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FARMACOLOGIA EM TERAPIA 
INTENSIVA
2
Danieli Juliani Garbuio Tomedi
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2024
 FARMACOLOGIA EM TERAPIA INTENSIVA
1ª edição
3
2024
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
Homepage: https://www.cogna.com.br/
Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Schiavetto Dauricio
Juliane Raniro Hehl
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa 
Revisor
Michele Nakahara Melo
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Rosana Silverio Siqueira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Tomedi, Danieli Juliani Garbuio
Farmacologia em terapia intensiva/Danieli Juliani 
Garbuio Tomedi, – Londrina: Editora e Distribuidora 
Educacional S.A., 2024.
32 p.
ISBN 978-65-5903-593-9
1. Farmacologia. 2. Terapia intensiva. 3. Medicamentos. 
4. Interações medicamentosas. I. Título. 
CDD 615.2
_________________________________________________________________________________________ 
 Raquel Torres – CRB 8/10534
T656f 
© 2024 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
https://www.cogna.com.br/
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SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Introdução à Farmacologia em UTI __________________________ 07
Sedação, analgesia e controle da dor em UTI ________________ 24
Terapia cardiovascular em UTI ______________________________ 41
Antibioticoterapia em UTI ___________________________________ 58
FARMACOLOGIA EM TERAPIA INTENSIVA
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Apresentação da disciplina
É com grande satisfação que damos as boas-vindas à disciplina de 
Farmacologia em Terapia Intensiva! A farmacologia, por meio do uso 
de fármacos, desempenha um papel crucial no ambiente da Unidade 
de Terapia Intensiva (UTI), na qual a administração de medicamentos 
requer conhecimentos, competências e habilidades para além dos 
conceitos, como farmacocinética e farmacodinâmica. Sendo assim, 
abordaremos os princípios fundamentais que regem a utilização 
de fármacos em pacientes críticos, destacando a importância da 
monitorização terapêutica para garantir a eficácia e a segurança dos 
tratamentos, além da gestão adequada da sedação e analgesia, processo 
essencial para o conforto e a recuperação dos pacientes na UTI.
Neste tema, abordaremos a fisiopatologia da dor em pacientes, 
os principais agentes sedativos e analgésicos utilizados, como 
benzodiazepínicos, opioides e anti-inflamatórios não esteroidais, com 
o enfoque nas estratégias de titulação, desmame e, principalmente, 
o controle da dor e a importância da implementação das abordagens 
multimodais para seu controle eficaz.
Veremos sobre a terapia farmacológica para as demandas 
cardiovasculares, uma vez que desempenha um papel importante 
na estabilização e recuperação de pacientes críticos na UTI. Dentro 
desse tema, examinaremos o uso de inotrópicos, vasopressores, 
antiarrítmicos, anticoagulantes, antiagregantes plaquetários e diuréticos. 
Também, discutiremos a abordagem a pacientes com eventos 
trombóticos, enfatizando a segurança e a eficácia dos tratamentos 
farmacológicos.
6
Por fim, não poderia faltar o uso racional de antibióticos, pois é 
essencial para o tratamento eficaz de infecções na UTI e a prevenção 
da resistência bacteriana. Portanto, exploraremos o emprego de 
antibióticos de espectro amplo e específicos, bem como estratégias 
para monitorar níveis séricos e ajustar doses de acordo com as 
particularidades e necessidades dos pacientes críticos. Além disso, 
discutiremos as políticas de uso responsável de antibióticos e a 
importância do combate às práticas que fomentam a resistência 
bacteriana.
Esperamos que você aproveite ao máximo essa disciplina e que se sinta 
motivado a compreender mais sobre esses temas tão importantes na 
assistência de enfermagem em terapia intensiva. Estamos à disposição 
para contribuir com sua jornada de aprendizado!
Bons estudos!
7
Introdução à Farmacologia em UTI
Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi
Leitura crítica: Michele Nakahara-Melo
Objetivos
• Apresentar os conceitos básicos sobre 
farmacocinética e farmacodinâmica.
• Relacionar os conceitos da farmacocinética e 
farmacodinâmica com as especificidades das vias de 
administração utilizadas no paciente crítico.
• Descrever o processo da monitorização terapêutica 
de medicamentos, suas características e sua 
aplicabilidade.
• Apresentar os princípios da administração segura 
dos medicamentos.
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1. Farmacocinética e farmacodinâmica no 
paciente crítico
A farmacocinética e a farmacodinâmica são áreas da farmacologia 
que visam compreender a ação dos medicamentos no organismo, 
desempenhando um papel importante na análise dos efeitos dos 
medicamentos e no desenvolvimento de terapias mais eficazes e 
seguras. A farmacocinética descreve os processos que um fármaco 
sofre no organismo, desde sua absorção até sua eliminação (Brum; 
Rockenbach; Bellicanta, 2018).
A farmacodinâmica, por sua vez, compreende os efeitos bioquímicos 
e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação no organismo. 
Em pacientes em estado crítico que requerem cuidados intensivos, 
o conhecimento sobre a farmacocinética e a farmacodinâmica dos 
medicamentos é essencial para garantir a eficácia do tratamento e evitar 
efeitos adversos. Dessa forma, abordaremos, primeiramente, as etapas 
da farmacocinética e, na sequência, descreveremos as especificidades da 
farmacodinâmica no contexto da assistência ao paciente crítico (Brum; 
Rockenbach; Bellicanta, 2018).
As etapas da farmacocinética envolvem a absorção, a distribuição, a 
biotransformação e a eliminação do medicamento. A absorção é a 
passagem do medicamento do local de administração para a corrente 
sanguínea, sendo a velocidade e a eficácia da absorção dependentes de 
fatores, como o local no qual o fármaco é absorvido, as propriedades 
químicas e a forma de administração. A forma de administração é 
importante, pois afeta a biodisponibilidade do medicamento, ou seja, 
a quantidade e a velocidade com que esse fármaco alcança a corrente 
sanguínea. Com exceção da via intravenosa, na qual o medicamento é 
introduzido diretamente na circulação sistêmica, nas outras vias pode 
ocorrer absorção parcial e com menor biodisponibilidade, por isso é 
9
importante compreender as particularidades de cada uma delas (Brum; 
Rockenbach; Bellicanta, 2018).
A seguir, são apresentadas as particularidades de cada via de 
administração.
Via oral: a administração de medicamentos por via oral é uma prática 
comum, que pode incluir a administração por sonda nasogástrica, 
enteral, nasojejunal e ostomias. No entanto, essa forma de administração 
pode apresentar absorção irregular devido ao tempo entre a ingestão 
e a sua absorção. Além disso, ao passar pelo trato gastrointestinal, 
os medicamentos são metabolizados pelo fígado e intestino antes de 
alcançarem a circulação sistêmica, o que pode reduzir a quantidade 
disponível para produzir efeito terapêutico (Ramalho Filho et al., 2022).
Em pacientes críticos, é comum encontrar disfunção gastrointestinal, 
seja devido à redução da motilidade intestinal ou à hipoperfusão 
esplâncnica para priorizar a perfusãoreceptores incluem aumento da contratilidade 
cardíaca por sua forte atuação em β1 e vasodilatação pela atuação 
moderada a leve em β2, aspectos que resultam na elevação do débito 
cardíaco. Por esse motivo, a dobutamina é indicada para pacientes 
com baixo débito cardíaco e disfunção miocárdica, como em pessoas 
com insuficiência cardíaca descompensada e com choque cardiogênico 
(Murakami; Santos, 2017).
No entanto, pode levar ao desenvolvimento de arritmias, hipotensão e 
angina, sendo potencialmente prejudicial em pacientes com estenose 
aórtica, fibrilação atrial e hipovolemia. Apresenta início de ação entre um 
48
e cinco minutos, com metabolismo hepático e excreção renal. Também, 
deve ser administrada em infusão contínua, preferencialmente por 
cateter central (Murakami; Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020).
1.6 Nitroglicerina
A nitroglicerina é um fármaco que atua nos músculos lisos dos vasos 
sanguíneos, promovendo a vasodilatação venosa e coronariana em 
doses moderadas e arterial em doses mais elevadas. No contexto clínico, 
a nitroglicerina é prescrita para tratar congestão pulmonar associada 
à insuficiência cardíaca e em casos de síndrome coronariana aguda 
acompanhada de dor, hipotensão e/ou congestão (Murakami; Santos, 
2017; Viana; Zanei, 2020).
Os efeitos colaterais incluem cefaleia, hipotensão (especialmente em 
pacientes com hipovolemia) e taquicardia. Pode ser diluída em soro 
fisiológico ou glicosado e administrada tanto por acesso central quanto 
periférico. Apresenta início de ação entre um e três minutos após a 
infusão, mantendo seus efeitos por até 10 minutos após a interrupção 
(Viana; Zanei, 2020).
1.7 Nitroprussiato de sódio
É um medicamento que atua diretamente na musculatura arteriolar e 
venosa, resultando em rápida redução da pré e da pós-carga, com início em 
poucos segundos após o início da infusão. Devido a essas características, 
é muito utilizada no tratamento de emergências hipertensivas. Os efeitos 
colaterais mais comuns incluem hipotensão severa, cefaleia, palpitação, 
confusão mental e náuseas. Recomenda-se diluir esse medicamento 
em solução glicosada e protegê-lo contra a exposição à luz pelo risco de 
formação de cianeto. Ainda, alguns fabricantes orientam a troca da solução 
a cada quatro horas (Murakami; Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020).
49
Conectando à Realidade: Exemplos Práticos
As drogas vasoativas são substâncias utilizadas para alcançar a 
estabilidade hemodinâmica em pacientes criticamente enfermos. 
Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel importante na 
administração dessas drogas, garantindo que sejam administradas de 
forma segura e eficaz.
Imagine um enfermeiro em uma UTI que está cuidando de um paciente 
em estado grave com choque séptico. O médico prescreve a administração 
de noradrenalina, uma droga vasoativa, para ajudar a aumentar a pressão 
arterial do paciente e melhorar o fluxo sanguíneo.
O enfermeiro, seguindo as diretrizes de segurança e protocolos de 
administração, prepara a noradrenalina, verifica os nove acertos 
recomendados para a prática segura da administração de medicamentos 
e inicia a infusão intravenosa. Ele monitora de perto os sinais vitais do 
paciente, como pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio, 
enquanto a droga está sendo administrada.
É imprescindível que o enfermeiro compreenda os efeitos da noradrenalina 
no organismo do paciente, como a vasoconstrição periférica e a estimulação 
cardíaca, para garantir que a droga esteja produzindo os efeitos desejados. 
Além disso, o enfermeiro deve estar atento a possíveis efeitos colaterais, 
como arritmias cardíacas e redução do débito urinário, e estar preparado 
para intervir rapidamente, se necessário.
Nesse exemplo, a administração adequada de noradrenalina pelo 
enfermeiro pode ter um impacto significativo na estabilização do 
paciente em choque séptico, melhorando sua perfusão tecidual e 
aumentando suas chances de recuperação. O monitoramento constante 
e a compreensão dos efeitos da droga são essenciais para garantir a 
segurança e eficácia do tratamento, contribuindo diretamente para a 
recuperação do paciente.
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2. Medicamentos antiarrítmicos
Os medicamentos antiarrítmicos desempenham um papel crucial 
no tratamento de arritmias cardíacas em pacientes internados em 
unidades de terapia intensiva, uma vez que as arritmias cardíacas 
representam uma das principais complicações cardíacas que podem 
surgir em pacientes críticos, podendo resultar em descompensação 
hemodinâmica e comprometimento da função cardíaca. Portanto, 
torna-se fundamental compreender os principais tipos de 
medicamentos antiarrítmicos disponíveis, dentre eles, a amiodarona 
e a lidocaína (Falcão; Macedo, 2011). A seguir, apresentaremos os 
principais medicamentos dessa classe.
2.1 Amiodarona
A amiodarona é um medicamento que apresenta uma complexa 
farmacocinética, sendo capaz de inibir diversos canais iônicos, de sódio, 
cálcio e potássio, além de bloquear receptores adrenérgicos alfa, beta, 
entre outros. É um medicamento que prolonga a duração do potencial 
de ação nos átrios e ventrículos, reduzindo, assim, o automatismo 
sinusal e prolongando os períodos pós-despolarização do nó 
atrioventricular, resultando em uma diminuição na frequência cardíaca 
(Falcão; Macedo, 2011).
Devido à sua forte ligação aos tecidos, a amiodarona é eliminada 
tardiamente do organismo, com uma meia-vida de 30 a 50 dias. 
Sua metabolização é lenta e ocorre no fígado, sendo eliminada, 
principalmente, pelas fezes. Seus metabólitos são altamente lipofílicos 
e tendem a se acumular nos tecidos adiposos. Dessa forma, apesar de 
sua eficácia no tratamento de diversos distúrbios do ritmo cardíaco, os 
aspectos farmacocinéticos e os efeitos colaterais associados ao seu uso 
prolongado têm motivado a busca por agentes terapêuticos tão eficazes 
51
quanto a amiodarona, porém sem os mesmos problemas de toxicidade 
(Falcão; Macedo, 2011).
No entanto, a administração de amiodarona por via periférica pode estar 
associada à alta ocorrência de flebite, especialmente devido à irritação 
química da parede venosa por esse medicamento. Para minimizar 
o risco de flebite ao administrar amiodarona por via periférica, é 
importante utilizar acessos venosos de calibre apropriado, monitorar 
cuidadosamente o local da punção e realizar rodízio dos locais de 
punção (Falcão; Macedo, 2011).
Para atingir o efeito terapêutico desejado em determinados casos de 
arritmia, é necessário administrar uma dose de ataque em 10 a 30 
minutos. Posteriormente, uma infusão contínua pode ser utilizada para 
manter a concentração terapêutica, utilizando 1 mg/min nas primeiras 
6 horas e 0,5 mg/min durante as próximas 18 horas, dependendo da 
necessidade de manutenção terapêutica via oral. Deve ser diluída em 
soro glicosado (Falcão; Macedo, 2011).
A amiodarona também pode ser utilizada durante o atendimento à PCR 
em ritmos, como taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) e fibrilação 
ventricular (FV). Nesses casos, deve ser administrada em duas doses em 
bolus de 300 mg e 150 mg, respectivamente. Essas doses devem obedecer a 
um intervalo de três a cinco minutos, sendo intercaladas com a adrenalina. 
Após a reversão da PCR, a dose de manutenção da amiodarona deve ser 
administrada em infusão contínua 24 horas subsequentes, conforme o 
esquema apresentado no parágrafo anterior (SBC, 2019).
2.2 Lidocaína
A lidocaína é utilizada tradicionalmente como um anestésico local. 
Entretanto, possui também ação antiarrítmica, que ocorre pelo 
52
bloqueio de canais de sódio, aumentando o limiar de excitabilidade 
e desacelerando a condução dos impulsos pelos ventrículos, 
especialmente nas fibras de Purkinje. A dosagem inicial deve ser 
administrada em um período de três minutos. Essa dose pode ser 
repetida após cinco minutos, seguida por uma infusão contínua. 
