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Diego Oliveira Direito do Trabalho Aula 05 – Jornada de Trabalho Diego Oliveira www.cejasonline.com.br WhatsApp: (71) 99402-4444 Instagram: @professordiegooliveira Jornada de trabalho APOSTILA PARA PREPARAÇÃO PARA A 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM http://www.cejasonline.com.br/ SUMÁRIO SUMÁRIO ................................................................................................................... 2 JORNADA DE TRABALHO ................................................................................................. 3 TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL ............................................................ 3 REGISTRO DE JORNADA .............................................................................................. 4 Exclusão do controle de jornada ......................................................... 6 TELETRABALHO ............................................................................................................ 7 Da alteração regime ............................................................................ 8 Do repouso semanal remunerado ........................................................................ 9 Do tempo à disposição do empregador ...................................................................... 11 Sobreaviso e Prontidão ..................................................................... 11 Sobreaviso ........................................................................................ 11 Prontidão ........................................................................................... 12 Das formas de prorrogação e compensação de jornada.................................... 12 Acordo de prorrogação de jornada .................................................... 12 Banco de horas ................................................................................. 13 Intervalos na jornada ........................................................................................... 14 Intervalo intrajornada ......................................................................... 15 Da redução ou fracionamento do intervalo intrajornada .................... 15 Intervalo interjornada ......................................................................... 17 Jornada 12 x 36 horas: ................................................................................................. 17 Turnos ininterruptos de revezamento ................................................................ 17 Trabalho noturno ................................................................................................. 18 3 Capítulo 1 JORNADA DE TRABALHO Para nós obtermos êxito na nossa prova, este assunto é primordial, pois está presente em quase todos os certames. Portanto, bastante atenção e dedicação para ficarmos bastante afiados, certo?! A Constituição Federal prevê que a jornada de trabalho terá duração máxima de 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais. Essa jornada também é chamada de módulo constitucional. Ultrapassada essa jornada o trabalhador terá direito a receber um adicional de horas extras de no mínimo 50% da hora normal de trabalho. Veremos os detalhes neste capítulo. Para os trabalhadores que exercem essa jornada do módulo constitucional, a nossa Carta Magna prevê que o empregado não poderá receber menos do que o salário mínimo. Todavia, é possível exercer uma jornada menor e, por conta disso, receber uma remuneração menor do que o salário mínimo, como veremos adiante. TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais, vide artigo 58-A da CLT1. Com a reforma trabalhista, o trabalhador em regime de tempo parcial poderá trabalhar até 30 horas por semana, sem poder prestar horas extras semanais, ou ainda ajustar com o seu empregador o labor de até 26 horas semanais, hipótese em que poderá prestar até 6 horas extras, por semana. O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. 1 Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. § 1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. § 2o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. § 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. § 4o Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no § 3o, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. § 5o As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. . § 6o É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. . § 7o As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 desta Consolidação. 