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Quais as hipóteses de perda da guarda unilateral? A perda da guarda unilateral, também conhecida como destituição da guarda, é uma medida excepcional que ocorre quando o guardião não está mais apto a exercer o cuidado e a proteção do filho, colocando-o em risco ou impedindo seu desenvolvimento físico e psicológico. Esta decisão judicial é considerada uma das mais sérias no âmbito do direito de família, pois afeta diretamente a vida da criança ou adolescente. A lei prevê algumas hipóteses para a perda da guarda, e o juiz deve analisar cada caso individualmente, levando em consideração o bem-estar da criança, apoiado por uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos e assistentes sociais. Abuso físico ou psicológico: O guardião que pratica violência física ou psicológica contra o filho, submetendo-o a maus-tratos, humilhações, ameaças, ou qualquer outra forma de tratamento cruel, coloca em risco a integridade física e emocional da criança. Isso inclui não apenas agressões diretas, mas também exposição a situações de violência doméstica, bullying familiar, ou qualquer comportamento que cause trauma psicológico. Em casos graves, além da perda da guarda, o agressor pode responder criminalmente por seus atos. 1. Negligência: A negligência do guardião em relação às necessidades básicas do filho, como alimentação, higiene, saúde, educação e afeto, também pode justificar a perda da guarda. A falta de cuidados básicos pode prejudicar o desenvolvimento da criança, comprometendo sua saúde física e mental. São exemplos de negligência: faltas escolares frequentes e injustificadas, não acompanhamento médico regular, má nutrição, falta de higiene pessoal, ausência de supervisão adequada, entre outros. A negligência pode ser identificada por professores, médicos, vizinhos ou outros familiares que convivam com a criança. 2. Alienação parental: A alienação parental, praticada pelo guardião, consiste em manipular o filho contra o outro genitor, impedindo ou dificultando o relacionamento entre eles. Essa conduta pode causar danos psicológicos severos à criança, comprometendo sua relação com o genitor alienado. São exemplos de alienação parental: fazer comentários depreciativos sobre o outro genitor, impedir visitas sem justificativa, ocultar informações escolares ou médicas, criar falsas memórias na criança, mudar de residência sem comunicação prévia. A Lei 12.318/2010 prevê diversas sanções para o genitor que pratica alienação parental, incluindo a perda da guarda. 3. Incapacidade do guardião: Em casos de doença, dependência química, problemas psiquiátricos ou qualquer outra condição que impeça o guardião de exercer adequadamente seus deveres para com o filho, a guarda poderá ser revogada. É importante ressaltar que a simples existência de uma condição médica não é suficiente para a perda da guarda - é necessário comprovar que esta condição afeta significativamente a capacidade de cuidar da criança. Em alguns casos, o tratamento adequado e o acompanhamento médico regular podem evitar a perda da guarda. 4. Mudança prejudicial de residência: Quando o guardião decide mudar de residência para local distante ou para outro país sem justificativa adequada, prejudicando o convívio da criança com o outro genitor e sua família extensa, isso também pode configurar motivo para reavaliação e possível perda da guarda. 5. A perda da guarda unilateral é uma decisão complexa e delicada, que exige uma análise criteriosa por parte do juiz. A prioridade é sempre o bem-estar da criança, garantindo que ela tenha um ambiente seguro e propício ao seu desenvolvimento. O processo de destituição da guarda deve seguir o devido processo legal, garantindo o direito de defesa do guardião e, quando possível, ouvindo a opinião da própria criança, respeitando sua idade e grau de maturidade. Vale ressaltar que, antes da decisão definitiva de perda da guarda, o juiz pode determinar medidas intermediárias, como acompanhamento psicológico, visitas supervisionadas ou guarda compartilhada temporária. Em todos os casos, o Ministério Público atua como fiscal da lei, zelando pelos interesses da criança ou adolescente envolvido.