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Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 Objetivos 1. Compreender etiologia, fisiopatologia, etiopatogenia, quadro clínico, diagnóstico, diagnóstico diferencial e tratamento da Insuficiência Renal Aguda. 2. Compreender os distúrbios hidroeletrolíticos (sódio e potássio). Causas, quadro clínico, diagnóstico e tratamento. 3. Entender fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento dos distúrbios do equilíbrio ácido básico (acidoses metabólica e respiratória e alcaloses metabólica e respiratória). O grupo AKIN (Acute Kidney Injury Network) define LRA como um aumento abrupto da creatinina sérica de 0,3 mg/dL ou aumento da creatinina sérica > 50%, ou o desenvolvimento de oliguria. Oligúria: débito urinário 400-500 ml/24 horas IRA Anúrica Débito Urináriopois tem um gasto energético maior e recebe menor vascularização. As partes mais suscetíveis são: parte reta do túbulo proximal e a porção ascendente espessa da alça de Henle. A NTA isquêmica na verdade faz parte de um mecanismo contínuo, o paciente com isquemia renal evolui de imediato com azotemia pré-renal. Se ela não for corrigida precocemente, a tendência será a evolução para NTA isquêmica. Porque a NTA cursa com IRA? 1. Feedback tubuloglomerular: a mácula densa recebe mais sódio e cloreto, pela menor reabsorção no túbulo proximal, o que induz vasoconstrição da arteríola aferente. 2. Obstrução do sistema tubular por plugs epiteliais. 3. Vazamento de escórias nitrogenadas pela parede tubular desnuda, como retorno das mesmas ao plasma. Em resumo: 1. Alterações estruturais e bioquímicas; 2. Alterações vasculares e/ou celulares; 3. Vasoconstrição, alteração de função e morte celular, descamação do epitélio tubular e obstrução intraluminal, vazamento transtubular glomerular e inflamação. Ocorre na vigência de obstrução das vias urinárias, que pode ser observada em qualquer nível do trato urinário, porém, no acometimento de ureteres, depende da presença de obstrução bilateral. Etiologia ➔ Obstrução Uretral ▪ Congênita: valva uretral posterior, estenose e fimose. ▪ Estenose iatrogênica por cateter de Foley. ▪ Cálculo Uretral. ➔ Obstrução do Colo Vesical e Uretra Prostática ▪ HPB (causa mais comum), CA de próstata e CA de bexiga. Fisiopatologia Após a obstrução a pressão no interior dos túbulos renais aumenta de maneira súbita com produção inicial excessiva de prostaglandinas pelo parênquima renal e aumento da TFG nas primeiras horas. Essas substâncias promovem a vasodilatação da arteríola aferente, aumentando a pressão hidrostática no tufo glomerular e aumentando a filtração. Depois de 12 a 24 horas de obstrução, ocorre síntese progressiva de substâncias vasoconstrito- ras como angiotensina II que levam a redução da TFG. A obstrução persistente provoca a liberação de substâncias quimiotáxicas que atraem células inflamatórias para o epitélio tubular sob efeito da maior pressão luminal. Resultado: nefrite tubulointersticial crônica e fibrose tecidual provocada pelos monócitos e macrófagos infiltrantes. Quadro Clínico Em geral, os sinais e sintomas são devidos à condição clínica causal, como hipovolemia, insuficiência cardíaca, sepse, e outras, não à injúria renal em si. Nas Azotemias mais graves, aparecem sinais e sintomas de insuficiência renal que compõem a chamada Síndrome Urêmica Aguda, a qual é composta por: 1. Acúmulo de toxinas dialisáveis; 2. Hipervolemia; 3. Desequilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico. Na IRA, para se desenvolver a síndrome urêmica, geralmente a creatinina está acima de 4 mg/dl e a ureia acima de 120 mg/dl. ➔ Hipertensão Arterial; Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 ➔ Edema Pulmonar, Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA); ➔ Distúrbio da hemostasia com sangramentos; ➔ Encefalopatia, crise convulsiva, coma; ➔ Hiper-reflexia, asterixis, mioclônus; ➔ Síndrome das pernas inquietas, neuropatia periférica; ➔ Distúrbios eletrolíticos e acidobásico; ➔ Náuseas, vômitos, diarreia e soluços incoercíveis; ➔ Pericardite e tamponamento cardíaco. Manifestações Cardiopulmonares: causados pela hipervolemia aguda, geram HAS, Edema Agudo de Pulmão e Edema Periférico. A HAS é encontrada na IRA oligúrica ou anúrica e pode ser grave e refratária ao tratamento medicamentoso, só respondendo à diálise. A retenção hidrossalina também promove congestão e edema pulmonar cardiogênico, levando à dispneia, ortopneia ou até insuficiência respiratória, as toxinas urêmicas podem aumentar a permeabilidade capilar pulmonar, levando a um componente não cardiogênico