Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
2 
 
Sumário 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ......................................................................... 3 
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 4 
2. PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................................................................................... 5 
3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL ................................................................................................................... 6 
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL ................................................................................... 11 
4.1 Princípios Constitucionais Explícitos ...................................................................................................... 11 
4.1.1 Princípio da Presunção da Inocência .............................................................................................. 11 
4.1.2 Princípio da Igualdade Processual ou Paridade de Armas ............................................................. 17 
4.1.3 Princípio da Ampla Defesa .............................................................................................................. 17 
4.1.4 Princípio da Plenitude da Defesa .................................................................................................... 20 
4.1.5 Princípio do In Dubio Pro Reo ......................................................................................................... 20 
4.1.6 Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência ............................................................ 22 
4.1.7 Princípio da Publicidade ................................................................................................................. 24 
4.1.8 Princípio da Vedação das Provas Ilícitas ......................................................................................... 27 
4.1.9 Princípio da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável Do Processo ....... 27 
4.1.10 Princípio do Devido Processo Legal .............................................................................................. 28 
4.1.11 Juiz Imparcial ou Natural .............................................................................................................. 28 
4.2 Princípios Constitucionais Implícitos ..................................................................................................... 30 
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova 
Contra Si Mesmo) .................................................................................................................................... 30 
4.2.2 Princípio da Iniciativa das Partes .................................................................................................... 38 
4.2.3 Duplo Grau de Jurisdição ................................................................................................................ 38 
4.2.4 Princípio da Oficialidade ................................................................................................................. 38 
4.2.5 Princípio da Oficiosidade ................................................................................................................ 38 
5. OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL ................................................................................................ 39 
5.1 Princípio da Oralidade ........................................................................................................................... 39 
5.2 Indivisibilidade da Ação Penal Privada .................................................................................................. 39 
5.3 Comunhão da Prova .............................................................................................................................. 39 
5.4 Impulso Oficial ....................................................................................................................................... 40 
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL ................................................................................................................. 40 
6.1 Aplicação da Lei Processual no Tempo .................................................................................................. 40 
6.2 Aplicação da Lei Processual no Espaço: ................................................................................................. 42 
6.3 Aplicação da Lei Processual em Relação às Pessoas ............................................................................. 43 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL ............................................................................................. 46 
8. FONTES ........................................................................................................................................................ 48 
8.1 Fonte Material, Substancial ou de Produção ........................................................................................ 48 
8.2 Fonte Formal, Cognitiva ou de Cognição ............................................................................................... 49 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
3 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
Olá pessoal, antes de começar o estudo do material, é importante destacar que, em 2023, o STF julgou as 
ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305 que questionavam alterações no Código de Processo Penal (CPP) pelo Pacote 
Anticrime (Lei 13.964/2019). 
No julgamento, a Corte estabeleceu: 
1) Implantação do juiz das garantias cuja competência será limitada até o OFERECIMENTO da denúncia, 
sendo o juiz INVESTIDO na função e cabendo-lhe determinar a realização de diligências suplementares, 
para o fim de dirimir dúvida relevante no julgamento do mérito, NÃO se aplicando aos processos de 
competência originária dos tribunais, tribunal do júri, violência doméstica e infrações de menor 
potencial ofensivo (art. 3ª-A, 3ºB, 3º-C, art. 3º-E); 
2) Controle judicial dos atos praticados pelo Ministério Público, sob pena de nulidade (art. 3º-B), 
incluindo a submissão do arquivamento à análise da autoridade judicial, que poderá submeter à revisão 
da instância ministerial em caso de patente ilegalidade (art. 28 e art. 28-A); 
3) Videoconferência poderá ser utilizada de forma excepcional para realização da audiência de custódia 
(art. 3º-B e art. 310); 
4) Prorrogação do inquérito policial, mediante decisão judicial, mesmo estando o investigado preso, 
sendo que a inobservância dos prazos, não implica na revogação automática da prisão (art. 3º-B, §2º); 
5) Encaminhamento dos autos ao juiz da instrução (art. 3º-D); 
6) NÃO haverá alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (art. 157, 
§5º). 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 5º, XL 
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII 
⦁ Art. 5º, LX e LXIII 
⦁ Art. 5º, XXXVIII, “a” 
⦁ Art. 5°, XXXVII 
⦁ Art. 53 
⦁ Art. 93, IX 
⦁ Art. 129, I 
 
CPP 
⦁ Art. 1º e 2º 
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B 
⦁ Art. 185, §2º 
⦁ Art. 212 e 217 
⦁ Art. 260 e 261 
⦁ Art. 283 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
4 
 
⦁ Art. 792 
 
Outros Diplomas Legais 
⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH 
⦁ Art. 347, CP 
⦁ Art. 305, CTB 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII, CF/88 
⦁ Art. 5º, LX e LXIII, CF/88 
⦁ Art. 93, IX, CF/88 
⦁ Art. 1º e 2º, CPP 
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B, CPP 
 
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL 
 
O Processo Penal Brasileiro deve observânciasubstituírem desembargadores nos Tribunais, quando, em 
conformidade com a legislação de regência, não há qualquer ofensa à Constituição 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
30 
 
Federal. O caso em apreço não se amolda à hipótese acima, tendo em vista tratar-
se de ação penal originária, porquanto, em última análise, refere-se às 
prerrogativas dos membros do Ministério Público que, por expressa previsão 
constitucional (art. 96, inciso III), possuem foro privilegiado por prerrogativa de 
função. Prevendo o Regimento Interno do Tribunal de Justiça Estadual, vigente à 
época do julgamento do paciente, de que era necessária a presença de pelo menos 
dois terços de seus membros na sessão de julgamento, viola o princípio do juiz 
natural quando o referido quórum é completado com juízes de primeiro grau 
convocados. (STJ, 6ª Turma, HC 88.739/BA, Rel. Min. Haroldo Rodrigues, j. 
15/06/2010). 
 
 O tema será aprofundado na temática de Competência, tendo em vista que são assuntos 
diretamente ligados entre si. 
 
4.2 Princípios Constitucionais Implícitos 
 
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova 
Contra Si Mesmo) 
 
a) Conceito: A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si 
próprio, essa garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere” 
que está positivado no artigo 8º, “g”, do Pacto de São José da Costa Rica, garantindo à pessoa o “direito de 
não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”. 
 
b) Previsão Normativa: 
 
Na CF/88 (art. 5º, LXIII), através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do 
princípio do nemo tenetur se detegere: 
 
Art.5º, LXIII, CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
Na CADH (art.8º, item 2, alínea “g”): 
 
Artigo 8º, item 2, CADH – (...) durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena 
igualdade, às seguintes garantias mínimas:(...) g) direito de não ser obrigado a 
depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e 
 
c) Titularidade: A CF faz referência ao preso, mas como se trata de um direito fundamental, a 
interpretação deve ser feita de maneira extensiva. Desta forma, o titular é o indivíduo suspeito, investigado, 
indiciado pela autoridade policial bem como o acusado pelo MP, pouco importa se está preso ou solto. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
31 
 
● Abrange o suspeito, investigado, indiciado ou o acusado. 
● A testemunha tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso 
testemunho. Entretanto, se das perguntas a ela formuladas puder resultar uma autoincriminação, 
também poderá invocar este princípio (Info 754 STF). 
 
Caiu em prova Delegado RN/2021! No curso de inquérito, a autoridade policial intimou Pedro a, na qualidade 
de testemunha, prestar informações sobre determinado fato delituoso. Na condição de testemunha, Pedro: 
estará obrigado a comparecer à delegacia, mas não precisará responder às perguntas formuladas que 
puderem resultar em autoincriminação. 
 
● O imputado deve ser advertido acerca do direito de não produzir prova contra si mesmo, sob pena 
de ilicitude das provas obtidas. 
 
Art. 5º, LXIII, da CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. 
 
O exercício do direito ao silêncio não pode servir de fundamento para 
descredibilizar o acusado nem para presumir a veracidade das versões 
sustentadas por policiais, sendo imprescindível a superação do standard 
probatório próprio do processo penal a respaldá-las. STJ. REsp 2.037.491-SP, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 6/6/2023. 
(Info 780) 
 
Só há nulidade pela falta de cientificação do acusado sobre o seu direito de 
permanecer em silêncio, em fase de inquérito policial, caso demonstrado o 
efetivo prejuízo. STJ. CC 188.135-GO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Rel. para acórdão 
Ministro Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por maioria, julgado em 8/2/2023, 
DJe 23/2/2023. (Info 791) 
 
d) Desdobramentos do Princípio da Não Autoincriminação 
 
1) Direito ao silêncio: Consiste no direito de não responder às perguntas formuladas pela 
autoridade, funcionando como espécie de manifestação passiva de defesa. É uma forma de se 
exercer a autodefesa. 
 
2) Inexigibilidade de dizer a verdade ou direito de mentir: Cuidado! Mentiras defensivas são 
toleradas pelo ordenamento jurídico, porém mentiras agressivas, incriminadoras de terceiro 
NÃO estão sob o manto do direito de defesa. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
32 
 
3) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: Consiste no 
direito de não adotar comportamentos ativos que colaborem com a atividade persecutória do 
Estado. 
Por comportamento ativo, entende-se um “fazer” por parte do acusado, a exemplo do fornecimento 
do padrão vocal para realização de exame de espectrograma; fornecimento de material escrito para exame 
grafotécnico; exame de bafômetro. 
Nesse sentido a jurisprudência: 
 
(...) O privilégio contra a autoincriminação, garantia constitucional, permite ao 
paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a 
fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que entende lhe 
ser desfavorável. Ordem deferida, em parte, apenas para, confirmando a medida 
liminar, assegurar ao paciente o exercício do direito de silêncio, do qual deverá ser 
formalmente advertido e documentado pela autoridade designada para a 
realização da perícia. (STF, 2ª Turma, HC 83.096/RJ, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 
12/12/2003 p. 89). 
 
Acerca da recusa ao teste do bafômetro, nas palavras de Renato Brasileiro de Lima: 
 
O fato de o art. 277, § 3º, do CTB, prever a aplicação de penalidades e medidas 
administrativas ao condutor que não se sujeitar a qualquer dos procedimentos 
previstos no caput do referido artigo é perfeitamente constitucional. Ao contrário 
do que ocorre no âmbito criminal, em que, por força do princípio da presunção de 
inocência, não se admite eventual inversão do ônus da prova em virtude de recusa 
do acusado em se submeter a uma prova invasiva, no âmbito administrativo, o 
agente também não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, porém, como 
não se aplica a regra probatória que deriva do princípio da presunção de inocência, 
a controvérsia pode ser resolvida com base na regra do ônus da prova, sendo que 
a recusa do agente em se submeter ao exame pode ser interpretada em seu 
prejuízo, no contexto do conjunto probatório, com a consequente imposição das 
penalidades e das medidas administrativas previstas no art. 165 do CTB. (LIMA, 
Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 81-
82). 
 
Atualmente, há teste de bafômetro ativo (não é obrigado a realizar, pois pode acarretar 
autoincriminação) e teste de bafômetro passivo, em que é colocado um objeto próximo ao agente, capaz de 
captar, por meio da respiração, o teor alcoólico. Este último, por não demandar qualquer comportamento 
do agente, pode ser realizado, mesmo contra sua vontade. 
Tratando-se de comportamentos passivos, em que o agente se sujeita a prova, não há proteção do 
referido princípio, a exemplo do reconhecimento de pessoas e coisas. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
33 
 
O STF entendeu que o direito a não autoincriminação não assegura ao acusado o direito de ocultar ou falsear 
a sua identidade (1ªT, RE n2 561.704, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 64 02/04/2009). 
 
No mesmo sentido, o STJ, possui entendimento sumulado. SUM 522: A condutade atribuir-se falsa 
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
 
Caiu em prova Delegado RN/2021! O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os 
quais o do nemo tenetur se detegere, pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
Com base no princípio em questão e na jurisprudência dos Tribunais Superiores: a atribuição de falsa 
identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa, configura fato típico. 
 
