Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

ENEM
Elementos da Narrativa
L0041 - (Enem)
A volta do marido pródigo
 
– Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
– Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...]
Lá além, Generoso cotuca Tercino:
– [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega,
ainda é todo enfeitado e salamistrão!...
– Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com
uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem...
– Hum...
– Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e
ainda faço este povo trabalhar...
[...]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de
pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé.
Pragueja:
– Quem não tem brio engorda!
– É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... – opina Sidu.
– Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo...
– diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. – “P’ra
uns, as vacas morrem ... p’ra outros até boi pega a
parir...”.
Seu Marra já concordou:
– Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu
aponto o dia todo. Que é a úl�ma vez!... E agora, deixa de
conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
(ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio,
1967.)
 
Esse texto tem importância singular como patrimônio
linguís�co para a preservação da cultura nacional devido 
a) à menção a enfermidades que indicam falta de
cuidado pessoal. 
b) à referência a profissões já ex�ntas que caracterizam a
vida no campo. 
c) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de
sua personalidade. 
d) ao emprego de ditados populares que resgatam
memórias e saberes cole�vos. 
e) às descrições de costumes regionais que desmis�ficam
crenças e supers�ções. 
L0040 - (Enem)
Singular ocorrência
 
– Há ocorrências bem singulares. Está vendo aquela
dama que vai entrando na igreja da Cruz? Parou agora no
adro para dar uma esmola.
– De preto?
– Justamente; lá vai entrando; entrou.
– Não ponha mais na carta. Esse olhar está dizendo que a
dama é uma recordação de outro tempo, e não há de ser
muito tempo, a julgar pelo corpo: é moça de truz.
– Deve ter quarenta e seis anos.
– Ah! conservada. Vamos lá; deixe de olhar para o chão e
conte-me tudo. Está viúva, naturalmente?
– Não.
– Bem; o marido ainda vive. É velho?
– Não é casada.
– Solteira?
– Assim, assim. Deve chamar-se hoje D. Maria de tal. Em
1860 florescia com o nome familiar de Marocas. Não era
costureira, nem proprietária, nem mestra de meninas; vá
excluindo as profissões e chegará lá. Morava na Rua do
Sacramento. Já então era esbelta, e, seguramente, mais
linda do que hoje; modos sérios, linguagem limpa.
(ASSIS, M. Machado de Assis: seus 30 melhores contos,
Rio de Janeiro: Aguilar, 1961.)
 
No diálogo, descor�nam-se aspectos da condição da
mulher em meados do século XIX. O ponto de vista dos
1@professorferretto @prof_ferretto
personagens manifesta conceitos segundo os quais a
mulher 
a) encontra um modo de dignificar-se na prá�ca da
caridade. 
b) preserva a aparência jovem conforme seu es�lo de
vida. 
c) condiciona seu bem-estar à estabilidade do
casamento. 
d) tem sua iden�dade e seu lugar referendados pelo
homem. 
e) renuncia à sua par�cipação no mercado de trabalho. 
L0038 - (Enem)
Quarto de despejo
Carolina Maria de Jesus
 
Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus
surgiu este autên�co exemplo de literatura-verdade, que
relata o co�diano triste e cruel da vida na favela. Com
uma linguagem simples, mas contundente e original, a
autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade
na maneira de contar o que viu, viveu e sen�u durante os
anos em que morou na comunidade do Canindé, em São
Paulo, com seus três filhos.
 
Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no
exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de
quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que,
mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro
jamais perdeu a sua atualidade.
(JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
São Paulo: Á�ca, 2007.)
 
Iden�fica-se como obje�vo do fragmento extraído da
quarta capa do livro Quarto de despejo
a) retomar trechos da obra. 
b) resumir o enredo da obra. 
c) destacar a biografia da autora. 
d) analisar a linguagem da autora. 
e) convencer o interlocutor a ler a obra. 
L0036 - (Enem)
Toca a sirene na fábrica,
e o apito como um chicote
bate na manhã nascente
e bate na tua cama
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona
pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
Às pressas tomas o banho,
tomas teu café com pão,
tomas teu lugar no bote
no cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
teu filho de mãe solteira.
Levas ao lado a marmita,
contendo a mesma ração
do meio de todo o dia,
a carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
dás só bom-dia ao patrão,
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.
(MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1964.)
 
