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1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 1 ORIGEM ............................................................................................................. 3 2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ............................................... 5 2.1 Conceitualização ................................................................................................. 5 2.2 Atuação ............................................................................................................... 6 2.3 Responsabilidade social corporativa ................................................................. 10 2.4 Evolução do Conceito de RSC.......................................................................... 11 2.5 Divulgação da RSC ........................................................................................... 11 2.6 A diferença entre os conceitos de responsabilidade social e investimento social.... ..................................................................................................................... 12 2.7 O conceito de investimento social é confundido com o conceito de gasto social...... ................................................................................................................... 16 2.8 Motivações ........................................................................................................ 17 2.8.1 Responsabilidade social ambiental ................................................................... 19 2.9 Espécies de responsabilidade ambiental .......................................................... 20 2.10 Responsabilidade Social na Saúde Privada ..................................................... 21 2.11 Responsabilidade Social em Saúde Pública ..................................................... 23 3 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 30 2 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O grupo educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 1 ORIGEM Fonte: https://bit.ly/3DM0Sji As primeiras manifestações sobre a temática da responsabilidade social surgiram no início do sec. XX com trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916), no entanto não foram apoiados por serem considerados de viés socialista. Os primeiros estudos que receberam atenção começaram na década de 1950 com o livro ‘Social Responsibilities of the Businessman’ (1953) de Howard Bowen. Na década de 1970 surgiram associações compostas por profissionais interessados em seu aprofundamento e, a partir daí, a responsabilidade social passa a ser um novo tema de estudo em vez de mera curiosidade, se mostrando como fator decisivo para o desenvolvimento e crescimento das empresas. A responsabilidade social inserida no contexto empresarial é então um dos novos fenômenos de mercado provenientes da globalização da economia. Ao longo de ciclos históricos, a empresa foi se alinhando gradativamente com o produto, com o mercado e depois com o cliente. Agora a empresa busca um alinhamento para com o social. À medida que as empresas buscam crescer por meio da globalização, vão enfrentando novos desafios que limitam seu crescimento e potencial de lucro. 4 Regulamentações governamentais, taxas, restrições e regulamentações ambientais diferentes da "exploração do trabalho" são problemas que podem custar milhões às empresas. Algumas questões éticas são simplesmente vistas como um incômodo caro, enquanto algumas empresas usam a metodologia de RSE como uma tática estratégica para angariar apoio público para sua presença em mercados globais e ajudá-los a manter uma vantagem competitiva, alavancando suas contribuições sociais para criar um nível subconsciente de publicidade. A competição global aplica enorme pressão sobre as empresas multinacionais para que analisem não apenas suas próprias práticas de trabalho, mas também as de toda a sua cadeia, de uma perspectiva de RSE. No cenário mundial atual, pode-se perceber o processo de inúmeras transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, que por sua vez se adaptam a novos modelos de relacionamento entre instituições e mercado, organizações e sociedade, e nesses novos modelos, nota-se a uma aproximação dos interesses das empresas e os da sociedade. 5 2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Fonte: https://bit.ly/30HRDlz 2.1 Conceitualização A responsabilidade social empresarial perfaz a ideia de que uma empresa persegue não só o objetivo de gerar lucro, mas também deve fazer voluntariamente uma contribuição para com o meio social em que está inserida, levando em consideração os seus trabalhadores, fornecedores, clientes, os concorrentes, as comunidades locais e as autoridades públicas, de tal modo que resulte na aplicação de medidas trazem cultura e boas condições para a sociedade, com relações mais justas e meio ambiente mais limpo. O conceito de responsabilidade social pode ser entendido em dois níveis: Interno e externo. - Interno: Refere-se aos colaboradores e todas as partes afetadas pela empresa que podem influenciar na obtenção de seus resultados. 6 - Externo: é o impacto das ações de uma organização nos componentes externos, o meio ambiente, seus parceiros de negócios e o ambiente em que operam. A Sociologia também entende responsabilidade social como forma de retribuição por algo alcançado ou permitido que modifique hábitos e/ou costumes do(s) sujeito(s) ou local impactados. Assim, é o amplo conjunto de ações benéficas tomadas pelas empresas e corporações para com a sociedade, levando em consideração a economia, o meio ambiente, a saúde, a educação, o transporte, a acessibilidade, a moradia, as atividades locais o governo. Tais ações criam ou otimizam programas sociais, beneficiando mutuamente empresa e comunidade, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, da população e existência da própria empresa. Também se refere à transparência e gestão ética das organizações perante as partes interessadas, criando um canal de diálogo para minimização de seus impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. Quando uma organização se volta à projetos de desenvolvimento sustentável abre para seus negócios um horizonte multidimensional, englobando e assegurando direitos civis, sociais, ambientais, culturais e políticos, onde que todos compõem um sistema de obtenção de uma economia solidária. 