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Livro Didático Digital Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JOANA ÁUREA CORDEIRO BARBOSA E ALINE PEDRO FEZA AUTORIA Joana Áurea Cordeiro Barbosa e Aline Pedro Feza Olá. Meu nome é Joana Áurea Cordeiro Barbosa. Sou formada em Psicologia, especialista em Psicopedagogia, mestre e doutora em Ciências da Educação: formação de professores. Tenho experiência como professora no ensino superior há mais de dez anos. Sou apaixonada por educação, e por isso me interesso em pesquisas de maneira incessante na área de formação de professores e aprendizagem escolar. É um grande privilégio transmitir minha experiência àqueles que estão iniciando suas profissões. Olá. Meu nome é Aline Pedro Feza. Sou graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (2009). Especialista em Educação Especial (2010), Psicopedagogia (2011) e Gestão e Tutoria em EAD (2017), Mestranda em Ciências da Educação pela UNISUL (turma 2019), graduanda em Letras-libras Licenciatura UNIOESTE (turma 2018). Atualmente trabalho como Professora de Educação Especial na Prefeitura Municipal de Maringá, como Professora Conteudista e como Psicopedagoga Clínica registro ABPp 312.15/PR. Experiência atendimento psicopedagógico clínico e institucional deste (desde 2014), assessoria em psicopedagogia (desde 2015), professora de educação especial (desde 2010), professora de ensino superior (desde 2010) e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) (desde 2006) como professora bilíngue com identidade surda. Atuações nas área de Educação e Educação Especial e Psicopedagogia, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino, Formação Docente e Atendimentos Especializados, trabalhando principalmente nos seguintes temas: Língua Brasileira de Sinais, salas de recursos multifuncional, aquisição da linguagem, inclusão, ensino-aprendizagem de pessoas com necessidades educacionais especiais, neurociência, psicopedagogia, psicomotricidade, desenvolvimento humano. Agradecemos à Editora Telesapiens pelo convite para integrar seu elenco de autores independentes e estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO A Didática e a Organização do Ensino na Educação Infantil ..... 12 RCNEI: Seis Eixos de Trabalho da Educação Infantil ............................................. 13 Movimento ........................................................................................................................ 14 Música .................................................................................................................................. 14 Artes Visuais ..................................................................................................................... 15 Linguagem Oral e Escrita ....................................................................................... 16 Natureza e Sociedade .............................................................................................. 17 Matemática ....................................................................................................................... 18 Base Nacional Comum Curricular: Seis Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Criança.................................................................................................. 21 Conviver .............................................................................................................................. 21 Brincar ..................................................................................................................................22 Participar .............................................................................................................................22 Explorar ...............................................................................................................................23 Expressar ............................................................................................................................24 Conhecer-se ....................................................................................................................25 Base Nacional Comum Curricular: Cinco Campos de Experiência ............26 O Eu, O Outro e o Nós ..............................................................................................26 Corpo, Gestos e Movimentos ..............................................................................27 Traços, Sons, Cores e Formas ............................................................................27 Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação ....................................................28 Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações ...29 O Brincar e a Didática Pedagógica ..................................................................................... 31 Currículo e Proposta Curricular na Educação Infantil ................. 37 A Construção do Currículo ....................................................................................................... 41 Planejamento na Educação Infantil ....................................................46 Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil ........................56 Avaliação X Nota Escolar .......................................................................................................... 56 A Avaliação na Base Nacional Comum Curricular ................................................. 58 9 UNIDADE 03 Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 10 INTRODUÇÃO A organização de todo trabalho pedagógico passa pela Didática, e é impossível falar sobre didática sem falar de João Amós “Comenius (Morávia - 28/03/1592 - 15/11/1670). Conhecido como “pai da didática”, foi o responsável pela instituição da pedagogia como ciência sistemática da educação. O princípio pansófico, “ensinar tudo a todos”, foi sua criação e impulsionou, especialmente, o processo de ensino na Educação Infantil, trazendo princípios importantes, como: democratização do ensino; elaboração e implementação do processo educativo a partir das coisas conhecidas e reais; diálogo como encontro da existência, da reflexão e ação humana; respeito pelo “conhecimento gradual da criança, proporcionando um ensino mais próxima da realidade infantil em relação à faixa etária” (LOPES, 2006, p.20); Educação Infantil a partir das coisas simples e concretas para seguir para as coisas mais complexas e abstratas. Como isso se deu na prática, a partir de outras teorias e metodologias ao longo da história? Como alinhar todas essas vertentes com a realidade da sala de aula, construindo um currículo relevante, um planejamento exequível e um processo avaliativo críticovocê espera desse suco: gelado, sem gelo, doce, amargo, forte, fraco? Agora, vamos pensar em uma criança de 2 anos. É esperado para essa faixa etária que a criança já saiba falar? Quantas palavras? Já é esperado que forme frases? É esperado que ela conheça partes do corpo? Mas, e se a criança ainda não fala aos 2 anos? O que fazer? A partir dessa avaliação, o professor deve ficar mais atento e propor atividades que estimulem essa habilidade da criança para que ela seja capaz de alcançar o nível esperado de desenvolvimento. O professor de Educação Infantil deve preocupar-se com o satisfatório desenvolvimento de seus alunos e, para isso, deve buscar conhecimento constantemente. A Avaliação na Base Nacional Comum Curricular Segundo a LDB 9394/96, a Educação Infantil está organizada da seguinte forma: • A carga horária mínima anual deve ser de 800 horas, distribuídas por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional; • Atendimento às crianças de, no mínimo, 4 horas diárias para o turno parcial e 7 horas para a jornada integral; • Frequência mínima de 60% do total de horas, sendo controlada pela instituição de ensino; Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 59 • A avaliação deve ser realizada mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, essa avaliação não tem caráter classificatório para acesso ao ensino fundamental; • Expedir documentação que comprove os processos de desenvolvimento das crianças. Uma avaliação é um fator importante para se ressaltar na Educação Infantil; deve ser um instrumento norteador da aprendizagem, além de promoção reflexiva do educador sobre sua prática. Ao avaliar, o professor deve considerar as mudanças e transformações do educando