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A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: ANALISANDO EVENTOS CLINICAMENTE UNIDADE I A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Elaboração Taisa Borges Grün Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................4 UNIDADE I A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA ...............................7 CAPÍTULO 1 O ESTUDO DO COMPORTAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA .............................................. 7 CAPÍTULO 2 O QUE É E O QUE NÃO É TERAPIA COMPORTAMENTAL ..................................................... 13 CAPÍTULO 3 CONDICIONAMENTO OPERANTE – CONDICIONAMENTO RESPONDENTE: CASOS CLÍNICOS .............................................................................................................. 17 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................33 4 INTRODUÇÃO Desde os primórdios, tentamos modificar nosso próprio comportamento e o de nossos pares, de tal forma que, em sentido estrito, é arbitrário situar o início da terapia comportamental em determinado momento da história. Mas como disciplina científica aplicada à compreensão e tratamento de problemas psicológicos, o início da terapia comportamental remonta ao início do século 20, com o trabalho de Watson. John B. Watson (1878-1958), o primeiro pesquisador a trabalhar no que chamou de behaviorismo. No behaviorismo watsoniano, tradicionalmente se distinguem duas facetas: por um lado, o chamado behaviorismo metafísico, que se baseava na negação ontológica da mente e de toda atividade humana, incluindo pensamentos, emoções e outros fenômenos subjetivos, que podiam ser explicados em termos de movimentos musculares ou secreções glandulares. Por outro lado, negou o papel da hereditariedade como determinante do comportamento e argumentou que o comportamento é adquirido quase que exclusivamente pela aprendizagem e propôs o abandono da noção de instinto. A segunda fase lançou as bases para o que hoje é conhecido como behaviorismo metodológico, baseado no método que ele propôs para a análise e modificação do comportamento. Em essência, ele considerava que o único objeto de estudo válido para a psicologia era o comportamento observável. Ele rejeitou a introspecção como fonte de informação e defendeu a aplicação do método objetivo das ciências naturais ao estudo do comportamento humano. Embora hoje o behaviorismo não se limite ao estudo de fenômenos observáveis, e as formulações teóricas incluam eventos privados, como pensamentos e imagens, mantém-se o critério de relacionar postulados teóricos ao comportamento manifesto por meio de uma abordagem experimental. A terapia comportamental se caracteriza, atualmente, pelo uso do método experimental na tarefa clínica e na pesquisa psicológica, de modo que o legado que Watson nos deixou não é tanto o conteúdo de suas concepções teóricas, mas a maneira como ele abordou o estudo do indivíduo. A verdadeira decolagem da terapia comportamental ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, desenvolvendo o que é conhecido como neobehaviorismo ou behaviorismo do pós-guerra, tomando muitos elementos de teóricos da aprendizagem anteriores, como Pavlov e Thorndike, e da década de 1930, o desenvolvimento do 5 INTRODUÇÃO condicionamento operante ocorreu nos Estados Unidos, como resultado do trabalho realizado por Skinner e colaboradores. Esse trabalho continuou a se desenvolver com muitos outros autores, como Wolpe, que utilizou o modelo de condicionamento clássico ou pavloviano, Hull, Eysenck, Bandura, Ellis, entre tantos outros que contribuíram para que as estratégias terapêuticas se combinem e possam ser utilizadas na prática clínica. Na atualidade, a literatura em psicologia clínica tem apontado a importância da regulação emocional como um elemento psicológico que as pessoas que frequentam a terapia buscam. Objetivos » Apresentar os fundamentos do estudo do comportamento na clínica. » Conhecer a relação da emoção e do comportamento na perspectiva comportamental. » Apresentar elementos sobre análise comportamental das emoções. » Analisar as características da abordagem do comportamento e das emoções. Bem-vindo e aproveite a disciplina!! 7 UNIDADE I A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Figura 1. Perspectiva. Fonte: https://www.psyciencia.com/?s=navidad+arena+y+playa Acesso em: 29/3/2022. CAPÍTULO 1 O ESTUDO DO COMPORTAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA A terapia consiste justamente em ajudar outras pessoas a mudarem seu próprio comportamento (em sentido amplo). Nos próximos parágrafos, veremos quais são as causas do nosso comportamento e como é possível modificá-lo, considerando a noção de comportamentos operantes e respondentes, bem como a aplicação na psicoterapia clínica comportamental (CHERTOK, 2006). Portanto, será útil definir precisamente o termo em questão: o que exatamente queremos dizer com comportamento? É provável que o leitor esteja inclinado a responder citando exemplos da vida cotidiana: caminhar, correr, falar, escrever etc. Em poucas palavras, quando falamos de conduta ou comportamento na linguagem usual, nos referimos à ação voluntária e visível de um ser vivo. Na psicologia comportamental, no entanto, o termo tem um escopo muito mais amplo. Falamos aqui de comportamento para nos referirmos a qualquer atividade realizada por um organismo vivo. De fato, inclui todas e cada uma das mudanças que podem ocorrer em um organismo ou em qualquer parte dele (CHERTOK, 2006). 8 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Comportamentos podem ser óbvios para o observador, como os que acabamos de mencionar. Podemos verificar que um indivíduo anda, fala ou escreve simplesmente usando os sentidos, por exemplo, visão ou audição. Além disso, esses comportamentos são intencionais: perseguem um fim e o sujeito os vivencia como voluntários. Outro grupo de comportamentos inclui as respostas reflexas ou automáticas do corpo a certos estímulos ou situações. Se um carro freia repentinamente perto de nós (estímulo), reagimos com uma descarga de adrenalina e uma aceleração dos batimentos cardíacos (respostas), e sentimos medo ou surpresa. Embora não seja possível observar essas respostas diretamente, elas podem ser reveladas usando meios apropriados, por exemplo, medindo a frequência cardíaca com um estetoscópio ou outra ferramenta, a adrenalina etc. Um estetoscópio permite apreciar a existência de taquicardia, e estudos laboratoriais podem confirmar a liberação de adrenalina na corrente sanguínea ou os chamados comportamentos privados. O método experimental que caracteriza a psicologia comportamental aplica-se tanto à investigação quanto à modificação de comportamentos, como hábitos prejudiciais ou inconvenientes. Por exemplo, um psicólogo escolar é chamado para analisar e tratar o “mau comportamento” de um aluno. Com o objetivo de coletar informações, ele entrevista o professor, o aluno e seus pais e observa diretamente o comportamento da criança em sala de aula. Ele observa que o menino recebe considerável atenção