Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
1 NEGÓCIO JURÍDICO E SEUS ELEMENTOS ............................................... 5 
1.1 Espécies de Fatos Jurídicos ................................................................. 5 
1.1.1 Atos lícitos ...................................................................................... 7 
1.1.2 Atos ilícitos ..................................................................................... 8 
2 NEGÓCIO JURÍDICO ..................................................................................... 9 
2.1 Modos de aquisição de direitos .......................................................... 10 
3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ....................... 12 
3.1 Requisitos de existência ..................................................................... 14 
3.1.1 Declaração de vontade ................................................................. 15 
3.1.2 Capacidade do agente ................................................................. 18 
3.1.3 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável ................... 18 
3.1.4 Forma: .......................................................................................... 19 
4 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................... 19 
4.1.1 Erro ou ignorância ........................................................................ 20 
4.1.2 Dolo .............................................................................................. 21 
4.1.3 Coação ......................................................................................... 23 
4.1.4 Lesão ............................................................................................ 24 
4.1.5 Estado de perigo .......................................................................... 26 
 
4.1.6 Simulação ..................................................................................... 27 
4.1.7 Fraude contra credores ................................................................ 29 
5 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ..................................................... 33 
6 ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO .............................. 38 
6.1 Condição ............................................................................................ 39 
6.2 Termo ................................................................................................. 43 
6.3 Encargo .............................................................................................. 45 
7 REFERÊNCIAS: ........................................................................................... 46 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
 O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e 
todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em 
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que 
serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos!
 
5 
 
1 NEGÓCIO JURÍDICO E SEUS ELEMENTOS 
Com o advento do Código Civil de 2002, a expressão fato jurídico deu lugar ao 
instituto chamado Negócio Jurídico, diante disso GONÇALVES (2021) traz o conceito 
de fato jurídico onde diz que fatos jurídicos são todos os fatos que produzirem efeitos 
jurídicos, assim somente o acontecimento da vida relevante para o direito é capaz de 
produzir fato jurídico. 
Diante desse conceito conclui-se que todo fato, para ser considerado jurídico, 
deve passar por um juízo de valoração, sendo que Fato Jurídico em sentido amplo é, 
portanto, todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante 
no campo do direito. (GONÇALVES, 2021) 
1.1 Espécies de Fatos Jurídicos 
 
Fonte: GONÇALVES, 2021. p. 472 
 
6 
 
De acordo com GONÇALVES (2021) os fatos jurídicos em sentido amplo 
podem ser classificados em: fatos naturais ou fatos jurídicos stricto sensu; e fatos 
humanos ou atos jurídicos lato sensu. Decorrendo os primeiros de simples 
manifestação da natureza e os segundos da atividade humana. 
Assim, os fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido 
estrito, dividem -se em: ordinários, como o nascimento e a morte, que constituem 
respectivamente o termo inicial e final da personalidade, tal qual a maioridade, assim 
como o decurso do tempo, todos de grande importância, bem como extraordinários, 
que se enquadram, em geral, na categoria do fortuito e da força maior: terremoto, raio, 
tempestade etc. 
Relativamente aos fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo são 
ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos os quais 
dividem -se em: 
 Lícitos: atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo 
agente, os quais são praticados em conformidade com o ordenamento 
jurídico, que produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo 
agente; 
 
 Ilícitos: por serem praticados em desacordo com o prescrito no 
ordenamento jurídico, os quais repercutam na esfera do direito, 
produzindo efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse 
ordenamento. 
Criando direito, deveres e obrigações, onde se admite que os atos ilícitos 
integram a categoria dos atos jurídicos pelos efeitos que produzem (são definidos no 
 
7 
 
art.186 e geram a obrigação de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do 
CC). 
1.1.1 Atos lícitos 
GONÇALVES (2021) explica que relativamente aos atos lícitos eles se dividem 
em: 
 Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; (Nesses dois exige-
se a manifestação de vontade). 
 
 Negócio jurídico; e ato -fato jurídico. 
 Em relação ao negócio jurídico, em um contrato de compra e venda, por 
exemplo, a ação humana visa diretamente alcançar um fim prático permitido na lei, 
dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. 
 Diante disso faz-se necessário uma vontade qualificada, sem vícios, onde, no 
ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade está 
predeterminado na lei, como ocorre com a notificação, que constitui em mora o 
devedor, o reconhecimento de filho, a tradição, a percepção dos frutos, a ocupação, 
o uso de uma coisa etc., não havendo, por isso, qualquer dose de escolha da categoria 
jurídica. (GONÇALVES, 2021) 
Em função disso a razão pela qual nem todos os princípios do negócio jurídico, 
como os vícios do consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, aplicam 
-se aos atos jurídicos em sentido estrito não provenientes de uma declaração de 
vontade, mas de simples intenção em acordo com o art. 185, do CC/02. (BRASIL, 
2002) 
 
8 
 
Quanto ao ato -fato jurídico, ressalta -se a consequência do ato, onde o fato 
resultante, sem levar em consideração a vontade de praticá-lo. 
Dessa forma muitas vezes, o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo 
agente, o qual decorre de uma conduta que é sancionado pela lei, como no caso da 
pessoa que acha, casualmente, um tesouro. 
GONÇALVES (2021) explica que a conduta do agente não tinha por fim 
imediato adquirir-lhe a metade, onde essa conduta acaba ocorrendo, conforme 
estabelece o disposto no art. 1.264 do Código Civil/2002,ainda que se trate de um 
absolutamente incapaz. 
 De modo que certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar 
em consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, demandando 
apenas o ato material de achar. 
Onde, o louco, pelo simples achado do tesouro, torna -se proprietário de parte 
dele, assim, essas ações são denominadas pela doutrina atos -fatos jurídicos, 
expressão divulgada por Pontes de Miranda. 
 
