Prévia do material em texto
1 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
1. Compreender a morfofisiologia do
Cerebelo e dos Núcleos da Base;
2. Entender a fisiologia das vias aferentes;
3. Compreender a morfofisiologia do
equilíbrio e suas estruturas;
Cerebelo
Função: A função primária do cerebelo é
avaliar quão bem os movimentos iniciados
pelas áreas motoras no telencéfalo (cérebro)
são realmente realizados.
↠ Quando movimentos iniciados pelas áreas
motoras cerebrais não são realizados
corretamente, o cerebelo detecta as
discrepâncias. O cerebelo, então, envia sinais
de feedback para as áreas motoras do córtex
cerebral, via suas conexões com o tálamo. Os
sinais de feedback ajudam a corrigir os erros,
uniformizam os movimentos e coordenam
sequências complexas de contrações dos
músculos esqueléticos.
Além dessa coordenação de movimentos
especializados, o cerebelo é a principal
região do encéfalo que regula a postura e o
equilíbrio.
Esses aspectos da função cerebelar
possibilitam todas as atividades musculares
especializadas, desde pegar uma bola de
beisebol até dançar e falar. O fato de existirem
conexões recíprocas entre o cerebelo e as áreas
de associação do córtex cerebral sugere que o
cerebelo também tem funções não motoras
como cognição (aquisição de conhecimento),
processamento da linguagem e aprendizado e
resposta a recompensas antecipadas.
O cerebelo, cujas dimensões são superadas
apenas pelo cérebro (telencéfalo), ocupa as
partes inferior e posterior da cavidade
craniana. Como o telencéfalo (cérebro), o
cerebelo apresenta uma superfície
extremamente pregueada que aumenta
substancialmente a área superficial de seu
córtex externo de substância cinzenta,
possibilitando um número maior de neurônios.
↠ O cerebelo representa 1/10 da massa
encefálica, mas contém quase metade dos
neurônios do encéfalo.
Localização: O cerebelo está localizado
posteriormente ao bulbo e a ponte e inferior à
parte posterior do telencéfalo (cérebro).
Um sulco profundo conhecido como fissura
transversa do cérebro, juntamente com o
tentório do cerebelo, que sustenta a parte
posterior do cérebro, separa o cerebelo do
cérebro.
Cada hemisfério é constituído por lobos
separados por fissuras profundas e distintas.
O lobo anterior e o lobo posterior controlam
aspectos subconscientes dos movimentos da
musculatura esquelética.
O lóbulo floculonodular na face inferior
contribui para o equilíbrio.
A camada superficial do cerebelo, denominada
córtex cerebelar, consiste em substância
cinzenta em uma série de delicadas cristas
paralelas denominadas folhas do cerebelo.
APG 6 – Cerebelo, Núcleos da Base e Vias aferentes
2 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Em uma localização profunda em relação à
substância cinzenta existem tratos de
substância branca denominados de árvore da
vida que realmente lembram galhos de uma
árvore.
Ainda mais profundamente, na substância
branca, estão os núcleos do cerebelo, regiões
de substância cinzenta que dão origem aos
axônios que carreiam impulsos do cerebelo
para outros centros do encéfalo.
Três pedúnculos cerebelares pareados
conectam o cerebelo ao tronco encefálico.
Esses feixes de substância branca consistem
em axônios que conduzem impulsos entre o
cerebelo e outras partes do encéfalo.
Os pedúnculos cerebelares superiores
contêm axônios que se estendem do cerebelo
para os núcleos rubros do mesencéfalo e para
vários núcleos do tálamo.
Os pedúnculos cerebelares médios
são os maiores pedúnculos; seus
axônios carreiam impulsos para
movimentos voluntários dos núcleos
pontinos (que recebem aferência de
áreas motoras do córtex cerebral) para
o cerebelo.
Os pedúnculos cerebelares inferiores
são constituídos por: (1) axônios dos
tratos espinocerebelares que carreiam
informações sensitivas para o cerebelo
a partir de proprioceptores no tronco e
nos membros; (2) axônios do aparelho
vestibular da orelha interna e dos
núcleos vestibulares do bulbo e da
ponte que carreiam informações
sensitivas para o cerebelo a partir de
proprioceptores na cabeça; (3) axônios
do núcleo olivar inferior do bulbo que
penetram no cerebelo e regulam a
atividade dos neurônios cerebelares;
(4) axônios que se estendem do
cerebelo para os núcleos vestibulares do bulbo
e da ponte; e (5) axônios que se estendem do
cerebelo para a formação reticular.
Correlação Clínica: A lesão do cerebelo pode resultar em
incapacidade de coordenar movimentos musculares, uma
condição denominada ataxia. Pessoas com ataxia cujos
olhos são vendados têm dificuldade de coordenação para
tocar a ponta do nariz com um dedo da mão porque não
conseguem coordenar o movimento com a percepção de
onde estão localizadas as partes do corpo. Outro sinal de
ataxia é a alteração do padrão de fala por causa da falta de
coordenação dos músculos da fala. A lesão cerebelar
também pode resultar em movimentos anormais da marcha
ou marcha cambaleante. Pessoas que consomem um volume
significativo de bebidas alcoólicas mostram sinais de ataxia
porque o álcool etílico inibe a atividade do cerebelo. Esses
indivíduos têm dificuldade em passar nos testes de
sobriedade. A ataxia também pode ocorrer como resultado
de doenças degenerativas (esclerose múltipla e doença de
Parkinson), traumatismo, tumores encefálicos, fatores
genéticos e como efeito colateral de medicamentos
prescritos para transtorno bipolar.
3 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
RESUMO DOS ASPECTOS
FUNCIONAIS DO CEREBELO
As principais funções do cerebelo são:
manutenção do equilíbrio e da postura,
controle do tônus muscular, controle dos
movimentos voluntários, aprendizagem
motora e funções cognitivas específicas.
Manutenção do equilíbrio e da postura:
Essas funções se fazem basicamente pelo
vestíbulo-cerebelo, que promove a contração
adequada dos músculos axiais e proximais dos
membros, de modo a manter o equilíbrio e a
postura normal, mesmo nas condições em que
o corpo se desloca. A influência do cerebelo é
transmitida aos neurônios motores pelos tratos
vestibuloespinhais.
Controle do tônus muscular: Um dos
sintomas da descerebelização é a perda do
tônus muscular, que pode ocorrer também por
lesão dos núcleos centrais. Sabe-se que esses
núcleos, em especial o dendeado e interposto
mantêm, mesmo na ausência de movimento,
certo nível de atividade espontânea. Essa
atividade, agindo sobre os neurônios motores
das vias laterais (tratos corticoespinhal e
rubroespinhal) é também importante para a
manutenção do tônus.