por perturbar a ordem, pois sua professora repetidamente o exorta a calar a boca e ficar quieto, explicando-lhe várias vezes como ele deve se comportar. Ele conclui que é justamente essa atenção que está mantendo o comportamento estudado, e desenvolve uma estratégia para modificar a situação (CHERTOK, 2006). Ele instrui a professora a ignorar o menino sempre que ele interromper a ordem e, em vez disso, dar-lhe atenção e interesse quando ele exibir um comportamento apropriado. Nesse exemplo, a variável dependente (VD) é o comportamento a ser modificado. No entanto, definir essa variável como “mau comportamento” é ambíguo e pouco operacional.Para implementar o programa, é necessário descrever com precisão o comportamento para que o professor saiba exatamente quando atender a criança e quando ignorá-la. Além disso, é conveniente definir o comportamento em termos mensuráveis para registrar os aumentos e diminuições em sua frequência e, assim, avaliar o andamento 9 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I do programa. Nesse caso, o comportamento problemático consiste em levantar-se, vaguear pela sala ou falar alto sem autorização (CHERTOK, 2006). Essa definição permite registrar o número de vezes que o aluno emite o comportamento durante um determinado período, por exemplo, no decorrer de uma aula. As mesmas precisões podem ser feitas em relação à variável independente: o que exatamente significa prestar atenção? Nesse caso, qualquer resposta do professor parece efetiva na manutenção do comportamento. Consequentemente, o professor deve abster-se de falar ou olhar para o menino sempre que ele se levanta, vagueia ou interrompe a aula. Em vez disso, deve dirigir-se a ele e até mesmo elogiá-lo quando ele se sentar ou pedir para falar. Antes de implementar o programa, o psicólogo registra com que frequência o comportamento ocorre sem tratamento. Esse dado, que corresponde ao primeiro setor (A) do gráfico (ver figura 2), é conhecido como linha de base. O tratamento é então introduzido, e as mudanças de comportamento são registradas (B). Se variar na direção esperada – no nosso caso, diminuir –, o programa provavelmente será o responsável pela mudança (CHERTOK, 2006). No entanto, a mudança também pode ser atribuída a fatores não relacionados ao tratamento, por exemplo, a eventos fortuitos na vida do sujeito que coincidiram com a aplicação do programa. Para comprovar que o tratamento foi o responsável pela mudança, poderíamos removê-lo temporariamente, voltando a prestar atenção aos comportamentos que buscamos modificar. Como pode ser visto no terceiro setor do gráfico (A), esses comportamentos devem retornar aos seus valores basais. Ao reintroduzir o tratamento – último setor B – o comportamento diminui novamente, o que nos dá uma segurança adicional de que a modificação do comportamento foi produzida pelo programa utilizado. Esse programa é conhecido como ABAB e é um dos modelos experimentais usados na modificação do comportamento. O exemplo acima pretende dar uma ideia geral da metodologia utilizada para explicar e modificar o comportamento. Abaixo resumimos os passos que devem ser cobertos ao usar o método científico para modificar o comportamento para fins terapêuticos. 10 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Figura 2. Programa ABAB: número de comportamentos x tempo (dias). A B A B Fonte: adaptada de Chertok, 2006. O primeiro passo é definir com precisão o comportamento que você deseja mudar. Na primeira fase da terapia, paciente e terapeuta estabelecem metas específicas para a mudança. Quando as queixas do paciente são vagas ou muito gerais, é necessário reformulá-las em termos comportamentais. No curso da terapia de casais, por exemplo, a esposa (ou esposo) pode pedir que seu cônjuge seja “mais amoroso”. Para resolver esse problema, devemos primeiro definir o que o paciente quer dizer com “mais amoroso”. Se ela quer que seu marido lhe dê um beijo de despedida todas as manhãs e a abrace ou acaricie na hora de dormir, mesmo que você não faça sexo, já estamos definindo seus objetivos em termos comportamentais e podemos trabalhar neles. Se, como resultado da terapia, seu marido concordar em atender estas necessidades nesse momento, a formulação comportamental nos permitirá avaliar se o acordo foi cumprido ou não, e continuar o tratamento a partir daí. Sem essa definição precisa de metas, seria muito difícil avaliar mais tarde se seu marido se comportou de maneira “mais amorosa” (CHERTOK, 2006). Isso não significa que comportamentos isolados ou focais, como demonstrar afeto, fobia ou disfunção sexual, sejam sempre trabalhados. A maioria dos pacientes chega à terapia com problemas complexos e sem metas definidas de mudança. Afirmam, por exemplo, que estão passando por uma crise existencial, que têm dúvidas sobre seus próprios sentimentos, que não estão satisfeitos com sua vida conjugal ou profissional etc. A reformulação dessas queixas em termos de comportamento não simplifica o problema, mas permite analisá-lo e definir objetivos específicos de mudança. 11 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I Se concordamos em trabalhar com um paciente para modificar seu comportamento depressivo, devemos estabelecer precisamente quais são esses comportamentos e se é possível quantificá-los. Em outras palavras, precisamos obter os dados de linha de base, descrevendo o estado atual dos comportamentos a serem modificados: o número de horas passadas na cama, as atividades realizadas durante o dia – um registro semanal é mantido –, seu comportamento verbal, reclamações, autorrecriminações, conversas informais, comentários otimistas etc. (CHERTOK, 2006). Também podemos registrar a pontuação que o sujeito atinge em uma escala ou inventário de depressão. Uma vez definido o problema nesses termos, estamos em condições de analisá-lo e formular uma hipótese sobre a origem e a manutenção do comportamento depressivo. Essa etapa é conhecida como análise funcional do comportamento e permite identificar os fatores responsáveis pela persistência do problema. A metodologia experimental exige que as variáveis sejam definidas operacionalmente, especificando as operações que são realizadas para medi-las ou registrar sua ocorrência. Se nossa hipótese propõe que a ansiedade que um paciente experimenta ao tentar falar em público (VD) se deve às ideias ou pensamentos que ele evoca naquele momento (VI), devemos esclarecer como iremos objetivar essas variáveis. Por exemplo, a ansiedade pode ser definida como uma alteração na resistência elétrica da pele (RPG), um aumento da frequência cardíaca ou o escore estimado pelo sujeito em uma escala de avaliação subjetiva. A escolha dependerá da utilidade prática que essas ou outras medidas nos proporcionam na situação específica que estamos considerando. As ideias podem ser definidas como o relato verbal que o sujeito dá sobre o que diz para si mesmo na situação, por exemplo: “vão rir de mim”, ou as imagens que evoca naquele momento. Ao objetivar as variáveis em jogo, é possível projetar um experimento para testar a validade da hipótese. Além disso, a definição operacional permite que outros pesquisadores repliquem os experimentos, confirmando ou questionando as primeiras conclusões. O próximo passo é elaborar uma estratégia para mudar o comportamento na direção estabelecida. A estratégia é elaborada a partir da hipótese explicativa que formulamos anteriormente. Por exemplo, realizando um treino específico de habilidades de oratória ou uma hierarquia de enfrentamentos para testar a hipótese do paciente. 