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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 NEGÓCIO JURÍDICO E SEUS ELEMENTOS ............................................... 5 1.1 Espécies de Fatos Jurídicos ................................................................. 5 1.1.1 Atos lícitos ...................................................................................... 7 1.1.2 Atos ilícitos ..................................................................................... 8 2 NEGÓCIO JURÍDICO ..................................................................................... 9 2.1 Modos de aquisição de direitos .......................................................... 10 3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ....................... 12 3.1 Requisitos de existência ..................................................................... 14 3.1.1 Declaração de vontade ................................................................. 15 3.1.2 Capacidade do agente ................................................................. 18 3.1.3 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável ................... 18 3.1.4 Forma: .......................................................................................... 19 4 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................... 19 4.1.1 Erro ou ignorância ........................................................................ 20 4.1.2 Dolo .............................................................................................. 21 4.1.3 Coação ......................................................................................... 23 4.1.4 Lesão ............................................................................................ 24 4.1.5 Estado de perigo .......................................................................... 26 4.1.6 Simulação ..................................................................................... 27 4.1.7 Fraude contra credores ................................................................ 29 5 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ..................................................... 33 6 ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO .............................. 38 6.1 Condição ............................................................................................ 39 6.2 Termo ................................................................................................. 43 6.3 Encargo .............................................................................................. 45 7 REFERÊNCIAS: ........................................................................................... 46 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 NEGÓCIO JURÍDICO E SEUS ELEMENTOS Com o advento do Código Civil de 2002, a expressão fato jurídico deu lugar ao instituto chamado Negócio Jurídico, diante disso GONÇALVES (2021) traz o conceito de fato jurídico onde diz que fatos jurídicos são todos os fatos que produzirem efeitos jurídicos, assim somente o acontecimento da vida relevante para o direito é capaz de produzir fato jurídico. Diante desse conceito conclui-se que todo fato, para ser considerado jurídico, deve passar por um juízo de valoração, sendo que Fato Jurídico em sentido amplo é, portanto, todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito. (GONÇALVES, 2021) 1.1 Espécies de Fatos Jurídicos Fonte: GONÇALVES, 2021. p. 472 6 De acordo com GONÇALVES (2021) os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em: fatos naturais ou fatos jurídicos stricto sensu; e fatos humanos ou atos jurídicos lato sensu. Decorrendo os primeiros de simples manifestação da natureza e os segundos da atividade humana. Assim, os fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido estrito, dividem -se em: ordinários, como o nascimento e a morte, que constituem respectivamente o termo inicial e final da personalidade, tal qual a maioridade, assim como o decurso do tempo, todos de grande importância, bem como extraordinários, que se enquadram, em geral, na categoria do fortuito e da força maior: terremoto, raio, tempestade etc. Relativamente aos fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo são ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos os quais dividem -se em: Lícitos: atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente, os quais são praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, que produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo agente; Ilícitos: por serem praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico, os quais repercutam na esfera do direito, produzindo efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse ordenamento. Criando direito, deveres e obrigações, onde se admite que os atos ilícitos integram a categoria dos atos jurídicos pelos efeitos que produzem (são definidos no 7 art.186 e geram a obrigação de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do CC). 