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1 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 2 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 3 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino Revisão Ortográfica: Águyda Beatriz Teles PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 6 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Ludmila Douettes 7 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade analisará a execução no direito processual civil, tanto como ação autônoma quanto como fase processual. No primeiro capítulo, será estudada a teoria geral da execução, conferindo aten- ção a aspectos comuns das execuções processuais civis e apontando os principais traços distintivos das modalidades executivas. No segun- do capítulo, serão estudados os procedimentos de cumprimento de sentença e de ação de execução para as modalidades de obrigação previstas no CPC – de pagar quantia certa, de fazer ou não fazer, de entregar coisa, de pagar prestação de alimentos e contra a Fazenda Pública –, bem como a defesa nas vias executivas, analisando a im- pugnação ao cumprimento de sentença, os embargos à execução e as exceções de pré-executividade. No terceiro capítulo, volta-se para a análise da penhora, da avaliação e da expropriação de bens, inclusive no que se refere às impenhorabilidades. O objetivo desta unidade é permitir ao profissional do direito uma ampla compreensão da execu- ção no direito processual civil e, especialmente, de sua importância para a efetividade processual. Direito Processual Civil. Cumprimento de Sentença. Processo de Execução. Defesa em Vias de Execução. Penhora e Expropriação de Bens. 9 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 12 49 14 A Fase Executória ______________________________________________ Disposições Gerais sobre o Processo Autônomo de Execução ____ Evolução do Processo de Execução _______________________________ CAPÍTULO 02 EXECUÇÕES EM ESPÉCIE E DEFESA NAS VIAS EXECUTIVAS Disposições Gerais sobre o Cumprimento de Sentença __________ 46 39Recapitulando ________________________________________________ 15Técnicas de Execução e Poderes do Magistrado _________________ 53Execução de Obrigação de Pagar Quantia Certa ________________ 16 19 29 Princípios Gerais da Execução _________________________________ Institutos Fundamentais do Processo e Competência na Execução _ Partes na Execução _____________________________________________ 20 32 34 Requisitos para a Execução _____________________________________ Fraude à Execução e Fraude contra Credores ___________________ Responsabilidade Patrimonial __________________________________ 10 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Execução de Obrigação de Fazer e de Não Fazer _________________ 61 Execução de Obrigação de Entregar Coisa _______________________ 66 Execução de Obrigação de Prestar Alimentos ____________________ 69 CAPÍTULO 03 PENHORA, AVALIAÇÃO E EXPROPRIAÇÃO DE BENS Penhora ______________________________________________________ Considerações Finais _________________________________________ Expropriação _________________________________________________ Referências __________________________________________________ 99 141 123 145 Avaliação ______________________________________________________ Fechando a Unidade ___________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 121 142 137 Execução de Obrigação de Pagar Quantia Certa contra a Fazenda Pública _________________________________________________________ 74 Defesa de Devedor nas Vias Executivas ___________________________ 81 Recapitulando __________________________________________________ 95 11 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S O ponto de partida deste módulo reside na compreensãoem dívida contraída por um deles, a res- ponsabilidade é conjunta apenas se a dívida foi convertida em proveito do casal, cabendo ao cônjuge que pretenda livrar a sua meação com- provar que não o foi. VII - do responsável, nos casos de desconsideração da perso- nalidade jurídica. Quando for acolhido o pedido de desconsideração da persona- lidade jurídica, feito em incidente próprio, podem ser atingidos os bens dos sócios. Nota-se que o inciso VII complementa o inciso II, ao men- cionar que, apenas nos casos previstos em lei, os bens dos sócios po- 37 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S derão ser atingidos. Pois bem, uma das hipóteses legais que permitem a afetação dos bens dos sócios é justamente a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei. § 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dí- vida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade. § 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e de- sembargados, bastem para pagar o débito. § 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo. § 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obri- gatória a observância do incidente previsto neste Código. Se a empresa for solvente, os bens dos sócios não poderão ser atingidos, garantindo-se ao sócio o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade, antes de seus bens particulares. Geral- mente, quando ocorre a desconsideração da personalidade jurídica, já foram feitas buscas no patrimônio da pessoa jurídica e nada foi encontra- do. Até por isso, a desconsideração surgirá como incidente na execução. Contudo, o artigo 795 não se aplica apenas no caso de desconsideração, mas sempre que houver responsabilidade empresarial ilimitada. No mais, há sub-rogação nos direitos do credor por parte do sócio, cujo patrimônio for atingido pela execução, afinal, há solidarieda- de entre os sócios da pessoa jurídica e a responsabilidade pelo paga- mento deve ser compartilhada. Responsabilidade Patrimonial do Fiador Somente será possível que a execução seja movida exclusiva- mente em relação ao fiador nos seguintes casos: fiança judicial, consis- tente com aquela determinada pelo juízo; fiança convencional cobrada judicialmente em fase de conhecimento, isto é, no caso de ação de conhecimento ajuizada contra o fiador para condená-lo ao pagamento, não havendo, por parte dele, o exercício de benefício de ordem; fian- ça convencional fixada extrajudicialmente, diante de cláusula contratual que fixe renúncia ao benefício de ordem (se houver renúncia, não se aplica o artigo 794). Noutros casos, o fiador poderá estar com o devedor em litisconsórcio passivo, quando terá direito de exigir o benefício de ordem, que consiste no direito de ver primeiro executados os bens do 38 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S devedor principal, antes dos seus próprios. Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comar- ca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora. § 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor. § 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo. § 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver re- nunciado ao benefício de ordem. 39 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - PGE-ES - Procurador do Estado No curso de ação de execução, o credor requereu a penhora de dois motores de retroescavadeiras que se encontravam no depó- sito da empresa executada, avaliados em R$ 350.000. O juízo da causa deferiu a penhora dos motores e determinou sua remoção bem como a entrega ao exequente, que ficaria como seu fiel de- positário. Todavia, os referidos motores tinham sido adquiridos pelo poder público estadual (DER/ES), com o objetivo de recuperar duas máquinas de sua propriedade, que estavam danificadas. Nessa situação hipotética, o estado do Espírito Santo a) tem interesse jurídico e possui legitimidade ativa para proposição de embargos de terceiro com o objetivo de liberar a constrição judicial recaída sobre os objetos penhorados. b) tem interesse jurídico e possui legitimidade ativa para propor ação de embargos à penhora com o objetivo de liberar a constrição judicial recaída sobre os objetos penhorados. c) em interesse jurídico e possui legitimidade ativa para propor embar- gos do devedor com o objetivo de liberar a constrição judicial recaída sobre os objetos penhorados. d) poderá habilitar-se como assistente litisconsorcial da empresa exe- cutada com o objetivo de liberar a constrição judicial recaída sobre os objetos penhorados. e) tem interesse jurídico e possui legitimidade ativa para propor ação de reintegração de posse com o objetivo de haver os objetos penhorados. QUESTÃO 2 Prova: Ibest - 2023 - CRF-SC - Advogado Denomina-se "execução”, no processo civil, o conjunto de meios materiais previstos em lei, à disposição do juízo, visando à satisfa- ção do direito (Neves, 2018). Quanto às normas do processo de execução no direito processual civil, assinale a alternativa correta. a) Quando por mais de um modo puder ser realizada a execução, cabe- rá ao juiz indicar a espécie mais pertinente ao caso. b) Nas obrigações de não fazer, se o executado praticar ato a cuja abs- tenção estava obrigado por lei ou por contrato, o procedimento deverá ser convertido automaticamente para execução por quantia certa. c) Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo mais célere, em respeito ao tempo 40 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S razoável do processo. d) Quando se tratar de execução por quantia certa, incumbe ao exequen- te a demonstração do débito atualizado até a data da propositura da ação e) A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, a qual pode consistir em adjudicação, alienação ou preempção. QUESTÃO 3 Prova: IDECAN - 2022 - TJ-PI - Oficial de Justiça e Avaliador Com referência aos princípios da execução, é correto afirmar que a) aquele que se diz credor de outra pessoa deve comprovar a veraci- dade de sua própria situação jurídica, com a apresentação de um título, com todas as formalidades exigidas em lei. b) a execução deve se realizar apenas no interesse exclusivo do credor; em outras palavras, por força do título executivo, apenas o credor deve iniciar e impulsionar o andamento do processo. c) quando se fala em paridade de armas, não se está referindo à fase de execução, pois nesta já existe um título executivo, seja judicial ou extrajudicial, não se assegurando às partes a plena igualdade técnica processual, já que o convencimento do juiz virá do título apresentado. d) quando houver vários meios de satisfazer o credor, a determinação será para que a execução ocorra de forma mais célere e ajustada aos interesses do credor, não importando, nesse aspecto, a onerosidade sofrida pelo devedor. e) a busca do melhor meio para a execução do crédito é prerrogativa do exequente; caso contrário, haveria ofensa ao princípio da inércia, uma vez que, se ao juiz coubesse a escolha do meio executório, estaria agin- do de ofício, o que é vedado em qualquer fase do processo. QUESTÃO 4 Prova:FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE - Advogado O Código de Processo Civil elenca diversas regras sobre o a exe- cução. Acerca de tais regras, assinale a alternativa correta. a) Havendo título executivo extrajudicial em favor de um credor, o uso de ação de conhecimento por este para a cobrança da obrigação incor- re em falta de interesse de agir. b) Na execução por quantia certa, ao despachar o inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de cinco por cento, a serem pagos pelo executado. c) A quantia depositada em caderneta de poupança, qualquer que seja seu valor, é impenhorável. d) O Código de Processo Civil não admite a prescrição intercorrente no processo de execução, sendo tal figura admitida apenas na legislação 41 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S especial. e) Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias. QUESTÃO 5 Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2022 - MPE-MG - Promo- tor de Justiça Substituto - Edital nº LIX Quanto ao adimplemento e inadimplemento na legislação proces- sual civil, é INCORRETO afirmar: a) O depósito consignatório insuficiente pode ser complementado, no prazo de 10 (dez) dias, desde que corresponda a prestação cujo inadim- plemento acarrete a rescisão do contrato. b) A impossibilidade absoluta no pagamento de obrigação alimentícia é causa justificadora do inadimplemento. c) O arrematante inadimplente poderá ser executado pelo valor devido em caso de não cumprimento da proposta que tramita em conjunto aos autos da execução principal. d) A exceptio non adimpleti contractus alinha-se entre as hipóteses de excesso de execução. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Em que consiste o princípio do exato adimplemento? Qual providência pode ser tomada quando ele não é viabilizado, apesar das tentativas neste sentido, por exemplo, quando se torna inviável ou inútil a execu- ção específica? TREINO INÉDITO Acerca dos requisitos do título executivo, assinale a alternativa in- correta: a) a ausência de liquidez de título executivo judicial pode ser suprida em fase de liquidação de sentença. b) são requisitos do título executivo a certeza, a liquidez e a exigibilidade. c) para a exigibilidade do título executivo, o devedor precisa ser consti- tuído em mora. d) um título executivo judicial, formado em sentença transitada em jul- gado, não pode se tornar inexigível por declaração posterior de incons- titucionalidade da lei em que se baseou. e) a ausência de requisitos essenciais do título executivo é matéria de ordem pública e pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado. NA MÍDIA FRAUDE À EXECUÇÃO – INEFICÁCIA DA ALIENAÇÃO 42 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do pro- cesso de execução, na forma do art. 828 ; III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi argui- da a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V - nos demais casos expressos em lei. § 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exe- quente. Correspondente CPC /73 – Art. 615-A, § 3º. Julgado do TJDFT “2. Segundo o Art. 792, II e IV, do CPC, a alienação do bem será ineficaz e considerada fraude à execução se, ao tempo da aquisição, tiver sido averbado, no registro do bem, eventual constrição ou mesmo se trami- tava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência. 2.2. No mesmo sentido é a súmula 375 do STJ: ‘O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente’.” Fonte: TJDFT Data: 13/6/2022. Leia a notícia na íntegra: https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-te- mas/novo-codigo-de-processo-civil/fraude-a-execucao-2013-ineficacia- -da-alienacao NA PRÁTICA O Código de Processo Civil de 2015 inova a disciplina das intervenções de terceiros ao instituir formalmente a primeira modalidade interventiva que pode ser invocada no processo de execução e no cumprimento de senten- ça, qual seja, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Há coerência por parte do legislador, em especial, se considerado que muitas vezes é apenas na fase executiva que se toma conhecimento da ausência de patrimônio do devedor executado para arcar com a obrigação devida, a qual pode se fundamentar em práticas de confusão patrimonial ou de abuso de direito com proveito da blindagem conferida à pessoa jurídica. A instauração do incidente de desconsideração clássico chamará ao polo 43 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S passivo da execução os sócios da empresa executada que não tenha con- dições de arcar com os valores devidos, permitindo que seja atingido o patrimônio pessoal destes. Já no caso da desconsideração inversa, muito comumente invocada em execuções de alimentos, será terceira integrante do polo passivo, juntamente ao executado, a empresa da qual é sócio e que tem patrimônio para arcar com os valores devidos. 44 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S O CPC trata de diversas espécies de execução, todas elas po- dendo se dar tanto por processo autônomo quanto por cumprimento de sentença, a depender da natureza do título executivo, sendo elas: a) Execução para entrega de coisa certa Coisa certa se refere a um objeto específico e individualizada, que é determinado desde o início. Quando a entrega da coisa se tornar impossível, o credor pode exigir o seu valor, além das perdas e danos, apurados em liquidação por arbitramento incidente. EXECUÇÕES EM ESPÉCIE E DEFESA NAS VIAS EXECUTIVAS 44 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 45 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S b) Execução para entrega de coisa incerta Coisa incerta se refere a um objeto não determinável de iní- cio, que se descreve apenas em gênero e quantidade. O que muda em relação ao procedimento da execução para entrega de coisa certa é a possibilidade de escolha. c) Execução de obrigação de fazer e de não fazer Na obrigação de fazer o devedor compromete-se a uma pres- tação, consistente em atos ou serviços. Difere-se da obrigação de dar, porque o interesse do credor recai sobre a conduta do devedor e não sobre a coisa em si. Contudo, as obrigações poderão ser fungíveis (com possibilidade de cumprimento por um terceiro, que não o devedor) ou infungíveis (somente podendo ser cumpridas pelo devedor). Nas fungí- veis, é possível usar meios de coerção e de sub-rogação; nas infungíveis, somente meios de coerção. Se a obrigação é personalíssima (infungível) e os meios falharem, nada resta senão a conversão em perdas e danos. São específicas as execuções que envolvem obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa. Por meio delas, busca-se fazer com que o credor obtenha o mesmo resultado que teria se o devedor satisfizesse voluntariamente a sua obrigação. A conversão de uma obrigação específica em não específica (chamada conversão em perdas e danos) somente ocorrerá em último caso. Antes disso, a lei fornece mecanismos para obtenção de resultado equivalente que podem ser utilizados pelojuiz – meios de coerção e sub-rogação. Os meios de coerção influenciam a vontade do devedor, pres- sionando-o, como as multas diárias (também denominadas astrein- tes). Já os de sub-rogação, são aqueles em que o Estado se substitui ao devedor no cumprimento da obrigação, como é o caso da busca e apreensão, da remoção de pessoas e do desfazimento de obras. Se estes meios não forem eficazes e a obrigação for infun- gível, nada resta senão a conversão em perdas e danos. Com efei- to, a conversão em perdas e danos somente deve ocorrer quando não for possível a tutela específica ou a providência prática equi- valente (cumprimento de obrigação diversa, porém semelhante, 46 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S que satisfaça o credor) ou quando o credor, após o insucesso na execução específica, o requerer (não pode fazer essa preferência desde logo e sem justificar). d) Execução de obrigação de pagar quantia certa Na obrigação de pagar quantia certa, o devedor tem que pagar ao credor um valor determinado em dinheiro. O pagamento de quantia certa não é obrigação específica, classificando-se então em obrigação não es- pecífica, sendo que a conversão em perdas e danos de execução específi- ca implica na realização da execução de obrigação de pagar quantia certa. e) Execução contra a Fazenda Pública Na execução contra a Fazenda Pública, há obrigação de pa- gar quantia certa que se sujeita a procedimento específico, devido ao sistema de precatórios e de requisições de pequeno valor, com fulcro constitucional. f) Execução de alimentos Na execução de alimentos, também há obrigação de pagar quantia certa que se sujeita a procedimento específico, devido à possi- bilidade de medidas como a expedição de ofício para desconto em folha e a prisão civil. DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA Inicialmente, poucas ações admitiam a execução após o trân- sito em julgado sem a necessidade de um processo autônomo. Após alterações relevantes na legislação, passou a ser possível a utilização da execução nos mesmos autos com relação à grande maioria dos tí- tulos executivos judiciais, fundados em obrigações de fazer, não fazer, entregar coisa e pagar. Fundou-se a regra do processo sincrético, em que a execução assume o papel de fase processual, sendo assim uma execução ime- diata, denominada cumprimento de sentença. Tal regra fica bem clara no novo CPC, que disciplina o cumprimento de sentença do artigo 513 ao 538, aplicando-se subsidiariamente as regras gerais da execução 47 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S autônoma. Nesta disciplina legal, do artigo 513 ao 519 se colacionam as disposições gerais. Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as re- gras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. § 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pa- gar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente. É indispensável o requerimento do exequente para que se pro- mova o cumprimento da sentença. Logo, não se cumpre de ofício. Após requerimento do exequente, será providenciada a intimação do execu- tado para cumprir a sentença. § 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença: I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado consti- tuído nos autos; II – por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; III – por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos (pela via do cadastro eletrô- nico de empresas); IV – por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. § 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia co- municação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. § 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3o deste artigo. A intimação pode ser direcionada ao advogado, em regra. Caberá, excepcionalmente, intimação pessoal por carta com AR (no- tadamente se for representado pela Defensoria, não tiver procurador constituído ou já tiver se passado um ano da decisão sem nenhuma providência do credor), por meio eletrônico (no caso de empresa cadas- trada que não tenha procurador constituído nos autos) ou por edital (no caso de réu revel na fase de conhecimento). § 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento. Não significa que não é cabível a execução, mas será necessá- rio promover, antes dela, processo de conhecimento autônomo, sempre 48 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S que o fiador, o coobrigado ou o corresponsável não tiverem participado da fase de conhecimento. Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condi- ção ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. Se somente é possível executar após condição ou termo, é preciso provar que ocorreu. Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar- -se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: [...] § 1o Nos casos dos incisos VI a IX (sentença penal condena- tória, sentença arbitral, sentença estrangeira ou decisão interlocutória estrangeira devidamente homologada), o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. [...] Quando o título judicial se originar de instância ou esfera diversa, como a criminal, arbitral ou estrangeira, ainda será caso de cumprimento de sentença, mas será preciso citação, não bastando intimação. É a única distinção em relação ao procedimento do cumprimento de sentença, que em regra começa com a intimação do devedor, conforme o artigo 513. [...] Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523. § 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresen- tar certidão de teor da decisão. § 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no pra- zo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário. § 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para im- pugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado. § 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação. O artigo 517 disciplina a possibilidade de protesto do título exe- cutivo judicial, sendo mais uma forma de constranger o devedor a arcar com a sua obrigação. Art. 518. Todas as questões relativas à validade do procedi- mento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequen- tes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes 49 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S serão decididaspelo juiz. É possível interpor petições nos autos arguindo sobre seu fun- cionamento, de modo a propor objeções e exceções. Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela provisória. O cumprimento provisório das decisões que concedam tutela provisória também se dá nos termos destes dispositivos. DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE O PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO Havendo título executivo extrajudicial, a execução deve ser promovida em processo autônomo, notadamente, ação de execução. As espécies de execução autônoma são as mesmas – obrigação de pa- gar quantia, entregar coisa, fazer, não fazer, contra a Fazenda Pública e sobre alimentos. Entretanto, no processo de execução autônomo se funda a relação jurídico-processual, eis que a formação do título extraju- dicial não passou em nenhum momento anterior pelo crivo do Judiciário. As disposições gerais sobre o processo de execução autôno- mo se encontram do artigo 797 ao 805, sendo que estes dispositivos também se aplicam, no que couberem, ao cumprimento de sentença. Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mes- mo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência. A penhora fixa a preferência, isto é, sempre que um bem é pe- nhorado, o credor passa a ter preferência pelo recebimento do produto de sua expropriação, como forma de adimplemento da dívida. Contudo, se houver insolvência, ou seja, se o devedor tiver menos patrimônio do que dívidas, haverá concurso entre os credores. Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: I – instruir a petição inicial com: a) o título executivo extrajudicial; b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de proposi- tura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação 50 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o execu- tado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente; II – indicar: a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada; b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter: I – o índice de correção monetária adotado; II – a taxa de juros aplicada; III – os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados; IV – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; V – a especificação de desconto obrigatório realizado. Considerando que se está diante de uma ação de execução, não haveria outra forma dela começar que não a petição inicial. Entre- tanto, a petição inicial deve conter termos específicos, conforme des- creve o artigo 798, sem prejuízo de nela constarem os requerimentos descritos no artigo 799, quando for o caso. Art. 799. Incumbe ainda ao exequente: I – requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, an- ticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária; II – requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habita- ção, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação; III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada; IV – requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada; V – requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou conces- sionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quan- do a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão; VI – requerer a intimação do proprietário de terreno com regi- me de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para 51 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário; Dos incisos I a VI se depreende que sempre que a penhora recair sobre bem gravado com direito real sobre coisa alheia, seja ele de garantia ou de fruição, exige-se a intimação de seu titular. A ausên- cia de intimação gera ineficácia em relação ao titular do direito real não intimado, conforme o artigo 804, CPC. VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o; Basicamente, para assegurar o direito de preferência dos só- cios, deve a sociedade ser intimada em caso de penhora de quota so- cial ou ação de sociedade anônima fechada. VIII – pleitear, se for o caso, medidas urgentes; É possível requerer medidas cautelares, com vistas a assegu- rar a satisfação do crédito ou o adimplemento da obrigação. IX – proceder à averbação em registro público do ato de pro- positura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhe- cimento de terceiros. Ao requerer que possa efetuar a averbação em registro público, o credor exequente confere publicidade à execução, de tal forma que atos de alienação e disposição que recaiam sobre o bem penhorado sejam con- siderados em fraude à execução e, como tais, sem eficácia perante ele. Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha cou- ber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a pres- tação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato. § 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado. § 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la. Em se tratando de título executivo que preveja obrigação al- ternativa, haverá variação do rito conforme quem seja competente para efetuar a escolha da coisa. Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à proposi- tura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento. Sendo assim, há possibilidade de emenda à petição inicial no processo de execução. Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, des- de que realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, inter- 52 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S rompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação. O devedor será citado para pagar, entregar a coisa, cumprir a obrigação de fazer ou não fazer. A citação pode ocorrer tanto por man- dado (pessoal ou hora certa) quanto por edital. A citação válida produz os seguintes efeitos na execução: a) torna litigiosa a coisa, ou seja, as alienações capazes de reduzir o devedor à insolvência são ineficazes perante o credor; b) constitui o devedor em mora, se ele já não estiver an- teriormente (por termo ou notificação), incidindo a partir de então os juros moratórios; c) interrompe a prescrição,sendo que a data da interrupção retroage à data da propositura da ação, desde o exequente adote, no pra- zo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação. Art. 803. É nula a execução se: I – o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II – o executado não for regularmente citado; III – for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocor- rer o termo. Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pro- nunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independente- mente de embargos à execução. Se o título não descrever obrigação certa, líquida e exigível, se o executado não for citado e se a execução se instaurar antes de ocorrer condição ou termo haverá nulidade da execução. Tal nulidade é matéria de ordem pública e não depende de interposição dos embargos à execução, podendo ser reconhecida de ofício. [...] Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder pro- mover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gra- voso para o executado. Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida execu- tiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. O princípio da menor onerosidade é uma regra geral que deve ser observada tanto na execução autônoma quanto no cumprimento de sentença. É preciso buscar o meio menos gravoso ao executado para promover a execução. Contudo, este princípio exige a possibilidade de escolha – entre um meio e outro, dentre os quais um é menos gravoso. Se apenas existir um meio de promover a execução, ele será utilizado, independentemente de sua onerosidade. Em razão disso, não basta que o devedor alegue onerosidade do meio apresentado pelo credor, exigindo-se que apresente alternativa menos onerosa. 53 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA A obrigação de pagar quantia certa é aquela que se quantifica em dinheiro, que é devido pelo devedor ao credor. Se o título executivo for judicial, caberá o cumprimento de sentença, que pode ser provisório ou definitivo. Se o título executivo for extrajudicial, caberá a ação de execução. É importante frisar que embora existam distinções entre os procedimentos, os atos essenciais da execução por quantia certa – pe- nhora, avaliação e expropriação – seguem as mesmas regras, as quais serão estudadas no capítulo 3 deste módulo. Em suma, o objetivo da execução por quantia certa, tanto feita em ação autônoma, quanto em cumprimento de sentença é a expro- priação de bens do executado, com vistas a pagar o crédito devido. Há outras formas de execução por quantia, como as de prestação de ali- mentos e contra a Fazenda Pública, mas nelas o pagamento do crédito se sujeita a regras próprias. Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expro- priação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais. A expropriação consiste na retirada do bem ou de frutos e ren- dimentos de tal bem da propriedade do devedor, podendo ocorrer por adjudicação (transferência do bem do patrimônio do devedor para o patri- mônio do credor), por alienação (venda do bem em particular ou em hasta pública e utilização do valor obtido na venda para pagamento do credor) e por apropriação de frutos e rendimentos (frutos e rendimentos que seriam devidos ao devedor vão para o credor até que satisfeito esteja o débito). Art. 825. A expropriação consiste em: I – adjudicação; II – alienação; III – apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens. A expropriação apenas irá ocorrer se o executado não remir a execução, isto é, se não efetuar o pagamento ou consignar a importân- cia devida ao credor, devidamente atualizada. Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o execu- tado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorá- rios advocatícios. 54 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Cumprimento de Sentença Provisório O cumprimento de sentença provisório é baseado em senten- ça/acórdão não transitado em julgado, do qual ainda pende recurso e ao qual não foi atribuído efeito suspensivo (se houvesse o efeito suspen- sivo da decisão, a sentença/acórdão não poderia ser executada, nem mesmo provisoriamente), ou ainda em decisão concessiva de tutela an- tecipada de mérito e de tutela cautelar, cujo cumprimento poderá se dar desde logo devido à natureza jurídica da tutela. No cumprimento provisório, o credor é obrigado a indenizar pe- los danos que causar, isto porque aquele que a promove está ciente da possibilidade de reversão dos resultados e deve se comprometer a reparar eventuais danos causados ao executado – a responsabilida- de, no caso, é objetiva, pois não depende da demonstração de culpa. Até mesmo em razão da responsabilidade objetiva do exequente que o cumprimento provisório deverá, em regra, ser garantido (embora a exi- gência de caução não possa ser obstáculo à efetivação do direito, em especial diante de situação de necessidade ou de créditos de alimentos, ou diante de consonância com entendimento jurisprudencial uniforme). Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: I – corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executa- do haja sofrido; II – fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado ante- rior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos; III – se a sentença objeto de cumprimento provisório for modi- ficada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução; IV – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao execu- tado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado po- derá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525. § 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. 55 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S § 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. § 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalva- do, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado. § 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que cou- ber, o disposto neste Capítulo. Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: I – o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II – o credor demonstrar situação de necessidade; III – pender o agravo do art. 1.042; (negativa de admissibilida- de de REsp/RExt) IV – a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Fede- ral ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casosrepetitivos. Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente. Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal: I – decisão exequenda; II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadas pelas partes; IV – decisão de habilitação, se for o caso; V – facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito. Cumprimento de Sentença Definitivo No cumprimento de sentença definitivo referente à obrigação de 56 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S pagar quantia certa, há um devedor que foi condenado a pagar a um credor uma quantia certa e, mesmo com uma condenação transitada em julgado o determinando, não o fez no prazo de quinze dias (em regra, por depósi- to judicial). Afinal, com o trânsito em julgado da decisão se forma o título executivo judicial definitivo e a partir dele é devido ao seu pagamento. De tal modo, a partir do trânsito em julgado o exequente pode apresentar o requerimento para que se inicie o cumprimento de sentença definitivo. Feito o requerimento, o devedor será intimado para cumprir a obri- gação no prazo de 15 dias. A intimação do devedor diante do requerimento do credor, em regra, será feita apenas ao advogado pela imprensa oficial, sendo dever dele comunicar o seu cliente, respondendo se não o fizer. Após o prazo de 15 dias, incidirá multa de 10% (tanto sob o valor devido quanto sob os honorários), sem prejuízo do acréscimo de juros e correção monetária, caso não seja feito o pagamento voluntá- rio. Destaca-se que no requerimento feito pelo credor já deve constar, desde logo, o cálculo da multa que será descontada pelo devedor, caso efetue o pagamento no prazo. O cálculo da multa e outros elementos obrigatórios constam do demonstrativo de cálculo, cuja apresentação é de exclusiva responsabilidade do exequente. Em caso de pagamento parcial, também haverá desconto parcial da multa e dos juros. Não havendo pagamento voluntário, há possibilidade de apre- sentação de defesa, consistente em impugnação à execução. O prazo para a impugnação é de 15 dias, contados do fim do prazo para paga- mento voluntário. Contudo, a apresentação da impugnação não impede que sejam praticados os atos de constrição dos bens do devedor, a partir do momento em que falhe com o pagamento voluntário. Assim, será feita a penhora, que segue o mesmo rito independente da natureza do título (se judicial ou extrajudicial). Destaca-se que no requerimento do credor para que seja dado início ao cumprimento já deve constar, se possível, a indicação de bens à penhora. Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixa- da em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exe- quente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorá- rios de advogado de dez por cento. § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguin- 57 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S do-se os atos de expropriação. Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a pe- tição conter: I – o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe- quente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II – o índice de correção monetária adotado; III – os juros aplicados e as respectivas taxas; IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo- netária utilizados; V – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI – especificação dos eventuais descontos obrigatórios reali- zados; VII – indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível. § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemen- te exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada. § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado. § 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de da- dos em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência. § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requeri- mento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, re- putar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe. [...] (art. 525 = impugnação à execução, vista no final deste capítulo) Além do requerimento do credor para que seja dado início ao cumprimento de sentença, também é possível que antes dele o réu compareça em juízo e ofereça pagamento no valor que entender devi- do, juntando memória discriminada do cálculo. O autor será ouvido no prazo de 5 dias e poderá impugnar o valor depositado, sem prejuízo de levantar-se desde logo tal valor, por ser incontroverso. Se o autor não 58 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S impugnar, o juiz declarará satisfeita a obrigação. Se impugnar e o juiz entender que o depósito, de fato, foi insuficiente, determinará o paga- mento do valor remanescente sobre o qual se acrescerá a multa de 10% sobre o valor e honorários. Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimen- to da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. § 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa. § 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penho- ra e atos subsequentes. § 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obri- gação e extinguirá o processo. Com efeito, as disposições de procedimento do cumprimento de sentença definitivo se aplicam ao cumprimento de sentença provisó- rio, inclusive quanto à forma de requerimento, com as diferenças quanto ao regime de responsabilidade e quanto à necessidade de autos aparta- dos (afinal, no cumprimento provisório, o processo ainda está em curso, não havendo trânsito em julgado). Art. 527. Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao cumpri- mento provisório da sentença, no que couber. Ação de Execução A ação de execução por quantia certa de devedor solvente de título extrajudicial começa com uma petição inicial, acompanhada do tí- tulo, comprovante de custas, memorial de cálculo e procuração. O valor da causaserá o do débito atualizado. Devem ser requeridas as intima- ções do cônjuge e do credor com garantia real, se for o caso. Se estiver em termos, o juiz despachará a inicial e fixará desde logo os honorários advocatícios no montante de 10% sob o valor da causa, determinando a citação para pagamento, no prazo de 3 (três) dias. Se o devedor pagar neste prazo, extingue-se a execução e os honorários são reduzidos pela metade; se não o fizer, seus bens serão penhorados desde logo, sendo que o credor também poderá indicar os bens a serem penhora- dos na inicial. Aliás, no próprio mandado de citação já consta a autorização para que o oficial de justiça proceda com a penhora e avaliação, lavrando auto, passado o prazo de 3 (três) dias para pagamento voluntário. 59 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S O devedor será intimado da penhora na pessoa do advogado, a não ser que ainda não o tenha. Sem prejuízo da penhora, fluirá o pra- zo de 15 (quinze) dias para interposição de embargos a partir da juntada do mandado de citação na execução. Ao final da execução, o juiz pode majorar os honorários advo- catícios em até 20%, analisando o trabalho depreendido pelo advogado, em especial diante de embargos à execução rejeitados, mas não ape- nas assim. Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os ho- norários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado. § 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade. § 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cen- to, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executi- vo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente. [...] Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação. § 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado. § 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequen- te, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente. Sem prejuízo da penhora de bens após o prazo de pagamen- to voluntário, é permitido que o oficial de justiça tome uma espécie de providência cautelar, denominada arresto, quando se conduzir para pro- mover a citação e não encontrar o executado. O arresto funciona como uma espécie de penhora provisória, assegurando que o executado não irá dilapidar seu patrimônio enquanto não for citado, levando-se em con- ta a possibilidade de que esteja se ocultando propositalmente. Se houver suspeita de ocultação do executado, o oficial de jus- tiça promoverá a citação por hora certa e, caso esta reste infrutífera, o exequente poderá solicitar a citação por edital. Após a citação, o arresto se converterá em penhora. Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, ar- restar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução. § 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos 60 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. § 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa. § 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamen- to, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo. Com vistas a prevenir alienações e onerações fraudulentas do bem, uma das medidas que o exequente pode tomar é a de provi- denciar a averbação em registro dos bens sujeitos à penhora, arres- to ou indisponibilidade. Feita tal averbação, a alienação ou oneração será tida em fraude à execução e será ineficaz em relação ao exe- quente. Para tanto, basta o exequente requerer certidão da execução e comunicar ao juízo que efetuou tal averbação, no prazo de 10 (dez) dias. Feita a penhora suficiente, se houver bens averbados não pe- nhorados, será cancelada a averbação. O exequente tem o dever de indenizar o executado por averbações indevidas ou por omissão ao dever de cancelar as averbações quando houver penhora suficiente. Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execu- ção foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. § 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exe- quente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas. § 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. § 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. § 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a one- ração de bens efetuada após a averbação. § 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados. 61 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER No caso das obrigações específicas de fazer ou não fazer, a execução poderá ser mediata ou imediata, mas sempre será específica devido à natureza da obrigação. A propósito, na obrigação de fazer, o devedor compromete-se a uma prestação, consistente em atos ou ser- viços. Difere-se da obrigação de dar, porque o interesse do credor recai sobre a conduta do devedor e não sobre a coisa em si. Deste modo, havendo diferença, as obrigações de fazer ou não fazer são tratadas de forma separada das obrigações de entrega de coisa no CPC. Cumprimento de Sentença A seção que aborda o cumprimento de sentença das obriga- ções de fazer ou não fazer se inicia no artigo 536, CPC. Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigi- bilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas ne- cessárias à satisfação do exequente. A começar pela primeira seção, voltada ao cumprimento de obriga- ções de fazer e não fazer, se destaca desde logo uma distinção essencial: as obrigações poderão ser fungíveis (com possibilidade de cumprimento por um terceiro, que não o devedor) ou infungíveis (somente podendo ser cumpridas pelo devedor). Nas fungíveis, é possível usar meios de coerção e de sub-rogação; nas infungíveis, somente meios de coerção. Se a obrigação é personalíssima (infungível) e os meios falha- rem, nada resta senão a conversão em perdas e danos. Logo, quan- do no artigo 536 se menciona que o juiz pode conceder “tutela pelo resultado prático equivalente” isso não se aplica nos casos em que a obrigação for infungível – nestas situações apenas caberá a obrigação propriamente devida ou a conversão em perdas e danos. Se o devedor é condenado a uma obrigação de fazer o não fa- zer, não cumprindo a obrigação específica, o juiz determinará providên- cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemen- to. Eventualmente, caberá conversão em perdas e danos, que somente ocorrerá se não for possível o cumprimento nos moldes específicos ou de forma equivalente, emborao credor não precise esgotar os meios de coerção/sub-rogação. § 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determi- nar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, 62 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedi- mento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o au- xílio de força policial. § 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento. Além da multa, outras medidas poderão ser adotadas pelo juiz para assegurar o exato adimplemento da obrigação: busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. O descumprimento de ordem judicial para cumprir a obrigação acarreta pena de litigância de má-fé (sanção processual) e em crime de desobediência (sanção penal). § 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber. Quanto ao exercício do direito de defesa no cumprimento de obri- gação de fazer ou não fazer, vale a mesma regra sobre a impugnação à execução, mecanismo de defesa que será estudado no final deste capítulo. § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum- primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obri- gação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. § 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I – se tornou insuficiente ou excessiva; II – o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento. § 2o O valor da multa será devido ao exequente. § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento pro- visório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. § 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a de- cisão que a tiver cominado. § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum- primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer 63 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S de natureza não obrigacional. Quanto à multa, será devida mesmo quando ocorrer a conver- são em perdas e danos pelo tempo que perdurou; que poderá ser de- terminada em tutela antecipada, na sentença ou no curso da execução. Exige-se da multa que ela seja: necessária e compatível. O juiz não deve então determinar caso não haja necessidade e ela deve guardar compatibilidade e proporcionalidade com a obrigação a ser cumprida. Como a multa pode se tornar desnecessária, excessiva ou incompatível no curso de sua vigência, o juiz poderá revogá-la. Não sendo revoga- da, a multa incide do momento em que a decisão for descumprida até o momento em que é cumprida. No caso da multa excessiva, é muito importante a possibilidade de revogação para evitar o enriquecimento ilícito do exequente, afinal, a multa é paga a ele. Ação de Execução A disciplina da ação de execução autônoma de obrigação de fazer ou não fazer se inicia no artigo 814, CPC. Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo. Especificamente quanto à multa, sua fixação é obrigatória des- de o despacho da petição inicial nas obrigações de fazer ou não fazer quando se tratar de execução autônoma de título extrajudicial. Caso a multa esteja prevista no próprio título, o juiz deverá segui-la, salvo se o valor for excessivo, quando poderá reduzi-la. Quanto ao cumprimento das sentenças que fixam obrigações de fazer ou não fazer se aplica em matéria de defesa o mesmo rito do cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia e quanto às demais questões as regras acima; quanto às execuções de título extra- judicial, segue-se o rito a seguir discriminado, que consta no capítulo III do título destinado às execuções de título extrajudicial. Art. 815. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe desig- nar, se outro não estiver determinado no título executivo. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo. Então, o devedor é citado para 64 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S cumprir a obrigação no prazo do título ou, se ele não existir, no que o juiz achar razoável. Da juntada do mandado citatório aos autos, o devedor terá 15 (quinze) dias para embargar, sem prejuízo do prazo para cumprir a obrigação. Logo, os embargos à execução são o mecanismo de defesa. Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no pra- zo designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em indenização. Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa. Não sendo eficazes os meios coativos, o credor poderá optar pela sub-rogação ou requerer a conversão em perdas e danos: se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em in- denização. Se houver conversão em perdas e danos, há liquidação inci- dente, seguindo-se para a execução por quantia certa do valor apurado. Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado. Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. Na obrigação infungível, não é possível o cumprimento da obri- gação às custas do devedor, que é um meio de sub-rogação. Somente resta a conversão em perdas e danos se o meio de coerção for ineficaz (multa diária). Se o credor optar pelo cumprimento da obrigação por terceiro às custas do devedor, deverá efetuar o adiantamento das despesas. Apresentada a proposta pelo terceiro, as partes se manifestarão e o juiz a examinará. Art. 818. Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no pra- zo de 10 (dez) dias e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a obrigação. Parágrafo único. Caso haja impugnação, o juiz a decidirá. Prestado o serviço, as partes serão ouvidas. Não havendo ou não sendo pertinentes as impugnações, o juiz dará por cumprida a obrigação. Art. 819. Se o terceiro contratado não realizar a prestação no prazo ou se o fizer de modo incompleto ou defeituoso, poderá o exe- quente requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias, que o autorizea concluí-la ou a repará-la à custa do contratante. Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e o con- 65 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S denará a pagá-lo. Se o terceiro não cumprir a obrigação contratada ou o fizer de forma incompleta ou defeituosa, o exequente pode pedir ao juiz que autorize que ele mesmo a conclua ou a repare à custa dele. O juiz de- terminará as despesas necessárias e condenará o terceiro a arcar com elas. Da mesma forma, se o devedor cumprir, mas a prestação for ina- dequada, o credor poderá concluir ou reparar a obra às suas custas. Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e os trabalhos necessários à re- alização da prestação, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, em relação ao terceiro. Parágrafo único. O direito de preferência deverá ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias, após aprovada a proposta do terceiro. O exequente tem preferência em relação ao terceiro para con- tratar e executar a obrigação a ser adimplida, podendo fazê-lo pessoal- mente ou coordenar uma equipe sob sua direção e vigilância para tanto. Para exercer a preferência, tem um prazo de 5 dias após aprovação da proposta do terceiro. Art. 821. Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o executado a satisfaça pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la. Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do executado, sua obrigação pessoal será convertida em perdas e danos, caso em que se observará o procedimento de execução por quantia certa. Assinalado prazo para cumprimento da obrigação, não o fa- zendo o devedor, e inviabilizando-se o exato adimplemento, haverá conversão em perdas e danos. Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que as- sine prazo ao executado para desfazê-lo. Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele, que res- ponderá por perdas e danos. Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obri- gação resolve-se em perdas e danos, caso em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia certa. O mesmo vale para as obrigações de não fazer, só que o de- vedor será citado para desfazer o ato praticado em contrariedade com uma abstenção assumida. Se não o desfizer, o credor pode exigir que o ato seja desfeito por terceiro às custas do devedor. Se isso não for possível, a obrigação resolve-se em perdas e danos. 66 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA No caso de obrigações específicas entregar coisa, a execução poderá ser mediata ou imediata. Entretanto, sempre será específica de- vido à natureza da obrigação, que envolve uma coisa específica. Na obrigação de entregar coisa, também conhecida como obri- gação de dar, o devedor se compromete a uma prestação consistente na entrega de determinado objeto. Não importam os atos e serviços por trás da confecção ou criação da coisa, nem a conduta do devedor, mas sim a entrega da coisa em si. Cumprimento de Sentença A disciplina sobre o cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa é bastante sumária, sendo complementada, no que cou- ber, pelas disposições sobre o cumprimento de sentença de obrigação de fazer ou não fazer. Tal disciplina está descrita no artigo 538, CPC. Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e apreen- são ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. § 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e com atribui- ção, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor. § 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento. § 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer. Neste sentido, não havendo o cumprimento da obrigação de entregar coisa no prazo assinalado, cabe a expedição de mandado de busca e apreensão para bens móveis e de imissão na posse para bens imóveis em favor do credor. Não é possível neste momento apresentar defesa quanto a eventuais benfeitorias realizadas, questão que deveria ter sido discutida na fase de conhecimento – o mesmo quanto ao direito de retenção que pode eventualmente ser exercido pelo possuidor de boa-fé. 67 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Ação de Execução O capítulo II do título II sobre as diversas espécies de execu- ção no livro II, voltado ao processo de execução autônomo, aprofunda questões sobre a execução para a entrega de coisa quando tal entrega for prevista em título extrajudicial. No caso, o capítulo é dividido em duas seções, uma sobre o procedimento na entrega de coisa certa e outro sobre o procedimento na entrega de coisa incerta. Seção I Da Entrega de Coisa Certa Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para, em 15 (quin- ze) dias, satisfazer a obrigação. § 1o Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo. § 2o Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou mó- vel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfi- zer a obrigação no prazo que lhe foi designado. Na entrega de coisa certa, o procedimento se inicia com a ci- tação para satisfação da obrigação, entregando-se a coisa, no prazo de 15 dias. Também aqui, o juiz já fixará multa diária para cada dia de atraso no cumprimento da obrigação (lembrando que o valor da multa pode ser alterado quando se tornar insuficiente ou excessivo). Já no mandado de citação constará ordem para que ocorra imissão na posse (bem imóvel) ou busca e apreensão (bem móvel) caso não ocorra cumprimento no prazo assinalado. Art. 807. Se o executado entregar a coisa, será lavrado o ter- mo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. Havendo entrega, não há que se discutir mais sobre a obri- gação principal, lavrando-se o termo. Contudo, pode haver questões sobre obrigações acessórias que necessitem de apuração, como frutos devidos e perdas e danos. Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. Trata-se de hipótese de evicção decorrente de alienação de coisa litigiosa. O terceiro adquirente terá direito de regresso contra o 68 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S alienante. Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. § 1o Não constando do título o valor da coisa e sendo impossí- vel sua avaliação, o exequente apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial. § 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os pre- juízos. Não sendo possível encontrar a coisa a ser entregue, cabe o pagamento de seu valor (não constando do título, terá que ser arbitrado após estimativaapresentada pelo exequente) mais perdas e danos. Art. 810. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo executado ou por terceiros de cujo poder ela houver sido tirada, a liqui- dação prévia é obrigatória. Parágrafo único. Havendo saldo: I – em favor do executado ou de terceiros, o exequente o depo- sitará ao requerer a entrega da coisa; II – em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo. É possível que, em decorrência de benfeitorias indenizáveis ocorra sobra de saldo positivo para o devedor; tal como é possível que em decorrência de apuração de frutos ou perdas em danos se confi- gure sobra de saldo positivo para o credor. No primeiro caso, o credor fará depósito do valor quando requerer a entrega da coisa; no segundo caso, o credor poderá cobrar o valor nos autos em trâmite. Seção II Da Entrega de Coisa Incerta Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse de- verá indicá-la na petição inicial. Coisa incerta é aquela que embora determinada em gênero e qualidade não é individualizada. A individualização será feita por quem tiver direito de escolha, previsto no título. Se couber ao credor, deve fa- zer na inicial; se couber ao devedor, será citado para já escolher quando for entregar. Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação. A escolha pode ser impugnada, caso que será decidida pelo juiz, 69 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S que ouvirá perito quando necessário para formar seu convencimento. Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incer- ta, no que couber, as disposições da Seção I deste Capítulo. Subsidiariamente, seguem-se as regras para entrega da coisa certa. Em verdade, a única grande distinção aqui se refere à necessida- de de escolha na hipótese de coisa incerta a ser entregue. EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS A execução de alimentos é outra espécie de execução sujeita a regime especial. O credor de alimentos tem duas possibilidades: a de promover a execução por quantia certa comum e a de executar pelo rito da prisão civil. O CPC aborda uma terceira forma de execução da pensão alimentícia, mediante expedição de ofício ao empregador para efetuar o desconto na folha de pagamento do alimentante. Diferente do CPC/1973, o CPC/2015 distingue os ritos de cum- primento de sentença e execução autônoma que tenham por objeto prestação de alimentos. Cumprimento de Sentença O quarto capítulo do título que trata do cumprimento de senten- ça aborda o cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de prestar alimentos. Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao paga- mento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o exe- cutado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517. Nota-se que o procedimento é o mesmo para alimentos defini- tivos, determinados em sentença, e provisórios, determinados em deci- são interlocutória. Se o devedor, uma vez intimado (não há citação, pois anteriormente já foi citado), não pagar e nem justificar a impossibilidade de fazê-lo, o juiz determinará o protesto judicial da dívida e decretará a prisão civil. Atenção: Os únicos alimentos que serão executados por esta 70 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S modalidade são os de direito de família, não os decorrentes de atos ilícitos. Quanto aos últimos cabem os outros ritos. Contra a decisão que determina a prisão cabe agravo de ins- trumento (sem o efeito suspensivo, o devedor pode ser preso até o jul- gamento do recurso) ou “habeas corpus” se houver ilicitude no decreto (ilegalidade da prisão ou ausência de contraditório). § 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilida- de absoluta de pagar justificará o inadimplemento. No tocante à justificativa do devedor, se plausível, ela não exi- me o devedor do pagamento, mas da prisão, prosseguindo à execução pelo rito de penhora. Se necessário, o juiz pode determinar a produção de provas no bojo da execução, como a audiência de instrução. De- ve-se buscar a verdade sobre a situação do devedor, de modo a não decretar uma prisão injusta. § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresen- tada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. Quanto ao prazo, nos termos do CPC, é de 1 a 3 meses; nos termos da Lei de Alimentos é de até 60 dias. Na prática, é comum o decreto por 30 dias. § 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns. A prisão não pode ser domiciliar, em regra, mas o devedor não pode ficar com os presos comuns. § 5o O cumprimento da pena não exime o executado do paga- mento das prestações vencidas e vincendas. § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumpri- mento da ordem de prisão. Esta prisão civil não é uma pena, mas um meio de coerção, de modo que será suspenso o cumprimento da ordem de prisão assim que o devedor pagar o débito. Também por isso que o cumprimento da prisão não exime o devedor de pagar pela dívida, apesar de não ser possível novo decreto de prisão pelas mesmas prestações. § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentan- te é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuiza- mento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Sobre as prestações abrangidas, sempre deve ser observado o teor da súmula 309, STJ: “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores à ci- tação e as que vencerem no curso do processo”. As demais prestações devem ser executadas pelo rito de penhora. 