Controle dos movimentos voluntários: O
cerebelo desempenha um papel crucial no
controle dos movimentos voluntários, sendo
observado em casos clínicos de lesões
cerebelares que causam ataxia, uma falta de
coordenação motora. O processo de controle
do movimento envolve duas etapas:
planejamento e correção. O planejamento
ocorre no cerebrocerebelo, onde as
informações sobre a intenção do movimento
são integradas e enviadas às áreas motoras do
córtex cerebral. Após o início do movimento,
o espinocerebelo entra em ação, recebendo
informações sensoriais e promovendo
correções através da via interpósito-tálamo-
cortical. O espinocerebelo recebe aferências
espinhais e corticais, enquanto o
cerebrocerebelo recebe apenas as últimas.
Estudos de ressonância magnética funcional
mostram que o núcleo denteado, relacionado
ao planejamento, é ativado antes do
movimento, enquanto o núcleo interpósito,
ligado à correção, é ativado depois que o
movimento começa. Emmovimentos
balísticos rápidos, como bater à máquina,
apenas o cerebrocerebelo é ativado devido à
falta de tempo para o espinocerebelo corrigir o
movimento.
Aprendizagem motora: Quando realizamos
uma atividade motora repetidamente, o sistema
nervoso aprende a executá-la mais
rapidamente e com menos erros. O cerebelo
desempenha um papel nesse processo por meio
das fibras olivocerebelares, que modulam a
excitabilidade das células de Purkinje no
córtex cerebelar. Essas fibras fornecem um
sinal de erro durante o movimento, permitindo
que os movimentos corretos se desenvolvam.
A teoria sugere que as fibras olivocerebelares
detectam diferenças entre as informações
sensoriais esperadas e as reais, contribuindo
para a aprendizagem motora. Lesões no
cerebelo ou na oliva inferior prejudicam a
aprendizagem motora baseada em prática,
tentativa e erro.
Funções não motoras: Estudos de
neuroimagem funcional demonstraram que o
cerebelo participa também de funções
cognitivas. Este, além de suas conexões
relacionadas com a motricidade, tem também
conexões com a área pré-frontal do córtex,
evidenciando funções não motoras, como, por
exemplo, resolver quebra-cabeças, associar
palavras a verbos, resolver mentalmente
operações aritméticas, reconhecer figuras
complexas. Estas observações não determinam
uma causalidade e sim que cerebelo e cérebro
estão fortemente relacionados neste tipo de
função.
4 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
HISTOLOGIA DO CÓRTEX CEREBRAL
No córtex cerebelar, da superfície para o
interior distinguem-se as seguintes camadas:
a) camada molecular;
b) camadas de células de Purkinje;
c) camada granular.
A camada média, formada por uma fileira de
células de Purkinje, são os elementos mais
importantes do cerebelo. As células de
Purkinje, piriformes e grandes, são dotadas de
dendritos, que se ramificam na camada
molecular, e de um axônio que sai em direção
oposta, terminando nos núcleos centrais do
cerebelo, onde exercem ação inibitória. Esses
axônios constituem as únicas fibras eferentes
do córtex do cerebelo. A camada molecular é
formada principalmente por fibras de direção
paralela (fibras paralelas) e contém dois tipos
de neurônios, as células estreladas e as células
em cesto. Estas últimas são assim denominadas
por apresentarem sinapses axossomáticas
dispostas em torno do corpo das células de
Purkinje, à maneira de um cesto.
A camada granular é constituída
principalmente pelas células granulares ou
grânulos do cerebelo, células muito pequenas,
cujo citoplasma é muito reduzido. Tais células,
extremamente numerosas, têm vários
dendritos e um axônio que atravessa a camada
de células de Purkinje e, ao atingir a camada
molecular, bifurca-se em T. Os ramos
resultantes dessa bifurcação constituem as
chamadas fibras paralelas, que se dispõem
paralelamente ao eixo da folha cerebelar. Essas
fibras, dispostas ao longo do eixo da folha
cerebelar, estabelecem sinapses com os
dendritos das células de Purkinje, lembrando a
disposição dos fios nos postes de luz. Desse
modo, cada célula granular faz sinapse com
grande número de células de Purkinje. Na
camada granular existe ainda outro tipo de
neurônio, as células de Golgi, com
ramificações muito amplas. Essas células,
entretanto, são menos numerosas que as
granulares.
5 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
CONEXÕES INTRÍNSECAS DO
CEREBELO
As fibras que penetram no cerebelo se dirigem
ao córtex e são de dois tipos: fibras musgosas
e fibras trepadeiras.
Ambas são glutamatérgicas.
As fibras trepadeiras têm esse nome porque
terminam enrolando-se em torno dos dendritos
das células de Purkinje, sobre as quais exercem
potente ação excitatória.
Já as fibras musgosas, ao penetrar no cerebelo,
emitem ramos colaterais que fazem sinapses
excitatórias com os neurônios dos núcleos
centrais. Em seguida, atingem a camada
granular, onde se ramificam, terminando em
sinapses excitatórias axodendríticas com
grande número de células granulares, que,
através das fibras paralelas, se ligam às células
de Purkinje.
Constitui-se, assim, um circuito cerebelar
básico, através do qual os impulsos nervosos
que penetram no cerebelo pelas fibras
musgosas ativam sucessivamente os neurônios
dos núcleos centrais, as células granulares e as
células de Purkinje, as quais, por sua vez,
inibem os próprios neurônios dos núcleos
centrais.
↠ Ou seja, as informações que chegam ao
cerebelo de vários setores do sistema
nervoso agem inicialmente sobre os
neurônios dos núcleos centrais de onde saem
as respostas eferentes do cerebelo.
A atividade desses neurônios por sua vez, é
modulada pela ação inibidora das células de
Purkinje.
Na realidade, as conexões intrínsecas do
cerebelo são mais complexas, uma vez que o
circuito formado pela união das células
granulares com as células de Purkinje é
modulado pela ação de três outras células
inibitórias: as células de Golgi, as células em
cesto e as células estreladas.
Tais células, assim como as células de
Purkinje, agem através da liberação de ácido
gama-amino-butírico (GABA).
Já a célula granular, única célula excitatória
do córtex cerebelar, tem como
neurotransmissor o glutamato.