1.1.1 Atos lícitos GONÇALVES (2021) explica que relativamente aos atos lícitos eles se dividem em: Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; (Nesses dois exige- se a manifestação de vontade). Negócio jurídico; e ato -fato jurídico. Em relação ao negócio jurídico, em um contrato de compra e venda, por exemplo, a ação humana visa diretamente alcançar um fim prático permitido na lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Diante disso faz-se necessário uma vontade qualificada, sem vícios, onde, no ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei, como ocorre com a notificação, que constitui em mora o devedor, o reconhecimento de filho, a tradição, a percepção dos frutos, a ocupação, o uso de uma coisa etc., não havendo, por isso, qualquer dose de escolha da categoria jurídica. (GONÇALVES, 2021) Em função disso a razão pela qual nem todos os princípios do negócio jurídico, como os vícios do consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, aplicam -se aos atos jurídicos em sentido estrito não provenientes de uma declaração de vontade, mas de simples intenção em acordo com o art. 185, do CC/02. (BRASIL, 2002) 8 Quanto ao ato -fato jurídico, ressalta -se a consequência do ato, onde o fato resultante, sem levar em consideração a vontade de praticá-lo. Dessa forma muitas vezes, o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo agente, o qual decorre de uma conduta que é sancionado pela lei, como no caso da pessoa que acha, casualmente, um tesouro. GONÇALVES (2021) explica que a conduta do agente não tinha por fim imediato adquirir-lhe a metade, onde essa conduta acaba ocorrendo, conforme estabelece o disposto no art. 1.264 do Código Civil/2002,ainda que se trate de um absolutamente incapaz. De modo que certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar em consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, demandando apenas o ato material de achar. Onde, o louco, pelo simples achado do tesouro, torna -se proprietário de parte dele, assim, essas ações são denominadas pela doutrina atos -fatos jurídicos, expressão divulgada por Pontes de Miranda. 1.1.2 Atos ilícitos Como já mencionado, os atos ilícitos, por serem praticados em discordância com o prescrito no ordenamento jurídico, em vez de direito, criam deveres, obrigações. Assim o ato ilícito é fonte de obrigação, a exemplo a de indenizar ou ressarcir o prejuízo causado, uma vez praticado com infração a um dever de conduta, por meio 9 de ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para outrem conforme os arts. 186 e 927 CC/02. 2 NEGÓCIO JURÍDICO GONÇALVES (2021) traz em seu livro um conceito de Miguel REALE sobre Negócio Jurídico, onde ele ensina que tais atos “não se confundem com os atos jurídicos em sentido estrito, nos quais não há acordo de vontade, como, por exemplo, se dá nos chamados atos materiais, como os da ocupação ou posse de um terreno, a edificação de uma casa no terreno apossado etc. Um contrato de compra e venda, ao contrário, tem a forma específica de um negócio jurídico. ” Ainda a Lei n. 13.874/2019, em seu art. 421 versa: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual”. (BRASIL, 2019) Complementa o art. 421 - A: Os contatos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 10 III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada” (BRASIL, 2019) Para finalizar o art. 422 versa: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa- fé. (BRASIL, 2019) A finalidade no negócio jurídico, é relativo a manifestação da vontade e tem finalidade negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção de direitos. Ainda STOLZE, PAMPLONA (2020) traz o seguinte conceito de negócio jurídico: Negócio jurídico é a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente. (STOLZE, 2020. p. 232) O art. 113 do CC/2002 traz o seguinte conceito: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (BRASIL, 2002) 2.1 Modos de aquisição de direitos Podendo de acordo com o que entende GONÇALVES (2021) a aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular, ser: Originária: quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular, a exemplo do que ocorre, por exemplo, na ocupação de coisa sem dono 11 (res derelicta ou res nullius conforme o art. 1.263, CC/02) e na avulsão de acordo com o art. 1.251, do CC/2002); Derivada: quando decorre de transferência feita por outra pessoa. Nesse caso, uma vez que ninguém é capaz de transferir mais direitos do que possui, o direito é adquirido com todas as qualidades ou defeitos do título anterior. A aquisição se fundamenta numa relação existente entre o sucessor e o sucedido. GONÇALVES (2021) elenca a aquisição como: Gratuita: quando só o adquirente aufere vantagem, como acontece na sucessão hereditária; Onerosa: quando se exige do adquirente uma contraprestação, possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios, como ocorre na compra e venda e na locação. Já em relação à sua extensão, a aquisição pode ser, a título singular como a que ocorre no tocante a bens determinados, ou em relação ao comprador, na sucessão inter vivos, bem como em relação ao legatário, na sucessão causa mortis; o qual a título universal que é quando o adquirente sucede o seu antecessor na totalidade de seus direitos, como se dá com o herdeiro. 12 3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Fonte: STOLZE, PAMPLONA, 2020. p. 236 STOLZE, PAMPLONA (2020) preleciona a respeito dos elementos constitutivos do negócio jurídico no plano de existência, são eles: existência, validade e eficácia. Relativamente a existência de um negócio jurídico exige-se, para que seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos, quanto a validade entende-se o fato de um negócio jurídico ser considerado existente, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos. Já a eficácia, ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido, ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da declaração. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) 13 Para GONÇALVES (2021) os elementos constitutivos do negócio jurídico são indispensáveis à sua existência a exemplo da declaração de vontade nos negócios em geral (art. 482, CC/2002). Ainda existem os elementos naturais os quais são as consequências ou efeitos que decorrem da própria natureza do negócio, não havendo a necessidade de expressa menção. Podendo ainda ser afastadas por estipulação contrária, por exemplo, a responsabilidade do alienante pelos vícios redibitórios, conforme o art. 441 do CC/02 e pelos riscos da evicção de acordo com o art. 447 do CC/02, bem como o lugar do pagamento, quando não convencionado em consonância com o art. 327 do CC/02. Ainda os elementos acidentais, que consistem em estipulações acessórias, onde as partes podem facultativamente adicionar ao negócio para modificar alguma de suas consequências naturais, como a condição, o termo e o encargo ou modo conforme institui o Código Civil de 2002 em seus arts. 121, 131 e 136. Ainda conforme supracitado os elementos de existência, de validade e de eficácia do negócio jurídico. Para que exista o negócio jurídico faz-se necessário que ele possua todos os elementos estruturais que constituem o negócio jurídico, se faltar um desses elementos o negócio jurídico se torna inexistente. Não podendo ser nulo ou eficaz, mas inexistente uma vez que o mesmo nunca existiu no mundo jurídico. Já em relação a validade do negócio jurídico, o ato existente deve passar por uma triagem devendo ser observado a sua regularidade para que possa ingressar no 14 plano da validade, onde deverá ser verificado se está perfeito ou se encontra com algum vício ou defeito que venha inviabilizar o negócio jurídico. O preenchimento de certos requisitos fáticos; A capacidade do agente; A licitude do objeto, bem como A forma prescrita em lei, Os quais são requisitos indispensáveis para dar validade ao ato, uma vez que mesmo a invalidade pressupõe como essencial a existência do fato jurídico. Podendo assim, existir e não ser válido. Diante disso o plano da validade é um dos requisitos do negócio jurídico, sendo condição necessária para o alcance de certo fim. Quando se fala em eficácia, observa-se que pode o negócio jurídico existir, ser válido, mas não ter eficácia, por não ter ocorrido ainda, o implemento de uma condição imposta. Sendo, o plano da eficácia o localonde os fatos jurídicos produzem os seus efeitos, tornando possível que o negócio seja existente e inválido, porém eficaz, como sucede na hipótese de casamento anulável celebrado de boa-fé, o qual embora inválido, gera todos os efeitos de um casamento válido para o cônjuge de boa-fé, conforme institui o art. 1.561 do CC/2002. 3.1 Requisitos de existência Quando se fala em requisitos de existência do negócio jurídico os seus elementos estruturais, são os que se seguem: declaração de vontade; finalidade 15 negocial; idoneidade do objeto, assim, faltando qualquer um destes conforme mencionado acima o negócio se torna inexistente. 3.1.1 Declaração de vontade A declaração de vontade é pressuposto básico do negócio jurídico, imprescindível que se exteriorize, sendo do ponto de vista do direito, somente a vontade que se exterioriza considerada suficiente para compor suporte fático de negócio jurídico. (GONÇALVES, 2021) A declaração de vontade se trata de um elemento de caráter subjetivo, o qual se revela por meio da declaração, constituindo assim requisito de existência do negócio jurídico. Tendo, de acordo com o princípio da autonomia da vontade, os indivíduos de direito liberdade para de acordo com a lei, celebrar negócios jurídicos, criando direitos e contraindo obrigações. No entanto o princípio da autonomia da vontade se encontra limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública, e do interesse social, interferindo assim o Estado nas manifestações de vontade, com o objetivo de evitar a opressão dos economicamente mais fortes sobre os mais fracos. Ainda segundo o princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), uma vez havendo a manifestação de vontade, obriga o contratante, uma vez que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo Judiciário. O princípio da obrigatoriedade dos contratos destina-se também a dar segurança aos negócios em geral, podendo ser opostos o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva conforme institui o CC/ 2001 em seu art. 478, 16 baseado na cláusula rebus sic stantibus, como também na teoria da imprevisão que autoriza o recurso ao Judiciário, com o objetivo de se pleitear a revisão dos contratos, mediante a fatos extraordinários e imprevisíveis. (GONÇALVES, 2021) Podendo ainda a manifestação da vontade pode ser: expressa; tácita; e presumida. a) Expressa: se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, e, ainda por gestos, sinais ou mímicas, de modo explícito, dessa forma, possibilitando o conhecimento imediato da intenção do agente. b) Tácita: essa espécie de declaração da vontade se revela pelo comportamento do agente, podendo ser comumente deduzida da conduta da pessoa a sua intenção, a exemplo da aceitação da herança, que se infere da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro conforme o art. 1.805 do CC/02, bem como da aquisição de propriedade móvel pela ocupação de acordo com o art. 1.263 do CC/2002. Obs: Nos contratos, a manifestação da vontade só pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. c) Presumida: é a declaração que não foi realizada expressamente, mas que a lei deduz de certos comportamentos do agente, acontecendo conforme cita GONÇALVES (2021): (...) presunções de pagamento previstas nos arts. 322, 323 e 324 do Código Civil, de aceitação da herança quando o doador fixar prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade e este se omitir (art. 539) e de aceitação da herança quando o herdeiro for notificado a se pronunciar sobre 17 ela em prazo não maior de trinta dias e não o fizer (art. 1.807). Difere a manifestação presumida da vontade da tácita, porque aquela é estabelecida pela lei, enquanto esta é deduzida do comportamento do agente pelo destinatário. As presunções legais são juris tantum, ou seja, admitem prova em contrário. Destarte, pode o agente elidi-las, provando não ter tido a vontade que a lei presume. (GONÇALVES, p. 509. 