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CURSO DE OPERAÇÃO DE TRATOR E DE PÁ-CARREGADEIRA Manual do aluno MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO 1ª edição Rio de Janeiro 2001 © 2001 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas ________ exemplares Diretoria de Portos e Costas Rua Teófilo Otoni, nº 4 - Centro Rio de Janeiro, RJ 20090-000 http://www.mar.mil.br/~dpc/dpc.htm secom@dpc.mar.mil.br Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907 IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL Sumário Introdução.............................................................................................. 5 DISCIPLINA I - OPERAÇÃO COM TRATORES DE PNEUS 1 Conceitos básicos ............................................................................. 6 1.1 Metrologia ......................................................................................... 6 1.2 Força, peso, volume e tração ........................................................... 6 1.3 Força da gravidade e centro de gravidade ....................................... 7 2 Conceitos gerais sobre tratores de pneus ...................................... 8 2.1 Tipos e modelos ................................................................................ 8 2.2 Partes componentes dos tratores de pneus ..................................... 9 2.3 Instrumentos do painel e controles de operação .............................. 10 2.4 Diferenças básicas entre tratores e pás-carregadeiras .................... 11 2.4.1 Tratores de pneus .......................................................................... 11 2.4.2 Tratores de esteiras ....................................................................... 11 2.4.3 Pás-Carregadeiras ......................................................................... 11 2.5 Sistema de tração e a utilização correta do batente frontal .............. 11 3 Conceitos operacionais dos tratores de pneus .............................. 13 3.1 Utilização do trator de pneus ............................................................ 13 3.2 Verificações e precauções antes do início da operação ................... 13 3.3 Tracionar/empurrar vagões em pequenas manobras ....................... 14 3.4 Regras de segurança no trabalho em plataformas e pátios ............. 14 3.5 Limitações operacionais no uso de tratores de pneus...................... 14 DISCIPLINA II - OPERAÇÃO COM TRATORES DE ESTEIRAS 1 Granéis ................................................................................................ 15 1.1 Conceito ............................................................................................ 15 1.2 Tipos de granéis ................................................................................ 15 1.3 Comparação dos pesos dos granéis ................................................ 15 1.4 Cubagem........................................................................................... 16 1.5 Ângulo de repouso ............................................................................ 16 1.6 Rechego ............................................................................................ 17 1.6.1 Espaços vazios .............................................................................. 17 1.6.2 Estivagem de granéis com outras cargas ...................................... 18 1.7 Neogranéis ........................................................................................ 18 2 Conceitos gerais do trator de esteiras ............................................ 19 2.1 Tipos e modelos ................................................................................ 19 2.2 Partes componentes ......................................................................... 19 2.3 Instrumentos do painel e controle de operação ................................ 20 2.4 Funcionamento de um trator de esteira ............................................ 21 2.5 Funcionamento da lâmina no trator de esteiras................................ 22 3 Conceitos operacionais do trator de esteiras ................................. 23 3.1 Utilização do trator de esteiras na operação portuária ..................... 23 3.2 Verificações e preocupações antes do início da operação ............... 24 3.3 Cuidados no transporte vertical do trator de/para porões de navios 24 3.4 Uso da lâmina do trator de esteiras .................................................. 25 3.5 Normas para a movimentação com tratores de esteiras .................. 25 3.6 Riscos da descarga de gases de combustão nos porões ................ 26 DISCIPLINA III - OPERAÇÃO COM PÁS-CARREGADEIRAS 1 Conceitos gerais ................................................................................ 27 1.1 Principais tipos e modelos ................................................................ 27 1.2 Partes componentes ......................................................................... 28 1.3 Instrumentos do painel e controle de operação ................................ 29 1.4 Sistema de formação e desbaste de pilhas de granéis sólidos ........ 29 2 Conceitos operacionais da pá-carregadeira ................................... 30 2.1 Utilização da pá-carregadeira ........................................................... 30 2.2 Precauções e verificações antes do início da operação ................... 31 2.3 Regras de segurança ........................................................................ 32 2.4 Carregamento correto de caminhões e vagões ................................ 33 Bibliografia ............................................................................................ 35 5 Introdução Com o advento da globalização ficou constatado que as “portas” do Brasil deveriam ser modernizadas. Uma das atualizações mais importantes e, certamente, a de maior urgência é a de adequar o perfil do trabalhador portuário a esse contexto. Isso necessariamente exigirá seu treinamento e a melhoria de seu nível de instrução básica, buscando o mais rapidamente possível a multifuncionalidade. Concluída esta etapa de treinamento estariam os portos aptos a continuar seu caminho rumo à modernização num meio homogêneo, onde a tecnologia disponível poderia ser fácil e rapidamente absorvida e implementada sem sacrifícios pessoais, em curto prazo de tempo e a custos competitivos? Na atividade de treinamento do trabalhador portuário em direção ao novo e moderno porto é relevante ressaltar a necessidade de se utilizar recursos e equipamentos compatíveis com o nível do aluno e com a realidade do porto. O Curso de Operação de Trator e Pá-Carregadeira, essencialmente prático, tem por objetivo proporcionar ao trabalhador portuário ensinamentos que visam à operação com tratores de pneus, de esteira e pá-carregadeira de maneira segura, correta e eficiente . Assim sendo, este manual objetiva auxiliar o aluno não só durante o curso mas também em sua atividade profissional. Consulte-o sempre que for necessário! 