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BIOFÍSICA E 
FISIOLOGIA
Mariluce Ferreira Romão
Sangue
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Citar as células sanguíneas.
 � Descrever as funções das células do sangue.
 � Explicar os tipos sanguíneos.
Introdução
O sangue é responsável pelo transporte de muitas substâncias, que 
ajudam na regulação de vários mecanismos vitais — não é à toa que, por 
meio de análises de exames de sangue, é possível identificar possíveis 
causas de diversas doenças.
A densidade do sangue é maior do que a densidade da água, além 
de ser um pouco mais pegajoso. A temperatura normal do sangue é de 
38°C, em média, 1°C a mais em relação à temperatura corporal oral ou 
retal, com pH alcalino leve, que oscila entre 7,35 e 7,45. A cor do sangue 
vai depender da quantidade de oxigênio, ou seja, vermelho-vivo quando 
possui mais oxigênio e vermelho-escuro com menos oxigênio (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
Neste capítulo, você vai estudar as células sanguíneas e suas funções. 
Também vai conhecer quais são os tipos sanguíneos existentes.
Células sanguíneas
O sangue representa em torno de 20% do líquido extracelular e 8% da massa 
corporal total do ser humano. No homem adulto, a quantidade de sangue oscila 
entre 5 e 6 litros e, na mulher adulta, entre 4 e 5 litros, ambos mediolíneos. 
A discrepância do volume sanguíneo entre o sexo masculino e o sexo feminino 
decorre tanto de diferenças do tamanho do corpo quanto por ações hormonais 
responsáveis pela manutenção do volume sanguíneo e pela pressão osmótica 
relativamente constantes. Os hormônios relacionados com o controle de água 
excretada pela urina, como aldosterona, hormônio antidiurético e peptídeo 
natriurético atrial (PNA) também são essenciais nesse contexto (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
O sangue é composto por, aproximadamente, 45% de elementos figurados 
e 55% de plasma sanguíneo. Os elementos figurados incluem tanto células 
quanto seus fragmentos. Dessas células, com frequência, mais de 99% são 
compostos pelos eritrócitos, e um percentual inferior a 1% é composto por 
leucócitos e plaquetas. Já o plasma sanguíneo é uma matriz extracelular 
aquosa, com substâncias dissolvidas. 
Na centrifugação do sangue no tubo de vidro, as células que possuem maior densidade 
ficam no fundo do tubo, e o plasma, que possui menor densidade, fica na parte superior. 
Leucócitos e plaquetas têm menor densidade em relação às hemácias, e são mais 
densos do que o plasma sanguíneo; sendo assim, eles ficam entre as hemácias e o 
plasma, quando consideramos o sangue centrifugado (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
A Figura 1 apresenta a constituição do plasma sanguíneo e os diversos 
elementos figurados do sangue. “O plasma é formado por água, proteínas e 
eletrólitos. As proteínas do plasma são subdivididas em albumina, transferrina, 
fatores de coagulação e de a, b, e g-(imuno)globulinas” (MAURER, 2014, p. 19).
Sangue2
Figura 1. O sangue é composto por células (eritrócitos, leucócitos e trombócitos) e plasma. 
Fonte: Maurer (2014, p. 19).
Plasma sanguíneo
Com a retirada dos elementos figurados do sangue, resta somente o plasma 
sanguíneo, um líquido claro “cor de palha”. O plasma é composto por 91,5% 
de água e 8,5% de solutos; os solutos, em sua maior parte, consistem em 
proteínas, representando em torno de 7% do peso do plasma. Determinadas 
proteínas do plasma também estão localizadas em lugares diferentes do corpo; 
entretanto, as que estão no sangue são denominadas proteínas plasmáticas 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
3Sangue
A maior parte das proteínas do plasma são sintetizadas pelos hepatócitos, 
incluindo as albuminas, que representam 54% do total de proteínas plasmá-
ticas; as globulinas, que representam 38%; e o fibrinogênio, que representa 
7%. Determinadas células do sangue passam por maturação e se diferenciam 
em células, que produzem gamaglobulinas, um tipo de globulina que merece 
destaque. 
