Prévia do material em texto
Elementos de Cartografia NÚCLEO COMUM UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 2 S237e SANTOS, Clézio dos. Elementos de Cartografia / Clézio dos Santos. Atualizado por Erika Megumy Tsukada – Santos, 2023. 79 fls. Universidade Metropolitana de Santos, Licenciatura em Geografia, 2006. 1. Cartografia. 2. Ensino de Geografia. 3. Escala Cartográfica. CDD: 526.8 Créditos e Copyright Vanessa Laurentina Maia Crb8 71/97 Bibliotecária Unimes Este curso foi concebido e produzido pela UNIMES Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. A UNIMES Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriundo da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 3 SUMÁRIO Aula 01_A Relação entre a Geografia e a Cartografia ........................................................ 4 Aula 02_Conceito de Cartografia ............................................................................. 7 Aula 03_História da Cartografia ..............................................................................11 Aula 04_Cartografia no Brasil ..................................................................................16 Aula 05_Cartografia Sistemática .............................................................................20 Aula 06_Escala Cartográfica ...................................................................................26 Aula 07_Generalização e Simbolização Cartográfica..............................................31 Aula 08_Séries Cartográficas ..................................................................................36 Aula 09_Rede Geográfica .......................................................................................41 Aula 10_Projeção Cartográfica ................................................................................45 Aula 11_Bases Teóricas e Metodológicas da Cartografia .......................................52 Aula 12_Representação Gráfica .............................................................................57 Aula 13_Cartografia Temática .................................................................................62 Aula 14_Cartografia Escolar ....................................................................................67 Aula 15_Cartografia e as Novas Tecnologias .........................................................72 Aula 16_Cartografia Multimídia no Ensino da Geografia .........................................76 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 4 Aula 01_A Relação entre a Geografia e a Cartografia Palavras-chave: Cartografia; geografia; mapa. O representar sempre foi uma necessidade do homem. Raisz (1953) defende que a Cartografia é a mais antiga forma de expressão humana como uma atividade imprescindível pela necessidade de reconhecer e dominar o território. O homem representa graficamente seu esforço, o seu lugar. Para Harley (1991, p. 5): Os mapas sempre existiram, ou, pelo menos, o desejo de balizar o espaço sempre esteve presente na mente humana. A apreensão do meio ambiente e a elaboração de estruturas abstratas para representá-lo foram uma constante da vida em sociedade, desde os primórdios da humanidade até os nossos dias. A necessidade de balizar o espaço geográfico na mente humana levou o homem ao desenvolvimento da representação gráfica e cartográfica por meio do mapa. O mapa é importante na produção do conhecimento geográfico como representação da realidade. Ao longo do tempo, a importância do mapa ganha novas conotações e interpretações, impulsionadas pela constante necessidade da sociedade em representar axiomas, aflições, precisões, ideologias e interpretações do mundo. Portanto, a concepção da relação entre a Geografia e a Cartografia é essencial para entender como se desenvolveram esses ramos do conhecimento. Se as atividades de registro, inventário e representação gráfica dos lugares foram denominadas de Geografia, desde os tempos antigos, em determinado momento histórico, a Cartografia separa-se da Geografia, tornando uma disciplina específica. Harley (1991), abordou a história da Cartografia como uma linguagem visual presente em todas as civilizações e procurou evitar uma visão eurocêntrica. Desde os primeiros mapas, como o esquema interpretativo da placa de argila de GA-SUR, na Babilônia (3.800 a.C.), um dos mais antigos do mundo, o relevo já é representado, como podemos ver no esquema interpretativo, na forma de “escamas sobrepostas”. Mesmo em mapas com datas mais antigas como o de Çatal Höyük, na Turquia (6.000 a.C.), há a representação de um elemento do relevo: o vulcão Hasan Dag. Isso evidencia que a realidade relevo está presa ao pensamento humano, inserido na vida cotidiana. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 5 Durante a antiguidade, Cartografia e Geografia se confundiam: Se considerarmos a origem etimológica da palavra GEO (terra) GRAPHEIM (desenho, gravura), Geografia perdurou por séculos como representação da terra, representações estas resultantes do conhecimento que se foi adquirindo paulatinamente (Girardi, 1992). No período Greco Romano houve intensa produção de material gráfico- cartográfico. O “desenho” da Terra se tornou mais claro e preciso com o desenvolvimento de cálculos matemáticos. Durante a idade média, na Europa, toda a produção científica sobre o mundo e, especialmente, as representações gráficas do espaço declinam. A igreja é dominante, o clero assume todas as indagações humanas, por meio de interpretações bíblicas temos um contexto social, econômico e religioso distinto onde se sobressai o isolamento. É possível perceber nos chamados mapas “T em O”, com Jerusalém no meio, o Paraíso na parte superior (Oriente), além de marcar o mundo conhecido até o momento: Europa, Ásia e África divididas pelo Mediterrâneo, o Nilo e Tanais. Neste período, contudo, a Cartografia se desenvolve e, consequentemente, a representação gráfica em outros lugares, principalmente com povos que desempenhavam intensa atividade econômica, como os Árabes. A partir do século XVI o comércio se intensifica entre a Europa e o Oriente, e as peregrinações aos lugares santos são decisivas para a retomada das representações gráficas do território. Segundo Ferreira & Simões (1990) “A concepção Geográfica do mundo aumenta mais rapidamente no primeiro quartel no século XVI do que em qualquer outra época”. Entretanto, podemos notar que a representação gráfica do relevo não se altera muito. Ainda temos o “Grafismo” tomando conta, o “desenho” da costa se aperfeiçoa, porém, o conteúdo e o volume não. O período que marca a desarticulação do feudalismo, a transição para o capitalismo e a formação de impérios coloniais, trazem profundas mudanças na economia e na organização política que refletiam também nas transformações no plano científico e filosófico (Girardi, 1992). No início do século XIX, com as especializações dentro dos ramos científicos, a Geografia passa a assumir sua posição enquanto ciência. “Era necessário haver possibilidade. Popularizou as cartas e os Atlas” (Moraes, 1985). UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 6 Com a necessidade cada vez maior das espacializações florescem as ciências especializadas, produzindo obras únicas, os primeiros censos, necessidade de reconhecimento e domínio dos%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. Exemplo: o retângulo maior representa alguma folha do CIM que está dividida em 16 retângulos pequenos, ou seja, 16 folhas de 1: 250.000. E estas são divididas em 6 quadrados, portanto, 6 folhas de 1:100.000. Cada folha é novamente dividida em 4 outros quadrados, isto é, 4 folhas de 1:50.000. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 40 REFERÊNCIA IBGE. Noções Básicas de Cartografia. Rio de Janeiro. 1999. Disponível em:https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20- %20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 41 Aula 09_Rede Geográfica Palavras-chave: Latitude; longitude; rede geográfica. A rede geográfica é idealizada como o conjunto composto por paralelos e meridianos, isto é, pelas linhas de referência que cobrem o globo terrestre a fim de ter uma localização precisa de qualquer ponto sobre a superfície e orientar a construção de mapas. Paralelos e Meridianos O conjunto de linhas dispostas no sentido Norte-Sul (vertical) recebem o nome de meridianos e o conjunto das linhas dispostas no sentido Leste-Oeste (horizontal) recebem o nome de paralelos. Meridianos Trata-se de semicircunferências de círculos máximos. Suas extremidades são os polos geográficos do planeta. O plano de cada meridiano contém o eixo da Terra e todos eles possuem como produto os polos. A Terra é dividida por dois hemisférios: um a leste e outro a oeste, porém uma convenção internacional adotou o que passa por Greenwich, em Londres, como o meridiano base para determinar os hemisférios e ainda para apurar a longitude. Meridiano superior: trata-se da linha norte-sul da rede geográfica, passando pelo local no qual se faz qualquer referência; é o que possui o zênite de um lugar. É, na realidade, a linha que chamamos de meridiano. Meridiano inferior: é o meridiano que se localiza diametralmente oposto ao meridiano superior e é o que possui o nadir. Atualmente, prefere-se chamá-lo antimeridiano. Sempre está no hemisfério inverso ao do meridiano superior. Meridiano origem: é o meridiano adotado como base para determinar os hemisférios oriental e ocidental da Terra. A partir dele temos 180 graus para leste e 180 graus para oeste. O seu antimeridiano (180 graus) é usado como base para o traçado da Linha Internacional da Mudança de Data. Zênite: ponto que está na esfera celeste na posição vertical da nossa cabeça. Nadir: ponto da esfera terrestre que está abaixo do observador e oposto ao zênite. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 42 Paralelos São circunferências que possuem seus planos, em toda sua extensão, a igual equidistância do plano do equador, sempre perpendiculares ao eixo da Terra. Há paralelos que recebem nomes específicos, sendo determinados a partir de ocasiões estratégicas como o movimento de rotação da Terra (determina a posição do eixo) e o movimento de translação (que delimita o plano da eclíptica). A Linha do Equador é o paralelo perpendicular ao eixo da Terra e fica equidistante dos polos geográficos, repartindo o globo terrestre em dois hemisférios, sul e norte. Existem outros paralelos que estão em posições geograficamente estratégicas igualmente com nomes particulares. São eles: Trópico de Câncer, Trópico de Capricórnio, Círculo Polar Ártico e Círculo Polar Antártico. O critério para determinar a posição desses paralelos possui relação com o movimento de rotação da Terra, com a inclinação do eixo do planeta e também com o movimento de translação, que determina o plano de eclíptica. O movimento de rotação causa o aparecimento do eixo cujos extremos são os polos geográficos. Por sua vez, a inclinação do eixo relacionada ao plano da eclíptica permanece conectada a um dos movimentos da Terra que faz variar esta inclinação em 40 mil anos, originando a posição dos paralelos específicos. Podemos notar que o eixo da Terra (diâmetro em torno do qual nosso planeta gira cujas extremidades são os polos norte e sul) é perpendicular ao plano do equador e que o eixo da eclíptica é também perpendicular ao plano da eclíptica. Os dois eixos constituem um ângulo de 23 graus e 27 minutos entre si, o mesmo sucedendo com os planos do equador e da eclíptica. O plano da eclíptica é aquele que possui o círculo da esfera celeste demarcado pela eclíptica (círculo máximo da esfera celeste que corresponde à órbita da Terra ao redor do Sol), sendo que o ponto em que ele toca a superfície terrestre origina a posição dos trópicos de Câncer e de Capricórnio. O ponto em que o eixo da eclíptica toca a superfície terrestre origina a posição dos círculos polares Ártico e Antártico. Coordenadas Geográficas A partir da rede geográfica, conseguimos determinar as coordenadas, isto é, a latitude e a longitude de qualquer ponto estabelecido na superfície terrestre. Para determinar a latitude, é preciso considerar os paralelos e para determinar a longitude, consideram-se os meridianos. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 43 Latitude É o valor angular do arco de meridiano abrangido entre o equador e o paralelo do lugar de referência. Será sempre Sul (S) ou norte (N). Figura 8 - Latitude. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos- gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. Longitude É o valor angular, acoplado ao eixo da Terra, do plano constituído pelo prolongamento das extremidades do arco de paralelo abrangido entre o meridiano de Greenwich e o meridiano do lugar de referência, considerando-se este plano sempre o paralelo ao plano do equador. A longitude será sempre oeste (W) ou leste (E). https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 44 Figura 9 - Longitude. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos- gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. As coordenadas geográficas de determinado ponto sobre a superfície terrestre correspondem ao conjunto de latitude e longitude. Latitude e Longitude formam o que se chama de Coordenadas Geográficas e indicam precisamente a posição de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre. REFERÊNCIA IBGE. Atlas escolar. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos- gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.htmlUNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 45 Aula 10_Projeção Cartográfica Palavras-chave: Projeção equivalente; projeção equivalente; projeção conforme. A história dos mapas reflete a preocupação que a sociedade sempre apresentou em representar a superfície terrestre, usando técnicas de acordo com o estágio de seus conhecimentos. Com o tempo, estabeleceu-se a necessidade de obter resultados cartográficos com o mais rigor científico, apresentando duas formas principais de representar a superfície terrestre: mapas e globos. Os globos geográficos são o modo mais fiel de representar a Terra, ainda que se saiba que o planeta não é uma esfera perfeita. Todavia, a diferença entre os eixos polar e equatorial é tão pequena que seria praticamente impraticável representá-la em escala tão reduzida nos globos de mesa. Desta forma, tais globos são os exemplos mais parecidos com a superfície da Terra. Contudo, os globos têm determinadas vantagens e desvantagens que fazem com que a cartografia dê preferência para o uso de mapas, os quais, por sua vez, também não são perfeitos. Os mapas, ao reproduzirem numa superfície plana (o papel) o que na realidade é curvo (a superfície terrestre), sempre exibem distorções. Por isso, é preciso estudar as projeções cartográficas para que se possa compreender sua relação com os mapas e o importante papel que elas representam na Cartografia. A projeção cartográfica procura retratar a superfície terrestre, ou parte dela sobre uma superfície plana. Toda projeção é uma forma de representação de coordenadas sobre um plano (Menezes & Fernandes, 2013). Figura 10 - Projeção cartográfica. MENEZES, P. M. L.; FERNANDES, M. C. Roteiro de cartografia. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 46 As projeções visam cobrir partes da esfera terrestre que em outra posição não se cobriria, assim cada projeção pode conservar a esfera ou a superfície terrestre que foi projetada (Padovesi & Oliva, 2013). Assim, às projeções são denominadas de equivalente, equidistante, conforme e afiláticas. Projeção Equivalente A projeção equivalente que, na nomenclatura inglesa, é chamada "de área igual" tem como característica a não deformação de áreas, preservando, assim, quanto à área, uma relação constante com as suas correspondentes na superfície da Terra. O termo em português denota que, seja qual for à porção concebida num mapa, ela mantém a mesma relação com a área de todo o mapa. As quadrículas de um mapa, constituídas por paralelos e meridianos, só podem guardar entre si a relação de tamanho se transformar a forma das quadrículas. Se estas quadrículas são, na esfera terrestre, compostas de paralelos e meridianos que se cruzam em ângulos retos, a deformação é logo percebida pela modificação dos ângulos. Ainda aqui se pode afirmar que nem sempre uma quadrícula em ângulos retos deixa de ser alterada. Figura 11 - Projeção Equivalente. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 47 Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. A figura explana o mapa-mundi ilustrado sobre a projeção de Aitoff. É uma projeção equivalente confinada numa elipse, na qual a linha que representa o equador (o eixo maior) é o dobro da linha que supre o meridiano central (o eixo menor). Pode-se observar claramente que qualquer quadrícula deste mapa, embora altere de forma, guarda, por latitude, a mesma área. Projeções Conformes Ao contrário da projeção anterior, a conforme é aquela que não deforma os ângulos e, por isso, não deforma, também, a forma de áreas pequenas. Outra característica desse tipo de projeção é a escala que em qualquer ponto é a mesma. Ela continuará a ser a mesma se duas direções no terreno, em ângulos retos entre si, forem desenhadas em duas direções que, também, fiquem em ângulos retos e ao longo das quais a escala for a mesma. A imagem exibe o mapa traçado por Mercator na projeção conforme. Ao analisar o mapa percebe-se que as quadrículas não possuem proporção em relação às áreas, entretanto a conformidade está garantida porque essas quadrículas são representadas por ângulos retos. As formas permanecem próximas da realidade, enquanto os tamanhos estão distorcidos. Figura 12 - Projeção Conforme. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 48 Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es- cartogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. Projeções Equidistantes A projeção equidistante não expõe deformações lineares, sendo que os comprimentos ficam em escala uniforme. Porém, a condição de equidistância é obtida apenas em certa direção e, de acordo com essa direção, a projeção equidistante é classificada, em meridiana, transversal e azimutal ou ortodrômica. Figura 13 - Projeção Equidistante. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es- cartogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. Projeções Afiláticas A projeção afilática, também conhecida como arbitrária nos Estados Unidos, não têm qualquer das demais propriedades das outras projeções, isto é, as projeções em que áreas, ângulos e comprimentos não são conservados. Mas este modelo de projeção pode ter uma ou outra propriedade que explique a sua construção. Por exemplo, a gnômica, ainda que apresente todas as deformações, têm a propriedade de representar as ortodrômicas retas. https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 49 Figura 14 - Projeção Afilática. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es- cartogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. Sistema UTM Na verdade, a conhecida UTM não é uma projeção, e sim um sistema da projeção transversa de Mercator (conforme de Gauss). Apareceu em 1947 para definir as coordenadas retangulares nas cartas militares, em grande escala, de todo o planeta. Constitui o sistema que a Terra seja repartida em 60 fusos de seis graus de longitude, os quais têm princípio no antimeridiano de Greenwich (180º), e que seguem de oeste para leste até o encerramento neste mesmo ponto de origem. Quanto à expansão em latitude, os fusos se originam no paralelo de 80ºS até o paralelo 84ºN. Os fusos decorrem da precisão de se diminuírem as deformações. Além dos paralelos extremos (80ºS e 84ºN), a projeção escolhida, mundialmente, é a estereográfica polar universal. Quando fixamos nossa atenção em qualquer uma dessas 1.200 quadrículas, verificamos que os 6 graus de longitude apresentam as características: “dois meridianos laterais são múltiplos de seis, assim como o https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 50 meridiano central é de seis mais três”. A figura aponta duas quadrículas fixadas na região Sudeste: a primeira, com o meridiano central de 51º e os dois meridianos laterais de, simultaneamente, 54º e 48º; a segunda, com o meridiano central de 45º e osdois laterais de, concomitantemente, 48º e 42º. Para os limites em latitude, temos, para as quadrículas, os paralelos de 28º e 20º. Para designar o sistema, utilizou-se uma superfície de projeção 60 cilindros transversos e secantes à superfície de referência (elipsoide), cada uma com amplitude de 6º em longitude. O uso é limitado entre os paralelos 80º S e 84º N. Os cilindros são distribuídos na superfície de referência de modo a incluir fusos de 6º de amplitude, envolvidos entre as longitudes múltiplas de 6º + 3º (..., 57º, 51º, 45º ...). A propósito do meridiano central (M.C.), há uma deformação dos cilindros com a superfície de referência - as linhas de secância - o coeficiente de deformação linear é unitário. Não têm deformações lineares nestas regiões. Cada um dos fusos, chamados de fusos UTM, se origina na intersecção do seu meridiano central com a linha do Equador. As coordenadas UTM destes pontos são x=E (Este)=500.000,00 m e y=N (Norte)=10.000.000,00m, no Hemisfério Sul, e y=N=0,0m, no Hemisfério Norte. As coordenadas UTM são conseguidas a partir de coordenadas geográficas, latitude e longitude de pontos de interesse, usando fórmulas complexas. O coeficiente de deformação linear (k), que varia de 0,9996 sobre o M.C. a 1,001 nos extremos do fuso, incidindo pelo valor unitário sobre as linhas de secância é igualmente alcançado a partir de fórmulas, sendo função das coordenadas E e N dos pontos em questão. O sistema UTM é conforme as distâncias e áreas que proporcionam deformações. A deformação de área é papel da posição ocupada pelos pontos dentro de um fuso UTM. Esta variável é conhecida como coeficiente de deformação linear e é representada pela letra grega kapa (k). A orientação das figuras ainda pode ser considerada pseudo deformação, a não ser no meridiano central de cada fuso, em que o Norte da quadrícula UTM (NQ) coincide com o Norte Verdadeiro (NV). Em todas as outras regiões dos fusos, esses dois eixos constituem entre si um ângulo denominado Convergência Meridiana, representado pela letra grega gama (y). UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 51 REFERÊNCIAS IBGE. Atlas escolar. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos- gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. MENEZES, Paulo Márcio Leal de. FERNANDES, Manoel do Couto. Roteiro de Cartografia. São Paulo: Oficina de textos, 2013. PADOVESI, Fernanda Fonseca; OLIVA, Jaime. Cartografia. São Paulo: Melhoramentos, 2013. https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-geogra-ficas.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 52 Aula 11_Bases Teóricas e Metodológicas da Cartografia Palavras-chave: Cartografia; geografia; relevo. A relação entre a Cartografia e a Geografia não é algo recente, pelo contrário, é uma relação antiga e já foram consideradas quase como sinônimas. Hoje guardam grandes diferenças, mas também não escondem suas semelhanças como pudemos comprovar na Unidade anterior. A utilização da imagem e toda a sua potencialidade sempre foram admitidas. A imagem antecedeu a escrita no sistema de comunicação e intercâmbio entre os seres humanos. A linguagem gráfica é conduzida aos olhos e a linguagem falada se dirige aos ouvidos e ambos são meios de obter, debater e difundir a informação. Sempre lidamos com os fatos reais e com a informação. Pretende-se discutir a Cartografia no contexto escolar brasileiro e especificamente sua presença como uma metodologia de ensino - aprendizagem de noções espaciais dentro da disciplina escolar denominada de Geografia. Para tanto, lidamos inicialmente a Cartografia e a Geografia como ciências autônomas com desenvolvimentos diferenciados, mas muito próximas e interligadas no ensino formal - principalmente no denominado Ensino Fundamental. Entendemos a Cartografia pertencente ao mundo das representações gráficas e para nossa pesquisa escolhemos a representação gráfica do relevo. Primeiramente, devemos perceber o relevo como realidade e depois por sua representação gráfica. Casseti (1994) busca chamar atenção para o sentido do relevo, principalmente como suporte das derivações ambientais observadas durante o processo de apropriação e transformação realizado pela sociedade. Para compreender melhor, é imprescindível partir do princípio de que o relevo é resultado do antagonismo das forças endógenas (forças tecto genéticas) e exógenas (mecanismo morfodinâmico), registrado ao longo do tempo geológico e responsável pelo equilíbrio ecológico. É, assim, por meio do jogo dos dois elementos anteriores que se estruturam o solo e sua cobertura vegetal, os quais, unidos às riquezas minerais, formam a maior parte dos recursos responsáveis pela materialização da produção. Apenas o recurso não poderia se materializar em produção sem a presença do ser social na paisagem geográfica, assim como não poderia inventar o próprio espaço. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 53 Ainda Casseti (op.cit.) evidencia o relevo como componente do estrato geográfico que reflete o jogo das interações naturais e sociais. Demonstra-se a importância da ciência geográfica nos estudos ecológicos e ambientais, uma vez que dispõe dos métodos necessários e informações científicas sobre o meio natural e seus recursos, bem como o seu aproveitamento econômico pelo homem. Dessa maneira, o relevo, como configuração sensível à superfície terrestre, é um componente básico da realidade social concreta, da natureza e da sociedade. Exprime a concretude do estrato geográfico e está presente na construção e reconstrução do espaço geográfico. A sociedade sempre representou graficamente formas diferenciadas do relevo. Esses desenhos incidiram em diversas mudanças ligadas a uma durável procura de sua captação, associada a uma crescente disponibilidade de técnicas. Hoje em dia, o relevo surge representado de várias formas nos livros didáticos do Ensino Básico: mapas, blocos-diagrama, fotografias, imagens de satélite, perfis, dentre outros. Segundo Bertin (1988), os mapas precisam ser construídos para que sejam vistos e não para que se leia. Assim, devemos caminhar sempre para a constituição de uma Cartografia destinada à visão e não a leitura, principalmente na escola. O mundo contemporâneo passa por mudanças imensamente numerosas que implicam em diversos aspectos, uns visíveis, outros invisíveis aos olhares da sociedade e, nesta, aos olhos das Ciências. Na Geografia, e especialmente na Cartografia, estas modificações têm indicado desafios no plano metodológico. A Geografia precisa atender a realidade atual. Segundo Santos (1997): Nunca o espaço do homem foi tão importante para o destino da História. Se, como diz Sartre, ‘compreender é mudar’, fazer um passo adiante é ‘ir além de mim mesmo’, uma geografia refundada, inspirada nas realidades do presente, o de ser um instrumento eficaz, teórico e prático para a refundação do Planeta. A Geografia e a Cartografia, atualmente, permanecem envolvidas com a realidade presente na sociedade, não podemos desconhecer, temos de conhecer mais. Para George (1994): UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 54 A sabedoria não consiste em fazer um balanço do presente em relação ao passado mais recente e intitulá-lo ‘o novo mapa do mundo’, sabendo-se bem que desde já é preciso preparar o próximo. A geografia e a cartografia são responsáveis pelo empreendimento humano de seu tempo. A geografia possui como trabalho descrever, analisar e predizer eventos terrestres. A descrição,análise ou predição geográfica dos fenômenos é sucessivamente concretizada tendo em vista suas coordenadas espaciais. Como o conceito geográfico de espaço coincide com o de toda a Terra, tornou-se necessário que o geógrafo recorresse à representação da superfície terrestre para concretizar seus estudos (Oliveira, 1978). Acerca da definição exposta por Oliveira (op.cit.) sobre a Geografia, precisamos adicionar e progredir, trazendo para junto da Geografia e da Cartografia a realidade e a cotidianidade do mundo em nossas elucubrações. Segundo Souza (1994:35) “Não há dúvidas que temos futuro. Precisamos ter coragem para viver e entender o mundo. Mais que nunca a geografia é uma disciplina e uma prática coletiva”. Vinculamos a cartografia ainda como conhecimento e prática social. Concordamos com Martinelli (1990), quando afirma que os mapas sempre foram associados à Geografia. Pode-se falar que de todas as ciências ligadas à Cartografia, a Geografia é uma das mais importantes, à medida que os fatos e fenômenos se originam de diversos ramos da Geografia, quer física, humana, econômica etc (Oliveira, 1978). Seria irrealizável a constituição de um mapa econômico sem o conhecimento da Geografia Econômica ou a elaboração de um mapa da distribuição da fauna brasileira, sem o influxo da zoogeografia. Os dados alcançados que a Cartografia usa para a reprodução da realidade, seja por levantamentos tradicionais ou por técnicas de sensoriamento remoto, são preparados sistematicamente para revelar, com fidelidade, fatos e fenômenos tais como são no momento da coleta de dados. Lacoste (1980), ressalta que a Geografia é um amplo conjunto de saberes que existe há muito tempo e que se conduz, sobretudo, aos que possuem domínio sobre o espaço e as pessoas que aí se encontram – esta Geografia abrange fundamentalmente o estabelecimento de cartas. Essencialmente, e não apenas etimologicamente, a Geografia é, em parte, representação por cartas do inventário das diferenças de todo tipo, tanto físicas quanto humanas, que se pode recensear na superfície terrestre no seu conjunto ou sobre espaços de pequena extensão e, de UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 55 outra, a partir de muitas informações cartografadas formadas de estratégias e interações entre diversos elementos da variedade dos fenômenos físicos e humanos. Este trabalho essencial da Geografia, que é o estabelecimento das cartas, será dissociado dela sob o nome de Cartografia, no século XIX. É neste período, em Estados cada vez mais numerosos e por causas econômicas e militares, que se desenvolveu muito a produção de cartas em ampla escala, estabelecendo um grande número de especialistas. Ainda é nesta época que os pesquisadores das diferentes ciências naturais e sociais deram início ao estabelecimento de cartas especializadas, como as geológicas, botânicas etc. Poderíamos descrever que o desenvolvimento da Cartografia, desde momentos remotos até a atualidade, seguiu o próprio avanço da civilização. Podemos observar que a Cartografia tem se preocupado com a superfície da Terra. O espaço terrestre é seu campo de ação tanto quanto a Geografia. Embora o conceito de espaço para a Geografia seja mais amplo, há uma base ou mesmo uma concepção física a considerar. Também devemos alertar que não se pode pensar, mesmo em termos dessa base física, que a Geografia plena, com a apresentação da carta ou do mapa. Podemos falar que em relação à Geografia não basta tecer relações socioespaciais se ela não conseguir revelar nenhuma informação. É nesse sentido que temos a maior contribuição da Cartografia fundamentada na teoria da representação gráfica. O trabalho com cartografia e representação gráfica ainda está muito distante das escolas brasileiras. Grande parte das habilidades de leitura, escrita e visualização através de meios gráficos é desconhecida por professores e, consequentemente, por alunos. Necessitamos de alterar essa condição de “analfabetos” em relação ao mundo das representações gráficas e especialmente da Cartografia. Essa constatação reafirma a necessidade de pesquisa e reforça o ramo da Cartografia escolar dentro da Cartografia. REFERÊNCIAS BERTIN. J. Ver ou Ler: Um novo olhar sobre a cartografia. Seleção de textos - Cartografia Temática (18). São Paulo, 1988. CASSETI, Valter. O relevo no contexto ideológico da natureza: uma nota. In: Boletim Goiano de Geografia, Departamento de Geografia – Instituto de Química UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 56 e Geociências. Universidade Federal de Goiás – vol. 14, nº 1 – Goiás: Editora UFG, 1994. GEORGE. P. A. A geografia no encalço da história. In: SOUZA, M. A. A. et.ali (org.). Natureza e sociedade de hoje: uma leitura geográfica. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1994. LACOSTE, Yves. A geografia - isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra. 9. ed. Campinas: Papirus, 1980. OLIVEIRA, L. Estudo Metodológico e Cognitivo do Mapa. Tese de livre docência, Série teses e monografias (32), IGEOG/USP. São Paulo, 1978. SANTOS, Milton de Almeida. Técnicas, Espaço, tempo, globalização e meio técnico científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1997. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 57 Aula 12_Representação Gráfica Palavras-chave: Variável visual; percepção; cores. Segundo Martinelli (1991), as representações gráficas fazem parte do sistema de sinais que o homem construiu para se comunicar com os outros, compondo, portanto, uma linguagem gráfica, bidimensional, atemporal, destinada à vista. Estas representações têm supremacia sobre as demais, pois demandam apenas um instante de percepção, a qual se expressa mediante a construção da IMAGEM - forma de conjunto captada em um instante mínimo de percepção, porém distinta daquela figurativa, como a fotografia, de características polissêmicas. Integra, ao contrário, o sistema semiológico monossêmico. A semiologia gráfica foi considerada como a gramática da cartografia temática, sistematizada por Jacques Bertin nos anos de 1960, e fundamenta-se na ciência denominada semiótica. Cria-se a imagem visual modulando as duas dimensões do plano (X, Y). As duas dimensões da folha de papel que se tem disponível para desenhar, variando visualmente manchas em terceira dimensão visual (Z) que atraem a atenção do leitor, cada uma delas inscrita em dada posição no referido plano. Portanto X, Y e Z são os três componentes da imagem. Sendo (X, Y) as duas dimensões do plano da folha de papel, definem a posição (Xi, Yi) da mancha elementar no papel e (Z) é a variação visível da mancha inscrita na posição (Xi, Yi). • A significação do signo sucede à observação. A leitura se dá entre o significante e o significado. É o domínio dos códigos. Exemplo: os sinais de trânsito; • A definição do signo precede sua transcrição. A leitura se dá entre significados e não possibilita ambiguidades. Exemplo: a equação matemática; • A mancha visível que se inscreve no plano e que chama a atenção de quem observa pode assumir três significados distintos em relação ao plano: ponto, linha e superfície. Uma mancha visível de determinado significado pontual, por exemplo, além de possuir uma dada posição em relação às dimensões do plano (como por exemplo, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 58 um pequeno retângulo colocado à direita e embaixo, sobre uma folha de papel branco) pode assumir modulações visuais (Z). De acordo com Martinelli (1991), as variáveis assumidas são denominadas variáveis visuais, que são: tamanho, valor, granulação, cor, orientação e forma: Tamanho: nesta variável visual vale-se do estímulo sensível resultante da variação da superfície, pois como se pode observaro retângulo pode ser pequeno, médio e grande, sendo que o grande é o quádruplo do médio e este o quádruplo do pequeno. Figura 15 - Variável visual Tamanho Fonte: MARTINELLI, M. 1991. Valor: é o valor sensível à intensidade que vai do claro para o escuro. Figura 16 - Variável visual Valor Fonte: MARTINELLI, M. 1991. Granulação: nesta variável visual o retângulo pode comportar texturas variando da mais fina a mais grosseira sem, entretanto, alterar sua intensidade visual. Figura 17 - Variável visual Granulação Fonte: MARTINELLI, M. 1991. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 59 Cor: nesta variável o retângulo pode assumir várias cores: vermelho, verde, azul etc (Figura 3.4). Figura 18 - Variável visual Cor Fonte: MARTINELLI, M. 1991. Orientação: o retângulo, nesta variável, pode dispor-se horizontalmente, verticalmente ou obliquamente. Figura 19 - Variável visual Orientação Fonte: MARTINELLI, M. 1991. Forma: o retângulo pode modular sua forma, ou seja, passar para um círculo ou para um triângulo estrelado. Ao que a forma se assemelha, constitui, portanto, o estímulo desta variável. Figura 20 - Variável visual Forma Fonte: MARTINELLI, M. 1991. Segundo Martinelli (1991), estas seis variáveis visuais apresentadas mais as duas dimensões do plano, num total de oito, têm propriedades perceptivas que toda transcrição gráfica deve levar em consideração para traduzir de maneira adequada as três relações fundamentais existentes entre objetos, que são: relações de similaridade/diversidade (≠), de ordem (O) e de proporcionalidade (Q): UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 60 • Percepção Dissociativa (≠): a visibilidade é variável: afastando da vista tamanhos diferentes, eles somem sucessivamente; • Percepção Associativa (≡): a visibilidade é constante: as categorias se confundem, mas, neste caso, quando se afastam da vista não somem; • Percepção Seletiva (≠): o olho é capaz de isolar os elementos; • Percepção Ordenada (O): as categorias se ordenam de maneira espontânea; • Percepção Quantitativa (Q): a relação de proporção é imediata. Portanto, é possível se observar, a partir do que foi apresentado, que as duas dimensões do plano, do tamanho e do valor são ditos Variáveis da Imagem, pois constroem a imagem; porém, em contrapartida, a granulação, a cor, a orientação e a forma são ditas Variáveis de Separação, pois separam apenas os elementos da imagem. Ainda, para Martinelli (1991), a cor é uma realidade sensorial sempre presente e, com certeza, tem grande poder na comunicação visual, além de atuar sobre a emotividade humana. No conjunto do espectro eletromagnético, as radiações visíveis, isto é, aquelas que apresentam sensibilidade ao olho humano, têm comprimentos de onda que vão desde 380 a 760 nanômetros. Cada faixa dessas radiações corresponde a uma luz de determinada cor, assim categorizadas: Cores e suas respectivas faixas no espectro eletromagnético Violeta 380 – 450 nm Azul 450 – 500 nm Verde 500 – 570 nm Amarelo 570 – 590 nm Laranja 590 – 610 nm Vermelho 610 – 760 nm Fonte: Martinelli (1991) Para se explicar a visão da cor, pode-se destacar a de Young-Helmholtz, na qual o olho humano obteria a sensação da cor mediante a excitação de três tipos de cones retinianos sensíveis às três principais regiões da porção visível do espectro UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 61 de radiações eletromagnéticas: as regiões do azul-violeta, do verde e do vermelho. Já quando ocorre a excitação de apenas um cone formam-se, de forma alternada, as cores fundamentais: azul-violeta, verde e vermelho-alaranjado e, quando ocorre a excitação simultânea de dois cones, formam-se, de forma alternada, as cores primárias: ciano (cyan), amarelo (yellow) e vermelho (magenta). Na percepção das cores, devem-se levar em consideração três fatores que intervêm de forma conjugada, que são chamados, também, de as três dimensões das cores: matiz, saturação e valor. O Matiz é uma nuança cromática na sequência espectral, a qual está associada, portanto, a uma radiação espectral pura. É a cor pura, ou seja, corresponde a um único comprimento de onda bem definido na faixa do visível. A Saturação é a variação que assume um mesmo matiz, indo desde o neutro absoluto (cinza) até a cor pura espectral. O Valor é a quantidade de energia refletida, ou seja, uma série de valores pode ser comparada a uma sequência de cinzas, indo desde o preto até o branco, organizados em equidistâncias perceptivas. REFERÊNCIA MARTINELLI, Marcelo. Curso de Cartografia Temática. 1 ed. São Paulo: Editora Contexto, 1991. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 62 Aula 13_Cartografia Temática Palavras-chave: Cartografia temática; representação; comunicação. Veremos que no campo da Cartografia Temática a Cartografia coloca à disposição das ciências que a requisitam uma série de modos de representação para mostrar aspectos qualitativos, ordenados e quantitativos de seus objetos de estudo com dimensão espacial. Acompanhe! Pode-se empreender uma apreciação do ponto de vista estático ou dinâmico, sendo que a manifestação dos fenômenos pode se dar de forma pontual, linear ou zonal (Martinelli, 1991). Conforme Martinelli (1991) sugere agrupar os métodos de representação da Cartografia Temática como: representações qualitativas, representações ordenadas, representações quantitativas e representações dinâmicas. As Representações Qualitativas são empregadas para expressar a existência, a localização e a extensão das ocorrências dos fenômenos ou de suas categorias que se diferenciam pela sua natureza ou tipo, podendo ser classificadas por determinados critérios. Abordam a ocorrência sem considerar a intensidade da manifestação, no entanto podem ser colocadas, se for de interesse, em uma ordem lógica. Por exemplo, o mapa de uso do solo em que a variável visual "cor" poderia ser empregada. Transcrever muitos caracteres num mapa poderá torná-lo exaustivo. Existem duas soluções para este problema: a) para responder a questão "tal caráter, onde está?" É preciso fazer um mapa por caráter. Sugere-se então a coleção de mapas para o caso onde é necessário definir os grupos; b) quando o mapa serve para indicação especial, a questão pertinente é "o que existe em tal lugar?" É preciso então sobrepor os caracteres num mapa e utilizar as variáveis visuais de separação. Para responder a todas as questões, é preciso construir a e b. As Representações Ordenadas (O) são indicadas quando as categorias dos fenômenos se inscrevem numa sequência única e universalmente admitida. A relação entre objetos é de ordem. Uma variável visual adequada para o caso é o "valor". UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 63 As Representações Quantitativas (Q) são empregadas para evidenciar a relação de proporcionalidade entre objetos. Esta relação deve ser transcrita por relações visuais de mesma natureza. A única variação visual que transcreve corretamente esta noção é a de "tamanho". Por exemplo, em uma implantação pontual, círculos de tamanhos proporcionais às quantidades de habitantes de uma região. Em uma implantação zonal ou de área, sugere-se conforme Martinelli (1991) um dos seguintes métodos: 1 - "Método dos pontos de contagem" - expresso por uma variação do número de pontos iguais distribuídos regularmente ou não pela área de ocorrência; 2 - "Método da distribuição regular de pontos de tamanho crescentes" - expresso por uma variação de tamanho de pontos regularmente distribuídos pela unidade observacional; 3 - "Método das figuras geométricas proporcionais"- onde ocorre a variação de tamanho de um único símbolo centrado na área de ocorrência; 4 -"Método isarítmico" - onde ocorrem curvas de igual valor (isolinhas) com valor visual preenchendo o espaço intercalar; 5 -"Método coroplético" - apresenta uma série de valores visuais preestabelecidos (Q/A, onde A= Área). Nas Representações Dinâmicas, a prática mais comum para se construir a noção de dinamismo é a de confrontarmos várias edições de um mesmo tipo de mapa, numa sequência temporal. O tempo e o espaço são dois aspectos impossíveis de serem dissociados e fundamentais da existência humana. As representações dinâmicas devem traduzir a dinâmica social que produz o espaço geográfico ao longo do tempo. Esse dinamismo dos fenômenos pode ser transcrito pelas variações quantitativas ou pelas transformações dos estados de um fenômeno, que se sucedem no tempo para um mesmo lugar; no espaço, o fenômeno se manifesta através de um movimento, deslocando certa quantidade de elementos através de certo percurso dotado de certo sentido e direção, empregando para isso um determinado tempo (Martinelli, 1991). UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 64 Os mapas temáticos gerais são entendidos como veículos de comunicação, que é particularmente denominada de comunicação cartográfica por Salichtchev, 1973. Fazer um mapa significa desempenhar esse processo de comunicação. O processo de comunicação idealizado por Kolacny se realiza em etapas. Reúne a confecção e o uso. O seu entendimento reforça nossa posição como realizadores de mapas diante da sociedade; não somos neutros e sim cidadãos. Podemos e devemos nos aproximar das pessoas que direta ou indiretamente fazem parte das representações cartográficas e conscientizá-las sobre a importância do mapa, enquanto veículo de comunicação para a vida dessas pessoas. Martinelli (1991, p. 38), salienta que o processo de comunicação cartográfica não deveria ficar apenas preso à teoria da informação, a qual considera somente as perdas de informação em cada etapa de comunicação, preocupando-se essencialmente com a minimização destes extravios. Precisamos considerar o valor cognitivo dos mapas. No uso dos mapas estimula-se uma operação mental. Há uma interação entre o mapa como mero produto concreto e os processos mentais do usuário. Esse processo não se limita somente à percepção imediata dos estímulos, envolve também a memória, a reflexão, a motivação e a atenção. Temos uma aproximação da Cartografia às Ciências Cognitivas. Podemos ver em Petchenik (1977) um trabalho que leva em conta não apenas os elementos próprios dos mapas, mas principalmente os mecanismos que levam os usuários a entendê-los. Trabalha com os processos cognitivos pelos quais os usuários de mapas concebem e compreendem o espaço e suas representações. Aproxima muito a cartografia da psicologia, da comunicação e da própria geografia. Trabalhar com os processos mentais que a cartografia pode incitar é importante para o processo de ensino/aprendizagem da geografia; temos, portanto, que avançar para além da percepção dos estímulos. Quando acrescentamos a questão da memória, da motivação e da atenção, estamos enriquecendo o processo de comunicação cartográfica. Taylor (1991), comenta sobre três conceitos que podem informar e melhorar o formalismo tecnológico e o positivismo da cartografia moderna: cognição, visualização e comunicação. Juntos eles podem proporcionar uma base teórica e http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/book/view.php?id=35803 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 65 conceitual forte para a disciplina. O autor apresenta as relações básicas no campo da cartografia na era da informação. A cognição e a comunicação não são conceitos novos para a cartografia, mas ganham novos significados na era em que vivemos, denominada era da informação. A revolução da informação tem propiciado uma enorme gama de dados e tem tornado acessível inúmeras possibilidades de tópicos a serem mapeados. A necessidade de transformar dados em informação útil ganha proporção antes nunca vista e o mapa como todas as demais representações gráficas de informação espacial são meios importantes para a organização, apresentação, comunicação e utilização do volume crescente de informação que está sendo disponibilizado. A cognição da realidade tem sido sempre um objetivo da cartografia e como Vary (1989 apud Taylor, op.cit.) destacou, é difícil separar a forma (representação cartográfica) do conteúdo (a representação da realidade). Não é a forma, tanto gráfica quanto digital, cientificamente objetiva que muitos cartógrafos pensam. A complexidade da sociedade atual é grande e exige respostas mais elaboradas e a Cartografia é uma das disciplinas que pode responder a essa demanda de indagações. O mapa continua sendo um meio de comunicação em meio ao grande número de novos dados e informações que assolam a sociedade do presente. Taylor (1991), reforça que a cartografia precisa suplementar e completar seus produtos topográficos e locacionais com produtos temáticos que aumentarão nossa compreensão do mundo em que vivemos, juntamente com uma aceitação da especificidade cultural e do contexto cultural de ambos os produtos e processos cartográficos. O apelo de Taylor procura avançar o papel da cartografia ao longo do tempo, inclusive podemos dizer também o papel da cartografia nas escolas. Os mapas têm sempre respondido a pergunta “Onde?”, mas na era atual da informação eles precisam mais do nunca também responder a uma variedade de outras questões como “Por quê?” e “Para que finalidade?” Para Bertin (1973), a Cartografia, bem como seu ramo temático, integra a representação gráfica, uma linguagem dentre outras, constituída pelos homens para reter, compreender e comunicar observações indispensáveis à sobrevivência. É uma linguagem bidimensional atemporal e destinada à vista. Tem supremacia sobre as UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 66 demais, pois demanda apenas um instante de percepção, constituindo um sistema semiológico monossêmico e não polissêmico. REFERÊNCIAS BERTIN, J. Sémiologie graphique: les diagrammes, les réseaux, les cartes. Paris: Gauthier-Villars, 1973. MARTINELLI, Marcelo. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. PETCHENIK, B. B. Cartographia: the nature of Cartographic communication. University Toronto Press, Monograph, n.14, 1977. SALICHTCHEV, K. A. Some reflections on the subject and method of cartography after the sixth international cartographic conference. The Canadian Cartographer, v. 10, n.2, dez. 1973, p. 106-111. TAYLOR, D. R. F. A conceptual basis for cartography: new directions for the information era. Cartoghaphica. v. 28, n. 4, pp.1 a 8, Toronto. 1991. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 67 Aula 14_Cartografia Escolar Palavras-chave: Cartografia escolar; ensino de Geografia; alfabetização cartográfica. Compromisso com a cidadania, que cada ramo do conhecimento humano deve ter, poderia estar também diretamente relacionado com o seu meio social; dessa forma a Cartografia e a Geografia estão diretamente presentes na sociedade, tanto no dia a dia como em setores específicos. A escola é um desses locais cuja presença desses conhecimentos é importante na tarefa de formar e informar nossos cidadãos. Temos no ensino de Geografia a necessidade de conteúdos de Cartografia para cumprir seu papel junto às disciplinas escolares. Por essa perspectiva é que vemos a relação muito próxima entre Cartografia e Geografia. Trazer a Cartografia para escolares, como tema de análise de pesquisas educacionais, pode elucidar melhor como produzir mapas cartograficamente adequadosaos usuários das escolas. Isto significa que ensinar mapas para crianças e jovens nas escolas é uma questão que vai além da Cartografia. Na verdade, os mapas, assim como todos os demais meios de produção de conhecimento escolar, criam significado para a aprendizagem quando vistos no contexto de uma epistemologia escolar. Isto quer dizer que a aprendizagem não se faz em separado dos meios e dos modos de pensar que eles possibilitam e que as relações de aprendizagem são também mediadas pelas relações pessoais entre os alunos e o professor e entre os próprios alunos. Assim, não basta produzir mapas cartograficamente adequados, se estes não forem devidamente apropriados pelos "usuários" da escola. Reafirmamos as ideias de Anderson & Vasconcellos (1995) e Almeida (1999), torna-se imprescindível que tanto os cartógrafos que se interessam pela educação, quanto os educadores que lidam com o ensino de Geografia e de outras áreas que usam representação cartográfica, busquem trabalhar juntos no desenvolvimento desta área que começa a se estabelecer no quadro educacional brasileiro. Reforçando, a Cartografia enquanto ramo do conhecimento científico está sempre atrelada ao Ensino de Geografia. Essa relação fez com que inúmeros geógrafos e professores de Geografia se dedicassem à área de Cartografia e em UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 68 especial a Cartografia direcionada às crianças e jovens no contexto escolar. Algumas dessas preocupações acabaram reunindo um grupo cada vez maior de pesquisadores preocupados com essa temática. Simielli (2012) propôs um método de inserção da cartografia no ensino de Geografia, considerando que o ideal é trabalhar com diferentes mapas para inúmeros usuários, principalmente nas várias faixas etárias, para tanto propõe (adaptado): - Estudantes de 1ª a 5ª anos do Ensino Fundamental – devem basicamente trabalhar com a “alfabetização cartográfica”, pois este é o momento em que o aluno tem que iniciar-se nos elementos de representação gráfica para posteriormente trabalhar efetivamente com a representação cartográfica. - Estudantes de 6ª a 9ª anos do Ensino Fundamental – os alunos ainda eventualmente devem trabalhar com a alfabetização cartográfica na 6ª e 7ª anos, mas, já têm condições de trabalhar com análise/localização e com a correlação. - Alunos do Ensino Médio – os alunos têm condições de trabalhar com análise-localização, com a correlação e com a síntese. Estes níveis apontados por Simielli foram trabalhados mais detalhadamente por Rimbert (1964) e Libault (1971) e os encontramos resumidos em Simielli (1981). A Cartografia, além de se constituir em um recurso visual muito utilizado, oferece aos geógrafos um triplo instrumento de estudo (Rimbert, op.cit.): 1) Instrumento analítico – cartas de análise ou distribuição ou repartição que analisam o fenômeno isoladamente; 2) Instrumento de experimentação – que permite a combinação de duas ou mais cartas de análise; 3) Instrumento de síntese – que mostra a relação entre os vários temas abordados em nível analítico, apresentando-se em uma carta-síntese. A proposta feita por Rimbert (op.cit.) foi complementada por Libault (1971). Esta nova proposta foi e ainda é muito utilizada para o entendimento dos instrumentos de estudo que a Cartografia oferece aos geógrafos. A proposta de Libault é estruturada em quatro níveis: 1) Nível compilatório – é a fase inicial da pesquisa, com a coleta de dados e sua respectiva compilação. Para o geógrafo, temos que considerar que uma maneira usual de apresentar o registro dos dados é a carta geográfica, portanto a coleta desse material, já existente, está enquadrada neste nível. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 69 O passo seguinte é o da hierarquização dos dados para uma organização mais racional da pesquisa, onde, primeiramente, serão selecionados os dados realmente significativos para o desenvolvimento do trabalho, ou seja, as variáveis essenciais; em seguida, os dados complementares que aparecerão após uma análise mais detalhada. Este nível muitas vezes chega a ser negligenciado pelo fato de ser considerado muito elementar, esquecendo–se o pesquisador que desta etapa depende todo o desenvolvimento do seu trabalho, inclusive as conclusões e/ou proposições a que poderá chegar. 2) Nível correlatório – trabalhamos agora a partir dos dados coletados (nível 1), onde se coloca toda a problemática da confiabilidade dos mesmos. Temos a ordenação das variáveis selecionadas, conforme uma sistemática, resultante do objetivo do nosso trabalho. Podemos consequentemente chegar aos primeiros ensaios para correlações parciais. 3) Nível semântico – os níveis precedentes apenas significam uma determinação dos fatos (de preferência objetiva) até uma primeira percepção das relações dos fatos entre si. Mas não podem atingir a abordagem do raciocínio geográfico, que utiliza não as variáveis elementares, mas sim uma combinação já sintética dessas variáveis. As relações de correspondência obtidas constituirão pelo menos uma ajuda à concepção, senão uma concepção completa. Em outras palavras, trata-se de localizar exatamente os problemas parciais, de modo a organizar seus elementos dentro de um problema global. Nesta etapa já se torna mais evidente a importância da generalização e, consequentemente, os cuidados decorrentes de sua utilização. Merece uma elaboração toda especial, pois implica a passagem da etapa de análise para a de síntese. Realiza, assim, uma abordagem racional e esquematizada das variáveis entre si. 4) Nível normativo – temos agora a resultante da síntese do trabalho, ou seja, sua tipologia expressa, em geral, por meio de uma modelo, que é consequência da seleção e correlação das variáveis estudadas. Este modelo apresenta a possibilidade de ser aplicada em outras áreas, a partir do momento que se tenha o “modelo padrão”. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 70 Assim, notamos que a abordagem final do trabalho poderá se concretizar por suas vias: aquela que apenas trata de verificar uma hipótese pré-formulada ou a que apresenta uma hipótese nova. A estruturação proposta por Rimbert (1964) e o complemento de Libault (1971) formam a base das ideias desenvolvidas por Simielli (1996), quando discorre acerca de sua proposta da cartografia no ensino. A proposta de Giolitto (1992) é acrescida nesta discussão, quando evidencia a passagem da carta topográfica ao modelo gráfico, demonstrando os níveis de constatação, correlação e conceituação. Para Simielli (2012), o fato de o aluno trabalhar de 1ª a 5ª anos do Ensino Fundamental com alfabetização cartográfica, de 6ª ao 9ª anos com análise – localização e raciocínio lógico e no Ensino Médio com análise-localização, correlação e síntese de uma maneira mais efetiva, não exclui um imbricamento em diferentes momentos nestas etapas de trabalho. Esta constatação nos permite lidar não com um etapismo fechado e linear de níveis de complexidade na relação cartografia e ensino, mas sim com um encadeamento de ideias em que cada faixa etária pode ser trabalhada de uma forma diferenciada. A cartografia deve oferecer várias possibilidades com suas representações gráficas para um melhor desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem da linguagem gráfica. É necessário fazer uma ressalva quanto à ideia de alfabetização cartográfica proposta por Simielli, pois um alfabeto predispõe de uma variedade de signos, necessita de uma leitura e o alfabeto citado pela autora está calcado muito nos três elementos básicos da geometria plana (ponto, linha e área). Dessa forma, as preocupações da Cartografia para Crianças e Jovens, ou Cartografia para Escolares, debruçam-se na questão pertinente aos mapas escolares e de que modo essesmapas devem ser gerados e desenvolvidos a partir das relações entre os usuários (professores e alunos). Lembramos, para exemplificar, a tese pioneira de Oliveira (1978) que concluiu: "o mapa é usado como recurso audiovisual e até agora não se considerou devidamente o ensino do mapa, e sim o ensino pelo mapa". UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 71 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Regina Araújo. Mapping Memories and Places: A Cartography for and by the Elderly, 19th International Cartographic Conference - ICA. Ottawa, Canadá. Proceedings, 1999. v. 1, p. 429-435. ANDERSON, J. VASCONCELLOS, R. Maps for and by children: possible contributions by cartographers. In: XVII International Cartographic Conference - ICA - ACI, 1995. v. 01, p. 384-392. GIOLITTO. P. Enseigner la Géographie á L´École. Hachette, Paris. 1992. LIBAULT, C. O. A. Os quatros níveis da pesquisa geográfica. São Paulo: IGEOG/USP, 1971. OLIVEIRA, L. Estudo Metodológico e Cognitivo do Mapa. Tese de livre docência, Série teses e monografias (32), IGEOG/USP. São Paulo, 1978. RIMBERT, S. Cartes e Graphiques. Paris: Sedes, 1964. SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Cartografia e ensino: proposta e contraponto de uma obra didática. 1996. 178 p. Tese (Livre-docência). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Universidade de São Paulo. São Paulo. 1996. SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: A Geografia na sala de aula. Ana Fani Alessandri Carlos (org.). 9. ed. São Paulo: Contexto, 2012. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 72 Aula 15_Cartografia e as Novas Tecnologias Palavras-chave: Sensoriamento remoto; estudos urbanos e ambientais; satélites. A produção de mapas esteve, historicamente, submetida ao avanço dos instrumentos e das técnicas para determinar com precisão pontos, contornos, altitudes etc., bem como para desenhar os mapas. Atualmente, as avançadas tecnologias para obtenção, armazenamento e apresentação de produtos cartográficos tornaram a Cartografia Digital um instrumento valioso nos estudos geográficos e ambientais. O professor de Geografia também pode dispor desses recursos em suas aulas, tornando-as mais eficazes e atualizadas. O uso de sensoriamento remoto para estudos de recursos naturais Sensoriamento remoto é um termo utilizado na área de recursos naturais que se refere à obtenção de imagens à distância, sobre a superfície terrestre, ou seja, é a obtenção de informação de um alvo qualquer (rio, cidade, floresta, lago) existente sobre a superfície terrestre, sem que seja necessário tocar neste alvo. A informação é obtida a distância – remotamente. Estas imagens são adquiridas por meio de aparelhos, denominados sensores; como estes aparelhos estão sempre distantes dos alvos de interesse, eles são chamados de sensores remotos. Todos nós carregamos conosco um sensor remoto - os nossos olhos – e, baseando-se no mecanismo da visão, foram construídos os primeiros sensores remotos, como: as câmeras fotográficas utilizadas pela primeira vez para estudos dos recursos naturais em 1822, quando o francês Niepa gerou a primeira imagem fotográfica, fazendo uso de uma câmera primitiva e papel quimicamente sensibilizado. Por sua vez, estes sensores ou câmeras são colocados a bordo de aeronaves ou de satélites de sensoriamento remoto – também chamados de satélites de observação da Terra. Um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto denominado de imagem ao passo que uma câmera aerofotográfica, a bordo de uma aeronave, gera um produto de sensoriamento remoto denominado de fotografia aérea. Todo sensor remoto necessita de uma fonte de energia para poder operar; a maioria deles opera com a luz do sol, ou seja, eles só podem coletar informações sobre os alvos na superfície terrestre durante o dia. Como as câmeras fotográficas UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 73 só podem ser utilizadas onde há luz, seja a luz do sol, seja a de um flash, o mesmo acontece com a maioria dos sensores a bordo de satélites. O primeiro satélite de sensoriamento remoto foi construído pelos norte- americanos e foi lançado em junho de 1972, com o nome de LANDSAT. Atualmente existe uma infinidade, tais como o francês SPOT, o europeu ERS, o americano NOAA, o canadense RADARSAT, o japonês JERS, o indiano IRS e o argentino SAC- C. O Brasil também desenvolveu e lançou um satélite em parceria com a China em outubro de 2000, o CBERS-Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres. Antes do advento dos satélites de sensoriamento remoto na década de 1970, o uso de fotografias aéreas era muito comum e até hoje estas fotografias são insubstituíveis para muitas aplicações. Entretanto, notamos que com o avanço tecnológico, as imagens dos sensores de satélites estão se aproximando da qualidade das fotografias aéreas, sendo geradas pelos satélites chamados de alta resolução espacial, como o Quickbird (0,60m), Plêiades (0,50m), Worldview-2 (0,46m), Geoeye-1 (0,41m) e Worldview-4 (0,30). Desde o lançamento do primeiro satélite de recursos terrestres, o LANDSAT, em junho de 1972, houve grandes progressos e várias pesquisas foram feitas na área de meio ambiente e levantamento de recursos naturais, fazendo uso de imagens de satélite. Muitas empresas brasileiras comercializam imagens de alta resolução espacial, que subsidiam segmentos de mercado, como o agronegócio, energia, óleo e gás, mineração, telecomunicações, além de governos e a área de defesa e segurança. Os estudos urbanos ambientais deram um salto enorme em termos de qualidade, agilidade e número de dados disponíveis para análise, assim é possível: - atualizar a cartografia digital existente; - produzir mapas e obter dados sobre áreas minerais, bacias de drenagem, agricultura, florestas; - monitorar desastres ambientais, tais como: enchentes e inundações em áreas urbanas, poluição de rios e reservatórios, erosão, deslizamentos de terras, secas; - monitorar desmatamentos e obter a estimativa da taxa de desflorestamento da Amazônia Legal, por exemplo; UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 74 - realizar estudos sobre correntes oceânicas e movimentação de cardumes, aumentando assim a produtividade na pesca; - apoiar Planos Diretores Municipais e Lei de Uso e Ocupação do Solo; - realizar Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e Relatórios de Impacto sobre Meio Ambiente (RIMA); - identificar áreas de preservação ambiental permanente e avaliação do uso do solo; - fazer o levantamento de áreas favoráveis para exploração de mananciais hídricos subterrâneos; - monitorar mananciais e corpos hídricos superficiais; - monitorar o lançamento e dispersão de efluentes em domínios costeiros ou em barragens; - monitorar e acompanhar o desempenho da agricultura; - estimar a área plantada em propriedades rurais para fins de fiscalização do crédito agrícola; - auxiliar na implantação de polos turísticos ou industriais; - avaliar o impacto causado pela instalação de rodovias, ferrovias ou de reservatórios. Situações em que dados de sensoriamento remoto podem ser utilizados como material didático em sala de aula: - traçado de áreas urbanas e rede viária que comunica a cidade onde o aluno vive com o seu entorno imediato; - formas de crescimento das áreas urbanas e progressiva invasão do espaço agrícola; - estudo geográfico do espaço imediato ao aluno; - tipo de ocupação humana com os aspectos físicos, econômicos e sociais da região onde o aluno vive; - distribuição do uso do solo no tempo (escala temporal) e no espaço e sua relação com os aspectos econômicos da região onde o aluno vive; - explicação dos aspectos mais complexoscomo relevo, bacias de drenagem, correntes oceânicas, uso e ocupação do solo e áreas agrícolas de uma região, áreas sujeitas a inundações, etc.; UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 75 - identificação das áreas de preservação de mananciais e sua forma de ocupação; - caracterização de áreas de preservação, tais como áreas alagadas, planícies fluviais, áreas costeiras, áreas de mangue, florestas naturais; - correlação das altitudes do local com as formas do relevo, uso do solo e quantidades de precipitação; - correlação do tipo de ocupação humana com os aspectos físicos, econômicos e sociais da região onde o aluno vive. Há ainda, o Sistema de Informações Geográficas (SIG) que trabalha, de acordo com Fitz (2008), com um número infinito de informações de cunho geográfico e o contextualiza como O desenvolvimento dos SIGs deve-se, entre outros fatores, à evolução do computador (hardware) e de programas específicos (software) que conseguem resolver os problemas de quantificação de maneira mais rápida e eficaz que outrora. Assim, o uso maciço desses sistemas está vinculado ao aparelhamento de órgãos públicos e privados. Nessas condições, além da necessidade de uso do meio computacional, faz-se necessária a existência de uma base de dados georreferenciados, que são dados que estão associados a um sistema de coordenadas conhecido, ou seja, vinculam-se a pontos reais dispostos no terreno, caracterizados, em geral, pelas suas coordenadas de latitude e longitude. Dessa forma, o SIG é um sistema constituído por um conjunto de programas computacionais, o qual integra dados, equipamentos e pessoas com o objetivo de coletar, armazenar, recuperar, manipular, visualizar e analisar dados espacialmente referenciados a um sistema de coordenadas conhecido. Assim, muitos mapas temáticos são produzidos em ambientes de SIG, ao