Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

DIREITOS HUMANOS EM SEGURANÇA 
PÚBLICA 
Msc. Fabíola Adami 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
 
1 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
Conhecer o conceito de Direitos Humanos. 
Identificar a diferença entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais. 
 
Introdução 
Ao analisar os cenários e fatos históricos relacionados às conquistas dos direitos 
humanos apresentados nesta primeira aula, convido você a refletir sobre os contextos que 
possibilitaram essas conquistas e a entender como o passado histórico se relaciona com a 
situação atual. 
 
As conquistas de direitos humanos foram impulsionadas por diversas circunstâncias 
históricas específicas. Por exemplo, no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, a atrocidade 
dos crimes cometidos durante o Holocausto despertou uma consciência global sobre a 
necessidade de proteger os direitos fundamentais de todas as pessoas. Isso resultou na 
redação da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. 
 
Outro exemplo importante é o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos 
durante os anos 1950 e 1960. A luta contra a segregação racial e a discriminação levou a 
avanços significativos na legislação e na conscientização sobre a igualdade racial. Esse 
movimento inspirou outros grupos marginalizados ao redor do mundo a exigir igualdade e 
justiça. 
 
A relação entre o passado histórico das conquistas dos direitos humanos e a situação 
atual é complexa. Embora tenhamos alcançado progresso em várias áreas, como a 
igualdade de gênero, a luta pelos direitos humanos ainda persiste. Problemas como a 
discriminação racial, a violência de gênero e a desigualdade socioeconômica ainda são 
desafios enfrentados em muitos países. 
 
Além disso, novas questões surgiram com o avanço da tecnologia e o surgimento de 
desafios globais, como as mudanças climáticas. Esses desafios requerem uma abordagem 
atualizada dos direitos humanos, adaptando-se às necessidades da sociedade 
contemporânea. 
 
 
 
2 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Portanto, é fundamental compreender a história das conquistas dos direitos 
humanos para analisar criticamente a situação atual. Através dessa análise, podemos 
identificar as lacunas e os obstáculos existentes, bem como buscar soluções e avançar em 
direção a um mundo mais justo e igualitário. 
 
Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, temos no Brasil a 
criação e o debate acerca da Comissão da Verdade, responsável por examinar e esclarecer 
fatos que anunciam graves violações aos direitos humanos ocorridas no passado. 
 
Ao mesmo tempo, acompanhamos pelos noticiários fatos preocupantes, como as 
questões que envolvem a região paulistana conhecida como Cracolândia e em outros 
pontos da cidade, do Estado e do país. 
 
Cotidianamente tropeçamos em violações de Direitos Humanos, sem muitas vezes 
identificarmos que existem importantes violações de direitos em determinados fenômenos 
sociais. 
 
Pensar e refletir sobre os conceitos relacionados aos Direitos Humanos e torná-los 
uma práxis profissional não é das mais fáceis tarefas. 
 
Cada um de nós é um produto histórico-social. Digo, em outras palavras. Somos um 
reflexo do tempo em que vivemos, e da sociedade na qual nascemos e crescemos. 
 
Pensar e trabalhar na perspectiva dos direitos humanos é inegavelmente resgatar a 
história e compreender que a possibilidade (ou não) de acesso de cada cidadão aos direitos 
constituídos é também um produto histórico, relacionado com as lutas de cada época e de 
cada um dos muitos movimentos sociais. 
 
Ao mesmo tempo, se “Direitos Humanos” são direitos dos quais cada um de nós, em 
tese, poder gozar, a violação desses direitos ocorre no seio de uma sociedade norteada 
por uma série de valores, ideias e verdades, que ditam os rumos do que é ou não aceito, 
do que é entendido como “correto” ou “incorreto” em uma determinada época. E é do âmbito 
dessa(s) mesma(s) sociedade(s) que cada um de nós se origina. 
 
 
 
3 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Para transformamos esse conjunto teórico de conhecimentos em uma efetiva prática 
profissional, para não reproduzirmos as mesmas ideias que mais adiante poderão suscitar 
exclusões, violências, e determinadas violações de direitos deste ou daquele cidadão, 
devemos “enfrentar” nossos próprios valores. 
 
Precisamos colocar nossos valores em pauta e em perspectiva, a todo o momento e 
pensarmos em referenciais de conduta diferentes para que possamos “testar” o nosso 
próprio referencial social. 
 