2020) Vale destacar ainda o que versa o art. 111 do Código Civil: O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. (BRASIL, 2002) Podendo, o silêncio ser interpretado como manifestação tácita da vontade nos seguintes momentos: Quando a lei conferir a ele tal efeito, por exemplo: na doação pura, quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Estando o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender -se -á que aceitou conforme o art. 539 do CC/2002. Na aceitação do mandato, quando o negócio para que foi outorgado é da profissão do mandatário, resultando do começo de execução de acordo com os arts. 658 e 659, do CC/2002, ou quando o herdeiro, notificado para dizer se aceita ou não a herança, nos termos do art. 1.807 do CC/2002, deixa transcorrer o prazo fixado pelo juiz sem se manifestar. 18 3.1.2 Capacidade do agente Em relação a capacidade do agente que é uma condição subjetiva, observa-se a aptidão para intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário. Sendo a capacidade de fato ou de exercício, necessária para que uma pessoa possa exercer, por si só, os atos da vida civil, aptidão para exercer direitos e contrair obrigações na ordem civil, a qual é adquirida com a maioridade, aos 18 anos, ou com a emancipação conforme institui o art. 5º do CC/2002. A capacidade é requisito necessário à validade e eficácia do negócio jurídico, bem como ao poder de disposição do agente. 3.1.3 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável No negócio jurídico o objeto precisa ser lícito, ou seja, que não atenta contra a lei, a moral e os bons costumes, devendo o objeto ser também possível. Quando impossível, o negócio se torna nulo, uma vez que a impossibilidade é física deve ser absoluta, assim, a impossibilidade jurídica do objeto quando o ordenamento jurídico proíbe negócios a respeito de determinado bem conforme prescreve o art. 426 do CC/2002. Quando se trata da ilicitude do objeto é mais ampla, uma vez que abrange os contrários à moral e aos bons costumes, além de não ser impossível o cumprimento da prestação, devendo o objeto ser, também, determinado ou determinável. 19 3.1.4 Forma: A forma do negócio jurídico deve ser a prescrita ou não defesa em lei, sendo, via de regra livre, a não ser nos casos em que a lei exija a forma escrita, pública ou particular como prevê o art. 107, do CC/2002. Diante disso existem três espécies de formas: livre, especial ou solene que é a exigida pela lei, e a contratual que se trata da forma convencionada pelas partes conforme menciona o art. 109, do CC/ 2002. 4 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 238 20 Os defeitos dos negócios jurídicos, classificam-se em vícios de consentimento, os quais são aqueles em que a vontade não é expressada de maneira absolutamente livre, inexistindo a boa-fé por uma das partes. 4.1.1 Erro ou ignorância O erro, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio jurídico se for: essencial (substancial); escusável (perdoável). O art. 138, do Código Civil versa: São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. (BRASIL, 2002) Ainda o art. 139 do CC/02 enumera algumas hipóteses de erro substancial: Quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; Quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; Sendo de direitoe não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Ao que se conclui que o erro pode ser em relação a pessoa ou em relação ao objeto. 21 Via de regra o erro de direito somente deve ser admitido em caráter excepcional, conforme expressa no art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, de que ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a conhece. (BRASIL, 1942) O art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. (BRASIL, 2002) A regra do art. 142 que prevê a possibilidade de melhora do ato se o erro na indicação da pessoa ou da coisa for suprido pelas circunstâncias, constata-se a aplicação do princípio da conservação, regra de ouro do moderno Direito Civil, segundo o qual deve o intérprete, desde que não haja prejuízo, e respeitadas as prescrições legais, empreender todos os esforços para resguardar a eficácia jurídica do ato acoimado de invalidade. 4.1.2 Dolo O dolo é o erro provocado por terceiro, e não pelo próprio sujeito enganado, ou seja, todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o dolo, o desejo de prejudicar outrem, no momento da celebração do negócio jurídico. O dolo não se presume das circunstâncias de fato e deve ser provado por quem o alega, diante disso quanto à extensão dos seus efeitos no negócio jurídico, o dolo poderá ser: principal (essencial, determinante ou causal); acidental. 