4 Os trabalhadores que já trabalham em regime integral de jornada somente podem migrar para o regime de tempo parcial mediante norma coletiva, pois, a despeito da redução da jornada, há redução salarial. Todavia, os novos contratados podem, ao iniciar a relação empregatícia, firmar contrato de trabalho em regime de tempo parcial sem a necessidade de formalização mediante norma coletiva. Impende ainda observar que as horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins do pagamento com adicional de no mínimo 50%, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 da CLT. REGISTRO DE JORNADA O registro de jornada é obrigatório a todo empregador que possua mais de 20 empregados, conforme previsão do art. 74, §2º da CLT. Também deverá fazer o registro de jornada o empregador doméstico, independentemente da quantidade de empregados, devendo fazer o registro por qualquer meio idôneo e arquivar os registros durante o prazo prescricional das verbas. Cabe destacar ainda que o empregador que possui mais de 20empregados é obrigado a fazer o registro da jornada. A não apresentação injustificada dos controles de jornada gerará uma presunção relativa de veracidade da jornada apontada pelo reclamante na petição inicial, na forma da Súmula 338, I, do TST2. Por fim, destaque-se que a decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique 2 Súmula nº 338 do TST JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003). 5 convencido de que o procedimento questionado superou aquele período, conforme previsão da OJ 233 do TST3. Ocorre que, como não é concebível que todos os empregados consigam registrar a sua jornada nos exatos horários, o legislador achou por bem, e o TST ratificou, entender por uma tolerância no registro de jornada para fins de apuração de horas extras. Sendo assim, não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos acima mencionado, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - Práticas religiosas; II - Descanso; III - Lazer; IV - Estudo; V - Alimentação; VI - Atividades de relacionamento social; VII - Higiene pessoal; VIII - Troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Tal entendimento contraria a Súmula 366 do TST, que deverá ser cancelada ou modificada. Vale frisar ainda que não prevalecerá cláusula de norma coletiva que elasteça o limite diário da tolerância acima descrita, conforme prevê a Súmula 449 do TST4. O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de 3 OJ 233 TST. HORAS EXTRAS. COMPROVAÇÃO DE PARTE DO PERÍODO ALEGADO (nova redação) - DJ 20.04.2005 A decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedimento questionado superou aquele período. 4 Súmula nº 449 do TST MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. LEI Nº 10.243, DE 19.06.2001. NORMA COLETIVA. FLEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 372 da SBDI- 1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 A partir da vigência da Lei nº 10.243, de 19.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras. 6 transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Tal entendimento excluiu o instituto das horas in itinere que havia no direito do trabalho, devendo as súmulas e Ojs sobre a matéria, serem canceladas. Registro de jornada por exceção O artigo 74, §4º da CLT prevê a adoção do registro de jornada por exceção, quando serão anotados apenas os horários em que o empregado chega ao serviço (antes ou depois do horário) e sai do serviço (antes de depois do horário): Art. 74, § 4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Ou seja, caso o empregado chegue ou saia no seu horário, nada será anotado naquele respectivo registro. Vale lembrar que o registro de jornada por exceção somente tem validade se firmado mediante acordo individual escrito ou norma coletiva. Exclusão do controle de jornada A CLT, em seu artigo 625, trouxe algumas hipóteses de trabalhadores que estariam excluídos do controle de jornada. Em outras palavras, a CLT prevê duas hipóteses em que o trabalhador não fará jus ao pagamento das horas extras laboradas. São elas: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho que prestam serviço por produção ou tarefa. Na primeira hipótese, observe que os trabalhadores que exercem o labor externo não farão jus ao pagamento das horas extras laboradas caso o trabalho exercido seja incompatível com o controle de jornada e haja a devida anotação na CTPS do empregado. Logo, caso o trabalhador exerça trabalho externo, mas haja o controle da jornada por parte do empregador, por qualquer meio, o empregado fará ao pagamento das horas extraordinárias acrescidas de no mínimo 50%. Já na segunda hipótese, o empregado não fará jus ao pagamento de horas extras caso exerça um cargo de confiança. Mas, para tanto, deverá receber uma gratificação de função 5 Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para 7 efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho que prestam serviço por produção ou tarefa. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). de, no mínimo, 40% do seu salário, conforme prevê o parágrafo único do citado artigo 62 da CLT. Logo, caso o empregado exerça um cargo de confiança, mas não receba uma gratificação igual ou superior a 40% do seu salário, fará jus ao pagamento das horas extras laboradas. No caso dos bancários, o gerente de agência (gerente de contas de pessoa física, jurídica, etc.), estará excluído do controle de jornada se receberem gratificação de, no mínimo, 1/3 da sua remuneração, vide artigo 224, §2º, CLT6: Já o gerente geral de agência é enquadrado no artigo 62 da CLT, somente estando excluído do controle de jornadase receber gratificação de, no mínimo 40% do seu salário, conforme Súmula 287 do TST7. TELETRABALHO Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho externo. Embora o regime de teletrabalho já existisse há alguns anos, somente com a reforma trabalhista é que foi regulamentado, conforme preveem os artigos 75-A e seguintes da CLT. A primeira análise a ser feita é que as atividades do trabalhador em regime de teletrabalho são exercidas fora das dependências do empregador, via de regra, na própria casa do empregado, mas utilizando recursos tecnológicos de informação e comunicação. Essa característica é o que distingue o teletrabalho do trabalho externo, pois neste último, em regra, a despeito de as atividades serem exercidas fora das dependências do empregador, não há a utilização de tecnologias de informação e comunicação, sendo o trabalho mais manual. Atente-se que o regime de teletrabalho ou trabalho remoto é uma espécie de relação de emprego com o atendimento de todos os seus elementos caracterizadores, especialmente exercido fora das dependências do empregador, de forma preponderante ou não, com o emprego de tecnologias de informação e comunicação. Observe que é o fato de o empregado exercer suas atividades fora das dependências do empregador, por si só, não impediria que o patrão mantivesse o controle sobre a jornada de trabalho do empregado. 6 Art. 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana. § 1º A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida entre sete e vinte e duas horas, assegurando-se ao empregado, no horário diário, um intervalo de quinze minutos para alimentação. § 2º As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou que desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor da gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo efetivo. 7 Súmula nº 287 do TST JORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 8 A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se lhe o art. 62 da CLT. Contudo, o legislador cuidou de excluir os trabalhadores deste regime do controle de jornada, não fazendo jus, portanto, ao pagamento de horas extraordinárias, independente da possibilidade do controle de jornada. Este é outro traço que distingue o regime de teletrabalho do trabalho externo, pois no trabalho externo, caso a incompatibilidade do controle de jornada, o empregado não fará jus ao pagamento de horas extras. Vejamos o quadro comparativo: Característica TELETRABALHO TRABALHO EXTERNO Local de execução das atividades Fora das dependências do empregador de forma preponderante ou não. Fora das dependências do empregador. Recurso de trabalho Utilização de tecnologias de informação e comunicação. Trabalho em regra manual, sem a utilização de recursos avançados de tecnologia. Controle de jornada Estão excluídos por lei. Excluídos, desde que a atividade seja incompatível com o controle de jornada. O comparecimento, ainda que de modo habitual, às dependências do empregador para a realização de atividades específicas, que exijam a presença do empregado no estabelecimento, não descaracteriza o regime de teletrabalho ou trabalho remoto. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. O empregado submetido ao regime de teletrabalho ou trabalho remoto poderá prestar serviços por jornada ou por produção ou tarefa. Na hipótese da prestação de serviços em regime de teletrabalho ou trabalho remoto por produção ou tarefa, não se aplicará o o capítulo da duração de jornada. O regime de teletrabalho ou trabalho remoto não se confunde e nem se equipara à ocupação de operador de telemarketing ou de teleatendimento. O tempo de uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutura necessária, e de softwares, de ferramentas digitais ou de aplicações de internet utilizados para o teletrabalho, fora da jornada de trabalho normal do empregado não constitui tempo à disposição, regime de prontidão ou de sobreaviso, exceto se houver previsão em acordo individual ou em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Fica permitida a adoção do regime de teletrabalho ou trabalho remoto para estagiários e aprendizes. Aos empregados em regime de teletrabalho aplicam-se as disposições previstas na legislação local e nas convenções e acordos coletivos de trabalho relativas à base territorial do 9 estabelecimento de lotação do empregado. Ao contrato de trabalho do empregado admitido no Brasil que optar pela realização de teletrabalho fora do território nacional, aplica-se a legislação brasileira, excetuadas as disposições constantes na Lei nº 7.064, de 6 de dezembro 1982, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. Acordo individual poderá dispor sobre os horários e os meios de comunicação entre empregado e empregador, desde que assegurados os repousos legais. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho ou trabalho remoto deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho. Os empregadores deverão conferir prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados e empregadas com filhos ou criança sob guarda judicial até quatro anos de idade na alocação em vagas para atividades que possam ser efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto. Da alteração regime Caso empregado esteja exercendo as suas atividades em regime presencial (nas dependências do empregador) e o seu patrão deseje a migração para o regime de trabalho telepresencial (ou teletrabalho), terá que contar com o consentimento do empregado registrado em aditivo contratual. Observe que o mútuo consentimento é exigido neste caso, pois o empregado fora contratado para prestar serviços na sede da empresa, não sendo obrigado a prestar serviços em sua residência, por mais favorável que lhe possa parecer. De outro lado, caso o empregado tenha sido contratado incialmente para prestar serviços no regime de teletrabalho e o seu empregador deseje a migração para o regime presencial, não é necessário o mútuo consentimento bastando apenas uma determinação do empregador, concedendo ao empregado o prazo de 15 (quinze) dias para a migração, desde que seja registrado em ativo contratual. Isso porque o empregador pode exigir que o empregado exerça as suas atividades na sede da empresa, mas deve conceder um prazo razoável, no caso 15 dias, para que o empregado possa organizar a sua migração de regime. Vejamos como é fácil compreender: Presencial para teletrabalho Teletrabalho para presencial Mútuo consentimento Determinação do empregador Mudança imediata Prazo de 15 dias para migração 10 Registro em aditivo contratual Registro em aditivo contratual O empregador não será responsável pelas despesas resultantes do retorno ao trabalho presencial, na hipótese do empregado optar pela realização do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade prevista no contrato, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessáriae adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Observe que as utilidades acima mencionadas não têm natureza salarial e, portanto, não integram a remuneração do empregado. O empregador deve instruir o empregado de forma expressa e ostensiva sobre os riscos de doença e acidente de trabalho. O empregado deve assinar termo de responsabilidade assumindo cumprir as orientações do empregador. Tal fato não obsta, no nosso entender, a possibilidade de o empregador ser responsabilizado em caso de acidente de trabalho, desde que haja nexo causal entre o dano sofrido pelo empregado e as atividades exercidas para o empregador ainda que em regime teletrabalho. Importante lembrar que os empregados de empresas distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários não têm direito à jornada especial dos bancários, conforme prevê a Súmula 119 do TST8. Do repouso semanal remunerado Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local. Entre os empregados a que se refere esta lei, incluem-se os trabalhos rurais, salvo os que operem em qualquer regime de parceria, meação, ou forma semelhante de participação na produção. É devido o repouso semanal remunerado, nos termos desta lei, aos trabalhadores das autarquias e de empresas industriais, ou sob administração da União, dos Estados e dos Municípios ou incorporadas nos seus patrimônios, que não estejam subordinados ao regime do funcionalismo público. O DSR será extensivo àqueles que, sob forma autônoma, trabalhem agrupados, por intermédio de Sindicato, Caixa Portuária, ou entidade congênere. A remuneração do repouso obrigatório, nesse caso, consistirá no acréscimo de um 1/6 (um sexto) calculado sobre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador e paga juntamente com os mesmos. Não possuem direito do DSR: 11 a) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; b) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos. Não será devida a remuneração quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho. São motivos justificados: a) os previstos no artigo 473 e seu parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho; b) a ausência do empregado devidamente justificada, a critério da administração do estabelecimento; c) a paralisação do serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não tenha havido trabalho; d) a ausência do empregado, até três dias consecutivos, em virtude do seu casamento; e) a falta ao serviço com fundamento na lei sobre acidente do trabalho; f) a doença do empregado, devidamente comprovada. A remuneração do repouso semanal corresponderá: a) para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, à de um dia de serviço, computadas as horas extraordinárias habitualmente prestadas; b) para os que trabalham por hora, à sua jornada norma de trabalho, computadas as horas extraordinárias habitualmente prestadas; c) para os que trabalham por tarefa ou peça, o equivalente ao salário correspondente às tarefas ou peças feitas durante a semana, no horário normal de trabalho, dividido pelos dias de serviço efetivamente prestados ao empregador; d) para o empregado em domicílio, o equivalente ao quociente da divisão por 6 (seis) da importância total da sua produção na semana. Os empregados cujos salários não sofram descontos por motivo de feriados civis ou religiosos são considerados já remunerados nesses mesmos dias de repouso, conquanto tenham direito à remuneração dominical. Consideram-se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por falta sejam efetuados na base do número de dias do mês ou de 30 (trinta) e 15 (quinze) diárias, respectivamente. Excetuados os casos em que a execução do serviço for imposta pelas exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados, civis e religiosos, garantida, entretanto, aos empregados a remuneração respectiva. Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos, a remuneração será 12 paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga, conforme previsão da Súmula 146 do TST9. Observe-se ainda que o professor que recebe o pagamento pela hora de aula ministrada tem direito ao acréscimo de 1/6 a título de repouso semanal remunerado, considerando-se para esse fim o mês de quatro semanas e meia, conforme previsão da Súmula 351 do TST. Súmula nº 351 do TST PROFESSOR. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. ART. 7º, § 2º, DA LEI Nº 605, DE 05.01.1949 E ART. 320 DA CLT (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O professor que recebe salário mensal à base de hora-aula tem direito ao acréscimo de 1/6 a título de repouso semanal remunerado, considerando-se para esse fim o mês de quatro semanas e meia. Do tempo à disposição do empregador Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada, conforme prevê o artigo 4º da CLT10. Sobreaviso e Prontidão O sobreaviso e a prontidão são hipóteses que o empregado não estará efetivamente prestando serviços, mas permanecerão de plantão à disposição do empregador. Cada instituto tem as suas particularidades e, por isso, vamos estuda-los de forma separada. Sobreaviso Previsto no art. 244, § 2º, da CLT, considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas, As horas de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal. Observa-se que para ser considerado em sobreaviso não basta que o empregado faça o uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, devendo o mesmo permanecer em regime de plantão ou equivalente, 9 Súmula nº 146 do TST TRABALHO EM DOMINGOS E FERIADOS, NÃO COMPENSADO O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal. 10 Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. § 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho. IMPORTANTE! Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho, conforme previsão do parágrafo único do art. 4º da CLT. 13 aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso, conforme previsão da Súmula 428 do TST: Súmula nº 428 do TST SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado,por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso. II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso. Ademais, nos casos dos eletricitários deve-se aplicar por analogia o sobreaviso previsto no art. 244, § 2º, da CLT, devendo as horas em sobreaviso ser remuneradas à base de 1/3 sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial, vide Súmula 229 do TST11. Prontidão Previsto no art. 244, § 3º considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal. Quando, no estabelecimento ou dependência em que se achar o empregado, houver facilidade de alimentação, as doze horas da prontidão, a que se refere o parágrafo anterior, poderão ser contínuas. Quando não existir essa facilidade, depois de seis horas de prontidão, haverá sempre um intervalo de uma hora para cada refeição, que não será, nesse caso, computada como de serviço. Das formas de prorrogação e compensação de jornada Acordo de prorrogação de jornada A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Sobre a hora extra incidirá um adicional mínimo de 50% sobre o salário da hora normal. Se as horas extras exigem a realização de um acordo escrito entre empregado e empregador, seja ele individual ou coletivo, é porque para que haja prestação serviço extraordinário, deverá haver a concordância do empregado. 11 Súmula nº 229 do TST SOBREAVISO. ELETRICITÁRIOS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Por aplicação analógica do art. 244, § 2º, da CLT, as horas de sobreaviso dos eletricitários são remuneradas à base de 1/3 sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. 