de edema pulmonar do tipo SDRA (pulmão urêmico). Manifestações Hematológicas: a uremia aguda cursa com um distúrbio da hemostasia devido à disfunção plaquetária. As plaquetas no paciente urêmico têm menor capacidade de adesão e agregação, com maior tempo de sangramento, disfunção do fator de von willebrand (adesão plaquetária ao colágeno) e depleção do fator III. Como consequência, há maior predisposição ao sangramento. Manifestações Neurológicas: A encefalopatia urêmica aguda caracteriza-se pelo estado de confusão mental, agitação psicomotora, associado à mioclonia (abalos musculares repetitivos), asterixis, hiper-reflexia tendinosa e sinal de Babinski bilateral. O quadro pode evoluir para crise convulsiva tônico-clônica, torpor, coma e óbito por edema cerebral grave. A irritação do nervo frênico propicia o aparecimento de soluços incoercíveis, comuns na uremia aguda. Melhoram com a diálise. Manifestações Gastrointestinais: A uremia provoca inflamação nas mucosas e disfunção na motilidade. Surgem então sintomas como: anorexia, náuseas e vômitos (como consequência à gastroparesia), diarreia ou íleo metabólico. Distúrbios Hidroeletrolíticos e Acidobási- cos: Hipercalemia: se dá pela redução da excreção renal de potássio. A causa que mais eleva o potássio sérico é a rabdomiólise pela liberação maciça deste eletrólito a partir do músculo lesado. Pode levar à parada cardiorrespiratória por fibrilação ventricular ou assistolia. Hiponatremia: devido à retenção de água livre maior do que a retenção de sódio. Se for grave, NA vômitos e poliúria, ou não tão evidente, como na pancreatite aguda, ascite, trauma muscular, hemoperitônio e hemotórax. URINA EAS Pré-Renal: sem proteinúria ou hematúria, contendo apenas cilindros hialinos em quantidades variadas. Bioquímica Urinária: se antes da administração de diuréticos tem-se Sódio Urinário baixo; Osmolaridade Urinária alta; Densidade Urinária Alta; Relação de Creatinina Alta; Fração Excretória de Sódio Baixa e Fração Excretória de Ureia Baixa. Paciente agudamente Anúrico ou com flutuação do débito urinário é indicativo de obstrução urinária. Como a HPB é causa comum, no exame físico pode ter uma bexiga distendida palpável (bexigoma), associada a um aumento da próstata no toque retal. Conduta Imediata: cateterismo vesical com cateter de Foley (se HPB). Em casos duvidosos: exame inicial é USG de rins e vias urinárias que é capaz de detectar hidronefrose em cerca de 98% dos casos. Hidronefrose + bexiga vazia aponta para o diagnóstico de obstrução ureteral. URINA EAS Pós-Renal: hematúria e/ou piúria, porém a presença de cilindros celulares não é esperada. Tratamento Seu diagnóstico é feito por exclusão dos outros dois. A diferenciação entre os diversos tipos de nefropatia intrínseca aguda deve ser feita pelos sinais clínicos e pelos exames laboratoriais, incluindo o exame de urina. Vasculites sistêmicas, colagenoses, leptospirose e ateroembolismo por colesterol apresentam-se com manifestações características, levando ao diagnóstico com facilidade. Rabdomiólise impõe-se no paciente com história de algum fator precipitante como politrauma ou isquemia muscular com elevação dos níveis séricos de creatinofosfoquinase e aldose. Deve pesquisar também o uso de medicamentos nefrotóxicos como aminoglicosídeos, anfotericina B, aciclovir, ciclosporinas, cisplatina e casos de intoxicações. URINA EAS Renal: o encontro de cilindros granulosos pigmentares (“cilindros marrons” é muito sugestivo de NTA. Cristais pleomórficos de oxalato estão presentes na intoxicação por etilenoglicol. Fração Excretória de Sódio: Representa o percentual de sódio filtrado que é efetivamente excretado na urina. Fração Excretória de Ureia: usada para pacientes que já fizeram uso de diuréticos, no lugar da Fração excretória de sódio. Biópsia Renal: em geral, não é necessária, sendo usada apenas para os casos em que não se consegue Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 definir o tipo de injúria renal intrínseca através de outros métodos complementares. TRATAMENTO Depende do tipo fisiopatológico. Visa a otimização do fluxo sanguíneo renal. Devemos suspender drogas como AINE ou Inibidores da ECA. Repor cristaloides é o tratamento inicial de escolha para os estados hipovolêmicos. Nas situações em que é decorrente da diminuição do volume sanguíneo efetivo, como na insuficiência cardíaca, orienta-se a terapêutica pela fisiopatologia da doença desencadeante. Como a causa é obstrução, a primeira conduta deve ser desobstruir a via urinária, com cateter de Foley no caso da HPB, se não for possível, fazer citostomia. Se