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NIVELAMENTO EM CONTABILIDADE PROF. ME. GIOVANI LAURETTI BERNADO REITORIA: Dr. Roberto Cezar de Oliveira PRÓ-REITORIA: Profa. Ma. Gisele Colombari Gomes DIREÇÃO DE GESTÃO EAD: Prof. Me. Ricardo Dantas Lopes EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS: Diagramação Revisão textual Produção audiovisual Gestão WWW.UNINGA.BR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1. O QUE É CONTABILIDADE? ................................................................................................................................... 6 1.1 DEMANDA E OFERTA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ......................................................................................... 6 1.2 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE ........................................................................................................................ 6 2. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE FINANCEIRA ................................................................................................ 6 2.1 CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE FINANCEIRA .........................................7 2.2 CONFLITO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL .......................................................................................................... 8 3. ESTRUTURA CONCEITUAL PARA RELATÓRIO FINANCEIRO E CONVERGÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIO- NAIS DE CONTABILIDADE ........................................................................................................................................ 9 3.1 FINALIDADE DAS ESTRUTURAS CONCEITUAIS ...............................................................................................10 3.2 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS .....................................................................................10 CONFLITO INFORMACIONAL E O PAPEL DA ESTRUTURA CONCEITUAL PARA RELATÓRIOS FINANCEIROS PROF. ME. GIOVANI LAURETTI BERNADO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: NIVELAMENTO EM CONTABILIDADE 4WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA......................................................................................... 11 3.4 RESTRIÇÃO DO CUSTO SOBRE RELATÓRIOS FINANCEIROS ÚTEIS.............................................................13 4. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E A ENTIDADE QUE REPORTA ................................13 4.1 OBJETIVO E ALCANCE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..........................................................................14 4.2 FREQUÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................................14 4.3 LIMITAÇÕES E DESAFIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................................................................14 4.4 CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................15 4.5 CONJUNTO COMPLETO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................16 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................18 5WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 1! Para que tenhamos um bom aproveitamento, é necessário sabermos que a contabilidade, como disciplina fundamental no mundo dos negócios, desempenha um papel crucial na geração, comunicação e análise de informações � nanceiras. Ela serve como uma linguagem universal que permite às organizações relatar sua saúde � nanceira, desempenho e operações de maneira padronizada e compreensível. Nesse cenário, características qualitativas de informações � nanceiras úteis, como relevância, representação � dedigna, comparabilidade e veri� cabilidade, desempenham um papel crucial para garantir a qualidade das informações contábeis. Em um ambiente empresarial complexo e globalizado, a compreensão desses conceitos contábeis é essencial para garantir que as empresas estejam bem informadas, tomem decisões sólidas e apresentem informações transparentes e precisas para o público em geral. A contabilidade continua a ser um pilar crucial para o sucesso empresarial, fornecendo os insights necessários para navegar nas complexidades do mundo � nanceiro e operacional. A contabilidade é dividida em vertentes gerenciais e � nanceiras, ambas essenciais para as tomadas de decisão estratégicas e operacionais das organizações. Enquanto a contabilidade gerencial se concentra no uso interno das informações para a gestão e� caz, a contabilidade � nanceira visa a atender às necessidades externas de investidores, credores, reguladores e outros stakeholders, buscando fornecer uma representação � dedigna e relevante da realidade � nanceira da entidade. Pode ser que você esteja iniciando a jornada para descobrir as diversas características da elaboração das demonstrações contábeis por não ter tido contato direto com o assunto. Esta disciplina é bastante instigante e desa� adora, cabendo a este material te auxiliar na construção de seu conhecimento sobre a contabilidade � nanceira. Caso você já tenha certo conhecimento sobre elaboração das demonstrações contábeis, este material servirá para complementar seu entendimento e melhorar seus conhecimentos e técnicas contábeis. De qualquer forma, você estará fazendo o que a contabilidade faz de melhor: ser útil e melhorar a qualidade da informação na tomada de decisões. No entanto, isso só acontece se você aproveitar o conteúdo e sempre aprimorar seus conhecimentos sobre a matéria ampla da contabilidade. 6WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. O QUE É CONTABILIDADE? A contabilidade é um campo de estudo e prática que envolve a análise, registro, classi� cação, interpretação e apresentação de informações � nanceiras relacionadas às atividades econômicas de uma entidade (IUDÍCIBUS, 2021). Ela desempenha um papel fundamental na tomada de decisões, no monitoramento do desempenho � nanceiro e na prestação de contas. 1.1 Demanda e Oferta da Informação Contábil A demanda por informações contábeis refere-se à necessidade que várias partes interessadas têm de obter informações � nanceiras con� áveis para tomar decisões informadas. Isso inclui investidores, credores, gestores, reguladores, analistas � nanceiros e outros. Por outro lado, a oferta de informações contábeis é a disponibilidade e produção dessas informações por parte das entidades contábeis, como empresas e organizações, por meio do processo contábil (LOPES; MARTINS, 2005). 1.2 Usuários da Contabilidade Os usuários da contabilidade são as pessoas e entidades que utilizam as informações � nanceiras para tomar decisões econômicas e � nanceiras (HENDRIKSEN; VAN BRENDA, 2018). Os usuários da contabilidade têm diferentes necessidades e perspectivas, mas todos dependem das informações contábeis para tomar decisões informadas relacionadas a � nanças e negócios (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). Dessa forma, os usuários da contabilidade podem ser divididos em duas categorias principais: usuários internos (gestores, diretores, supervisores e funcionários) e usuários externos (investidores, credores, analistas � nanceiros, clientes, fornecedores e governo). Ou seja, os usuários internos usam as informações contábeis para gerenciar e operar a empresa internamente, enquanto os usuários externos usam essas informações para tomar decisões que afetam a empresa de fora (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). 2. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE FINANCEIRA A contabilidade � nanceira é um ramo da contabilidade que se concentra na elaboração e apresentação de informações � nanceiras precisas e relevantes sobre as atividades econômicas e � nanceiras de uma entidade. Ela tem comoas características de: (1) obrigação, que é um dever ou responsabilidade que ela não pode evitar; (2) a obrigação é de transferir um recurso econômico; (3) a obrigação é uma obrigação presente, resultante de eventos passados. 31WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA � nanciados por meio de passivos, que são as obrigações da entidade, e pelo patrimônio líquido, que é a parcela residual de propriedade dos proprietários após dedução dos passivos (FLORES et al., 2018). Ou seja, os direitos relacionados ao patrimônio líquido são reivindicações que não se quali� cam como passivos (CPC 00, R2, 2019). É possível observar que os ativos permanecem de um lado do balanço patrimonial representando os direitos resultantes de eventos passados que são controlados pela entidade e que possuem expectativa de gerar benefícios futuros. Em contrapartida, equilibrando a estática patrimonial, os passivos representam as obrigações com terceiros, e o patrimônio líquido representa as obrigações com os sócios. Antes de avançar para o próximo tópico, vamos analisar a Figura 1, que apresenta resumidamente a estrutura do balanço patrimonial e as divisões conceituais entre seus elementos. Figura 1 – Composição do balanço patrimonial. Fonte: O autor. Diferentemente de ativos e passivos, o patrimônio líquido não é separado em circulante e não circulante. Isso ocorre porque o patrimônio líquido representa os recursos próprios da empresa, que não são exigíveis a terceiros e não têm prazo defi nido para reembolso. Ele não possui um prazo de vencimento específi co e não é reembolsável pela empresa aos seus proprietários, a menos que ocorram eventos como distribuição de dividendos ou recompra de ações. Portanto, a separação do patrimônio líquido em circulante e não circulante não faz sentido conceitualmente, pois o patrimônio líquido não está sujeito aos mesmos critérios de liquidez e prazo que os ativos e passivos. Para saber mais sobre o patrimônio líquido, vamos assistir ao seguinte vídeo: https://youtu.be/ppZudfttw6k. 32WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO (DR) A Lei nº 6.404/76 estabelece o conteúdo da Demonstração do Resultado (DR), e o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis - disciplina a Demonstração de Resultado (DR). A demonstração de resultado (DR) é a fonte principal de informações sobre o desempenho � nanceiro da entidade para o período de relatório (CPC 26, R1, 2011). Essa demonstração contém um total para o resultado (lucro ou prejuízo) que fornece uma representação altamente resumida do desempenho � nanceiro da entidade para o período (CPC 26, R1, 2011). Receita Operacional Bruta Vendas Vendas (-) Deduções da Receita Bruta ICMS sobre Vendas Impostos sobre Faturamento (ICMS, PIS, COFINS, IPI) Devoluções e Abatimentos (=) Receita Operacional Líquida (-) Custo das Mercadorias Vendidas (=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais Despesas com Vendas Despesas Gerais e Administrativas (±) Despesas Financeiras deduzidas das Receitas Financeiras (±) Outras Receitas e Outras Despesas Operacionais (=) Resultado Operacional Líquido (±) Outras Receitas e Outras Despesas (+) Outras Receitas (-) Outras Despesas (=) Resultado Líquido antes da Contribuição Social e Imposto de Renda (-) Provisão para Contribuição Social (-) Provisão para Imposto de Renda (=) Resultado Líquido antes das Participações (-) Participações Participação de Debêntures Participações de Empregados Participações de Administradores Participações de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados (=) Resultado Líquido do Exercício Quadro 3 – Modelo de Demonstração de Resultado. Fonte: O autor. Agora, para praticar, vamos identifi car as contas contábeis que compõem o patrimônio líquido nas demonstrações, acessando o link https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/ negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm. 33WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Atendo-se aos critérios normativos exigidos pela Lei 6.404/76 e suas posteriores alterações e no que tange o disciplinado pela 1ª Revisão do CPC 26 (2011), para � ns didáticos é oportuno apresentar no Quadro 3 uma estruturação das contas contábeis e unidades de contas da DR. No entanto, essa estrutura pode variar entre as empresas conforme suas especi� cações operacionais em atender a demanda informacional para usuários especí� cos. Portanto, essa estrutura é apresentada de forma genérica, podendo variar entre empresas de segmentos diferentes. 