As gamaglobulinas são conhecidas também como anticorpos ou imu-
noglobulinas, por serem produzidas em algumas respostas imunológicas. 
Os antígenos — substâncias consideradas estranhas, como as bactérias e 
os vírus — são capazes de estimular a produção de milhões de anticorpos 
diferentes. Um anticorpo tem afinidade específica com determinado antígeno 
— o mesmo que estimulou a sua produção — e, assim, consegue neutralizar 
o antígeno que invade o corpo. 
Eletrólitos, nutrientes, substâncias reguladoras, como enzimas e hormônios, 
gases e escórias metabólicas, como ureia, ácido úrico, creatinina, amônia e 
bilirrubina, são outros solutos encontrados no plasma sanguíneo (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
Elementos figurados
Os elementos figurados encontrados no sangue são representados por hemácias, 
leucócitos e plaquetas, como mostra a Figura 2. 
As hemácias, também conhecidas como eritrócitos, são responsáveis 
pelo transporte de oxigênio (O2) dos pulmões até as células corporais e pelo 
transporte do dióxido de carbono (CO2) das células corporais para os pulmões. 
Os leucócitos são protetores contra patógenos invasores e/ou qualquer substân-
cia não reconhecida ou estranha. Entre os tipos de leucócitos são identificados 
os neutrófilos, basófilos, eosinófilos, monócitos e linfócitos. Os linfócitos se 
subdividem em linfócitos B, ou células B, linfócitos T, ou células T, e, ainda, 
em células exterminadoras naturais, também conhecidas como natural killers 
(NK) (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
As plaquetas são elementos figurados com ausência de núcleo; entre 
outras funções, são responsáveis pela liberação de substâncias capazes de 
formar coágulos sanguíneos em situações de lesão em vasos sanguíneos. 
As plaquetas são consideradas os equivalentes funcionais dos trombócitos, 
Sangue4
que, por sua vez, são células que possuem núcleos e são típicas dos animais 
vertebrados inferiores. Pela coagulação, os vertebrados conseguem evitar a 
perda sanguínea (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Figura 2. Elementos figurados do sangue.
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 669).
O hematócrito é volume total de sangue preenchido pelas hemácias. 
Um hematócrito de 40, por exemplo, sinaliza que as hemácias representam 
40% do volume de sangue. O padrão de hematócrito no sexo feminino, con-
siderando mulheres adultas, oscila entre 38 e 46%, com uma média de 42%, 
enquanto o hematócrito de homens adultos oscila entre 40 e 54%, com uma 
média de 47%. 
A testosterona é um hormônio com níveis mais altos nos homens, que 
estimula a síntese de eritropoetina (EPO), ou seja, estimula a produção de 
hemácias. Portanto, a testosterona favorece que os homens tenham hematócritos 
mais elevados. Nas mulheres, em anos férteis, o hematócrito pode atingir 
níveis mais baixos, devido à perda de sangue pela menstruação. Quando o 
hematócrito apresenta níveis muito baixos sinaliza um quadro de anemia, de 
maneira que o número de hemácias fica inferior aos níveis normais (TOR-
TORA; DERRICKSON, 2016).
5Sangue
A doença falciforme, anteriormente, chamada de anemia falciforme, acontece por 
causa de uma mutação genética, que modifica um aminoácido na cadeia de hemoglo-
bina. Pouco oxigênio nos capilares menores faz com que as moléculas de hemoglobina 
atípicas interajam entre si, formando polímeros semelhantes a fibras, capazes de 
distorcer a membrana dos eritrócitos e transformar o formato das células, inclusive em 
forma de foice. Além de bloquear os capilares, causando danos nos tecidos, a doença 
provoca dor e destrói os eritrócitos que foram deformados, desenvolvendo a anemia 
propriamente dita. Trata-se de uma patologia com manifestação integral somente 
em indivíduos homozigotos para o gene que sofreu mutação. Isso significa que essas 
pessoas têm duas cópias do gene que sofreu mutação, sendo um de cada progenitor. 
