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52
Questão 1
Papai não é mamãe
 
Todo homem que queira se manter
competitivo no mercado das relações amorosas,
atualmente, precisa demonstrar que reza pela
cartilha do politicamente correto no quesito
5 paternidade. Ou seja, ter disposição (ou pelo
menos dizer que tem) para desempenhar toda e
qualquer tarefa relacionada ao cuidado com os
filhos. (...) Já vai longe o tempo em que levantar
as pernas para a mulher passar o aspirador era
10 considerado uma grande ajuda. Esquentar a
mamadeira, preparar a papinha, trocar a fralda e
dar banho no bebê são atividades, entre muitas
outras, que um pai pode perfeitamente
desempenhar. Mas há excessos na concepção
15 mais difundida de paternidade moderna. O
principal deles é equiparar pai e mãe na
capacidade de suprir as necessidades físicas e
afetivas dos filhos. A influência que o pai pode ter
sobre seus rebentos, especialmente quando eles
20 ainda são bebês, é limitada por fatores biológicos.
Forçá-lo a agir como se pudesse substituir a mãe
pode ter efeitos devastadores.
(...) Os homens estão sendo submetidos a
duas forças opostas. De um lado, a pressão das
25 mulheres para que exerçam a paternidade de uma
maneira historicamente inédita, em que várias das
tarefas maternas lhes são confiadas. De outro, a
limitação de ordem natural, que faz com que eles
não se sintam totalmente à vontade nas novas
30 funções.
Ordem natural? O pensamento de extração
feminista atribui o desconforto dos homens nos
cuidados com os filhos a aspectos culturais
originados do machismo patriarcal. Por esse
35 argumento, os pais não conseguem ter a mesma
delicadeza, afetuosidade e disponibilidade que as
mães simplesmente porque não se despem dos
valores que lhes foram inculcados e que
continuam a ser reproduzidos nas diferentes
40 esferas da vida social. Não foram educados para
cuidar de crianças e não encontram respaldo no
ambiente de trabalho para serem pais participativos.
Tudo isso é, em parte, verdadeiro. Meninos são
ensinados a manter-se longe de bonecas, e é mais
45 fácil para uma mãe do que para um pai convencer
o chefe de que precisa sair mais cedo para levar o
filho ao médico. (...) Chegamos, então, à “ordem
natural”. Por mais que as pessoas acreditem na
versão politicamente correta da paternidade, o
50 fato é que a maioria estranha quando os homens
desempenham tarefas tradicionalmente maternas.
Isso é errado? Não. “As regras sociais e culturais
não surgem do nada. Elas têm uma origem
biológica”, diz o psicólogo evolutivo americano
55 David Barash, da Universidade de Washington.
Entre as características tipicamente
masculinas que, em geral, são deixadas de lado
quando se tenta cuidar de uma criança com a
mesma dedicação de uma mãe, estão a autonomia,
60 o gosto pela competição e a agressividade. A
perda de virilidade experimentada pela maioria
dos homens que se põem a realizar trabalhos
associados a mulheres tem bases químicas.
Experiências de laboratório mostram, por
65 exemplo, que os níveis de testosterona no
organismo caem quando o homem segura uma
boneca nos braços. O efeito é o mesmo de quando
o marmanjo embala um bebê de verdade. O
hormônio masculino por excelência é aquele que,
70 entre outras coisas, proporcionava aos machos
humanos, nos tempos das cavernas, o ímpeto de
caçar, acasalar-se – e dar uma bordoada na cabeça
do inimigo.
Faz sentido, portanto, que a evolução tenha
75 moldado o organismo do homem de forma tal a
diminuir os níveis de testosterona na presença de
crianças – não só as suas, como as de outros. Do
contrário, eles representariam sempre um perigo
para aqueles serzinhos adoráveis – e gritadores, e
80 chorões, e... irritantes. (...) A descoberta reforça a
tese de que o natural para um homem é ser
provedor e protetor – não um trocador de fraldas.
(...)
Evidentemente, não se trata de propor que os
85 pais modernos voltem a se comportar como na
idade da pedra. "O que não se pode é exigir que
eles assumam o papel das mães", diz o psicólogo
americano Aaron Rochlen, da Universidade do
Texas, autor de um estudo sobre homens que se
90 tornaram donos de casa.
Papai não é mamãe. Veja, ed. 2.142, 9 dez. 2009. p. 100-106.(Adaptado.)
Assinale o que for correto a respeito do uso do advérbio no texto.
01) Em “Evidentemente, não se trata de propor que os pais modernos voltem a se comportar como
na idade da pedra.” (linhas 84-86), o advérbio em negrito modifica toda a oração e demonstra a
certeza do autor do texto a respeito da ideia veiculada na oração.
02) Em “Já vai longe o tempo...” (linha 8), o advérbio em negrito assume sentido de distância
espacial, uma vez que o comportamento do homem atual se aproxima do esperado pelas mulheres.
04) Em “politicamente correto” (linha 4), “tradicionalmente maternas” (linha 51) e “tipicamente
masculinas” (linhas 56-57), os advérbios em negrito modificam os adjetivos que os sucedem.
08) Em “... eles representariam sempre um perigo...” (linha 78), o advérbio em negrito indica uma
circunstância de tempo.
16) Em “A influência que o pai pode ter sobre seus rebentos, especialmente quando eles ainda são
bebês...” (linhas 18-20), o advérbio em negrito delimita o alcance da validade da ideia expressa pela
oração antecedente.
Gabarito:
29
Resolução:
01 + 04 + 08 + 16 = 29
Apenas a afirmação 02 está incorreta, pois o advérbio "longe" expressa a noção de distância
temporal, e não espacial.
Questão 2
Pau de dois bicos
Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao
regressar não investisse contra ele.
– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos?
– Achas então que sou rato? Não tenho asas e não voo como tu? Rato, eu? Essa é boa!...
A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.
Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia
de cólera.
– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves?
– E quem te disse que sou ave? – retruca o cínico – sou muito bom bicho de pelo, como tu, não
vês?
– Mas voas!...
– Voo de mentira, por fingimento...
– Mas tem asas!
– Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de
pelo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa...
O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo.
Moral da Estória:
O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco?
Viva o branco!
(MONTEIRO LOBATO, José Bento. Fábulas. 45. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 49.)
Considerando o trecho em negrito no texto "Pau de dois bicos", assinale a alternativa correta. Nos
dois casos, a palavra “mas” 
a) opõe-se ao argumento “sou muito bom bicho de pelo”.
b) revela a causa do “voo de mentira”.
c) expressa a consequência dos fatos narrados.
d) marca a condição do “voo de mentira”.
e) explica o argumento “sou muito bom bicho de pelo”.
Gabarito:
A
Resolução:
As falas do gato "Mas voas" e "Mas tem asas" opõem-se ao argumento do morcego de que seria "um
muito bom bicho de pelo". Diante desse argumento, que lhe parece falso, o gato tenta contra-
argumentar a partir de fatos concretos, por isso o "mas", nos dois casos, expressa oposição.
Questão 3
Por que a docência não atrai 
Baixos salários, desvalorização social e más condições de trabalho. De acordo com os resultados do
estudo da Fundação Victor Civita, esse conjunto de fatores afasta a maioria dos alunos que em algum
momento chegou a pensar em se tornar professor. 
Sim, o professor é fundamental para a sociedade e exerce um trabalho importante, nobre,
gratificante e de muita responsabilidade. Mas, não, obrigado, não queremos ir para a sala de aula. É
isso que diz a maior parte dos jovens brasileiros hoje. O trabalho é mal remunerado e o docente é
confrontado pelos alunos, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade. Na pesquisa da
Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2%aproveitem enquanto estão no aquário
e
43 na redoma, enquanto estão na porta da vida e
44 do colégio. O destino também passa por aí. E
a
45 gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna. Seleção e prefácio de Letícia Malard.
Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
No enunciado "Aprenderam que a vida é também um exercício de separação" (l. 15-17), o termo
também pode ser substituído, sem prejuízo do enunciado, por
a) além disso.
b) inclusive.
c) na verdade.
d) realmente.
Gabarito:
B
Resolução:
O termo também tem valor aditivo, assim como "inclusive". "Além disso" tem valor aditivo, mas não
ficaria adequado na mesma posição que também ocupa na frase. "Na verdade" e "realmente"
extrapolariam este valor aditivo, dando ênfase e valor de verdade à afirmação.dos estudantes do
terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de carreira.