Apenas cerca de 10% da substância é eliminada sem sofrer alterações 
através da urina, sendo o restante metabolizado pelo organismo.A 
meia-vida da lidocaína é de, aproximadamente, duas horas, podendo 
se prolongar com a infusão contínua por mais de 24 horas (Falcão; 
Macedo, 2011).
Assim como a amiodarona, a lidocaína também pode ser utilizada 
durante o atendimento à PCR em ritmos, como TVSP e FV. Sua 
administração deve ser realizada com duas doses em bolus, sendo 
a primeira com 1,0 a 1,5 mg/kg, e a segunda com 0,5 a 0,75 mg/kg. 
Essas doses também devem obedecer a um intervalo de três a cinco 
minutos, sendo intercaladas com a adrenalina. Após a reversão da 
PCR, a lidocaína deve ser administrada em infusão contínua 24 horas 
subsequentes para a manutenção da dose terapêutica a 0,02 a 0,05 mg/
kg/min (SBC, 2019).
No que diz respeito aos efeitos colaterais, a neurotoxicidade decorrente 
de doses excessivas pode desencadear uma série de sintomas, embora 
isso seja considerado raro na prática clínica. Entre esses efeitos 
adversos, estão sonolência, visão embaçada, zumbido nos ouvidos, 
tonturas, convulsões e depressão respiratória (Falcão; Macedo, 2011).
3. Diuréticos
Os diuréticos são frequentemente utilizados em UTI para o tratamento 
de pacientes com distúrbios renais e cardiovasculares. Esses 
53
medicamentos atuam aumentando a produção de urina, promovendo a 
eliminação de líquidos e reduzindo a sobrecarga hídrica no organismo. 
No entanto, é fundamental ressaltar que o uso de diuréticos em UTI 
deve ser monitorado devido aos potenciais efeitos colaterais, como 
desequilíbrios eletrolíticos e insuficiência renal aguda (Almeida et al., 
2017). A seguir, abordaremos os dois diuréticos mais utilizados: a 
furosemida e a espironolactona.
3.1 Furosemida
A furosemida é classificada como um diurético de alça, e sua ação 
consiste em bloquear a reabsorção de sódio no segmento ascendente 
da alça de Henle, o que resulta em um aumento acentuado na excreção 
de sódio, cloro, cálcio e magnésio, que, por sua vez, diminuem a 
reabsorção de água no túbulo coletor, aumentando sua eliminação. 
Devido ao aumento na excreção de íons e água, há um aumento no 
volume urinário. Portanto, esses diuréticos são considerados os mais 
eficazes devido à sua ação no principal local de absorção de sódio 
nos túbulos renais, sendo efetivos até mesmo em pacientes com 
comprometimento grave da função renal (Almeida et al., 2017).
Uma única dose desses diuréticos pode causar um aumento 
significativo na diurese por algumas horas, levando o organismo a 
acionar mecanismos de compensação para restaurar o equilíbrio 
hemodinâmico. Por esse motivo, eles são especialmente úteis em 
pacientes com insuficiência renal ou cardíaca simultânea. No entanto, o 
aumento na excreção de potássio pode levar à hipocalemia, um efeito 
adverso comum entre os diuréticos que aumentam a excreção de 
sódio. Além disso, podem resultar em ototoxicidade e hipomagnesemia 
(Almeida et al., 2017).
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3.2 Espironolactona
A espironolactona é um diurético poupador de potássio antagonista 
da aldosterona. Esse medicamento compete com a aldosterona 
pelos receptores nas células do túbulo coletor cortical, resultando na 
diminuição da absorção de sódio nesse segmento tubular. Por interferir 
nos efeitos da aldosterona, a espironolactona evita a perda de potássio 
nesses túbulos (Almeida et al., 2017).
Os diuréticos poupadores de potássio pertencem a uma classe de 
medicamentos que atuam de forma a preservar os níveis adequados de 
potássio no organismo, o que justifica sua classificação como poupadora 
de potássio. No entanto, é importante ressaltar que esse medicamento 
apresenta efeitos adversos, como a hiperpotassemia e a possibilidade 
de desenvolvimento de acidose metabólica devido à diminuição da 
secreção de íons H+. Além disso, são contraindicados em casos de 
insuficiência renal avançada (Almeida et al., 2017).
4. Anticoagulantes
Os medicamentos anticoagulantes são recomendados para prevenir 
a formação de coágulos em situações, como imobilização prolongada, 
hemodiálise, cirurgias, uso de próteses mecânicas, trombose venosa 
profunda, embolia pulmonar, fibrilação atrial, angina instável, entre 
outras condições. Dentre os anticoagulantes mais utilizados, a varfarina 
é o anticoagulante oral mais importante e comum, enquanto as 
heparinas não fracionadas (HNF) e de baixo peso molecular (HBPM) 
são exemplos de anticoagulantes injetáveis, utilizados, principalmente, 
durante internações hospitalares (Falcão; Macedo, 2011).
A HNF é um fármaco que atua ativando a antitrombina III, responsável 
por inibir os fatores IIa, IXa, Xa, XIa e XIIa, pertencentes à via 
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intrínseca da coagulação, sendo necessária sua administração por via 
subcutânea ou intravenosa contínua, por não ser absorvida pelo trato 
gastrointestinal. Alguns efeitos colaterais da HNF incluem flebite na 
administração venosa, trombocitopenia e hemorragias, sendo esta 
última associada à dose e ao uso concomitante de trombolíticos. Sua 
meia-vida de eliminação é de, aproximadamente, 40 a 90 minutos, 
podendo ser revertida rapidamente com o uso de Protamina.
O monitoramento do tratamento anticoagulante com HNF é realizado 
através do exame laboratorial de tempo de tromboplastina parcial 
ativada (TTPa), um teste sensível aos níveis dos fatores da via 
intrínseca e comum da coagulação. Embora tradicionalmente a HNF 
seja o anticoagulante injetável mais comumente utilizado, devido à 
variabilidade frequente das doses e à estreita faixa terapêutica, tem sido 
cada vez mais substituída pelas HBPMs (Falcão; Macedo, 2011).
As heparinas de baixo peso molecular (HBPM), como a enoxaparina, 
possuem um terço do peso molecular da HNF e atuam ativando a 
antitrombina III. As HBPM são inibidores mais potentes e seletivos do 
fator Xa, com meia-vida mais longa que a HNF. Elas são eliminadas 
principalmente pelos rins, o que prolonga sua ação em pacientes com 
insuficiência renal, tornando a HNF mais adequada como anticoagulante 
nesses casos. Além disso, as HBPM não afetam o TTPa, e o efeito de uma 
dose padrão é previsível o suficiente para não necessitar de monitoramento 
ou ajuste de dose, exceto em casos como gestantes, obesos mórbidos e 
pacientes com doença renal crônica (Falcão; Macedo, 2011).
Nesses casos, a monitorização é recomendada para ajuste da dose de 
HBPM de acordo com a atividade anti-Xa, medida quatro horas após 
a administração. Devido à possibilidade de procedimentos invasivos 
em pacientes críticos, como punções e cateterismos de veias centrais, 
o uso de heparinas é preferível pela rápida reversão de sua ação com 
protamina ou pela rápida diminuição do efeito terapêutico em um 
56
período relativamente curto, reduzindo o risco de sangramentos e 
hematomas nos locais das punções (Falcão; Macedo, 2011).
5. Antiagregantes plaquetários
Os medicamentos antiagregantes plaquetários são uma classe de 
agentes farmacológicos que possuem a capacidade de inibir a formação 
de coágulos sanguíneos, principalmente aqueles desencadeados pelas 
plaquetas, sem afetar de maneira significativa os outros processos 
de coagulação. Dentre os antiagregantes plaquetários, temos o Ácido 
Acetil Salicílico (AAS), que é um dos medicamentos mais conhecidos 
e utilizados. Sua ação se dá pela inibição da enzima ciclo-oxigenase, 
resultando na diminuição da produção de tromboxano A2 e, 
consequentemente, da agregação das plaquetas. Essa ação inibitória 
também contribui para reduzir a inflamação em locais de placas 
ateroscleróticas, diminuindo a infiltração de células inflamatórias nesses 
tecidos (Falcão; Macedo, 2011).
O AAS exerce um efeito irreversível sobre as plaquetas devido à sua 
ação na síntese de mediadores lipídicos. Esse efeito perdura por 
cerca de 10 dias, tempo correspondente à meia-vida das plaquetas, 
e não interfere na adesão das plaquetas aos tecidos vasculares. 
Após a sua administração oral, o AAS é absorvido rapidamente pelo 
trato gastrointestinal e convertido em seu metabólito ativo, o ácido 
salicílico, que é amplamente distribuído pelo organismo e eliminado 
principalmentepelo fígado por meio de diversos metabólitos (Falcão; 
Macedo, 2011).
Em conclusão, as drogas vasoativas, antiarrítmicas, diuréticas e 
anticoagulantes desempenham papéis fundamentais no tratamento 
de pacientes críticos. Cada classe de medicamentos atua de maneira 
57
específica para controlar a pressão sanguínea, regular o ritmo cardíaco 
e a volemia e prevenir a formação de coágulos. É essencial que essas 
drogas sejam prescritas e administradas com cuidado e monitoramento 
adequados, levando em consideração as necessidades individuais de 
cada paciente. O conhecimento sobre esses medicamentos e suas 
interações é importante para garantir a eficácia do tratamento e evitar 
potenciais complicações. Portanto, o uso adequado e responsável 
dessas drogas pode contribuir significativamente para a melhoria 
da qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes com doenças 
cardiovasculares horas (Murakami; Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020).
Referências
ALMEIDA, L. M. et al. Diuréticos: um artigo de revisão. Revista Científica Fagoc 
Saúde, v. II, 2017. Disponível em: https://acesse.dev/Yzg9r. Acesso em: 27 mar. 
2024.
FALCÃO, L. F. R.; MACEDO, G. L. Farmacologia Aplicada em Medicina Intensiva. 
São Paulo: Roca, 2011. 536 p.
MURAKAMI, B. M.; SANTOS, E. R. dos. Enfermagem em terapia intensiva. 2. ed. 
Barueri: Manole, 2017. 376 p.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Prevenção 
Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol., n. 
113, v. 4 p. 787-891, 2019. Disponível em: https://go.aws/343U5k0. Acesso em: 29 
mar. 2024.
VIANA, I. Y. W.; ZANEI, S. S. V. Enfermagem em terapia intensiva: práticas e 
vivências. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020. 564 p.
https://acesse.dev/Yzg9r
https://go.aws/343U5k0
58
Antibioticoterapia em UTI
Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi
Leitura crítica: Michele Nakahara-Melo
Objetivos
• Descrever todas as etapas envolvidas no processo de 
nocicepção, incluindo os neurotransmissores.
• Apresentar os principais medicamentos analgésicos 
utilizados em terapia intensiva.
• Apresentar os principais medicamentos sedativos 
utilizados em terapia intensiva.
• Apresentar as escalas de avaliação de dor e sedação 
do paciente crítico e as estratégias multimodais de 
controle da dor.
59
1. Introdução
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são categorizadas 
como infecções que afetam o organismo de forma sistêmica ou local 
e podem se manifestar no intervalo de 48 horas após a admissão 
hospitalar e até 48 horas após a alta hospitalar. Além disso, podem 
ocorrer até 30 dias após uma cirurgia sem a inserção de prótese ou até 
um ano após a colocação de uma prótese. O impacto das IRAS abrange 
uma série de consequências negativas, tais como prolongamento 
do tempo de internação e aumento da taxa de mortalidade, 
especialmente quando as infecções estão relacionadas à resistência aos 
antimicrobianos.
Nas unidades de terapia intensiva (UTI), as IRAS mais frequentes 
incluem a pneumonia associada à ventilação mecânica, a infecção 
do trato urinário relacionada ao uso de cateter vesical de demora, a 
bacteremia associada a um cateter venoso central e as infecções de sítio 
cirúrgico em pacientes submetidos a procedimentos invasivos. Além 
disso, os principais microrganismos responsáveis pelas IRAS incluem: 
Staphylococcus aureus; Staphylococcus epidermidis; Staphylococcus 
coagulase negativa; Escherichia coli; Pseudomonas aeruginosa; Klebsiella 
pneumoniae; Acinetobacter baumannii; Enterobacter spp.
Na UTI, há um risco significativamente maior de desenvolvimento de 
infecções e proliferação de microrganismos resistentes, e isso se deve, 
principalmente, à exposição frequente aos profissionais de saúde, ao 
uso de equipamentos e dispositivos invasivos, ao uso de medicamentos 
imunossupressores, à permanência prolongada no hospital, à 
administração indiscriminada de antibióticos e à maior probabilidade de 
contaminação do ambiente de cuidado.
Nesse sentido, para a prevenção de IRAS no contexto da UTI, é essencial 
adotar medidas rigorosas de controle de infecção, como a higienização 
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das mãos, a manipulação e os cuidados adequados dos dispositivos 
invasivos, a limpeza e desinfecção dos ambientes e a prática de técnicas 
assépticas durante procedimentos. Além disso, a educação contínua 
dos profissionais de saúde baseada em evidências científicas e a 
implementação de programas de vigilância epidemiológica são cruciais 
para identificar precocemente casos de infecção e interromper a cadeia 
de transmissão.
Com base na importância dessa temática, ao longo deste material, 
abordaremos as particularidades da resistência bacteriana, os principais 
antimicrobianos utilizados em UTI e os aspectos gerais do uso racional 
de antibióticos.
2. Resistência bacteriana
A resistência bacteriana é um desafio global que desperta grande 
preocupação, principalmente devido ao uso indiscriminado dos 
antimicrobianos. Enquanto a resistência aos antibióticos continua a 
aumentar, a descoberta de novos agentes antibióticos não avança na 
mesma proporção. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece 
a Resistência Antimicrobiana (RAM) como um desafio de saúde pública 
em nível global, caracterizado pela falta de resposta do microrganismo a 
um determinado fármaco ao qual anteriormente era sensível (Lima et al., 
2022; Souza; Dias; Alvim, 2022).
As bactérias não possuem resistência inata, mas, sim, uma certa 
sensibilidade que pode evoluir para resistência, que é um processo 
desencadeado devido à vulnerabilidade ou à suscetibilidade da 
cepa ou linhagem em questão. As cepas mais vulneráveis e frágeis 
são eliminadas quando expostas a um antibiótico, enquanto as 
mais resistentes persistem e têm a capacidade de disseminar seus 
61
genes quando em contato com certos compostos químicos, como 
os antibióticos. Dessa forma, a resistência pode ser definida como 
a capacidade de um microrganismo de se adaptar e sobreviver aos 
tratamentos medicamentosos aos quais é submetido, sendo assim, 
resistentes a eles (Lima et al., 2022; Souza; Dias; Alvim, 2022).