Em indivíduos heterozigotos, que possuem apenas uma cópia com mutação e um 
gene normal, as pessoas são classificadas como portadoras do traço falciforme; o gene 
que é normal codifica a hemoglobina identificadacomo normal e, em contrapartida, 
o gene que sofre mutação consegue codificar a hemoglobina normal. Nessa situação, 
os eritrócitos possuem ambas as formas de hemoglobina, mas a sintomatologia é 
observada somente com o nível extremamente baixo de oxigênio, de acordo com o 
que se encontra nas grandes altitudes. 
Na policitemia, o número de hemácias se eleva de maneira anormal, com o 
hematócrito de 65% ou acima desse nível, resultando no sangue mais viscoso, 
com fluxo resistido e que dificulta o bombeamento de sangue pelo coração. 
A viscosidade maior do sangue favorece tanto o aumento da pressão arterial 
quanto o potencial risco de acidente vascular encefálico (AVE). O aumento 
atípico na produção de hemácias, hipóxias teciduais, desidratação, dopa-
gem sanguínea e uso de EPO por atletas são possíveis causas de policitemia 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Funções das células do sangue
A maior parte das células dos organismos multicelulares não são capazes de 
se movimentar, na busca de oxigênio e de nutrientes, ou de eliminar o dióxido 
de carbono e outras escórias provenientes do metabolismo. Tudo isso é feito 
pelo sangue e pelo líquido intersticial. O sangue é uma forma de tecido 
conjuntivo no estado líquido, formado por células envolvidas por matriz 
Sangue6
extracelular, também líquida. Essa matriz é o plasma sanguíneo e suspende 
várias células e outros fragmentos de células. O líquido intersticial é o fluido 
que “banha”, ou que fica entre as células do corpo, que é renovado pelo sangue, 
continuamente. Acompanhe a Figura 3.
Figura 3. Compartimentos do líquido corporal: (a) Distribuição dos sólidos e dos líquidos 
corporais em uma mulher e em um homem (adultos magros). (b) Troca de água entre os 
compartimentos de líquido do corpo.
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 1032).
O sangue é responsável pelo transporte do oxigênio que vem dos pulmões 
e dos nutrientes que vêm do sistema digestório, que passam por difusão do 
sangue para o líquido intersticial e seguem para as células do corpo. O dióxido 
de carbono e as outras escórias do metabolismo são transportados no sentido 
contrário, ou seja, das células corporais para o líquido intersticial, e seguem 
para o sangue. Na sequência, o sangue segue para pulmões, rins e pele, a fim 
de que as escórias metabólicas sejam excretadas.
O sangue possui as funções listadas a seguir (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
7Sangue
 � Transporte: além de transportar oxigênio dos pulmões para as células 
corporais e dióxido de carbono das células corporais para ser exalado 
pelos pulmões, o sangue também transporta nutrientes, provenientes do 
sistema digestório, para as células do corpo e hormônios, provenientes 
do sistema endócrino, para outras células corporais. O sangue também, 
é responsável pelo transporte de calor e de resíduos para vários órgãos, 
a fim de que sejam excretados. 
 � Regulação: o sangue que circula auxilia na homeostase do corpo, aju-
dando na regulação do pH utilizando tampões. Auxilia, ainda, ajustando 
a temperatura do corpo pela absorção de calor e por propriedades espe-
cíficas da água no plasma, considerando a sua oscilação de fluxo pela 
pele, na qual o calor excessivo pode ser exalado para o ambiente. Além 
disso, a pressão osmótica do sangue interfere no volume de água das 
células, especialmente, por correlações entre proteínas e íons dissolvidos. 
 � Proteção: o sangue tem o “poder” de coagulação, ou seja, ele se trans-
forma em uma espécie de gel, protegendo contra perdas significativas 
de sangue decorrentes de lesões. Os seus leucócitos também são pro-
tetores contra patologias, devido à ação fagocítica, ou seja, a ação de 
destruição de patógenos. Vários tipos de proteínas do sangue, incluindo 
os anticorpos, interferonas e complementos, contribuem protegendo 
contra doenças de várias maneiras.