obstrução ureteral e houver hidronefrose, um cateter duplo J pode ser inserido no ureter por via transuretral ou transpiélica, se não for possível, nefrostomia percutânea. Se houver cálculos obstrutivos, estes devem ser removidos. Prevenção da NTA: manutenção do estado euvolêmico. A dose de qualquer fármaco nefrotóxico deve ser corrigida na vigência de disfunção renal e só deve ser mantida se necessário. Pacientes com alto risco para nefrotoxicidade por contraste iodado devem receber hidratação venosa antes e depois do exame radiológico. Tratamento da NTA: devemos otimizar a volemia e o estado hemodinâmico do paciente. Proscrito: dopamina em dose renal, pois não há benefício no uso. Diuréticos de Alça (Furosemida): usados para tratar a hipervolemia e facilitar a manipulação do balanço hídrico, ao transformas uma IRA oligúrica em IRA não oligúrica, quando administrados nas primeiras 24 a 48 horas do início da NTA isquêmica. Dose de Ataque: 100 a 200 mg. Dose de Manutenção: apenas para os que respondem ao diurético, 0,3 a 0,6 mg/kg/h por infusão contínua em bomba infusora. Suporte Nutricional: para reduzir o hipercatabolismo, devendo fornecer 25 a 30 kcal/kg/dia. A maior parte dessas calorias é na forma de carboidratos e proteínas com alto valor biológico (sem desvio para a síntese de escórias nitrogenadas). Restrição de sódio, potássio e fosfato. Proteínas: 0,8 a 1g/kg/dia (tratamento conservador e não dialítico) ou 1 a 1,7 g/kg/dia para pacientes graves e em hemodiálise. Controle Hidroeletrolítico e Acidobásico: a hipercalcemia grave com alteração eletrocardiográfica deve ser tratada com gluconato ou cloreto de cálcio (efeito cardioprotetor) e glicoinsulinoterapia (10 U de Insulina + 100 ml de glicose 50%). O bicarbonato de sódio pode ser administrado na dose de 50 mEq para ajudar na correção da hipercalcemia e da acidose. OBS.: Cuidado com Bicarbonato de Sódio em dois casos, hipocalcemia grave (risco de tetania) e muito hipervolêmico (risco de edema pulmonar). Hiperfosfatemia: quelantes enterais de fosfato como o hidróxido de alumínio ou carbonato de cálcio ou sevelamer. Hiponatremia: restrição de água livre. ➔ Síndrome Urêmica Inquestionável (encefalopatia, hemorragia e pericardite); ➔ Hipervolemia Grave Refratária (HAS, edema pulmonar); ➔ Hipercalemia Grave Refratária ou Recorrente; ➔ Acidose Metabólica Grave Refratária ou Recorrente; ➔ Azotemia Grave: ureia > 200 ou creatinina > 8- 10. Concentração de sódio, no soro, inferior a 136 mEq/L. É associada com diferentes doenças e, quase sempre é resultado de retenção hídrica, ou seja, hiponatremia = excesso de água no organismo. Ela expressa, na maioria das vezes, o estado hipo- osmolar ou hipotônico, definido por Osmolaridade efetica 40 mEq/L Diuréticos tiazídicos; síndrome cerebral perdedora de sal (CSWS); hipoaldosteronismo (perdas renais) Hiponatremia hipervolêmica ICC; Cirrose hepática; Insuficiência renal Hiponatremia normovolêmica com diurese hipertônica - Osm urinária > 100 mOsm/L - Na+ > 40 mEq/L Hipotireoidismo; Insuficiência suprarrenal; Síndrome de antidiurese inapropriada (SIAD) Hiponatremia com diurese hipotônica - Osm urináriaágua livre. Hipoaldosteronismo: a deficiência de aldosterona provoca o déficit de reabsorção de sódio, a perda de sódio na urina induz hipovolemia, que estimula a secreção de ADH. Hiponatremia Hipervolêmica: cursam com aumento da água corporal com edema. As causas comuns são a Insuficiência Cardíaca Congestiva e a Cirrose Hepática, elas promovem redução do volume circulante efetivo, a hipovolemia “relativa” induz a secreção de ADH. Na insuficiência renal, a queda na taxa de filtração glomerular abaixo de 10-20% predispõe à hiponatremia, seja na insuficiência renal aguda ou crônica. A explicação é que uma maior quantidade de solutos tem que ser excretada por cada néfron funcionante, o que compromete a capacidade de diluição urinária (capacidade de eliminar água livre). Hiponatremia Normovolêmica com Diurese Hipertônica: há uma incapacidade de excretar água livre, secundária à hipersecreção de ADH. Hiponatremia Normovolêmica com Diurese Hipotônica: aqui o distúrbio primário pode ser tanto o influxo de soluções hipotônicas quanto a baixa ingestão de solutos. Quadro Clínico As principais manifestações da hiponatremia resultam do volume celular alterado. A pressão intracraniana aumenta exponencialmente com redução de apenas 10% na osmolaridade plasmática, portanto, as manifestações clínicas cardinais da hiponatremia hipo-osmolar são secundárias ao edema do sistema nervoso central. Podem ser: ➔ Náuseas e Vômitos; ➔ Mudanças Comportamentais; ➔ Diminuição do Nível de Consciência com avanço para o Coma; ➔ Convulsões. Diagnóstico História Clínica: se há algum fator causador de hiponatremia, se está desidratado, por exemplo. Bioquímica Urinária: sódio urinário, mensuração da osmolaridade urinária e densidade Urinária. Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 Tratamento Hiponatremia Hipovolêmica: soro fisiológico 0,9%, para restaurar a volemia do paciente, reduzindo o estímulo à secreção hipotalâmica de ADH e o paciente readquirindo a capacidade renal de excretar água livre quase imediatamente. Hiponatremia Crônica “Assintomática”, Normovolêmica ou Hipervolêmica: primeiro identificar os fatores etiológicos removíveis, como medicamentos que devem ser suspensos ou substituídos, insuficiência suprarrenal e hipotireoidismo devem receber reposição hormonal específica. OBS.: medicamentos como inibidores de recaptação de serotonina, anticonvulsivantes como a carbamazepina e diuréticos tiazídicos. Se o Paciente estiver assintomático do ponto de vista neurológico, a conduta básica para corrigir a hiponatremia crônica será a restrição hídrica (exceto nos casos de hiponatremia hipovolêmica, onde o tratamento envolve reposição hidrossalina). Como definir quanto de restrição hídrica? A partir da relação: (sódio + potássio na urina) sódio plasmático ➔ Se, > 1, recomenda-se restriçãosolução é usar soro glicosado 5% ou salina hipotônica (0,2% ou 0,45%). Déficit de água (L): ➔ Homem: 0,5 × Peso × ( Na do Paciente Na desejado ) − 1; ➔ Mulher: 0,4 × Peso × ( Na do Paciente Na desejado ) − 1. Acrescenta-se ainda a reposição das perdas insensíveis normais que é cerca de 10 ml/kg/dia pois tais perdas podem agravar ou dificultar a correção da hipernatremia. Perda: por água livre ou por fluidos hipotônicos? No primeiro caso faz a reposição com soro glicosado 5% (tomar cuidado com pacientes diabéticos que podem ficar hiperglicêmicos e precisarem de insulinoterapia). No segundo caso faz soro fisiológico 0,9% em bolus até a correção do volume circulante efetivo, mas na ausência de instabilidade hemodinâmica, usar a salina hipotônica 0,2% ou 0,45%. Hipernatremia Aguda Sintomática: devemos baixar a natremia a uma taxa máxima de 10 mEq/L em 24 horas. Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 Quando o nível no soro de K 30 mEq/L fala a favor de hipocalemia por perda renal. É importante Repor o Potássio e Procurar a Etiologia para trata-la. Algumas causas de hipocalemia são facilmente detectadas, tais como poliúria, baixa reposição de potássio, vômitos, diarreia, uso de diuréticos, insulina, beta-2- agonistas e hidrocortisona. Causas "ocultas" podem ser o uso de laxativos, a hipomagnesemia, hiperaldosteronismo primário e as síndromes genéticas. Tratamento É feito, de preferência, com Cloreto de Potássio (KCl), pois o cloreto “prende” o potássio no líquido extracelular de modo a manter o equilíbrio. ➔ Se houver Hipofosfatemia Associada: usar fosfato ácido de potássio (K2H2PO4). ➔ Se houver Acidose por diarreia ou acidose tubular renal: opta-se por bicarbonato ou citrato de potássio. OBS.: Esses Outros sais só devem ser usados nesses casos específicos. Via de Administração: de preferência via oral pois o potássio é absorvido pela mucosa gastrointestinal (xarope de KCl a 6% ou comprimidos de Slow-K). A via venosa deverá ser utilizada em 3 circunstâncias: intolerância gastrointestinal, perdas gastrointestinais importantes como vômitos, diarreia e fístulas e hipocalemia grave. Quanto é o total a ser reposto? É empírico, de acordo com a calemia inicial do paciente. Se quadro: ➔ Leve/Moderado (K entre 3-3,5 mEq/L) – reposição VO entre 40 a 80 mEq/dia. ➔ Grave (K 5,5 mEq/L. Insuficiência Renal: está entre as causas mais comuns e mais preocupantes da hipercalemia. Na falta de diálise, alguns destes pacientes podem evoluir para parada cardíaca por efeito direto dos altos níveis plasmáticos de potássio sobre o coração. O indivíduo normal possui uma defesa bastante eficaz contra a sobrecarga de potássio. A calemia se eleva apenas de forma leve e transitória, pois o excesso de potássio plasmático é rapidamente "tamponado" para o interior das células, por ação da Na/K-ATPase da membrana celular. Este influxo fisiológico de potássio é estimulado por dois hormônios reguladores: insulina e adrenalina. Após 6-8h o aumento da produção de aldosterona estimula a excreção renal de potássio. Quando a ingestão de potássio aumenta paulatinamente, o rim consegue aumentar bastante sua capacidade de excreção (de 50 mEq/dia para 400 mEq/dia), devido ao efeito da aldosterona sobre o néfron