Além disso, o surgimento e a propagação de diversos microrganismos 
resistentes resultam da combinação de vários fatores, tais como: 
mutações em genes de resistência que ampliam sua capacidade de 
sobrevivência; transmissão de informações genéticas que passam 
genes de resistência para novos microrganismos; pressão seletiva do 
ambiente que favorece o surgimento e disseminação de microrganismos 
resistentes.
No que tange à resistência antimicrobiana, as bactérias podem 
apresentar (Lima et al., 2022):
• Produção de enzimas que degradam ou modificam os antibióticos.
• Redução da permeabilidade da membrana externa.
• Sistemas de efluxo.
• Alteração do sítio de ligação do antibiótico.
• Bloqueio ou proteção do sítio de ligação do antibiótico.
A seguir, abordaremos tais mecanismos com mais detalhes:
Enzimas responsáveis pela degradação de antibióticos: as enzimas 
que degradam antibióticos atuam na inativação desses agentes 
antimicrobianos. Os grupos principais de enzimas responsáveis são 
as beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) e carbapenemases. 
As ESBLs são enzimas com potencial de degradação de cefalosporinas 
62
de 3ª e 4ª geração. Já as carbapenemases são as beta-lactamases com 
amplo espectro de degradação, sendo assim denominadas devido à 
capacidade de degradar carbapenêmicos. Um exemplo significativo é 
o KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase), identificado em várias 
espécies de bacilos gram-negativos, e não exclusivamente em Klebsiella 
pneumoniae, como o nome pode sugerir (Lima et al., 2022).
Ainda, existem enzimas que realizam modificações nos antibióticos 
através da transferência de grupos químicos para a molécula do 
medicamento, o que resulta na inativação de aminoglicosídeos 
(como amicacina e gentamicina) e macrolídeos (como eritromicina, 
azitromicina e claritromicina). As principais enzimas responsáveis por 
essasmodificações em antibióticos são as enzimas modificadoras 
de aminoglicosídeos (AME), que alteram a estrutura química desses 
medicamentos (Lima et al., 2022).
Redução da permeabilidade da membrana externa: mecanismo de 
resistência exclusivo das bactérias gram-negativas devido à presença da 
membrana externa na parede celular, uma característica ausente nas 
bactérias gram-positivas. Para que os antibióticos atinjam seu alvo no 
meio intracelular, é necessário que ultrapassem a membrana externa 
ou toda a parede celular. Dessa forma, a redução da permeabilidade 
pode ocorrer por mudanças na estrutura das porinas, que são proteínas 
de transporte, ou até mesmo pela perda delas, dificultando ou mesmo 
impossibilitando a passagem dos antibióticos (Lima et al., 2022).
Esse mecanismo afeta, principalmente, a entrada de antibióticos 
beta-lactâmicos e fluoroquinolonas. Essas alterações são comuns em 
bactérias, como E. coli, K. pneumoniae, Enterobacter e P. aeruginosa. 
A perda de algumas porinas pode reduzir significativamente a 
sensibilidade à cefotaxima e ao cefepime, mas tem pouco impacto na 
sensibilidade aos carbapenêmicos (Lima et al., 2022).
63
Mecanismos de efluxo: processos naturais de eliminação de 
substâncias tóxicas produzidas pelo metabolismo bacteriano, os 
quais estão presentes na parede celular das bactérias e, em geral, são 
controlados por genes localizados nos cromossomos. No âmbito clínico, 
surge um problema quando esses mecanismos de efluxo têm sua 
atividade aumentada (hiperexpressão), seja devido à maior quantidade 
desses sistemas na bactéria e/ou a uma maior eficiência na excreção 
de substâncias tóxicas (sistemas hiperativos). A atividade dos sistemas 
de efluxo pode ser ampla, excretando diversos tipos de antibióticos 
de diferentes classes e subclasses, ou específica para um determinado 
fármaco, classe ou subclasse de antibiótico (Lima et al., 2022).
Alteração do sítio de ligação do antibiótico: as mudanças estruturais 
nos alvos dos antibióticos podem resultar em impedimentos na ligação 
eficaz do medicamento ou na redução da afinidade da interação, 
impedindo a ligação dos antimicrobianos aos seus alvos. Alguns 
exemplos significativos desse fenômeno incluem o S. aureus resistente 
à meticilina (MRSA), Enterococcus resistentes à vancomicina (VRE), bem 
como a resistência às quinolonas e penicilina em diversas espécies 
bacterianas, como S. aureus, S. pneumoniae, S. mitis e N. gonorrhoeae 
(Lima et al., 2022).
Em face da resistência induzida por essas alterações nos sítios-alvo, é 
essencial considerar opções terapêuticas alternativas. Por exemplo, se 
a resistência à oxacilina for detectada, isso indica que haverá resistência 
a todos os antibióticos beta-lactâmicos disponíveis, sendo necessário 
recorrer a drogas, como glicopeptídeos (vancomicina e teicoplanina), ou 
a outras opções de antibióticos sensíveis à bactéria, conforme indicado 
pelos resultados do antibiograma (Lima et al., 2022).
Bloqueio ou proteção do sítio de ligação do antibiótico: pode ocorrer 
pelo espessamento da parede celular em S. aureus, que atua como 
uma barreira que impede o acesso dos glicopeptídeos (vancomicina e 
64
teicoplanina) ao seu alvo, conferindo, assim, resistência intermediária a 
essas drogas nos chamados S. aureus intermediários à vancomicina ou 
glicopeptídeos (VISA/GISA), ou resistência total nos S. aureus resistentes 
à vancomicina (VRSA/GRSA) (Lima et al., 2022).
3. Antibióticos de amplo espectro
Os antibióticos de amplo espectro são medicamentos que têm a 
capacidade de combater uma grande variedade de bactérias, sendo 
úteis no tratamento de infeções causadas por diferentes tipos de 
microrganismos. Em nosso material, abordaremos as cefalosporinas, 
os carbapenêmicos e as fluoroquinolonas como antibióticos de amplo 
espectro.
3.1 Cefalosporinas
As cefalosporinas são um grupo de antibióticos beta-lactâmicos 
derivados de fungos, que possuem atividade bactericida ao inibir a 
transpeptidase, responsável pela síntese da parede celular bacteriana. 
Representam uma classe de antibióticos com uma série de vantagens, 
sendo notável o seu amplo espectro de ação que abrange tanto 
bactérias gram-positivas quanto gram-negativas. Por essa razão, esses 
medicamentos são amplamente utilizados na prática médica diária 
(Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Muitas cefalosporinas têm baixa absorção e, portanto, são 
administradas, geralmente, por via parenteral, sendo comumente 
utilizadas em ambientes hospitalares. No entanto, algumas, como a 
cefalexina, podem ser administradas por via oral. São considerados 
antibióticos de amplo espectro com novos derivados, como cefotaxima, 
ceftriaxona, ceftazidima e ceftarolina, mostrando eficácia contra 
65
patógenos resistentes a outros antibióticos. Em geral, as cefalosporinas 
são bem toleradas, embora possam causar reações alérgicas, lesão 
renal, intolerância ao álcool e sangramentos devido ao antagonismo da 
vitamina K (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Além disso, a subclasse das cefalosporinas é dividida em diferentes 
“gerações”, cada uma apresentando características específicas em 
termos de espectro antimicrobiano, potência, bem como propriedades 
farmacocinéticas e farmacodinâmicas distintas. À medida que a geração 
das cefalosporinas avança, é possível notar um aumento da eficácia 
contra bactérias gram-negativas, ao mesmo tempo em que a potência 
contra bactérias gram-positivas diminui (Ramalho Filho et al., 2022; 
Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
3.2 Carbapenêmicos
Os carbapenêmicos são um grupo de antibióticos amplamente 
utilizados em ambientes hospitalares, sendo compostos por quatro 
principais tipos: imipenem, meropenem, ertapenem e doripenem 
(Ramalho Filho et al., 2022).
O imipenem demonstra eficácia no combate a certas bactérias gram-
negativas, incluindo ação contra pseudomonas, e apresenta atividade 
contra bactérias gram-positivas e anaeróbias. No entanto, não é eficaz 
contra Staphylococcus Aureus resistente à meticilina (MRSA). Para 
potencializar seus efeitos, é administrado com cilastatina, que inibe a 
enzima DHI-1 responsável pela degradação do medicamento nos rins, 
aumentando sua meia-vida e reduzindo a toxicidade renal (Ramalho 
Filho et al., 2022).
Efeitos colaterais, como rash, febre e convulsões, são associados ao uso 
de imipenem, sendo o risco de convulsões reduzido com ajustes de dose 
66
em pacientes com disfunção renal e em idosos. Indivíduos com histórico 
de convulsões ou lesões no sistema nervoso central devem evitar o uso 
desse medicamento (Ramalho Filho et al., 2022).
Tanto o meropenem quanto o ertapenem possuem propriedades 
antibacterianas semelhantes ao imipenem, com o primeiro sendo mais 
eficaz contra bactérias gram-negativas e o segundo apresentando boa 
ação contra Beta-Lactamase de Espectro Estendido (ESBL); são enzimas 
que conferem resistência à maioria dos antibióticos beta-lactâmicos, 
sendo uma opção viável para infecções por enterobactérias produtoras 
deste tipo de enzima (Ramalho Filho et al., 2022).
O doripenem, o mais recente da classe dos carbapenêmicos, demonstra 
atividade contra uma variedade de bactérias gram-negativas, 
gram-positivas e anaeróbias, incluindo Pseudomonas aeruginosa, 
Enterobacteriaceae, Acinetobacter spp e B. fragilis. Sua relação com 
convulsões como efeito adverso é menor se comparada com outros 
carbapenêmicos, tornando-o uma opção interessante para o tratamento 
de certas infecções (Ramalho Filho et al., 2022).
3.3 Fluoroquinolonas
As fluoroquinolonas são medicamentos de amplo espectro que 
atuam inibindo a síntese de DNA bacteriano ao se ligarem às enzimas 
DNA girase bacteriana e topoisomerase IV. Alguns dos exemplos 
mais conhecidos desses medicamentos são a ciprofloxacina, a 
levofloxacina e a moxifloxacina (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; 
Mohr; Hein, 2017).
Esses medicamentos são eficazes contra certas bactérias gram-
negativas aeróbias, como Salmonella spp, Shigellaspp e Haemophilus 
Influenzae, sendo menos eficazes no tratamento de infecções por MRSA. 
67
A resistência a esse tipo de medicamento tem aumentado em algumas 
bactérias, como P. aeruginosa, Acinetobacter spp e Aeromonas hydrophila, 
devido ao seu uso indiscriminado (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; 
Mohr; Hein, 2017).
Entre as quinolonas, a ciprofloxacina é especialmente potente contra 
P. aeruginosa. Novas quinolonas, como levofloxacina e moxifloxacina, 
são eficazes contra Mycoplasma spp, Chlamydophila trachomatis, 
Ureaplasma urealyticum e Streptococcus (principalmente, pneumoniae e 
pyogenes), sendo úteis no tratamento da pneumonia pneumocócica. As 
quinolonas também são eficazes contra algumas micobactérias, como 
Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium kansasii e Mycobacterium 
fortuitum (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Em relação às reações adversas, as fluoroquinolonas, geralmente, são 
seguras e bem toleradas, mas podem causar efeitos colaterais, como 
sintomas gastrointestinais (náuseas, dor abdominal, vômitos e diarreia), 
sintomas do sistema nervoso central (dores de cabeça, confusão mental, 
insônia), ruptura de tendão e reações de hipersensibilidade (erupções 
cutâneas e coceira) (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
As indicações para o uso de fluoroquinolonas incluem infecções do trato 
urinário (ITU, prostatite, pielonefrite), pneumonias, diarreias invasivas, 
infecções intra-abdominais e intrapélvicas, além de outras condições 
específicas determinadas por antibiograma (Ramalho Filho et al., 2022; 
Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
4. Antibióticos para infecções específicas
Diferentemente dos antibióticos de amplo espectro, os antibióticos 
específicos são direcionados para combater um grupo mais restrito de 
bactérias, sendo prescritos com base em testes de sensibilidade para 
68
identificar o agente infeccioso específico. Esses antibióticos específicos 
são mais direcionados e têm um espectro de ação mais limitado em 
comparação com os de amplo espectro. A seguir, abordaremos em 
detalhes os antibióticos de espectro específico vancomicina, linezolida e 
anfotericina B.