1.1. Histórico Documental dos Direitos Fundamentais 
Ao longo da história, as sociedades têm se deparado com a necessidade de 
reconhecer e proteger novos direitos. Essas concepções surgem a partir das 
transformações sociais e das demandas específicas de cada época. 
 
A expressão "direitos humanos", que foi gradualmente adotada, sempre foi alvo de 
polêmica devido à ampla gama de significados que pode abranger. Essa amplitude pode 
dificultar o reconhecimento e a efetiva proteção desses direitos. 
 
Antes de prosseguir na abordagem dos direitos humanos, é importante estabelecer 
uma distinção entre esse conceito e o de direitos fundamentais. Embora não sejam 
idênticos, os conceitos de direitos fundamentais e direitos humanos são frequentemente 
confundidos e considerados sinônimos. 
 
Direitos humanos são aqueles ligados a liberdade e a igualdade que estão 
positivados no plano internacional. Já os direitos fundamentais são os direitos humanos 
positivados na Constituição Federal. 
 
Assim, o conteúdo dos dois é essencialmente o mesmo, o que difere é o plano em 
que estão consagrados. 
 
Importante notar que o conceito de direitos humanos não nasce como uma espécie 
de “revelação à humanidade”, mas ao contrário, remete sempre ao processo histórico-
construtivo no qual eles são percebidos e posteriormente constituídos, pelas modificações 
na realidade social, política, industrial, econômica e nos demais áreas da vida humana. 
 
 
4 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os direitos humanos estão sempre em movimento e traduzem com fidelidade o seu 
tempo. Até a produção dos primeiros códigos, os governantes exerciam o poder 
despoticamente, ou seja, de forma dominadora. Os súditos não contavam com qualquer 
referência que lhes garantisse direitos. A obediência exigida era absoluta. 
 
Ainda mesmo na idade média, época na qual a sociedade era feudal, rural e agrícola, 
o direito de um soberano governar sobre um determinado povo era tido como atribuição 
divina, o que certamente constitui-se como um obstáculo para que a concepção de direitos 
humanos ganhasse corpo. 
 
Da mesma forma, a idade média foi marcada por uma sociedade organizada pelo 
feudalismo, fundamentalmente rural e agrícola, e o direito de um soberano governar sobre 
um determinado povo era tido como atribuição divina. 
 
Assim como na idade antiga, a idade média foi marcada por um hiato histórico na 
produção de conceitos relacionados aos direitos humanos, estagnando, portanto, sua 
evolução histórica à época. 
 
Os direitos humanos e os direitos humanitários são duas áreas distintas, mas inter-
relacionadas, que visam promover e proteger a dignidade e os direitos fundamentais de 
todas as pessoas. 
 
Os direitos humanos referem-se aos direitos inalienáveis que todos os seres 
humanos possuem simplesmente por serem humanos. Eles são universais, indivisíveis e 
interdependentes, abrangendo diversas áreas como a liberdade de expressão, o direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à não discriminação, à justiça,seus atos. 
 
 
38 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.2. A Postura Legal do Agente de Segurança Pública e as Limitações do Agente e 
o Abuso do Poder 
Com a investidura legal e institucional para o exercício da sua função, o agente de 
segurança pública é o representante do Estado para intervir na chamada “tranquilidade 
pública”, ou estado de ordem pública, e pode realizar tal intervenção de duas maneiras 
principais: 
 
 Preventivamente (ou profilaticamente): Atuar de maneira preventiva significa 
dizer que são planejadas e concretizadas medidas a fim de evitar que o 
desequilíbrio do estado de ordem pública cause danos e/ou consequências ao 
interesse comum; 
 
 Reativamente: Quando as ações do agente de segurança pública visam 
minimizar e/ou eliminar os danos e suas causas, desequilíbrio do estado de 
ordem pública, a fim de retomar tal estado social. 
 
A ordem pública pode ser entendida como o conjunto de valores, princípios e normas 
que se pretende sejam observados em uma sociedade. 
 
Ainda do ponto de vista mais material, você pode conceituar a ordem pública como 
sendo uma situação ocorrente em uma sociedade que resulta da disposição harmônica de 
interação entre as suas diversas esferas, permitindo que o seu funcionamento garanta a 
liberdade de todos. 
 
