de embelezamentos, aquelas que não ha necessidade de 
troca mas querem fazer por capricho), bem como de exercer o direito de 
retenção, até que o credor venha a indenizá-lo. 
Se estiver de má-fé, terá direito apenas de indenização pelas benfeitorias 
necessárias, desde que existentes ao tempo da restituição, mas não poderá 
levantar as voluptuárias nem poderá exercer o direito de retenção. 
ART.243 
Das obrigações de dar coisa incerta: cuja prestação consiste na entrega de 
coisa especificada apenas pela espécie e quantidade. É o que ocorre quando o 
sujeito se obriga a dar duas sacas de café, por exemplo, sem determinar a 
qualidade. Trata-se das chamadas obrigações genéricas. 
 
 
 
ART.244 
Seguindo a regra geral, a concentração do débito se efetuará por atuação do 
devedor, se o contrário não resultar da obrigação. Essa liberdade de escolha, 
todavia, não é absoluta, uma vez que o devedor não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a dar a melhor. 
Em tais hipóteses, ao devedor se impõe escolher a coisa pela média. Todavia, 
essa regra é uma regra legal supletiva, que só poderá ser invocada se nada 
houver sido estipulado no título da obrigação. 
ART.245 
Feita a escolha e dela cientificado o credor, a coisa deixa de ser incerta, 
transformando-se a obrigação, a partir dali, em obrigação de dar coisa certa, 
aplicando-se, portanto, as regras da seção anterior. 
ART.246 
Se nas obrigações de dar coisa incerta a prestação é inicialmente indeterminada, 
não poderá o devedor, antes de efetuada a sua escolha, alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. O gênero, 
segundo tradicional entendimento, não perece jamais (genus nunquam 
perit). 
ART.247 
Das obrigações de fazer: nessas obrigações, interessa ao credor a própria 
atividade do devedor. A prestação do fato poderá ser: 
a) Fungível – quando não houver restrição negocial no sentido de que o 
serviço seja realizado por outrem. 
b) Infungível – quando a pessoa do devedor é eleita em atenção às 
qualidades que lhe são próprias, nesses casos a obrigação de fazere, findo o prazo, atrasa a devolução do 
animal. Perecendo o mesmo em decorrência de uma enchente (evento fortuito) 
que inundou completamente o pasto onde estava, o devedor poderá ser 
responsabilizado com fundamento na referida norma legal. 
Entretanto, se provar insenção da culpa – não da decorrência do evento, 
obviamente, que poderá ser fortuito! – mas no atraso da prestação (imagine que 
o credor não pode receber o animal), ou se provar que o dano so-breviria mesmo 
que a prestação fosse oportunamente desempenhada. 
ART.400 
O dispositivo estabelece os efeitos da mora accipiendi (mora do credor), a saber: 
a) O devedor, desde que não tenha agido com dolo para provocar a mora, 
não responderá pelos riscos com a conservação da coisa. 
b) As despesas que o devedor tiver com a conservação serão ressarcidas 
pelo credor. 
c) Se o valor da prestação oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento 
e o dia do efetivo recebimento, o credor estará obrigado a receber pelo 
valor mais favorável ao devedor. 
d) O devedor pode desobrigar-se, consignando o pagamento. 
ART.401 
Purgação ou emenda da mora é a extinção dos efeitos futuros do estado moroso, 
em decorrência da oferta da prestação, pelo devedor, acrescida de todas as 
perdas e danos até o dia da oferta, ou ainda em face da prontificação do credor 
em receber a coisa, pagando todos os encargos advindos com a sua demora em 
receber. 
Em síntese 
Mora 
 Devedor não pagou ou credor não quis receber (no tempo, lugar e 
forma estabelecidos) 
 Devedor responde pelos prejuízos + juros + correção monetária + 
honorários. 
 Prestação se tornou inútil – credor pode rejeitar e pedir perdas e danos. 
 Sem fato ou omissão imputável ao devedor – não há mora. 
 Ato ilícito – mora desde o dia que praticou. 
 Purga-se pelo devedor (prestação + prejuízos) 
 Purga-se pelo credor (oferecendo-se para receber e sujeitando-se aos 
efeitos da mora até esta data) 
 
 
ART.402 
Perdas e Danos 
Para haver perdas e danos é necessária a atuação culposa (sentido amplo) do 
devedor para que seja responsabilizado. 
Pagar “perdas e danos” significa indenizar aquele que experimentou um prejuízo, 
uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por força do comportamento 
ilícito do transgressor da norma. 
A legislação não traz uma definição, preferindo simplesmente traçar os seus 
contornos, delimitando o seu alcance. Segundo o artigo as perdas e danos 
devem abranger: 
a) Dano emergente: é a diminuição patrimonial sofrida pelo credor, é aquilo 
que ele efetivamente perdeu. 
b) Lucros cessantes: consiste na diminuição potencial do patrimônio do 
credor, pelo lucro que deixou de auferir. 
ART.403 
segundo o nosso direito positivo, mesmo a inexecução obrigacional resultando 
de dolo do devedor, a compensação devida só deverá incluir os danos 
emergentes e os lucros cessantes diretos e imediatos, ou seja, só se deverá 
indenizar o prejuízo que decorra diretamente da conduta ilícita (infracional) do 
devedor, excluídos os danos remotos. 
O devedor responde tão só pelos danos que se prendem a seu ato por um 
vínculo de necessidade, não pelos resultantes de causas estranhas ou remotas. 
ART.404 
Nas obrigações pecuniárias, as perdas e danos são preestabelecidas. O dano 
emergente é a própria prestação, acrescida de atualização monetária, custas e 
honorários advocatícios. Os lucros cessantes são representados pelos juros de 
mora. 
Entendendo os juros moratórios como insuficientes para cobrir os prejuízos 
sofridos, poderá o juiz, valendo-se da lei e dos usos e costumes, fixar 
complemento de indenização ao credor. 
ART.405 
A regra geral de contagem dos juros de mora a partir da citação inicial só tem 
aplicação quando inexistir regra específica, que pode estabelecer marcos 
diferentes para a mora. 
Perdas e Danos 
 O que perdeu + o que deixou de lucrar (regra) 
 Prejuízos efetivos e lucros cessantes. 
 São considerados apenas efeitos imediatos e diretos do 
inadimplemento. Ainda que por dolo do devedor. 
 Perdas e danos: (atualização monetária + juros + custas + honorários 
advocatícios. 
 juiz pode conceder indenização suplementar se os juros da mora não 
cumprir o prejuízo e não houver pena convencional (cláusula penal) 
 juros de mora : citação. 
 
JUROS 
Os juros podem ser conceituados como frutos civis ou rendimentos, devidos pela 
utilização de capital alheio. 
Não se pode esquecer que há duas espécies de juros: 
a) Juros compensatórios ou remuneratórios – São aqueles que decorrem 
de uma utilização consentida do capital alheio (empréstimo). 
Obs: por meio de instituição financeira. 
b) Juros moratórios – Constituem um ressarcimento imputado ao devedor 
pelo descumprimento parcial da obrigação (atraso). 
ART.406 
Juros moratórios legais: São assim chamados quando estabelecidos em lei, 
sempre que as partes não houverem convencionado o seu valor. 
A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1.º, do 
Código Tributário Nacional, ou seja 1% (um por cento) ao mês. 
 Tal limite é aplicável a relações entre particulares. Vale ressaltar que 
as instituições financeiras não estão atreladas a qualquer limite. 
ART.407 
Do art. 407 decorrem dois princípios: 
 1º) Os juros de mora são devidos, independentemente da alegação do 
prejuízo, já que este será sempre decorrente da demora culposa do devedor em 
cumprir ou do credor em receber a prestação. 
 2º) Os juros de mora são devidos, independentemente da natureza da 
prestação. Se a obrigação for pecuniária, os juros incidirão sobre a quantia 
devida. Se não se tratar de dívida em dinheiro, os juros incidirão sobre o valor 
em dinheiro que vier a ser determinado, em sentença, arbitramento ou acordo 
das partes, como equivalente ao objeto da prestação descumprida. 
Juros legais 
 Quando os juros moratórios não forem convencionados. 
 Quando juros moratórios convencionados sem taxa estipulada. 
 Quando decorrer da lei. 
 Taxa: a que estiver em vigor para a mora do pagamento de imposto 
devido à fazenda. 
 
ART.408 
Cláusula Penal 
Cláusula penal ou pena convencional é um pacto acessório em que as partes 
contratantes preestabelecem as perdas e danos a serem aplicadas contra 
aquele que deixar de cumprir a obrigação ou retardar o seu cumprimento. 
Tem a precípua função de pré-liquidar danos, em caráter antecipado, para o caso 
de inadimplemento culposo, absoluto ou relativo, da obrigação. 
ART.409 
Na qualidade de pacto acessório, a cláusula penal é estipulada, em regra, em 
conjunto com a obrigação principal, admitindo o Código, no entanto, que seja 
convencionada em ato posterior, desde que anteriormente ao inadimplemento 
da obrigação. 
ART.410 
cláusula penal compensatória (estipulada para o caso de descumprimento da 
obrigação principal) 
O credor poderá, a seu critério, nos termos do art. 410 do CC/2002, exigir a 
cláusula penal, ou, se for possível faticamente e do seu interesse, executar o 
contrato, forçando o cumprimento da obrigação principal, por meio da imposição 
de multa cominatória. 
ART.411 
Diz-se moratória a cláusula penal estipulada para punir a mora ou a inexecução 
de alguma cláusula determinada. 
Aqui, ao contrário do artigo anterior, a regra é da cumulação da cláusula penal 
com a exigência do cumprimento da obrigação principal. 
ART.412 
O valor da cláusula penal não pode ser superior ao da obrigação principal sob 
pena de se caracterizar enriquecimento ilícito. 
ART.413 
Tendo em vista esse permissivo legal, concluímos que a redução do valor da 
pena convencional poderá se dar em duas hipóteses: 
 a) se a obrigação já houver sido cumprida em parte pelo devedor — que, nesse 
caso, teria direito ao abatimento proporcional à parcela da prestação já 
adimplida; 
 b) se houver manifesto excesso da penalidade, tendo-se em vista a natureza e 
finalidade do negócio. 