Funções específicas das células sanguíneas
Os eritrócitos são transportadores de gases, ou seja, são células responsáveis 
por transportar o oxigênio da inspiração nos pulmões e o dióxido de carbono 
que é produzido pelas próprias células. Os eritrócitos possuem grande volume 
da proteína hemoglobina, que mantém ligação com o oxigênio e o dióxido de 
carbono de maneira reversível. O oxigênio estabelece ligação com os átomos 
de ferro (Fe2+), encontrados na hemoglobina. Em média, o nível de hemoglo-
bina é de 14 g/100 mL de sangue, no sexo feminino, e de 15,5 g/100 mL, no 
sexo masculino.
Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, transitam pelo san-
gue entre diversos tecidos. Os leucócitos são células envolvidas com o sistema 
imunológico e podem ser de vários tipos, incluindo neutrófilos, eosinófilos, 
monócitos, macrófagos, basófilos e linfócitos. Veja a seguir, a descrição de 
cada tipo de célula (WIDMAIER; RAFF; STRANG, 2017).
Sangue8
 � Os neutrófilos são células fagocíticas e são o tipo de leucócito em maior 
número no sangue. Apesar de serem células encontradas no sangue, 
os neutrófilos saem dos capilares e penetram nos tecidos, durante o 
processo inflamatório. A fagocitose acontece depois da incorporação 
dos micróbios, como as bactérias, pelos neutrófilos. Na sequência, esses 
mesmos micróbios são combatidos no interior dos vacúolos endocitóticos 
por proteases, compostos oxidantes e proteínas defensivas ou antibac-
terianas. Durante um processo infeccioso, tanto a produção quanto a 
liberação de neutrófilos da medula óssea são altamente estimuladas.
 � Os eosinófilos são células encontradas tanto no sangue quanto no 
revestimento mucoso dos tratos gastrintestinal, respiratório e urinário, 
com a responsabilidade de destruir os invasores parasitas eucarióticos, 
ou seja, parasitas de seres que têm membrana nuclear individualizada 
vários tipos de organelas. Em algumas situações, a ação dos eosinófilos 
resulta da liberação de substâncias químicas tóxicas que combatem 
os parasitas e, em outras situações, os parasitas são destruídos pela 
fagocitose. 
 � Os monócitos também são células fagocíticas, que transitam pelo sangue 
em um espaço curto de tempo e, então, migram para os tecidos e/ou 
órgãos, nos quais se diferenciam em macrófagos.
 � Os macrófagos são encontrados nos epitélios superficiais, como a pele 
e os envoltórios dos tratos respiratório e digestório, que são típicas 
regiões de invasores. Os macrófagos são células fagocíticas grandes, 
capazes de incorporar vírus e bactérias.
 � Os basófilos são células que secretam anticoagulantes, como a heparina, 
que auxilia na fluidez da circulação da região infectada. Essas células 
são secretoras também de histamina, atraindo células que combatem 
tanto as infecções quanto as proteínas localizadas.
 � Os linfócitos consistem nos linfócitos T e B. Essas células protegem 
contra vírus, bactérias, toxinas, células cancerosas, ou seja, patógenos 
específicos. Algumas células linfocitárias conseguem destruir os pató-
genos de forma direta, outras são secretoras de anticorpos na circulação 
que têm afinidade com as moléculas estranhas e começam o combate. 
9Sangue
As plaquetas que circulam no sangue são partes de células sem núcleos e 
sem cor, com vários grânulos e com tamanho mínimo em relação aos eritróci-
tos. Essas células são produzidas pelo citoplasma dos megacariócitos (células 
grandes da medula óssea), que se soltam e penetram na circulação. As funções 
das plaquetas estão relacionadas com a coagulação do sangue (WIDMAIER; 
RAFF; STRANG, 2017).
Acompanhe todas essas estruturas na Figura 4.
Figura 4. Produção das células sanguíneas pela medula óssea.
Fonte: Widmaier, Raff e Strang (2017, p. 377).
Quanto ao plasma sanguíneo, o Quadro 1 demonstra sua composição 
química, com descrição e aspectos funcionais.