14 Todavia, a lei autoriza em casos de necessidade imperiosa de serviço que o empregador possa exigir do empregado a realização de horas extras sem a necessidade de realização de um acordo escrito, não podendo ultrapassar 12 horas diárias. Entende-se por necessidade imperiosa, os casos de ocorrência de força maior e a recuperação de tempo perdido para atender à realização ou à conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto ao empregador. Força maior, segundo o art. 501, da CLT consiste em todo acontecimento inevitável em relação à vontade do empregador e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. Os serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto ao empregador são os serviços emergenciais que não podem ser postergados sob pena de resultar uma perda financeira razoável, além de outros prejuízos para a empresa. O excesso, nos casos acima, pode ser exigido independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Nestes casos, deverá o empregador, no prazo de 10 (dez) dias, comunicar ao órgão competente a ocorrência do labor extraordinário. Caso ultrapasse o limite de 2 horas extras por dia, será devido o pagamento do adicional de horas correspondente a, no mínimo, 50% da hora normal sobre todas as horas excedentes, vide previsão da Súmula 376 do TST12. Cabe destacar importante informação acerca da jornada dos médicos e engenheiros prevista na Súmula 370 do TST. Esses profissionais, a despeito de previsão em lei específica, somente farão jus ao pagamento de horas extras excedentes à oitava hora diária, desde que seja respeitado o salário mínimo/hora da categoria13 Banco de horas O empregado poderá prorrogar a sua jornada também mediante o banco de horas, previsto no art. 59, §2º da CLT, através de acordo ou convenção coletiva, sendo o excesso de horas laborado em um dia, compensado pela diminuição em outro dia, de maneira que não 12 Súmula nº 376 do TST HORAS EXTRAS. LIMITAÇÃO. ART. 59 DA CLT. REFLEXOS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 89 e 117 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as horas trabalhadas. (ex-OJ nº 117 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997) II - O valor das horas extras habitualmente prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas, independentemente da limitação prevista no "caput" do art. 59 da CLT. (ex-OJ nº 89 da SBDI-1 - inserida em 28.04.1997) 13 Súmula nº 370 do TST MÉDICO E ENGENHEIRO. JORNADA DE TRABALHO. LEIS NºS 3.999/1961 E 4.950-A/1966 (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 39 e 53 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 Tendo em vista que as Leis nº 3.999/1961 e 4.950-A/1966 não estipulam a jornada reduzida, mas apenas estabelecem o salário mínimo da categoria para uma jornada de 4 horas para os médicos e de 6 horas para os engenheiros, não há que se falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que seja respeitado o salário mínimo/horário das categorias. (ex-OJs nºs 39 e 53 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 07.11.1994 e 29.04.1994) 15 exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias: Art. 59. (...) §2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. O banco de horas, via de regra, tem sido admitido através de norma coletiva, ou seja, com intervenção do sindicato. Na hipótese de banco de horas, as horas suplementares não são remuneradas, pois são compensadas. Ocorre que a reforma trabalhista trouxe a possibilidade de formalização de banco de horas por meio de acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. É lícito ainda o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. Assim, temos as seguintes possibilidades de formalização de banco de horas: BANCO DE HORAS ANUAL SEMESTRAL MENSAL Somente pode ser formalizado mediante norma coletiva Pode ser formalizado mediante acordo individual escrito Poder ser formalizado mediante acordo individual tácito ou escrito As horas devem ser compensadas no prazo máximo de 12 meses As horas devem ser compensadas no prazo máximo de 6 meses As horas devem ser compensadas no mesmo mês As horas extras laboras em regime de banco de horas devem ser compensadas no prazo máximo de um ano, sob pena de ser pago o adicional de no mínimo 50% das horas não compensadas. Caso haja a rescisão do contrato de trabalho na vigência do banco de horas, as horas não compensadas deverão ser pagas com o adicional de, no mínimo, 50%. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. Intervalos na jornada Os intervalos de jornada constituem medida de proteção à saúde do trabalhador, sendo considerados indisponíveis por serem normas de ordem pública. Impende observar que os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstosem lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada. 16 Intervalo intrajornada Os intervalos intrajornada são as pausas incluídas dentro da jornada do trabalhador para refeição e descanso. Os intervalos estão previstos no art. 71 da CLT e são assim divididos, conforme a duração da jornada e não serão computados na duração do trabalho Até 4 horas > Sem intervalo De 4h a 6h > No mínimo 15 min Acima de 6h > No mínimo 1h e no máximo 2h Observe ainda que nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 (noventa) minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 (dez) minutos não deduzidos da duração normal de trabalho. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo. Súmula nº 438 do TST INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA DO EMPREGADO. AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO. HORAS EXTRAS. ART. 253 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 O empregado submetido a trabalho contínuo em ambiente artificialmente frio, nos termos do parágrafo único do art. 253 da CLT, ainda que não labore em câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intrajornada previsto no caput do art. 253 da CLT. A lei 13.467/17 trouxe importante inovação no que tange à concessão parcial do intervalo intrajornada. Agora, em caso de supressão parcial do intervalo mínimo, deverá ser pago APENAS o período remanescente com o acréscimo de 50%. Este entendimento contraria o item I da Súmula 437 do TST, que deverá ser modificado. Impende salientar ainda que os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada, conforme previsão da Súmula 118 do TST. Da redução ou fracionamento do intervalo intrajornada Existem algumas hipóteses que o ordenamento jurídico permite a redução ou o fracionamento do intervalo intrajornada. As mais relevantes são: • Previsão em norma coletiva ou trabalhador hipersuficiente Com o advento da reforma trabalhista, é possível mediante norma coletiva a redução do intervalo intrajornada para até 30 minutos. • Existência de refeitório na empresa Caso o MTE verifique que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, o limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido. 17 Para tanto, nesta hipótese, os empregados não poderão laborar em jornada extraordinária. Tal entendimento é extraído do artigo 71, §3º, da CLT14. Observe que neste caso o intervalo poderá ser reduzido para até 30 minutos e os empregados não poderão prestar horas extras. • Empregados que trabalham com transporte coletivo de passageiros Mediante a formalização de norma coletiva, os motoristas, cobradores e profissionais de fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, poderá o intervalo intrajornada ser reduzido e/ou fracionado, entre a primeira e última hora de trabalho. Neste caso, deverão ser concedidos intervalos menores ao final de cada viagem, mantendo-se a remuneração dos empregados. Nesta hipótese, os empregados que laboram até 06h/dia somente poderão fracionar o intervalo, não podendo reduzi-lo. Aos empregados que laboram mais de 06h/dia poderão reduzir ou fracionar o intervalo intrajornada. A hipótese em comento encontra previsão no art. 71, §5º da CLT15. • Empregado doméstico No caso do empregado doméstico, a LC 150/15, em seu artigo 13, prevê que o intervalo intrajornada deverá ser de no mínimo 1h, podendo ser reduzido para até 30 minutos, caso haja acordo escrito entre empregado e empregador: Art. 13. É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 30 (trinta) minutos. Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá ser desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 (uma) hora, até o limite de 4 (quatro) horas ao dia. Em caso de modificação do intervalo, do empregado que reside no local de trabalho, é obrigatória a sua anotação no registro diário de horário, vedada sua prenotação. 14 Art. 71 (...)§3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. 15 Art. 71 (...) §5º O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1o poderá ser fracionado, quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores, fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao final de cada viagem 18 Intervalo interjornada Os intervalos interjornada são as pausas estabelecidas entre uma jornada e outra e não podem, segundo o art. 66, da CLT, serem menores do que 11 (onze) horas. Uma vez na semana, o empregado terá direito um intervalo de 35h (24h RSR + intervalo), devendo ser pagos como hora extra se desrespeitados (Súmula 110 TST). A concessão parcial do intervalo interjornada dará direito ao empregado ao recebimento apenas do período remanescente com adicional de no mínimo 50%, sem natureza salarial, conforme previsão da OJ 355 do TST16, que refere-se ao art. 71, §4º da CLT, já modificado, conforme acima exposto. Jornada 12 x 36 horas: Nesta jornada, o empregado labora por 12h consecutivas, respeitando os intervalos, folgando nas 36 horas subsequentes. A súmula 444 do TST prevê que a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, (12x36), deveria ser prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho. A reforma trabalhista inseriu o art. 59-A na CLT: Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver. A reforma trabalhista trouxe a previsão de que quem trabalha na jornada 12x36 não mais possui direito ao pagamento em dobro em caso de feriados trabalhados, nem às prorrogações do adicional noturno, quando cumprida integralmente a jornada noturna. Por fim, na jornada 12x36, o empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado nadécima primeira e décima segunda horas. Turnos ininterruptos de revezamento O turno ininterrupto de revezamento pressupõe uma continuidade da atividade da empresa e da prestação de serviços pelos empregados, que, em revezamento, permaneça sempre alguém em atividade. A jornada de trabalho, nestes casos, segundo o art. 7º, XIV, da CF/88 tem o limite máximo diário de 6 (horas), salvo estipulação distinta através de negociação coletiva. 