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REVISTA FOCO e-issn: 1981-223X Interdisciplinary Studies REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA REFLECTION OF THE TAX BURDEN ON INCOME DISTRIBUTION REFLEXIÓN DE LA CARGA TRIBUTARIA SOBRE LA DISTRIBUCIÓN DEL INGRESO Madson Junior Alves da Rocha¹ DOI: 10.54751/revistafoco.v17n9-017 Received: Aug 2024 Accepted: Aug 22th, 2024 cc BY RESUMO presente estudo tem como propósito evidenciar os impactos adversos decorrentes da elevada regressividade da carga tributária sobre a renda. A pesquisa analisa a significância da tributação incidente no consumo para os extratos mais vulneráveis da população, tendo como foco de análise a população de baixa renda. Para isso, foi conduzida uma investigação bibliográfica e documental, por meio da qual se constatou que a carga tributária no Brasil gera consequências na distribuição de renda. Com base nos resultados obtidos, sugere-se a implementação de uma reforma no sistema como medida para mitigar a desigualdade existente. Palavras-chave: Carga tributária; impacto; renda; consumo. ABSTRACT The present study aims to highlight the adverse impacts resulting from the high regressivity of the tax burden on income. The research analyzes the significance of the tax incidence on consumption for the most vulnerable extracts of the population, focusing on the low-income population. To this end, a bibliographic and documentary investigation was conducted, through which it was found that the tax burden in Brazil generates consequences for income distribution. Based on the results obtained, it is suggested that a reform be implemented in the system as a measure to mitigate existing inequality. Keywords: Tax burden; impact; income; consumption. RESUMEN El presente estudio pretende resaltar los impactos adversos resultantes de la alta regresividad de la carga tributaria sobre la renta. La investigación analiza la importancia de la incidencia tributaria sobre el consumo para los extratos más vulnerables de la población, centrándose en la población de bajos ingresos. Para ello, se realizó una em Administração Pública em Rede Nacional pela Universidade Federal do Acre (UFAC). Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO). R. da Alegria, Bosque, Rio Branco AC. E-mail: Revista Foco v.17 p.01-15 2024 1OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA investigación bibliográfica y documental, a través de la cual se encontró que la carga tributaria en Brasil genera consecuencias para la distribución del ingreso. Con base en los resultados obtenidos, se sugiere implementar una reforma en el sistema como medida para mitigar la desigualdad existente. Palabras clave: Carga tributaria; impacto; ingreso; consumo. 1. Introdução Uma das formas de promover a redução da desigualdade social é através da tributação. A política tributária possui enorme papel na distribuição da renda, na medida em que, através dela, pode-se reduzir as desigualdades e aumentar o bem-estar social. Estado brasileiro, por meio da Constituição Federal de 1998, assumiu a responsabilidade de diminuir as disparidades sociais, com objetivo de erradicar a pobreza. No entanto, o sistema tributário brasileiro ainda não reflete plenamente a consolidação da justiça social e fiscal e, ao contrário, promove a concentração de renda. Isso ocorre devido à natureza altamente regressiva da carga tributária brasileira, agravando ainda mais as desigualdades sociais. Por conta disso, o sistema tributário nacional apresenta diversas problemáticas, especialmente no que diz respeito aos bens e serviços. Em tal caso, um desses problemas é a incidência de diversos tributos sobre a mesma base. Isso, consequentemente, resulta em uma organização ineficiente das atividades empresariais, impactando diretamente a produção nacional e criando um ambiente de incerteza jurídica que afeta as atividades econômicas de forma abrangente. Há diversos casos de tributos cumulativos, como, por exemplo, o ISS, além de conter vários conflitos de competência entre os municípios. Outro problema facilmente identificável são as diversas e distintas alíquotas de IPI. Isso gera conflitos de competência, pois surgem dúvidas sobre término da industrialização e início da distribuição. Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo central analisar impacto que a tributação sobre o consumo tem na renda da população mais necessitada. Para isso, realiza-se uma avaliação na estrutura e na Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 2OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha distribuição da carga tributária brasileira, visando compreender as razões pelas quais ela contribui para o aumento da desigualdade social, possibilitando, assim, apresentar soluções para promover uma carga tributária mais equitativa. Isso será feito analisando os tributos que incidem sobre o consumo, descrevendo de maneira clara e objetiva suas principais características, como: fato gerador, base de cálculo, cumulatividade, seletividade e seus contribuintes. Posteriormente, será observado o princípio da capacidade contributiva, como uma limitação ao poder de tributar e uma forma de assegurar o chamado mínimo existencial, considerado como a condição material necessária para a existência digna dos cidadãos. Por fim, analisa-se o impacto que esses tributos sobre consumo têm na renda da população mais desfavorecida. A principal característica da estrutura tributária brasileira é a tributação sobre consumo, a qual incide em várias etapas do processo produtivo de bens e serviços. No Brasil, a tributação sobre o consumo representa a maior parcela da arrecadação tributária, com os tributos sobre o patrimônio representando 3,52%, sobre a renda 24,14%, e sobre o consumo Conforme destacado por Valcir Gassen et al. (2013), também conhecida como tributação indireta, essa forma de encargo fiscal se caracteriza pela sua repercussão econômica na cadeia de consumo, resultando na transferência do ônus tributário para consumidor final por meio da inclusão do tributo no preço do bem ou serviço, como um custo adicional. Dessa forma, ocorre uma separação entre contribuinte de direito, definido na legislação como responsável pelo fato gerador e que assume polo passivo da obrigação tributária, e aquele que suporta o encargo economicamente, conhecido pela doutrina e jurisprudência como contribuinte de fato. No contexto brasileiro, a tributação sobre consumo é predominantemente composta por três impostos: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), e Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Todos esses impostos 2 Brasil (2011b, p.16) Revista Foco v.17 n.9|e6068 2024 3OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA incidem, de alguma maneira, sobre o consumo de bens e serviços. Quadro 1: Cálculo da carga tributária Carga Tributária = Impostos diretos = Impostos indiretos (1) Produto Interno Bruto Fonte: Vasconcellos (2015, 222) 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Analisar impacto da tributação sobre o consumo na renda da população mais necessitada, com o intuito de identificar as razões pelas quais a carga tributária brasileira contribui para o aumento da desigualdade social e propor soluções para uma distribuição tributária mais equitativa. 2.2 Objetivos Específicos a) Estudar reflexo da carga tributária na distribuição de renda. b) Avaliar a estrutura e a distribuição da carga tributária brasileira, com foco nos tributos que incidem sobre o consumo, identificando as principais características desses tributos, como fato gerador, base de cálculo, cumulatividade, seletividade e seus contribuintes. 3. A Tributação sob um Viés Econômico A tributação, segundo diversos pensadores da Economia, tem a responsabilidade de alcançar o "Princípio da Equidade" por meio de uma justiça fiscal. Conforme Adam Smith, em sua obra "A Riqueza das Nações", existem quatro princípios ideais para a tributação: equidade, certeza, conveniência de pagamento e eficiência no recolhimento. David Ricardo (1817, p.110) declarava que todos os impostos incidem sobre capital ou sobre rendimento. Se incidirem sobre capital, reduzirão proporcionalmente fundo que regula crescimento das atividades produtivas de um país. Se recaírem sobre Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 4OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha rendimento, diminuirão a acumulação ou forçarão os contribuintes a poupar valor do imposto, resultando em uma redução correspondente em seu consumo anterior de bens essenciais e de luxo. Alguns impostos terão efeitos mais significativos do que outros, mas o principal defeito dos impostos não está tanto na seleção dos produtos sobre os quais incidem, mas sim na magnitude total de seus efeitos considerados em conjunto. A questão central sobre os impostos reside em seu caráter distributivo, quem se beneficia mais e sobre quem recai o maior ônus. Toda a parte da produção de um país que qualquer pessoa que não seja um trabalhador consome efetiva e literalmente em seu próprio uso não contribui minimamente para a manutenção da mão-de-obra. Ninguém se beneficia apenas com consumo, exceto a pessoa que consome. Uma pessoa não pode simultaneamente consumir sua renda e disponibilizá-la para consumo de outros. Ao retirar uma certa porção de uma pessoa por meio da tributação, não se priva dessa porção nem dessa pessoa nem de outros, mas somente de uma das duas: ela própria ou os demais. Para identificar quem sofre, é essencial compreender qual indivíduo terá seu consumo reduzido como consequência. Esse indivíduo, quem quer que seja, é a pessoa sobre a qual verdadeiramente incide imposto. 