Esse resultado bate com o panorama dos maiores vestibulares do país. De acordo com o Censo da
Educação Superior de 2009, Pedagogia, Licenciaturas e outros cursos ligados à formação de
professores têm uma relação candidato/vaga bastante desfavorável. O maior vestibular do país,
promovido pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), oferece 109 opções de cursos. E a
graduação em Pedagogia no campus de São Paulo está na 90ª posição; no de Ribeirão Preto, é ainda
pior: 92ª. Licenciaturas e disciplinas da Educação Básica são ainda menos procuradas pelos jovens.
O estudo da FVC/FCC revela outro dado interessante. Os pesquisadores perguntaram aos 1.501
alunos entrevistados na parte quantitativa da análise se em algum momento do processo de escolha
profissional eles haviam cogitado trabalhar como professor e 32% responderam que sim. Porém
quase todos logo descartaram a ideia. A questão voltou a ser abordada nos grupos de discussão,
gerando reações que iam da surpresa ao riso. Como explica Ivan*, que estuda numa escola particular
em Campo Grande: “Já pensei em ser professor, só que desisti rápido. Não tenho essa vocação, essa
habilidade”. Nas palavras de Carlos*, aluno da rede pública de Fortaleza, “já imaginei me tornar
professor de Inglês, mas foi só por um momento”.
Investigar as razões para essa desistência em massa ajuda a compor o painel da baixa atratividade
da carreira. Analisando os aspectos negativos da profissão, 40% apontaram a baixa remuneração. A
alta expectativa em adquirir bens, motivada pela sociedade de consumo e pelo apelo das novas
tecnologias, faz com que a questão salarial tenha grande peso na hora de escolher a carreira, afirma
Patrícia Cristina Albieri de Almeida, pesquisadora da FCC e uma das coordenadoras do estudo. Além
disso, os estudantes levam em conta a possibilidade de a profissão dar condições mínimas para
sustentar o padrão de vida conquistado pelos pais. [...]
Um segundo grupo de motivos para não considerar a docência como uma possível carreira tem a ver
com a falta de identificação pessoal ou profissional, apontada por 32% dos que chegaram a pensar
em ser professor. Nas palavras dos jovens, essa é uma profissão que exige vocação, dom, amor, ou
seja, as questões técnicas do trabalho estão extremamente desvalorizadas. Um professor tem que ter
o dom, tem que ser uma pessoa iluminada para poder ensinar, opina Ana*, de uma escola particular
de Curitiba. Sua colega Roberta* concorda: o essencial é ter vocação e muita paciência para lidar com
as pessoas. 
[...]
Ao enxergar a docência como um sacerdócio, os jovens de certa forma reforçam o sentimento de que
o professor não tem sequer o direito de exigir uma compensação financeira por seu trabalho,
devendo simplesmente amar o que faz, avalia Patrícia. Nos grupos de discussão realizados em
escolas particulares, alguns estudantes chegaram a mencionar que poderiam atuar em sala de aula
como um hobby ou uma ação humanitária paralelos à profissão oficial. Para os especialistas, essa
concepção equivocada é até justificável. No dia a dia da sala de aula, o aluno vê as dificuldades do
professor e, como o considera tão desvalorizado, só justifica essa opção por atuar na escola como um
dom, argumenta Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, professora da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
O cotidiano escolar é apontado diretamente como uma fonte de desistência num terceiro grupo de
respostas, que inclui o desrespeito e o desinteresse dos alunos e as más condições de trabalho.
Vários jovens afirmam que não se sentem atraídos pela docência pelo que presenciam nas próprias
salas de aula. Jorge* é representante de turma numa escola particular em Campo Grande e diz: “Se
quando tenho de falar com meus colegas por cinco minutos já é complicado, imagine o professor, que
dá seis aulas de 50 minutos para quem não quer prestar atenção”. Também não passam
despercebidas a necessidade constante de estudo e as atribuições que extrapolam o horário letivo,
como lembra Leila*, estudante de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador:
“Depois de trabalhar em vários turnos, muitos ainda têm de chegar em casa, elaborar aula e prova e
tudo o mais.”
 
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/032.shtml 
 
* nomes fictícios
A pesquisa realizada constatou que a relação candidato/vaga nos cursos de Licenciatura e de
Pedagogia é muito baixa. Descreva os motivos que justificam esse resultado com base no texto.
Gabarito:
(Resolução oficial)
Com base no texto, os motivos que justificam o fato de a relação candidato/vaga nos cursos de
licenciatura ser baixa são: baixos salários, desvalorização social, más condições de trabalho, falta de
vocação, desrespeito e desinteresse dos alunos, necessidade constante de estudo e as atribuições
que extrapolam o horário letivo.
Questão 4
Por que a docência não atrai 
Baixos salários, desvalorização social e más condições de trabalho. De acordo com os resultados do
estudo da Fundação Victor Civita, esse conjunto de fatores afasta a maioria dos alunos que em algum
momento chegou a pensar em se tornar professor. 
Sim, o professor é fundamental para a sociedade e exerce um trabalho importante, nobre,
gratificante e de muita responsabilidade. Mas, não, obrigado, não queremos ir para a sala de aula. É
isso que diz a maior parte dos jovens brasileiros hoje. O trabalho é mal remunerado e o docente é
confrontado pelos alunos, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade. Na pesquisa da
Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos estudantes do
terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de carreira.
Esse resultado bate com o panorama dos maiores vestibulares do país. De acordo com o Censo da
Educação Superior de 2009, Pedagogia, Licenciaturas e outros cursos ligados à formação de
professores têm uma relação candidato/vaga bastante desfavorável. O maior vestibular do país,
promovido pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), oferece 109 opções de cursos. E a
graduação em Pedagogia no campus de São Paulo está na 90ª posição; no de Ribeirão Preto, é ainda
pior: 92ª. Licenciaturas e disciplinas da Educação Básica são ainda menos procuradas pelos jovens.
O estudo da FVC/FCC revela outro dado interessante. Os pesquisadores perguntaram aos 1.501
alunos entrevistados na parte quantitativa da análise se em algum momento do processo de escolha
profissional eles haviam cogitado trabalhar como professor e 32% responderam que sim. Porém
quase todos logo descartaram a ideia. A questão voltou a ser abordada nos grupos de discussão,
gerando reações que iam da surpresa ao riso. Como explica Ivan*, que estuda numa escola particular
em Campo Grande: “Já pensei em ser professor, só que desisti rápido. Não tenho essa vocação, essa
habilidade”. Nas palavras de Carlos*, aluno da rede pública de Fortaleza, “já imaginei me tornar
professor de Inglês, mas foi só por um momento”.
Investigar as razões para essa desistência em massa ajuda a compor o painel da baixa atratividade
da carreira. Analisando os aspectos negativos da profissão, 40% apontaram a baixa remuneração. A
alta expectativa em adquirir bens, motivada pela sociedade de consumo e pelo apelo das novas
tecnologias, faz com que a questão salarial tenha grande peso na hora de escolher a carreira, afirma
Patrícia Cristina Albieri de Almeida, pesquisadora da FCC e uma das coordenadoras do estudo. Além
disso, os estudantes levam em conta a possibilidade de a profissão dar condições mínimas para
sustentar o padrão de vida conquistado pelos pais. [...]
Um segundo grupo de motivos para não considerar a docência como uma possível carreira tem a ver
com a falta de identificação pessoal ou profissional, apontada por 32% dos que chegaram a pensar
em ser professor. Nas palavras dos jovens, essa é uma profissão que exige vocação, dom, amor,ou
seja, as questões técnicas do trabalho estão extremamente desvalorizadas. Um professor tem que ter
o dom, tem que ser uma pessoa iluminada para poder ensinar, opina Ana*, de uma escola particular
de Curitiba. Sua colega Roberta* concorda: o essencial é ter vocação e muita paciência para lidar com
as pessoas. 
[...]
Ao enxergar a docência como um sacerdócio, os jovens de certa forma reforçam o sentimento de que
o professor não tem sequer o direito de exigir uma compensação financeira por seu trabalho,
devendo simplesmente amar o que faz, avalia Patrícia. Nos grupos de discussão realizados em
escolas particulares, alguns estudantes chegaram a mencionar que poderiam atuar em sala de aula
como um hobby ou uma ação humanitária paralelos à profissão oficial. Para os especialistas, essa
concepção equivocada é até justificável. No dia a dia da sala de aula, o aluno vê as dificuldades do
professor e, como o considera tão desvalorizado, só justifica essa opção por atuar na escola como um
dom, argumenta Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, professora da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
O cotidiano escolar é apontado diretamente como uma fonte de desistência num terceiro grupo de
respostas, que inclui o desrespeito e o desinteresse dos alunos e as más condições de trabalho.