sobrepor dados que compõem o mapa. Temos também o geoprocessamento que pode ser conceituado, segundo Fitz (2008), como a tecnologia, ou um conjunto de tecnologias, que possibilita a manipulação, a análise, a simulação de modelagem e a visualização de dados georreferenciados. REFERÊNCIAS FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Landsat. Disponível em: http://www.dgi.inpe.br/documentacao/satelites/landsat. Acesso em: 26 de mar. 2023. http://www.dgi.inpe.br/documentacao/satelites/landsat UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 76 Aula 16_Cartografia Multimídia no Ensino da Geografia Palavras-chave: Multimídia; INPE; informática. O termo multimídia está relacionado à integração de várias formas de comunicação para a transmissão de informações. Em meio digital, pode-se entender multimídia como a integração de texto, vídeo, áudio, animações, desenhos ou mesmo realidade virtual com o objetivo de transmitir informação. Uma aplicação multimídia não precisa, necessariamente, ser interativa, no entanto, sempre que possível, recomenda-se o uso de multimídia interativa na escola, uma vez que a interatividade é um ponto chave na construção do conhecimento. Muitos pesquisadores no mundo e no Brasil têm se dedicado ao estudo da Cartografia, utilizando recursos multimídia ou Cartografia Multimídia, e sua aplicação com fins didáticos. No Brasil há o Projeto GEODEN - Geotecnologias Digitais no Ensino que permite, por meio da internet, a interação do usuário com esse projeto educativo. O GEODEN foi estruturado em módulos, contendo textos, exercícios que foram desenvolvidos para o uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG), curiosidades, indicação de leitura complementar e sugestões de sítios. http://geoden.uff.br/. O Projeto GEODEN é dividido em GEODEM - GEOtecnologias Digitais no Ensino Médio e o GEODEF - GEOtecnologias Digitais no Ensino Fundamental, baseado pelo SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas, de domínio público e desenvolvido pelo INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e possui apoio de outras instituições públicas brasileiras. Apresenta-se alguns sites que contém dados e informações de uso escolar e que podem ser utilizados pelos professores nas aulas de geografia. - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). http://www.cptec.inpe.br/ - Disponibiliza imagens de diversos satélites inclusive do satélite GOES, bastante utilizadas nas animações de previsão do tempo na TV. O professor pode obter imagens do dia da aula ou mesmo buscar imagens no arquivo, além disso, pode-se criar animações no próprio site. Além disso, disponibiliza http://geoden.uff.br/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 77 em seu sítio aplicativos como o CPTEC - previsão do tempo, MapSAT e o SOS Chuva. Ainda pelo INPE, há a disponibilidade de material didático destinado ao uso escolar que envolve o Sensoriamento Remoto para Estudo do Meio Ambiente, são apostilas em formato PDF e tratam de temas como o sensoriamento remoto aplicado ao estudo oceanográfico, agricultura, dentre outros e uma apostila específica de geoprocessamento. http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso- escolar-sensoriamento-remoto/material-didatico-anos-anteriores/apostilas. - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Suínos e Aves https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/mapas. - A Central de inteligência de aves e suínos disponibiliza mapas e infográficos para download e de uso livre. Além disso, é possível criar mapas temáticos específicos no sítio: http://www.cnpsa.embrapa.br/cias/dados/mapa.php. - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE educa https://educa.ibge.gov.br/professores. - Esse sítio traz sugestões de atividades pedagógicas para os professores e que se baseiam em dados produzidos pelo IBGE. Conta ainda, com recursos didáticos como vídeos, mapas, gráficos, jogos e materiais explicativos. - Servidor de Mapas (IBGE) https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage - Portal de mapas onde o professor poderá encontrar aproximadamente 33.000 mapas disponíveis, assim como informações ambientais, organização do território, cartas e mapas, atlas nacional e temáticos, dentre outros assuntos. Recomenda-se a utilização de interface básica para usuários que não tenham conhecimento em geoprocessamento. O IBGE também disponibiliza um sítio interativo contendo dados do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil 2000-2018. http://mapasinterativos.ibge.gov.br/monitoramento_uso/. Este trabalho vislumbra a http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso-escolar-sensoriamento-remoto/material-didatico-anos-anteriores/apostilas http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso-escolar-sensoriamento-remoto/material-didatico-anos-anteriores/apostilas https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/mapas http://www.cnpsa.embrapa.br/cias/dados/mapa.php https://educa.ibge.gov.br/professores http://mapasinterativos.ibge.gov.br/monitoramento_uso/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 78 importância do conhecimento do modo e ritmo das ocupações do território nacional, tornando-se como apoio ao gerenciamento dos recursos naturais, fundamental para o desenvolvimento das políticas públicas. O projeto MapBiomas https://brasil.mapbiomas.org/ - tem o objetivo de mostrar as transformações que ocorrem no território brasileiro, por meio do monitoramento e mapeamento da cobertura e uso do solo, da superfície das águas e ocorrências de incêndios, buscando a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais de forma a combater as mudanças climáticas. O infográfico abaixo está disponível no site do MapBiomas. Figura 21 - Uso e cobertura do solo (1985-2021). Disponívelem: https://brasil.mapbiomas.org/. Acesso em 26 de mar. 2023. A informática traz consigo novas possibilidades para o desenvolvimento de aplicações direcionadas ao ensino e, no caso aqui retratado, ao ensino de Geografia. No caso da internet, embora o seu acesso seja deficitário em muitos locais do país, a utilização dos recursos já existentes abrirá caminho para a reflexão, análise e o desenvolvimento de novas aplicações mais adequadas às reais necessidades das instituições de ensino, bem como de professores e estudantes. https://brasil.mapbiomas.org/ https://brasil.mapbiomas.org/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 79 REFERÊNCIAS EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Suínos e Aves. Disponível em: https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/mapas>. Acesso em: 26 de mar. 2023. IBGE. Servidor de Mapas. Disponível em: https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage. Acesso em: 26 de mar. 2023. IBGE. Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil 2000-2018. Disponível em: http://mapasinterativos.ibge.gov.br/monitoramento_uso/. Acesso em: 26 de mar. 2023. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Disponível em: http://www.cptec.inpe.br/. Acesso em: 26 de mar. 2023. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Sensoriamento Remoto para Estudo do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso-escolar-sensoriamento-remoto/material- didatico-anos-anteriores/apostilas. Acesso em: 26 de mar. 2023. MAPBIOMAS. Disponível em: https://brasil.mapbiomas.org/. Acesso em: 23 de mar. 2023. UFF. Projeto GEODEN - Geotecnologias Digitais no Ensino. Disponível em: https://geoden.uff.br/. Acesso em 26 mar. 2023 https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/mapas https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage http://mapasinterativos.ibge.gov.br/monitoramento_uso/ http://www.cptec.inpe.br/ http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso-escolar-sensoriamento-remoto/material-didatico-anos-anteriores/apostilas http://www.dsr.inpe.br/DSR/educacao/uso-escolar-sensoriamento-remoto/material-didatico-anos-anteriores/apostilas https://brasil.mapbiomas.org/territórios refletido no aparecimento dos primeiros mapas temáticos e a Cartografia enquanto Ciência, desvinculada da Geografia, no fim do século XIX. A Cartografia se estabelece enquanto Ciência e, por outro lado, como instrumento técnico às Ciências que tem no espaço seu campo de estudo, em especial, a Geografia. No início do século XX, de acordo com Eckert (1921 apud Martinelli, 2011, p. 251), a Cartografia se mesclava entre ciência e arte, desvinculada da Geografia. Ele considerou a Cartografia como uma ciência preocupada com a exatidão, segundo às leis da matemática e da geometria, é uma arte em razão do seu aspecto visual. A primeira metade do século XX marcou profundas mudanças mundiais no campo científico, das artes e da política. REFERÊNCIAS FERREIRA, C.C.; SIMÕES, N. N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1990. GIRARDI, Gisele. Do outro lado do mapa - eixos de pesquisa em comunicação cartográfica aplicados à Cartografia Temática. Monografia. São Paulo, DG/FFLCH/USP, 1992. HARLEY, J. B. A nova história da cartografia. Correio da UNESCO - Mapas e cartógrafos. Edição em português, 19 (8). São Paulo: FGV, 1991. MARTINELLI, Marcelo. Às cartografias e os atlas geográficos escolares. Revista da ANPEGE, v. 7, n. 1, número especial, p. 251-260, out. 2011. MORAES. Antônio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1985. RAISZ, Erwin. Cartografia General. Barcelona: Ediciones Omega, 1953. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 7 Aula 02_Conceito de Cartografia Palavras-chave: Cartografia; ciência; representação. O que é cartografia? A palavra CARTOGRAFIA, etimologicamente (descrição de cartas), foi criada em 1839 por Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de Macedo Leitão, inicialmente continha a ideia de traçado de mapas e posteriormente passou a ser tratado como a ciência, a técnica e a arte de representar a superfície terrestre. IBGE (1999). Inúmeros autores procuram definir o que é cartografia, porém encontramos desde definições que defendem a cartografia como um conhecimento apenas técnico e outras que as consideram apenas como resultado da produção artística. Para Salichtchev (1954 apud Salichtchev 1973): Cartografia é a ciência dos mapas geográficos com um método especial de representação da realidade, incluindo nas suas metas tanto o estudo completo de mapas geográficos como a formulação de métodos e processos da sua confecção e uso. O autor já nota, desde 1954, o contexto da realidade, presença fundamental na definição da Cartografia. A definição da ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA INTERNACIONAL (1966): Cartografia é o conjunto de estudos e das operações científicas, artísticas e técnicas que, a partir dos resultados das observações diretas ou de exploração de uma documentação, intervém na elaboração de cartas, plantas e outros modos de expressão, como também sua utilização. Na acepção da Associação Cartográfica Internacional (ACI) de 1966, a Cartografia não é uma ciência, mas um conjunto de estudos e de operações científicas, artísticas e técnicas. Na definição de 1991 mantém-se esta concepção de Cartografia, além de fixar a Cartografia como uma disciplina. É interessante que a maior associação científica desse campo não considere a Cartografia como Ciência. Para Salichtchev (1973): A Cartografia é a ciência da representação e do estudo da distribuição espacial dos fenômenos naturais e sociais, suas relações e suas UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 8 transformações ao longo do tempo, por meio de representações cartográficas – modelos icônicos – que reproduzem este ou aquele aspecto da realidade de forma gráfica e generalizada. Nessa acepção, percebemos a conservação da reprodução da realidade graficamente e generalizada, abarcando visivelmente as distribuições espaciais dos fenômenos sociais e naturais. Definição que se aproxima muito da Geografia, temos presentes dois elementos essenciais para essa Ciência - a relação Natureza- Sociedade. Já para Taylor (1991): cartografia seria a organização, apresentação, comunicação e utilização da informação georreferenciadas nas formas visual, digital ou táctil, que inclui todos os processos de preparação de dados no emprego de todo e qualquer tipo de mapa. Na acepção de Taylor as formas de representação recebem conotações distintas, como as formas, a visual, a digital ou a tátil. Nesta concepção, a função de destaque do mapa na Cartografia fica evidente. As diversas definições explanam os distintos enfoques pelos quais esta Ciência tem passado nos últimos tempos. A preocupação com os usuários passa a ser crucial. A Cartografia não é mais algo concluído e inalterado, pode ter uma interlocução entre o produtor do mapa e o usuário. Essas acepções assinalam posições teóricas e metodológicas evidentes frente ao contexto social que os autores ou instituições permaneceram envolvidos. A definição de Salichtchev (op.cit) é importante, porque a Cartografia não é puramente uma técnica insensível ao conteúdo transmitido. Ela almeja representar e pesquisar conteúdos espaciais por meio de modelos icônicos e não pode fazê-lo sem conhecimento da essência dos fenômenos que são representados, nem sem o apoio das Ciências que os pesquisam. Já na definição de Taylor (op.cit), vemos a inquietação com a informática e o desempenho relevante do procedimento de preparo do mapa nesse momento. Seguimos essa última acepção de Cartografia neste trabalho por evidenciar o mapa e referir muitas linguagens como visual, digital e táctil como formas de expressar a organização, representação e utilização da informação notadamente referenciada. Taylor (1991) deixa claro que a Cartografia progride na discussão para além da técnica e arte, reforçando sua função estruturadora, organizadora e UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 9 comunicadora de informações em distintas mídias, abrangendo ainda os processos de elaboração de dados na constituição de todos os modelos de mapas envolvidos inteiramente com seu conteúdo. Se a cartografia almeja abarcar os processos relacionados à preparação de informações para apontar seus conteúdos, deve utilizar o conhecimento da essência dos fenômenos que são representados com o apoio das ciências que analisam. Em Lacoste (1976), podemos notar um esquema capaz de explanar como a pluralidade dos mapas temáticos para um único território pode compartilhar da abordagem geográfica, para a qual não só conjugamos as intersecções dos distintos conjuntos espaciais que cada tema delineia como também articulamos os vários níveis escalares de representação combinados com a ordem de grandeza da manifestação dos fenômenos analisados naqueles temas. Um mapa (Mapa 1) pode ser conceituado como (IBGE, 1999): É a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político- administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos. Mapa 1 - Divisões políticas e regionais. Fonte: Atlas geográficos escolar. IBGE. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf. Acesso em: 08 de abril 2023. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 10 Para o IBGE (1999), uma carta e uma planta se conceituam da seguinte forma: É a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelose meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala. A planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o número de detalhes é bem maior. Há ainda outros produtos cartográficos com o globo terrestre, mosaico, fotocarta, ortofotocarta, ortofotomapa, fotoíndice e carta imagem, que representam dados da superfície terrestre. Ressaltamos ainda, os elementos constituintes de um mapa, como o título que deve informar o assunto, local e o ano que trata do seu tema. A orientação que indica a direção cardeal de forma a nos orientarmos no espaço, a legenda que contém os dados representados e tem a função de tornar a leitura clara do mapa, a escala cartográfica que informa a redução da representação da superfície terrestre no mapa, a fonte que apresenta a origem dos dados que constam no mapa e as coordenadas geográficas que indicam a latitude e a longitude, definidas pelos paralelos e meridianos. REFERÊNCIAS LACOSTE, Yves. A geografia - isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra. 9. ed. Campinas: Papirus, 1980. (1976) SALICHTCHEV. K. A. Some reflections on the subjetc and method of cartography after the sixth international cartographic conference. The Canadian Cartoghapher, v. 10, n. 2, dez. 1973, p. 106-111. TAYLOR, D. R. F. A conceptual basis for cartography: new directions for the information era. Cartoghaphica. v. 28, n. 4, pp.1 a 8, Toronto. 1991. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 11 Aula 03_História da Cartografia Palavras-chave: Cartografia; história; geografia. A confecção de mapas parece ser anterior à escrita. Há muitos registros que comprovam que os mais variados povos nos legaram mapas, tais como: babilônios, egípcios, astecas, chineses, além de outros, cada qual refletindo aspectos culturais próprios de sua sociedade. Os mapas concebem uma configuração do saber, um fruto cultural dos povos, e não um mero efeito de uma propagação tecnológica a partir de um foco europeu. Cada cultura manifesta sua particularidade cartográfica, pouco a pouco se torna uma linguagem visual mais genérica do que se imaginava antes. Até os produtos cartográficos atuais, com o uso de imagens de satélites e do suporte da informática, são construções sociais. É necessário refletir sobre o fato de cada cultura ter percepções do espaço e do tempo diferenciadas, que não devem ser depreciadas e, ainda menos, confrontadas ou avaliadas segundo modelos europeus ocidentais (Duarte, 2006). Confecção de mapas pelos povos chineses e gregos A China pode ser mencionada como mais uma região em que a Cartografia oriental deixou marcas de amplo valor histórico. A cartografia chinesa era muito desenvolvida bem antes que na Europa principiava a se sobressair nas primeiras produções nesta área de conhecimento. Em vários lugares da China foram descobertos documentos muito remotos que confirmam a apreensão dos governantes em mapear riquezas naturais de diversas áreas daquele país. Na China antiga, vários mapas apresentavam desígnios cadastrais, demarcação de fronteiras, como documentos burocráticos, projetos para preservação das águas, meios para sujeição de impostos, estratégia militar, reconstrução da Geografia, testemunhos de seguimento cultural confirmada pela presença de sepulturas, instrumentos de adivinhação, presságio astrológico de fenômenos celestes e também amparo contra forças sobrenaturais. Os gregos foram extremamente importantes no desenvolvimento da Cartografia ocidental, conferindo a eles o estabelecimento das bases científicas da Cartografia moderna. Diversos estudiosos gregos tiveram trabalhos que marcaram o processo de desenvolvimento das técnicas da cartografia. Podemos citar UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 12 Anaximandro de Mileto (611 a 547 a.C.), criador do reconhecido mapa que concebia o mundo então conhecido - regiões da Europa e Mar Mediterrâneo, e de Hecateu de Mileto, seu contemporâneo, que aprimorou o mapa. Neste período, aproximadamente no século IV a.C., havia muitas especulações sobre o formato da Terra. Uma delas expunha que o planeta, como criação divina, precisaria ser esférico, uma vez que a esfera era a forma geométrica mais perfeita. É claro que essa posição iria influenciar a confecção de mapas. Constituíram também as acepções das linhas da rede geográfica: Equador, Trópicos, Meridianos, Círculos Polares. Eratóstenes de Cirene (276 a 196 a.C.), que também foi deveras importante, chegou a conduzir a biblioteca do museu de Alexandrina. Por meio do que conhecia sobre geometria, aferiu a circunferência da Terra, alcançando um resultado próximo dos 46 mil quilômetros. Os franceses e portugueses A Cartografia francesa igualmente registrou pessoas famosas na história dos mapas, como a família Sanson, em que principalmente Nicolau Sanson (1600-1667) foi a maior expressão. Por eles foi publicado grande número de mapas e atlas, percebendo, entretanto, a influência da cartografia dos países baixos, sobretudo de Mercator. A Cartografia brasileira foi bastante influenciada pela portuguesa desde o início da história colonial. A extensão ultramarina e a navegação marcaram fortemente o modo prático da cartografia de Portugal do período dessa política, sendo intensa a produção de mapas marítimos apontando o desenho das costas e o delineamento de continentes e ilhas. Com a fundação da Imprensa Régia, principiam os trabalhos de publicação de mapas nacionais, enquanto que o Real Arquivo Militar ficaria responsável pela conservação de nosso acervo, assim, apoiando a impressão de mapas novos, como o da planta da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1812. Embora necessite de estudos mais aprofundados, sabemos que os povos maias e astecas no México tinham uma tradição cartográfica rica. Refere-se ao explorador Hernán Cortés, espanhol, aproximadamente em 1522, que requereu a Montezuma (Imperador asteca) notícia sobre algum lugar em que pudessem aportar seus navios em segurança. Chegou-lhe um mapa, projetado em um pano, que UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 13 identificava toda a área litorânea com seus diversos acidentes geográficos. A agilidade com que a notícia foi levada a Cortés mostra que os astecas conservavam seus manuscritos preservados de modo que pudessem ser consultados e copiados facilmente. Os árabes Os árabes igualmente se sobressaíram, no passado, especialmente como geógrafos, tendo muitos trabalhos dessa natureza muito importantes, principalmente na Idade Média, quando no ocidente, de controle cristão, ocorreu um processo retrógrado nas ciências em geral. Apreendendo a importância dos conhecimentos remotos, sobretudo dos gregos e, de modo peculiar, das obras de Cláudio Ptolomeu, objetivando integrá-los à cultura muçulmana, os árabes foram estimulados a traduzir tesouros científicos da antiguidade, resguardando esses conhecimentos e enriquecendo com seus próprios estudos. Alguns estudiosos afirmam que Bagdá e Damasco se formaram em verdadeiros polos de saber, durante séculos VII e XII, aproximadamente. Os árabes, envolvidos em conquistas territoriais, necessitam estimar os recursos das novas terras, assim como inserir um sistema fiscal e tributário mais competente, o que favoreceu o desenvolvimento da Cartografia e também da Matemática, Astronomia e Geografia. A decadência da cartografia na Idade Média A partir de Ptolomeu, há um período de declínio marcado pela Idade Média no qual até sua grande obra foi vedada no mundo ocidental de controle da igreja católica romana, pois representava uma espécie de enciclopédia científica que em muitas feições não condiziacom essa religião. A Cartografia da Baixa Idade Média, cristianizada, foi uma das mais pobres, tendo como exemplo a obra chamada de "Topografia Cristã", do frade Cosmas Indicopleustes, editada aproximadamente em 535. A obra nega a existência de antípodas (lugar diametralmente oposto a outro no globo terrestre) e a ideia da esfericidade dos céus e da Terra. Outro retrocesso cartográfico encontra-se nos mapas que apresentavam a simplicidade e a simetria da distribuição das terras, o que igualmente interessava à igreja romana, principalmente no momento em que a terra santa era posta no centro das representações. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 14 Podemos ver, nesta breve incursão pela história da Cartografia, que a realidade o relevo esteve presente e foi representada de formas diferentes. Em poucos momentos podemos falar de uma história do pensamento cartográfico, diferente da história do pensamento geográfico e é fundamental essa reflexão para conhecer mais profundamente a Cartografia. Vidal de La Blache, geógrafo francês, introduziu a escola regional no final do século XIX, que foi uma importante matriz de inspiração para a Geografia brasileira. A cartografia nesta escola do pensamento geográfico utilizava nos mapas, a identidade da região, por meio do mapa do relevo. Posteriormente, no período de renovação da Geografia, a cartografia teve papéis diferentes nas correntes da Geografia Pragmática e da Geografia Crítica. Dentro da chamada Geografia Pragmática, encontra-se a Cartografia como apoio para a construção de modelos matemáticos. Essa tendência se confirma no momento com o uso maciço dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs). Para Girardi (2000), a fixação da cartografia como base de modelos matemáticos para utilização dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) é na essência uma aproximação com a escola vidalina, com maior sofisticação tecnológica, porém com menor vinculação a um método geográfico, muito mais evidente na escola francesa/vidalina quanto na proposta de hartshorniana. Na Geografia Crítica, deparamos com uma situação bem diferenciada. Uma obra clássica dessa linha, o livro de Lacoste (1988), originalmente publicado em 1976, A Geografia – serve, em primeiro lugar, para fazer guerra - teve incontáveis críticas aos métodos, procedimentos e atitudes políticas da Geografia até o momento. Incidem sobre as atividades cartográficas e, principalmente, os mapas nos trabalhos geográficos, as relações de poder e opressão. A cartografia passou a ser uma ferramenta a mais de opressão, tanto nas mãos dos professores como na do Estado. Nas palavras do autor, tanto para a “geografia dos professores” como para a “geografia dos estados maiores”. Devemos destacar o único grande projeto dentro da Geografia Crítica, que foi a Semiologie Graphique, de Jacques Bertin (1967). Atualmente, mencionar a Cartografia no ensino de Geografia, especialmente com o predomínio das novas tecnologias na conjuntura educacional. A relação da Cartografia com a tecnologia, pela infocartografia (a cartografia na era da informação), continua como um amplo ramo ambicionado por numerosos UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 15 profissionais. Estudar Cartografia, para a Geografia, é instruir-se de normas de construção de mapas, suas diferenças e a utilização de cada tipo de produto. REFERÊNCIAS BERTIN, J. Sémiologie graphique: les diagrammes, les réseaux, les cartes. Paris: Gauthier-Villars, 1973 (1967). DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. EDUSC, 2006. GIRARDI. Gisele. Leitura de mitos em mapas: um caminho para repensar as relações entre Geografia e Cartografia. Geografares. Vitória, v. 1, nº 1, jun. 2000. SALICHTCHEV. K. A. Some reflections on the subject and method of cartography after the sixth international cartographic conference. The Canadian Cartographer, v. 10, n. 2, dez. 1973, p. 106-111. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 16 Aula 04_Cartografia no Brasil Palavras-chave: Cartografia; Brasil; IBGE. O desenvolvimento da Cartografia no Brasil, a partir da Segunda Guerra Mundial em função dos interesses militares. Instituições como os atuais: Instituto Cartográfico da Aeronáutica (ICA), Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG) e Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) foram as principais responsáveis pela execução da Cartografia Sistemática do País, objetivando mapear todo o território nacional, em escalas de 1: 50.000 a 1: 250.000. Origem e evolução da Cartografia no Brasil - 1890 – 31 de maio – Criou-se o Serviço Geográfico Militar, anexo ao Observatório Astronômico, "para a execução dos trabalhos geodésicos e geográficos da República dos Estados Unidos do Brasil". - 1896 – O Estado Maior do Exército incumbiu-se da elaboração da Carta Geral da República. - 1903 – Na cidade de Porto Alegre, instalou-se a Comissão da Carta Geral do Brasil. Também foi instituído o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, sob a direção do geólogo norte-americano Orville A. Derby – Função: Produção da Carta Geológica. - 1922 – Foi constituído o Serviço Geográfico do Exército e eliminada a Comissão da Carta Geral com as responsabilidades desta, absorvidas por aquela. Este ano também marca o começo da Carta do Brasil ao Milionésimo (primeiro "retrato cartográfico de corpo inteiro" do país), editada pelo Clube de Engenharia, em celebração ao centenário da Independência. - 1935 – A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) foi a primeira, dentre as organizações cartográficas brasileiras, a oferecer um plano cartográfico, o Plano Cartográfico Náutico. - 1936 – Foi instalado o Instituto Nacional de Estatística e Cartografia. - 1937 – Nasce a primeira empresa privada, no mercado brasileiro, destinada à execução de levantamentos aerofotogramétricos cujas apreensões básicas eram voltadas para a prestação de serviços em cartografia. - 1938 – Instituto Nacional de Estatística e o Conselho Brasileiro de Geografia foram agrupados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 17 IBGE. O primeiro projeto do IBGE: "Determinação das Coordenadas das Cidades e Vilas". - 1940 – Pela primeira vez na história da Estatística Brasileira, os dados de coleta e tabulação do censo foram referenciados a uma base cartográfica sistematizada, pelo menos quanto às categorias administrativas: Municipais e Distritais – Cidades e Vilas. A partir deste momento era assegurado o georreferenciamento das estatísticas brasileiras. - 1945 – O Secretário Geral do Conselho Nacional de Geografia, Cristóvão Leite de Castro, expôs um Plano Cartográfico de abrangência nacional subdividido em programas diferentes cuja composição era determinada em termos do grau de evolução dos procedimentos de ocupação territorial. - 1946 – O Conselho de Segurança Nacional constitui comissão para fixar "normas para a uniformização da cartografia brasileira" e metodologias para a coordenação dos trabalhos cartográficos. Ainda, ao IBGE é atribuída a Coordenação da Cartografia Brasileira. Iniciam-se os trabalhos de mapeamento, na escala topográfica de 1: 250.000, do vale do Rio São Francisco, em território da Bahia. - 1961 – O Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) forma um grupo de trabalho com a finalidade de constituir as "Bases e Diretrizes de uma Política de Coordenação e Planejamento do Levantamento Cartográfico Brasileiro". - 1962 – O IBGE passa a operar nas escalas maiores de 1:250.000, ou seja, em paralelo aos trabalhos nas escalas ao milionésimo; 1:500.000 e 1:250.000. Passou a reger as atividades necessárias à produção dos documentos nas escalas de 1:50. 000 e 1:100. 000, antes restritosà atuação do Serviço Geográfico do Exército. - 1964 – O IBGE estrutura e concretiza a linha de instrumentos fotogramétricos e expande a atuação de suas unidades de levantamentos geodésicos, de modo a atender ao apoio terrestre para as operações fotogramétricas. - 1966/1967 – O Presidente Castelo Branco funda outro grupo de trabalho para determinar as Diretrizes e Bases da Política Cartográfica Nacional. Conserva a atuação descentralizada das instituições cartográficas do governo federal e específica a coordenação da Política Cartográfica Nacional como atribuição da Comissão de Cartografia (COCAR) inserida na estrutura do IBGE. A COCAR foi UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 18 estruturada de modo a que todos os Ministérios que ampliassem ou demandassem serviços cartográficos lá permanecessem representados, pois o objetivo principal do Decreto se resumia em Organizar o Sistema Cartográfico Nacional no que dizia respeito a União. O elenco de representantes era complementado por assentos conferidos à iniciativa privada, através da atual Associação Nacional das Empresas de Levantamentos Aeroespaciais (ANEA) e ao IBGE, que compuseram exceção à representação ministerial. - 1972 – Projeto RADAM – Radar da Amazônia - aplicação pioneira de sensores aerotransportados radargramétricos. Posteriormente, o projeto foi desdobrado a todo território nacional – RADAMBRASIL. Em 1985 o projeto foi eliminado. - 1975 – Expediu-se um decreto para retirar a COCAR da estrutura da Fundação e posicioná-la na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral da Presidência da República – SEPLAN. - 1978 a 1981 – Intensificaram as atividades cartográficas sob a organização do Programa de Dinamização da Cartografia – PDC, ressaltando o mapeamento em escalas topográficas de vastas regiões da Amazônia Legal e o complemento das folhas das cartas nas escalas de 1:50. 000 e 1:100. 000 das regiões centro-sul e nordeste. - 1975 a 1985 - Pode-se assegurar que foi o momento de mais intensa produção cartográfica, produto da modernização dos equipamentos e processos de produção. - 1985 – Criou-se o Ministério da Ciência e Tecnologia ao qual ficou submetida a COCAR na condição de órgão autônomo. - 1988. Lançamento do PRODES - Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia que realiza o monitoramento do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal por meio de imagens de satélites. - 1990 – Desativou-se a COCAR. Consequência de protestos da comunidade cartográfica preocupada com a manutenção da COCAR junto à SEPLAN. - 1994 – O Governo Federal designa a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR) em moldes semelhantes àqueles dos anos de 1960. Conserva a estrutura da representação ministerial com as mesmas exceções, IBGE, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 19 como provedor de apoio administrativo, e ANEA. E a subordinação regressa à área do planejamento agora no Ministério do Planejamento e Orçamento. - 2004 - Criação da divulgação dos dados do monitoramento do estado da floresta adotada pelo INPE, que permite o acesso a todos os dados gerados pelos sistemas de monitoramento. - 2007 - Lançamento do satélite CBERS 2B, o terceiro satélite da cooperação espacial Brasil-China. - 2008 - Instituída a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE. Tem por objetivo catalogar, integrar e harmonizar dados geoespaciais produzidos pelas instituições de governo brasileiras. - 2015 - Adoção do Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000), como novo sistema de referência geodésico para o Sistema Geodésico Brasileiro e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN). - 2019 - Lançamento do satélite CBERS 04A pela cooperação espacial Brasil-China. As imagens podem ser aplicadas para as áreas da agricultura, meio ambiente, vegetação, água, cartografia, geologia e educação (geração de material de apoio a atividades educacionais em geografia, meio ambiente e outras disciplinas. Diante do desenvolvimento de diversas tecnologias espaciais, Santos e Castiglione (2014) discutem a importância e os desafios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os níveis de governos em estabelecer uma política de gestão dos dados e de disponibilização e disseminação ao público. Ainda, em promover o desenvolvimento de infraestrutura de informações imprescindíveis nas áreas da saúde, educação, energia, transportes, dentre outras que dependem da infraestrutura geoespacial. REFERÊNCIAS ARCHELA. Rosely Sampaio. Síntese cronológica da Cartografia do Brasil. Portal da Cartografia. Londrina, v. 1, n. 1, maio/ago., p. 93 - 110, 2008. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/teses_ge ografia2008/artigouelroseliarchekaedison.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Usos e Aplicações. CBERS1, 2B, 3, 4 E 04A. Disponível em: http://www.cbers.inpe.br/sobre/usos_aplicacoes.php. Acesso em: 25 de mar. 2023. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/teses_geografia2008/artigouelroseliarchekaedison.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/teses_geografia2008/artigouelroseliarchekaedison.pdf http://www.cbers.inpe.br/sobre/usos_aplicacoes.php UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 20 Aula 05_Cartografia Sistemática Palavras-chave: Cartografia; relevo; curva de nível. A História da Cartografia e da representação gráfica do relevo tem uma relação direta entre a História da Geografia e da Cartografia. Podemos identificar como um corte cronológico que fizemos para chegar à Cartografia Moderna. Quanto à representação gráfica do relevo, o momento que antecede ao da chamada “Cartografia Moderna” marca a representação perspectiva, sem precisão qualquer, somente visualizando os acidentes topográficos em termos de alturas abstratas. Joly (1982) comenta que um dos papéis essenciais da Cartografia Moderna é a representação objetiva, exata e precisa das formas materiais e dos objetos reais que se localizam na superfície da terra, ou seja, das características concretas do espaço geográfico. Por ser um dos papéis primordiais da Cartografia, igualmente é uma das grandes dificuldades para se representar o relevo do terreno. Raisz (1953) fala que a dificuldade principal é de que estamos habituados a ver as montanhas de baixo e resulta estranheza sua visão vertical; mesmo não se tratando de montanhas e sim de pequenas elevações, sempre temos o campo de visão preso à escala humana (a escala do homem) e à visão horizontal (presa na linha do horizonte). As dificuldades e necessidades levam-nos à elaboração de mapas e outras representações gráficas do relevo. A elaboração de mapas deve ser antecedida de medidas precisas, destinadas a estabelecer sobre o território analisado uma rede de pontos de referência cuja posição está rigorosamente determinada sobre um Geoide. Estas medidas constituem as operações da Geodésia. Depois, o estabelecimento das operações topográficas de levantamento sobre o terreno, fotografias aéreas ou imagens de satélites e operações cartográficas propriamente proferidas. A representação gráfica do relevo deve respeitar os dados essenciais: o valor geométrico e volumétrico das massas e vertentes e o modelado topográfico. O valor geométrico é proporcionado em parte pelas cotas de altitude que são “assimiladas” para observação dos distintos pontos das redes Geodésica e Topográfica, com a precisão própria no método de levantamento. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 21 O volume e as vertentes representam-se através das curvas de nível, traçadas a uma equidistância conveniente e reduzidas quanto maior for a escala cartográfica.O modelado topográfico ou modelado de detalhe é representado de diversas formas, por meio das várias técnicas, desde a forma artística em perspectiva até sistemas mais precisos privilegiando a técnica. O relevo de uma região pode ser concebido por meio de diversas técnicas, das mais simples às mais complexas, empregando desde instrumentais simples no campo até aparelhos elaborados tanto no campo como no gabinete. Dentre as várias técnicas de representação gráfica do relevo podemos destacar: o desenho da paisagem, sistemas Lehman, Hachuras, sombreamento plástico, iluminação vertical e oblíqua, o sombreamento com traços normais, curva de nível, cores hipsométricas, curvas de nível com iluminação oblíqua, curvas horizontais de croquização, métodos estereográfico, método Tanaka Kitiro, mapas morfográficos ou fisiográficos, cartografia, perfil topográfico, bloco diagrama, método tracográfico, modelo digital de terreno, dentre outros. O campo das técnicas de representação gráfica do relevo é vasto, razão pela qual optamos por delimitar algumas representações para melhor trabalhá-las e refletir sobre sua representação. O sistema mais utilizado para representar o relevo do terreno nos mapas e cartas topográficas são as curvas de nível, que são isolinhas de valores de uma carta que exprime alturas de pontos relacionados a uma mesma superfície de referência (“Datum vertical”). As curvas de nível estão mais próximas entre si quanto mais íngreme é o terreno, aparecendo deste modo mais obscuro nas zonas íngremes do mapa. Todas as curvas de nível são horizontais e normais na direção em que corre a água. Entre as curvas de nível pode-se encontrar a cota de um ponto qualquer e o ângulo da vertente também é facilmente determinado. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 22 Figura 1 - Perfil Topográfico Fonte: Noções Básicas de cartografia. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20- %20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. Na imagem acima, podemos perceber que as curvas de nível foram demarcadas com a equidistância de 50 metros para que fosse traçado o perfil topográfico. O espaçamento entre as curvas de nível é chamado de equidistância e sua fixação depende da escala do mapa, da importância do relevo e da precisão do levantamento. Em termos gerais, as curvas de nível estão menos próximas nos terrenos planos e mais próximas nos terrenos montanhosos. As curvas de nível com https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 23 equidistâncias menores dão maior plasticidade e precisão aos mapas, porém requerem maior trabalho de campo e de gabinete. Várias técnicas de representação do relevo se prendem ao sistema das curvas de nível, funcionando como base para inúmeras representações. O emprego da curva de nível, segundo De Biasi (1972), começa com os arquitetos que trabalhavam nas construções das antigas embarcações utilizando um sistema de “curvas de nível” para mostrar as carenas de um navio. As notícias mais remotas que se conhecem sobre as curvas de nível dizem respeito ao engenheiro holandês N. Cruquius (1728) apud Martinelli (2009), que empregou as curvas de nível pela primeira vez para representar o fundo do rio Merwede, voltado para a navegação. Buache (1737) apud Martinelli (2009), empregou as curvas de nível para indicar as diferentes profundidades do canal da mancha, bem antes de as curvas serem empregadas nos mapas terrestres. Na primeira metade do séc. XVIII foi feita menção à “primeira carta da França em curva de nível”, confeccionada por Dupain-Triel (1791) apud Martinelli (2009). Por bastante tempo, estudiosos da representação gráfica do relevo não fizeram senão anotar sobre uma carta muitos pontos sem a preocupação de ligar os de igual cota. Esta técnica foi posteriormente compreendida e, com isso, analisamos melhor o relevo de uma região que antes era representada sem qualquer continuidade. O relevo é a única superfície estatística que é materializada na natureza, ao passo que as outras superfícies estatísticas não podem ser conhecidas senão por intermédio de métodos de sondagem (De Biasi 1972). Uma isolinha perde todo o seu valor se não for parte de um conjunto maior, pois isoladamente nada constitui. Ressaltamos que qualquer fenômeno só terá validade quando tiver justaposição de várias curvas. À medida que temos a continuidade do fenômeno que será representado, a própria representação gráfica deve consentir a sucessão da informação. A curva de nível força uma visualização corrente unida a uma sucessão de curvas de nível. A criação da imagem do relevo primeiramente passaria pela criação da imagem topográfica local e posteriormente correlacionada à superposição de informação. A cartografia do período moderno começou com as grandes realizações do séc. XIX e caracteriza-se pela progressiva divergência das duas grandes tendências UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 24 cartográficas que se estruturaram durante os séculos XVII e XVIII: a cartografia topográfica e a temática. Segundo Joly (1982), Essa dualidade normalmente admitida obedece a um abuso de linguagem e ao mesmo tempo uma deficiência da linguagem corrente, pois o adjetivo ‘topográfico’ tem o sentido preciso de representação exata e detalhada de um lugar e ‘temático’, tem o significado vago e bastante polêmico. Essa confusão prende-se ao fato de que todo mapa, até mesmo o topográfico, elucida um ‘tema”, porém o vocábulo “temático” considera todo o mapa cuja intenção seja distinta da puramente topográfica. Para Oliveira (1993), a cartografia topográfica é a “parte da cartografia relativa ao planejamento, execução e impressão de cartas topográficas”. O que diferencia a cartografia topográfica da temática são os objetivos particulares, os métodos e técnicas aplicadas na construção e a formação e qualificação dos profissionais encarregados de realizá-las. Para Raisz (op.cit), o mapa é uma percepção mais elementar, uma representação convencional da superfície da Terra vista de cima e reúne elementos para identificação dos detalhes mais importantes. Contudo, ao ponderar sobre mapas topográficos, estamos nos referindo a elementos específicos de identificação a serem representados. Joly (1982) define mapas topográficos como “uma representação exata e detalhada da superfície terrestre, referente à posição, forma, dimensões e identificações dos acidentes do terreno, assim como dos objetos concretos que se encontram permanentemente sobre ela”. Os mapas topográficos são mapas utilitários no qual podemos identificar todos os elementos imediatamente visíveis na paisagem e realizar medidas precisas de ângulos, distâncias, diferentes níveis e áreas. A exatidão das medidas varia com a escala. A linguagem técnica cartográfica só considera mapas topográficos os que possuem escala entre 1:10.000 e 1:100.000. Quando confrontamos a definição de Joly e as características de um mapa topográfico, podemos apreender a fala de Moreira (1996) “a Geografia leu o mundo frente a paisagem, através da representação”. Este mesmo autor nos faz refletir e nos questionar se a Geografia leu e/ou lê o mundo como se estivesse lendo uma carta topográfica. Moreira também nos chama a atenção para o sentido descritivo e geometrismo de nossa cartografia, do nosso instrumental geográfico de análise do http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/page/view.php?id=35728 UNIVERSIDADE METROPOLITANADE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 25 mundo, resultando na redução do espaço ao espaço do tempo, um espaço estático e preso a cronologias. REFERÊNCIAS DE BIASI, Mário. Tipologia de sítios urbanos do Vale do Paraíba (SP). Estudos de Cartografia Geográfica por cartas de declividade. Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 1972. IBGE. Noções Básicas de Cartografia. Rio de Janeiro. 1999. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20- %20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf. Acesso em: 25 de mar. 2023. JOLY, F. La cartografia. Barcelona: Editora Ariel S/A, 1982. MARTINELLI, Marcello. Relevo do Estado de São Paulo. Revista Franco Brasileira de Geografia. n. 7. 2009. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/6168?lang=fr. Acesso em: 26 de mar. 2023. MOREIRA, R. Repensando a Geografia. In: SANTOS, M. (Org.). Novos Rumos da Geografia Brasileira. 5. ed. São Paulo: Hucitec, 1996, pp.35 a 49. OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico. 4. ed., IBGE, Rio de Janeiro, 1993. RAISZ. Erwin. Cartografia General. Barcelona: Ediciones Omega, 1953. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf https://journals.openedition.org/confins/6168?lang=fr UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 26 Aula 06_Escala Cartográfica Palavras-chave: Escala cartográfica; escala numérica; escala gráfica. A escala cartográfica é a relação que existe entre a distância de dois pontos quaisquer do mapa com a correspondente distância na superfície da Terra. Explanada, em geral, por fração, constitui que essa fração representa a relação entre as distâncias lineares da carta e as mesmas distâncias da natureza, ou melhor, é uma fração em que o numerador (sempre a unidade) representa uma distância no mapa e o denominador a distância correspondente no terreno, tantas vezes maior, na realidade, quanto indica o valor representado no denominador. Se, por exemplo, a escala é de 1: 50.000, determinamos que qualquer medida linear na carta é, no terreno, 50.000 vezes maior. Se, na mesma carta, tomarmos uma distância de dois centímetros, esta corresponderá, no terreno, a 100.000 centímetros, que são iguais a 1000 metros, ou seja, 1 km. Classificação das escalas As escalas podem ser classificadas em numéricas e gráficas e podem ser diferenciadas pela denominação de escala grande e escala pequena: a) Escala numérica A numérica vem representada pelo enunciado da própria fração, utilizando a linguagem matemática. A forma de representação no Brasil e na maioria dos países é, por exemplo, 1: 100.000. Uma escala numérica tem a grande vantagem de informar imediatamente o número de reduções que a superfície real sofreu. Por sua vez, é imprópria para reproduções de mapas através de processos fotocopiadores quando há uma ampliação ou uma redução do original (Figura 2). b) Escala gráfica A escala gráfica utiliza-se da linguagem gráfica e é representada por um segmento de reta graduado. Usando-se a escala gráfica, poderemos medir diretamente no mapa quaisquer distâncias no terreno na medida representada. Ainda poderá existir, além das divisões da parte direita do zero, subdivisões ao lado esquerdo do zero a fim de realizar aproximações. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 27 Figura 2 - Diferentes escalas gráficas e numéricas. Fonte: Atlas geográfico escolar. IBGE. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. c) Escala maior ou escala menor? As diferentes escalas cartográficas indicam maior ou menor redução. Em razão disso, são usadas as expressões Escala Maior e Escala Menor para fazer comparações entre várias escalas. Uma escala será maior quando indicar menor redução. Por sua vez, uma escala será menor quando indicar mais redução. Na relação de escalas a seguir, a maior será 1:5.000 e a menor será 1:5.000.000: 1:5.000 (maior) 1:50.000 1:500.000 1:5.000.000 (menor) UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 28 Figura 3 - Exemplos de mapeamentos em escalas diferentes de uma mesma região. Fonte: Atlas geográfico escolar. IBGE. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2023. d) Entendendo a escala cartográfica Na utilização de mapas, surgem alguns problemas. Em geral, eles se aludem a três elementos: a medida do terreno (D), a medida no mapa (d) e o denominador da escala (E). Eis as relações: a) Conhecidas a distância no terreno (D) e a escala (E), determinar a distância no mapa (d). Partindo da fórmula básica, temos: E = D / d, ou seja, d = D / E; Exemplo: Dada uma situação hipotética em que a escala utilizada no mapa é de 1:100.000 e a distância real, 10 km, é possível encontrar a distância no mapa em cm. Primeiro, devemos fazer a transformação na mesma unidade de medida. Se for medido em cm, transformar 10 km em cm, utilizando a tabela que segue abaixo. 