6 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus DISCIPLINA I - Operação com tratores de pneus 1. Conceitos básicos 1.1 Metrologia Conhecimento dos pesos e medidas e dos sistemas de unidades de todos os povos, tanto antigos como modernos. 1.2 Força, peso, volume e tração Força: causa capaz de produzir alteração da posição de repouso ou movimento de um corpo ou, ainda, de deformá-lo. Peso: é o produto da massa de um corpo pela aceleração da gravidade, ou seja, é a força que um corpo exerce sobre qualquer obstáculo que se oponha diretamente a sua queda. Volume: medida do espaço ocupado por um corpo. Tração: ação de puxar com energia ou ainda ação de uma força que desloca um objeto. Unidades do Sistema Métrico Decimal Grandeza Nome Símbolo Comprimento Metro m Área Metro quadrado m² Volume Metro cúbico m³ Massa Quilograma kg Tempo Segundo s Velocidade Metro por segundo m/s Vazão Metro cúbico por segundo m³/s Unidades do Sistema InglêsNome (símbolo) Correspondência com o Sistema Métrico Polegada (in) 25,4 mm Pé ( ft ) 305 mm Jarda (yd) 914 mm Milha náutica (NM) 1.852 m Onça (oz) 28,35 g Libra (pd) 454 g Tonelada Inglesa (ton) 1,016 kg 7 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 1.3 Força da gravidade e centro de gravidade Força da gravidade Força que atrai para o centro da Terra todos os corpos, ou ainda, força de atração que a Terra exerce sobre qualquer corpo colocado nas suas vizinhanças. Centro de gravidade (CG) É um ponto no qual se supõe estar concentrado todo o peso das diversas partes do objeto, exercendo uma força de cima para baixo, igual a soma dos pesos das partes componentes. Sua localização depende, portanto, da distribuição dos pesos que compõem o objeto, sendo que o centro de gravidade ficará sempre próximo da parte mais pesada do objeto. O centro de gravidade de um objeto não tem, necessariamente, correspondência com seu centro geométrico, nem sempre os dois centros coincidem porque um depende da forma do objeto e outro da distribuição dos pesos de suas partes componentes. O centro de gravidade de um navio é determinado por cálculos quando o navio é projetado. Em um navio, os pesos são usualmente distribuídos por igual de um lado e de outro do plano diametral, por isso o centro de gravidade fica situado geralmente na intercessão desse plano com o plano transversal a meia - nau ( seção mestra ) e pouco abaixo da linha de flutuação do navio totalmente carregado. 8 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 2. Conceitos gerais sobre tratores de pneus 2.1 Tipos e modelos Tratores são veículos automotores projetados para exercerem grandes forças de tração. São utilizados em terraplanagem, escavações e transportes de cargas, além de terem largo emprego na agricultura. No trabalho portuário, são utilizados para rebocar veículos e vagões nos cais e terminais e nos porões dos navios aplainam as cargas a granel ou ainda as rechegam, levando-as para os cantos dos porões ou trazendo-as para o centro. Inicialmente distinguem-se em dois grupos: • tratores de pneus (batente frontal, pá- carregadeira, retroescavadeira e outros); e • tratores de esteiras (mecânicos e hidramáticos). Aos dois grupos podem ser adaptados os mais variados acessórios com as mais diversas finalidades. Aos vários modelos de tratores de pneus podem ser adaptados: • batentes frontais para possibilitar que eles empurrem vagões e guindastes; • caçambas para funcionarem como pás-carregadeiras na movimentação de cargas a granel; • escavadeiras para funcionarem como retroescavadeiras. Aos tratores de esteiras podem ser adaptadas caçambas ou lâminas para executarem serviços de rechego a bordo de navios e empilhamento de granéis sólidos em pátios. A diferença fundamental entre os dois grupos é que o trator de esteiras não tem volante de direção e nem pneus. Tais diferenças nos obrigam a tratá-los distintamente. 9 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 2.2 Partes componentes dos tratores de pneus 1- trem de força; 2- compartimento do operador (cabine); 3- alavancas de controle; 4- instrumentos do painel; 5- sistema hidráulico de elevação dos braços; 6- lâminas; e 7- caçamba. No trem de força usa-se, normalmente, um motor de 6 cilindros com a transmissão “power shift”, combinados com o conversor de torque e os eixos. Oferece ótimo desempenho. O compartimento do operador é projetado para oferecer controle total em um ambiente confortável e espaçoso. As alavancas de controle, interruptores e instrumentos são posicionados para oferecer o máximo de conforto e produtividade. O sistema hidráulico é projetado para oferecer uma operação de baixo esforço e maior controle. Há máquinas com bombas separadas para direção e o implemento melhoram a reação da máquina. 10 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 2.3 Instrumentos do painel e controles de operação Os instrumentos indicadores estão montados no painel e proporcionam informações importantes sobre o funcionamento da máquina. O operador deve acostumar-se com a posição dos instrumentos e inedicadores para poder observá-los durante as operações. Esses indicadores são elétricos e só funcionam com a chave de contato ligada. • medidor de pressão de óleo do motor; • medidor de temperatura do motor; • horímetro; • botão de buzina; • botão de partida; • medidor de pressão de ar; • medidor da pressão do transmissão; • luz do painel; • medidor de temperatura da transmissão; • chave e ignição e luz; • alavanca de comando da caçamba; • alavanca de comando do braço de elevação; • pedal do acelerador; • estrangulador do motor; • assento do operador; • freio de estacionamento; • pedal do freio; • amperímetro; • medidor de combustível; • alavanca seletora de velocidade; e • alavanca de controle direcional. 11 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 2.4 Diferenças básicas entre tratores e pás-carregadeiras No que diz respeito à finalidade de seu emprego, as diferenças básicas entre esses veículos são: 2.4.1 Tratores de pneus Destinam-se a auxiliar as manobras com vagões com ou sem carga. 