 
4) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: O direito de não se 
autoincriminar (nemo tenetur se detegere) é garantia fundamental de um Estado Democrático de Direito e 
deve ser observado de forma que, caso violado, a prova obtida será considerada ilícita. As intervenções 
corporais (investigação corporal ou ingerência humana) são medidas de investigação que se realizam sobre 
o corpo das pessoas, sem a necessidade do consentimento destas. 
Os exemplos de intervenções corporais são diversos, como exame de sangue, ginecológico, 
identificação dentária, endoscopia, exame do reto, entre outras tantas perícias como o exame de matérias 
fecais, de urina, de saliva, exames de DNA usando fios de cabelo, identificações datiloscópicas de impressões 
dos pés, unhas e palmar e também a radiografia. 
Ocorre que, para que a prova seja considerada lícita, deve-se observar a forma de coleta da mesma: 
invasiva ou não invasiva à luz do direito de não produzir prova contra si mesmo. 
· Invasivas: são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano, por 
instrumentos ou substâncias, em cavidades naturais ou não, implicando na utilização (ou extração) de 
alguma parte dele ou na invasão física do corpo humano, tais como os exames de sangue, o exame 
ginecológico, a identificação dentária, a endoscopia (usada para localização de droga no corpo humano) 
e o exame do reto. 
· Já as provas não invasivas consistem numa inspeção ou verificação corporal. São aquelas em que 
não há penetração no corpo humano, nem implicam a extração de parte dele, como as perícias de 
exames de materiais fecais, os exames de DNA realizados a partir de fios de cabelo encontrados no chão, 
etc. 
Desta forma, conclui-se que a prova não invasiva (inspeções ou verificações corporais), mesmo que 
o agente não concorde com a produção da prova, esta poderá ser realizada normalmente, desde que não 
implique colaboração ativa por parte do acusado, observando-se, assim, o nemo tenetur se detegere. 
 Caso Glória Trevi: O caso da Gloria de los Angeles Treviño Ruiz que chegou ao STF gerou polêmica 
pela seguinte indagação: poderia ter sido a placenta coletada para realização do exame de DNA? O STF, na 
ocasião, confirmou a legalidade da determinação de coleta da placenta no procedimento médico do parto 
da cantora mexicana visando dirimir a dúvida quanto a quem era o pai da criança. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
34 
 
Conforme o professor Renato Brasileiro de Lima, “nessa situação, a intervenção médica era 
necessária e não houve a coleta à força da placenta, uma vez que esta é expelida do corpo humano como 
consequência natural do processo de parto.” 
Outro exemplo trazido pelo doutrinador de admissibilidade em caso de repercussão: 
 
“Situação semelhante ocorreu em caso envolvendo a descoberta do episódio em 
que uma criança recém-nascida foi retirada do berçário da maternidade por uma 
mulher que passou a assumir perante todos ser a verdadeira mãe. Como a suposta 
mãe não aceitou submeter-se à coleta de material genético, esperou-se uma 
oportunidade para arrecadar uma ponta de cigarro descartada pela filha, contendo 
partículas das glândulas salivares, o que permitiu, após a análise do DNA, ter-se a 
certeza de que ela, de fato, não era filha da investigada. Essa prova foi considerada 
válida, porquanto o que torna a prova ilícita é a coação por parte do Estado, 
obrigando o suspeito a produzir prova contra si mesmo. Como a prova foi produzida 
de maneira involuntária pela suposta filha, a prova então obtida foi considerada 
lícita." 
 
Ressalta-se que o raio-x, segundo o STJ (HC 149.146/SP), é considerado prova não invasiva. Logo, 
poderá ser realizado mesmo contra a vontade do indivíduo. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro explica que no caso das chamadas “mulas”, que transportam drogas 
no organismo humano, não é possível obrigar a pessoa a realizar uma cirurgia para retirada ou que ela 
consuma algum tipo de remédio para expelir o conteúdo da droga. É possível, no entanto, a realização de um 
raio-x, que é modalidade de prova não invasiva. 
 
(...) A Constituição Federal, na esteira da Convenção Americana de Direitos 
Humanos e do Pacto de São José da Costa Rica, consagrou, em seu art. 5º, inciso 
LXIII, o princípio de que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si. 
Não há, nos autos, qualquer comprovação de que tenha havido abuso por parte 
dos policiais na obtenção da prova que ora se impugna. Ao contrário, verifica-se 
que os pacientes assumiram a ingestão da droga, narrando, inclusive, detalhes da 
ação que culminaria no tráfico internacional da cocaína apreendida para a Angola, 
o que denota cooperação com a atividade policial, refutando qualquer alegação de 
coação na colheita da prova. Ademais, é sabido que a ingestão de cápsulas de 
cocaína causa risco de morte, motivo pelo qual a constatação do transporte da 
droga no organismo humano, com o posterior procedimento apto a expeli-la, 
traduz em verdadeira intervenção estatal em favor da integridade física e, mais 
ainda, da vida, bens jurídicos estes largamente tutelados pelo ordenamento. 
Mesmo não fossem realizadas as radiografias abdominais, o próprio organismo, se 
o pior não ocorresse, expeliria naturalmente as cápsulas ingeridas, de forma a 
permitir a comprovação da ocorrência do crime de tráfico de entorpecentes. (...) 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
35 
 
Ordem denegada. (STJ, 6ª Turma, HC 149.146/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado 
em 05/04/2011). 
 
ATENÇÃO! Nemo tenetur se detegere e a prática de outros ilícitos. 
O princípio nemo tenetur se detegere não tem natureza absoluta, podendo constituir conduta 
criminosa, determinados comportamentos empregados a pretexto de estarem amparados pelo referido 
princípio. Assim, apesar de ninguém ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, nenhum direito pode 
ser usado como escudo protetor para a realização de atividades ilícitas. Nesse sentido, vejamos alguns 
exemplos. 
 
Ex1.: Crime de Fraude Processual (art. 347, CP). 
 
Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil 
ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a 
erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, 
ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
 
Foi o que aconteceu no caso do Casal Nardoni, acusado e condenado por fraude processual. A defesa, 
no caso deste crime específico (alteração da cena do crime), alegou o princípio do nemo tenetur se detegere, 
afirmando que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Entretanto, tal princípio não dá 
direito à pessoa de cometer outras infrações para se eximir da anterior. 
 
O Superior Tribunal de Justiça assim se pronunciou no habeas corpus impetrado em 
favor de A. N. e A. C. J, denunciados pelo homicídio triplamente qualificado de 
Isabela Nardoni, e também por fraude processual, em decorrência da alteração do 
local do crime: (...) O direito à não auto-incriminação não abrange a possibilidade 
de os acusados alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar, de coisa ou 
de pessoa, para, criando artificiosamente outra realidade, levar peritos ouo próprio 
Juiz a erro de avaliação relevante (...). (STJ, 5 Turma, HC 137.206/SP, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 01/12/2009, DJe 01/02/2010). 
 
Ex2.: Fuga do local de ocorrência de trânsito (art. 305 do CTB). 
 
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à 
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de 
seis meses a um ano, ou multa. 
 
No caso de crimes de trânsito, o afastamento do condutor do local do acidente enseja algumas 
divergências. Alguns doutrinadores consideram que tal crime seria inconstitucional. Entretanto, no fim de 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
36 
 
2018, o STF considerou este crime constitucional, afirmando que o condutor tem o dever de permanecer no 
local, mas não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Vejamos: 
 
(...) “A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional posto não 
infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as 
hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade”. À semelhança do que já 
fora decidido pelo Supremo no julgamento do RE 640.139, quando se afirmou que 
o princípio constitucional da autoincriminação não alcança aquele que atribui falsa 
identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar maus antecedentes, 
prevaleceu o entendimento de que não há direitos absolutos e que, no sistema de 
ponderação de valores, há de ser admitida certa mitigação, até mesmo do princípio 
da não autoincriminação. Na visão da Corte, a exigência de permanência no local 
do acidente e de identificação perante a autoridade de trânsito não obriga o 
condutor a assumir expressamente sua responsabilidade civil ou penal e tampouco 
enseja que seja aplicada contra ele qualquer penalidade caso assim não o proceda. 
Na verdade, a depender do caso concreto, a sua permanência no local pode até 
constituir um meio de autodefesa, na medida em que terá a oportunidade de 
esclarecer, de imediato, eventuais circunstâncias do acidente que lhe sejam 
favoráveis. (STF, Pleno, RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14/11/2018). 
 
 O tema será aprofundado na temática de Teoria Geral da Prova. 
 
Obs1.: O Aviso de Miranda é uma construção do direito norte-americano, segundo o qual, o policial, no 
momento da prisão, deve relatar para o preso os seus direitos, sob pena de invalidação do que por ele for 
dito. Conforme leciona Renato Brasileiro (2017, p. 71), os “Miranda Warnings” têm origem no julgamento 
Miranda V. Arizona, em que a Suprema Corte americana firmou o entendimento de que nenhuma validade 
pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido claramente 
informada de: 
I- Que tem o direito de não responder; 
II- Que tudo o que disser pode vir a ser utilizado contra ela; 
III- Que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
 
Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais 
prestadas a policiais no momento da prisão em flagrante. 
Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, 
durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz 
de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais impõe-se o dever de 
zelar pelos direitos fundamentais. A falta da advertência quanto ao direito ao 
silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão. STF. 2ª Turma. RHC 
170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016). 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
37 
 
Obs2.: O art. 2º, §6º, da Lei nº 7.960/89 (prisão temporária) prevê que, efetuada a prisão, a autoridade 
policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal, por meio de uma nota de 
ciência. 
 
Aprofundando sobre o assunto: Há na jurisprudência diversas manifestações acerca do dever de 
advertência. Como exemplo, os casos em que policiais gravaram conversa informal com o preso, sem que 
lhe fosse avisado acerca do seu direito ao silêncio. 
 
(...) Gravação clandestina de “conversa informal” do indiciado com policiais. 
Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, 
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação 
ambiental - de constituir, dita “conversa informal”, modalidade de “interrogatório” 
sub-reptício, o qual - além de realizar-se sem as formalidades legais do 
interrogatório no inquérito policial (CPP, art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja 
advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio contra a autoincriminação - nemo 
tenetur se detegere -, erigido em garantia fundamental pela Constituição - além da 
inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 CPP. - Importou 
compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do 
seu direito ao silêncio: a falta da advertência - e da sua documentação formal - faz 
ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no 
interrogatório formal e, com mais razão, em “conversa informal” gravada, 
clandestinamente ou não. (...). (STF, 1ª Turma, HC 80.949/RJ, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, DJ 14/12/2001). 
 
Ilicitude de gravação ambiental sem o conhecimento do preso. 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. INVESTIGAÇÃO 
POLICIAL. EXERCÍCIO DO DIREITO DE PERMANECER CALADO MANIFESTADO 
EXPRESSAMENTE PELO INDICIADO (ART. 5º, LXIII, DA CF). GRAVAÇÃO DE CONVERSA 
INFORMAL REALIZADA PELOS POLICIAIS QUE EFETUARAM A PRISÃO EM 
FLAGRANTE. ELEMENTO DE INFORMAÇÃO CONSIDERADO ILÍCITO. VULNERAÇÃO 
DE DIREITO CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO. INAPLICABILIDADE DO 
ENTENDIMENTO NO SENTIDO DA LICITUDE DA PROVA COLETADA QUANDO UM 
DOS INTERLOCUTORES TEM CIÊNCIA DA GRAVAÇÃO DO DIÁLOGO. SITUAÇÃO 
DIVERSA. 
DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO QUE DEVE PREVALECER SOBRE O DEVER-
PODER DO ESTADO DE REALIZAR A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. (HC 244.977/SC, Rel. 
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 
09/10/2012) 
 
Em relação à imprensa, há duas correntes: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
38 
 
▪ 1ªC: Há doutrinadores que afirmam que este dever de advertência vale para todos, inclusive 
para os particulares, seria a aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
Portanto, a imprensa teria a obrigação de advertir o agente acerca do seu direito de 
permanecer calado. 
▪ 2ºC: STF, no entanto, não adota tal posicionamento. Assim, o dever de advertência vale 
apenas para o Estado. Nesse sentido: 
 
(...) Alegação de ilicitude da prova, consistente em entrevista concedida pelo 
paciente ao jornal “A Tribuna”, na qual narra o modus operandi de dois homicídios 
perpetrados no Estado do Espírito Santo, na medida em que não teria sido 
advertido do direito de permanecer calado. Entrevista concedida de forma 
espontânea. Constrangimento ilegal não caracterizado. Ordem denegada. (STF, 2ª 
Turma, HC 99.558/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010). 
 