ART.414 
Caso a obrigação seja indivisível,a exemplo daquela que tem por objeto a 
entrega de um animal, descumprindo a avença qualquer dos coobrigados, todos 
incorrerão na pena convencional, embora somente o culpado esteja obrigado a 
pagá-la integralmente. Isso quer dizer que os outros devedores, que não hajam 
atuado com culpa, responderão na respectiva proporção de suas quotas, 
assistindo-lhes direito de regresso contra aquele que deu causa à aplicação da 
pena. 
ART.415 
Por outro lado, sendo divisível a obrigação, como ocorre frequentemente nas 
de natureza pecuniária, só incorrerá na pena o devedor ou o herdeiro do devedor 
(se a obrigação foi transmitida mortis causa) que a infringir, e proporcionalmente 
à sua parte na obrigação. 
ART.416 
Uma vez ocorrido o descumprimento obrigacional, não precisará o credor 
provar o prejuízo, uma vez que este será presumido. Ressalvamos, apenas, a 
hipótese de o próprio contrato haver admitido a indenização suplementar, 
consoante vimos anteriormente, caso em que o credor deverá provar o prejuízo 
que excedeu o valor da pena convencional. 
Cláusula Penal 
 Devedor não cumpre a obrigação; ou se constitui em mora. 
 Pode referir-se a: 
1- Inexecução completa 
2- Cláusula especial 
3- Mora 
 Total inadimplemento : CP torna-se alternativa a benefício do credor. 
 Nos casos de CP para as hipóteses (2) e (3): credor também pode exigir 
a obrigação principal. 
 Valor da CP não pode ser maior que da obrigação principal. 
 Redução equitativa pelo juiz: obrigação cumprida em parte ou montante 
manifestamente excessivo. 
 Não necessita que o credor alegue prejuízo. 
 
ART.417 
Arras ou sinal 
Conceito: é a quantia em dinheiro ou outro bem móvel que um dos contratantes 
antecipa ao outro, com o objetivo de assegurar o cumprimento da obrigação, 
evitando o seu inadimplemento. Não se confunde com a cláusula penal, que só 
pode ser exigida após o inadimplemento, enquanto as arras são pagas de forma 
antecipada, justamente para evitar o descumprimento do contrato. 
Exemplo: imagine-se o caso em que é celebrado um compromisso de compra 
e venda de imóvel com valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Para tornar 
definitivo o contrato o comprador paga R$ 10.000,00 (dez mil reais) ao vendedor. 
Se a obrigação vem a ser cumprida normalmente, as arras deverão ser 
descontadas do valor da prestação total. 
ART.418 
Regra Geral 
Quem deposita as arras Desistiu (não executou o contrato) 
Consequência: 
Quem recebeu as arras Vai reter o valor das arras. 
 Descumprimento contratual por parte de quem deu as arras. 
 
Quem recebe as arras Desistiu (não executou o contrato) 
Consequência: 
Quem depositou recebe o valor da arras + equivalente. (recebe em dobro) 
 Descumprimento contratual por parte de quem recebeu as arras. 
ART.419 
O dispositivo trata da possibilidade de se exigir, cumulativamente, indenização e 
o recebimento das arras. Vale lembrar que o caso em questão só é aplicável às 
hipóteses de arras confirmatórias. 
Arras confirmatórias (não estão expressas em contrato) 
As arras simplesmente confirmam a avença, não assistindo às partes direito 
de arrependimento algum. Caso deixem de cumprir a sua obrigação, serão 
consideradas inadimplentes, sujeitando-se ao pagamento das perdas e danos. 
(cabe indenização suplementar). 
ART.420 
Como situação excepcional, poderão as partes pactuar o direito de 
arrependimento, caso em que estaremos diante das denominadas arras 
penitenciais. 
Dessa forma, se for exercido o direito de arrependimento (ou seja, o direito de 
desistir do negócio jurídico firmado), a quantia ou valor entregue a título de arras 
será perdido ou restituído em dobro. 
Exemplo: em determinado negócio jurídico, a parte compradora presta arras 
penitenciais (R$ 1.000,00). Posteriormente, respeitado o prazo previsto no 
contrato, arrepende-se, perdendo em proveito da outra parte as arras dadas. Se, 
no entanto, foi o vendedor quem se arrependeu, deverá restituí-las em dobro, ou 
seja, devolver o valor recebido (R$ 1.000,00), acrescido de mais R$ 1.000,00, a 
título de ressarcimento devido à parte que não desfez o negócio. 
 
 
 
 
	Livro I – Direito das obrigações
	Conceito e elementos constitutivos da obrigação
	fontes das obrigações
	conceitos importantes
	Classificação das obrigações
	Art.233
	Art.234
	Art.235
	Art.236
	Art.237
	Art.238
	Art.239
	Art.240
	Art.241
	Art.242
	Art.243
	Art.244
	Art.245
	Art.246
	Art.247
	Art.248
	Art.249
	Art.250
	Art.251
	Art.252
	Art.253
	Art.254
	Art.255
	Art.256
	Art.257
	Art.258
	Art.259
	Art.260
	Art.261
	Art.262
	Art.263
	Art.264
	Art.265
	Art.266
	Art.267
	Art.268
	Art.269
	Art.270
	Art.271
	Art.272
	Art.273
	Art.274
	Art.275
	Art.276
	Art.277
	Art.278
	Art.279
	Art.280
	Art.281
	Art.282
	Art.283
	Art.284
	Art.285
	da transmissão das obrigações
	Art.286
	Art.287
	Art.288
	Art.289
	Art.290
	Art.291
	Art.292
	Art.293
	Art.294
	Art.295
	Art.296
	Art.297
	Art.298
	Art.299
	Art.300
	Art.301
	Art.302
	Art.303
	do adimplemento das obrigações
	Art. 304, 305 CC
	Art. 306 CC
	Art. 307 CC
	Art. 308 CC
	Art. 309 CC
	Art 310 CC
	Art.311 CC
	Art. 312 CC
	Art.313 CC
	Art.314 CC
	Art.315 CC
	Art.316 CC
	Art.317 CC
	Art.318 CC
	Art.319,320 CC
	Art.321 CC
	Art.322 CC
	Art.323 CC
	Art.324 CC
	Art.325 CC
	Art.326 CC
	Art. 327 CC
	Art.328 CC
	Art.329 CC
	Art.330 CC
	Art.331 CC
	Art.332 CC
	Art.333 CC
	do pagamento em consignação
	Art.334
	Art.335
	Art.336
	Art.337
	Art.338
	Art.339
	Art.340
	Art.341
	Art.342
	Art.343
	Art.344
	Art.345
	do pagamento com sub-rogação
	Art.346
	Art.347
	Art.348
	Art.349
	Art.350
	Art.351
	da imputação do pagamento
	Art.352
	Art.353
	Art.354
	Art.355
	da dação em pagamento
	Art.356
	Art.357
	Art.358
	Art.359
	da novação
	Art.360
	Art.361
	Art.362
	Art.363
	Art.364
	Art.365
	Art.366
	Art.367
	da compensação
	Art.368
	Art.369
	Art.370
	Art.371
	Art.372
	Art.373
	Art.375
	Art.376
	Art.377
	Art.378
	Art.379
	Art.380
	da confusão
	Art.381
	Art.382
	Art.383
	Art.384
	da remissão das dívidas
	Art.385
	Art.386
	Art.387
	Art.388
	do inadimplemento das obrigações
	Art.389
	Art.390
	Art.391
	Art.392
	Art.393
	Art.394
	Art.395
	Art.396
	Art.397
	Art.398
	Art.399
	Art.400
	Art.401
	Art.402
	Art.403
	Art.404
	Art.405
	juros
	Art.406
	Art.407
	Art.408
	Art.409
	Art.410
	Art.411
	Art.412
	Art.413
	Art.414
	Art.415
	Art.416
	Art.417
	Art.418
	Art.419
	Art.420é 
personalíssima. 
O dispositivo trata da obrigação de fazer personalíssima, na qual se o devedor 
não cumpre a prestação a que se obrigou, a obrigação se resolve em perdas e 
danos. 
ART.248 
Coisa incerta 
Quantidade 
Gênero 
Qualidade 
Inexistindo culpa do devedor, resolve-se a obrigação, retomando-se ao statu 
quo ante, sem que o credor tenha direito a qualquer reparação, além da 
devolução do que eventualmente já houver pago. Se o devedor se houve com 
culpa, contribuindo para a impossibilidade da prestação, o credor fará jus, 
também, às perdas e danos. 
ART.249 
Se a obrigação de fazer não é daquelas que só o devedor pode executar 
(obrigação infungível), e havendo recusa pelo devedor, pode o credor optar entre 
mandar executar a obrigação por terceiro, à custa do devedor, ou simplesmente 
receber perdas e danos. 
Poderá o credor ainda, em caso de urgência, contratar terceiro para executar a 
tarefa, independente de autorização judicial, pleiteando, depois, a devida 
indenização. 
ART.250 
Das obrigações de não fazer: tem por objeto uma prestação negativa, um 
comportamento omissivo do devedor. 
Caso a obrigação torne-se, sem qualquer culpa do devedor, impossível de ser 
cumprida, o vínculo obrigacional resolve-se e as partes retornam ao statuo quo 
ante. Isso quer dizer que eventual valor recebido pelo devedor em troca da 
abstenção deverá ser devolvida ao credor. 
ART.251 
À semelhança do artigo 249, o artigo 251 também concede ao credor a 
possibilidade de exigir do devedor que desfaça determinado ato ou a 
autorização para que tal desfazimento seja efetuado por si ou por terceiro, 
no caso de descumprimento da obrigação. Em ambas as situações, a parte 
credora estará autorizada a efetuar a cobrança de eventuais perdas e danos que 
o descumprimento do devedor tenha lhe gerado. 
Igualmente de modo semelhante ao disposto no artigo 249, permite-se que o 
credor, em caso de urgência, promova o desfazimento do ato executado pelo 
devedor, independentemente do ajuizamento de ação judicial. 
ART.252 
Das obrigações alternativas: diz-se alternativa a obrigação quando comportar 
duas prestações, distintas e independentes, extinguindo-se a obrigação pelo 
cumprimento de qualquer uma delas, ficando a escolha em regra com o 
devedor e excepcionalmente com o credor. 
