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Ativação dos Linfócitos T SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................................................................... 3 2. Visão geral da ativação dos linfócitos T .................................................................... 3 3. Sinais para a Ativação dos Linfócitos T .................................................................... 3 4. Respostas Funcionais dos Linfócitos T ..................................................................... 7 5. Declínio das Respostas das Células T...................................................................... 11 6. Células T de Memória ................................................................................................ 13 Referências ...................................................................................................................... 16 Ativação dos Linfócitos T 3 1. INTRODUÇÃO A ativação dos linfócitos T é um processo complexo e essencial para a resposta imunológica adaptativa, envolvendo uma série de eventos que permitem a defesa eficaz contra patógenos. Para entender plenamente esse processo, é necessário detalhar os principais aspectos e mecanismos envolvidos. 2. VISÃO GERAL DA ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T Os linfócitos T podem ser ativados em dois estados principais: como células naive (virgens, que nunca encontraram um antígeno) e como células efetoras (já direcionadas a um antígeno específico). A ativação dessas células ocorre via receptores de antígenos dos linfócitos T (TCRs). Esses linfócitos T precisam reconhecer o mesmo antígeno em duas fases distintas: primeiro para iniciar a resposta e se ativar, e depois para exercer suas funções efetoras. Após a ativação, o linfócito T reconhece novamente aquele antígeno e elabora a resposta efetora adequada. 3. SINAIS PARA A ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T A ativação dos linfócitos T é um processo altamente específico e regulado, essencial para a resposta imune adaptativa. Para que essa ativação ocorra, diversos sinais são necessários, sendo o reconhecimento do antígeno o primeiro e crucial passo. Vamos aprofundar e entender detalhadamente os principais pontos deste processo. 3.1. Reconhecimento do Antígeno A ativação inicial dos linfócitos T naive ocorre principalmente nos órgãos linfói- des secundários periféricos, como os linfonodos e o baço. Nesses órgãos, os antí- genos são apresentados aos linfócitos T por células apresentadoras de antígenos (APCs), particularmente as células dendríticas. Essas células capturam antígenos no local da infecção e os transportam para os linfonodos próximos, onde encontram os Ativação dos Linfócitos T 4 linfócitos T e apresentam os antígenos através de moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC). Existem dois tipos de MHC: • MHC de classe I: Apresenta antígenos derivados de proteínas citosólicas e nucle- ares a linfócitos T CD8+ (citotóxicos). Esses antígenos são geralmente peptídeos que surgem de proteínas endógenas, como aquelas produzidas por vírus que infectam a célula. • MHC de classe II: Apresenta antígenos derivados de proteínas endocitadas ou fagocitadas a linfócitos T CD4+ (helper). Esses antígenos são tipicamente frag- mentos peptídicos de proteínas exógenas que foram internalizadas e processadas pelas APCs. Célula T helper Receptor de células T (TCR) Se liga ao MHC II Se liga ao MHC I Receptor de células T (TCR) Co-receptor TCD4 Co-receptor TCD8 Célula T citotóxica Figura 1. Diferença entre TCR de células T helper e citotóxica. Fonte: Ph-HY/Shutterstock.com O reconhecimento do antígeno pelo linfócito T é mediado pelo receptor de célula T (TCR). Cada TCR é específico para um antígeno particular, uma especificidade que resulta da recombinação genética das regiões variáveis do TCR, criando uma diversi- dade incrível de receptores capazes de reconhecer uma vasta gama de antígenos. Esta especificidade é fundamental para a resposta imune adaptativa, garantindo que cada linfócito T responda a um antígeno específico. As APCs, especialmente as células dendríticas, desempenham um papel central na ativação dos linfócitos T. Elas capturam antígenos no local da infecção, processam-nos em peptídeos e migram para os órgãos linfóides secundários, como linfonodos e baço, onde apresentam esses antígenos aos linfócitos T naive. Esse processo de apresenta- ção é facilitado por moléculas