Vários jovens afirmam que não se sentem atraídos pela docência pelo que presenciam nas próprias
salas de aula. Jorge* é representante de turma numa escola particular em Campo Grande e diz: “Se
quando tenho de falar com meus colegas por cinco minutos já é complicado, imagine o professor, que
dá seis aulas de 50 minutos para quem não quer prestar atenção”. Também não passam
despercebidas a necessidade constante de estudo e as atribuições que extrapolam o horário letivo,
como lembra Leila*, estudante de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador:
“Depois de trabalhar em vários turnos, muitos ainda têm de chegar em casa, elaborar aula e prova e
tudo o mais.”
 
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/032.shtml 
 
* nomes fictícios
Por que, segundo o texto, os especialistas consideram equivocada a imagem da docência como
sacerdócio?
Gabarito:
(Resolução oficial)
O objetivo da questão é verificar a capacidade do aluno de compreender e registrar adequadamente
a relação entre as opiniões de diferentes vozes do texto. A resposta completa deve contemplar a
diferença entre as visões do especialista e do jovem sobre a docência.
Questão 5
Por que a docência não atrai 
Baixos salários, desvalorização social e más condições de trabalho. De acordo com os resultados do
estudo da Fundação Victor Civita, esse conjunto de fatores afasta a maioria dos alunos que em algum
momento chegou a pensar em se tornar professor. 
Sim, o professor é fundamental para a sociedade e exerce um trabalho importante, nobre,
gratificante e de muita responsabilidade. Mas, não, obrigado, não queremos ir para a sala de aula. É
isso que diz a maior parte dos jovens brasileiros hoje. O trabalho é mal remunerado e o docente é
confrontado pelos alunos, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade. Na pesquisa da
Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos estudantes do
terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de carreira.
Esse resultado bate com o panorama dos maiores vestibulares do país. De acordo com o Censo da
Educação Superior de 2009, Pedagogia, Licenciaturas e outros cursos ligados à formação de
professores têm uma relação candidato/vaga bastante desfavorável. O maior vestibular do país,
promovido pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), oferece 109 opções de cursos. E a
graduação em Pedagogia no campus de São Paulo está na 90ª posição; no de Ribeirão Preto, é ainda
pior: 92ª. Licenciaturas e disciplinas da Educação Básica são ainda menos procuradas pelos jovens.
O estudo da FVC/FCC revela outro dado interessante. Os pesquisadores perguntaram aos 1.501
alunos entrevistados na parte quantitativa da análise se em algum momento do processo de escolha
profissional eles haviam cogitado trabalhar como professor e 32% responderam que sim. Porém
quase todos logo descartaram a ideia. A questão voltou a ser abordada nos grupos de discussão,
gerando reações que iam da surpresa ao riso. Como explica Ivan*, que estuda numa escola particular
em Campo Grande: “Já pensei em ser professor, só que desisti rápido. Não tenho essa vocação, essa
habilidade”. Nas palavras de Carlos*, aluno da rede pública de Fortaleza, “já imaginei me tornar
professor de Inglês, mas foi só por um momento”.
Investigar as razões para essa desistência em massa ajuda a compor o painel da baixa atratividade
da carreira. Analisando os aspectos negativos da profissão, 40% apontaram a baixa remuneração. A
alta expectativa em adquirir bens, motivada pela sociedade de consumo e pelo apelo das novas
tecnologias, faz com que a questão salarial tenha grande peso na hora de escolher a carreira, afirma
Patrícia Cristina Albieri de Almeida, pesquisadora da FCC e uma das coordenadoras do estudo. Além
disso, os estudantes levam em conta a possibilidade de a profissão dar condições mínimas para
sustentar o padrão de vida conquistado pelos pais. [...]
Um segundo grupo de motivos para não considerar a docência como uma possível carreira tem a ver
com a falta de identificação pessoal ou profissional, apontada por 32% dos que chegaram a pensar
em ser professor. Nas palavras dos jovens, essa é uma profissão que exige vocação, dom, amor, ou
seja, as questões técnicas do trabalho estão extremamente desvalorizadas. Um professor tem que ter
o dom, tem que ser uma pessoa iluminada para poder ensinar, opina Ana*, de uma escola particular
de Curitiba. Sua colega Roberta* concorda: o essencial é ter vocação e muita paciência para lidar com
as pessoas. 
[...]
Ao enxergar a docência como um sacerdócio, os jovens de certa forma reforçam o sentimento de que
o professor não tem sequer o direito de exigir uma compensação financeira por seu trabalho,
devendo simplesmente amar o que faz, avalia Patrícia. Nos grupos de discussão realizados em
escolas particulares, alguns estudantes chegaram a mencionar que poderiam atuar em sala de aula
como um hobby ou uma ação humanitária paralelos à profissão oficial. Para os especialistas, essa
concepção equivocada é até justificável. No dia a dia da sala de aula, o aluno vê as dificuldades do
professor e, como o considera tão desvalorizado, só justifica essa opção por atuar na escola como um
dom, argumenta Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, professora da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
O cotidiano escolar é apontado diretamente como uma fonte de desistência num terceiro grupo de
respostas, que inclui o desrespeito e o desinteresse dos alunos e as más condições de trabalho.
Vários jovens afirmam que não se sentem atraídos pela docência pelo que presenciam nas próprias
salas de aula. Jorge* é representante de turma numa escola particular em Campo Grande e diz: “Se
quando tenho de falar com meus colegas por cinco minutos já é complicado, imagine o professor, que
dá seis aulas de 50 minutos para quem não quer prestar atenção”. Também não passam
despercebidas a necessidade constante de estudo e as atribuições que extrapolam o horário letivo,
como lembra Leila*, estudante de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador:
“Depois de trabalhar em vários turnos, muitos ainda têm de chegar em casa, elaborar aula e prova e
tudo o mais.”
 
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/032.shtml 
 
* nomes fictícios
Releia o trecho seguinte: 
No dia a dia da sala de aula, o aluno vê as dificuldades do professor e, como o considera tão
desvalorizado, só justifica essa opção por atuar na escola como um dom, argumenta Ângela
Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
a) Que relação sintático-semântica se estabelece entre as orações em destaque? 
b) Reescrevaas orações, substituindo o termo destacado (como) por um outro marcador discursivo
que mantenha a relação sintático-semântica por ele estabelecida.
Gabarito:
(Resolução oficial)
a) Relação de explicação (causalidade pragmática)
b)[...] e, já que/visto que/por que/pelo fato de o considerar tão desvalorizado [...]
Questão 6
Por que a docência não atrai 
Baixos salários, desvalorização social e más condições de trabalho. De acordo com os resultados do
estudo da Fundação Victor Civita, esse conjunto de fatores afasta a maioria dos alunos que em algum
momento chegou a pensar em se tornar professor. 
Sim, o professor é fundamental para a sociedade e exerce um trabalho importante, nobre,
gratificante e de muita responsabilidade. Mas, não, obrigado, não queremos ir para a sala de aula. É
isso que diz a maior parte dos jovens brasileiros hoje. O trabalho é mal remunerado e o docente é
confrontado pelos alunos, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade. Na pesquisa da
Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos estudantes do
terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de carreira.
Esse resultado bate com o panorama dos maiores vestibulares do país. De acordo com o Censo da
Educação Superior de 2009, Pedagogia, Licenciaturas e outros cursos ligados à formação de
professores têm uma relação candidato/vaga bastante desfavorável. O maior vestibular do país,
promovido pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), oferece 109 opções de cursos. E a
graduação em Pedagogia no campus de São Paulo está na 90ª posição; no de Ribeirão Preto, é ainda
pior: 92ª. Licenciaturas e disciplinas da Educação Básica são ainda menos procuradas pelos jovens.
O estudo da FVC/FCC revela outro dado interessante. Os pesquisadores perguntaram aos 1.501
alunos entrevistados na parte quantitativa da análise se em algum momento do processo de escolha
profissional eles haviam cogitado trabalhar como professor e 32% responderam que sim. Porém
quase todos logo descartaram a ideia. A questão voltou a ser abordada nos grupos de discussão,
gerando reações que iam da surpresa ao riso. Como explica Ivan*, que estuda numa escola particular
em Campo Grande: “Já pensei em ser professor, só que desisti rápido. Não tenho essa vocação, essa
habilidade”. Nas palavras de Carlos*, aluno da rede pública de Fortaleza, “já imaginei me tornar
professor de Inglês, mas foi só por um momento”.