- cabendo ao devedor a escolha, não poderá ele obrigar o credor a receber parte 
em uma prestação e parte em outra (§1°). Cabendo a escolha ao credor, nesse 
caso por disposição contratual expressa, não poderá ele exigir do devedor que 
pague uma parcela de uma prestação e uma parcela de outra. 
- nas obrigações de prestações periódicas, o titular do direito potestativo de 
escolher a prestação poderá exercê-lo em cada período.(§2°) 
- na pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá 
o juiz. (§3°) 
- se a opção for deferida a terceiro e este não quiser ou não puder exercê-la, 
caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. (§4°) 
ART.253 
Se cabia ao devedor a escolha e uma das prestações se impossibilita, quer a 
impossibilidade seja natural ou jurídica, quer o devedor tenha agido ou não com 
culpa, a solução será uma só: a obrigação ficará concentrada na prestação 
remanescente, indiferentemente de manifestação do credor. 
Se a escolha era do credor e não houve culpa do devedor, a solução é a mesma. 
Se, porém, tiver havido culpa do devedor, na impossibilidade de uma das 
prestações, pode o credor optar entre receber a prestação remanescente ou o 
equivalente em dinheiro da que se impossibilitou, acrescido de perdas e danos 
(art.255). 
ART.254 
Se houver culpa do devedor, diante da impossibilidade de todas as prestações, 
e couber a ele a escolha, a solução encontrada pelo legislador foi a de obrigá-
lo a pagar a que por último se impossibilitou, mais perdas e danos. 
ART.255 
Se a escolha couber ao credor, pode ele exigir o valor em dinheiro de qualquer 
das prestações que se impossibilitaram, além de perdas e danos. 
ART.256 
A obrigação se exaure por falta de objeto, desde que não tenha havido culpa 
do devedor ou do credor. 
ART.257 
Das obrigações divisíveis e indivisíveis 
Obrigação divisível: são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou 
parcial da prestação. 
Obrigação indivisível: por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro. 
O dispositivo trata sobre a obrigação divisível. Não se pode concluir que 
determinada prestação não é divisível se concorrer apenas um devedor. É que, 
havendo apenas um único obrigado, mesmo que a prestação seja 
essencialmente divisível, o credor não é obrigado a receber por partes, se tal 
não fora convencionado. 
ART.258 
Se a prestação tem por objeto “uma coisa ou um fato não suscetíveis de 
divisão, por sua natureza”, estaremos diante da indivisibilidade natural ou 
material. (obrigação de entregar um cavalo, por exemplo). 
O “motivo de ordem econômica” e a “razão determinante do negócio jurídico”, 
por sua vez, são expressões utilizadas para caracterizar outras formas de 
indivisibilidade. Podem integrar tanto a indivisibilidade legal como a 
convencional. 
 Da natureza das coisas 
 Determinação por Lei 
 Por vontade das partes 
ART.259 
Na indivisibilidade da obrigação, nenhum devedor tem a possibilidade de 
solver a obrigação por parte. Assim, qualquer credor pode cobrar, por inteiro, a 
prestação de qualquer devedor, o qual estará obrigado e sua integralidade. O 
devedor não é obrigado a cumprir desse modo, porque deve a prestação 
integralmente, mas sim porque é a única forma de cumprir a obrigação (por 
inteiro). 
O devedor solvente da obrigação indivisível, como não poderia deixar de ser, 
fica sub-rogado no direito do credor e poderá exigir dos demais devedores o 
que despendeu, descontado daquilo que, efetivamente, devia. A divisão de 
responsabilidade entre os devedores será em partes iguais, exceto se houver 
disposição contrária no título. 
ART.260 
Se a pluralidade for de credores, pelas mesmas razões acima indicadas, 
poderá qualquer deles exigir a dívida inteira. O devedor (ou devedores) se 
desobrigará (desobrigarão) em duas hipóteses: 
a) Pagando a todos conjuntamente. 
A indivisibilidade decorre 
b) Pagando a um, dando este um caução de ratificação dos outros credores 
– pode o devedor pagar a apenas um dos credores da obrigação 
indivisível, desde que este apresente uma garantia de que os outros 
credores ratificam o pagamento. 
ART.261 
Se o objeto da prestação for fracionável, o credor que recebeu dará a cada 
cocredor a sua parte na coisa divisível. Se não for possível o fracionamento, 
aplica-se o disposto no presente artigo e o valor a ser exigido pelos demais 
credores deve ser apurado de acordo com a parcela que caberia a cada um na 
obrigação. 
ART.262 
Nos casos de obrigação divisível, a remissão da dívida por um dos cocredores 
extingue apenas e tão somente a fração da obrigação existente entre aquele e o 
devedor comum, mantendo íntegra as demais quota-partes. 
Nas obrigações indivisíveis, eventual remissão de dívida por um dos demais 
cocredores não altera a prestação e esta continua, integralmente, devida aos 
credores. Uma vez quitada, caberá ao devedor a restituição, em dinheiro, da 
quota-parte, originalmente, devida ao credor remitente. 
ART.263 
A indenização pelas perdas e danos é expressa sempre em dinheiro, sendo a 
obrigação pecuniária divisível por sua própria natureza. 
Se houver culpa de todos os devedores na resolução, todos responderão pela 
indenização em partes iguais. Se a só um deles for imputada a culpa, só o 
culpado deverá responder por perdas e danos. 
ART.264 
Das obrigações solidárias 
Conceito: existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma 
pluralidade de credores,cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), 
ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro 
(solidariedade passiva). 
ART.265 
O artigo elenca as duas únicas fontes da solidariedade: a lei ou a vontade das 
partes. Não havendo previsão expressa na lei ou no contrato, presume-se 
inexistente a solidariedade. 
ART.266 
A solidariedade pode ser: 
a) Pura e simples. 
b) Elemento acidental do negócio jurídico – nesse caso, a lei permite que 
se dê tratamento diferenciado aos devedores, admitindo a coexistência 
de prestação pura e simples para alguns e condicionada ou a termo para 
outros, sem que se destrua a solidariedade. 
Os elementos acidentais que se adicionaram ao negócio não prejudicam a 
estrutura da solidariedade. 
ART.267 
Da solidariedade ativa 
Eis aqui a essência da solidariedade ativa: o direito que cada credor tem de 
exigir de cada devedor a totalidade da dívida e não poder o devedor ou 
devedores negarem-se a fazer o pagamento da totalidade da dívida, ao 
argumento de que existiriam outros credores. 
ART.268 
Antes de demandado, o devedor comum se exonera da obrigação pagando 
indistintamente a qualquer dos credores solidários. 
Iniciada a demanda, o devedor só poderá pagar ao autor da ação e não mais a 
quaisquer dos cocredores. 
ART.269 
Eventual montante parcial da prestação que tenha sido pago a um dos credores 
extingue, proporcionalmente, a obrigação. 
ART.270 
Os herdeiros do credor falecido não podem exigir a totalidade do crédito e sim 
apenas o respectivo quinhão hereditário, isto é, a própria quota no crédito 
solidário de que o de cujus era titular, juntamente com os outros credores. 
Isso não acontecerá, todavia, nas seguintes hipóteses: 
a) Se o credor falecido só deixou um herdeiro; 
b) Se todos os herdeiros agem conjuntamente; 
c) Se indivisível a prestação. 
Em qualquer desses casos, pode ser reclamada a prestação por inteiro. 
ART.271 
A solidariedade, diversamente do que se passa na indivisibilidade, persiste ainda 
que haja a sub-rogação da prestação em perdas e danos. 
ART.272 
Quando o credor solidário, por ato pessoal, libera o devedor do cumprimento da 
obrigação (remite a dívida), assume responsabilidade perante os demais 
cocredores, que poderão exigir do que recebeu ou remitiu a parte que lhes 
caiba. Só que aí cada um só poderá exigir a sua quota e não mais a dívida toda, 
uma vez que a solidariedade se estabelece apenas entre credor e devedor e não 
entre os diversos credores ou diversos devedores entre si. 
ART.273 
O dispositivo vem deixar expressa a regra de que as defesas que o devedor 
possa alegar contra um só dos credores solidários não podem prejudicar aos 
demais. Vale dizer, se a defesa do devedor diz respeito apenas a um dos 
credores solidários, só contra esse credor poderá o vício ser imputado, não 
atingindo o vínculo do devedor com os demais credores. 
ART.274 
Instaurando-se demanda judicial entre um dos credores e o devedor, somente 
aquele sofrerá as consequências de eventual decisão desfavorável, exceto na 
hipóteses em que o objeto do processo interesse a todos. 
De outro lado, havendo decisão favorável na demanda judicial, todos os demais 
serão beneficiados pelo decisum, exceto quando o benefício se fundar em direito 
pessoal do credor que fez parte da relação processual. 
ART.275 
Da solidariedade passiva 
Na solidariedade passiva, cada um dos devedores estará obrigado a cumprir, 
integralmente a prestação. Assim, o credor poderá cobrar a dívida da maneira 
como melhor lhe convier: ou de todos os devedores, ou, integralmente, de 
apenas um deles. 
O pagamento parcial da dívida extingue apenas a parcela da obrigação que lhe 
é correspondente, mantendo-se a solidariedade entre os devedores no que se 
refere ao saldo devido. 
Enquanto não for integralmente paga a dívida, mantém-se íntegro o direito do 
credor em relação a todos e a qualquer dos outros devedores, não se podendo, 
presumir a renúncia de tais direitos do fato de já ter sido iniciada a ação contra 
um dos devedores. 
ART.276 
Podemos vizualizar este dispositivo com a seguinte sistematização: 
a) Dívida divisível: nesse caso, a situação varia se o herdeiro for acionado 
individualmente ou reunido com os demais herdeiros. 
- Acionamento individual: qualquer herdeiro paga apenas sua quota-
parte na herança. 
- Acionamento coletivo dos herdeiros: somente reunidos, os herdeiros 
podem ser compelidos a pagar toda dívida, pois ocupam a posição do 
devedor falecido. 
b) Dívida indivisível: qualquer herdeiro, individualmente, pode ser 
compelido a pagar tudo, bem como qualquer devedor. 