Dentre os poderes vinculados ao Estado, o agente de segurança pública é investido 
do Poder de Polícia, que é o princípio jurídico que legitima a ação de um agente sobre a 
ordem pública. 
 
Conforme art. 78 do Código Tributário Nacional, pode-se considerar Poder de Polícia 
“(...) a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse 
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos.” 
 
 
39 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Todo agente de segurança pública, de acordo com as atribuições da sua função e 
do seu nível hierárquico, está investidos do Poder de Polícia, e tal investidura é o limite da 
competência da autoridade pública e do exercício do seu poder. 
 
Dessa forma, na investidura do poder, o agente de segurança pública deve ter muito 
claro em seu exercício os princípios anteriormente citados, sob pena de ser penalizado por 
incidir no abuso de poder ou abuso de autoridade. 
 
Tais situações podem ser ilustradas com muita propriedade se você as pensar a 
partir do Princípio de Legalidade, que prevê que o poder só pode ser exercido diante de 
uma situação prevista em lei. 
 
As ações do agente de segurança pública ainda serão notadamente marcadas por 
três características, no decurso de sua atuação: 
 
 Discricionariedade: O agente público de segurança deverá decidir sobre a 
oportunidade e conveniência de atuação; 
 
 Coercibilidade: É a característica imperativa ou impositiva do poder, o que 
significa dizer que o ato do agente de segurança pública terá implicado o respeito 
do cidadão, sob pena de que à desobediência da ação do agente seja aplicada 
as consequências legais do desacato à função pública; 
 
 Auto executabilidade: Nos limites da sua investidura de poder, o agente de 
segurança pública pode agir de imediato, de acordo com a discricionariedade 
acima ilustrada, não necessitando da solicitação prévia. 
 
Ao passo que todos esses princípios e valores devem reger a conduta do agente de 
segurança, quando as ações extrapolam a investidura de poder do agente – por qualquer 
razão que seja, e ainda incorrem na inobservância de todos esses princípios, o agente pode 
incorrer no abuso de autoridade. 
 
 
 
 
40 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A ocorrência do abuso de autoridade não apenas pode gerar graves violações aos 
direitos humanos e ao respeito à dignidade humana, mas também prevê sanções de ordem 
administrativa, civil e penal ao agente de segurança que o cometeu, conforme prevê a lei 
nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965. 
 
 
O artigo: “A Constituição Federal, princípios e valores informadores do estado 
democrático de direito e dignidade da pessoa humana como parâmetro de 
interpretação jurídica” Disponível em: 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-constituicao-
federal-principios-e-valores-informadores-do-estado-democratico-de-direito-
e-dignidade-da-pessoa-humana-como-parametro-de-interpretacao-juridica/ 
Acesso em 10/07/2024. 
 
6.3. A Gestão Voltada à Dignidade Humana 
Um arcabouço teórico conceitual consistente é fundamental na formação de 
qualquer profissional, independente da sua área de atuação. 
 
Sabemos que a implementação de um sistema de segurança depende de uma 
estrutura operacional bastante bem planejada e complexa, prevendo equipamentos, 
treinamento especializado para os agentes de segurança, que envolve conhecimento em 
diversas áreas (estratégia, informação, atuação operacional, treinamento físico...) e para 
lidar com situações adversas, dentre outros requisitos. 
 
Mas essa estrutura, ainda que de grandes proporções, conseguirá atender a apenas 
uma parte do complexo problema da ordem social. 
 
Cada profissional carrega consigo os valores e as informações colhidos ao longo do 
seu processo de formação profissional (que se inicia com a educação formal, mas se 
estende ao longo de toda a sua carreira e sua história de exercício profissional), e utilizará 
desses valores para atuar sobre a sociedade na qual vive. 
 
 
Cada um desses profissionais é originário de um meio social, carregando valores 
com os quais se identifica e através dos quais determina no mundo à sua volta, quanto ao 
que é bom ou o que é ruim, e assim por diante. 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-constituicao-federal-principios-e-valores-informadores-do-estado-democratico-de-direito-e-dignidade-da-pessoa-humana-como-parametro-de-interpretacao-juridica/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-constituicao-federal-principios-e-valores-informadores-do-estado-democratico-de-direito-e-dignidade-da-pessoa-humana-como-parametro-de-interpretacao-juridica/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-constituicao-federal-principios-e-valores-informadores-do-estado-democratico-de-direito-e-dignidade-da-pessoa-humana-como-parametro-de-interpretacao-juridica/
 
 
41 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Se a nossa sociedade tem como norte a Dignidade da Pessoa Humana, como prevê 
a nossa Constituição Cidadã, e privilegia a promoção e proteção dos Direitos Humanos, 
deve-se ao mesmo tempo levar em conta que a efetividade dos direitos não se verifica 
simplesmente com o seu reconhecimento no ordenamento jurídico. 
 