co-receptoras (CD4 para MHC II e CD8 para MHC I) que estabilizam a interação entre o TCR e o complexo antígeno-MHC. https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/t-cell-helper-cytotoxic-cd-antigen-2362045457 Ativação dos Linfócitos T 5 3.2. Coestimulação Além do reconhecimento do antígeno pelo receptor de célula T (TCR), um segundo sinal crucial para a ativação, proliferação e diferenciação das células T naive é a coesti- mulação. Este segundo sinal é fornecido por moléculas coestimulatórias que interagem com receptores específicos na superfície das células T. A via de coestimulação mais bem caracterizada envolve a interação do receptor CD28, expresso nas células T, com as moléculas coestimulatórias B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86), presentes nas APCs ativadas. A expressão das moléculas B7 é aumentada na presença de produtos microbianos e durante respostas imunes inatas, assegurando que a ativação dos linfócitos T ocorra apenas quando necessário. Isso é crucial para evitar respostas imunes inadequadas que poderiam levar a doenças autoimunes. O processo de coestimulação funciona da seguinte maneira: o reconhecimento do antígeno pelo MHC na célula T ocorre via TCR. A célula T expressa o receptor CD28, que, na ausência de interação com as moléculas B7 na APC, não é suficiente para ativar a célula T, resultando em anergia ou tolerância imunológica. Contudo, quando as mo- léculas coestimulatórias B7 estão presentes nas APCs, ocorre a ligação com o CD28, proporcionando um segundo sinal necessário para a ativação completa do linfócito T. Este sinal adicional permite que o linfócito T produza citocinas, como a IL-2, crucial para sua proliferação e sobrevivência. Figura 2. Coestimulação de linfócitos T. Fonte: Acervo Sanar. Ativação dos Linfócitos T 6 A amplificação da ativação dos linfócitos T ocorre quando a célula dendrítica, inicial- mente sem expressão de B7, encontra o ligante CD40 (CD40L) na superfície do linfócito T. Esta interação ativa a célula dendrítica, induzindo a expressão de B7 e a produção de citocinas. Com a expressão de B7, a célula dendrítica pode, então, ligar-se ao CD28 na célula T, fornecendo o sinal coestimulatório necessário para a ativação completa do linfócito T. Tabela 1. Ligantes e receptores de superfície celular que fazem parte da coestimulação. Ligantes de Superfície Celular Família B7 Inclui CD80, CD86, ICOS ligante, PD-L1 e PD-L2. Essas moléculas são expressas em APCs, como células dendríticas, macrófagos e células B. Família CD28 Inclui CD28, CTLA-4, ICOS e PD-1. Esses receptores são expressos nas células T naive e desempenham papéis tanto na ativação quanto na inibição da resposta imune. CD40L e CD40 A interação do CD40L nas células T com o CD40 nas APCs amplifica a ativação das APCs, aumentando a produção de citocinas e a expressão de moléculas B7, que, por sua vez, intensificam a ativação dos linfócitos T. Este mecanismo é particularmente importante para a ativação robusta das células T e a modulação da resposta imune. Fonte: Elaborado pela autora. Além disso, a sinalização do CD28 envolve intermediários de sinalização intracelular, como a PI3 quinase e Akt, que desencadeiam uma série de eventos moleculares, como: promoção da produção de proteínas antiapoptóticas, garantindo a sobrevivência celu- lar; aumento da secreção de IL-2 e da expressão do seu receptor, que são essenciais para a proliferação celular; aumento da expressão de ciclinas e redução de inibidores da proliferação celular, promovendo a expansão clonal das células T; e contribuição para adiferenciação das células T em células efetoras e de memória. 3.3. Circulação dos Linfócitos T Os linfócitos T naive circulam constantemente entre os órgãos linfóides secundários, um processo vital para a vigilância imunológica. Eles entram nos linfonodos através das vênulas de endotélio alto (HEVs) e interagem com as células dendríticas que apre- sentam antígenos. Se um linfócito T naive não encontra seu antígeno específico, ele sai do linfonodo via vasos linfáticos e continua circulando até encontrar um antígeno que corresponda ao seu TCR. Quando um linfócito T naive encontra uma célula dendrítica apresentando um antígeno específico, a interação entre o TCR e o complexo antígeno- -MHC resulta na ativação do linfócito T. Quando o linfócito T naive reconhece seu antígeno específico apresentado por uma APC, ele se ativa e começa a proliferar, diferenciando-se em células