distal, que se torna hipertrofiado. Quadro Clínico Podem ser frequentemente assintomáticas, porém, elevações agudas e proeminentes do potássio sérico costumam causar consequências clínicas potencialmente graves. Tecidos Afetados: cardíaco e muscular esquelético. Eletrocardiograma: possui um padrão progressivo de alterações, de acordo com a gravidade e a rapidez de instalação da hipercalemia. ➔ Diminuição do intervalo QT, associada a uma onda T alta e apiculada – repolarização ventricular precoce. ➔ Aplainamentoda onda P e alargamento do QRS - lentificação da condução miocárdica. ➔ Desaparecimento da onda P – ritmo semelhante a um ritmo idioventricular sem atividade miocárdica atrial (ritmo sinoventricular). O sistema de condução do coração e o miocárdio passam por um estado de hipocondutividade, predispondo a bloqueios cardíacos e bradiarritmias. Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 Arritmias mais frequentes: fibrilação ventricular, bradiarritmias e bloqueios e assistolia. Músculos: pode haver paresia ou paralisia muscular esquelética, sendo os mais afetados os dos membros inferiores, a musculatura respiratória costuma ser poupada. Causas ➔ Administração de Excesso de Potássio; ➔ Insuficiência Renal Aguda (IRA): geralmente está associada à Insuficiência Renal Oligúrica. O estado hipercatabólico desses pacientes estimula a liberação de potássio das células. ➔ IRA Pré-Renal: baixo fluxo tubular distal reduz a secreção de potássio. ➔ Insuficiência Renal Crônica (IRC): Graças à inibição da Na/K-ATPase pela uremia, esses pacientes podem desenvolver hipercalemia grave se receberem uma carga aguda de potássio. Quando o clearance de creatinina cai a baixo de 10 m l/min, o indivíduo passa a reter potássio, evoluindo com hipercalemia progressiva. ➔ Acidose Metabólica: como sabemos, para cada sódio reabsorvido no túbulo coletor, 1 K+ ou 1 H+ é secretado. Estando em excesso, o H+ será secretado no lugar do potássio, que então será retido nos estados de acidose. ➔ Drogas Retentoras de Potássio: os diuréticos poupadores de potássio agem no túbulo coletor, inibindo a reabsorção de sódio e a secreção de potássio e H+. Os inibidores da ECA, os antagonistas da angio II e a heparina provocam um hipoaldosteronismo leve predispondo à hipercalemia. Os anti-inflamatórios (AINE), o trimetoprim e a pentamidina em altas doses, além da ciclosporina, também podem reter potássio. ➔ Outras causas: Hipoaldosteronismo Hiporreni- nêmico, Pseudo-Hipoaldosteronismo, Síndrome de Gordon. ➔ Hiperosmolaridade: a hiperosmolaridade plasmática (causada por hipernatremia ou hiperglicemia grave) possui um efeito hipercalêmico direto devido à saída de líquido das células para o extracelular, concentrando o potássio intracelular que, portanto, também tende a sair da célula. Em média, para cada 10 mOsm/L de aumento da osmolaridade plasmática, a calemia se eleva em 0,6 mEq/L. A depleção de insulina contribui para a hipercalemia nos estados hiperosmolares diabéticos, como na cetoacidose e na síndrome osmolar não cetótica. ➔ Exercício Físico Extenuante: durante um exercício muscular, ocorre ativação dos canais de potássio da membrana e há saída deste íon para o interstício local. O potássio contribui para a resposta vasodilatadora muscular, necessária ao exercício físico. Contudo, um exercício prolongado e extenuante pode levar a uma perda muscular de potássio tão grande a ponto de causar hipercalemia, eventualmente chegando a 6,0 mEq/L. Se o indivíduo estiver em uso de betabloqueadores, a calemia pode se elevar ainda mais. ➔ Acidose Metabólica: na acidemia, o H+ entra na célula para ser tamponado e em troca sai K+. Em média, para cada 0,1 ponto de queda no pH, a calemia aumenta 0,5 mEq/L. ➔ Outras causas: Rabdomiólise, Hemólise Maciça, Drogas (betabloqueadores – inibem a ação da adrenalina sobre os receptores beta-2, tornando o paciente propenso à hipercalemia), Paralisia Periódica Hipercalêmica. Diagnóstico Presença de Oligúria com ou sem insuficiência renal importante é um fator bastante comum relacionado à hipercalemia. O diagnóstico de supostas causas de hipercalemia deve ser feito pelo quadro clinicolaboratorial inicial: hipernatremia, síndrome hiperosmolar diabética, politrauma, tétano, rabdomiólise, uso de drogas que retêm potássio ou promovem o seu efluxo celular, hemotransfusão, hemólise intravascular, acidose metabólica. Tratamento O manejo da hipercalemia inclui: 1. Estabilizar as membranas excitáveis com cálcio intravenoso (gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio). Não reduz a calemia, mas é importante para proteger as fibras cardíacas contra a hipercalemia. O aumento dos níveis de cálcio ativa os canais de sódio inibidos pela hipercalemia revertendo os distúrbios da eletrofisiologia cardíaca. Contraindicação: intoxicação digitálica pois o cálcio aumenta a toxicidade cardíaca dos digitálicos. Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 2. Promover a captação celular de potássio com insulina, bicarbonato de sódio ou agonistas beta-2-adrenérgicos. A insulina promove o influxo celular de potássio por ativar a Na/K-ATPase da membrana celular. Para evitar a hipoglicemia, devemos associar glicose hipertônica na proporção 5:1 em caso de paciente normoglicêmico. Bicarbonato de Sódio: alcaliniza o plasma, promovendo a entrada de potássio nas células em troca da saída de H+. Beta-2-Agonistas: estimulam a entrada de potássio nas células pela ação nos receptores beta-2- adrenérgicos. Terapia de Manutenção Retirar a reposição de potássio, além de restringir o potássio da dieta. 3. Promover a perda renal de potássio com diuréticos de alça como furosemida para aumentar a perda calêmica na urina (Pressupondo fluxo urinário normal). 4. Nos pacientes oligúricos refratários à furosemida e naqueles oligoanúricos com insuficiência renal, a conduta deve ser a utilização de uma resina de troca, administrada por via enteral durante as refeições. A resina não é absorvida pela mucosa gastrointestinal e promove a secreção intestinal de K+ em troca da absorção de outro cátion, como o Na+ ou o Ca2+ [Poliestirenossulfonato de cálcio (Sorcal)]. 5. Diálise - indicada em duas situações: 5.1. Quando o paciente não estiver urinando; 5.2. Quando a hipercalemia for grave e refratária às medidas convencionais. OBS.: A Hemodiálise é mais rápida e eficaz. O Principal mecanismo fisiopatológico que modifica o equilíbrio ácido básico é a isquemia tecidual. Uma queda acentuada da perfusão tecidual impede a chegada de O2 e nutrientes para as células, assim como a retirada de CO2 e toxinas provenientes do metabolismo. O acúmulo de CO2, ácido láctico (formado pelo metabolismo anaeróbio) e outras substâncias ácidas pouco conhecidas leva à redução progressiva do pH intracelular, juntamente à perda das reservas de energia celular (ATP). Os distúrbios acidobásicos metabólicos são definidos pela alteração primária dos níveis de bicarbonato, enquanto os distúrbios acidobásicos respiratórios são definidos pela alteração primária dos níveis de 𝐂𝐎𝟐. ➔ pH normal é 7,35-7,45. Para preservação das funções celulares, variações de pH devem ser corrigidas através: 1. Sistema tampão [instantâneo]; 2. Componente respiratório [minutos]; 3. Componente renal [horas a dias]. ➔ Sistema tampão: são substâncias capazes de doar ou receber íons hidrogênio (atenuando variações de pH). Os principais são: bicarbonato, proteínas plasmáticas e intracelulares, hemoglobina, ossos. Após 2-3h, as células e os ossos passam a contribuir para o tamponamento nos distúrbios acidobásicos. As células e os ossos podem captar ou liberar H+, para auxiliar os tampões extracelulares a evitar grandes desvios do pH. Para isso, o H+ é trocado por outros íons, como o Na+ e o K+. Dentro das células, as proteínas e o fosfato são as principais substâncias com poder tampão. Nos ossos, a captação contínua de H+ se dá à custa da degradação progressiva do fosfato de cálcio (mineral ósseo), levando à desmineralização óssea. ➔ Controle respiratório: quando há ↑ de H+, este se combina com bicarbonato e forma ácido carbônico, que se dissocia em água e CO2 (rapidamente eliminado pelos pulmões). ➔ Ventilação Alveolar: ↑ de 𝐇+, há estímulo do centro respiratórioe hiperventilação; se há ↓ 𝐇+, há inibição e hipoventilação. ➔ Controle renal: é realizado através da (1) reabsorção do bicarbonato filtrado; (2) regeneração do bicarbonato através da excreção de H+ ligado a tampões (AT) e na forma de amônio (NH4). Definida por um HCO3 7,20. Nos casos de acidose metabólica grave refratária ou recorrente, está indicada a diálise. Cuidado com a hipocalcemia: a reposição de NaHCO3 pode precipitar uma tetania, ao reduzir a cálcio ionizado. BICARBONATO VENOSO: indicado na acidose metabólica grave, quando o pH plasmático ≤ 7,20 ouacarretar: 1. Arritmias Ventriculares Graves; 2. Choque por Vasodilatação Excessiva; 3. Depressão Miocárdica; 4. Hipossensibildade Miocárdica e Vascular às Catecolaminas. Déficit de Bicarbonato: HCO3 Desejado = 0,38 x PaCO2 Déficit de HCO3 (mEq) = 0,5 x peso x (HCO3 desejado – HCO3 atual). Complicações: Edema Agudo de Pulmão, Hipernatremia, Redução do Cálcio Ionizado, Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 Redução