ART.277 
Se o credor aceitar o pagamento parcial de um dos devedores, os demais só 
estarão obrigados a pagar o saldo remanescente. Da mesma forma, se o 
credor perdoar a dívida em relação a um dos devedores solidários (remissão), 
os demais permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatida, por 
óbvio, a quantia relevada. 
ART.278 
Esse dispositivo constitui expressão do tradicional princípio da relatividade 
subjetiva, segundo o qual o contrato só produz efeitos entre as partes 
contratantes, não atingindo aqueles que não participaram da relação jurídica 
obrigacional. A estipulação de qualquer obrigação adicional por um só dos 
devedores solidários não vincula os demais. 
ART.279 
Quanto à responsabilidade dos devedores solidários, se a prestação se 
impossibilitar por dolo ou culpa de um dos devedores, todos permanecerão 
solidariamente obrigados ao pagamento do valor equivalente. Entretanto, 
pelas perdas e danos só responderá o culpado. 
ART.280 
Ainda que apenas um ou alguns dos devedores tenham acarretado a incidência 
de mora, todos os demais ficarão, igualmente, responsáveis perante o credor 
pelos juros de mora legais incidentes. A ideia é que qualquer um deles poderia 
ter cessado a dívida e evitado a inclusão dos juros moratórios. 
Caso um dos devedores seja culpado pela mora no cumprimento da obrigação, 
ele ficará responsável perante os demais devedores pelos acréscimos 
adicionados à prestação em decorrência dos juros de mora e deverá ressarci-los 
de eventuais valores que tenham gasto. 
ART.281 
O devedor que for demandado poderá opor ao credor as exceções (defesas) que 
lhe forem pessoais, e, bem assim, as defesas que forem comuns a todos os 
devedores. Não lhe aproveitam, contudo, as exceções ou defesas pessoais a 
outro devedor. 
ART.282 
Se o credor renunciar ou exonerar da solidariedade todos os devedores, cada 
um passará a responder apenas pela sua participação na dívida. Extinguir-se-á 
a obrigação solidária passiva, surgindo, em seu lugar, uma obrigação conjunta, 
em que cada um dos devedores responderá exclusivamente por sua parte. 
Se a exoneração for apenas de um ou de alguns dos codevedores, permanece 
a solidariedade quanto aos demais. Nessa outra hipótese, só poderá o credor 
acionar os codevedores solidários não exonerados abatendo a parte daquele a 
cuja solidariedade renunciou. 
ART.283 
O codevedor que sozinho paga a dívida, paga além da sua parte e por isso tem 
o direito de reaver dos outros coobrigados a quota correspondente de cada um. 
É mediante ação regressiva que se restabelece a situação de igualdade entre 
os codevedores, pois aquele que paga o débito recobra dos demais as suas 
respectivas partes. 
ART.284 
Se, ao tempo do pagamento, o devedor era insolvente, sua quota-parte deverá 
ser dividida de maneira igual entre os demais devedores, de modo que cada um 
dos codevedores arque com parcela da quota-parte do insolvente. 
Mesmo o devedor liberado da solidariedade pelo credor, também será 
responsável por ratear com os demais a quota-parte do codevedor que venha a 
se tornar insolvente. 
ART.285 
Na relação interna entre os codevedores, se algum deles pagar, inteiramente, 
dívida que, a despeito de solidária, beneficie, exclusivamente, pelo título ou pelas 
circunstâncias,a um dos devedores, este responderá, integralmente, pelos 
gastos efetuados. 
Exemplo: Relação entre fiador e/ou avalista e o devedor principal, em que este 
é o maior beneficiado pelo cumprimento da prestação por seus garantidores. 
DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
ART.286 
Cessão de crédito 
Conceito: cessão de crédito é um negócio jurídico onde o credor de uma 
obrigação, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua 
posição ativa na relação obrigacional, independente de autorização do devedor, 
que se chama cedido. 
Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar 
o crédito ou simplesmente ganhá-lo (= doação) do cedente. 
A cessão de crédito não poderá ocorrer, porém, em três hipóteses: 
a) Se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão. 
b) Se houver vedação legal. 
c) Se houver cláusula contratual proibitiva. 
A cláusula proibitiva, porém, não gerará efeitos ao terceiro de boa-fé, se não 
houver previsão expressa no próprio instrumento da obrigação. 
ART.287 
A regra geral é aquela já mencionada anteriormente, ou seja, a de que o 
acessório tem o mesmo destino do principal (accessorium sequitur principale), a 
não ser que as partes convencionem o contrário. 
Como a cessão não interfere na relação obrigacional, que se mantém íntegra, 
as garantias reais ou fidejussórias eventualmente prestadas pelo devedor ou por 
terceiro estarão compreendidas na cessão do crédito. 
ART.288 
Para valer frente a terceiros, a cessão de crédito deverá constar de instrumento 
público ou, se for celebrada por instrumento particular, deverá resvestir-se das 
solenidades, quais sejam, indicação do lugar que foi passado, a qualificação das 
partes, a data, o seu objetivo e conteúdo, sendo indispensável, em ambos os 
casos, o registro do ato, para que gere efeito erga omnes. 
ART.289 
A cessão de crédito garantida por hipoteca abrange a garantia (art. 287), e, por 
se tratar de crédito real imobiliário, é de toda conveniência para o cessionário 
que se proceda à averbação da cessão ao lado do registro da hipoteca. 
ART.290 
O devedor não precisa autorizar a cessão. 
Isso não quer dizer, todavia, que não deva ser notificado a respeito do ato, até 
para saber que, a partir daquela comunicação, não pagará mais a dívida ao 
credor primitivo (cedente), mas sim ao novo (cessionário). 
Dispensa-se, outrossim, a notificação, se o devedor, por escrito público ou 
particular, se declarar ciente da cessão realizada. 
Não havendo a notificação, a cessão não gerará o efeito jurídico pretendido, e o 
devedor não estará obrigado a pagar ao novo credor (cessionário). 
ART.291 
Ocorrendo pluralidade de cessões, cujo título representativo seja da essência 
do crédito, não há maiores problemas. O devedor deve pagar a quem se 
apresentar como portador do instrumento. 
Caso a entrega do título não seja da natureza do negócio de cessão em questão, 
então a prioridade do pagamento se definirá a partir da anterioridade da 
notificação de cessão ao devedor. Na hipótese de notificações simultâneas ou 
de impossibilidade de prova de anterioridade, o pagamento deverá ser rateado 
(dividido) entre os múltiplos cessionários. 
ART.292 
Se o devedor não foi notificado da cessão, deve pagar ao credor primitivo. Se foi 
notificado mais de uma vez, deve pagar a quem apresentar o título da obrigação 
cedida, salvo se a obrigação constar de escritura pública, hipótese em que 
prevalecerá a anterioridade da notificação. 
ART.293 
A notificação do devedor é requisito de eficácia do ato, quanto a ele, devedor. 
Mas não impede o cessionário de se investir em todos os direitos relativos ao 
crédito cedido, podendo não só praticar os atos conservatórios, mas todos os 
demais atos inerentes ao domínio, inclusive ceder o crédito a outrem. A cessão 
de crédito produz efeitos imediatamente nas relações entre cedente e 
cessionário. Assim, todas as prerrogativas que eram do cedente passam de logo 
ao cessionário. Apenas a eficácia do ato frente ao devedor fica dependente 
da notificação. 
ART.294 
Essa regra, reveste-se da mais alta importância prática, e significa que o sujeito 
passivo da obrigação poderá defender-se, utilizando as “armas jurídicas” que 
apresentaria contra o cedente. 
Assim, se o crédito foi obtido mediante erro ou lesão, por exemplo, poderá opor 
essas exceções à cessão do crédito. Da mesma forma, poderá provar que já 
pagou, ou que a dívida fora remitida (perdoada). 
ART.295 
Nas cessões onerosas, o cedente sempre será responsável pela existência 
do crédito. Importante ressaltar que não se trata apenas de existência material 
do crédito, mas a existência em condições de permitir ao adquirente desse 
crédito o exercício dos direitos de credor, vale dizer, a viabilidade do exercício 
da cessão. 
Nas cessões gratuitas, o cedente só será responsabilizado, inclusive pela 
existência do crédito, se tiver agido de má-fé. 
ART.296 
Não está o cedente, em regra, obrigado pela liquidação do crédito, salvo se 
tiver agido de má-fé, como se dá nos casos em que, já sabendo da insolvência 
do devedor, afirma o contrário, induzindo o cessionário a celebrar um negócio 
que lhe será prejudicial. 
ART.297 
Por outro lado, nada impede que, no ato de transmissão do crédito, o cedente 
expressamente se responsabilize pela solvência do devedor. Nesse caso, 
além de garantir a existência do crédito, torna-se corresponsável pelo 
pagamento da dívida, até o limite do que recebeu do cessionário, ao que se 
acrescem juros, bem como a obrigação de ressarcimento das despesas da 
cessão e as que o cessionário houver feito para a cobrança da dívida. Trata-se 
da denominada cessão pro solvendo, a qual exige prévia estipulação contratual. 
ART.298 
Vale registrar, ainda, que, uma vez penhorado um crédito, este não mais poderá 
ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora. No entanto, se o 
devedor não tiver conhecimento da penhora e pagar ao cessionário, ficará 
desobrigado, restando apenas ao terceiro prejudicado entender-se com o 
credor. 
ART.299 
Assunção de dívida 
Conceito: negócio jurídico por meio do qual o devedor, com expresso 
consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua obrigação. Cuida-se de 
uma transferência debitória, com mudança subjetiva na relação obrigacional. 
Como haverá alteração subjetiva na relação-base, e ao se considerar que o 
patrimônio do devedor é a garantia da satisfação do crédito, o credor deverá 
anuir expressamente, para que a cessão seja considerada válida e eficaz. 
A importância do consentimento é de tal fora, que o silêncio é qualificado como 
recusa. 
Nota-se que a lei não admite a exoneração do devedor se o terceiro, a quem se 
transmitiu a obrigação, era insolvente e o credor o ignorava (não sabia). 