2.2 Atuação A empresa deve, portanto, estar inserida em causas sociais relevantes para a comunidade, contribuindo com a política social. É uma forma de gestão que objetiva diminuir os impactos negativos preservando recursos ambientais e culturais, respeitando a diversidade e reduzindo a desigualdade social. São as corporações se conscientizando do seu papel no desenvolvimento na comunidadeque está inserida, criando programas que materializam sua função social. 7 As áreas que recebem essa atuação vão desde o meio ambiente (realizando o reflorestamento no local onde as árvores foram derrubadas, por exemplo), projetos educacionais da preservação da natureza, programas sociais de desenvolvimento sustentável, bem estar animal, trabalhos voluntários por parte dos funcionários, preservação do patrimônio público, obras que beneficiam a área que está presente a empresa, patrocínio de projetos culturais, ceder espaço para atividades, filantropia, etc. Uma empresa que trabalha com o conceito de que um bom relacionamento com a comunidade e a natureza é tão importante quanto a apresentação de produtos de qualidade ao mercado torna seu produto bem mais valorizado por grande parte dos consumidores, aumentando a satisfação do cliente e os fidelizando à marca, que que resulta numa vantagem competitiva sobre os concorrentes. A sociedade tende a valorizar as empresas filantrópicas ou ambientalmente conscientes, o que muitas vezes a deixa disposta até a pagar mais por produtos politicamente e ecologicamente corretos. As ações sociais podem e vão além do altruísmo. Uma ideia generosa pode ser baseada em incentivos do governo, como redução, imunidades ou isenções da carga tributária (ex.: redução do imposto de renda) e, ainda, uma empresa que possui um programa de sustentabilidade não só garante a conservação dos seus próprios recursos, mas também evita possíveis processos ambientais. A iniciativa privada tem um papel no desenvolvimento da sociedade em que está inserida. É uma via de mão dupla: ambas precisam uma da outra. As empresas socialmente responsáveis agregam valor ao seu produto e a comunidade que recebe ajuda. As empresas que não o fazem desperdiçam a oportunidade de melhorar sua imagem perante o público. Logo, essa tendência de valorização da responsabilidade é contínua e definitiva e não é mais possível conceber um cenário mercadológico frutífero sem ela. Um bom método de análise do conceito de responsabilidade social empresarial é com a identificação das seguintes visões: 8 - Como atitude e comportamento empresarial ético e responsável: É dever e obrigação da organização ser transparente, responsável e ética no relacionamento com seus diversos públicos (clientes, fornecedores, comunidade, governo, etc.). - Como um conjunto de valores: Abrange não apenas conceitos éticos, mas uma série de outros conceitos que proporcionam sustentabilidade, como autoestima do funcionário, desenvolvimento social, dentre outros. - Como postura estratégica empresarial: A busca da responsabilidade social é tida como ação estratégica que gera aos negócios um retorno positivo, isto é, os resultados são medidos através do faturamento, vendas e market share. - Como estratégia de relacionamento: Para melhorar a qualidade das relações com os diversos públicos-alvo, a responsabilidade social é utilizada como estratégia de marketing de relacionamento, mormente com clientes, fornecedores e distribuidores. - Como estratégia de marketing institucional: O foco é a melhoria da imagem institucional da empresa, são as vantagens institucionais de ser uma empresa cidadã que justificam o investimento na atividade social da empresa. - Como estratégia de valorização das ações da empresa (agregação de valor): No mercado, a reputação de uma empresa e o valor de suas ações/atitudes andam juntos. O valor de mercado de uma empresa depende tanto de seus resultados financeiros quanto da sua reputação. - Como estratégia de recursos humanos: As medidas são dirigidas aos colaboradores e seus familiares, com o objetivo de satisfazê-los e, assim, manter seus talentos mais importantes e aumentar a produtividade. - Como estratégia de valorização de produtos/serviços: O objetivo não é apenas demonstrar a qualidade dos produtos/serviços da empresa, mas também dar-lhes o estatuto de “socialmente corretos”. 9 - Como estratégia de inserção na comunidade: A empresa busca aprimorar seu relacionamento com a comunidade, além de buscar novas formas de continuar fazendo parte dela. - Como estratégia social de desenvolvimento na comunidade: A responsabilidade social é entendida como uma estratégia para o desenvolvimento social da comunidade, de tal forma que a empresa assume o papel de agente de desenvolvimento local junto às demais unidades comunitárias e o governo. - Como promoção da cidadania individual e coletiva: Por meio de suas ações, a empresa ajuda seus colaboradores a se tornarem verdadeiros cidadãos e assim promove a cidadania na sociedade e comunidade. - Como exercício de consciência ecológica: Responsabilidade social é entendida também como responsabilidade ambiental. A empresa investe em programas de educação e proteção ambiental e, dessa forma, torna-se mediadora