Investigar as razões para essa desistência em massa ajuda a compor o painel da baixa atratividade
da carreira. Analisando os aspectos negativos da profissão, 40% apontaram a baixa remuneração. A
alta expectativa em adquirir bens, motivada pela sociedade de consumo e pelo apelo das novas
tecnologias, faz com que a questão salarial tenha grande peso na hora de escolher a carreira, afirma
Patrícia Cristina Albieri de Almeida, pesquisadora da FCC e uma das coordenadoras do estudo. Além
disso, os estudantes levam em conta a possibilidade de a profissão dar condições mínimas para
sustentar o padrão de vida conquistado pelos pais. [...]
Um segundo grupo de motivos para não considerar a docência como uma possível carreira tem a ver
com a falta de identificação pessoal ou profissional, apontada por 32% dos que chegaram a pensar
em ser professor. Nas palavras dos jovens, essa é uma profissão que exige vocação, dom, amor, ou
seja, as questões técnicas do trabalho estão extremamente desvalorizadas. Um professor tem que ter
o dom, tem que ser uma pessoa iluminada para poder ensinar, opina Ana*, de uma escola particular
de Curitiba. Sua colega Roberta* concorda: o essencial é ter vocação e muita paciência para lidar com
as pessoas. 
[...]
Ao enxergar a docência como um sacerdócio, os jovens de certa forma reforçam o sentimento de que
o professor não tem sequer o direito de exigir uma compensação financeira por seu trabalho,
devendo simplesmente amar o que faz, avalia Patrícia. Nos grupos de discussão realizados em
escolas particulares, alguns estudantes chegaram a mencionar que poderiam atuar em sala de aula
como um hobby ou uma ação humanitária paralelos à profissão oficial. Para os especialistas, essa
concepção equivocada é até justificável. No dia a dia da sala de aula, o aluno vê as dificuldades do
professor e, como o considera tão desvalorizado, só justifica essa opção por atuar na escola como um
dom, argumenta Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, professora da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
O cotidiano escolar é apontado diretamente como uma fonte de desistência num terceiro grupo de
respostas, que inclui o desrespeito e o desinteresse dos alunos e as más condições de trabalho.
Vários jovens afirmam que não se sentem atraídos pela docência pelo que presenciam nas próprias
salas de aula. Jorge* é representante de turma numa escola particular em Campo Grande e diz: “Se
quando tenho de falar com meus colegas por cinco minutos já é complicado, imagine o professor, que
dá seis aulas de 50 minutos para quem não quer prestar atenção”. Também não passam
despercebidas a necessidade constante de estudo e as atribuições que extrapolam o horário letivo,
como lembra Leila*, estudante de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador:
“Depois de trabalhar em vários turnos, muitos ainda têm de chegar em casa, elaborar aula e prova e
tudo o mais.”
 
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/032.shtml 
 
* nomes fictícios
Observe a charge a seguir: 
Comente a charge, relacionando-a com as informações do texto.
Gabarito:
(Resolução oficial)
A charge se relaciona à inversão dos valores relativos à educação nos últimos anos. Essa observação
corrobora as informações contidas no texto, que explicam o desrespeito vivenciado pela classe
docente neste momento, no qual o professor não é visto como mestre e sim como um profissional de
importância social inferior, movido graças à vocação e ao dom natural a exercer tal profissão.
Questão 7
Português no topo das línguas mais importantes
(1) A língua portuguesa é a segunda língua mais importante no mundo dos negócios, pelo menos para
quem tem o inglês como língua materna. Quem o diz é Ofer Shoshan, um colaborador da revista
norte-americana Entrepeneur, num artigo divulgado esta semana.
(2) Espanhol, português e chinês são, na opinião do autor do artigo, as línguas que “todos os diretores
executivos de empresas globais devem aprender”. A lista refere um total de 6 línguas, incluindo o
russo, o árabe e o alemão.
(3) “A língua portuguesa já é a quarta língua mais traduzida, na nossa empresa, o que reflete o seu
crescimento nos últimos anos”, diz Ofer, que é o diretor executivo da empresa de traduções One Hour
Translations.
(4) O autor admite, contudo, que este aumento da ‘procura’ da língua portuguesa está ligado ao
Brasil e não a Portugal, já que “a economia brasileira está a deixar de ser emergente para passar a
ser uma das mais ricas do mundo, com uma população gigantesca, vastos recursos naturais e uma
forte comunidade tecnológica”.
(5) Ofer Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu, recentemente, um dos seus
maiores arrependimentos: não falar uma segunda língua para além do inglês.
(6) Por outro lado, o autor refere o momento em que o fundador do Facebook, Mark
Zuckerberg, “mostrou um impressionante domínio da língua chinesa, durante uma visita, em outubro
passado, a uma universidade de Pequim”.
(7) “Ao aprender chinês, Zuckerberg demonstrou que dominar a língua local é fundamental
para aprofundar relações de negócio e conquistar a alma e o coração dos mercados”, diz
Ofer Shoshan.
Disponível em: https://iilp.wordpress.com/2015/05/06/portugues-no-topo-das-linguas-
mais-importantes Acesso em:23/05/2015. Adaptado.
Como em todo texto, também no texto, o autor utiliza diversos recursos coesivos, que colaboram
para a coerência textual. Acerca desses recursos, é CORRETO afirmar que
a) no trecho: “Quem o diz é Ofer Shoshan” (1º parágrafo), o termo destacado faz referência ao
substantivopróprio que vem logo em seguida (Ofer Shoshan).
b) o trecho: “Espanhol, português e chinês são, na opinião do autor do artigo,” (2º
parágrafo) apresenta certa incoerência, já que o leitor não tem como relacionar o segmento
destacado a outras partes do texto.
c) no trecho: “A língua portuguesa já é a quarta língua mais traduzida, na nossa empresa” (3º
parágrafo), a forma plural destacada foi utilizada porque o autor do Texto 1 é, também, dono da
empresa mencionada.
d) no trecho: “O autor admite, contudo,” (4º parágrafo), o segmento destacado faz referência ao
fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
e) no trecho: “Ofer Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu, recentemente, um dos seus
maiores arrependimentos” (5º parágrafo), a forma pronominal destacada tem como referente “Bill
Gates”.
Gabarito:
E
Resolução:
A alternativa a ser assinalada é a (E). Acerca desses recursos coesivos empregados no texto, é
correto afirmar que no trecho: “Ofer Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu,
recentemente, um dos seus maiores arrependimentos” (5º parágrafo), a forma pronominal destacada
tem como referente “Bill Gates”, pois "seus maiores arrependimentos" é o mesmo que "os
arrependimentos de Bill Gates".
Questão 8
Português no topo das línguas mais importantes
(1) A língua portuguesa é a segunda língua mais importante no mundo dos negócios, pelo menos para
quem tem o inglês como língua materna. Quem o diz é Ofer Shoshan, um colaborador da revista
norte-americana Entrepeneur, num artigo divulgado esta semana.
(2) Espanhol, português e chinês são, na opinião do autor do artigo, as línguas que “todos os diretores
executivos de empresas globais devem aprender”. A lista refere um total de 6 línguas, incluindo o
russo, o árabe e o alemão.
(3) “A língua portuguesa já é a quarta língua mais traduzida, na nossa empresa, o que reflete o seu
crescimento nos últimos anos”, diz Ofer, que é o diretor executivo da empresa de traduções One Hour
Translations.
(4) O autor admite, contudo, que este aumento da ‘procura’ da língua portuguesa está ligado ao
Brasil e não a Portugal, já que “a economia brasileira está a deixar de ser emergente para passar a
ser uma das mais ricas do mundo, com uma população gigantesca, vastos recursos naturais e uma
forte comunidade tecnológica”.
(5) Ofer Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu, recentemente, um dos seus
maiores arrependimentos: não falar uma segunda língua para além do inglês.
(6) Por outro lado, o autor refere o momento em que o fundador do Facebook, Mark
Zuckerberg, “mostrou um impressionante domínio da língua chinesa, durante uma visita, em outubro
passado, a uma universidade de Pequim”.
(7) “Ao aprender chinês, Zuckerberg demonstrou que dominar a língua local é fundamental
para aprofundar relações de negócio e conquistar a alma e o coração dos mercados”, diz
Ofer Shoshan.
Disponível em: https://iilp.wordpress.com/2015/05/06/portugues-no-topo-das-linguas-
mais-importantes Acesso em:23/05/2015. Adaptado.