1.1.2 Atos ilícitos 
Como já mencionado, os atos ilícitos, por serem praticados em discordância 
com o prescrito no ordenamento jurídico, em vez de direito, criam deveres, 
obrigações. 
Assim o ato ilícito é fonte de obrigação, a exemplo a de indenizar ou ressarcir 
o prejuízo causado, uma vez praticado com infração a um dever de conduta, por meio 
 
9 
 
de ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para 
outrem conforme os arts. 186 e 927 CC/02. 
2 NEGÓCIO JURÍDICO 
GONÇALVES (2021) traz em seu livro um conceito de Miguel REALE sobre 
Negócio Jurídico, onde ele ensina que tais atos “não se confundem com os atos 
jurídicos em sentido estrito, nos quais não há acordo de vontade, como, por exemplo, 
se dá nos chamados atos materiais, como os da ocupação ou posse de um terreno, a 
edificação de uma casa no terreno apossado etc. Um contrato de compra e venda, ao 
contrário, tem a forma específica de um negócio jurídico. ” 
Ainda a Lei n. 13.874/2019, em seu art. 421 versa: “A liberdade de contratar 
será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da 
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual”. (BRASIL, 2019) 
 Complementa o art. 421 - A: Os contatos civis e empresariais presumem-se 
paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o 
afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis 
especiais, garantido também que: 
I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de 
resolução; 
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; 
e 
 
10 
 
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada” 
(BRASIL, 2019) 
Para finalizar o art. 422 versa: Os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-
fé. (BRASIL, 2019) 
A finalidade no negócio jurídico, é relativo a manifestação da vontade e tem 
finalidade negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção 
de direitos. 
Ainda STOLZE, PAMPLONA (2020) traz o seguinte conceito de negócio 
jurídico: 
Negócio jurídico é a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus 
pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir 
efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente. 
(STOLZE, 2020. p. 232) 
 
O art. 113 do CC/2002 traz o seguinte conceito: Os negócios jurídicos devem 
ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (BRASIL, 
2002) 
2.1 Modos de aquisição de direitos 
Podendo de acordo com o que entende GONÇALVES (2021) a aquisição de 
um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular, ser: 
 Originária: quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular, a 
exemplo do que ocorre, por exemplo, na ocupação de coisa sem dono 
 
11 
 
(res derelicta ou res nullius conforme o art. 1.263, CC/02) e na avulsão 
de acordo com o art. 1.251, do CC/2002); 
 
 Derivada: quando decorre de transferência feita por outra pessoa. Nesse 
caso, uma vez que ninguém é capaz de transferir mais direitos do que 
possui, o direito é adquirido com todas as qualidades ou defeitos do título 
anterior. 
A aquisição se fundamenta numa relação existente entre o sucessor e o 
sucedido. 
GONÇALVES (2021) elenca a aquisição como: 
 Gratuita: quando só o adquirente aufere vantagem, como acontece na 
sucessão hereditária; 
 
 Onerosa: quando se exige do adquirente uma contraprestação, 
possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios, como 
ocorre na compra e venda e na locação. 
Já em relação à sua extensão, a aquisição pode ser, a título singular como a 
que ocorre no tocante a bens determinados, ou em relação ao comprador, na 
sucessão inter vivos, bem como em relação ao legatário, na sucessão causa mortis; 
o qual a título universal que é quando o adquirente sucede o seu antecessor na 
totalidade de seus direitos, como se dá com o herdeiro. 
 
12 
 
3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Fonte: STOLZE, PAMPLONA, 2020. p. 236 
 
STOLZE, PAMPLONA (2020) preleciona a respeito dos elementos constitutivos 
do negócio jurídico no plano de existência, são eles: existência, validade e eficácia. 
Relativamente a existência de um negócio jurídico exige-se, para que seja 
considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos, quanto a validade 
entende-se o fato de um negócio jurídico ser considerado existente, ou seja, com 
aptidão legal para produzir efeitos. 
Já a eficácia, ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido, 
ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção 
imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da 
declaração. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
 
13 
 
Para GONÇALVES (2021) os elementos constitutivos do negócio jurídico são 
indispensáveis à sua existência a exemplo da declaração de vontade nos negócios 
em geral (art. 482, CC/2002). 
Ainda existem os elementos naturais os quais são as consequências ou efeitos 
que decorrem da própria natureza do negócio, não havendo a necessidade de 
expressa menção. 
Podendo ainda ser afastadas por estipulação contrária, por exemplo, a 
responsabilidade do alienante pelos vícios redibitórios, conforme o art. 441 do CC/02 
e pelos riscos da evicção de acordo com o art. 447 do CC/02, bem como o lugar do 
pagamento, quando não convencionado em consonância com o art. 327 do CC/02. 
Ainda os elementos acidentais, que consistem em estipulações acessórias, 
onde as partes podem facultativamente adicionar ao negócio para modificar alguma 
de suas consequências naturais, como a condição, o termo e o encargo ou modo 
conforme institui o Código Civil de 2002 em seus arts. 121, 131 e 136. 
Ainda conforme supracitado os elementos de existência, de validade e de 
eficácia do negócio jurídico. 
Para que exista o negócio jurídico faz-se necessário que ele possua todos os 
elementos estruturais que constituem o negócio jurídico, se faltar um desses 
elementos o negócio jurídico se torna inexistente. 
Não podendo ser nulo ou eficaz, mas inexistente uma vez que o mesmo nunca 
existiu no mundo jurídico. 
Já em relação a validade do negócio jurídico, o ato existente deve passar por 
uma triagem devendo ser observado a sua regularidade para que possa ingressar no 
 