Sangue10
Constituinte Descrição Função
Água (91,5%) 
Proteínas 
plasmáticas 
(7%)
A parte líquida do sangue 
A maior parte é 
produzida no fígado
Solvente e meio de suspensão
Absorção, transporte, 
liberação de calor
Controla a pressão 
coloidosmótica
Contribuinte principal para 
a viscosidade do sangue
Transportede hormônios (este-
roides), ácidos graxos e cálcio
Auxilia na regulação 
do pH do sangue
Albumina Menor proteína plasmática
Proteína plasmática 
encontrada em 
maior número
Ajuda na manutenção da 
pressão osmótica, exercendo 
grande influência na troca 
de líquido, que acontece 
através das paredes dos 
capilares sanguíneos
Globulinas Proteínas grandes — os 
plasmócitos, por exemplo, 
produzem imunoglobulinas
As imunoglobulinas são 
responsáveis por ajudar no 
ataque contra vírus e bactérias. 
Alfaglobulinas e 
betaglobulinas fazem o 
transporte de ferro, lipídios 
e vitaminas lipossolúveis
Fibrinogênio Proteína de grande porte Participa principalmente 
do processo de 
coagulação do sangue
Outros solutos (1,5%)
Eletrólitos Sais inorgânicos
Na+, K+, Ca2+, Mg2+ com carga 
elétrica positiva (cátions); 
Cl–, HPO4
2–, SO4
2–, HCO3– com 
carga negativa (ânions)
Auxiliam na manutenção 
da pressão osmótica
Possuem ação essencial 
nas funções celulares
Nutrientes Resultados da digestão, 
como os aminoácidos, 
a glicose, os ácidos 
graxos, o glicerol, as 
vitaminas e os minerais
São importantes tanto no 
crescimento quanto no 
desenvolvimento celular
Quadro 1. Substâncias no plasma sanguíneo
(Continua)
11Sangue
Fonte: Adaptado de Tortora e Derrickson (2016).
Quadro 1. Substâncias no plasma sanguíneo
Constituinte Descrição Função
Gases Oxigênio (O2) 
Dióxido de carbono (CO2)
Nitrogênio (N2)
O2 — Essencial em diversas 
funções celulares
CO2 — Envolvido na 
regulação do pH do sangue 
N2 — Função desconhecida
Substâncias 
reguladoras
Enzimas 
Hormônios
Vitaminas
Enzimas — Catalisam 
reações químicas
Hormônios — Regulam o 
metabolismo, o crescimento 
e o desenvolvimento 
Vitaminas — Cofatores 
para reações enzimáticas
Produtos 
residuais
Ureia
Ácido úrico
Creatina
Creatinina
Bilirrubina
Amônia
A maior parte é resultado do 
metabolismo das proteínas, 
transportada pelo sangue 
para os órgãos de excreção
(Continuação)
Tipos sanguíneos
Vários aspectos do sangue são baseados em diferentes formações estruturais, 
conhecidas como polimorfismos. De acordo com Maurer (2014), essas dife-
renças podem acontecer por:
 � antígenos eritrocitários;
 � grupos sorológicos; 
 � grupos enzimáticos. 
Há vários sistemas de grupos sanguíneos, incluindo o sistema ABO, Rhe-
sus, Kell, Kidd, Lewis, Lutheran, MNSs, Wrigth, Xg, sendo o sistema ABO 
o mais comum.
Sangue12
O sistema Rhesus (Rh) de grupos sanguíneos (Figura 5), também é considerado, 
clinicamente, importante. Nesse teste, os eritrócitos de pessoas Rh-positivas apresentam 
o antígeno D. 
Figura 5. Sistema ABO e sistema Rh, com percentual de indivíduos de cada grupo.
Fonte: Maurer (2014).
Além dos outros grupos sanguíneos, o fator Rhesus D desempenha um papel impor-
tante na superfície celular, principalmente, tendo em vista a imunização de uma mãe 
Rh negativa por uma criança Rh positiva em relação a outras gestações com crianças 
Rh positivas, que podem sofrer problemas causados pela presença de anticorpos. 
A sensibilização de uma mãe Rh negativa durante o parto de seu primeiro filho, quando 
uma criança Rh positiva, pode, em gestações subsequentes, causar problemas em 
outras crianças Rh positivas, pois os anticorpos atravessam a placenta (MAURER, 2014).