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas
verbais e pronominais 
a) ajuda a localizar o enredo num ambiente está�co. 
b) auxilia na caracterização �sica do personagem
principal. 
c) acrescenta informações modificadoras às ações dos
personagens. 
d) alterna os tempos da narra�va, fazendo progredir as
ideias do texto. 
e) está a serviço do projeto poé�co, auxiliando na
dis�nção dos referentes. 
L0363 - (Enem PPL)
Prezada senhorita,
Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de
acordo com o que foi conversado com seu ilustre
progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes,
estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por
encerrados nossos entendimentos de noivado. Como
passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva,
conceituada firma desta praça, não me restará, em face
dos novos e pesados encargos, tempo ú�l para os
deveres conjugais.
Outrossim, par�cipo que vou con�nuar trabalhando
no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que
me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em
solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado
e outras autoridades civis e militares, bem assim como
representantes da Associação dos Varejistas e da
Sociedade Cultural e Recrea�va José de Alencar.
Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,
Sabugosa de Castro.
CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu
Berga�m não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1971.
 
2@professorferretto @prof_ferretto
A exploração da variação linguís�ca é um elemento que
pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de
humor decorre da incompa�bilidade entre
a) o obje�vo de informar e a escolha do gênero textual. 
b) a linguagem empregada e os papéis sociais dos
interlocutores. 
c) o emprego de expressões an�gas e a temá�ca
desenvolvida no texto. 
d) as formas de tratamento u�lizadas e as exigências
estruturais da carta. 
e) o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a
profissão do remetente. 
L0380 - (Enem PPL)
A orquestra atacou o tema que tantas vezes ouvi na
vitrola de Ma�lde. Le maxixe!, exclamou o francês [...] e
nos pediu que dançássemos para ele ver. Mas eu só sabia
dançar a valsa, e respondi que ele me honraria �rando
minha mulher. No meio do salão os dois se abraçaram e
assim permaneceram, a se encarar. Súbito ele a girou em
meia-volta, depois recuou o pé esquerdo, enquanto com
o direito Ma�lde dava um longo passo adiante, e os dois
estacaram mais um tempo, ela arqueada sobre o corpo
dele. Era uma coreografia precisa, e me admirou que
minha mulher conhecesse aqueles passos.
O casal se entendia à perfeição, mas logo dis�ngui o
que nele foi ensinado do que era nela natural. O francês,
muito alto, era um boneco de varas, jogando com uma
boneca de pano. Talvez pelo contraste, ela brilhava entre
dezenas de dançarinos, e notei que todo o cabaré se
extasiava com a sua exibição. Todavia, olhando bem,
eram pessoas ves�das, ornadas, pintadas com
deselegância, e foi me parecendo que também em
Ma�lde, em seus movimentos de ombros e quadris,
havia excesso. A orquestra não dava pausa, a música era
repe��va, a dança se revelou vulgar, pela primeira vez
julgueimeio vulgar a mulher com quem eu �nha me
casado. Depois de meia hora eles voltaram se abanando,
e escorria suor pelo colo de Ma�lde decote abaixo.
Bravô, eu gritei, bravô, e ainda os es�mulei a dançar o
próximo tango, mas Dubosc disse que já era tarde, e que
eu �nha um ar fa�gado.
CHICO BUARQUE. Leite derramado. São Paulo: Cia. das
Letras, 2009.
 
Os recursos expressivos de um texto literário fornecem
pistas aos leitores sobre a percepção dos personagens
em relação aos eventos da narra�va. No fragmento,
cons�tui um aspecto relevante para a compreensão das
intenções do narrador a
a) inveja disfarçada em relação ao estrangeiro, sugerida
pela descrição de seu talento como dançarino.
b) demonstração de ciúmes, expressa pela
desqualificação dos par�cipantes da cena narrada.
c) postura aristocrá�ca, assinalada pela crí�ca à
orquestra e ao gênero musical executado.
d) manifestação de desprezo pela dança, indicada pela
crí�ca ao exibicionismo da mulher.
e) a�tude interesseira, pressuposta no elogio final e no
es�mulo à con�nuação da dança.
L0381 - (Enem PPL)
Gaetaninho
Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de
bonde. De automóvel ou de carro só mesmo em dia de
enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o
sonho de Gaetaninho era de realização muito di�cil. Um
sonho. [...]
– Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.
Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e
matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
A gurizada assustada espalhou a no�cia na noite.
– Sabe o Gaetaninho?
– Que é que tem?
– Amassou o bonde.
A vizinhança limpou com benzina suas roupas
domingueiras.
Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da
Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum
dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro
de um caixão fechado com flores pobres por cima. Ves�a
a roupa marinheira, �nha as ligas, mas não levava a
palhe�nha.
Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim
exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente
era o Beppino.
MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: no�cias de
São Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.
 