14 
 
plano da validade, onde deverá ser verificado se está perfeito ou se encontra com 
algum vício ou defeito que venha inviabilizar o negócio jurídico. 
 O preenchimento de certos requisitos fáticos; 
 A capacidade do agente; 
 A licitude do objeto, bem como 
 A forma prescrita em lei, 
Os quais são requisitos indispensáveis para dar validade ao ato, uma vez que 
mesmo a invalidade pressupõe como essencial a existência do fato jurídico. Podendo 
assim, existir e não ser válido. 
Diante disso o plano da validade é um dos requisitos do negócio jurídico, sendo 
condição necessária para o alcance de certo fim. 
Quando se fala em eficácia, observa-se que pode o negócio jurídico existir, ser 
válido, mas não ter eficácia, por não ter ocorrido ainda, o implemento de uma condição 
imposta. 
Sendo, o plano da eficácia o localonde os fatos jurídicos produzem os seus 
efeitos, tornando possível que o negócio seja existente e inválido, porém eficaz, como 
sucede na hipótese de casamento anulável celebrado de boa-fé, o qual embora 
inválido, gera todos os efeitos de um casamento válido para o cônjuge de boa-fé, 
conforme institui o art. 1.561 do CC/2002. 
3.1 Requisitos de existência 
 
Quando se fala em requisitos de existência do negócio jurídico os seus 
elementos estruturais, são os que se seguem: declaração de vontade; finalidade 
 
15 
 
negocial; idoneidade do objeto, assim, faltando qualquer um destes conforme 
mencionado acima o negócio se torna inexistente. 
3.1.1 Declaração de vontade 
A declaração de vontade é pressuposto básico do negócio jurídico, 
imprescindível que se exteriorize, sendo do ponto de vista do direito, somente a 
vontade que se exterioriza considerada suficiente para compor suporte fático de 
negócio jurídico. (GONÇALVES, 2021) 
A declaração de vontade se trata de um elemento de caráter subjetivo, o qual 
se revela por meio da declaração, constituindo assim requisito de existência do 
negócio jurídico. 
Tendo, de acordo com o princípio da autonomia da vontade, os indivíduos de 
direito liberdade para de acordo com a lei, celebrar negócios jurídicos, criando direitos 
e contraindo obrigações. 
No entanto o princípio da autonomia da vontade se encontra limitado pelo 
princípio da supremacia da ordem pública, e do interesse social, interferindo assim o 
Estado nas manifestações de vontade, com o objetivo de evitar a opressão dos 
economicamente mais fortes sobre os mais fracos. 
Ainda segundo o princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt 
servanda), uma vez havendo a manifestação de vontade, obriga o contratante, uma 
vez que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo Judiciário. 
O princípio da obrigatoriedade dos contratos destina-se também a dar 
segurança aos negócios em geral, podendo ser opostos o princípio da revisão dos 
contratos ou da onerosidade excessiva conforme institui o CC/ 2001 em seu art. 478, 
 
16 
 
baseado na cláusula rebus sic stantibus, como também na teoria da imprevisão que 
autoriza o recurso ao Judiciário, com o objetivo de se pleitear a revisão dos contratos, 
mediante a fatos extraordinários e imprevisíveis. (GONÇALVES, 2021) 
Podendo ainda a manifestação da vontade pode ser: expressa; tácita; e 
presumida. 
a) Expressa: se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, e, ainda por gestos, 
sinais ou mímicas, de modo explícito, dessa forma, possibilitando o 
conhecimento imediato da intenção do agente. 
 
b) Tácita: essa espécie de declaração da vontade se revela pelo comportamento 
do agente, podendo ser comumente deduzida da conduta da pessoa a sua 
intenção, a exemplo da aceitação da herança, que se infere da prática de atos 
próprios da qualidade de herdeiro conforme o art. 1.805 do CC/02, bem como 
da aquisição de propriedade móvel pela ocupação de acordo com o art. 1.263 
do CC/2002. 
 
Obs: Nos contratos, a manifestação da vontade só pode ser tácita quando a lei 
não exigir que seja expressa. 
 
c) Presumida: é a declaração que não foi realizada expressamente, mas que a lei 
deduz de certos comportamentos do agente, acontecendo conforme cita 
GONÇALVES (2021): 
 
(...) presunções de pagamento previstas nos arts. 322, 323 e 324 do Código 
Civil, de aceitação da herança quando o doador fixar prazo ao donatário para 
declarar se aceita ou não a liberalidade e este se omitir (art. 539) e de 
aceitação da herança quando o herdeiro for notificado a se pronunciar sobre 
 
17 
 
ela em prazo não maior de trinta dias e não o fizer (art. 1.807). Difere a 
manifestação presumida da vontade da tácita, porque aquela é estabelecida 
pela lei, enquanto esta é deduzida do comportamento do agente pelo 
destinatário. As presunções legais são juris tantum, ou seja, admitem prova 
em contrário. Destarte, pode o agente elidi-las, provando não ter tido a 
vontade que a lei presume. (GONÇALVES, p. 509. 2020) 
 
Vale destacar ainda o que versa o art. 111 do Código Civil: O silêncio importa 
anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a 
declaração de vontade expressa. (BRASIL, 2002) 
Podendo, o silêncio ser interpretado como manifestação tácita da vontade nos 
seguintes momentos: 
 Quando a lei conferir a ele tal efeito, por exemplo: na doação pura, 
quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não 
a liberalidade. Estando o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro 
dele, a declaração, entender -se -á que aceitou conforme o art. 539 do 
CC/2002. 
 
