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CIVIL – 2º BIMESTRE DO TESTAMENTO Da Capacidade de Testar · Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Aqueles que no ato de fazerem o testamento não tiverem pleno discernimento, significa eventuais impedimentos transitórios, ex.: alguém maior, plenamente capaz em estado de embriaguez, impossibilitado de se manifestar naquele momento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. TRATA-SE DE UMA EXCEÇÃO, o ato de testar é um ato personalíssimo, logo, porque o maior de 16pode se casar? Porque ele pode se casar devidamente assistido, e ele poderia estar testando assistido pelos pais? Não, pois estaria ferindo a unipessoalidade! Como não podem ser assistidos, a lei autoriza que aos 16 anos já possam estar testando. · Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. Ex.: a incapacidade superveniente invalida o testamento? Não, uma vez que o testamento é um negócio jurídico, de tal modo, deve ser considerado o mento da pratica de seu ato O testamento é revogável, e, por isso se denomina um ato de última vontade. Todavia é possível tornar os testamentos sem efeito, sem que seja pela revogação, como na caducidade Caducidade: é o ato de caducar o testamento, e pode ocorrer de duas formas: · Objetiva: relacionada ao objeto da clausula testamentária. Ex.: testamento em que deixo 1/3 da porcão disponível (objeto – questão patrimonial. Ex.: ou instituo um legatário a quem atribuo um imóvel- objeto: se quando da abertura da sucessão não tenho nada, como herdeiro legatário herdará? A verdade é que ele não herdará, pois nesse caso ocorre a caducidade do legado objetiva · Caducidade subjetiva: relacionada a pessoa. Ex.: deixo patrimônio para alguém que morreu, ocorre a caducidade, uma vez que no testamento inexiste o direito de representação · Caducidade retirante: o testador faz um testamento cerrado, ou seja, sigiloso, na hipótese de ser dilacerado, em função de vazar informações de seu conteúdo. HERDEIRO TESTAMENTARIO Sua capacidade de herdar decorre em função de um testamento, assim o testador deixa parte de seus bens a título universal. Ex.; deixo para João 1/3 da minha porção disponível, mas não se sabe ao certo o que caberá nesses 1/3 HERDEIRO LEGATÁRIO O legatário recebe coisa individualizada, certa e determinada. Ex.: a casa X da praia Y. ex.; testador tem 3 filhos (herdeiros necessários) A, B e C. A eles é assegurada por lei uma parte da legitima, a qual os três receberão cada 1/3 - A herança é dividida em duas partes: a legitima e a disponível - Imaginemos que C é meu filho preferido, a qual eu dou toda ou parte da minha porção disponível e dou a ele por testamento - Essa determinação é lícita, pois está dentro da porção disponível Quando alguém for simultaneamente herdeiro legitimo e testamentário, denomina-se herdeiro precípuo Como que se calcula a legitima e a porção disponível? Sobre a herança líquida! Ex.: no momento da morte, o de cujos deixou 100 unidades monetárias, abatidas as dívidas (20 unidades), restará 80 unidades como herança líquida, que se dívidas por dois se descobre a legítima e a parte líquida · Pode ser que mesmo que o testamento já esteja feito, ocorra mudança em seu patrimônio, do qual ele dispõe mais que a parte disponível deixou disponível para meação. · Ex.: disponho de 50 unidades, sendo que, disponho de 40 da parte disponível, dessa forma ocorre uma lesão ao patrimônio da legitima, que enseja a redução testamentaria, como forma de reestabelecer a legitima. Ex.: se no mesmo exemplo o patrimônio aumentar, e eu abrir mão de 30 unidades, assim, a parte disponível que sobrar será acrescida a legitima! FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO Art. 1.862. São testamentos ordinários: I - o público; por escritura pública II - o cerrado; conteúdo sigiloso, somente tem acesso aquele que testou. III - o particular. · Para fazer testamento é necessário a representação por um advogado? Não · Posso levar uma cola ou lembrete para fazer o testamento? Sim Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. Nenhuma vontade pode interferir na vontade testamentaria, assim não se pode admitir que o mesmo seja elaborado em conjunto: · Testamento conjuntivo/simultâneo: aquele que no mesmo instrumento (tanto por escritura pública como por instrumento particular) participam