A célula de Purkinje recebe, portanto,
sinapses diretamente das fibras trepadeiras e
indiretamente das fibras musgosas. Projeta-se
depois para os núcleos centrais do cerebelo ou
para o núcleo vestibular, no caso do lobo
flóculo nodular, sendo estas as vias de saída do
cerebelo.
6 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
NÚCLEOS CENTRAIS E CORPO
MEDULAR DO CEREBELO
São os seguintes os núcleos centrais do
cerebelo (divisão anatômica
transversalmente):
a) núcleo denteado;
b) núcleo emboliforme;
c) núcleo globoso;
d) núcleo fastigial.
O núcleo fastigial localiza-se próximo ao
plano mediano, em relação com o ponto mais
alto do teto do IV ventrículo.
O núcleo denteado é o maior dos núcleos
centrais do cerebelo; assemelha-se ao núcleo
olivar inferior e localiza-se mais lateralmente.
Entre os núcleos fastigial e denteado,
localizam-se os núcleos globoso e
emboliforme. Esses dois núcleos são bastante
semelhantes do ponto de vista funcional e
estrutural, sendo geralmente agrupados sob o
nome de núcleo interpósito.
Dos núcleos centrais saem as fibras eferentes
do cerebelo e neles chegam os axônios das
células de Purkinje e colaterais das fibras
musgosas.
O corpo medular do cerebelo é constituído de
substância branca e formado por fibras
mielínicas, que são principalmente as
seguintes:
a) fibras aferentes ao cerebelo -
penetram pelos pedúnculos cerebelares
e se dirigem ao córtex, onde perdem a
bainha de mielina;
b) fibras formadas pelos axônios das
células de Purkinje - dirigem-se aos
núcleos centrais e, ao sair do córtex,
tomam-se mielínicas.
Ao contrário do que ocorre no cérebro, existem
muito poucas fibras de associação no corpo
medular do cerebelo. Admite-se que essas
fibras são ramos colaterais dos axônios das
células de Purkinje.
7 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
DIVISÃO FUNCIONAL DO CEREBELO
Existe também uma a divisão longitudinal, em
que as partes do corpo do cerebelo se dispõem
no sentido mediolateral.
Distinguem-se uma zona medial, ímpar,
correspondendo ao vérmis, e, de cada lado,
uma zona intermédiaparavermiana e uma
zona lateral, correspondendo à maior parte
dos hemisférios.
A zona lateral, entretanto, não se separa da
zona intermédia por nenhum elemento visível
na superfície do cerebelo.
Os axônios das células de Purkinje da zona
lateral projetam-se para o núcleo denteado; os
da zona medial para os núcleos fastigial e
vestibular lateral, os da zona intermédia, para
o núcleo interpósito.
As células de Purkinje do lobo floculonodular
projetam-se para o núcleo fastigial ou
diretamente para os núcleos vestibulares. Esta
maneira de se dividir o cerebelo, baseada nas
conexões do córtex com os núcleos centrais, dá
a base para divisão funcional do cerebelo em
três partes, a saber:
a) vestíbulocerebelo - compreende o lobo
floculonodular e tem conexões com o
núcleo fastigial e os núcleos
vestibulares;
b) espinocerebelo - compreende o vérmis
e a zona intermédia dos hemisférios e
tem conexões com a medula;
c) cerebrocerebelo - compreende a zona
lateral e tem conexões com o córtex
cerebral.
CONEXÕES EXTRÍNSECAS
ASPECTOS GERAIS:
Chegam ao cerebelo milhões de fibras
nervosas, trazendo informações de diversos
setores do sistema nervoso, as quais são
processadas pelo órgão, cuja resposta,
veiculada através de um complexo sistema de
vias eferentes, vai influenciar os neurônios
motores.
Um princípio geral é que, ao contrário do
cérebro, o cerebelo influencia os neurônios
motores de seu próprio lado. Para isso, tanto
suas vias aferentes como eferentes, quando não
são homolaterais, sofrem duplo cruzamento,
ou seja, vão para o lado oposto e voltam para o
mesmo lado. Esse fato tem importância clínica,
pois a lesão de um hemisfério cerebelar dá
sintomatologia do mesmo lado, enquanto no
hemisfério cerebral a sintomatologia é do lado
oposto.
8 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
VESTIBULOCEREBELO:
↠ Conexões aferentes↠ As fibras aferentes
chegam ao cerebelo pelo fascículo
vestibulocerebelar, têm origem nos núcleos
vestibulares e se distribuem ao lobo
floculonodular. Trazem informações
originadas na parte vestibular do ouvido
interno sobre a posição da cabeça, importantes
para manutenção do equilíbrio e da postura
básica.
↠ Conexões eferentes ↠ As células de
Purkinje do vestibulocerebelo projetam-se
para os neurônios dos núcleos vestibulares
medial e lateral. Através do núcleo lateral,
modulam os tratos vestibulosespinhais lateral e
medial que controlam a musculatura axial e
extensora dos membros para manter o
equilíbrio na postura e na marcha, fazendo
parte do sistema motor medial da medula.
Projeções inibitórias das células de Purkinje
para os núcleos vestibulares mediais controlam
os movimentos oculares e coordenam os
movimentos da cabeça e dos olhos através do
fascículo longitudinal medial.
ESPINOCEREBELO:
↠ Conexões aferentes ↠ Essas conexões são
representadas principalmente pelos tratos
espinocerebelar anterior e espinocerebelar
posterior, que penetram no cerebelo
respectivamente pelos pedúnculos cerebelares
superior e inferior e terminam no córtex das
zonas medial e intermédia. Através do trato
espinocerebelar posterior, o cerebelo recebe
sinais sensoriais originados em receptores
proprioceptivos e, em menor grau, de outros
receptores somáticos, o que lhe permite avaliar
o grau de contração dos músculos, a tensão nas
cápsulas articulares e nos tendões, assim como
as posições e velocidades do movimento das
partes do corpo. Já as fibras do trato
espinocerebelar anterior são ativadas
principalmente pelos sinais motores que
chegam à medula pelo trato corticoespinhal,
permitindo ao cerebelo avaliar o grau de
atividade nesse trato.
↠ Conexões eferentes ↠ Os axônios das
células de Purkinje da zona intermédia fazem
sinapse no núcleo interpósito, de onde saem
fibras para o núcleo rubro e para o tálamo do
lado oposto. Através das primeiras, o cerebelo
influencia os neurônios motores pelo trato
rubroespinhal, constituindo-se a via
interpósito-rubroespinhal. Já os impulsos que
vão para o tálamo seguem para as áreas
motoras do córtex cerebral (via interpósito- -
tálamo-cortical), onde se origina o trato
corticoespinhal. Assim, através desses dois
tratos, o cerebelo exerce sua influência sobre
os neurônios motores da medula situados do
mesmo lado. A ação do núcleo interpósito se
faz diretamente sobre os neurônios motores do
grupo lateral da coluna anterior, que controlam
os músculos distais dos membros responsáveis
por movimentos delicados.