4.2.2 Princípio da Iniciativa das Partes 
 
É vedada a propositura de ação penal pelo magistrado, reservando-se essa iniciativa apenas à parte. 
Em conformidade com o sistema acusatório, o juiz não pode iniciar um processo penal sem provocação 
anterior (nemo judex actore ou ne procedat judex ex officio). 
Entretanto, a doutrina aponta duas exceções ao princípio da iniciativa das partes. O juiz pode agir de 
ofício: 
a) Quando a situação disser respeito ao direito de liberdade do agente, o que se verifica na expedição 
de habeas corpus de ofício (art. 654, § 2º, CPP); e 
b) Quando se tratar do início da execução penal (art. 195, Lei 7.210/84). 
 
4.2.3 Duplo Grau de Jurisdição 
 
NÃO é princípio constitucional expresso, embora exista doutrina que defenda ser decorrência da 
ampla defesa. Além disso,decorre de direitos previstos em tratados de direitos humanos, como o já 
mencionado Pacto de São José da Costa Rica que, em seu art. 8.2, h, dispõe que: “(...) durante o processo, 
toda pessoa tem, em plena igualdade, o direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.” 
 
4.2.4 Princípio da Oficialidade 
 
 A atividade de persecução criminal deve ocorrer por órgão oficial. Aplicável à ação penal pública. 
 
4.2.5 Princípio da Oficiosidade 
 
As autoridades incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, ou seja, independentemente 
de provocação, salvo exceções. Ex.: crimes de ação penal condicionada ou de ação penal de iniciativa privada. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
39 
 
 Será aprofundado no tema Ação Penal. 
 
Cuidado! NÃO confunda os princípios da oficialidade e oficiosidade, visto que, apesar da denominação 
similar, possuem conceituações distintas conforme apontado acima. 
 
Caiu em prova Delegado RJ/2022! O inquérito policial é atividade investigatória realizada por órgãos oficiais, 
não podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade do exercício da ação penal pelo crime 
investigado seja atribuída ao ofendido. 
Considerando-se as características do inquérito policial, é correto afirmar que o texto anterior discorre sobre 
a oficialidade do inquérito policial (item considerado correto). 
 
5. OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
 
5.1 Princípio da Oralidade 
 
A prova oral prevalece sobre a escrita. Desse princípio decorrem: 
 
● Princípio da Concentração: Toda a colheita de prova e julgamento devem ocorrer em uma única 
audiência. 
● Princípio da Imediaticidade: O magistrado deve ter contato direto com a prova produzida. 
● Princípio da Identidade Física do Juiz: O juiz que instrui o processo deve julgá-lo. 
 
5.2 Indivisibilidade da Ação Penal Privada 
 
NÃO pode o ofendido escolher contra qual agente ofertará a ação penal privada. 
 
Atenção! Para o STF, a ação penal pública é divisível, pois o MP pode, até sentença final, incluir novos agentes 
por aditamento à denúncia ou oferecer nova ação penal, caso já prolatada sentença no feito. Todavia, para 
doutrina majoritária, prevalece a indivisibilidade. 
 
 Será aprofundado no tema Ação Penal. 
 
5.3 Comunhão da Prova 
 
Uma vez produzida, a prova não pertence mais à parte que a produziu, mas ao processo. Nesse 
sentido, o magistrado pode valer-se de uma prova produzida pela parte para proferir decisão em seu 
desfavor, de acordo com o seu livre convencimento motivado. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
40 
 
5.4 Impulso Oficial 
 
Atrelado aos princípios da obrigatoriedade e indeclinabilidade da ação penal. 
Uma vez iniciado, o processo tem curso por impulso oficial, ou seja, o juiz, de ofício, dará andamento 
ao processo até o seu fim, objetivando a prolação de uma decisão final. Assim, não é possível a paralisação 
do procedimento pela inércia ou omissão das partes, caminhando-se para a resolução do litígio de forma 
definitiva, enquanto objetivo do processo. 
 
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL 
 
6.1 Aplicação da Lei Processual no Tempo 
 
 É o estudo do direito intertemporal, ou seja, o direito que regula a sucessão de leis no tempo. 
 
a) Normas de Direito Penal: Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, do qual deriva o 
princípio da ultratividade da lei penal mais benéfica. A lei nova só vai valer para os crimes praticados 
a partir daquele momento. 
 
Art. 5, XL, da CF – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
b) Normas de Direito Processual Penal: Existem duas espécies de normas de Direito Processual Penal. 
● Norma genuinamente processual; 
● Norma processual material, mista ou híbrida. 
Dependendo da espécie de norma processual penal os critérios de aplicação serão diferentes. 
 
1) Norma genuinamente processual - São aquelas que cuidam de procedimentos, atos processuais, 
técnicas do processo. Ou seja, não dizem respeito a pretensão punitiva. Nesse caso, o critério a ser 
aplicado é o previsto no art. 2°, CPP (princípio da aplicação imediata). 
 
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
Pelo princípio do efeito imediato, a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. Como consequência, a lei processual penal será 
aplicada de imediato, seja benéfica ou maléfica (não se aplica o princípio da retroatividade da lei benéfica, 
como ocorre no Direito Penal). 
 
Caiu em prova Delegado BA/2018! Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o , 2o e 
3o do CPP, desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
41 
 
Portanto, do princípio da aplicação imediata derivam 2 regras fundamentais: 
1ª - A lei genuinamente processual tem aplicação imediata; 
2ª - A vigência dessa nova lei não invalida os atos processuais anteriores. Se o ato processual 
já foi praticado e foi em consonância com a lei processual vigente, significa que o ato é válido, 
não devendo ser anulado só porque houve a superveniência de uma nova lei. 
Assim, o ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos do processo 
(tempus regit actum), segundo o qual a lei será aplicada unicamente em relação ao ato processual e, uma 
vez praticado este, a nova lei processual já poderá ter incidência sobre os atos futuros. 
 
2) Norma processual material (mista ou híbrida) - São aquelas que possuem caráter dúplice, de direito 
penal e de processo penal. 
Norma processual material (mista) = norma de direito penal + norma de direito processual penal. 
● Normas Penais - São aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da 
condenação e do direito de punir do Estado. Ex.: causas extintivas da punibilidade. 
● Normas Processuais Penais - São aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final 
da execução ou extinção da punibilidade. 
Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito 
material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei 
mais benigna. 
 
Caiu em prova Delegado MS/2021! O Direito Processual Penal possui regramento específico para resolver 
questões sobre qual lei será aplicada no tempo e/ou no espaço. Sobre o tema, marque a assertiva correta: 
As normas híbridas ou mistas devem retroagir para beneficiar o réu, constituindo exceção à regra prevista 
no art. 2º, caput, do Código de Processo Penal. 
 
Conclusão: Quando se tratar de norma processual mista, o critério a ser aplicado é o critério do 
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei mais grave e ultratividade da lei mais benigna. 
● Se o aspecto penal for benéfico: prevalece o aspecto penal, e a lei retroage por completo; 
● Se o aspecto penal for maléfico: a lei NÃO retroage. 
 
Atenção! Normas heterotópicas são aquelas em que, apesar de seu conteúdo conferir-lhe uma determinada 
natureza, encontra-se prevista em diploma de natureza distinta. Ou seja, é uma norma penal colocada no 
CPP, ou então norma processual penal colocada no CP. 
 
Nas palavras de Noberto Avena: Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas 
processuais penais, possuem conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, 
no entanto, inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério 
da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de heterotopia, ou seja, 
situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, ela se encontraprevista em diploma de natureza distinta. Tais normas não se confundem com as normas processuais 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
42 
 
materiais. Enquanto a heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese 
estar incorporada à diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla 
natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Ex.: o direito ao silêncio do 
acusado em interrogatório apesar de estar previsto no Código de Processo Penal possui conteúdo material. 
 
6.2 Aplicação da Lei Processual no Espaço: 
 
“Ao contrário do que ocorre no Direito Penal, onde se trava longa e complexa 
discussão sobre a extraterritorialidade da lei penal, no processo penal a situação é 
mais simples. Aqui vige o princípio da territorialidade. As normas processuais 
penais brasileiras só se aplicam no território nacional, não tendo qualquer 
possibilidade de eficácia extraterritorial” (LOPES, 2018. p. 72). 
 
Pelo art. 1º, CPP, há o princípio da territorialidade absoluta, decorrência da soberania, razão pela 
qual o CPP vale em todo território nacional, SALVO nas hipóteses excludentes da jurisdição criminal brasileira, 
casos em que o CPP possui aplicação subsidiária. 
 
Art. 1º - O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de 
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial; 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único - Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos 
nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso. 
 
Caiu em prova Delegado BA/2022! Adotado o critério territorial, real ou por extensão, com determinadas 
exceções e particularidades, como manifestação da soberania nacional, aplica-se o Código de Processo Penal 
em todo o território brasileiro, o que envolve o espaço aéreo, as águas interiores, o mar territorial e a 
plataforma continental (item considerado correto). 
 
APROFUNDANDO: 
 
Parte da doutrina sustenta a relativização da lex fori (aplicação da lei local) em matéria processual penal, 
permitindo a aplicação da lei pátria fora do território nacional, nas hipóteses de: 
1) Terra de ninguém (território nullius); 
2) Estado onde será praticado o ato processual autorizar a aplicação de lei diversa (território estrangeiro); 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
43 
 
3) Em casos de guerra (território ocupado). 
 
6.3 Aplicação da Lei Processual em Relação às Pessoas 
 
Conforme art. 1º, do CPP, é possível que sejam instituídas imunidades da lei processual penal, seja 
em virtude de tratados internacionais (imunidade diplomáticas e de chefes de governos estrangeiros) ou por 
regras constitucionais (imunidades e regras de competência). 
 
I. Imunidades Diplomáticas: Objetivam garantir o livre exercício dos representantes diplomáticos, e são 
atribuídas em função do cargo, e não da pessoa. O Tratado de Viena assegura a imunidade de jurisdição penal 
do diplomata e seus familiares, para que se sujeitem à jurisdição do Estado que representa. 
 
Abrangência: 
● Chefes de governo ou Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; 
● Embaixador e família: Imunidade absoluta; 
● Funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço; 
● Agentes consulares, apenas quanto aos crimes relacionados com a sua função (Cuidado!). 
 
ATENÇÃO: 
1. A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, mas do processo e julgamento em território 
brasileiro. 
2. As embaixadas NÃO são extensão do território que representam, mas são invioláveis. 
3. É possível o país renunciar à imunidade do agente diplomático, mas o agente não pode renunciar 
por iniciativa pessoal, já que a imunidade se fundamenta no interesse da função. 
 
II. Imunidades Parlamentares: É uma prerrogativa para o desempenho das funções de deputados e 
senadores de legislar e fiscalizar o Poder Executivo. Podem ser absolutas ou relativas. 
 
● Imunidade absoluta (material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade): Prevê o art. 53, da 
CF/88, que deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
1. Para o STF, a imunidade é causa de atipicidade. 
2. A abrangência dessa imunidade deve ser analisada: 
∘ Se ofensa proferida nas dependências da casa legislativa, o nexo funcional é 
presumido, há imunidade1; 
 
1 Sobre a presunção da imunidade por palavras e expressões proferidas dentro da Casa Parlamentar, o STF, no Inq 
3932/DF e Pet 5243/DF, de Relatoria do Min. Luiz Fux, julgado em 21/06/2016 (INF 831), recebeu denúncia contra o 
Dep. Jair Bolsonaro, pela incitação ao crime, ao pronunciar, em acalorada discussão no plenário, que a também Dep. 
Federal Maria do Rosário “não merecia ser estuprada”. Para melhor compreensão de interessante julgado, sugerimos a 
leitura: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
44 
 
∘ Se a ofensa é proferida fora das dependências da casa legislativa, o nexo funcional NÃO 
é presumido, deve ter relação com o exercício do mandato e o ofendido deve 
comprovar a inexistência de nexo com o mandato. 
 