4. Reflexões Preliminares sobre a Carga Tributária no Brasil Segundo Artigo 6° da Constituição Federal de 1988, é incumbência do estado garantir: direitos sociais à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância, à assistência aos desamparados, conforme estabelecido nesta Constituição. Se o Estado possui obrigações na sociedade, é essencial que possua também os meios para custear suas despesas. O financiamento do erário público ocorre por meio da tributação. Tributo é a obrigação imposta a todas as pessoas físicas e jurídicas de remeter valores ao Estado; consiste em toda prestação pecuniária em moeda, instituída por lei e coletada por meio de atividade administrativa. Revista Foco v.17 p.01-15 2024 5OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA Brasil detém uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo. Atualmente, ela equivale a aproximadamente 37% do PIB e se divide em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Há, atualmente, 92 tipos de tributos distintos no Brasil, a maioria com caráter regressivo. Quando mencionamos tributação regressiva, estamos indicando que os indivíduos com menor capacidade contributiva são os mais impactados pelos tributos. Ou seja, sistema arrecada proporcionalmente mais daqueles com menos recursos, devido à maior ênfase do sistema tributário em impostos indiretos, como os impostos sobre consumo. Através desse mecanismo, busca-se atingir uma maior distribuição de renda e corrigir as disparidades sociais, visando tornar sistema mais equitativo. Alguns autores, como Luís Carlos Garcia de Magalhães (2001) et al., analisaram a carga tributária brasileira em diferentes períodos e identificaram dados que evidenciavam a alta regressividade dos impostos no Brasil, sobretudo em relação ao consumo. Em resumo, a conclusão desses autores foi de que a incidência da carga tributária é mais gravosa entre as classes mais baixas da população, reduzindo significativamente seu poder aquisitivo. Gráfico 1 Carga tributária brasileira em percentual comparada aos países da OCDE para período de 2010 a 2019 Gráfico 1-carga tributária brasileira em percentual comparada aos paises da OCDE para o período de 2010 a 2019. 34,40% 34,20% 34,30% 33,60% 33,70% 33,40% 33,08% 33,10% 32,30% 33,15% 33,17% 32,60% 32,74% 32,33% 32,02% 32,16% 32,32% 31,79% 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 -Meda OCDE Fonie: STNe OCDE-Rerenwe da OCDE ale 2018 Mects camposta por Fonte: STNe OCDE-Rerenwe statics. Dados da OCDE disponíveis até 2016. Mecta camposta por 36 paises. Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 6OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha Analisando dados apresentados no Gráfico 1, percebe-se que a carga tributária brasileira, amplamente considerada elevada, correspondia a 32,30% do PIB em 2010, reduzindo para 31,79% em 2014 e posteriormente atingindo 33,17% em 2019. Observa-se que, em comparação com os países da OCDE, o Brasil ostenta uma carga tributária inferior. 5. Um Sintético Histórico da Estrutura Tributária Brasileira A seguir, apresenta-se uma breve retrospectiva da evolução histórica da estrutura tributária brasileira, desde a promulgação da primeira constituição, a fim de compreendermos o percurso que culminou no modelo atual. A Constituição Brasileira de 1824, influenciada pelo constitucionalismo liberal, estabelecia princípios de determinação de tributos pelo poder legislativo e aprovação orçamentária. 3 A Primeira Constituição Republicana definiu como atribuição da União e dos É de exclusiva competência da União decretar: 1) Impostos sobre a importação de origem estrangeira; 2) Taxas de entrada, saída e permanência de embarcações, garantindo livre comércio de cabotagem para mercadorias nacionais, assim como para as estrangeiras que já tenham pago os impostos de importação; 3) Taxas de selo, ressalvando as estaduais; 4) Tarifas postais e telegráficas federais. Além disso, compete exclusivamente à União a instituição de bancos emissores e a criação (e manutenção correspondente) das alfândegas. Por outro lado, é de competência exclusiva dos Estados decretar impostos: 1) sobre a exportação de mercadorias de sua própria produção; 2) sobre bens imóveis rurais e urbanos; 3) sobre a transmissão de propriedade; 4) sobre indústrias e profissões. Adicionalmente, cabe exclusivamente aos Estados decretar: 1) taxas de selos para atos emanados de seus respectivos governos e negócios de sua economia; 2) contribuições relacionadas aos seus serviços de telegrafia e correios." Logo após isso, durante período da Primeira República, a Constituição de 1891 estabeleceu federalismo, dando maior autonomia aos estados, 3 Souza, Carlos Fernando Mathias de. Breve passeio pela história do direito Brasileiro, passando pelos tributos. 4 Brasil. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Brasília, Planalto do Governo. Revista Foco v.17 p.01-15 2024 7OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA inclusive em matéria tributária. Dessa forma, foi criada uma divisão clara entre as competências tributárias da União, dos estados e dos municípios. A União tinha competência para tributar o comércio exterior, a renda, entre outros. Os estados ganharam o direito de cobrar impostos sobre a produção e consumo, que antes era de competência exclusiva do governo central. Isso representou uma descentralização significativa e um grande passo para o sistema tributário como um todo. A partir da promulgação da Constituição de 1934, ocorreram diversas alterações na estrutura tributária, sendo a principal a constitucionalização dos impostos de renda e consumo, de competência federal.⁵ Em 1937, Getúlio Vargas, através do Estado Novo, reforçou a centralização do poder, inclusive na área tributária. governo federal assumiu maior controle sobre a arrecadação e distribuição de tributos, reduzindo a autonomia dos estados e municípios. Isso foi crucial pois possibilitou que governo implementasse políticas de desenvolvimento nacional de forma mais eficiente, mas também contribuiu para o fortalecimento do autoritarismo, ao limitar o poder dos estados e reduzir a influência dos poderes legislativo e judiciário sobre as finanças públicas. Em 1946, após o Estado Novo, a Constituição restabeleceu a democracia e reforçou federalismo. Manteve a divisão de competências tributárias semelhante à de 1891, mas com ajustes para melhorar a arrecadação e a repartição de receitas entre os entes federados. Bem como introduziu a ideia de um sistema tributário mais equilibrado e tentou evitar a sobreposição de tributos. Isso foi feito buscando a correção de algumas falhas do sistema anterior, refinando a estrutura tributária e ampliando a capacidade dos estados e municípios de arrecadar tributos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, estabeleceu-se um novo regime político, econômico, social e jurídico, conduzido por um sistema democrático. Com o intuito de adequar a constituição à realidade do país e da sociedade, foi necessária uma reforma no sistema tributário. Dessa maneira, a Fabricio Augusto de. A evolução da estrutura tributária e do fisco brasileiro: 1889- 2009. Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 8OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha estrutura foi significativamente modificada, descentralizando grande parte dos tributos e favorecendo Estados e Municípios. 6. Sistema Tributário Brasileiro na Atualidade De modo a compreender as principais características do atual sistema tributário brasileiro, é crucial evidenciar seus conceitos fundamentais e como se dá sua atuação, para uma melhor percepção de como ele impacta a distribuição de renda. Todos os tributos em vigor no país são abarcados pela Constituição da República, por meio do Sistema Tributário Nacional (STN). Através desse mecanismo, obtêm-se recursos de forma a assegurar as atividades delineadas no Artigo 6° da CF, assim como a manutenção das atividades de interesse público. 6.1 Conceito e Finalidade Artigo 3° do Código Tributário Nacional: tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. No Brasil, os tributos desempenham funções Fiscal, Extrafiscal e Parafiscal. A função fiscal visa a arrecadação de recursos financeiros para Estado; a extrafiscal busca intervir no domínio econômico, regulando determinados setores da economia e, por último, a finalidade parafiscal ocorre quando o produto é destinado a uma entidade distinta daquela que arrecadou. 6.2 Composição do Sistema Tributário O sistema de tributação de bens e serviços no Brasil é composto por diversos tributos que foram divididos segundo bases de incidências distintas (circulação de mercadorias, prestação de serviços, industrialização e receita/faturamento), e cuja competência para instituição e arrecadação foi Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 9OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA distribuída aos diversos entes federativos. Em síntese, principal imposto, Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), foi atribuído aos estados, enquanto os demais (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISS e o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI) são de competência dos municípios e da União, respectivamente. Além disso, há que se considerar as contribuições do Programa de Integração Social (PIS) e para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), de competência da União e que, tendo por base de incidência o faturamento ou receita bruta, igualmente oneram a circulação de bens e prestação de serviços.