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A FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO E DA E MOTIVAÇÃO NO AGRAVO RETIDO 
A dificuldade em termos solução aos litígios cada dia se torna mais difícil. E quando se acha meios para conseguir as decisões muitas vezes são absurdamente inacreditáveis.
Segundo José Renato Nalini:
“As sentenças de primeiro grau, que deveriam solucionar a questão, diante de uma comunidade jurídica ávida por militância e por exaurir todas as oportunidades de reapreciação da causa, as vezes são consideradas meras minutas de decisão.”[footnoteRef:1] [1: José Renato Nalini] 
Com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil de 2015 a decisão monocrática do Relator que deferia liminarmente o pedido de suspensão da decisão de 1º grau até o julgamento do agravo de instrumento, que era irrecorrível, passou a ser atacável por agravo interno, por expressa autorização legal:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
Este tema foi objeto de debates no Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), resultando na aprovação do enunciado nº. 142, coma seguinte redação:
Enunciado n.º 142 do FPPC: Da decisão monocrática do relator que concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de competência originária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos do art. 1.021 do CPC.
Ao se deferir um pedido de efeito suspensivo em sede de agravo de instrumento, essa pretensão deve ser, caso haja agravo interno, julgada imediatamente. Pois a pretensão criada pela liminar continua tendo urgência.
Porém isso não acontece de fato, os Tribunais, principalmente o TJ/SP trata os recursos numa morosidade sem tamanho.
Ademais, quando julgam, pois na maioria das vezes a perda do objeto do agravo interno, por ser julgado o agravo de instrumento antes mesmo do agravo interno, que deveria ser um recurso julgado com celeridade.
Ainda, caso o afortunado peticionário consiga um julgamento o mesmo na maioria das vezes acaba repetindo a decisão agravada, e pasmem, sem nenhuma fundamentação e motivação.
Como é cediço em Direito, para alcançar o fim a que se destina, é necessário que a tutela jurisdicional seja prestada de forma clara e completa, sem obscuridade, omissão ou contradição. A própria Carta Magna faz menção à obrigatoriedade da exposição das motivações judiciais:
Art. 93. (...)
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (grifo nosso)
Também é reforçada tal obrigatoriedade no âmbito cível através do artigo 489 do Código de Processo Civil:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
(...)
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
(...)
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
O dispositivo retromencionado configura-se de tamanho apreço pelo sistema jurídico que é, no novo Código Processual Civil, embasamento para o chamado “Princípio da Motivação das Decisões”, consistindo esse último, a “exteriorização das razões de seu decidir [do juiz], com a demonstração concreta do raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para chegar às conclusões contidas na decisão”.
Ainda, o próprio Código de Processo Civil reforça a magnânima importância do presente princípio ao dispor expressamente que o juiz deve se ater à expressão da fundamentação judicial de forma clara e precisa.
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo.
A jurisprudência cível já teve a oportunidade do confronto das questões de sentenças sem fundamentação, posicionando-se majoritariamente no sentido de que a sentença nesse âmbito deve ser modificada.
Neste sentido, temos decisão recente do Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. ACOLHIMENTO.1. A existência de omissão no acórdão embargado conduz ao acolhimento da pretensão.2. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes.(STJ - EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp: 875139 MG 2016/0053672-0, Relatora: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 19/10/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/10/2017)
Desta forma, por meio desta exposição, demonstra-se que, ainda tendo uma sentença favorável para a parte, devido à falta de um dos elementos essenciais durante a sua prolação, o direito da mesma encontra-se em risco.
Para sanar o referido vício, a doutrina aduz que cabe embargos declaratórios em caso de sentença e acordão omissa. Segundo o diploma processual civil:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: (…)
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
Portanto, estando clara a omissão, com fulcro no art. 1.022, II, do Código de Processo Civil, os embargos declaratórios configuram-se como meio eficaz e necessário para a garantia do direito líquido e certo da parte embargante.
Os embargos de declaração garantem às partes meios de pleitear que o princípio da devida fundamentação das decisões seja seguido, requerendo: esclarecimento de obscuridade; eliminação de contradição; preenchimento de omissão; e correção de erro material.

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