● Imunidade relativa (formal): É possível subdividi-la: 
(1) Para a prisão: Relacionada à prisão dos parlamentares e ao processo. Os parlamentares passam a ter 
imunidade formal para a prisão a partir do momento em que são diplomados pela Justiça Eleitoral 
(antes da posse), configurando o termo inicial para a atribuição de imunidade formal para a prisão. 
∘ Os parlamentares só poderão ser cautelarmente presos nas hipóteses de flagrante de crime 
inafiançável (“estado de relativa incoercibilidade pessoal dos congressistas” – Celso de Melo) 
→ Nesse caso, os autos deverão ser encaminhados à Casa Parlamentar respectiva, no prazo 
de 24h para que, pelo voto (aberto) da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a 
prisão. 
∘ Nota-se que a aprovação pela Casa é condição necessária para a manutenção da prisão em 
flagrante delito de crime inafiançável. Logo, há duas hipóteses: 
1) Se a Casa decidir pela não manutenção do cárcere, a prisão deverá ser 
imediatamente relaxada; 
2) Se a Casa mantiver a prisão em flagrante, os autos deverão ser encaminhados, no 
prazo de 24h, ao STF. 
 
(2) Para o processo: Oferecida denúncia, o Ministro do STF poderá recebê-la sem prévia licença da Casa 
Parlamentar. Após o recebimento da denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva que, por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, decidirá sustar o andamento da 
ação. 
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu 
recebimento pela mesa diretora, e a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o 
mandato. 
Obs.: NÃO há mais imunidade formal para crimes praticados ANTES DA DIPLOMAÇÃO. 
 
● Prerrogativa de foro: Desde a expedição de diploma, deputados e senadores serão julgados pelo STF 
pela prática de qualquer tipo de crime. Casos: 
i. Infração cometida durante o exercício da função parlamentar: A competência será do STF, 
sendo desnecessário pedir autorização à Casa respectiva, bastando dar ciência ao Legislativo, 
que poderá sustar o andamento da ação. 
 
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado 
Federal não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-losnão é do STF, mas sim do juízo de 1ª instância. Isso porque o foro por prerrogativa 
 
 http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
45 
 
de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e 
relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 03/05/2018). STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 19/2/2019 (Info 931). 
 
ii. Infração cometida antes ou após o encerramento do mandato: NÃO há foro por prerrogativa 
de função. 
 As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função 
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados 
durante o exercício do cargo e em razão dele. 
 Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado 
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o 
cargo de parlamentar federal. 
 Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não 
apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. 
Foi fixada, portanto, a seguinte tese: 
 
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante 
o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 
937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. 
 
ATENÇÃO! No caso de Natan Donadon, entendeu-se que a renúncia ao cargo, para que haja prescrição, seria 
fraude processual inaceitável, frustrando a atuação jurisdicional do Estado, razão pela qual NÃO haveria 
problema em ser julgado pelo STF. A prorrogação do foro, nesse contexto, visa evitar a denominada Ciranda 
de Processos. 
 
 O assunto será aprofundado em competência. 
 
ESQUEMA SOBRE IMUNIDADES: 
 
PARLAMENTAR IMUNIDADE JULGAMENTO 
Deputados Federais e 
Senadores 
Imunidade absoluta e 
relativa. 
Julgados pelo STF, inclusive 
nos crimes dolosos contra a 
vida. 
Deputados estaduais Imunidade absoluta e 
relativa. 
Julgados pelo TJ, inclusive nos 
crimes dolosos contra a vida. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
46 
 
Caiu em prova Delegado BA/2022! A Constituição Federal determina que são aplicáveis aos Deputados 
Estaduais as regras constitucionais sobre imunidades, e nessa linha de orientação as Constituições Estaduais 
outorgam identidade de tratamento em relação a eles no que tange à imunidade parlamentar. 
 
Atenção!!! Não existe foro de prerrogativa para vereadores e vice-prefeitos: 
 
A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-
prefeitos. O foro por prerrogativa de função foi previsto apenas para os prefeitos 
(art. 29, X, da CF/88). Diante disso, é inconstitucional norma de Constituição 
Estadual que crie foro por prerrogativa de função para Vereadores ou Vice-
Prefeitos. A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para 
as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que 
os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de 
função. STF. Plenário. ADI 558/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/04/2021. 
 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
● Previsão legal: art. 3°, CPP 
 
Art. 3° do CPP - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
● Considerações importantes sobre o art. 3°, CPP: 
 
(1) O que é interpretar? 
R.: É buscar o sentido da lei, é descobrir o seu significado. Não interessa a vontade do legislador, mas 
sim o sentido da lei. 
 
(2) Interpretação quanto ao resultado 
Quanto ao resultado, trabalha-se com ao menos 4 (quatro) espécies de interpretação: 
a) Declaratória - O intérprete não amplia e nem restringe o significado da lei, ou seja, o significado da 
lei corresponde à sua literalidade. 
b) Restritiva - Conclui-se que a lei disse mais do que pretendia dizer, por isso ela deve sofrer uma 
restrição na hora de sua interpretação. 
c) Extensiva - A lei disse menos do que pretendia dizer, por isso ela deve ser interpretada 
extensivamente para abranger outras situações (art. 3, CPP). 
 
Art. 3o - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
47 
 
 Ex.: hipóteses de cabimento do RESE do art. 581, CPP. Essas hipóteses, hoje, estão desatualizadas. 
Então as hipóteses de cabimento do RESE devem ser interpretadas de maneira extensiva para abranger 
outras situações. 
 
d) Progressiva - Busca adaptar o texto da lei à realidade social vigente naquele determinado momento. 
O art. 68, CPP prevê que o MP pode promover a ação civil ex delito em favor de vítima pobre. Quando 
a CF/88 entrou em vigor, houve quem dissesse que esse artigo era inconstitucional, pois o MP não poderia 
pleitear interesses individuais disponíveis. 
 O STF decidiu que o artigo estaria sujeito a uma inconstitucionalidade progressiva. Logo, enquanto 
não houver defensoria pública em todos os estados, o artigo continua válido. 
 
(3) Analogia 
A analogia está no art. 3°, CPP na expressão: “aplicação analógica”. Assim, no âmbito processual 
penal a analogia é admitida. Então, quando se trata de uma norma genuinamente processual penal, a 
analogia pode ser usada, independentemente de ser em bonam partem ou em malam partem (≠ direito 
penal, em que só é admitida a analogia in bonam partem). 
 
Obs.: Analogia ≠ Interpretação Extensiva. 
● Analogia - É um método de integração (busca suprir lacunas); 
● Interpretação extensiva - É um método de interpretação. 
Na analogia, há uma lacuna na norma. Por isso, busca-se suprir tal lacuna valendo-se de um 
dispositivo pensado para um caso semelhante. Enquanto na interpretação extensiva existe norma legal, que, 
no entanto, será interpretada de norma extensiva. 
 
Caiu em prova Delegado BA/2022! Na interpretação analógica, que é método interpretativo, hermenêutico, 
a lei indica uma fórmula casuística seguida de expressões genéricas (item considerado correto). 
 
 
Caiu em prova Delegado SP/2022! No que concerne à interpretação e aplicação da Lei Processual Penal, é 
correto afirmar que o Código de Processo Penal: admite a aplicação analógica (item considerado correto). 
 
 
(4) Aplicação supletiva e subsidiária do novo CPC ao processo penal. 
O CPC 2015 pode ser aplicado no Processo Penal? R.: SIM. 
O art. 15 do CPC diz que, na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativas, aplica-se o CPC. Porém, o CPC não fez menção à possibilidade de utilizá-lo no processo penal. 
Entretanto, o art. 15 pode ser objeto de interpretação extensiva, para que possamos entender que 
o NCPC pode ser aplicado supletiva e subsidiariamente aos processos criminais. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
48 
 
Art. 15, CPC - Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas 
ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente. 
 
Obs.: Só pode aplicar o CPC no processo Penal quando houver lacuna. Pois é diante da omissão que se pode 
valer da analogia com o CPC. Assim, se houver disposição legal expressa no CPP, não é possível aplicar o 
CPC! 
 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado de PCRJ 2022): Após o advento do neoconstitucionalismo e como seu consequente reflexo, os 
princípios adquiriram força normativa no ordenamento jurídico brasileiro, e a eficácia objetiva dos direitos 
fundamentais deunovos contornos ao direito processual penal. A respeito desse assunto, assinale a opção 
correta à luz do Código de Processo Penal. 
 
No que diz respeito à interpretação extensiva, admitida no Código de Processo Penal, existe uma norma que 
regula o caso concreto, porém sua eficácia é limitada a outra hipótese, razão por que é necessário ampliar 
seu alcance, e sua aplicação não viola o princípio constitucional do devido processo legal (item considerado 
correto). 
 
8. FONTES 
 
 As fontes correspondem à origem do direito processual penal, que se dividem em espécies. 
 
8.1 Fonte Material, Substancial ou de Produção 
 
As fontes materiais dizem respeito ao órgão responsável pela criação de normas jurídicas sobre 
determinada matéria. Conforme estabelecido no art. 22, I, CF compete privativamente à União legislar sobre 
Processo Penal. Contudo, nos termos do art. 22, §único, CF, lei complementar federal pode autorizar Estados 
e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas. 
 
Caiu em prova Delegado MS/2021! Sobre conceito, finalidade e fontes do processo penal, assinale a 
alternativa correta: É possível que os Estados legislem sobre questões específicas de direito processual penal, 
desde que autorizados por lei complementar editada pela União. 
 
A União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência concorrente para legislar sobre 
procedimentos em matéria processual, conforme preconiza o art. 24, XI, CF. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
49 
 
8.2 Fonte Formal, Cognitiva ou de Cognição 
 
As fontes formais dizem respeito ao instrumento de exteriorização da regulamentação de 
determinada matéria. Nesse sentido, no âmbito do processo penal, podem ser: 
● Imediata ou Direta: Constituição Federal, leis infraconstitucionais e os tratados, convenções e regras 
de direito internacional. 
 
Caiu em prova Delegado BA/2022! As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as 
espécies normativas: lei ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os 
tratados e as convenções de que o Brasil é signatário (item considerado correto). 
 
● Mediata ou Indireta: analogia, costumes e princípios gerais de direitos (art. 3, CPP). 
 
Caiu em prova Delegado SP/2022! É correto afirmar que o Direito Processual Penal possui como uma de suas 
fontes formais mediatas: os costumes (item considerado correto). 
 
Autonomia do Direito Processual Penal 
ATENÇÃO: Tema cobrado na Prova Oral da PCMG 2021. 
O primeiro passo para compreender a autonomia científica do direito processual penal é deixar de 
denominá-lo, irregularmente, como direito adjetivo ou direito secundário, dentre outros nomes, buscando 
apontar como o direito substantivo ou direito principal o corpo de normas, que dele necessita para fazer 
valer a lei: o direito penal, no tocante ao processo penal; o direito civil, no tocante ao processo civil. Não há 
nenhum direito adjetivo, termo de nítido conteúdo voltado a inferiorizá-lo. O processo penal é tão 
substantivo quanto o direito penal, porém atua sob outros princípios e busca diversos objetivos. (NUCCI, 
2020, p. 89). 
 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado de PCBA 2022): As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as espécies 
normativas: lei ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os tratados e 
as convenções de que o Brasil é signatário (item considerado correto).às normas previstas na Carta Magna. Devem as normas 
processuais serem interpretadas a partir de uma filtragem constitucional. Interessante apontar a reflexão 
de Daniel Sarmento e Claudio Pereira de Souza Neto sobre a constitucionalização do Direito: 
 
A constitucionalização do Direito envolve dois fenômenos distintos, que podemos 
chamar de ‘constitucionalização inclusão’ e de ‘constitucionalização releitura’. [...] 
A constitucionalização releitura liga-se a impregnação de todo o ordenamento 
pelos valores constitucionais. Trata-se de uma consequência de propensão dos 
princípios constitucionais de projetarem uma eficácia irradiante, passando a 
nortear a interpretação da totalidade da ordem jurídica. Assim, os preceitos legais, 
os conceitos e institutos dos mais variados ramos do ordenamento, submetem-se 
a uma filtragem constitucional: passam a ser lidos a partir da ótica constitucional, 
o que muitas vezes impõe significativas mudanças na sua compreensão e aplicação 
concretas. (SOUZA NETO, Cláudio Pereira; SARMENTO, Daniel. Direito 
Constitucional: Teoria, História e Métodos de Trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 
2017. p. 44) 
 