⁶ 6.2.1 IPI Imposto Sobre Produtos Industrializados O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é uma contribuição de responsabilidade da União, tendo como fato gerador a industrialização de um determinado bem. Conforme o Artigo 4° do Decreto 7.212, é imprescindível que bem seja submetido a um processo de transformação por meio do trabalho humano, alterando sua natureza, funcionamento, acabamento, apresentação ou finalidade, aprimorando-o para o consumo, para que o Imposto sobre Produtos Industrializados seja aplicável. A base de cálculo do IPI, em geral, é determinada pelo valor da operação de venda do produto industrializado, sendo as alíquotas estabelecidas na Tabela de Incidência de IPI (TIPI). Vale ressaltar que as principais características do IPI podem ser resumidas da seguinte forma: trata- se de um tributo incidente sobre o consumo, não cumulativo (BRASIL, 1988), seletivo de acordo com a essencialidade do bem (sendo mais oneroso para produtos considerados supérfluos) e classificado como tributo indireto, uma vez que valor do imposto é repassado ao consumidor final⁷. 6 Rocha, Melina L. A tributação sobre bens e serviços no Brasil: Problemas atuais e propostas de reforma. 7 Gassem, Valcir et al. Tributação sobre consumo: esforço em onerar mais quem ganha menos. Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 10OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha 6.2.2 ISSQN Impostos Sobre Servicos de qualquer natureza Imposto sobre Serviços (ISS) é um tributo de competência dos municípios e do Distrito Federal, conforme estabelecido no artigo 156, da Constituição Federal. Ele é aplicado sobre serviços remunerados prestados a terceiros, que estão detalhados na Lista Anexa da Lei Complementar (LC) 116/2003 e que não são objeto de tributação pelo ICMS. A regulamentação do ISS é feita pelos municípios, desde que estejam em conformidade com a Lei Complementar que o respalda, devendo incluir as normas gerais que definem os fatos geradores, as bases de cálculo e os contribuintes. A cobrança do ISS pode recair sobre valor final do serviço, transferindo assim o ônus para contribuinte efetivo. Além disso, esse imposto é cumulativo e não há previsão legal de seletividade, permitindo que o ente responsável pela tributação opte pelos limites das alíquotas máximas e mínimas, considerando a essencialidade do serviço prestado, com objetivo de reduzir a regressividade da estrutura tributária. 6.2.3 ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Servicos Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Brasil é a principal fonte de arrecadação tributária, impactando diretamente consumo de bens, serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. Este imposto é de competência dos Estados e do Distrito Federal. Sua base de cálculo é valor da operação de circulação de bens ou prestação de serviços, englobando encargos financeiros em pagamentos parcelados, valores relacionados a seguros, juros e outras quantias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos nessas condições e eventual frete, se transporte for realizado pelo remetente ou por terceiros, por sua conta e ordem, e cobrado separadamente⁸. Em resumo, ICMS é um tributo que incide sobre o consumo, sendo não cumulativo, indireto e podendo ser seletivo de acordo com a essencialidade do 8 Lei Complementar n° 87/96, artigo 13. § 1°, II, a. (BRASIL, 1996). Revista Foco v.17 p.01-15 2024 11OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA item tributado, com suas alíquotas fixadas levando em consideração se a operação é interna ou interestadual. Quanto aos procedimentos metodológicos, foi conduzida uma pesquisa bibliográfica e documental, na qual, por meio de levantamentos dos temas correlatos ao assunto pesquisado, foi evidenciada a carga tributária vigente no Brasil e seus impactos na distribuição de renda como meio de mitigar a desigualdade. Na pesquisa bibliográfica, foi realizado um levantamento de materiais já existentes sobre o tema proposto, além de serem utilizadas diversas fontes de pesquisa como artigos, periódicos, obras literárias, entre outros, com intuito de possibilitar acesso a um maior volume de dados para análise e comparação. Isto posto, o primeiro capítulo inicia com uma revisão de literatura, uma análise histórica e uma exposição da estrutura do sistema tributário brasileiro, bem como dos principais tributos que o constituem (IPI, ICS e ICMS). Por fim, no segundo capítulo, os dados coletados são analisados e as conclusões derivadas do estudo são apresentadas. Com base nessas conclusões, torna-se evidente o significativo impacto que a política tributária exerce sobre a distribuição de renda, a desigualdade e bem-estar social. 