de valores e práticas ambientais. - Como exercício de capacitação profissional: Nesse caso, a materialidade da responsabilidade social se dá com a formação profissional de membros da comunidade e colaboradores da empresa. - Como estratégia de integração social: Parte-se do pressuposto de que o maior desafio histórico da nossa sociedade hoje é criar as condições para uma efetiva inclusão social seja alcançada no país. A responsabilidade social então tem um amplo conceito, com múltiplos sinônimos e significados - sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, crescimento sustentável, ativismo social empresarial, cidadania corporativa, capitalismo sustentável, marketing social e filantropia empresarial -. Todos se referem ao montante de ações realizadas pelas empresas em relação à sociedade e melhoram a comunicação para com ele pelo simples motivo de que, a partir do momento em que a empresa se convence do seu papel social e aposta na melhoria contínua da 10 comunidade, este empenho só leva a um fortalecimento constante, reforçando seu conceito perante a ela. 2.3 Responsabilidade social corporativa O termo “responsabilidade social corporativa” também pode ser encontrado. É semelhante e muito se confunde com a responsabilidade empresarial, a corporativa está relacionada às práticas de ética e transparência que uma organização precisa ter para com a sociedade, ao compromisso de gerar uma melhor qualidade de vida para a comunidade, como, por exemplo, gerar novas oportunidades de trabalho e atuação na educação local. A diferença entre a responsabilidade social corporativa e a empresarial, é que a empresarial amplia seu campo de atuação econômico, chegando a fornecedores e clientes, por exemplo. Estudar a Responsabilidade Social Corporativa nos dias de hoje nos obriga a recuar para analisar um século de discussões, constatando que o tema nem sempre foi consensual. Se por um lado, a grande maioria dos autores identifica as virtudes de as empresas (e outras organizações) implementarem as suas políticas de RSC, os defendem que as empresas não devem ser alocadas a outros fins que não a busca pela maximização dos lucros. Milton Friedman, Nobel da Economia, defendeu, num artigo publicado na New York Times Magazine (DRSKA, 2020), que o dever das empresas consiste em gerar lucros, e refuta a ideia de responsabilidade social das empresas, defendendo que apenas as pessoas podem praticar a responsabilidade social. No entanto a constatação encontra-se ultrapassada e A sociedade tem se organizado com vistas à adoção corporativa de um número crescente de questões sociais. Surgiram normas e certificações internacionais sucedidas pela criação de entidades supra-empresarias parceiras na implementação de políticas de RSC e veículos de difusão de boas práticas. 11 2.4 Evolução do Conceito de RSC Por parte doa acadêmicos, a discussão também foi elevada a outro nível, mais abrangente, o que colocou a reflexão sobre como a gestãocorporativa pode desempenhar de forma mais eficiente seu papel nas questões sociais. Hoje não se trata mais apenas de responsabilidade social corporativa, mas já chegou na área de Filantropia Estratégica. Em outras palavras, o que se entendia como práticas de RSC, muitas delas são agora procedimentos simples, obrigatórios por lei. Assim, RSC não se limita mais às exigências legais ou ações dispersas sem planejamento, esse âmbito já faz parte basilar das estratégias centrais das empresas. 2.5 Divulgação da RSC A divulgação das políticas de RSC requer um cuidado especial, pois há o risco de se atingir um efeito contrário ao pretendido. Esse fator pode ser verificado nomeadamente com o conceito de Greenwashing. Por isso, deve-se garantir que as práticas divulgadas pelas organizações sejam verdadeiras e correspondam à sua posição global, visto que hoje a população tem acesso privilegiado à informação e também é cada vez mais crítica em relação à informação prestada. Sobre o Greenwashing: É um termo muito utilizado pelas empresas que querem criar uma falsa aparência de sustentabilidade, sem necessariamente aplicá-la na prática. Essas organizações, através de rótulos, certificados ou propagandas utilizam termos que o levam o consumidor a acreditar que ao comprar um produto está contribuindo para a sustentabilidade ambiental. Mas na verdade essa empresa não adota nenhuma prática sustentável em seus processos. Ou aquele determinado produto não traz nenhuma proteção ambiental, pelo contrário, gera sérios impactos negativos ao meio ambiente. Essa má pratica de marketing sustentável surgiu juntamente com o aumento de consumidores preocupados com o meio ambiente, que só compram de empresas sustentáveis. Para conquistar esse mercado consumidor e de grande expressão na economia diversas organizações passaram a utilizar uma comunicação com apelo ecológico em seus rótulos. (VGR, 2020) 12 2.6 A diferença entre os conceitos de responsabilidade social e investimento social O movimento de valorização da responsabilidade social empresarial no Brasil ganhou grande impulso na década de 1990 com a atuação de ONGs, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas ao tema, assim o conceito de responsabilidade social tem sido presente nos debates empresariais de organizações sem fins lucrativos com o desejo de apresentar uma nova forma de fazer negócios. Por trás desse conceito está a noção de ética, que tem o mesmo significado etimológico do conceito de moral, mas de origem diferente. Moral, do latim “mores”, significa costume, conduta, comportamento; e ética, do grego "ethos", significa, da mesma forma, costume, comportamento. Essa identidade entre os significados faz com que ambos sejam considerados a mesma coisa, no entanto são distintas. Conforme Passos: […] a moral, enquanto norma de conduta, refere-se às situações particulares e quotidianas, não chegando a superação desse nível. A ética, destituída de papel normatizador, ao menos no que diz respeito aos atos isolados, torna- se examinadora da moral. Exame que consiste em reflexão, em investigação, em teorização. Poder-se-ia dizer que a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza sobre as condutas, estudando as concepções que dão suporte a moral. São, pois, dois caminhos diferentes que resultam em status também diferentes; o primeiro, de objeto, e o segundo, de ciência. Donde deduzimos que a ética é a ciência da moral. (PASSOS, 2006) “A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano.” (VAZQUEZ, 1997) Assim também, o conceito de responsabilidade social está relacionado ao conceito de investimento social, mas possui diferentes significados e práticas. 