4.1 Vancomicina
A vancomicina é um antibiótico que atua inibindo a síntese da parede 
celular de certas bactérias. Em concentrações baixas, demonstra eficácia 
bactericida contra cocos e bacilos gram-positivos, como S. aureus 
(incluindo MRSA), estafilococos coagulase-negativos, S. pneumoniae, 
grupo viridans, Streptococcus spp, Streptococcus bovis, Clostridium sp e 
Diphtheria spp; e é bacteriostático para enterococos, necessitando da 
adição de um aminoglicosídeo (gentamicina ou estreptomicina) para 
ação bactericida. A administração intramuscular da vancomicina não 
é recomendada devido à sua alta irritabilidade nos tecidos, sendo 
preferencialmente administrada por via intravenosa. A forma oral 
do medicamento é reservada para pacientes com colite associada a 
antibióticos causada por Clostridium difficile (Ramalho Filho et al., 2022; 
Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
A eliminação da vancomicina ocorre, principalmente, pela urina, 
portanto é crucial monitorar pacientes com disfunção renal, ajustando 
a dosagem e realizando dosagens regulares para verificar os níveis 
da substância no sangue e da função renal. Para adultos sem 
comprometimento renal, a dose recomendada é de 2 a 3 gramas 
por dia, divididas em intervalos de 8 a 12 horas. A administração da 
medicação deve ser feita de forma lenta para minimizar possíveis efeitos 
colaterais. Em casos de infecções graves, uma dose inicial mais elevada 
(25-30 mg/kg) seguida por doses ajustadas de 15-20 mg/kg a cada 12 
horas, conforme os níveis sanguíneos de vancomicina. A faixa ideal de 
69
concentração de vancomicina no sangue para a maioria dos pacientes 
é entre 15-20 mcg/mL, podendo ser um pouco mais alta em casos de 
disfunção hemodinâmica grave e síndrome de disfunção de múltiplos 
órgãos (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Quanto às reações adversas, a vancomicina é a opção recomendada para 
pacientes alérgicos a penicilinas e cefalosporinas com infecções graves 
por bactérias gram-positivas. Embora raramente associada a reações de 
hipersensibilidade, como erupções cutâneas e febre, a administração rápida 
por via intravenosa pode causar rubor, formigamento, coceira, taquicardia, 
hipotensão e erupção cutânea vermelha no tronco e na face (síndrome do 
“pessoa vermelha”). Essa síndrome não é uma verdadeira reação alérgica, 
mas, sim, um fenômeno de liberação de histamina, podendo ser evitada 
com infusões lentas de vancomicina (não excedendo 15 mg por minuto 
ou 0,5 g em 60 minutos e 1 g em 60 a 90 minutos) ou com a administração 
prévia de um anti-histamínico. A ototoxicidade e nefrotoxicidade são efeitos 
adversos possíveis, porém pouco comuns (Ramalho Filho et al., 2022; 
Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
4.2 Linezolida
A linezolida é o primeiro medicamento da classe das oxazolidinonas 
disponível no mercado, atuando ao inibir o início da síntese de 
proteínas. Demonstrou ser eficaz contra bactérias, como MRSA, VRSA 
e VRE, sendo também capaz de eliminar S. pneumoniae resistente 
à penicilina. É recomendado para o tratamento de pneumonia 
adquirida no hospital e infecções complicadas na pele causadas 
por S. aureus (incluindo MRSA). A dose indicada é de 600 mg a cada 
12 horas, podendo ser administrada por via intravenosa ou oral, 
com excelente absorção no organismo (Ramalho Filho et al., 2022; 
Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
70
As reações adversas estão relacionadas à interação com inibidores da 
monoamina oxidase, inibidores seletivos da recaptação de serotonina 
e alimentos ricos em tiramina, podendo desencadear a síndrome da 
serotonina. Essa síndrome pode manifestar-se por sintomas, como 
confusão, agitação, coma, instabilidade autonômica, rubor, febre baixa, 
náusea, diarreia, diaforese, mioclonia, rigidez e, raramente, morte. O 
uso prolongado do medicamento pode levar à plaquetopenia, que é 
reversível (Ramalho Filho et al., 2022; Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
4.3 Anfotericina B
A anfotericina B (AmB) é considerada um dos antifúngicos mais 
eficazes, embora seu uso esteja associado a reações adversas, tais 
como respostas inflamatórias decorrentes das infusões e toxicidade 
renal, que pode evoluir para insuficiência renal aguda, necessitando 
de hemodiálise. Por essa razão, a AmB é utilizada, geralmente, como 
opção terapêutica de suporte em pacientes que não toleram ou não 
respondem adequadamente a outros agentes antifúngicos menos 
tóxicos (Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Durante as infusões de AmB, é comum a ocorrência de sintomas, 
como febre, calafrios, náuseas, vômitos e tremores. Essas reações 
adversas costumam ser mais intensas na primeira infusão e tendem 
a diminuir em gravidade com infusões subsequentes. Para reduzir a 
intensidade desses sintomas, algumas medidas são adotadas, tais como 
a administração de paracetamol e difenidramina antes da infusão, e 
meperidina em casos de tremores persistentes. Caso a pré-medicação 
não seja suficiente, a adição de hidrocortisona à infusão de AmB pode 
ser considerada (Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
É preferível realizar as infusões de AmB por meio de um acesso venoso 
central, a fim de minimizar o risco de flebite associado à administração 
71
do medicamento por veias periféricas. Além disso, a AmB tem afinidade 
pelo colesterol presente na superfície das células epiteliais renais, 
podendo causar lesões nos túbulos renais, resultando em aumento da 
excreção urinária de potássio e magnésio, com risco de hipocalemia e 
hipomagnesemia (Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
Para reduzir o risco de lesão renal, foram desenvolvidas formulações 
especializadas de AmB que aumentam a ligação do medicamento às 
membranas celulares fúngicas e reduzem a interação celular. Essas 
formulações, como a anfotericina lipossomal e o complexo lipídico de 
anfotericina B, demonstraram ser eficazes na redução daincidência de 
reações nefrotóxicas, sendo que a preparação lipossomal apresenta 
uma maior redução nesse tipo de efeito adverso. No entanto, é 
importante ressaltar que ambas as formulações possuem um custo 
elevado (Lüllmann; Mohr; Hein, 2017).
5. Uso racional de antibióticos
A otimização do uso dos antimicrobianos pode controlar a disseminação 
da resistência microbiana, reduzir os efeitos adversos desses 
medicamentos, melhorar as taxas de cura de infecções e resultar em 
economia nos custos para os serviços de saúde, além de promover a 
segurança do paciente. O desenvolvimento da resistência microbiana é 
uma inevitabilidade evolutiva, mesmo com o uso adequado e moderado 
de antimicrobianos. No entanto, é crucial fazer todos os esforços para 
retardar sua propagação e mitigar seus impactos. Portanto, torna-se 
imperativo implementar o gerenciamento do uso de antimicrobianos 
e adotar medidas de prevenção e controle das IRAS para reduzir 
efetivamente a disseminação da resistência microbiana nos serviços de 
saúde (Brasil, 2023).
72
Por isso, é altamente recomendável que os hospitais, especialmente 
os de maior complexidade e que possuam leitos de UTI, implementem 
Programas de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos (PGA). A 
Organização Mundial da Saúde define o Programa de Gerenciamento 
de Antimicrobianos (PGA) como um conjunto integrado de intervenções 
baseadas em evidências que visam promover o uso consciente e 
adequado de antimicrobianos (Brasil, 2023).
Para atingir esse objetivo, é essencial que a prescrição seja feita 
somente quando necessária, que haja otimização na escolha, 
dosagem, via de administração e duração do tratamento. Além disso, 
é importante estabelecer um diagnóstico preciso para maximizar a 
eficácia terapêutica e minimizar as consequências indesejáveis, como 
efeitos adversos, toxicidades e o desenvolvimento de microrganismos 
multirresistentes. Essas ações são complementadas pelo acesso a 
antimicrobianos de qualidade e acessíveis, bem como por intervenções 
que previnem IRAS e infecções adquiridas na comunidade, incluindo a 
implementação de componentes essenciais de prevenção e controle de 
infecções (Brasil, 2023).
A implementação do PGA tem como objetivo principal aprimorar a 
segurança do paciente e garantir resultados clínicos positivos no uso 
de antimicrobianos, minimizando efeitos colaterais indesejados e 
resistência microbiana. Além disso, essa abordagem pode resultar na 
redução de custos significativos para os serviços de saúde. De acordo 
com a Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 06/2021, a implementação 
do Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em hospitais 
requer elementos cruciais, tais como o apoio da alta administração 
hospitalar, a definição de responsabilidades de todos os profissionais 
envolvidos, a promoção de atividades educativas, a implementação de 
ações para aprimorar a prescrição de antimicrobianos, o monitoramento 
do programa e a divulgação dos resultados obtidos (Brasil, 2023).
73
Com o intuito de auxiliar e orientar os serviços de saúde na elaboração 
e implementação do PGA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) publicou, em 2017, a Diretriz Nacional para Elaboração de 
Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços 
de Saúde. Portanto, é imprescindível que os hospitais no país adotem 
seus próprios PGAs, adaptando a execução dos elementos essenciais 
conforme sua realidade, necessidades locais, perfil epidemiológico 
e microbiológico, bem como as barreiras e os recursos disponíveis, 
visando à utilização otimizada de antimicrobianos nos ambientes 
institucionais (Brasil, 2023).
Referências
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diretriz Nacional para 
Elaboração de Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos em Serviços 
de Saúde. Brasília: Anvisa, 2023. Disponível em: https://l1nk.dev/u4DuX. Acesso em: 
1º abr. 2024.
LIMA, V. C. C. A. et al. Importância do controle das infecções hospitalares para 
minimizar a resistência bacteriana. In: LIMA, V. C. C. A. et al. Caminhos das 
investigações sociais e de saúde na contemporaneidade. Rio de Janeiro: Epitaya, 
2022. Disponível em: https://l1nq.com/pubFj. Acesso em: 30 mar. 2024.
LÜLLMANN, H.; MOHR K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
RAMALHO FILHO, M. H. N. et al. Manual de farmacologia em medicina intensiva. 
Fortaleza: EdUnichristus, 2022. 553 p. Disponível em: https://bit.ly/48YeIxU. Acesso 
em: 8 mar. 2024.
SOUZA, J.; DIAS, F. R.; ALVIM, H. G. de O. Resistência bacteriana aos 
antibióticos. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, São Paulo, v. 5, n. 10, p. 281-293, 
2022. Disponível em: https://l1nq.com/XvKiw. Acesso em: 1º abr. 2024.
https://l1nk.dev/u4DuX
https://l1nq.com/pubFj
https://bit.ly/48YeIxU
https://l1nq.com/XvKiw
74
	Sumário
	Apresentação da disciplina
	Introdução à Farmacologia em UTI 
	Objetivos
	1. Farmacocinética e farmacodinâmica no paciente crítico
	2. Monitorização terapêutica de medicamentos
	3. Administração segura de medicamentos
	Referências
	Sedação, analgesia e controle da dor em UTI
	Objetivos
	1. Fisiologia da dor
	2. Medicamentos analgésicos
	3. Medicamentos sedativos
	4. Avaliação da dor
	5. Avaliação da sedação
	6. Estratégias multimodais de controle da dor em UTI
	Referências
	Terapia cardiovascular em UTI
	Objetivos
	1. Drogas vasoativas
	2. Medicamentos antiarrítmicos
	3. Diuréticos
	4. Anticoagulantes
	5. Antiagregantes plaquetários
	Referências
	Antibioticoterapia em UTI
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Resistência bacteriana
	3. Antibióticos de amplo espectro
	4. Antibióticos para infecções específicas
	5. Uso racional de antibióticos
	Referênciasde órgãos vitais durante períodos 
de instabilidade hemodinâmica ou no uso de medicamentos vasoativos. 
Portanto, a administração de medicamentos por via oral pode ser menos 
confiável e menos indicada para esses pacientes, devido às alterações 
fisiológicas que podem afetar a absorção e a metabolização dos 
medicamentos (Ramalho Filho et al., 2022).
Via sublingual: os comprimidos são colocados sob a língua para 
uma absorção mais rápida e eficaz, evitando a passagem pelo trato 
gastrointestinal e a metabolização hepática, uma vez que a irrigação 
sanguínea da mucosa oral alcança diretamente a veia cava superior. 
Embora possa ser utilizada em terapia intensiva, não é comum (Ramalho 
Filho et al., 2022).
Via retal: pouco utilizada em terapia intensiva, sendo mais comum 
no tratamento da obstipação intestinal em pacientes críticos através 
10
de enemas ou clister. Cerca de 50% do fluxo venoso retal chega 
diretamente à circulação porta, sendo essa via indicada para os 
fármacos suscetíveis à inativação gastrointestinal e hepática. É indicada 
para pacientes em estados de coma, inconsciência, náuseas e vômitos, 
sendo contraindicada para pacientes com motilidade intestinal 
aumentada, além do risco de irritação da mucosa. No entanto, devido 
à absorção imprevisível e à necessidade de metabolismo de primeira 
passagem, também não é uma via rotineira de administração em terapia 
intensiva (Ramalho Filho et al., 2022).
Via transdérmica: apresenta vantagens, como evitar o trato 
gastrointestinal e o efeito de primeira passagem hepática, porém 
pode causar irritações e alergias na pele, além de ter limitações de 
doses (0,1 a 0,5 mililitros). No Brasil, poucos medicamentos estão 
disponíveis nessa forma de administração, sendo pouco utilizada em 
unidades de terapia intensiva. O fentanil é uma das medicações mais 
comuns administradas via transdérmica para o controle da dor em 
pacientes (Ramalho Filho et al., 2022).
Via subcutânea: os medicamentos são administrados abaixo das 
camadas superficiais da pele, no tecido subcutâneo. A absorção 
acontece por meio de difusão simples e é mais lenta do que quando 
administrada por via intravenosa, porém possui um certo nível 
de previsibilidade. Pode ocasionar efeitos gradualmente lentos e 
prolongados, como é o caso da insulina, sendo uma escolha relevante 
para pacientes em cuidados paliativos ou que não apresentam rede 
venosa viável para a inserção de acessos intravenosos, sendo indicada 
a realização de administração de medicamentos por hipodermóclise. É 
importante notar que a utilização de substâncias vasoativas pode afetar 
a absorção dos medicamentos pela via subcutânea, especialmente no 
caso do uso de heparina de baixo peso molecular, uma das terapias 
mais comuns em ambientes de terapia intensiva para prevenção de 
tromboembolismo venoso (Ramalho Filho et al., 2022).
11
Via intravenosa: a via de administração mais utilizada nas unidades de 
terapia intensiva, pois proporciona uma biodisponibilidade completa 
do medicamento, uma vez que este é administrado diretamente na 
corrente sanguínea, o que permite a liberação da dose de forma 
precisa e rápida, podendo ser administrada tanto de forma rápida 
quanto lenta por meio da utilização de bombas de infusão ou 
controle de gotejamento convencional. É a via de administração mais 
comumente utilizada entre pacientes internados, sendo possível infundir 
medicamentos através de veias periféricas ou por meio de vasos 
profundos centrais (Ramalho Filho et al., 2022).
Via intramuscular: consiste na administração de medicamentos nos 
músculos esqueléticos, principalmente no glúteo máximo, no deltoide 
e no vasto lateral. Por meio da administração na forma de injeção, 
forma-se um depósito do fármaco no músculo, prolongando, assim, 
sua absorção; se forem utilizadas substâncias oleosas e suspensões, o 
tempo de absorção será mais lento. Contudo, em pacientes em estado 
crítico, essa via não é tão confiável devido às condições clínicas dos 
pacientes, como distúrbios de coagulação, baixa massa muscular e 
instabilidade hemodinâmica. O uso da via intramuscular é restrito a 
algumas situações, sendo a anafilaxia a principal delas (Ramalho Filho et 
al., 2022).
Vias intratecal/peridural/epidural: essas vias são comumente 
empregadas para controle da dor no pós-operatório através de 
cateteres, com o objetivo de promover alívio da dor de forma 
prolongada e efetiva. A presença desses dispositivos é relativamente 
comum em unidades de terapia intensiva (Ramalho Filho et al., 2022).
Via inalatória: promove uma absorção eficaz e rápida, além de evitar 
o metabolismo de passagem inicial no fígado. É muito utilizada para 
a administração de medicamentos em casos de doenças pulmonares. 
12
O efeito do medicamento é rápido e com baixa absorção sistêmica, 
atuando de forma mais localizada (Ramalho Filho et al., 2022).
Após a absorção, o fármaco passa pelo processo de distribuição, passando 
do plasma sanguíneo para o interstício e, depois, para as células dos órgãos 
e tecidos. Para os medicamentos administrados por via intravenosa, não 
há fase de absorção de primeira passagem hepática, e o primeiro processo 
será a distribuição, com rápida circulação e penetração nos tecidos, 
resultando em um efeito mais rápido quando comparado com as outras 
vias (Ramalho Filho et al., 2022).
No que tange à distribuição do fármaco, esse processo é influenciado 
por fatores fisiológicos, como a idade, o fluxo sanguíneo nos diferentes 
órgãos, a permeabilidade dos vasos sanguíneos e o volume dos 
tecidos. Além disso, características físico-químicas do medicamento, 
como sua lipossolubilidade e afinidade por proteínas, também 
afetam sua distribuição nos tecidos. Dessa forma, medicamentos 
com alta lipossolubilidade atravessam mais facilmente as membranas 
celulares, pois se dissolvem em sua superfície, que também é lipídica. 
Já medicamentos hidrossolúveis apresentam mais dificuldade, pois 
conseguem passar somente através de proteínas de canal (Ramalho 
Filho et al., 2022).