T efetoras e de me- mória. As células T efetoras se dirigem ao local da infecção para eliminar o patógeno, enquanto as células de memória permanecem no organismo, prontas para responder rapidamente a futuras exposições ao mesmo antígeno. Ativação dos Linfócitos T 7 4. RESPOSTAS FUNCIONAIS DOS LINFÓCITOS T Após a ativação, os linfócitos T passam por uma série de mudanças funcionais e fenotípicas que lhes permitem desempenhar seu papel na resposta imune. Essas mudanças são mediadas por moléculas de superfície específicas e a produção de citocinas, resultando em proliferação, diferenciação e regulação da resposta imune. As células T naive, que possuem o receptor de célula T (TCR), começam a ex- pressar altos níveis de CD69 logo após a ativação. O CD69 é uma molécula de su- perfície que atua como um marcador de ativação precoce e ajuda a reter as células T nos linfonodos, onde encontram antígenos apresentados por células dendríticas. A retenção no linfonodo é crucial para permitir a interação contínua com as células apresentadoras de antígenos (APCs) e a subsequente ativação completa. Com a ativação, os linfócitos T começam a expressar o receptor de IL-2 (IL- 2R), essencial para a proliferação das células T. A IL-2 é uma citocina autócrina e parácrina crucial, promovendo a expansão clonal das células T ativadas, na qual múltiplas cópias do linfócito T específico para aquele antígeno são geradas. No início da infecção, há uma proliferação de múltiplos clones de células T, cada um reconhecendo diferentes epítopos do patógeno. Com o tempo, a proliferação se concentra em clones específicos que são mais eficazes contra o antígeno. Assim, a expansão clonal permite a formação de um grande pool de células T efetoras, necessárias para eliminar o patógeno. Além disso, a expressão do ligante CD40 (CD40L) nas células T ajuda a amplificar a resposta imune, interagindo com CD40 nas APCs para aumentar a apresentação de antígenos e a produção de citocinas. Uma vez ativado, o linfócito T naive prolifera e se diferencia em células T efetoras e de memória. Entre as células T efetoras, as principais diferenciações são os linfó- citos T CD4+ (T auxiliar) e T CD8+ (citotóxicos), que desempenham papéis distintos. Os linfócitos T CD4+ reconhecem antígenos apresentados por MHC de classe II e auxiliam na ativação de macrófagos e células B, bem como na coordenação da resposta imune. Por sua vez, os linfócitos T CD8+ são responsáveis pela elimina- ção de células infectadas ou tumorais através de mecanismos de citotoxicidade e reconhecem antígenos apresentados por MHC de classe I. Ativação dos Linfócitos T 8 Granzima Citocinas MHC de classe I Morte celular Célula T helper MHC de classe II TCR AntígenoPatógeno Célula apresentadora de antígeno CD4 Perforina Corpos apoptóticos Célula infectada Célula T citotóxica CD8 Ativação de células T citotóxicas Figura 3. Ativação e ação dos linfócitos T. Fonte: Ph-HY/ Shutterstock.com Tabela 2. Características das células T efetoras. Células T Efetoras Células T CD4+ (T Helper ou T Auxiliar) Quando ativadas, as células T naive CD4+ inicialmente produzem principalmente a citocina IL-2, que é crucial para a proliferação das células T. À medida que se diferenciam em células T efetoras, passam a produzir uma ampla variedade de citocinas com diversas atividades biológicas, que são essenciais para coordenar a resposta imune. Essas cito- cinas ajudam a ativar outras células imunológicas, como macrófagos, células B e outras células T, direcionando e amplificando a resposta imune para combater o patógeno. Células T CD8+ (Citotóxicas) As células T CD8+ têm a função principal de destruir diretamente as células infectadas por patógenos intracelulares, como vírus. Elas reconhecem e se ligam a antígenos apre- sentados pelo MHC de classe I nas células infectadas e, em seguida, liberam grânulos citotóxicos contendo perforina e granzimas, que induzem a apoptose das células-alvo. Células T Reguladoras (T Reg) A IL-2 também é vital para a sobrevivência e proliferação das células T reguladoras (Tregs), que ajudam a manter a tolerância imunológica e prevenir respostas autoimunes. Fonte: Elaborado pela autora Ativação dos Linfócitos T 9 Saiba mais! Diferenciação dos Linfócitos T Helper Os linfócitos T helper são um subgrupo de linfócitos T CD4+ que desempenham papéis centrais na modulação das respostas imunes. Após o reconhecimento do antígeno apresentado por moléculas MHC de classe II nas células