do pH intracelular, acidose liquórica paradoxal. Definida por um HCO3>26 mEq/L e um pH > 7,45. Associa-se frequentemente à hipocalemia e uma coisa perpetua a outra, ou seja, a alcalose leva à hipocalemia e a hipocalemia leva à alcalose metabólica. Fisiopatologia A alcalose metabólica surge quando existe perda de H+ para as células ou para o meio externo. É sinônimo de retenção de bicarbonato. Os rins eliminam bicarbonato por não reabsorverem uma parte do bicarbonato filtrado no néfron proximal. Quando a concentração de HCO3 no plasma excede 28 mEq/L, já existe bicarbonatúria. Fatores que perpetuam a alcalose metabólica: hipovolemia e depleção de cloreto. Na hipovolemia o néfron está ávido para reabsorver sódio, como a reabsorção de bicarbonato está atrelada à reabsorção de sódio, mais bicarbonato é reabsorvido. A hipocalemia é uma condição de extrema importância quando falamos de alcalose metabólica. No néfron distal (em especial, no túbulo coletor), o sódio é reabsorvido em troca da secreção de potássio e H+. Na hipocalemia, há pouco potássio para ser secretado, logo o H+ é secretado em seu lugar assim que o sódio é reabsorvido. O resultado é a perda urinária de H+, levando à alcalose. Por outro lado, na alcalose metabólica, há pouco H+ para ser secretado, portanto o K+ é secretado em seu lugar quando o sódio é reabsorvido. O resultado é a perda urinária de potássio, levando à hipocalemia. Quadro Clínico Na maioria das vezes, sinais e sintomas da doença de base dominam o quadro clínico. Não há sintomas ou sinais patognomônicos. ➔ Pode haver os sintomas gastrointestinais (vômitos), os de hipocalemia (fraqueza/ paralisia muscular, distensão abdominal, íleo paralítico, arritmias cardíacas, poliúria e aumento da produção de amônia). ➔ Complicações: elevado risco de intoxicação digtálica, intervalo QT prolongado, onda U. ➔ Pode haver vasoconstrição cerebral (hipocapnia), levando a cefaleia, convulsões, letargia, delirium e estupor. Diagnóstico Existem quatro grandes grupos de causas de alcalose metabólica. Basicamente, é útil seguir os seguintes passos na abordagem diagnóstica das alcaloses metabólicas: 1. História clínica detalhada, especialmente com relação à história medicamentosa recente, uso de álcalis, presença de diarreia ou vômitos; 2. Dosagem do cloro sérico e avaliação do estado volêmico do paciente; 3. Dosagem do cloro urinário. O cumprimento desses três passos vai direcionar para um dos quatro grandes grupos diagnósticos, baseados na origem da alcalose e na resposta ou não a cloretos: Alcaloses extrarrenais responsivas a cloreto; renais responsivas a cloreto; extrarrenais não responsivas ao cloreto e renais não responsivas a cloreto. ALCALOSES METABÓLICAS EXTRARRENAIS RESPONSIVAS A CLORETO Consequências de estados que induzem a perda de cloreto em secreções do tubo digestivo, exteriorizadas, normalmente, por vômitos ou drenagem nasogástrica e, menos comumente por algumas causas de diarreia. Exame Físico: paciente com sinais de depleção volêmica. Laboratório: hipocloremia e o cloro urinário diminuído ( 20 mEq/L. Causa comum: uso de diuréticos. Diuréticos Tiazídicos e de alça agem antes do túbulo coletor e levam à hipocalemia e à Beatriz Guimarães Junqueira – ASE13P04 – 2019.2 alcalose metabólica ao inibirem a reabsorção de sódio na alça de Henle ou túbulo contorcido distal, aumentam a chegada de sódio ao coletor. Mais sódio chegando, mais sódio é reabsorvido e então mais potássio e H+ são secretados e eliminados pela urina. Outras causas: síndrome de Bartter e de Gitelman, Alcalose Pós-Hipercapnia Crônica. ALCALOSES METABÓLICAS EXTRARRENAIS NÃO RESPONSIVAS A CLORETO Alcaloses devidas ao uso de bases como o citrato ou bicarbonato, ao excesso de cátions circulantes (acetato) ou a depleção de ânions (albumina). Essas situações estimulam a retenção compensatória de bicarbonato para manter o gradiente eletroquímico para evitar eletropositividade plasmática. O metabolismo do cloreto não é afetado, logo não há hipocloremia, nem hiperexcreção urinária desse íon. Causas: hemotransfusão maciça, síndrome leite-álcali, administração exógena de NaHCO3 (alcalose iatrogênica). ALCALOSES METABÓLICAS RENAIS NÃO RESPONSIVAS A CLORETO Alcaloses metabólicas com origem no túbulo coletor. Nesses pacientes ocorre um estímulo à secreção de H+ nesses túbulos, mediado por ação direta da aldosterona ou por hipocalemia ou pela presença de ânions não reabsorvíveis. Causas: hipocalemia, hiperaldosteronismo primário, síndrome de liddle, hipertensão renovascular, síndrome de Cushing, excreção de ânions tituláveis. Tratamento Por que tratar? Porque