2.4.2 Tratores de esteiras São utilizadas para rechegar cargas a granel para os cantos dos porões ou para trazê-las para o centro e, ainda, para empilhar e desempilhar granéis sólidos em pátios em terra. 2.4.3 Pás-Carregadeiras São utilizadas para formar e desbastar pilhas de granéis sólidos nos porões de navios e em pátios, carregar vagões e caminhões com cargas a granel. 2.5 Sistema de tração e a utilização correta do batente frontal O sistema de tração poderá ser em duas ou quatro rodas. O trator de batente frontal é um veículo de velocidade reduzida, porém com muita força. Sua velocidade será elevada, dependendo do número de marchas do equipamento. 12 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus O sistema de transmissão automática controlada eletronicamente protege o trem de força contra operações em marchas incorretas. Os pontos de mudança de marcha são pré-definidos na fábrica e garantem un torque ótimo a cada mudança de marcha. O eixo traseiro oscilante permite oscilação total de 300, mantendo as rodas em contato com o solo para a máxima estabilidade e tração. Alguns modelos de tratores vêm equipados com um sistema eletrônico de controle de tração que possuem sensores que registram, ao mesmo tempo, a rotação do eixo e a articulação da máquina. Quando um pneu patina, o sistema aplica o freio de serviço e o torque é transferido através do diferencial para a roda com melhor condição de tração, tanto para os movimentos da máquina em linha reta quanto em curva. A energia de frenagem é gerenciada e monitorada para proteger os freios com redução automática de pressão de frenagem conforme necessário. O sistema atua nas quatro rodas independentemente, proporcionando a manobrabilidade de um diferencial convencional e maximizando a força de tração nas rodas. Na movimentação de vagões é desejável que seja empurrado um vagão por vez. Inicialmente, o batente frontal deve ser utilizado nas partes estruturais mais resistentes ou nos cantos do vagão para separá-lo dos outros e possibilitar empurrá-lo sozinho. Em seguida, deve-se posicionar o trator de forma a empurrar o vagão pelo seu engate, por se tratar da peça de maior resistência na estrutura do vagão. Em qualquer situação é imprescindível a presença de um manobreiro para auxiliar o operador na manobra, pois ele não tem a visão do que está acontecendo à frente do vagão, nem do lado oposto ao qual ele se posiciona. 13 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 3. Conceitos operacionais dos tratores de pneus 3.1 Utilização do trator de pneus As locomotivas trazem uma grande quantidade de vagões e os deixa estacionados na faixa interna do porto. Junto aos costados dos navios, esses tipos de equipamentos são utilizados para posicionar os vagões, um a um, nos funis ou silos para serem carregados,empurrando-os ou tracionando- os. Nos corredores de exportação, os tratores de pneus são utilizados para empurrar os vagões e posicioná-los dentro dos armazéns para que sejam feitos o desembarque e armazenamento da carga. 3.2 Verificações e precauções antes do início da operação Antes de dar partida ao motor, e iniciar ou reiniciar turno de trabalho faça as seguintes verificações: • nível de óleo do motor; • nível de óleo do sistema hidráulico; • nível de combustível; • nível de água do radiador; • nível do fluído de transmissão;e • pressão dos pneus. Precauções de segurança: Depois que o motor funcionar, verifique o indicador de óleo. Se dentro de 15 segundos não houver indicador de pressão, pare o motor e verifique a causa. Espere de 3 a 5 minutos para que o motor atinja a temperatura normal de operação, antes de colocar a máquina em movimento. Para desligar a máquina é importante colocá-la em marcha lenta durante 5 minutos, antes de desligá-la. Isso permitirá que o óleo lubrificante e a água reduzam o calor das câmaras de combustão, cabeçotes, mancais e eixos. Atenção: o calor residual pode danificar peças das válvulas e até bombas de combustível. 14 Operação com tratores de pneus Operação com tratores de pneus 3.3 Tracionar/empurrar vagões em pequenas manobras Existe modelo de trator empurrador que possui o engate próprio de vagão, e com esse tipo basta engatar e tracionar para a posição desejada. Em outros tipos se faz necessária a utilização de um estropo, que pode ser de material vegetal, sintético ou de aço, para se fazer a tração do vagão. Isto é possível dando-se uma volta redonda na extremidade que envolve o engate do vagão e fixando a outra no trator. A maneira correta de empurrar vagões em pequenas manobras para posicioná-los nos locais pré-determinados é engatar a tração nas quatro rodas, independentemente de o vagão estar carregado ou não, e sempre utilizar a 1ª marcha, que é a de maior força. 3.4 Regras de segurança no trabalho em plataformas e pátios • somente pessoas autorizadas (manobreiros) poderão permanecer na área de operação da máquina, desde que estejam no campo visual do operador; • o operador deve anunciar o início da manobra com os vagões com um sinal de buzina; • manter os freios devidamente regulados; • operar sempre com a máquina em velocidade compatível com a sinalização local; • não permitir que ninguém suba ou desça da máquina em movimento; e • trabalhar sempre com uma margem de segurança, que permita enfrentar qualquer situação de risco. 3.5 Limitações operacionais no uso de tratores de pneus O trator de pneus de batente frontal tem limitações operacionais, pois somente são utilizados para empurrar vagões e excepcionalmente para posicionar guindastes na operação portuária. 1515 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras DISCIPLINA II - Operação com tratores de esteiras 1. Granéis 1.1 Conceito Granéis são mercadorias transportadas diretamente nos porões e cobertas dos navios, sem embalagem, e que não requerem arrumação. Conforme o fator de estiva, os granéis em carregamento completo podem encher ou não a cubagem do navio. Quando não o fazem há sempre o perigo de correrem para um dos bordos com o balanço da embarcação que, com isso, pode adquirir uma banda perigosa, ou até mesmo emborcar. Há granéis como os cereais que ao serem carregados, mesmo superlotando os porões, vão acamando em viagem e, ao fim de alguns dias, apresentam superfície livre perigosa. Por esta razão, há navios especiais para granéis e, geralmente, a interferência da estiva nas operações de carga e descarga é pequena, pois é quase totalmente feita por aparelhagem eletromecânica. 