Nesse sentido, é possível falar em algumas características decorrentes da constitucionalização: 
● O juiz não pode requisitar provas, depois da manifestação pelo arquivamento feita pelo MP (STF); 
● O juiz não pode substituir o MP em sua função probatória, em que pese, certa liberdade de produção 
conferida ao juiz pelo CPP; 
● O interrogatório do réu deve perder a sua característica de prova, passando a ser fundamentalmente 
meio de defesa. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
5 
 
Se a perspectiva teórica do Código de Processo Penal era nitidamente autoritária, prevalecendo 
sempre a preocupação com a segurança pública, como se o Direito Penal constituísse verdadeira política 
pública, a Constituição da República de 1988 caminhou em direção diametralmente oposta. 
Enquanto a legislação codificada pautava-se pelo princípio da culpabilidade e da periculosidade do 
agente, o texto constitucional instituiu um sistema de amplas garantias individuais, a começar pela afirmação 
da situação jurídica de quem ainda não tiver reconhecida a sua responsabilidade penal por sentença 
condenatória passada em julgado: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória” (art. 5º, LVII, CF). 
Nesse sentido, a constituição deve passar a ser a pré-compreensão valorativa do intérprete o dever 
ser normativo do mundo real, que é o ser. Nesta direção é o que o professor Rubens Casara propõe a 
interpretação prospectiva do processo penal, ou seja, toda a interpretação deve ter por objetivo a 
construção do projeto constitucional, deve buscar a radical e incansavelmente, a realização de valores 
consagrados na constituição. 
Como decorrência da interpretação prospectiva do processo penal, há uma preocupação com a 
tutela de direitos fundamentais, o que dá espaço ao garantismo penal. Ressalta-se que o autor Ferrajoli é o 
ícone do garantismo. Princípios do sistema garantista: 
● Jurisdicionalidade (nulla poena, nulla culpa sine iudicio): representa a exclusividade do poder 
jurisdicional, direito ao juiz natural, independência da magistratura e exclusiva submissão à lei. 
● Inderrogabilidade do juízo: no sentido de infungibilidade e indeclinabilidade da jurisdição. 
● Separação das atividades de julgar e acusar (nullum iudicium sine accusatione); 
 
Caiu em prova Delegado MS/2021! Em relação aos sistemas processuais penais e o processo penal na 
dimensão dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta. 
O princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação está entre os axiomas de Luigi Ferrajoli. 
 
● Presunção de inocência; 
● Contraditório (nulla probatio sine defensione): é um método de confrontação da prova e 
comprovação da verdade entre acusação e defesa. 
 
2. PRETENSÃO PUNITIVA 
 
● Conceito: No momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este 
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que 
até então tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter a pretensão concreta de punir 
o suposto autor do fato delituoso. 
 
Surge então a pretensão punitiva: que é o poder do Estado de exigir de quem comete um delito a 
submissão à sanção penal, tornando efetivo o ius puniendi. 
 
Segundo Gustavo Badaró consiste no poder do Estado de exigir, de quem comete um delito, a 
submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o direito de punir 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
6 
 
(ius puniendi), exigindo do autor do crime, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento 
dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se de 
qualquer resistência contra os órgãos estatais aos quais cumpre executar a pena. Porém, tal pretensão não 
poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não podendo nem o Estado impor a sanção penal, 
nem o infrator submeter-se à pena. 
Assim sendo, tal pretensão já nasce insatisfeita. É necessário um processo. 
Ex.: art. 121, CP → pena de 6 a 20 anos (direito de punir em abstrato). 
A partir do momento que alguém pratica o delito, o direito de punir deixa o plano abstrato e entra 
no plano concreto, de modo que surge para o Estado o direito de punir o indivíduo. Nasce a pretensão 
punitiva. 
 
Infrações penais de menor potencial ofensivo: o fato de ser admitida transação penal, com a imediata 
aplicação de penas restritivas de direito ou multas não quer dizer uma imposição direta da pena. Trata-se de 
uma forma distinta da tradicional para a resolução da causa, sendo admitida a solução consensual com 
supervisão jurisdicional – privilegiando a vontade das partes. 
 
● Função do Processo Penal: É o instrumento que se vale o Estado para a imposição de sanção penal 
ao possível autor do fato delituoso. 
- Finalidades do Processo Penal: 
⋅ Pacificação social obtida com a solução do conflito; 
⋅ Viabilizar a aplicação do direito penal; 
⋅ Garantir ao acusado, presumidamente inocente, meios de defesa diante de uma acusação. 
 
3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL 
 
“A estrutura do processo penal variou ao longo dos séculos, conforme o predomínio 
da ideologia punitiva ou libertária. Goldschmidt afirma que a estrutura do processo 
penal de um país funciona como um termômetro dos elementos democráticos ou 
autoritários de sua Constituição” (LOPES, 2018, p. 27). 
 
De modo geral, a doutrina costuma separar o sistema processual inquisitório do acusatório pela 
titularidade atribuída ao órgão da acusação: inquisitorial seria o sistema em que as funções de acusação e de 
julgamento estariam reunidas em uma só pessoa (ou órgão), enquanto o acusatório seria aquele em que tais 
papéis estariam reservados a pessoas (ou órgãos) distintos. 
 
a) SISTEMA INQUISITÓRIO: 
 As funções de acusar e julgar estão concentradas em um mesmo sujeito processual. 
 Nesse sistema há a perda da imparcialidade do magistrado, o qual, simultaneamente exerce todas 
as funções (acusa, defende e julga). Além disso, verifica-se o risco de eventual abuso de poder (crítica). 
 Ademais, no sistema inquisitório a gestão da prova cabe ao juiz, podendo fazê-lo tanto na fase 
inquisitorial quanto na fase do processo. Nesse sentido, verifica-se a inexistência do contraditório. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
7 
 
 São características, ainda, o caráter escrito e sigiloso da instrução processual. 
 
Características: 
i. As funções de acusar, defender e julgar se encontram concentradas em uma única pessoa, o 
chamado de juiz inquisidor; 
ii. Não há que se falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de 
contraposiçãoentre acusação e defesa; 
iii. O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, de modo que possui liberdade para 
determinar, de ofício, a colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no curso do processo 
penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pela defesa, de modo que a gestão 
das provas compete ao juiz que, a partir da prova do fato e tomando como parâmetro a lei, podia 
chegar à conclusão que desejasse; 
iv. Vigora o princípio da verdade real/material e, em decorrência dele, o acusado não era considerado 
sujeito de direito, sendo tratado, em verdade, como mero objeto do processo, daí por que se admitia, 
inclusive, a tortura como meio de se obter a verdade absoluta. 
 
Na atualidade, a concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa probatória dela decorrente 
é incompatível com a ordem constitucional e convencional, notadamente ao sistema acusatório (CF, art. 129, 
I) e à garantia da imparcialidade (CADH, art. 8º, n. 1). 
 
b) SISTEMA ACUSATÓRIO: 
 As funções serão exercidas por partes distintas. As funções de acusar, defender e julgar são 
atribuídas a pessoas diversas. No referido sistema haverá respeito ao contraditório. 
 O acusado deixa de ser considerado mero objeto e passa a configurar como sujeito de direitos. 
 A gestão da prova cabe as partes e, em um sistema acusatório puro, o juiz não poderia produzir 
prova de ofício. Porém, parte da doutrina aduz que o juiz pode produzir prova de ofício, restrito a fase 
processual e de forma residual, não sendo permitida a produção, contudo, na fase investigatória. 
 São características, ainda, a prevalência do caráter público e oral da instrução processual. 
 
Características: 
i. Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de 
condições e ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma 
separação das funções de acusar, defender e julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo 
actum trium personarum. 
ii. A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir 
quando provocado. 
iii. Oralidade, publicidade, aplicação do princípio da presunção de inocência, atividade probatória 
pertence às partes, separação rígida entre juiz e acusação, paridade entre acusação e defesa. 
 
Antes do advento da Lei 13.964/19, havia divergência na doutrina: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
8 
 
● Geraldo Prado - afirma que, em um sistema acusatório puro, o juiz não pode produzir provas de ofício 
de maneira nenhuma, independentemente de ser na fase investigatória ou na fase processual. 
● Eugênio Paccelli, Gustavo Badaró (posição majoritária e Jurisprudência) - juiz pode produzir prova de 
ofício, mas apenas na fase processual e desde que de forma residual. 
 
Em outras palavras: O magistrado não será o protagonista na produção de provas, sua atuação deve 
ter caráter complementar e subsidiário. Nesse sentido, o art. 212 do CPP: 
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, 
não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação 
com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. 
Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
 
No entanto, o Pacote Anticrime retirou do juiz a iniciativa probatória (Art.3º-A do CPP), entregando 
ao juiz de garantias a competência para decidir sobre a produção de provas cautelares durante a 
investigação. 
 
CPP. Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do 
juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
 
Contudo, no julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, o STF conferiu interpretação conforme 
ao dispositivo, para assentar que o juiz, pontualmente, nos limites autorizados, pode determinar a realização 
de diligências suplementares, para o fim de dirimir dúvida relevante no julgamento do mérito. 
 
iv. O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser 
produzida com fiel observância ao contraditório e a ampla defesa; 
v. A separação das funções e a iniciativa probatória residual à fase judicial preserva a equidistância que 
o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da 
imparcialidade e com o princípio do devido processo legal; 
vi. O sistema acusatório é o adotado pela Constituição Federal e pelo CPP: 
 
CF - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
A função de acusar nas ações penais públicas é do Ministério Público, materializando assim o sistema 
acusatório, haja vista que a própria CF outorgou a titularidade da persecução penal ao referido órgão, por 
excelência. 
 
Caiu em prova Delegado MG/2021! Em relação às características do sistema acusatório, analise as 
afirmativas: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art20
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
9 
 
I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, juiz 
como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais. 
II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento é, 
em regra, oral (itens considerados corretos). 
 
SISTEMA INQUISITÓRIO SISTEMA ACUSATÓRIO 
Não há separação das funções de acusar, defender e 
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, 
que assume as vestes de um juiz inquisidor. 
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por 
consequência, caracteriza-se pela presença de partes 
distintas (actum trium personarum), contrapondo-se 
acusação e defesa em igualdade de condições, 
sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira 
equidistante e imparcial. 
 
Como se admite o princípio da verdade real, o 
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado 
como mero objeto do processo, daí por que se 
admite inclusive a tortura como meio de se obter a 
verdade absoluta. 
 
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio 
da busca da verdade, devendo a prova ser produzida 
com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa. 
 
O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa 
acusatória e probatória, tendo liberdade para 
determinar de ofício a colheita de elementos 
informativos e de provas, seja no curso das 
investigações, seja no curso da instrução processual. 
 
A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. 
Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando 
provocado, e desde que haja necessidade de 
intervenção judicial. 
Durante a instrução processual, o juiz tem iniciativa 
probatória, podendo determinar a produção de 
provas de ofício. Há disparidade de poderes entre 
acusação e defesa e verifica-se o caráter escrito e 
secreto da instrução. 
A separação das funções e a iniciativa probatória 
residual restrita à fase judicial preserva a equidistância 
que o juiz deve tomar quanto ao interesse das partes, 
sendo compatível com a CF/88. Além disso, deve ser 
assegurada a paridade entre acusação e defesa. 
 
Caiu em prova Delegado MG/2021! Em relação às características do sistema acusatório, analise as 
afirmativas: 
I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, juiz 
como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais. 
II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento é, 
em regra, oral. 
III. O processo é um fim em si mesmo e o acusado é tratadocomo mero objeto, imparcialidade do juiz e 
prevalência da confissão do réu como meio de prova. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
10 
 
IV. Celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz determinar de ofício a produção de 
prova. 
 
Itens considerados corretos: I e II. 
 
Caiu em prova Delegado SP/2023! O sistema processual penal acusatório antagoniza o sistema inquisitivo, 
entre outras razões, por vedar a substituição probatória do órgão de acusação pelo juiz. (item considerado 
correto) 
 
c) SISTEMA MISTO, ACUSATÓRIO FORMAL OU FRANCÊS: 
É uma fusão dos dois modelos anteriores. 
Para este sistema, há duas fases distintas: uma primeira fase inquisitorial, destinada à investigação 
preliminar e, em seguida, teria uma segunda fase, que se aproxima mais ao sistema acusatório. 
● Investigação preliminar: polícia judiciária; 
● Instrução preparatória: juiz de instrução; 
● Julgamento: apenas nesta última fase há contraditório e ampla defesa. 
 