71 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S § 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Tí- tulo II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do execu- tado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspen- sivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. É possível optar desde logo pelo rito da penhora, previsto no capítulo anterior sobre cumprimento definitivo de sentença que reconhe- ce a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. Feita a escolha, não se admitirá a prisão civil. Ainda que se suspenda o cumprimento por impugnação, caberá o levantamento mensal das prestações que forem vencendo no curso da suspensão. § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio. Quanto ao local da propositura, a competência é do juízo da sentença, do domicílio do credor ou, no caso da execução por penhora, do local dos bens, conforme opção do credor. O fato de o credor optar por cumprir a sentença em juízo diverso, em seu domicílio, não gera mudanças no rito de cumprimento de sentença – exceto pelo fato de ser preciso citar o devedor.da exe- cução como um aspecto essencial do direito processual civil, corolário da efetividade processual. Afinal, a satisfação das pretensões jurídicas devi- das ao sujeito de direitos é determinante para que a resposta processual se consubstancie em direito material, especialmente diante da formação de títulos executivos judiciais, quando está em jogo não apenas a satisfa- ção do credor, mas a própria credibilidade do Poder Judiciário. Inicialmente, aborda-se a teoria geral da execução. Dentre ou- tros aspectos, aponta-se como se deu a evolução jurídica que permitiu distinguir as formas de processamento da execução, conforme a natu- reza do título executivo, servindo o cumprimento de sentença para a co- brança de títulos executivos judiciais e a ação de execução para a co- brança de títulos executivos extrajudiciais. Sem prejuízo, são analisados os princípios, as técnicas de execução no processo civil e questões sobre a responsabilidade patrimonial e a legitimidade processual na execução. Na segunda parte do módulo, a mais extensa, o estudo se vol- ta às execuções em espécie, passando pelos procedimentos de cumpri- mento de sentença e ação de execução aplicável a cada uma das obri- gações descritas no Código de Processo Civil, notadamente, de pagar quantia certa, provisória ou definitiva, de fazer ou não fazer, de entregar coisa, de pagar prestação de alimentos e contra a Fazenda Pública. Além disso, são expostas às questões inerentes à defesa nas vias executi- vas, com estudo de mecanismos como a impugnação ao cumprimento de sentença, os embargos à execução e as exceções de pré-executividade. Ao final do módulo, se aprofundam temas correlatos à execu- ção de quantia certa, que pode se dar tanto de forma principal quanto de forma substitutiva às execuções específicas diante de conversão em perdas e danos. Temas sobre a penhora e as impenhorabilidades pre- vistas em lei – além dos requisitos para a avaliação e expropriação de bens – são analisados neste último capítulo. Com efeito, o propósito deste módulo é permitir ao profissional do direito uma ampla compreensão da execução no direito processual civil e, especialmente, de sua importância para a efetividade processual. 12 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S A FASE EXECUTÓRIA O processo possui diversas fases: a postulatória, na qual a par- te traz os fatos e o direito a serem discutidos no Poder Judiciário; a do saneamento, na qual o magistrado fixa os pontos controvertidos da lide e determina ou não seu prosseguimento; a instrutória, na qual são pro- duzidas as provas; a decisória, na qual é proferida a decisão; a recursal, caso a parte sucumbente interponha algum recurso; e a executória, na qual se busca coativamente a satisfação da pretensão objeto da lide. A execução só é necessária em caso de inadimplemento de uma obrigação, ou seja, somente quando o obrigado não cumpre volun- tariamente a obrigação que lhe cabe, é que tem lugar a intervenção do órgão judicial executivo. TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO 12 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 13 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Assim, a sentença (ou o acórdão) é o título executivo por exce- lência, isto é, o título que melhor exterioriza as finalidades do processo de execução, pois demonstra que, mesmo que o Judiciário diga o direi- to, a parte condenada poderá não o obedecer, caso no qual será preciso um instrumento para efetivar a condenação. Contudo, existem diversas espécies de títulos executivos. O que embasa a execução é o título executivo, que se divide em: judicial, quando emanado do Poder Judiciário; e extrajudicial, que é um documento ao qual a lei (CPC ou outra lei) dá o status de título exe- cutivo (cheque, nota promissória, letra de câmbio, etc.). Evidencia-se a importância da execução porque ele torna efetiva a justiça declarada no título e não deixa o cumprimento da decisão à mercê da vontade das partes. Logo, a execução ocorre pela busca da efetividade do direito. Cintra, Dinamarco e Grinover descrevem a execução como sendo: “conjunto de atos estatais com que, com ou sem o concurso da vontade do devedor (e até contra ela), invade-se seu patrimônio para, à custa dele, realizar-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito objetivo material”. Vale destacar que, conforme o título executivo e a natureza da sentença, o processo executivo adotará um rumo ou outro, isto é, terá procedimentos variados conforme a obrigação discutida. Por exemplo, se meu título executivo é um cheque, irei promover uma execução de título extrajudicial por quantia certa; se meu título é uma sentença con- denando meu vizinho a retirar uma cerca, a execução será de título judicial – cumprimento de sentença – para efetivar uma obrigação de fa- zer. No caso da sentença, Gonçalves aponta que não constituem títulos executivos judiciais as sentenças declaratórias e constitutivas, afinal, sozinhas elas exaurem toda a pretensão do autor. Apesar do Código do Processo Civil fixar uma disciplina sepa- rada entre cumprimento de sentença e processo de execução, as regras do livro sobre o processo de execução se aplicam de forma subsidiária ao cumprimento de sentença, motivo pelo qual é possível estudar uma teoria geral da execução aplicada a ambos, conforme o artigo 771, CPC: Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial. 14 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO Em determinado momento da história, a execução deixou de ser pessoal, isto é, de recair sobre o corpo do devedor, e passou a ser patrimo- nial. Consta que no direito romano, o devedor respondia por suas dívidas com o próprio corpo: seu corpo era dividido em partes conforme o número de credores que este tinha e não se falava em restrição do patrimônio. Não havia qualquer intervenção do Estado, os próprios credores são quem fa- ziam a divisão do corpo do devedor e, assim, a dívida era saldada. No direito quiritário, a fase mais primitiva do direito romano, que antecede a Lei das XII Tábuas, o devedor insolvente era entregue ao credor que, por sessenta dias, podia mantê-lo como seu servo; e caso a dívida não fosse quitada, este poderia ser vendido como escravo para estrangeiros ou até mesmo ser morto, tendo seu corpo dividido em quantas partes fossem necessárias para a quitação da dívida. Essa ideia de execução pelo próprio corpo do devedor perdu- rou até 428 a.C., sendo substituída pela promulgação da Lex Poetelia Papiria, mediante a qual foi deixada de lado a ideia do direito quiritário e ficou proibida a execução da dívida com o corpo do devedor, pois era considerada uma atitude desumana. Dentro da história recente do processo executivo brasileiro, duas leis merecem destaque: a Lei n° 11.232/05 e a Lei n° 11.382/06. Tais di- plomas legais promoveram alterações sensíveis em relação ao processo executório brasileiro. Basicamente, destaca-se que o legislador do CPC, de 1973, considerou o processo de execução como autônomo, ainda que fundado em título judicial. Com o advento da Lei n° 11.232/05, que fundou as fases de liquidação e cumprimento de sentença, deixou de existir um processo autônomo de execução de título judicial. A sistemática criada com a alteração de 2005 foi transcrita para o Código de ProcessoArt. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do tra- balho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia. § 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à em- presa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de deso- bediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. § 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Ca- dastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito. § 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquen- ta por cento de seus ganhos líquidos. Esta modalidade é utilizada sempre que possível, pois assegu- ra o adimplemento da pensão alimentícia de maneira eficaz. Há grande inovação do CPC neste ponto ao permitir que mesmo os alimentos que estão sendo cobrados judicialmente já vencidos possam ser desconta- 72 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S dos em folha. Ex.: se um alimentante tem desconto em folha de 30%, mas tem dívidas pretéritas com relação ao alimentado, é possível descontar o débito de forma parcelada, limitado a 50% dos ganhos líquidos do devedor empregado (isto é, 20% naquele mês). Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes. Não cumprida a obrigação, mesmo adotado o rito de prisão, converte-se o rito para penhora com relação às parcelas em que houve decreto de prisão. Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos de- finitivos ou provisórios. § 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se pro- cessa em autos apartados. § 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimen- tos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença. Cabe execução provisória dos alimentos, caso em que o pro- cessamento deve se dar em separado dos autos principais para não ser prejudicado o andamento regular destes. No cumprimento definitivo, o procedimento é fase nos mesmos autos. Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material. Disciplina o Código Penal: Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes pro- porcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo sol- vente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono in- justificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. A responsabilidade penal não excluirá o dever de pagar os ali- mentos. Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente, consti- 73 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S tuir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. § 1o O capital a que se refere o caput, representado por imó- veis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalie- nável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação. § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclu- são do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notó- ria capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz. § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, po- derá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação. § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo. § 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas. A constituição de capital pode ser representada por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. Estes bens permanecerão no domínio do alimentante, mas se tornarão impenhorá- veis e inalienáveis para os demais credores. A referida técnica pode ser substituída pela inclusão do benefi- ciário em folha de pagamento de entidade de direito público ou empre- sa de notória capacidade econômica, ou ainda, por fiança bancária ou garantia real. O valor pode sofrer alterações, tanto para majoração quan- to para redução, sendo ainda permitida a utilização do salário-mínimo como indexador. Uma vez extinta a obrigação alimentar, o juiz mandará, a requerimento ou de ofício, liberar o capital, fazendo cessar a sua ina- lienabilidade e impenhorabilidade. Ação de Execução O capítulo VI do título II que aborda as diversas espécies de execução traz disciplina específica sobre a execução de alimentos fun- dada em título extrajudicial. Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudi- cial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao 74 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528. Basicamente, segue-se o mesmo procedimento para o rito da prisão civil. A diferença é que aqui ocorrerá citação. Destaca-se que como o título é extrajudicial, há mudanças quanto ao mecanismo de defesa, cabendo embargos e não impugnação à execução. Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legisla- ção do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação alimentícia. § 1o Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à em- presa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de deso- bediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. § 2o O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a impor- tância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve ser feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração. Repete-se a previsão do artigo 533, exceto quanto ao desconto em folha de valores pretéritos vencidos de forma parcelada no limite de 50%. Art. 913. Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante men- salmente a importância da prestação. Não se optando pelo rito da prisão ou restando este inócuo, segue-se o rito da penhora. Destaca-seque se for apresentada defesa, consistente em embargos à execução, atribuindo-se a estes o efeito suspensivo tal efeito não atingirá as prestações que vencerem mensal- mente no curso da suspensão, que deverão ser pagas. EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA CON- TRA A FAZENDA PÚBLICA A execução contra a Fazenda Pública tem no polo passivo pes- soa jurídica de direito público (autarquias, fundações públicas, UED- FM...). Um aspecto essencial desta modalidade de execução é o de que não é possível a penhora de bens, considerada a natureza pública do 75 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S débito (artigo 100, CF). Nas execuções de maior valor, a execução é feita por meio de precatórios judiciais, sem a prática de atos de constrição e expropriação de bens. Assim, precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário requisita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha sido con- denada em processo judicial. Grosso modo, é o documento pelo qual o Presidente de Tribunal, por solicitação do Juiz da causa, determina o pagamento de dívida da União, de Estado, Distrito Federal ou do Mu- nicípio, por meio da inclusão do valor do débito no orçamento público. Os créditos alimentícios têm preferência (súmula 144, STJ). As- sim, existem os precatórios ordinários para as dívidas comuns e os extraor- dinários para as alimentares. O desrespeito a esta ordem autoriza o judici- ário a tomar providências para a efetiva execução. O artigo 100 da CF trata de maneira pormenorizada da matéria, esclarecendo que o Presidente do Tribunal só atuará nas questões relacionadas à expedição do precatório, à ordem cronológica, ao sequestro e à eventual proposta de intervenção. Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públi- cas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresen- tação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a de- signação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas com- plementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originá- rios ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, as- sim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedi- ção de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações defini- das em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo 76 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de di- reito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exer- cício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alo- cação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis- sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de pre- catórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. § 9º No momento da expedição dos precatórios, independen- temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de com- pensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fa- zenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamen- tos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preen- cham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo per- centual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando ex- 77 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S cluída a incidência de juros compensatórios. § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus cré- ditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Mu- nicípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de suas res- pectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de pequeno valor. § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de transfe- rências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no período compre- endidopelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: I – na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação constitucional; II – nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; III – na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Muni- cípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compen- sação financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condena- ções judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação de vincula- 78 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S ção de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal. § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora e cor- reção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxilia- res de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40% (qua- renta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado. Há casos em que os precatórios são dispensados, conside- rando-se de baixo valor a execução contra a Fazenda Pública (art. 100, §§3º e 4º, CF), assim sendo: a) 60 (sessenta) salários mínimos, perante a Fazenda Federal (art. 17, § 1º, da Lei nº 10.259/2001); b) 40 (quarenta) salários mínimos, ou outro valor definido em lei local, perante a Fazenda dos Estados ou do Distrito Federal (art. 87, I, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias); e c) 30 (trinta) salários mínimos, ou outro valor definido em lei local, perante a Fazenda dos Municípios (art. 87, II, do Ato das Disposi- ções Constitucionais Transitórias). Nestas situações, é feita requisição de pequeno valor – RPV, que se trata de uma requisição de pagamento de quantia que a Fazen- da Pública, condenada em processo judicial, é obrigada a realizar em prazo de 60 (sessenta) dias. O objetivo foi conferir maior celeridade e efetividade às execuções contra o poder público, ao menos quando o valor tem baixo impacto financeiro aos cofres públicos. Embora a disciplina aqui introduzida não esteja prevista no Có- digo de Processo Civil, é essencial conhecê-la para compreender a for- ma como as execuções contra a Fazenda Pública são instrumentaliza- das no CPC. Afinal, estes aspectos influenciam muito no procedimento adotado nesta modalidade executiva. Especificamente quanto à sistemática processual, diferente- mente do CPC/1973, o CPC/2015 se preocupa em distinguir os casos de cumprimento de sentença, atribuídos aos títulos judiciais contra a Fazenda Pública, dos casos de execução autônoma, atribuídos aos tí- tulos extrajudiciais contra a Fazenda Pública. 79 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Cumprimento de Sentença O quinto capítulo do título que trata do cumprimento de senten- ça aborda o cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública. Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará de- monstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo: I – o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pes- soas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente; II – o índice de correção monetária adotado; III – os juros aplicados e as respectivas taxas; IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo- netária utilizados; V – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI – a especificação dos eventuais descontos obrigatórios re- alizados. § 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 113. § 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à Fa- zenda Pública. A primeira exigência no procedimento é que o exequente apre- sente demonstrativo do crédito com todos os elementos especificados nos incisos do artigo 534. Tal demonstrativo deve ser individual mesmo quando houver litisconsórcio. Não se aplica multa de 10%, típica das demais formas de cum- primento de sentença que determina pagamento de quantia. Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: [...] (a impugnação à execução será tratada ao final do capítulo) § 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada: I – expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal com- petente, precatório em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal; II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da 80 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. O CPC traz aqui as duas situações introduzidas na explicação: precatórios e RPV. § 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questio- nada pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento. Havendo parte incontroversa, será desde logo processado o pagamento. § 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste arti- go, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado incons- titucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Fe- deral como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo Tri- bunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica. § 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5o deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão exequenda. § 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Do 5º ao 8º repete-se a disciplina dos §§ 12 a 15 do artigo 525, CPC, aplicável ao procedimento geral de cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia. Ação de Execução O capítulo V do título II que aborda as diversas espécies de execução traz disciplina específica sobre a execução contra a Fazenda Pública fundada em título extrajudicial. Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazen- da Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias.§ 1o Não opostos embargos ou transitada em julgado a deci- são que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal. § 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhe- 81 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S cimento. § 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535. No caso de execução contra a Fazenda baseada em título ex- trajudicial, caberão embargos à execução, processados com o prazo dobrado (30 dias), nos quais toda matéria de defesa poderá ser alegada devido à natureza de processo autônomo. A disciplina do cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública se aplica subsidiariamente às execuções autônomas. DEFESA DE DEVEDOR NAS VIAS EXECUTIVAS Embora nas vias executivas não exista propriamente um direito de defesa que se equipare ao assegurado nos processos de conheci- mento, é necessário garantir o mínimo de contraditório. Sendo assim, o devedor tem acesso a mecanismos de defesa, tanto por meios próprios, como a impugnação e os embargos, quanto por petições incidentais nos autos. Neste ponto, parece seguro dizer que existe contraditório na execução, ainda que este seja mitigado. Prova disso é a observação do rol taxativo de matérias que podem ser alegadas na impugnação à execução (artigo 525, § 1o, CPC). Basica- mente, embora o executado possa se opor ao requerimento do exequente para dar início ao cumprimento de sentença, tal oposição encontra limite cognitivo, isto é, não é qualquer matéria que pode ser alegada. O motivo é claro, se há cumprimento de sentença significa que se formou título execu- tivo judicial, o qual passou pelo crivo do Poder Judiciário, que já examinou as matérias de fato e de direitos inerentes à sua formação. De outro lado, o contraditório será bastante amplo nos casos em que o título executivo não passou, em nenhum momento, pelo crivo do Judiciário. O legislador viu por bem assegurar que diante de título executivo extrajudicial, a defesa na execução poderá se dar mediante ajuizamento de ação de conhecimento autônoma distribuída por depen- dência, na qual poderá ser alegada “qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento” (artigo 917, VI, CPC). Tal ação se denomina embargos à execução. Com efeito, a natureza do título executivo não apenas deter- mina se haverá ou não caráter autônomo à execução, como também gera restrição ou ampliação do contraditório por meio do mecanismo de defesa fixado no CPC. Se o título executivo for judicial, o contraditório será reduzido devido à taxatividade do rol de matérias alegáveis na im- pugnação à execução. Se o título executivo for extrajudicial, o contradi- 82 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S tório será mais amplo, conduzido por uma tradicional via cognitiva, não havendo rol taxativo de matérias alegáveis nos embargos à execução. Impugnação à Execução nos Cumprimentos de Sentença em Geral A impugnação ao cumprimento de sentença, que popularmen- te se denomina impugnação à execução, é o meio de defesa do execu- tado para obstar o cumprimento da sentença, ainda que tal óbice seja limitado devido à restrição de matérias que podem ser debatidas. Tal restrição se justifica pelo fato de que o título executivo se formou judi- cialmente, já se apurando questões de fato e de direito relevantes ante- riormente no processo de conhecimento. Embora a previsão legal se encontre no artigo 525, CPC, isto é, entre os dispositivos que abordam o cumprimento de sentença de- finitivo de obrigação de pagar quantia certa, a impugnação é cabível no cumprimento de sentença provisório de obrigação de pagar quantia certa, conforme o artigo 520, § 1o, CPC. Além disso, o artigo 536, § 4o, CPC, estabelece que: “no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber”, sendo que por força do artigo 538, § 3o, CPC, pode- -se entender que a impugnação também é cabível no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de entregar coisa. Como particularidades devidas, aplicáveis na obrigação de fa- zer, não fazer e entregar coisa, pode-se destacar a impossibilidade de aplicação da multa de 10% sob o quantum debeatur. Quanto à conta- gem de prazo para impugnação, será de 15 (quinze) dias a partir do final do prazo para cumprimento voluntário da obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, o qual é fixado no próprio título ou pelo juízo. No caso de cumprimento de sentença de obrigação de pagar prestação de alimentos pelo rito da prisão civil, a impugnação não é o meio adequado de defesa, sendo substituída pela justificativa do deve- dor. Já se o cumprimento de sentença de obrigação de pagar prestação de alimentos correr pelo rito da penhora, também é a impugnação o meio adequado para a defesa (artigo 528, § 8o, CPC), sendo que a concessão de efeito suspensivo à impugnação não impede que o exe- quente alimentando levante mensalmente a importância da prestação. Em todos os casos, ultrapassado o prazo para cumprimento voluntário, automaticamente começa a correr o prazo para a impugna- ção à execução, em todas as modalidades de obrigação, não sendo necessária nova intimação do executado. Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o paga- 83 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S mento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o exe- cutado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. Além disso, no caso específico do cumprimento de sentença para obrigação de pagar quantia certa, a apresentação da impugnação à execução não impede que os atos de penhora prossigam. § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar: I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; Se o executado não foi citado no processo de conhecimento ou se a citação foi nula e, em razão disso, foi revel, poderá alegar na impugnação à execução. Como consequência, se acolhida a alegação teria faltado pressuposto de existência do processo e devem ser retor- nados os atos processuais para que o réu possa apresentar sua defesa, garantindo o contraditório. II – ilegitimidade de parte; É uma alegação comum nos casos em que o executado não te- nha participado do processo de conhecimento, por exemplo, um fiador. III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; O título executivo deve conter obrigação certa, líquida e exigível. O CPC/2015 inova ao considerar que a inexigibilidade pode se fazer presente sempre que a obrigação reconhecida no título executivo judicial for fundada em lei ou ato normativo declarado inconstitucional ou reinterpretado como incompatível com a CF em controle de constitu- cionalidade difuso ou concentrado pelo STF. Destaca-se que se o STF modular os efeitos da decisão no tempo, o título executivo fora dos mol- des temporais não será atingido. Se o título executivo judicial for apenas provisório, isto é, se não tiver ainda transitado em julgado a decisão, basta a alegação de inexigibilidade do título no cumprimento. Contudo, se o título executivo judicial for definitivo, tendo transitado em julgado a decisão que o formou, será preciso propor ação rescisória para, então, questionar a inexigibilidade do título. § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste arti- go, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado incons- titucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundadoem aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Fe- deral como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à segu- rança jurídica. 84 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S § 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda. § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. IV – penhora incorreta ou avaliação errônea; A penhora pode já ter acontecido no momento da impugnação, bem como da avaliação do bem penhorado. Neste caso, o executado deve aproveitar a impugnação para questionar os atos. Contudo, se os atos de penhora e avaliação forem posteriores à impugnação, será pos- sível questionar mediante exceção de pré-executividade, isto é, petição simples nos autos. V – excesso de execução ou cumulação indevida de execu- ções; Uma das mais comuns alegações na impugnação à execução é justamente a de excesso de execução, isto é, a de que o valor apre- sentado pelo credor no demonstrativo anexo ao seu requerimento está incorreto, acima do devido. Sobre esta alegação, os §§ 4o e 5o do artigo destacam que deve ser acompanhada de demonstrativo que declare o valor que pensa o executado ser o devido. § 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cum- prir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentan- do demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeita- da, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se hou- ver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. Se o executado não juntar à impugnação o demonstrativo de cálculo, apontando especificamente qual valor entende ser excessivo, haverá rejeição liminar da impugnação em caso de impugnação funda- da apenas no excesso de execução ou então não será examinada tal alegação se houverem outros fundamentos na impugnação. VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. § 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis- posto nos arts. 146 e 148. § 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. 85 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Para alegação de impedimento ou suspeição do juiz e dos auxi- liares da justiça será seguida a regra geral. É válida a regra do prazo em dobro para litisconsortes com advogados diversos, de escritórios distintos. § 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. § 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6o não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens § 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação dis- ser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. § 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusi- vamente ao impugnante. § 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecen- do e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. A impugnação, em regra, não tem efeito suspensivo. Tal efeito pode ser atribuído pelo juiz se ficar provado que o prosseguimento da exe- cução pode gerar grave dano de difícil reparação ao executado. O efeito pode ser concedido total ou parcialmente. Atos de substituição, reforço ou redução da penhora não são afetados pelo efeito suspensivo, mas apenas os atos de expropriação. Se for concedido o efeito suspensivo, a impugnação será autuada nos próprios autos. Ainda que seja concedido, o exequente poderá optar por garantir a execução mediante caução e dar seguimento. Se não for concedido, será autuada em autos apartados, prosseguindo o cumprimento simultaneamente à impugnação. Impugnação à Execução no Cumprimento de Sentença por Obriga- ção de Pagar Quantia Contra a Fazenda Pública No caso de cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia contra a Fazenda Pública, o mecanismo de defesa também é a impugnação à execução, sendo idênticos os argumentos que podem 86 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S ser levantados, exceto quanto à penhora incorreta ou avaliação errô- nea, eis que o sistema de cumprimento contra a Fazenda não tem tais atos, substituídos por precatórios e requisições de pequeno valor. Também devido à natureza específica do cumprimento contra a Fazenda Pública não há possibilidade de rejeição liminar da impug- nação, caso o único argumento levantado pela Fazenda seja excesso de execução. Enquanto pendente a impugnação, atos executivos não poderão ser praticados. Noutras palavras, não será expedido o precatório e nem ordenado o pagamento de obrigação de pequeno valor enquanto pen- dente de julgamento a impugnação apresentada pela Fazenda Pública. Em que pese a permanência de certas prerrogativas, nota-se uma evolução na disciplina. A maior inovação nas execuções contra a Fazenda Pública está na vedação à apresentação de embargos quando houver título executivo judicial. A impugnação à execução, cujo rol de matérias alegáveis é limitado, será interposta pela Fazenda Pública com respeito à regra do prazo processual em dobro (terá 30 dias, em vez de 15 dias). Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II – ilegitimidade de parte; III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV – excesso de execução ou cumulação indevida de execu- ções; V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. § 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis- posto nos arts. 146 e 148 (regra geral). § 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de exe- cução, pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá à execu- tada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição. 87 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Embargos à Execução A defesa do executado em processo autônomo de execução se dá por embargos à execução, cuja natureza é de ação autônoma/ processo de conhecimento.Por isso mesmo, neles podem ser aduzidas todas as matérias alegáveis pela via do conhecimento. A disciplina so- bre os embargos à execução se encontra no título III do livro II da parte especial, voltado ao processo de execução. O prazo para oposição de embargos corre a partir da citação do executado, sendo que atos praticados nesse meio tempo na ação de execução não influenciam no curso do prazo. Embora os embargos sejam ação autônoma, formando autos processuais em apartado, serão distribuídos por dependência em rela- ção à ação de execução. Em caso de carta rogatória, precatória ou de ordem, a com- petência para julgamento é do juízo deprecante (o que enviou a carta), embora possam ser os embargos opostos tanto no juízo deprecante quanto no juízo deprecado. O juízo deprecado poderá, contudo, julgar embargos que versem apenas sobre vícios ou defeitos na penhora, ava- liação ou alienação). Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depó- sito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos. § 1o Os embargos à execução serão distribuídos por depen- dência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças pro- cessuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo pró- prio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. § 2o Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado. Os embargos à execução são oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias da juntada aos autos do aviso de recebimento ou do mandado de cita- ção cumprido na ação de execução. O prazo conta da juntada do mandado de citação para cada litisconsorte, salvo no caso de cônjuges/companhei- ros, em que o prazo conta da juntada do último mandado cumprido. Caso a execução se dê por carta precatória, rogatória ou de ordem, o prazo para embargos contará da juntada da certificação da citação na própria carta (para embargos que versem apenas sobre ví- cios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação, posto que estes podem ser julgados pelo juízo deprecado) ou da juntada do co- 88 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S municado eletrônico de realização da citação na ação de execução, no caso de processo eletrônico, ou da juntada da carta cumprida na ação de execução, no caso de processo físico (para embargos que versem sobre outras matérias, além de vícios e defeitos na penhora, avaliação ou alienação, uma vez que o julgamento necessariamente caberá ao juízo deprecante). Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quin- ze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231. § 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo compro- vante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quan- do será contado a partir da juntada do último. § 2o Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I – da juntada, na carta, da certificação da citação, quando ver- sarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; II – da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo. § 3o Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229. § 4o Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante. Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: [...] VI – qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como de- fesa em processo de conhecimento. Considerando que os embargos à execução possuem natureza de ação de conhecimento, não há limitação cognitiva. Sendo assim, além das matérias que tipicamente podem ser alegadas na defesa em vias executivas, pode ser deduzida “qualquer matéria que lhe seria lícito de- duzir como defesa em processo de conhecimento” (artigo 917, VI, CPC). Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: [...] IV – retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; [...] § 5o Nos embargos de retenção por benfeitorias, o exequente po- derá requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou dos danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, observando-se, então, o art. 464. § 6o O exequente poderá a qualquer tempo ser imitido na pos- 89 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S se da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas ben- feitorias ou resultante da compensação. [...] Além disso, uma matéria que também pode ser alegada nos embargos é retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa (artigo 917, IV, CPC). Pres- tando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias, o exe- quente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse (artigo 917, § 6o, CPC). Claro, se o executado pode alegar o direito à retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, sem prejuízo, o exequente poderá requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou dos danos considerados devidos pelo executado, conforme § 5o do artigo 917. A alegação de benfeitorias é matéria que, se o título executivo formado fosse judicial, deveria ter sido alegada na ação de conhecimen- to, não na impugnação ao cumprimento de sentença, conforme prevê o artigo 538, § 2º, CPC: “o direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento”. Contudo, como o título executivo é extrajudicial e não se formou sob o crivo do Poder Ju- diciário, a matéria poderá ser alegada nos embargos à execução. Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: I – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; II – penhora incorreta ou avaliação errônea; III – excesso de execução ou cumulação indevida de execu- ções; [...] V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execu- ção; [...] § 2o Há excesso de execução quando: I – o exequente pleiteia quantia superior à do título; II – ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III – ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título; IV – o exequente, sem cumprir a prestação que lhe correspon- de, exige o adimplemento da prestação do executado; V – o exequente não prova que a condição se realizou. § 3o Quando alegar que o exequente, em excesso de execu- ção, pleiteia quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 4o Não apontado o valor correto ou não apresentado o de- monstrativo, os embargos à execução: I – serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução for o seu único fundamento; II – serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz 90 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S não examinará a alegação de excesso de execução. [...] Não obstante, dos incisos III a VI do artigo 525, § 1o, CPC, se evidenciam típicas matérias de ordem exclusivamente executiva que podem ser alegadas tanto na impugnação ao cumprimento de sentença quanto nos embargos à execução, conforme se denota no artigo 917, I, II, III e V, sendo elas: inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação, penhora incorreta ou avaliaçãoerrônea, excesso de execu- ção ou cumulação indevida de execuções e incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução. Especificamente sobre o excesso à execução por pleitear o exe- quente uma quantia superior à do título (obrigação de pagar quantia certa), exigem-se os mesmos requisitos tanto na impugnação ao cumprimento de sentença quanto nos embargos à execução – apresentação do valor que o executado entende ser o correto, com demonstrativo de cálculo juntado – sob pena de rejeição liminar (no caso de embargos que apenas contenham este fundamento do excesso à execução) ou de não apreciação da alega- ção de excesso (no caso de embargos com outros fundamentos). [...] § 7o A arguição de impedimento e suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148 (regra geral). O artigo 917, § 2o, CPC, permite perceber que o excesso à execução também pode ser alegado quando a execução versar sobre obrigações específicas: no caso de obrigação de entrega de coisa, se a execução recair sobre coisa diversa da declarada no tí- tulo (artigo 917, § 2o, II, CPC); no caso de obrigação de fazer ou não fazer, se a execução se processa de modo diferente do que foi deter- minado no título (artigo 917, § 2o, III, CPC); no caso de obrigações recíprocas (contratos bilaterais), a aplicação da regra da exceção do contrato não cumprido – exceptio non adimpleti contractus, não podendo o exequente exigir cumprimento de obrigação pelo exe- cutado sem antes ter cumprido a obrigação que lhe corresponde (artigo 917, § 2o, IV, CPC); no caso de obrigação vinculada à condi- ção, se não houve prova de que a condição se realizou (artigo 917, § 2o, V, CPC). Tais matérias podem, sem problemas, ser deduzidas também em eventual impugnação ao cumprimento de sentença de obrigações específicas, enquanto excesso de execução. Caberá rejeição liminar dos embargos à execução: se forem 91 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S apresentados fora do prazo de 15 (quinze) dias (intempestividade), se for indeferida a petição inicial ou julgado improcedente de forma liminar o pedido (basicamente, aplicação dos artigos 331 e 332, CPC, devido à natureza cognitiva dos embargos) e se forem manifestamente protelató- rios, com o intuito único de postergar a execução para obstar o adimple- mento obrigacional (há também ato atentatório à dignidade da justiça). Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I – quando intempestivos; II – nos casos de indeferimento da petição inicial e de improce- dência liminar do pedido; III – manifestamente protelatórios. Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente protelatórios. Em regra, não há efeito suspensivo. Contudo, o embargante/ executado poderá pedir que seja atribuído o efeito suspensivo, desde que garanta a execução por penhora, depósito ou caução. Concedido o efeito suspensivo, fica suspensa a execução, total ou parcialmente conforme a extensão do efeito (artigo 921, II, CPC). A decisão sobre a concessão ou não do efeito suspensivo pode ser modificada a qualquer tempo. A suspensão pode ser parcial e pode também recair contra apenas um litisconsorte, o embargante, desde que o fundamento por ele alegado não afete os demais executados. A suspensão apenas afeta atos de expropriação dos bens, não os de penhora e avaliação. Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja ga- rantida por penhora, depósito ou caução suficientes. § 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos dis- ser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. § 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos ofere- cidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. § 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetiva- ção dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. 92 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Após receber os embargos, o exequente/embargado será ou- vido em 15 (quinze) dias, apresentando sua contestação. Depois dessa manifestação do executado, o juiz julgará o pedido ou designará audi- ência de instrução, ao final da qual proferirá sentença. Art. 920. Recebidos os embargos: I – o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; II – a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designa- rá audiência; III – encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença. De forma alternativa à apresentação dos embargos à execu- ção, o executado tem o direito de solicitar o parcelamento do crédito do exequente, no mesmo prazo dos embargos, isto é, de 15 (quinze) dias. O executado não pode embargar e solicitar o parcelamento, pois ao requerê-lo concorda com a obrigação consignada no título executivo, renunciando ao direito de opor os embargos à execução. No requerimento de parcelamento, o executado deve apre- sentar comprovante de depósito de 30% do valor devido, acrescido de custas e honorários advocatícios. O restante do valor poderá ser pago em até 6 (seis) parcelas mensais, conforme proposta do executado. O exequente será ouvido sobre a proposta em 5 (cinco) dias, podendo se opor ao valor apresentado ou à forma como será processado o parcelamento, mas não podendo ir contra a possi- bilidade de parcelamento, que é direito do executado. Se houver irregularidade e o requerimento de parcelamento for indeferido, o depósito será convertido em penhora. Enquanto vigente o parcelamento, ficam suspensos os atos executivos, que prosseguirão normalmente em caso de não paga- mento de uma das parcelas, sem prejuízo do vencimento de todas as parcelas vincendas com acréscimo de multa de 10% sobre elas. É importante atentar ao fato de que a possibilidade de par- celamento se aplica apenas para a execução de títulos extrajudi- ciais, não sendo possível invocá-lo no cumprimento de sentença de título judicial. Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em 93 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o execu- tado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. § 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requeri- mento em 5 (cinco) dias. § 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levan- tamento. § 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia de- positada, e serão suspensos os atos executivos. § 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora. § 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I – o vencimento das prestações subsequentes e o prossegui- mento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; II – a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo impor- ta renúncia ao direito de opor embargos. § 7o O disposto neste artigo nãose aplica ao cumprimento da sentença. Exceções de Pré-Executividade Tanto a impugnação ao cumprimento de sentença quanto os embargos à execução possuem prazo determinado para serem apre- sentados e apenas podem ser apresentados uma única vez, não sen- do possível a complementação deles. Entretanto, muitos são os atos executivos que podem ser praticados depois de exaurido o prazo ou já apresentadas estas petições, especialmente atos de penhora, avalia- ção e expropriação de bens. Sem prejuízo, o questionamento de atos propriamente execu- tivos não precisa depreender um incidente processual complexo, em respeito à simplicidade processual, bastando a apresentação de petição simples. Logo, deve ser facultado ao executado optar por não apresen- tar impugnação ou embargos se a sua única pretensão é questionar atos executivos já praticados. Por isso mesmo, as exceções de pré-executividade ainda pos- 94 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S suem espaço no sistema processual, correspondendo a petições simples que podem ser apresentadas no bojo da execução com o propósito de questionar atos relativos à penhora e à avaliação e outros atos executivos. O prazo para apresentação da petição é de 15 (quinze) dias a contar da intimação do ato que se pretende impugnar. O fundamento legal se encontra no artigo 525, § 11, CPC para as impugnações ao cumprimen- to de sentença e no artigo 917, § 1o, CPC, para os embargos à execução. Art. 525, § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aque- las relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. Art. 917, § 1o A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, con- tado da ciência do ato. 95 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Prova: VUNESP - 2021 - Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Procu- rador Municipal Em relação à sentença proferida como julgamento das ações re- lativas às prestações de fazer, de não fazer e de entregar coisa, assinale a alternativa correta. a) Na ação que tenha por objeto a prestação de dar, o juiz, se proce- dente o pedido, determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. b) Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é relevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. c) Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, deverá deixar para fixar o prazo para satisfação da obrigação, em sede de cumprimento. d) Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualiza- da, no prazo fixado pelo juiz. e) Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, permitirá que o ganhador promova diretamente e de imediato a prestação, sem necessidade de cumprimento. QUESTÃO 2 Prova: FAUEL - 2022 - Prefeitura de Apucarana - PR - Advogado Com base nas disposições do Código de Processo Civil a respeito da execução por quantia certa, assinale a alternativa CORRETA. a) Não podem ser penhorados, ainda que à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis. b) O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujei- tos a penhora, arresto ou indisponibilidade. c) Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas em dias distintos. d) Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao oficial de justiça providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do 96 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S termo, independentemente de mandado judicial. e) Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado, que poderão ser reduzi- dos em um terço, no caso de integral pagamento da dívida no tríduo legal. QUESTÃO 3 Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto São títulos executivos judiciais: I. sentença homologatória de autocomposição extrajudicial. II. formal e certidão de partilha em relação a terceiros. III. formal e certidão de partilha em relação ao inventariante e aos herdeiros ou sucessores. IV. sentença penal condenatória transitada em julgado. Está correto o que se afirma em a) I, III e IV, somente. b) I, II e IV, somente. c) II, III e IV, somente. d) I, II e III, somente. QUESTÃO 4 Prova: IPEFAE - 2022 - Câmara de Espírito Santo do Pinhal - SP - Assessor Jurídico Sobre o tema cumprimento de sentença, assinale a alternativa que contempla erro: a) Decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento vo- luntário. b) Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se reali- zou a condição ou de que correu o termo. c) A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça é título executivo judicial. d) O caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, ou no caso de decisão sobre parcela controversa, o cumprimento defini- tivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o execu- tado citado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. QUESTÃO 5 Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2022 - TJM-MG - Juiz de Direito Substituto A respeito do cumprimento de sentença e da execução, assinale a 97 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S alternativa correta. a) No caso de requerimento de cumprimento de sentença depois de um ano e meio do trânsito em julgado, o devedor será intimado para cum- pri-la por publicação no Diário Oficial. b) No caso de não pagamento de cheque emitido pela fazenda pública, não cabe o ajuizamento de ação de execução para cobrança do crédito. c) No caso de multa processual a ser fixada contra a fazenda pública para cumprimento de obrigação de fazer, exige-se o requerimento da parte interessada. d) No caso de obrigação reconhecida em título executivo judicial fun- dado em lei declarada inconstitucional pelo STF, em ação direta de in- constitucionalidade, após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Estabeleça as distinções mais notórias da execução por quantia certa em processo autônomo e em cumprimento de sentença. TREINO INÉDITO Acerca do procedimento dos embargos à execução, assinale a as- sertiva incorreta: a) a apresentação dos embargos à execução independe de penhora, depósito ou caução. b) no caso de execução por carta precatória, a competência para jul- gamento de embargos que versem unicamente sobre vício da penhora praticada no juízo deprecado é do juízo deprecante. c) os embargos à execução são distribuídos por dependência, formando autos processuaisem apartado. d) o requerimento de parcelamento do débito obsta a propositura de embargos à execução. e) nos embargos à execução pode ser alegada qualquer matéria que seria lícito ao embargante deduzir como defesa em processo de conhe- cimento. NA MÍDIA CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NO NOVO CPC: COMO FUNCIONA, REQUISITOS E HONORÁRIOS Quando um indivíduo não consegue resolver um conflito por vias ex- trajudiciais, este se vê obrigado a submeter o caso para apreciação do Estado, mais especificamente de seu poder Judiciário, por meio do exercício da jurisdição do magistrado. Isto decorre do princípio constitucional de acesso à justiça, manifestado 98 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S no chamado “direito de ação”, que permite que os cidadãos provoquem os órgãos jurisdicionais para análise de qualquer lesão ou ameaça de direito, obtendo sua tutela. A pretensão materializa-se no ajuizamento de ação judicial, que seguirá determinado procedimento regulamentado em lei processual específi- ca, de acordo com a matéria do objeto da ação. No contexto deste texto, é importante esclarecer que as ações judiciais serão cíveis quando o direito ofendido for previsto no Código Civil, e por assim serem classificadas, deverão seguir o procedimento especificado em legislação processual própria: o Código de Processo Civil – “CPC”, alterado em 2015. Não obstante, é comum à parte autora pensar que o processo se encer- ra quando o juiz profere sentença favorável, condenando a parte adver- sa ao cumprimento de determinada obrigação – como pagamento de quantia certa nos casos de indenização. Entretanto, apesar da sentença ter o condão de resolver o mérito da de- manda, ela – por si só – não conclui o procedimento, o qual se encerra com a satisfação da obrigação pelo condenado, não sendo incomum o seu descumprimento, total ou parcial. A estes casos poderá ser utilizado o procedimento do cumprimento de sentença, previsto no CPC. Fonte: 3MIND Data: 24/09/2022. Leia a notícia na íntegra: https://www.3mind.com.br/blog/cumprimento-de-sentenca-no-novo-cpc/ NA PRÁTICA O Código de Processo Civil de 2015 deixa claro que a natureza do título executivo que determina o rito processual a ser empregado: para o título judicial, utiliza-se o cumprimento de sentença, com reduzidos mecanis- mos de defesa; para o título extrajudicial, utiliza-se a ação de execução, na qual cabe a oposição de embargos, com ampla matéria de defesa. Sendo assim, retira a impressão de que não é possível que o cumprimen- to de sentença seja o rito adotado em um novo processo judicial, desde que exista vínculo com processo judicial anterior em que se formou o títu- lo. A diferença é que, nestes casos, em vez de ocorrer intimação do exe- cutado, haverá citação. O CPC/2015, expressamente, assim admite nos casos de sentença arbitral, estrangeira e penal, mas podemos estender a compreensão para a sentença condenatória de alimentos, nos casos em que o alimentando pretender promover o cumprimento em novo domicí- lio, e não onde a ação de alimentos tramitou originalmente. 99 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S PENHORA A seção III do capítulo IV sobre a execução por quantia certa, inserida no título II sobre as execuções em espécie no livro II da parte especial sobre o processo de execução, volta-se à penhora, ao depósito e à avaliação de bens. Basicamente, sempre que se está diante de uma execução por quantia certa – seja porque assim começou, seja devido a uma conversão em perdas e danos de obrigação específica – a penhora assume um papel essencial, por ser o primeiro ato executivo e coativo na execução por quantia certa. A penhora é o primeiro ato por meio do qual o Estado põe em prática o processo de expropriação executiva. Sua função é individualizar o bem, ou os bens do devedor, mediante apreensão física, direta ou in- PENHORA, AVALIAÇÃO E EXPROPRIAÇÃO 99 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S 100 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S direta. Tais bens serão executados e transferidos coativamente para dar satisfação ao credor. Por isso, diz que a penhora é um ato de afetação. Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. Serão afetados tantos bens quantos necessários para que seja pago não apenas o valor devido do credor ao devedor, atualizado com juros e correções, mas também o valor dos honorários advocatícios e das custas e despesas processuais. Acerca da natureza jurídica da penhora, há três correntes que procuram defini-la: a primeira seria de medida cautelar; a segunda seria de ato executivo; a terceira seria de ato executivo com efeitos conserva- tivos. Não há como negar que a penhora possui um certo papel de con- servação do bem penhorado, impedindo que outros atos de constrição sejam praticados em relação a ele, o que justifica os posicionamentos que defendem uma natureza cautelar, pura ou mista. Contudo, o enten- dimento de Carnelutti parece ser o mais adequado, no sentido de que a penhora é puramente um ato executivo, pois sua finalidade é a individu- alização e a preservação dos bens a serem submetidos ao processo de execução, ou seja, sua finalidade é executiva, não cautelar. Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei con- sidera impenhoráveis ou inalienáveis. O objeto da penhora é o patrimônio do devedor (ou de alguém que tenha assumido responsabilidade pelo pagamento da dívida) que deve ser atingido pela penhora, nunca o de terceiros estranhos à obri- gação ou à responsabilidade. Além disso, somente os bens alienáveis podem ser transmitidos e, consequentemente, penhorados. Contudo, na lei que regula a execução por quantia certa há a enumeração de bens que, mesmo sendo disponíveis por sua natureza, não se conside- ram passíveis de penhora, isto é, são impenhoráveis. O Código de Processo Civil fixa dois limites claros à penhora: - A penhora deve atingir apenas os bens que bastem à satisfação do valor atualizado monetariamente do crédito exequendo, com seus aces- sórios (juros, custas e honorários advocatícios) (arts. 831 e 874, CPC); - A penhora não deve ser realizada, nem mantida, quando evi- dente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução (art. 836, caput, CPC). Com efeito, a penhora não pode ser excessiva nem inútil. 101 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Impenhorabilidades Diante do princípio da menor onerosidade do devedor, existe uma preocupação de manter um patrimônio mínimo do devedor frente aos seus credores. Assim, o artigo 833 do Código de Processo Civil enumera casos de bens patrimoniais disponíveis que são impenhorá- veis, como os vestuários e pertences de uso pessoal, os vencimentos e salários, os livros, máquinas, utensílios e ferramentas necessários ao exercício da profissão, as pensões e montepios, o seguro de vida etc. Essa limitação à penhorabilidade encontra explicação em ra- zões diversas, de origem ético-social, humanitária, política ou técnico- -econômica. A razão mais comum para a impenhorabilidade de certos bens é a preocupação do Código em preservar as receitas alimentares do devedor e de sua família, ou seja, os bens patrimoniais dos quais o devedor e sua família dependem para sobreviver. Art. 833. São impenhoráveis: I – os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; Atos unilaterais ou bilaterais podem tornar bens inalienáveis. A respeito, nos termos do artigo 1.711 do Código Civil, um terçodo pa- trimônio dos cônjuges ao tempo do estabelecimento pode ser instituído como bem de família, mediante escritura pública ou testamento, sendo que necessariamente será abrangido imóvel de residência, efetuando- -se o respectivo registro. II – os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; Deve se evitar a penhora sobre bens que geralmente não en- contram preços significativos na expropriação judicial e cuja privação pode acarretar grandes sacrifícios de ordem pessoal e familiar para o executado. Deve ser analisado o médio padrão do povo da região, mas o excesso não é protegido. III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; Roupas e pertences pessoais não são penhoráveis, exceto se de elevado valor. Por exemplo, joias podem ser penhoradas, tal como roupas de luxo. IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ga- 102 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S nhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o §2º; Basicamente, a penhora não pode afetar a quantia mensal ou periódica destinada ao sustento do devedor e de sua família. Contudo, a impenhorabilidade não se aplica à hipótese de penhora para pagamen- to de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais. Fora disso, não é possível penhorá-lo antes ou depois do pa- gamento. Se a penhora ocorrer depois, cabe ao devedor provar que aquela quantia era o seu salário. V – os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; Não se penhoram objetos de trabalho da pessoa física, sendo que tais objetos representam a fonte principal de renda desta. O esto- que e a matéria-prima podem ser penhorados conforme o caso. § 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas per- tencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, ex- ceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. A regra que beneficia o produtor rural com a impenhorabilida- de das máquinas e equipamentos agrícolas refere-se expressamente às pessoas físicas e às empresas individuais, não alcança as pessoas jurídicas organizadas empresarialmente para a exploração do agrone- gócio. Porém, conforme entendimento do STJ, pequenas sociedades em que os próprios sócios desempenham a atividade rural merecem o tratamento da impenhorabilidade relativa aos instrumentos de trabalho tal como se passa com a pessoa física. VI – o seguro de vida; O seguro de vida é garantia do sustento dos herdeiros, pois cria uma espécie de “fundo alimentar” diante da morte daquele que era essencial ao sustento da família. Assim, a morte do devedor beneficiará os herdeiros e, se a penhora do seguro de vida ocorresse, passaria a beneficiar o credor. VII – os materiais necessários para obras em andamento, sal- vo se essas forem penhoradas; Os materiais necessários para obras em andamento são, por antecipação, parte integrante da obra. Logo, só podem ser penhorados se o todo for. VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- 103 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S de que trabalhada pela família; Não são as grandes fazendas que são impenhoráveis, mas as propriedades rurais familiares. O entendimento do que seria uma pro- priedade pequena varia conforme a região. Firmou-se a jurisprudência do STJ no sentido de que a impenhorabilidade incide sobre a proprieda- de rural cujo tamanho vai até quatro módulos fiscais, e que seja neces- sariamente trabalhada pela família. IX – os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; Se uma instituição privada recebe verba pública para fins de educação, saúde ou assistência social, a verba não pode ser penhorada. X – a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos; Atribui-se ao depósito em caderneta de poupança uma função de segurança alimentícia ou de previdência pessoal e familiar. Logo, a poupança é uma garantia de estabilidade do devedor, mas se ultrapas- sar o valor de 40 salários mínimos pode ser penhorada. Os fundos de investimento não são protegidos. XI – os recursos públicos do fundo partidário recebidos por par- tido político, nos termos da lei; Tal hipótese assegura o caráter democrático do processo elei- toral. Restringe-se aos recursos públicos transferidos, na forma da lei, a partir do fundo partidário, sendo que os demais bens integrantes do pa- trimônio dos partidos políticos continuam respondendo executivamente por suas dívidas. XII – os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra; As unidades imobiliárias adquiridas de empreendimento em cons- trução não são penhoráveis por dívidas do próprio empreendimento, ape- nas podendo recair eventual penhora sobre as unidades não alienadas. § 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. Seria injusto que o credor que propiciou ao atual titular do bem sua própria aquisição não tivesse como haver o respectivo preço em caso de inadimplemento. Por isso, um imóvel residencial objeto de alie- nação fiduciária em garantia pode ser penhorado por não pagamento das prestações mensais à concessionária. Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis. São, assim, relativamente impenhoráveis os frutos e rendimen- tos dos bens inalienáveis. Seguem os frutos e os rendimentos, a princí- pio, o destino do principal, ou seja, são também impenhoráveis. Contu- 104 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S do, na falta de bens livres do executado, cessará a impenhorabilidade e os frutos e rendimentos serão submetidos à penhora. Uma vez elaborada a lista dos bens penhoráveis, o executado será nomeado depositário provisório dos bens, até que eventualmente o juiz determine de forma diversa (artigo 836, § 2o, CPC). A legislação especial também traz hipóteses de impenhorabilida- de. A Lei nº 8.009/90 trata da impenhorabilidade do bem de família, que é o imóvel residencial do casal ou da entidade familiar e tudo que nele se agregar (equipamentos, construções, benfeitorias, plantações e móveis quitados). Nos termos da súmula 364 do STJ, os solteiros e viúvos também estão protegidos. Contudo, o bem de família deixará de ser impenhorável se o devedor, na execução, oferecê-lo voluntariamente à penhora. Se um quarto do bem é alugado ou se constrói uma oficina na frente, a impenhorabilidade permanece. Se o bem é alugado, mas o aluguel paga a residência em outro local, a impenhorabilidade também permanece. A impenhorabilidade atinge os móveis de uma casa alu- gada, ainda que o locatário não possua residência própria. Se o casal residir em vários imóveis, somente o de menor valor será considerado impenhorável. Não se protege a conduta maliciosa de aquisição de imó- vel residencial mais caro para ampliar a proteçãoCivil de 2015, que melhor sistematizou-a, deixan- do clara a divisão entre cumprimento de sentença para títulos judiciais e execução autônoma para títulos extrajudiciais, conforme se estuda no curso deste módulo. Em suma, a execução pode se aperfeiçoar de duas maneiras: de forma mediata, com a instauração de processo próprio e a citação do executado (processo de execução), e de forma imediata, quando não há um novo processo e a execução se dá em sequência ao processo de conhecimento (cumprimento de sentença). Para a execução de título extrajudicial sempre é exigido pro- cesso autônomo. Nas execuções de títulos judiciais, desde 2005, se tornou possível a execução imediata do título, não se exigindo processo 15 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S autônomo, mas sim uma fase processual. O nome que se dá ao processo que une as fases cognitiva (de conhecimento) e executória (de cumprimento de sentença) é processo sincrético. Basicamente, sincrético é o processo único que reúne diferentes fases processuais – de forma antecedente (como o caso da tutela antecipada ou cautelar requeridas anteci- padamente), de forma incidental (como o caso de tutela antecipada ou cautelar requeridas no curso do processo ou o caso do cumpri- mento provisório de sentença), ou de forma posterior (como o caso do cumprimento de sentença definitivo) –, cada qual com objetivos diversos – notadamente, proteção do bem jurídico pretendido (tu- tela provisória), prestação da tutela jurisdicional propriamente dita (tutela cognitiva) ou satisfação do credor (tutela executória). TÉCNICAS DE EXECUÇÃO E PODERES DO MAGISTRADO Tanto no processo de execução autônomo quanto no cumpri- mento de sentença podem ser aplicadas como técnicas de execução a sub-rogação e a coerção. Na sub-rogação, o Estado substitui o deve- dor no cumprimento da obrigação, sem a sua participação; na coerção, o Estado impõe multas ou utiliza outros instrumentos para compelir o cumprimento da obrigação. Em uma mesma execução, as duas formas podem ser utilizadas conforme a circunstância. Para tanto, são assegu- rados poderes ao juiz: Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo: I - ordenar o comparecimento das partes; II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça; III - determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral relacionadas ao objeto da execução, tais como documentos e da- dos que tenham em seu poder, assinando-lhes prazo razoável. Art. 773. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e dados. Parágrafo único. Quando, em decorrência do disposto neste artigo, o juízo receber dados sigilosos para os fins da execução, o juiz adotará as medidas necessárias para assegurar a confidencialidade. [...] 16 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá. § 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana. § 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará. § 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes. § 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo. § 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título ju- dicial. Dentre os dispositivos que fixam os poderes do juiz, o que mais inova em relação ao Código anterior é justamente o artigo 782, em seus parágrafos §3º a §5º, nos quais se autoriza o juiz a inscrever o devedor em cadastro de inadimplentes (SPC/SERASA), retirando-se a inscrição com o adimplemento, sempre que se estiver diante de execução defini- tiva (não pode ser provisória) de título judicial (não cabe quanto ao título extrajudicial). PRINCÍPIOS GERAIS DA EXECUÇÃO a) Princípio da autonomia do processo de execução tradicional e princípio da vinculação do cumprimento de sentença: é a natureza do título executivo que determinará se a execução será autônoma (fun- dando novos autos processuais com amplas possibilidades de defesa) ou se estará vinculada a processo judicial anterior. Sempre que o título executivo for extrajudicial, haverá processo de execução autônomo. Já se o título executivo for judicial, a execução não terá autonomia e será uma fase processual, havendo cumprimento de sentença. b) Princípio da patrimonialidade: o devedor responde com os seus bens, não com a pessoa. Não se admite mais a coação física, a pes- soa do devedor é intangível, à exceção do devedor de alimentos (antes, o depositário infiel também era uma exceção, não é mais desde a súmula vinculante n.º 25, STF). Equivale a dizer que toda execução é real. Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presen- tes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restri- ções estabelecidas em lei. c) Princípio do exato adimplemento: o objetivo da execução é atribuir ao credor a mesma vantagem ou utilidade que ele lograria se a prestação tivesse sido cumprida voluntariamente pelo devedor. Em razão 17 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S disso, o CPC divide as execuções conforme a espécie da obrigação a ser cumprida, categorizando execuções específicas (realização daquilo que é objeto do título, isto é, fazer, não fazer ou restituir coisa) e não-es- pecíficas (mero pagamento em dinheiro, isto é, pagar quantia) e fixando o privilégio pela execução específica. De tal forma, o magistrado deve empregar todos os esforços para ser cumprida exatamente a obrigação colacionada no título e, apenas em último caso, converterá a obrigação específica para uma obrigação não específica – ou seja, substituirá a obri- gação de dar, fazer e não fazer por obrigação de pagar quantia, fixando uma espécie de indenização por perdas e danos. A conversão em perdas e danos deve ocorrer somente se não for possível cumprir a obrigação assegurando o mesmo resultado, ou resultado semelhante, ou quando o credor preferir (e com ressalvas). Além disso, a execução não pode se estender além do que seja suficiente para o cumprimento da obrigação. Art. 821. Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o executado a satisfaça pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la. Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do executado, sua obrigação pessoal será convertida em perdas e danos, caso em que se observará o procedimento de exe- cução por quantia certa. d) Princípio da disponibilidade do processo pelo credor: na exe- cução, a desistência pode ser feita a qualquer tempo, desde que não seja embargada. Assim, ela pode ocorrer após a citação, sem que seja necessária a anuência do devedor. Isto porque o interesse é apenas do credor, ao menos até que sejam interpostos os embargos, quando o réu pode passar a ter interesse pela improcedência. Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execu- ção ou de apenas alguma medida executiva. e) Princípio da utilidade: a execução só se justifica se trouxer alguma vantagem para o credor. Neste sentido, não se levará a efei- to a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. Da mesma forma, não se aceitará lance a preço vil, uma vez que não é útil para o credor receber um valor insignificante pelo bem do devedor, além de ser prejudicialdo bem de família. Vale destacar que a impenhorabilidade do bem de família não é absoluta, se aceitando a penhora para pagamento de pensão alimentí- cia, para arcar com despesas inerentes ao próprio imóvel (seja de finan- ciamento ou de hipoteca, seja de impostos e outros custos), para cum- prir determinação de perdimento em sentença penal condenatória e, ainda que criticável seja, para dívida decorrente de fiança em locação. Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso pro- fissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de trans- porte, obras de arte e adornos suntuosos. Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra nature- 105 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S za, salvo se movido: I – (Revogado); II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento desti- nado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os di- reitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos res- ponderão pela dívida; IV – para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para exe- cução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contra- to de locação. Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sa- bendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transfe- rir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. § 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anu- lar-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese. § 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respec- tivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural. Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilida- de recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. Ordem Preferencial O CPC fixa uma ordem preferencial de penhora, para o caso de serem encontrados diversos bens penhoráveis. A preferência é pela 106 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S realização da penhora em dinheiro e em títulos e valores, cuja liquidez é maior e, por consequência, o quantum será mais facilmente expropria- do. Após, são buscados outros bens. Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I – dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em insti- tuição financeira; II – títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III – títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV – veículos de via terrestre; V – bens imóveis; VI – bens móveis em geral; VII – semoventes; VIII – navios e aeronaves; IX – ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X – percentual do faturamento de empresa devedora; XI – pedras e metais preciosos; XII – direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII – outros direitos. § 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto. § 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a di- nheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. § 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora re- cairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora. O devedor poderá impugnar a nomeação, se ela não obedecer à gradação legal, prevista no art. 835, ou não respeitar a forma menos gravosa para o executado. Ausência de Bens Penhoráveis e Prescrição Intercorrente É bastante comum, infelizmente, que não sejam encontrados bens penhoráveis. Neste tipo de situação, o oficial de justiça deve fazer uma certidão completa relatando os bens que guarnecem a residência da pessoa física ou o estabelecimento da pessoa jurídica. O objetivo é permi- tir ao exequente e ao juiz observarem a situação patrimonial do devedor 107 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S e verificarem se, de fato, não existem bens que possam ser penhorados. Art. 836, § 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, inde- pendentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o esta- belecimento do executado, quando este for pessoa jurídica. Verificado que, de fato, não há bens penhoráveis, a única pro- vidência possível é determinar a suspensão da execução. A suspensão se dará, inicialmente, pelo prazo de 1 (um) ano e, dentro desse, ficará também suspensa a prescrição. Findo tal prazo, o exequente terá que se manifestar, se possível requerendo novas medidas que possam ser tomadas para encontrar bens penhoráveis. Havendo falha numa nova tentativa de achar bens penhoráveis ou em caso de ausência de manifestação do exequente, o juiz determi- nará o arquivamento dos autos. Enquanto os autos estiverem em arquivo, corre a prescrição intercorrente, cujo termo inicial será o fim do prazo de 1 (um) ano de suspensão em caso de não manifestação do exequente ou a determinação de arquivamento pelo juiz, apesar da manifestação do exequente, caso não sejam novamente encontrados bens penhoráveis. Os autos podem ser retirados do arquivo a qualquer momento para a prática de atos de penhora, caso surjam bens penhoráveis, a requerimento do exequente. Contudo, não haverá nova suspensão do prazo prescricional, independentemente do número de tentativas frus- tradas de penhora. Sendo assim, a prescrição irá correr nesse período de arquivamento, ainda que ocorram desarquivamentos incidentais, e, uma vez prescrita a obrigação, deverá ser extinta a execução. O executado pode solicitar, se for o caso, o desarquivamento do processo para apresentar petição nos autos requerendo o reconhe- cimento da prescrição intercorrente e, após ouvir o exequente no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá sobre a matéria.Também é possível que o juiz reconheça a prescrição de ofício, desde que confira prazo de 15 (quinze) dias para as partes se manifestarem antes. Reconhecida a prescrição intercorrente, será extinta a execução. Art. 921. Suspende-se a execução: [...] III – quando o executa- do não possuir bens penhoráveis; [...] § 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição. § 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis. § 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do 108 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente. § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quin- ze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo. [...] Art. 924. Extingue-se a execução quando: [...] V – ocorrer a prescrição intercorrente. Documentação, Registro e Depósito da Penhora Se o credor exerceu a faculdade de indicar na petição inicial os bens a serem penhorados (artigo 798, II, “c”, CPC; artigo 524, VII, CPC), o oficial de justiça fará que a constrição recaia sobre ditos bens. Não havendo tal nomeação, penhorará os que encontrar, em volume suficiente para garantir a satisfação do crédito e acessórios. No viés de informatização do Poder Judiciário, se possível, a penhora em dinheiro e as averbações de penhoras de bens móveis e imóveis se realizarão por meio eletrônico, conforme as normas do CNJ (artigo 837, CPC). A penhora implica retirada dos bens da posse direta e livre disposição do devedor. Por isso, será feita mediante a apreensão e o depósito dos bens, seguindo-se a lavratura de um só auto, redigido e assinado pelo oficial de justiça (salvo se a apreensão e o depósito se derem em dias diferentes, redigindo-se mais de um auto). Naturalmen- te, também o depositário terá de assiná-lo. O auto de penhora elaborado pelo oficial de justiça, deverá conter as informações previstas no artigo 838. Quando a nomeação dos bens é feita em juízo, por petição deferida pelo juiz, não há a diligência do oficial de justiça para realizar a penhora, e então há termo de penho- ra, redigido pelo escrivão, no bojo do processo. Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá: I – a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita; II – os nomes do exequente e do executado; III – a descrição dos bens penhorados, com as suas caracte- rísticas; IV – a nomeação do depositário dos bens. Art. 839. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreen- são e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia. Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, serão lavra- 109 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S dos autos individuais. O depósito dos bens e valores penhorados deve seguir uma regra preferencial, geralmente se indicando uma instituição de crédito ou um depositário judicial, embora o magistrado possa determinar o de- pósito de forma diversa, até mesmo designando ao próprio executado ou ao exequente. Art. 840. Serão preferencialmente depositados: I – as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na falta desses estabeleci- mentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz; II – os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial; III – os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis ru- rais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado. § 1o No caso do inciso II do caput, se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente. § 2o Os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente. § 3o As joias, as pedras e os objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate. O executado será intimado da penhora. Se já tiver advogado constituído nos autos, será feita a ele; se não, será feita pessoalmente ao executado, de preferência por via postal. Caso o executado esteja presente no ato da penhora, não será preciso intimá-lo, considerando- -se intimado no ato. Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios le- gais, dela será imediatamente intimado o executado. § 1o A intimação da penhora será feita ao advogado do execu- tado ou à sociedade de advogados a que aquele pertença. § 2o Se não houver constituído advogado nos autos, o execu- tado será intimado pessoalmente, de preferência por via postal. § 3o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de penhora realizada na presença do executado, que se reputa intimado. § 4o Considera-se realizada a intimação a que se refere o § 2o quando o executado houver mudado de endereço sem prévia comuni- cação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. O cônjuge do executado será intimado caso a penhora recaia sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, salvo se casados em sepa- ração absoluta de bens. Poderá, se for o caso, utilizar-se de embargos de 110 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S terceiro para questionar o ato, cujo prazo correrá a partir desta intimação. Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens. Cabe a penhora de bem indivisível sobre o qual exista copro- priedade. O bem será penhorado e o valor da quota-parte será passado ao coproprietário alheio à execução, que terá direito de preferência em adquirir a quota-parte sujeita à execução e que não será afetado pela venda em valor inferior ao da avaliação. Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equiva- lente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. § 1o É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não execu- tado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. § 2o Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação. Se o bem sobre o qual recair a penhora for passível de registro, a penhora poderá ser averbada. A averbação dá publicidade à constri- ção do bem e presume a má-fé as condutas de alienação e oneração, que configuram fraude à execução. Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por ter- ceiros, cabe ao exequente providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial. Lugar de Realização da Penhora A penhora deverá ser efetuada no local em que se encontrem os bens, ainda que sob a posse, detenção ou guarda de terceiros. Quan- do o executado não tiver bens no foro do processo, a execução deverá ser feita por meio de carta precatória. A essa regra, porém, o § 1o do art. 845 abre exceção, em determinadas situações, para a penhora de imóveis e de veículos automotores, mediante termo nos autos. Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontremos bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros. § 1o A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos. 111 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S § 2o Se o executado não tiver bens no foro do processo, não sendo possível a realização da penhora nos termos do § 1o, a execu- ção será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação. Ordem de Arrombamento É possível ao oficial pedir ao juiz ordem de arrombamento. Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. § 1o Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência. § 2o Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens. § 3o Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocor- rência, entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apura- ção criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência. § 4o Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação. Modificações da Penhora Apreendido o bem e entregue ao depositário, lavrado o auto ou termo e intimado o devedor, tem-se por perfeita a penhora, que, via de regra, é irretratável. Admite-se, contudo, em casos especiais, que a pe- nhora possa sofrer modificações, particularmente, depois da avaliação, sob as formas de substituição de bens, ampliação e redução de seu alcance ou, ainda, por sua renovação. A substituição é uma faculdade que o Código confere, ora ao executado, ora ao exequente, de trocar o bem penhorado por dinheiro ou outros bens, liberando aqueles originariamente constritos. O art. 847 trata de situações em que o executado pode requerer a substituição, sendo seu dever apresentar provas de propriedade, certidões negativas de ônus e encargos, indicando o local onde se encontra o bem que de- seja ver penhorado em substituição. O fundamento, no caso, é apenas a menor onerosidade, garantindo ao devedor o direito de oferecer bem 112 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S diverso à penhora, desde que lhe seja menos oneroso e o credor não seja prejudicado. Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias contado da intimação da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente. § 1o O juiz só autorizará a substituição se o executado: I – comprovar as respectivas matrículas e os registros por cer- tidão do correspondente ofício, quanto aos bens imóveis; II – descrever os bens móveis, com todas as suas proprieda- des e características, bem como o estado deles e o lugar onde se en- contram; III – descrever os semoventes, com indicação de espécie, de número, de marca ou sinal e do local onde se encontram; IV – identificar os créditos, indicando quem seja o devedor, qual a origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento; e V – atribuir, em qualquer caso, valor aos bens indicados à pe- nhora, além de especificar os ônus e os encargos a que estejam sujeitos. § 2o Requerida a substituição do bem penhorado, o executado deve indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e a certidão negativa ou positiva de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora. § 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge, sal- vo se o regime for o de separação absoluta de bens. § 4o O juiz intimará o exequente para manifestar-se sobre o requerimento de substituição do bem penhorado. Já o art. 848 trata de situações em que ambos podem pedir a substituição, em especial diante de algum tipo de vício ou irregularidade, ou então para facilitar a realização da penhora de modo a satisfazer o credor. Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se: I – ela não obedecer à ordem legal; II – ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; III – havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados; IV – havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penho- rados ou objeto de gravame; V – ela incidir sobre bens de baixa liquidez; VI – fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou 113 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S VII – o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qual- quer das indicações previstas em lei. Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. Em todo caso de substituição, se lavra novo termo (artigo 849, CPC). A ampliação da penhora pode ocorrer quando, após a avalia- ção, verificar-se que os bens apreendidos são insuficientes para res- gate integral do direito do credor. Pode compreender a apreensão de novos bens para reforço dos já penhorados ou a substituição destes por outros mais valiosos. A redução da penhora também é possível após a avaliação, tendo lugar quando se apura que o valor dos bens penhorados é ex- cessivamente superior ao crédito do exequente e acessórios. A redução pode consistir em liberação parcial dos bens avaliados ou em total subs- tituição por outros de menor valor. Art. 850. Será admitida a redução ou a ampliação da penhora, bem como sua transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado dos bens penhorados sofrer alteração significativa. A renovação da penhora é medida de feição extraordinária, que consiste em realizar nova penhora na mesma execução, fato que é possível, quando: for anulada a primeira penhora (inciso I); executa- dos os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente (inciso II); o exequente desistir da primeira penhora, atitude que será lícita por: serem litigiosos os bens ou estarem submetidos a constrição judicial (inciso III). Outro caso de nova penhora, não indicado pelo Código, mas cuja admissão é irrecusável, é o do perecimento, des- truição ou subtração do bem primitivamente penhorado. Art. 851. Não se procede à segunda penhora, salvo se: I – a primeira for anulada; II – executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente; III – o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigio- sos os bens ou por estarem submetidos a constrição judicial. Em regra, os bens penhorados somente serão alienados de- pois que passados atos de impugnação ou embargos e quando não pender mais nenhum questionamento nos autos. Contudo, se os bens se sujeitarem à depreciação ou à deterioração, ou se houver manifesta vantagem, o juiz pode determinar a alienação antecipada. Se for o caso, o valor obtido ficará depositado em juízo até que se resolvam todas as controvérsias processuais. 114 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Art. 852. O juiz determinará a alienação antecipada dos bens penhorados quando: I – se tratar de veículos automotores, de pedras e metais precio- sos e de outros bens móveis sujeitos à depreciaçãoou à deterioração; II – houver manifesta vantagem. Em todas as hipóteses de requerimento referente à modifica- ção de penhora a parte contrária será ouvida, no prazo de 3 (três) dias, antes do juiz decidir. Art. 853. Quando uma das partes requerer alguma das medi- das previstas nesta Subseção, o juiz ouvirá sempre a outra, no prazo de 3 (três) dias, antes de decidir. Parágrafo único. O juiz decidirá de plano qualquer questão suscitada. Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira O art. 835, I e § 1º, CPC, coloca o dinheiro como bem prefe- rencial e prioritário de penhora, para fins de garantir a execução. Neste aspecto, a penhora on-line, usualmente realizada pelo sistema conve- niado BACEN-JUD, mostra-se como o meio mais eficaz de realizar a execução no interesse do exequente. O CPC/2015 alterou o procedimento previsto no CPC/1973 ao determinar, no caput do art. 854, que o juiz determine às instituições financeiras que tornem indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, dispensando o anteriormente exigido requerimento de informações prévias. Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financei- ras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financei- ros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. § 1o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da respos- ta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibi- lidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo. § 2o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executa- do, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente. § 3o Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, com- 115 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S provar que: I – as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; II – ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos fi- nanceiros. § 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregu- lar ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas. § 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executa- do, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, trans- fira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução. § 6o Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autori- dade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da insti- tuição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade. § 7o As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de penhora previstas neste artigo far- -se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade superviso- ra do sistema financeiro nacional. § 8o A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz. § 9o Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às instituições financei- ras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe ex- clusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. Penhora de Créditos A penhora sobre crédito do devedor é feita, normalmente, por intimação ao terceiro obrigado (art. 855, I, CPC) para que não satisfaça a obrigação senão por ordem judicial, tornando-se ele, deste momento em diante, depositário judicial da coisa ou quantia devida, com todas 116 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S as responsabilidades inerentes ao cargo. O credor do terceiro, isto é, o executado também deve ser intimado para que não pratique ato de disposição do crédito. Art. 855. Quando recair em crédito do executado, enquanto não ocorrer a hipótese prevista no art. 856, considerar-se-á feita a pe- nhora pela intimação: I – ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu credor; II – ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de disposição do crédito. No caso de o crédito ser representado por um título de crédito, em especial letra de câmbio, nota promissória, duplicata ou cheque, será feita a apreensão do documento. Afinal, um título de crédito so- mente se cumpre pela sua apresentação física. Se o terceiro confessar dever ao executado em razão de título de crédito, mesmo que o docu- mento não seja apreendido, somente se exonerará da obrigação pelo depósito em juízo do valor. Art. 856. A penhora de crédito representado por letra de câm- bio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não este em poder do executado. § 1o Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será este tido como depositário da importância. § 2o O terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juízo a importância da dívida. § 3o Se o terceiro negar o débito em conluio com o executado, a quitação que este lhe der caracterizará fraude à execução. § 4o A requerimento do exequente, o juiz determinará o compa- recimento, em audiência especialmente designada, do executado e do terceiro, a fim de lhes tomar os depoimentos. Se o crédito do executado decorrer de outro processo em fase executiva, haverá sub-rogação dos direitos de recebê-lo para o exe- quente. Art. 857. Feita a penhora em direito e ação do executado, e não tendo ele oferecido embargos ou sendo estes rejeitados, o exequente fica- rá sub-rogado nos direitos do executado até a concorrência de seu crédito. § 1o O exequente pode preferir, em vez da sub-rogação, a alie- nação judicial do direito penhorado, caso em que declarará sua vontade no prazo de 10 (dez) dias contado da realização da penhora. § 2o A sub-rogação não impede o sub-rogado, se não receber o crédito do executado, de prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens. Se o crédito decorrer de dívidas pagas com juros, rendas ou 117 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S prestações periódicas (claro, aquelas que não sejam abrangidas por im- penhorabilidade) será possível que o exequente levante periodicamente os valores. Art. 858. Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas ou de prestações periódicas, o exequente poderá levantar os juros, os rendimentos ou as prestações à medida que forem sendo depositados, abatendo-se do crédito as importâncias recebidas, conforme as regras de imputação do pagamento. Se o crédito decorrer do direito de receber uma prestação qual- quer (fazer ou não fazer) ou a restituição de uma coisa, o executado deverá depositá-la em juízo. Art. 859. Recaindo a penhora sobre direito a prestação ou a restituição de coisa determinada, o executado será intimado para, no vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução. Se o executado estiverpleiteando direito em juízo, a penhora pode ser averbada em destaque nos autos. Caso receba sua pretensão, será usada para pagar o credor exequente. Art. 860. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a penhora que recair sobre ele será averbada, com destaque, nos autos pertinentes ao direito e na ação correspondente à penhora, a fim de que esta seja efetivada nos bens que forem adjudicados ou que vierem a caber ao executado. Penhora das Quotas ou das Ações de Sociedades Personificadas As ações de sociedades anônimas sempre foram havidas como bens patrimoniais comerciáveis e, como tal, passíveis de penhora. Dis- cutiu-se, no passado, sobre a penhorabilidade, ou não, das quotas de outras sociedades empresárias. A polêmica restou superada depois que a Lei nº 11.382/2006, deu nova redação ao CPC/1973 para prever, ex- pressamente, a penhora sobre “ações e quotas de sociedades empre- sárias”. O CPC/2015 manteve-se na mesma linha do Código anterior e trouxe como novidade o estabelecimento de procedimento específico para a realização dessa penhora. Art. 861. Penhoradas as quotas ou as ações de sócio em so- ciedade simples ou empresária, o juiz assinará prazo razoável, não su- perior a 3 (três) meses, para que a sociedade: I – apresente balanço especial, na forma da lei; II – ofereça as quotas ou as ações aos demais sócios, observa- do o direito de preferência legal ou contratual; III – não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, 118 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S proceda à liquidação das quotas ou das ações, depositando em juízo o valor apurado, em dinheiro. § 1o Para evitar a liquidação das quotas ou das ações, a socie- dade poderá adquiri-las sem redução do capital social e com utilização de reservas, para manutenção em tesouraria. § 2o O disposto no caput e no § 1o não se aplica à sociedade anônima de capital aberto, cujas ações serão adjudicadas ao exequente ou alienadas em bolsa de valores, conforme o caso. § 3o Para os fins da liquidação de que trata o inciso III do caput, o juiz poderá, a requerimento do exequente ou da sociedade, nomear admi- nistrador, que deverá submeter à aprovação judicial a forma de liquidação. § 4o O prazo previsto no caput poderá ser ampliado pelo juiz, se o pagamento das quotas ou das ações liquidadas: I – superar o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação; ou II – colocar em risco a estabilidade financeira da sociedade simples ou empresária. § 5o Caso não haja interesse dos demais sócios no exercício de direito de preferência, não ocorra a aquisição das quotas ou das ações pela sociedade e a liquidação do inciso III do caput seja exces- sivamente onerosa para a sociedade, o juiz poderá determinar o leilão judicial das quotas ou das ações. Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, indus- trial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifício em construção, o depositário será um administrador nomeado pelo juiz. A preocupação do legislador aqui é com a continuidade da exploração eco- nômica, que não deve ser tolhida pela penhora, em face da função social que desempenham as empresas comerciais, industriais e agropastoris. A este administrador incumbe organizar o plano de administra- ção, no prazo de dez dias após a investidura na função. Sobre tal plano serão ouvidas as partes da execução, cabendo ao juiz decidir sobre as dúvidas e divergências suscitadas. Podem as partes, outrossim, ajustar entre si a forma de administração, escolhendo depositário de sua con- fiança. Esta solução, naturalmente, só tem cabimento quando haja in- teiro e expresso acordo de ambas as partes, caso em que o juiz apenas homologará por despacho a deliberação dos interessados. O Código vigente foi omisso a respeito dos emolumentos do administrador, mas é crucial que haja uma remuneração para sua quase 119 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S sempre pesada e onerosa função, a qual, à falta de regulamentação, deverá ser arbitrada pelo juiz. Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comer- cial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edi- fícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determi- nando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração. § 1o Ouvidas as partes, o juiz decidirá. § 2o É lícito às partes ajustar a forma de administração e es- colher o depositário, hipótese em que o juiz homologará por despacho a indicação. § 3o Em relação aos edifícios em construção sob regime de incorporação imobiliária, a penhora somente poderá recair sobre as uni- dades imobiliárias ainda não comercializadas pelo incorporador. § 4o Sendo necessário afastar o incorporador da administração da incorporação, será ela exercida pela comissão de representantes dos adquirentes ou, se se tratar de construção financiada, por empresa ou profissional indicado pela instituição fornecedora dos recursos para a obra, devendo ser ouvida, neste último caso, a comissão de represen- tantes dos adquirentes. Art. 863. A penhora de empresa que funcione mediante con- cessão ou autorização far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, e o juiz nomeará como depositário, de preferência, um de seus diretores. § 1o Quando a penhora recair sobre a renda ou sobre determi- nados bens, o administrador-depositário apresentará a forma de admi- nistração e o esquema de pagamento, observando-se, quanto ao mais, o disposto em relação ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel. § 2o Recaindo a penhora sobre todo o patrimônio, prosseguirá a execução em seus ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrematação ou da adjudicação, o ente público que houver outorgado a concessão. Entre os bens empresariais que podem ser penhorados estão os navios e as aeronaves, que poderão operar até a alienação, desde que segurados. Art. 864. A penhora de navio ou de aeronave não obsta que continuem navegando ou operando até a alienação, mas o juiz, ao con- ceder a autorização para tanto, não permitirá que saiam do porto ou do aeroporto antes que o executado faça o seguro usual contra riscos. De toda forma, a penhora de empresa, de outros estabeleci- mentos e de semoventes é excepcional, devendo ser determinada em último caso. Art. 865. A penhora de que trata esta Subseção somente será 120 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S determinada se não houver outro meio eficaz para a efetivação do crédito. Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa A penhora sobre parte do faturamento da empresa devedora é permitida, desde que, cumulativamente, se cumpram os seguintes re- quisitos: inexistência de outros bens penhoráveis, ou, se existirem, se- jam eles de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito exequen- do; nomeação de administrador-depositário com função de estabelecer um esquema de pagamento; o percentual fixado sobre o faturamento não pode inviabilizar o exercício da atividade empresarial. A penhora de percentual do faturamento figura em décimo lu- gar na ordem de preferência do art. 835, de sorte que, havendo bens livres de menor gradação, não será o caso de recorrer à constrição da receita da empresa, que, sem maiores cautelas, pode comprometer o seu capital de giro e inviabilizar a continuidade de sua normal atividade econômica. É por isso que se impõe a nomeação de um depositário administrador que haverá de elaborar o plano de pagamento a ser sub- metido à apreciação e aprovação do juiz da execução. Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, essesforem de difícil alienação ou insuficientes para sal- dar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa. § 1o O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédi- to exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercí- cio da atividade empresarial. § 2o O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submete- rá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensal- mente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. § 3o Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no que couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel. Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel O Código prevê a possibilidade de o juiz, em vez de ordenar a penhora sobre bem móvel ou imóvel, determinar que a constrição recaia sobre os frutos ou rendimentos desses bens, como forma de conciliar a efetividade da execução com o princípio da menor onerosidade ao 121 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S devedor. Essa penhora consiste num ato de expropriação executiva em que se institui direito pessoal temporário sobre o bem penhorado em fa- vor do exequente, a fim de que este possa receber seu crédito por meio das rendas decorrentes deste bem. Art. 867. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimen- tos de coisa móvel ou imóvel quando a considerar mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado. Art. 868. Ordenada a penhora de frutos e rendimentos, o juiz no- meará administrador-depositário, que será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e à fruição de seus frutos e utilida- des, perdendo o executado o direito de gozo do bem, até que o exequente seja pago do principal, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. § 1o A medida terá eficácia em relação a terceiros a partir da publicação da decisão que a conceda ou de sua averbação no ofício imobiliário, em caso de imóveis. § 2o O exequente providenciará a averbação no ofício imobiliá- rio mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, indepen- dentemente de mandado judicial. Art. 869. O juiz poderá nomear administrador-depositário o exequente ou o executado, ouvida a parte contrária, e, não havendo acordo, nomeará profissional qualificado para o desempenho da função. § 1o O administrador submeterá à aprovação judicial a forma de administração e a de prestar contas periodicamente. § 2o Havendo discordância entre as partes ou entre essas e o administrador, o juiz decidirá a melhor forma de administração do bem. § 3o Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel diretamente ao exequente, salvo se houver administrador. § 4o O exequente ou o administrador poderá celebrar locação do móvel ou do imóvel, ouvido o executado. § 5o As quantias recebidas pelo administrador serão entregues ao exequente, a fim de serem imputadas ao pagamento da dívida. § 6o O exequente dará ao executado, por termo nos autos, quitação das quantias recebidas. AVALIAÇÃO A avaliação corresponde à estimativa pecuniária do bem pe- nhorado, isto é, é o ato em que se atribui ao bem penhorado valor es- timado, de forma a verificar se a penhora foi suficiente e partir para a expropriação com vistas a satisfazer o credor. Entre outros motivos, a 122 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S avaliação é indispensável porque seu valor determina o valor mínimo da 1ª hasta do leilão, tal como o valor da adjudicação. Em regra, a avaliação é feita pelo próprio oficial de justiça, se possível, no mesmo auto que conste a penhora. O juiz apenas nomeará avaliador se forem necessários conhecimentos especializados, fixando prazo de 10 (dez) dias para a entrega do laudo. Neste caso, as partes poderão valer-se de assistentes técnicos. Art. 870. A avaliação será feita pelo oficial de justiça. Parágrafo único. Se forem necessários conhecimentos espe- cializados e o valor da execução o comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo. Considerando que as partes podem apresentar bens à penhora com valor relacionado, se a outra não questionar, não é preciso fazer avaliação (embora o juiz possa optar por ela de toda forma). Também se dispensa se os títulos ou mercadorias tiverem cotação em bolsa; em se tratando de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa; veículos ou outros bens cujo preço de mercado seja conhecido (ex.: tabela FIPE para preço de veículo usado). Art. 871. Não se procederá à avaliação quando: I – uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra; II – se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial; III – se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial; IV – se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado. Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem. Como dito, se possível, a penhora e a avaliação se dão em con- junto, anexando o oficial de justiça ao auto os laudos e as vistorias efetu- ados. Se possível a divisão, o oficial poderá fazer proposta de desmem- bramento e indicar o valor de cada quota-parte, sendo as partes ouvidas. Art. 872. A avaliação realizada pelo oficial de justiça constará de vistoria e de laudo anexados ao auto de penhora ou, em caso de pe- rícia realizada por avaliador, de laudo apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo-se, em qualquer hipótese, especificar: I – os bens, com as suas características, e o estado em que se 123 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S encontram; II - o valor dos bens. § 1o Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, a ava- liação, tendo em conta o crédito reclamado, será realizada em partes, sugerindo-se, com a apresentação de memorial descritivo, os possíveis desmembramentos para alienação. § 2o Realizada a avaliação e, sendo o caso, apresentada a proposta de desmembramento, as partes serão ouvidas no prazo de 5 (cinco) dias. A regra é que a avaliação se dê uma única vez, mas é possível nova avaliação se arguido erro ou dolo do avaliador, se o valor do bem aumentar ou diminuir ou se o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor. A nova avaliação não substitui a primeira avaliação e ambas devem ser analisadas em conjunto no caso de dúvida do juiz. Art. 873. É admitida nova avaliação quando: I – qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrên- cia de erro na avaliação ou dolo do avaliador; II – se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majora- ção ou diminuição no valor do bem; III – o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação. Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no inciso III do caput deste artigo. A principal finalidade da avaliação é verificar se há insuficiência ou excesso de penhora, efetuando-se ampliação ou redução se for o caso. Por isso, as partes terão oportunidade para se manifestarem sobre a ava- liação e o juiz poderá fazer sua majoração ou redução se necessário. Após isso, partem-separa os atos de expropriação dos bens penhorados. Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária, mandar: I – reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la para outros, se o valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e dos acessórios; II – ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais valio- sos, se o valor dos bens penhorados for inferior ao crédito do exequente. Art. 875. Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação do bem. EXPROPRIAÇÃO Encerrada a avaliação, inicia-se a expropriação. Nesta fase, é 124 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S promovida a satisfação do credor pela entrega de bens do devedor, pela venda particular ou pública deles ou pelo usufruto dos mesmos. A ordem de preferência prevista no CPC é a seguinte: adjudi- cação, alienação por iniciativa particular e alienação em hasta pública (artigo 881, CPC). A ideia é não apenas conferir maior agilidade e eco- nomicidade à execução, pois a hasta pública tem muitas formalidades e gera muitas despesas processuais, mas também a de evitar, o máximo possível, a venda do bem por valor menor que o devido. Adjudicação A adjudicação se realiza com a transferência do bem penhorado, móvel ou imóvel, ao credor. O bem não tem seu valor convertido em di- nheiro, mas transferido diretamente ao credor ou aos demais legitimados, que são: credor hipotecário; credores concorrentes que penhoraram o mesmo bem; cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do exe- cutado; sócios, no caso de penhora de quotas da sociedade empresária. Se houver mais de um requerente, será feita licitação entre eles e, sendo idêntica a proposta, haverá preferência nesta ordem: côn- juge/companheiro, descendente, ascendente. A adjudicação deve ser feita a requerimento do interessado e não ter valor inferior ao da avaliação. O executado será intimado do re- querimento, em regra, na pessoa de seu advogado. Pode ser requerida a adjudicação da avaliação até a alienação do bem. Quando o adjudicante for o credor, se o valor do bem for infe- rior ao da dívida, a execução prossegue; se for superior, o credor de- positará o saldo remanescente. Quando for um terceiro, o valor total do bem deverá ser depositado. Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. § 1o Requerida a adjudicação, o executado será intimado do pedido: I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado consti- tuído nos autos; II – por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos; III – por meio eletrônico, quando, sendo o caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos. § 2o Considera-se realizada a intimação quando o executado houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, obser- 125 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S vado o disposto no art. 274, parágrafo único. § 3o Se o executado, citado por edital, não tiver procurador constituído nos autos, é dispensável a intimação prevista no § 1o. § 4o Se o valor do crédito for: I – inferior ao dos bens, o requerente da adjudicação deposita- rá de imediato a diferença, que ficará à disposição do executado; II – superior ao dos bens, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. § 5o Idêntico direito pode ser exercido por aqueles indicados no art. 889, incisos II a VIII, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelo companheiro, pelos des- cendentes ou pelos ascendentes do executado. § 6o Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á a lici- tação entre eles, tendo preferência, em caso de igualdade de oferta, o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente, nessa ordem. § 7o No caso de penhora de quota social ou de ação de socie- dade anônima fechada realizada em favor de exequente alheio à socie- dade, esta será intimada, ficando responsável por informar aos sócios a ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a preferência. As partes serão intimadas e, passados 5 (cinco) dias, após de- cididas eventuais questões, o juiz decidirá. Se deferir a adjudicação, será firmado auto de adjudicação, expedindo-se carta de adjudicação e manda- do de imissão na posse (bem imóvel) ou ordem de entrega (bem móvel). Art. 877. Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, contado da última intimação, e decididas eventuais questões, o juiz ordenará a la- vratura do auto de adjudicação. § 1o Considera-se perfeita e acabada a adjudicação com a lavra- tura e a assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicatário, pelo escrivão ou chefe de secretaria, e, se estiver presente, pelo executado, expedindo-se: I – a carta de adjudicação e o mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel; II – a ordem de entrega ao adjudicatário, quando se tratar de bem móvel. § 2o A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e aos seus registros, a cópia do auto de adju- dicação e a prova de quitação do imposto de transmissão. § 3o No caso de penhora de bem hipotecado, o executado po- derá remi-lo até a assinatura do auto de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance oferecido. § 4o Na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hi- potecário, o direito de remição previsto no § 3o será deferido à massa 126 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o pre- ço da avaliação do imóvel. Se as tentativas de alienação do bem não forem frutíferas, é possível reabrir a oportunidade para a adjudicação, inclusive se pleite- ando nova avaliação. Art. 878. Frustradas as tentativas de alienação do bem, será reaberta oportunidade para requerimento de adjudicação, caso em que também se poderá pleitear a realização de nova avaliação. Alienação Basicamente, a alienação ocorre quando o bem penhorado é ven- dido e o valor obtido com tal venda é utilizado para pagar o débito exequen- do. A preferência é pela alienação por iniciativa particular, que tem menores chances de desvalorização e é menos burocrática. Se não for possível, será feita em hasta pública, por leilão judicial eletrônico ou presencial. Art. 879. A alienação far-se-á: I – por iniciativa particular; II – em leilão judicial eletrônico ou presencial. Na alienação por iniciativa particular, a venda pode ser reali- zada por iniciativa do credor (corretor de sua escolha se não houver nenhum credenciado na localidade) ou por intermédio de corretores credenciados perante a autoridade judiciária (com exercício profissio- nal não inferior a 3 anos). O juiz estabelecerá as regras para a venda (preço, publicidade, condições de pagamento, comissões da correta- gem). O valor nunca poderá ser inferior ao da avaliação. Consumada a alienação, o negócio será formalizado por meio de termo nos autos, expedindo-se carta de alienação e mandado de imissão na posse (bem imóvel) ou ordem de entrega (bem móvel). Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá re- querer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corre- tor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário. § 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetiva- da, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamen- to, as garantias e, se for o caso, a comissão de corretagem. § 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, com a assinatura do juiz, do exequente, do adquirente e, se estiver presente, do executado, expedindo-se: I – a carta de alienação eo mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel; II – a ordem de entrega ao adquirente, quando se tratar de bem 127 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S móvel. § 3o Os tribunais poderão editar disposições complementares sobre o procedimento da alienação prevista neste artigo, admitindo, quando for o caso, o concurso de meios eletrônicos, e dispor sobre o credenciamento dos corretores e leiloeiros públicos, os quais deverão estar em exercício profissional por não menos que 3 (três) anos. § 4o Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro público credenciado nos termos do § 3o, a indicação será de livre esco- lha do exequente. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses anteriores, será de- signado leilão judicial para a alienação forçada dos bens penhorados. Assim, os bens penhorados são transformados em pecúnia para a satis- fação da dívida. Salvo no caso de bens alienáveis em bolsa de valores, o leilão judicial será conduzido por leiloeiro público. Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular. § 1o O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público. § 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público. A preferência é a realização do leilão judicial por meio eletrô- nico, em detrimento do presencial, por seu menor custo e maior abran- gência de interessados. Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio eletrô- nico, o leilão será presencial. § 1o A alienação judicial por meio eletrônico será realizada, observando-se as garantias processuais das partes, de acordo com re- gulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça. § 2o A alienação judicial por meio eletrônico deverá atender aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com obser- vância das regras estabelecidas na legislação sobre certificação digital. § 3o O leilão presencial será realizado no local designado pelo juiz. O juiz designará o leiloeiro público, mas o exequente poderá fazer indicação. Este leiloeiro terá atribuições, conforme descritas no ar- tigo 884, recebendo comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz. Art. 883. Caberá ao juiz a designação do leiloeiro público, que poderá ser indicado pelo exequente. Art. 884. Incumbe ao leiloeiro público: I – publicar o edital, anunciando a alienação; II – realizar o leilão onde se encontrem os bens ou no lugar designado pelo juiz; 128 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S III – expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mer- cadorias; IV – receber e depositar, dentro de 1 (um) dia, à ordem do juiz, o produto da alienação; V – prestar contas nos 2 (dois) dias subsequentes ao depósito. Parágrafo único. O leiloeiro tem o direito de receber do arrema- tante a comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz. No ato de determinação do leilão judicial, o juiz deve fixar o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias a serem prestadas pelo arrematante, sendo que o leiloeiro deverá se guiar por tais delimitações. Art. 885. O juiz da execução estabelecerá o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias que poderão ser prestadas pelo arrematante. O leilão é precedido da publicação de edital, tornando pública a venda forçada, buscando interessados na arrematação. O edital deve conter, sob pena de nulidade: descrição completa do bem, local do bem ou explicitação do processo no qual o bem foi penhorado, data e local da praça, ou leilão, ou site em que acontecerá, além da menção de ônus eventuais existentes quanto ao bem. Art. 886. O leilão será precedido de publicação de edital, que conterá: I – a descrição do bem penhorado, com suas características, e, tratando-se de imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros; II – o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado; III – o lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os semo- ventes e, tratando-se de créditos ou direitos, a identificação dos autos do processo em que foram penhorados; IV – o sítio, na rede mundial de computadores, e o período em que se realizará o leilão, salvo se este se der de modo presencial, hipó- tese em que serão indicados o local, o dia e a hora de sua realização; V – a indicação de local, dia e hora de segundo leilão presen- cial, para a hipótese de não haver interessado no primeiro; VI – menção da existência de ônus, recurso ou processo pen- dente sobre os bens a serem leiloados. Parágrafo único. No caso de títulos da dívida pública e de títu- los negociados em bolsa, constará do edital o valor da última cotação. A publicação deve ocorrer com antecedência mínima de 5 dias, de preferência na rede mundial de computadores em sítio oficial. Não sendo possível, o edital pode ser afixado no local de costume e publica- 129 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S do em jornal de grande circulação local, sem prejuízo de divulgação em rádio e TV, se possível. Devem ser tomadas providências para a mais ampla divulgação, conforme os usos e costumes locais. Art. 887. O leiloeiro público designado adotará providências para a ampla divulgação da alienação. § 1o A publicação do edital deverá ocorrer pelo menos 5 (cinco) dias antes da data marcada para o leilão. § 2o O edital será publicado na rede mundial de computadores, em sítio designado pelo juízo da execução, e conterá descrição deta- lhada e, sempre que possível, ilustrada dos bens, informando expressa- mente se o leilão se realizará de forma eletrônica ou presencial. § 3o Não sendo possível a publicação na rede mundial de com- putadores ou considerando o juiz, em atenção às condições da sede do juízo, que esse modo de divulgação é insuficiente ou inadequado, o edital será afixado em local de costume e publicado, em resumo, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local. § 4o Atendendo ao valor dos bens e às condições da sede do juízo, o juiz poderá alterar a forma e a frequência da publicidade na imprensa, mandar publicar o edital em local de ampla circulação de pessoas e divulgar avisos em emissora de rádio ou televisão local, bem como em sítios distintos do indicado no § 2o. § 5o Os editais de leilão de imóveis e de veículos automoto- res serão publicados pela imprensa ou por outros meios de divulgação, preferencialmente na seção ou no local reservados à publicidade dos respectivos negócios. § 6o O juiz poderá determinar a reunião de publicações em listas referentes a mais de uma execução. Será publicada a transferência do leilão que não se realize. Se não ocorrer por culpa do escrivão, do chefe da secretaria ou do leiloeiro, o juiz poderá aplicar pena de suspensão em procedimento administrativo. Art. 888. Não se realizando o leilão por qualquer motivo, o juiz mandará publicar a transferência, observando-se o disposto no art. 887. Parágrafo único. O escrivão, o chefe de secretaria ou o leiloeiro que culposamente der causa à transferência responde pelas despesas da nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe a pena de suspensão por 5 (cinco) dias a 3 (três) meses, em procedimento administrativo regular. Embora seja direito do executado ser intimado da alienação judicial, sua intimação não pode ser óbice à realização do ato. Em regra, será dirigida ao advogado, mas, em situações que isso não seja possí- vel, o próprio edital do leilão pode ser considerado como intimação. Também devem ser intimados os proprietários quando a penho- ra recair sobre direito real sobre coisa alheia em sua propriedade, os titu- 130 E XEC U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S lares de direitos reais sobre a coisa alheia, quando a penhora recair sobre a propriedade alheia onde se detém o direito, o coproprietário do bem indivisível, os credores com garantia real, os promitentes compradores e vendedores, além do poder público no caso de bem tombado. Em todos os casos, a intimação se dá com antecedência de 5 (cinco) dias. Art. 889. Serão cientificados da alienação judicial, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência: I – o executado, por meio de seu advogado ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por carta registrada, mandado, edital ou outro meio idôneo; II – o coproprietário de bem indivisível do qual tenha sido pe- nhorada fração ideal; III – o titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de superfície, concessão de uso especial para fins de moradia ou conces- são de direito real de uso, quando a penhora recair sobre bem gravado com tais direitos reais; IV – o proprietário do terreno submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre tais direitos reais; V – o credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anteriormente averbada, quando a penhora recair sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de qualquer modo, parte na execução; VI – o promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada; VII – o promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada; VIII – a União, o Estado e o Município, no caso de alienação de bem tombado. Parágrafo único. Se o executado for revel e não tiver advogado constituído, não constando dos autos seu endereço atual ou, ainda, não sendo ele encontrado no endereço constante do processo, a intimação considerar-se-á feita por meio do próprio edital de leilão. Podem ser licitantes todas as pessoas, físicas (maiores e capa- zes) ou jurídicas, que tenham interesse na aquisição da coisa. Contudo, há situações nas quais, devido a conflitos de interesses, determinados sujeitos não podem licitar: os tutores, curadores, testamenteiros, adminis- tradores, síndicos ou liquidantes, quanto aos bens confiados a sua guar- da e responsabilidade; os mandatários, quanto aos bens de cuja admi- nistração ou alienação estejam encarregados; juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais servidores e auxilia- 131 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S res da Justiça; servidores públicos quanto aos bens vinculados à unidade federativa da qual seja serventuário; leiloeiros e advogados das partes. Art. 890. Pode oferecer lance quem estiver na livre administra- ção de seus bens, com exceção: I – dos tutores, dos curadores, dos testamenteiros, dos admi- nistradores ou dos liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e à sua responsabilidade; II – dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados; III – do juiz, do membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, do escrivão, do chefe de secretaria e dos demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de alienação na localidade onde servirem ou a que se estender a sua autoridade; IV – dos servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da pessoa jurídica a que servirem ou que estejam sob sua ad- ministração direta ou indireta; V – dos leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados; VI – dos advogados de qualquer das partes. O bem não pode ser arrematado por preço vil, considerando-se vil o preço abaixo do mínimo fixado pelo juiz ou, se não fixado, inferior a 50% do valor avaliado. Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação. A regra é do pagamento imediato do bem pelo arrematante. O exequente pode arrematar os bens (às vezes, não teve interesse na ad- judicação porque não haveria redução do preço, mas pode ter interesse na arrematação no leilão) e não terá que depositar o valor em juízo, salvo se o valor dos bens exceder o do seu crédito. Se houver mais de um interessado, se fará licitação. Havendo proposta idêntica, terá preferência, nesta ordem: cônjuge/companheiro, descendente, ascendente. A União, o Estado e o Município, nesta or- dem, terão preferência pela arrematação de bem tombado. Art. 892. Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o pagamento deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, por de- pósito judicial ou por meio eletrônico. § 1o Se o exequente arrematar os bens e for o único credor, não estará obrigado a exibir o preço, mas, se o valor dos bens exce- der ao seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença, sob 132 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S pena de tornar-se sem efeito a arrematação, e, nesse caso, realizar-se- -á novo leilão, à custa do exequente. § 2o Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação, e, no caso de igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente do executado, nessa ordem. § 3o No caso de leilão de bem tombado, a União, os Estados e os Municípios terão, nessa ordem, o direito de preferência na arremata- ção, em igualdade de oferta. Em se tratando de vários bens, a prioridade é de quem preferir arrematar todos (pelo preço da avaliação ou, se houver, o de maior lance). Art. 893. Se o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, terá preferência aquele que se propuser a arrematá-los todos, em conjunto, oferecendo, para os bens que não tiverem lance, preço igual ao da avaliação e, para os demais, preço igual ao do maior lance que, na tentativa de arrematação individualizada, tenha sido oferecido para eles. É possível a divisão de bem imóvel do executado para leilão judicial de parcela suficiente para arcar com o débito e as despesas da execução. Art. 894. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a requerimento do executado, ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para o pagamento do exequente e para a satisfa- ção das despesas da execução. § 1o Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua integridade. § 2o A alienação por partes deverá ser requerida a tempo de permitir a avaliação das glebas destacadas e sua inclusão no edital, e, nesse caso, caberá ao executado instruir o requerimento com planta e memorial descritivo subscritos por profissional habilitado. A regra é a de pagamento total imediato após a arrematação, mas é possível que o interessado, antes do leilão, apresente propos- ta de parcelamento. Se for primeiro leilão, a proposta não poderá ser menor que o preço da avaliação. Se for segundo leilão, a proposta não poderá ofertar preço vil. Art. 895. O interessado em adquirir o bem penhorado em pres- tações poderá apresentar, por escrito: I – até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem por valor não inferior ao da avaliação; II – até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem por valor que não seja considerado vil. § 1o A proposta conterá, em qualquer hipótese, oferta de paga- mento de pelo menos vinte e cinco por cento do valor do lance à vista e o restante parcelado em até 30 (trinta) meses, garantido por caução 133 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N ÇA - G R U P O P R O M IN A S idônea, quando se tratar de móveis, e por hipoteca do próprio bem, quando se tratar de imóveis. § 2o As propostas para aquisição em prestações indicarão o prazo, a modalidade, o indexador de correção monetária e as condições de pagamento do saldo. § 3o (VETADO). § 4o No caso de atraso no pagamento de qualquer das presta- ções, incidirá multa de dez por cento sobre a soma da parcela inadim- plida com as parcelas vincendas. § 5o O inadimplemento autoriza o exequente a pedir a resolu- ção da arrematação ou promover, em face do arrematante, a execução do valor devido, devendo ambos os pedidos ser formulados nos autos da execução em que se deu a arrematação. § 6o A apresentação da proposta prevista neste artigo não sus- pende o leilão. § 7o A proposta de pagamento do lance à vista sempre preva- lecerá sobre as propostas de pagamento parcelado. § 8o Havendo mais de uma proposta de pagamento parcelado: I – em diferentes condições, o juiz decidirá pela mais vantajo- sa, assim compreendida, sempre, a de maior valor; II – em iguais condições, o juiz decidirá pela formulada em pri- meiro lugar. § 9o No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertencerão ao exequente até o limite de seu crédito, e os subsequentes, ao executado. Se o imóvel pertencer a incapaz deve ser arrematado por no mínimo 80% do valor da avaliação, sob pena de adiamento do leilão ju- dicial por até 1 (um) ano, mas é possível a prestação de caução idônea nesse intervalo por parte de interessado em arrematar o bem (se não arrematar, será multado – 20% do valor da avaliação). Art. 896. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão pelo menos oitenta por cento do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano. § 1o Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a alie- nação em leilão. § 2o Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz im- por-lhe-á multa de vinte por cento sobre o valor da avaliação, em bene- fício do incapaz, valendo a decisão como título executivo. § 3o Sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá autorizar a locação do imóvel no prazo do adiamento. 134 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S § 4o Findo o prazo do adiamento, o imóvel será submetido a novo leilão. São proibidos de fazer lances o arrematante e o fiador remis- sos, isto é, os que não pagarem pelo bem adquirido na hasta pública no prazo estabelecido, sem prejuízo da perda da caução. Art. 897. Se o arrematante ou seu fiador não pagar o preço no prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do exequente, a perda da caução, voltando os bens a novo leilão, do qual não serão admitidos a participar o arrematante e o fiador remissos. O fiador do arrematante pode requerer para si a arrematação se pagar o valor do lance e a multa. É justo, afinal, ele pagou o preço e deve fi- car com o bem, sob pena de enriquecimento ilícito do arrematante remisso. Art. 898. O fiador do arrematante que pagar o valor do lance e a multa poderá requerer que a arrematação lhe seja transferida. Supondo que haja vários bens penhorados, suspende-se a ar- rematação quando já se obtiver valor suficiente para pagar o credor e as despesas da execução. Art. 899. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens for suficiente para o pagamento do credor e para a satisfação das despesas da execução. O leilão não pode exceder o horário do expediente forense. Art. 900. O leilão prosseguirá no dia útil imediato, à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital, se for ultra- passado o horário de expediente forense. Após o leilão, expede-se o auto de arrematação. Art. 901. A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato e poderá abranger bens penhorados em mais de uma execu- ção, nele mencionadas as condições nas quais foi alienado o bem. § 1o A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrema- tação do bem imóvel, com o respectivo mandado de imissão na posse, será expedida depois de efetuado o depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem como realizado o pagamento da comissão do leiloeiro e das demais despesas da execução. § 2o A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula ou individuação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a prova de pagamento do imposto de transmissão, além da indicação da existência de eventual ônus real ou gravame. É assegurado ao devedor o direito de remir seu bem hipoteca- do que seja arrematado em leilão, por igual preço. Art. 902. No caso de leilão de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de arrematação, oferecendo preço igual ao do maior lance oferecido. 135 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Parágrafo único. No caso de falência ou insolvência do deve- dor hipotecário, o direito de remição previsto no caput defere-se à mas- sa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o preço da avaliação do imóvel. A assinatura do auto de arrematação pelo juiz, pelo arrematan- te e pelo leiloeiro torna a arrematação perfeita, acabada e irretratável. Se após a arrematação forem julgados procedentes embargos à exe- cução, o embargante/executado poderá haver do exequente o produto recebido, bem como eventual diferença entre o produto e o valor da avaliação. Ou seja, nem mesmo o julgamento dos embargos favorável ao executado pode desfazer a arrematação. Contudo, poderá ser in- validada por vícios, devidamente invocados nos autos. A alegação de vício para obstar a arrematação é ato atentatório à dignidade da justiça (multa – 20% – a favor do exequente). Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado ou a ação autônoma de que trata o § 4o deste artigo, assegurada a possibilidade de repara- ção pelos prejuízos sofridos. § 1o Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no entanto, ser: I – invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício; II – considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804 (credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado); III – resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução. § 2o O juiz decidirá acerca das situações referidas no § 1o, se for provocado em até 10 (dez) dias após o aperfeiçoamento da arrematação. § 3o Passado o prazo previsto no § 2o sem que tenha havido alegação de qualquer das situações previstas no § 1o, será expedida a carta de arrematação e, conforme o caso, a ordem de entrega ou man- dado de imissão na posse. § 4o Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário. § 5o O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente devolvido o depósito que tiver feito: I – se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame não mencionado no edital; II – se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem 136 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S de entrega, o executado alegar alguma das situações previstas no § 1o; III – uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4o deste artigo, desde que apresente a desistência no prazo de que dispõe para responder a essa ação. § 6o Considera-se ato atentatórioao devedor a perda de seu patrimônio. Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar eviden- te que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. f) Princípio da menor onerosidade: quando por vários meios, o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor, isto é, a execução deve onerar 18 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S o mínimo possível o devedor. Contudo, não se pode perder de vista que a execução busca satisfazer o credor e, de qualquer modo, será incômoda e onerosa para o devedor. O que a execução não pode é ser gravosa, atentar contra o exato adimplemento ou incomodar desneces- sariamente o devedor, humilhá-lo ou ofendê-lo. Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promo- ver a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Há que se considerar que no atual modelo de Estado, a saber, Estado-social, o legislador – pretendendo estabelecer uma justiça mais humanista possível – excluiu o quanto pode os simulacros da justiça imbuídos de antinomias, de forma que a aplicabilidade do direito se re- vestisse das equidades da justiça. Com base no princípio da menor onerosidade, se garante inclusive ao devedor, o direito de escolher qual de seus bens será atingido para fins da execução. Por exemplo, se o devedor tem dois bens que podem satisfazer a dívida, mas por alguma razão lhe é menos gravoso que o bem A seja atingido, não há porquê se alienar o bem B. g) Princípio do contraditório mitigado: muito se discutiu sobre sua aplicabilidade na execução, porque o devedor não tem oportunidade de contestar o pedido inicial. No entanto, há que se reconhecer que o devedor tem meios de defesa, que são os embargos e as impugnações, principalmente, além das oitivas do devedor, motivo pelo qual há contra- ditório. Frisa-se que a natureza do título executivo determina a amplitude do contraditório, uma vez que nos títulos executivos extrajudiciais é pos- sível utilizar como defesa os embargos à execução, que não possuem limitação cognitiva; ao passo que nos títulos executivos judiciais, a defesa é limitada a certas matérias, pela via da impugnação à execução. h) Princípio da dignidade do devedor: a execução jamais pode- rá ser um instrumento que leve o executado a uma situação de ruína, à fome, ao desabrigo juntamente com toda sua família, gerando situações paradoxais com o denominado Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, determina o código que alguns bens são impenhoráveis, por exemplo: as provisões de alimento, salários, instrumentos de trabalho, pensões, seguro de vida, imóvel no qual reside o executado com sua família, entre outros (artigo 833, CPC). Também há bens que são inalie- náveis e, como tais, também não se sujeitam à execução. Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei con- sidera impenhoráveis ou inalienáveis. i) Princípio da satisfatividade: o processo executório tende ape- nas à satisfação do direito do credor. Não há dúvidas que será um pro- cesso oneroso para o devedor e que surgirão incômodos e inconveni- 19 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S ências. Contudo, a observância de princípios para garantir a dignidade do devedor e sua menor onerosidade não devem servir de obstáculo à finalidade executiva, que é satisfazer o credor. É direito do credor ter seu direito satisfeito e ver a obrigação consignada no título executivo devidamente cumprida pelo devedor. INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO E COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO São 4 os institutos fundamentais do processo: jurisdição, ação, defesa e processo. Já dissemos que a defesa existe, embora não nos moldes do processo de conhecimento. O processo também existirá, na modalidade sincrética (fase de cumprimento de sentença) ou autônoma (processo de execução), a depender da natureza do título executivo (judi- cial ou extrajudicial). Há também a ação, ainda que esta não seja própria, ou seja, mesmo que a execução faça parte do processo sincrético – afi- nal, haverá uma resposta de mérito, apesar de não ser uma sentença. Também se faz presente a jurisdição, uma vez que existe um conflito de interesses devido ao inadimplemento, sendo o Estado invo- cado para fazer valer o direito do credor, que é impedido de utilizar a autotutela. Se existe jurisdição, existe competência, pois esta define as parcelas da jurisdição. A competência pode ser absoluta ou relativa, isto é, o foro po- derá ou não ser eleito livremente pelas partes. Na competência relativa, ainda que a ação seja proposta em foro diverso do previsto na legis- lação, a execução será válida se a parte contrária não questionar a eleição. O artigo 516 traz as regras da competência no cumprimento de sentença e o artigo 781 traz as regras no processo autônomo. Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do lo- cal onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. A competência do título judicial, em regra, será absoluta – tri- bunais nas causas de competência originária, juízo que processou a 20 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S causa em 1ª instância (embora o parágrafo único estabeleça a opção de três foros concorrentes, há opção e não eleição), sentença homologada pelo STJ (competência absoluta da justiça federal, embora não exista processo cível anterior) (artigo 516, CPC). Excepcionalmente, a compe- tência será relativa – quando se tratar de sentença penal condenatória e de sentença arbitral, pois não houve processo cível anterior. Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será pro- cessada perante o juízo competente, observando-se o seguinte: I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do exe- cutado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos; II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser de- mandado no foro de qualquer deles; III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente; IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exe- quente; V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mes- mo que nele não mais resida o executado. A competência do título extrajudicial segue as regras gerais do CPC. Quanto ao território, em regra, é relativa. Quanto à matéria, é absoluta. REQUISITOS PARA A EXECUÇÃO São dois os requisitos para a execução: o inadimplemento do devedor e a existência de título executivo. Inadimplemento Diante de Obrigação Certa, Líquida e Exigível Enquanto não houver inadimplemento do devedor, faltará ao credor interesse para promover a execução. Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela pros- seguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebi- mento da prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos no títuloà dignidade da justiça a sus- citação infundada de vício com o objetivo de ensejar a desistência do arrematante, devendo o suscitante ser condenado, sem prejuízo da res- ponsabilidade por perdas e danos, ao pagamento de multa, a ser fixada pelo juiz e devida ao exequente, em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do bem. A entrega do dinheiro ou a adjudicação dos bens penhora- dos faz com que o crédito seja considerado satisfeito (art. 904, CPC). O exequente levantará os valores depositados ou o produto dos bens até o limite da satisfação de seu crédito (art. 905, CPC). Mediante ter- mo nos autos, quando receber o mandado de levantamento, o exe- quente dará quitação da quantia paga (art. 906, CPC). O executado poderá levantar eventuais valores remanescentes, depois de pagar a dívida e as despesas da execução (art. 907, CPC). Poderão ser susci- tadas questões sobre o direito de preferência e a anterioridade da pe- nhora, nos casos em que houver mais de um legitimado para levantar quantias e produtos depositados em juízo (arts. 908 e 909, CPC). Após a satisfação do crédito, considera-se a obrigação adimplida e, em razão disso, deve ser extinta a execução (art. 924, II, CPC). Há, contudo, outras causas que podem gerar a extinção da execução além do cumprimento da obrigação, como a extinção da dívida, a renúncia ao crédito e o reconhecimento de prescrição intercorrente (art. 924, CPC). A natureza da decisão que extingue a ação de execução é de sentença, prevendo o art. 925, CPC que “a extinção só produz efeito quando declarada por sentença”. https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/arti- gos/422343059/extincao-do-processo-de-execucao-na-vigente-sis- tematica-processual-civil-brasileira 137 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto Sobre a penhora na execução por quantia certa, é correto afirmar que: a) é admissível a penhora de faturamento de sociedade devedora, des- de que não ultrapasse 5% do referido faturamento; b) o executado possui direito subjetivo à substituição da penhora, caso a requeira em até dez dias da intimação da penhora; c) não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido por par- cela do objeto da execução; d) na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora; e) são impenhoráveis os valores depositados em caderneta de poupan- ça, até o limite de cem salários-mínimos. QUESTÃO 2 Prova: MPM - 2021 - MPM - Promotor de Justiça Militar Sobre o processo de execução e a penhora, assinale a alternativa correta. a) Na execução contra devedor solvente, não há preferência de ordem entre os bens e direitos que integram o patrimônio do executado, com exceção de dinheiro em espécie ou aplicação em instituição financeira. b) Qualquer tipo de vestuário ou pertença de uso pessoal encontrado por oficial de justiça que cumpra mandado na casa do devedor é impenhorável. c) O soldo percebido por um militar é impenhorável quando alvejado por execução fundada nas regras do Processo Civil, embora admita hipóte- ses de penhorabilidade. d) Nenhum tipo de mobiliário que guarneça a residência do executa- do, quando encontrado por oficial de justiça que cumpra ordem judicial, pode ser penhorado. QUESTÃO 3 Prova: INSTITUTO AOCP - 2022 - DPE-PR - Defensor Público Em relação à possibilidade de penhora de bens, assinale a alterna- tiva INCORRETA. a) É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja lo- cado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. b) O direito real de aquisição do devedor fiduciante, em regra, é penho- 138 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S rável, nos termos da Lei n.° 8.009/90. c) O crédito oriundo de contrato de empreitada para a construção, ainda que parcial, de imóvel residencial encontra-se nas exceções legais à impenhorabilidade do bem de família. d) O proprietário de imóvel gerador de débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado em ação de cobrança ajuizada em face de locatário, já em fase de cumprimento de sentença, da qual não figurou no polo passivo. e) Não é possível a penhora de percentual do auxílio emergencial para pagamento de crédito constituído em favor de instituição financeira. QUESTÃO 4 Prova: FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade: Oficial de Justiça Avaliador Federal De acordo com o Código de Processo Civil, o oficial de justiça, no cumprimento de mandado de penhora, a) deverá se abster de penhorar bens do executado que estejam sob a posse, detenção ou guarda de terceiro, devendo, ao verificar tal circuns- tância, devolver o mandado sem cumprimento, descrevendo circunstan- ciadamente o ocorrido ao juiz. b) tem autoridade, independentemente de prévia autorização do juiz, para realizar o arrombamento de portas e janelas, se o executado as fechar para obstar o cumprimento da ordem de penhora. c) tem autoridade para autorizar o executado a alienar bens fungíveis sempre que houver risco de perecimento. d) quando não encontrar bens penhoráveis, descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica, independentemente de determinação judicial expressa. e) se não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução, desde que essa medida conste ex- pressamente do mandado. QUESTÃO 5 Prova: FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Judiciária – Direito Tendo em vista que o executado não foi encontrado e que os bens penhoráveis eram insuficientes até para o pagamento das custas, o juiz suspendeu o processo de execução. Nesse cenário, o juiz agiu de forma: a) equivocada, pois deveria ter extinguido o processo de execução, pela falta de bens penhoráveis; b) equivocada, pois deveria prosseguir com o processo, sem a suspen- são do curso do prazo prescricional; 139 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S c) correta, e esta suspensão deverá durar no máximo um ano, durante o qual também ficará suspenso o curso do prazo prescricional; d) correta, e esta suspensão deverá durar no máximo dois anos, du- rante os quais também ficará suspenso o curso do prazo prescricional; e) correta, e esta suspensão não terá prazo máximo, devendo ficar sus- penso o prazo prescricional por um ano. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Quais as distinções entre o bem de família de instituição voluntária e o bem de família legal? Cite o fundamento jurídico na legislação. TREINO INÉDITO Acerca da penhora e da expropriação de bens, assinale a alterna- tiva correta: a) a alienação através de leilão judicial é prioritária. b) o leilão judicial será preferencialmente realizado de forma física. c) a penhora em dinheiro é prioritária. d) o exequente não poderá indicar o leiloeiro público. e) o cancelamento de indisponibilidade excessiva não pode ser deter- minado de ofício. NA MÍDIA TRIBUNAL CONFIRMA VALIDADE DE PENHORA DO BEM DE FAMÍ- LIA DADO POR FIADOR EM GARANTIA DE LOCAÇÃO COMERCIAL OU RESIDENCIAL A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a sistemá- tica dos recursos especiais repetitivos (Tema 1.091), estabeleceu a tese de que é válida a penhora do bem de família de fiador dado em garantia em contrato de locação de imóvel – seja residencial ou comercial –, nos termos do artigo 3º, inciso VII, Lei 8.009/1990. Com o julgamento – que teve como base o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no Tema 1.127 –, osjuízes e tribunais de todo país poderão aplicar o precedente qualificado em processos semelhantes. "O fiador, no pleno exercício de seu direito de propriedade de usar, go- zar e dispor da coisa (Código Civil, artigo 1.228), pode afiançar, por es- crito (CC, artigo 819), o contrato de locação (residencial ou comercial), abrindo mão da impenhorabilidade do seu bem de família, por sua livre e espontânea vontade, no âmbito de sua autonomia privada, de sua autodeterminação", afirmou o ministro Luis Felipe Salomão, relator dos recursos especiais analisados pela seção. O magistrado explicou que a afetação do tema como repetitivo se deu 140 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S pela necessidade de reanálise do precedente fixado no REsp 1.363.368 e do enunciado 549 da Súmula do STJ, segundo os quais é válida a pe- nhora do bem de família de propriedade de fiador em contrato de locação. Fonte: Supremo Tribunal Federal Data: 21 jun. 2022. Leia a notícia na íntegra: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/ 21062022-Tribunal-confirma-validade-de-penhora-do-bem-de-familia- -dado-por-fiador-em-garantia-de-locacao-comercial-ou.aspx#:~:tex- t=Ap%C3%B3s%20v%C3%A1rios%20julgamentos%2C%20em%20 maio,seja%20comercial%20(Tema%201.127). NA PRÁTICA A penhora de dinheiro é prioritária, isto é, deve tomar lugar em detrimento da penhora de bens. As razões disso são muitas, celeridade, baixo custo, ausência de perda de valor, entre outras. Essencialmente, na penhora de dinheiro se torna indisponível um valor que se encontra depositado em conta do devedor executado. Na prática, isso se tornou possível a partir de 2001, quando foi celebrado o convênio entre o Banco Central e o Poder Judiciário denominado BACEN-JUD, cuja regulamentação fica a cargo do Conselho Nacional de Justiça. Por ele, os juízes cadastrados podem efetuar o bloqueio judicial de conta bancária, enviando a ordem de bloqueio pelo sistema unificado a todas as instituições da rede bancária. Encontrados valores, serão bloqueados e depositados em conta judicial vinculada à execução. Se houver excesso na penhora, o juiz determinará de imediato a liberação dos valores excessivos, podendo agir de ofício. 141 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S A perspectiva constitucionalizada do direito processual civil faz com que ele seja visto não apenas como um instrumento para o exercício de pretensões, mas sim como o caminho para a realização de direitos fundamentais. Em razão disso, cada vez mais se percebe a insuficiência da resposta jurisdicional às pretensões levantadas e às formas jurídicas de consubstanciação das obrigações. Afinal, é preciso ir além do que está escrito e transformar a pretensão jurídica válida em bem da vida. Ao credor, interessa muito menos a resposta jurisdicional e mui- to mais a satisfação de seu crédito. Sendo assim, a efetividade processu- al depende da realização de atos que transformem o direito garantido em adimplemento obrigacional. É pelo adimplemento das obrigações que se constrói uma cultura de segurança jurídica e respeito às leis na socieda- de. Por isso, é determinante que o Estado utilize de seu poder de forçar a aplicação da lei, inerente à jurisdição, para fazer com que obrigações sejam cumpridas e não apenas para reconhecer tais obrigações. As vias executivas verdadeiramente possibilitam a realização concreta da justiça. Ciente disso, o legislador conferiu atenção especial a elas no CPC/2015, reproduzindo, em muitos aspectos, a recente evolu- ção jurídica na matéria que veio com a reforma do CPC/1973 pela Lei nº 11.232/2005. A concepção da execução do título executivo judicial como fase processual, consolidando a noção de processo sincrético, é um dos principais pontos de ruptura com a cultura do formalismo jurídico em prol da acepção de efetividade processual, tida como a concretização de direitos. Com efeito, ainda que o conteúdo formalista e excessivamente dogmático desperte poucas paixões aos operadores do direito, não há como negar que saber manejar as vias executivas é habilidade essencial àquele que trabalha na área e pretende assistir cada jurisdicionado da melhor forma possível, seja o exequente na busca de satisfação de seu crédito, seja o executado em prol da preservação de sua dignidade pela garantia da menor onerosidade e da preservação de bens essenciais. 142 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S GABARITOS CAPÍTULO 01 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA Segundo o princípio do exato adimplemento, o objetivo da execução é atribuir ao credor a mesma vantagem ou utilidade que ele lograria se a prestação tivesse sido cumprida voluntariamente pelo devedor. Se o título executivo descrever uma obrigação específica (fazer, não fa- zer ou restituir coisa), deve ser a execução voltada ao cumprimento de tal obrigação. Ou seja, não é possível alterar a natureza da obrigação devida, optando por cumprimento diverso do entabulado. De tal forma, o magistrado deve empregar todos os esforços para que seja cumpri- da exatamente a obrigação colacionada no título. Contudo, em último caso, poderá a obrigação específica ser convertida em uma obrigação não específica – ou seja, a obrigação de dar, fazer e não fazer pode ser substituída por obrigação de pagar quantia, fixando uma espécie de indenização por perdas e danos. Isso apenas ocorrerá se não for possí- vel cumprir a obrigação assegurando o mesmo resultado, ou resultado semelhante, ou quando o credor preferir, de forma justificada, por exem- plo, demonstrando que o cumprimento da obrigação não mais lhe é útil. TREINO INÉDITO Gabarito: D 143 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 02 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA No cumprimento de sentença por quantia certa há fase processual, se- guinte à fase de conhecimento em que se formou o título executivo ju- dicial. Assim, em regra, o cumprimento de sentença se dá nos mesmos autos processuais e o seu início depende de simples requerimento do exequente apresentado com demonstrativo de cálculos, após o qual ha- verá intimação do executado na pessoa de seu advogado (tais regras comportam exceções, sendo possível que o cumprimento de senten- ça inaugure novos autos processuais e comece com citação, como no caso de sentença arbitral, penal e estrangeira). Já na ação de execução por quantia certa se fundam novos autos processuais, eis que o título executivo extrajudicial se forma sem o crivo do Poder Judiciário, ha- vendo apresentação de petição inicial com o demonstrativo de cálculo e comprovante de recolhimento de custas, após a qual o executado será citado. Não obstante, há uma diferença sensível quanto à defesa do executado nestas vias, pois no cumprimento de sentença caberá a apresentação de impugnação, a qual conta com limitação cognitiva, e na ação de execução caberão os embargos à execução, que fundam nova ação de conhecimento na qual não existe limitação cognitiva. De tal modo, no cumprimento de sentença por quantia certa o contraditório é mais reduzido do que na ação de execução por quantia certa. TREINO INÉDITO Gabarito: B 144 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA O bem de família por instituição voluntária se fundamenta no artigo 1.711, CC, segundo o qual “podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bemde família, desde que não ultrapasse um terço do patrimô- nio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial”. Basicamente, há prática de um ato jurídico escriturado ou testado de destinação de patrimônio líquido, que pode abranger 1/3 do patrimônio líquido total, nele incluso o imóvel residencial. Já o bem de família legal se fundamenta na Lei nº 8.009/1990 e independe da prática de qualquer ato jurídico, considerando que o artigo 1o da lei prevê que “o imóvel re- sidencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previden- ciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”. O bem de família legal abrange o imóvel residencial da entidade familiar, inclusive a construção, as plantações, as benfeito- rias de qualquer natureza e todos os equipamentos e móveis que o guar- necem. Não precisa a entidade familiar tomar qualquer providência para assegurar tal proteção, que decorre diretamente da lei. Além disso, não existe um limite com base no patrimônio líquido, inclusive, pode ser que o imóvel seja o único patrimônio da entidade e será protegido. TREINO INÉDITO Gabarito: C 145 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015. CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINA- MARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. DIDIER JÚNIOR, Fredie; PEIXOTO, Ravi Medeiros. Novo Código de Processo Civil de 2015: Comparativo com o Código de 1973. Salvador: JusPodivm, 2015. FRANZÉ, Luís Henrique Bastante; SILVA, Nelson Finotti; GARCIA, Bru- na Pinotti. (Org.) Reflexões sobre o Projeto do Novo Código de Proces- so Civil. Curitiba: CRV, 2013. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquema- tizado. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. LUCCA, Rodrigo Ramina de. Liquidação de títulos executivos extrajudi- ciais. Revista Brasileira de Direito Processual, Belo Horizonte, v. 20, n. 78, abr./jun. 2012. 