Ainda, alguns medicamentos circulam no sangue ligados às proteínas 
plasmáticas, como a albumina, a glicoproteína ácida α-1 e as globulinas. 
Essas proteínas funcionam como reservatórios, com a finalidade principal 
de prolongar a liberação do medicamento no organismo. Apenas a parte 
do medicamento que não está ligada às proteínas fica disponível entre os 
fluidos intra e extracelular. Conforme a concentração do medicamento 
livre diminui, devido à sua liberação nos tecidos e à sua metabolização e 
consequente eliminação, o medicamento ligado se desprende da proteína 
para se tornar disponível, mantendo a concentração constante e de forma 
prolongada no organismo (Ramalho Filho et al., 2022).
13
Quanto ao fluxo sanguíneo regional, os órgãos mais irrigados 
são o fígado, os rins e o cérebro, que recebem a maior parte dos 
medicamentos, enquanto a disseminação para outros tecidos é mais 
lenta. No contexto de pacientes críticos, diversas situações podem afetar 
a distribuição de um medicamento no organismo, tais como: a reposição 
volêmica, o edema, as mudanças na ligação a proteínas e a disfunção 
hemodinâmica (má circulação regional e sistêmica) (Ramalho Filho et al., 
2022). A exemplo da reposição volêmica, pode resultar em um aumento 
no volume total de volume no corpo, levando a uma diminuição na 
concentração (hemodiluição) de medicamentos na corrente sanguínea e, 
consequentemente, a uma possível ineficácia por conta da subdosagem 
(redução da dose), podendo ocasionar resistência bacteriana, como 
no caso de antibióticos, uma vez que a disponibilidade do fármaco 
estará aquém da dose-resposta necessária. Outro fator importante é 
a perfusão tecidual, em situações de choque ou outras condições que 
comprometam o fluxo sanguíneo para os tecidos, a distribuição dos 
fármacos pode ser prejudicada, resultando em níveis subterapêuticos 
(Ramalho Filho et al., 2022).
Quanto à ligação às proteínas, a glicoproteína ácida α-1 tende a se 
elevardiante de quadros de inflamação, o que resulta em menor 
quantidade de medicamentos disponíveis na corrente sanguínea, como 
no caso dos opioides. Já os níveis de albumina tendem a reduzir em 
pacientes críticos, resultando em uma maior concentração de alguns 
medicamentos na corrente sanguínea, como no caso dos antiepilépticos 
(Ramalho Filho et al., 2022).
Adicionalmente, as interações medicamentosas desempenham um 
papel crucial na fase de distribuição da farmacocinética em pacientes 
críticos. A administração simultânea de determinados medicamentos 
pode alterar a ligação do fármaco às proteínas plasmáticas, 
influenciando sua distribuição nos tecidos (Ramalho Filho et al., 2022).
14
Após a administração, a absorção, a distribuição e a ação farmacológica 
do fármaco, é essencial que ele passe por um processo de 
metabolização para ser inativado e excretado adequadamente pelo 
corpo. Esse processo é essencial, especialmente porque a maioria dos 
medicamentos utilizados na UTI são lipofílicos, o que torna a excreção 
renal e biliar pouco eficaz, sendo necessário transformá-los em formas 
inativas e hidrofílicas. Para isso, os medicamentos podem passar por até 
duas fases de metabolização, denominadas de Fase I e Fase II (Ramalho 
Filho et al., 2022).
A Fase I compreende a oxidação, a redução e a hidrólise do 
medicamento, o que o torna mais solúvel em água e mais facilmente 
eliminado pelo corpo. Neste estágio, enzimas, como o citocromo 
P450, realizam a conversão do composto original em um metabólito 
mais reativo. Já a Fase II é responsável pela conjugação do metabólito 
formado na Fase I com moléculas, como glicina, sulfato ou glutationa, 
com o objetivo de tornar o composto mais polar e facilitar sua excreção 
pelos rins (Ramalho Filho et al., 2022).
Diversos órgãos, como o trato gastrointestinal, os rins e os pulmões, 
estão envolvidos nesse processo, dependendo da vida média e das 
características bioquímicas do medicamento, sendo o fígado o principal 
órgão responsável por essa função. Cabe destacar que a eliminação dos 
medicamentos pelo fígado está relacionada ao fluxo sanguíneo hepático, 
o qual pode estar alterado em pacientes com disfunção hemodinâmica. 
Além disso, diversas condições clínicas e interações medicamentosas 
podem prejudicar a biotransformação, seja através da indução de 
enzimas ou da inibição dessas vias. Essas alterações podem levar a uma 
diminuição da depuração dos fármacos, diminuindo sua excreção e 
aumentando o risco de toxicidade (Ramalho Filho et al., 2022).
Por fim, como mencionado anteriormente, a excreção dos 
medicamentos é realizada, principalmente, pelos rins, através do 
15
processo de filtração glomerular. Portanto, pacientes com disfunção 
renal aguda ou crônica devem ser monitorados constantemente, 
ajustando a dose de determinados medicamentos de acordo com a 
função renal. Além da eliminação renal, a excreção dos fármacos e 
seus metabólitos também pode ocorrer através da bile e das fezes. Já a 
excreção através do suor, da saliva e das lágrimas pode ser considerada 
insignificante, enquanto a excreção pulmonar é relevante apenas para 
fármacos inalatórios de ação anestésica, sendo desprezível para outras 
tipologias (Ramalho Filho et al., 2022).
Quanto à farmacodinâmica em terapia intensiva, um dos conceitos 
mais relevantes é a relação dose-resposta, que descreve a relação 
entre a quantidade de medicamento administrada e a intensidade do 
efeito produzido. Isso inclui a compreensão dos mecanismos de ação 
dos medicamentos, suas interações com os receptores celulares e os 
processos bioquímicos que ocorrem como resultado da administração 
do fármaco. Além disso, a farmacodinâmica engloba também a 
variabilidade na resposta aos medicamentos entre os pacientes, a 
ocorrência de resistência aos fármacos e as interações medicamentosas 
(Brum; Rockenbach; Bellicanta, 2018).
Para garantir a segurança e a eficácia da terapia farmacológica no 
contexto da terapia intensiva, é essencial considerar as características 
individuais de cada paciente, como idade, peso, função renal e hepática, 
além de monitorar de perto os parâmetros clínicos e laboratoriais para 
avaliar a eficácia ao tratamento. Diversos estudos têm sido realizados 
para investigar a farmacodinâmica dos medicamentos utilizados no 
contexto da terapia intensiva e identificar estratégias para otimizar o 
seu uso. A exemplo da Monitorização Terapêutica de Medicamentos 
(MTM), que tem sido amplamente empregada para ajustar as doses de 
medicamentos com estreita margem terapêutica, como antibióticos 
e anticoagulantes, com base nos níveis séricos (Brum; Rockenbach; 
Bellicanta, 2018).
16
Um dos principais desafios da farmacodinâmica em terapia intensiva é 
a necessidade de ajustar as doses dos medicamentos de acordo com as 
características individuais de cada paciente, como idade, peso, função 
renal e hepática, além de considerar as condições clínicas específicas 
de cada caso. Isso é crucial para garantir a eficácia do tratamento e 
minimizar o risco de toxicidade (Ramalho Filho et al., 2022).
Dessa forma, é evidente que as alterações nas etapas da farmacocinética 
e da farmacodinâmica em pacientes críticos ainda são um desafio 
importante na prática clínica, exigindo uma abordagem individualizada 
e um monitoramento minucioso contínuo para garantir a eficácia e a 
segurança do tratamento farmacológico. É essencial que os profissionais 
de saúde, especialmente o enfermeiro, estejam cientes dessas 
alterações e ajustem as doses e os intervalos de administração dos 
medicamentos de acordo com as necessidades de cada paciente, a fim 
de otimizar os resultados terapêuticos e minimizar os riscos de eventos 
adversos e iatrogenias relacionadas aos fármacos (Brum; Rockenbach; 
Bellicanta, 2018).
2. Monitorização terapêutica de 
medicamentos
A Monitorização Terapêutica de Medicamentos (MTM) é uma atividade 
de responsabilidade do farmacêutico clínico, que tem com finalidade 
garantir que a dose administrada ao paciente seja segura e eficaz. Uma 
das principais indicações para o uso da MTM são os medicamentos que 
apresentam uma margem estreita entre a dose terapêutica e a dose tóxica, 
aumentando o risco de efeitos indesejados. Além disso, situações, como 
suspeita de resposta inadequada ao tratamento, detecção de eventos 
adversos, monitoramento de interações medicamentosas, avaliação da 
adesão ao tratamento e descontinuação de um medicamento, também 
17
podem ser incluídas como critérios para a MTM. Sua realização é 
operacionalizada através de medições regulares das concentrações de 
um medicamento em amostras de sangue. Entretanto, sua aplicação na 
prática clínica não deve ser generalizada, uma vez que as dosagens de 
medicamentos já previamente estabelecidas devem levar em conta os 
resultados de estudos pré-clínicos e clínicos. Soma-se a isso o alto custo 
associado à realização desse procedimento (CFF, 2022).
Embora os regimes de dosagem sejam derivados de estudos criteriosos, 
como mencionado anteriormente, há populações que não são 
contempladas ou simplesmente não se encaixam nessa generalização, 
como: pacientes criticamente enfermos; pacientes com diagnóstico 
de câncer; vítimas de múltiplos traumas; pacientes submetidos a 
procedimentos cirúrgicos complexos; grandes queimados; quadros de 
insuficiência cardíaca, hepática ou renal. Além disso, fatores, como o 
comportamento do paciente e o uso de outros medicamentos, podem 
influenciar a eficácia na prática. Nesse sentido, a MTM surge como uma 
ferramenta valiosa para otimizar os resultados clínicos, especialmente 
diante da variabilidade não detectada nos estudos convencionais, o que 
pode aumentar o risco de eventos adversos (CFF, 2022).
Vale a pena destacar que a MTM é utilizada em um grupo limitado 
e restrito de medicamentos, como antibióticos, anticonvulsivantes 
de primeira geração, estabilizadores de humor, antipsicóticos, 
imunossupressores, agentes antineoplásicos, junto a fármacos mais 
antigos, comodigoxina e teofilina (CFF, 2022).
Para uma MTM ser eficaz, deve levar em conta as necessidades do 
paciente por meio de anamnese, revisão de prontuário, avaliação 
de parâmetros clínicos, características físicas, hábitos de vida, dados 
bioquímicos, histórico clínico e tratamento farmacoterapêutico. 
Também, deve incluir a avaliação da concentração do medicamento em 
fluidos biológicos. A partir disso, o farmacêutico responsável desenvolve 
18
diretrizes específicas, as quais devem abordar as faixas de concentração 
esperadas e o raciocínio clínico para ajustar a dose ou trocar o 
medicamento (CFF, 2022).
A coleta de amostras de sangue deve ser feita levando em consideração 
a situação clínica do paciente e os princípios farmacocinéticos. 
Fatores, como o estado de equilíbrio do medicamento, os horários 
de administração e a via de uso, são imprescindíveis para determinar 
o momento adequado da coleta. Ignorar esses aspectos pode 
comprometer o ajuste da dose e a interpretação dos níveis plasmáticos. 
Geralmente, orienta-se a coleta em até 30 minutos antes da próxima 
dose (CFF, 2022).
3. Administração segura de medicamentos
A administração de medicamentos requer um amplo conhecimento 
técnico-científico, abrangendo áreas, como farmacologia, anatomia, 
fisiologia, microbiologia e bioquímica, entre outras disciplinas relevantes. 
É imprescindível familiarizar-se não apenas com o medicamento em 
si mas também com suas indicações terapêuticas, contraindicações e 
possíveis efeitos colaterais, a fim de prevenir equívocos que possam 
comprometer a segurança do paciente. Para facilitar essa tarefa, é 
recomendável sempre recorrer a fontes confiáveis de informação, tais 
como manuais de bolso, farmacopeias e softwares especializados em 
saúde nessa temática, que podem fornecer orientações precisas de 
forma ágil e eficiente (Coren-SP, 2022).
Embora a etapa de administração de medicamentos seja uma das 
últimas fases do processo de cuidados nesse contexto, ela está 
associada a uma proporção significativa de eventos adversos. Os erros 
nesse estágio são frequentemente resultantes de múltiplos fatores, 
19
exigindo uma análise criteriosa e constante vigilância para identificar 
suas principais causas e preveni-las. Estabelecer protocolos específicos 
para o preparo e a administração de medicamentos é essencial, 
especialmente em ambiente de terapia intensiva, que conta com uma 
ampla variedade de fármacos, incluindo drogas vasoativas, sedativos e 
antibióticos (Coren-SP, 2022).
Nesse sentido, a prática da verificação sistemática se mostra 
fundamental, mesmo diante da adoção de sistemas de prescrição 
informatizados, os quais não eliminam a responsabilidade do 
profissional de saúde. Historicamente, a equipe de enfermagem 
tem seguido os princípios dos “cinco certos” na administração de 
medicamentos. No entanto, ao longo do tempo, foram incorporados 
novos elementos de verificação, resultando na configuração dos “nove 
certos na administração de medicamentos”, uma estratégia eficaz 
que contribui para a redução de eventos adversos. De acordo com o 
Coren-SP (2022), os nove certos recomendados para a prática segura da 
administração de medicamentos e como implementá-los são:
 1. Paciente certo: perguntar ao paciente seu nome completo e 
realizar a dupla checagem para confirmar a identidade dele, 
verificando a correspondência com a pulseira de identificação, 
o nome no leito e no prontuário. Em casos de baixo nível de 
consciência, utilizar pelo menos três identificadores diferentes, 
incluindo a pulseira de identificação.
 2. Medicamento certo: confirmar se o nome do medicamento coincide 
com a prescrição. Conhecer o paciente, suas alergias e garantir que 
não seja alérgico ao medicamento prescrito também é de extrema 
importância. Pacientes alérgicos devem ser identificados de forma 
diferenciada, com pulseira e aviso no prontuário, a fim de alertar 
toda a equipe. Todos os procedimentos devem ser devidamente 
registrados no prontuário e notificados.
20
 3. Via certa: identificar a via de administração prescrita, verificando 
se é a mais adequada para o medicamento em questão. Verificar 
se o diluente e a velocidade de infusão estão corretos, bem 
como a compatibilidade com os produtos utilizados. Em casos 
de administração por sonda nasogástrica, nasoentérica ou via 
parenteral, identificar e conferir a conexão correta. A antissepsia 
do local de aplicação para administração por via parenteral 
também é indispensável, assim como a higienização das mãos 
antes do preparo e da administração do medicamento. Esclarecer 
qualquer dúvida com a supervisão de enfermagem, prescritor ou 
farmacêutico antes da administração.
 4. Hora certa: a administração do medicamento no horário correto 
é essencial para garantir uma resposta terapêutica adequada. 
O preparo do medicamento deve ser feito de acordo com as 
recomendações do fabricante, assegurando sua estabilidade. 