apresentadoras de antígenos (APCs), os linfócitos T CD4+ naive são ativados e começam a se diferenciar em subpopulações específicas, dependendo do microambiente de citocinas e de outros sinais presentes. As principais subpopulações de linfócitos T helper incluem Th1, Th2 e Th17, cada uma com características distintas e funções especializadas. • Th1 (T helper 1) • Indução: A diferenciação em células Th1 é promovida pela presença das citocinas IL-12 e IFN-γ. Essas citocinas são frequentemente produzidas por APCs, como macrófagos e células dendríticas, em resposta a infecções intracelulares (por exemplo, vírus e algumas bactérias). • Fatores de Transcrição: O fator de transcrição T-bet é crucial para a di- ferenciação e função das células Th1. Ele é induzido pela sinalização de IFN-γ e IL-12. • Função Principal: As células Th1 são responsáveis por mediar a imunidade contra patógenos intracelulares. Elas produzem grandes quantidades de IFN-γ, uma citocina que ativa macrófagos, aumentando sua capacidade de fagocitar e destruir patógenos. As células Th1 também ajudam a pro- mover a resposta citotóxica dos linfócitos T CD8+. • Resposta Imune: A ativação de macrófagos por IFN-γ resulta na produção de mais citocinas pró-inflamatórias e óxido nítrico, que são essenciais para a eliminação de patógenos intracelulares. • Th2 (T helper 2) • Indução: A diferenciação em células Th2 é promovida pela presença de IL-4. Esta citocina pode ser produzida por células T naive em resposta a antígenos específicos ou por outras células imunes, como mastócitos e basófilos. • Fatores de Transcrição: O fator de transcrição GATA-3 é essencial para a diferenciação e função das células Th2. Ele é induzido pela sinalização de IL-4. • Função Principal: As células Th2 são importantes para a defesa contra patógenos extracelulares, como helmintos (vermes parasitas). Elas pro- duzem citocinas como IL-4, IL-5, IL-9, IL-10 e IL-13. Ativação dos Linfócitos T 10 • Resposta Imune: IL-4 e IL-13 promovem a produção de anticorpos IgE pelas células B, que são fundamentais para a resposta imune mediada por mastócitos e eosinófilos contra parasitas. IL-5 é crucial para a prolifera- ção e ativação de eosinófilos, que desempenham um papel na destruição de parasitas. IL-10 tem um papel anti-inflamatório, ajudando a limitar a resposta imune e evitar danos excessivos aos tecidos. • Th17 (T helper 17) • Indução: A diferenciação em células Th17 é promovida pela presença das citocinas IL-6, TGF-β (transforming growth factor beta), IL-1β e IL-23. Estas citocinas são frequentementeproduzidas em resposta a infecções bacte- rianas e fúngicas. • Fatores de Transcrição: O fator de transcrição RORγt é essencial para a diferenciação e função das células Th17. • Função Principal: As células Th17 são importantes para a defesa contra patógenos extracelulares, especialmente bactérias e fungos, em superfícies mucosas. Elas produzem citocinas como IL-17A, IL-17F e IL-22. • Resposta Imune: IL-17A e IL-17F promovem a recrutamento e ativação de neutrófilos, que são cruciais para a eliminação de patógenos extracelulares. IL-22 ajuda a manter a integridade das barreiras epiteliais e a produção de proteínas antimicrobianas. Figura 4. Subpopulações de células T auxiliares. Fonte: Acervo Sanar. Ativação dos Linfócitos T 11 Após a ativação inicial e a diferenciação, as células T efetoras migram para o local da infecção, encontram novamente o antígeno no contexto do MHC e sofrem uma segunda ativação. Essa reativação permite que as células T efetoras executem suas funções – como a liberação de citocinas, ativação de outras células imunológicas e a destruição direta de células infectadas – de maneira mais direcionada e eficiente no local da infecção. Assim, a reativação local assegura que as células T efetoras liberem suas citocinas e outros mediadores exatamente onde são necessários, maximizando a resposta imune contra o patógeno. 