Situada no contexto da modernização da cidade de São
Paulo na década de 1920, a narra�va u�liza recursos
expressivos inovadores, como
3@professorferretto @prof_ferretto
a) o registro informal da linguagem e o emprego de
frases curtas. 
b) o apelo ao modelo cinematográfico com base em
imagens desconexas. 
c) a representação de elementos urbanos e a prevalência
do discurso direto. 
d) a encenação crua da morte em contraponto ao tom
respeitoso do discurso. 
e) a percepção irônica da vida assinalada pelo uso
reiterado de exclamações.
L0385 - (Enem PPL)
esse cão que me segue
é minha família, minha vida
ele tem frio mas não late nem pede
ele sabe que o que eu tenho
divido com ele, o que eu não tenho
também divido com ele
ele é meu irmão
ele é que é meu dono
 
bicho se é por des�no sina ou sorte
só faltando saber se bicho decente
bicho de casa, bicho de carro, bicho
no trânsito, se bicho sem norte na fila
se bicho no mangue, se bicho na brecha
se bicho na mira, se bicho no sangue
 
catar papel é profissão, catar papel
revela o segredo das coisas, tem
muita coisa sendo jogada fora
muita pessoa sendo jogada fora
OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo:
Escrituras, 2014.
 
No poema, os elementos presentes do campo de
percepção do eu lírico evocam um realinhamento de
significados, uma vez que
a) emerge a consciência do humano como matéria de
descarte.
b) reside na eventualidade do acaso a condição do
indivíduo.
c) ocorre uma inversão de papéis entre o dono e seu cão.
d) se instaura um ambiente de caos no mosaico urbano.
e) se atribui aos rejeitos uma valorização imprevista.
L0429 - (Enem PPL)
Ai se sêsse
Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se jun�m nois dois vivesse
Se jun�m nois dois morasse
Se jun�m nois dois drumisse
Se jun�m nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insis�sse
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois saísse
Tarvês que nois dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgi toda fugisse
ZÉ DA LUZ. Cordel do Fogo Encantado. Recife: Álbum de
estúdio, 2001.
 
O poema foi construído com formas do português não
padrão, tais como “jun�m”, “nois”, “tarvês”. Essas formas
legi�mam-se na construção do texto, pois
a) revelam o bom humor do eu lírico do poema.
b) estão presentes na língua e na iden�dade popular.
c) revelam as escolhas de um poeta não escolarizado.
d) tornam a leitura fácil de entender para a maioria dos
brasileiros.
e) compõem um conjunto de estruturas linguís�cas
inovadoras.
L0432 - (Enem PPL)
– Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver.
Compro um barato.
– Barato? Admito que você compre uma
lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
fazer pouco-caso de mim.
– Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe
que barato é o melhor que tem, é um barato!
– Deixe eu escolher, deixe...
– Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado
que a senhora me deu no Natal!
– Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe
deu um blazer furado?
– Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já
era, mãe, já era!
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1998.
 