1.2 Tipos de granéis Os granéis podem ser líquidos ou sólidos. Os granéis líquidos são sempre transportados em navios especializados, os navios-tanques ou navios- cisternas, onde não é empregada a estiva. Os principais granéis sólidos são: minérios, como ferro e manganês; cereais, como trigo, milho, aveia, cevada; adubos; enxofre; carvão; fosfato e nitratos; nozes e castanhas; sal; e açúcar. 1.3 Comparação dos pesos dos granéis Granulometria dos granéis sólidos são proporções relativas com que partículas de diferentes dimensões entram na sua composição. A comparação dos pesos dos granéis é importante tendo em vista o tipo de equipamento que deverá ser utilizado para a sua movimentação, pois os granéis têm pesos diferenciados e estes influenciam na operação portuária. 16 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras Podemos citar como exemplo duas operações: uma descarga de trigo e outra de sal, ambas com o mesmo tipo de guindaste com caçambas automáticas (“grabs”) de 16 ton. Nestas operações poderemos observar que na movimentação de trigo o guindaste suportará o grab totalmente carregado. Se repetir o carregamento do grab com o sal, o guindaste não terá força para levantá-lo. Concluímos, assim, que os granéis têm pesos diferentes. Exemplificamos abaixo alguns granéis que são movimentados nos portos e encontram-se em ordem do mais leve para o mais pesado. • cereais (trigo, cevada e soja); • adubos (KCL, DAP e uréia); • açúcar e sal; • enxofre, fosfatos e carvão; e • os minérios (ferro). 1.4 Cubagem Capacidade cúbica ou cubagem é o volume dos espaços cobertos realmente utilizáveis para a carga. Seu valor é praticamente igual à tonelagem líquida e exprime-se em metros cúbicos ou pés cúbicos. A cubagem para carga a granel representa o espaço interno total do compartimento, deduzido o volume ocupado pelo vaus, cavernas, pés de carneiro, tubulações, etc. Deve haver certa relação entre o peso morto (diferença entre os deslocamentos máximo e mínimo) e a cubagem. Se assim não fosse, teríamos comumente um navio com os porões cheios de mercadoria sem ter recebido a bordo todo o peso que seu calado máximo permitisse; ou, ao contrário, se a capacidade cúbica fosse muito grande , o navio poderia ficar carregado até o calado máximo e ainda ter muito espaço desocupado. Evidentemente isto depende da qualidade da carga que o navio transporta, isto é, do volume por unidade de peso da carga: um navio dedicado ao transporte de minério de ferro carrega muito mais peso do que um navio de mesmas dimensões de porão transportando trigo. 1.5 Ângulo de repouso Quando se inclina a superfície dos granéis até um certo ângulo, chamado de ângulo de repouso, eles não deslizam, mas quando este ângulo é ultrapassado, eles escorregam para o lado mais baixo. Cada tipo de granel tem seu ângulo de repouso. Ao embarcar um granel em pirâmide, o ângulo formado entre o granel e o fundo do porão, somado ao ângulo de balanço máximo do navio, não pode exceder o ângulo de repouso. Se o fizer o granel corre, e o navio pode emborcar. Os cereais, em geral, são os granéis que apresentam maior perigo e, quando carregados em navios cargueiros convencionais, requerem cuidados especiais na estivagem. 17 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar dedica um dos seus capítulos, exclusivamente, ao carregamento de cereais ou grãos. 1.6 Rechego É o ato de transportar a carga até o local onde o estivador a levará para o navio e que deve ser feito com o máximo de cuidado, pois dele pode depender a segurança do navio e a vida de toda a tripulação. Nenhum espaço, por menor que seja, deve ficar vazio, especialmente cantos e vãos, latas, sicordas e balizas. Há várias maneiras de impedir que os cereais corram. Entre as principais temos o uso “de meios-fios” ou anteparas de madeiras, desmontáveis, que são colocados ao longo dos porões no sentido proa a popa. 1.6.1 Espaços vazios O processo mais recomendado para impedir que a carga, ao se acamar, forme espaços vazios é o da figura abaixo. Embaixo da escotilha deixa-se um cavado na superfície da carga, como uma grande tigela. Forra- se com encerado ou plástico, enchendo-se com carga geral ou sacaria. Para evitar que fique espaço vazioquando o grão vai se acamando, constrói-se alimentadores de madeira (uma espécie de funil com maior altura que o porão através do qual os grãos escorregam com maior pressão e enchem o porão). Uso de meio-fio na estivagem de cereais Processo para impedir que a carga forme vazios 18 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras Ainda para ocupar espaço vazio, pode-se, depois de rechegar a carga, fazer um estrado de tábua cruzada sobre ela: a primeira camada com tábuas separadas cerca de 30 cm e a outra cruzada sobre a primeira. Sobre este estrado, estivam-se pelo menos quatro camadas de grão ensacados (ou carga de fator de estiva equivalente), cuja natureza não seja tal que possa variar o grão ou ser avariado por ele, por umidade ou por calor. 1.6.2 Estivagem de granéis com outras cargas Quando se opera granéis com outra carga nos porões, tomam-se as necessárias providências para evitar a contaminação da outra carga por poeira. Para isso, pode-se proteger a carga com encerados, papel, plástico ou, o que é mais eficaz, fazer uma espécie de poço de encerado em volta da escotilha, desde a sua boca até o lugar aonde está sendo estivado o granel. Sendo possível, carrega-se o primeiro granel, espera assentar a poeira, varre e depois colocam-se as demais cargas. Há também casos em que se embarcam várias partidas diferentes do mesmo cereal ou de cereais diferentes. Quando assim for, embarca-se pela ordem das densidades, ou seja, o mais pesado embaixo do mais leve. A separação é feita com grandes lençóis de aninhagem (sacos abertos costurados uns nos outros) ou encerados que são pregados nos meios-fios ou nas anteparas e nas sarretas. É conveniente selar o espaço entre a sarreta e o costado, com buchas de aninhagem, para impedir que os grãos venham a passar por aí. Em alguns portos, o embarque de granéis leves é efetuado contando- se os sacos que vêm para bordo, derramando o conteúdo pelas escotilhas do navio. Este sistema requer rechego muito bem feito e quase constante. 1.7 Neogranéis São granéis valiosos como a celulose (acondicionada em fardos) ou caolim (granel solto) cujo prêmio de seguro é alto, em função de sua facilidade de combustão. Para reduzir os riscos de avarias, os navios neograneleiros estão equipados com instalações especiais para a prevenção de incêndios e instalações e cuidados especiais para evitar contaminação das cargas neogranéis. 