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AMBIENTE DE TRABALHO E RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR 
 COSTA, Allan Francisco Farias (G/FACINAN) 
 
SILVA, Cristiane Pereira da (D/FACINAN) 
 
 
RESUMO 
Nos dias atuais, é inadmissível a existência de ambientes de trabalho que degradem 
a saúde do ser humano, muito embora saibamos que atividades de muitas 
organizações são de risco. Um bom ambiente de trabalho é algo fundamental para o 
trabalhador desenvolver a sua função de forma satisfatória para o empregador e 
para si mesmo, mas percebe-se que cada vez mais há um número considerável de 
trabalhadores afastados de suas funções devido à diversos tipos de doenças 
relacionadas ao ambiente de trabalho precário, incapacitando-os para as atividades 
laborais e consequentemente sobrecarregando a previdência com os ônus por tais 
ocorrências que vai desde os tratamentos médicos especializados e até mesmo a 
aposentadoria por invalidez. Por esse e por outros motivos que as leis devem ser 
cada vez mais rigorosas no que concerne ao ambiente de trabalho e a 
responsabilidade civil de seus empregadores. 
 
Palavra-chave: Trabalho - Ambiente - Saúde 
 
Sumário: 1. Introdução. 2. O Meio Ambiente de Trabalho. 3. A 
responsabilidade Civil do Empregador. 3.1 A Responsabilidade Civil 
Subjetiva e Objetiva. 4. Conclusão. 5. Referências Bibliográficas. 
Introdução 
Neste trabalho, pretende-se analisar o Ambiente de Trabalho e a 
responsabilidade civil do empregador. Ainda há empresas que se preocupam 
apenas em pagar o adicional de insalubridade e de periculosidade imaginando que 
a sua responsabilidade cessa com essas devidos pagamentos é claro que isto é 
algo essencial para os empregados, mas não iremos aprofundar neste aspecto. O 
que também precisa ser levado em consideração pelos os empregadores é o 
ambiente onde os empregados realizam as suas funções, seja ele de alta 
periculosidade ou insalubre à até mesmo em um simples escritório cujo os 
empregados exercem as atividades administrativas. 
 
 
 
O Meio Ambiente de Trabalho 
Conforme dispõe o inciso I do artigo 3° da Lei 6.938/81 Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente, define meio ambiente como o conjunto de condições, 
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
No artigo 225 da Constituição Federal de 1988, eleva o meio ambiente a 
categoria de direito fundamental de terceira geração, um bem de uso comum do 
povo, sendo direito de todos tê-lo de maneira ecologicamente equilibrada. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
O contrato de trabalho é um contrato sinalagmático e por adesão. As 
características iniciais decorrem das obrigações de ambas as partes, onde de um 
lado está o empregado, onde este está obrigado a colocar à disposição do 
empregador a sua força de trabalho e subordina-se às regras fixadas no contrato, 
bem como aquelas decorrentes de lei; de outro lado o empregador, este que é 
responsável por inúmeras obrigações, como o pagamento de salários pela 
contraprestação dos serviços, é responsável também pelo meio ambiente de 
trabalho preservando a integridade física e mental do trabalhador no local de 
trabalho mediante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio da aplicação 
das normas de saúde, higiene e segurança, direito este assegurado na Constituição 
Federal em seu art. 7º inciso XXII como será citado adiante. 
A proteção ao meio ambiente de trabalho objetiva dar o amparo jurídico à 
saúde e à segurança de todo trabalhador, a fim de que ele possa viver com melhor 
qualidade de vida, tendo sido prevista na Constituição Federal, art. 7º, incisos XXII, 
XXIII e XXVIII os quais estabelecem que: 
 
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social: 
( ...) 
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança. 
 
 
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
(...) 
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do 
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa. 
 