 Na aceitação do mandato, quando o negócio para que foi outorgado é 
da profissão do mandatário, resultando do começo de execução de 
acordo com os arts. 658 e 659, do CC/2002, ou quando o herdeiro, 
notificado para dizer se aceita ou não a herança, nos termos do art. 1.807 
do CC/2002, deixa transcorrer o prazo fixado pelo juiz sem se 
manifestar. 
 
 
18 
 
3.1.2 Capacidade do agente 
Em relação a capacidade do agente que é uma condição subjetiva, observa-se 
a aptidão para intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário. 
Sendo a capacidade de fato ou de exercício, necessária para que uma pessoa 
possa exercer, por si só, os atos da vida civil, aptidão para exercer direitos e contrair 
obrigações na ordem civil, a qual é adquirida com a maioridade, aos 18 anos, ou com 
a emancipação conforme institui o art. 5º do CC/2002. 
A capacidade é requisito necessário à validade e eficácia do negócio jurídico, 
bem como ao poder de disposição do agente. 
3.1.3 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável 
 
No negócio jurídico o objeto precisa ser lícito, ou seja, que não atenta contra a 
lei, a moral e os bons costumes, devendo o objeto ser também possível. 
Quando impossível, o negócio se torna nulo, uma vez que a impossibilidade é 
física deve ser absoluta, assim, a impossibilidade jurídica do objeto quando o 
ordenamento jurídico proíbe negócios a respeito de determinado bem conforme 
prescreve o art. 426 do CC/2002. 
 Quando se trata da ilicitude do objeto é mais ampla, uma vez que abrange os 
contrários à moral e aos bons costumes, além de não ser impossível o cumprimento 
da prestação, devendo o objeto ser, também, determinado ou determinável. 
 
 
19 
 
3.1.4 Forma: 
A forma do negócio jurídico deve ser a prescrita ou não defesa em lei, sendo, 
via de regra livre, a não ser nos casos em que a lei exija a forma escrita, pública ou 
particular como prevê o art. 107, do CC/2002. 
Diante disso existem três espécies de formas: livre, especial ou solene que é a 
exigida pela lei, e a contratual que se trata da forma convencionada pelas partes 
conforme menciona o art. 109, do CC/ 2002. 
4 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 238 
 
 
20 
 
Os defeitos dos negócios jurídicos, classificam-se em vícios de consentimento, 
os quais são aqueles em que a vontade não é expressada de maneira absolutamente 
livre, inexistindo a boa-fé por uma das partes. 
4.1.1 Erro ou ignorância 
O erro, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio jurídico se 
for: essencial (substancial); escusável (perdoável). 
 O art. 138, do Código Civil versa: São anuláveis os negócios jurídicos, quando 
as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido 
por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. (BRASIL, 
2002) 
Ainda o art. 139 do CC/02 enumera algumas hipóteses de erro substancial: 
 Quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da 
declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
 
 Quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a 
quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta 
de modo relevante; 
 
 Sendo de direitoe não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo 
único ou principal do negócio jurídico. 
 
Ao que se conclui que o erro pode ser em relação a pessoa ou em relação ao 
objeto. 
 
21 
 
Via de regra o erro de direito somente deve ser admitido em caráter 
excepcional, conforme expressa no art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro, de que ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a 
conhece. (BRASIL, 1942) 
O art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a 
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante. (BRASIL, 2002) 
A regra do art. 142 que prevê a possibilidade de melhora do ato se o erro na 
indicação da pessoa ou da coisa for suprido pelas circunstâncias, constata-se a 
aplicação do princípio da conservação, regra de ouro do moderno Direito Civil, 
segundo o qual deve o intérprete, desde que não haja prejuízo, e respeitadas as 
prescrições legais, empreender todos os esforços para resguardar a eficácia jurídica 
do ato acoimado de invalidade. 
 
4.1.2 Dolo 
O dolo é o erro provocado por terceiro, e não pelo próprio sujeito enganado, ou 
seja, todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o 
dolo, o desejo de prejudicar outrem, no momento da celebração do negócio jurídico. 
O dolo não se presume das circunstâncias de fato e deve ser provado por quem 
o alega, diante disso quanto à extensão dos seus efeitos no negócio jurídico, o dolo 
poderá ser: principal (essencial, determinante ou causal); acidental. 
 