19 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras 2. Conceitos gerais sobre tratores de esteiras 2.1 Tipos e modelos Os modelos de tratores de esteiras variam de acordo com os fabricantes, mas todos são semelhantes nas suas partes gerais e nos acessórios utilizados. Tomemos como exemplo o modelo de trator de esteiras da figura acima, que trabalha com uma lâmina na parte da frente. O trator da figura é movimentado por um motor diesel de 4 tempos e 4 cilindros, com 75 HP de potência. O sistema de partida elétrica é de 24 volts. 2.2 Partes componentes O trator de esteiras além da lâmina frontal pode receber a instalação de outros acessórios tais como caçambas, retroescavadeiras e escaraficador, para a realização de outros tipos de serviços tanto na terraplanagem, como nos porões dos navios . 2.3 Instrumentos do painel e controles de operação escaraficador caçamba 20 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras Neste tipo de equipamento, o motorista manobra o trator pelos comandos mostrados na figura, seguindo os critérios abaixo: 1 - controle da lâmina – arriar e levantar O controle da lâmina é feito por uma única alavanca, colocada à direita do operador, que comanda o sistema de levantar e arriar. 2 - alavancas de direção – direita e esquerda As alavancas de direção são montadas num console, na frente do operador. Essas alavancas têm como função possibilitar ao operador fazer as manobras para a direita e esquerda. 3 - acelerador A alavanca do acelerador está situada à direita ou à esquerda do console, dependendo do modelo do trator. 4 - alavanca de marcha – frente e ré A alavanca de marchas localiza-se à esquerda do operador e move- se num corte em formato de “ U ”, para mudanças de marcha e sentido de direção. No modelo acima, um D4 hidramático, tem três marchas para frente e três para trás. Quando utilizamos o corte do “U’ do lado direito, o trator irá para a frente; e no corte da esquerda, o trator irá para trás. As mudanças de marcha e de direção podem ser feitas com o motor em movimento. 5 - pedais de freio – auxiliam na mudança de rumo O sistema de direção funciona pelo simples processo de imobilizar uma das esteiras. Para que isso ocorra é necessário puxar a alavanca de direção desejada, fazendo com que o trator descreva um semicírculo. Para auxiliar essa manobra pode-se utilizar os pedais de freio direito e esquerdo. Há necessidade de ao se movimentar o trator para a direita, utilizar a alavanca da direita e o pedal de freio também da direita, para agilizar a manobra. Ao acionar os dois pedais de freio, ao mesmo tempo, o trator parará, imediatamente. 2.4 Funcionamento de um trator de esteiras 1 2 3 4 5 21 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras O trator de esteiras é um automotor de velocidade reduzida, atingindo cerca de 11 Km/h, no máximo, mesmo quando não exercendo outra força que o deslocamento de seu próprio peso. Sua força de tração, porém, é elevada nas diversas marchas, dependendo do modelo do equipamento. O trator de esteiras se movimenta usando um sistema de tração constituído por uma cremalheira que corre sobre um trilho móvel, por onde o trator, propriamente dito, se movimenta. Sendo o trator de esteiras relativamente lento é necessário que se aproveite todo e qualquer movimento para se obter um bom rendimento. A tentativa de carregá-lo em excesso não aumenta a capacidade da lâmina ou da caçamba, por isso deve-se calcular a cada movimento o quanto se pode transportar, evitando-se esforço inútil da máquina. O trator de esteiras é empregado a bordo para trabalhar sobre a carga (granéis) e por isso deve ser observada a quantidade de carga que vai sendo retirada, a fim de evitar cavar uma vala e ficar com o trator preso dentro dela. O trator de esteiras, não tendo volante de direção, utiliza a paralisação de uma das lagartas (esteiras) de tração para alterar sua direção. Para tanto deve o motorista debrear a esteira do lado para o qual deseja virar o trator e auxiliar a sua paralisação com o freio. O freio deve ser usado alternadamente, ora freiando ora não, a fim de evitar que haja esforço na lagarta e esta venha a descarrilar. Para esse movimento, o operador usa as duas alavancas de embreagem, direita e esquerda, e os freios direito e esquerdo, os quais são independentes. Sempre que possível o operador deverá iniciar o trabalho com a lâmina no nível das esteiras. Dependendo da faina – embarque ou desembarque – o trabalho a ser executado pelo motorista será diferente. Se for embarque, a carga será 22 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras movimentada do centro do porão para a periferia. Se for desembarque, a carga deve ser removida da periferia para o centro do porão. O operador nunca deve fazer mudanças de marchas (de frente para ré e vice-versa) sem primeiro frear o trator, pois se o não fizer, fatalmente o quebrará devido ao impacto nas engrenagens do sistema interno de tração, causado pela mudança brusca de sentido da rotação. No trator de esteiras devem ser evitadas, sempre que possível, acelerações desnecessárias, as quais não melhoram em nada o rendimento e ainda prejudicam o operador e o trator. 2.5 Funcionamento da lâmina de um trator de esteiras Quando estiver sendo usada a lâmina para o desbastamento do produto e o operador perceber que o trator passa a sentir a resistência da carga, deverá imediatamente começar a elevar a lâmina. 23 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras 3. Conceitos operacionaisdo trator de esteiras 3.1 Utilização do trator de esteiras na operação portuária Sendo o trator de esteiras relativamente lento é necessário que se aproveite todo e qualquer movimento para se obter um bom rendimento e uma maior produtividade. O trator de esteiras é utilizado nas operações portuárias para desbastar, empilhar e rechegar granéis sólidos. Nas ocasiões em que a carga estiver compactada (dura) e a caçamba automática (“grabs”) não conseguir retirar o produto dos porões de navios, esse equipamento é utilizado sobre a carga para desbatá-la e amontoá-la para permitir a sua descarga. Em alguns pátios de estocagem de granéis sólidos que não possuem as dalas de empilhamento, os tratores de esteiras são utilizados para empilhar os granéis descarregados pelos caminhões de acordo com o procedimento a seguir: os caminhões chegam no pátio e despejam a carga num determinado local, e o operador,com a máquina, vai remontando e formando a pilha. Em navios de grande boca (largos) em que os equipamentos utilizados na descarga não conseguem alcançar a parte do porão junto ao bordo do mar, utiliza-se o trator de esteiras para fazer o rechego da carga no sentido do centro do porão, possibilitando sua descarga. Nas operações de embarque de granéis com equipamento que não possua “jet sling”, que permita a distribuição da carga pelo porão,costuma-se formar uma pilha em forma de cone no centro do porão. Nessa situação, há necessidade de utilizar o trator de esteiras para rechegar a carga distribuída uniformemente no porão. 