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IDENTIFICAÇÃO: paciente J.A.S, 65 anos, sexo masculino, ex-metalúrgico, aposentado há 5 anos. ex-Tabagista: 40 maços/ano Faz o uso de enalapril, exposição ocupacional QUEIXA PRINCIPAL: queixas de tosse persistente há mais de 6 meses, inicialmente seca, que evoluiu para tosse com expectoração sanguinolenta (hemoptise). SINTOMAS: ● Dispneia aos esforços leves ● Tosse com hemoptise ● Dor torácica difusa (lado direito) ● Perda ponderal ● Fadiga ● Dor óssea difusa (principalmente lombar). Exame Físico Estado geral: O paciente se apresenta emagrecido, caquético, com aspecto fatigado. Sinais vitais: FC: 92 bpm, FR: 24 rpm, PA: 135/85 mmHg, SpO2: 89% em ar ambiente, T: 36,8°C. Ausculta pulmonar: Presença de estertores finos no hemitórax direito, redução do murmúrio vesicular na base direita. Exame abdominal: Fígado palpável a 3 cm do rebordo costal direito, sugerindo hepatomegalia. Exame osteoarticular: Sensibilidade à palpação óssea na coluna lombar. Resultados de Exames Exames laboratoriais: Hemograma completo: leucocitose moderada (12.500/mm'), anemia leve (Hb: 11,2 g/dL), AST: 75 U/L, ALT: 60 U/L (indicativo de lesão hepática) , fosfatase alcalina 320 U/L( Enzimas presentes nos ductos biliares -> aumento drástico indica obstrução!) Cálcio sérico: 11,5 mg/dL (alto vr: 8,8 a 10,4 mg/dL ) Radiografia de tórax: Opacidade nodular no lobo superior direito, cerca de 4 cm de diâmetro, com margens irregulares. Tomografia computadorizada (TC) de tórax com contraste: Massa pulmonar no lobo superior direito, com invasão da pleura, Linfonodomegalia mediastinal bilateral, Nódulos pulmonares bilaterais sugestivos de metástase. Tomografia computadorizada (TC) de abdome: Lesões hepáticas hipodensas compatíveis com metástase hepática, Linfonodos retroperitoneais aumentados. Cintilografia óssea: Múltiplas áreas de hipercaptação em coluna lombar e costelas, compatíveis com metástase óssea. Biópsia pulmonar guiada por TC: Diagnóstico histopatológico: carcinoma de pequenas células do pulmão, subtipo escamoso, grau III. O CPCP geralmente se apresenta como um tumor de localização central e, na maioria das vezes, o diagnóstico pode ser estabelecido através do exame citológico direto de escarro, broncoscopia (com coleta de material para biópsia e exame citológico) ou punção-biópsia pulmonar. Nos poucos pacientes em que não se consegue estabelecer o diagnóstico pelos métodos antes referidos, pode ser necessária a biópsia por mediastinoscopia, toracoscopia ou toracotomia. Os fatores prognósticos negativos mais consistentemente identificados são: sexo masculino, idade acima dos 70 anos, capacidade funcional (perfor-mance status - PS) baixa, doença extensa, desidrogenase láctica (DHL) sérica elevada e hiponatremia. O curso clínico do CPCP é o mais agressivo de todos os tumores malignos de pulmão e, para os doentes não tratáveis, permite uma sobrevida mediana após o diagnóstico de apenas 3 meses. Esta neoplasia tende a se disseminar precocemente e, em mais de 60% dos casos, o paciente já se apresenta com doença extensa ao diagnóstico. Este tipo de tumor geralmente responde bem à quimioterapia, embora a maioria das vezes a resposta seja temporária. De 15% a 20% dos pacientes com doença limitada e menos de 5% daqueles com doença extensa estarão livres de doença por mais de 2 anos. A sobrevida dos pacientes com doença limitada submetidos à quimioterapia varia entre 18 e 20 meses; já nos casos de doença extensa, ela varia entre 8 e 12 meses. PATOGÊNESE DO CÂNCER DE PULMÃO As principais alterações moleculares no câncer de pulmão são: • Genes de supressão tumoral (p53, Rb) • Proto-oncogenes • Fatores de Crescimento Epidérmico (C- ERB B2, VEGF) • Fatores de estimulação da Angiogênese (VEGF) • Fatores relacionados à proliferação e apoptose de células tumorais (Receptor para Fator de crescimento epidérmico, p53, K-ras, Rb, Bcl2) A fumaça do tabaco contém mais de 4000 componentes já identificados, e mais de 60 carcinógenos. Ativação de pró-carcinógenos + Dano ao DNA Neoplasia maligna de Pulmão • Causa mais comum de morte por câncer em todo o mundo. - Considerado um tumor raro até 1945, agora ocorre em proporções epidêmicas. • Cerca de 85% dos cânceres de pulmão são consequências do tabagismo. •Todos os tipos histológicos de câncer pulmonar estão associados ao tabagismo, mas a associação mais forte é com o Ca de células escamosas e o Ca de pequenas células. • O não-tabagista que desenvolve câncer de pulmão geralmente tem um adenocarcinoma. • A idade de maior acometimento do câncer de pulmão é entre 60 e 70 anos de idade. CLASSIFICAÇÃO A questão mais importante na sub-classificação histológica do câncer pulmonar é a separação de Carcinoma de Pequenas Células dos outros tipos (Carcinoma Não-Pequenas Células). O Carcinoma de Pequenas Células responde à Quimioterapia os outros tipos histológicos não respondem à quimioterapia. O Ca Broncogênico inicia como um pequeno foco de células atípicas na mucosa brônquica. As lesões progridem, as atipias tornam-se francamente malignas e a neoplasia aumenta de tamanho. A neoplasia cresce em direção ao lúmen do brônquio ao longo da mucosa ou através da parede do brônquio e adjacente ao parênquima pulmonar. Tipos histológicos de carcinoma broncogênico: •Carcinoma de células escamosas •Adenocarcinoma •Carcinoma bronquioloalveolar •Carcinoma de pequenas células •Carcinoma de grandes células Carcinoma de Pequenas Células •Tumor epitelial do pulmão altamente maligno, que exibe características neuroendócrinas. •Representa 20% de todos os cânceres pulmonares. •Fortemente associado ao tabagismo. "O tumor cresce e metastatiza rapidamente. •70% dos pacientes são vistos pela primeira vez em estágio avançado. Carcinoma de Pequenas Células Geralmente de localização central Fortemente associado com o tabagismo crônico É o mais agressivo dos tu pulmonares, cresce rapidamente, produzindo muitas metástases e levando o paciente ao óbito em pouco tempo. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS •Radiografia de tórax; •Tomografia computadorizada de tórax; •Ressonância magnética; •Citologia do escarro; •Broncofibroscopia; •Biópsia por agulha transcutânea; ESTADIAMENTO Determina a extensão anatômica das neoplasias; • Indica melhor terapêutica; • Compara resultados de tratamento; • Indica prognóstico. Denoix (1949) – Sistema TNM T Tamanho e posição do tumor N Presença e localização de linfonodos M Presença de metástases a distância • Tx: citologia +, tumor oculto; • T1: 3cm, ou qualquer tamanho que invade pleura visceral , associado a atelectasia lobar ou segmentar ou pneumonite obstrutiva. A mais de 2 cm da carina • T3: qualquer tamanho com invasão da parede torácica, pleura mediastinal, pericárdio sem envolver grandes vasos,traquéia, esôfago. • T4: qualquer tamanho, que envolve coração, traquéia, grandes vasos, esôfago, carina, Presença de derrame pleural maligno N1 metástases para lifonodos intrapulmonares N2 metástases para linfonodos mediastinais homolaterais N3 linfonodos mediastinais contralaterais ou extra-torácicos (supraclaviculares, pré-escalênicos ou cervicais) M0– nenhuma metástase conhecida M1- presença de nódulo tumoral metastático em outro lobo que não o do tumor primário, metástases à distância O estadiamento TNM é a descrição