mais de uma pessoa · Correspectivo: advém de uma correspondência, ou seja, aquele que lavrado no mesmo instrumento que inscreve clausulas testamentaria a terceiro mediante condições e promessas mutuas · Reciproco: um e outro testador se atribuem bens, um em favor do outro. Todavia é possível que em dois testamentos distintos e autônomos, é possível que se atribuam bens em favor do outro. Distingue do art. 1.863, pois não é um testamento conjuntivo!!!! Trata-se de cártulas/instrumentos distintos; Se no testamento que eu revoguei eu reconheci o filho? O testamento perde o efeito com relação aos aspectos materiais, quanto ao reconhecimento do filho não perderá o efeito, tal documento pode ser usado para fazer a alteração de seu registro civil – questão de prova É possível a multiparentalidade, ou seja, com o reconhecimento do pai biológico será mantido em seu registro o pai sócio afetivo Do Testamento Público Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas (duas) e pelo tabelião. Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias. Ex.: deficiência física ou mental. Essa capacidade deve ser analisada no momento da declaração. Se no ato de testar ele for plenamente capaz e a incapacidade for superveniente, não invalidará o testamento. · Da mesma forma, se no momento de testar ele for incapaz e posteriormente readquirir a capacidade civil, isso não torna o testamento válido. DEFICIÊNCIA: Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento. Ele indica a testemunha, e a mesma fará a releitura. Essa releitura, na interpretação do professor, não necessariamente precisará ser feita por uma das testemunhas que assina o testamento. Poderia, o testador cego, indicar outra pessoa. TESTAMENTO CERRADO Esse testamento responde por dois outros nomes, seja o “testamento secreto” ou “testamento místico”. · Esse testamento não envolve até sua elaboração nenhum ato notarial, ou seja, não é necessário de imediato a escritura pública. Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades: I - Que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; ex.: eu estou na minha casa e resolvo fazer um testamento, e para que seja cerrado énecessário a fé pública, assim levo e entrego ao tabelião na presença de duas testemunhas para que lavre o auto de aprovação. É aqui que se materializa a questão notarial II - Que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; IV - Que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas. · O testador posse solicitar ao tabelião para que revise o testamento acerca de erros na sua elaboração, mas tudo isso sem tomar o devido conhecimento sobre o seu conteúdo. Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto. - O auto de aprovação é colado na última linha da folha do testamento, se não houver espaço para tanto · No cartório é registrado o dia, a hora, as testemunhas, por quem e como foi lavrado o auto de aprovação. · Esse testamento pode perder a eficácia? Sim, caso o documento se deteriore de alguma forma. Por essa razão, é permitido durante a elaboração do testamento a edição de mais vias de igual teor, que passará também pelo processo de cerramento. Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo. Isso deve ser circunstanciado e não fere a impessoalidade. Ainda assim, poderá o mesmo testador lavrar o auto de aprovação, sem que esse fato o torne suspeito. Matéria da poli: Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo. · E aquelas duas testemunhas que vão assinar o auto de declaração – elas precisam dominar a língua em que o testamento foi escrito? Não, porque elas não terão acesso ao que consta no testamento. Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler. · Analfabetos, cegos... Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede. · São requisitos necessários! Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade. · Quem vai “descerrar” ou “deslacrar” o testamento é o juiz. · O testamento será apresentado ao juiz pela pessoa que detém a sua guarda. 19/10/2023 Seção IV Do Testamento Particular (Hológrafo ou Ológrafo) · Não possui custos. Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico. § 1 o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever. § 2 o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão. Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos. · Herdeiros necessários e herdeiros colaterais até 4º grau. Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado. Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade. · Contestes = De acordo. · Essa confirmação das testemunhas não significa que o testamento é válido ou que produzirá efeitos. Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. · Havendo três testemunhas, e apenas uma delas compareceu, esse testamento será confirmado? Depende! Se houver prova suficiente, o juiz, a seu critério, poderá confirmar o testamento – incide uma condição suspensiva! Possível questão de prova. · E se não comparecer nenhuma testemunha? Numa interpretação gramatical, a resposta é NÃO – o testamento será ineficaz – ao menos uma testemunha é requisito para o testamento. Todavia, em observância a vontade do testador, mesmo faltando requisitos necessários, ou seja, mesmo não havendo nenhuma testemunha, em circunstâncias excepcionais, o juiz, a seu critério, poderá confirmar o testamento – exemplo do prédio em chamas em que o testamento é jogado pela janela e a caverna que desmorona – é chamado de testamento nuncupativo ou emergencial. Entendimento do professor! Possível questão de prova, verificar na jurisprudência! Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam. · O testamento cerrado também pode ser escrito em língua estrangeira – mas a diferença entre eles é que, no testamento particular, é necessário que as testemunhas compreendam a língua em que foi escrito! E por que isso? Porque o testamento cerrado não é lido às testemunhas, mas o particular sim! CAPÍTULO IV Dos Codicilos · Quem faz um codicilo é chamado de codicilante. · É um testamento anão, ou um mini testamento. · Presta-se a disposição de pequenas coisas, de pequenos valores. · É mais simples ainda que o testamento particular. Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular (ou mecânico) seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta (porquinho de moedas – “cofrinho”) a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal. · É um rol exemplificativo. · Ex. do professor que quer ser enterrado na posição horizontal e de suas roupas de dar aula. · O codicilo pode se dar por meio de uma carta datada – pode ser enviada pelos Correios para ser entregue a determinada pessoa. Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou não testamento o autor. Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros. · Essa possibilidade não leva a revogação do testamento! Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar. · O testamento, no silêncio, revoga o codicilo. · O testamento não revogará o codicilo se estiver expressamente previsto tal fato. · Sendo assim, o testamento sempre revogará o testamento? Não, pois se estiver mencionado no testamento a não revogação do codicilo, assim será. · Um codicilo revoga outro codicilo! · Um codicilo não pode revogar um testamento, mas pode ser estabelecido o quanto previsto no art. 1.883. Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado. · Se estiver fechado, o codicilo será aberto na presença dojuiz. CAPÍTULO VI Das Disposições Testamentárias Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. · O que é pura e simplesmente? É simplesmente dispor que alguma pessoa ficará com uma porção de minha parte disponível. · É possível que um indivíduo seja testamenteiro a depender de uma condição para certo fim ou modo, ou para certo motivo – ex.: será considerado meu herdeiro se concluir o ensino superior até a abertura da sucessão. Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita. · Dias ad quo e dias ad quem. · O termo inicial ou termo final é considerado não escrito – mas o que significa isso? A disposição (aquilo que institui o herdeiro) é escrito – a partir da morte, a pessoa mencionada em testamento será considerada herdeiro – o termo em que designa o termo inicial e final do direito do herdeiro é como se não existisse. Não entendi! Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. · Se não houver consenso entre as partes sobre qual a melhor interpretação a ser aplicada, a cláusula será considerada ineficaz. Continuação: · Art. 1.900. É nula a disposição: I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. · Art. 1.901. Valerá a disposição: I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado; II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado. Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas. Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. Ex.: testador menciona seu João herdeiro, tornando-o um legatário por entender que o mesmo lhe salvou a vida. · Se vier à tona de que realmente salvou a vida do testador foi outa pessoa, a deixa testamentária, em princípio é nula, todavia, se por outros meios de prova se chegar a conclusão inequívoca de que foi mesmo seu João o herdeiro que salvou a sua vida, o ato será validado Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. ex.: deixo como herdeiros testamentários: Pedro, Paulo e João · Deixo 30% da minha herança para os 3 (concurso parte fiund – será dividido em parcelas iguais), ou seja, 1/3 para cada um Herdeiro: recebe uma fração do todo – herda a título universal Legatário: herda um bem individualizado. Ex.: deixo minha casa para fulano Ex: deixo 40% para Pedro, Paulo, João, e os filhos de A Uma cota para Pe. (1/4) Pa. (1/4) J. (1/4) aos filhos de A (1/4) · Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária. Se sobrar dinheiro, o valor remanescente será acrescido a parte disponível. Ex: deixo 40% para P, P, J, e os filhos de A O testador podia dispor de 50%, dessa forma, sobraram 10 %, que será acrescido a parte disponível. Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros. Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. A vontade do testador prevalece sobre qualquer dispositivo penal, nesse sentido, pode ocorrer que entre os bens. Atos anuláveis – efeito EX NUNC. O ato nulo não convalesce, ou seja, ele não se tornará válido nem tão pouco pelo decurso do tempo ou por qualquer decisão judicial; diferente do ato nulo que pode ser ratificado se a causa de anulação for afastada Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício. Prazo prescricional 1.859 do CC x 1.9009 – Trata-se de uma antinomia aparente de normas, Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro. (Ocorre no momento da morte, em que um parente entregará ao juiz, onde será registrado ao fórum e ganhará publicidade) *** Prova: O entendimento MAJORITÁRIO é de deve se aplicar as regras e os prazos do 1.859, por favorecer as partes e os herdeiros e por que o testamento não pode ter um valor ad eterno. Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador. Se as disposições forem independentes serão ainda válidas! Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. Se eu fizer uma disposição testamentária com clausula de inalienabilidade, automaticamente, os objetos não poderão ser objeto de penhora, ou seja, serão objetos incomunicáveis, não podendo ser partilhados a qualquer titulo Ex.: se eu me casar futuramente no regime de comunhão parcial de bens, ele não poderá ser vendido, penhorado nem tão pouco partilhado Mas se o bem for só impenhorável, ele pode ser alienável e comunicável! CAPÍTULO Dos Legados Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão. Pelo princípio de que ninguém pode dar aquilo que não possui Lembrando - momento da sucessão é a morte · Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro (herdeiro testamentário) ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado. Ex.; testador institui um imóvel à A, desde que A entregue para B (3º) um bem X de sua propriedade. (Mediante encargo) A morte na sucessão testamentária é o título da transferência da propriedade, todavia, antes o legatário deverá cumprir o encargo sob pena de deixar subentendido que deseja renunciar a herança, abrindo, portanto, mão de seu direito. Esse imóvel, uma vez renunciado, passará a integrar a legítima. · Art. 1.914. Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado. Ex.: um testador institui uma área como legado, todavia, antes demorrer, esse testador acaba dividindo essa área e vendendo parte do mesmo. Assim cumpre-se a decisão testamentária considerando a titularidade ainda que parcial (parte do terreno que restou será dividida entre os legatários) Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador. “GENUS NUNCAN PERIT”- o gênero nunca perece. Assim, se eu tenho a obrigação de entregar uma mesa, determinando qual mesa de maneira certa com a sua descrição detalhada, eu devo cumpri-la. Ex.: deixo o testamento instituindo duas vacas holandesas. Todavia, o testador não possuía as vacas, dessa forma, o responsável deverá comprar duas vacas para poder entregar ao herdeiro testamentário. Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente. Se o testador instituir duas barras de ouro, no seu endereço completo, dentro de um cofre especifico, em sua casa. Quando morto e seu testamento registrado, notificando os herdeiros e legatários. O testamenteiro, irá ao local específico para recolher os bens deixados a título. Não encontrando a herança nesse local especifico, a herança será ineficaz, salvo se por algum motivo ela for retirada temporariamente. Ex.: em função de uma festa, o testador retira as barras de ouro do cofre temporariamente. Por que nesse caso a herança não é invalidada? Pois sempre prevalecerá a vontade do testador EX.: Se alguém que não for o testador, tirar as duas barras de ouro do cofre, sem o seu conhecimento, essa disposição testamentaria é eficaz? Sim, pois esse ato foi realizado sem a manifestação de vontade do agente!!!! Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar (incorporar) depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas (lado a lado), não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador. Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado. · O caput e §u são disposições distintas Acessão: um terreno que agrega uma construção, diferente da benfeitoria. Já, se construo uma edícula no fundo dessa casa, trata-se de uma benfeitoria útil. O que pertencerá ao legatário? · Se o herdeiro instituir o imóvel, será transferido somente o imóvel, sem a benfeitoria. · Já se for instituído o terreno, a benfeitoria (edícula) seguirá juntamente a ele. “ACESSORIUM SEQUITOR PRINCIPALE” DOS EFEITOS DO LEGADO E DO SEU PAGAMENTO Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. § 1 o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria. Essa propriedade adquirida com a morte é uma propriedade resolúvel, pois encontra-se dentro do prazo prescricional sujeito a impugnação. § 2 o O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial. Frutos se dividem em naturais, industriais e civis. São também classificados quanto ao estado, classificados em pendentes, percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos e consumidos. Ex.: aluguel – fruto civil. Quando eu receber a posse, receberei também os aluguéis. Todavia, se houver condição suspensiva que me impeça de tomar posse do bem principal, também restara impossibilitada a aquisição dos frutos, uma vez que o fruto sempre segue o principal Art. 1.924. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não se vença. Ex.: um dos herdeiro esta impugnando essa clausula testamentária. Ex.: eu posso praticar atos de conservação; se a coisa for perecível, ela pode ser vendida. · Art. 1.926. Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquela correrá da morte do testador. · Art. 1.927. Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termo dele. Ex.: tenho direito a 10 mil reais mensais, eu receberei a partir de sua morte mensalmente. Art. 1.928. Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada período se poderão exigir. Termo; fim. Só receberei no final de 30 dias. Parágrafo único. Se as prestações forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão no começo de cada período, sempre que outra coisa não tenha disposto o testador. Trata-se de uma prestação VINCENDA Art. 1.929. Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade. ART. 244 do CC. EX.; deve ser entregue uma das 5 vacas holandesas, quem escolherá qual vaca é o herdeiro ou o responsável por transmitir a herança. Para ser medida de lídima justiça, deve ser feita a escolha pelo meio termo (uma vaquinha bonitinha, nem a mais feia, nem a lindíssima) DO INVENTÁRIO: Inventario: pesquisar procurar, descobrir ou avaliar bens evidentemente que constem do espolio, ou seja, o acervo deixado pelo de cujos. Esse espolio se constitui não só pelo ativo, mas também pelo passivo, ou seja, as dívidas. E a partir do pagamento dessas dividas, essa herança liquida sera devidamente entregue aos herdeiros e legatários. Trata-se de um procedimento formal, encontrado no código de processo civil (direito material) Pode ser: Extrajudicial: através de uma escritura pública lavrada em um cartório de notas. Todavia, são necessários preencher alguns requisitos: é necessário um consenso entre todos os herdeiros e que não existam herdeiros menores