24 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras 3.2 Verificações e precauções antes do início da operação Antes de dar partida no motor e iniciar ou reiniciar turno de trabalho, faça as seguintes verificações: • nível de óleo do motor; • nível de óleo do sistema hidráulico; • nível de combustível; • nível de água do radiador; • nível do fluído de transmissão; • pressão dos pneus; • se as esteiras estão esticadas adequadamente; e • se os pinos que prendem a lâmina estão fixados corretamente. Precauções de segurança: Depois que o motor funcionar, verifique o indicador de óleo. Se dentro de 15 segundos não houver indicação de pressão, pare o motor e notifique o responsável. Espere de 3 a 5 minutos para que o motor atinja a temperatura normal de operação, antes de colocar a máquina em movimento. Antes de desligar a máquina é importante colocá-la em marcha lenta durante 5 minutos. Isso permitirá que o óleo lubrificante e a água reduzam o calor das câmaras de combustão, cabeçotes, mancais e eixos. Atenção: o calor residual pode danificar peças das válvulas e até bombas de combustível. 3.3 Cuidados no transporte vertical do trator de/para os porões de navios Sempre que for movimentar o trator utilizando guindaste de bordo ou de terra, é necessário saber se eles têm capacidade para suportar o peso do equipamento. O trator deverá conter quatro cabos de aço fixos para serem engatados no guindaste e dessa forma ser transportado de terra para o porão do navio e vice-e-versa. 25 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras No caso de embarque de granéis, antes de colocar a máquina no porão do navio, há necessidade de preparar uma “mesa” no topo da pilha, a fim de permitir o embarque da máquina que efetuará o rechego. Essa medida possibilitará inicar o trabalho com segurança. 3.4 Uso da lâmina do trator de esteiras O trator de esteiras é empregado nos porões para trabalhar sobre a carga (granéis) e por isso, durante a operação, deve-se evitar trabalhar para a frente e para trás no mesmo local, para que não cave uma vala e fique com o trator preso dentro dela. Para que a vala não ocorra, devemos trabalhar em forma de leque trazendo o produto da periferia para o centro, se for descarga, e do centro para a periferia, se for embarque. Nos pátios de estocagem o procedimento para armazenamento da carga deve ser feito da mesma forma, ou seja, não se deve passar seguidas vezes no mesmo local. A tentativa de carregá-lo em excesso não aumenta a capacidade da lâmina, por isso deve ser calculado, a cada movimento, o quanto se pode transportar, evitando-se assim esforço inútil da máquina. O trator de esteiras, não tendo volante de direção, utiliza a paralisação de uma das lagartas (esteiras) para alterar sua direção. Para tanto, deve o operador debrear (alavancas 1) a esteira do lado para o qual deseja virar o trator e auxiliar a sua paralisação com os freios (pedais 2). O freio deve ser usado alternadamente, ora freiando ora não, a fim de evitar que haja esforço na lagarta e esta venha a descarrilar. Para esse movimento, o operador usa as duas alavancas de embreagem, direita e esquerda, e os freios direito e esquerdo os quais são independentes. Sempre que possível, o operador deverá iniciar o trabalho com a lâmina no mesmo nível das esteiras. Quando estiver sendo usada a lâmina e o operador perceber que o produto começa provocar resistência na lâmina, deverá lentamente elevar a lâmina ou caçamba, a fim de obter o melhor rendimento e produtividade do equipamento. 3.5 Normas para movimentação com tratores de esteiras Sempre que tratores de esteiras são requisitados para trabalharem em porões de navios, com certeza irão operar sobre a carga, em situações 26 Operação com tratores de esteiras Operação com tratores de esteiras instáveis e superfícies acidentadas. O operador deverá iniciar um processo de aplainamento da carga tanto no embarque como na descarga para sua segurança e do equipamento. Não se deve fazer curvas fechadas com movimento contínuo, tampouco permitir a formação de valas e graus de inclinação grandes para não forçar a esteira que poderá descarrilar. Quando se opera com trator de esteiras não se deve fazer barreiras para segurança do operador, dos trabalhadores e do próprio equipamento. 3.6 Riscos da descarga de gases de combustão nos porões Quando o trator estiver ligado para operar nos porões dos navios, o gás carbônico produzido vai se acumulando no porão, intoxicando o operador e demais trabalhadores. Por tal motivo são escalados dois operadores para cada trator, a fim de se revezarem a cada hora de trabalho. O monóxido de carbono acumulado nos porões dos navios provoca num primeiro momento um ardor nos olhos e a seguir uma sonolência que é provocada pela falta de oxigenação no sangue; com isso, vão diminuindo os reflexos, podendo levar ao desmaio, e se não receber socorro adequado poderá morrer. Para se evitar o acúmulo de gás carbônico nos porões de navios é exigido, antes de iniciar as operações dos trabalhos com tratores, a instalação de exaustores, tantos quantos sejam necessários, de acordo com a NR29 cujos itens estão abaixo transcritos: “29.3.5.5 - Todo trabalho em porões que utilize máquinas e equipamentos de combustão interna, deve contar com exaustores cujos dutos estejam em perfeito estado, em quantidade suficiente e instalados de forma a promovera\em a retirada dos gases expelidos por essas máquinas ou equipamentos, de modo a garantir um sistema propício à realização dos trabalhos em conformidade com a legislação vigente. 29.3.5.6 - Os maquinários utilizados devem conter dispositivos que controlem a emissão de poluentes gasosos, fagulhas, chamas e a produção de ruídos.” 