da extensão anatômica do câncer e inclui o tumor (T) para descrever a magnitude do tumor primário, o nódal (N) para representar o envolvimento dos gânglios linfáticos regionais e as metástases (M) para metástases distantes além dos gânglios linfáticos regionais Cada um desses componentes é dividido em subcategorias. O estágio T é determinado pelo tamanho do tumor primário e pela extensão da invasão das estruturas circundantes. Os tumores devem ser medidos usando a maior dimensão medida em um dos três planos padrão (axial, coronal, sagital) usando seções finas de um milímetro. Com base na análise dos pacientes no banco de dados mais recente, foi determinado que a cada centímetro de aumento no tamanho do tumor, há um prognóstico pior, mas nenhuma diferença demonstrávelna sobrevida uma vez que um tumor excede seis centímetros [3]. Por tamanho, os tumores são categorizados como Tis ou carcinoma in situ se o tumor for encontrado apenas nas camadas superiores das células que revestem o pulmão ou o brônquio e não se estendeu além disso. Os tumores T1 têm um diâmetro máximo de três centímetros, os tumores T2 têm um diâmetro máximo entre três e cinco centímetros, T3 tem um diâmetro máximo entre cinco e sete centímetros e T4 tem um diâmetro máximo superior a 7 cm. •Estadiamento específico Doença localizada: quando o tumor é confinado a um hemitórax e os linfonodos comprometidos são os mediastinais, supraclaviculares ipsilaterais e hilares contralaterais. Tumor que apresenta derrame pleural ipsilateral, envolvimento de nervo laringoesquerdo, obstrução de veia cava superior. Doença extensa: doença avançada localmente e à distância, incluindo envolvimento de pericárdio e parênquima bilateral TABAGISMO Tabagismo: 85% dos casos estão associados ao hábito de fumar; Uma pessoa que não fuma tem 20 vezes mais chances de receber o diagnóstico e morrer de câncer de pulmão em comparação a quem não é fumante. Isso ocorre por conta das alterações que o tabagismo causa no organismo: •As células dos pulmões e das vias aéreas dos fumantes aumentam a produção de muco e este torna-se mais espesso. Os fumantes tossem com frequência, como resposta do organismo para tentar se livrar desse muco •O fumo faz os pulmões envelhecem mais rapidamente, prejudicando suas defesas contra infecções; •Os pulmões dos fumantes são irritados e inflamados. O tabagismo destrói o tecido pulmonar, fazendo com que menos oxigênio esteja disponível para o organismo; •As substâncias químicas nocivas do cigarro aumentam a chance de trombose •O cigarro causa também aumento da pressão arterial; •O esôfago torna-se enfraquecido, favorecendo o surgimento do refluxo gastroesofágico. •Mais importante: TABAGISMO (80 a 90% dos casos) comparando com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão. •Fumante passivo– risco para CA de pulmão é de 1,2 a 1,5 maior que o não fumante, que não é exposto ao fumo •Agentes Ocupacionais– asbestos, sílica, radônio, etc. Exposição Ocupacional: A exposição a carcinógenos químicos como amianto, arsênio, níquel, cromo e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em ambientes industriais também contribui para o desenvolvimento do câncer de pulmão. J.A.S., sendo um ex-metalúrgico, está em uma categoria de risco elevado. Poluição Ambiental: A exposição a poluentes atmosféricos, como partículas finas e gases tóxicos, pode aumentar o risco, especialmente em áreas urbanas e industriais. O paciente reside em uma cidade industrial, o que pode ter contribuído para sua condição. Fatores Genéticos: Embora não sejam tão determinantes quanto os fatores ambientais, algumas predisposições genéticas podem aumentar o