22 O ato deve ser principal com o objetivo de invalidar o ato, atacando a causa do negócio em si, uma vez que o acidental, aquele que não impediria a realização do negócio, só gera a obrigação de indenizar. Em seu art. 145, o Código Civil de 2002, menciona que os negócios jurídicos só são anuláveis quando o dolo for a sua causa principal, onde, ressalva, no artigo seguinte, que o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. É acidental, prossegue o legislador, quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Ainda o art. 147, do Código Civil de 2002, versa: negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. (BRASIL, 2002) Podendo o negócio jurídico ser ainda anulado por dolo de terceiro, conforme se lê no art.148, do CC/02: Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. (BRASIL, 2002) Dessa forma, se a parte a quem aproveita o dolo não sabia, ou nem tinha como saber do expediente astucioso, subsiste o negócio, embora o terceiro responda civilmente perante a parte ludibriada. Ainda o art. 149 do CC/02 traz que em se tratando de representação legal, tutela ou curatela, por exemplo, o representado só responderá civilmente até a importância do proveito que obteve. Sendo a representação convencional, efetivada por meio do contrato de mandato, ambas as partes (representante e representado), além da obrigatoriedade 23 de devolver aquilo que indevidamente receberam, responderão solidariamente por perdas e danos. Para terminar o art. 150 do CC/02 fala que se ambas as partes do negócio procederam com dolo, em observância ao princípio que veda a alegação da própria torpeza em juízo, a lei proíbe que se possa anular o negócio ou pleitear indenização. (BRASIL, 2002). 4.1.3 Coação STOLZE, PAMPLONA (2020), entende-se como coação capaz de viciar o consentimento toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar. Sendo dois os tipos de coação: Física vis absoluta; Moral vis compulsiva. A coação física é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima, diante disso a doutrina entende que este tipo de coação neutraliza completamente a manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente anulável. Já a coação moral, é aquela que incute na vítima um temor constante e capaz de perturbar seu espírito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de maneira viciada. Nesta hipótese, a vontade do coagido não está completamente neutralizada, mas, sim, embaraçada, turbada, viciada pela ameaça que lhe é dirigida pelo coator. 24 Dispõe ainda o art. 151 do Código Civil de 2002, que a coação vicia o ato nas seguintes circunstâncias: A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. (BRASIL, 2002) O reconhecimento da coação quando a ameaça for contra a pessoa não pertencente à família do paciente (um amigo, por exemplo), cabendo ao juiz avaliar as circunstâncias do caso, e decidir a respeito da invalidade do negócio. Dessa forma o art. 151, § único, do CC/2002, aponta os seguintes requisitos para a caracterização da coação, são eles: Violência psicológica; Declaração de vontade viciada; Receio sério e fundado de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou aos bens do paciente. 4.1.4 Lesão O instituto da lesão se encontra elencado no art. 157 do Código Civil de 2002, a doutrina conceitua a lesão como o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes. Reflete o abuso do poder econômico de uma parte contra as desvantagens da outra, caracterizada hipossuficiente nas relações jurídicas. 25 Conforma leciona STOLZE. PAMPLONA (2020) a Lei n. 1.521, de 26-12-1951 (Lei de Economia Popular), foi a primeira a tratar do instituto da lesão, e seu art. 4º prevê: Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando: (...) b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida. Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de cinco mil a vinte mil cruzeiros. (BRASIL, 1951) A Lei n. 8.078, de 11, 9, 1990 (Código de Defesa do Consumidor), combatendo a lesão nos contratos de consumo, em seu art. 6º, V, elencou como direito do consumidor: a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais, e, mais adiante, em seu art. 39, V, capitulou como prática abusiva exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. (BRASIL, 2002) Além disso, no art. 51, IV, considerou nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade, complementando, em seu § 1º, III, que se presume exagerada a vantagem que se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Os supracitados autores buscam caracterizar o instituto da lesão a partir de dois requisitos: Objetivo ou material: desproporção das prestações avençadas; 26 Subjetivo, imaterial ou anímico: a premente necessidade, a inexperiência ou a leviandade (da parte lesada) e o dolo de aproveitamento da parte beneficiada (característica ressaltada pela concepção tradicional do instituto, mas que,como veremos, não foi exigida na vigente codificação). O instituto da lesão não se confunde, com a aplicação da teoria da imprevisão, ao que se observa que a imprevisão, decorrente do desenvolvimento teórico da cláusula rebus sic stantibus, é aplicável quando a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizarem a sua resolução ou revisão, para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Ainda o Código Civil de 2002 prevê, em seu art. 157, que: ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. (BRASIL, 2002) 4.1.5 Estado de perigo O instituto estado de perigo, é um defeito do negócio jurídico que guarda características comuns com o estado de necessidade, causa de exclusão de ilicitude no direito penal. 