13 Responsabilidade Social Empresarial refere-se ao desenvolvimento do próprio processo de gestão empresarial. É uma forma de conduzir os negócios da empresa de forma que ela se torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social, na concepção clara do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Fonte: ethos.org.br Fundado em 1998, o Instituto Ethos tem se destacado na disseminação da cultura de responsabilidade social no Brasil. Para o Ethos, responsabilidade social é a capacidade desenvolvida pela organização para ouvir, compreender e atender às expectativas e interesses legítimos de seus diversos públicos. “Responsabilidade” também pode ser definida como a situação de um agente consciente em relação aos seus atos praticados voluntariamente, e “social” é aquilo que interessa à sociedade. O conceito dessas duas palavras juntas se traduz no mercado social como uma ação que vai gerar transformação na sociedade. O conceito e a prática da responsabilidade social empresarial têm gerado medidas que se voltam mais para o público interno da organização, os colaboradores. A nova dinâmica apresentada pelo Ethos coloca nesses cenários os demais públicos com os quais a empresa se relaciona, sejam eles acionistas, fornecedores, clientes e até a comunidade. Essa é a principal diferença entre o conceito de investimento social privado corporativo e o conceito de responsabilidade social empresarial: o conceito de investimento social seleciona a sociedade como público- 14 alvo de suas ações, e em relação às empresas privadas, este público refere-se principalmente à comunidade do entorno da empresa. Há organizações sem fins lucrativos que visam difundir o conceito de investimento social privado e promover a sua prática, apoiando a criação de institutos ou fundações empresariais, como o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) e o IDIS (Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social), bem definem este conceito como recursos em benefício da sociedade. Para o GIFE, investimento social privado é a utilização voluntária, planejada e monitorada e de recursos privados, de pessoas físicas ou jurídicas, para projetos de interesse público. Esse tipo de investimento abarca ações sociais partidas de empresas fundações e institutos de origem empresarial ou iniciados por indivíduos ou famílias. Para o IDIS, o investimento social corporativo é a doação voluntária voltada para o interesse público de recursos financeiros, técnicos, humanos, gerenciais ou em espécie, por parte da empresa. Percebe-se que o GIFE e o IDIS, mesmo trabalhando com o conceito de investimento social, aplicam adjetivos como privado e corporativo, respectivamente, possuindo o mesmo significado. Para o IDIS, os investimentos sociais podem ser comunitários ou corporativos, o primeiro diz respeito a recursos existentes nas comunidades, o segundo a empresas. Os dois são recursos privados, pois não pertencem ao estado ou ao governo. O conceito de investimento social comunitário insere-se no conceito de investimento social privado e favorece o desenvolvimento e utilização estratégica de recursos financeiros, materiais, humanos, tecnológicos e de conhecimento por parte das empresas, da sociedade civil e dos próprios cidadãos em suas comunidades. Para o GIFE, o conceito de investimento social privado se refere ao investimento de empresas ou indivíduos em projetos de interesse público, não 15 distinguindo entre investimento social privado comunitário ou corporativo, pois o foco não está diretamente na comunidade, mas sim na empresa por meio de suas fundações ou institutos. O GIFE define claramente a diferença entre o investimento social privado e o cumprimento da empresa de outros quesitos de responsabilidade social empresarial em seu Código de Ética. Conforme tal Código, os conceitos e práticas de investimento social que o GIFE defende derivam da responsabilidade social e da reciprocidade das empresas, fundações ou instituições para com a sociedade. Logo, as práticas de investimentosocial distinguem-se em sua natureza, portanto não devem ser confundidas ou utilizadas como ferramenta para que empresas mantenedoras comercializem bens tangíveis e intangíveis (com fins lucrativos), como promoção, marketing ou patrocínio, e políticas e procedimentos de recursos humanos que focam no desenvolvimento e o bem-estar dos próprios funcionários, portanto, no interesse da própria empresa. Existe um equívoco de que as empresas ou empresários estão interessados apenas em alocar recursos para a esfera social com base em seus lucros individuais ou corporativos. Esta é apenas a aplicação da lógica do mercado comercial e das teorias liberais no campo social. No mercado social, essa lógica não funciona e tem sido observado que a ideia de investimento social é muitas vezes aceita com muito mais entusiasmo pelos empresários. Nesse viés, o investimento social deve ser visto como algo benéfico para sociedade, através das instituições governamentais e da sociedade civil. Não só as empresas podem fazer investimentos sociais, mas todas as instituições. Destaca-se que na definição do conceito de investimento social privado corporativo, é necessário quebrar a frase, definir o conceito de cada palavra separadamente e, em seguida, recompô-la, para então definir o conceito da frase como um todo, já que, conceito é o ato de formular a ideia através de palavras. Este exercício facilita a formulação de um conceito novo, como o que estamos tratando. 