Em uma leitura rápida, parece haver uma antinomia entre os dois primeiros 
incisos descritos acima, pois o primeiro estabelece, como direito dos trabalhadores 
urbanos e rurais, a redução dos riscos inerentes ao trabalho; o segundo, ao revés, 
contrapõe ao risco o direito ao adicional de remuneração para as atividades 
penosas, insalubres ou perigosas. Mas sabemos que a exposição ao risco é 
intrínseca, pois há certas atividades laborais que são de trabalho penoso, insalubre 
ou perigoso. Por isso é de suma importância que o empregador adéqüe essas 
atividades de acordo com as normas de segurança do trabalho, sendo o empregador 
obrigado a fornecer os equipamentos de proteção individual (EPI), dentre outras 
obrigações. 
Em se tratando de segurança e saúde do trabalhador, é essencial citarmos 
brevemente sobre as Normas Regulamentadoras, conhecidas como NR’s estas, 
regulamentam e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios 
relacionados à segurança e medicina do trabalho. Estão previstas no Capítulo V, 
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do 
Trabalho, foram aprovadas pela Portaria N.° 3.214, 08 de junho de 1978. São de 
observância obrigatória por todas as empresas brasileiras regidas pela CLT. 
Ainda na questão da segurança e saúde ocupacional, o empregador tem 
obrigação de adotar a diligência necessária para evitar os acidentes e doenças 
relacionadas com o trabalho, devendo considerar todas as hipóteses razoavelmente 
previsíveis de danos ou ofensas à saúde do trabalhador.1 
 
A responsabilidade civil do Empregador 
 
Há uma relação civil entre o empregador e o empregado, visto que ambos 
assinaram um contrato conforme mencionado anteriormente, originando assim uma 
responsabilidade contratual, surgindo o dever de indenizar por parte de um dos 
 
1
 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente de trabalho ou doença ocupacional. p. 
149. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Consolida%C3%A7%C3%A3o_das_Leis_do_Trabalho
 
 
contratantes pelo descumprimento de determinada obrigação decorrente do 
pactuado. 
Neste sentido o STF posicionou-se: 
 
Cuida-se, ademais, de responsabilidade civil proveniente de culpa 
contratual e não de culpa aquiliana, eis que a empresa não cumpriu a 
obrigação implícita concernente à segurança do trabalho de seus 
empregados e de incolumidade, durante a prestação de serviços, 
determinando, no caso, como reconheceu o acórdão, ‘a remoção de 
pesadíssima peça sem o equipamento técnico e as cautelas 
necessárias, de sorte que o deslizamento verificado era 
perfeitamente previsível. (RE nº 94.429-0, 1ª Turma, Relator Ministro 
Néri da Silveira; DJU de 15/06/84.) 
 
Com isso o empregador pode responder civilmente pelos danos causados ao 
trabalhador decorrentes das más condições do ambiente de trabalho. 
 
O Código Civil assegura que: 
 
Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
A Responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa 
causa a outra. Em direito, a teoria da responsabilidade civil procura determinar em 
que condições uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofrido por 
outra pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo. A reparação do dano é 
feita por meio da indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode serà 
integridade física, à honra ou aos bens de uma pessoa.2 
VENOSA conceitua ato ilícito em um comportamento voluntário que transgride 
um dever.3 
A responsabilidade civil independe da responsabilidade criminal, se houver 
dúvida referente a culpa do agente, aplica-se o princípio do indúbio pro vítima (na 
dúvida a favor da vítima). 
 
Art.935 do Código Civil: A responsabilidade civil é independente da 
responsabilidade criminal. Na responsabilidade civil se houver dúvida 
 
2
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. p. 247. 
3
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Responsabilidade Civil. p.22 
 
 
quanto à culpa do réu, usa-se o princípio indúbio pro vítima que é 
diferente da responsabilidade penal indúbio pro réu. 
 
A responsabilidade civil, segundo Serpa Lopes, "significa a obrigação de 
reparar um prejuízo, seja por decorrer de uma culpa ou de uma outra circunstância 
legal que a justifique, como a culpa presumida, ou por uma circunstância meramente 
objetiva"4 
A responsabilidade contratual deriva de um contrato entre as partes, no caso, 
empregado e empregador, surgindo o dever de indenizar por parte de um dos 
contratantes pelo descumprimento de determinada obrigação decorrente do 
pactuado. 
Percebe-se que a essência da responsabilidade civil é a reparação de um 
dano, neste caso, quando vier a ser omisso na suas responsabilidades como 
empregador. O empregador deve proporcionar ao empregado um ambiente de 
trabalho adequado de acordo com a atividade que este irá exercer. Quando 
constatado que o empregador não está proporcionando aos seus empregados um 
ambiente de trabalho apropriado para realização dos serviços, pode os órgãos 
fiscalizadores (ex: Delegacia Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, 
Sindicatos Trabalhistas, Promotoria Pública, CREA e Associações de Classe) aplicar 
multas e penalidades cabíveis, as quais podem chegar até - conforme disposto no 
artigo 161 da CLT - a interdição do estabelecimento (ou embargo de uma obra) 
quando for constatado o risco grave e iminente aos funcionários. 
 