Qualquer antecipação ou atraso deve ser feito somente com 
o consentimento do enfermeiro e do prescritor, garantindo a 
segurança do paciente.
 5. Dose certa: verificar com precisão a dosagem prescrita para o 
medicamento. Doses que contenham “zero”, “vírgula” e “ponto” 
devem ser analisadas com atenção redobrada, esclarecendo 
eventuais dúvidas com o médico sobre a quantidade desejada, 
uma vez que erros podem resultar em doses até 100 vezes 
maiores do que o necessário. Certificar-se de que a infusão 
programada corresponde à prescrição específica para o paciente 
em questão. Além disso, é importante conferir a unidade de 
medida utilizada na prescrição, solicitando esclarecimentos ao 
médico em caso de medidas imprecisas, como colher de chá, 
colher de sopa ou ampola, a fim de obter uma prescrição com 
unidades de medida do sistema métrico.
21
No caso de medicamentos administrados por infusão contínua, é 
essencial verificar a velocidade de gotejamento, a programação 
e o funcionamento das bombas de infusão. Para medicamentos 
potencialmente perigosos ou de alta vigilância, é recomendável 
realizar uma dupla checagem dos cálculos para o preparo e a 
programação da bomba. Medicações de uso “se necessário” 
devem vir acompanhadas da dose, da posologia e das condições 
de uso. Caso haja orientações vagas, como “fazer se necessário” 
ou “conforme ordem médica”, é imprescindível solicitar 
esclarecimentos adicionais ao prescritor para garantir uma 
administração segura. É importante ressaltar que medicamentos 
não devem ser administrados em casos de prescrições vagas, 
como “a critério médico”.
 6. Registro certo da administração: registrar o horário da 
administração do medicamento na prescrição. Além disso, 
verificar o horário de administração a cada dose. Todas as 
ocorrências relacionadas aos medicamentos, como adiamentos, 
cancelamentos, falta de estoque, recusa do paciente e eventos 
adversos, devem ser registradas de forma detalhada.
 7. Orientação correta: antes de administrar um medicamento 
ao paciente, é fundamental esclarecer eventuais dúvidas sobre 
a indicação, a posologia ou qualquer outra informação com 
o prescritor. Também, orientar e instruir o paciente sobre o 
medicamento que está sendo administrado (nome), a justificativa 
da prescrição, os efeitos esperados, bem como os efeitos que 
requerem acompanhamento e monitorização. O paciente 
deve ter o direito de conhecer a aparência (cor e formato) dos 
medicamentos que está recebendo, a frequência de administração 
e a indicação, o que pode ajudar a prevenir erros de medicação.
 8. Forma certa: verificar se a forma farmacêutica e a via de 
administração prescritas estão corretas, garantindo que elas são 
22
adequadas à condição clínica do paciente. Em caso de dúvidas, é 
recomendável consultar o enfermeiro, farmacêutico ou prescritor. 
A farmácia deve disponibilizar o medicamento em dose unitária 
ou fornecer um manual de diluição, preparo e administração, 
caso seja necessário triturar e suspender o medicamento para 
administração por sonda nasogástricaou nasoentérica.
 9. Resposta certa: observar atentamente o paciente para identificar 
se o medicamento teve o efeito desejado. Todos os efeitos 
diferentes do esperado devem ser registrados no prontuário e 
comunicados ao prescritor. É essencial manter uma comunicação 
clara com o paciente e/ou cuidador. Os relatos do paciente e/
ou cuidador sobre os efeitos dos medicamentos administrados, 
incluindo respostas atípicas, devem ser considerados. Todos os 
parâmetros de monitorização adequados, como sinais vitais e 
glicemia capilar, devem ser registrados de forma precisa.
Conectando à Realidade: Exemplos Práticos
A administração segura de medicamentos é um processo fundamental 
na prática de enfermagem, visando garantir a correta administração de 
medicamentos, prevenir erros e promover a segurança do paciente.
Imagine que, em um hospital, um enfermeiro está responsável por 
administrar o medicamento prescrito a um paciente. Antes de iniciar a 
administração, ele verifica a prescrição, confere a identidade do paciente, 
checa alergias conhecidas e avalia a necessidade de ajustes na dosagem 
conforme o quadro clínico.
O enfermeiro prepara o medicamento de acordo com as orientações, 
verificando a compatibilidade dos medicamentos a serem administrados 
simultaneamente. Durante a administração, ele confere a via correta, a 
dosagem exata e fornece orientações claras ao paciente sobre os efeitos 
esperados e as possíveis reações adversas.
23
Ao seguir rigorosamente os protocolos de administração segura 
de medicamentos, o enfermeiro assegura que o paciente receba o 
tratamento de forma adequada, minimizando riscos de erros. Essa 
prática resulta em um cuidado eficaz, promovendo a segurança e o bem-
estar do paciente durante o processo de tratamento.
Neste exemplo, destaca-se a importância do enfermeiro na administração 
segura de medicamentos, garantindo que o tratamento seja realizado 
de forma correta e segura. Ao seguir os protocolos e procedimentos 
estabelecidos, o enfermeiro demonstra seu compromisso com a 
segurança do paciente, evitando erros que poderiam prejudicar a eficácia 
do tratamento. A atenção aos detalhes e a prática cuidadosa resultam em 
um cuidado de qualidade e confiabilidade para o paciente.
Referências
BRUM, L. F. S.; ROCKENBACH, L.; BELLICANTA, P. L. Farmacologia básica. Porto 
Alegre: SAGAH, 2018. 349 p.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Monitorização terapêutica de 
medicamentos: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: CFF, 2022. 
Disponível em: https://bit.ly/43j9Li1. Acesso em: 8 mar. 2024.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Segurança do paciente: 
guia para a prática. São Paulo: COREN-SP, 2022. Disponível em: https://bit.
ly/3Txq8Ev. Acesso em: 13 mar. 2024.
RAMALHO FILHO, M. H. N. et al. Manual de farmacologia em medicina intensiva. 
Fortaleza: EdUnichristus, 2022. 553 p. Disponível em: https://bit.ly/48YeIxU. Acesso 
em: 8 mar. 2024.
https://bit.ly/43j9Li1
https://bit.ly/3Txq8Ev
https://bit.ly/3Txq8Ev
https://bit.ly/48YeIxU
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Sedação, analgesia e controle da 
dor em UTI
Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi
Leitura crítica: Michele Nakahara-Melo
Objetivos
• Descrever todas as etapas envolvidas no processo de 
nocicepção, incluindo os neurotransmissores.
• Apresentar os principais medicamentos analgésicos 
utilizados em terapia intensiva.
• Apresentar os principais medicamentos sedativos 
utilizados em terapia intensiva.
• Apresentar as escalas de avaliação de dor e 
de sedação do paciente crítico e as estratégias 
multimodais de controle da dor.
25
1. Fisiologia da dor
Ansiedade, depressão e dor são sintomas comuns em unidades de 
terapia intensiva (UTI), estando relacionados a um sofrimento intenso 
e a resultados desfavoráveis para os pacientes. Diversos fatores 
podem desencadear esse desconforto, tais como aspiração traqueal, 
mudança de decúbito, curativos, presença de tubo traqueal, traumas, 
lesões cirúrgicas, queimaduras, sondas nasogástricas, cateteres 
centrais e arteriais, drenos, escaras, punções venosas ou arteriais e 
uso de faixas para restrição dos membros.
Isso ressalta a importância do uso de medicamentos para aliviar 
o desconforto decorrente de procedimentos diagnósticos ou 
terapêuticos. Portanto, é essencial que a equipe de saúde esteja 
atenta a essas causas e adote medidas para garantir o controle da dor 
e o bem-estar dos pacientes, evitando, assim, possíveis complicações 
e promovendo uma recuperação mais eficaz e, consequentemente, 
qualificando a assistência prestada.
Nesse contexto, compreender a fisiologia da dor se torna 
fundamental para assegurar um controle eficaz e um tratamento 
adequado no contexto dos pacientes assistidos na UTI. Portanto, 
iniciaremos nosso texto abordando o processo complexo que envolve 
a transdução, a transmissão, a percepção e a modulação de sinais 
neurais em resposta a estímulos nocivos, ilustrado na Figura 1.
26
Figura 1 – Etapas da nocicepção
Fonte: Hinkle e Cheever (2020, p. 237).
27
O estímulo doloroso se inicia na transdução, que envolve a ativação dos 
nociceptores distribuídos na pele, no tecido subcutâneo e em estruturas 
orgânicas e musculoesqueléticas. Eles reagem seletivamente após danos 
nos tecidos causados por forças mecânicas, temperaturas extremas, 
substâncias químicas e agentes infecciosos. Após esses estímulos, 
substâncias excitatórias, como serotonina, bradicinina, histamina, 
substância P e prostaglandinas, são liberadas, transmitindo a sensação 
de dor ao longo da via nervosa (Hinkle; Cheever, 2020).
As prostaglandinas iniciam as respostas inflamatórias, aumentando 
o edema e a dor no local da lesão. Para que ocorra a liberação das 
prostaglandinas, a enzima fosfolipase quebra os fosfolipídios em ácido 
araquidônico, que é transformado em prostaglandinas pela enzima ciclo-
oxigenase (COX) (Hinkle; Cheever, 2020).
A transmissão da dor é a segunda etapa do processo de percepção da 
dor. A transdução eficaz gera um potencial de ação que é transmitido 
pelas fibras A-delta (A-δ) e C. As fibras A-δ são levemente mielinizadas 
e conduzem os impulsos mais rapidamente do que as fibras C não 
mielinizadas, detectando lesões térmicas e mecânicas e permitindo uma 
localização rápida da dor. Por outro lado, as fibras C desmielinizadas 
conduzem impulsos mais lentos e respondem a diversos estímulos, 
resultando em dor difusa e sensação de queimação (Hinkle; Cheever, 2020).
As informações nocivas são transmitidas pelos neurônios sensitivos 
primários para a medula espinhal, local no qual ocorre uma sinapse no 
corno dorsal. Esse processo envolve a liberação de neurotransmissores, 
como glutamato, neurocininas e substância P. O glutamato é crucial, 
pois se liga ao receptor NMDA, facilitando a transmissão da dor (Hinkle; 
Cheever, 2020).
A percepção da dor envolve processos complexos, com participação da 
atividade neural associada à transmissão de estímulos nocivos. Para 
28
isso, estruturas cerebrais superiores do tálamo e do sistema límbico são 
ativadas para que a consciência, as emoções e os impulsos relacionados 
à dor sejam experimentados. Apesar de diversos estudos nessa área, 
ainda há muito a ser estudado sobre a fisiologia da percepção da dor. 
Entretanto, devido à sua relevância, há uma extensa produção científica 
que sugere que as práticas mente-corpo, como distração e visualização, 
e meditação do tipo mindfulness podem ter um impacto significativo na 
maneira como a dor é percebida e sentida (Hinkle; Cheever, 2020).
A modulação é a fase final da nocicepção, responsável por regular as 
informações provenientes de estímulos nocivos em diferentes níveis 
do corpo, desde a periferia até o córtex, mediada por substâncias 
neuroquímicas. Por exemplo, a serotonina e a norepinefrina atuam 
como neurotransmissores inibitórios liberados na medula espinhal e 
no tronco encefálico pelas fibras descendentes do sistema modulador 
(Hinkle; Cheever, 2020).
Todas essas etapas da nocicepção destacam a complexidade de tal 
processo, enfatizandoa importância de terapias que considerem não 
apenas a percepção, mas também o controle da dor. A compreensão 
desses mecanismos pode auxiliar os profissionais de saúde no manejo 
adequado da dor em pacientes críticos, garantindo um cuidado mais 
humanizado e centrado nas demandas individuais de cada pessoa, o 
que contribui para a recuperação e bem-estar (Hinkle; Cheever, 2020). 
Diante da compressão do processo de fisiopatológico da dor, a seguir, 
apresentaremos os principais medicamentos para o manejo da dor na UTI.
2. Medicamentos analgésicos
Os analgésicos são essenciais para aliviar o desconforto e reduzir o estresse 
fisiológico, a resposta inflamatória e o risco de complicações associadas 
29
à dor não controlada. Além disso, seu uso adequado pode minimizar a 
necessidade de sedativos em excesso, prevenindo efeitos adversos, como 
delirium e dependência de ventilação mecânica (Viana; Zanei, 2020).
A terapia farmacológica analgésica atua na redução da percepção da dor 
por meio da inibição da produção de mediadores da dor, no bloqueio do 
impulso nervoso até a medula espinhal e na alteração da percepção da 
dor no sistema nervoso central. Os opioides e os anti-inflamatórios não 
esteroidais (AINE) são os medicamentos mais comumente utilizados, e a 
cetamina e a lidocaína estão cada vem mais sendo utilizados na terapia 
intensiva para um controle mais eficaz da dor em pacientes críticos. 
Cada um desses medicamentos será abordado a seguir (Viana; Zanei, 
2020; Ramalho Filho et al., 2022).
2.1 Opioides
Os opioides são a base da analgesia em pacientes na UTI, principalmente 
pela sua capacidade de proporcionar analgesia e sedação de maneira 
eficaz. Seu mecanismo de ação para alívio da dor ocorre pela redução 
do fluxo de informações nociceptivas no corno dorsal da medula 
espinhal. Entre os opioides mais amplamente utilizados, temos a 
morfina e o fentanil, principalmente devido à segurança e à eficácia na 
administração parenteral contínua. Na sequência, abordaremos esses 
dois medicamentos (Ramalho Filho et al., 2022).
A morfina, com doses iniciais variando entre 5 e 10 mg, meia-vida 
de três horas aproximadamente e início de ação lento, é a principal 
representante dos opioides. Por ser hidrossolúvel e metabolizada no 
fígado, ela pode gerar diversos metabólitos, os quais, inclusive, podem 
apresentar cerca de 20 vezes mais potencial analgésico antes de ser 
excretado pelos rins. Isso ressalta a importância do ajuste da dose em 
pacientes com disfunção renal (Ramalho Filho et al., 2022).
30
O fentanil, por sua vez, é altamente lipossolúvel, apresentando um 
início de ação rápido, em torno de dois a três minutos e uma meia-
vida de três a seis horas, sendo administrado, geralmente, em doses 
de 2 a 10 μg/kg. Ele também é metabolizado no fígado e excretado 
pelos rins, mas, ao contrário da morfina, não possui metabólitos 
ativos, o que elimina a necessidade de ajuste de dose em pacientes 
com lesão renal. Em terapia intensiva, é o opioide mais indicado 
quando se busca um início rápido de ação, sendo o fármaco de 
escolha no esquema de sedação de pacientes em ventilação mecânica 
(Ramalho Filho et al., 2022).