10 km é o mesmo que 1.000.000 cm. d = D / E d = 1.000.000 / 100.000 d = 10 cm UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 29 Portanto, é preciso traçar uma reta de 10 cm no mapa para representar 10 km. b) conhecidas a distância no mapa (d) e a escala (E), determinar a distância no terreno (D). Partindo da fórmula básica, temos: E = D / d, ou seja, D = E x d; Exemplo: Dada a suposição que temos um mapa com escala 1: 100.000 e com distância entre dois pontos medindo 8 cm, é preciso saber qual a distância real em km. D = E x d D = 100.000 x 8 D = 800.000 Como foi medido em Km, devemos transformar, utilizando a tabela que segue abaixo, sendo que o resultado será de 8 km, portanto a distância real do terreno é de 8 km. c) conhecidas a distância no terreno (D) e a distância no mapa (d), determinar a escala (E). Partindo da fórmula básica, temos: E = D / d, ou se preferir E = D: d. Exemplo: Partindo de uma situação em que a distância linear, entre uma cidade e outra, é de 100 km e ela foi representada no mapa por 10 cm, temos que encontrar a escala utilizada. O primeiro passo é, portanto, transformar na mesma unidade 100 km em cm, o que, utilizando a tabela abaixo, resultará em 10.000.000 cm. O segundo passo é aplicar a fórmula: E = D / d E = 10.000.000 / 10 E = 1.000.000 Portanto, a escala é de 1: 1.000.000 Quando é preciso transformar as unidades de medida, temos que ter em mente a tabela abaixo: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 30 Figura 4 - Unidades de medida. REFERÊNCIAS IBGE. Atlas Escolar. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos- gerais/o-que-e-cartografia/escala.html. Acesso em: 26 de mar. 2023. https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/escala.html https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/escala.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 31 Aula 07_Generalização e Simbolização Cartográfica Palavras-chave: Generalização cartográfica; simbolização cartográfica; símbolos. Keates (1989) comenta que a generalização toma lugar no contexto do projeto do mapa ao reunir as necessidades do usuário. A generalização cartográfica consiste em simplificar os dados contidos no mapa para torná-lo mais legível ecompreensível. O processo de seleção na operação de generalização é fundamental na produção do mapa, pois devemos considerar as variáveis mais apropriadas para a representação do espaço geográfico desejado. O processo de seleção é crítico e pode envolver o trabalho com o autor do mapa ou o usuário. A atividade de seleção requer do cartógrafo o mínimo de familiaridade com o conteúdo do mapa. Por exemplo, o mapa topográfico visa dar uma representação completa do terreno, incluindo detalhes culturais e naturais; já no caso do mapa temático (ex.: mapa geológico), os detalhes culturais são menos importantes e somente aqueles necessários à orientação deverão ser mostrados. Um dos processos mais importantes da generalização é a aplicação da simplificação, quando as feições precisam ser mostradas, contudo as que são muito pequenas ou muito complexas para aparecerem em amplo detalhe devem ser simplificadas. A escala é o principal fator envolvido. Este processo é muito usado em linhas e bordas, por exemplo, uma linha reta permanecerá reta, porém poderá diminuir seu tamanho; já uma linha altamente irregular sofrerá uma redução progressiva no comprimento e suas pequenas irregularidades serão removidas. Bos (1984) argumenta que um mapa representa feições ou fenômenos por símbolos, que é uma categoria particular dos signos. A representação humana, a expressão e a comunicação são concretizadas por meio do uso de signos. Com signos é possível referir, descrever e organizar conceitos. O mais desenvolvido e universalmente empregado sistema de signos é aquele da linguagem que parece ser básico para todas as formas de expressão humana e comunicação. Signos que são utilizados graficamente em um espaço bidimensional preparado operam de modo distinto da usada na linguagem verbal. Embora o termo "linguagem" seja comumente empregado para se referir a qualquer sistema de signos, as diversidades entre descrição verbal e gráfica são mais importantes do que suas similaridades. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 32 Tais símbolos, também mencionados como signos convencionais, agem por classificação, isto é, eles juntam ocorrências individuais ou feições dentro dos grupos de acordo com determinadas características que eles todos participam. O grupo de símbolos representando distintos tipos e classes de rodovias podem distinguir entre rodovias em tempo regular e rodovias para qualquer tempo (uma diferença física na construção e na superfície), pela colocação em uma hierarquia de rodovias (uma classificação de valor), pelo número de pistas (uma taxa numérica) ou pela largura da rodovia (uma classificação por dimensão física), ou geralmente um ajuste de todos estes fatores. É importante que os fatores empregados na classificação sejam adequados para a informação e função; não se são qualitativos ou quantitativos. De acordo com suas características dimensionais, os símbolos cartográficos podem ser classificados como: • Símbolos Pontuais: utilizados para indicar a localização e identificação ou outra característica da feição de pequenas extensões territoriais com relação à escala do mapa; o aspecto da escala é importante; • Símbolos Lineares: usados sempre que a feição a ser apresentada tenha característica linear, tais como ruas, estradas de ferro e rios; outros casos são as linhas usadas como limite, que podem ser consideradas como parte de uma área e incluem, por exemplo, limites de florestas, linhas costeiras de lagos; • Símbolos de Área: utilizados para representar feições de áreas admiravelmente amplas, novamente, em relação à escala do mapa. A forma e superfície do símbolo área são, é claro, determinados pelas propriedades da feição no terreno e a escala do mapa. De acordo com a forma, os símbolos cartográficos são comumente agrupados em 3 categorias principais: • Símbolos Pictóricos ou Descritivos: de acordo com Bos (1984), os símbolos pictóricos são símbolos que de um modo realista ou simplificado, estilizado, representam o que devem significar. A Figura 5., mostra vários exemplos de símbolos pictóricos que podem ser utilizados para representação cartográfica. Comparado com os símbolos de uma simples forma circular ou quadrada, os símbolos pictóricos são antes espaciais, isto é, eles ocupam usualmente um espaço grande no mapa. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 33 Em geral, pode-se dizer que quão menos os símbolos pictóricos são generalizados, mais espaço ele ocupa. Em um mapa de escala 1:100.000 um símbolo de 5 x 5 mm ocupa na realidade uma área de 500 x 500 m, que é possivelmente maior que a dimensão da feição real. Consequentemente, outros detalhes não podem ser mostrados no lugar, pois devem ser cobertos pelo símbolo pictorial e isso não deve fundamentalmente ser qualificado como uma desvantagem do símbolo pictorial. Figura 5 - Símbolos Pictóricos Fonte: Bos (1984) • Símbolos Geométricos ou Abstratos: segundo Bos (1984), os símbolos geométricos possuem formato regular tal como um círculo, um quadrado, um triângulo, um hexágono etc. A Figura 6 mostra exemplos de símbolos formados geometricamente. Quando olhamos esses símbolos, fica nítido que nenhum sentido claro pode estar ligado a eles. Contrariamente aos símbolos pictóricos, não há similaridade com a feição, um círculo pode representar uma cidade no mapa, em outros pode representar uma torre, uma parada, um buraco, o lugar de uma indústria etc. Por conseguinte, símbolos geométricos geralmente têm que ser explicados na legenda do mapa. Muitos símbolos geométricos são relativamente fáceis de desenhar e geralmente vários tipos estão disponíveis como símbolos de transferência em folhas feitas comercialmente, podem existir nos templates ou são incorporados nos instrumentos de marcação de fototipo. Com respeito à localização deles no mapa, pode ser dito que símbolos geométricos têm exatidão relativamente adequada na posição deles, até o ponto em que o centro dos símbolos concorda com a localização exata. Por causa da sua forma geométrica, é simples para o usuário idealizar o ponto central e deste modo a sua localização. Inversamente dos UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 34 símbolos pictóricos, os símbolos geométricos, devido a sua forma irregular e simples, não ocupam grande espaço no mapa e, assim, não cobrem outros detalhes (depende da escala do mapa). Símbolos geométricos podem ser aplicados para informação de localização de pontos, de uma extensão em forma de linha ou uma distribuição de área. Figura 6 - Símbolos Geométricos Fonte: Bos (1984) • Símbolos Alfanuméricos: o terceiro grupo de símbolos são aqueles compostos de letras e números. Frequentemente, abreviaturas são empregadas para dar a identificação das feições peculiares. Uns destes podem ser localizados em mapas topográficos e em plantas de cidades. Códigos de letras e números são comumente utilizados nos mapas de recursos naturais, por exemplo, mapas de solo, mapas geológicos, mapas de vegetação para explicar símbolos de áreas complexas ou até dar informações adicionais. Muitas vezes, letras e números são coloridos, entretanto, às vezes, diversas cores são utilizadas nos mapas, portanto as diferenças entre eles serão muito pequenas e o usuário terá que conferir a legenda sempre. Uma letra ou um número pode ajudar na leitura do mapa. Quando aplicado a áreas, a localização de símbolos alfanuméricos não necessita ser extremamente exata. Em amplas áreas o símbolo pode ser repetido; em pequenas áreas não há muito espaço para símbolos, logo este tem que ser posto fora da área indicado por uma reta ou uma linha fina. Quando aplicado à informação pontual, a localização do símbolo letra ou número não é exato e na maioria das vezes é o própriosímbolo pontual. Exemplo: Um símbolo em forma de um círculo pequeno ou triângulo marca sua própria posição. Na observação anteriormente feita com respeito aos símbolos alfanuméricos interessa de fato que estes não sejam os únicos elementos compostos UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 35 por letras e números no mapa. As letras são amplamente aplicadas na maioria dos mapas geográficos como nomes de cidades, vilas, montanhas, rios etc. Considerando os prós e os contras dos símbolos alfanuméricos, podemos dizer: • são na maioria fáceis de entender; • são fáceis de produzir; • a legibilidade pode ser afetada por outro texto no mapa; • a qualidade da localização nem sempre é boa. REFERÊNCIAS BOS, E. S. Cartographic symbol design. 1984. KEATES, J. S. Cartographic Design and Production. 2 ed. London: Longman, 1989. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 36 Aula 08_Séries Cartográficas Palavras-chave: Séries cartográficas; escala cartográfica; carta. Uma série cartográfica se constitui como a sistematização de um conjunto de mapas, objetivando definir a padronização de sua representação. Essa sistematização é necessária quando a escala utilizada não é capaz de abarcar toda a região a ser mapeada, seja um estado, um país ou até o mundo todo, quando então a área será coberta por várias folhas. Do dicionário cartográfico temos: "Série (cartográfica). Conjunto de folhas de formato uniforme e na mesma escala, com título e índice de referência, cobrindo uma região, um Estado, um País, um continente ou o globo terrestre. Em geral, usa-se, abreviadamente, série”. Sistematização das séries cartográficas pelo IBGE a) Mapeamento topográfico. Mapeamento sistemático de caráter permanente atualizado periodicamente em diferentes escalas. A coletânea de cartas abrange ampla parte do território nacional. Neste mapeamento foram concebidas as informações relativas tanto aos aspectos físicos do terreno, como hidrografia, vegetação e relevo, como aos aspectos culturais, como obras públicas e edificações, rodovias, ferrovias e aeroportos. Contém, também, a toponímia dos acidentes geográficos e pontos de controle geodésicos usados no mapeamento. b) Carta internacional do mundo ao milionésimo - Projeção policônica. Editada pela primeira vez em 1909 pelo Clube de Engenharia, passando em 1939 para a responsabilidade do IBGE. A edição da primeira folha ocorreu em 1948. A coleção de 46 folhas abrange todo o território nacional e é editada decenalmente. c) Cartas topográficas Escala 1: 250.000. Projeção Universal Transversa de Mercator - UTM. Editada a partir de 1949. Interrompida na década de 1950, sua edição foi reiniciada em 1972. A coleção de folhas abrange 80,72% do território nacional. Escala 1: 100.000. Projeção UTM. Principiada em 1908 pela Comissão da Carta Geral do Brasil. Foi editada a partir de 1965 pelo IBGE. A coleção de folhas abrange 75,39% do território nacional. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 37 Escala 1:50.000. Projeção UTM. Teve início em 1922 pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do Exército. Editada a partir de 1963 pelo IBGE. A coleção de folhas abrange 13,9% do território nacional. Escala 1: 25.000. Projeção UTM. Editada a partir de 1984 pelo IBGE. A coleção de folhas abrange o Distrito Federal e parte do Estado de Goiás e das regiões Nordeste e Sul. d) Carta planimétrica Escala 1:250.000. Projeção UTM. 1973-1978. Criada pelo extinto Projeto RADAMBRASIL, com apoio em interpretação de mosaicos semicontrolados de imagem de radar, na escala 1: 250 000 fotos multiespectrais e trabalhos de campo. O conjunto de folhas abrange parte das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. e) Carta imagem de radar Escala 1: 250.000. Projeção UTM. 1978-1983. Preparada pelo extinto Projeto RADAMBRASIL e impressa pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do Exército, com base em interpretação de mosaicos semicontrolados de imagem de radar, na escala 1: 250 000 fotos multiespectrais e trabalhos de campo. Conjuga elementos cartográficos planimétricos com a imagem de radar, o que ressalta o relevo. Algumas folhas oferecem altimetria. A coleção de folhas compreende parte das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. A Carta internacional ao milionésimo Uma das séries mais empregadas pelos geógrafos é a da Carta Internacional do Mundo (CIM) ou Carta do Mundo ao Milionésimo, da qual se derivou a Carta do Brasil ao Milionésimo. Faz parte de um plano mundial que teve origem numa convenção internacional, realizada em Londres, Inglaterra, no mês de novembro de 1909, quando se estabelece padrões técnicos para a confecção de folhas na escala de 1:1.000.000 (daí a expressão milionésimo), cobrindo boa parte da superfície terrestre. As dimensões das folhas foram fixadas em 6 graus de longitude por 4 graus de latitude. Padronização da CIM A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo instituiu o seguinte para organização padrão das folhas: 1) Forma das folhas com 6 graus de longitude por 4 graus de latitude; 2) Código para designação e localização das folhas composto por um conjunto de UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 38 letras e números. As letras são S e N para indicar a localização da folha, simultaneamente, no hemisfério sul ou norte. Depois, decorrem as letras maiúsculas de A até V para sugerir a faixa de quadrículas por latitude. A letra A, por exemplo, recomenda a primeira faixa, ou seja, aquela que fica após o equador, entre 0 e 4 graus de latitude, seja para norte ou para sul. A letra B indica a faixa dois, que vai de 4 a 8 graus de latitude e assim por diante. Quanto aos números, que vão de 1 a 60, advertem as zonas de longitude de 6 graus que partem do meridiano de 180 graus (antimeridiano de Greenwich) na direção oeste-leste; zonas da carta internacional do mundo (carta do mundo ao milionésimo). 3) O país criador da folha nomeia uma identificação, que é, normalmente, de um acidente geográfico considerado importante dentro da quadrícula; 4) Os meridianos e paralelos são traçados de grau em grau; 5) A moldura interior precisará ter uma subdivisão com equidistância de 5 minutos abrangendo cada folha; 6) Do ângulo noroeste para leste, são implantados números romanos de 1 a 12, no interior de um círculo, com espaçamento de 30 minutos; na direção da latitude, são colocadas letras de "a" a "h". No indicador dos Topônimos da Carta do Brasil ao Milionésimo são indicados os acidentes geográficos de acordo com as coordenadas compostas por essas letras e números. Desdobramento das folhas A Carta do Brasil ao Milionésimo é desdobrada em folhas com outras escalas que igualmente são consideradas oficiais. Uma folha na escala de 1: 1.000.000, com dimensões de 4 graus de latitude por 6 graus de longitude, desdobrando em outras quatro folhas de 2 graus de latitude por 3 graus de longitude, na escala de 1:500.000. Qualquer uma dessas últimas quatro folhas desdobra-se novamente em outras quatro de 1 grau de latitude por 1 grau e 30 minutos de longitude na escala de 1: 250.000. E estas se desdobram em outras seis na escala de 1:100.000, denominadas em algarismos romanos. Essas seis folhas podem ser desdobradas em outras quatro, cada uma, na escala de 1: 50.000 e ainda podem desdobrar em outras quatro na escala de 1: 25.000. Finalmente, estas folhas são divididas em outras seis na escala de 1:10.000. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Ensino a Distância 39 Figura 7 - Nomenclatura das cartas do mapeamento sistemático. Fonte: Noções Básicas de Cartografia. IBGE. Disponível em