O modo como o filho qualifica os presentes é
incompreendido pela mãe, e essas escolhas lexicais
4@professorferretto @prof_ferretto
revelam diferenças entre os interlocutores, que estão
relacionadas
a) à linguagem infan�lizada.
b) ao grau de escolaridade.
c) à dicotomia de gêneros.
d) às especificidades de cada faixa etária.
e) à quebra de regras da hierarquia familiar.
L0406 - (Enem PPL)
A madrasta retalhava um tomate em fa�as, assim
finas, capaz de envenenar a todos. Era possível entrever
o arroz branco do outro lado do tomate, tamanha a sua
transparência. Com a saudade evaporando pelos olhos,
eu insis�a em jus�ficar a economia que administrava
seus gestos. Afiando a faca no cimento frio da pia, ela
cortava o tomate vermelho, sanguíneo, maduro, como se
degolasse cada um de nós. Seis. O pai, amparado pela
prateleira da cozinha, com o suor desinfetando o ar,
tamanho o cheiro do álcool, reparava na fome dos filhos.
Enxergava o manejo da faca desafiando o tomate e, por
certo, nos pensava devorados pelo vento ou tempestade,
segundo decretava a nova mulher. Todos os dias –
co�dianamente – havia tomates para o almoço. Eles
germinavam em todas as estações. Jabu�caba, manga,
laranja, floresciam cada um em seu tempo. Tomate, não.
Ele fru�ficava, con�nuamente, sem demandar adubo
além do ciúme. Eu desconhecia se era mais importante o
tomate ou o ritual de cortá-lo. As fa�as delgadas
escreviam um ódio e só aqueles que se sentem intrusos
ao amor podem tragar.
QUEIRÓS, B. C. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac &
Naify, 2011.
 
Ao recuperar a memória da infância, o narrador destaca a
importância do tomate nos almoços da família e a ação
da madrasta ao prepará-lo. A insistência nessa imagem é
um procedimento esté�co que evidencia a 
a) saudade do menino em relação à sua mãe.
b) insegurança do pai diante da fome dos filhos.
c) raiva da madrasta pela indiferença do marido.
d) resistência das crianças quanto ao carinho da
madrasta.
e) convivência conflituosa entre o menino e a esposa do
pai.
L0415 - (Enem PPL)
Um menino aprende a ler
Minha mãe sentava-se a coser e re�nha-me de livro
na mão, ao lado dela, ao pé da máquina de costura. O
livro �nha numa página a figura de um bicho carcunda ao
lado da qual, em letras graúdas, destacava-se esta
palavra: ESTÔMAGO. Depois de soletrar "es-to-ma-go",
pronunciei "estomágo". Eu havia pronunciado bem as
duas primeiras palavras que li, camelo e dromedário. Mas
estômago, pronunciei estomágo. Minha mãe, bonita
como só pode ser mãe jovem para filho pequeno, o rosto
alvíssimo, os cabelos enroladosno pescoço, parou a
costura e me fitou de fazer medo: "Gilberto!". Estremeci.
"Estomágo? Leia de novo, soletre". Soletrei, repe�:
"Estomágo". Foi o diabo. 
Jamais �nha ouvido, ao que me lembrasse então, a
palavra estômago. A cozinheira, o estribeiro, os criados,
Bernarda, diziam "estambo". "Estou com uma dor na
boca do estambo...", "Meu estambo está �nindo...".
Meus pais teriam pronunciado direito na minha
presença, mas eu não me lembrava. E criança, como o
povo, sempre que pode repele proparoxítono.
AMADO, G. História da minha infância. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1958.
 
No trecho, em que o narrador relembra um episódio e
sua infância, revela-se a possibilidade de a língua se
realizar de formas diferentes. Com base no texto, a
passagem em que se constata uma marca de variedade
linguís�ca pouco pres�giada é:
a) “O livro �nha numa página a figura de um bicho
carcunda ao lado da qual, em letras graúdas,
destacava-se esta palavra: ESTÔMAGO”.
b) “‘Gilberto!’. Estremeci. ‘Estomágo? Leia de novo,
soletre’. Soletrei, repe�: ‘Estomágo’”.
c) “Eu havia pronunciado bem as duas primeiras palavras
que li, camelo e dromedário”.
d) “Jamais �nha ouvido, ao que me lembrasse então, a
palavra estômago”.
e) “A cozinheira, o estribeiro, os criados, Bernarda,
diziam ‘estambo’”.
L0417 - (Enem PPL)
Lisboa: aventuras
tomei um expresso 
 cheguei de foguete 
subi num bonde 
 desci de um elétrico 
pedi um cafezinho 
 serviram-me uma bica 
quis comprar meias 
 só vendiam peúgas 
fui dar a descarga 
 disparei um autoclisma 
gritei "ó cara!" 
 responderam-me «ó pá» 
posi�vamente 
 as aves que aqui gorjeiam não 
[gorjeiam como lá..
5@professorferretto @prof_ferretto
PAES, J. P. A poesia está morta mas juro que não fui eu.
São Paulo: Duas Cidades, 1988.
 