A assunção de dívida poderá se dar por duas formas: 
a) Por expromissão - hipótese em que o terceiro assume a obrigação, 
independentemente do consentimento do devedor primitivo 
b) Por delegação - decorre de negócio pactuado entre o devedor originário 
e o terceiro, com a devida anuência do credor 
ART.300 
Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a 
partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente 
dadas ao credor. 
ART.301 
Se o contrato de assunção vier a ser anulado ou declarado nulo, ocorre o 
renascimento da obrigação para o devedor originário, com todos os seus 
privilégios e garantias, salvo as que tiverem sido prestadas por terceiro. 
E a razão dessa regra é bastante simples: se a substituição do devedor não 
ocasiona alteração na relação obrigacional, que permanece intacta, com todos 
os seus acessórios, também se mantém inalterada a obrigação se a substituição 
é invalidada, retornando o primitivo devedor ao polo passivo. Entretanto, as 
garantias especiais prestadas por terceiros, e que haviam sido exoneradas pela 
assunção, nãopodem ser restauradas, em prejuízo do terceiro, salvo se este 
tinha conhecimento do defeito jurídico que viria pôr fim à assunção. 
ART.302 
O assuntor só pode alegar contra o credor as exceções derivadas da própria 
obrigação assumida, não lhe cabendo invocar as defesas pessoais que derivem 
da relação existente entre o devedor primitivo e o credor. 
ART.303 
Por fim, cumpre-nos advertir que o adquirente de um imóvel hipotecado poderá 
assumir o débito garantido pelo imóvel. Em tal hipótese, se o credor hipotecário, 
notificado, não impugnar em trinta dias a cessão do débito, entender-se-á válido 
o assentimento. Trata-se de uma exceção, admitida pela própria lei, à regra 
geral de que o credor deve anuir sempre de forma expressa. 
DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
➯ Principal e corriqueira forma de extinção das obrigações. Desempenho 
voluntário da prestação devida. 
É importante a abordagem de seus elementos subjetivos (pessoas envolvidas), 
do seu conteúdo (objeto), do seu lugar e do seu tempo. Em suma, são 
respondidas as seguintes questões sobre o pagamento: quem, o que, onde e 
quando. 
ART. 304, 305 CC 
DE QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS) 
Diferente do que se possa imaginar não é apenas o devedor que está legitimado 
para efetuar o pagamento. Também poderá solver o débito pessoa diversa do 
devedor – o terceiro – esteja ou não juridicamente interessada no 
cumprimento da obrigação. 
A norma indica duas espécies de terceiro: 
Terceiro interessado: pessoa que sem integrar o polo passivo da obrigação-
base, encontra-se juridicamente ligado ao pagamento da dívida. Ex- fiador. 
Há sub-rogação deste nos direitos do credor, quer dizer, o terceiro assume a 
posição do credor primitivo no polo ativo da obrigação. Por esse motivo, 
poderá exigir do devedor aquilo que desembolsou, valendo-se, inclusive, de 
eventuais garantias, multas, juros e demais acessórios da obrigação. 
Não pode o devedor impedir o pagamento do terceiro interessado. 
Terceiro não interessado: pessoa que não guarda vinculação jurídica com a 
obrigação-base, por nutrir interesse meramente moral. 
em tais casos, duas regras devem ser observadas: 
1- Paga a dívida em nome e à conta do devedor: sem oposição deste, não 
terá direito a nada, pois é como se fizesse uma doação, um ato de 
liberalidade. 
2- Paga a dívida em seu próprio nome: tem direito a reembolsar-se no que 
pagou, mas não sub-roga nos direitos do credor. Direito ao reembolso no 
seu vencimento. 
ART. 306 CC 
Não é algo comum alguém se predispor a pagar a dívida de outrem. O direito 
não ignora pessoas que movidas por razões egoístas, se valem da legitimidade 
conferida a terceiro não interessado. 
Para evitar tais situações o código civil reconhece ao devedor a faculdade de 
opor-se ao pagamento da dívida por terceiro, quando houver justo motivo 
para tanto. 
Havendo desconhecimento ou oposição do devedor, e o pagamento ainda assim 
se der, não haverá obrigação de reembolso do devedor, se provar que tinha 
meios para ilidir a ação, ou seja, para solver a obrigação. 
ART. 307 CC 
O pagamento que importar em alienação (obrigação de dar) não terá eficácia 
se feito por quem não era dono da coisa (alienação a non domino). 
Se, todavia, se der em pagamento de coisa fungível, não poderá mais reclamar 
do credor que, de boa-fé, recebeu e consumiu, mas do próprio devedor, as 
perdas e danos devidas por força da alienação indevida. 
ART. 308 CC 
Daqueles a quem se deve pagar (accipiens) 
O pagamento só produzirá eficácia liberatória da dívida quando feito ao próprio 
credor, seus sucessores ou representantes. Essa é a regra geral. Será eficaz 
também se, feito a um estranho, vier a ser posteriormente ratificado pelo 
credor, expresso ou tacitamente. Ou ainda se converter em utilidade ao 
credor. 
ART. 309 CC 
Credor putativo: É aquele que, não só à vista do devedor, mas aos olhos de 
todos, aparenta ser o verdadeiro credor ou seu legítimo representante. 
A condição de eficácia do pagamento feito ao credor putativo é a boa-fé do 
devedor, caracterizada pela existência de motivos objetivos que o levaram 
acreditar tratar-se do verdadeiro credor. 
Efetivado o pagamento nessas condições, fica o devedor exonerado, só cabendo 
ao verdadeiro credor reclamar o seu débito do credor putativo, que o recebeu 
indevidamente. Ação de regressão. 
ART 310 CC 
Não vale o pagamento – no sentido de ser ineficaz – cientemente feito ao 
credor incapaz de quitar, se o devedor não provar a reversão do valor pago 
em seu benefício. Essa incapacidade significa falta de autorização, ou mesmo 
incapacidade absoluta ou relativa daquele que recebeu. 
ART.311 CC 
Deve ser considerado como autorizado a receber o pagamento aquele que está 
munido do documento da quitação (recibo), salvo se as circuntâncias 
afastarem a presunção relativa desse mandado tácito. Havendo controvérsia 
sobre o portador da quitação, não terá eficácia o pagamento. 
ART. 312 CC 
O pagamento é feito ao verdadeiro credor mas, mesmo assim, não tem eficácia, 
vez que o credor estava impedido legalmente de receber. A penhora retira o 
crédito da esfera de disponibilidade do credor, razão por que ele não pode 
recebê-lo. Se o devedor é intimado de penhora incidente sobre o crédito ou 
de impugnação judicial oposta por terceiros e, ainda assim, paga ao credor, 
estará pagando mal, e corre o risco de vir a ser compelido a pagar 
novamente. 
ART.313 CC 
Do objeto do pagamento e sua prova 
Pode o credor se negar a receber o que não foi pactuado, mesmo sendo a 
coisa mais valiosa. 
ART.314 CC 
Princípio da realização integral do pagamento: O devedor não pode compelir 
o credor a receber a prestação em parcelas, nem este poderá compelir o devedor 
a pagar por partes. As prestações parciais só são admitidas quando houver 
previsão específica no contrato ou assentimento expresso das partes. 
ART.315 CC 
As dívidas em dinheiro devem ser pagas em moeda nacional corrente e pelo 
valor nominal (princípio do nominalismo). 
ART.316 CC 
O dispositivo permite a atualização monetária das dívidas em dinheiro e 
daquelas de valor, ao dispor sobre a possibilidade de as partes convencionarem 
o aumento progressivo das prestações sucessivas. É o que a doutrina 
convencionou chamar de “cláusula de escala móvel”, mediante a qual o valor 
da prestação será automaticamente reajustado, após determinado lapso de 
tempo, segundo índice escolhido pelas partes. 
ART.317 CC 
Adota a teoria da imprevisão, a fim de permitir que o valor da prestação seja 
corrigido por decisão judicial, sempre que houver desproporção entre o que 
foi ajustado durante a celebração do contrato e o valor da prestação na época 
da execução. 
“Resultou, da antiga cláusula rebus sic stantibus a ‘teoria da imprevisão’, com a preocupação 
moral e jurídica de evitar graves injustiças, ao ser exigido cumprimento de contratos que não 
tenham execução imediata, na forma estipulada, admitindo-se sua revisão ou resolução, por 
meio de intervenção judicial, se as obrigações assumidas tornarem-se excessivamente onerosas 
pela superveniência de fatos anormais e imprevisíveis à época da vinculação contratual” 
ART.318 CC 
São nulas quaisquer estipulações de pagamento em ouro ou em outra espécie 
de moeda que não fosse a nacional, salvo previsão em legislação específica. 
ART.319,320 CC 
O devedor que paga tem direito à quitação fornecida pelo credor e 
consubstanciada em um documento conhecido como recibo. 
Quitação: prova efetiva de pagamento, sendo o documento pelo qual o credor 
reconhece que recebeu o pagamento, exonerando o devedor da relação 
obrigacional. 
Nesse sentido o devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o 
pagamento enquanto não lhe seja dada. 
São requisitos da quitação: o valor e a espécie da dívida, o nome do devedor 
ou de quem por este pagou, o tempo e lugar do pagamento, assinatura do credor 
ou de representante. 
Pode ocorrer,todavia, que o pagamento seja efetuado, e o devedor, por 
inexperiência ou ignorância, não exija a quitação de forma regular, quebrando 
os requisitos acima mencionados. Nesse caso, no parágrafo único do art.320, há 
possibilidade de se admitir provado o pagamento se “de seus termos ou 
circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”. 
ART.321 CC 
nos débitos cuja quitação consista na devolução de título (ex:nota promissória), 
uma vez perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, uma 
declaração do credor que inutilize o título desaparecido. 
Essa previsão tem por objetivo proteger futuramente o devedor para que o título 
não seja cobrado novamente. 
ART.322 CC 
Nas obrigações de prestações sucessivas, a exemplo dos contratos de 
locação, o pagamento da última parcela faz supor (presunção juris tantum) que 
as anteriores estejam pagas. 
A razão dessa presunção reside no ponto de não ser natural ao credor receber 
a cota subsequente sem que as anteriores tenham sido adimplidas. 