12 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Se assumirmos que o reforço familiar desempenha um papel importante na persistência do comportamento depressivo, tentaremos modificar a resposta do ambiente familiar. Muitas vezes, a estratégia inclui diferentes procedimentos ou técnicas em uma determinada sequência (CHERTOK, 2006). Por fim, a eficácia do tratamento é avaliada à luz dos resultados obtidos. Como a definição dos objetivos terapêuticos é muito precisa, é relativamente fácil avaliar em que medida os objetivos estabelecidos foram alcançados. Se o paciente baixou a pontuação no inventário de depressão e essa diminuição se mantém, se ele reduziu o número de horas que passa na cama, se aumentou sua participação em outras atividades etc., podemos dizer que os objetivos foram alcançados, total ou parcialmente. Se isso não aconteceu, por mais conhecimento que o paciente tenha adquiridode seu problema, não podemos falar em sucesso terapêutico. Em relação aos procedimentos terapêuticos, um critério semelhante foi aplicado. Antes de considerar uma técnica eficaz, as seguintes questões devem ser respondidas: » É possível obter um percentual maior de melhoras ou remissões do que com uma simples relação médico-paciente, sem psicoterapia específica? » O número de sucessos terapêuticos é superior ao registrado para recuperações espontâneas, sem qualquer tipo de tratamento, durante o mesmo período? » Os resultados são mantidos ao longo do tempo? Mesmo quando se reconhece a eficácia de uma técnica, cabe perguntar quais são os seus ingredientes realmente terapêuticos, o que nos leva a propor novos trabalhos. Em um procedimento de eficácia comprovada como a dessensibilização sistemática, por exemplo, investigou-se se o relaxamento muscular é essencial, se o confronto imaginário com as cenas temidas deve necessariamente ser feito em ordem hierárquica etc. (CHERTOK, 2006). 13 CAPÍTULO 2 O QUE É E O QUE NÃO É TERAPIA COMPORTAMENTAL Figura 3. Psicoterapia. Fonte: https://www.psyciencia.com/analisis-funcional-de-un-caso-de-trastorno-obsesivo-compulsivo- toc/. Infelizmente, os preconceitos e equívocos que existem sobre a terapia comportamental nos obrigam a explicar o que a terapia comportamental não é, e confrontá-los com o que essa disciplina realmente é. A análise experimental do comportamento não se limita a comportamentos observáveis, e o alcance do termo comportamento precisa ser esclarecido. Poderíamos acrescentar aqui alguns esclarecimentos terminológicos. Conduta, comportamento e resposta são usados de forma intercambiável, como sinônimos (CHERTOK, 2006). A abordagem comportamental se caracteriza pela metodologia utilizada para estudar o indivíduo, o método científico-experimental. A aplicação desse método ao estudo do comportamento animal e humano deu origem ao enunciado dos princípios que compõem o corpo teórico do behaviorismo: as leis da aprendizagem. Esses postulados, no entanto, não são imutáveis, eles são válidos apenas na medida em que são consistentes com os fatos clínicos e experimentais. Assim, o essencial do behaviorismo é o respeito aos dados objetivos, ou seja, sua modalidade específica de estudar o comportamento (metodologia), e não o conteúdo de suas concepções teóricas. A terapia comportamental é a aplicação de metodologia experimental e princípios de aprendizagem à situação terapêutica. Os termos terapia e modificação de comportamento são frequentemente usados de forma intercambiável, embora o último às vezes seja usado em um contexto mais skinneriano, ou seja, em termos de condicionamento operante. 14 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA De fato, Skinner (1970, 1991, 1989, 1999) fala principalmente sobre modificação de comportamento. Muitos autores consideram, provavelmente com razão, que a modificação de comportamento tem um significado mais amplo, pois inclui a mudança de comportamentos em contextos não terapêuticos. Por exemplo, a aplicação de princípios comportamentais para a melhoria da aprendizagem do aluno é um exemplo de aplicação não terapêutica. Nesse caso, seria mais apropriado falar de modificação de comportamento do que de terapia comportamental (CHERTOK, 2006). Outro conceito muito importante é o problema das “causas ou sintomas” na psicoterapia comportamental. Um equívoco amplamente difundido é que a terapia comportamental é “sintomática” porque trata o “sintoma” e não lida com as causas subjacentes. Esse talvez seja o questionamento que temos ouvido com mais frequência na terapia comportamental, porém, na concepção comportamental, os fenômenos não constituem sintomas de um conflito inconsciente, por exemplo, e, sobretudo, e isso é muito importante, não se pensa que estejam cumprindo uma função defensiva. Em vez disso, pensa-se que os transtornos, ou seja, comportamentos problemáticos para o sujeito, são o resultado de um processo de aprendizagem bastante complexo, mas que pode ser objetivado e estudado experimentalmente. Portanto, o objetivo da terapia é primeiro analisar o transtorno para ver quais fatores o mantêm e, em seguida, aprender formas mais saudáveis de se comportar e hábitos mais convenientes. Se o problema é uma “inibição social” (dificuldade de estabelecer vínculos interpessoais, ansiedade e insegurança em situações sociais), para citar um caso específico, não assumimos que o transtorno seja resultado do deslocamento de um medo inconsciente ou que o sujeito vai se defendendo com ele contra a angústia gerada por um conflito. Partimos da perspectiva que o paciente adquiriu sua inibição por meio de um processo de aprendizado, e que atualmente existem alguns fatores que estão mantendo o problema. A análise dos fatores responsáveis pela atual subsistência do transtorno é um processo complexo de grande importância e que já mencionamos neste capítulo: a análise funcional do comportamento. Como resultado dessa análise, desenvolve-se uma estratégia terapêutica que se pretende eficaz. Se a análise comportamental revelar que há uma ansiedade 15 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I social, é provável que usemos procedimentos para enfrentar a ansiedade, como dessensibilização sistemática ou outros, como parte da estratégia. Se verificarmos que o paciente não adquiriu as habilidades necessárias para estabelecer um relacionamento adequado com seus pares, a terapia deve ser vista como uma experiência que lhe permite aprender a se comunicar com os outros em um plano de igualdade, defender seus direitos, expressar seus desejos e sentimentos, tomar a iniciativa de estabelecer novos vínculos etc. – um treinamento de habilidades sociais (CHERTOK, 2006). Se descobrirmos que