No texto, a diversidade linguís�ca é apresentada pela
ó�ca de um observador que entra em contato com uma
comunidade linguís�ca diferente da sua. Esse observador
é um
a) falante do português brasileiro relatando o seu
contato na Europa com o português lusitano.
b) imigrante em Lisboa com domínio dos registros formal
e informal do português europeu.
c) turista europeu com domínio de duas variedades do
português em visita a Lisboa.
d) português com domínio da variedade coloquial da
língua falada no Brasil.
e) poeta brasileiro defensor do uso padrão da língua
falada em Portugal.
L0420 - (Enem PPL)
 
A pintura Napoleão cruzando os Alpes, do ar�sta francês
Jacques Louis-David, produzida em 1801, contempla as
caracterís�cas de um es�lo que
a) u�liza técnicas e suportes ar�s�cos inovadores.
b) reflete a percepção da população sobre a realidade.
c) caricaturiza episódios marcantes da história europeia.
d) idealiza eventos históricos pela ó�ca de grupos
dominantes.
e) compõe obras com base na visão crí�ca de ar�stas
consagrados.
L0597 - (Enem)
Marília acorda
Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios
ressequidos. Como pão em pedacinhos para não
engasgar com um farelo mais duro. Marília come
também, mas olha o tempo todo para baixo. Parece que
tem um acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho
mais uma vez pela janela. O dia está bom. Quero
caminhar pelo pá�o. Marília levanta, pega o andador e
põe ao lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar
sozinha, e levanto. O lance de escadas, apesar de
pequeno, ainda me causa problemas, mas não quero um
elevador na casa e não vou tolerar descer uma rampa de
cadeira de rodas. Marília abre a porta e saímos para a
manhã. O dia está mais fresco do que eu imaginava. Ela
pega uma manta de tricô que temos desde não sei
quando e põe sobre as minhas costas. Ela aperta meus
ombros com muita força, porque mesmo depois de todos
esses anos, não descobriu a medida certa do carinho. Eu
gosto. Porque entendo que naquele ato, naquela força
está o nosso carinho.
POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora,
2015.
 
Nesse trecho, o drama do declínio �sico da narradora
transmite uma sensibilidade lírica centrada na 
a) necessidade de fazer adaptações na casa.
b) atmosfera de afeto fortalecido pelo convívio. 
c) condição de dependência de outras pessoas. 
d) determinação de manter a regularidade da ro�na. 
e) aceitação das restrições de mobilidade da
personagem.
L0601 - (Enem)
Meu irmão é filho ado�vo. Há uma tecnicidade no
termo, filho ado�vo, que contribui para sua aceitação
social. Há uma novidade que por um á�mo o absolve das
mazelas do passado, que parece limpá-lo de seus
sen�dos indesejáveis. Digo que meu irmão é filho ado�vo
e as pessoas tendem a assen�r com solenidade,
disfarçando qualquer pesar, baixando os olhos como se
não sen�ssem nenhuma ânsia de perguntar mais nada.
Talvez compar�lhem da minha inquietude, talvez de fato
se esqueçam do assunto no próximo gole ou na próxima
garfada. Se a inquietude con�nua a reverberar em mim, é
porque ouço a frase também de maneira parcial — meu
irmão é filho — e é di�cil aceitar que ela não termine
com a verdade tautológica habitual: meu irmão é filho
dos meus pais. Estou entoando que meu irmão é filho e
uma interrogação sempre me salta aos lábios: filho de
quem? 
FUCKS, J. A resistência. São Paulo: Cia. das Letras,
2015.
 
6@professorferretto @prof_ferretto
Das reflexões do narrador, apreende-se uma perspec�va
que associa a adoção 
a) a representações sociais es�gma�zadas da
parentalidade. 
b) à necessidade de aprovação por parte de
desconhecidos.
c) ao julgamento velado de membros do núcleo familiar.
d) ao conflito entre o termo técnico e o vínculo afe�vo. 
e) a inquietações próprias das relações entre irmãos.
7@professorferretto @prof_ferretto

Mais conteúdos dessa disciplina