27 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras DISCIPLINA III - Operação com pás-carregadeiras 1. Conceitos gerais 1.1 Principais tipos e modelos Os tipos de pás-carregadeiras conhecidos são dois: os articulados e os não-articulados. Atualmente os tratores articulados são os mais utilizados. São exemplos deste tipo: Michigan 30, 45 e 55; Caterpillar 924F, 924GZ e 938 Case W20. Nesse tipo, o trator faz curvas por meio da articulação da estrutura em um ponto central. Os tratores não-articulados são antigos e estão em desuso em alguns portos. Podemos citar como exemplo as máquinas tipo Case W7. Nesse tipo, o sistema de direção é semelhante ao de um automóvel, ou seja, ao giraro volante as rodas viram e permitem ao trator fazer curvas. A pá-carregadeira é também conhecida no porto como trator de pneus; assemelha-se a um automóvel, sendo mais rápida que o trator de esteiras e possui direção com volante comum. A pá-carregadeira também pode receber a instalação de acessórios como lâmina e escavadeira. Quando usar trator articulado, antes de dar a partida no motor, deve- se: • retirar a trava de bloqueamento da direção e colocá-la na posição destravada, a fim de se poder guiar a máquina; • somente dar partida no motor do posto do operador; nunca fazer ponte entre os terminais do motor de arranque e os bornes da bateria, pois pode desativar o sistema de arranque em neutro e danificar o sistema elétrico; • ajustar o assento de modo que consiga efetuar o curso completo do pedal com as costas do operador encostada no espaldar do assento; e • certificar-se de que a máquina esteja equipada de sistema de iluminação que se adapte às condições de trabalho. 28 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras 1.2 Partes componentes Tomando como exemplo a Cartepillar 924 Gz: Trem de força - é composto de motor diesel, turbo alimentado normalmente de 6 cilindros, de uma transmissão automática e dos eixos de tração das rodas. Esses componentes são cuidadosamente combinados para oferecer o máximo de força de tração das rodas para o solo e força total para o sistema hidráulico da carregadeira. Sistema hidráulico modular oferece operação de baixo esforço e maior controle: • bombas separadas para a direção e o implemento melhoram a reação da máquina; • o sistema é projetado para administrar o uso da potência do motor e reduzir o consumo de combustível; • funções simultâneas de elevação e inclinação melhoram a produtividade; • controle da caçamba através de uma única alavanca de baixo esforço; • tempos de ciclos (arriar, entrar no produto e caçambear e elevar) mais rápidos da carregadeira. Caçamba é um implemento utilizado para transportar cargas a granel. A seleção de caçambas de maior ou menor capacidade de peso, de acordo com o produto a ser movimentado, combinada com as caraterísticas de operação da máquina resulta num melhor desempenho de escavação, carregamento e transporte. O compartimento do operador da pá-carregadeira deve oferecer condições para uma operação confortável e que exija pouco esforço, que tenha boa visibilidade e facilidade de operação. Fazem parte do compartimento do operador: • controle hidráulico do implemento com assistência piloto; • apoio para o punho ajustado e acolchoado; • controle remoto da transmissão; • sistema de direção sensível à carga de centro fechado, com amplificiação do fluxo; • dois pedais suspensos para o freio com neutralizador da transmissão; • o console da direção e dos instrumentos principais pode ser posicionado dentro da faixa de inclinação desejada pelo operador. 29 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras 1.3 Instrumentos do painel e controles de operação Além do comando tradicional (alavanca de marchas e alavanca de frente e ré) esse equipamento possui ainda alavancas para comandar os acessórios dependendo da finalidade de uso. Normalmente essas duas alavancas ficam do lado direito da máquina e uma serve para elevar e arriar a caçamba e a outra para bascular (pegar e derramar o produto). A alavanca de seleção de marcha e a de frente e ré ficam do lado esquerdo do volante da máquina. Os instrumentos encontrados no painel são: Indicadores - serviço de purificador de ar; nível do líquido arrefecedor; medidor visual do nível do óleo hidráulico; medidor do nível do óleo da transmissão. Indicadores de advertência - alternador; temperatura do líquido arrefecedor; pressão do óleo do motor; freio de estacionamento; pressão do óleo de freio de serviço; temperatura do óleo da transmissão. Instrumentação - medidores de temperatura do líquido arrefecedor; de temperatura do óleo hidráulico; de temperatura do óleo do conversor de torque; e de nível de combustível. 1.4 Sistema de formação/desbaste de pilhas de granéis sólidos Para a formação de pilhas de granéis sólidos no centro do porão do navio basta retirar, com a pá-carregadeira, o produto das barreiras e 30 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras transportá-lo para o centro do porão. Com esse procedimento contínuo se formarão as pilhas. Na descarga de granéis, o operador deve evitar que a barreira fique muito alta, procurando fazer a retirada do produto de maneira que as barreiras não aumentem. Para realizar o desbaste de uma pilha o operador deverá, utilizando a caçamba, “cortar” a carga na altura que os braços da caçamba alcancem. Esse procedimento fará com que a barreira vá desmoronando aos poucos. A seguir, deverá caçambear esse produto e levá-lo para o centro do porão. Para melhor visibilidade do operador e estabilidade da máquina, trafegue com a caçamba carregada a aproximadamente 40 cm acima do nível do piso. Quando estiver trabalhando com materiais rígidos, pode-se adaptar os acessórios dentes ou bordas cortantes aparafusadas à caçamba, obtendo melhor rendimento. Certifique-se de que a caçamba usada seja o tipo adequado para o trabalho a ser realizado e para o produto a ser movimentado. Para movimentar cargas de grande peso específico, como minério de ferro, devem ser utilizadas caçambas de menor capacidade volumétrica de modo a não exceder os limites da máquina e reduzir a sua vida útil. 2. Conceitos operacionais da pá-carregadeira 2.1 Utilização da pá-carregadeira O trator de pneus sendo mais rápido e trabalhando em pisos mais firmes, desenvolve maior velocidade. Por tal razão, deve-se ter o cuidado para não atingir a carga com impactos violentos, que podem avariar a máquina. 