22 
 
O ato deve ser principal com o objetivo de invalidar o ato, atacando a causa do 
negócio em si, uma vez que o acidental, aquele que não impediria a realização do 
negócio, só gera a obrigação de indenizar. 
Em seu art. 145, o Código Civil de 2002, menciona que os negócios jurídicos 
só são anuláveis quando o dolo for a sua causa principal, onde, ressalva, no artigo 
seguinte, que o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. É acidental, 
prossegue o legislador, quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por 
outro modo. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
Ainda o art. 147, do Código Civil de 2002, versa: negócios jurídicos bilaterais, 
o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra 
parte haja ignorado constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não 
se teria celebrado. (BRASIL, 2002) 
Podendo o negócio jurídico ser ainda anulado por dolo de terceiro, conforme se 
lê no art.148, do CC/02: Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de 
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em 
caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas 
as perdas e danos da parte a quem ludibriou. (BRASIL, 2002) 
Dessa forma, se a parte a quem aproveita o dolo não sabia, ou nem tinha como 
saber do expediente astucioso, subsiste o negócio, embora o terceiro responda 
civilmente perante a parte ludibriada. 
Ainda o art. 149 do CC/02 traz que em se tratando de representação legal, 
tutela ou curatela, por exemplo, o representado só responderá civilmente até a 
importância do proveito que obteve. 
Sendo a representação convencional, efetivada por meio do contrato de 
mandato, ambas as partes (representante e representado), além da obrigatoriedade 
 
23 
 
de devolver aquilo que indevidamente receberam, responderão solidariamente por 
perdas e danos. 
Para terminar o art. 150 do CC/02 fala que se ambas as partes do negócio 
procederam com dolo, em observância ao princípio que veda a alegação da própria 
torpeza em juízo, a lei proíbe que se possa anular o negócio ou pleitear indenização. 
(BRASIL, 2002). 
4.1.3 Coação 
STOLZE, PAMPLONA (2020), entende-se como coação capaz de viciar o 
consentimento toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio 
jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar. 
Sendo dois os tipos de coação: 
 Física vis absoluta; 
 Moral vis compulsiva. 
A coação física é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima, diante 
disso a doutrina entende que este tipo de coação neutraliza completamente a 
manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente 
anulável. 
Já a coação moral, é aquela que incute na vítima um temor constante e capaz 
de perturbar seu espírito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de 
maneira viciada. 
Nesta hipótese, a vontade do coagido não está completamente neutralizada, 
mas, sim, embaraçada, turbada, viciada pela ameaça que lhe é dirigida pelo coator. 
 
24 
 
Dispõe ainda o art. 151 do Código Civil de 2002, que a coação vicia o ato nas 
seguintes circunstâncias: A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal 
que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, 
à sua família, ou aos seus bens. (BRASIL, 2002) 
O reconhecimento da coação quando a ameaça for contra a pessoa não 
pertencente à família do paciente (um amigo, por exemplo), cabendo ao juiz avaliar 
as circunstâncias do caso, e decidir a respeito da invalidade do negócio. 
Dessa forma o art. 151, § único, do CC/2002, aponta os seguintes requisitos 
para a caracterização da coação, são eles: 
 Violência psicológica; 
 
 Declaração de vontade viciada; 
 
 Receio sério e fundado de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa 
próxima) ou aos bens do paciente. 
4.1.4 Lesão 
O instituto da lesão se encontra elencado no art. 157 do Código Civil de 2002, 
a doutrina conceitua a lesão como o prejuízo resultante da desproporção existente 
entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da 
inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes. 
Reflete o abuso do poder econômico de uma parte contra as desvantagens da 
outra, caracterizada hipossuficiente nas relações jurídicas. 
 
25 
 
Conforma leciona STOLZE. PAMPLONA (2020) a Lei n. 1.521, de 26-12-1951 
(Lei de Economia Popular), foi a primeira a tratar do instituto da lesão, e seu art. 4º 
prevê: Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se 
considerando: (...) b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente 
necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda 
o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida. 
Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de cinco mil a vinte 
mil cruzeiros. (BRASIL, 1951) 
A Lei n. 8.078, de 11, 9, 1990 (Código de Defesa do Consumidor), combatendo 
a lesão nos contratos de consumo, em seu art. 6º, V, elencou como direito do 
consumidor: a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais, e, mais adiante, em seu art. 39, V, capitulou como prática abusiva 
exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. (BRASIL, 2002) 
 Além disso, no art. 51, IV, considerou nulas de pleno direito as cláusulas que 
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor 
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade, 
complementando, em seu § 1º, III, que se presume exagerada a vantagem que se 
mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e 
conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao 
caso. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
Os supracitados autores buscam caracterizar o instituto da lesão a partir de 
dois requisitos: 
 Objetivo ou material: desproporção das prestações avençadas; 
 
 
26 
 
 Subjetivo, imaterial ou anímico: a premente necessidade, a 
inexperiência ou a leviandade (da parte lesada) e o dolo de 
aproveitamento da parte beneficiada (característica ressaltada pela 
concepção tradicional do instituto, mas que,como veremos, não foi 
exigida na vigente codificação). 
O instituto da lesão não se confunde, com a aplicação da teoria da imprevisão, 
ao que se observa que a imprevisão, decorrente do desenvolvimento teórico da 
cláusula rebus sic stantibus, é aplicável quando a ocorrência de acontecimentos 
novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre a economia 
ou na execução do contrato, autorizarem a sua resolução ou revisão, para ajustá-lo 
às circunstâncias supervenientes. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
Ainda o Código Civil de 2002 prevê, em seu art. 157, que: ocorre a lesão 
quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes 
ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. (BRASIL, 
2002) 
4.1.5 Estado de perigo 
O instituto estado de perigo, é um defeito do negócio jurídico que guarda 
características comuns com o estado de necessidade, causa de exclusão de ilicitude 
no direito penal. 
 