5. DECLÍNIO DAS RESPOSTAS DAS CÉLULAS T Para evitar danos aos tecidos e doenças autoimunes, a resposta imune precisa ser cuidadosamente regulada. Após a eliminação do antígeno, moléculas inibitórias como PD-1 e CTLA-4 são expressas nas células T, atuando para suprimir a ativação contínua e promover a apoptose das células T efetoras excedentes. Esse processo é chamado de contração da resposta dos linfócitos T e é um processo crucial para a manutenção da homeostasia do sistema imunológico. Saiba mais! Inibidores da ligação PD-1 e PD-L1 na terapia Cctra o câncer A imunoterapia tem revolucionado o tratamento do câncer ao mobilizar o sistema imunológico para combater células malignas. Entre as abordagens mais promis- soras, destacam-se os inibidores da ligação entre PD-1 (programmed cell death protein 1), que é um receptor de superfície celular expresso em células T ativadas, células B e células NK; e seu ligante PD-L1 (programmed death-ligand 1), expresso em células tumorais e células imunológicas no microambiente tumoral. A interação entre PD-1 em células T e PD-L1 em células tumorais ou células apre- sentadoras de antígenos (APCs) resulta na inibição da função efetora das células T. Este mecanismo é um modo de evasão imunológica utilizado pelos tumores para evitar a destruição mediada pelo sistema imunológico. Nesse contexto, os inibidores de checkpoint imunológico são anticorpos mo- noclonais que bloqueiam a interação PD-1/PD-L1, restaurando a capacidade das células T de atacar e destruir as células tumorais. Ao bloquear essa interação, esses inibidores impedem que o tumor suprima a resposta imune, permitindo que o sistema imunológico reconheça e elimine as células cancerígenas. Ativação dos Linfócitos T 12 Célula T Antígeno Inibidor de PD-1 Inibidor de D-L1 Célula tumoral Receptor (TCR) Figura 5. Inibidor da interação PD-1/PD-L1. Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock.com Essa fase de declínio é responsável por reduzir o grande número de células específicas para o antígeno que proliferaram durante a expansão clonal, restando apenas as células de memória. Os mecanismos que promovem o declínio da resposta imune incluem: • Morte Celular Programada (Apoptose): • Ausência de coestimulação e redução de IL-2: Quando o antígeno é eliminado, os sinais necessários para manter os linfócitos T ativados, como a coestimu- lação e a IL-2, diminuem. A falta desses sinais leva à redução da expressão de proteínas antiapoptóticas como BCL-2 e BCL-XL, que são essenciais para a sobrevivência das células T. Sem esses sinais, as células T entram em apoptose, resultando na diminuição do número de células efetoras. • Apoptose induzida por fatores extrínsecos: As células T podem ser induzidas a apoptose através da ativação de receptores de morte celular, como o Fas (CD95) e o seu ligante FasL. A interação Fas/FasL ativa uma cascata de sinalização que culmina na morte celular programada. Ativação dos Linfócitos T 13 • Inibição da Ativação de Células T: • Redução de sinais ativadores: Com a eliminação do antígeno, há uma dimi- nuição dos sinais ativadores provenientes das APCs. A ausência de antígeno significa que as APCs não apresentam mais o estímulo necessário para manter as células T ativadas. • Ativação de moléculas inibitórias de superfície: A expressão de moléculas inibitórias como PD-1 (programmed cell death protein 1) e CTLA-4 (cytotoxic T-lymphocyte-associated protein 4) nas células T aumenta durante a fase de declínio. Essas moléculas atuam como “freios” na ativação das células T, limi- tando sua função e promovendo a resolução da resposta imune. • Ação de células T reguladoras (Tregs): As Tregs desempenham um papel fun- damental na regulação negativa da resposta imune. Elas produzem citocinas imunossupressoras, como IL-10 e TGF-β, que inibem a proliferação e a função das células T efetoras, contribuindo para o declínio da resposta imune. A contração da resposta das células T é essencial para evitar respostas imunes excessivas que poderiam levar a danos teciduais e autoimunidade. Após a fase de ex- pansão clonal e eliminação do patógeno, a redução controlada do número de células T efetoras ajuda a restaurar o equilíbrio do sistema imunológico. 6. CÉLULAS T DE MEMÓRIA Nem todas as células T proliferadas são eliminadas. Uma pequena fração se diferencia em células T de memória, que possuem vida longa e podem persistir no organismo por anos ou mesmo por toda a vida. Essas células de memória proporcionam uma resposta mais rápida e eficaz em encontros subsequentes com o mesmo antígeno, garantindo uma proteção duradoura. As células T de memória podem se desenvolver a partir de células efetoras ao longo de uma via linear, na qual as células de memória se desenvolvem a partir de células T efetoras, ou podem seguir uma via divergente, na qual as populações efetoras e de memória representam destinos alternativos dos linfócitos ativados pelo antígeno e outros estímulos. As células T de memória expressam níveis aumentados de proteínas