Art. 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico 
do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o 
trabalhador, poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, 
máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão, 
tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que 
deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho. 
(Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977). 
 
É importante ressaltar que os acidentes de trabalho e as doenças 
ocupacionais por exemplo, podem ter ocorrido pela má conservação do ambiente de 
trabalho. 
 
4
 LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito Civil. p. 188 
 
 
 As condições inseguras ou falta de segurança no trabalho são os fatores que 
mais provocam acidentes de trabalho.5 
 
2.1 Responsabilidade Civil Subjetiva e Objetiva 
 
No que tange a Responsabilidade Civil, esta pode ser caracterizada em dois 
aspectos: Responsabilidade Civil Subjetiva e Responsabilidade Civil Objetiva. 
A Responsabilidade Civil Subjetiva é pautada na culpa do agente, neste caso 
o agente é o empregador. A culpa se dá pela negligência, imprudência ou imperícia. 
O agente age com dolo quando há intenção. O dolo não se confunde com a culpa, 
este é produzido pela intenção do agente. Dolo é diferente de culpa. 
Diz-se ser subjetiva a responsabilidade quando se inspira na idéia de culpa e 
que de acordo com o entendimento clássico a concepcão tradicional a 
responsabilidade do agente causador do dano só se configura se agiu culposa ou 
dolosamente. De modo que a prova da culpa do agente causador do dano é 
indispensável para que surja o dever de indenizar. A responsabilidade, no caso, é 
subjetiva, pois depende do comportamento do sujeito.6 
Na teoria da responsabilidade subjetiva, a culpa é elemento imprescindível, 
segundo o art.186 do Código Civil cabe à vítima prová-la, cabe a quem alega o ônus 
da prova art. 333, I do CPC. 
Já na Responsabilidade Objetiva independe da culpa, a produção de um dano 
independentemente da vítima provar ou não, surge o dever de indenizar. É pautada 
no risco da atividade que o agente produz. Ex: Art. 927, parágrafo único do Código 
Civil. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, 
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do 
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem. 
 
 
 
5 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. p. 53 
6 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Volume IV. p. 11. 
 
 
Na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador 
do dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre 
o dano experimentado pela vítima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, 
quer tenha este ultimo agido ou não culposamente.7 
Mas agora surge uma dúvida, a responsabilidade civil do empregador 
decorrente do meio ambiente de trabalho, é responsabilidade civil Subjetiva ou 
Objetiva? 
O assunto é polêmico, visto que a teoria da responsabilidade do empregador 
pela reparação dos danos causados ao empregado no acidente de trabalho é 
subjetiva, pois para a referida teoria, a responsabilidade do empregador é sempre 
subjetiva, mesmo onde há atividades de risco, visto que o artigo 7º, XXVIII exige o 
dolo ou culpa do empregador. 
O Jurista Mauro Schiavi8 cita os pensamentos divergentes entre Rui Stocco e 
Rodolfo Pamplona Filho referente a este tema. 
Nesse sentido é a visão de Rui Stocco9, “se a Constituição estabeleceu como 
princípio a indenização devida pelo empregador ao empregado, com base no direito 
comum, apenas quando aquele obrar com dolo ou culpa, não se pode prescindir 
desse elemento subjetivo com fundamento no art. 927, parágrafo único do Código 
Civil”. 
Rodolfo Pamplona Filho10 critica o entendimento acima com as seguintes 
ponderações: 
Todavia, parece-nos inexplicável admitir a situação de um sujeito 
que: 
-por força de lei, assume os riscos da atividade econômica; 
-por exercer determinada atividade (que implica, por sua própria 
natureza, risco para os direitos de outrem), responde objetivamente 
pelos danos causados; 
 
7 Op. Citada. 
8 SCHIAVI, Mauro. Aspectos Polêmicos do acidente de trabalho: Responsabilidade Objetiva 
do Empregador pela reparação dos danos causados ao empregado. Disponível em: 
 
9 STOCCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. p. 606. 
10 FILHO, Rodolfo Pamplona. Responsabilidade Civil nas Relações de Trabalho e o Novo 
Código Civil Brasileiro. p. 38/39. 
 