sua inibição social se deve a equívocos sobre relacionamentos interpessoais, nós o ajudaremos a reavaliar suas regras e expectativas. Ao conceber a “inibição social” como resultado de um processo de aprendizagem, a maneira de modificá-la é desenvolver habilidades sociais mais convenientes e gratificantes. Outro conceito que costuma gerar confusão e que está intimamente ligado ao que temos vindo a desenvolver são as condições “superficial” e “profunda” da terapia comportamental. O conceito de profundidade é relativo. Em um contexto psicanalítico, aprofundamento refere-se a vincular os problemas atuais do paciente com conflitos que supostamente ocorreram em algum estágio do desenvolvimento psicossexual. Como o terapeuta de orientação comportamental entende que os transtornos psicológicos são o resultado de um processo de aprendizagem que persiste no presente, não se propõe um aprofundamento biográfico, embora o estudo da biografia seja relevante. Em vez disso, realiza-se um aprofundamento “transversal”, a análise funcional do comportamento, que supõe um estudo exaustivo e detalhado do problema no aqui e agora, incluindo sua evolução até o presente. Não faz sentido, portanto, afirmar que uma modalidade é superficial a partir de uma concepção psicopatológica diferente. É bom ter em mente que há mais de uma explicação para o comportamento alterado, e que lidar com um esquema psicopatológico fechado acarreta o perigo de ficar confinado a uma certa linha de pensamento que está constantemente se “confirmando”. A referência à análise funcional do comportamento que acabamos de fazer permite esclarecer que a terapia comportamental não é um conjunto de técnicas utilizadas indiscriminadamente. 16 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA Como vimos anteriormente, a estratégia terapêutica é elaborada uma vez estabelecidos quais são os fatores responsáveis pela subsistência do problema e como esses fatores interagem atualmente. Em outras palavras, as técnicas não são selecionadas com base no diagnóstico. Um paciente com “disfunção sexual erétil” pode necessitar deterapia sexual, treinamento em habilidades sociais, procedimentos para manejo da ansiedade etc., ou o que é mais provável, uma combinação de várias técnicas em uma sequência definida. Assim, na terapia comportamental, não são tratadas entidades clínicas, mas indivíduos que apresentam problemas específicos e um histórico de aprendizagem particular (CHERTOK, 2006). A análise comportamental permite que cada caso seja investigado detalhadamente para propor uma estratégia específica para aquele paciente. À luz desses conceitos, fica claro que a terapia comportamental não se trata apenas de “aplicar técnicas comportamentais”. A sua prática exige o conhecimento profundo dos passos aos quais nos referimos. Tanto a análise comportamental quanto o desenho de uma estratégia terapêutica são processos complexos que devem levar em conta inúmeras variáveis. A coleta de dados é realizada principalmente por meio de entrevistas e aplicação de questionários, inventários de auto-observação e autorregistro, entrevistas com familiares e até mesmo medidas fisiológicas. A aplicação específica das técnicas exige, naturalmente, treino suficiente, conhecimento dos obstáculos que podem surgir e a flexibilidade necessária para adaptar o procedimento à evolução do paciente (CHERTOK, 2006). 17 CAPÍTULO 3 CONDICIONAMENTO OPERANTE – CONDICIONAMENTO RESPONDENTE: CASOS CLÍNICOS Figura 4. Casos. Fonte: https://www.psyciencia.com/evaluacion-neuropsicologica-infantil-cumanin-2/. O modelo comportamental se baseia no modelo de aprendizagem, que é um conjunto articulado de princípios ou leis que explicam em que condições determinados comportamentos são adquiridos, mantidos ou desaparecem. O condicionamento operante se refere a comportamentos emitidos com uma finalidade ou propósito. Por exemplo, quando abrimos a janela para deixar entrar o ar ou bebemos água para aliviar a sede, nosso comportamento visa promover uma mudança no ambiente ao nosso redor ou em nosso próprio organismo. Diz-se que esses comportamentos operam no ambiente e, portanto, são conhecidos como comportamentos operantes. A maioria dos comportamentos emitidos no cotidiano pertence a essa categoria: falar, andar, escrever, trabalhar, realizar atividades em geral. As mudanças que esses comportamentos promovem em seu ambiente são chamadas de consequências. Nos exemplos anteriores, a entrada de ar e o alívio da sede são consequências aos comportamentos correspondentes: abrir a janela e beber água. O princípio básico do condicionamento operante afirma que a emissão de um comportamento sempre depende de seus resultados. Em outras palavras, o comportamento é controlado por suas consequências imediatas. Ler esse capítulo é um comportamento que gera certas consequências: desperta interesse, fornece informações, aborrece etc. Continuar ou não a ler depende das consequências 18 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA específicas que produzem ou da interferência de outro comportamento incompatível com a leitura, por exemplo, atender o telefone, que por sua vez é emitido porque produz determinadas consequências. Como o comportamento já emitido não pode ser alterado, neste caso o fato de ter lido, as consequências realmente alteram a probabilidade futura do comportamento ocorrer (o fato de continuar lendo). Em outras palavras, a emissão atual de um comportamento depende das consequências que ele gerou no passado (CHERTOK, 2006). O comportamento operante é frequentemente experimentado como voluntário. Em outros casos, pode ser emitido de forma mais ou menos automática, como ocorre ao olhar para alguém que menciona nosso nome. Geralmente, estamos cientes de nosso comportamento e de seus resultados. Outras vezes, agimos sem total consciência, por exemplo, virando na cama enquanto dormimos procurando uma posição mais confortável. Em todos os casos, entretanto, o comportamento é controlado por suas consequências (CHERTOK, 2006). O conceito de condicionamento operante, também conhecido como aprendizado instrumental, foi desenvolvido por Skinner (1970, 1991), quando publicou seu primeiro trabalho, e deu continuidade aos trabalhos anteriores de Thorndike (1874- 1949), que desenvolveu um conceito semelhante ao reforço em sua “lei do efeito”. 3.1. Reforço Dizemos que um comportamento é reforçado quando as consequências que ele gera aumentam sua probabilidade de ocorrência futura. O comportamento de pressionar o botão do elevador normalmente produz a sua chegada. Essa consequência determina que apertemos o botão novamente toda vez que precisarmos do elevador. Esse processo é conhecido como reforço. Existem dois tipos de reforço: o reforço positivo e o reforço negativo. 3.1.1. Reforço positivo Quando o sujeito obtém algo após emitir a resposta, como no exemplo que acabamos de apresentar, falamos em reforço positivo. O que você obtém como resultado do comportamento (o elevador) é conhecido como reforço positivo. O salário é um reforçador positivo para o comportamento 19 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I de trabalhar, embora esse comportamento também possa ser mantido por outros reforçadores: a satisfação do dever cumprido, manter-se ocupado, o prazer que uma tarefa desperta etc. Isso varia, é claro, de acordo com a pessoa, a situação e sua história de aprendizagem. O reforço positivo também é conhecido como reforço por apresentação de um reforçador, pois o aumento da probabilidade do comportamento pela apresentação de um evento como consequência dele. O reforço positivo às vezes é confundido com uma recompensa. O prêmio é definido como algo valioso ou agradável que é dado a alguém que atinge um objetivo ou realiza uma tarefa com sucesso. Embora os reforçadores positivos sejam geralmente considerados agradáveis, isso nem sempre é o caso. De fato, um reforçador positivo não é definido pelo valor atribuído a ele, mas pelo efeito que tem sobre o comportamento em um caso específico. Qualquer evento que segue um comportamento e aumenta a frequência do comportamento é um reforçador positivo, mesmo que a maioria das pessoas não o ache agradável. Se as broncas da mãe, por exemplo, fazem com que o menino continue pendurado nas cortinas, eles estão funcionando como reforçadores positivos, embora ninguém qualifique as broncas como recompensas (SKINNER, 1991). Por outro lado, se um evento não aumenta a probabilidade de emitir um comportamento, ele não pode ser considerado um reforçador para esse comportamento, mesmo que seja algo geralmente valorizado. A permissão para assistir televisão pode ou não servir para reforçar o comportamento do dever de casa. A única maneira de verificar isso é observar o efeito que isso tem no comportamento da criança. 3.1.2. Reforço negativo Um segundo tipo de reforço consiste em remover algo como consequência do comportamento emitido. Um exemplo disso seria um pai acendendo a luz do quarto do filho para impedir que ele chore, ou uma pessoa aplicando repelente para evitar que os insetos a mordam. Figura 5. Reforço negativo. Conduta →→ Suprime →→ Reforço negativo Acender a luz Aplicar repelente Choro Picada de mosquito Fonte: adaptado de Chertok, 2006. 20 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA O processo é chamado de reforço negativo ou reforço de retirada de um evento aversivo, e os eventos que são suprimidos (chorar em um caso, e morder em outro) são reforçadores negativos para os comportamentos correspondentes. Quadro 1. Perguntas para compreender o comportamento e as consequências reforçadoras positivas ou negativas. Para validar a compreensão, o leitor pode achar útil fazer as seguintes perguntas: 1. Qual é o comportamento que está sendo analisado? No exemplo do elevador, o comportamento é pressionar o botão. No caso de picadas de insetos, consiste na aplicação de repelente. 2. O comportamento tende a aumentar ou diminuir a partirde suas consequências? Nos dois exemplos citados, o comportamento aumenta: o sujeito aperta o botão ou o repelente é aplicado. Portanto, em ambos os casos é um processo de reforço. 3. Qual é o resultado do comportamento? Se algo é obtido como consequência disso (o elevador chega) é reforço positivo. Se, em vez disso, algo é suprimido (as picadas) é um caso de reforço negativo. Observe que tanto o reforço positivo quanto o negativo aumentam a probabilidade futura de um comportamento. Fonte: adaptado de Chertok, 2006. Uma visão mais ampla do processo de reforço é obtida a partir das contribuições de Premack (1938 in CHERTOK, 2006), que fez uma reavaliação do conceito de reforço. Premack observou que, quando um indivíduo tem livre acesso a uma série de atividades, o tempo que ele dedica a cada uma delas é variável. Isso define a preferência ou valor que o sujeito atribui a cada atividade, o que pode ser expresso dizendo que as atividades diferem em sua probabilidade. O princípio de Premack afirma que comportamentos ou respostas de maior probabilidade podem ser usados para reforçar comportamentos de menor probabilidade. Se exercitar-se para alguém é um comportamento menos provável do que ouvir um determinado programa de rádio pela manhã, eles podem tornar o segundo comportamento contingente ao primeiro para aumentar seus exercícios matinais. Isso significa que você ouvirá o programa de rádio após realizar a atividade física. Observe que estamos falando de comportamentos de maior ou menor probabilidade, e não de maior ou menor frequência. Comportamentos de alta probabilidade são autorreforçadores e tendem a ser emitidos sem a necessidade de serem apoiados por outros reforçadores. Ir ao dentista pode ser um comportamento de alta frequência, mas dificilmente serve para reforçar outro comportamento. O princípio de Premack é frequentemente usado em uma intervenção clínica para desenvolver procedimentos de automonitoramento, e um caminho a seguir é fazer uma pequena lista de comportamentos que são mais ou menos prováveis (SKINNER, 1970, 1991, 1999). 21 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I Quadro 2. Lista de comportamentos mais e menos prováveis no repertório de um paciente. Menor probabilidades Maior probabilidade Fonte: adaptado de Chertok, 2006. Finalmente, existem outras duas formas de classificar os reforçadores. Aqueles cuja qualidade reforçadora é natural e não deve ser aprendida porque satisfaz nossas necessidades biológicas são os reforçadores primários, ou incondicionados. Eles incluem comida, água, atividade sexual, calor etc. E eventos cuja qualidade reforçadora é resultado do aprendizado, como dinheiro, são conhecidos como reforçadores secundários ou condicionados. Entre esses, destacam-se a atenção, o interesse e a preocupação de outras pessoas, bem como elogios, sinais de aprovação (reforço social) que possuem alto poder de reforço e podem até ser utilizados para fins terapêuticos. 3.1.3. Motivação, reforço, privação e saciedade O princípio básico do condicionamento operante afirma que o comportamento é mantido por suas consequências. É comum, porém, invocar outros fatores como supostas causas do comportamento. Uma explicação popular do comportamento é a motivação. Dizemos, por exemplo, que um jovem está muito motivado para praticar esportes ou que não está muito motivado para estudar. No entanto, o comportamento não é emitido porque o sujeito está “motivado”, mas porque tem alta probabilidade de ser reforçado (SKINNER, 1999). O termo motivação tem um significado descritivo, mas na verdade não explica o comportamento. Quando dizemos que o jovem está altamente motivado para praticar esportes, estamos apenas indicando que tal comportamento é muito provável. Por sua vez, o comportamento é altamente provável porque está sob o controle de um reforçador muito poderoso. Assim, “alta motivação” descreve uma situação em que o comportamento está sendo fortemente reforçado. A potência de um reforçador, ou seja, sua capacidade de controlar o comportamento, nem sempre é a mesma para o mesmo indivíduo. Se o sujeito foi privado de comida, água ou exercício por muito tempo, esses eventos se tornam poderosos reforçadores. Dizemos, nesses casos, que o sujeito está ansioso para comer, beber ou mover-se. Tecnicamente, essa situação é conhecida como privação, e é um dos fatores que aumentam a motivação, ou seja, a probabilidade de o comportamento acontecer visando obter tais reforçadores. 