9 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Os axônios das células de Purkinje da zona
medial fazem sinapse nos núcleos fastigiais, de
onde sai o trato fastigiobulbar com dois tipos
de fibras: fastígio-vestibulares e fastígio-
reticulares. As primeiras fazem sinapse nos
núcleos vestibulares, a partir dos quais os
impulsos nervosos, através do trato vestíbulo-
espinhal, se projetam sobre os neurônios
motores; as segundas terminam na formação
reticular, a partir da qual os impulsos atingem
pelos tratos reticuloespinhais, os neurônios
motores. Em ambos os casos, a influência do
cerebelo se exerce sobre os neurônios motores
do grupo medial da coluna anterior, os quais
controlam a musculatura axial e proximal dos
membros, no sentido de manter o equilíbrio e
a postura.
CEREBROCEREBELO:
↠ Conexões aferentes ↠ As fibras pontinas,
também chamadas ponto-cerebelares, têm
origem nos núcleos pontinos, penetram no
cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio,
distribuindo- -se ao córtex da zona lateral dos
hemisférios. Fazem parte da via córtico-ponto-
cerebelar, através da qual chegam ao cerebelo
informações oriundas de áreas motoras e não
motoras do córtex cerebral. A projeção córtico-
ponto-cerebelar tem mais fibras que a projeção
corticoespinhal, o que dá uma ideia de sua
importância funcional.
↠ Conexões eferentes ↠ Os axônios das
células de Purkinje da zona lateral do cerebelo
fazem sinapse no núcleo denteado, de onde os
impulsos seguem para o tálamo do lado oposto
e daí para as áreas motoras do córtex cerebral
(via dento-tálamo-cortical), onde se origina o
trato corticoespinhal. Através desse trato, o
núcleo denteado participa da atividade motora,
agindo sobre a musculatura distal dos
membros responsáveis por movimentos
delicados.
10 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Vias eferentes
As grandes vias eferentes põem em
comunicação os centros suprassegmentares do
sistema nervoso com os órgãos efetuadores.
Podem ser divididas em dois grandes grupos:
vias eferentes somáticas e vias eferentes
viscerais, ou do sistema nervoso autônomo.
↠ As vias eferentes somáticas controlam a
atividade dos músculos estriados esqueléticos,
permitindo a realização de movimentos
voluntários ou automáticos, regulando ainda o
tônus e a postura.
↠ As vias eferentes do sistema nervoso
autônomo destinam-se ao músculo liso, ao
músculo cardíaco ou às glândulas, regulando o
funcionamento das vísceras e dos vasos.
VIAS EFERENTES VISCERAIS DO
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
A influência do sistema nervoso
suprassegmentar sobre a atividade visceral se
exerce através de impulsos nervosos que
ganham os neurônios pré-ganglionares,
passam aos neurônios pós-ganglionares, de
onde se distribuem às vísceras.
As áreas que essas vias vão regular a atividade
do sistema nervoso autônomo estão no
hipotálamo e no sistema límbico. Essas áreas
ligam-se aos neurônios pré-ganglionares, por
meio de circuitos da formação reticular,
através dos tratos reticuloespinhais.Além
dessas vias indiretas, existem também vias
diretas, hipotálamo-espinhais, entre o
hipotálamo e os neurônios pré-ganglionares,
tanto do tronco encefálico como da medula.
VIAS EFERENTES SOMÁTICAS
O sistema motor somático é constituído pelos
músculos estriados esqueléticos e todos os
neurônios que os comandam, permitindo
comportamentos variados e complexos através
da ação coordenada de mais de 700 músculos.
Várias vias projetam-se direta ou
indiretamente dos centros motores superiores
para o tronco encefálico e para a medula. Um
dos aspectos importantes da função motora é a
facilidade com que executamos os atos
motores sem pensar sobre qual músculo
contrair.
Através de mecanismos de retroalimentação,
usamos informações dos receptores da pele,
articulações e fusos neuromusculares para
corrigir um movimento em andamento, de
modo a ajustar e manter a força de contração.
Quando se quer mover o corpo ou parte do
corpo, o cérebro forma a representação do
movimento, planejando a ação em toda sua
extensão antes de executá-la. Esta
representação é chamada de programa motor,
que especifica os aspectos espaciais do
movimento, ângulos de articulação, força etc.
TRATOS CORTICOESPINHAIS
O trato corticoespinhal conecta o córtex
cerebral aos neurônios motores da medula.
Suas fibras originam-se em três áreas corticais
principais: um terço na área motora primária
(área 4), um terço nas áreas pré-motoras e
motoras suplementares (área 6), e um terço no
córtex somatossensorial. As fibras seguem
trajetos específicos: da área 4, a maioria das
fibras percorre a coroa radiada, a perna
posterior da cápsula interna, a base do
pedúnculo cerebral, a base da ponte e a
pirâmide bulbar. No nível da decussação das
11 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
pirâmides, algumas fibras formam o trato
corticoespinhal anterior, continuando
ventralmente, enquanto outras cruzam para
constituir o trato corticoespinhal lateral.
Geralmente, 75 a 90% das fibras decussam.
O trato corticoespinhal anterior ocupa o
funículo anterior da medula, terminando após
cruzar na comissura branca em relação aos
neurônios motores contralaterais, controlando
os movimentos voluntários da musculatura
axial. Já o trato corticoespinhal lateral é o mais
importante, ocupando o funículo lateral ao
longo da medula, influenciando os neurônios
motores do mesmo lado da coluna anterior,
principalmente para controlar a musculatura
distal dos membros.
Nas pessoas, o trato corticoespinhal lateral só
pode ser identificado até os níveis torácicos
médios. As fibras desse trato terminam
principalmente na substância cinzenta
intermédia, fazendo sinapses indiretas com
interneurônios e, em primatas, sinapses diretas
com neurônios motores alfa e gama. Embora
nem todas as fibras sejam motoras, a função
primordial do trato corticoespinhal lateral é
motora somática, influenciando a motricidade
voluntária.