ART.323 CC 
A regra geral já explicitada em comentários anteriores é a de que o acessório 
acompanha o principal. Assim, é de presumir que a quitação liberatória da 
obrigação principal também libere o devedor da obrigação acessória, que não 
tem existência autônoma. 
A presunção, no entanto, tal qual a estabelecida no artigo anterior, é juris tantum, 
cabendo ao credor provar que não recebeu os juros. 
ART.324 CC 
A entrega do título (nota promissória, cheque, letra de câmbio, etc) ao devedor 
firma a presunção do pagamento. No que se refere a essa presunção, a lei 
prevê um prazo decadencial de sessenta dias para que o credor prove a 
inocorrência do pagamento. 
ART.325 CC 
Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação. 
Eventualmente, se ocorrer aumento dessas despesas por fato imputável ao 
credor, suportará este a despesa acrescida. 
 
ART.326 CC 
Se houver o pagamento por medida ou peso, deve-se entender, no silêncio das 
partes, que aceitaram os critérios do lugar da execução da obrigação. 
 
ART. 327 CC 
Lugar do pagamento: É o local onde deve ser cumprida a obrigação. 
Dívidas quesíveis e portáveis: Diz-se quesível ou quérable a dívida que 
houver de ser cobrada pelo credor, no domicílio do devedor. Compete ao credor 
procurar o devedor para receber o pagamento. Portável ou portable é a dívida 
que deve ser paga no domicílio do credor. Cabe ao devedor portar, levar, o 
pagamento até a presença do credor. 
O lugar do pagamento é de livre convenção das partes, daí que a regra geral da 
dívida quesível só tem aplicação quando os contratantes não convencionarem 
do modo diverso. E mesmo no silêncio do contrato, muitas vezes as 
circunstâncias da avença, a natureza da obrigação ou a própria lei é que 
determinam o lugar do pagamento. 
Se o contrato estabelecer mais de um lugar para o pagamento, caberá ao 
credor, e não ao devedor, escolher aquele que mais lhe aprouver. 
ART.328 CC 
Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas 
ao imóvel, o pagamento será feito no lugar onde se situar o bem. 
ART.329 CC 
O devedor, sem prejuízo ao credor, e havendo motivo grave, poderá efetuar o 
pagamento em lugar diverso do estipulado. 
ART.330 CC 
O pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir a renúncia do 
credor ao lugar previsto no contrato. 
Supressio- supressão, por renúncia tácita, de direito ou posição jurídica, pelo 
seu não exercício com o passar do tempo. (credor) 
Surrectio- direito a favor do devedor, direito que não existia até então, mas 
decorre da efetividade social, de acordo com os costumes. 
ART.331 CC 
Do tempo do pagamento 
Em princípio, todo pagamento deve ser efetuado no dia do vencimento da 
dívida. 
Na falta de ajuste, e não dispondo a lei em sentido contrário, poderá o credor 
exigir o pagamento imediatamente. Tal regra somente se aplica as obrigações 
puras. 
ART.332 CC 
Obrigações condicionais: São aquelas cujo cumprimento se encontra 
subordinado a evento futuro e incerto. Ou seja, a obrigação só se implementa 
após o advento da condição. Dependendo da natureza da condição, a obrigação 
condicional pode ser suspensiva ou resolutiva. No primeiro caso, a eficácia 
do negócio jurídico fica postergada até o advento da condição. No segundo, é a 
ineficácia do ato negocial que fica a depender de evento futuro e incerto. 
ART.333 CC 
Finalmente, é possível ao credor exigir antecipadamente o pagamento: 
 
a) no caso de falência do devedor ou de concurso de credores. 
b) se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de penhor), forem 
penhorados em execução de outro credor. 
c) se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, 
fidejussórias (fiança, por ex.), ou reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor, 
intimado, se negar a reforçá-las. 
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO 
ART.334 
Trata a consignação em pagamento do instituto jurídico colocado à disposição 
do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou 
quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por depósito 
da coisa devida, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do liame 
obrigacional. 
Natureza jurídica: se trata de uma forma de extinção das obrigações, 
constituindo-se em um pagamento “indireto” da prestação avençada. 
ART.335 
O dispositivo apresenta uma relação de hipóteses em que a consignação pode 
ter lugar: 
a) Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o 
pagamento, ou dar a quitação na devida forma. 
b) Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e 
condição devidos. 
c) Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, 
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil. 
d) Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento. 
e) Se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
ART.336 
Todas as condições subjetivas e objetivas da obrigação deverão estar presentes 
para que a consignação seja válida e eficaz. 
Em relação às pessoas, a consignação deverá ser feita pelo devedor, ou quem 
o represente, em face do alegado credor, sob pena de não ser considerado 
válido. 
Em relação ao objeto, é óbvio que o pagamento deve ser feito na integralidade, 
uma vez que o credor não está obrigado a aceitar pagamento parcial. 
Quanto ao modo, da mesma forma não se admitirá modificação do estipulado, 
devendo a obrigação ser cumprida da mesma maneira como foi concebida 
originalmente. 
Por fim, quanto ao tempo, também não se pode modificar o pactuado. 
ART.337 
Nem o credor nem o devedor podem ser compelidos a se deslocar para local 
diverso do determinado originalmente, para o cumprimento da obrigação. 
Assim, o foro competente para ajuizamento da ação é aquele local do 
pagamento da obrigação. 
Como a consignação é modalidade especial de pagamento, o depósito da coisa 
libera o devedor dos efeitos da mora, afastando, por conseguinte, os juros do 
débito e os riscos pelo perecimento da coisa. 
ART.338 
Antes de o credor declarar se aceita ou não a coisa depositada, o devedor está 
autorizado a efetuar o seu levantamento, desde que arque com as respectivas 
despesas processuais. 
Nesse caso, não tendo havido o pagamento, o devedor continua responsável por 
todos os efeitos decorrentes do inadimplemento. 
ART.339 
Julgado procedente o pedido consignatório, irá se operar a extinção do vínculo 
obrigacional, não cabendo mais ao devedor pleitear levantamento do depósito, 
salvo se o credor e todos os demais coobrigados pelo débito consentirem. 
ART.340 
O dispositivo em questão confere efeito semelhante ao previsto no artigo 
precedente (CC, art. 339), nos casos em que, após o credor ter impugnado ou 
aceitado o depósito, for realizado o levantamento do bem, sem a anuência dos 
fiadores e codevedores. Também nessas hipóteses os fiadores e codevedores 
estarão exoneradosda obrigação. 
ART.341 
Na consignação de imóvel, o credor será citado para recebê-los ou ser imitido 
na posse do bem. 
ART.342 
• Competindo a escolha ao credor, há de ser ele citado para exercer o seu direito, 
no prazo assinalado pelo juiz. Não atendendo à citação, transfere-se ao devedor 
o direito de escolher a coisa a ser depositada. Feita a escolha pelo devedor, far-
se-á nova citação ao credor para vir ou mandar receber a coisa, sob pena de ser 
depositada. 
ART.343 
É ônus do devedor, antes do recebimento espontâneo do bem pelo credor ou da 
procedência da ação, o recolhimento das despesas inerentes à distribuição da 
demanda judicial. Será somente no caso de haver o levantamento do bem pelo 
credor ou da procedência da ação que este ficará responsabilizado pelas 
despesas processuais. 
ART.344 
• Obrigação litigiosa: É aquela objeto de litígio ou de demanda judicial. 
o litígio não impede o pagamento no tempo oportuno; mas o devedor deve fazê-
lo por consignação. 
ART.345 
A ação de consignação, em regra, é privativa do devedor que pretende exonerar-
se da obrigação. Excepcionalmente, em caso de litígio de credores sobre o 
objeto da dívida, poderá a consignatória ser proposta por um dos credores 
litigantes, logo que se vencer a dívida, ficando de logo exonerado o devedor e 
permanecendo a coisa depositada até que se decida quem é o legítimo detentor 
do direito creditório. 
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 
Sub-rogação: consiste na substituição de uma coisa ou pessoa por outra, daí a 
divisão entre sub-rogação real (O objeto da relação jurídica é substituído) e 
pessoal (A posição creditória é substituída). 
Vamos nos ater a sub-rogação pessoal. 
Conceito: quando um terceiro paga ou empresta o necessário para que o 
devedor solva sua obrigação, irá se operar a transferência dos direitos e, 
eventualmente, das garantias de credor originário para terceiro. Há uma 
substituição de sujeitos no polo ativo da relação obrigacional. 
Há dois efeitos necessários da sub-rogação: liberatório (pela extinção do débito 
em relação ao credor original) e translativo (pela transferência da relação 
obrigacional para o novo credor) 
A sub-rogação pode ocorrer por imposição da lei (sub-rogação legal, art 346) 
ou do contrato (sub-rogação convencional, art 347) 
ART.346 
Configura-se a sub-rogação legal, ou seja, de pleno direito em tais hipóteses: 
- Em favor do credor que paga a dívida do devedor comum 
- Em favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário, 
bem como terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado do direito sobre 
o imóvel. 
- Em favor de terceiro interessado, que paga a dívida pela qual podia ser 
obrigado, no todo ou em parte. 
Hipótese mais comum da sub-rogação legal. É o que acontece quando o fiador 
paga a dívida do devedor principal ou quando um dos devedores solidários paga 
a dívida ao credor comum. 
Tais hipóteses devem ser interpretadas restritivamente, por serem relacionadas 
de forma taxativa. 
ART.347 
Trata da sub-rogação convencional, a qual as próprias partes admitem a sub-
rogação por simples estipulação contratual. 
O código admite duas hipóteses: 
- Quando o credor recebe pagamento de terceiro e expressamente lhe transmite 
todos os seus direitos. É o caso do pagamento feito por terceiro não 
interessado, ou seja, que não tenha nenhum interesse jurídico com a obrigação. 
- Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a 
dívida, sob condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do 
credor satisfeito. É o caso do mútuo, empréstimo de dinheiro para quitar a 
dívida. Nesse caso a pessoa que emprestou o dinheiro (mutuante) para que o 
devedor (mutuário) pagasse a dívida ficará sub-rogada nos direitos do credor 
satisfeito. 
ART.348 
São aplicáveis à modalidade de sub-rogação convencional (art.347, I) a regras 
sobre cessão de crédito. 
ART.349 
Efeitos da sub-rogação. O principal efeito da sub-rogação é transferir ao novo 
credor “todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação 
a dívida, contra o devedor principal e seus fiadores.” 
ART.350 
Exemplo- se a dívida for no valor de R$ 1.000 e o terceiro interessado obteve 
desconto e pagou apenas R$ 800, só poderá exercer seus direitos e garantias 
contra o devedor até o limite da soma que desembolsou para solver a obrigação 
(R$ 800). Não poderá cobrar do devedor R$ 1.000, sob pena de caracterizar 
enriquecimento ilícito. 
O dispositivo trata de uma restrição imposta apenas a sub-rogação legal, haja 
vista que, na convencional a restrição teria que estar expressamente 
convencionada. 
* A doutrina, porém, entende que também é aplicável à sub-rogação 
convencional. 
ART.351 
Se houver concorrência de direitos entre o credor originário e o credor sub-
rogado, ao primeiro assistirá preferência na satisfação do crédito. Trata-se de 
uma regra adequada, pela anterioridade do crédito, em virtude da inexistência 
de uma solução melhor. 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO 
Conceito: ato pelo qual o devedor, de mais de uma dívida da mesma natureza, 
a um só credor, escolhe qual delas quer extinguir. 
ART.352 
Extraem-se os seguintes requisitos da previsão legal: 
a) Existência de duas ou mais dívidas 
b) Um só devedor/credor 
c) Liquidez e vencimento de dívidas da mesma natureza. 
ART.353 
Compete ao devedor imputar o pagamento a uma das dívidas líquidas, certas e 
vencidas que possui junto ao credor. No ato do pagamento, deve ele declarar 
qual das dívidas pretende quitar. Se não o fizer e aceitar a imputação feita 
pelo credor, não poderá reclamar depois, a não ser provando que o credor 
agiu com dolo ou violência (vícios do negócio jurídico). 
ART.354 
O pagamento, salvo acordo, se imputa primeiro nos juros vencidos e exigíveis e 
depois no capital. 
ART.355 
Trata da imputação legal que tem lugar na ausência de indicação expressa do 
devedor ou do credor. Nesse caso, a imputação se fará: 
a) Primeiro para as dívidas líquidas e vencidas primeiro. 
b) Se vencidas e líquidas ao mesmo tempo, a prioridade é da mais onerosa. 
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO 
ART.356 
Conceito: consiste na realização de uma prestação diferente da que é devida. 
Trata-se de uma forma de extinção obrigacional, por força da qual o credor 
consente em receber prestação diversa da que fora inicialmente pactuada. 
São requisitos da dação em pagamento: 
a) Existência de uma dívida vencida 
b) O consentimento do credor 
c) A entrega de coisa diversa da que é devida 
d) O ânimo de solver a obrigação 
ART.357 
O dispositivo só tem aplicação quando o objeto da dação consistir na entrega de 
objeto cujo o preço seja passível de taxação. Fixado o preço serão aplicadas as 
regras de compra e venda. 
ART.358 
Importando a transferência em cessão do crédito dado em pagamento, resulta 
a observância do disposto nos arts. 290 a 295 deste Código. 
ART.359 
Evicção: é a perda da coisa por decisão judicial proferida em ação de 
reivindicação proposta pelo legítimo dono. Em tal situação há três sujeitos: 
O alienante- que deverá ser responsabilizado pelo prejuízo causado ao 
adquirente. 
O evicto- o adquirente, que perde a coisa mediante a reivindicação de terceiro. 
O evictor- terceiro que prova seu direito sobre a coisa. 
Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, a obrigação primitiva 
será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada ao devedor. 
DA NOVAÇÃO 
Se dá a novação quando as partes, por meio de estipulação negocial, criam uma 
nova obrigação, destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. 
A novação se caracteriza pelos seguintes requisitos: 
a) Existência de uma obrigação anterior. 
b) A criação de uma nova obrigação diversa da primeira: não basta a 
concessão de um prazo mais favorável ou alteração de uma garantia. 
Para novar, as obrigações devem ser substancialmente diversas. 
c) Ânimo de novar(animus novandi) 
A doutrina aponta duas espécies de novação: 
a) Novação objetiva 
b) Novação subjetiva 
ART.360 
Dispõe o art.360, I, sobre a novação objetiva. 
Esta ocorre quando as partes de uma relação obrigacional convencionam a 
criação de uma nova obrigação, para substituir e extinguir a anterior. 
Obs: não se deve confundir a novação objetiva com a dação em pagamento. Na 
dação, a obrigação originária permanece a mesma, apenas havendo 
modificação do seu objeto. Diferentemente da novação objetiva na qual a 
primeira obrigação é quitada e substituída pela nova. 
Dispõe o art.360, II e III, sobre a novação subjetiva. 
A novação subjetiva se dá em tais hipóteses: 
a) Por mudança de devedor – novação subjetiva PASSIVA 
b) Por mudança do credor – novação subjetiva ATIVA 
A novação subjetiva passiva ocorre quando um novo devedor sucede ao antigo, 
ficando este quite com o credor. (art.360,II) 
Obs: não se deve confundir, todavia, a novação subjetiva passiva com a 
assunção de dívida. Uma vez que na assunção o novo devedor assume a dívida, 
permanecendo o mesmo vínculo. Não há o ânimo de novar, extinguindo o vínculo 
anterior. 
A novação subjetiva ativa ocorre quando opera-se a mudança de credores, 
considerando-se extinta a relação obrigacional em face do credor primitivo que 
sai e dá lugar a outro. (art.360,III) 
Obs: não se deve confundir com a cessão de crédito na qual a obrigação 
permanece a mesma, não havendo, portanto, extinção da relação jurídica 
primitiva. 
ART.361 
A intenção de novar é requisito da novação e pode ser tanto expressa no 
instrumento, como também decorrer, inequivocamente, das circunstâncias 
concretas (tácita). Ausente a intenção de novar, há mera confirmação da 
obrigação original. 
ART.362 
Novação subjetiva passiva – ocorre quando novo devedor sucede ao antigo e, 
em geral, independe do consentimento deste. Assume a forma de expromissão 
quando o terceiro paga a dívida sem o consentimento do devedor. Toma a forma 
de delegação quando feita com a participação do devedor, que mediante 
anuência do credor, indica uma terceira pessoa para resgatar o seu débito. 
O art.362 trata apenas da novação expromissória. 
ART.363 
Nos casos de novação subjetiva e insolvência do novo devedor, o credor não 
terá ação contra o antigo devedor, exceto nas hipóteses de má-fé. A solvência 
não é requisito de validade da novação e, logo, é ônus do credor averiguar as 
condições de liquidez do novo devedor. 
ART.364 
Sendo a novação um ato liberatório, extinguindo-se a obrigação principal, ficam 
extintos os acessórios e garantias, salvo se o contrário for estipulado. 
O penhor, a hipoteca ou anticrese são acessórios que se extinguem com a 
obrigação principal. Se houver estipulação em contrário, podem esses 
acessórios e garantias permanecerem com a novação; mas, se a garantia 
pertencer a terceiro, é necessário o consentimento deste. Ou seja, as garantias 
reais constituídas por terceiros só passarão ao novo crédito se os terceiros 
derem seu consentimento. 
ART.365 
Ocorrida a novação entre o credor e um dos devedores solidários, o ato só será 
eficaz em face do devedor que novou, recaindo sobre seu patrimônio as 
garantias do crédito novado, restando, por consequência, liberados os demais 
devedores. 
Se a novação implica em uma nova obrigação para substituir e extinguir a 
anterior, somente o devedor que haja participado desde ato suportará as 
consequências. 
ART.366 
Extinta a dívida pela novação, o mesmo caminho segue seus acessórios, de que 
é exemplo a fiança. Para que subsista a fiança é imprescindível que o fiador 
consinta em garantir a nova dívida. 
ART.367 
Nada impede a possibilidade de novação de obrigações anuláveis, visto que 
há a confirmação do vínculo no ato da novação. 
Nas hipóteses de obrigações nulas ou extintas a impossibilidade de novação 
ocorre, visto que não haveria obrigação a ser extinta e substituída. 
DA COMPENSAÇÃO 
ART.368 
Conceito: a compensação é uma forma de extinção das obrigações, em que 
seus titulares são, reciprocamente, credores e devedores. Tal extinção se dará 
até o limite da existência do crédito recíproco, remanescendo, se houver, o saldo 
em favor do maior credor. 
ART.369 
Duas são as espécies de compensação: 
a) Compensação legal 
b) Compensação convencional 
A compensação legal (tratada no dispositivo) é a regra geral, exigindo para sua 
configuração, o atendimento de diversos requisitos legais, são eles: 
- reciprocidade de dívidas: as partes devem ser concomitantemente credoras e 
devedoras umas das outras. 
- liquidez das dívidas: a dívida é líquida quando é certa, quanto a sua existência, 
e determinada, quanto a sua quantia. 
- exigibilidade atual das dívidas: a compensação só se pode operar entre dívidas 
vencidas. 
- coisas fungíveis: só se pode compensar coisas fungíveis, ou seja, aquelas que 
podem ser substituídas por outras de mesma espécie, qualidade e quantidade. 
ART.370 
Se o contrato vier a especificar a qualidade das prestações, embora estas sejam 
do mesmo gênero, não poderão ser compensadas se diferirem uma da outra. 
ART.371 
A regra geral é a de que a compensação só pode ser oposta pelo próprio devedor 
ao próprio credor, ou seja, entre pessoas que são entre si, reciprocamente, 
credora e devedora uma da outra. Excepcionalmente admite o código que o 
fiador possa realizar a compensação de sua dívida decorrente de fiança com 
aquela que o credor tiver com o afiançado. 
Ex: No caso concreto, se o locador aciona diretamente o fiador, cobrando 
aluguéis em atraso, e este mesmo locador é também devedor do locatário, pode 
o fiador invocar a compensação. 
ART.372 
Prazos de favor: são aqueles concedidos verbalmente pelo credor em atenção 
ao devedor. Por se tratar de mera liberdade do credor, o devedor não pode, a 
pretexto desse prazo, recusar o encontro da sua dívida com o seu crédito, 
alegando que a mesma ainda não venceu. 