3.1 Elementos Fundamentais da Demonstração de Resultado Receitas, ganhos, despesas e perdas são os elementos das demonstrações contábeis que se referem ao desempenho � nanceiro da entidade (CPC 26, R1, 2011). Usuários das demonstrações contábeis precisam de informações tanto sobre a posição � nanceira da entidade como de seu desempenho � nanceiro (CPC 26, R1, 2011). Assim, embora receitas e despesas sejam de� nidas em termos de mudanças em ativos e passivos, informações sobre receitas e despesas são tão importantes como informações sobre ativos e passivos (CPC 26, R1, 2011). 3.1.1 Receitas Receitas referem-se aos ingressos brutos de benefícios econômicos que uma entidade obtém durante um determinado período de suas atividades usuais (CPC 26, R1, 2011). Essas atividades podem incluir a venda de bens, a prestação de serviços, o recebimento de juros, dividendos, royalties, aluguéis e outras formas de geração de valor econômico (CPC 26, R1, 2011). As receitas são fundamentais para a avaliação do desempenho � nanceiro de uma entidade e são apresentadas na DR e DRA, contribuindo para o cálculo do lucro ou prejuízo líquido (CPC 26, R1, 2011). Os pronunciamentos contábeis destacam que, apesar das diferenças entre receitas e ganhos, ambos compartilham a natureza de aumentar o benefício econômico da entidade (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). 3.1.2 Ganhos Ganhos são aumentos no patrimônio líquido de uma entidade, que ocorrem além das atividades operacionais normais (CPC 26, R1, 2011). Eles representam benefícios econômicos que Você sabia que, depois das alterações da segunda revisão do CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro -, houve uma alteração de nomenclatura? O que antes era chamado de “Demonstração do Resultado do Exercício”, agora passa a ser chamado apenas de “Demonstração do Resultado”. Contudo, essa mudança de nome não implica alterações no conteúdo ou na estrutura da demonstração. A Demonstração do Resultado ainda exibirá as receitas, os custos, as despesas e os resultados fi nanceiros da empresa durante um determinado período de tempo. A justifi cativa por trás da mudança de nome é simplifi car a terminologia utilizada nos relatórios fi nanceiros, tornando mais fácil e intuitivo para que diferentes públicos (tais como investidores, analistas e partes interessadas em geral) entendam a natureza e o propósito do relatório. 34WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA surgem de eventos ou transações especí� cas que não são parte das atividades usuais da entidade. Diferentemente das receitas, os ganhos não resultam diretamente das operações principais da entidade, mas, sim, de situações extraordinárias, como a venda de ativos não essenciais, a obtenção de subsídios governamentais ou outros eventos não recorrentes. Ganhos também podem ser derivados de ajustes contábeis, como reavaliações de ativos ou aquisições vantajosas (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). 3.1.3 Despesas Despesas são custos ou gastos incorridos por uma entidade como parte das suas operações normais para gerar receitas e realizar suas atividades principais (CPC 26, R1, 2011). Elas representam a saída de recursos econômicos,como dinheiro ou outros ativos, em troca dos bens, serviços ou benefícios consumidos ou utilizados para manter a operação da entidade. As despesas podem incluir uma variedade de itens, como salários e benefícios de funcionários, aluguel de instalações, despesas de marketing, custos de produção, juros sobre dívidas, depreciação de ativos, entre outros. Em suma, as despesas re� etem os esforços e recursos necessários para gerar receitas e manter as atividades comerciais em funcionamento (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). 3.1.4 Perdas Perdas representam diminuições no patrimônio líquido de uma entidade, que não estão relacionadas a despesas operacionais normais. Elas surgem quando um ativo perde valor ou quando obrigações contingentes ou não contingentes geram prejuízos � nanceiros para a entidade (IUDÍCIBUS, 2021). As perdas podem ocorrer devido a vários fatores, como depreciação acelerada de ativos, redução no valor de mercado de investimentos, falhas em contas a receber, litígios judiciais desfavoráveis ou deterioração de estoques, entre outros. É importante distinguir entre despesas e perdas. As despesas são gastos necessários para a operação normal da empresa, enquanto as perdas são eventos imprevistos ou extraordinários que afetam negativamente a situação � nanceira da entidade (IUDÍCIBUS, 2021). Portanto, as perdas são geralmente não recorrentes e não fazem parte das atividades principais da empresa (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). 3.2 Processo de Reconhecimento O processo de reconhecimento na contabilidade envolve a inclusão de itens nas demonstrações � nanceiras, como o balanço patrimonial, a demonstração do resultado (CPC 00, R2, 2019). Esse processo é essencial para re� etir a realidade econômica da entidade e tornar suas informações � nanceiras comparáveis e compreensíveis (CPC 00, R2, 2019). Ou seja, o reconhecimento é a forma de incorporar esses itens nas demonstrações por meio de palavras e valores monetários (CPC 00, R2, 2019). 35WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Balanço patrimonial no início do período de relatório Ativos menos passivos é igual ao patrimônio líquido + Demonstrações do resultado e do resultado abrangente � nanceiro Receitas menos despesas + Contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio menos distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio = Balanço patrimonial no � nal do período de relatório Ativos menos passivos é igual ao patrimônio líquido Figura 2 – Reconhecimento vinculado aos elementos das demonstrações contábeis. Fonte: O autor. A partir da Figura 2, é possível observar que as demonstrações � nanceiras estão interligadas, ou seja, durante o processo contábil, quando um item se enquadra nas categorias de ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, ele é reconhecido nas demonstrações � nanceiras (CPC 00, R2, 2019). Por exemplo, o reconhecimento de receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento de ativos (como caixa) e o desrreconhecimento de passivos (como produtos vendidos), resultando na confrontação entre custos e receitas. Portanto, o processo de reconhecimento visa re� etir de maneira precisa e compreensível a posição � nanceira e o desempenho de uma entidade pelo método das partidas dobradas em demonstrações � nanceiras consolidadas no � nal do período (CPC 00, R2, 2019). 3.2.1 Critérios de reconhecimento de receitas e despesas O processo de reconhecimento de receitas e despesas baseia-se no Princípio da Realização da receita em confrontação das despesas em um Regime de Competência (IUDÍCIBUS, 2021). Essas regras garantem que as informações contábeis sejam con� áveis e consistentes, promovendo a transparência e a comparabilidade das demonstrações � nanceiras (CPC 00, R2, 2019). Transformações qualitativas e quantitativas Assista ao seguinte vídeo para saber mais sobre o método das partidas dobradas: https://youtu.be/r38zdbQjZrw. 36WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.2 Reconhecimento de receitas O pronunciamento contábil CPC 46 – Receitas de Contratos com Clientes – trata especi� camente do reconhecimento de receitas na contabilidade, apresentando os principais pontos sobre o reconhecimento de receitas: I. Identi� cação do Contrato ou Transação: o processo começa com a identi� cação de um contrato, transação ou evento que dá origem a uma receita. Isso pode incluir a venda de bens, a prestação de serviços, royalties, juros, entre outros (CPC 46, 2016). II. Determinação do Preço: o próximo passo é determinar o preço acordado ou esperado pelo bem vendido ou serviço prestado. Isso envolve a avaliação do valor monetário que a entidade espera receber (CPC 46, 2016). III. Realização da Receita: a receita é reconhecida quando o bem foi entregue ou o serviço foi prestado, e o cliente obtém controle sobre o bem ou o serviço. Isso signi� ca que os riscos e benefícios associados ao bem ou serviço foram transferidos para o cliente (CPC 46, 2016). IV. Valor Monetário: a receita é reconhecida pelo valor monetário do bem ou serviço entregue, que geralmente é o preço acordado no contrato. Qualquer desconto, devolução ou ajuste deve ser considerado (CPC 46, 2016). 3.2.3 Reconhecimento de despesas A 2ª revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro (2019) - fornece as bases conceituais para o reconhecimento de despesas, mas as orientações especí� cas sobre como reconhecer despesas em diferentes situações podem ser encontradas em outros Pronunciamentos Técnicos relevantes, dependendo da natureza das transações e eventos que geram essas despesas. Assista ao vídeo seguinte, sobre Princípio da Realização da receita em confrontação das despesas em um Regime de Competência: https://youtu.be/BDaNB-JXuK0. Vamos realizar uma leitura adicional sobre o pronunciamento contábil CPC 46 – Receitas de Contratos com Clientes – acessando o seguinte link: https://www.cpc.org.br/Arquivos/ Documentos/395_CPC_46_rev%2014.pdf. 37WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Processo de Reconhecimento: o reconhecimento de despesas ocorre quando há uma diminuição nos benefícios econômicos durante o período contábil. Isso pode envolver a alocação de custos associados à produção de bens ou prestação de serviços, o reconhecimento de despesas operacionais, como salários e aluguéis, e também a contabilização de despesas � nanceiras, como juros e perdas com investimentos (CPC 00, R2, 2019). II. Identi� cação do Evento ou Transação: o processo começa com a identi� cação de um evento ou transação que resulta em despesas para a entidade. Isso pode incluir a compra de bens, aquisição de serviços, pagamento de juros, entre outros (CPC 00, R2, 2019). III. Alocação ao Período Adequado: as despesas devem ser alocadas ao período contábil em que foram incorridas, independentemente do pagamento efetivo. Isso é conhecido como princípio do regime de competência (CPC 00, R2, 2019). IV.Reconhecimento no Resultado: as despesas são reconhecidas na demonstração do resultado no período em que são incorridas, contribuindo para a apuração do lucro líquido ou prejuízo da entidade (CPC 00, R2, 2019). Em suma, o reconhecimento de elementos nas demonstrações contábeis, como ativos, passivos, receitas e despesas, não é automático, pois depende das decisões de reconhecimento para ponderar os custos envolvidos, tanto para preparadores quanto para usuários das demonstrações (CPC 26, R1, 2011). Ou seja, o reconhecimento deve ser justi� cado pelos benefícios das informações oferecidas. Não há uma regra � xa para determinar quando o reconhecimento é bené� co, sendo necessário julgamento caso a caso (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). Mesmo quando um item não é reconhecido, as informações podem ser incluídas nas notas explicativaspara compensar sua ausência nas demonstrações estruturadas. Isso visa equilibrar a utilidade das informações com os custos associados, visando fornecer demonstrações contábeis úteis e representativas. 3.3 Critérios Observáveis ao Reconhecimento de Informações Contábeis A 2ª revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro (2019) - reitera a importância de as informações contábeis serem relevantes, representarem adequadamente as situações econômicas, considerarem a incerteza e a mensuração, e abordarem o processo de desrreconhecimento de itens nas demonstrações contábeis, apresentados de forma descritiva nos seguintes tópicos: Vamos realizar uma leitura adicional dos itens 5.1 até 5.33 do pronunciamento contábil CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro -, acessando o seguinte link: https://www.cpc. org.br/Arquivos/Documentos/573_CPC00(R2).pdf. 38WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Relevância: explora a importância das informações sobre ativos, passivos, receitas e despesas nas demonstrações contábeis. Nem todos os elementos reconhecidos fornecem informações relevantes (itens 5.12 até 5.17 do CPC 00, R2, 2019). II. Incerteza de Existência: discute a incerteza sobre a existência de ativos e passivos e como isso pode afetar o reconhecimento. Em alguns casos, informações explicativas sobre essas incertezas podem ser necessárias (itens 5.19 até 5.23 do CPC 00, R2, 2019). III. Baixa Probabilidade de Entrada ou Saída de Benefícios Econômicos: aborda a relevância do reconhecimento mesmo quando a probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos é baixa. O reconhecimento pode ser necessário para representar adequadamente as transações (itens 5.15 até 5.17 do CPC 00, R2, 2019). IV. Representação Fidedigna: enfatiza a importância de que o reconhecimento não apenas seja relevante, mas também ofereça representação � dedigna dos ativos, passivos, receitas e despesas reconhecidos. Incertezas na mensuração não invalidam a utilidade das informações (item 6.60, CPC 00, R2, 2019). V. Incerteza na Mensuração: considera a incerteza envolvida na mensuração de ativos e passivos. Apesar de as estimativas serem aceitáveis, incertezas excessivas podem afetar a relevância e a representação � dedigna (itens 5.19 até 5.23 do CPC 00, R2, 2019). VI. Desrreconhecimento: explora o processo de desrreconhecimento de ativos e passivos do balanço patrimonial. São apresentados os objetivos e procedimentos para lidar com o desrreconhecimento (itens 5.26 até 5.33 do CPC 00, R2, 2019). Em suma, destaca-se que a incerteza na mensuração não invalida a utilidade das informações e explora as situações em que o desrreconhecimento é apropriado, abordando a retirada de ativos e passivos do balanço patrimonial (CPC 00, R2, 2019), desde que a ênfase seja colocada na necessidade de fornecer informações completas e con� áveis sobre as transações e eventos contábeis (CPC 00, R2, 2019). 3.4 Mensuração dos Elementos das Demonstrações Contábeis A 2ª revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro (2019) - apresenta que os elementos reconhecidos nas demonstrações contábeis são quanti� cados em termos monetários. Isso exige a seleção de uma base de mensuração. A base de mensuração é uma característica identi� cada – por exemplo, custo histórico, valor justo ou valor de cumprimento – de item sendo mensurado. Aplicar a base de mensuração a ativo ou passivo cria uma mensuração para esse ativo ou passivo e para as respectivas receitas e despesas. Vamos realizar uma leitura adicional sobre Relevância, Incerteza de Existência, Baixa Probabilidade de Entrada ou Saída de Benefícios Econômicos, Representação Fidedigna, Incerteza na Mensuração e Desrreconhecimento. Leia no pronunciamento contábil CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro -, acessando o seguinte link: https://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/573_ CPC00(R2).pdf. 39WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Custo Histórico: os elementos contábeis são mensurados com base nos custos originais das transações ou eventos que os originaram. O custo histórico é atualizado ao longo do tempo para re� etir mudanças como depreciação, redução ao valor recuperável e componentes de � nanciamento (itens 6.69 até 6.71 do CPC 00, R2, 2019). II. Valor Justo: representa o preço que seria obtido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de um passivo em uma transação entre participantes do mercado na data de mensuração. É baseado nas expectativas do mercado e considera riscos e incertezas (CPC 46, 2012). III. Valor em Uso e Valor de Cumprimento: o valor em uso é o valor presente dos � uxos de caixa futuros esperados do uso contínuo de um ativo ou sua alienação � nal. O valor de cumprimento é o valor presente dos � uxos de caixa necessários para cumprir uma obrigação (itens 6.17 até 6.20 do CPC 00, R2, 2019). IV. Custo Corrente: re� ete o custo atual pelo qual um ativo equivalente poderia ser adquirido ou um passivo equivalente incorrido na data de mensuração, incluindo a contraprestação e os custos de transação (itens 6.21 até 6.22 do CPC 00, R2, 2019). Em suma, a escolha da base de mensuração e o reconhecimento apropriado são pilares cruciais para representação � dedigna da realidade econômica das entidades para fornecer informações relevantes e con� áveis aos usuários das demonstrações contábeis. Para nos aprofundarmos no conhecimento sobre a mensuração dos elementos das demonstrações contábeis, assista ao seguinte vídeo: https://youtu.be/GEwRAXoLlLA. Para fi nalizar, propomos a leitura adicional de um artigo científi co, acessando o seguinte link: https://papers.ssrn. com/sol3/Delivery.cfm/SSRN_ID2308178_code1456877. pdf?abstractid=2308178&mirid=1. 40WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS À medida que encerramos nossa exploração das fundamentais demonstrações contábeis e suas interligações intricadas, emerge um quadro abrangente da importância e complexidade desse campo vital da contabilidade. O mundo dos negócios contemporâneos é permeado por uma miríade de transações, compromissos e avaliações, todos os quais encontram expressão e interpretação nas demonstrações contábeis. Uma das conquistas mais notáveis dessas demonstrações é a transparência que oferecem. Através do balanço patrimonial, temos uma visão instantânea das posições � nanceiras de uma organização, enquanto a Demonstração de Resultado (DR) ilumina o desempenho operacional e as variáveis que afetam a riqueza dos acionistas. Esse grau de transparência não é apenas uma obrigação regulatória, mas também uma ferramenta poderosa para a gestão informada. O embate entre o curto e o longo prazos é uma constante nas atividades corporativas, e essa dualidade é capturada pela distinção entre ativos circulantes e não circulantes, bem como entre passivos de curto e longo prazos. As decisões de alocação de recursos e � nanciamento são moldadas por essa divisão. Além disso, o patrimônio líquido é o epicentro da identidade � nanceira de uma empresa. Composto por elementos como capital social, lucros acumulados e reservas, ele espelha a contribuição dos acionistas, o � uxo de lucros e as � utuações resultantes das operações. O processo de reconhecimento e mensuração, pedra angular da contabilidade, traz um elemento de subjetividade à equação. Escolher entre o custo histórico e o valor justo in� uencia as representações das transações, afetando diretamente a percepção do desempenho e da saúde � nanceira. Essa escolha não é simplesmente uma questão técnica, mas envolve considerações de contexto e estratégia. As considerações � nais não podem ser completas sem abordar a importância da elaboração das demonstraçõescontábeis, em sua forma bruta, são como um livro contábil esperando para ser lido. Através de rácios e métricas, as nuances das demonstrações contábeis ganham vida, fornecendo insights sobre a e� ciência operacional, liquidez, solvência e rentabilidade. Essa é a lente pela qual as demonstrações contábeis se transformam em inteligência acionável. Em conclusão, nosso mergulho inicial na elaboração das demonstrações contábeis revelou uma vasta profundidade de conhecimento sobre um sistema de informações interconectadas que informam e orientam a gestão, os investidores e outros stakeholders. As nuances presentes nos ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas são os elementos constituintes das demonstrações contábeis. A precisão técnica, que é inegavelmente crucial aos Códigos e Pronunciamento Contábeis (CPCs), fornece arcabouço normativo para que avancemos nesse cenário complexo. Lembremo-nos de que as demonstrações contábeis não são apenas registros, mas, sim, uma narrativa � nanceira que pode orientar decisões e moldar o destino das organizações no cenário dinâmico dos negócios. Por � m, não esgotamos o assunto de matéria contábil sobre a elaboração do balanço patrimonial, demonstração de resultado. No entanto, a abordagem desta unidade é abrangente o su� ciente para ser aplicada em quaisquer empresas. Desde que seja observada a manutenção da boa prática contábil conforme as normas contábeis disciplinadas pelos Códigos, Pronunciamentos Contábeis (CPCs) e lei societária vigente. 41WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ALMEIDA, M. C. Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. FAMA, E. F. E� cient capital markets: A review of theory and empirical work. � e journal of Finance, v. 25, n. 2, 1970. FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: Teoria e Prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. v. 1. FLORES, E.; BRAUNBECK, G.; CARVALHO, N. Teoria da contabilidade � nanceira: fundamentos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2018. GELBECK, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. HENDRIKSEN, E. S.; VAN BRENDA, M. F. Teoria da contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2021. JENSEN, C.; MECKLING, H. � eory of the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs and Ownership Structure. Journal of Financial Economics, v. 3, 1976. LOPES, A. B.; MARTINS, E. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. São Paulo: Atlas, 2005. MALACRIDA, M. J. C.; YAMAMOTO, M. M.; PACCEZ, J. D. Fundamentos da Contabilidade - A Contabilidade no Contexto Global. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. PALEPU, K. G.; HEALY, P. M. Análise e Avaliação de Empresas – Decisões e Valuation usando Demonstrativos Financeiros. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. SALOTTI, B. M. et al. Contabilidade Financeira. São Paulo: Atlas, 2019.objetivo principal fornecer informações úteis Para saber mais sobre a contabilidade e os aspectos relevantes de sua evolução, recomenda-se a leitura do seguinte artigo: IUDÍCIBUS, S. D.; MARTINS, E.; CARVALHO, L. N. Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de sua evolução. Revista Contabilidade & Finanças, v. 16, 2005. O material está disponível em https://www.scielo.br/j/rcf/a/ HCcs3zhm3GWv4JTN5KPJJSS/. 7WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA para usuários externos (LOPES; MARTINS, 2005). Assim, a contabilidade � nanceira é uma ferramenta essencial para a comunicação de informações � nanceiras relevantes e precisas a partes interessadas externas. Ela desempenha um papel crucial na tomada de decisões, na avaliação do desempenho � nanceiro e na prestação de contas das atividades econômicas de uma entidade. 2.1 Conceitos Econômicos Fundamentais da Contabilidade Financeira Os conceitos econômicos fundamentais são essenciais para entender como as economias funcionam, como as decisões econômicas são tomadas e como as interações entre os diversos agentes econômicos afetam os mercados, as empresas e as políticas públicas (SALOTI et al., 2019). Para entender melhor a contabilidade � nanceira e a sua importância dentro do processo informacional contábil, existem os seguintes conceitos econômicos fundamentais: I. Teoria Contratual da Firma e Teoria de Agência: a teoria contratual da � rma explora como as partes interessadas estabelecem acordos para alinhar interesses na empresa. Isso está intimamente ligado à teoria de agência, que aborda os con� itos de interesse entre proprietários e agentes. Os acordos contratuais entre acionistas e gerentes (agentes) são projetados para reduzir esses con� itos, garantindo que os gerentes atuem no melhor interesse dos acionistas (JENSEN; MECKLING, 1976). II. Assimetria de Informação e Mercado de Capitais: a assimetria de informação pode criar problemas nos mercados � nanceiros, em que os investidores podem não ter acesso a todas as informações relevantes. A informação contábil é crucial para equilibrar essa assimetria, permitindo que os investidores tomem decisões informadas sobre onde alocar seus recursos � nanceiros (LOPES; MARTINS, 2005). A qualidade e transparência das informações contábeis afetam a con� ança dos investidores no mercado de capitais. III. Hipótese de Mercado E� ciente: a hipótese de mercado e� ciente relaciona-se diretamente ao uso de informações nos mercados � nanceiros . Se os mercados forem e� cientes, os preços dos ativos re� etirão todas as informações disponíveis publicamente. Isso implica que as informações contábeis, quando divulgadas, serão prontamente re� etidas nos preços dos ativos, orientando as decisões dos investidores (FAMA, 1970). Dessa forma, a partir dos conceitos fundamentais aplicados à contabilidade � nanceira, considerando-se a separação entre o controle e a propriedade, os gestores (agentes) são preparadores da informação e os proprietários (principais) são avaliadores da informação. Para saber mais sobre a importância da contabilidade fi nanceira e seu papel na dinâmica contábil informacional após a adoção das normas internacionais de contabilidade, recomenda-se a leitura da dissertação de Mestrado intitulada Aproximação entre contabilidade gerencial e contabilidade fi nanceira com a convergência contábil brasileira às normas IFRS, disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde- 24012012-154824/publico/LucianoGilioVC.pdf. 8WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para alinhar os interesses entre os agentes (usuários internos) e principais (usuários externos), é necessário formalizar contratos e� cientes que utilizam métricas contábeis (lucro, liquidez, endividamento) para indicar as medidas de performance da boa gestão exercida pelos agentes, possibilitando diminuir a assimetria da informação entre usuários internos e externos. 2.2 Conflito da Informação Contábil O con� ito da informação contábil refere-se à discrepância ou diferença de percepção e necessidades entre diferentes grupos de usuários que dependem das informações � nanceiras apresentadas pela contabilidade (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). Esse con� ito pode surgir devido a várias razões, incluindo a interpretação subjetiva dos números, interesses divergentes e objetivos variados dos diversos usuários da informação contábil. Para mitigar esses con� itos, a contabilidade busca seguir padrões rigorosos, como os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (PCGA) ou as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS), que promovem a transparência, a con� abilidade e a comparabilidade das informações contábeis. Além disso, a divulgação completa e precisa das políticas contábeis, bem como uma comunicação clara entre a administração e os usuários, podem ajudar a minimizar con� itos e a promover uma compreensão mais precisa da situação � nanceira e do desempenho da empresa (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). Vamos dar uma pausa na leitura para fazer um exercício de refl exão. Qual o impacto na adequação de recursos em uma economia global caso as demonstrações contábeis não fossem padronizadas? Recomendamos o seguinte vídeo para saber mais sobre os grandes eventos econômicos que culminaram em uma padronização das normas contábeis em abrangência global: https://www.youtube. com/watch?v=QCsx_8cuqKs&ab_channel=IRKONNECTION. Para saber mais sobre o confl ito da informação contábil, recomenda- se a leitura do seguinte artigo: ALMEIDA, K. D. X. et al. Confl itos de agência e assimetria de informações contábeis: Entre a tomada de decisão e a gestão corporativa. International Journal of Professional Business Review: Int. J. Prof. Bus. Rev., v. 5, n. 2, 2020. O material está disponível em https://dialnet.unirioja.es/descarga/ articulo/7646877.pdf. 9WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. ESTRUTURA CONCEITUAL PARA RELATÓRIO FINANCEIRO E CONVERGÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE A Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (IFRS) é um conjunto de princípios, diretrizes e conceitos que guiam a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. Ela fornece a base teórica para o desenvolvimento de normas contábeis e ajuda a compreender o propósito e a utilidade das informações � nanceiras (IUDÍCIBUS, 2021). A convergência das normas contábeis brasileiras com a estrutura internacional das IFRS (Normas Internacionais de Relato Financeiro) envolve um processo de alinhamento das práticas contábeis adotadas no Brasil com as normas internacionais, buscando uma maior harmonização e comparabilidade das informações � nanceiras em escala global. Esse processo visa aprimorar a qualidade das demonstrações contábeis, facilitar a análise e tomada de decisão por parte de investidores e usuários das informações � nanceiras, bem como aumentar a transparência e con� abilidade das demonstrações contábeis das empresas brasileiras no cenário internacional (IUDÍCIBUS, 2021). A convergência implica ajustar as práticas contábeis locais para se alinharem com os princípios e critérios estabelecidos pelas IFRS, permitindo uma apresentação mais uniforme e compreensível das informações � nanceiras (SALOTTI et al., 2019). O objetivo é que as demonstrações contábeis no Brasil se assemelhem mais às de outros países que adotam as IFRS, facilitando a comparação e a análise dos dados. O processo de convergência geralmente envolve a revisão e atualização das normas contábeis nacionais para incorporar os padrões internacionais, bem como a educação e treinamento dos pro� ssionais contábeis para garantir uma adoção consistente e correta das novas práticas (SALOTTI et al., 2019). A convergência das normas contábeis brasileiras com as IFRS visa a criar um ambiente contábilmais integrado, transparente e globalmente aceito, contribuindo para a con� abilidade e credibilidade das informações � nanceiras no mercado internacional (MALACRIDA; YAMAMOTO; PACCEZ, 2019). Isso também pode facilitar o acesso ao mercado de capitais internacional e melhorar a percepção dos investidores estrangeiros sobre as empresas brasileiras. Para saber mais sobre a convergência das normas internacionais contábeis, recomenda-se a leitura do seguinte artigo científi co: CARMO, C. H. S. D.; RIBEIRO, A. M.; CARVALHO, L. N. G. D. Convergência de fato ou de direito? A infl uência do sistema jurídico na aceitação das normas internacionais para pequenas e médias empresas. Revista Contabilidade & Finanças, v. 22, 2011. O material está disponível em https://www.scielo.br/j/rcf/a/ DS57nNcVsBTXCbmjW3ztqRn/?format=pdf&lang=pt. 10WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1 Finalidade das Estruturas Conceituais A Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro e Apresentação das Demonstrações Contábeis desempenha um papel fundamental na contabilidade, atendendo a diversas � nalidades interligadas (MALACRIDA; YAMAMOTO; PACCEZ, 2019). Ela oferece diretrizes claras que orientam a elaboração das demonstrações contábeis, promovendo a uniformidade e a coerência nas práticas contábeis. Ao enfatizar a relevância e a representação � dedigna das informações, a estrutura conceitual assegura que as demonstrações contábeis atendam às necessidades dos usuários, fornecendo dados que são essenciais para a tomada de decisões econômicas informadas (MALACRIDA; YAMAMOTO; PACCEZ, 2019). Ela também serve como base para o desenvolvimento de normas contábeis, garantindo que essas normas estejam alinhadas com princípios sólidos e consistentes (ALMEIDA, 2018). Ao destacar a transparência, a comparabilidade e a compreensibilidade das informações � nanceiras, a estrutura conceitual promove a con� ança dos investidores e demais partes interessadas nos mercados � nanceiros. Em suma, sua � nalidade abrange desde orientar a preparação de relatórios � nanceiros até proporcionar informações de qualidade que respaldem a análise, a avaliação e as decisões econômicas. 3.2 Características Qualitativas Fundamentais A 2º revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (2019) - apresenta as características qualitativas das informações � nanceiras fundamentais. São atributos que tornam os dados contábeis con� áveis, relevantes e capazes de auxiliar os usuários na tomada de decisões econômicas informadas. Segundo a referida norma contábil, apresentam-se as principais características qualitativas: A atual estrutura conceitual para relatório fi nanceiro no contexto brasileiro é disciplinada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) por meio do pronunciamento técnico CPC 00 (R2), que estabelece a estrutura conceitual para relatório fi nanceiro, fazendo correlação com as normas internacionais de contabilidade – conceptual framework. Acesse o material em https://www.cpc.org.br/arquivos/documentos/573_ cpc00(r2).pdf. Para saber mais sobre a fi nalidade da estrutura conceitual e as características atribuídas às informações contábeis, propõe-se o seguinte vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=qkuJBnZNWY0&ab_channel=ProfCamilaSa. 11WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. Relevância: as informações devem ser pertinentes e capazes de in� uenciar as decisões dos usuários. Isso signi� ca que as informações precisam ser capazes de fazer diferença nas escolhas econômicas dos usuários. Informações relevantes ajudam a prever resultados futuros e a entender as consequências das decisões (itens 5.12 até 5.17 do CPC 00, R2, 2019). 2. Representação � dedigna: as informações � nanceiras devem re� etir com precisão a realidade econômica que representam. Isso envolve apresentar dados de maneira precisa, completa e imparcial, sem exageros ou distorções (item 6.60, CPC 00, R2, 2019). 3. Materialidade: as informações devem ser relevantes o su� ciente para fazer a diferença nas decisões dos usuários. Itens irrelevantes podem ser omitidos, enquanto itens signi� cativos devem ser divulgados (item 2.11, CPC 00, R2, 2019). Para aplicar as características qualitativas essenciais, é essencial, em primeiro lugar, identi� car o evento econômico e discernir quais informações podem ser bené� cas para os usuários das demonstrações � nanceiras da entidade em questão (CPC 00, R2, 2019). Em seguida, é necessário de� nir o tipo de informação relativa a esse evento, que possui maior relevância. Por � m, deve-se avaliar se essas informações estão prontamente disponíveis e se têm a capacidade de proporcionar uma representação precisa do evento econômico em consideração (CPC 00, R2, 2019). Caso essa avaliação seja positiva, o processo de atendimento às características qualitativas fundamentais pode ser concluído nesta etapa. 3.3 Características Qualitativas de Melhoria A 2º revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro (2019), apresenta sobre as características qualitativas de melhoria, referem-se a um conjunto de atributos adicionais que podem aprimorar ainda mais a qualidade das informações � nanceiras, tornando-as mais úteis e e� cazes na tomada de decisões econômicas (CPC 00, R2, 2019). Essas características complementam as características fundamentais e são especialmente relevantes para aprimorar a utilidade das informações (CPC 00, R2, 2019). Segundo a referida norma contábil, apresentam-se as características qualitativas de melhoria: 1. Comparabilidade: as informações devem ser apresentadas de forma que os usuários possam compará-las com outras informações, seja ao longo do tempo (consistência), seja com outras entidades (comparabilidade entre empresas). Isso permite identi� car tendências, avaliar o desempenho relativo e tomar decisões informadas (itens 2.24 até 2.29 do CPC 00, R2, 2019). Antes de prosseguir, vamos retomar o nosso exercício de refl exão. A contabilidade estabelece uma comunicação entre os acontecimentos econômicos da empresa (vendas, compras, pagamentos, lucros realizados) com os usuários interessados nesta informação. Com isso, quais fatores são determinantes para que uma informação seja divulgada? 12WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. Capacidade de veri� cação: as informações devem ser baseadas em evidências objetivas, permitindo que os usuários possam con� rmar sua veracidade por meio de auditorias, análises e testes independentes (itens 2.30 até 2.32 do CPC 00, R2, 2019). 3. Tempestividade: as informações devem ser fornecidas em tempo hábil, permitindo que os usuários as utilizem quando ainda são relevantes para suas decisões. Informações atrasadas podem ser menos úteis (itens 2.33 do CPC 00, R2, 2019). 4. Compreensibilidade: as informações devem ser apresentadas de maneira clara, concisa e facilmente compreensível para os usuários, mesmo que não sejam especialistas em contabilidade. A linguagem técnica excessiva deve ser evitada em favor de uma comunicação acessível (itens 2.34 até 2.36 do CPC 00, R2, 2019). Para aplicar as melhorias qualitativas em relatórios contábeis, é crucial maximizar essas melhorias tanto quanto possível (CPC 00, R2, 2019). No entanto, seja em sua forma individual ou agrupada, essas melhorias qualitativas não podem conferir utilidade a informações que careçam de relevância ou que não transmitam uma representação precisa do que estão destinadas a re� etir (CPC 00, R2, 2019). O processo de aplicação das melhorias qualitativas é interativo e não segue uma sequência prede� nida. Em certos casos, é possível que uma melhoria qualitativa precise ser reduzida para otimizar outra melhoria qualitativa (CPC 00, R2, 2019). Um exemplo disso é a possibilidadede temporariamente reduzir a comparabilidade como resultado da adoção prospectiva de um novo padrão, visando aprimorar a relevância ou a representação � dedigna a longo prazo. Nesses casos, divulgações adequadas podem parcialmente compensar a falta de comparabilidade (CPC 00, R2, 2019). Antes de prosseguir, para aumentar nossa afi nidade com relatórios contábeis e fi nanceiros, acesse o link que contém as demonstrações contábeis de uma empresa de mercado de capitais da Brasil Bolsa Balcão (B3): https:// w w w. ra d . c v m . g ov. b r / E N E T / f r m G e re n c i a Pa g i n a F R E . aspx?NumeroSequencialDocumento=121495&CodigoTipoInstituicao=1. Altere as opções de listas suspensas conforme descrito a seguir. Para alterar as informações apresentadas: Com isso, faça uma breve leitura dos relatórios contábeis apresentados, considerando as características qualitativas fundamentais e características qualitativas de melhoria. 13WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Restrição do Custo sobre Relatórios Financeiros Úteis A limitação de custos em relação a relatórios � nanceiros úteis refere-se à consideração dos custos envolvidos na coleta, processamento e apresentação das informações contábeis em relação aos benefícios proporcionados por essas informações (CPC 00, R2, 2019). Em outras palavras, é importante equilibrar os gastos associados à preparação de relatórios � nanceiros detalhados com a utilidade que esses relatórios oferecem aos usuários (CPC 00, R2, 2019). Portanto, as entidades devem buscar um equilíbrio sensato entre a quantidade de detalhes e a profundidade das informações fornecidas e os custos associados a essa divulgação (CPC 00, R2, 2019). No entanto, é importante observar que essa restrição de custo não deve comprometer a utilidade das informações � nanceiras (CPC 00, R2, 2019). Ou seja, embora seja essencial controlar os custos, as informações � nanceiras ainda precisam ser relevantes, con� áveis e capazes de in� uenciar as decisões econômicas dos usuários. Em última análise, o desa� o está em encontrar o ponto de equilíbrio entre a redução de custos e a manutenção da qualidade e utilidade das informações � nanceiras (CPC 00, R2, 2019). As informações devem ser úteis o su� ciente para superar os custos de coleta, processamento e divulgação (CPC 00, R2, 2019). O benefício de fornecer informações precisa superar o custo envolvido em produzi-las (CPC 00, R2, 2019). Isso envolve avaliar cuidadosamente quais informações são realmente essenciais para os usuários e como podem ser apresentadas de maneira e� caz, levando em consideração os recursos disponíveis (CPC 00, R2, 2019). 4. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E A ENTIDADE QUE REPORTA A apresentação das demonstrações contábeis está diretamente relacionada à entidade que reporta essas informações � nanceiras. As demonstrações contábeis são documentos formais que resumem a posição � nanceira, o desempenho e as mudanças na posição � nanceira de uma entidade em um determinado período (CPC 00, R2, 2019). A entidade que reporta essas demonstrações contábeis é geralmente uma empresa, organização ou entidade econômica que está sujeita à prestação de contas e divulgação � nanceira. A entidade que reporta deve seguir princípios contábeis e normas contábeis aplicáveis ao elaborar suas demonstrações contábeis, garantindo a precisão, a relevância e a � dedignidade das informações apresentadas (CPC 00, R2, 2019). A apresentação das demonstrações contábeis é crucial para permitir que os usuários, como investidores, credores, analistas � nanceiros e outras partes interessadas, entendam a saúde � nanceira da entidade e tomem decisões informadas. Portanto, a entidade deve cumprir com as exigências de divulgação e garantir que as demonstrações contábeis sejam compreensíveis e transparentes para o público-alvo. Antes de prosseguir, vamos retomar nosso exercício de refl exão sobre como o processo de informação é consolidado em um relatório contábil e sobre o dispêndio dos custos necessários para processamento de uma quantidade grande de informação para os usuários. Como a empresa pode fazer isso? Quais sistemas das informações precisam ser implementados para diminuir tais custos? Por último, de uma forma direta ou indireta, quem paga tais custos informacionais? 14WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.1 Objetivo e Alcance das Demonstrações Contábeis O objetivo das demonstrações contábeis é comunicar informações � nanceiras relevantes e con� áveis sobre uma entidade, permitindo que os usuários compreendam sua posição � nanceira, desempenho e � uxos de caixa (CPC 00, R2, 2019). Essas informações auxiliam os usuários a tomarem decisões econômicas informadas, avaliar o desempenho passado e projetar tendências futuras (CPC 00, R2, 2019). O alcance das demonstrações contábeis abrange a apresentação resumida das transações e eventos � nanceiros da entidade (CPC 00, R2, 2019). Isso inclui os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas. As demonstrações contábeis principais, como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e a demonstração de � uxos de caixa, fornecem uma visão completa da posição � nanceira e dos resultados operacionais da entidade durante um período especí� co (CPC 00, R2, 2019). 4.2 Frequência de Apresentação das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis são geralmente preparadas e apresentadas em intervalos regulares para fornecer informações � nanceiras atualizadas aos usuários (CPC 00, R2, 2019). A frequência de apresentação das demonstrações contábeis pode variar de acordo com as práticas contábeis e as regulamentações do país em que a entidade opera. As frequências mais comuns incluem: I. Anual: a maioria das entidades apresenta demonstrações contábeis anualmente. Essa é a abordagem padrão para muitas empresas e organizações, permitindo que os usuários obtenham uma visão completa do desempenho � nanceiro e da posição da entidade ao longo do ano � scal. II. Semestral: algumas entidades, especialmente aquelas que estão listadas em bolsas de valores ou sujeitas a regulamentações mais rígidas, apresentam demonstrações contábeis semestralmente. Isso fornece atualizações mais frequentes aos investidores e ao público em geral. III. Trimestral: em alguns casos, as entidades podem optar por apresentar demonstrações contábeis trimestralmente. Isso é mais comum em setores que experimentam mudanças rápidas ou em empresas que desejam fornecer informações � nanceiras mais detalhadas e frequentes. Independentemente da frequência escolhida, o objetivo é fornecer aos usuários informações � nanceiras relevantes e atualizadas para auxiliar na tomada de decisões econômicas informadas. As demonstrações contábeis devem ser preparadas de acordo com as normas contábeis aplicáveis e devem incluir todas as informações necessárias para uma compreensão completa do desempenho � nanceiro da entidade. 4.3 Limitações e Desafios das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis, embora sejam ferramentas essenciais para comunicar informações � nanceiras, com base em Palep u e Healy (2016), apresentam algumas limitações e desa� os que os usuários devem considerar ao interpretarem os dados apresentados: 15WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Estimativas e Julgamentos: as demonstrações contábeis frequentemente envolvem estimativas e julgamentos por parte da administração da empresa. Isso é especialmente verdadeiro em relação a itens como depreciação, provisões para perdas e valor justo de ativos. Essas estimativas podem afetar os números reportados e, em alguns casos, podem estar sujeitas a mudanças. II. Valorização de Ativos Intangíveis: avaliar ativos intangíveis, como marcas registradas e propriedade intelectual, podeser desa� ador. O valor desses ativos muitas vezes não é facilmente mensurável, o que pode resultar em estimativas imprecisas. III. Complexidade das Transações: à medida que as transações comerciais se tornam mais complexas, a contabilização adequada pode ser difícil de determinar. Isso é particularmente relevante em fusões, aquisições e contratos complexos. IV. Não Consideração de Fatores Qualitativos: as demonstrações contábeis geralmente não re� etem fatores qualitativos importantes, como a qualidade da administração, a satisfação do cliente e a inovação. Esses fatores podem ser cruciais para a avaliação do valor da empresa. V. Comparabilidade Limitada: embora as demonstrações contábeis busquem a comparabilidade, as políticas contábeis variam entre as empresas e podem di� cultar a comparação direta. VI. Ausência de Informações Futuras: as demonstrações contábeis fornecem informações sobre o passado e o presente, mas não preveem eventos futuros. Decisões futuras podem depender de informações que não são capturadas nas demonstrações contábeis. VII. Ignorando as Mudanças do Mercado: as demonstrações contábeis são baseadas em custos históricos e podem não re� etir plenamente as mudanças de valor de mercado, especialmente em ativos como ações e propriedades. VIII. Complexidade Regulatória: as demonstrações contábeis devem cumprir com as normas e padrões contábeis, que podem ser complexos e sujeitos a mudanças. Isso pode tornar a preparação e a interpretação das demonstrações mais desa� adoras. IX. Fraude e Erros: apesar dos controles internos e auditorias, as demonstrações contábeis podem ser afetadas por erros ou mesmo por tentativas de fraude. Em última análise, os usuários das demonstrações contábeis devem considerar essas limitações e desa� os ao interpretar as informações apresentadas e tomar decisões informadas. É recomendável utilizar as demonstrações contábeis como uma ferramenta, juntamente com outras fontes de informação, para uma avaliação mais completa da saúde � nanceira e desempenho de uma entidade. 4.4 Características Necessárias para Elaboração das Demonstrações Contábeis A 2º revisão do pronunciamento contábil CPC 00 - Estrutura Conceitual Para Relatório Financeiro (2019) - apresenta características necessárias para a elaboração das demonstrações contábeis, fundamentais para garantir que esses relatórios � nanceiros transmitam informações precisas, relevantes e compreensíveis aos usuários. Aqui estão as características essenciais: 16WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Premissa de Continuidade Operacional: as demonstrações contábeis são elaboradas sob a suposição de que a entidade continuará operando no futuro previsível. Essa premissa permite que as informações � nanceiras re� itam adequadamente a capacidade de a entidade realizar seus ativos e cumprir suas obrigações (itens 3.9 do CPC 00, R2, 2019). II. Regime de Competência: as demonstrações contábeis são preparadas com base no princípio do regime de competência, o que signi� ca que as transações e eventos são registrados quando ocorrem, independentemente de quando os pagamentos ou recebimentos efetivos ocorrerão. Isso re� ete melhor a realidade econômica das atividades da entidade (itens 1.17 até 1.19 do CPC 00, R2, 2019). III. Materialidade e Agregação: a materialidade orienta a inclusão de informações relevantes e signi� cativas nas demonstrações contábeis, enquanto a agregação envolve a combinação de informações semelhantes para facilitar a compreensão e evitar detalhes excessivos (itens 11 do CPC 00, R2, 2019). IV. Compensação de Valores: valores não podem ser compensados, ou seja, os ativos e passivos, as receitas e despesas, não podem ser combinados a menos que isso seja permitido pelas normas contábeis. A compensação só é permitida quando existe um direito legal de compensar os valores e existe a intenção de liquidar os ativos e passivos em uma base líquida ou de realizar o ativo e liquidar o passivo simultaneamente (CPC 00, R2, 2019). V. Comparabilidade: a comparabilidade é crucial para avaliar o desempenho � nanceiro e as mudanças ao longo do tempo. As demonstrações contábeis devem incluir informações do período anterior para permitir comparações signi� cativas (itens 2.24 até 2.29 do CPC 00, R2, 2019). VI. Consistência de Apresentação: as informações devem ser apresentadas de forma consistente ao longo do tempo, permitindo que os usuários acompanhem mudanças e identi� quem tendências (itens 2.26 do CPC 00, R2, 2019). Essas características asseguram que as demonstrações contábeis sejam preparadas de acordo com padrões contábeis aceitos e transmitam informações relevantes e con� áveis para os usuários, em conformidade com as características qualitativas fundamentais e características qualitativas de melhoria. Isso é essencial para apoiar a tomada de decisões econômicas informadas. 4.5 Conjunto Completo de Demonstrações Contábeis A Lei nº 6.404/76 e suas alterações, em conjunto com o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis -, estabelecem o conjunto completo de demonstrações contábeis. Com isso, o conjunto completo de demonstrações contábeis é composto por diversas demonstrações � nanceiras que, juntas, oferecem uma visão abrangente e detalhada da posição � nanceira, desempenho e � uxos de caixa de uma entidade durante um determinado período. As principais demonstrações que compõem esse conjunto são: I. Balanço Patrimonial (BP): apresenta a posição � nanceira da entidade em um determinado momento, mostrando seus ativos, passivos e patrimônio líquido. II. Demonstração de Resultados (DR): detalha o desempenho � nanceiro da entidade durante um período, evidenciando suas receitas, despesas e o lucro líquido ou prejuízo. 17WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA III. Demonstração de Resultados Abrangentes (DRA): além do resultado líquido, essa demonstração mostra as mudanças no patrimônio líquido decorrentes de itens abrangentes, como ganhos e perdas atuariais em planos de benefícios. IV. Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC): apresenta os � uxos de caixa da entidade durante um período, dividindo-os em atividades operacionais, de investimento e de � nanciamento. V. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (ou DMPL): mostra as mudanças no patrimônio líquido da entidade durante um período, incluindo transações com acionistas e outras alterações. VI.Notas Explicativas (NE): são acompanhamentos detalhados das informações apresentadas nas demonstrações contábeis, fornecendo descrições e esclarecimentos sobre políticas contábeis, eventos subsequentes, contingências, entre outros. VII. Demonstração do Valor Adicionado (DVA): essa demonstração evidencia como o valor gerado pela entidade é distribuído entre funcionários, fornecedores, governo e acionistas. A combinação dessas demonstrações proporciona uma imagem completa das atividades � nanceiras da entidade, permitindo aos usuários analisar seu desempenho, posição � nanceira e movimentos de caixa ao longo do tempo. Isso é essencial para a tomada de decisões informadas por parte dos investidores, credores, analistas e outras partes interessadas. Antes de fi nalizar esta unidade, vamos retomar nosso exercício de observar a estrutura das demonstrações contábeis de uma empresa participante de mercado de capitais da Brasil Bolsa Balcão (B3), acessando o link https://www.rad.cvm.gov.br/ENET/frmGerenciaPaginaFRE. aspx?NumeroSequencialDocumento=121495&CodigoTipoInstituicao=1. Em seguida, analise as demonstrações contábeis, observando suas estruturas de contas contábeis, considerando as características qualitativas fundamentais, características qualitativas de melhoria, a premissa de continuidade operacional, o regime de competência, a materialidade e a agregação, a compensação de valores, a informação comparativae a consistência de apresentação. 18WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, a ideia era nos aproximarmos da elaboração das demonstrações contábeis e, para isso, primeiro tínhamos que conhecer os detalhes da estrutura conceitual para relatórios � nanceiros e apresentação das demonstrações contábeis. Então, avançamos na compreensão das operações � nanceiras e tomadas de decisão nas organizações. Desde a divisão entre contabilidade gerencial e � nanceira até a convergência das normas contábeis brasileiras com as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), pudemos vislumbrar como essa disciplina desenha a essência dos negócios modernos. A contabilidade, em sua essência, transcende números e balanços, revelando-se como uma linguagem universal que conecta empresas, investidores, reguladores e outros stakeholders. Através das demonstrações contábeis, como o balanço patrimonial e a demonstração do resultado, o relato � nanceiro ganha vida, retratando a saúde � nanceira, desempenho e direção estratégica das entidades. Essas informações não apenas guiam as decisões dos gestores, mas também orientam a con� ança e a alocação de recursos por parte dos investidores. Nesse trajeto, emergem conceitos cruciais como os usuários internos e externos da informação contábil, revelando que a contabilidade é, ao mesmo tempo, um instrumento interno de gerenciamento e uma janela para o mundo externo. As características qualitativas das informações � nanceiras úteis, como relevância, � dedignidade e comparabilidade, transcendem os números brutos, moldando a narrativa subjacente às demonstrações contábeis e conferindo- lhes signi� cado. A interconexão entre teorias, como a contratual e a de agência, e a informação contábil, juntamente com a in� uência do mercado de capitais, solidi� ca a contabilidade como um elemento catalisador da governança corporativa e da tomada de decisões informadas. Esses conceitos se fundem para criar um panorama em que a contabilidade não é apenas uma atividade administrativa, mas um alicerce estratégico para as organizações. A busca pela convergência com as IFRS revela a aspiração global de harmonização contábil, promovendo a integração econômica e facilitando a comparabilidade das informações � nanceiras em escala internacional. Essa iniciativa re� ete o compromisso em elevar os padrões contábeis e proporcionar um cenário de negócios mais transparente e con� ável, atraindo investidores e aprimorando a credibilidade das organizações no cenário global. Por � m, não esgotamos o assunto de matéria contábil sobre estrutura conceitual para relatórios � nanceiros e apresentação das demonstrações contábeis, pois a gama de normas contábeis é abrangente conforme as especi� cidades de cada atividade contábil. No entanto, a abordagem desta unidade é abrangente o su� ciente para iniciarmos nosso conhecimento sobre a elaboração das demonstrações contábeis, reforçando que a contabilidade é muito mais do que uma disciplina técnica. Ela é um pilar fundamental da tomada de decisões, da alocação e� ciente de recursos e da comunicação transparente, sustentando a essência dos negócios modernos e moldando o futuro das organizações em uma economia globalizada e interconectada. 1919WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................21 1. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ......................................................................................................................... 22 1.1 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ......................................................................................... 22 2. BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................................................................... 23 2.1 ESTRUTURA E MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................... 23 2.2 CLASSIFICAÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE ........................................................................ 24 2.3 ATIVOS ................................................................................................................................................................ 26 2.3.1 ATIVOS CIRCULANTES .................................................................................................................................... 26 2.3.2 ATIVOS NÃO CIRCULANTES .......................................................................................................................... 27 2.4 PASSIVO .............................................................................................................................................................. 28 2.4.1 PASSIVO CIRCULANTE .................................................................................................................................... 29 BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO PROF. ME. GIOVANI LAURETTI BERNADO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: NIVELAMENTO EM CONTABILIDADE 20WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE .......................................................................................................................... 29 2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...................................................................................................................................... 30 3. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO (DR) ............................................................................................................. 32 3.1 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO ......................................................... 33 3.1.1 RECEITAS ........................................................................................................................................................... 33 3.1.2 GANHOS ............................................................................................................................................................ 33 3.1.3 DESPESAS ........................................................................................................................................................ 34 3.1.4 PERDAS ............................................................................................................................................................. 34 3.2 PROCESSO DE RECONHECIMENTO ................................................................................................................ 34 3.2.1 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DE RECEITAS E DESPESAS ............................................................... 35 3.2.2 RECONHECIMENTO DE RECEITAS ............................................................................................................... 36 3.2.3 RECONHECIMENTO DE DESPESAS .............................................................................................................. 36 3.3 CRITÉRIOS OBSERVÁVEIS AO RECONHECIMENTO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ................................37 3.4 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..................................................... 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 40 21WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO No universo da contabilidade, as demonstrações contábeis desempenham um papel essencial ao comunicar a posição � nanceira, desempenho e � uxos de caixa de uma entidade. Essas demonstrações, fundamentais para a tomada de decisões econômicas e � nanceiras, fornecem informações relevantes aos usuários externos e internos, possibilitando uma análise crítica das operações eque a distinção entre ativos e passivos circulantes e não circulantes no balanço é útil para identi� car ativos líquidos em circulação e aqueles usados em operações de longo prazo (CPC 00, R2, 2019). Agora, para praticar, vamos identifi car o balanço patrimonial acessando o link https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e- servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm. Com isso, a partir dos relatórios do balanço patrimonial, identifi que a estrutura dos ativos, passivos e patrimônio líquido da empresa. 25WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com isso, o balanço patrimonial deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, bem como passivos circulantes e não circulantes, pois essa separação é uma prática comum na contabilidade para categorizar os itens do balanço patrimonial de acordo com sua liquidez e horizonte temporal (CPC 00, R2, 2019). Essa classi� cação ajuda a entender a disponibilidade dos recursos e as obrigações de uma entidade em diferentes períodos. I. Ativos Circulantes (Curto Prazo): incluem os ativos que são esperados para serem convertidos em dinheiro ou utilizados dentro de um ciclo operacional normal da empresa, geralmente dentro de um ano (CPC 00, R2, 2019). II. Passivos Circulantes (Curto Prazo): são as obrigações da entidade que devem ser cumpridas em um ciclo operacional normal ou em um período de um ano (CPC 00, R2, 2019). III. Ativos Não Circulantes (Longo Prazo): incluem ativos que não serão convertidos em dinheiro ou utilizados em operações no ciclo operacional normal da empresa, geralmente com horizonte superior a um ano (CPC 00, R2, 2019). IV. Passivos Não Circulantes (Longo Prazo): representam as obrigações da entidade que não precisam ser liquidadas no curto prazo, geralmente com prazo de vencimento superior a um ano (CPC 00, R2, 2019). A separação em curto e longo prazo é útil para entender como a entidade � nancia suas operações de curto prazo e também como lida com obrigações e investimentos de longo prazo (CPC 00, R2, 2019). Essa divisão fornece insights sobre a estrutura de � nanciamento, a liquidez e a gestão de riscos da entidade em diferentes horizontes temporais (SALOTTI et al., 2019). Em suma, na apresentação das demonstrações contábeis, a separação entre circulante e não circulante está diretamente relacionada ao grau de liquidez e exigibilidade de ativos e passivos, em ordem decrescente (FAVERO et al., 2011). Para saber mais sobre o ciclo operacional, ciclo fi nanceiro e ciclo econômico, acesse o seguinte link: https://youtu.be/ZDce8B7S7ac. Para saber mais sobre ativo circulante e ativo não circulante, acesse o seguinte link: https://youtu.be/YheXvC-b9uA. 26WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Ativos Os ativos, de acordo com a de� nição do Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro -, são um recurso que a entidade controla devido a eventos ocorridos no passado e que é esperado gerar benefícios econômicos no futuro. Esse recurso pode ser um direito sobre algo que possui potencial para produzir � uxos de caixa ou benefícios � nanceiros para a entidade, e a entidade tem a capacidade de tomar decisões sobre como usar esse recurso (IUDÍCIBUS, 2021). No que tange ao recurso econômico, não precisa ter uma probabilidade alta de gerar benefícios, basta ter a capacidade de fazê-lo em, pelo menos, uma situação (CPC 00, R2, 2019). Reconhecemos que os recursos econômicos podem trazer benefícios de diversas maneiras, desde receber � uxos de caixa até a troca de recursos em termos favoráveis (CPC 00, R2, 2019). O controle é um elemento crucial, pois uma entidade controla um recurso quando tem o poder atual de direcionar seu uso e colher os benefícios dele (CPC 00, R2, 2019). O controle é estabelecido por direitos legais, mas também pode derivar de outras formas de garantir a capacidade de direcionar o uso do recurso econômico (CPC 00, R2, 2019). Para identi� car um ativo, é necessário entender a natureza dos direitos e recursos econômicos advindos do controle e capacidade de geração de benefícios futuros (CPC 00, R2, 2019). Esses direitos podem vir em várias formas, desde direitos de receber dinheiro até a capacidade de trocar recursos econômicos favoravelmente (CPC 00, R2, 2019). Eles podem surgir de contratos, legislação ou outras fontes (CPC 00, R2, 2019). É vital entender que nem todos os direitos se tornam ativos, pois eles precisam ter o potencial de gerar benefícios econômicos exclusivos para a entidade e serem controlados por ela (CPC 00, R2, 2019). 2.3.1 Ativos circulantes Os ativos circulantes representam o grupo de contas que se espera a sua conversão em dinheiro ou seu consumo dentro do ciclo operacional normal da empresa (1 ano) (CPC 00, R2, 2019), sendo subdividido em: I. Disponibilidades: serão classi� cados neste subgrupo os valores numerários disponíveis em caixa e em estabelecimentos bancários com direito à imediata utilização (FÁVERO et al., 2011). II. Créditos: subgrupo destinado à classi� cação de direitos a receber, decorrentes de vendas a prazo e outras operações a prazo efetuadas pela empresa cujo prazo de realização seja de até 12 (doze) meses. Normalmente são classi� cados neste subgrupo duplicatas a receber, adiantamentos, impostos a recuperar e outros direitos a receber oriundos do registro dos fatos contábeis decorrentes das transações realizadas pela empresa (FÁVERO et al., 2011). III. Investimentos Temporários: serão classi� cados neste subgrupo valores aplicados de caráter temporário, cujo prazo de resgate seja inferior a 12 (doze) meses, tais como: Depósito a Prazo Fixo, Investimentos em Fundo de Ações, Letras de Câmbio etc. IV. Estoques: serão classi� cadas neste subgrupo as mercadorias para revenda e demais itens que são ativados para posterior utilização, como, por exemplo, material de consumo, material de expediente etc. (FÁVERO et al., 2011). 27WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA V. Despesas do Exercício Seguinte: serão classi� cadas neste subgrupo as despesas cujo fato gerador ainda não ocorreu, mas que, por terem sido pagas ou contratadas, foram registradas na época do pagamento ou contratação para posterior apropriação, tais como: aluguéis, juros e os seguros pagos antecipadamente (FÁVERO et al., 2011). 2.3.2 Ativos não circulantes Compõem os investimentos de caráter permanente, os bens do imobilizado e do intangível. Este grupo de contas poderá ser subdividido em: Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível (CPC 00, R2, 2019), sendo subdividido em: I. Ativo Realizável a Longo Prazo: serão classi� cados neste subgrupo os valores a receber, os investimentos temporários e as despesas antecipadas cujo prazo de realização ou apropriação ocorrerá em prazo superior a 12 (doze) meses. II. Créditos: subgrupo destinado à classi� cação dos direitos a receber, decorrentes de transações efetuadas cujo vencimento dar-se-á em prazo superior a 12 (doze) meses (FÁVERO et al., 2011). III. Investimentos Temporários: serão classi� cados neste subgrupo valores aplicados de caráter temporário, cujo prazo de resgate seja após 12 (doze) meses, tais como: Depósito a Prazo Fixo, Investimentos em Fundo de Ações, Letras de Câmbio etc. (FÁVERO et al., 2011). IV. Despesas de Exercícios Seguintes: serão classi� cadas neste subgrupo as despesas cujo fato gerador ainda não ocorreu, mas que, por terem sido pagas ou contratadas, foram registradas na época do pagamento ou contratação, cuja apropriação dar-se-á em exercícios futuros (FÁVERO et al., 2011). V. Investimentos: serão registradas neste subgrupo as participações permanentes em outras sociedades e outros investimentos que não se destinem à(s) atividade(s) principal(is) da empresa (FÁVERO et al., 2011). VI. Imobilizado:serão registrados os bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa, ou exercidos com essa � nalidade, inclusive os decorrentes de operações que trans� ram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens (FÁVERO et al., 2011). VII. Intangível: serão registrados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa � nalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido (FÁVERO et al., 2011). 28WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 Passivo Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados (CPC 00, R2, 2019). Para ser considerado um passivo, três critérios devem ser atendidos: (1) a entidade tem uma obrigação, que é um dever ou responsabilidade que ela não pode evitar; (2) a obrigação é de transferir um recurso econômico; (3) a obrigação é uma obrigação presente resultante de eventos passados. No contexto da contabilidade, o passivo presente no balanço patrimonial deve ser mensurado e reconhecido quando a transação relacionada deve ser mensurável ou passível de uma estimativa razoável, ou seja, possuir materialidade (CPC 00, R2, 2019). Além disso, a informação deve ser relevante, ou seja, ela deve ter um impacto nas decisões dos usuários das demonstrações � nanceiras (CPC 00, R2, 2019). Igualmente, a capacidade de mensuração e reconhecimento de um passivo deve ser precisa, ou seja, ela deve ser representada de maneira � dedigna, veri� cável e neutra (CPC 00, R2, 2019). É importante salientar que, de acordo com Hendriksen e Van Brenda (2018), a determinação do reconhecimento de uma obrigação depende do evento ou da transação que a origina, seja uma despesa, perda ou recebimento relacionado a um ativo especí� co. No caso de um passivo que não possa ser mensurado com con� ança, a entidade deve divulgá-lo em uma Nota Explicativa (CPC 00, R2, 2019). De acordo com Iudícibus (2021), o principal desa� o com relação aos passivos não se encontra na sua avaliação e mensuração, mas, sim, na decisão sobre quando reconhecê-los e registrá-los, especialmente quando envolvem eventos futuros. Em suma, os passivos representam obrigações que requerem sacrifícios ou pagamentos. Para a maioria dos passivos, o momento de reconhecimento e a obrigação estão ligados a um contrato, no qual a data e o valor são conhecidos ou podem ser determinados (FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018). No entanto, conforme salientado por Iudícibus (2021), existem situações em que os pagamentos futuros estão vinculados a eventos que ainda ocorrerão, como a possibilidade de uma perda – o que é o caso dos passivos contingentes e provisões disciplinados pelo CPC 25. Agora, para praticar, vamos identifi car os ativos nas demonstrações, acessando o link https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda- variavel/empresas-listadas.htm. Com isso, a partir do balanço patrimonial, identifi que os ativos circulantes e não circulantes, observando as características de controle, resultado de eventos passados e capacidade de gerar benefícios futuros. 29WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4.1 Passivo circulante São as obrigações da entidade que devem ser cumpridas em um ciclo operacional normal ou em um período de um ano (CPC 00, R2, 2019), sendo subdividido em (FÁVERO et al., 2011): I. Obrigações Operacionais: neste subgrupo classi� cam-se as obrigações relacionadas diretamente com as operações da empresa, tais como aquelas decorrentes de compras a prazo, obrigações e encargos trabalhistas etc. II. Obrigações Financeiras: neste subgrupo também estarão as obrigações relacionadas com as operações da empresa, todavia, envolve somente aquelas relacionadas a empréstimos e � nanciamentos, objetivando evidenciar um fator de análise mais acurado para os gestores da organização. III. Obrigações com Sócios ou Acionistas: neste subgrupo serão registradas as obrigações relacionadas diretamente com a distribuição de resultados, tais como: dividendos a pagar, participação nos lucros a pagar etc. IV. Outras Obrigações: serão registradas aqui as obrigações que não estejam diretamente relacionadas às operações da empresa, tais como: participações a pagar, fretes a pagar, nota promissória a pagar etc. V. Obrigações Provisionadas: neste subgrupo serão registradas as provisões que serão efetuadas em obediência ao Princípio da Competência, tais como: provisão para 13° salário, provisão para férias, provisão para imposto de renda etc. 2.4.2 Passivo não circulante São as obrigações da entidade que devem ser cumpridas em um ciclo operacional normal ou em um período de um ano (CPC 00, R2, 2019), sendo subdividido em (FÁVERO et al., 2011): Vamos realizar uma leitura adicional do Código de Pronunciamentos Contábeis CPC 25 sobre provisões, passivos contingentes e ativos contingentes? Acesse o seguinte link: https://www.cpc.org.br/Arquivos/ Documentos/304_CPC_25_rev%2019.pdf. Para aprender mais, vamos assistir a um vídeo sobre Provisões, Passivos e ativos contingentes, acessando o seguinte link: https:// youtu.be/meKwKNWyglo. 30WWW.UNINGA.BR NI VE LA M EN TO E M C ON TA BI LI DA DE | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA I. Obrigações Operacionais: neste subgrupo classi� cam-se as obrigações relacionadas diretamente com as operações da empresa, cujo prazo de pagamento será após o prazo de 12 (doze) meses, tais como aquelas decorrentes de compras a prazo, obrigações e encargos trabalhistas etc. II. Obrigações Financeiras: neste subgrupo também se classi� cam as obrigações relacionadas com as operações da empresa com prazo de pagamento superior a 12 (doze) meses, todavia, envolve somente aquelas relacionadas a empréstimos e � nanciamentos, objetivando evidenciar um fator de análise mais acurado para os gestores da organização. III. Outras Obrigações: serão registradas neste subgrupo as obrigações que não estejam diretamente relacionadas às operações da empresa e deverão ser pagas em prazo superior a 12 (doze) meses, tais como: participações a pagar, fretes a pagar, nota promissória a pagar etc. IV. Receitas, Custos e Despesas Diferidas: neste subgrupo serão registradas as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes. Esse registro é efetuado em obediência ao Princípio da Competência, que determina que as receitas e despesas deverão ser consideradas no período em que ocorrer o fato gerador. 2.5 Patrimônio Líquido O patrimônio líquido é a porção restante de ativos de uma entidade após a subtração de todos os seus passivos (CPC 00, R2, 2019), sendo representado pela equação patrimonial, também conhecida como equação fundamental da contabilidade, é um conceito central na contabilidade (CPC 00, R2, 2019). Ela expressa a relação básica entre os componentes do patrimônio de uma entidade (CPC 00, R2, 2019). A equação patrimonial é representada da seguinte forma: ativos = passivos + patrimônio líquido A equação patrimonial re� ete o princípio contábil da igualdade entre os recursos utilizados (ativos) e a origem desses recursos (passivos e patrimônio líquido) . Ela é usada para manter o balanço e garantir que os registros contábeis estejam em conformidade com a realidade econômica da entidade (FLORES et al., 2018). Portanto, alterações nos ativos, passivos ou patrimônio líquido afetarão essa equação e, por sua vez, se re� etirão nas demonstrações contábeis. Isso signi� ca que os ativos de uma entidade, que são os recursos controlados por ela, são Vamos identifi car os passivos nas demonstrações acessando o link: https://www. b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas- listadas.htm. Com isso, a partir do balanço patrimonial, identifi que os passivos circulantes e não circulantes das empresas, observandocontábeis, em sua forma bruta, são como um livro contábil esperando para ser lido. Através de rácios e métricas, as nuances das demonstrações contábeis ganham vida, fornecendo insights sobre a e� ciência operacional, liquidez, solvência e rentabilidade. Essa é a lente pela qual as demonstrações contábeis se transformam em inteligência acionável. Em conclusão, nosso mergulho inicial na elaboração das demonstrações contábeis revelou uma vasta profundidade de conhecimento sobre um sistema de informações interconectadas que informam e orientam a gestão, os investidores e outros stakeholders. As nuances presentes nos ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas são os elementos constituintes das demonstrações contábeis. A precisão técnica, que é inegavelmente crucial aos Códigos e Pronunciamento Contábeis (CPCs), fornece arcabouço normativo para que avancemos nesse cenário complexo. Lembremo-nos de que as demonstrações contábeis não são apenas registros, mas, sim, uma narrativa � nanceira que pode orientar decisões e moldar o destino das organizações no cenário dinâmico dos negócios. Por � m, não esgotamos o assunto de matéria contábil sobre a elaboração do balanço patrimonial, demonstração de resultado. No entanto, a abordagem desta unidade é abrangente o su� ciente para ser aplicada em quaisquer empresas. Desde que seja observada a manutenção da boa prática contábil conforme as normas contábeis disciplinadas pelos Códigos, Pronunciamentos Contábeis (CPCs) e lei societária vigente. 41WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ALMEIDA, M. C. Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. FAMA, E. F. 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