Lesões no trato corticoespinhal podem resultar
em fraqueza muscular (paresia) e dificuldade
em realizar movimentos finos e independentes
dos grupos musculares, como flexionar os
dedos individualmente. Apesar disso,
descobriu-se que outros tratos, como o
rubroespinhal e o reticuloespinhal, também
desempenham papéis na motricidade somática,
compensando parcialmente as lesões no trato
corticoespinhal. Além disso, lesões desse trato
podem causar o sinal de Babinski, um reflexo
patológico caracterizado pela flexão dorsal do
hálux quando a pele da região plantar é
estimulada.
TRATO CORTICONUCLEAR
O trato corticonuclear tem o mesmo valor
funcional do trato corticoespinhal, diferindo
deste principalmente pelo fato de transmitir
impulsos aos neurônios motores do tronco
encefálico e não aos da medula. Assim, o trato
corticonuclear põe sob controle voluntário os
neurônios motores situados nos núcleos
motores dos nervos cranianos.
As fibras do trato corticonuclear originam-se
principalmente na parte inferior da área 4 (na
região correspondente à representação cortical
da cabeça), passam pelo joelho da cápsula
interna e descem pelo tronco encefálico,
associadas ao trato corticoespinhal. À medida
que o trato corticonuclear desce pelo tronco
encefálico, dele se destacam feixes de fibras
que terminam nos neurônios motores dos
núcleos da coluna eferente somática (núcleos
do III, IV, VI e XII) e eferente visceral especial
(núcleo ambíguo, IX e X) e (núcleo motor do
V e do VII). Como ocorre no trato
corticoespinhal, a maioria das fibras do trato
corticonuclear faz sinapse com neurônios
12 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
internunciais situados na formação reticular,
próximo aos núcleos motores, e estes, por sua
vez, ligam-se aos neurônios motores. Do
mesmo modo, muitas fibras desse trato
terminam em núcleos sensitivos do tronco
encefálico (grácil, cuneiforme, núcleos
sensitivos do trigêmeo e núcleo do trato
solitário), relacionando-se com o controle dos
impulsos sensoriais. Embora as semelhanças
entre os tratos corticoespinhal e corticonuclear
sejam muito grandes, existe urna diferença
entre eles que tem importância clínica:
enquanto as fibras do trato corticoespinhal são
fundamentalmente cruzadas, o trato
corticonuclear tem grande número de fibras
homolaterais. Assim, a maioria dos músculos
da cabeça está representada no córtex motor
dos dois lados. Essa representação bilateral é
mais acentuada nos grupos musculares que não
podem ser contraídos voluntariamente de um
lado só, como os músculos da laringe e faringe,
os músculos da parte superior da face
(orbicular, frontal e corrugador do supercílio),
os músculos que fecham a mandíbula
(masseter, temporal e pterigoídeo medial) e os
músculos motores do olho. Por esse motivo,
tais músculos não sofrem paralisia quando o
trato corticonuclear é interrompido de um só
lado (por exemplo, em uma das cápsulas
internas), como ocorre frequentemente nos
acidentes vasculares cerebrais ("derrames"
cerebrais). Entretanto, pode haver um ligeiro
enfraquecimento dos movimentos da língua,
cuja representação no córtex motor já é
predominantemente heterolateral e uma
paralisia dos músculos da metade inferior da
face, cuja representação é heterolateral. Os
neurônios motores do núcleo do nervo facial,
responsáveis pela inervação dos músculos da
metade inferior da face, recebem fibras
corticonucleares do córtex do lado oposto,
enquanto os responsáveis pela inervação dos
músculos da metade superior da face recebem
fibras corticonucleares do córtex dos dois
lados.
↠ Trato rubroespinhal: É bem desenvolvido
nos animais, inclusive no macaco, em que,
juntamente com o trato corticoespinhal lateral,
controla a motricidade voluntária dos
músculos distais dos membros, músculos
intrínsecos e extrínsecos da mão. No homem,
entretanto, possui um número reduzido de
fibras. Origina-se no núcleo rubro do
mesencéfalo, decussa e reúne-se ao trato
corticoespinhal no funículo lateral da medula.
A principal aferência para o núcleo rubro é
também a área motora primária (via córtico-
rubroespinhal). Trata-se, portanto de uma via
indireta que foi perdendo sua importância, ao
longo da evolução, para a via direta
corticoespinhal. Em casos de lesão deste, no
13 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
entanto, o trato rubroespinhal pode exercer
papel na recuperação de funções da mão.
↠ Trato tetoespinhal: Origina-se no colículo
superior, que, por sua vez, recebe fibras da
retina e do córtex visual. O trato tetoespinhal
situa-seno funículo anterior dos segmentos
mais altos da medula cervical, onde estão os
neurônios motores responsáveis pelo
movimento da cabeça, e pertence ao sistema
anteromedial da medula. Está envolvido em
reflexos visuomotores, em que o corpo se
orienta a partir de estímulos visuais.
↠ Tratos vestibuloespinhais↠ São dois,
medial e lateral. Originam-se nos núcleos
vestibulares do bulbo e levam aos neurônios
motores os impulsos nervosos necessários à
manutenção do equilíbrio a partir de
informações que chegam a esses núcleos,
vindas da parte vestibular do ouvido interno e
do vestibulocerebelo. Mantém a cabeça e os
olhos estáveis diante de movimentos do corpo.
Projetam-se também para a medula lombar,
ativando os músculos extensores
(antigravitacionais) das pernas. São feitos,
assim, ajustes posturais, permitindo que seja
mantido o equilíbrio mesmo após alterações
súbitas do corpo no espaço. Por exemplo,
durante uma tropeçada, por ação das fibras dos
tratos vestibuloespinhais, ocorre resposta
reflexa extensora dos músculos
antigravitacionais para impedir a queda.
↠ Tratos reticuloespinhais: Os tratos
reticuloespinhais: promovem a ligação de
várias áreas da formação reticular com os
neurônios motores da medula. A essas áreas
chegam informações de setores muito diversos
do sistema nervoso central, como o cerebelo e
o córtex pré-motor. Os tratos reticuloespinhais
são dois. O trato reticuloespinhal pontir:io
aumenta os reflexos antigravitacionais da
medula, facilitando os extensores e a
manutenção da postura ereta. Atua mantendo o
comprimento e a tensão muscular. O trato
reticuloespinhal bulbar tem o efeito oposto,
liberando os músculos antigravitacionais do
controle reflexo. Os tratos reticuloespinhais
controlam os movimentos tanto voluntários
como automáticos, a cargo dos músculos axiais
e proximais dos membros, e pertencem ao
sistema medial da medula. Por suas aferências
vindas da área pré-motora, os tratos
reticuloespinhais determinam o grau adequado
de contração desses músculos, de modo a
colocar o corpo em uma postura básica, ou
postura "de partida'', necessária à execução de
movimentos delicados pela musculatura distal
dos membros. Como no homem essa
musculatura é controlada pelo trato
corticoespinhal lateral, tem-se uma situação
em que um trato das vias mediais promove o
suporte postural básico para execução de
movimentos finos controlados pelas vias
laterais. Sabe-se também que, mesmo após
lesão do trato corticoespinhal, a motricidade
voluntária da musculatura proximal dos
membros é mantida pelos tratos
reticuloespinhais, o que permite, assim, a
movimentação normal do braço e da perna.