Embora eficazes no controle da dor, os opioides apresentam efeitos 
adversos, como tolerância, dependência e síndrome de abstinência, 
fazendo com que a escolha do opioide e sua dosagem sejam 
individualizadas conforme as características do paciente. Além 
de efeitos colaterais, como íleo paralítico e hipotensão, o uso de 
opioides pode causar delírios, supressão do sistema imunológico e 
outros problemas em pacientes críticos, especialmente aqueles com 
disfunções renais e hepáticas. A exposição prolongada a opioides 
pode levar à dessensibilização dos receptores nervosos, exigindo 
doses cada vez maiores para o mesmo efeito analgésico, contribuindo 
para o desenvolvimento de hiperalgesia em pacientes críticos (Vieira 
Junior; Prinz, 2022; Ramalho Filho et al., 2022).
Diante desses desafios, há um movimento em direção ao uso estratégico 
de medidas analgésicas que reduzam a dependência de opioides, 
recomendando sua administração na menor dose eficaz e pelo menor 
tempo possível, combinada com outras opções analgésicas, como é o 
caso da abordagem multimodal, conforme discutiremos adiante (Vieira 
Junior; Prinz, 2022; Ramalho Filho et al., 2022).
31
2.2	 Medicamentos	anti-inflamatórios	não	esteroidais	
(AINE)
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) atuam aliviando a dor 
ao inibir a produção de prostaglandinas pela enzima cicloxigenase, 
essencial no processo inflamatório. Desta forma, combatem a 
inflamação e reduzem a dor. Em pacientes críticos, os AINE podem ser 
uma opção viável, potencializando os efeitos analgésicos dos opioides 
e reduzindo seu consumo em até 30% a 50%. Além disso, não afetam o 
sistema nervoso, cardiovascular ou respiratório, agindo nos receptores 
periféricos de dor (Ramalho Filho et al., 2022).
Dentro dessa classe, destacam-se o acetaminofeno (paracetamol) e 
o cetoprofeno. O acetaminofeno possui propriedades analgésicas 
e antipiréticas, podendo ser administrado oralmente ou por via 
parenteral. Todavia, seu uso requer cautela em idosos e pacientes 
com histórico de sangramento gastrointestinal. A hepatotoxicidade é 
debatida, mas estudos sugerem riscos apenas em doses acima de sete 
gramas diárias e em pacientes etilistas acima de quatro gramas diárias 
de álcool (Ramalho Filho et al., 2022).
O Cetoprofeno pode ser uma opção para dores leves quando 
administrado por via parenteral em ampolas de 100 mg. Assim como 
outros AINEs, não deprime o sistema nervoso central, cardiovascular 
ou respiratório. Contudo, seu uso deve ser limitado em pacientes com 
risco de sangramentos, especialmente aqueles com lesões gástricas e 
em uso de anticoagulantes. Em asmáticos, há risco de broncoespasmo, 
e em pacientes com problemas renais, a indicação deve ser cuidadosa 
(Ramalho Filho et al., 2022).
2.3 Cetamina
A cetamina é um medicamento utilizado para sedação e alívio da dor, 
agindo nos receptores NMDA e opioides. Recomenda-se seu uso como 
32
complemento aos opioides no tratamento da dor pós-operatória em 
pacientes críticos, com doses de 0,05 a 0,15 μg/kg/h, para analgesia, 
e 1 a 2 μg/kg em bolus, para sedação. A cetamina é metabolizada, 
principalmente, no fígado, com menor ocorrência nos rins, no intestino 
e nos pulmões, resultando em três metabólitos ativos excretados na 
urina. Seus efeitos adversos incluem estimulação do músculo cardíaco, 
levando ao aumento da pressão sanguínea quando administrada em 
bolus, sendo útil em pacientes hemodinamicamente instáveis. Devido 
à ausência de efeitos no centro respiratório quando em doses baixas, 
é amplamente utilizado em procedimentos em pacientes extubados 
(Ramalho Filho et al., 2022).
2.4 Lidocaína
A lidocaína é um medicamento antiarrítmico com efeito anestésico 
que vem sendo utilizado via intravenosa para o controle da dor pós-
operatória, além de ser empregada em pacientes oncológicos e com 
dor neuropática. Em concentrações terapêuticas, a lidocaína bloqueia 
os canais de sódio, suprime os potenciais de ação em fibras nervosas 
lesionadas e possui efeito anti-inflamatório; no entanto, em doses mais 
elevadas, pode causar bloqueio em uma ampla gama de receptores, 
resultando em alto risco de efeitos cardiovasculares e neurotóxicos. 
Segundo um consenso internacional recente sobre o uso de analgésicos 
pós-operatórios, a lidocaína deve ser administrada em infusão contínua 
de até 1,5 mg/kg/h por, no máximo, 24 horas (Ramalho Filho et al., 2022).
3. Medicamentos sedativos
A sedação é um dos fatores essenciais no cuidado aos pacientes críticos. 
Além de reduzir o desconforto e a ansiedade, a sedação é essencial para 
promover a amnésia de eventos desagradáveis e melhorar a tolerância 
33
ao suporte ventilatório. Em situações que exigem períodos prolongados, 
como o uso de ventiladores mecânicos para auxiliar na respiração, a 
sedação intravenosa com infusão contínua é aopção mais adequada. 
Isso é importante, pois a administração contínua desses medicamentos 
permite obter concentrações plasmáticas mais estáveis e seguras. Os 
medicamentos mais utilizados para esse fim são benzodiazepínicos, 
propofol e dexmedetomidina, conforme descreveremos a seguir (Viana; 
Zanei, 2020; Ramalho Filho et al., 2022):
3.1 Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos, como o Diazepam e o Midazolam, são 
comumente usados para sedação em ambientes hospitalares, agindo 
no receptor benzodiazepínico para modular a ação do ácido gama-
aminobutírico (GABA-A), um neurotransmissor inibitório central. 
Possuem alto índice terapêutico, com efeitos sedativos, hipnóticos, 
ansiolíticos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares (Viana; Zanei, 
2020; Ramalho Filho et al., 2022).
O Diazepam vem sendo menos utilizado devido ao risco de sedação 
excessiva e prolongada, enquanto o Midazolam é preferido em UTI, 
agindo rapidamente após administração intravenosa. Após administração 
intravenosa, observa-se rápida captação no cérebro e em outros órgãos 
bem perfundidos, com início da ação em cerca de 30 a 60 segundos 
após a administração. A dose recomendada é de 1 a 5 mg em bolus e 
administração contínua de 1 a 5 mg/h (Ramalho Filho et al., 2022).
Apesar de seu uso frequente, o Midazolam está associado a 
resultados piores quando comparado a sedativos mais leves, 
como a dexmedetomidina e o propofol. Pode causar instabilidade 
hemodinâmica, e sua administração prolongada está relacionada 
a um despertar mais lento dos pacientes, devido ao acúmulo do 
34
medicamento. Além disso, alguns medicamentos que usam a mesma 
enzima para metabolismo, como o Fentanil e o Propofol, aumentam sua 
duração (Ramalho Filho et al., 2022).
3.2 Propofol
O Propofol é um sedativo hipnótico que atua como agonista do receptor 
GABA-A. Suas principais vantagens incluem início rápido de ação e 
despertar rápido, mesmo em administrações prolongadas, facilitando 
a titulação. O medicamento é rapidamente distribuído e eliminado pelo 
organismo, principalmente pelo fígado e pela urina. Esse medicamento 
apresenta efeitos depressores no sistema nervoso central e no músculo 
cardíaco, podendo causar instabilidade hemodinâmica devido à 
vasodilatação por bloqueio dos canais de cálcio. A dose recomendada 
varia entre 1 e 3 mg/kg/h, para garantir segurança e eficácia (Ramalho 
Filho et al., 2022).
É importante destacar que a administração contínua de altas doses de 
propofol pode levar à síndrome da infusão de propofol, associada a 
eventos adversos graves, como insuficiência cardíaca, arritmias, acidose 
metabólica, hipertrigliceridemia, rabdomiólise e insuficiência renal. O 
tratamento envolve suspensão do fármaco, suporte e diálise, para evitar 
desfechos negativos, como óbito (Ramalho Filho et al., 2022).
3.3 Dexmedetomidina
A dexmedetomidina, conhecida comercialmente como Precedex, é 
um fármaco usado para sedação, agindo no receptor α2 adrenérgico. 
Suas propriedades incluem efeitos sedativos, hipnóticos, ansiolíticos 
e analgésicos, reduzindo a atividade do sistema nervoso simpático. A 
analgesia ocorre pela redução da atividade dos neurônios nociceptivos 
e pela inibição da liberação de neurotransmissores, proporcionando 
35
sedação superficial, com efeito sedativo em cerca de seis minutos após 
a administração e com duração inferior a dez minutos e meia-vida 
de, aproximadamente, duas horas, sendo metabolizada no fígado e 
eliminada, principalmente, pelos rins (Ramalho Filho et al., 2022).
Além de não provocar instabilidade hemodinâmica, reduz o uso de 
anestésicos, especialmente opioides, e não causa depressão respiratória, 
mesmo em doses elevadas e em combinação com opioides. No entanto, 
a administração rápida está relacionada a efeitos vasoconstritores, 
resultando em bradicardia e hipertensão, enquanto a administração 
contínua está associada a efeitos vasodilatadores, podendo levar à 
hipotensão (Ramalho Filho et al., 2022).
A dose recomendada varia de 0,2 a 1,4 μg/kg/h, sendo essencial 
seguir essas orientações para garantir a eficácia e a segurança do 
tratamento. A complexidade das interações farmacológicas destaca 
a importância de uma abordagem individualizada, considerando 
as características de cada paciente e monitorando possíveis efeitos 
adversos (Ramalho Filho et al., 2022).
4. Avaliação da dor
A avaliação da dor em pacientes hospitalizados, especialmente 
em terapia intensiva, representa desafios significativos. Por isso, é 
fundamental adotar de forma sistemática o uso de protocolos de 
analgesia, com avaliação constante e monitoramento dos efeitos dos 
medicamentos analgésicos. O objetivo é não apenas aliviar a dor, mas 
também melhorar a qualidade do tratamento do paciente e reduzir as 
complicações (Viana; Zanei, 2020).
Existem diversas formas de avaliar a dor em pacientes críticos, sendo 
as medidas unidimensionais e multidimensionais as mais comuns. As 
36
medidas unidimensionais focam na intensidade da dor, considerando 
apenas um aspecto do sintoma. Já as medidas multidimensionais levam 
em conta não só a intensidade da dor, mas também outros aspectos, 
como o impacto da dor na qualidade de vida do paciente, suas emoções 
e suas alterações fisiológicas e comportamentais (Viana; Zanei, 2020).
Entre as medidas unidimensionais mais utilizadas na avaliação da dor em 
pacientes críticos, estão a Escala Visual Analógica (EVA), a Escala Numérica 
(EN) e a Escala Verbal Descritiva (EVD). A EVA consiste em o paciente marcar 
em uma linha reta a intensidade da sua dor, variando de 0 a 10. A EN 
envolve o paciente atribuir um valor numérico de 0 a 10 para a intensidade 
da dor. Já a EVD é uma escala em que o paciente descreve a intensidade da 
dor utilizando palavras como leve, moderada e intensa (Viana; Zanei, 2020).
Embora as medidas unidimensionais sejam úteis na avaliação da dor 
em pacientes críticos por serem simples e fornecerem uma avaliação 
rápida da intensidade da dor, é importante ressaltar que elas possuem 
limitações por não considerarem outros aspectos da dor, como sua 
natureza, sua localização e seu impacto na qualidade de vida do 
paciente. Além disso, lidar com pacientes críticos que têm dificuldades 
em expressar sua dor é um desafio (Viana; Zanei, 2020).
Por isso, diversas escalas de avaliação multidimensional têm sido 
desenvolvidas para auxiliar os profissionais de saúde na identificação 
e no manejo adequado da dor em pacientes críticos, como a Escala 
Comportamental de Dor (BPS) e a Escala de Observação da Dor em 
Paciente Crítico (CCPOT). A BPS é útil para avaliar pacientes críticos 
incapazes de se comunicar verbalmente, como os sedados ou 
comatosos, por meio de indicadores comportamentais de dor. Já a 
CCPOT avalia indicadores fisiológicos e comportamentais para fornecer 
uma avaliação abrangente da dor em pacientes críticos com alterações 
fisiológicas. Essas escalas permitem uma avaliação mais precisa e 
objetiva da dor nesse contexto clínico desafiador (Viana; Zanei, 2020).
37
5. Avaliação da sedação
A avaliação da sedação de pacientes na UTI é crucial para personalizar 
o uso de medicamentos de acordo com as necessidades individuais 
de cada um. Escalas, como RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale) e 
Ramsay, consideram consciência, agitação, dor e sincronização com o 
ventilador, permitindo avaliar os níveis de sedação que variam de falta 
de resposta a estímulos externos até estado desperto e cooperativo. 
O uso dessas escalas, junto a protocolos de sedação e medicamentos 
não benzodiazepínicos, pode resultar em desfechos favoráveis, como 
redução do tempo de ventilação mecânica, internação, ocorrência 
de delirium e disfunção cognitiva a longo prazo (Viana; Zanei, 2020; 
Ramalho Filho et al., 2022).
Uma vantagem da escala RASS em comparação com a escala de Ramsay 
é a capacidade de graduar o nível de agitação e ansiedade, o que a torna 
uma ferramenta mais abrangente e sensível na avaliação do estado do 
paciente. Portanto, é amplamente empregadapara avaliar sedação e 
agitação, com categorias de +4 (agitação extrema) a -5 (coma profundo). 
A observação do comportamento do paciente e a interação com ele 
permitem pontuar na escala RASS, o que facilita a avaliação objetiva do 
estado de sedação (Viana; Zanei, 2020).
Por outro lado, a escala Ramsay, mais simples, avalia a sedação em 
seis níveis, de paciente ansioso e agitado a coma profundo, sendo útil 
em ambientes de cuidados intensivos para rápida avaliação do nível 
de sedação, visando à segurança e ao conforto. Dessa forma, a escolha 
da escala adequada depende do contexto clínico, da experiência 
do profissional e das características do paciente. Enquanto a escala 
RASS é mais abrangente e sensível a variações na sedação, a escala 
Ramsay é mais prática e fácil de interpretar em ambientes intensivos. 
Ambas possuem vantagens e limitações, devendo ser selecionadas 
cuidadosamente para cada situação (Viana; Zanei, 2020).
38
6. Estratégias multimodais de controle da dor 
em UTI
Nos últimos tempos, tem havido uma evolução significativa no conceito 
de tratamento da dor aguda e terapêutica multimodal. Uma das 
inovações mais importantes é a introdução da analgosedação, que 
tem como objetivo principal proporcionar alívio da dor em pacientes 
críticos agudos, priorizando a analgesia em detrimento da sedação. Essa 
abordagem permite a utilização de sedativos em quantidades mínimas 
ou até mesmo sua ausência, inclusive durante a ventilação mecânica, 
o que tem demonstrado resultados mais positivos, como a redução do 
tempo de internação na UTI. Além disso, essa estratégia tem contribuído 
significativamente para minimizar os efeitos adversos dos sedativos, 
especialmente dos benzodiazepínicos (Vieira Junior; Prinz, 2022).