27 
 
O estado de perigo se configura quando o agente, diante de situação de perigo 
conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade com o fim de preservar 
direito seu, ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. 
Consubstancia-se no caso, uma especial hipótese de inexigibilidade de 
conduta diversa, ante a iminência de dano por que passa o agente, a quem não resta 
outra alternativa senão praticar o ato. 
O art. 156 do Código Civil de 2002, versa: Configura-se o estado de perigo 
quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de 
grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do 
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. (BRASIL, 2002) 
4.1.6 Simulação 
O instituto da Simulação encontra-se elencado no art. 167 do Código Civil de 
2002, onde trata da Invalidade do Negócio Jurídico, que a considera como causa de 
nulidade e não mais de anulação do ato jurídico, por questão metodológica e didática 
desenvolveremos o tema seguindo a sistemática tradicional, ou seja, antes da análise 
da fraude contra credores. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
Na simulação celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas 
que, na verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente devia produzir, 
possuindo um defeito que não vicia a vontade do declarante, uma vez que este 
conspira de livre vontade com o declaratório para atingir fins fraudulentos, em 
detrimento da lei ou da própria sociedade. 
 
28 
 
Trata-se, pois, de um vício social, que, mais do que qualquer outro defeito, 
revela frieza de ânimo e pouco respeito ao ordenamento jurídico. No Direito Civil 
brasileiro, a simulação poderá ser: 
a) absoluta: neste caso, o negócio forma-se a partir de uma declaração de 
vontade ou uma confissão de dívida emitida para não gerar efeito jurídico algum. 
Cria-se uma situação jurídica irreal, lesiva do interesse de terceiro, por meio da 
prática de ato jurídico aparentemente perfeito, embora substancialmente ineficaz. 
b) relativa (dissimulação): Neste caso, emite-se uma declaração de vontade ou 
confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, 
queridos pelo agente, são proibidos por lei, denominada então esta hipótese de 
simulação relativa objetiva. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 
Após a instituição do Código Civil brasileiro de 2002, a simulação deixou de ser 
causa de anulabilidade e passou a figurar entre as hipóteses legais de nulidade do ato 
jurídico. 
Dessa forma em caso de simulação absoluta, fulmina-se de invalidade todo o 
ato; caso se trate de simulação relativa, declara-se a nulidade absoluta do negócio 
jurídico simulado, subsistindo o que se dissimulou, se for válido na substância e na 
forma. 
O art. 167 do Código Civil de 2002, referente à simulação prevê: É nulo o 
negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às 
quais realmente se conferem, ou transmitem; 
 
29 
 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes 
do negócio jurídico simulado. (BRASIL, 2002) 
 De acordo com o Código Civil: 
O Art. 110, do CC/02 estabelece: A manifestação de vontade subsiste ainda 
que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se 
dela o destinatário tinha conhecimento. (BRASIL, 2002) 
O negócio existirá e surtirá efeitos frente a terceiros, ainda que não sejam 
aqueles originariamente declarados e aparentemente queridos, até que se declare 
judicialmente a sua nulidade. 
4.1.7 Fraude contra credores 
Em relação a fraude contra credores, também considerada vício social, 
STOLZE, PAMPLONA (2020) menciona que consiste no ato de alienação ou oneração 
de bens, assim como de remissão de dívida, exercitado pelo devedor insolvente, ou 
que se encontre à beira da insolvência, visando prejudicar o credor preexistente, em 
virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio. 
Diante disso o progresso material e espiritual dos povos consagrou o 
reconhecimento do princípio segundo o qual é o patrimônio do devedor a garantia da 
satisfação dos créditos. 
 Portanto, a previsibilidade legal desse vício traduz um instrumento normativo 
de proteção conferido aos credores quirografários em geral. 
 
30 
 
Ainda os supracitados autores trazem em seu estudo que dois elementos 
compõem a fraude, sendo o primeiro, de natureza subjetiva, e o segundo, de natureza 
objetiva: 
 Consilium fraudis (o conluio fraudulento); 
 
 Eventus damni (o prejuízo causado ao credor). 
 
O consilium fraudis não é elemento essencial deste vício social, assim, o estado 
de insolvência aliado ao prejuízo causado ao credor seria suficiente para a 
caracterização da fraude. 
Dessa forma o que se entende é que, em se tratando de atos gratuitos de 
alienação praticados em fraude contra credores, a exemplo da doação feita por 
devedor reduzido à insolvência, o requisito subjetivo representado pelo consilium 
fraudis (má-fé) é presumido. 
A anulação do ato praticado em fraude contra credores se dá por meio de uma 
ação revocatória, denominada “ação pauliana”. 
O Código Civil de 2002 elenca os fundamentos da supracitada ação (causas 
de pedir), são elas: 
 Negócios de transmissão gratuita de bens, de acordo com o art. 158, 
caput (doação, v. g.); 
 
 Remissão de dívidas de acordo com o art. 158, caput (o devedor 
insolvente perdoa dívida de terceiro, v. g.); 
 
 
31 
 
 Contratos onerosos do devedor insolvente, em duas hipóteses como 
especifica o art. 159: 
 
 Quando a insolvência for notória; 
 Quando houver motivo para ser conhecida do outro contratante (a 
pessoa que adquire o bem do devedor é um parente próximo, que 
deveria presumir o seu estado de insolvência); 
 
 Antecipação de pagamento feita a um dos credores quirografários, em 
detrimento dos demais, de acordo com o art. 162 (neste caso, a ação é 
proposta também contra o beneficiário do pagamento da dívida não 
vencida, que fica obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se 
tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu); 
 
 Outorga de garantia de dívida dada a um dos credores, em detrimento 
dos demais, de acordo com o art. 163 (firma-se, aqui, uma “presunção 
de fraude”. A exemplo daconstituição de hipoteca sobre bem do devedor 
insolvente, em benefício de um dos credores). 
 STOLZE, PAMPLONA (2020) ainda trazem a respeito da fraude contra 
credores, que de acordo com art. 158 do CC/2002: O credor quirografário preexistente 
(que já era antes do ato fraudulento que tornou o devedor insolvente) tem legitimidade 
ativa para ajuizar a ação revocatória, a qual, por ter natureza pessoal, independe de 
outorga uxória ou autorização marital. 
O do § 1º do art. 158 do CC/2002 prevê ainda credor com garantia, em princípio, 
por já deter um bem ou um patrimônio vinculado à satisfação da dívida, careceria de 
interesse processual. 
 