 
-ainda assim, em relação aos seus empregados, tenha o direito 
subjetivo de somente responder, pelos seus atos, se os 
hipossuficientes provarem a culpa... 
A aceitar tal posicionamento, vemo-nos obrigados a reconhecer o 
seguinte paradoxo: o empregador, pela atividade exercida, 
responderia objetivamente pelos danos por si causados, mas, em 
relação a seus empregados, por causa de danos causados 
justamente pelo exercício da mesma atividade que atraiu a 
responsabilização objetiva, teria um direito a responder 
subjetivamente... 
Desculpe-nos, mas é muito para nosso fígado... 
Demonstrado as opiniões divergentes entre os notáveis doutrinadores, 
também não seria diferente na jurisprudência, conforme demonstrado a seguir: 
 
DANO MORAL. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. INDENIZAÇÃO 
POST MORTEM. FALECIMENTO EM DECORRÊNCIA DE DOENÇA 
PROFISSIONAL. CONTATO COM AMIANTO/ABESTO. A omissão 
da reclamada nocuidado com o meio ambiente seguro de seus 
empregados acarreta o reconhecimento da sua responsabilidade 
objetiva pelos eventos danosos que, na hipótese dos autos, não 
apenas eram presumíveis, mas também evitáveis. As atuais 
preocupações reveladas pela sociedade, no que tange às questões 
correlatas ao meio ambiente, às condições de trabalho, à 
responsabilidade social, aos valores éticos e morais, bem como a 
dignidade da pessoa humana, exigem do empregador estrita 
observância do princípio da precaução. Este princípio informa que 
quando houver ameaça de danos ao meio ambiente seguro e sadio 
do trabalho, a ausência de absoluta certeza não deve ser utilizada 
como meio para postergar medidas eficazes e economicamente 
viáveis para prevenir o dano. Mister, portanto, a adoção de critérios 
de prudência e vigilância a fim de evitar o dano, ainda que potencial. 
Trata-se de uma obrigação de resultado: a prevenção em matéria de 
saúde e segurança no trabalho exige do empregador o dever de 
antecipar e avaliar os riscos de sua atividade empresarial e a 
efetivação das medidas de precaução necessárias. O amianto é uma 
fibra mineral cancerígena e banida em vários países do mundo. 
Dados científicos comprovam amplamente seus efeitos danosos à 
saúde humana. No Brasil, o amianto é tolerado, embora não existam 
limites de tolerância suficientemente seguros para garantir a vida e a 
segurança daqueles que estão em contato diário com o amianto. 
Deste modo, restou comprovado o nexo de causalidade entre a 
conduta do empregador e o resultado danoso de que é vítima o 
trabalhador, configurando-se, pois a responsabilidade civil do 
empregador, que é subjetiva, em face da culpa, pela negligência e 
omissão na manutenção do ambiente de trabalho seguro. Recurso 
de revista não conhecido. 
(RR - 40500-98.2006.5.04.0281 Data de Julgamento: 05/05/2010, 
Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de 
Publicação: DEJT 14/05/2010). 
 
 
 
Percebe-se que o legislador admite que haja responsabilidade objetiva nos 
danos causados ao empregado pelo empregador decorrente ao meio ambiente de 
trabalho, mas como visto neste caso, o mesmo aplicou a responsabilidade civil 
subjetiva para esta lide. 
 
Abaixo segue outra decisão contrária a esse diapasão. 
 
 Acidente do trabalho. Responsabilidade civil do empregador. Teoria do 
risco. Dano decorrente do meio ambiente do trabalho. Dever de 
indenizar, independente de dolo ou culpa. Reconhecimento. 
Inteligência dos arts. 225, § 3º, CF e 927, § único, CC. 
A dignidade da pessoa humana é princípio fundamental da República 
Federativa brasileira (art. 1º, CF). Dentre os direitos fundamentais de 
dignidade do trabalhador insere-se, indiscutivelmente, o de um 
ambiente de trabalho seguro e adequado, capaz de salvaguardar, de 
forma eficaz, sua saúde e segurança. A evolução na dogmática, 
depois de alongados debates e à vista do art. 927 do cc, trouxe para o 
tema a teoria do risco, segundo a qual nos casos em que a atividade 
da empresa implique naturalmente risco aos trabalhadores, é objetiva 
a responsabilidade do empregador pelos danos causados, vez que 
oriundos do meio ambiente do trabalho, dispensando, por isso mesmo, 
comprovação de dolo ou culpa patronal” (Proc. TRT/15ª R nº 02049-
2005-046-15-00-5; Rel. Dês. Luis Carlos Sotero). 
 