16 Assim, dá se o conceito de investimentos sociais privados corporativos como recursos que são alocados com aproveitamento à sociedade, através de pessoas jurídicas que atuam no setor privado, especificamente na segmentação de empresas. Já o marketing social, muitas vezes confundido com promoção social e usado de maneira equivocada, entende-se como a gestão estratégica do processo de introdução de inovações sociais, através de, atitudes, práticas e comportamentos individuais e coletivos de acordo com princípios éticos, baseados nos direitos humanos e na justiça social. O marketing social é uma ferramenta usada para abraçar uma ideia ou prática social, portanto, não se confunde com investimento social. As organizações que aplicam investimentos sociais podem e devem usar o marketing social para obter melhores resultados de seus investimentos sociais. O conceito de ação social empresarial também não pode ser confundido com o de investimento social privado corporativo, uma vez que a ação social empresarial nem sempre é voltada para a comunidade/público externo às organizações. Pode se voltar ao público interno, como por exemplo, os funcionários e sua educação formal, implementação de creches para seus filhos, investimentos na saúde dos colaboradores, etc. O maior “inimigo” do conceito de investimento social é o de gasto social, conhecido pelos economistas tradicionais como uma ferramenta para “recompensar o perdedor”. 2.7 O conceito de investimento social é confundido com o conceito de gasto social É comum observar estudos que buscam a demonstração de maneiras mais eficientes de uso dos gastos sociais. Tais gastos são entendidos como despesas que cujo repasse deve ser dado à sociedade em função de emergências específicas ou 17 da necessidade de se pagar dívidas sociais, como é o caso da institucionalização de crianças carentes. Porém, investimento não se associa a gastos emergenciais, então a impressão é que essas atividades não geram prosperidade econômica, apenas despesas financeiras. As limitações das ciências sociais e econômicas para demonstrar os resultados dos investimentos sociais ajudam a compreender porque as ações sociais são consideradas apenas uma espécie de gasto. O investimento social é a base fundamental para o crescimento econômico de um país e a redução das desigualdades socioeconômicas. É necessário fazer uma análise aprofundada da transformação social resultante do investimento social privado corporativo para analisar a capacidade de criação de riqueza decorrentes desses investimentos. Um exemplo de retorno econômico do investimento social são os ganhos em produtividade relacionados aos anos de escolaridade. Com a melhoria do nível de educação, o nível de produtividade econômica cresce exponencialmente. 2.8 Motivações Fonte: https://bit.ly/3DM0Sji 18 São vários os fatores que conduzem ao conceito de responsabilidade social: no contexto de mudança e globalização das indústrias, surgem novas preocupações e expectativas dos cidadãos, consumidores, investidores e autoridades em relação às organizações. Consumidores e investidores passaram a repreender danos ambientais causados pela atividade econômica (ex: marés negras, fugas radioativas) e pressionar as empresas para cumprir as normas ambientais, bem como exigir dos órgãos reguladores, legislativos e governamentais a criação de leis adequadas e fiscalização de sua aplicação. Assim, como consumidores e/ou investidores, indivíduos e instituições estão gradualmente incorporando critérios sociais em suas decisões (por exemplo, os consumidores usam rótulos sociais e ecológicos para tomar decisões de compra). Os meios de comunicação e as modernas tecnologias de informação e comunicação tornaram a atividade empresarial e econômica mais transparente, o que permitiu uma compreensão mais rápida e aprofundada das ações das empresas, tanto as socialmente irresponsáveis (prejudiciais), bem como as que representam um bom exemplo (e, portanto, sujeitas a imitações), com consequências consideráveis para a reputação e imagem das empresas. Dado a fragilidade desse contexto econômico, muitas empresas passaram a levar mais a sério sua responsabilidade social e a desenvolvê-la, oferecendo seus produtos ou serviços às camadas mais carentes. Assim, aumentam sua notoriedade e contribuem na questão social, publicitando gratuitamente. A exemplo: A instalação de uma fábrica em determinado local, cuja área era utilizada pelos nativos como pasto para seus animais, ocasionou a perda do acesso. Exigiu-se assim criação de novas maneiras de chegar ao resultado um novo lugar. Neste caso, para compensar os nativos e a natureza por esta "invasão", são aplicadas medidas contínuas que podem compensar adequadamente a perda de ex- moradores com medidas de compensação para evitar o máximo de mudanças bruscas possível. 19 Um outro exemplo, quando uma empresa patrocina um time esportivo mesmo que ele supostamente tenha condições de se manter sozinho. Também é responsabilidade social, desde que a relevância do fato para a empresa assumir o patrocínio seja também socialmente relevante e tenha um aspecto de ampla aplicação que facilite o acesso da comunidade local ao esporte, cultura, educação, etc. Também, dentre as maiores motivações para a atenção à responsabilidade social por parte das empresas está a urgência da questão ambiental, que tem despertado progressivamente a consciência popular. Detalharemos um pouco mais sobre essa motivação a seguir. 