Sabemos que a língua portuguesa falada e escrita em Portugal apresenta diferenças em relação à
língua portuguesa do Brasil. Uma dessas diferenças está evidenciada no seguinte trecho do texto:
a) “um colaborador da revista norte-americana Entrepeneur”.
b) “que é o diretor executivo da empresa de traduções One Hour Translations”.
c) “a economia brasileira está a deixar de ser emergente”.
d) “o próprio Bill Gates assumiu um dos seus maiores arrependimentos”.
e) “[...] é fundamental para conquistar a alma e o coração dos mercados”.
Gabarito:
C
Resolução:
De fato, o trecho “a economia brasileira está a deixar de ser emergente” evidencia uma das
diferenças, no caso sintática, observadas na língua portuguesa falada e escrita em Portugal em
relação à língua portuguesa do Brasil. Enquanto no português de Portugal é frequente o uso de de
infinitivo precedido de preposição ("está a deixar de ser emergente”), no português do Brasil, para
expressar o mesmo sentido, é comum o uso do gerúndio ("está deixando de ser emergente”).
Questão 9
Pobres precisam de banheiro, não de celular, diz BM
1 As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones
2 celulares do que banheiros ou água limpa.
3 Segundo relatório do Banco Mundial, intitulado “Dividendos Digitais”, o número
4 de usuários de internet mais que triplicou em uma década, para 3,2 bilhões no final
5 do ano passado, representando mais de 40 por cento da população mundial.
6 Embora a expansão da internet e de outras tecnologias digitais tenha facilitado
7 a comunicação e promovido um senso de comunidade global, ela não ofereceu o
8 enorme aumento de produtividade que muitos esperavam, disse o Banco. Ela também
9 não melhorou as oportunidades para as pessoas mais pobres do mundo, nem ajudou
10 a propagar a “governança responsável”.
11 “Os benefícios totais da transformação da informação e comunicação somente se
12 tornarão realidade se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios,
13 investirem na educação e saúde de sua população e proverem a boa governança. Nos
14 países em que esses fundamentos são fracos, as tecnologias digitais não impulsionam
15 a produtividade nem reduzem a desigualdade”, afirmou o relatório.
16 A visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da
17 tecnologia, como Mark Zuckerberg e Bill Gates, que têm argumentado que o acesso
18 universal à internet é essencial para eliminar a pobreza extrema.
19 “Quando as pessoas têm acesso às ferramentas e ao conhecimento da internet,
20 elas têm acesso a oportunidades que tornam a vida melhor para todos nós”, diz uma
21 declaração do ano passado assinada, entre outros, por Zuckerberg e Gates.
22 Segundo o Banco Mundial, conectar o mundo “é essencial, mas está longe de ser
23 suficiente” para eliminar a pobreza.
Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2016. Adaptado.
No trecho “é essencial, mas está longe de ser suficiente” (l. 22-23), a palavra destacada poderia ser
corretamente substituída por
a) porquanto.
b) posto que.
c) conquanto.
d) não obstante.
e) por conseguinte.
Gabarito:
D
Resolução:
A alternativa correta é a D. No trecho “é essencial, mas está longe de ser suficiente” (l. 22-23), a
conjunção destacada “mas” poderia ser corretamente substituída pela locução conjuntiva “não
obstante”, pois ambas são adversativas e estabelecem entre os períodos relação de contraste, de
oposição.
Questão 10
Pobres precisam de banheiro, não de celular, diz BM
1 As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones
2 celulares do que banheiros ou água limpa.
3 Segundo relatório do Banco Mundial, intitulado “Dividendos Digitais”, o número
4 de usuários de internet mais que triplicou em uma década, para 3,2 bilhões no final
5 do ano passado, representando mais de 40 por cento da população mundial.
6 Embora a expansão da internet e de outras tecnologias digitais tenha facilitado
7 a comunicação e promovido um senso de comunidade global, ela não ofereceu o
8 enorme aumento de produtividade que muitos esperavam, disse o Banco. Ela também
9 não melhorou as oportunidades para as pessoas mais pobres do mundo, nem ajudou
10 a propagar a “governança responsável”.
11 “Os benefícios totais da transformação da informação e comunicação somente se
12 tornarão realidade se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios,
13 investirem na educação e saúde de sua população e proverem a boa governança. Nos
14 países em que esses fundamentos são fracos, as tecnologias digitais não impulsionam
15 a produtividade nem reduzem a desigualdade”, afirmou o relatório.
16 A visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da
17 tecnologia, como Mark Zuckerberg e Bill Gates, que têm argumentado que o acesso
18 universal à internet é essencial para eliminar a pobreza extrema.
19 “Quando as pessoas têm acesso às ferramentas e ao conhecimento da internet,
20 elas têm acesso a oportunidades que tornam a vida melhor para todos nós”, diz uma
21 declaração do anopassado assinada, entre outros, por Zuckerberg e Gates.
22 Segundo o Banco Mundial, conectar o mundo “é essencial, mas está longe de ser
23 suficiente” para eliminar a pobreza.
Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2016. Adaptado.
No trecho “se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios, investirem na educação e
saúde de sua população e proverem a boa governança”, substituindo-se a conjunção “se” por
“caso”, os verbos sublinhados poderiam, sem prejuízo para a correção, mudar para:
a) continuam; investem; provenham.
b) continuassem; investissem; proviessem.
c) continuem; invistam; provejam.
d) tivessem continuado; tivessem investido; tivessem provisto.
e) tenham continuado; tenham investido; tenham provindo.
Gabarito:
C
Resolução:
A alternativa a ser assinalada é a C, pois oferece um conjunto de verbos que podem substituir
aqueles sublinhados no trecho em foco. Em “se os países continuarem a melhorar seu clima de
negócios, investirem na educação e saúde de sua população e proverem a boa governança”, os
verbos destacados estão conjugados no futuro do subjuntivo. Com a substituição da conjunção “se”
por “caso”, os verbos deveriam passar para o presente do subjuntivo, cujas formas seriam,
respectivamente “continuem”, “invistam”, e “provejam”.
Questão 11
Por que ler os clássicos?
1 Comecemos com algumas propostas de definição:
2 1) “Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘Estou relendo...’ e nunca
´Estou lendo...´”.
3 Isso acontece pelo menos com aquelas pessoas que se consideram “grandes leitores”; não vale
para a juventude, idade em que o encontro com o mundo e com os clássicos
4 como parte do mundo vale exatamente como primeiro encontro.
5 O prefixo reiterativo antes do verbo “ler” pode ser uma pequena hipocrisia por parte dos que
se envergonham de admitir não ter lido um livro famoso. Para tranquilizá-los,
6 bastará observar que, por maiores que possam ser as leituras de “formação” de um indivíduo,
resta sempre um número enorme de obras que ele não leu.
7 [...]
8 2) “Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e
amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte
9 de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.”
10 De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela impaciência, distração,
inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez
11 ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras,
fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação,
12 escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos
recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o livro na idade
13 madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos
interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da
14 obra que consegue fazer-se esquecer enquanto tal, mas que deixa sua semente. A definição
que dela podemos dar então será:
15 3) “Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como
inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória,
16 mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.”
17 Por isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leituras mais
importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas também eles
18 mudam, à luz de uma perspectiva histórica diferente), nós com certeza mudamos, e o encontro
é um acontecimento totalmente novo.
19 Portanto, usar o verbo ler ou o verbo reler não tem muita importância. De fato, poderíamos
dizer:
20 4) “Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.”
21 5) “Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.”
22 A definição 3 pode ser considerada corolário desta:
23 6) “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.”
CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos.
Responda ao que se pede.
a) A que tipo de comportamento de alguns leitores de clássicos se refere o autor por meio da
expressão “pequena hipocrisia”?. (l. 5)
b) Reescreva a frase “e cuja origem havíamos esquecido” (l. 13), fazendo as modificações
necessárias de acordo com as seguintes instruções:
– use a forma pronominal do verbo “esquecer” (“esquecer-se”);
– substitua a forma composta do mesmo verbo pela forma simples correspondente.
Gabarito:
(Resolução oficial)
a) A expressão refere-se ao comportamento de certos leitores que escondem que nunca leram
 determinado clássico, preferindo dizer que o estão relendo.
b) “e de cuja origem esquecêramos” (l. 13). 