antiapop- tóticas, permitindo sua sobrevivência prolongada. Essas células respondem mais rapidamente à estimulação antigênica e estão presentes em maior número do que as células naive específicas, devido à expansão clonal durante a resposta inicial. Essas células são capazes de migrar para os tecidos periféricos, possuem uma proliferação lenta que garante sua autorrenovação e sua manutenção depende de citocinas, mas não do reconhecimento contínuo do antígeno. Dessa forma, mesmo sem a presença Ativação dos Linfócitos T 14 do patógeno, as células de memória permanecem no organismo em caso de um novo contato com o antígeno. Existem várias subpopulações de células T de memória, cada uma com funções e localizações específicas: • Células T de memória central (Tcm): Essas células expressam o receptor de qui- miocina CCR7 e a molécula de adesão L-selectina, direcionando-se principalmente para os linfonodos. Elas são importantes para a proliferação rápida e a geração de novas células efetoras em resposta a uma reexposição ao antígeno. • Células T de memória tecido-residente (Trm): Essas células expressam altos níveis de CD69, uma molécula que reduz a expressão do receptor de esfingosina-1-fosfato (S1PR1), fazendo com que fiquem retidas nos tecidos. Elas fornecem uma defesa rápida e localizada contra patógenos que reinfectam o mesmo tecido. • Células T de memória periféricas (Tpm): Diferentemente das Trm, essas células são capazes de se mover entre a circulação e os tecidos, contribuindo para res- postas imunes secundárias em diversos locais. Elas desempenhamum papel crucial na resposta imune de vigilância contínua em todo o corpo. Ativação dos Linfócitos T 15 MAPA MENTAL: ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T Células efetoras: direcionadas a um antígeno específico Redução de sinais ativadores Expressão de moléculas inibitórias (PD-1, CTLA-4) Redução de coestimulação e IL-2 Ativação de receptores de morte celular (Fas/FasL) Ação de Células T Reguladoras (Tregs) Inibição da Ativação Produção de proteínas antiapoptóticas Aumento da secreção de IL-2 Moléculas B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86): em APCs Aumento da expressão de B7 e produção de citocinas Estado dos linfócitos T Declínio das Respostas das Células T Estado dos linfócitos TCoestimulação Encontro com antígeno específico Amplificação da Ativação Células naive: nunca encontraram um antígeno Morte Celular Programada (Apoptose) PI3 quinase e AktReceptor CD28: em células T Interação CD40L (linfócito T) e CD40 (APCs) Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) Diferenciação em células T efetoras Diferenciação em células T de memória MHC Classe I: apresenta antígenos a linfócitos T CD8+ (citotóxicos) Células T CD4+ (T Helper/Auxiliar) Níveis aumentados de proteínas antiapoptóticas Células T CD8+ (Citotóxicas) Resposta rápida e eficaz em futuras exposições Células T Reguladoras (T Reg) Subpopulações MHC Classe II: apresenta antígenos a linfócitos T CD4+ (helper) Produção de citocinas Destruição de células infectadas Manutenção da tolerância imunológica Células T de Memória Central (Tcm) Expressão de CCR7 e L-selectina Células T de Memória Tecido-Residente (Trm) Expressão de CD69 Células T de Memória Periféricas (Tpm) Mobilidade entre circulação e tecidos Ativação de macrófagos e células B Produção de perforina e granzimas Receptor de Célula T (TCR): específico para um antígeno particular Sinais para a Ativação dos Linfócitos T Circulação dos Linfócitos T Reconhecimento do Antígeno Vigilância Imunológica: circulação entre órgãos linfóides Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) Captura e transporte de antígenos para linfonodos Apresentação de antígenos aos linfócitos T Fonte: Elaborado pela autora Ativação dos Linfócitos T 16 REFERÊNCIAS 1. Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. *Imunologia Celular e Molecular*. Elsevier Saúde, última edição. 2. Janeway CA Jr, Travers P, Walport M, Shlomchik MJ. *Imunobiologia: o sistema imu- nológico em saúde e doença*. Porto Alegre: Artmed, última edição. Escrito por Maria Fernanda Brandão em parceria com inteligência artificial via chat GPT 4.0 e revisado por Lorena Rocha sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770 1. Introdução 2. Visão geral da ativação dos linfócitos T 3. Sinais para a Ativação dos Linfócitos T 4. Respostas Funcionais dos Linfócitos T 5. Declínio das Respostas das Células T 6. Células T de Memória Referências