Sistema ABO
Os eritrócitos possuem moléculas de superfície, conhecidas como aglutinóge-
nos, mostrados na Figura 6. Em casos de sensibilização prévia, há possibilidades 
de os aglutinógenos serem reconhecidos pelos anticorpos, como a aglutinina, 
encontrada no plasma sanguíneo. A ação antigênica dos eritrócitos é inata ou 
congênita, e, em contrapartida, os anticorpos do plasma são formados nos 
meses iniciais de vida, através da imunização durante o parto e/ou por meio 
de bactérias do intestino. A distribuição dos diversos grupos sanguíneos 
é condicionada geneticamente e tem uma variação geográfica acentuada. 
13Sangue
O sistema ABO é herdado segundo as Leis de Mendel, que reúne os funda-
mentos que justificam os mecanismos de hereditariedade durante as gerações, 
sendo A e B codominantes (MAURER, 2014).
Figura 6. Sistema ABO.
Fonte: Maurer (2014, p. 31).
Veja no Quadro 2 a divisão dos eritrócitos pelo sistema ABO.
Fonte: Adaptado de Maurer (2014).
Características de superfície 
dos eritrócitos
Anticorpos do plasma Genótipo
A Anti-A AA, A0
B Anti-B BB, B0
AB Nenhum AB
Nenhum (O) Anti-A e Anti-B 00
Quadro 2. Divisão dos eritrócitos pelo sistema ABO
Sangue14
Prova cruzada
Por meio de soros de testes específicos, considerando como fator Anti-A e 
Anti-B, é provocada uma reação entre antígeno e anticorpo, conhecida como 
a hemaglutinação, ou aglutinação. Trata-se da chamada prova cruzada, 
mostrada na Figura 7. A prova cruzada antecede as transfusões de sangue e/ou 
transplantes de órgãos, com o objetivo de identificar o nível de compatibilidade. 
Na prova cruzada maior, os eritrócitos passam por uma mistura, considerando 
o soro do doador e o soro do receptor. Na prova cruzada menor, o soro do 
doador é misturado com os eritrócitos do receptor. Na transfusão de sangue, 
em geral, o sangue não passa por infusão total, passando por concentração 
de hemácias, sem o soro. 
Na prova cruzada maior, o soro anti-A, de cor azul, e soro anti-B, de cor 
amarela, são misturados aos eritrócitos do doador, em tubos menores de teste. 
Em situações nas quais os eritrócitos apresentam traços ou características 
superficiais, que favorecem o reconhecimento dos anticorpos, acontece uma 
aglutinação. O mesmo ocorre com os eritrócitos do receptor na definição do 
seu grupo ABO, ou seja, é evidenciada uma amostra menor do sangue total. 
As hemácias concentradas são encaminhadas para transfusão quando a com-
patibilidade entre os eritrócitos do doador e o soro do receptor é identificada 
(MAURER, 2014).
Estudamos, neste capítulo, que o sangue é constituído por uma matriz 
líquida, que consiste no plasma, e por fragmentos celulares suspensos no 
plasma, formando dois compartimentos extracelulares. As trocas entre o 
plasma e o líquido intersticial ocorrem, somente, nos capilares. Juntos, os 
componentes celulares e as proteínas sanguíneas trabalham para manter a 
homeostasia e os níveis de coagulação, que protegem contra as hemorragias. 
Além disso, as células do sangue também são importantes tanto para transportar 
o oxigênio quanto para o sistema de defesa corporal, ou sistema imunológico 
(SILVERTHORN, 2017).
15Sangue
Figura 7. Prova cruzada.
Fonte: Maurer (2014, p.33). 
MAURER, M. H. Fisiologia humana ilustrada. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016. 
WIDMAIER, E. P.; RAFF, H.; STRANG, K. T. Vander: fisiologia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2017.
Leituras recomendadas
FOX, S. I. Fisiologia humana. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2007.
SANTOS, N.C. M. Anatomia e fisiologia humana. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014. (Eixos: 
Anatomia e saúde).
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