Resolução:
 
Questão 12
Pedestre, a medida de todas as coisas
Na palestra que fiz mês passado no seminário A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organizado pelo
INTG – Instituto da Gestão – e apoiado pelo Cesar, pela Urbana/PE e pela Fiepe, tive oportunidade
de falar sobre a importância crucial do pedestre para o urbanismo contemporâneo. Esse seminário
regional foi um desdobramento, no Recife, do seminário internacional Cidades a Pé, realizado em São
Paulo, no mês de novembro do ano passado.
Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero
vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife. Depois, portanto,
que, na prática, me “pós-graduei” pelos pés. O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se
sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se houve, falhou.
O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por aí, começa
olhando o espaço pelo satélite (ainda mais agora com a proliferação das tecnologias de internet…),
depois “desce” para o mapa, para a planta, para o detalhe, e termina por não chegar ao nível do
chão, de quem está andando na rua. Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que
haja uma inversão de sentido, que o planejamento comece pelo chão, por onde anda o pedestre e, aí,
vá “subindo” até chegar ao satélite. Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das
atrocidades que suportamos nas cidades brasileiras andando por elas…
Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Na
cidade, a medida de todas as coisas, sem a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não entender isso
é ficar na contramão da história contemporânea do urbanismo. Que o digam Jan Gerl com
seu consagrado livro “Cidade para as pessoas”, e Jeff Speck com o seu excelente livro “Cidade
caminhável”. Que o digam as cidades da Europa e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas
as capitais latinoamericanas…
Já existem, inclusive, um conceito e um conjunto de indicadores que ajudam a materializar essa
tendência. Trata-se, o conceito, do Walkability, e o conjunto de indicadores, do Walk Score, que mede
o quanto “caminhável” é determinado local, bairro ou cidade. Temos que seguir por aí. Afinal, como
repete aquele complemento de comercial de rádio e TV, independente do meio de transporte que
utilizemos, “na cidade, todos somos pedestres”.
CUNHA, Francisco. Revista Algomais. Ano 11, n. 124, jul. 2016, p.50. Adaptado.
Considerando os recursos utilizados para assegurar a coesão e a coerência do texto, assinale
a alternativa correta.
a) A opção por iniciar o segundo parágrafo por “Disse que...” se configura como um equívoco nos elos
coesivos do texto, pois nele não são fornecidas informações que contextualizem a ação de "dizer?.
b) No trecho: “O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por
aí” (3º parágrafo), o termo destacado representa uma retomada de “na escola”.
c) No trecho: “Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das atrocidades
que suportamos nas cidades brasileiras andando por elas…” (3º parágrafo), o autor obriga o leitor
a relacionar o segmento destacado com osparágrafos anteriores, nos quais algumas
atrocidades foram listadas.
d) No trecho: “Que o digam Jan Gerl [...] e Jeff Speck [...]” (4º parágrafo), o termo destacado indica o
complemento do verbo "dizer? e se refere às afirmações feitas pelo autor, nos
períodos imediatamente anteriores, no texto.
e) Para compreender o segmento destacado no trecho: “Que o digam as cidades da Europa e,
já, muitas dos EUA, além de praticamente todas as capitais latino-americanas…” (4º parágrafo),
o leitor deve completar a seguinte informação que está implícita: “muitas pessoas dos EUA”.
Gabarito:
D
Resolução:
No trecho: “Que o digam Jan Gerl [...] e Jeff Speck [...]” (4º parágrafo), o termo "o" destacado tem
função de complemento do verbo "dizer?, objeto direto, e se refere anaforicamente às afirmações
feitas pelo autor, nos períodos imediatamente anteriores, no texto. 
Questão 13
Pedestre, a medida de todas as coisas
Na palestra que fiz mês passado no seminário A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organizado pelo
INTG – Instituto da Gestão – e apoiado pelo Cesar, pela Urbana/PE e pela Fiepe, tive oportunidade
de falar sobre a importância crucial do pedestre para o urbanismo contemporâneo. Esse seminário
regional foi um desdobramento, no Recife, do seminário internacional Cidades a Pé, realizado em São
Paulo, no mês de novembro do ano passado.
Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero
vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife. Depois, portanto,
que, na prática, me “pós-graduei” pelos pés. O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se
sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se houve, falhou.
O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por aí, começa
olhando o espaço pelo satélite (ainda mais agora com a proliferação das tecnologias de internet…),
depois “desce” para o mapa, para a planta, para o detalhe, e termina por não chegar ao nível do
chão, de quem está andando na rua. Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que
haja uma inversão de sentido, que o planejamento comece pelo chão, por onde anda o pedestre e, aí,
vá “subindo” até chegar ao satélite. Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das
atrocidades que suportamos nas cidades brasileiras andando por elas…
Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Na
cidade, a medida de todas as coisas, sem a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não entender isso
é ficar na contramão da história contemporânea do urbanismo. Que o digam Jan Gerl com
seu consagrado livro “Cidade para as pessoas”, e Jeff Speck com o seu excelente livro “Cidade
caminhável”. Que o digam as cidades da Europa e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas
as capitais latinoamericanas…
Já existem, inclusive, um conceito e um conjunto de indicadores que ajudam a materializar essa
tendência. Trata-se, o conceito, do Walkability, e o conjunto de indicadores, do Walk Score, que mede
o quanto “caminhável” é determinado local, bairro ou cidade. Temos que seguir por aí. Afinal, como
repete aquele complemento de comercial de rádio e TV, independente do meio de transporte que
utilizemos, “na cidade, todos somos pedestres”.
CUNHA, Francisco. Revista Algomais. Ano 11, n. 124, jul. 2016, p. 50. Adaptado.
Acerca de algumas relações lógico-semânticas presentes no texto, analise as afirmações a seguir.
I. No trecho: “Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só
fui entender o que considero vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros
no Recife.” (2º parágrafo), o segmento destacado deve ser interpretado como uma ressalva.
II. Com o trecho: “Depois, portanto, que, na prática, me "pós-graduei? pelos pés.” (2º parágrafo), o
autor apresenta a conclusão do que tinha dito, anteriormente, no texto.
III. Com o segmento destacado no trecho: “O essencial do que aprendi foi que se o pedestre
se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim” (2º parágrafo), o autor faz uma
afirmação categórica.
IV. O segmento destacado no trecho: “Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo
que haja uma inversão de sentido” (3º parágrafo) situa temporalmente o segmento final.
Estão corretas:
a) I e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Gabarito:
B
Resolução:
I. Correta. No trecho: “Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui
entender o que considero vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no
Recife.” (2º parágrafo), o segmento destacado deve ser interpretado como uma ressalva, uma
observação concessiva ao fato de que se supõe ser suficiente a graduação feita por ele, em uma
instituição de renome, para adquirir o conhecimento que ele, de fato, adquiriu depois, na prática.
II. Correta. Com o trecho: “Depois, portanto, que, na prática, me "pós-graduei? pelos pés.” (2º
parágrafo), o autor apresenta a conclusão do que tinha dito, anteriormente, no texto, introduzindo por
meio da conjunção "portanto", um entendimento que se alcança a partir de observação e análise.
III. Incorreta. Com o segmento destacado no trecho: “O essencial do que aprendi foi que se o pedestre
se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim” (2º parágrafo), o autor não faz uma afirmação
categórica, isto é, uma generalização, mas sim, uma construção condicional contextualizada.
IV. Correta. O segmento destacado no trecho: “Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo
que haja uma inversão de sentido” (3º parágrafo) situa temporalmente o segmento final, constituindo
uma oração subordinada adverbial.
 
Questão 14
Pedestre, a medida de todas as coisas
Na palestra que fiz mês passado no seminário A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organizado pelo
INTG – Instituto da Gestão – e apoiado pelo Cesar, pela Urbana/PE e pela Fiepe, tive oportunidade
de falar sobre a importância crucial do pedestre para o urbanismo contemporâneo. Esse seminário
regional foi um desdobramento, no Recife, do seminário internacional Cidades a Pé, realizado em São
Paulo, no mês de novembro do ano passado.
Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero
vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife. Depois, portanto,
que, na prática, me “pós-graduei” pelos pés. O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se
sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se houve, falhou.