16 OJ 355 TST. INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. 19 Todavia, a negociação coletiva não poderá estabelecer uma jornada superior à 8 (oito) horas por dia, vide previsão da Súmula 423 do TST17. Vale destacar ainda que o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, será enquadrado como turno ininterrupto de revezamento, conforme prevê a OJ 360 do TST18. Importante destacar ainda, no que tange aos turnos de revezamento que as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional, vide Súmula 110 do TST19. Trabalho noturno O trabalho noturno, em regra, terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna, conhecido como adicional noturno. No caso do trabalho noturno rural, o adicional noturno será no percentual mínimo de 25% sobre a hora diurna, tanto para a agricultura como para a pecuária. O adicional noturno pago com habitualidade integra a remuneração do trabalhador para todos os fins legais. A jornada de trabalho noturno compreenderá: - Para os trabalhadores urbanos, das 22h às 05h; - Para os trabalhadores rurais da agricultura, das 21h às 05h; - Para os trabalhadores rurais da pecuária, das 20h às 04h; 17 Súmula nº 423 do TST TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 169 da SBDI-1) Res. 139/2006 – DJ 10, 11 e 13.10.2006) Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. 18 OJ 360 TST. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. DOIS TURNOS. HORÁRIO DIURNO E NOTURNO. CARACTERIZAÇÃO Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta. 19 Súmula nº 110 do TST JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. 20 Mas como decorar isso? Achou que o professor Diego não ia ter macete para vocês? Decora a jornada de trabalho urbana, pois para o trabalho rural, eu tenho 2 macetes, você é quem escolhe qual prefere utilizar: Primeiro macete: O trabalho na pecuária é o trato com animais, certo? Então, tirando o leite da vaca o trabalhador encerra o seu trabalho mais cedo, logo termina às 04h. Diminuindo 08h (jornada de trabalho normal), chegamos às 20h. Concluímos que o trabalho noturno na pecuária compreende das 20h às 04h, ok? Por eliminação, o trabalho rural na agricultura será das 21h às 05h. Segundo macete: O trabalho na pecuária é o trato com animais, certo? Então, quantas patinhas tema vaca? 4 patas = 04h, hora que termina o trabalho noturno rural na pecuária. Diminuindo 08h (jornada de trabalho normal), chegamos às 20h. Concluímos que o trabalho noturno na pecuária compreende das 20h às 04h, ok? Por eliminação, o trabalho rural na agricultura será das 21h às 05h. No caso dos trabalhadores urbanos, a hora noturna será reduzida e será computada como de 52 minutos e 30 segundos. Aos menores de 18 anos, é vedado o trabalho noturno, seja urbano ou rural. Caso o trabalhador labora apenas parte da jornada no horário noturno, o adicional noturno incidirá apenas na fração de horas trabalhadas noturnas. Todavia, caso seja cumprida integralmente a jornada no período noturno e a jornada seja prorrogada para o horário diurno, será devido o adicional também quanto às horas prorrogadas no horário diurno. É o que se compreende do item II, da Súmula 60, do TST20. A regra da prorrogação do adicional noturno não valerá mais para os trabalhadores que cumpram a jornada noturna integral, sendo esta prorrogada, no regime 12x36, contrariando a OJ 388 do TST, que deve ser cancelada. Vale frisar que a transferência do trabalhador do horário noturno para o horário diurno, implica na perda do referido adicional, sem que esteja caracterizada violação ao direito adquirido, conforme previsão da Súmula 265 do TST21. 20 Súmula nº 60 do TST ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 6 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. (ex-Súmula nº 60 - RA 105/1974, DJ 24.10.1974) II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. (ex-OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996) 21 Súmula nº 265 do TST ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. 21 Este entendimento consubstancia a ideia de que o adicional noturno é considerado, assim como os demais adicionais, um salário-condição. Ou seja, existindo a condição, o empregado terá direito ao adicional. Todavia, caso deixe de existir esta condição, o adicional não será mais devido ao trabalhador. Outro ponto importante é que ao empregado que exerce a sua jornada em turnos ininterruptos de revezamento também será devido o adicional noturno, por óbvio, apenas quando estiver laborando em jornada noturna. Nos demais turnos de trabalho diurnos, não será devido o adicional. Destaque-se ainda que nesta jornada de turnos ininterruptos, quando o trabalhador estiver laborando em jornada noturna urbana, também fará ao trabalho em hora noturna ficta ou reduzida, de duração de cinquenta e dois minutos e trinta segundos, conforme previsão da OJ 395 da SDI-I do TST22. 22 OJ 395. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊNCIA. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal.