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Parasitoses intestinais por Rodrigo Brandão ÍNDICE Parasitoses intestinais 1 Tabela revisativa Parasitoses Agente Etiológico Filo/Reino Ciclo Local de Infestação Quadro Clínico Método diagnóstico Tratamento Ministério da Saúde Brasil) Ascaridíase Ascaris lumbricoides Nematoda/ Animalia Monoxênico (fase larval no pulmão, fase adulta no intestino) – Ovo infectante Intestino delgado (jejuno) Ciclo de Loss Dor abdominal, diarreia, náuseas, emagrecimento, obstrução intestinal (casos graves) e Exame parasitológico de fezes (método de sedimentação espontânea de Hoffmann ou Lutz/ ou ainda método de Kato- Katz). Primeira linha: Albendazol 400 mg repete após 15 dias Segunda linha: Tabela revisativa Ascaridíase Morfologia Local infestação Ciclo biológico Patogenia e QC Diagnóstico Tratamento Ancilostomíase Agente Morfologia Ciclo biológico Diagnóstico Tratamento Estrongiloidíase Agente Morfologia Ciclo biológico Manifestações clínicas Diagnóstico Tratamento Trichiuríase/Tricocefalíase Agente Morfologia Ciclo biológico Patogenia e clínica Diagnóstico Tratamento Forma Simples Infecção Leve a Moderada) Forma Complicada Infecção Grave com Síndrome Disentérica) Esquema Terapêutico para Tricocefalíase Maciça Enterobíase ou Oxiuríase Agente etiológico Morfologia Ciclo biológico Manifestações clínicas Diagnóstico Tratamento Teníase Ciclo biológico Quadro clínico Complicações Diagnóstico Tratamento Himenolepíase Morfologia e ciclo biológico Patogenia e manifestações clínicas Diagnóstico Tratamento Amebíase Agente Ciclo biológico Quadro clínico Diagnóstico Tratamento Balantidíase Infecção Quadro clínico Diagnóstico Tratamento Giardíase Ciclo biológico e Patogenia Manifestações clínicas Diagnóstico Tratamento Esquistossomose Etiologia Ciclo Biológico Quadro clínico Diagnóstico Tratamento Considerações Max Parasitoses intestinais 2 Parasitoses Agente Etiológico Filo/Reino Ciclo Local de Infestação Quadro Clínico Método diagnóstico Tratamento Ministério da Saúde Brasil) contamina o ser humano Síndrome de Löeffler (tosse, eosinofilia) Percorre a árvore biliar, causando obstrução canalicular Observação Uma única amostra pode ser suficiente, mas em casos duvidosos, repetir o exame em 3 amostras seriadas. Mebendazol 100 mg 2x/dia por 3 dias, ou dose única de 500 mg Ancilostomíase Ancylostoma duodenale e Necator americanus Nematoda/ Animalia Monoxênico (fase larval penetra pela pele, migração pulmonar, fase adulta no intestino) – Larva filarióide infectante Intestino delgado (duodeno e jejuno) Anemia Vferropriva, fadiga, diarreia, dor abdominal, Síndrome de Löeffler (casos pulmonares). Rash maculopapular por penetração Exame parasitológico de fezes (método de sedimentação espontânea ou Kato- Katz) Alternativa : Método de Willis (flutuação com solução saturada de NaCl) para aumentar a sensibilidade. Ovos são pequenos, ovais e transparentes, visualizados em baixa concentração) Primeira linha: Albendazol 400 mg dose única Segunda linha: Mebendazol 100 mg 2x/dia por 3 dias Estrongiloidíase Strongyloides stercoralis Nematoda/ Animalia Monoxênico (ciclo pulmonar e intestinal, podendo ocorrer autoinfecção) – Larva filarióide infectante Intestino delgado (duodeno e jejuno) e pulmões Diarreia crônica, dor abdominal, emagrecimento, Síndrome de Löeffler, formas graves em imunossuprimidos (hiperinfecção). Síndrome de Baixa absorção em imunossupressos. Método primário: Método de Baermann- Moraes (coleta de 3 amostras fecais). Detecta larvas rabditoides em fezes frescas. • Alternativas: ◦ Cultura de Harada- Mori (identificação de larvas filarioides). ◦ Sorologia ELISA para IgG anti-Strongyloides, indicada em casos crônicos ou suspeita de hiperinfecção. Primeira linha: Ivermectina 200 mcg/kg/dia por 2 dias Segunda linha: Albendazol 400 mg 2x ao dia por 3 dias Trichiuríase Trichuris trichiura Nematoda/ Animalia Monoxênico (fase larval no intestino, fase adulta no cólon) – Ovo embrionado infectante Intestino grosso (ceco e cólon ascendente) Diarreia, dor abdominal, prolapso retal (casos graves), anemia ferropriva, desnutrição. Tenesmo Método primário EPF por sedimentação espontânea ou Kato- Katz. Ovos têm formato característico (limão com tampões polares). • Observação A carga parasitária é geralmente baixa, exigindo análise cuidadosa. Primeira linha: Albendazol 400 mg/dia por 3 dias Segunda linha: Mebendazol 100 mg 2x/dia por 3 dias Enterobíase Enterobius vermicularis Nematoda/ Animalia Monoxênico (autoinfecção comum, maturação no intestino) – Ovo embrionado infectante Intestino grosso (ceco e cólon) Prurido anal intenso (principalmente à noite), irritabilidade, insônia, desconforto abdominal. Único sem diarreia Método primário: Método de Graham (fita adesiva perianal). Coleta matinal, antes da higiene, para detectar ovos aderidos à região anal. • Alternativa Exame de fezes convencional tem baixa sensibilidade 50%. Primeira linha: Albendazol 400 mg dose única, repetir após 2 semanas Segunda linha: Mebendazol 100 mg dose única, repetir após 2 semanas Teníase Taenia saginata e Taenia solium Platyhelminthes/Animalia Monoxênico (fase adulta no intestino) – Cisticerco infectante (larva) Intestino delgado (jejuno) Dor abdominal, náuseas, diarreia ou constipação, emagrecimento, eliminação de proglotes nas fezes. Convulsão Método primário EPF por sedimentação espontânea ou Kato- Katz. Ovos são esféricos, com embrióforo estriado (indistinguíveis entre T. saginata e T. solium). • Confirmação de espécie: ◦ Exame macroscópico de proglotes (contagem de ramos uterinos). ◦ PCR ou imunoensaio coproantigênico para diferenciação. Primeira linha: Praziquantel 5 10 mg/kg dose única Segunda linha: Niclosamida 2 g dose única Albendazol por 3 dias Parasitoses intestinais 3 Parasitoses Agente Etiológico Filo/Reino Ciclo Local de Infestação Quadro Clínico Método diagnóstico Tratamento Ministério da Saúde Brasil) Himenolepíase Hymenolepis nana Platyhelminthes/Animalia Monoxênico (ciclo direto e indireto, fase adulta no intestino) – Ovo embrionado infectante Intestino delgado (íleo) Diarreia intermitente, dor abdominal, prurido anal, cefaleia Método primário EPF por sedimentação espontânea. Ovos são pequenos, esféricos e transparentes, com membranas externas e internas. • Atenção Coletar 3 amostras em dias alternados devido à eliminação intermitente de ovos. Primeira linha: Praziquantel 1525 mg/kg dose única, pode ser repetida em 10 dias, especialmente em comunidades fechadas Segunda linha: Niclosamida dose varia de acordo a idade: 2g VO dose única, para adultos e crianças acima de 7 anos. Para crianças entre 2 e 6 anos 1g VO dose única. Para crianças abaixo de 2 anos, 500 mg VO dose única. Esquistossomose Schistosoma mansoni Platyhelminthes/Animalia Heteroxênico (ciclo com caramujo hospedeiro, fase adulta nos vasos hepáticos) – Cercária infectante Vasos sanguíneos do fígado e intestinos Dermatite cercariana (coceira), diarreia, hepatoesplenomegalia, hipertensão portal (casos avançados). Dermatite Método primário EPF por Kato-Katz (padrão- ouro para quantificação de ovos). Ovos são alongados, com espículo lateral visível. • Alternativas: ◦ Método de sedimentação espontânea. ◦ Sorologia ELISA ou imunofluorescência) para casos crônicos ou baixa carga parasitária. Primeira linha: Praziquantel 50 mg/kg dose única Segunda linha: Oxamniquina 15 mg/kg dose única Amebíase Entamoeba histolytica Protozoa Monoxênico (fase trofozoítica invasiva, cistos no ambiente) – Cisto infectante Intestino grosso (cólon e reto), fígado (abscesso hepático) Disenteria (diarreia com muco e sangue), dor abdominal, febre, abscesso hepático (hepatomegalia dolorosa), QUE NEM SEMPRE DEVEMOS DRENAR! Método primário EPF por método direto a fresco ou sedimentação. Identifica trofozoítos (com hemácias fagocitadas) ou cistos. SOLICITAR PESQUISA DIRETA PARA E. HISTOLYTICA! • Confirmação: ◦ ELISA fecal para detecção de antígenos específicos de E. histolytica.◦ PCR para diferenciação de E. histolytica e E. dispar. Primeira linha: Metronidazol 500750 mg ADULTO ou 30/35mg por kg 3x/dia por 710 dias Segunda linha: Tinidazol 2 g/dia dose única Giardíase Giardia lamblia (G. intestinalis) Protozoa Monoxênico (fase trofozoítica ativa e cística no ambiente) – Cisto infectante Intestino delgado (duodeno e jejuno) Diarreia explosiva, esteatorreia, flatulência excessiva, dor abdominal, náuseas. Síndrome de má absorção, no frequentador de creche. Método primário EPF por método de Faust (centrifugação- flutuação em sulfato de zinco). Identifica cistos ou trofozoítos em fezes diarreicas. SOLICITAR PESQUISA DIRETA PARA GIARDIA! • Alternativa: ELISA fecal para detecção de antígenos (mais sensível que o exame direto). Primeira linha: Metronidazol 250 mg 3x/dia por 57 dias Segunda linha: Secnidazol 2g dose única Parasitoses intestinais 4 NASA pode causar Síndrome de Loeffler: EXTRAS A niclosamida, apesar de eficaz contra cestoides, carece de diretrizes detalhadas do Ministério da Saúde para faixas etárias específicas. Estudos sugerem: Adultos e crianças 34 kg 2 g, dose única. Crianças 1134 kg 1 g, dose única. Crianças 11 kg 500 mg, dose única. A escassez de dados sobre segurança em 2 anos reforça a necessidade de supervisão médica individualizada. Diagnóstico diferencial: Métodos moleculares PCR e sorológicos são reservados para casos complexos ou surtos. Protocolos do MS: O Kato-Katz é priorizado em programas de controle de esquistossomose e geo-helmintíases. Exames sorológicos são mais usados em bancos de sangue e vigilância epidemiológica. Localização mais comum de infestação dos parasitas Parasitoses intestinais 5 Ascaridíase Morfologia Maior nematelminto de todos 4050 cm (fêmea) e 30 cm o macho Local infestação Jejuno e íleo Ciclo biológico Ingestão de ovos com larva madura - água ou alimentos Ovo eclode no intestino delgado → larva → ceco → atravessa mucosa → veia ou v linfático → fígado→ AD arterias pulmonares→ alvéolos Alvéolos tem evolução larval → ascenção vias aéreas→deglutição→ intestino delgado Ciclo de 1530 dias e maturação de 3060 dias Patogenia e QC Pelas larvas Infestação intensa → fígado→ necrose + fibrose Pulmão (principal ação)→ pneumonite larvária - febre, tosse, expectoração, dispneia. eosinofilia (síndrome de Loeffler) 14 dias Vermes adultos: Quadro assintomático no intestino ou sintomas vagos Infestação maciça:> 100 vermes Ação espoliadora: consumo de nutrientes - desnutrição, ↓ estatura, ↓ cognição Sub-oclusão ou obstrução: grave, cólicas, dor, vômito, diarreia no início do quadro, anorexia. Eliminar vermes pela boca, massa cilíndrica peri-umbilical, ↓ RHA, isquemia de alça, volvulos. A radiografia de abdome pode mostrar níveis hidroaéreos no intestino delgado ou sinais de perfuração intestinal, sombra radio-lúcida na forma de aparência de “feixe de charutoˮ ou “efeito de redemoinhoˮ devido ao contraste da massa de vermes contra o ar intestinal. Migração ascaris apendicite pancreatite hemorrágica por obstrução ampola de Vater Colangite ou colestase Abscesso hepático Asfixia - obstrução traqueal Diagnóstico A ultrassonografia continua sendo uma ferramenta diagnóstica de escolha para ascaridíase hepatobiliar e pancreática, embora sua sensibilidade possa ser ruim. A endoscopia digestiva alta pode identificar áscaris duodenal e a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada pode ser usada para remover Parasitoses intestinais 6 vermes de ductos e duodeno Microscopia direta Parasitológico de fezes Tratamento Terapia inicial obstrução aguda ou subaguda: Hidratação venosa Aspiração nasogástrica por 48h Óleo mineral 20 ml/ a cada 2h - lubrificar lúmen Citrato de piperazina 75mg/kg IV paralisia dos vermes, não mata NÃO USA MAIS Cuidado: morte em massa dos vermes pode liberar toxina e piorar o quadro (inflamação) Caso não haja resolução da obstrução, enema com solução salina hipertônica pode ser eficaz, pois a concentração salina serve como um irritante para o bolo de vermes Cirurgia Gastrografina - contraste hiperosmolar - separação ascaris + escorregadio) dose varia de 15 a 30 mL e a diluição depende da faixa etária (recém nascidos e lactentes utilizar 3 vezes o volume de água; crianças duas vezes) - O tratamento inicial da cólica biliar, colecistite e pancreatite aguda associadas à ascaridíase consiste na restrição da ingestão oral, hidratação, uso de antibióticos e de analgésicos. A terapia anti-helmíntica é iniciada após a remissão dos sintomas agudos. A colangite aguda é muito mais grave e requer descompressão e drenagem biliares cirúrgicas ou endoscópicas urgentes. O abscesso hepático é controlado por aspiração guiada por ultrassonografia