7. Resultados e Discussões Com base nos dados estudados, vimos que a tributação sobre consumo representa a principal fonte de arrecadação do governo, uma vez que incide principalmente na cadeia produtiva, sendo repassada ao consumidor final de uma maneira que sobrecarrega consideravelmente aqueles com menos recursos. A consequência da escolha dessa matriz tributária extremamente regressiva é agravamento contínuo da divisão social e aumento cada vez mais rápido da disparidade entre as classes sociais. Os resultados nos levam a sugerir uma mudança significativa na estrutura tributária, visando uma distribuição mais equitativa dos tributos existentes. Uma alternativa seria seguir o exemplo de países desenvolvidos, nos quais a maior parcela da carga tributária provém do imposto sobre a Renda. Taxar mais aqueles que possuem menos recursos é, na prática, uma clara violação do Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 12OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha princípio da capacidade contributiva, e impede que grande parte da população alcance mínimo existencial. 8. Conclusão A carga tributária está presente em todas as etapas da economia e no cotidiano de todos, desde a produção ao consumo final. Sendo assim, ela tem grande relevância no papel que o Estado deve exercer à população. E dentre os aspectos relevantes que influenciam na negatividade dos tributos, geralmente os fatores mais evidenciados são os que dizem respeito ao tamanho da carga tributária e, não a forma com que ela é distribuída. O Brasil não só tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, como tem uma das mais mal distribuídas, e é aí que está problema. Isso explana a forma com que a carga tributária brasileira é mal distribuída. A alternativa, novamente, seria repensar a forma com que os tributos estão divididos, seja unificando-os, extinguindo-os ou alocando em formas de tributação progressiva, de modo que não incida diretamente na cadeia de consumo, garantindo dignidade e justiça social. A carga fiscal permeia todas as fases da economia e do cotidiano dos cidadãos, desde a produção até o consumo final, exercendo assim um papel de grande relevância no âmbito do Estado para com a população. Entre os elementos pertinentes que contribuem para a negatividade dos impostos, frequentemente os fatores mais destacados são aqueles relacionados à magnitude da carga tributária, e não à sua distribuição. Brasil não apenas ostenta uma das cargas fiscais mais elevadas do globo, mas também uma das mais desigualmente distribuídas, sendo este cerne da questão. A complexidade do sistema tributário brasileiro faz com que muitos desconheçam ou negligenciem a composição destas alíquotas, que dificulta a identificação do principal problema: a estrutura tributária em si. Esta realidade explicita a má distribuição da carga fiscal no Brasil. Uma alternativa viável seria reavaliar a forma como os tributos são alocados, seja por meio de sua unificação, extinção ou implementação de modalidades de tributação progressiva, de modo a não impactar diretamente a cadeia de Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 13OPEN ACCESS REFLEXO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA consumo, assegurando assim Agradecimentos Agradeço à Prof. Me. Sabrina Cassol por incentivar a pesquisa e docência deste autor. Também agradeço ao pesquisador Anderson Pacífico por ter contribuído com a pesquisa e estudo bibliográfico do tema. REFERÊNCIAS AMED, F. J.; NEGREIROS, P. J. L.C. História dos tributos no Brasil. 2000. BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Brasília: Planalto do Governo. GARCIA DE MAGALHÃES, Luís Carlos, et al. Tributação, Distribuição de Renda e Pobreza: Uma Análise dos Impactos da Carga Tributária Sobre Alimentação nas Grandes Regiões Urbanas Brasileiras. Brasília, 2001. GASSEN, Valcir, et al. Tributação sobre Consumo: esforço em onerar mais quem ganha menos. HACK, Érico. As finalidades do tributo: como ele pode ser utilizado como instrumento de arrecadação e busca dos objetivos do Estado. ANIMA: Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET. Curitiba. LEITUGA, Rodrigo C. C. A regressividade da carga tributária brasileira e aumento da desigualdade social. UFRJ, 2018. MILL, John Stuart. Princípios de Economia Política. Coleção: Os Economistas. 1996. OLIVEIRA, Fabrício Augusto de. evolução da estrutura tributária e do fisco brasileiro: 1889-2009. Publicação 'Estimativa da Carga Tributária do Governo Geral 2020'. Disponível em: tributaria-do-governo-geral/2020/114. Acesso em: 02/07/2024 RICARDO, David. Princípios de Economia Política e Taxação. Coleção: Os Economistas. 1982. ROCHA, Melina L. A tributação sobre bens e serviços no Brasil: Problemas atuais e propostas de reforma. Revista Foco v.17 n.9|e6068 p.01-15 2024 14OPEN ACCESS Madson Junior Alves da Rocha SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. SÍNTESE de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. IBGE, 2020. SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Breve Passeio pela História do Direito Brasileiro, passando pelos Tributos. Revista Foco v.17 n.9 e6068 p.01-15 2024 15

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