ou incapazes. Também é exigido que o de cujus não tenha deixado testamento, ou seja, não pode haver qualquer discussão a respeito dos bens Judicial: · Ordinário (comum): é possível quando o valor a ser partilhado não exceder, assim for igual ou inferior a mil salários mínimos. · Arrolamento – também pode ser ordinário ou sumário. Consiste na hipótese de um único herdeiro que estará adjudicando essa herança Arrolamento comum; 659 sumario: 669 Art. do CPC PROCEDIMENTO 48 FORO COMPETENTE para a realização do inventario – ultimo domicilio do autor da herança 611 PRAZO DE INÍCIO E ENCERRAMENTO – 02 meses contados a partir da abertura da sucessão com o evento morte. (Não é 60 dias) PRAZO PARA A CONCLUSAO DO INVENTÁRIO – 12 meses, podendo o juiz prorroga-lo (prazo impróprio) 610 Inventário judicial 178, II e 279 INTERVENÇÃO DO MP - Existência de herdeiros incapazes 615 e 616 LEGITIMIDADE PARA REQUERER – qualquer pessoa interessada 630 e 465, II NOMEAÇÃO DE PERITO e INDICAÇÃO DE ASS. TÉCNICO 651 PARTIDOR – aquele que apresenta o plano de partilha 617 POSSÍVEIS INVENTÁRIANTES – ordem de chamamento: cônjuges ou companheiro; herdeiro que detenha a posse a administração dos bens; cessionário; inventariante dativo. 613 Compromisso – e partir disso passa a administrar os bens do espólio 622 RETIRADA DO INVENTARIANTE – se praticar algum ato por culpa, poderá, se solicitado pelos interessados ser removido 671 CURADOR ESPECIAL – menor e incapaz · Excedido o prazo de 02 meses, incidirá uma multa, ou seja, uma pena fiscal estadual, do qual cada estado determina o percentual de cobrança. A base de cálculo para o valor dessa multa consiste no ITCMD (TRIBUTO ESTADUAL) · No juízo de inventário não se discute questões de alta indagação. Ex.: ação de paternidade, deve ser discutida em ação autônoma. · Havendo dúvidas sobre qualquer matéria dos bens será nomeado um perito ou ass. Técnico.Já em relação ao exercício do contraditório, o contraditório, o juiz intima as partes, para que em querendo indiquem assistentes técnicos. Esse assistente aferirá e acompanhara a perícia, apresentando quesitos. · O herdeiro menor poderia, na ausência dos legítimos, pode ser inventariante? Sim, desde que devidamente representado ou assistido, segundo o que estabelece o CC em sua parte geral · Para que haja testamenteiro é indispensável a existência de um testamento e que o mesmo seja válido. · Quem é o cessionário? É toda pessoa que recebe direitos de outrem. Ex.: cedo a minha cota hereditária a outrem que se tornará cessionário Entre a abertura da sucessão e o termo de compromisso do inventariante, esse espólio ser administrado por um administrador provisório, que pode até se transformar em inventariante DA PARTILHA Formal de partilha: título aquisitivo de cada um dos herdeiros. Com esse documento, o herdeiro pode passar os bens para o seu nome e pode sacar valores a sua titularidade. Trata-se do último ato do inventario Pode eventualmente vir à tona a informação de que o de cujos possuía outros bens de que não se tinha documento. Nessa hipótese, se realizara a sobrepartilha nos mesmos autos do inventário A sobre partilha, prevista no art. 670 do CPC, pode ocorrer mais de uma vez, na medida que são trazidos novos bens ao inventario · Os herdeiros só respondem pelas dividas do de cujos no limite de sua herança, ou seja, até aquilo que cada um efetivamente recebeu, assim nenhum credor poderá posteriormente insurgir contra os herdeiros. CAPÍTULO II Dos Sonegados Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia. Elemento subjetivo da sonegação: má-fé (elemento volitivo) O artigo em questão estabelece que o herdeiro que ocultar ou não descrever os bens do inventario, sofrera a penalidade de perder o seu direito hereditário sobre o bem ou bens sonegados. Sobre os demais ele terá direito normalmente! Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando indicados. Essa pena de perder o cargo de inventariante só é aplicada se o herdeiro sonegador for inventariante, desde que fique provado a sonegação, também perderá o direito a vintena. Art.1.994. A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros ou pelos credores da herança. Quem possui legitimidade para propor a ação de sonegação? Qualquer um dos herdeiros ou credores Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquer dos herdeiros ou credores, aproveita aos demais interessados. A sentença repercute em favor de todos os herdeiros e interessados. Ex. a ação tem 5 herdeiros e somente um entrou com a ação de sonegação, todavia, todos os demais aproveitaram daquela decisão judicial. Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos. Ex.: um herdeiro donatário recebeu uma doação sem o conhecimento dos demais herdeiros. Sendo assim ele deve trazer a informação de foi adiantado uma parcela de sua herança através da respectiva doação, se não o mesmo será responsabilizada pelo crime de sonegação. E se esse bem não pertencer mais ao donatário, se por ventura ele vender o bem? O herdeiro devera então trazer o valor equivalente a esse bem, podendo ainda ser condenado ao pagamento de perdas e danos, se comprovado algum dano! Art. 1.996. Só se pode arguir de sonegação o inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar e partir, assim como arguir o herdeiro, depois de declarar-se no inventário que não os possui. · Assim sendo, no momento que o inventariante apresentar as últimas declarações, é a partir daí, se configurado, será possível a arguição de sonegação. Esse é o momento em que restam evidentes a má-fé. · Todavia, pelo art. 621 do CPC, após a prestação das últimas declarações e dito de forma taxativa pelo inventariante que desconhece qualquer outro bem a ser inventariado. Ou seja, o CPC exige as últimas declarações do próprio inventariante mencionando não haver mais bens a serem apresentados. · É relevante mencionar que se forem trazidos bens que eram desconhecidos pelos inventariantes, não há o que se falar em sonegação. Dessa forma ocorrerá o que denominamos de “sobrepartilha”. · Pode ser que durante o inventário existam conflitos a respeito de determinado bem que levam tempo a serem solucionados, dessa forma, é feito a partilha dos bens eventualmente litigiosos posteriormente quando respectivos litígios forem solucionados em ação própria Da colação Art. 2.002 do CC Colação corresponde ao ato de alguém já contemplado por uma doação, trazer, portanto, esse bem a colação, ou seja, juntar ao acervo o bem doado para ser partilhado entre todos os herdeiros Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação. Art. 1847 – CÁLCULO DA LEGITIMA. EX.: Se na escritura de doação estiver expresso que o valor da doação deve sair de sua porção disponível, a vontade do doador vai prevalecer, isso se a quantidade disponível suportar essa determinação. · Assim, no exemplo não há que se compensar o valor da doação – 5 unidades · Deve-se achar a quantia líquida, ou seja, subtrai as dívidas e as despesas (com funeral e de última hora) = 40 unidades · 40/2 = 20 (a legitima terá 20 e a disponível 20) · Dentro dos 20 da quantia disponível será descontado as 5 unidades = 15!! · O equivalente aos 15 do patrimônio disponível deve ser somado ao patrimônio legitimo, ou seja 15+20 = 35 será o valor da herança! Valor inicial da legítima? 20 Qual é o valor da legítima acrescida da parte disponível? 35 Qual é o valor final a ser partilhado? 35 O valor do patrimônio disponível não pode ser inferior a legitima!! Pois afeta a legitima! *** se nesse exemplo o valor da doação é 25, ultrapassando o patrimônio disponível?? Pode retirar o patrimônio da legitima? NÃO! Oque deve ser feito para igualar a legitima? Assim, aquele que foi beneficiado deverá restituir o valor em dinheiro, ou será descontado de parte da sua cota de herança – o que chamamos de adiantamento de legitima Ex. 2: · Doador (autor da herança) tem 3 filhos, e fez uma doação para F3 de 15. · Os valores doados correspondem ao adiantamento de legitima, assim aquele que recebeu a doação deve traze-lo a colação, assim o valor da legitima sera acrescido. · Assim a legitima (45) será acrescida da doação (15), assim a legitima será equivalente a 60, que será dividida em 3, tendo cada herdeiro terá direito a (60/3 = 20) · F1 e F2 receberão cada um 20 e o F3, como já recebeu 5, recebe apenas 5 Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível (legítima), sem aumentar a disponível. Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. O valor corresponde ao tempo do ato de doação! Assim se na época da doação o bem equivalia a um montante na época, esse valor será acrescido de juros e correção monetária Todavia, o art. 639, p. u, do CPC, determina que o critério para se estabelecer o valor da doação é o momento corresponde à abertura da sucessão, ou seja, da morte. Essa lei permanece sobre o CC» Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervobens suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade. Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade. § 1 o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade. § 2 o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem. Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação. Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário. Ex.; doador possui 3 filhos, A, B e C. C tem um filho: n1 · Em 2020 o doador fez uma doação ao neto (N1-passa a ser donatário). O momento da doação é o momento da liberalidade. · Se o doador morresse naquele momento herdeiros seriam os filhos A, B e C (descendente de 1º grau) · Em 2023 o doador morre. · O neto terá que trazer os bens a colação? Não, considerando que o donatário não seria chamado a herdar, nos termos do art. 2.005 p. único. · Doação inoficiosa - quando excede a parte disponível. Art. 2.009. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. Ex.; doador possui 3 filhos, A, B e C. C tem um filho: n1 · Quando aberta a sucessão com a morte do doador, C era pré-morto · O doador fez uma doação a C antes de morrer · C, se estivesse vivo teria que trazer o bem doado a colação, exceto se estivesse expresso que a doação deveria sair da parte disponível · A e B herdam por direito próprio e a partilha será por cabeça (1/3 para cada um) · Se C era p.m. o seu filho sucederá por representação e partilha por estirpe. · N1 deve trazer o bem a colação *** Supondo que o C tivesse recebido a doação e vendido o bem antes de morrer, seu filho ainda teria que trazer o bem na colação (art. 2.002) CAPÍTULO V Da Partilha Art. 2.013. O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba, cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores. PARTILHA TESTAMENTÁRIA Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder às quotas estabelecidas. EX.: Testador possui dois filhos: A e B · Decide, portanto que sua área rural fique com A e que outros bens fiquem para B · Assim, o testador em vida decide por meio do testamento com quem determinados bens ficarão. Essa é a partilha testamentaria! PARTILHA AMIGÁVEL Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. · É necessário que todos os herdeiros devem ser capazes (requisito) · Através de um acordo · É realizada a termo nos autos, não necessariamente por escritura púbica ou particular PARTILHA JUDICIAL Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz. · Qual é o momento que se avalia a incapacidade? É medida no momento em que se rege o ato de partilha, e não da abertura da sucessão. · Se ele for emancipado ele é capaz! Art. 2.019. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos. · Os herdeiros, proporcionalmente aos seus quinhões receberam parte desse bem e serão proprietários em condomínio § 1 o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada. · A diferença para o caput é que um só está adjudicando. · Aquele que exceder o seu quinhão o restituirá em dinheiro § 2 o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processo da licitação. · Feita por licitação – quem pagar mais leva o bem. Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros. O juiz irá concluir o inventario, fazendo a partilha dos bens que não estão sobre litigio, vai expedir o formal de partilha para registro dos bens, restando apenas aqueles bens que estiverem em algumas dessa situação Um ano depois, por exemplo, resolve-se a pendencia, assim o bem deverá ser partilhado. Todavia, não será necessário a elaboração de outro inventário. Assim, será feita uma sobrepartilha, quantas forem necessárias, na medida que forem sendo descobertos novos bens ou resolvidas as pendencias que o impedem de ser partilhados · A maioria dos herdeiros devem consentir para sua realização. Art. 2.022. Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e quaisquer outros bens da herança de que se tiver ciência após a partilha. Sonegado: não se tem conhecimento pois houve má-fé do herdeiro em oculta-lo; enquanto os outros se referem aos bens a que ninguém possuía conhecimento. Patrimonio do Falecido Patrimonio do falecido Conjuge Parte legitima Parte disponivel 50 25 25 image2.jpeg image3.jpeg image1.jpeg