Segundo o autor Renato Brasileiro, é chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra 
em duas fases distintas: a primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem 
acusação e, por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato 
delituoso. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende 
e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. 
 
#DICA DD: Quando o CPP entrou em vigor, havia o entendimento de que ele era misto, sendo o inquérito 
policial a primeira fase. Porém, com o advento da CF/88 e do Pacote Anticrime deixou de maneira expressa 
o sistema acusatório, além da separação das funções de acusar, defender e julgar, assegurando o 
contraditório e a ampla defesa, e o princípio da presunção de não culpabilidade, trata-se de um sistema 
acusatório. 
 
Caiu em prova Delegado PE/2024! 
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, 
a função de acusador. (item correto) 
No sistema inquisitivo, a confissão do réu é considerada a rainha das provas. (item correto) 
No sistema misto, o processo se divide em duas grandes fases: na fase de instrução preliminar, com os 
elementos do sistema inquisitivo, predomina a procedimento secreto, escrito e sem contraditório; enquanto, 
na fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório, presentes se fazem a oralidade, a 
publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre 
apreciação das provas. (item correto) 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
11 
 
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL 
 
4.1 Princípios Constitucionais Explícitos 
 
4.1.1 Princípio da Presunção da Inocência 
 
a) Previsão legal: art. 5°, LVII, CF/88 e art. 8°, §2°, CADH. 
 
Art. 5°, LVII, CF/88 – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória → presunção de não culpabilidade. 
 
Art. 8°, §2°, CADH – Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma 
sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa → presunção 
de inocência. 
 
Observações: 
● CADH possui status normativo supralegal, ou seja, está abaixo da CF, mas acima da legislação 
infraconstitucional; 
● Sempre que se faz uma leitura da legislação infraconstitucional, deve-se sujeitá-la tanto ao controle 
de constitucionalidade quanto ao controle de convencionalidade; 
● Ao contrário da CF/88, a Convenção Americana fala em presunção de inocência, e o faz de maneira 
muito semelhante aos outros tratados internacionais de direitos humanos. 
 
#DICA DD: Há quem utilize como sinônimos as expressões: presunção de inocência, presunção de não 
culpabilidade e estado de inocência. 
 
b) Conceito: Segundo o professor Renato Brasileiro, o princípio da presunção de inocência: “consiste 
no direito de não ser declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, 
ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova 
pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas 
pela acusação (contraditório)”. 
 Segue explicando o doutrinador: “No ordenamento pátrio, até a entrada em vigor da CF 88, esse 
princípio somente existia de forma implícita, como decorrência da cláusula do devido processo legal. Com a 
CF 88, o princípio da presunção de não culpabilidade passou a constar expressamente do inciso LVII do art. 
5º” (LIMA, 2017, p. 43). 
 
c) Dimensões: O princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) compreende 
duas regras fundamentais: 
 
1. Dimensão INTERNA ao processo: O princípio da presunção de inocência se manifestando dentro do 
processo. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
12 
 
I- Regra probatória (in dubio pro reo): A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a 
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, logo, não é o acusado que deve 
comprovar sua inocência; 
II- Regra de tratamento: o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação 
ao acusado como se ele já houvesse sido condenado. 
 
2. Dimensão EXTERNA ao processo: O princípio da presunção de inocência se manifestando fora do 
processo. Essa dimensão é especialmente destacada no tratamento dado pela imprensa. O princípio 
da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade 
demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando 
como limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio 
processo judicial. 
 
Caso J. vs. Peru 
 
Esse caso foi decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Nesse, a Corte responsabilizou 
o Peru por violação ao estado de inocência, previsto no art. 8.2 da CADH. 
 A Sra. J. foi presa durante o cumprimento de medida de busca e apreensão residencial. Foi 
processada por terrorismo e associação ao terrorismo, em virtude de suposta vinculação com o grupo 
armado Sendero Luminoso. Foi absolvida em junho de 1993. Logo após ser solta, deixou o território peruano. 
Em dezembro do mesmo ano, a Corte Suprema Peruana cassou a sentença absolutória, determinou um novo 
julgado e decretou sua prisão. 
Para a CIDH, os distintos pronunciamentos públicos das autoridades estatais, sobre a culpabilidade 
de J. violaram o estado de inocência, princípio determinante que o Estado não condene, nem mesmo 
informalmente, emitindo juízo perante a sociedade e contribuindo para formar a opinião pública, enquanto 
não existir decisão judicial condenatória. 
Para a Corte, a apresentação da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu 
quando ela estava sob absoluto controle do Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido 
levadas a cabo sob conhecimento e controle do Estado, por meio de seus funcionários. A Corte acentuou não 
impedir o estado de inocência que as autoridades mantenham a sociedade informada sobre investigações 
criminais, mas requer que isso seja feito com a discrição e a contextualização necessárias, de tal modo a 
garantir o estado de inocência. 
Assim, fazer declarações públicas, sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera na 
sociedade a crença sobre a culpabilidade do acusado. 
 
Consequências de tais regras: 
● Ônus da prova: em regra da acusação. 
● Prisões cautelares: a privação cautelar da liberdade de locomoção somente se justifica em hipóteses 
estritas, ou seja, a regra é que o acusado permaneça em liberdade durante o processo, enquanto 
que a imposição de medidas cautelares pessoais é a exceção. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
13 
 
d)Limite temporal 
Até quando o sujeito é presumidamente inocente? 
Em 2016, no bojo do HC 126.292, o Plenário do STF entendeu que, a partir do momento que um 
acórdão condenatório fosse proferido por um Tribunal de 2ª Instância, a pena já poderia ser executada, 
mesmo na pendência de REsp ou RE. Essa prisão a que o indivíduo estaria sendo submetido seria uma prisão 
penal, e não prisão cautelar. 
Ou seja, o STF passou a defender que a execução provisória da pena após a confirmação da sentença 
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. Isso porque a 
manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que 
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena, até mesmo porque os 
recursos extraordinários ao STF e ao STJ comportam exclusivamente discussão acerca de matéria de direito. 
A decisão do STF acima foi muito criticada pela doutrina, tendo em vista que a CF é clara ao prever 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado (...)”, não havendo margens para outra 
interpretação. 
Em 2019 houve overruling e o STF decidiu que o cumprimento da pena somente pode ter início com 
o esgotamento de todos os recursos. Portanto, atualmente, é proibida a execução provisória da pena. 
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento 
de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial 
individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a 
prisão preventiva previstos no art. 312 e art. 313 do CPP. 
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente 
(preventivamente), e não como execução provisória da pena. 
 
Ao julgar as ações declaratórias de constitucionalidade 43, 44 e 54, em 7/11/2019, 
o Plenário do STF firmou o entendimento de que não cabe a execução provisória 
da pena. A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no 
qual o réu estava preso unicamente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter 
confirmado a sua condenação em 1ª instância, não tendo havido, contudo, ainda, 
o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade de execução provisória 
da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento de todos 
os recursos. STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
26/11/2019 (Info 961). 
 
A nova decisão do STF é vinculante? SIM. A decisão do STF foi proferida em ADC, que declarou a 
constitucionalidade do art. 283 do CPP. 
 
Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem 
efeito suspensivo (ex: só falta julgar Resp ou RE)? É possível a execução provisória da pena? 
 
 
Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível 
a execução provisória da pena. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
14 
 
1ª PERÍODO 
ATÉ FEV/2009: 
SIM 
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
 
Assim, se o réu estivesse condenado e interpusesse 
recurso especial ou recurso extraordinário, teria que 
iniciar o cumprimento provisório da pena enquanto 
aguardava o julgamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2ª PERÍODO 
DE FEV/2009 A FEV/2016: 
NÃO 
NÃO É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA 
PENA 
 
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 
(Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição e passou a 
entender que não era possível a execução provisória da 
pena. 
Obs.: o condenado poderia até aguardar o julgamento 
do REsp ou do RE preso, mas desde que estivessem 
previstos os pressupostos necessários para a prisão 
preventiva (art. 312 do CPP). 
Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas 
cautelarmente (preventivamente), e não como 
execução provisória da pena. 
Principais argumentos: 
• A prisão antes do trânsito em julgado da condenação 
somente pode ser decretada a título cautelar. 
• A execução da sentença após o julgamento do recurso 
de apelação significa restrição do direito de defesa. 
• A antecipação da execução penal é incompatível com 
o texto da Constituição. 
Esse entendimento durou até fevereiro de 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º PERÍODO: 
DE FEV/2016 A NOV/2019: 
 
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. 
Min. Teori Zavascki), retornou para a sua primeira 
posição e voltou a dizer que era possível a execução 
provisória da pena. 
Principais argumentos: 
• É possível o início da execução da pena condenatória 
após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e 
isso não ofende o princípio constitucional da presunção 
da inocência. 
• O recurso especial e o recurso extraordinário não 
possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP). Isso 
significa que, mesmo a parte tendo interposto algum 
desses recursos, a decisão recorrida continua 
produzindo efeitos. Logo, é possível a execução 
provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o 
julgamento do recurso. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
15 
 
SIM 
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
 
• Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada 
em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, 
após esse momento, exaure-se o princípio da não 
culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da 
decisão de segundo grau ao STJ ou STF não se prestam 
a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito. 
• É possível o estabelecimento de determinados limites 
ao princípio da presunção de não culpabilidade. Assim, 
a presunção da inocência não impede que, mesmo 
antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório 
produza efeitos contra o acusado. 
• A execução da pena na pendência de recursos de 
natureza extraordinária não compromete o núcleo 
essencial do pressuposto da não culpabilidade, desde 
que o acusado tenha sido tratado como inocente no 
curso de todo o processo ordinário criminal, 
observados os direitos e as garantias a ele inerentes, 
bem como respeitadas as regras probatórias e o 
modelo acusatório atual. 
• É necessário equilibrar o princípio da presunção de 
inocência com a efetividade da função jurisdicional 
penal. Neste equilíbrio, deve-se atender não apenas os 
interesses dos acusados, como também da sociedade, 
diante da realidade do intrincado e complexo sistema 
de justiça criminal brasileiro. 
• “Em país nenhum do mundo, depois de observado o 
duplo grau de jurisdição, a execução de uma 
condenação fica suspensa aguardando referendo da 
Suprema Corte”. 
 
 
 
 
4º PERÍODO: 
 
ENTENDIMENTO ATUAL: 
NÃO 
NÃO É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA 
PENA 
 
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 
(Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua segunda 
posição e afirmou que o cumprimento da pena 
somente pode ter início com o esgotamento de todos 
os recursos. 
Assim, é proibida a execução provisória da pena. 
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes 
do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos 
os recursos), no entanto, para isso, é necessário que 
seja proferida uma decisão judicial individualmente 
fundamentada na qual o magistrado demonstre que 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
16 
 
estão presentes os requisitos para a prisão preventiva 
previstos no art. 312 do CPP. 
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do 
trânsito em julgado, mas cautelarmente 
(preventivamente), e não como execução provisória da 
pena. 
Principais argumentos: 
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 
12.403/2011, prevê que “ninguém poderá ser preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente, 
em decorrência de sentença condenatória transitada 
em julgado ou, no curso da investigação ou do 
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão 
preventiva.”.Esse artigo é plenamente compatível com 
a Constituição em vigor. 
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória”, não deixa 
margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação. 
• É infundada a interpretação de que a defesa do 
princípio da presunção de inocência pode obstruir as 
atividades investigatórias e persecutórias do Estado. A 
repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir 
a ordem jurídica e os direitos e garantias fundamentais 
dos investigados. 
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos 
poderes constituídos nem o Poder Judiciário embasar 
suas decisões no clamor público. 
 
Tabela via @dizerodireito para facilitar a compreensão sobre evolução jurisprudencial deste tema. 
 