Sabe-se que o controle do tônus e da postura se
dá em grande parte no nível medular, através
de reflexos miotáticos, os quais, entretanto, são
modulados por influências supramedulares
trazidas pelos tratos reticuloespinhais e
vestíbulo-espinhal, agindo sobre os neurônios
alfa e gama. Quando há desequilíbrio entre as
influências inibidoras ou facilitadoras trazidas
por esses tratos, pode-se ter quadros em que há
hipertonia em determinados grupos
musculares, como na chamada rigidez de
descerebração, ou nas hipertonias que se
seguem aos acidentes vasculares cerebrais
(espasticidade).
14 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
15 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Núcleos da Base
Os núcleos da base desempenham uma
importante função no controle da postura e dos
movimentos voluntários. Diferentemente de
muitas outras partes do sistema nervoso
relacionadas com o controle motor, os núcleos
da base não apresentam conexões aferentes ou
eferentes diretas com a medula espinal.
TERMINOLOGIA
O termo núcleos da base aplica-se a uma
coleção de massas de substância cinzenta que
estão localizados dentro de cada hemisfério
cerebral. São constituídos pelo corpo estriado,
corpo amigdaloide e claustro.
As interconexões dos núcleos da base são
complexas.Os núcleos da base desempenham
uma importante função no controle da postura
e dos movimentos voluntários.
Corpo estriado:
O corpo estriado situa-se lateralmente ao
tálamo e é quase totalmente dividido por uma
faixa de fibras nervosas, a cápsula interna, nos
núcleos caudado e lentiforme. O termo estriado
é utilizado aqui devido à aparência estriada
produzida pelos cordões de substância cinzenta
que atravessam a cápsula interna e conectam o
núcleo caudado com o putame do núcleo
lentiforme.
Núcleo caudado:
O núcleo caudado consiste em uma grande
massa de substância cinzenta em forma de C
que está estreitamente relacionada com o
ventrículo lateral e que se localiza lateralmente
ao tálamo. A face lateral do núcleo está
relacionada com a cápsula interna, que o
separa do núcleo lentiforme. Para fins
descritivos, o núcleo caudado pode ser
dividido em cabeça, corpo e cauda.
A cabeça do núcleo caudado é grande e
arredondada e forma a parede lateral do corno
anterior do ventrículo lateral. A cabeça é
contínua inferiormente com o putame do
núcleo lentiforme (o núcleo caudado e o
putame são algumas vezes designados como
neoestriado ou estriado). Imediatamente
superior a este ponto de união, há cordões de
substância cinzenta que atravessam a cápsula
interna, conferindo à região um aspecto
estriado, explicando o termo corpo estriado.
16 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
O corpo do núcleo caudado é longo, estreito
e contínuo com a cabeça na região do forame
interventricular. O corpo do núcleo caudado
forma parte do assoalho da parte central do
ventrículo lateral.
A cauda do núcleo caudado é longa e
delgada, e é contínua com o corpo na região da
extremidade posterior do tálamo. Acompanha
o contorno do ventrículo lateral e continua para
a frente no teto do corno temporal do
ventrículo lateral. Termina anteriormente no
corpo amigdaloide.
Núcleo lentiforme:
O núcleo lentiforme é uma massa cuneiforme
de substância cinzenta cuja base convexa larga
é dirigida lateralmente, enquanto a
extremidade mais estreita é dirigida
medialmente.
O núcleo lentiforme está mergulhado
profundamente na substância branca do
hemisfério cerebral e relacionado medialmente
com a cápsula interna, que o separa do núcleo
caudado e do tálamo.
O núcleo lentiforme está relacionado,
lateralmente, com uma lâmina fina de
substância branca, a cápsula externa, que o
separa de uma lâmina delgada de substância
cinzenta, denominada claustro.
Por sua vez, o claustro separa a cápsula externa
da substância branca subcortical da ínsula.
Uma placa vertical de substância branca divide
o núcleo em uma parte lateral maior e mais
escura, o putame, e uma parte mais clara
interna, o globo pálido. A palidez do globo
pálido deve-se à presença de uma alta
concentração de fibras nervosas mielinizadas.
Inferiormente, na sua extremidade anterior, o
putame é contínuo com a cabeça do núcleo
caudado.
Corpo amigdaloide:
O corpo amigdaloide situa-se no lobo
temporal, próximo ao unco. O corpo
amigdaloide é considerado como parte do
sistema límbico. Por meio de suas conexões, o
corpo amigdaloide pode influenciar a resposta
do corpo a alterações ambientais. Por exemplo,
na presença de sensação de medo, ele pode
modificar a frequência cardíaca, a pressão
arterial, a cor da pele e a frequência
respiratória.
SUBSTÂNCIA NEGRA E NÚCLEOS
SUBTALÂMICOS
A substância negra do mesencéfalo e os
núcleos subtalâmicos do diencéfalo exibem
uma estreita relação funcional com asatividades dos núcleos da base e são descritos
em outra parte. Os neurônios da substância
negra são dopaminérgicos e inibitórios, e
apresentam muitas conexões com o corpo
estriado. Os neurônios dos núcleos
subtalâmicos são glutaminérgicos e
excitatórios, e possuem muitas conexões com
o globo pálido e a substância negra.
CLAUSTRO
O claustro é uma lâmina delgada de substância
cinzenta, que é separado da face lateral do
núcleo lentiforme pela cápsula externa.
17 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Lateralmente ao claustro encontra-se a
substância branca subcortical da ínsula. A
função do claustro não é conhecida.
CONEXÕES DO CORPO ESTRIADO E
DO GLOBO PÁLIDO
O núcleo caudado e o putame formam os
principais locais de recepção aferente para os
núcleos da base. O globo pálido constitui o
principal local de saída eferente dos núcleos da
base.
Não recebem impulsos aferentes ou eferentes
diretos da medula espinal.