Se o agente de segurança é responsável pelas possíveis mudanças dentro dos 
limites da sua investidura de poder, simultaneamente também é fruto da sociedade onde 
nasceu e cresceu, carregando consigo os benefícios e os problemas desse meio. 
 
Essas linhas até aqui escritas e que encerram este curso podem representar uma 
boa construção teórica no papel, mas você deve estar pensado de que forma contribuirão 
na sua atuação prática. 
 
Pois bem, esses conceitos certamente poderão permitir ao agente de segurança 
pública que não incida em erros nos extremos. 
 
A eficiência da ação do agente de segurança e os fundamentos dos Direitos 
Humanos não são incompatíveis entre si. Ao contrário,se fazem mutuamente necessários. 
 
Dessa forma, o agente de segurança não apenas deve representar o poder do 
estado, mas ao mesmo tempo carregar consigo a atitude preventiva de que a informação e 
a formação dos indivíduos sobre seus direitos são fundamentais para a concretização dos 
Direitos Humanos. 
 
Ao se falar em uma prática profissional que verdadeiramente incorpore e valorize as 
questões humanas, a DIGNIDADE HUMANA e os fundamentos relacionados aos Direitos 
Humanos se fazem especialmente importante o olhar para as diferenças, que ora pode ser 
cultural, ora socioeconômica, de forma a reconhecê-las e respeitá-las. 
 
É fundamental que políticas públicas que visem a atuação e a educação em Direitos 
Humanos estejam presentes em todos os níveis da administração pública e de forma 
transversal – seja municipal, estadual ou federal, e na segurança, saúde, educação e 
demais áreas. 
 
 
 
 
42 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
BETINI, Eduardo Maia; DUARTE, Claudia Tereza Sales. Curso de UDF: uso 
diferenciado da força. 1. ed. São Paulo: Ícone, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
BRUZACA, Ruan Didier; SOUSA, Mônica Teresa Costa (org.). Temas 
emergentes no direito internacional dos direitos humanos. 1. ed. Jundiaí: 
Paco e Littera, 2022. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
GUIMARÃES, João Alexandre Silva Alves; ALVES, Rodrigo Vitorino Souza 
(coord.). Direitos humanos: contextos e perspectivas. 1. ed. Indaiatuba, SP: 
Foco, 2022. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. 
Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
IKEDA, Cátedra Daisaki. Direitos humanos. Rio de Janeiro: Processo, 2024. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 09 jul. 
2024. 
 
MELLO, Cleyson de Moraes. Direitos humanos: da construção histórica aos 
dias atuais. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Processo, 2023. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
RODRIGUES JÚNIOR, Sérgio Assunção. O reconhecimento da proteção das 
vulnerabilidades: uma visão multidisciplinar através do olhar do direito 
coletivo e internacional dos direitos humanos. Rio de Janeiro: Processo, 
2023. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso 
em: 09 jul. 2024. 
 
SAMPAIO, José Adércio Leite. Direitos fundamentais: retórica e historicidade. 
2. ed. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2010. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
VASCONCELOS, Adaylson Wagner Sousa de (org.). Direitos humanos e 
sociedade: perspectivas, enquadramentos e desafios. 1. ed. Jundiaí, SP: Paco 
e Littera, 2021. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. 
Acesso em: 09 jul. 2024. 
 