 Sobre o tema, confira a dica do Professor Matheus de Palma: 
 
https://youtu.be/-a3S31gN6p4 
https://youtu.be/-a3S31gN6p4
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
17 
 
 
 
4.1.2 Princípio da Igualdade Processual ou Paridade de Armas 
 
 As partes devem ter em juízo as mesmas oportunidades de atuação no processo e devem ser tratadas 
de forma igualitária, na medida da sua igualdade. Segundo Norberto Avena (2017, p. 53): “As partes, em 
juízo, devem contar com as mesmas oportunidades e ser tratadas de forma igualitária. Tal princípio constitui 
desdobramento da garantia constitucional assegurada no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, ao dispor 
que todas as pessoas serão iguais perante a lei em direitos e obrigações. Não obstante o sistema 
constitucional vigente seja proibitivo de discriminações, em determinadas hipóteses é flexibilizado o 
princípio da igualdade”. 
 
4.1.3 Princípio da Ampla Defesa 
 
Segundo Renato Brasileiro (2017, p. 54), a ampla defesa pode ser vista como um direito sob a ótica 
de que privilegia o interesse do acusado, todavia, sob o enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse 
geral de um processo justo, é vista como garantia. 
 
Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes”. 
 
 “O direito de defesa está ligado diretamente ao princípio do contraditório. A defesa 
garante o contraditório e por ele se manifesta” (LIMA, 2017, p. 54). 
 
A ampla defesa divide-se em autodefesa e defesa técnica: 
 
● AUTODEFESA: é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo. 
Compreende: 
1. Direito de audiência; 
2. Direito de presença; 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
18 
 
3. Capacidade postulatória autônoma. 
 
1. Direito de audiência: É o direito de ser ouvido no processo. Ou seja: é o momento que o acusado 
tem para apresentar a sua versão dos fatos e tentar formar a convicção do magistrado quanto a sua 
inocência. 
 
Obs.: Quando estudarmos o interrogatório judicial, veremos que, hoje, na visão da doutrina, o interrogatório 
judicial tem natureza jurídica de meio de defesa. Isso porque, no interrogatório, ele tem o direito de ficar em 
silêncio. 
 
2. Direito de presença: Direito de estar presente/acompanhar os atos processuais. 
 E se o acusado estiver preso em outra unidade da federação. Ainda assim ele tem assegurado o 
direito de presença? R.: SIM! O direito de presença é universal. O direito não deixa de valer só porque o 
acusado está preso em outro lugar. 
 Atualmente, o art. 185, §2°, CPP, permite a realização de audiência mediante videoconferência. 
Assim, a videoconferência preserva o direito de presença, ao mesmo tempo que evita o deslocamento do 
preso. 
 Ressalta-se que, embora a doutrina garantista entenda que a inobservância deste direito deveria 
acarretar nulidade absoluta, a jurisprudência vem entendendo que se trata de nulidade relativa, devendo-se 
comprovar o prejuízo. 
 
Obs.: O direito de presença tem natureza relativa. Ou seja, há situações em que o direito de presença pode 
causar constrangimento à vítima ou às testemunhas. Nesse caso, se não for possível realizar a audiência 
mediante videoconferência, o acusado será retirado da audiência. Se for essa a decisão do magistrado, deve 
haver fundamentação, e essa fundamentação deve constar da ata da audiência para evitar futura nulidade. 
 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique 
a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na 
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 
2008). 
 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo 
deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008). 
 
Revela-se lícita a retirada dos acusados da sala de audiências, se as testemunhas 
de acusação demonstram temor e receio em depor na presença dos réus. Se o 
patrono do paciente não apresentou nenhuma irresignação quanto aos termos da 
assentada, havendo assinado e concordado com seu conteúdo, resulta preclusa a 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
19 
 
arguição de qualquer vício a macular o ato de ouvida das testemunhas de acusação. 
Ordem denegada”. (STF, 1ª Turma, HC 86.572/PE, Rel. Min. Carlos Britto, j. 
06/12/2005, DJ 30/03/2008) 
 
3. Capacidade postulatória autônoma do acusado: Devido à importância da liberdade de locomoção, 
o ordenamento jurídico confere ao acusado uma capacidade postulatória autônoma para praticar 
certos atos processuais, ainda que ele não seja profissional da advocacia. Ou seja: mesmo que o 
acusado não seja advogado, ele pode praticar alguns atos processuais. 
Ex.: o acusado pode interpor recursos; provocar incidentes da execução (livramento condicional, 
progressão de regime, etc.); impetrar habeas corpus. 
 
● DEFESA TÉCNICA: Direito de ser representado por advogado. 
A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Mesmo que o acusado, desprovido de capacidade 
postulatória, queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz providenciar a 
nomeação de defensor. 
 
Art. 261 do CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado 
ou julgado sem defensor. 
 
Súmula 523, STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, 
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
 
Súmula 707, STF: constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para 
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a 
suprindo a nomeação do defensor dativo. 
 
Súmula 708, STF: é nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos 
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para 
constituir outro. 
 
STF: A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não 
implica, por si só, nulidade processual. STF. 1ª Turma. HC 165534/RJ, rel. orig. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
 
Aspectos da ampla defesa: 
● Positivo: representa a efetiva utilização dos instrumentos, dos meios e modos de produção, 
esclarecimento ou confrontação de elementos de prova relacionados à materialidade da infração 
criminal e à autoria; 
● Negativo: impede a produção de elementos probatórios de elevado risco ou com potencialidade 
danosa à defesa do réu. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
20 
 
Consequências da ampla defesa: 
● Apenas o réu tem direito à revisão criminal, nunca a sociedade; 
● O juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu. 
 
Há possibilidade de o acusado exercer sua própria defesa técnica? R.: Desdeque o acusado seja 
profissional da advocacia, ou seja, desde que esteja regularmente inscrito nos quadros da OAB. 
 
Nas ações penais originárias, a defesa preliminar (L. 8.038/90, art. 4º), é atividade 
privativa dos advogados. Os membros do Ministério Público estão impedidos de 
exercer advocacia, mesmo em causa própria. São atividades incompatíveis (L. 
8.906/94, art. 28). Nulidade decretada. (STF, 2ª Turma, HC 76.671/RJ, Rel. Min. 
Nelson Jobim, j. 09/06/1998, DJ 10/08/2000). 
 
É possível o patrocínio da defesa técnica de dois ou mais acusados pelo mesmo defensor. Em outras 
palavras: Um único advogado pode defender 2 ou mais acusados? R.: SIM! Mas desde que não haja 
colidência de teses pessoais. Ex.: A e B estão sendo acusados do mesmo crime. Um único advogado pode 
defendê-los, mas desde que as teses de defesa sejam semelhantes. Se A ou B negarem ser autor do delito, 
há colidência de interesses pessoais. Obs.: Cabe ao juiz e ao MP fiscalizarem isso. 
 
Hipótese em que o paciente e seu filho foram acusados de tráfico de drogas, sendo 
que o filho imputava a responsabilidade penal a seu pai e ambos foram 
patrocinados pelo mesmo advogado. O defensor apresentou alegações finais 
defendendo apenas o filho e acusando o pai. Havendo teses defensivas 
conflitantes, fica clara a impossibilidade de que pai e filho fossem patrocinados pelo 
mesmo advogado. É evidente, assim, o conflito de interesses e a colidência de 
defesa, que provocou prejuízo ao paciente, haja vista a condenação à reprimenda 
de 12 (doze) anos de reclusão”. (STJ, 6ª Turma, HC 86.392/PA, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, j. 25/05/2010) 
 
4.1.4 Princípio da Plenitude da Defesa 
 
Aplicado especificamente ao Tribunal do Júri. 
● A atenção do juiz com a efetividade da defesa do réu deve ser ainda maior; 
● É possível apresentar nova tese na tréplica; 
● Ampliação do tempo de defesa nos debates sem que igual direito seja concedido ao MP. 
 
4.1.5 Princípio do In Dubio Pro Reo 
 
Envolve regra de tratamento que milita em favor do acusado. O juiz só pode proferir decreto 
condenatório se não existirem dúvidas acerca da autoria e materialidade do delito, sendo indispensável um 
juízo de certeza para a condenação. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
21 
 
Se houver dúvida na interpretação de determinado artigo de lei processual penal, deve ser 
privilegiada a interpretação que beneficie o réu. 
 
É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na 
fase inquisitorial? 
 
- STJ: NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a 
análise aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um 
Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório 
colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos 
informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/02/2021 (Info 638). 
 
-STJ: SIM. Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor 
da sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da 
causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e 
tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza, necessário para a 
condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica 
à referida decisão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO, Rel. Min. 
Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 
1609833/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020. 
 
Para o professor Renato Brasileiro, deve ser adotado o primeiro posicionamento (LIMA, Renato 
Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 8ª ed. rev. atual. e ampl. Editora JusPodivm. Salvador. 
2020. p. 1471): 
Destarte, a nosso ver, havendo dúvidas quanto à existência do crime ou quanto à 
presença de indícios suficientes, deve o juiz sumariante impronunciar o acusado, 
aplicando o in dubio pro reo. Nesse contexto, como já se pronunciou o Supremo, o 
aforismo in dubio pro societate jamais vigorou no tocante à existência do próprio 
crime, em relação à qual se reclama esteja o juiz convencido. Por isso, diante da 
conclusão dúbia de laudo pericial, que concluiu pela impossibilidade de se 
determinar a causa da morte investigada, somada à contradição entre a versão 
apresentada pelo acusado e a da irmã da vítima, concluiu o Supremo que, diante 
da dúvida do juiz sumariante acerca da existência de homicídio, não seria possível 
que o acusado fosse pronunciado sob o pálio do in dubio pro societate. 
 
Esquematizando 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
22 
 
STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 
6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 23/02/2021 (Info 638). 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 
1702743/GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 
julgado em 15/12/2020. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1609833/RS, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
06/10/2020. 
NÃO: É ilegal a sentença de pronúncia 
fundamentada exclusivamente em elementos 
colhidos no inquérito policial. 
SIM. É possível admitir a pronúncia do 
acusado com base em indícios derivados do 
inquérito policial, sem que isso represente 
afronta ao art. 155. 
 
#DICA DD: 
Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria RACIONALISTA da prova, na qual 
não deve haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei, no 
entanto, por outro lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de 
lógica e racionalidade, podendo ser controlado em âmbito recursal ordinário. 
Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da dúvida razoável, necessária 
para a condenação. Contudo, a submissão de um acusado ao julgamento pelo 
Tribunal do Júri pressupõe a existência de um lastro probatório consistente no 
sentido da tese acusatória. Ou seja, requer-se um standard probatório um pouco 
inferior, mas ainda assim dependente de uma preponderância de provas 
incriminatórias. STF. 2ª Turma. ARE 1067392/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 26/3/2019 (Info 935). 
 
Atenção! Não se afirma que o STF abandonou a aplicação do princípio do in dubio pro societate na fase de 
pronúncia. Ocorre que, nesse julgado em análise, segundo o voto do Min. Gilmar Mendes, as testemunhas 
que incriminavam o réu eram apenas testemunhas de “ouvir dizer”. A jurisprudência entende que a 
testemunha de “ouvir dizer” – conhecida no direito norte-americano como hearsayrule – não produz um 
depoimento confiável e, portanto, não serve como indício de autoria. 
 
O testemunho por ouvir dizer (hearsayrule), produzido somente na fase 
inquisitorial, não serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que 
submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1373356-
BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603). 
 
4.1.6 Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência 
 
É o direito de ser intimado e se manifestar sobre fatos e provas. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
23 
 
Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes”. 
 
Elementos: 
● Direito à informação – parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argumentos 
da parte contrária. 
● Direito de participação – possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à 
pretensão da parte contrária. 
● Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor 
 
Nesse sentido, a parte tem direito à informação (por isso a grande importânciados atos de 
comunicação, citação, intimação e notificação) e o direito à participação (a parte precisa ter o direito de 
contrariar). Portanto, o contraditório seria a necessária informação às partes e a possível reação a atos 
desfavoráveis. 
 