Fibras aferentes do corpo estriado
As projeções para o corpo estriado incluem as
fibras corticoestriadas, talamoestriadas,
nigroestriatais e estriadas do tronco encefálico.
Fibras corticoestriadas
Todas as partes do córtex cerebral enviam
axônios para o núcleo caudado e o putame.
Cada parte do córtex cerebral projeta-se para
uma área específica do complexo núcleo
caudado–putame. As projeções provêm, em
sua maioria, do córtex do mesmo lado. As
maiores entradas provêm do córtex motor
sensitivo. O glutamato é o neurotransmissor
das fibras corticoestriadas.
Fibras talamoestriadas
Os núcleos intralaminares do tálamo enviam
grande número de axônios para o núcleo
caudado e para o putame.
Fibras nigroestriatais
Os neurônios na substância negra enviam
axônios para o núcleo caudado e para o putame
e liberam dopamina como neurotransmissor
em suas terminações. Acredita-se que essas
fibras desempenhem uma função inibitória.
Fibras do tronco encefálico para o estriado
As fibras ascendentes provenientes do tronco
encefálico terminam no núcleo caudado e no
putame, e liberam serotonina como
neurotransmissor em suas terminações.
Acredita-se que essas fibras desempenhem
uma função inibitória.
Fibras eferentes do corpo estriado
As projeções do corpo estriado incluem as
fibras estriatopalidais e estriatonigrais.
18 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Fibras estriatopalidais
As fibras estriatopalidais estendem-se do
núcleo caudado e do putame até o globo pálido.
O seu neurotransmissor é o ácido γ-
aminobutírico (GABA).
Fibras estriatonigrais
As fibras estriatonigrais estendem-se do núcleo
caudado e putame até a substância negra.
Algumas das fibras utilizam GABA ou
acetilcolina como neurotransmissor, enquanto
outras utilizam a substância P.
Fibras aferentes do globo pálido
As fibras estriatopalidais estendem-se do
núcleo caudado e do putame até o globo pálido.
Conforme assinalado anteriormente, essas
fibras apresentam GABA como
neurotransmissor.
Fibras eferentes do globo pálido
As fibras palidofugais são complicadas e
podem ser divididas em grupos: (1) a alça
lenticular, que segue até os núcleos talâmicos;
(2) o fascículo lenticular, que alcança o
subtálamo; (3) as fibras palidotegmentais, que
terminam no tegmento caudal do mesencéfalo;
e (4) as fibras palidossubtalâmicas, que
seguem até os núcleos subtalâmicos.
FUNÇÕES DOS NÚCLEOS DA BASE
Os núcleos da base são unidos entre si e
conectados com muitas regiões diferentes do
sistema nervoso por um número muito
complexo de neurônios.
Basicamente, o corpo estriado recebe
informações aferentes da maior parte do córtex
cerebral, tálamo, subtálamo e tronco
encefálico, incluindo a substância negra. As
informações são integradas no interior do
corpo estriado, e o fluxo eferente segue de
volta para as áreas citadas anteriormente.
A atividade dos núcleos da base é iniciada por
informações recebidas das áreas pré-motora e
suplementar do córtex motor, do córtex
sensitivo primário, do tálamo e do tronco
encefálico. O fluxo eferente dos núcleos da
base é conduzido através do globo pálido, que
então influencia as atividades das áreas
motoras do córtex cerebral ou de outros centros
no tronco encefálico. Por conseguinte, os
núcleos da base controlam os movimentos
musculares ao influenciar o córtex cerebral e
não exercem nenhum controle direto através de
vias descendentes para o tronco encefálico e a
medula espinal. Dessa maneira, os núcleos da
base ajudam na regulação dos movimentos
voluntários e na aprendizagem das habilidades
motoras.
19 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Escrever as letras do alfabeto, desenhar um
diagrama, chutar uma bola de futebol, utilizar
as cordas vocais para falar e cantar e utilizar os
músculos oculares quando olha para um objeto
são alguns exemplos da influência dos núcleos
da base sobre as atividades motoras corticais
hábeis.
A destruição do córtex cerebral motor primário
impede que o indivíduo realize movimentos
distintos e finos das mãos e dos pés no lado
oposto do corpo (ver p. 290). Entretanto, o
indivíduo ainda é capaz de executar
movimentos grosseiros dos membros opostos.
Se houver, então, destruição do corpo estriado,
ocorre paralisia dos movimentos
remanescentes do lado oposto do corpo.
Os núcleos da base não apenas influenciam a
execução de determinado movimento, como,
por exemplo, o movimento dos membros,
como também ajudam a preparar esses
movimentos. Isso pode ser obtido pelo controle
dos movimentos axiais e dos cíngulos dos
membros, e posicionamento das partes
proximais dos membros. A atividade de
determinados neurônios do globo pálido
aumenta antes da execução de movimentos
ativos nos músculos distais dos membros. Essa
importante função preparatória permite ao
tronco e aos membros assumir posições
apropriadas antes que a parte motora primária
do córtex cerebral ative movimentos distintos
das mãos e dos pés.
Correlações Clínicas: Os distúrbios dos
núcleos da base são de dois tipos gerais. Os
distúrbios hipercinéticos envolvem
movimentos excessivos e anormais, como
aqueles observados na coreia, na atetose e no
balismo. Os distúrbios hipocinéticos incluem
uma ausência ou uma lentidão dos
movimentos. A doença de Parkinson engloba
os dois tipos de distúrbios motores.
20 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
21 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
22 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Equilíbrio
O equilíbrio refere-se a um estado de
estabilidade, quer a palavra seja utilizada para
descrever as concentrações iônicas dos
líquidos corporais, quer a posição do nosso
corpo no espaço.
O sentido especial do equilíbrio tem dois
componentes: um componente dinâmico, que
nos fornece informações sobre nosso
movimento no espaço, e um componente
estático, que nos diz se a nossa cabeça está na
posição vertical normal.
A informação sensorial proveniente da orelha
interna e dos proprioceptores presentes nas
articulações e nos músculos comunica ao
nosso encéfalo a localização das diferentes
partes do nosso corpo, umas em relação às
outras, e emrelação ao meio externo. A
informação visual também tem um papel
importante no equilíbrio, como pode ser
observado em uma sala de cinema de 360°, em
que a cena se inclina repentinamente para um
lado e o público se inclina com ela.
A nossa sensação de equilíbrio é mediada por
células pilosas, as quais revestem o aparelho
vestibular cheio de líquido da orelha interna.