O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por aí, começa
olhando o espaço pelo satélite (ainda mais agora com a proliferação das tecnologias de internet…),
depois “desce” para o mapa, para a planta, para o detalhe, e termina por não chegar ao nível do
chão, de quem está andando na rua. Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que
haja uma inversão de sentido, que o planejamento comece pelo chão, por onde anda o pedestre e, aí,
vá “subindo” até chegar ao satélite. Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das
atrocidades que suportamos nas cidades brasileiras andando por elas…
Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Na
cidade, a medida de todas as coisas, sem a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não entender isso
é ficar na contramão da história contemporânea do urbanismo. Que o digam Jan Gerl com
seu consagrado livro “Cidade para as pessoas”, e Jeff Speck com o seu excelente livro “Cidade
caminhável”. Que o digam as cidades da Europa e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas
as capitais latinoamericanas…
Já existem, inclusive, um conceito e um conjunto de indicadores que ajudam a materializar essa
tendência. Trata-se, o conceito, do Walkability, e o conjunto de indicadores, do Walk Score, que mede
o quanto “caminhável” é determinado local,bairro ou cidade. Temos que seguir por aí. Afinal, como
repete aquele complemento de comercial de rádio e TV, independente do meio de transporte que
utilizemos, “na cidade, todos somos pedestres”.
CUNHA, Francisco. Revista Algomais. Ano 11, n. 124, jul. 2016, p. 50. Adaptado.
No que se refere a aspectos gramaticais presentes no texto, analise as proposições a seguir.
I. A palavra “pedestre” é formada a partir do radical “pedra”, que era o material do qual eram feitas
as primeiras vias terrestres.
II. Segundo a norma-padrão da língua, no enunciado: “Já existem, inclusive, um conceito e
um conjunto de indicadores que ajudam a materializar essa tendência.” (5º parágrafo), o
verbo “existir” poderia ser substituído pelo verbo “haver”, sem alteração da concordância.
III. No trecho: “Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que 'o homem é a medida
de todas as coisas'.” (4º parágrafo), a vírgula cumpre a função de isolar um adjunto adverbial, e as
aspas, no segmento sublinhado, foram utilizadas para delimitar uma citação.
IV. O fato de ter grafado com acento termos como “pé”, “mês”, “só” e “já” revela que o autor seguiu
a regra ortográfica vigente na atualidade de acentuar os monossílabos tônicos.
Está(ão) corretas(s):
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) III, apenas.
e) III e IV, apenas.
Gabarito:
E
Resolução:
I. Incorreta. È falso afirmar que a palavra “pedestre” é formada a partir do radical “pedra”.
Etimologicamente, a palavra vem do latim pedis ("pé") produziu o derivado pedester, que significa
"aquele que está com os pés no chão; que anda a pé". Usado na Idade Média para designar
principalmente o soldado desmontado, de infantaria, o termo pedestre logo passou a abranger
qualquer pessoa que andasse a pé.
II. Incorreta. Segundo a norma-padrão da língua, no enunciado: “Já existem, inclusive, um conceito e
um conjunto de indicadores que ajudam a materializar essa tendência.” (5º parágrafo), a substituição
do verbo “existir” pelo verbo “haver” implicaria alteração da concordância, já que "haver" com
sentido de "existir" é impessoal e não deve ser flexionado.
III. Correta. No trecho: “Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que 'o homem é a medida
de todas as coisas'.” (4º parágrafo), a vírgula cumpre a função de isolar um adjunto adverbial, e as
aspas, no segmento destacado, foram utilizadas para delimitar uma citação.
IV. Correta. A acentuação de monossílabos tônicos como “pé”, “mês”, “só” e “já” está prevista na
regra ortográfica vigente na atualidade.
 
Questão 15
Poema
Encontrado por Thiago de Mello
No Itinerário de Pasárgada
Vênus luzia sobre nós tão grande,
Tão intensa, tão bela, que chegava
A parecer escandalosa, e dava
Vontade de morrer.
BANDEIRA, Manuel.
No poema, o conectivo "que" introduz uma oração com ideia de
a) causa.
b) consequência.
c) concessão.
d) modo.
e) finalidade.
Gabarito:
B
Resolução:
O conectivo "que" introduz a oração "que chegava a parecer escandalosa", que é a consequência do
fato de Vênus luzir intensamente. Como o foco da questão está na oração introduzida por "que", a
reposta não poderia ser "causa", já que essa oração descreve a consequência da intensidade e beleza
do brilho da estrela. Nota-se também que "parecer escandalosa" não pode ser finalidade do brilho,
pois esta foi somente uma impressão que o eu lírico teve, ou seja, as estrelas não brilham com a
finalidade de parecerem escandalosas.
Questão 16
Porta de colégio
1 Passando pela porta de um colégio, me veio
2 a sensação nítida de que aquilo era a porta da
3 própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era
4 tocante. Por isso, parei, como se precisasse
ver
5 melhor o que via e previa.
6 Primeiro há uma diferença de clima entre
7 aquele bando de adolescentes espalhados
pela
8 calçada, sentados sobre carros, em torno de
9 carrocinhas de doces e refrigerantes, e
aqueles
10 que transitam pela rua. Não é só o uniforme.
11 Não é só a idade. É toda uma atmosfera,
como
12 se estivessem ainda dentro de uma redoma
ou
13 aquário, numa bolha, resguardados do
mundo.
14 Talvez não estejam. Vários já sofreram a
15 pancada da separação dos pais. Aprenderam
16 que a vida é também um exercício de
17 separação. Um ou outro já transou droga, e
18 com isso deve ter se sentido
19 (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma
20 sensação de pureza angelical misturada com
21 palpitação sexual, que se exibe nos gestos
22 sedutores dos adolescentes.
23 Onde estarão esses meninos e meninas
24 dentro de dez ou vinte anos?
25 Aquele ali, moreno, de cabelos longos
26 corridos, que parece gostar de esporte, vai se
27 interessar pela informática ou economia;
28 aquela de cabelos louros e crespos vai ser
dona
29 de boutique; aquela morena de cabelos lisos
30 quer ser médica; a gorduchinha vai acabar
31 casando com um gerente de multinacional;
32 aquela esguia, meio bailarina, achará um
33 diplomata. Algumas estudarão Letras, se
34 casarão, largarão tudo e passarão parte do
dia
35 levando filhos à praia e à praça e pegando-os
36 de novo à tardinha no colégio. [...]
37 Estou olhando aquele bando de adolescentes
38 com evidente ternura. Pudesse passava a
mão
39 nos seus cabelos e contava-lhes as últimas
40 histórias da carochinha antes que o lobo feroz
41 as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria
42 daqui: aproveitem enquanto estão no aquário
e
43 na redoma, enquanto estão na porta da vida e
44 do colégio. O destino também passa por aí. E
a
45 gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna. Seleção e prefácio de Letícia Malard.
Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
Observe a concordância verbal que se dá no trecho seguinte: "um ou outro já transou droga" (l. 17).
Nesse trecho,
I. o ou indica exclusão.
II. a concordância poderia ser feita no plural: um ou outro já transaram droga.
III. a ação do verbo transar refere-se tanto a um quanto a outro.
Estão corretas as complementações contidas em
a) I e III apenas.
b) II e III apenas.
c) I e II apenas.
d) I, II e III.
Gabarito:
B
Resolução:
As afirmações II e III estão corretas, pois o trecho sugere que tanto um quanto outro já usaram droga
(ou seja, a ação do verbo se refere tanto a um quanto a outro). Portanto, a afirmação I está
incorreta, pois o ou não indica exclusão.
Questão 17
Portão
46 O portão fica bocejando, aberto
47 para os alunos retardatários.
48 Não há pressa em viver
49 nem nas ladeiras duras de subir,
50 quanto mais para estudar a insípida cartilha.
51 Mas se o pai do menino é da oposição,
52 à ilustríssima autoridade municipal,
53 prima por sua vez da sacratíssima
54 autoridade nacional,
55 ah, isso não: o vagabundo
56 ficará mofando lá fora
57 e leva no boletim uma galáxia de zeros.
 
58 A gente aprende muito no portão
59 fechado.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Em: Carlos Drummond de Andrade: Poesia e prosa. Editora Nova
Aguilar, 1988. p. 506-507.
Atente para o que se afirma sobre os versos "ah, isso não: o vagabundo ficará mofando lá fora/ e leva
no boletim uma galáxia de zeros" (l. 55-57).
I. Eles são construídos sobre duas metáforas hiperbólicas, isto é, metáforas que contêm um exagero.
II. O pronome isso em "ah, isso não", aponta para um referente na cena enunciativa.
III. O pronome isso, no poema, aponta para o que é dito nos dois primeiros versos, sintetizando-os.
Está correto o que se diz em
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II e III.
d) I e III.
Gabarito:
D
Resolução:
A afirmação II está incorreta, pois o pronome isso não se refere a algo na cena enunciativa (ao aluno
ficar mofando ou levar uma galáxia de zeros), mas sim ao que é dito nos dois primeiros versos: o
fato de o portão ficar aberto para os alunos retardatários. Isso é o que não acontece para este menino
cujo pai é da oposição.