frente ao processo educativo. Contudo, a avaliação na Educação Infantil não pode ter o caráter classificatório, nem de promoção para continuação dos estudos, mas deve ser um instrumento de identificação de conhecimentos para nortear o trabalho do professor. Figura 24: Avaliação na educação Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 60 Segundo a Constituição de 1988 e a LDB 9394/1996, a educação brasileira é composta por sistemas de ensino que serão organizados de modo colaborativo entre a União, os Estados e o Distrito Federal. No Brasil encontramos problemas na articulação entre esses órgãos em relação à organização do sistema, refletindo em problemas na educação e no seu processo avaliativo. Sabemos que cada órgão é responsável por uma área do ensino. No entanto, a responsabilidade deve ser pensada levando em conta o bem-estar do educando, e não apenas no que tange à responsabilidade do órgão, devendo esses órgãos estabelecer parcerias para que de fato esse aluno seja tenha sua necessidade atendido. Nesse contexto, em 2017 surgiu a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com o objetivo de definir o que deve ser ensinado para cada estudante em cada ano de estudo, da Educação Infantil até o Ensino Médio, pontuando o que toda criança e adolescente tem o direito de aprender, esteja onde estiver. A partir da implementação da BNCC, o Brasil passou a ter uma referência curricular nacional obrigatória, na qual as escolas deverão se apoiar para desenvolver seus currículos, os quais devem ser personalizados a partir da realidade escolar, isto é, os currículos devem ser elaborados, respeitando a diversidade, particularidades e o contexto em que a escola está inserida. Figura 25: Base Nacional Comum Curriculares (BNCC) Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 61 A criação da BNCC teve como objetivo contribuir para diminuir a desigualdade de oportunidades entre os estudantes brasileiros, devendo cada instituição seguir uma base comum de ensino e incluir uma base diversificada de acordo com as especificidades de cada localidade onde a escola está inserida. A BNCC é um documento importante, em especial para o nosso campo de estudo que é a Educação Infantil, pois oferece uma base para todo trabalho realizado acerca de currículo e outras vertentes do planejamento educacional, a fim de nortear as ações dos professores e da gestão escolar como um todo. Portanto, a avaliação na Educação Infantil serve para verificar se a didática trabalhada em sala de aula está ou não surtindo resultados. Esse documento abrange todos os aspectos necessários que precisam ser avaliados nessa vertente da Educação Básica e, para isso, ele traz os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos por faixa etária: • Bebês (de 0 a 1 ano e 6 meses); • Crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses); • Crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses). Considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança, o documento também estabelece cinco campos de experiências, que definem os objetivos de aprendizagem para cada faixa etária. Exemplo Dentro do campo de experiência “corpo, gestos e movimentos”, a criança com faixa etária de zero a um ano e seis meses precisa de atividades que estimulem a movimentação do corpo, expressando corporalmente emoções, necessidades e desejos (BRASIL, 2018). Essas orientações nos auxiliam na construção do currículo da Educação Infantil, trazendo especificidades das aprendizagens e das conquistas do desenvolvimento de cada uma das crianças. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 62 A BNCC também orienta que os professores devem observar e registrar o desenvolvimento das crianças individualmente, fazendo isso a partir dos campos de experiência e dos objetos de aprendizagem. A avaliação nessa etapa não visa a aprovação ou reprovação do aluno, mas sim observar o quanto cada criança se aproximou dos objetivos de aprendizagem. A avaliação na Educação Infantil se dá de forma contínua, através de observação e registros. Por meio das atividades propostas, o professor define o que será avaliado. Figura 26: Avaliação da Educação Infantil Fonte: @freepik ACESSE: “Como fazer a avaliação na Educação Infantil seguindo as diretrizes da BNCC” é o tema do artigo que você não pode deixar de ler, para compreender as nuances que permeiam tal prática do professor em sala de aula, considerando a criança protagonista de todo o processo educativo. Disponível em: https://bit.ly/38JUUA0. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/38JUUA0 63 Agora, veja algumas ideias práticas para avaliar as crianças da Educação Infantil: • Fichas descritivas: nessas fichas, o professor pode construir uma tabela os campos de experiência e os objetivos de aprendizagem de acordo com a faixa etária e ir assinalando os aspectos do desenvolvimento da criança; • Relatório individual: o professor, a partir dos campos de experiência e dos objetivos de aprendizagem, poderá descrever o desenvolvimento de cada criança individualmente; • Portfólios de atividades: esse método de avaliação é muito eficaz, mas exige tempo e dedicação do professor; • Vídeos: para observar o comportamento e desempenho dos alunos, o professor pode propor diferentes atividades, como brincadeiras em grupo, atividades com brinquedos, jogos educativos, roda de conversa, contação de histórias, dança, música e filmar esses momentos, tendo o vídeo como forma de registro para avaliar cuidadosamente o desempenho de cada aluno. RESUMINDO: Como vimos, o processo de avaliação na Educação Infantil deve respeitar a capacidade emocional, afetiva e cognitiva da criança, tendo como principal objetivo auxiliá-las no processo de ensino e aprendizagem, fortalecendo a autoestima dos pequenos. A Educação Infantil é a base para o processo de desenvolvimento das crianças e em como esse processo de formação pode ser lúdico e interessante, tanto para as crianças quanto para você, professor, dependerá daobservação do desenvolvimento da criança, a sua consideração no processo de planejamento escolar, construção curricular, na interação social diária em sala de aula, nas relações com a família e com a comunidade, e também no processo avaliativo. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 64 REFERÊNCIAS ARAÚJO, L. T. G. Afetividade na Educação Infantil. 61 f. Monografia (Licenciatura em pedagogia). Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Brasília, BR, 2014. AULA EM FOCO. 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Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/3kxMtOm https://bit.ly/3kxMtOm https://bit.ly/35wdf3i https://bit.ly/2TvB0Ti https://bit.ly/3kyoQoD https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Marta+Kohl+de+Oliveira&search-alias=books https://bit.ly/3mm8hwT https://bit.ly/34vp0Yx A Didática e a Organização do Ensino na Educação Infantil RCNEI: Seis Eixos de Trabalho da Educação Infantil Movimento Música Artes Visuais Linguagem Oral e Escrita Natureza e Sociedade Matemática Base Nacional Comum Curricular: Seis Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Criança Conviver Brincar Participar Explorar Expressar Conhecer-se Base Nacional Comum Curricular: Cinco Campos de Experiência O Eu, O Outro e o Nós Corpo, Gestos e Movimentos Traços, Sons, Cores e Formas Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações O Brincar e a Didática Pedagógica Currículo e Proposta Curricular na Educação Infantil A Construção do Currículo Planejamento na Educação Infantil Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil Avaliação X Nota Escolar A Avaliação na Base Nacional Comum Curriculare o mais real possível? É o que você estudará a partir de agora! Bons Estudos! Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar a importância da didática e a organização do ensino na Educação Infantil. 2. Analisar os aspectos das propostas curriculares para a Educação Infantil. 3. Identificar a importância do Planejamento na Educação Infantil. 4. Interpretar todo o processo avaliativo aplicado na Educação Infantil. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 12 A Didática e a Organização do Ensino na Educação Infantil OBJETIVO: Bem-vindo querido(a) aluno(a). Nesse momento, você terá a oportunidade de refletir sobre a importância da didática, da arte de ensinar, de utilizar técnicas relevantes e apropriadas para a Educação Infantil, enquanto tema imprescindível para a organização do trabalho pedagógico. Vamos lá? Temos um caminho a percorrer! Avante! . Para pensarmos os aspectos didáticos pedagógicos voltados para infância, a coordenação pedagógica e os professores devem conhecer as normas que regem esse sistema de ensino. Vamos começar relembrando o contido expressamente no Art.29 da LDB: Art. 29. A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade quanto aos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996) Dessa maneira, entendemos que a Educação Infantil objetiva o desenvolvimento integral da criança e, por isso, o planejamento das atividades deve ser pensado a partir das relações que a criança estabelece com o meio. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 13 Figura 1: Educação Infantil Fonte: @freepik. Em seguida, observa-se o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que foi criado para atender as determinações da LDB, citada anteriormente. Esse documento traz orientações didáticas importantes para organização do trabalho a ser realizado com crianças de 0 a 6 anos de idade, respeitando a especificidade de cada região do Brasil. Ele é dividido em seis eixos que reforçam a importância de trabalhar as diferentes linguagens das crianças. A seguir, vamos conhecer cada um deles. RCNEI: Seis Eixos de Trabalho da Educação Infantil DEFINIÇÃO: Eixo é um conjunto de temas que orienta o planejamento de um determinado trabalho. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/vetores-gratis/criancas-de-design-plano-volta-ao-conceito-de-escola_9431157.htm 14 O objetivo de trabalhar cada um desses eixos na Educação Infantil não é antecipar conteúdos escolares, mas sim permitir o desenvolvimento integral das crianças através de atividades que lhes permitam conhecer seu próprio corpo; explorar o meio pela sua curiosidade natural e ganhar confiança em suas ações e em seus movimentos; poder expressar honestamente seus sentimentos, desejos e emoções, utilizando as diferentes linguagens (BRASIL, 1998). Movimento O movimento faz parte do cotidiano da criança desde o seu nascimento e é considerado um aspecto fundamental para o desenvolvimento integral da criança. Dessa forma, as atividades propostas devem visar o desenvolvimento motor das crianças, trabalhando aspectos específicos de sua motricidade em suas tarefas cotidianas (BRASIL, 1998). Para desenvolver essas atividades, é importante que o professor conheça os marcos do desenvolvimento de cada faixa etária para saber o que será trabalhado. ACESSE: Assista no vídeo a seguir a demonstração de uma aula com atividade motora juntamente com princípios de musicalização infantil. A arte-educadora Margareth Darezzo, autora do livro “Canteiro”, mostra como é fácil trabalhar movimentos e a coordenação motora na Educação Infantil por meio de propostas lúdicas. Acesse: https://bit. ly/2ucRPJY. Música A música é uma linguagem que traduz sensações, sentimentos e pensamentos em formas sonoras. A música estimula a sensibilidade e integra aspectos afetivos, estéticos e cognitivos das crianças, além de promover a interação social (BRASIL, 1998). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/2ucRPJY https://bit.ly/2ucRPJY 15 Figura 2: Crianças cantando Fonte: @freepik Artes Visuais As artes visuais também são um dos eixos do RCNEI, e é uma das diferentes formas de linguagem e através delas que as crianças expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas, pontos, volume, espaço e cor (BRASIL, 1998). As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional, além de volume, espaço, cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos, bordados, entalhes, etc.[...] (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, vol. 3, p.85) Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 16 SAIBA MAIS: Para saber mais, leia o artigo “O Ensino de Artes Visuais na Educação Infantil: a prática de leitura e apreciação de obras artísticas”, de Poliana Priscila Sousa Barbosa. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/35vXBF4. Acesso em: 26 out.2020. Exemplo Atividades de artes visuais: Artes Plásticas na Educação Infantil, de Lili Karl. Disponível em: https://bit.ly/3mhE5D4. Linguagem Oral e Escrita Esse eixo nos traz uma das habilidades mais importantes a serem trabalhadas com as crianças, pois ampliam suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. O desenvolvimento da linguagem é um aspecto básico na Educação Infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. Trabalhar a linguagem oral e escrita significa ampliar as capacidades de comunicação, expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Esse trabalho está relacionado ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever (BRASIL, 1998). A interação social por meio da linguagem, seja ela oral ou escrita, amplia os saberes das crianças, os conecta uns com os outros e com o mundo ao seu redor, possibilitando a construção e o desenvolvendo todo e qualquer conhecimento. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/35vXBF4 https://bit.ly/3mhE5D4 17 Figura 3: Desenvolvimento da linguagem Fonte: @freepik Natureza e Sociedade Esse eixo trabalha os temas relacionados ao mundo social e natural, de forma integrada com aas abordagens e enfoques dos diferentes campos das Ciências Humanas e Naturais. [...} O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceitos, valores, ideias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca. [...] Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 18 ACESSE:Assista no vídeo “Natureza e Sociedade”, nome que expressa um dos eixos trabalhados no RCNEI, uma prática real aplicada em sala de aula mediada pela linguagem oral, uma junção de 2 eixos essenciais que devem permear o trabalho pedagógico na Educação Infantil. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/32cK4Ak. Matemática Desde muito cedo as crianças participam de uma série de situações que envolvem números, quantidades e noções sobre espaço. Em seu dia a dia, utilizam recursos próprios para resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de um jogo, repartir as balas entre os amigos, mostrar com os dedos a idade etc. O tempo todo elas observam o espaço ao seu redor e, aos poucos, vão organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo sistemas de referência, identificando posições e comparando distâncias. Através dessa vivência elas adquirem conhecimentos matemáticos. Trabalhar matemática na Educação Infantil é atender as necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos que incidam nos mais variados domínios de seus pensamentos e, também, atender a uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades (BRASIL, 1998). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/32cK4Ak 19 Figura 4: Matemática na Educação Infantil Fonte: @freepik Dentro das orientações contidas no RCNEI está a importância de se estabelecer uma rotina para organizar a didática do trabalho. O documento explica que: A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orientadas. A apresentação de novos conteúdos às crianças requer sempre as mais diferentes estruturas didáticas, desde contar uma nova história, propor uma técnica diferente de desenho até situações mais elaboradas, como, por exemplo, o desenvolvimento de um projeto, que requer um planejamento cuidadoso com um encadeamento de ações que visam a desenvolver aprendizagens específicas. Estas estruturas didáticas contêm múltiplas estratégias que são organizadas em função das intenções educativas expressas no projeto Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 20 educativo, constituindo-se em um instrumento para o planejamento do professor. Podem ser agrupadas em três grandes modalidades de organização do tempo. São elas: atividades permanentes, sequência de atividades e projetos de trabalho (BRASIL, 1998). As atividades permanentes são aquelas que respondem às necessidades básicas de cuidados, aprendizagem e de prazer para as crianças, cujos conteúdos necessitam de uma constância e tem como objetivo principal constituir atitudes e desenvolver hábitos. Alguns exemplos de atividades permanentes são: os momentos de brincadeira, roda de história, oficinas de desenho, pintura e modelagem, cuidados com o corpo e música (BRASIL, 1998). As sequências de atividades são planejadas e conduzidas com o intuito de promover uma aprendizagem específica e definida e devem ser propostas em diferentes graus de complexidade. Essas sequências de atividades devem ser retiradas de um dos eixos mencionados anteriormente (BRASIL, 1998). O objetivo do projeto educativo é desenvolver um conjunto de atividades que trabalhem com os conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho. Esse projeto pode ser organizado ao redor de um problema a ser resolvido ou um produto final que se quer obter. Sua duração pode variar de acordo com o objetivo proposto (BRASIL, 1998). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 21 Base Nacional Comum Curricular: Seis Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Criança Outro documento importante que aborda os aspectos didáticos pedagógicos para Educação Infantil é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Este documento tem como objetivo traçar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes da educação básica. De acordo com a BNCC, seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento devem ser garantidos a todas as crianças, para que elas possam aprender e se desenvolver. Vamos conhecer cada um deles? Conviver A criança tem o direito de conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando os conhecimentos de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. Dentre esses direitos, destaca-se a questão das diferentes linguagens, que são potencializadas e trabalhadas a partir do direito de convivência. Figura 5: Convivência com outras crianças Fonte: @freepik Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/vetores-gratis/feliz-criancas-cute-menino-e-menina-ler-livro_6983404.htm 22 Brincar A criança tem o direito de brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Perceba que, o que já era garantido nas legislações anteriores, permanece na Base Nacional Comum Curricular, onde o brincar continua sendo uma atividade essencial para o pleno desenvolvimento da criança. Figura 6: Crianças brincando Fonte: @pixabay Participar A criança tem o direito de participar ativamente, com os adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7as-brincando-parque-crian%C3%A7as-334531/ 23 e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimento, decidindo e se posicionando. Figura 7: Participação nas atividades Fonte: @freepik Explorar A criança tem o direito de explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos e elementos da natureza na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura em suas diversas modalidades, como as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. A BNCC assegura às crianças o direito de serem sujeitos dentro do processo de construção cultural, ou seja, a partir dessa exploração a criança vai assimilando os elementos culturais de sua sociedade. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 24 Figura 8: Exploração nos elementos da natureza Fonte: @freepik Expressar A criança tem o direito de se expressar como sujeito, dentro de um diálogo, expondo suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões e questionamentos, por meio de diferentes linguagens. Figura 9: Expressão de sentimentos Fonte: @freepik Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/vetores-gratis/jovem-professor-com-criancas-alegres_9173943.htm 25 Conhecer-se A criança tem o direito de construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu cotidiano familiar e comunitário. Vimos até aqui diversos aspectos didáticos pedagógicos voltados para Educação Infantil, a partir de documentos criados com esse objetivo. A seguir, vamos conhecer mais a fundo o brincar de uma forma mais aprofundada, uma vez que essa é umaatividade fundamental para o desenvolvimento da criança e é uma parte imprescindível do seu dia a dia. Figura 10: Construção da identidade e constituição de imagem Fonte: @freepik Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/vetores-gratis/professor-e-filhos-sentados-em-ilustracao-vetorial-plana-isolada-de-pose-de-ioga-instrutor-de-desenho-animado-e-criancas-fazendo-exercicios-no-ginasio_10173621.htm 26 Base Nacional Comum Curricular: Cinco Campos de Experiência Os campos de experiência BNCC são cinco e são guias para compor o currículo das crianças que possuam faixa etária de 0 a cinco anos e 11 meses de vida, como podemos ver as características deles a seguir: O Eu, O Outro e o Nós Neste campo, podemos trabalhar brincadeiras e atividades lúdicas para desenvolver as relações da criança com ela mesma, com o outro, com os colegas, com o professor, com pais e com toda a sociedade ao redor dela. Com isso, este campo se antecede ao desenvolvimento do uso completo do idioma materno e das regras gramaticais, que elas utilizarão mais tarde. Vejamos o que a BNCC fala sobre este campo: É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 27 Corpo, Gestos e Movimentos As crianças exploram o mundo por meio dos sentidos, do corpo, dos gestos e dos movimentos, desde muito novos. Portanto, a partir de seu nascimento, eles têm primeiro contato com o mundo, que é diferente daquele da barriga de suas mães. Vejamos o que a BNCC fala sobre este campo: Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam- se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017, p. 39). Traços, Sons, Cores e Formas Neste campo as crianças deveram ter experiências pelo contato com manifestações artísticas, culturais e científicas para desenvolvimento do conhecimento sobre cultura e criação suas próprias artes, de maneira Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 28 cultural autônoma. Vejamos o que a BNCC educação infantil fala sobre este campo de experiência: Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências (BRASIL, 2017, p. 39). Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação A comunicação da criança é desenvolvida desde seu nascimento, por meio de seu corpo, de seu choro, de seu riso, de seu tato e de seu olhar. Neste campo o desenvolvimento a linguagem e da criatividade se desenvolvem de forma mais completa. Vamos ver o que a BNCC fala sobre isso: Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 29 vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixamtransparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua (BRASIL, 2017, p. 40). Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações Neste campo as crianças terão experiências mais concretas, que estão relacionadas à matemática e às ciências em geral, com exploração de espaço, o temo, as quantidades, as relações. Vejamos o que a BNCC fala sobre isso: Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 30 As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu em seu cotidiano. (BRASIL, 2017, p. 40). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 31 O Brincar e a Didática Pedagógica Diante de todos os aspectos didáticos pedagógicos voltados para Educação Infantil citados anteriormente, vimos que o brincar é a atividade principal para o pleno desenvolvimento da criança, pois é através da brincadeira que ela se expressa e se relaciona com o mundo ao seu redor. TESTANDO: Como deve ser a didática do professor na Educação Infantil? Olhar o brincar como forma de diversão ou como forma de aprendizado? Piaget acredita que o brincar deve ser uma ação livre e espontânea, partindo do próprio interesse da criança. A partir da brincadeira, a criança assimila determinadas informações de acordo com o seu estágio de desenvolvimento e se desenvolve de forma integral. O brincar é a principal atividade da infância, pois responde à necessidade de meninos e meninas de olhar, tocar, satisfazer a curiosidade, experimentar, descobrir, expressar, comunicar, sonhar, ou seja, o brincar se torna uma necessidade de descobrir, conhecer, dominar e amar o mundo (MARIN, PENÓN, 2004). Quais aspectos estão envolvidos no desenvolvimento integral da criança? Aspectos cognitivos, afetivos, físicos-motores, morais, linguísticos e sociais. É possível observar o estágio de desenvolvimento em que a criança está através do brincar, pois as brincadeiras tendem a evoluir conforme a faixa etária aumenta. Dessa forma, Piaget acredita que o jogo pode ser estruturado de três maneiras: exercício, simbólico, construção e regra. Essa estrutura acompanha o desenvolvimento da criança. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 32 Entre 1-2 anos de idade a criança brinca por simples prazer. A ação de ver uma bola rolar, bater um objeto e perceber o som que ele produz etc. Entre os 2-7 anos de idade a brincadeira já adquire um caráter simbólico. Nessa fase a criança representa seu mundo, usando o simbólico para evocar a realidade, dando asas à imaginação e expressando regras implícitas que se materializam nos temas de cada brincadeira. Assim que a brincadeira começa a se aproximar do mundo real, o símbolo começa a representar a realidade (KISHIMOTO, 2008). Exemplo Brincar de casinha, imitar animais e se fantasiar são brincadeiras de caráter simbólico. Figura 11: Brincar e o caráter simbólico Fonte: @freepik A partir dessas brincadeiras a criança expressa suas representações mentais. O jogo com regras surge a partir dos 6 anos de idade, quando as crianças observam as relações sociais em que vivem e as regras são impostas em toda ação. Exemplo Brincadeira de pega-pega, jogo com bola, jogo de cartas, jogo de xadrez. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 33 Figura 12: Jogos com regras Fonte: @freepik Vygotsky também traz grandes contribuições para área da educação e entende que o brincar reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. O autor acredita que a brincadeira tem grande influência no desenvolvimento da criança e vai além de uma atividade simbólica, pois as situações imaginárias baseiam-se em regras de comportamento condizentes com aquilo que está sendo representado. Essa ação permitirá que a criança internalize regras, valores, modo de agir e de Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-menino-jogando-xadrez_6037611.htm 34 pensar de seu grupo social, o que passará a orientar seu comportamento e desenvolvimento cognitivo (VYGOTSKY, 1994). Exemplo A maneira como a criança conduz a brincadeira é a forma como as pessoas ao seu redor se comportam, ou seja, se ao brincar de mamãe e filhinho a criança der broncas na boneca ou a colocar de castigo, estará reproduzindo nessa ação o que vivencia diariamente. Figura 13: Relação da brincadeira com a vida real Fonte: @freepik Podemos perceber através das concepções dos autores que o brincar, mesmo que de forma livre e espontânea, contribui para o pleno desenvolvimento da criança e, por isso, é considerado como um direito. Você deve estar pensando: “mas, e eu enquanto professor, como posso garantir esse direito às crianças?” Vou citar um exemplo: você pode disponibilizar alguns brinquedos selecionados para a faixa etária da criança e permitir que ela escolha com Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 35 qual deles quer brincar. O fato de você deixar os brinquedos e/ou objetos à disposição da criança vai permitir que ela explore, manipule, aprenda e tome decisão com essa experiência. Ou seja, o professor não precisa determinar com o que a criança vai brincar para que ela aprenda. Nessas ações você também vai perceber que o brincar tem uma grande relação com a cultura, pois transmite características próprias por meio das gerações que se sucedem e, com isso, tornam a brincadeira uma manifestação cultural presente diariamente no cotidiano das crianças (KISHIMOTO, 2008). Exemplo Nos países ocidentais, a colher é um objeto utilizado para se alimentar e, por isso,se um adulto der uma colher para uma criança pequena, ela irá utilizá-la para alimentar sua boneca, imitando a ação que o adulto faz com aquele objeto. E nos países orientais, como é a forma de se alimentar? Isso mesmo, com rachi. Ou seja, através do brincar a criança está conhecendo o mundo da cultura. Saiba mais sobre isso na entrevista concedida pela educadora Tizuko Morchida (USP) à UNIVESP. Fonte: Disponível: https://bit.ly/2SHusl7. O brincar, além de proporcionar o desenvolvimento integral das crianças, também proporciona o contato com um aprendizado gradativo em todas as áreas do desenvolvimento. A criança que brinca aprende a tomar decisões, fazer escolhas, ter flexibilidade, enfrentar desafios cotidianos, raciocinar, entre outras ações importantíssimas para o futuro ingresso no mundo adulto. Então, você, futuro educador, tem papel fundamental de proporcionar em sua didática oportunidades para as crianças brincarem e se desenvolverem. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/2SHusl7 36 RESUMINDO: Nesse capítulo você pode perceber a importância da didática e sua implicação e aplicação prática no dia a dia da sala de aula da Educação Infantil. Você pode conhecer mais sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que foi criado para atender as determinações da LDB, o qual é dividido em seis eixos que reforçam a importância de trabalhar as diferentes linguagens das crianças: movimento, música e artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e a matemática. Sobretudo isso, você pode perceber o papel do brincar em todas as esferas da vida da criança, atividade que permeia a infância, que é simbólica, mas também pode ser a representação do real, dentro do processo de desenvolvimento infantil. É um desafio grande do educador de aliar momentos de prazer e de brincar, de educar e de cuidar, de estimular o desenvolvimento das crianças sem podar sua imaginação, mas incentivando sua imaginação e explorando as possibilidades que que a circundam. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 37 Currículo e Proposta Curricular na Educação Infantil OBJETIVO: Pronto para mais um desafio? Neste tópico de estudos você verá o que é currículo, o que o define, sua importância para a organização do trabalho pedagógica na Educação Infantil, quais os modelos de currículos existentes para esta vertente da Educação Básica. Vamos lá!. Durante a evolução do homem é possível perceber que ele sempre produziu conhecimento por meio da interação com o outro, e transmitiu esse aprendizado aos outros integrantes da sociedade, seja pela comunicação ou arte, registrando suas histórias e conhecimentos O aprendizado informal adquirido pelo contato com o outro foi dando lugar para o aprendizado formal, que é o acesso ao conhecimento estruturado dentro de uma instituição de ensino. A estruturação do conhecimento se dá pelo significado que a escola passa a dar para o conhecimento, elaborado pelo próprio homem durante a evolução da sua história. A partir desse entendimento de aprendizado formal, surgiu a necessidade de um currículo que estabelecesse, como e para que os currículos devam ser desenvolvidos. Segundo o Dicionário Aurélio (2002) currículo significa o ato de correr, desvio para encurtar o caminho, a descrição do conjunto de conteúdo ou matérias de um curso. NOTA: O conceito presente no dicionário Aurélio é o que comumente encontramos para descrever o que seria currículo, mas currículo se define como algo muito mais amplo de que simplesmente um conjunto de conteúdo. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 38 O modo como esse currículo estará organizado será determinado pelo objetivo que se pretende atingir, seja para aquisição de conhecimento com vistas ao exercício de apenas uma função no mercado de trabalho, ou o objetivo de transformar o aluno em um cidadão crítico e questionador, para as questões que estão em torno do seu dia a dia. Sendo assim, compreender as questões econômicas, políticas e culturais se fazem necessárias, uma vez que só por meio dessa análise é possível organizar um currículo de acordo com os objetivos que se pretende atingir. A escola ao refletir sobre os objetivos que a escolarização visa naquele grupo, deve buscar analisar o meio em que esses alunos, que são os protagonistas do processo aprendizado, estão inseridos uma vez que a elaboração do currículo não é algo fixo, mas algo flexível que deve ser composto pelos participantes da vida escolar, para que esse aprendizado possa ter sentido. O currículo deve buscar propor conhecimento sobre algo vivenciado, ou fazê-los pensar ou agir de modo diferente pela reflexão de seus atos e atitudes. A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 determina que sejam desenvolvidas uma base nacional comum curricular e uma base diversificada, e que a escola deve elaborar sua própria proposta pedagógica. Com isso, nota-se a importância de analisar as especificidades da onde está inserida a escola, para tornar a elaboração da proposta pedagógica algo coerente com o seu meio. A figura a seguir representa abstratamente que a construção do currículo escolar na educação infantil deve ser a partir da consideração de elementos próprios da criança, da família na qual está inserida, da sociedade e, também, da própria escola. Dessa maneira, torna- se perceptível que não há currículo escolar adequado se não houver equilíbrio entre os interesses que envolvem a realidade da criança e, negar essa realidade, seria afastar de maneira brusca a possibilidade de apresentar medidas adequadas para as crianças. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 39 Figura 14: Relação necessária na construção do currículo escolar Fonte: Elaborada pelas autoras (2020). O currículo escolar é um documento que ganhará vida na vivência pedagógica e, por isso, deve estar relacionado com o projeto político pedagógico da escola, e ser desenvolvido com toda comunidade escolar, buscando atender além do conteúdo comum, as particularidades de cada instituição. Sendo assim, quando a escola quando não promove a reflexão do educando e busca apenas a repetição de conteúdos historicamente elaborados, tem como objetivo formar cidadãos aptos a apenas reproduzir, perpetuando a ideia de que existe somente uma sociedade ideal, e todos devem fazer parte dela sem promover questionamentos e aceitando sua condição frente a essa sociedade. IMPORTANTE: Ao desenvolver um currículo a escola deve refletir o tipo de indivíduo que pretende formar, e é por meio do professor, sendo um mediador do conhecimento, que se deve buscar recursos para atingir esse objetivo proposto. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 40 A educação brasileira, ao longo da história, foi marcada por teorias baseadas em diferentes pressupostos, que consequentemente deram origem à diversos modelos de propostas curriculares. Vejamos algumas dessas correntes: • Teorias não críticas: composta pelas Tendências Tradicionais, Escola Nova e Escola Tecnicista, as Teorias não críticas tem como característica sua neutralidade diante das questões sociais e políticas. A função da escola é preparar o educando para desempenhar papeis sociais; • Escola tradicional: composta por disciplinas especificas e conteúdos isolados, tem como objetivo preparar o aluno para atuar na sociedade e atendê-la, sem promoção de debates ou reflexões; • Escola Nova: propõem o desenvolvimento de projetos com base no interesse dos alunos, ênfase no processo de aprendizagem e o professor é visto como um facilitador do conhecimento. Ela não promove a ênfase na criticidade do educando; • Escola Tecnicista: enfatiza a importância do desenvolvimento de competências e habilidades específicas e molda o comportamento de acordo com a técnica. O educando évisto como alguém que irá receber o conhecimento, desconsiderando o seu pensar, criar e refletir; • Teorias Críticas: critica a perpetuação da desigualdade social pelas práticas escolares. É composta pela pedagogia crítico e produtiva, e defende a criação de um currículo emancipador que faz críticas a disseminação da cultura e da língua da classe dominante; • Teorias Pós Críticas: ressalta que o currículo deve ser elaborado a partir dos interesses dos educandos e de acordo com os significados da realidade expressa pelos diálogos, mostrando a importância de se ouvir o aluno. Ela é composta pela Pedagogia histórico-critica, que propõem que os conteúdos sejam interligados de modo a Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 41 favorecer uma análise crítica dos alunos, o professor passa a ser o mediador do processo ensino aprendizagem. A Construção do Currículo Conceber a construção do currículo como ato reflexivo e crítico, a partir da participação direta da criança, parece ser algo indiscutível, visto ser importante oferecer a criança uma perspectiva mais ampliada de mundo, que de fato, só pode ser alcançada através da descoberta. Sendo assim, tendo por base o especificado na própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases 9394/1996) observa-se, contudo, uma perspectiva exigível do cumprimento de determinados elementos para a construção do currículo escolar. Convém observar ainda que, ao se tratar da LDB, muito embora tenha uma predominância legal, não se pode esquecer da perspectiva de direcionamento que existe nesta norma, ou seja, o objetivo especificado na própria norma é tão somente o de oferecer elementos adequados, dentro do ambiente escolar, para que a criança possa desenvolver suas competências. Por isso, quando houver referência às diretrizes não se pode confundir com positivismo/cristalização, visto que a primeira apresenta direcionamentos para se atingir um ponto maior, que é a qualidade do ensino; o segundo diz respeito aquilo que não pode ser adaptado, modificado. E, muito embora exista a necessidade de se criar um currículo, não se pode esquecer a necessidade de adaptação das realidades locais, regionais. O que se percebe, portanto, é tão somente a coexistência entre ambos os instrumentos, nomeadamente currículo e LDB, visto que, na verdade, o currículo, apesar das suas peculiaridades, não pode deixar de estar conectado às diretrizes apresentadas na LDB. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 42 Figura 15: Convergência Fonte: Elaborada pelas autoras (2020). Exemplo Muito embora exista a pacificação de que as festividades do carnaval sejam aplicadas para todas as regiões do Brasil, não se pode querer exigir que a forma de festejar venha a ser igual. Dessa maneira, as escolas ao desejarem comemorar o carnaval, o farão levando em consideração as peculiaridades da sua região, pois isso, inclusive, é uma maneira de que as crianças passem a compreender de maneira eficiente o estilo de sua cultura. IMPORTANTE: Os currículos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, devem ter uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 2013). Dessa maneira, o currículo da Educação Infantil pode surgir em decorrência de uma “articulação dos saberes e das experiências das crianças com o conjunto de conhecimentos já sistematizados pela humanidade, ou seja, os patrimônios cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico” (BRASIL, 2009, p.06). Por isso, pode ser afirmado que para que o currículo seja construído de maneira adequada, faz-se necessário o contato com a prática, ou seja, a compreensão da vivência. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 43 “A vivência é um arranjo curricular adequado à educação da criança de 0 a 5 anos e 11 meses quando certas experiências, por ela vivenciadas, promovem a apropriação de conhecimentos relevantes” (BRASIL, 2018, p. 62). E, em se tratando de vivência no campo da experiência no âmbito da Educação Infantil, existe no próprio texto legal a indicação de cinco elementos que devem ser levados em consideração para a identificação da experiência, nomeadamente: o eu o outro e o nós; corpo, gesto e movimentos; traços, sons, cores e imagens; escuta, fala, linguagem e pensamento; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações (BRASIL, 2018). A questão reside tão somente na necessidade de se identificar as experiências das crianças para que, em conjunto com novas situações, se consiga viver novas experiências educacionais. O que se deseja a partir das novas experiências é tão somente criar significados no sentido de tornar a criança capaz de compreender, dentro da sua própria realidade, aquilo que está sendo vivenciado, descoberto. A proposição de um currículo por campos de experiência consiste em centralizar no projeto educativo de creches e pré-escolas as ações, as falas, os saberes e os fazeres das crianças que, interpretados e significados pelos (as) professores (as) de Educação Infantil, podem ser traduzidos em novas situações educativas. Sendo assim, “tanto do ponto de vista de seu desenvolvimento quanto de sua relação com a sociedade passam a ser pontos de referência dos projetos educativos” (SACRISTÁN, 2000, p.42). A figura a seguir apresenta o ciclo de vivência das experiências e, aponta que uma experiência própria a partir do momento do contato com uma experiência externa, irá gerar uma nova experiência. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 44 Figura 16: Experiência construída Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). NOTA: O termo “interpretativa” captura os aspectos inovadores da participação das crianças na sociedade, indicando o fato de que as crianças criam e participam de suas culturas de pares singulares por meio da apropriação de informações do mundo adulto de forma a atender aos seus interesses próprios enquanto crianças. O termo “reprodução significa que as crianças não apenas internalizam a cultura, mas contribuem ativamente para a produção e a mudança social” (CORSARO, 2009, p. 31). ACESSE: Para compreender um pouco mais sobre o que propõem as novas diretrizes para a formação do currículo, leia o artigo de Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, “O currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas Diretrizes Nacionais”, disponível em: https://bit.ly/2SWnWpp. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/2SWnWpp 45 RESUMINDO: Chegamos ao final de mais um tópico. Conforme você pôde perceber, a escola deve criar condições para que se desenvolva o aprendizado por meio de diferentes interações, conhecendo as especificidades de cada integrante da comunidade escolar e promovendo a mediação das diferentes disciplinas com o conteúdo básico pré-estabelecido. Deve ser analisado, além de quem são os personagens que compõem a comunidade escolar, o papel da escola naquela comunidade, e qual o cidadão que gostaria de formar para poder estar atuando na sociedade. Com base nesses questionamentos serão constituídos currículos que irão desenvolver cidadãos críticos e reflexivos, por meio de aprendizados significativas que promovam transformação no educando. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 46 Planejamento na Educação Infantil OBJETIVO: Neste tópico de estudo você estudará as questões relacionadas com o planejamento da Educação Infantil. Ao término deste tópico deseja-se que você tenha compreendido a sua importância, possa identificar as diretrizes nacionais que tratam de planejamento e o impacto na sala de aula de um planejamento bem realizado. E, aí? Está pronto para atravessar esse novo mundo do planejamento na Educação Infantil? Bons estudose vamos lá! Tendo por base o especificado nas diretrizes curriculares e, ainda na realidade em que o aluno apresenta e na que a escola está inserida, chega o momento de planejar as experiências da criança. Há aquela pessoa que pergunta: é preciso planejar uma aula mesmo a criança sendo pequena? Afinal de contas, será apenas brincadeira... Enganada está a pessoa que pensa dessa maneira. Ocorre que o processo de aprendizagem da criança não envolve apenas o conhecimento do letramento, da aplicação de conteúdo específico, mas existem muitas outras competências e habilidades que podem e devem ser trabalhadas com a criança que não especificamente o conteúdo concreto. Sendo assim, cada fase da escola, seja ela qual for, precisa passar pelo processo de planejamento, pois se torna de extrema importância a sua especificação, as intenções acadêmicas que devem ser aplicadas par cada fase do ensino. O objetivo é tão somente fazer com que a proposta estabelecida para as crianças seja, de fato, cumprida. Por isso, quando se menciona o ato de planejar, o objetivo é organizar o que se deseja fazer no futuro. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 47 Figura 17: Ciclo de construção da aprendizagem Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). No ato do planejamento, o professor poderá dar os direcionamentos adequados a partir da realidade do aluno e o que se deseja alcançar com a apresentação da proposta. Sendo assim, o professor deverá trabalhar com determinados requisitos, nomeadamente: identificação de quem será a criança, quais as habilidades que devem ser trabalhadas em cada etapa do desenvolvimento, o tipo de material que irá ser utilizado para aplicar as estratégias no sentido de atingir as habilidades traçadas, qual a função do professor nesse processo de ensino-aprendizagem, a estruturação e adequação do espaço onde será aplicada a dinâmica da relação professor-aluno e, não menos importante, o período que será destinado para o cumprimento das diretrizes traçadas. Figura 18: Ensino-aprendizagem Fonte: @freepik. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil Fonte: 48 Tendo ciência da importância do planejamento das atividades escolares na Educação Infantil, não fazer o referido planejamento pode gerar um desequilíbrio no processo de aprendizagem e, consequentemente, gerar sobrecarga no responsável direto pela atividade e, ainda, desinteresse na própria turma. Figura 19: O não planejar Não planejar Credibilidade questionável Desorganiza o processo de ensino- -aprendizagem Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). ACESSE: Quer saber mais sobre a organização do plano de aula para a Educação Infantil, o planejamento de atividades em sala de aula e as práticas que podem e devem compor sua rotina? Então assista ao vídeo “Plano de aula na Educação Infantil – planejamento de atividades” com o Programa Aula em foco, disponível em: https://bit.ly/2ua2Aws. Para que o planejamento possa funcionar de maneira adequada, para que este plano de aula seja efetivo no dia a dia, apesar de não existir Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/2ua2Aws 49 um modelo específico, alguns requisitos, segundo Nervi (1967, p.56 apud GAMA, 2009, p.67), são sugeridos: COERÊNCIA: as atividades planejadas devem manter perfeita coesão entre si de modo que não se dispersem em distintas direções, de sua unidade e correlação dependerá o alcance dos objetivos propostos. SEQÜÊNCIA: deve existir uma linha ininterrupta que integre gradualmente as distintas atividades desde a primeira até a última de modo que nada fique jogado ao acaso. FLEXIBILIDADE: é outro pré-requisito importante que permite a inserção sobre a marcha de temas ocasionais, subtemas não previstos e questões que enriqueçam os conteúdos por desenvolver, bem como permitir alteração, de acordo com as necessidades ou interesses dos alunos. PRECISÃO E OBJETIVIDADE: os enunciados devem ser claros, precisos, objetivos e sintaticamente impecáveis. As indicações não podem ser objetos de dupla interpretação, as sugestões devem ser inequívocas. Dessa maneira, o processo de planejamento pode possuir distintas estruturas, pois irá depender do período, do grupo e, por fim, das competências que deseja alcançar. A verdade é que cada ato realizado em sala de aula irá depender, essencialmente, de uma programação prévia, no sentido de envolver adequadamente a criança e não gerar período de inércia e sem orientação. Mesmo em havendo tempo livre para que as crianças possam estar brincando, existirá uma proposta a ser atingir por trás dessa “brincadeira”. Dessa maneira, a preparação com antecedência das aulas gera inovação do processo de ensino-aprendizagem, mesmo que ocorra com os mesmos objetivos e dentro do mesmo ambiente; o que muda na verdade é a apenas a proposta. Exemplo Um determinado brinquedo pode conter várias utilidades; enquanto em sala de aula serve para dar suporte nas atividades acadêmicas, no Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 50 parque pode servir como instrumento de auxílio no momento de diversão, ou seja, reveste uma característica distinta. Destaca-se ainda que, o ato de planejar por parte do professor não tornará o profissional numa pessoa inflexível, ou seja, que não poderá se adequar as circunstâncias que surgem no decorrer da sala de aula. Muito pelo contrário, com o planejamento o professor estará mais bem- preparado para acolher determinadas adversidades que venham surgir no decorrer da aula. Figura 20: O bom planejamento Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 51 REFLITA: O ato de planejar favorece o professor na tomada de decisões de maneira mais consciente ou o induz apenas a solucionar problema? O planejamento da escola trata-se do que chamamos de projeto político-pedagógico ou projeto educativo. Sendo esse plano integral da instituição, ele é composto de marco referencial, diagnóstico e programação. Este nível envolve tanto a dimensão pedagógica quanto a comunitária e administrativa da escola” (VASCONCELLOS, 2000, p.95) Dessa forma, toda e qualquer proposta escolar, composta pelas experiências de aprendizagem que se desejam realizar no dia a dia, deverá abarcar: [...] os diversos componentes curriculares, sendo que a proposta curricular pode ter como referência os seguintes elementos: fundamentos da disciplina, área de estudo, desafios pedagógicos, encaminhamento, proposta de conteúdo, processos de avaliação. (VASCONCELLOS, 2000 p.95) Entretanto, destaca-se ainda que as propostas de planejamento devem seguir os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que tem como pressuposto as diversidades regionais e sociais, e como objetivo principal o fortalecimento do sistema educacional. Nesse