22 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA O fenômeno inverso é conhecido como saciedade, ou seja, um evento perde sua capacidade de reforço se for fornecido em excesso. Quando isso ocorre, o comportamento pode diminuir em frequência. Podemos reforçar nossos filhos cada vez que eles tomam suas próprias decisões e resolvem suas dificuldades sozinhos, para aumentar sua independência e autonomia. Mas se elogiarmos com muita frequência, e sempre com as mesmas palavras, corremos o risco de perder a eficácia. Portanto, o elogio deve ser feito de maneira comedida e modificada. Normalmente, no entanto, pouco reforço é fornecido para comportamentos desejados. A privação e a saciedade não são características intrínsecas dos reforçadores, referem-se ao estado em que o organismo se encontra. Em outras palavras, a qualidade reforçadora de um evento é variável e depende da situação em que o sujeito se encontra. 3.1.4. Extinção, reforço contínuo e intermitente Quando um comportamento deixa de ser reforçado, sua frequência diminui até desaparecer, ou seja, se extingue. No exemplo do elevador, citado acima, o comportamento de pressionar o botão vai desaparecer se não produzir a consequência esperada (a chegada do elevador) depois de um período de tempo. Como vimos no capítulo anterior, uma professora pode ignorar um menino que constantemente perturba a aula, a quem ela inadvertidamente reforça com suas reprimendas. O comportamento do menino cessará se não estiver sendo mantido pela atenção do professor. Deve-se ter em mente que, quando um programa de extinção é iniciado, ocorre primeiro um aumento no comportamento, que depois diminui em frequência. Portanto, é provável que, a princípio, pressionemos repetidamente o botão do elevador até termos certeza de que não funciona, e que a criança fale mais do que antes no início da extinção na tentativa de obter o reforçador (SKINNER, 1991). Figura 6. Extinção. Conduta →→ Extinção →→ Reforço negativo Interromper a aula Aplicar repelente Aprovação do professor Picada de mosquito Fonte: adaptado de Chertok, 2006. Comportamentos que são mantidos pelo reforço negativo também se extinguem quando param de suprimir o evento aversivo. Se os mosquitos nos picarem apesar do repelente, provavelmente deixaremos de usá-lo. A resistência à extinção, ou seja, o tempo durante o qual o comportamento continua a ser emitido após cessar o reforço, varia de acordo com o “esquema de reforço” 23 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I utilizado. Se cada resposta do sujeito for seguida pelo reforçador, estaremos diante de um programa de reforço contínuo. O comportamento de ligar o rádio pertence a essa categoria, pois toda vez que giramos o botão, o receptor liga. Em outros casos, apenas algumas tentativas do sujeito são reforçadas. Falamos, então, de reforço intermitente. Por exemplo, os vendedores ambulantes oferecem suas mercadorias para muitas pessoas, mas nem todas as suas tentativas são bem-sucedidas. As vendas esporádicas que realizam de forma intermitente reforçam seu comportamento de oferta da mercadoria. O reforço contínuo é útil para aumentar a emissão daqueles comportamentos que ocorrem com pouca frequência. Em combinação com outros procedimentos, como, por exemplo, a imitação, serve para consolidar novos comportamentos. No entanto, os comportamentos que são reforçados dessa maneira desaparecemsignificado semelhante ao conceito usual de fadiga. A inibição reativa (fadiga) determina a cessação da atividade (repouso). A cessação da atividade constitui uma resposta valiosa para o organismo, pois reduz a fadiga e, como tal, pode ser condicionada a outros estímulos. Como o EC, por exemplo, o som do sino, ainda está presente no momento em que ocorre a inibição reativa, pode ser condicionada à cessação da atividade e, assim, desenvolver a capacidade de inibir a resposta que anteriormente produzia, no caso a salivação. Esse processo é conhecido como “inibição condicionada” e, juntamente com a inibição reativa, explica a extinção de respostas que não são seguidas a EIs. Wolpe raciocinou que o EC também poderia desenvolver qualidades inibitórias se associado à inibição de resposta diferente da inibição reativa. De fato, quando o EC é apresentado em conjunto com outro estímulo inibitório da RC, o EC perde sua capacidade de evocar a resposta. Esse é o princípio da inibição recíproca. Wolpe resumiu nos seguintes termos, aplicando-o especificamente à resposta de ansiedade. Ele aponta que se, na presença de um estímulo evocador de ansiedade, pode ser alcançada uma resposta antagônica que total ou parcialmente suprime a ansiedade, então a ligação entre esse estímulo e a resposta de ansiedade será enfraquecida. A resposta antagônica à ansiedade que Wolpe mais utilizou foi o relaxamento muscular, que é incompatível com a excitação ansiosa. Em outras palavras, se fosse possível confrontar o sujeito com o estímulo provocador de ansiedade, por exemplo um cão, e simultaneamente inibir a ansiedade pelo relaxamento muscular profundo, ele previu que a capacidade do cão de gerar ansiedade seria enfraquecida. 31 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I Isso foi verificado experimentalmente induzindo ansiedade condicionada em gatos, que desenvolveram uma fobia de uma gaiola onde recebiam um choque elétrico e, em seguida, suprimindo o medo usando comida como supressor de ansiedade. A partir dessas observações, Wolpe desenvolveu uma técnica para o tratamento de ansiedades condicionadas em humanos, a dessensibilização sistemática, que tem uma alta porcentagem de sucessos terapêuticos, além de outras técnicas, como raiva induzida etc. (CHERTOK, 2006). 3.7. Exercício de caso clínico Um garoto de 17 anos desenvolveu fobia de elevador depois de ficar preso por vários minutos. Naquela ocasião, ele estava intensamente angustiado, pensando que o oxigênio acabaria e que ele poderia morrer de asfixia. Viajando com ele estava uma pessoa que também experimentava grande ansiedade. A partir de então, ele usa apenas as escadas, até mesmo para subir aos andares superiores. Por duas ou três vezes ele tentou subir de elevador, mas sua ansiedade o obrigou a descer na primeira parada e ele teve que continuar subindo as escadas. Em uma ocasião ele chegou ao seu destino (5º andar), mas à custa de grande ansiedade. Ele relata que desde criança tem sido muito “nervoso e impressionável”, com tendência a chorar com facilidade e tem vários medos: do escuro, de ficar sozinho etc. Socialmente, é considerado tímido e evita grandes grupos. É difícil para ele falar em público, por exemplo, falando em sala de aula, e embora tenha frequentado algumas festas, ele não se atreve a convidar uma garota para dançar. Como entretenimento, ele prefere xadrez e leitura a esportes em grupo. 1. Quais são os fatores predisponentes que favoreceram, nesse caso, a aquisição da fobia? 2. Como ocorreu o condicionamento da fobia? Explique o processo que ocorreu durante o episódio inicial. 3. Como o medo foi mantido após o episódio inicial? Possíveis respostas: 1. Parece haver fatores biológicos predisponentes, como alto neuroticismo e introversão. O jovem também desenvolveu um comportamento de evitação generalizada. Ele evita grandes grupos, conversar em sala de aula, convidar uma garota para sair, o que é um fator predisponente aprendido. 32 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA 2. A aquisição da fobia é explicada por um processo de condicionamento clássico: › EI. Elevação → EI aprisionamento (real) asfixia (imaginada) → RI ansiedade. › EC. Elevador → RC alta ansiedade. Um processo de “modelagem” também pode ter desempenhado um papel, já que seu companheiro ocasional exibia uma angústia considerável. 3. A fobia foi mantida pelo comportamento de evitação (o paciente usa as escadas), que, por sua vez, é mantido pelo reforço negativo, pois evitar elevadores reduz a ansiedade (CHERTOK, 2006). 33 REFERÊNCIAS ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S. Ativação comportamental: Apresentando um protocolo integrador no tratamento da depressão. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 19, n. 3, pp. 246-267, 2017. BRITTO, I. A. G. S.; ELIAS, P. V. O. Análise comportamental das emoções. Psicologia para América Latina, v. 16, n. 2, pp. 177-197, 2009. BUENO, R. Los eventos privados: del conductismo metodológico al interconductismo. Universitas Psychologica, v. 10, n. 3, pp. 949-962, 2011. CHERTOK, Alberto. Las causas de nuestra conducta. Montevideo, Uruguay: Universidad de la República, 2006. KAHOLOKULA, J. K.; GODOY, A.; HAYNES, S. N.; GAVINO, A. Análisis funcional en evaluación conductual y formulación de casos clínicos. Clínica y Salud, v. 24, n. 2, pp. 117-127, 2013. LINEHAN, M. M. Cognitive-Behavioral Treatment of Borderline Personality Disorder. 1. ed. New York: The Guilford Press, 1993. SILVEIRA, H. V.; LOPES, C. E.; POMPERMAIER, H. M. Usos do termo emoção na obra de B. F. Skinner. Acta Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, v. 27, n. 4, 2019. SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Brasília: FUNBEC, 1970. ______. Questões Recentes na Análise Comportamental. São Paulo: Papirus, 1991. (trabalho original publicado em 1989). ______. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1999. STAATS, A. W. Human Learning. Studies Extending Conditioning Principles to Complex Behavior. New York: Holt, Rinehart and Winston, Inc., 1964. STAATS, A. W.; STAATS, C. K. Comportamento Humano Complexo. São Paulo: EPU, 1973. GUTIÉRREZ, R. M. V.; MUÑOZ-MARTÍNEZ, A. M. La regulación emocional: precisiones y avances conceptuales desde la perspectiva conductual. Psicologia USP, v. 24, n. 2, pp. 225-240, 2013. VEGA, I.; QUINTERO, S. S. Terapia dialéctico conductual para el trastorno de personalidad límite. Acción Psicológica, v. 10, n. 1, pp. 45-56, 2013. Imagens Figura 1. Perspectiva. Fonte: https://www.psyciencia.com/?s=navidad+arena+y+playa. Acesso em: 29/3/2022. Figura 2. Programa ABAB: Numero de conductas x Tiempo (días). Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 3. Psicoterapia. Fonte: https://www.psyciencia.com/analisis-funcional-de-um-caso-de-trastorno- obsesivo-compulsivo-toc/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 4. Casos. Fonte: https://www.psyciencia.com/evaluacion-neuropsicologica-infantil-cumanin-2/. Acesso em: 29/3/2022. 34 REFERÊNCIAS Figura 5. Reforço negativo. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 6. Extinção. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 7. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 8. Skinner. Fonte: https://www.menteasombrosa.com/wp-content/uploads/2019/08/biografia- Burrhus-Frederic-Skinner.jpg. Acesso em: 29/3/2022. Figura 9. Processos. Fonte: https://www.psyciencia.com/que-es-la-psicosis-y-un-brote-psicotico/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 10. Regulação. Fonte: https://www.psyciencia.com/neurociencia-cognitiva-y-regulacion- emocional/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 11. Análise. Fonte: https://www.psyciencia.com/hoja-de-automonitoreo-para-consultantes-pdf//. Acesso em: 29/3/2022. Figura 12. Análise funcional. Fonte: https://www.psyciencia.com/guia-elaboracion-analisis-funcional-de- la-conducta/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 13. Diagrama. Fonte: https://www.psyciencia.com/protocolo-para-la-evaluacion-integradora-del- tdah/. Acesso em: 29/3/2022. Figura14. FACCD do caso: Sebastián. Fonte: adaptada de Kaholokulaa et al., 2013. Figura 15. Estudo. Fonte: https://www.psyciencia.com/los-recursos-de-autoayuda-que-no-se-basan- en-evidencia-fomentarian-la-culpabilizacion-de-las-victimas-respecto-de-su-situacion//. Acesso em: 29/3/2022. Figura 16. Fonte: https://www.psyciencia.com/como-la-cafeina-y-el-alcohol-afectan-el-sueno/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 17. Desregulação. Fonte: https://www.psyciencia.com/cultivando-empatia/. Acesso em: 29/3/2022. _Hlk105678752 _Hlk106026974 _Hlk105678545 Introdução UNIDADE i A interação entre operantes e respondentes: perspetiva clínica Capítulo 1 O estudo do comportamento na psicologia clínica Capítulo 2 O que é e o que não é terapia comportamental Capítulo 3 Condicionamento operante – condicionamento respondente: casos clínicos Referênciassignificado semelhante ao conceito usual de fadiga. A inibição reativa (fadiga) determina a cessação da atividade (repouso). A cessação da atividade constitui uma resposta valiosa para o organismo, pois reduz a fadiga e, como tal, pode ser condicionada a outros estímulos. Como o EC, por exemplo, o som do sino, ainda está presente no momento em que ocorre a inibição reativa, pode ser condicionada à cessação da atividade e, assim, desenvolver a capacidade de inibir a resposta que anteriormente produzia, no caso a salivação. Esse processo é conhecido como “inibição condicionada” e, juntamente com a inibição reativa, explica a extinção de respostas que não são seguidas a EIs. Wolpe raciocinou que o EC também poderia desenvolver qualidades inibitórias se associado à inibição de resposta diferente da inibição reativa. De fato, quando o EC é apresentado em conjunto com outro estímulo inibitório da RC, o EC perde sua capacidade de evocar a resposta. Esse é o princípio da inibição recíproca. Wolpe resumiu nos seguintes termos, aplicando-o especificamente à resposta de ansiedade. Ele aponta que se, na presença de um estímulo evocador de ansiedade, pode ser alcançada uma resposta antagônica que total ou parcialmente suprime a ansiedade, então a ligação entre esse estímulo e a resposta de ansiedade será enfraquecida. A resposta antagônica à ansiedade que Wolpe mais utilizou foi o relaxamento muscular, que é incompatível com a excitação ansiosa. Em outras palavras, se fosse possível confrontar o sujeito com o estímulo provocador de ansiedade, por exemplo um cão, e simultaneamente inibir a ansiedade pelo relaxamento muscular profundo, ele previu que a capacidade do cão de gerar ansiedade seria enfraquecida. 