Percebe-se que tanto na doutrina quanto na jurisprudência não seguem as 
mesmas correntes de pensamentos nem entre si, com isso surgem decisões 
diversas referente ao mesmo assunto, deixando muitas vezes o trabalhador 
desacreditado na eficácia da aplicabilidade da lei. 
Assim, considerando a redação do § único do art. 927 do Código Civil, bem 
como pelo inciso XXVIII do art. 7º e do § 3º do art. 225 da Constituição Federal e, 
levando em consideração os princípios do Direito do Trabalho, bem como os 
fundamentos da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho (CF, 
art. 1º), considero que seja sim aplicável a responsabilidade objetiva do empregador 
nos casos de acidentes de trabalho decorridos do mau ambiente de trabalho ou em 
atividades de risco. 
Além da responsabilidade por ato próprio, há também alguns casos em que 
alguém deve suportar as conseqüências decorrentes do fato ou ato de terceiro, este 
“terceiro” pode ser os empregados, ou seja, o empregador responde civilmente pelos 
atos dos seus empregados em seu ambiente de trabalho. 
 
 
 
Art.932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e 
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão 
dele (grifados); 
 
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, 
ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos 
praticados pelos terceiros ali referidos. 
 
Percebe-se que o art. 933 CC, assegura que independe da comprovação da 
culpa por parte do empregador para este responder sobre os atos, ou seja, basta 
que o autor (no caso vítima empregado ou seu sucessor) demonstre a culpa do 
acidente ou da doença do trabalho para ficar assim estabelecido o nexo causal. O 
judiciário já possui entendimento pacífico referente à culpa presumida. 
 
Súmula 341 do STF – É presumida a culpa do patrão ou comitente 
pelo ato culposo do empregado ou preposto. 
 
Com isso a responsabilidade pelas agressões ao meio ambiente e pelos 
danos reflexos experimentados por terceiros, entende-se de que se trata da 
modalidade de responsabilidade objetiva. 
 
CF Art. 255, § 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar o dano causado. 
 
Lei 6.938/81 Art. 14, § 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da 
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério 
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de 
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente. 
 
Conclusão 
 
Através deste artigo foi possível constatar que o tema ainda não tem uma 
aplicabilidade uniforme pelos doutrinadores e magistrados, mas pode-se concluir 
que no âmbito dos danos causados à saúde do trabalhador a regra geral é da 
responsabilidade subjetiva (art. 7º, XVIII), entretanto, o direito está em constante 
 
 
evolução e, por uma interpretação adequada, verifica-se que nos acidentes e 
doenças ocupacionais decorrentes de dano ambiental bem como decorrentes de 
atividades de risco, a responsabilidade é objetiva, aplicando-se assim o art. 927 do 
CC. É de suma importância mencionar que a obrigação do empregador com relação 
à prevenção de riscos ambientais não é somente adotar medidas preventivas de 
segurança e fornecer equipamentos de proteção individual aos empregados, mas 
também instruir os mesmos e conscientizá-los da necessidade de se evitar 
acidentes de trabalho, podendo, para tanto, utilizar-se do seu poder disciplinar em 
face do empregado resistente a obedecer às normas de segurança no ambiente de 
trabalho. Como afirma a Súmula 289 do TST “o simples fornecimento do aparelho de 
proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, 
cabendo-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da 
nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo 
empregado”. 
 
Referências Bibliográficas: 
FILHO, Rodolfo Pamplona. Responsabilidade Civil nas Relações de Trabalho e 
o Novo Código Civil Brasileiro. Revista Trabalho & Doutrina n. 28. São Paulo: 
Saraiva, 2003. 
LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito Civil. São Paulo: 1995 
MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São 
Paulo: LTr, 2001. 
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente de trabalhoou 
doença ocupacional. São Paulo: LTR, 2008. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1998. 
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Volume IV. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
SCHIAVI, Mauro. Aspectos Polêmicos do acidente de trabalho: Responsabilidade 
Objetiva do Empregador pela reparação dos danos causados ao empregado. 
Disponível em:. Acessado em 
06 de Novembro de 2011. 
STOCCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: RT, 2004. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas, 2003. 
http://www.lacier.com.br/artigos/aspectos_polemicos.doc

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