pode predispor a distúrbios mais graves como a hipocalemia e pode gerar as seguintes consequências: 1. Vasoconstrição Cerebral – Confusão Mental, convulsões, torpor; 2. Excitabilidade Cardíaca – Arritmias; 3. Excitabilidade Neuromuscular – Tetania e Parestesias; 4. Hipoventilação Pulmonar (Compensatória); 5. Aumento da produção de Lactato – Aumento discreto do ânion-gap; 6. Redução do Cálcio Ionizado – Tetania, convulsões e parestesias; 7. Precipitação da Encefalopatia Hepática - é decorrente do acúmulo plasmático de amônia, devido à perda da função hepática. Na alcalose, forma-se mais amônia no plasma, a partir do amônio e a amônia, por ser lipofílica, é capaz de passar a barreira hematoencefálica. Como tratar? Na prática, o tratamento envolve permitir o rim do paciente eliminar o excesso de bicarbonato (3 a 5 dias). Nas alcaloses que cursam com depleção de volume e cloreto, para que o rim elimine o excesso de bicarbonato, temos que garantir três coisas ao nosso paciente: 1. Mantê-lo euvolêmico; 2. Mantê-lo normocalêmico; 3. Corrigir a depleção de cloreto. Para isso, utiliza-se SF 0,9%, associado à reposição (oral ou venosa) de KCl. Definida por uma PCO2 > 45 mmHg e pH2019.2 Há um reajuste do centro respiratório para manter uma PCO2 mais alta, bem como um distúrbio grave da troca gasosa pulmonar, levando ao aumento do espaço morto pulmonar (áreas ventiladas e não perfundidas) e contribuindo para hipoventilação alveolar crônica. O centro respiratório desses pacientes está hipossensível à PCO2 e hipersensível à hipoxemia (queda da PO2 ). Por ser lento e progressivo, o aumento da PCO2 é eficazmente compensado pela retenção renal de HCO3, uma espécie de alcalose metabólica compensatória, que provoca um aumento do Base Excess (BE) na gasometria. Quadro Clínico ➔ Diferença clínica se o aumento é gradual ou abrupto. No gradual, desconforto é menor. ➔ Pode causar confusão mental, tremor do tipo flapping e coma. ➔ Único sinal clínico fidedigno é 𝐏𝐂𝐎𝟐 elevada no sangue. Tratamento O paciente costuma evoluir com a síndrome da carbonarcose. O CO2 é um potente vasodilatador cerebral e quando seus níveis plasmáticos se tornam agudamente altos, o pH liquórico e cerebral caem vertiginosamente, dilatando os vasos cerebrais. O paciente evolui em poucos minutos com alteração do sensório (confusão mental, agitação, convulsões, torpor, coma), papiledema e distúrbios hemodinâmicos (choque, arritmias ventriculares malignas, PCR). O tratamento efetivo da acidose respiratória aguda deve ser a pronta intubação traqueal e ventilação mecânica, trazendo-se a 𝐏𝐂𝐎𝟐 para o valor normal ou prévio e, principalmente, o pH para a faixa normal. Não precisa ser tratada, quando no estado compensado. A conduta visa apenas o tratamento da doença de base. Quando estes pacientes descompensam, entram em acidose respiratória aguda (na verdade, crônica agudizada) e devem sempre ser intubados se houver alteração do sensório, fadiga respiratória ou pH 7,45. Ocorre quando há redução de CO2 no organismo (hipocapnia) como resultado de uma hiperventilação alveolar. Fisiopatologia Geralmente é decorrente de uma hiperventilação psicogênica por crise de ansiedade ou angústia ou então de uma patologia pulmonar aguda – crise asmática, pneumonia, tromboembolismo pulmonar – mas também pode ser causada por intoxicação por salicilatos e insuficiência hepática aguda. Devido a um fator que está estimulando continuamente o centro respiratório – sepse por Gram-negativos, insuficiência hepática, doenças do SNC que comprometem o diencéfalo, mesencéfalo ou ponte, hipertireoidismo. Na alcalose respiratória crônica, o rim elimina mais bicarbonato, na tentativa de compensar o pH. A perda de HCO3 leva a um Base Excess (BE) mais negativo. QUADRO CLÍNICO E Tratamento O tratamento da alcalose respiratória aguda deve ser rápido, pois este distúrbio leva de forma instantânea à vasoconstrição cerebral e à síndrome do hipofluxo cerebral. Pode haver alteração do sensório (confusão mental, agitação, convulsões, torpor, coma), principalmente nos idosos e cerebropatas que possuem uma baixa reserva vascular cerebral. A tetania pode ser desencadeada pela redução do cálcio ionizado. Podem surgir parestesias periorais e das extremidades. A princípio, o tratamento é voltado à causa básica – ansiedade, depressão, sepse, crise asmática, TEP. O uso de bolsas coletoras de ar é necessário nos casos graves e refratários. O paciente exala o ar na bolsa e inspira uma fração do ar exalado, rico em CO2. Se estiver em ventilação mecânica, podemos aumentar o espaço morto, aumentando o circuito do respirador.