Espécies: 
● Contraditório para a prova (contraditório real): É o contraditório realizado na formação do elemento 
de prova, sendo indispensável que sua produção ocorra na presença do órgão julgador e das partes. 
⋅ Ex.: Prova testemunhal. A prova testemunhal é produzida em contraditório real, pois ambas 
as partes estarão presente para acompanhar a produção da prova, podendo questionar as 
testemunhas, não apenas quanto a sua credibilidade, mas também quanto aos fatos. 
● Contraditório sobre a prova (contraditório diferido/postergado): É a atuação do contraditório após 
a formação da prova. 
⋅ Ex.: Interceptação telefônica. É claro que o acusado e seu advogado jamais podem tomar 
ciência antecipada quanto a uma interceptação telefônica em curso. Nesse caso, o 
contraditório será conferido quando concluída a interceptação. Portanto, concluída a 
interceptação, a mídia será juntada aos autos, assim como eventual relatório e laudo de 
gravação. É nesse momento que a defesa poderá exercer o contraditório. 
 
Sobre o tema, confira a dica do Professor Matheus de Palma: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=wXROI0TN6Wo 
 
https://www.youtube.com/watch?v=wXROI0TN6Wo
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
24 
 
 
Obs.: Se o promotor oferece uma denúncia e essa denúncia é rejeitada pelo juiz, é quase que intuitivo que a 
acusação irá recorrer (RESE no âmbito do CPP e apelação no âmbito dos juizados especiais). 
 
O acusado precisa ser intimado quanto a esse recurso? R.: SIM! Na condição de acusado, ele tem o interesse 
de que a decisão de rejeição de denúncia seja mantida pelo tribunal. Por isso dele deve ser intimado para 
que constitua um defensor para apresentar contrarrazões. 
 
Nesse sentido, entendimento sumulado do STF. 
SÚMULA 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões 
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
4.1.7 Princípio da Publicidade 
 
 Trata-se de um princípio claramente ligado ao caráter democrático do processo penal. Isso porque, 
a partir do momento que se assegura o princípio da publicidade, a ideia é de que a publicidade vai 
proporcionar o controle da sociedade sobre a atividade jurisdicional. 
 Alguns doutrinadores dizem que o princípio da publicidade funciona como uma garantia de segundo 
grau ou garantia de garantia (Ferrajoli). Garantia de segundo grau porque, na verdade, a publicidade 
proporciona o controle sobre outras garantias. Assim, a partir do momento em que se dá publicidade ao 
processo, analisa-se se as outras garantias também foram respeitadas (ex.: juiz natural, contraditório, ampla 
defesa, etc.). 
 
● Previsão legal: art. 93, IX, CF/88, art. 5°, LX, CF/88, art. 8°, 5, CADH, art. 792, CPP. 
 
Art. 93, IX, da CF - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
25 
 
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
Art. 5º, LX, da CF - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
A requerimento do MP, o juiz deferiu que fossem oficiadas as companhias aéreas, 
telefônicas e instituições bancárias para requisição de informações sobre viagens 
feitas pelo réu e sobre os locais onde foram utilizados os seus cartões de crédito e 
telefones celulares. O magistrado autorizou tais medidas sem qualquer 
fundamentação. O STJ reconheceu que a decisão foi nula por ausência de 
motivação. Embora não sejam absolutas as restrições de acesso à privacidade e 
aos dados pessoais do cidadão, é imprescindível que qualquer decisão judicial 
explicite os seus motivos (art. 93, IX, da CF). As diligências invasivas de acesso a 
dados (bancários, telefônicos e de empresa de transporte aéreo), para serem 
deferidas, precisam ser motivadas com a menção à necessidade e 
proporcionalidade das diligências. STJ. 6ª Turma. REsp 1133877-PR, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 19/8/2014 (Info 545). 
 
● Regra: Publicidade ampla, permitindo a todos o acesso ao processo e não apenas às partes e aos 
procuradores. 
 Dessa publicidade ampla se extrai 3 direitos: 
1) Direito de assistência à realização dos atos processuais: o público, as partes e os advogados 
podem acompanhar os atos processuais; 
2) Direito de narração dos atos processuais: da mesma forma que pode assistir, pode descrever 
os atos processuais; 
3) Consulta dos autos: qualquer pessoa pode acessar os autos. 
 
● Exceção: Publicidade restrita, com fundamento na própria CF/88 que prevê, em algumas situações, 
a possibilidade de restrição da publicidade. Será uma publicidade restrita apenas às partes e a seus 
advogados ou, apenas, a seus advogados. Pois, vez ou outra, o direito à intimidade deve prevalecer 
sobre o direito à informação. 
 
Art. 8º, item 5, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – “O processo 
penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da 
justiça”; 
 
Art. 792 do CPP - As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, 
públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos 
escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora 
certos, ou previamente designados. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
26 
 
 
§1° Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar 
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o 
tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando 
o número de pessoas que possam estar presentes. 
§2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, 
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente 
designada. (regra caiu em desuso). 
 
Art. 234-B do CP - Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título 
[crimes sexuais] correrão em segredo de justiça. 
 
No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da 
qualidade da vítima (criança ou adolescente), o nome completo do acusado e a 
tipificação legal do delito podem constar entre os dados básicos do processo 
disponibilizados para consulta livre no sítio eletrônico do Tribunal, ainda que os 
crimes apurados se relacionem com pornografia infantil. Muito embora o delito de 
divulgação de pornografia infantil possa causar repulsa à sociedade, não constitui 
violação ao direito de intimidade do réu a indicação, no site da Justiça, do nome de 
acusado maior de idade e da tipificação do delito pelo qual responde em ação 
penal, ainda que o processo tramite sob segredo de justiça. STJ. 5ª Turma. RMS 
49920-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
 
ATENÇÃO: Na visão dos Tribunais Superiores o segredo de justiça está dentro da cláusula de reserva de 
jurisdição (STF: MS 27.483/DF). Ou seja, quando o segredo de justiça for decretado pelo juiz, somente o 
próprio juiz ou uma autoridade jurisdicional superior poderá remover esse segredo de justiça. 
 
Ex.: CPI dos grampos. A CPI quis ter acesso a todos os processos que tinham interceptação telefônica. O STF 
não deixou, pois, se há interceptação telefônica, é uma hipótesede publicidade restrita, então somente uma 
autoridade jurisdicional pode remover o segredo de justiça. 
 
STF - MS 27.483/DF: “Comissão Parlamentar de Inquérito não tem poder jurídico 
de, mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias de decisão nem de 
mandado judicial de interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a processo 
sujeito a segredo de justiça. Este é oponível a Comissão Parlamentar de Inquérito, 
representando expressiva limitação aos seus poderes constitucionais”. (STF, 
Tribunal Pleno, MS 27.483/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 192 09/10/2008). 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
27 
 
4.1.8 Princípio da Vedação das Provas Ilícitas 
 
É vedado o uso de provas ilícitas no processo. 
 
Art. 5º, LVI, da CF: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos. 
 
O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como 
consequência imediata o desentranhamento dos autos e sua inutilização, para que não se possa influenciar 
indevidamente o convencimento do magistrado. 
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem 
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF: 
 
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem 
ser desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela 
deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que 
fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser 
desentranhadas e substituídas. A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais 
peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que 
determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP. 
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a 
exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 
137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
Contudo, a prova ilícita NÃO será inutilizada quando: 
1) Pertencer licitamente a alguém; 
2) Prova ilícita consistir no próprio corpo de delito em relação àquele que praticou um crime para obtê-
la. 
 
Obs.: O STF começou a admitir, excepcionalmente, a utilização da prova ilícita em benefício do réu inocente 
que produziu prova para a sua absolvição. 
 
 A temática será aprofundada quando tratarmos da Teoria Geral das Provas. 
 
4.1.9 Princípio da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável Do Processo 
 
Trata-se do princípio que ensejou a edição da EC 45/04, responsável por introduzir a razoável 
duração do processo enquanto direito fundamental no art. 5, LXXVIII, CF. 
Assim, a duração razoável do processo corresponde à busca pelo equilíbrio: o processo não pode ser 
moroso ao ponto de ensejar a impunidade, mas também não tão célere de modo a inobservar as garantias 
do acusado. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91665c93b72f55b2e4f1048fc8289d04?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91665c93b72f55b2e4f1048fc8289d04?categoria=12&subcategoria=130
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
28 
 
Apresenta algumas consequências: 
● As prisões cautelares devem persistir por tempo razoável, enquanto presentes as necessidades; 
● Possibilidade de utilizar a carta precatória itinerante; 
● A suspensão do processo, havendo questão prejudicial, só deve ser feita quando há caso de difícil 
solução. 
 
4.1.10 Princípio do Devido Processo Legal 
 
 É um princípio expressamente previsto na Constituição Federal. 
 
Art. 5, LIV, da CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. 
 
“O devido processo legal é o estabelecido em lei, devendo traduzir-se em sinônimo 
de garantia, atendendo assim aos ditames constitucionais. Com isto, consagra-se a 
necessidade do processo tipificado, sem a supressão e/ou desvirtuamento de atos 
essenciais” (TÁVORA, 2017, p. 68). 
 
Subdividido em: 
● Aspecto material ou substancial: Ninguém será processado, senão por crime previsto em lei; 
● Aspecto processual ou procedimental: Atrelado à possibilidade de produzir provas. 
 
Caiu em prova Delegado PE/2024! O princípio do devido processo legal tem suas raízes no princípio da 
legalidade e garante que o indivíduo somente seja processado e punido se houver lei penal anterior definindo 
determinada conduta como crime, cominando-lhe pena. (item correto) 
 
4.1.11 Juiz Imparcial ou Natural 
 
a) Previsão constitucional: art. 5°, XXXVII e LIII, CF/88. 
 
Art. 5º, XXXVII, da CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
Art. 5º, LIII, da CF: ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 
 
b) Conceito: Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade 
jurisdicional que o processará e o julgará. A ideia do juiz natural está relacionada com a imparcialidade. Isso 
porque, a partir do momento em que a competência é estabelecida de maneira prévia e abstrata, de certa 
forma é possível proteger a imparcialidade daquele magistrado. 
 
c) Regras de Proteção que derivam do Juiz Natural: Do princípio do juiz natural derivam 3 regras 
fundamentais: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
 
29 
 
● Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; 
● Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 
● Entre os juízes pré-constituídos vigoram regras de competência que excluem qualquer tipo de 
discricionariedade. 
 
Obs.1: Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores não viola o princípio do juiz 
natural. 
 
Não ofende o princípio do juiz natural à convocação de juízes de primeiro grau 
para, nos casos de afastamento eventual do desembargador titular, compor o 
órgão julgador do respectivo Tribunal, desde que observadas as diretrizes legais 
federais ou estaduais, conforme o caso. Precedentes do STF e do STJ. Na hipótese 
em tela, o Tribunal de Justiça paulista procedeu a convocações de juízes de primeiro 
grau para formação de Câmaras Julgadoras, valendo-se de um sistema de 
voluntariado, sem a observância da regra legal instituída (Lei Complementar n.º 
646/90 do Estado de São Paulo), qual seja, a de realização de concurso de remoção, 
tornando nula a atuação do magistrado de primeiro grau convocado nessas 
circunstâncias. Ordem concedida para anular o julgamento do recurso de apelação, 
determinando a sua renovação por Turma Julgadora, com a observância da lei de 
regência. (STJ, 5ª Turma, HC 111.919/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 18/11/2008, Dje 
02/02/2009). 
 
Obs.2: Julgamento por turma (ou câmara) composta, em sua maioria, por juízes convocados não viola o 
princípio do juiz natural. 
 
Esta Corte já firmou entendimento no sentido da constitucionalidade da Lei 
Complementar 646/1990, do Estado de São Paulo, que disciplinou a convocação de 
juízes de primeiro grau para substituição de desembargadores do TJ/SP. Da mesma 
forma, não viola o postulado constitucional do juiz natural o julgamento de 
apelação por órgão composto majoritariamente por juízes convocados na forma 
de edital publicado na imprensa oficial. Colegiados constituídos por magistrados 
togados, que os integram mediante inscrição voluntária e a quem a distribuição de 
processos é feita aleatoriamente. Julgamentos realizados com estrita observância 
do princípio da publicidade, bem como do direito ao devido processo legal, à ampla 
defesa e ao contraditório. Ordem denegada. (STF, Pleno, HC 96.821/SP, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, j. 08/04/2010). 
 
É pacífico o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal 
Federal no sentido de ser perfeitamente possível a convocação de juízes de 
primeiro grau para

Mais conteúdos dessa disciplina