Outro ponto importante a ser destacado é a abordagem da analgesia 
multimodal, que consiste no controle da dor por meio da combinação 
de diferentes medicamentos com mecanismos variados de bloqueio 
da dor. Essa prática deve ser valorizada devido à sua alta eficácia no 
tratamento da dor em comparação com o uso de um único analgésico 
em doses elevadas, o que facilita a redução do uso de opioides. A 
terapêutica multimodal envolve o uso conjunto de analgésicos comuns, 
como dipirona e paracetamol, doses controladas de anti-inflamatórios 
não esteroides (AINEs). Também, conta com o uso adjuvante de outros 
medicamentos, como dexmedetomidina, cetamina e lidocaína, em 
combinações personalizadas de acordo com o perfil do paciente e a 
necessidade de analgesia (Vieira Junior; Prinz, 2022).
Além do tratamento farmacológico, é recomendável a ampliação do uso 
de terapias não farmacológicas e acompanhamento psicoterapêutico 
no manejo da dor, especialmente em pacientes oncológicos. Terapias, 
como musicoterapia, acupuntura e crioterapia, têm se mostrado eficazes 
39
nesse contexto. É fundamental que a equipe multiprofissional esteja 
familiarizada com essas terapias e que cada abordagem terapêutica seja 
adaptada individualmente a cada paciente. Portanto, é essencial realizar 
reavaliações frequentes e ajustar as terapias conforme necessário, 
buscando sempre encontrar o equilíbrio entre o conforto do paciente e a 
minimização dos efeitos adversos (Vieira Junior; Prinz, 2022).
Conectando à Realidade: Exemplos Práticos
As estratégias multimodais de controle da dor em UTI envolvem a 
combinação de diferentes abordagens terapêuticas eficazes para 
gerenciar o desconforto dos pacientes, levando em consideração os 
diversos aspectos da fisiologia da dor. Veja o exemplo a seguir:
Imagine um paciente internado em uma UTI após uma cirurgia de 
grande porte, apresentando dor intensa e dificuldade de comunicação 
devido ao uso de sedativos para o uso da ventilação mecânica. Nessa 
situação, o enfermeiro deve participar da implementação da estratégia 
multimodal de controle da dor, monitorando continuamente a dor do 
paciente, administrando os analgésicos, avaliando a eficácia das medidas 
e discutindo outras estratégias de tratamento com a equipe.
O enfermeiro é responsável por avaliar, planejar e executar as 
intervenções necessárias, para garantir um controle eficaz da dor, 
utilizando sua expertise clínica para identificar as necessidades 
individuais do paciente e adaptar as estratégias de manejo da dor 
de acordo com a demanda e a resposta terapêutica observada. Sua 
atuação deve ser diligente e empática, de forma a contribuir para a 
redução do desconforto, o aumento do conforto e a promoção de um 
ambiente terapêutico favorável à recuperação. O cuidado individualizado 
centrado na pessoa e a comunicação eficaz do enfermeiro são essenciais 
para garantir que o paciente receba um tratamento direcionado e 
humanizado, considerando não apenas a intensidade da dor, mas 
40
também os fatores emocionais e psicológicos envolvidos. Essa estratégia 
visa garantir um alívio eficaz do desconforto e promover o bem-estar 
global dos pacientes durante a internação na UTI.
Referências
HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. 2269 p.
RAMALHO FILHO, M. H. N. et al. Manual de farmacologia em medicina intensiva. 
Fortaleza: EdUnichristus, 2022. 553 p. Disponível em: https://bit.ly/48YeIxU. Acesso 
em: 8 mar. 2024.
VIANA, I. Y. W.; ZANEI, S. S. V. Enfermagem em terapia intensiva: práticas e 
vivências. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020. 564 p.
VIEIRA JUNIOR, J. M.; PRINZ, L. H. Dor aguda no paciente crítico: revisitando a 
literatura. Brazilian Journal of Pain, São Paulo, n. 5, v. 2, p. 147-53, 2022. Disponível 
em: https://bit.ly/3PyDkX7. Acesso em: 22 mar. 2024.
https://bit.ly/48YeIxU
https://bit.ly/3PyDkX7
41
Terapia cardiovascular em UTI
Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi
Leitura crítica: Michele Nakahara-Melo
Objetivos
• Apresentar mecanismos de ação das drogas 
vasoativas, vasopressoras e vasodilatadoras.
• Apresentar a ação dos medicamentos antiarrítmicos 
e as especificidades de administração de cada um.
• Apresentar a ação dos medicamentos diuréticos 
mais utilizados em terapia intensiva.
• Apresentar a ação dos medicamentos 
anticoagulantes e as formas de monitoramento do 
tratamento.
42
1. Drogas vasoativas
Os pacientes críticos comumente apresentam algum tipo de alteração 
hemodinâmica, com a combinação de um débito cardíaco inadequado 
e uma distribuição irregular do fluxo sanguíneo. Esses fatores levam 
à hipoperfusão de órgãos e tecidos, além de disfunções celulares, 
resultando em estado de choque, o qual faz com que o organismo altere 
sua fisiologia para manter a regulação hemodinâmica, sendo um deles a 
atuação do sistema nervoso autônomo. Esse sistema é responsável pelo 
controle de todas as funções viscerais do corpo e, quando ativado, ocorre 
principalmente em centros localizados na medula espinhal, no hipotálamo e 
no tronco cerebral. A medula espinhal atua como um centro de integração 
para os impulsos nervosos que regulam as respostas automáticas do 
organismo. Dessa forma, recebe informações sensoriais, processa-as e 
envia sinais motores para os órgãos efetores (Murakami; Santos, 2017).
Esses sinais são transmitidos através de duas vias principais do sistema 
nervoso autônomo: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso 
parassimpático. O sistema nervoso simpático prepara o corpo para 
situações de estresse ou emergência, enquanto o sistema nervoso 
parassimpático promove o relaxamento e a restauração das funções 
corporais. Esses sinais autonômicos são transmitidos para o corpo 
através das vias do sistema nervoso simpático e parassimpático 
(Murakami; Santos, 2017).
De uma forma geral, as fibras do sistema nervoso parassimpático 
colinérgicas produzem e liberam acetilcolina como neurotransmissor, 
enquanto as ligadas ao sistema nervoso simpático são conhecidas como 
adrenérgicas ou noradrenérgicas, pois liberam noradrenalina. A acetilcolina 
se conecta aos receptores dopaminérgicos, e a noradrenalina se liga aos 
receptores alfae beta. Ao se ligarem aos receptores em diferentes órgãos, 
esses hormônios desencadeiam os efeitos simpáticos e parassimpáticos, 
43
conforme apresentado no quadro a seguir, com destaque para os sistemas 
cardiovascular e respiratório (Murakami; Santos, 2017).
Quadro 1 – Efeitos da estimulação simpática e parassimpática nos 
diversos órgãos
Órgão Efeitos da estimulação 
simpática
Efeitos da estimulação 
parassimpática
Coração
Aumento da frequência Redução da frequência
Aumento do inotropismo Redução do inotropismo
Coronárias
Vasodilatação (beta-2) Vasodilatação
Vasoconstrição (alfa)
Vasos periféricos 
abdominais Vasodilatação Nenhum
Vasos periféricos 
musculares
Vasoconstrição (alfa) Nenhum
Vasodilatação (beta-2)
Vasodilatação (colinérgicas)
Pulmões Broncodilatação Broncoconstrição
Fonte: Murakami e Santos (2017, p. 58).
Os indivíduos internados em unidades de terapia intensiva (UTI) 
recebem diferentes tipos de medicamentos, dentre eles, as drogas 
vasoativas (DVA), que desempenham um papel importante na 
regulação da função hemodinâmica, uma vez que afetam diretamente 
e indiretamente o sistema nervoso autônomo vascular, pulmonar e 
cardíaco. Esses medicamentos possuem efeitos que variam de acordo 
com a dose, sendo geralmente de ação rápida e com meia-vida curta. 
Devem ser administradas, preferencialmente, por acesso venoso central 
exclusivo e com bomba de infusão contínua (Murakami; Santos, 2017).
As DVA abarcam os efeitos inotrópicos, atuando na frequência cardíaca; 
cronotrópicos, alterando a força de contratilidade cardíaca; vasopressores, 
aumentando o tônus vascular; vasodilatadores, reduzindo o tônus vascular, 
44
o que resulta no aumento da pressão arterial média (PAM). Além disso, 
são classificadas como catecolaminas, que são substâncias que mimetizam 
os efeitos dos neurotransmissores do sistema nervoso simpático ao 
interagir com receptores adrenérgicos alfa, beta e dopaminérgicos. Os 
efeitos hemodinâmicos das catecolaminas variam de acordo com o tipo de 
medicamento, a dose utilizada e a afinidade pelos receptores (Murakami; 
Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020). A seguir, abordaremos as DVA mais 
utilizadas em UTI e a sua classificação.
1.1 Noradrenalina
A noradrenalina é uma substância do grupo das catecolaminas 
que atua primariamente nos receptores alfa, resultando em uma 
significativa constrição dos vasos sanguíneos, com aumento da pressão 
arterial e uma leve aceleração do ritmo cardíaco. A vasoconstrição 
ocorre especialmente na periferia e em órgãos, como rins, intestinos, 
baço e fígado. No entanto, o fluxo sanguíneo coronariano aumenta, 
muito provavelmente devido à elevação pressão arterial e à ação nos 
receptores beta-2 (Murakami; Santos, 2017).
Seu uso é indicado no tratamento do choque, especialmente o 
choque séptico, que não responde adequadamente ao aumento do 
volume sanguíneo. Também, pode ser combinada com medicamentos 
inotrópicos em pacientes com insuficiência cardíaca e hipotensão 
severa. A administração em pacientes com baixa volemia e que sofrem 
de miocardiopatia isquêmica, trombose arterial, hipóxia grave e/ou 
hipercapnia deve ser realizada com cautela (Murakami; Santos, 2017; 
Viana; Zanei, 2020).
Alguns cuidados incluem diluir a noradrenalina em soro glicosado, 
sob infusão contínua, aumentando a dose gradualmente até alcançar 
o efeito desejado sobre a pressão arterial. Além disso, inibidores da 
45
monoamina oxidase (MAO) e clorpromazina podem potencializar os 
efeitos da noradrenalina, enquanto antidepressivos tricíclicos podem 
reduzir sua ação. Por fim, é um medicamento que apresenta um início 
de ação imediato, sendo metabolizada no fígado e excretada pelos rins, 
com uma meia-vida de 2 a 2,5 minutos, e pode ocasionar hiperglicamia 
como efeito colateral (Murakami; Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020).
1.2 Dopamina
A dopamina é uma catecolamina endógena que desempenha um 
papel fundamental na síntese da noradrenalina e da adrenalina. É 
um medicamento que interage com receptores dopaminérgicos e 
adrenérgicos (α e β), com efeitos dependentes da dose administrada. 
Em doses baixas, a dopamina promove vasodilatação mesentérica e 
renal, aumentando a diurese. Em doses moderadas, são observados 
efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos, enquanto, em doses 
elevadas, ocorre um efeito vasopressor, resultando em aumento da 
resistência vascular sistêmica (Murakami; Santos, 2017).
Seu uso é recomendado na estabilização da pressão arterial pós-
parada cardiorrespiratória (PCR), tratamento do choque e disfunção 
cardíaca com bradicardia. No entanto, é um medicamento que 
presenta efeitos adversos, como arritmias cardíacas, angina, náuseas, 
vômitos, cefaleia e hipertensão acentuada com vasoconstrição 
periférica. Apresenta início de ação rápido, com metabolismo 
hepático e excreção principalmente renal, e meia-vida de dois 
minutos aproximadamente. Pode ser diluída em solução fisiológica 
ou glicosada e administrada em administração contínua. O desmame 
da dopamina deve ser realizado de forma gradual, a fim de evitar 
complicações como hipotensão (Murakami; Santos, 2017; Viana; 
Zanei, 2020).
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1.3 Adrenalina
A adrenalina é uma catecolamina endógena que atua nos receptores 
α1, β1 e β2 presentes na musculatura lisa dos vasos sanguíneos, 
coração e pulmões. Essa ampla distribuição de receptores permite 
que a adrenalina exerça uma variedade de ações hemodinâmicas e 
metabólicas, tornando-a uma substância extremamente versátil e útil em 
diversas condições clínicas. Devido às suas propriedades farmacológicas, 
a adrenalina pode ser administrada de diferentes formas, de acordo 
com a necessidade de cada situação clínica (Murakami; Santos, 2017).
Por exemplo, em casos de PCR, a administração em bolus endovenoso 
é indicada para promover a estimulação cardíaca e a vasoconstrição 
periférica, ajudando a restabelecer a circulação sanguínea. Já em casos 
de broncoespasmos, a administração subcutânea ou inalatória de 
adrenalina pode ser eficaz na dilatação dos brônquios e melhora da 
função respiratória (Murakami; Santos, 2017).
Além disso, a adrenalina também é utilizada no tratamento de reações 
anafiláticas, sendo administrada por via intramuscular para controlar 
rapidamente os sintomas alérgicos graves. Em situações de distúrbios 
hemodinâmicos, como hipotensão severa refratária a outras medidas ou 
bradicardia irresponsiva à atropina, a adrenalina pode ser administrada 
por via endovenosa em bomba de infusão contínua, permitindo o 
controle de distúrbios hemodinâmicos (Murakami; Santos, 2017; Viana; 
Zanei, 2020).
No entanto, a adrenalina apresenta efeitos adversos, como 
vasoconstrição intensa, arritmias cardíacas, aumento do consumo de 
oxigênio pelo miocárdio, angina, ansiedade, hiperglicemia e redução 
do fluxo esplênico e da taxa de filtração glomerular em indivíduos 
hipovolêmicos. É um medicamento que apresenta rápida inativação 
pelas enzimas hepáticas, com meia-vida curta. Pode ser diluída em 
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solução fisiológica ou glicosada e administrada em infusão contínua, 
preferencialmente por cateter venoso central (Murakami; Santos, 2017; 
Viana; Zanei, 2020).
1.4 Vasopressina
A vasopressina é uma catecolamina sintética com propriedades 
vasoconstritoras, utilizada como complemento no tratamento de pacientes 
em choque séptico que não respondem adequadamente às catecolaminas 
convencionais. Os principais efeitos da vasopressina incluem o aumento 
da pressão arterial e a redução da produção de urina, conferindo-lhe 
o nome de hormônio antidiurético. Sua administração deve ser feita, 
preferencialmente, por via central, uma vez que extravasamentos podem 
levar à necrose. Apresenta início de ação imediato, com meia-vida de 
10 a 20 minutos, sendo metabolizada no fígado e excretada pelos rins 
(Murakami; Santos, 2017; Viana; Zanei, 2020).
1.5 Dobutamina
A dobutamina é uma catecolamina sintética que atua 
predominantemente nos receptores β1 e β2. Os efeitos decorrentes 
da interação com esses

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