27 O estado de perigo se configura quando o agente, diante de situação de perigo conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade com o fim de preservar direito seu, ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. Consubstancia-se no caso, uma especial hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, ante a iminência de dano por que passa o agente, a quem não resta outra alternativa senão praticar o ato. O art. 156 do Código Civil de 2002, versa: Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. (BRASIL, 2002) 4.1.6 Simulação O instituto da Simulação encontra-se elencado no art. 167 do Código Civil de 2002, onde trata da Invalidade do Negócio Jurídico, que a considera como causa de nulidade e não mais de anulação do ato jurídico, por questão metodológica e didática desenvolveremos o tema seguindo a sistemática tradicional, ou seja, antes da análise da fraude contra credores. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Na simulação celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que, na verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente devia produzir, possuindo um defeito que não vicia a vontade do declarante, uma vez que este conspira de livre vontade com o declaratório para atingir fins fraudulentos, em detrimento da lei ou da própria sociedade. 28 Trata-se, pois, de um vício social, que, mais do que qualquer outro defeito, revela frieza de ânimo e pouco respeito ao ordenamento jurídico. No Direito Civil brasileiro, a simulação poderá ser: a) absoluta: neste caso, o negócio forma-se a partir de uma declaração de vontade ou uma confissão de dívida emitida para não gerar efeito jurídico algum. Cria-se uma situação jurídica irreal, lesiva do interesse de terceiro, por meio da prática de ato jurídico aparentemente perfeito, embora substancialmente ineficaz. b) relativa (dissimulação): Neste caso, emite-se uma declaração de vontade ou confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, queridos pelo agente, são proibidos por lei, denominada então esta hipótese de simulação relativa objetiva. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Após a instituição do Código Civil brasileiro de 2002, a simulação deixou de ser causa de anulabilidade e passou a figurar entre as hipóteses legais de nulidade do ato jurídico. Dessa forma em caso de simulação absoluta, fulmina-se de invalidade todo o ato; caso se trate de simulação relativa, declara-se a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado, subsistindo o que se dissimulou, se for válido na substância e na forma. O art. 167 do Código Civil de 2002, referente à simulação prevê: É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; 29 II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (BRASIL, 2002) De acordo com o Código Civil: O Art. 110, do CC/02 estabelece: A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. (BRASIL, 2002) O negócio existirá e surtirá efeitos frente a terceiros, ainda que não sejam aqueles originariamente declarados e aparentemente queridos, até que se declare judicialmente a sua nulidade. 4.1.7 Fraude contra credores Em relação a fraude contra credores, também considerada vício social, STOLZE, PAMPLONA (2020) menciona que consiste no ato de alienação ou oneração de bens, assim como de remissão de dívida, exercitado pelo devedor insolvente, ou que se encontre à beira da insolvência, visando prejudicar o credor preexistente, em virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio. Diante disso o progresso material e espiritual dos povos consagrou o reconhecimento do princípio segundo o qual é o patrimônio do devedor a garantia da satisfação dos créditos. Portanto, a previsibilidade legal desse vício traduz um instrumento normativo de proteção conferido aos credores quirografários em geral. 30 Ainda os supracitados autores trazem em seu estudo que dois elementos compõem a fraude, sendo o primeiro, de natureza subjetiva, e o segundo, de natureza objetiva: Consilium fraudis (o conluio fraudulento); Eventus damni (o prejuízo causado ao credor). O consilium fraudis não é elemento essencial deste vício social, assim, o estado de insolvência aliado ao prejuízo causado ao credor seria suficiente para a caracterização da fraude. Dessa forma o que se entende é que, em se tratando de atos gratuitos de alienação praticados em fraude contra credores, a exemplo da doação feita por devedor reduzido à insolvência, o requisito subjetivo representado pelo consilium fraudis (má-fé) é presumido. A anulação do ato praticado em fraude contra credores se dá por meio de uma ação revocatória, denominada “ação pauliana”. O Código Civil de 2002 elenca os fundamentos da supracitada ação (causas de pedir), são elas: Negócios de transmissão gratuita de bens, de acordo com o art. 158, caput (doação, v. g.); Remissão de dívidas de acordo com o art. 158, caput (o devedor insolvente perdoa dívida de terceiro, v. g.); 31 Contratos onerosos do devedor insolvente, em duas hipóteses como especifica o art. 159: Quando a insolvência for notória; Quando houver motivo para ser conhecida do outro contratante (a pessoa que adquire o bem do devedor é um parente próximo, que deveria presumir o seu estado de insolvência); Antecipação de pagamento feita a um dos credores quirografários, em detrimento dos demais, de acordo com o art. 162 (neste caso, a ação é proposta também contra o beneficiário do pagamento da dívida não vencida, que fica obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu); Outorga de garantia de dívida dada a um dos credores, em detrimento dos demais, de acordo com o art. 163 (firma-se, aqui, uma “presunção de fraude”. A exemplo daconstituição de hipoteca sobre bem do devedor insolvente, em benefício de um dos credores). STOLZE, PAMPLONA (2020) ainda trazem a respeito da fraude contra credores, que de acordo com art. 158 do CC/2002: O credor quirografário preexistente (que já era antes do ato fraudulento que tornou o devedor insolvente) tem legitimidade ativa para ajuizar a ação revocatória, a qual, por ter natureza pessoal, independe de outorga uxória ou autorização marital. O do § 1º do art. 158 do CC/2002 prevê ainda credor com garantia, em princípio, por já deter um bem ou um patrimônio vinculado à satisfação da dívida, careceria de interesse processual. 32 Todavia, caso se torne insuficiente a mencionada garantia, poderá manejar a referida actio, consoante se depreende da análise. Quanto ao devedor insolvente, o art. 161 do CC/02 versa que deverá figurar no polo passivo da ação, juntamente com a pessoa com quem ele celebrou o ato e o terceiro que haja atuado de má-fé, dessa forma incidindo tal regra apenas nas ações opostas com fundamento nos arts. 158 e 159 do Código Civil/02 (negócios fraudulentos de transmissão gratuita de bens, remissão de dívidas e contratos onerosos fraudulentos, desde que a insolvência do devedor seja notória ou haja motivo para ser presumida). Assim, o Código Civil de 2002 segui a teoria tradicional, que considera de natureza anulatória o provimento jurisdicional final na ação pauliana conforme versa o art. 165 do CC/2002, como regra genérica. Fonte: STOLZE. PAMPULHA. 2020. p. 269 33 5 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO STOLZE, PAMPLONA (2020) traz a respeito da invalidade do negócio jurídico um conceito de DINIZ que diz o seguinte: que a nulidade vem a ser a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que prescreve. Baseado nesse conceito os autores supracitados concluem que a nulidade se caracteriza como uma sanção pela ofensa a determinados requisitos legais, não devendo produzir efeito jurídico, em função do defeito que carrega em seu âmago. Diante disso como sanção pelo descumprimento dos pressupostos de validade do negócio jurídico, o direito admite, e em certos casos impõe, o reconhecimento da declaração de nulidade, objetivando restituir a normalidade e a segurança das relações sociojurídicas. A partir desse pressuposto é correto dizer que o ato nulo (nulidade absoluta), sem valor por excelência, viola norma de ordem pública, de natureza cogente, carregando em si vício considerado grave. Dessa forma o ato anulável (nulidade relativa), por sua vez, contaminado por vício menos grave, decorre da infringência de norma jurídica protetora de interesses eminentemente privados. Tais premissas devem ser corretamente fixadas, uma vez que a natureza da nulidade determinará efeitos variados, interferindo, até mesmo, na legitimidade ativa para a arguição dos referidos vícios. 34 Além das principais categorias absoluta e relativa, as nulidades classificam-se em: Originária e sucessiva: a primeira nasce com o próprio ato, contemporaneamente à sua formação; a segunda decorre de causa superveniente; Total e parcial: no primeiro caso, a nulidade atinge todo o ato, contaminando-o por inteiro; no segundo, a nulidade contamina apenas parte do negócio, mantendo-se as demais disposições que, à luz do princípio da conservação, podem ser preservadas. (STOLZE, PAMPLONA. 2020) Ainda o Código Civil de 2002, em seus arts. 166 e 167, considera nulo o negócio jurídico quando: _ for celebrado por pessoa absolutamente incapaz; _ for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; _ o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; _ não revestir a forma prescrita em lei; _ preterir alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; _ tiver por objeto fraudar a lei imperativa; _ a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção; 35 _ tiver havido simulação. Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 272 Todas as hipóteses legais mencionadas estão diretamente relacionadas com um dos pressupostos estabelecidos de validade, dentre os pressupostos de validade do negócio jurídico o art. 166, III, do CC/2002 e, bem assim, a fraude à lei imperativa conforme prevê o art. 166, VI, do CC/2002. Ainda o art. 168 do Código Civil de 2002 prevê: As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. (BRASIL, 2002) Em relação a imprescritibilidade da declaração de nulidade do negócio jurídico, o art.169, do CC/02 especifica: O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. (BRASIL, 2002) 36 Entende-se então que a ação declaratória de nulidade é realmente imprescritível, como, toda ação declaratória deve ser, mas os efeitos do ato jurídico existente, porém nulo sujeitam-se a prazo, que pode ser o prazo máximo prescricional para as pretensões pessoais, prazos esses que foram reduzidos pelo Código Civil de 2002, de 20 anos para 10 anos, ou, como na maior parte dos casos, tratando-se de demanda de reparação civil, o prazo de 3 anos, art. 206, § 3º, V, do CC/02. Ao que se entende que se a ação declaratória de nulidade for cumulada com pretensões condenatórias, como acontece na maioria dos casos de restituição dos efeitos pecuniários ou indenização correspondente, admitir-se a imprescritibilidade seria atentar contra a segurança das relações sociais. Em relação à fraude à lei, algumas observações devem ser feitas, essa espécie de fraude, causa de nulidade absoluta, com a fraude contra credores, vício social do negócio jurídico e justificador de sua anulação, consoante já se anotou. As legislações fiscais e trabalhistas frequentemente alcançadas por esta espécie de fraude, realizada sob diferentes formas. O art. 168 prevê as nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. (BRASIL, 2002) 37 Fonte: STOLZE, PAMPLONA. 