2.8.1 Responsabilidade social ambiental Fonte: https://bit.ly/30J0q7e Dentre as maiores motivações para a atenção à responsabilidade social por parte das empresas está a urgência da questão ambiental, que tem despertado progressivamente a consciência popular. A crescente popularidade do consumo ético nas últimas duas décadas é algo relacionado ao crescimento da RSE. Os consumidores estão cada vez mais cientes 20 das implicações ambientais e sociais de suas escolhas de consumo diário e, portanto, estão tomando decisões de compra onde suas preocupações ambientais e éticas são um fator decisório; no entanto, essa prática está distante de ser tangível ou universal. Essa ética, portanto, é importante quesito para a competitividade das empresas e que movimenta inúmeras organizações, o que deve servir de reflexão, pois demonstraser o caminho para a sustentabilidade, o sucesso empresarial e a construção de uma sociedade mais desenvolvida e justa. Para isso, tendo em vista que a responsabilidade social está intimamente relacionada às práticas de proteção ambiental, uma empresa socialmente responsável deve ser conhecida por formular políticas responsáveis em nível ambiental, tendo a sustentabilidade como um de seus principais objetivos. Nesse viés, a relevância do respeito aos valores ambientais na atualidade torna muito bem-vindo o desenvolvimento de tecnologias que visam frear os danos ao meio ambiente. Com isso, a partir da Lei 12.187/2009 que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o INPI lançou em abril de 2012 o programa “Patentes Verdes”, com o objetivo de acelerar as solicitações de patentes de tecnologias voltadas para beneficiação ambiental, e a partir de 2016 (Resolução 175/2016 do INPI) o programa passou a ter caráter prioritário. “Com tal iniciativa, o INPI possibilita a identificação de novas tecnologias que possam ser rapidamente registradas e usadas pela sociedade, estimulando o seu licenciamento e incentivando a inovação no Brasil.” (TEIXEIRA, 2019) 2.9 Espécies de responsabilidade ambiental Quem causar dano a terceiro deve arcar com os custos do dano causado em relação ao sofrimento ou prejuízo infligido ao terceiro. Em termos de proteção do meio ambiente, existem diferentes tipos de responsabilidades ambientais. Em primeiro lugar, a responsabilidade por danos ambientais é dividida em três categorias: 21 - Penal; - Civil; - Administrativa. Embora a Constituição Federal mencione a existência de tripla responsabilidade ambiental no § 3º do artigo 225, ela não é uniforme na área da responsabilidade civil por dano ambiental, como alega grande parte da doutrina e da jurisprudência. Embora o discurso ambientalista seja baseado no holismo e no unitarismo, a verdade é que as políticas públicas de proteção ao meio ambiente são feitas por meio de legislações específicas, que estabelecem seus próprios sistemas de responsabilidade, que em muitos casos se desviam do modelo da Lei da Política Ambiental Nacional, que deve ser entendida como um modelo geral, Dada a natureza de lei geral que a Política Nacional do Meio Ambiente possui, é claro que, havendo uma lei específica, ela deve ser aplicada ao caso específico, contornando a lei geral. 2.10 Responsabilidade Social na Saúde Privada O direito à saúde é qualificado como direito fundamental social, cujo significado formal é sublinhado pela inclusão do direito à saúde no rol dos direitos fundamentais sociais da Constituição Federal. O problema, é que aqui ocupa um lugar preponderante e diz respeito essencialmente à fundamentalidade material, uma vez que a doutrina, em termos gerais e obviamente simplificada, se divide entre os que reconhecem a todas as normas de direitos fundamentais a proteção formalmente assegurada pela Constituição e os que sustentam que apenas parte dos direitos sociais possuem esta proteção. Isso faz parte de uma concepção redutiva de conter o direito à saúde nas normas programáticas, conferindo eficácia limitada aos dispositivos constitucionais 22 que o abrangem. Isso, pela forma como esses direitos têm sido afirmados na Constituição, visto que, segundo o entendimento de uma parte da doutrina, esses direitos dependem da implementação legislativa para sua aplicação, conforme menciona Ingo Sarlet, in verbis: Neste sentido, enquanto a maior parte dos direitos de defesa (direitos negativos) não costuma ter sua plena eficácia e aplicabilidade questionadas, já que sua efetivação depende de operação de cunho eminentemente jurídico, os direitos sociais prestacionais , por sua vez, habitualmente necessitam – assim sustenta boa parte da doutrina – de uma concretização legislativa, dependendo, além disso, das circunstâncias de natureza social e econômica, razão pela qual tendem a ser positivados de forma vaga e aberta, deixando para o legislador indispensável liberdade de conformação na sua atividade concretizadora. É por esta razão que os direitos sociais a prestações costumam ser considerados como sendo de cunho eminentemente programático. (SARLET, 2012) Considerando que a saúde é um direito social que possui aspectos fundamentais, resta questionar sua efetividade nas relações privadas. Claudia Lima Marques (2010, p. 183), destaca que: “viver dignamente é viver com saúde e qualidade [...] ”. Como bem acentua Teresa Negreiros (2006, p. 467), o fato é que, em decorrência da impossibilidade do Estado de prestar serviços úteis ou essenciais à comunidade, aumenta a responsabilidade dos sujeitos privados para os quais acaba sendo transferida a operação desses serviços. No entanto, não podemos esquecer que a incidência do direito social à saúde no âmbito das relações privadas deve ser diferenciada