31 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras O trator de pneus possui volante para a direção e alavanca de marchas como as dos demais veículos a motor, portanto a atenção do operador deve ser concentrada nos movimentos da caçamba. Operando na 2ª marcha, posicione a caçamba paralela ao solo, apenas roçando-o. Introduza a caçamba penetrando diretamente no produto. Assim que o movimento para frente diminuir engate a 1ª marcha, para a obtenção de força de ataque adicional. Para “assentar” o material empilhado, incline a caçamba para frente e para trás. Quando a caçamba estiver carregada, coloque a alavanca do controle de inclinação na posição para trás. A seguir, acione a alavanca de elevar e levante a caçamba o suficiente (40cm) para liberar o excesso de produto. Coloque o controle da transmissão em marcha à ré. Quando estiver se aproximando da área de despejo, coloque o controle de levantamento na posição levantar e a seguir despeje o produto na pilha. Quando houver encalhe das rodas dianteiras, o operador deverá arriar a caçamba ou lâmina até que as rodas se elevem, fazendo o produto correr para baixo dos pneus; a seguir elevar a caçamba e então dar marcha à ré. Essa manobra desencalha facilmente o trator, devendo esses movimentos serem feitos de forma lenta. Se houver encalhe das rodas traseiras, deve-se arriar a caçamba ou lâmina no piso, a seguir utilizar a alavanca como se fosse despejar o produto, fazendo com que a caçamba puxe o trator para frente. Essa manobra desencalhará o trator, devendo esses movimentos serem feitos de forma lenta. 2.2 Precauções e verificações antes do início da operação O piso sobre o qual vão operar é fator importante para os tratores. Embora projetados para grandes esforços, os tratores devem ser utilizados em pisos adequados, para que trabalhem com eficiência e bom rendimento. Em locais onde há uma quantidade de carga por todo o porão, correspondente a uma profundidade superior a ¼ do diâmetro da roda do trator, é obrigatória a utilização do trator de esteiras. Em uma superfície acidentada com muitos altos e baixos, também não se recomenda o uso do trator de pneus. Antes de iniciar qualquer operação com o trator, o operador deveter as mesmas atenções que tem com os tratores empurradores e os de esteira. 32 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras 2.3 Regras de segurança Um operador cuidadoso e eficiente, que trabalha com equipamento pesado, deve guiar-se por (simples e fundamentais) regras de segurança, tomar as precauções necessárias para garantir a segurança de terceiros, bem como a sua própria, e evitar hábitos de trabalho que poderão causar danos à máquina e acidentes do trabalho. O uso deste tipo de máquina está sujeito a certos riscos que não podem ser evitados com dispositivos mecânicos, mas somente mediante o uso correto do equipamento. Para prevenir acidentes, as seguintes regras de segurança devem ser sempre seguidas: • Não abandone a máquina com o motor em funcionamento. Antes de descer, coloque sempre a alavanca de vante e ré em neutro, pare o motor e use o freio de estacionamento. • Não deixe a máquina com a caçamba no alto. • Evite graxa nas mãos e no assoalho da máquina. • Não suba ou desça da máquina quanto esta estiver em movimento. • Não levante a caçamba por cima dos trabalhadores. • Mantenha o equilibrio da máquina, conservando a caçamba a 40cm do piso. • Não use a caçamba como freio. • Antes de subir na máquina e colocá-la em movimento, dê uma volta ao redor da mesma, para certificar-se de que não há ninguém na “área de perigo”. • Não trabalhe com a máquina sem instrumentos. Cada medidor no painel de instrumento serve como importante ponto de verificação das condições de operação da máquina. • Se houver necessidade de dar partida num recinto fechado, certifique-se que haja ventilação adequada. Na operação a bordo, obrigatoriamente use capacete, óculos e botas e outros E.P.I., conforme exigirem as condições de trabalho. 33 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras Evite usar roupas soltas ou jóias que possam ficar presas nos controles ou em outras partes da máquina. Suba e desça da máquina apenas onde esteja provida de degraus e/ ou corrimãos. Fique atento, suba e desça de frente os degraus da máquina. 2.4 Carregamento correto de caminhões e vagões Posicione o caminhão junto ao material a ser carregado formando num ângulo com a pilha do produto de tal maneira que reduza as viradas e os percursos da pá-carregadeira. A distância do percurso da pilha do produto até o caminhão deve ser suficiente para a caçamba atingir a altura de despejo, sem retardar o movimento da pá-carregadeira. Posicione a pá-carregadeira de modo a despejar a carga na parte central do caminhão. Se o comprimento do caminhão for o dobro da largura da caçamba, ou mais, despeje da parte dianteira para a traseira. Para realizar os movimentos de elevar, arriar, bascular e despejar a caçamba existe um conjunto de duas alavancas no lado direito do painel. Para elevar a caçamba, puxe a alavanca mais à direita; para arriar, empurre-a para a frente; para bascular a caçamba, puxe a alavanca de controle de inclinação (a da esquerda); e para despejar a caçamba, empurre-a para a frente. Sacuda a caçamba para liberar materiais que tenham se agregado a ela. Mova a alavanca de controle de inclinação rapidamente para a frente e para trás, permitindo que os braços de inclinação golpeem os limitadores. 34 Operação com pás-carregadeiras Operação com pás-carregadeiras Atenção: o golpeamento desnecessário e repetitivo dos limitadores pode provocar desgaste acelerado e altos custos de mautenção das articulações de controle da caçamba. Para afastar a pá-carregadeira do caminhão, puxe a alavanca de controle de inclinação. A seguir engate a marcha a ré, abaixe a caçamba e dê continuidade ao carregamento. No carregamento de vagões, no que diz respeito a utilização da pá- carregadeira, o procedimento é semelhante ao carregamento de caminhões. A diferença reside no posicionamento do vagão, que depende de um trator ou de uma locomotiva para conduzí-lo sobre os trilhos a um local mais adequado para receber a carga. 35 Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES. Manual do supervisor de segurança do trabalho. Rio de Janeiro, 1978. BRASIL. Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder executivo, Brasília, DF, 26 de fevereiro de 1993. BRASIL, Ministério do Trabalho / Fundação Jorge Duprat de Figueiredo. Operação nos Trabalhos de Estiva. São Paulo: FUNDACENTRO, 1991. BRASIL, Ministério do Trabalho. Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST). Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário - NR 29. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder executivo, Brasília, DF, 17 de dezembro de 1997. CATERPILLAR. Manual de Operação e Manutenção - Carregadeira de Rodas 924Gz. São Paulo, 1999. CATERPILLAR. Manual de Operação e Manutenção - Tratores de esteira D4E, D4E SA e D4E SR. São Paulo, 1994. HOUSE, David. Cargo Work. 6 ed. Londres: Kemp & Young, 1998. MICHIGAN. 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