e remoção de pus, juntamente com antibióticos, analgésicos e agentes anti-helmínticos Ancilostomíase Agente ● Necator americanus nas Américas, África, sul da Índia e China; ● Ancylostoma duodenale na Europa, costa do Mediterrâneo, Japão, norte da China e Índia ● BRASIL ambas coexistem ● 400 mi pesssoas portam no mundo Morfologia 5 a 18mm de comprimento (fêmea > macho) Ciclo biológico ● os ovos eliminados com as fezes no solo → as larvas evoluem em 5 estágios (larva filarioide L3 é a infectante - se consumida, infecta diretamente) → penetram na pele e por via linfática ou venosa → vai aos pulmões → sobe dos alvéolos e árvore respiratória → é deglutida → no intestino delgado origina o verme adulto (vivem 110 anos) → em 35 a 60 dias começa a eliminação de ovos nas fezes do hospedeiro ● Local da infecção: duodeno e jejuno → se fixam pela cápsula bucal Clínica → geralmente assintomática ● MAS… pode ocorrer: 1 Dermatite Larvária: prurido, eritema, edema, erupção papulovesicular por até 2 semanas → + comum com a N. americanus 2 Pneumonite Larvária: menos intensa do que na infecção por áscaris; 3 Parasitismo Intestinal: fase aguda: dor epigástrica, náuseas, vômitos, anorexia ou bulemia, flatulência ou diarreia fase crônica (+ complicada - em anos): anemia hipocrômica e microcítica (+ grave na A. duodenale) anorexia, fraqueza, cefaleia, palpitações, sopro, hipoproteinemia e edema por enteropatia perdedora de proteínas Parasitoses intestinais 7 Diagnóstico Parasitológico de fezes → pode confirmar com EDA e biópsias de duodeno Tratamento 1 1ª linha → ligantes de beta-tubulina (se ligam seletivamente à beta-tubulina dos nematóides = inibem a formação dos microtúbulos = quebra do citoesqueleto + má captação intestinal de glicose) Albendazol 400 mg, VO, dose única 200 mg em 2 anos) Mebendazol 100 mg, VO, 1x/dia por 3 dias 2 2ª linha Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias → agente espásticos paralisante Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias → indicado para 12 meses de idade Estrongiloidíase Agente Strongyloides stercoralis Morfologia Fêmeas partenogenéticas com aproximadamente 2mm de comprimento. Ciclo biológico Na primoinfecção: as larvas presentes no solo penetram o homem através da pele e depois migram para o ciclo pulmonar igual aos ancilostomídeos. Na autoinfecção: os ovos provenientes das fêmeas habitantes do intestino eclodem >> evoluem em etapas até a forma infectante >> penetram a mucosa no íleo, nos cólons ou penetram a pele na região perianal Por via linfática ou venosa atingem o coração direito, para em seguida fazer o ciclo pulmonar As larvas deglutidas vão se tornar fêmeas adultas no duodeno e jejuno, onde se alojam no interior das criptas da mucosa. Parasitoses intestinais 8 Manifestações clínicas a estrongiloidíase pode ser assintomática, oligossintomática ou com formas graves. Dermatite larvária pode ocorrer nos pés, mãos, nádegas ou região anogenital. A infecção por vermes localizados nas criptas do intestino delgado proximal determina manifestações diversas, tais como anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor em cólica. síndrome de má absorção exuberantecom duração de várias semanas ou meses. Nos pacientes que recebem corticosteroides, ou nos imunodeprimidos por doenças crônicas debilitantes: As larvas filarioides migram para o fígado, pulmões e inúmeras outras vísceras e glândulas, geralmente originando bacteremia, pois carregam consigo as enterobactérias intestinais –forma disseminada, grave e de alta mortalidade. Diagnóstico Exame parasitológico de fezes seriado, até sete amostras; O aspirado duodenal é mais sensível que o exame de fezes, e a biópsia duodenal pode revelar parasitas nas criptas gástricas, nas glândulas duodenais ou infiltração eosinofílica na lâmina própria. Tratamento A terapia de primeira escolha é a Ivermectina, em dose única, 200 mcg/kg por via oral por 12 dias. A alternativa terapêutica é o Albendazol, 400 mg por via oral duas vezes ao dia por 7 dias. Sintomas persistentes: exames de acompanhamento devem ser realizados 2 a 4 semanas após o tratamento para confirmar a eliminação da infecção. Trichiuríase/Tricocefalíase Agente ● Trichuris trichiura Morfologia 35 cm de comprimento (fêmeas > machos) extremidade anterior mais fina do que a posterior Ciclo biológico ovos eliminados com as fezes 1320 dias para se tornar infectantes homem digere ovos → libera larvas no homem → passam por mudas → pós 90 dias da contaminação, viram vermes adultos → oviposição LOCAL INFESTAÇÃO intestino grosso (ceco) Parasitoses intestinais 9 Patogenia e clínica ● verme se fixa na mucosa intestinal e muda de lugar diariamente = erosões e úlceras múltiplas ● intensidade da clínica depende da carga parasitária poucos vermes: assintomática ou leve muitos vermes (criança desnutrida, comunidade aglomerada, sem saneamento): infecção do intestino grosso inteiro 25mil vermes) → distensão abdominal + cólicas + vômitos + disenteria crônica com fezes mucossanguinolentas + tenesmo + anemia hipocrômica e microcítica + desnutrição proteico-energética OBS alguns casos: prolapso retal, apendicite aguda Diagnóstico ● parasitológico de fezes (métodos: concentração e quantificação) ● exame da mucosa retal por proctoscopia ou colono Tratamento ● no caso maciço: tto 3x com intervalo de 15 dias Forma Simples (Infecção Leve a Moderada) Albendazol 400 mg/dia por 3 dias Mebendazol 500 mg dose única ou 100 mg 2x/dia por 3 dias Flubendazol 100 mg 2x/dia por 3 dias (opção alternativa) Forma Complicada (Infecção Grave com Síndrome Disentérica) Albendazol 400 mg/dia por 5 a 7 dias Mebendazol 100 mg 2x/dia por 5 a 7 dias Esquema Terapêutico para Tricocefalíase Maciça Albendazol 400 mg/dia por 3 dias, repetido a cada 15 dias, totalizando 3 ciclos Mebendazol 500 mg dose única, repetido a cada 15 dias, totalizando 3 ciclos Suporte clínico Hidratação, reposição eletrolítica e tratamento da anemia associada A forma grave pode ocorrer principalmente em crianças desnutridas, levando a prolapso retal e anemia ferropriva, exigindo acompanhamento médico rigoroso. Enterobíase ou Oxiuríase Agente etiológico Parasitoses intestinais 10 Enterobius vermicularis ou Oxyurus vermicularis Morfologia macho 5mm e fêmea 10mm Ciclo biológico ➢ Após a cópula o macho é eliminado e morre ➢ A fêmea fecundada não solta os ovos até que seu útero esteja repleto, migrando para a região anal, onde faz a postura ➢ Os ovos ingeridos na transmissão, liberam as larvas no intestino e estas se fixam no ceco. ➢ O ciclo é de 30 a 50 dias até a evolução para a forma adulta. ● Transmissão: ➢ Locais de infecção: ceco e reto ➢ A presença dos ovos na região anal causa intenso prurido, o que favorece a transmissão direta do ânus para a boca, principalmente por crianças, adultos sem cuidados de higiene e doentes mentais. ➢ A transmissão indireta é possível, com a inalação de ovos presentes na poeira e utensílios domésticos Manifestações clínicas ➢ provoca inflamação superficial na mucosa colônica e alguns sintomas, como náusea, cólica abdominal, tenesmo e puxo. ➢ Sintoma principal: intenso prurido anal, pior à noite. ➢ pode causar desespero a criança, apresentando insônia. ➢ Intenso prurido vulvar, corrimento, estimulação erótica e até complicações anexiais. Diagnóstico ➢ procurar os vermes na região perianal duas a três horas após o indivíduo infectado estar dormindo ➢ tocar a pele perianal com fita adesiva transparente para coletar possíveis ovos de E. vermicularis ao redor do ânus na primeira hora da manhã, para observação em microscopia direta ( três manhãs consecutivas logo após a pessoa infectada acordar e antes de fazer qualquer higiene) ➢ analisar amostras obtidas sob as unhas por microscopia Tratamento Qualquer medicamento para verme, dose única, repetido em 2 semanas Teníase porco T. solium) ou boi T. saginata) Ciclo biológico ○ Hospedeiro definitivo: homem ○ Hospedeiro intermediário: porco T. solium) ou boi T. saginata) ○ Ovos no solo são ingeridos pelos animais ○ Embriões migram até o TC dos músculos (cisticercos) ○ Homem ingere carne (malcozida ou crua) contaminada Parasitoses intestinais 11 ○ Sucos digestivos fazem cisticerco liberar escólex, que fixa o verme na mucosa por ventosas ○ Verme cresce até 310 m ○ Em 3 meses, começa a liberar proglotes maduras 3080 mil ovos em cada) ○ Liberadas nas fezes, contaminam pastagem Quadro clínico ○ Muitas vezes sem sx ○ Fadiga, irritação, cefaleia, tontura, bulimia, anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal, ↓ peso, diarreia e/ou constipação, urticária, eosinofilia moderada ou intensa Complicações ○ T. saginata: sub-oclusão intestinal, apendicite, colangite ou pancreatite (raro) ○ T. solium: neurocisticercose (quadro neurológico inespecífico com convulsões, cefaleia, sinais focais) Diagnóstico Parasitológico de fezes 3 amostras Tratamento ○ Praziquantel 510 mg, VO, dose única ○ Albendazol 400 mg, VO, 2x/dia, por 3 dias ○ Niclosamida 50 mg/kg, VO, dose única ○ Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500 mg), 2x/dia por 3 dias Após o tto, as fezes devem ser coletadas por 3 dias para procurar proglotes de tênia para identificação das espécies Himenolepíase ● Causada pelo cestoide Hymenolepis nana (conhecida como “tênia anãˮ) ● Parasita habitual do homem e sem hospedeiro intermediário ● No Brasil predomina nos estados do sul, com prevalência de 3% a 10% ● Predomina entre os 2 e 15 anos de idade Morfologia e ciclo biológico ● H. nana atinge 2 a 10 cm de comprimento e se fixa na região do íleo ● A infestação se dá a partir da ingestão dos ovos do meio externo ou por auto infestação a partir da liberação intraluminal de ovos. As larvas se alojam nos linfáticos das vilosidades intestinais. Depois retornam ao lúmen e se tornam adultos ● O ciclo é de 20 a 30 dias. A forma adulta vive só 14 dias Parasitoses intestinais 12 Patogenia e manifestações clínicas ● assintomática ● Porém,crianças que sofrem grande contaminação e que são desnutridas ou imunodeficientes, a auto infestação se acelera e assim se dá a hiperinfestação ● ocorre processo inflamatório na mucosa e podem surgir cólicas abdominais e diarreia crônica Diagnóstico ● microscopia direta Tratamento ● TTO de escolha é feito com praziquantel. Nitazoxanida é a segunda opção ● É comum a infecção persistir após o tratamento inicial, e o tratamento com praziquantel a cada 20 dias precisa ser repetido mais vezes Amebíase Agente E histolytica (patogênica/invasiva/grave) e E. dipar (formas assintomáticas 90% casos) Ciclo biológico Contaminação - ingestão cistos maduros (água/comida) Desencistamento antes de chegar no intestino grosso. Cistos → trofozoítos (sobrevivem no intestino) Em alguns casos os trofozoítos se encistam e são eliminados nas fezes Trofozoítos → mucosa intestinal → úlceras → circulação porta → disseminação a qualquer órgão Parasitoses intestinais 13 Quadro clínico Assintomática: maioria Intestinal: Colite não disentérica: cólica, diarréia líquida, quase nunca sangue ou muco, há períodos de melhora. Colite disentérica: após 1 mês de incubação, febre moderada, distensão,cólicas difusas, disenteria 10 evacuações mucossanguinolentas/dia Colite necrosante: invasão da Entamoeba se entende para camadas mais profundas (hemi colon direito) → úlceras, isquemia, hemorragia, megacólon tóxico, perfurações (quadro fulminante. grave - sinais de hipovolemia e peritonite) Ameboma: granuloma na mucosa intestinal - cólon ascendente ou anorretal - estreitamento lumen - diarreia e constipação (alternados) Extra-intestinal: Comum em adultos - migração hepática → abscesso hepático no lobo direito (degeneração + necrose) QC Inflamação difusa, febre ↑, dor intensa com irradiação de cólica biliar NÃO há icterícia. Pode haver disseminação para outros órgãos Diagnóstico Depende de identificar os cistos ou trofozoítos nas amostras fecais Pode ser feito o exame microscópico direto de fezes colhidas até 30 minutos ou com fixação em formol ou álcool polivinílico ( não diferencia qual tipo de entamoeba) ELISA diferenciar a infecção : ↑ sensibilidade e rapido PCR Teste imunoenzimático: anticorpos específicos para E. histolytica Tratamento Prioridade para todos com E histolytica, mesmo assintomático - grande transmissibilidade Nos locais em que os testes para distinguir espécies patogênicas de não-patogênicas não estão disponíveis, o tratamento deve ser administrado às crianças sintomáticas com base em resultados positivos de exame microscópico Paciente assintomático com excreção de cistos: Infecção intraluminal - amebicida intraluminal Teclosan ou etofamida 500 mg a cada 12 horas 3 doses); 500 mg por dia, durante 3 dias. Metronidazol NÃO é eficaz para cistos Colite invasiva com sintomas leves/moderados ou graves do TGI ou com abscesso hepático: Amebicida tissular 1ª etapa) Parasitoses intestinais 14 Metronidazol/ tinidazol - 12 a 17 mg/kg 3 vezes ao dia em crianças), durante 7 a 10 dias 2ª etapa - amebicida intraluminal ( teclosan ou etofamida) A nitazoxanida é eficaz para amebíase intestinal leve/moderada Obs: O exame de fezes de acompanhamento é recomendado após o término da terapia Balantidíase Balantidium coli ● Maior protozoário causador de infecção intestinal humana ● Único ciliado. ● É parasita natural do porco, mas pode ser encontrado em vários outros animais Infecção ● A incidência da balantidíase humana é baixa, porém a contaminação pode ocorrer no meio rural, principalmente entre criadores de suínos ● O local preferencial da infecção é o intestino grosso, especialmente o ceco encontradas na amebíase Quadro clínico ● Pode causar inflamação, invasão da submucosa e úlceras, semelhantes às ● Infecção quase sempre assintomática ● Quando chega a causar sintomas, o quadro é semelhante ao da colite amebiana. Pode eventualmente se tornar grave e letal Diagnóstico ● Estabelecido com a presença de trofozoítos (menos frequentemente, cistos) nas fezes ou espécimes de tecido ● Os exames de fezes são menos sensíveis, e várias amostras podem ser necessárias, para o diagnóstico, pois a eliminação do parasita pode ser intermitente. O exame microscópico do material diarreico deve ser feito prontamente, porque os trofozoítos degeneram rapidamente. Parasitoses intestinais 15 ● O diagnóstico da infecção pode ser feito através do exame histológico das lesões, por biópsia, via sigmoidoscopia ou colonoscopia ou parasitológico das fezes. Tratamento ● A droga de escolha é a tetraciclina para crianças maiores de oito anos ● As drogas alternativas são metronidazol, iodoquinol e nitazoxanida. Giardíase Giardíase Giardia duodenalis, Giardia lamblia) Epidemiologia ● Protozoário flagelado. ● Água não potável é uma das maiores fontes de transmissão. Ciclo biológico e Patogenia ● Localização preferida: duodeno e jejuno. ● A ingestão de cistos (pela água ou alimentos contaminados) >> transformam-se em trofozoítos no duodeno>> multiplicam e se fixam à mucosa pelo disco suctorial. A patogenia da giardíase inclui diversos efeitos adversos induzidos por este protozoário, nem todos comprovados: 1 atapetamento da mucosa duodenal; 2 atrofia vilositária, associada a infiltrado inflamatório e hipertrofia de criptas; 3 lesão nas estruturas do enterócito; 4 invasão da mucosa; 5 sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado; 6 desconjugação de ácidos biliares; 7 diminuição da atividade das dissacaridases. Como consequência destes mecanismos a criança desenvolve má absorção de açúcares, gorduras, vitaminas A, D, E, K, B12, ácido fólico e ferro, entre outros nutrientes Manifestações clínicas · Maioria > assintomáticos. · Crianças com saúde debilitada: os sintomas aparecem. ● O quadro clínico pode variar desde uma diarreia aguda, autolimitada, até um quadro arrastado por semanas ou meses. ● A criança pode manifestar apenas sintomas dispépticos gerais, como náuseas, vômitos, distensão abdominal alta, dor abdominal difusa ou epigástrica, flatulência e anorexia, ou pode manifestar uma síndrome de má absorção,que inclui diarreia crônica esteatorreica ou constipação, perda de peso, parada de crescimento, desnutrição proteico-energética, má absorção secundária de lactose, enteropatia perdedora de proteínas, edema, hipoproteinemía, deficiência de ferro, zinco, vitamina B12, ácido fólico, vitaminas A e E. Diagnóstico ● Tradicionalmente, o diagnóstico na prática tem sido baseado na identificação microscópica de trofozoítos ou cistos em amostras de fezes – sensibilidade variável. ● Os testes imunoenzimático específicos ELISA e de imunofluorescência direta IFD nas fezes são os testes atualmente usados para o diagnóstico de giardíase. Parasitoses intestinais 16 Tratamento Algumas infecções são autolimitadas e o tratamento não é necessário. O metronidazol, albendazol, nitazoxanida, tinidazol e secnidazol são os medicamentos de escolha. Esquistossomose Etiologia ● Único trematódeo que invade a pele ● São 5 tipos, mas o mais importante para gente é o S mansoni ● Ser humano é o principal reservatório da infecção Ciclo Biológico 1. No hospedeiro humano, os ovos contendo miracídios são eliminados com as fezes ou a urina na água. 2. Na água, os ovos eclodem e liberam os miracídios Meio dia- ↑ Temperaturas 3. Os miracídios nadam e penetram em um caramujo (hospedeiro intermediário). 4. Dentro do caramujo, os miracídios progridem através de 2 gerações de esporocistos para se tornarem cercárias. 5. As cercárias nadadoras livres são liberadas do caramujo e penetram na pele do hospedeiro humano. 6. Durante a penetração, as cercárias perdem sua cauda bifurcada, tornando-se esquistossômulos. Os esquistossômulos são transportados através da vasculatura até o fígado. Lá, se transformam em vermes adultos. 7. O par (macho e fêmea) de vermes adultos migra (dependendo da espécie) para as veias intestinais no intestino ou no reto, ou para o plexo venoso do trato geniturinário, no qual vivem e botam ovos. Normalmente as cercárias penetram em horários mais quentes Quadro clínico Dermatite aguda por schistosoma ● Desenvolve no local da penetração das cercárias ● Exantema papular e pruriginoso A Febre de Katayama aguda ● Hipersensibilidade sistêmica ● Quando há postura dos ovos 2/4 semanas após exposição ● Febre e calafrios ● Tosse ● Naúsea ● Dor abdominal ● Exantema urticariforme Parasitoses intestinais 17 ● Eosinofilia Esquistossomose crônica ● Exposição repetida ● Resposta granulomatosa Esquistossomose intestinal ● Ulcerações na mucusa intestinal ● Diarreia sanguinolenta ● Fistulas Esquistossomose hepatoesplênica ● Não há comprometimento da função hepática ● Pode causar fibrose/cirrose → hipertensão portal → esplenomegalia e varizes esofágicas ● Hematêmese Ovos no pulmão ● Hipertensão pulmonar → granulomas e arterite obliterante Envolvimento vesical ● Ulcerações parede bexiga → disúria, hematúria ou poliúria ● Cistite crônica 6 hidronefrose ou hidroureter ● Anemia por ↓ ferro Diagnóstico ● Exame microscópico de fezes ou urina (ovos) ● Kato-Katz é o método padrão-ouro no EPF para esquistossomose○ É um método quantitativo que estima carga parasitária ○ É simples, objetivo e útil em campanhas (fácil de preparar e armazenar) ● Teste para antígenos - quantitativo ● Testes sorológico - ↑ sensibilidade e especificidade, mas não informam a carga parasitária ● Se o quadro clínico sugerir esquistossomose, mas nenhum ovo for encontrado após exame repetido de urina ou fezes, pode-se fazer biopsia da mucosa intestinal ou da bexiga para verificar se há granulomas característicos ao redor de ovos incorporados. Tratamento ● Praziquantel 20 mg/kg dose única - eficaz para esquistossomose adultos, não contra a doença em desenvolvimento Esperar 6/8 semanas em pacientes assintomáticos mas com potencial de contaminação. Febre de Katayama ● Corticoide em casos graves - prednisona 2040 mg/dia por 5 dias ● Após a ↓ dos sintomas - praziquantel 20 mg/kg 2x/dia que é repetido 46 semanas após Prevenção ● Evitar contato com água doce contaminada ● Tratamento de água/esgoto ● Uso de moluscicidas Parasitoses intestinais 18 Considerações - Max O que saber de cada parasitose ● Oxiu: prurido anal + diagnostico com fita gomada + tto com pyr-pam ● Tricu: complicação de prolapso retal ● Ancilo: causa anemia profunda hipo hipo ● Estrongilo: fazer profilaxia para pacientes em pulsoterapia ● Ascaris: causa oclusão + tem migração ● AmebíasE quadro de colite + abscesso hepático ● TeníasE neurocisticercose (sintomas neuro) ● Balantidíase: epidemiologia - porco Quem faz ciclo pulmonar: SANTA ● Strongyloides stercoralis ● Ancylostoma duodenales ● Necator americanus ● Toxocara canis ● Ascaris lumbricoides Albendazol usado em: ● Dose única: Ascaris Ancilosto Oxiú ● 3 dias: Estrongilo e Teníase ● 5 dias: Giardia Praziquantel ● Teníase ● H. nana ● Esquistossomose ● Amebíase Não usa albendazol ● Balantidiase (metronidazol é usado) ● Esquistossomose ● Amebíase Método Baermann ● Tem que ser a fresco Translocação bacteriana estrongilose - tratamento profilatico quando for fazer profilatico Nitazoxanida é um antiparasitário ruim, supostamente pega tudo, não pega nada Parasitoses intestinais 19