146 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A Sexecutivo, caso em que poderá requerer a exe- cução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la. 21 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Vale destacar que o adimplemento do devedor deve ser pleno, cumprindo a obrigação descrita no título de forma integral e exata, in- clusive quanto a termos, condições, prazos e local de recebimento. É garantido ao credor o direito de recusar o recebimento de obrigação que não corresponda ao direito ou à obrigação descritas no título. O credor não precisa aceitar o cumprimento da obrigação de forma diversa, pois ela deve ser cumprida no tempo, lugar e forma previstos no título. Por isso, é tão importante que o título descreva com precisão uma obriga- ção certa, líquida e exigível. A ausência de liquidez, certeza ou exigibili- dade do título é matéria de ordem pública, que pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Logo, é inadimplente aquele devedor que não satisfaz obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo. Para ser certa, exige-se certeza sobre a obrigação descrita no tí- tulo, com relação à qual devem constar todos seus componentes, possibili- tando sua individualização. Não se aceita imprecisão na obrigação descrita no título. Além disso, não deve haver dúvidas sobre a existência do título. Para ser líquida, a obrigação descrita no título deve conter todos os dados e acessórios necessários para que seja exigida, exigindo-se, no máximo, meros cálculos para apuração específica. Sendo assim, a liqui- dez corresponde ao quantum debeatur. Se não houver dados suficientes de liquidez do título, é preciso promover a liquidação da sentença, que será uma espécie de fase anterior ao cumprimento da sentença. Vale destacar que “apenas as obrigações relativas a coisas ‘suscetíveis de quantificação’ podem ser líquidas ou ilíquidas. Obriga- ções de dar coisa certa, de fazer ou de não fazer prescindem do requi- sito da liquidez, pois têm seus contornos e limitações definidos pela certeza”. Neste sentido, apenas obrigações de dar coisa incerta e de pagar quantia certa podem se sujeitar à liquidação. A liquidação de sentença é uma fase processual que ante- cede à fase do cumprimento de sentença e que é posterior à fase de conhecimento, a qual tem por objetivo não mais determinar se exis- te uma obrigação do devedor em relação ao credor, mas sim fixar quais são os limites de tal obrigação, precisamente determinando o valor devido pelo devedor ao credor. Basicamente, a liquidação é necessária quando é proferida sentença ilíquida na qual se reconhe- ce o dever de pagar quantia certa por parte do devedor (que poderá ser o autor ou o réu do processo, conforme o caso concreto). 22 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quan- tia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I – por arbitramento, quando determinado pela sentença, con- vencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II – pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. § 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilí- quida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. § 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira. § 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as par- tes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial. Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz deter- minará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da so- ciedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresen- tar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código. Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem, cum- prindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. A obrigação é líquida quando pela sua leitura ou pela realiza- ção de cálculos aritméticos simples seja possível apurar a quantidade de bens devidos. Neste sentido, não atinge a liquidez a cobrança de juros e correção monetária, que é feita por simples cálculos. Falta liqui- dez se precisarem ser comprovados fatos externos à obrigação, isto é, que não possam ser percebidos pelos simples cálculos sobre informa- ções dos autos processuais, e a forma necessária para tal prova que determina a modalidade de liquidação, podendo ser por arbitramento (meras provas documentais adicionais, como documentos ou parece- res, e/ou perícia) ou por procedimento comum (outras provas, inclusive testemunhais, sendo possível a realização de audiência de instrução, funcionando como uma fase de conhecimento com cognição limitada 23 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S cujo único propósito é conferir liquidez ao título). O Código de Processo Civil utiliza a expressão liquidação de sentença, não liquidação de título, e situa os mencionados dispositivos como componentes da fase processual de liquidação, em meio à fase de conhecimento e à fase de cumprimento de sentença, no curso de processo judicial. De tal forma, o legislador apenas aceita a possibili- dade de liquidação quando o título executivo for judicial – e a doutrina majoritária assim defende. Logo, no caso de títulos executivos extrajudiciais, a liquidez deve se fazer presente no título, sob pena de não caber o ajuizamento do processo de execução, e sim o do processo de conhecimento. Luc- ca, autor do artigo cujo link segue adiante, defende que não há razoa- bilidade neste critério distintivo e que, em determinados casos, deveria, sim, ser aceita a liquidação de títulos executivos extrajudiciais. https://www.academia.edu/1857790/Liquida%C3%A7%- C3%A3o_de_t%C3%ADtulos_executivos_extrajudiciais Para ser exigível, o devedor deve ser constituído em mora, seja pelo vencimento do prazo estabelecido no título, seja pelo envio de notifi- cação com tal finalidade ou pela própria citação/intimação do devedor (o mais adequado é considerar que a citação/intimação constitui o devedor em mora). Civilistas distinguem a mora do inadimplemento absoluto, sendo que a primeira ocorre quando ainda há interesse no cumprimento da obrigação, e o segundo quando este deixa de existir, sendo necessária a conversão em perdas e danos. Mas o inadimplemento do CPC não é o absoluto, a mora basta para que se promova a execução. Não cabe ao credor comprovar o inadimplemento, mas, sim, ao devedor comprovar o adimplemento. Título Executivo Além do inadimplemento do devedor, também é requisito es- sencial para a execução a existência de título executivo. Nele, estará descrita a obrigação certa, líquida e exigível em relação à qual houve inadimplemento. Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. [...] 24 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméti- cas paraapurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título. Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua presta- ção senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo. Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não per- mitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que lhe tocar. O título executivo deve ser apresentado aos autos executivos em sua versão original, salvo exceções expressas na lei, por uma ques- tão de segurança jurídica, buscando evitar que o credor replique os títu- los. A doutrina controverte sobre a natureza jurídica do título executivo. Em suma, são três as principais correntes: a primeira diz que o título é um documento que constitui prova do débito, isto é, que tem função exclu- sivamente probatória (Carnelutti); a segunda diz que é um ato capaz de desencadear a sanção executiva, pois o título é ato constitutivo da con- creta vontade sancionadora do Estado (Liebman, Dinamarco); a terceira, majoritária, que busca conciliar as duas teorias, diz que é um ato e um do- cumento (Costa Silva, Shimura, Theodoro Júnior, Araken de Assis etc.). Os títulos executivos se caracterizam por sua taxatividade e ti- picidade. Há taxatividade porque não há título executivo que não esteja previsto em lei (CPC ou leis específicas). Além disso, há tipicidade porque os títulos devem obedecer aos modelos, padrões e tipos previstos na lei. Outra característica do título é sua eficácia, porque não é preciso existência ou prova do crédito, matéria que deverá ser discutida em em- bargos ou impugnação, de modo que a eficácia do título pode ser retirada. Não há óbice à pluralidade de títulos, ou seja, que uma mesma execução esteja fundada em dois ou mais títulos, desde que o devedor, a competência e o procedimento sejam os mesmos. Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas sejam competentes o mesmo juízo e idêntico o procedimento. Títulos Executivos Judiciais em Espécie Os títulos executivos judiciais são enumerados no artigo 515, 25 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S CPC, mas nada impede que o próprio CPC e leis especiais ampliem este rol: I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; Pode ser uma sentença judicial, um acórdão, uma decisão mo- nocrática ou mesmo uma decisão interlocutória. O importante não é a natureza da decisão, mas o conteúdo: deve descrever uma obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa. II – a decisão homologatória de autocomposição judicial; III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; § 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzi- da em juízo. São exemplos de títulos desta modalidade: a sentença que homo- loga a conciliação feita em juízo (p. ex., em audiência de mediação ou con- ciliação) e a transação fora dele levada a juízo para homologação (p. ex., petição das partes). Este acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homo- logado judicialmente, não precisa estar assinado por duas testemunhas. IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em rela- ção ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; São espécies de cartas de sentenças extraídas após o inven- tário e o arrolamento, indicando os herdeiros, os bens e a divisão de- les. É título executivo contra alguém envolvido na ação que obsta o cumprimento da divisão, como um herdeiro ou um inventariante. Contra terceiros deve ser proposta ação ordinária. Assim, a eficácia executiva é limitada ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores. V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolu- mentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; Se enquadram aqui as decisões que arbitram honorários de peritos, administradores judiciais etc. VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado; Para que a sentença penal condenatória seja título executivo, é preciso o trânsito em julgado. Assim, a vítima tem a opção de entrar com o processo de conhecimento se o crime não foi julgado ou de aguardar o resultado da esfera criminal, obtendo o título executivo. O juízo cível tem a opção de suspender a ação para aguardar o julgamento na es- fera penal. Se a condenação criminal ocorrer durante o processo de conhecimento cível, ele se extingue ou prossegue apenas para apurar o quantum, pois o título executivo já se formou. 26 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S VII – a sentença arbitral; Sentença arbitral é a proferida por tribunal ou juízo de arbi- tragem. Não é preciso homologar a sentença arbitral em juízo, mas é preciso promover a sua execução em juízo (pois o Tribunal arbitral não tem competência para executar seus atos e decisões). A execução se dá em processo autônomo, com citação do devedor, embora siga o rito de cumprimento de sentença. VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribu- nal de Justiça; IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; Compete ao Superior Tribunal de Justiça homologar a senten- ça estrangeira e conferir exequatur à carta rogatória para cumprimento de decisão interlocutória estrangeira, conforme procedimento descrito nos artigos 960 a 965. § 1o Nos casos dos incisos VI a IX (sentença penal condena- tória, sentença arbitral, sentença estrangeira ou decisão interlocutória estrangeira devidamente homologada), o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. Como se estudará no momento oportuno, o cumprimento de sentença se caracteriza, em regra, como fase processual nos mesmos autos, não inaugurando novos autos processuais, razão pela qual se dis- pensa a citação do executado. Contudo, há casos em que o título judicial, que será objeto do cumprimento de sentença, se formou perante juízo diverso (juízo penal, juízo arbitral ou STJ) e o seu cumprimento gerará a inauguração de novos autos processuais no juízo competente. De tal forma, haverá citação do executado, embora o rito permaneça sendo o do cumprimento de sentença, mais simples que o da execução autônoma. Títulos Executivos Extrajudiciais em Espécie Os títulos executivos extrajudiciais são enumerados no artigo 784, CPC, mas, nada impede que o próprio CPC e leis especiais am- pliem este rol: I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debên- ture e o cheque; São os títulos de crédito com força executiva, os quais devem conter todos os requisitos essenciais. II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 27 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Escritura é o documento lavrado pelo funcionário público ou por tabelião no exercício de suas funções. Documento público é aquele emitido por órgão público e assinado pelo devedor. III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; Não há forma prescrita além da exigência de assinatura por 2 testemunhas. Qualquer obrigação pode ser abrangida pelo documento particular. IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Pú- blico, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; Trata-se detransação extrajudicial não homologada pelo juiz, usualmente firmada na forma de termo de compromisso, no âmbito de inquéritos civis e procedimentos administrativos. V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou ou- tro direito real de garantia e aquele garantido por caução; O contrato com garantia é aquele firmado com fixação de um ob- jeto destinado ou outra forma de garantia com vistas a assegurar o paga- mento de uma dívida. A garantia pode ser real e recair sobre um bem (pelos chamados direitos reais de garantia, que são: penhor, que recai sobre bens móveis; hipoteca ou anticrese, que recaem sobre bens imóveis; alienação fiduciária em garantia, popularmente chamada de financiamento, recaindo sobre móveis ou imóveis) ou fidejussória (é a fiança, que pode ser conven- cional, legal ou judicial, sendo que o fiador será executado se a obrigação principal não for paga, respeitado o benefício de ordem, se for o caso). VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte; Apenas o seguro de vida é título executivo extrajudicial, não possuindo tal natureza os demais seguros. O motivo é facilitar o recebi- mento de indenização para os beneficiários do falecido. VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio; A enfiteuse é um extinto direito real de fruição pelo qual se esta- belece entre o enfiteuta e o senhor um vínculo permanente quanto a um determinado bem imóvel. O CC/2002 extinguiu a possibilidade de novas enfiteuses, mas manteve as já constituídas até então (um bom exemplo se vê na cidade de Petrópolis/RJ, na qual parte dos imóveis são enfi- teuses constituídas em favor da família real brasileira). O enfiteuta tem poderes sobre a coisa imóvel como se proprietário fosse, tem a posse direta, além dos poderes de dispor e reaver, mas tem obrigações para com o senhorio de forma perpétua (ou até que ambos acordem com a extinção da enfiteuse). Tais deveres consistem no pagamento de foro (prestação anual calculada com base no valor do imóvel) e no paga- mento de laudêmio (parcela do valor obtido com atos de disposição 28 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S sobre o bem, como a venda da enfiteuse). VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; Caso o objetivo seja cobrança de taxas, despesas de condomí- nio, água, luz, IPTU, rateios e aluguéis sem o propósito de cumular com despejo, basta o ajuizamento de processo de execução. IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; O objeto da certidão de dívida ativa é a dívida ativa tributária, proveniente de crédito tributário, regularmente inscrita na repartição ad- ministrativa competente, depois de esgotado o prazo para pagamento. A Fazenda Pública inscreve os contribuintes inadimplentes na dívida ativa e emite certidão para a cobrança dos valores devidos. Tal certidão tem natureza de título executivo extrajudicial. O rito será o da execução fiscal, nos termos da Leiº 6.830/1980. X – o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordiná- rias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprova- das em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; Havendo condomínio em edifícios (que são os condomínios em prédios, com unidades denominadas apartamentos) serão votadas despesas ordinárias e extraordinárias em assembleia geral. O voto da assembleia constitui a obrigação de pagamento e, em caso de inadim- plemento do condômino, forma-se título executivo extrajudicial para a cobrança dos valores devidos. XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro re- lativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; Os registros de notas e de imóveis podem expedir certidão com valores referentes a emolumentos e outras despesas devidas pelo contribuinte quanto a atos por ela praticados, conforme as tabelas que fixam tais emolumentos e despesas. XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expres- sa, a lei atribuir força executiva. A legislação pode atribuir força executiva a outros títulos, sen- do exemplos: cédulas hipotecárias, contrato de alienação fiduciária em garantia, prêmios de seguro, decisões do Tribunal de Contas etc. Tam- bém se enquadra como título extrajudicial especificado em lei o corres- pondente ao contrato de honorários advocatícios (nos termos do artigo 24, Lei n. 8.906/94, além do contrato devem ser juntadas provas da prestação do serviço). 29 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S Se for proposta ação de conhecimento que verse sobre o débi- to constante no título executivo, nada impede a propositura da ação de execução (artigo 784, § 1o, CPC), ainda que seja possível a determina- ção de suspensão da execução. Além disso, embora as decisões estrangeiras precisem de ho- mologação, os títulos executivos extrajudiciais estrangeiros dispensam homologação (artigo 784, § 2o, CPC). Contudo, o juízo da execução terá que analisar se foram satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e se o Brasil é indicado como o lugar de cumprimento da obrigação (artigo 784, § 3o, CPC). Com efeito, merece destaque a previsão do legislador no senti- do de que a propositura da execução autônoma fundada por título extra- judicial não é obrigatória, podendo a parte optar por propor a respectiva ação de conhecimento, visando obter um título executivo mais forte, de natureza judicial. Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não im- pede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. PARTES NA EXECUÇÃO Os legitimados ordinários na execução são o credor e o deve- dor, mas há situações de legitimidade de outros sujeitos processuais. Legitimidade Ativa e Passiva A legitimidade, na execução, pode ser ordinária ou extraordi- nária. Na ordinária, se encontram o credor e o devedor, as figuras que se encontram no título como titulares da relação jurídica. Também são legitimados ordinários os titulares das obrigações previstas no título. Na extraordinária, a lei atribui a terceiro a legitimidade para buscar, em nome próprio, a satisfação de direito alheio (Ministério Pú- blico pode executar condenação em benefício da vítima). a) Credor e devedor: legitimados ordinários e primários, pois constam no título. Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo. [...] Art. 779. A execução pode ser promovida contra: I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo; [...] b) Sucessor: sucessores do credor, quando a legitimidade dei- 30 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S xa de ser do espólio, ou seja, quando houver a partilha; sucessores do devedor, pelo espólio ou pelos herdeiros (se houve partilha), com o cuidado de não ultrapassar o patrimônio do falecido. Também é possível a sucessão intervivos, pela cessão (artigo 286 e s., CC), que é a trans- ferência a um terceiro do crédito/débito. Art. 778, § 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: [...] II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III – o cessio- nário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; [...] A sucessão prevista independe de consentimento do executa- do (artigo 778, § 2o, CPC). Art. 779. A execução pode ser promovida contra: [...] II – o es- pólio, os herdeiros ou ossucessores do devedor; [...] c) Sub-rogado: aquele que satisfaz obrigação alheia e assume a posição do credor (artigos 346 e s., CC). Art. 778, § 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: [...] IV – o sub-roga- do, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Aqui também, a sub-rogação independe de consentimento do executado (artigo 778, § 2o, CPC). Art. 779. A execução pode ser promovida contra: [...] III – o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obriga- ção resultante do título executivo; [...] d) Fiador: fiador é o terceiro interessado que se obriga, no todo ou em parte, pelo pagamento da dívida. Se ele pagar a dívida do deve- dor, ocupará o lugar do credor, passará a ter direito de cobrar o crédito do afiançado. Além disso, o fiador poderá estar no polo passivo, mas nem sempre a execução poderá ser dirigida diretamente contra o fiador. A fiança pode ser convencional, legal ou judicial. Na judicial, que é a determinada pelo juízo, a execução pode ser dirigida exclusivamente contra o fiador. Na convencional, que tem por base o título executivo, só é possível a execução direta se, na extrajudicial, o fiador tiver renuncia- do ao benefício de ordem, e na judicial, se ele tiver sido condenado na fase cognitiva (na qual não exerceu o benefício de ordem). Art. 779. A execução pode ser promovida contra: [...] IV – o fiador do débito constante em título extrajudicial; [...] e) Responsável titular de bem vinculado a garantia real: se de- terminado bem é dado em garantia ao cumprimento de uma obrigação, ainda que o titular do bem não faça parte da obrigação principal, tendo consentido ou se beneficiado do negócio jurídico, poderá constar no 31 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S polo passivo da execução. Art. 779. A execução pode ser promovida contra: [...] V – o res- ponsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; [...] f) Responsável tributário: é a pessoa ligada ao fato gerador que responde pelo pagamento caso o devedor não pague. Art. 779. A execução pode ser promovida contra: [...] VI – o responsável tributário, assim definido em lei. g) Avalista: aquele que presta garantia do pagamento de um título de crédito. Se pagar a dívida, assume o lugar do credor, podendo se voltar, nos mesmos autos, contra o devedor principal, mas não há benefício de ordem. h) Advogado: execução dos honorários (artigo 23, Lei n. 8.906/94). A legitimidade é ordinária porque os honorários pertencem ao advogado. Se refere aos judiciais e aos contratos com força executi- va. Mas a parte também tem legitimidade de executar, em seu nome, a verba honorária, caso no qual há legitimidade extraordinária. i) Ministério Público: promove a execução, mas a sua legitimi- dade é extraordinária, já que não defende um interesse próprio, mas alheio. A sucessão prevista independe de consentimento do executado (artigo 778, § 2o, CPC). Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros Na execução é possível a formação de litisconsórcio em qual- quer título, podendo ser ativo, passivo ou misto. Será necessário se envolver obrigação indivisível; e será facultativo se envolver obrigação divisível ou quantia certa. Já a intervenção de terceiros, somente é admitida na execução em uma modalidade: incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Outras modalidades podem ocorrer nos embargos do devedor (que são o meio de defesa na execução de título extrajudicial) ou pela via dos embargos de terceiro. Deveres Inerentes à Boa-Fé Processual e à Dignidade Da Justiça É essencial que as partes se movam no processo de acordo com a boa-fé processual, tanto com relação à parte adversa quanto em relação ao juízo. Quando viola o dever de boa-fé em relação à parte con- trária, se configura litigância de má-fé. Quando viola o dever de forma 32 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S ampla contra o juízo, se configura ato atentatório à dignidade da justiça. Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a con- duta comissiva ou omissiva do executado que: I – frauda a execução; II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III – dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV – resiste injustificadamente às ordens judiciais; V – intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras san- ções de natureza processual ou material. Embora não exista previsão específica de atos de litigância de má- -fé na execução, aplica-se integralmente o artigo 80, CPC (inclusive quanto à multa de 1% a 10% sobre o valor do débito ou 10x o salário-mínimo). No caso de ato atentatório à dignidade da justiça, a multa será de até 20% do valor do débito. As multas e as indenizações que decor- ram da litigância de má-fé ou de ato atentatório à dignidade da justiça serão cobradas nos próprios autos e, em ambos os casos, o destinatá- rio do valor será a parte. Art. 777. A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos próprios autos do processo. Sem prejuízo de eventual caracterização da litigância de má-fé, há responsabilização do exequente por danos que causar ao executado quando a sentença transitada em julgado declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que levou à execução. Isso pode ocorrer quando uma decisão é executada provisoriamente e não toma forma na senten- ça, tal como em eventual rescisão de sentença anteriormente proferida. Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexis- tente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução. FRAUDE À EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES A fraude à execução e a fraude contra credores são exemplos de condutas que violam o dever de boa-fé processual. Tais práticas se 33 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S aproximam, uma vez que em ambas ocorre a alienação (venda do bem) ou o gravame com ônus real (inserção do bem como garantia de paga- mento de outro débito) de forma fraudulenta, com vistas a prejudicar o direito do credor de recebimento do crédito. Em razão disso, se sujeitam para fins de execução os bens alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução ou em fraude contra credores, exigindo-se para a fraude contra credores que a fraude tenha sido reconhecida em ação autônoma, qual seja, ação pauliana ou revocatória (não há prejuízo na arguição da matéria em questão prejudicial em ação de conhecimento diversa). Art. 790. São sujeitos à execução os bens: [...] V – alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; VI – cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anu- lada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores; Na fraude contra credores não existe ação em curso ajuizada pelo credor, ocorrendo quando houve um ato capaz de diminuir ou one- rar o patrimônio do devedor a ponto de não ser possível cobrar a dívida, isto é, deixa de existir o patrimônio, que é a garantia do pagamento. Para a sua caracterização, é preciso provar o prejuízo do credor, de- corrente da insolvência do devedor, e também a má-fé do adquirente, pela demonstração de que ele sabia da insolvência do devedor quando adquiriu o bem (excetono caso do artigo 159, CC, que trata da insolvên- cia notória, que deveria ser de conhecimento geral ou especificamente da pessoa favorecida). Não há, na fraude contra credores, a presunção de má-fé do adquirente, salvo no caso de remissão ou perdão da dívida (artigo 163, CC). Como efeito, o negócio jurídico será anulável. Já a fraude à execução pressupõe um processo pendente, ain- da que de conhecimento, porque embora só na fase de execução a insolvência possa ser detectada, poderão ser atingidos todos os bens vendidos a partir da citação no processo de conhecimento. Além disso, se exige a publicização da existência de tal processo mediante averba- ção no registro do bem. Na fraude à execução, a má-fé do adquirente é presumida, até mesmo diante da publicidade notória da informação. Se a publicidade não for possível, cabe ao terceiro provar que adotou as providências necessárias de cautela. A fraude à execução é reconhecida na própria execução, em decisão interlocutória. Como efeito, há ineficácia do negócio jurídico em relação ao exequente. Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: 34 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S I – quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II – quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendên- cia do processo de execução, na forma do art. 828; III – quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V – nos demais casos expressos em lei. § 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente. § 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas neces- sárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem. § 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja perso- nalidade se pretende desconsiderar. § 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá in- timar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. O terceiro que tiver adquirido bem em fraude à execução po- derá utilizar dos embargos de terceiro como mecanismo de defesa, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência da constrição do bem. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL Responsabilidade patrimonial é a obrigação de responder a dí- vidas com o patrimônio. Em regra, ela é atribuída ao devedor – isto é, quem deve, responde com seu patrimônio. Contudo, há casos de res- ponsabilidade patrimonial de terceiros. Responsabilidade Patrimonial do Devedor Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presen- tes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restri- ções estabelecidas em lei. Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, 35 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube. Em regra, o devedor tem responsabilidade patrimonial pelo pagamento de suas dívidas. Enquanto não houver o inadimplemento, a responsabilidade patrimonial encontra-se em estado latente ou po- tencial. Quando ele ocorrer, a responsabilidade patrimonial vai gerar a sujeição do bem ou do patrimônio de uma determinada pessoa ao cumprimento da obrigação inadimplida. O devedor responde pela dívida com todos os seus bens, pre- sentes e futuros, isto é, tanto os que existiam no patrimônio do devedor quando contraiu a obrigação, quanto os que passaram a existir após ela. Isso inclui os bens alienados, se reconhecida judicialmente a in- validade da alienação. Contudo, existem determinados bens que são impenhoráveis. No caso de o devedor falecer, o espólio arcará com as dívidas e os herdeiros responderão por ela nos limites da herança. Se a responsabilidade pessoal recair sobre direito de superfí- cie do devedor, disciplina o artigo 791 que se limitará aos poderes con- feridos por tal direito ao titular, isto é, havendo direito real de fruição, há separação dos poderes sobre a coisa por certo prazo, o que implica que a constrição apenas pode recair sobre a parcela de direitos do devedor e não sobre os demais titulares de direitos sobre o bem: Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida, exclusivamen- te, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a plantação, no segundo caso. § 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão aver- bados separadamente na matrícula do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o terre- no, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas obrigações que a eles estão vinculadas. § 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfi- teuse, à concessão de uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso. No caso de exequente exercendo direito de retenção sobre bem do devedor, disciplina o artigo 793: Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a execu- ção sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar 36 E XE C U Ç Ã O C IV IL E C U M P R IM E N TO D E S E N TE N Ç A - G R U P O P R O M IN A S em seu poder. Responsabilidade Patrimonial de Terceiros Eventualmente, estão sujeitos à execução bens de terceiros. Neste sentido, o artigo 790, CPC, traz as hipóteses de responsabilidade patrimonial de terceiros, que deverão prevalecer se a responsabilização do devedor for insuficiente. Art. 790. São sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução funda- da em direito real ou obrigação reipersecutória; O sucessor singular é aquele que adquiriu bem do devedor quan- do ele já era litigioso, respondendo em se tratando de sentença proferida em ação fundada em direito real. É um caso em que há fraude à execução. Se a coisa litigiosa é alienada, a legitimidade das partes no litígio permane- ce a mesma e a sentença atinge o adquirente, ou seja, a alienação é ine- ficaz perante o credor, que pode buscar a coisa nas mãos do adquirente. II - do sócio, nos termos da lei; Enquanto a empresa for solvente, os bens dos sócios não po- derão ser atingidos. Ainda que insolvente, os bens dos sócios só pode- rão o ser se o tipo de sociedade permitir (sociedade ilimitada) ou se for aplicada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (utiliza- ção fraudulenta da empresa, comprovada por atos que demonstrem a confusão patrimonial). III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; Não é propriamente hipótese de responsabilidade de terceiro, mas do próprio devedor, pois o bem lhe pertence, mas apenas está em poder de terceiro, por exemplo, em razão de comodato ou depósito. IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; [...] Em dívida contraída por ambos os cônjuges/companheiros, a responsabilidade é conjunta;