32 
 
Todavia, caso se torne insuficiente a mencionada garantia, poderá manejar a 
referida actio, consoante se depreende da análise. 
Quanto ao devedor insolvente, o art. 161 do CC/02 versa que deverá figurar no 
polo passivo da ação, juntamente com a pessoa com quem ele celebrou o ato e o 
terceiro que haja atuado de má-fé, dessa forma incidindo tal regra apenas nas ações 
opostas com fundamento nos arts. 158 e 159 do Código Civil/02 (negócios 
fraudulentos de transmissão gratuita de bens, remissão de dívidas e contratos 
onerosos fraudulentos, desde que a insolvência do devedor seja notória ou haja 
motivo para ser presumida). Assim, o Código Civil de 2002 segui a teoria tradicional, 
que considera de natureza anulatória o provimento jurisdicional final na ação pauliana 
conforme versa o art. 165 do CC/2002, como regra genérica. 
 Fonte: STOLZE. PAMPULHA. 2020. p. 269 
 
33 
 
5 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
STOLZE, PAMPLONA (2020) traz a respeito da invalidade do negócio jurídico 
um conceito de DINIZ que diz o seguinte: que a nulidade vem a ser a sanção, imposta 
pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio 
praticado em desobediência ao que prescreve. 
Baseado nesse conceito os autores supracitados concluem que a nulidade se 
caracteriza como uma sanção pela ofensa a determinados requisitos legais, não 
devendo produzir efeito jurídico, em função do defeito que carrega em seu âmago. 
Diante disso como sanção pelo descumprimento dos pressupostos de validade 
do negócio jurídico, o direito admite, e em certos casos impõe, o reconhecimento da 
declaração de nulidade, objetivando restituir a normalidade e a segurança das 
relações sociojurídicas. 
A partir desse pressuposto é correto dizer que o ato nulo (nulidade absoluta), 
sem valor por excelência, viola norma de ordem pública, de natureza cogente, 
carregando em si vício considerado grave. 
Dessa forma o ato anulável (nulidade relativa), por sua vez, contaminado por 
vício menos grave, decorre da infringência de norma jurídica protetora de interesses 
eminentemente privados. 
Tais premissas devem ser corretamente fixadas, uma vez que a natureza da 
nulidade determinará efeitos variados, interferindo, até mesmo, na legitimidade ativa 
para a arguição dos referidos vícios. 
 
34 
 
Além das principais categorias absoluta e relativa, as nulidades classificam-se 
em: 
 Originária e sucessiva: a primeira nasce com o próprio ato, 
contemporaneamente à sua formação; a segunda decorre de causa 
superveniente; 
 
 Total e parcial: no primeiro caso, a nulidade atinge todo o ato, 
contaminando-o por inteiro; no segundo, a nulidade contamina apenas 
parte do negócio, mantendo-se as demais disposições que, à luz do 
princípio da conservação, podem ser preservadas. (STOLZE, 
PAMPLONA. 2020) 
Ainda o Código Civil de 2002, em seus arts. 166 e 167, considera nulo o negócio 
jurídico quando: 
_ for celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
_ for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
_ o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
_ não revestir a forma prescrita em lei; 
_ preterir alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
_ tiver por objeto fraudar a lei imperativa; 
_ a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção; 
 
35 
 
_ tiver havido simulação. 
 
Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 272 
 
Todas as hipóteses legais mencionadas estão diretamente relacionadas com 
um dos pressupostos estabelecidos de validade, dentre os pressupostos de validade 
do negócio jurídico o art. 166, III, do CC/2002 e, bem assim, a fraude à lei imperativa 
conforme prevê o art. 166, VI, do CC/2002. 
Ainda o art. 168 do Código Civil de 2002 prevê: As nulidades dos artigos 
antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério 
Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando 
conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe 
sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. (BRASIL, 2002) 
Em relação a imprescritibilidade da declaração de nulidade do negócio jurídico, 
o art.169, do CC/02 especifica: O negócio jurídico nulo não é suscetível de 
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. (BRASIL, 2002) 
 
36 
 
Entende-se então que a ação declaratória de nulidade é realmente 
imprescritível, como, toda ação declaratória deve ser, mas os efeitos do ato jurídico 
existente, porém nulo sujeitam-se a prazo, que pode ser o prazo máximo prescricional 
para as pretensões pessoais, prazos esses que foram reduzidos pelo Código Civil de 
2002, de 20 anos para 10 anos, ou, como na maior parte dos casos, tratando-se de 
demanda de reparação civil, o prazo de 3 anos, art. 206, § 3º, V, do CC/02. 
Ao que se entende que se a ação declaratória de nulidade for cumulada com 
pretensões condenatórias, como acontece na maioria dos casos de restituição dos 
efeitos pecuniários ou indenização correspondente, admitir-se a imprescritibilidade 
seria atentar contra a segurança das relações sociais. 
Em relação à fraude à lei, algumas observações devem ser feitas, essa espécie 
de fraude, causa de nulidade absoluta, com a fraude contra credores, vício social do 
negócio jurídico e justificador de sua anulação, consoante já se anotou. 
As legislações fiscais e trabalhistas frequentemente alcançadas por esta 
espécie de fraude, realizada sob diferentes formas. 
O art. 168 prevê as nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas 
por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando 
conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe 
sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. (BRASIL, 2002) 
 