da efetivação deste direito social nas relações entre o cidadão e o Estado, ensejando a necessária ponderação entre a autonomia privada e os direitos fundamentais envolvidos. É interessante notar que a responsabilidade dos particulares pelo bem-estar social deve ser ponderada, diferentemente da responsabilidade do Estado, para que não desempenhe um papel na aniquilação total da autonomia privada, que também é um componente importante para a concretização da dignidade da pessoa humana. A necessidade de conciliar autonomia privada e direitos fundamentais, enfatizando que o princípio da dignidade humana possui uma importante função de 23 delimitação devendo servir de parâmetro para avaliar qual o padrão mínimo dos direitos sociais a ser reconhecido, como destaca Daniel Sarmento: O Estado tem não apenas o dever de se abster de praticar atos que atentem contra a dignidade humana, como também o de promover esta dignidade através de condutas ativas, garantindo o mínimo existencial para cada ser humano em seu território. O homem tem a sua dignidade aviltada não apenas quando se vê privado de alguma das suas liberdades fundamentais, como também quando não tem acesso à alimentação, educação básica, saúde, moradia etc. (SARMENTO, 2010. p. 71) Assim, a aplicabilidade direta do direito à saúde nas relações do regime privado de saúde, como nos planos de saúde, em detrimento da livre iniciativa e da autonomia privada, justifica-se em virtude da essencialidade do bem contratado para proteção ao mínimo existencial dos usuários consumidores dos serviços de saúde. 2.11 Responsabilidade Social em Saúde Pública Com a associação de responsabilidade social empresarial com saúde pública, podem ser traçados paralelos entre alguns dos objetivos de ambas as áreas, a saber: RSE, como a saúde pública, tem uma base voluntária, requer a participação e envolvimento da comunidade, possui uma abordagem que busca ser global e equilibrada (levando em consideração determinantes como fatores ambientais, socioeconômicos, ecológicas e necessidades específicas), busca se orientar por padrões internacionais e dá grande importância à transparência, credibilidade e avaliação das práticas. Existem diferentes definições que refletem os interesses particulares a respeito do assunto. Dessa maneira, a melhor forma de apresentar uma sugestão para o conceito é talvez apresentando uma adaptação de diferentes definições. Um fator que parece assumir a maior relevância na adoção de práticas socialmente responsáveis pelas empresas parece ser o fator econômico, que pela escassez de recursos pode causar a diminuição da assistência do Estado, “paternal” e pagador, aos seus “dependentes cidadãos”. Nessa perspectiva, a crise económica 24 mina a confiança no setor empresarial e atrai a atenção dos indivíduos para o desempenho social e ético das empresas (COM, 2011), tendo neste momento as empresas alguns deveres sociais em “suas mãos”. Para Prestone Post (1975. apud FONTES, 2011), a responsabilidade social é uma função da gestão das organizações no âmbito da vida pública. Os gestores devem considerar as consequências de seus atos. Não são obrigados a resolver todos os problemas da sociedade, mas têm incutida a responsabilidade de ajudar em áreas relacionadas às suas operações e aos seus interesses. O princípio da responsabilidade pública vai além do cumprimento da legislação, mas não abrange todas as expectativas da sociedade. Da mesma forma, os profissionais de saúde pública devem ver a saúde dos indivíduos como um bem social e comprometer-se a dar o seu contributo para a sua realização. A prossecução de um bem social implica um conjunto de responsabilidades, deveres, tarefas e ações. Na prática de responsabilidade social, os profissionais devem se orientar por conhecimentos éticos que proporcionem reflexões sobre a melhor forma de agir para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos. Os profissionais devem assumir a responsabilidade das suas opções e ações, procurando conhecer o que os indivíduos e a comunidade científica esperam deles e analisar a quem competem as responsabilidades (WEED; MCKEOWN, 2003). A responsabilidade é um conceito que utiliza diversos aspectos éticos quando existe uma necessidade de tomar decisões e colocar em prática ações complexas nas comunidades. (OGLETREE, 1996. apud WEED; MCKEOWN, 2003) Para Weed; McKeown (2003), responsabilidade dos profissionais de saúde pública tem três pilares fundamentais: - Accountability: responsabilidade pelas ações desenvolvidas; 25 - Committed: responsabilidade para com a prevenção de doenças e a promoção da saúde (bens sociais); - Reliability: responsabilidade para realizar as tarefas a que propõem a si mesmos e à sociedade, que espera que eles as desenvolvam. Portanto, responsabilidade social em saúde pública por parte dos profissionais significa responsabilidade, compromisso e confiança na implementação das medidas que visam a promoção da saúde como bem público. Para atingir o objetivo central, são necessários princípios éticos, bem como o cumprimento de códigos de conduta e diretrizes para a prática profissional. Deste modo, e uma vez que a justiça social é pilar da saúde pública (KRIEGER; BIRN. apud MACKIE, 2010), esta também se torna fundamental no combate às desigualdades, com ainda mais importância quando se fala em ações desenvolvidas em consonância com a saúde pública. Tendo em consideração que a responsabilidade social é como uma contribuição voluntária das empresas públicas ou privadas para formação de uma sociedade mais justa e a preservação do meio ambiente, estas práticas apresentam eficácia quando o objetivo da ação se centra na prossecução de valores de interesse comum, como é o caso da saúde. Uma das intervenções de saúde pública socialmente responsáveis mais importantes é a gestão do conhecimento proporcionado pela ciência e tecnologia e a resolução de problemas e dificuldades que possam surgir com o seu uso. De acordo com o conhecimento dos principais determinantes de saúde, os profissionais de saúde pública desenvolvem programas que visam empoderar os indivíduos para que sejam participantes ativos nas decisões em saúde. A RSE também é uma oportunidade para explorar maneiras de desenvolver produtos, serviços e modelos de negócios inovadores que contribuam para o bem- estar social e criar empregos de qualidade e mais produtivos. 26 Ao nível da promoção da saúde pública, as empresas podem investir diretamente em projetos que beneficiam comunidades específicas ou toda a população. Este investimento visa o desenvolvimento local ou a manutenção de objetivos sociais públicos. A formação dos profissionais na área da saúde pública assume, desta forma, um carácter fundamental, no sentido de desenvolver as habilidades e sentido comunitário e para que as ações que praticam sejam as mais adequadas na busca pela otimização da saúde e da qualidade de vida. A formação aumenta a consciencialização, o compromisso e o envolvimento dos profissionais (GELMON, 2001. apud RUBIN et al., 2008). Desta forma, há relevância a inserção de disciplinas de responsabilidade social a nível curricular, não somente para estudantes das áreas de gestão, mas também das de saúde. Tal incremento na formação só trará vantagens, no sentido em que os próprios indivíduos passam a de empoderar de conhecimentos úteis para a sua profissão e ao mesmo tempo se sensibilizam para questões sociais, tão urgentes quando se observa a evolução dos tempos e a globalização. O investimento em formação, nas condições de trabalho ou até mesmo nas relações entre a administração e os trabalhadores pode conduzir à melhoria da produtividade e, também à melhoria da imagem da empresa e do investimento dos indivíduos na marca (consequente aumento das oportunidades de mercado) (COM, 2001). Responsabilidade social em saúde pública é, portanto, a integração de preocupações sociais por parte de empresas do setor público ou privado, com ou sem ligação ao setor de saúde, de forma a contribuir para a melhoria da saúde como um bem intangível. Para tal, podem ser desenvolvidas, pelas empresas, diversas atividades com objetivos em saúde ou efetuados donativos a instituições que promovam essas mesmas atividades. Importante é também, que estas ações sejam 27 tendencialmente gratuitas e dirigidas à comunidade e não especificamente ao indivíduo singular. As empresas devem ser inovadoras e criar abordagens adequadas à situação em que se encontram. Podem da mesma forma utilizar princípios e orientações das autoridades públicas para aferir as suas próprias políticas e desempenhos e também para promover maior equidade na concorrência. (COM, 2011) As próprias empresas devem desenvolver a sua responsabilidade social, as autoridades públicas devem desempenhar apenas um papel de suporte e regulamentação complementar, com intuito de promover a transparência, criar incentivos de mercado e garantir a responsabilização. (COM, 2011) A RSE pode consistir no desenvolvimento de ações pela própria empresa ou apenas o apoio ou participação financeira em causas promovidas por outras instituições, públicas ou privadas, que detém o objetivo de melhoria da condição dos indivíduos/comunidades. O que se procura apurar é se a Responsabilidade Social das Empresas, nas suas atividades, pode integrar objetivos comuns à Saúde Pública. No contexto da pandemia do Coronavírus, a relação de saúde e responsabilidade no contexto empresarial ficou ainda mais evidente, mormente no que concerte à saúde mental. Vejamos a seguir, e, logo após, alguns exemplos nas dimensões sociais internas e externas que promovem atividades de melhoria da qualidade de vida e da saúde do indivíduo e comunidades envolventes. 28 Fonte: MIGUEL, 2020. 29 Fonte: https://bit.ly/3D22Qv6 2.11.1.1 Formas de atuação da RSE na saúde - Promoção de programas de bem-estar periódicos direcionados aos seus colaboradores, sobre nutrição, prevenção do tabagismo, saúde no trabalho, prevenção do estresse, rastreios cardiovasculares, etc. - Disponibilização gratuita aos colaboradores planos de refeição, medicina preventiva e curativa, higiene e segurança no trabalho e seguro de acidentes pessoais. - Promoção de medidas na comunidade para prevenção de doenças evitáveis, visando a mudança de hábitos e comportamentos de risco. - Promoção de iniciativas de proximidade com as comunidades locais, como por exemplo o patrocínio de atividades esportivas. - Promoção de ações em pontos de venda para hábitos de consumo e/ou alimentação saudáveis. - Desenvolvimento de incentivos que objetivam a inclusão social e profissional de pessoas com deficiência. 30 3 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil, 1988. COM. Comissão das Comunidades Europeias. Responsabilidade social das empresas: uma nova estratégia da UE para o período de 2011-2014. Bruxelas, 2011. FONTES, A.C.M. Responsabilidade Social nas Empresas: Realidade ou Utopia. Dissertação elaborada no âmbito do Mestrado em Contabilidade no ramo de Auditoria. Aveiro: Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro. Universidade de Aveiro, 2011. MACKIE, P. Social justice and social responsibility: Towards a value-base for global public health. Elsevier Ltd. Public Health 124, 2010. MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 6 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. MIGUEL, Angela. Saúde mental nas empresas. O papel de empresas e lideranças na saúde mental organizacional. HSM Management, 2020. NEGREIROS, Teresa. Teoria do contrato: Novos paradigmas. 2 ed. Rio De Janeiro: Renovar, 2006. RUBIN, R. W.; et al. 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