ART.373 
Embora, a causa das dívidas não influa, em regra, na validade do negócio 
jurídico e, consequentemente, na utilização do instituto da compensação, 
estabelece o artigo, algumas situações em que não é admissível a sua aplicação: 
a) Dívidas provenientes de esbulho, furto ou roubo: a ilicitude do fato 
gerador da dívida contamina sua validade. 
b) Se uma das dívidas se originar de comodato, depósito ou alimentos: o 
comodato e o depósito impedem a compensação por serem objeto de 
contrato certo e determinado, inexistindo a fungibilidade entre si 
necessária a compensação. Já os alimentos impedem a compensação 
por serem dirigidos a subsistência do indivíduo. 
c) Se uma das dívidas for impenhorável. 
Art.374 (revogado) 
ART.375 
Por não se tratar de instituto de ordem pública, é facultada a renúncia à 
compensação. Esta pode se dar tanto de modo expesso, como também de 
modo tácito, o que ocorreria, exemplificativamente, no caso em que o devedor, 
embora também seja credor do seu credor, efetue o pagamento do débito. 
ART.376 
Conforme já dito anteriormente, a compensação, em regra, só pode ser oposta 
pelo próprio devedor ao próprio credor. Aquele que se obriga em favor de terceiro 
não se pode eximir de sua obrigação, pretendendo compensa-la com o que lhe 
deve o credor de terceiro, por faltar o requisito da reciprocidade. 
Ex: se um tutor deve ao credor e o credor deve ao tutelado, não pode o tutor 
pretender compensar a sua dívida com a dívida que o credor tem para com o 
tutelado. 
ART.377 
O devedor, que pode contrapor compensação ao credor, ao ser notificado por 
este da cessão, deve opor-se a ela, cientificando o novo credor da exceção que 
iria apresentar para o antigo credor. 
Como não há reciprocidade de débitos entre o devedor e o novo credor, se o 
devedor não se opuser a cessão, que lhe é notificada, estará renunciando 
tacitamente ao direito de compensar. 
ART.378 
O vencimento em locais diversos não impõe qualquer restriçãoà compensação 
das obrigações, impondo às partes apenas que arquem com as despesas que 
se façam necessárias a tanto. 
ART.379 
Ou seja, cabe ao devedor apontar qual das dívidas pretende compensar. Não o 
fazendo, a escolha ficará a cargo do credor. 
ART.380 
O devedor que se torne credor de seu credor, depois de penhorado o crédito 
deste, não pode opor ao exeqüente (quem entra com o processo) a 
compensação, de que contra o próprio credor, disporia. A compensação não 
pode prejudicar terceiros estranhos à operação. 
DA CONFUSÃO 
ART.381 
Conceito: opera-se quando as qualidades de credor e devedor são reunidas em 
uma mesma pessoa, extinguindo-se, consequentemente, a relação jurídica 
obrigacional. 
A confusão pode derivar de ato mortis causa (sucessão hereditária), embora 
nada impeça que se origine de ato inter vivos. 
ART.382 
Espécies de confusão: 
a) Confusão total (de toda a dívida) 
b) Confusão parcial (de parte da dívida). Ex: quando o devedor não é o único 
herdeiro do de cujos. 
ART.383 
O principal efeito da confusão é a extinção da obrigação. Entretanto, se a 
confusão se der na pessoa do credor ou devedor solidário, a obrigação só será 
extinta até a concorrência da respectiva parte no crédito (se a solidariedade for 
ativa), ou na dívida (se a solidariedade for passiva), subsistindo quanto ao mais 
a solidariedade. 
Isso quer dizer que a confusão operada em face de um desses sujeitos não se 
transmite aos demais, mantidas as suas respectivas quotas. 
ART.384 
Cessada a confusão, como no caso de se anular o testamento e o devedor deixar 
de ser herdeiro do credor, se restabelece a obrigação, com todos os seu 
acessórios. 
Nesses casos, diz-se que a confusão apenas paralisou o exercício do direito pela 
impossibilidade de o credor exercê-lo contra si mesmo, não se havendo operado 
a extinção da dívida. Cessado o impedimento, ressurge o direito com as 
garantias acessórias. 
DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS 
ART.385 
Conceito: remissão é o perdão da dívida, em que A, credor de B, declara que 
não pretende mais exigi-la (por meio de um documento particular, por exemplo) 
ou prática ato incompatível com tal possibilidade (devolvendo o título objeto da 
obrigação). Porém, é preciso que a remissão seja aceita, tácita ou 
expressamente, para produzir efeitos. 
Portanto, para caracterizar a remissão da dívida, se faz necessário a presença 
de dois requisitos: 
a) Ânimo de perdoar. 
b) Aceitação do perdão: natureza bilateral da remissão. 
ART.386 
O dispositivo trata da remissão tácita da dívida, só cabível nas obrigações 
contraídas por instrumento particular. Se o credor, voluntariamente, entrega, ao 
seu devedor, o título particular da dívida, e este último aceita, houve perdão da 
dívida. 
ART.387 
Sendo o penhor uma obrigação acessória, extinta esta pela renúncia do credor 
à garantia real, subsiste a dívida, obrigação principal, salvo se houver quitação 
desta. 
ART.388 
A remissão obtida por um dos codevedores não aproveita aos demais, se não 
até a concorrência da garantia remitida. O credor que desobrigou um dos 
codevedores não pode exigir dos outros a parte que cabia ao desobrigado, em 
face da regra geral de que o acordo do credor com um só dos devedores não 
pode agravar a situação dos demais, que não participaram da avença. 
DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
ART.389 
As obrigações devem ser cumpridas – o adimplemento é a regra. 
O inadimplemento é a exceção, por ser uma patologia no direito obrigacional, 
que representa um rompimento da harmonia social, capaz de provocar a reação 
do credor, que poderá lançar mão de certos meios para satisfazer seu crédito. 
Ocorre inadimplemento normalmente quando o devedor não cumpre a obrigação 
(absoluto) ou quando a cumpre imperfeitamente (relativo). Também se dá o 
inadimplemento pela “quebra antecipada do contrato”, quando o devedor, de 
forma expressa ou tácita, demonstra que não cumprirá a obrigação nos termos 
ajustados e pela “violação positiva do contrato” que é o cumprimento defeituoso 
da obrigação, que não satisfaz aos interesses do credor. Em todos esses casos, 
o devedor responderá pelas perdas e danos, em face dos prejuízos causados ao 
credor. 
ART.390 
Quanto às obrigações negativas, a própria lei dispõe que “o devedor é havido 
por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster”. 
É o caso do sujeito que, obrigando-se a não levantar o muro, realiza a 
construção, tornando-se inadimplente a partir da data em que realizou a obra. 
ART.391 
Princípio da responsabilidade patrimonial do devedor – não poderá ser 
privado de sua liberdade ou de qualquer coisa mais que seu patrimônio, por 
conta de dívida civil. 
ART.392 
Nos contratos benéficos ou não onerosos, a exemplo do comodato, só uma das 
partes se beneficia. Logo não seria justo, que a parte, a quem o contrato não 
aproveita, respondesse pela simples culpa. Em todo o caso deve responder pelo 
dolo, que se constitui pela violação proposital e deliberada daquilo a que se acha 
obrigado. O contratante a quem aproveita o contrato unilateral deve responder 
pela simples culpa, por isso mesmo que o contrato foi celebrado em seu 
benefício. 
Nos contratos onerosos, bilaterais ou sinalagmáticos, nos quais são 
estabelecidas obrigações para ambas as partes, a exemplo da compra e venda, 
é coerente que elas respondam não só por dolo, mas também por simples culpa. 
ART.393 
Caso fortuito e força maior: excludentes de responsabilidade contratual. O 
devedor não será responsabilizado pelo inadimplemento quando este restar 
provado oriundo de caso fortuito ou força maior, a menos que tenha, 
expressamente, se obrigado a responsabilizar por eles no contrato. 
ART.394 
Da mora 
Consoante vimos no capítulo anterior, o inadimplemento é considerado absoluto 
quando impossibilita, total ou parcialmente, o credor de receber a prestação 
devida, quer decorra de culpa do devedor (inadimplemento culposo), quer derive 
de evento não imputável à sua vontade (inadimplemento fortuito). 
O inadimplemento relativo, por sua vez, ocorre quando a prestação, ainda 
passível de ser realizada, não foi cumprida no tempo, lugar e forma 
convencionados, remanescendo o interesse do credor de que seja adimplida, 
sem prejuízo de exigir uma compensação pelo atraso causado. 
Este retardamento culposo no cumprimento de uma obrigação ainda realizável 
caracteriza a mora, que tanto poderá ser do credor (mora accipiendi ou 
credendi), como também, com mais frequência, do devedor (mora solvendi ou 
debendi). 
ART.395 
Na mora, cabe ao devedor indenizar o credor pelos prejuízos sofridos com o 
retardamento. A indenização consistirá sempre em uma soma em dinheiro, 
acrescida de juros, ditos moratórios, correção e honorários advocatícios. 
Pode o credor rejeitar a prestação e exigir, além da indenização, o valor 
correspondente à integralidade da prestação, desde que prove que ela se tornou 
inútil em razão da mora. 
ART.396 
O dispositivo exclui a responsabilidade do devedor por caso fortuito ou força 
maior. 
ART.397 
A estipulação de prazo para o cumprimento da prestação dispensa o credor de 
qualquer medida para constituir em mora o devedor, desde que vencido o prazo 
e não adimplida a obrigação. A constituição em mora é automática. 
Inexistindo prazo de vencimento, a mora só tem início com a interpelação judicial 
ou extrajudicial. 
ART.398 
Aqui, o termo inicial da constituição do devedor em mora é definido em lei: a data 
em que praticado o ato ilícito. 
ART.399 
O dispositivo trata a responsabilidade pelo risco de destruição da coisa devida, 
durante o período em que há a mora do devedor. A regra indica que o devedor 
poderá ser responsabilizado pela impossibilidade da prestação, ainda que 
decorrente de caso fortuito ou de força maior. 
Exemplo: Imagine o comodatário que recebeu um puro san-gue, a título de 
empréstimo gratuito por quinze dias,

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