37 
 
Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 283 
 
O princípio da conservação, se trata de uma importante medida reparatória dos 
atos nulo e anulável. 
Devendo mencionar, que, a despeito de a conversão poder ser invocada para 
os atos anuláveis, seu maior campo de aplicação, indiscutivelmente, é na seara dos 
atos nulos, uma vez que os primeiros admitem confirmação, o que não é possível para 
os últimos. 
 
38 
 
Dessa forma o Código Civil de 2002, coloca-se ao lado dos ordenamentos 
jurídicos mais modernos, admitiu a medida para os negócios jurídicos nulos, em 
conformidade com o art. 170, do CC/02: Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver 
os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir 
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. (BRASIL, 2020) 
Assim a conversão exige, para a sua configuração, a concorrência dos 
pressupostos que se seguem: 
 Material: aproveitam-se os elementos fáticos do negócio inválido, 
convertendo-o para a categoria jurídica do ato válido; 
 
 Imaterial: a intenção dos declarantes direcionada à obtenção da 
conversão negocial e consequente recategorização jurídica do negócio 
inválido. 
 
A conversão substancial, a qual diz respeito ao conteúdo do negócio jurídico 
em si, e nãoser observado. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde 
logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
De acordo com a doutrina o termo constitui-se da seguinte classificação: 
convencional, legal, de graça. 
Quando for convencional será fixado pela vontade das partes em um contrato, 
por exemplo, no caso em que for legal este será determinado por força de lei, ainda, 
quando de graça, o termo será fixado por decisão judicial o que em regra consiste em 
um prazo determinado pelo juiz ao devedor de boa-fé para que cumpra a sua 
obrigação. 
 
45 
 
6.3 Encargo 
O encargo é assim como o termo e a condição uma determinação acessória 
acidental do negócio jurídico a qual impõe ao beneficiário um ônus que deverá ser 
cumprido, em proveito de uma liberalidade maior, tratando-se de uma autolimitação 
da vontade, típica dos negócios gratuitos. 
Diante disso entende-se que encargo é o peso relativo a uma vantagem, e não 
uma prestação correspectiva sinalagmática. 
Não estando suspenso os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do 
encargo não gera a invalidade da avença, mas apenas a possibilidade de sua 
cobrança judicial, ou a posterior revogação do negócio, a exemplo caso de ser 
instituído em doação (art. 562 do CC/2002) ou legado (art. 1.938 do CC/2002). 
Cabe mencionar o art. 137 do CC/2002, que versa que o encargo ilícito ou 
impossível é considerado não escrito, ou seja, inexistente, remanescendo o ato na 
sua forma pura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
7 REFERÊNCIAS: 
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: 
Acesso em: jul. 2021. 
 
BRASIL, Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso em: jul. 2021. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil: obrigações. Contratos. parte geral. v. 
1 Carlos Roberto Gonçalves coord. Pedro Lenza. 11. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2021. 
 
STOLZE, Pablo; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Manual de direito civil. volume único. 
4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil%3eAcesso
http://www.planalto.gov.br/ccivilAcessoser observado. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde 
logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
De acordo com a doutrina o termo constitui-se da seguinte classificação: 
convencional, legal, de graça. 
Quando for convencional será fixado pela vontade das partes em um contrato, 
por exemplo, no caso em que for legal este será determinado por força de lei, ainda, 
quando de graça, o termo será fixado por decisão judicial o que em regra consiste em 
um prazo determinado pelo juiz ao devedor de boa-fé para que cumpra a sua 
obrigação. 
 
45 
 
6.3 Encargo 
O encargo é assim como o termo e a condição uma determinação acessória 
acidental do negócio jurídico a qual impõe ao beneficiário um ônus que deverá ser 
cumprido, em proveito de uma liberalidade maior, tratando-se de uma autolimitação 
da vontade, típica dos negócios gratuitos. 
Diante disso entende-se que encargo é o peso relativo a uma vantagem, e não 
uma prestação correspectiva sinalagmática. 
Não estando suspenso os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do 
encargo não gera a invalidade da avença, mas apenas a possibilidade de sua 
cobrança judicial, ou a posterior revogação do negócio, a exemplo caso de ser 
instituído em doação (art. 562 do CC/2002) ou legado (art. 1.938 do CC/2002). 
Cabe mencionar o art. 137 do CC/2002, que versa que o encargo ilícito ou 
impossível é considerado não escrito, ou seja, inexistente, remanescendo o ato na 
sua forma pura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
7 REFERÊNCIAS: 
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil>Acesso em: jul. 2021. 
 
BRASIL, Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso em: jul. 2021. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil: obrigações. Contratos. parte geral. v. 
1 Carlos Roberto Gonçalves coord. Pedro Lenza. 11. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2021. 
 
STOLZE, Pablo; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Manual de direito civil. volume único. 
4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil%3eAcesso
http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso

Mais conteúdos dessa disciplina