A função das células pilosas é similar à das
células da cóclea, mas a gravidade e a
aceleração, em vez de as ondas sonoras, é que
fornecem a força que move os estereocílios. As
células pilosas vestibulares possuem um único
cílio longo, chamado de cinocílio, localizado
em um lado do feixe ciliar. O cinocílio
estabelece um ponto de referência para a
direção da curvatura.
Quando os cílios se curvam, os filamentos de
ligação entre eles abrem e fecham canais
iônicos. O movimento em uma direção
provoca a despolarização das células pilosas;
com o movimento na direção oposta, elas
hiperpolarizam. Isso é similar ao que ocorre
nas células pilosas cocleares.
O aparelho vestibular fornece informações
sobre movimento e posição
O aparelho vestibular, também chamado de
labirinto membranoso, é uma série intrincada
de câmaras interconectadas cheias de líquido.
Em seres humanos, o aparelho vestibular é
composto de dois órgãos otolíticos seme-
lhantes a sacos – o sáculo e o utrículo –
juntamente com três canais semicirculares, os
quais se conectam ao utrículo em suas bases.
Os órgãos otolíticos nos informam a
aceleração linear e a posição da cabeça. Os três
canais semicirculares detectam a aceleração
rotacional em várias direções.
O aparelho vestibular, assim como o ducto
coclear, é preenchido com endolinfa com alta
concentração de K+ e baixa de Na+ secretada
pelas células epiteliais. Do mesmo modo que o
líquido cerebrospinal, a endolinfa é secretada
continuamente e drenada da orelha interna para
o seio venoso da dura-máter do encéfalo.
Se a produção de endolinfa exceder a taxa de
drenagem, o acúmulo de líquido na orelha
interna pode aumentar a pressão de líquido
dentro do aparelho vestibular. Acredita-se que
o acúmulo excessivo de endolinfa contribui
para a doença de Ménière, uma condição
marcada por episódios de vertigem e náuseas.
Se o órgão espiral (de Corti) no ducto coclear
é danificado pela pressão de líquido dentro do
aparelho vestibular, isso pode resultar em
perda auditiva.
23 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
Os canais semicirculares detectam a
aceleração rotacional
Os três canais semicirculares do aparelho
vestibular detectam a aceleração rotacional.
Eles estão orientados em ângulos retos um ao
outro, como três planos que se juntam para
formar o canto de uma caixa.
1. O canal horizontal (ou lateral)
detecta rotações que associamos com o
giro, como um rodopio de um patinador
no gelo ou o balançar de sua cabeça à
direita e à esquerda para dizer “não”.
2. O canal posterior detecta a rotação
esquerda-direita, como a rotação que
você realiza quando incli-na sua cabeça
em direção ao seu ombro ou realiza
uma pirueta.
3. O canal anterior detecta a rotação para
a frente e para trás, como quando você
balança sua cabeça para a frente e para
trás ou dá uma cambalhota.
Em uma das extremidades de cada canal há
uma câmara alargada, a ampola, a qual contém
uma estrutura sensorial, chamada de crista. A
crista é constituída de células pilosas e uma
massa gelatinosa, a cúpula, que se estende da
base ao teto da ampola, fechando-a. Os cílios
das células pilosas são embebidos pela cúpula.
Como a rotação é detectada? Quando sua
cabeça gira, o crânio ósseo e as paredes
membranosas do labirinto se movem, porém, o
líquido dentro do labirinto não consegue
acompanhar, devido à sua inércia (a tendência
de um corpo em repouso a permanecer em
repouso). Nas ampolas, a endolinfa inclina a
cúpula e suas células pilosas na direção oposta
àquela para a qual a cabeça está girando.
A inércia do líquido no canal semicircular puxa
a cúpula e os cílios das células pilosas para a
esquerda, quando a cabeça vira para a direita.
Se a rotação continua, o movimento da
endolinfa finalmente é o mesmo da cabeça.
Então, se a rotação da cabeça para
abruptamente, o líquido não pode parar
imediatamente. O liquido continua a girar na
direção da rotação da cabeça, deixando a
pessoa com uma sensação de estar girando. Se
a sensação for suficientemente forte, a pessoa
pode projetar o seu corpo na direção oposta à
da rotação, em uma tentativa reflexa de
compensar a aparente perda de equilíbrio.
Os órgãos otolíticos detectam a aceleração
linear e a posição da cabeça
Os dois órgãos otolíticos, o utrículo (pequena
bolsa) e o sáculo (pequeno saco), são
organizados para detectar forças lineares. Suas
estruturas sensoriais, chamadas de máculas,
compreendem células pilosas, uma massa
gelatinosa, conhecida como membrana
otolítica e partículas de proteínas e carbonato
de cálcio, chamadas de otólitos.
Os cílios das células pilosas são inseridos na
membrana otolítica, e os otólitos ligam-se à
matriz de proteína na superfície da membrana.
Se a gravidade ou a aceleração faz os otólitos
deslizarem para a frente ou para trás, a
membrana otolítica gelatinosa desliza com
eles, curvando os cílios das células pilosas e
produzindo um sinal. Se a cabeça se inclina
para trás, a gravidade desloca os otólitos, e as
células pilosas são ativadas.
A mácula do utrículo detecta a aceleração para
a frente ou a desaceleração, bem como quando
a cabeça se inclina. A mácula do sáculo está
orientada verticalmente quando a cabeça está
ereta, o que a torna sensível às forças verticais,
como quando um elevador está descendo. O
cérebro analisa o padrão das células pilosas
despolarizadas e hiperpolarizadas para calcular
a posição da cabeça e a direção do movimento.
24 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
25 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 29/02/2024
As vias do equilíbrio projetam-se
primariamente para o cerebelo
As células pilosas vestibulares, assim como as
da cóclea, estão tonicamente ativas e liberam
neurotransmissor nos neurônios sensoriais
primários do nervo vestibular (um ramo do
nervo craniano VIII, o nervo vestibulococlear).
Esses neurônios sensoriais fazem sinapse nos
núcleos vestibulares do bulbo ou vão, sem
fazer sinapse, diretamente para o cerebelo, um
importante local de processamento do
equilíbrio. Vias colaterais seguem do bulbo
para o cerebelo ou ascendem através da
formação reticular e do tálamo.
Existem algumas vias pouco definidas do
bulbo para o córtex cerebral, entretanto a maior
parte da integração do equilíbrio ocorre no
cerebelo. Vias descendentes dos núcleos
vestibulares seguem para neurônios motores
envolvidos com a movimentação dos olhos.
Essas vias ajudam a manter os olhos fixos em
um objeto enquanto a cabeça gira