31 A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA | UNIDADE I Isso foi verificado experimentalmente induzindo ansiedade condicionada em gatos, que desenvolveram uma fobia de uma gaiola onde recebiam um choque elétrico e, em seguida, suprimindo o medo usando comida como supressor de ansiedade. A partir dessas observações, Wolpe desenvolveu uma técnica para o tratamento de ansiedades condicionadas em humanos, a dessensibilização sistemática, que tem uma alta porcentagem de sucessos terapêuticos, além de outras técnicas, como raiva induzida etc. (CHERTOK, 2006). 3.7. Exercício de caso clínico Um garoto de 17 anos desenvolveu fobia de elevador depois de ficar preso por vários minutos. Naquela ocasião, ele estava intensamente angustiado, pensando que o oxigênio acabaria e que ele poderia morrer de asfixia. Viajando com ele estava uma pessoa que também experimentava grande ansiedade. A partir de então, ele usa apenas as escadas, até mesmo para subir aos andares superiores. Por duas ou três vezes ele tentou subir de elevador, mas sua ansiedade o obrigou a descer na primeira parada e ele teve que continuar subindo as escadas. Em uma ocasião ele chegou ao seu destino (5º andar), mas à custa de grande ansiedade. Ele relata que desde criança tem sido muito “nervoso e impressionável”, com tendência a chorar com facilidade e tem vários medos: do escuro, de ficar sozinho etc. Socialmente, é considerado tímido e evita grandes grupos. É difícil para ele falar em público, por exemplo, falando em sala de aula, e embora tenha frequentado algumas festas, ele não se atreve a convidar uma garota para dançar. Como entretenimento, ele prefere xadrez e leitura a esportes em grupo. 1. Quais são os fatores predisponentes que favoreceram, nesse caso, a aquisição da fobia? 2. Como ocorreu o condicionamento da fobia? Explique o processo que ocorreu durante o episódio inicial. 3. Como o medo foi mantido após o episódio inicial? Possíveis respostas: 1. Parece haver fatores biológicos predisponentes, como alto neuroticismo e introversão. O jovem também desenvolveu um comportamento de evitação generalizada. Ele evita grandes grupos, conversar em sala de aula, convidar uma garota para sair, o que é um fator predisponente aprendido. 32 UNIDADE I | A INTERAÇÃO ENTRE OPERANTES E RESPONDENTES: PERSPETIVA CLÍNICA 2. A aquisição da fobia é explicada por um processo de condicionamento clássico: › EI. Elevação → EI aprisionamento (real) asfixia (imaginada) → RI ansiedade. › EC. Elevador → RC alta ansiedade. Um processo de “modelagem” também pode ter desempenhado um papel, já que seu companheiro ocasional exibia uma angústia considerável. 3. A fobia foi mantida pelo comportamento de evitação (o paciente usa as escadas), que, por sua vez, é mantido pelo reforço negativo, pois evitar elevadores reduz a ansiedade (CHERTOK, 2006). 33 REFERÊNCIAS ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S. Ativação comportamental: Apresentando um protocolo integrador no tratamento da depressão. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 19, n. 3, pp. 246-267, 2017. BRITTO, I. A. G. S.; ELIAS, P. V. O. Análise comportamental das emoções. Psicologia para América Latina, v. 16, n. 2, pp. 177-197, 2009. BUENO, R. Los eventos privados: del conductismo metodológico al interconductismo. Universitas Psychologica, v. 10, n. 3, pp. 949-962, 2011. CHERTOK, Alberto. Las causas de nuestra conducta. Montevideo, Uruguay: Universidad de la República, 2006. KAHOLOKULA, J. K.; GODOY, A.; HAYNES, S. N.; GAVINO, A. Análisis funcional en evaluación conductual y formulación de casos clínicos. Clínica y Salud, v. 24, n. 2, pp. 117-127, 2013. LINEHAN, M. M. Cognitive-Behavioral Treatment of Borderline Personality Disorder. 1. ed. New York: The Guilford Press, 1993. SILVEIRA, H. V.; LOPES, C. E.; POMPERMAIER, H. M. Usos do termo emoção na obra de B. F. Skinner. Acta Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, v. 27, n. 4, 2019. SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Brasília: FUNBEC, 1970. ______. Questões Recentes na Análise Comportamental. São Paulo: Papirus, 1991. (trabalho original publicado em 1989). ______. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1999. STAATS, A. W. Human Learning. Studies Extending Conditioning Principles to Complex Behavior. New York: Holt, Rinehart and Winston, Inc., 1964. STAATS, A. W.; STAATS, C. K. Comportamento Humano Complexo. São Paulo: EPU, 1973. GUTIÉRREZ, R. M. V.; MUÑOZ-MARTÍNEZ, A. M. La regulación emocional: precisiones y avances conceptuales desde la perspectiva conductual. Psicologia USP, v. 24, n. 2, pp. 225-240, 2013. VEGA, I.; QUINTERO, S. S. Terapia dialéctico conductual para el trastorno de personalidad límite. Acción Psicológica, v. 10, n. 1, pp. 45-56, 2013. Imagens Figura 1. Perspectiva. Fonte: https://www.psyciencia.com/?s=navidad+arena+y+playa. Acesso em: 29/3/2022. Figura 2. Programa ABAB: Numero de conductas x Tiempo (días). Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 3. Psicoterapia. Fonte: https://www.psyciencia.com/analisis-funcional-de-um-caso-de-trastorno- obsesivo-compulsivo-toc/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 4. Casos. Fonte: https://www.psyciencia.com/evaluacion-neuropsicologica-infantil-cumanin-2/. Acesso em: 29/3/2022. 34 REFERÊNCIAS Figura 5. Reforço negativo. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 6. Extinção. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 7. Fonte: adaptada de Chertok, 2006. Figura 8. Skinner. Fonte: https://www.menteasombrosa.com/wp-content/uploads/2019/08/biografia- Burrhus-Frederic-Skinner.jpg. Acesso em: 29/3/2022. Figura 9. Processos. Fonte: https://www.psyciencia.com/que-es-la-psicosis-y-un-brote-psicotico/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 10. Regulação. Fonte: https://www.psyciencia.com/neurociencia-cognitiva-y-regulacion- emocional/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 11. Análise. Fonte: https://www.psyciencia.com/hoja-de-automonitoreo-para-consultantes-pdf//. Acesso em: 29/3/2022. Figura 12. Análise funcional. Fonte: https://www.psyciencia.com/guia-elaboracion-analisis-funcional-de- la-conducta/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 13. Diagrama. Fonte: https://www.psyciencia.com/protocolo-para-la-evaluacion-integradora-del- tdah/. Acesso em: 29/3/2022. Figura14. FACCD do caso: Sebastián. Fonte: adaptada de Kaholokulaa et al., 2013. Figura 15. Estudo. Fonte: https://www.psyciencia.com/los-recursos-de-autoayuda-que-no-se-basan- en-evidencia-fomentarian-la-culpabilizacion-de-las-victimas-respecto-de-su-situacion//. Acesso em: 29/3/2022. Figura 16. Fonte: https://www.psyciencia.com/como-la-cafeina-y-el-alcohol-afectan-el-sueno/. Acesso em: 29/3/2022. Figura 17. Desregulação. Fonte: https://www.psyciencia.com/cultivando-empatia/. Acesso em: 29/3/2022. _Hlk105678752 _Hlk106026974 _Hlk105678545 Introdução UNIDADE i A interação entre operantes e respondentes: perspetiva clínica Capítulo 1 O estudo do comportamento na psicologia clínica Capítulo 2 O que é e o que não é terapia comportamental Capítulo 3 Condicionamento operante – condicionamento respondente: casos clínicos Referências