risco de câncer de pulmão, especialmente em indivíduos que já têm um histórico familiar da doença. Apresentação Clínica e Sintomas Os sintomas do câncer de pulmão podem ser insidiosos e, frequentemente, são ignorados nas fases iniciais. No caso de J.A.S., os sintomas incluem: Tosse Persistente: A tosse que inicialmente era seca e evoluiu para hemoptise é um sinal clássico de câncer de pulmão, indicando lesão da mucosa brônquica ou invasão tumoral. Dispneia: A dificuldade respiratória, mesmo em esforços leves, sugere comprometimento pulmonar significativo, frequentemente associado à presença de uma massa tumoral que obstrui as vias aéreas ou à presença de líquido pleural. Dor Torácica: A dor no lado direito, que se intensifica com a respiração profunda, pode indicar pleurisia ou invasão da pleura pelo tumor. Perda de Peso e Fadiga: A perda de peso significativa (10 kg em 4 meses) e fadiga constante são sintomas sistêmicos que refletem o impacto do câncer na saúde geral e podem estar associados a um estado de caquexia. Dor Óssea: A dor óssea difusa, especialmente na região lombar, sugere metástases ósseas, que são comuns em cânceres de pulmão avançados. Diagnóstico e Estadiamento do Câncer de Pulmão O diagnóstico do câncer de pulmão é baseado em uma combinação de exames clínicos e de imagem: Exames de Imagem: A radiografia de tórax e a tomografia computadorizada (TC) são fundamentais para a identificação de massas pulmonares, linfonodomegalia e metástases. A opacidade nodular identificada no lobo superior direito de J.A.S. e as lesões hepáticas e ósseas são indicativas de um tumor avançado. Biópsia: A biópsia pulmonar guiada por TC é o padrão-ouro para o diagnóstico histopatológico. O diagnóstico de carcinoma de pequenas células do pulmão, subtipo escamoso, grau III, confirma a malignidade e é crucial para o planejamento do tratamento. Estadiamento: O estadiamento do câncer de pulmão, frequentemente utilizando a classificação TNM (Tumor, Linfonodo, Metástase), é vital para determinar a extensão da doença e as opções de tratamento. No caso de J.A.S., a presença de metástases hepáticas e ósseas indica um estágio avançado (estágio IV). Metástases A metástase é o processo pelo qual células cancerígenas se espalham do tumor primário para outras partes do corpo, e no câncer de pulmão, isso ocorre frequentemente através da corrente sanguínea ou linfática. Hipercalcemia: A presença de metástases ósseas pode levar à liberação de cálcio para o sangue, resultando em hipercalcemia, que pode causar sintomas como náuseas, vômitos, confusão e fraqueza muscular. O tratamento envolve hidratação intravenosa, diuréticos e, em casos mais severos, o uso de bisfosfonatos ou denosumabe. Opções de Tratamento do Câncer de Pulmão Metastático Quimioterapia: Para pacientes com carcinoma de pulmão de pequenas células, a quimioterapia é frequentemente o tratamento de escolha, pois essa forma de câncer é altamente sensível a agentes quimioterápicos. Regimes como carboplatina e etoposídeo são comuns. Radioterapia: Pode ser utilizada tanto para o controle de sintomas (como dor) quanto para a redução do tamanho do tumor. Imunoterapia: Para subtipos não pequenas células (NSCLC), terapias que visam o sistema imunológico, como inibidores de checkpoint (ex: pembrolizumabe), têm mostrado benefícios significativos e podem ser consideradas dependendo da expressão de biomarcadores. Tratamentos Paliativos: Em casos avançados, o foco pode ser o alívio sintomático e a melhoria da qualidade de vida. Isso inclui controle da dor, suporte nutricional e intervenções psicossociais. Definir um pouco mais o carcinoma Minhas imagens histologia