 
 
	1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
	1.1. Histórico Documental dos Direitos Fundamentais
	1.2. As Primeiras Fontes Documentais de Afirmação de Direitos
	2. O BRASIL E OS DIREITOS HUMANOS
	1.2. A Constituição Cidadã e as questões dos Direitos Humanos
	3. CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
	3.1. Características dos Direitos Humanos
	3.2. As Gerações de Direitos Humanos
	4. OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS DIREITOS HUMANOS E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
	4.1. Princípio da Legalidade
	4.1.2. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
	4.1.3. Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade
	4.1.4. Princípio da Impessoalidade
	4.1.5. Previsões Constitucionais do artigo 37
	5. CRIMES DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS – UMA REFLEXÃO CONSTRUÍDA À PARTIR DO TRÁFICO DE PESSOAS
	5.1. Conceito de Tráfico de Pessoas
	5.2. Relações Étnico-Raciais E Violações De Direitos: Uma Construção Histórica
	6. ESFERA DE ATUAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA
	6.1. A postura legal do agente de segurança publica
	6.2. A Postura Legal do Agente de Segurança Pública e as Limitações do Agente e o Abuso do Poder
	6.3. A Gestão Voltada à Dignidade Humanaentre outros. 
 
Os direitos humanos são fundamentais para garantir a dignidade de todas as 
pessoas, independentemente de sua raça, gênero, religião, nacionalidade, entre outros 
aspectos. 
 
Já os direitos humanitários referem-se ao conjunto de princípios e normas que 
buscam proteger a vida, a saúde e a dignidade das pessoas afetadas por conflitos armados, 
desastres naturais e outras emergências. Esses direitos são regulados pelo direito 
 
 
5 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
internacional humanitário (DIH) e têm como objetivo salvar vidas, minimizar o sofrimento 
humano e garantir a assistência humanitária necessária em tempos de crise. 
 
Embora sejam áreas distintas, os direitos humanos e os direitos humanitários estão 
interligados. Os direitos humanitários emergem da necessidade de proteger as vítimas de 
conflitos ou desastres, reforçando os direitos humanos básicos. Além disso, em 
emergências, é fundamental garantir que os direitos humanos sejam respeitados e que as 
pessoas tenham acesso à assistência humanitária de forma igualitária e sem discriminação. 
 
A promoção e proteção dos direitos humanos e dos direitos humanitários são 
responsabilidades de todos os Estados, organizações internacionais, sociedade civil e 
indivíduos. É essencial que haja um compromisso contínuo para garantir a implementação 
e o respeito desses direitos, tanto em tempos de paz quanto em situações de crise. 
 
 
 
 
Comitê Internacional da Cruz Vermelha: “Direitos humanos e o DIH” 
Disponível em https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-
o-
dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%
20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-
,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo
%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra. Acesso em 09/07/2024 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
https://www.icrc.org/pt/direito-e-politicas/direitos-humanos-e-o-dih#:~:text=DIH%20e%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20em%20mat%C3%A9ria%20de%20direitos%20humanos&text=e%20da%20dignidade.-,O%20DIH%20se%20aplica%20a%20conflitos%20armados%2C%20ao%20passo%20que,e%20em%20tempos%20de%20guerra
 
 
6 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2. As Primeiras Fontes Documentais de Afirmação de Direitos 
Os primeiros códigos que fizeram referência aos direitos humanos e que neste 
capítulo serão brevemente mencionados para ilustrarem as diferentes concepções sobre a 
afirmação de direitos são: 
 
1) Código de Hamurabi; 
2) Cilindro de Ciro; 
3) Grécia Antiga. 
 
Vale mencionar que na Antiguidade, o desenvolvimento dos direitos humanos não 
foi possível porque a noção de liberdade das pessoas, que lhe é inerente, ainda não existia. 
A escravidão era vista como natural. A ideia de democracia que havia na Grécia e na Roma 
republicana vinculava o indivíduo ao Estado e o absorvia completamente. Não se concebia 
que a liberdade pudesse ir de encontro à soberania do Estado. 
 
1) Código de Hamurabi 
 
O Código de Hamurabi é um dos mais antigos conjuntos de leis escritas encontrados, 
datado da época da antiga Mesopotâmia e resultado da tradição local centrada na figura de 
um rei justo. Desta tradição também farão parte o Código de Manu e o Cilindro de Ciro. 
 
Segundo os cálculos, estima-se que tal código tenha sido elaborado pelo rei 
Hamurabi, por volta de 1.700 a. C., composto por um monumento monolítico de 46 colunas 
talhadas em pedra, onde se encontram grafadas 282 leis em escrita cuneiforma acádia. 
 