sentido, observe um trecho retirado dos PCNs (1998, p.87): O projeto educativo precisa ter dimensão de presente, a criança, o adolescente, o jovem vive momentos muito especiais de suas vidas; vivenciam tempos específicos da vida humana e não apenas tempos de espera ou de preparação para a vida adulta. Daí a importância de a equipe escolar procurar conhecer, tão profundamente quanto possível, quem são seus alunos, como vivem, o que pensam, sentem e fazem. Quando os alunos percebem que a escola atenta às suas necessidades, os seus problemas, as suas preocupações, desenvolvem autoconfiança e confiança nos outros, ampliando as possibilidades de um Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 52 melhor desempenho escolar; isso vale também para os adultos que trabalham na escola ou que estão de alguma forma, envolvidos com ela: professores, funcionários, diretores e pais. Ainda no âmbito do planejamento, o professor da Educação Infantil pode se valer do RCNEI (ReferencialCurricular Nacional para a Educação Infantil) para estruturar um planejamento com elevado grau de qualidade, nomeadamente (BRASIL, 1998, p.13); • Respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; • Direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; • A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sócias, sem discriminação de espécie alguma; • Acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, a comunicação, a interação social, ao pensamento, a ética e a estética; • Atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. E, além dos elementos referenciados, o planejamento deve conter outras questões de cunho mais burocrático, mas não menos importantes, que são justamente as questão da definição do orçamento anual e provisão de recursos, visto que faz parte do planejamento determinar o quanto será gasto e com o que será gasto os recursos financeiros da escola, com compra de material e sua logística etc. Por isso, com intuito de o planejamento ser cumprido, torna-se imprescindível estabelecer as estratégias essenciais para se alcançar todos os objetivos. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 53 Como o professor pretende alcançar os objetivos de ensino propostos no dia a dia em sala de aula? Esse deve ser um questionamento diário, visto que o planejamento não é estático e, portanto, o professor deve estar preparado para se adequar às novas realidades que, porventura, possam surgir. Um ponto de extrema importância no ato da execução do planejamento é tão somente o tipo de relação que o professor terá com o grupo de alunos. A pergunta deve ser feita: do que adianta um planejamento extremamente bem realizado, mas sem relação adequada entre professor e aluno? Não adianta um ‘planejamento bem planejado’, se o educador não constrói uma relação de respeito e afetividade com as crianças; se ele toma as atividades previstas como momentos didáticos, formais, burocráticos; se ele apenas age e atua, mas não interage/partilha da aventura que é a construção do conhecimento para o ser humano. (OSTETTO,1994, p.190) Figura 21: A importância da empatia do professor em relação aos seus alunos Fonte: Disponível em: @freepik. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-conversando-com-os-alunos-durante-a-aula_9571880.htm 54 REFLITA: Como se dá a minha relação enquanto profissional da Educação Infantil com os meus alunos? A minha preocupação reside tanto no planejar que eu acabo esquecendo da relação com as crianças? Uma outra estratégia bastante significativa no ato do planejamento é incluir a família da criança no desenvolvimento das atividades escolares, pois quando a família se torna membro participativo dos eventos e atividades acadêmicas na escola, haverá, certamente, mais empenho por parte das crianças. Entretanto, torna-se importante apresentar às famílias os objetivos que se desejam alcançar com o desenvolvimento da atividade. Sendo assim, quanto mais especificada estiver a atividade, quanto mais adequado for o horário para a realização do evento e, acima de tudo, quanto mais valorizada for a presença da família, melhores e maiores resultados a escola colherão. Figura 22: A importância da inclusão da família no planejamento escolar Fonte: @freepik Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://br.freepik.com/fotos-gratis/desenho-de-giz-da-familia-feita-no-quadro-negro_7405107.htm 55 E, como qualquer outra atividade, a reflexão sobre a atividade desempenhada faz-se necessária. Não há que se falar em autopiedade, mas tão somente em autoconstrução e, em virtude de o indivíduo ter a capacidade de aprender com os erros, o processo de avaliação das atividades será essencial, pois a partir de então existirá a possibilidade de rever os erros a fim de construir um processo posterior mais adequado. RESUMINDO: Chegamos ao fim de mais uma unidade e esperamos que você tenha compreendido de maneira clara a importância do processo de planejamento na Educação Infantil. Durante a presente unidade percebeu-se que planejar na Educação Infantil é também essencial, pois a criança, apesar das competências distintas, irá aprender de maneira mais lúdica o que deseja ensinar. A aprendizagem não pode ser vista de maneira limitada, mas de forma livre e autônoma. Você pôde compreender também a importância da inclusão da família neste planejamento, visto que haverá uma maior motivação por parte da criança em participar das atividades da escola. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 56 Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil OBJETIVO: Neste tópico de estudo teremos grandes debates entre pesquisadores sobre como deve ser o processo de avaliação na Educação Infantil. Quando pensamos em avaliação, logo pensamos em uma tarefa em forma de exame para que o aluno deposite assim seu conhecimento sobre determinado assunto. Já parou para pensar em como seria esse processo de avaliação na Educação Infantil? Será que isso é possível? Neste tópico você terá respondido a todas estas dúvidas. E, aí? Está ponto para adentrar neste mundo da avaliação da aprendizagem na Educação Infantil? Vamos lá!. Avaliação X Nota Escolar A avaliação é uma prática presente no cotidiano de todos nós. Se pararmos para pensar em como é feita uma avaliação, logo pensamos em atribuição de uma nota que pode variar de 0 a 10. Mas, o que isso significa? A nota significa apenas uma maneira de registrar a comprovação de que o professor acompanhou o aluno e oficializou a qualidade de sua aprendizagem e de seu desempenho em determinada tarefa ou conteúdo (LUCKESI, 2014). ACESSE: Para que seja possível compreender de uma melhor maneira o processo da avaliativo dentro da sala de aula, assista ao vídeo “Avaliação da Aprendizagem” com o professor Cipriano Luckesi, disponível em: https://bit. ly/2wxdPjD. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil https://bit.ly/2wxdPjD https://bit.ly/2wxdPjD 57 A avaliação é uma prática presente em nosso dia a dia, e isso significa a busca de um resultado melhor de nossa ação. Então, ela é uma parceira de todos nós. Luckesi (2014, p.81) compara a avaliação como o “grilo no ouvido do Pinóquio”, indicando se sua atitude ou ação está ou não satisfatória. Isso nos aponta que a avaliação é necessária em todos os níveis educacionais, inclusive na Educação Infantil. Mas, perceba que, na primeira etapa do ciclo educacional, não estamos nos referindo a notas e, sim, a avaliação. REFLITA: Mas afinal, qual é a diferença entre nota e avaliação? O objetivo da avaliação é verificar a qualidade de uma ação que vai nos dizer se o resultado apresentado pode ser melhorado. A nota é o registro de quão satisfatório ou insatisfatório foi o resultado. Figura 23: Nota e avaliação Fonte: Elaborado pelas autoras (2020). Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil 58 Luckesi (2014) apresenta alguns recursos metodológicos e técnicos para realizarmos uma avaliação da aprendizagem. Para o autor, é importante ter ações que antecedem a prática da avaliação. Sendo assim, o planejamento é fundamental para o professor estabelecer o que irá avaliar e qual resultado esperar dos alunos. Também, é preciso que o professor conheça as fases de desenvolvimento de cada faixa etária, para que seja possível trabalhar o que se deseja. Ao preparar uma avaliação é preciso ter em mente quais resultados devem ser alcançados para que sejam aceitáveis. Exemplo Você compra um suco de laranja. Quais qualidades