Questão 18
Porta de colégio
1 Passando pela porta de um colégio, me veio
2 a sensação nítida de que aquilo era a porta da
3 própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era
4 tocante. Por isso, parei, como se precisasse
ver
5 melhoro que via e previa.
6 Primeiro há uma diferença de clima entre
7 aquele bando de adolescentes espalhados
pela
8 calçada, sentados sobre carros, em torno de
9 carrocinhas de doces e refrigerantes, e
aqueles
10 que transitam pela rua. Não é só o uniforme.
11 Não é só a idade. É toda uma atmosfera,
como
12 se estivessem ainda dentro de uma redoma
ou
13 aquário, numa bolha, resguardados do
mundo.
14 Talvez não estejam. Vários já sofreram a
15 pancada da separação dos pais. Aprenderam
16 que a vida é também um exercício de
17 separação. Um ou outro já transou droga, e
18 com isso deve ter se sentido
19 (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma
20 sensação de pureza angelical misturada com
21 palpitação sexual, que se exibe nos gestos
22 sedutores dos adolescentes.
23 Onde estarão esses meninos e meninas
24 dentro de dez ou vinte anos?
25 Aquele ali, moreno, de cabelos longos
26 corridos, que parece gostar de esporte, vai se
27 interessar pela informática ou economia;
28 aquela de cabelos louros e crespos vai ser
dona
29 de boutique; aquela morena de cabelos lisos
30 quer ser médica; a gorduchinha vai acabar
31 casando com um gerente de multinacional;
32 aquela esguia, meio bailarina, achará um
33 diplomata. Algumas estudarão Letras, se
34 casarão, largarão tudo e passarão parte do
dia
35 levando filhos à praia e à praça e pegando-os
36 de novo à tardinha no colégio. [...]
37 Estou olhando aquele bando de adolescentes
38 com evidente ternura. Pudesse passava a
mão
39 nos seus cabelos e contava-lhes as últimas
40 histórias da carochinha antes que o lobo feroz
41 as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria
42 daqui: aproveitem enquanto estão no aquário
e
43 na redoma, enquanto estão na porta da vida e
44 do colégio. O destino também passa por aí. E
a
45 gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna. Seleção e prefácio de Letícia Malard.
Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
Atente para o que se diz sobre as expressões referenciais seguintes: "esses meninos e meninas" (l.
23) e aquele/a (l. 25, 28, 29 e 32).
I. Todas essas expressões retomam individualmente o que foi mencionado de maneira geral no trecho
das linhas 7, 8 e 9.
II. Enquanto a expressão da linha 23 se refere ao que foi dito (anáfora), todas as outras se referem ao
que vai ser dito (catáfora).
III. A expressão aquele (ali) presentifica a cena enunciativa.
Está correto o que se afirma em
a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.
Gabarito:
B
Resolução:
I. Correta. Os pronomes aquele/a entre as linhas 25 e 32 retomam individualmente "aquele bando de
adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e
refrigerantes" (l. 7-9).
II. Incorreta. Todas as expressões têm valor de anáfora, pois retomam o trecho já referido entre as
linhas 7 e 9.
III. Correta. O uso de aquele ali nos dá a impressão de estarmos presentes na cena narrada, como se
o autor nos apontasse o adolescente de que fala.
Questão 19
Porta de colégio
1 Passando pela porta de um colégio, me veio
2 a sensação nítida de que aquilo era a porta da
3 própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era
4 tocante. Por isso, parei, como se precisasse
ver
5 melhor o que via e previa.
6 Primeiro há uma diferença de clima entre
7 aquele bando de adolescentes espalhados
pela
8 calçada, sentados sobre carros, em torno de
9 carrocinhas de doces e refrigerantes, e
aqueles
10 que transitam pela rua. Não é só o uniforme.
11 Não é só a idade. É toda uma atmosfera,
como
12 se estivessem ainda dentro de uma redoma
ou
13 aquário, numa bolha, resguardados do
mundo.
14 Talvez não estejam. Vários já sofreram a
15 pancada da separação dos pais. Aprenderam
16 que a vida é também um exercício de
17 separação. Um ou outro já transou droga, e
18 com isso deve ter se sentido
19 (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma
20 sensação de pureza angelical misturada com
21 palpitação sexual, que se exibe nos gestos
22 sedutores dos adolescentes.
23 Onde estarão esses meninos e meninas
24 dentro de dez ou vinte anos?
25 Aquele ali, moreno, de cabelos longos
26 corridos, que parece gostar de esporte, vai se
27 interessar pela informática ou economia;
28 aquela de cabelos louros e crespos vai ser
dona
29 de boutique; aquela morena de cabelos lisos
30 quer ser médica; a gorduchinha vai acabar
31 casando com um gerente de multinacional;
32 aquela esguia, meio bailarina, achará um
33 diplomata. Algumas estudarão Letras, se
34 casarão, largarão tudo e passarão parte do
dia
35 levando filhos à praia e à praça e pegando-os
36 de novo à tardinha no colégio. [...]
37 Estou olhando aquele bando de adolescentes
38 com evidente ternura. Pudesse passava a
mão
39 nos seus cabelos e contava-lhes as últimas
40 histórias da carochinha antes que o lobo feroz
41 as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria
42 daqui: aproveitem enquanto estão no aquário
e
43 na redoma, enquanto estão na porta da vida e
44 do colégio. O destino também passa por aí. E
a
45 gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna. Seleção e prefácio de Letícia Malard.
Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
Atente para o que se diz a respeito da preposição de que entra na composição do título da crônica:
"Porta de colégio".
I. A preposição de, sozinha, sem contração, como é usada nesse título, generaliza o substantivo, no
caso do texto, colégio.
II. A contração da preposição de com o pronome demonstrativo aquele, que resultaria em daquele,
manteria inalterado o sentido do título.
III. A introdução, no título do texto, do artigo definido o, que resultaria em do, alteraria o sentido do
título.
Está correto o que se diz apenas em
a) I.
b) I e III.
c) II e III.
d) II.
Gabarito:
B
Resolução:
O uso da preposição de, conforme está no título, generaliza o substantivo, ou seja, refere-se a
qualquer colégio. Entretanto, a contração da mesma preposição com o pronome aquele (daquele) ou
com o artigo o (do) resulta em alteração do sentido do título: "Porta daquele colégio" ou "Porta do
colégio" se refereria a um colégio específico.
Questão 20
Porta de colégio
1 Passando pela porta de um colégio, me veio
2 a sensação nítida de que aquilo era a porta da
3 própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era
4 tocante. Por isso, parei, como se precisasse
ver
5 melhor o que via e previa.
6 Primeiro há uma diferença de clima entre
7 aquele bando de adolescentes espalhados
pela
8 calçada, sentados sobre carros, em torno de
9 carrocinhas de doces e refrigerantes, e
aqueles
10 que transitam pela rua. Não é só o uniforme.
11 Não é só a idade. É toda uma atmosfera,
como
12 se estivessem ainda dentro de uma redoma
ou
13 aquário, numa bolha, resguardados do
mundo.
14 Talvez não estejam. Vários já sofreram a
15 pancada da separação dos pais. Aprenderam
16 que a vida é também um exercício de
17 separação. Um ou outro já transou droga, e
18 com isso deve ter se sentido
19 (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma
20 sensação de pureza angelical misturada com
21 palpitação sexual, que se exibe nos gestos
22 sedutores dos adolescentes.
23 Onde estarão esses meninos e meninas
24 dentro de dez ou vinte anos?
25 Aquele ali, moreno, de cabelos longos
26 corridos, que parece gostar de esporte, vai se
27 interessar pela informática ou economia;
28 aquela de cabelos louros e crespos vai ser
dona
29 de boutique; aquela morena de cabelos lisos
30 quer ser médica; a gorduchinha vai acabar
31 casando com um gerente de multinacional;
32 aquela esguia, meio bailarina, achará um
33 diplomata. Algumas estudarão Letras, se
34 casarão, largarão tudo e passarão parte do
dia
35 levando filhos à praia e à praça e pegando-os
36 de novo à tardinha no colégio. [...]
37 Estou olhando aquele bando de adolescentes
38 com evidente ternura. Pudesse passava a
mão
39 nos seus cabelos e contava-lhes as últimas
40 histórias da carochinha antes que o lobo feroz
41 as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria
42 daqui:

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