2020. p. 283 O princípio da conservação, se trata de uma importante medida reparatória dos atos nulo e anulável. Devendo mencionar, que, a despeito de a conversão poder ser invocada para os atos anuláveis, seu maior campo de aplicação, indiscutivelmente, é na seara dos atos nulos, uma vez que os primeiros admitem confirmação, o que não é possível para os últimos. 38 Dessa forma o Código Civil de 2002, coloca-se ao lado dos ordenamentos jurídicos mais modernos, admitiu a medida para os negócios jurídicos nulos, em conformidade com o art. 170, do CC/02: Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. (BRASIL, 2020) Assim a conversão exige, para a sua configuração, a concorrência dos pressupostos que se seguem: Material: aproveitam-se os elementos fáticos do negócio inválido, convertendo-o para a categoria jurídica do ato válido; Imaterial: a intenção dos declarantes direcionada à obtenção da conversão negocial e consequente recategorização jurídica do negócio inválido. A conversão substancial, a qual diz respeito ao conteúdo do negócio jurídico em si, e nãoser observado. Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. De acordo com a doutrina o termo constitui-se da seguinte classificação: convencional, legal, de graça. Quando for convencional será fixado pela vontade das partes em um contrato, por exemplo, no caso em que for legal este será determinado por força de lei, ainda, quando de graça, o termo será fixado por decisão judicial o que em regra consiste em um prazo determinado pelo juiz ao devedor de boa-fé para que cumpra a sua obrigação. 45 6.3 Encargo O encargo é assim como o termo e a condição uma determinação acessória acidental do negócio jurídico a qual impõe ao beneficiário um ônus que deverá ser cumprido, em proveito de uma liberalidade maior, tratando-se de uma autolimitação da vontade, típica dos negócios gratuitos. Diante disso entende-se que encargo é o peso relativo a uma vantagem, e não uma prestação correspectiva sinalagmática. Não estando suspenso os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo não gera a invalidade da avença, mas apenas a possibilidade de sua cobrança judicial, ou a posterior revogação do negócio, a exemplo caso de ser instituído em doação (art. 562 do CC/2002) ou legado (art. 1.938 do CC/2002). Cabe mencionar o art. 137 do CC/2002, que versa que o encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito, ou seja, inexistente, remanescendo o ato na sua forma pura. 46 7 REFERÊNCIAS: BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: Acesso em: jul. 2021. BRASIL, Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso em: jul. 2021. GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil: obrigações. Contratos. parte geral. v. 1 Carlos Roberto Gonçalves coord. Pedro Lenza. 11. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. STOLZE, Pablo; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Manual de direito civil. volume único. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil%3eAcesso http://www.planalto.gov.br/ccivilAcessoser observado. Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. De acordo com a doutrina o termo constitui-se da seguinte classificação: convencional, legal, de graça. Quando for convencional será fixado pela vontade das partes em um contrato, por exemplo, no caso em que for legal este será determinado por força de lei, ainda, quando de graça, o termo será fixado por decisão judicial o que em regra consiste em um prazo determinado pelo juiz ao devedor de boa-fé para que cumpra a sua obrigação. 45 6.3 Encargo O encargo é assim como o termo e a condição uma determinação acessória acidental do negócio jurídico a qual impõe ao beneficiário um ônus que deverá ser cumprido, em proveito de uma liberalidade maior, tratando-se de uma autolimitação da vontade, típica dos negócios gratuitos. Diante disso entende-se que encargo é o peso relativo a uma vantagem, e não uma prestação correspectiva sinalagmática. Não estando suspenso os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo não gera a invalidade da avença, mas apenas a possibilidade de sua cobrança judicial, ou a posterior revogação do negócio, a exemplo caso de ser instituído em doação (art. 562 do CC/2002) ou legado (art. 1.938 do CC/2002). Cabe mencionar o art. 137 do CC/2002, que versa que o encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito, ou seja, inexistente, remanescendo o ato na sua forma pura. 46 7 REFERÊNCIAS: BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil>Acesso em: jul. 2021. BRASIL, Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso em: jul. 2021. GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil: obrigações. Contratos. parte geral. v. 1 Carlos Roberto Gonçalves coord. Pedro Lenza. 11. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. STOLZE, Pablo; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Manual de direito civil. volume único. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil%3eAcesso http://www.planalto.gov.br/ccivilAcesso