Algumas disposições importantes foram trazidas por este código, com especial 
destaque a: (1) Lei de Talião (olho por olho, dente por dente), (2) Falso testemunho, (3) 
Roubo e receptação, (4) Estupro, (5) Família e (6) Escravos. 
 
Você consegue se lembrar de algum outro código de conduta que possui algumas 
semelhanças com os princípios dessas 6 disposições do Código de Hamurabi? Essas leis 
lhe fizeram lembrar algo? Pare um pouco e pense. 
 
Se você pensou no velho testamento ou na Torá judaica, acertou! As disposições 
sobre o falso testemunho, sobre roubo, sobre a família, dentre outras, guardam muitas 
 
 
7 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
semelhanças com os conhecidos mandamentos, ainda que tais semelhanças seja alvo de 
muitas discussões, a favor e contra tal pensamento. 
 
Outro ponto importante a se notar é que o Código de Hamurabi foi o primeiro código 
a estabelecer equivalência entre a o crime e a pena aplicada. 
 
2) Cilindro de Ciro 
 
É um dos mais antigos documentos registrados na história, datando do século VI 
a.C. Feito de argila, possui grafado em escrita cuneiforme acádia uma declaração atribuída 
ao rei Aquemênida, da Pérsia. O artefato foi criado após a conquista persa da Babilônia em 
539 a.C., quando o exército persa, sob o controle do rei, invadiu e conquistou o império 
caldeu, trazendo-o para o controle do Império Persa. 
 
O Cilindro de Ciro apresentava características inovadoras, especialmente em 
relação à religião. Nele era declarada a liberdade de religião e a abolição da escravatura. 
Valorizado por seu sentido humanista, já foi descrito como a primeira declaração de direitos 
humanos. 
 
2) Grécia Antiga 
 
A Grécia Antiga também lançou bases para o reconhecimento dos direitos humanos. 
Sua primeira colaboração foi tornar a pessoa humana o centro da questão filosófica. 
 
Ao invés de valer-se exclusivamente do modelo mitológico para compreender e 
explicar os fenômenos sociais e da realidade, a explicação começa a tornar-se 
antropocentrista, ou seja, colocando o ser humano no cerne das questões, possibilitando a 
partir de então a reflexão sobre a vida humana. 
 
Além daqueles códigos já citados, que desempenharam um papel histórico em 
retratar como a afirmação de direitos era pensada em cada uma das épocas, alguns outros 
documentos trouxeram importantes avanços que, mais adiante, contribuíram para a 
conceitualização contemporânea dos direitos humanos. 
 
 
 
8 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em 1689, na Inglaterra, um documento chamado Bill of Rights, trouxe constituídos 
13 artigos que expressaram restrições ao poder estatal, regulamentação do princípio da 
legalidade, da liberdade religiosa e da imprensa. 
 
Este documento estabeleceua separação dos poderes, contrapondo dessa maneira 
o conceito de poder absoluto do soberano que governava. 
 
Em 1776, os Estados Unidos da América, através da Declaração da Virgínia, 
afirmaram o rompimento de laços com a Coroa britânica, e no mesmo ano, declararam sua 
independência, rompendo o conjunto das 13 colônias. 
 
Nesse momento histórico, os Estados Unidos da América afirmaram e confirmaram 
publicamente que os direitos à vida, à liberdade e à felicidade estavam sendo violados pelo 
rei britânico. 
 
Em 1789, na França, houve a denominada Revolução Francesa. Nesse momento, o 
povo enfurecido destitui o monarca que governava o país e proclamou a Declaração dos 
Direitos Humanos e do Cidadão. 
 
O grande lema da revolução francesa foi marcado por valores dos quais você 
certamente já ouviu falar. 
 
Você se lembra de já ter escutado a frase “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”? 
 
Sim, essa frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau (Liberté, Egalité, Fraternité) 
marcou o ideal da revolução francesa, que aboliu a servidão e os direitos feudais, e trouxe 
o momento culminante em que foram redigidos os direitos universais, intitulados 
“Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” (Déclaration des Droits de l'Homme et 
du Citoyen). 
 
Pela primeira vez na história, foi redigido um documento que afirma que toda pessoa 
é detentora de direitos, definindo, portanto, os direitos individuais e coletivos dos seres 
humanos como universais. 
 
 
 
9 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Dessa forma, a elaboração de tal documento, que possui ao todo 17 artigos, foi 
subsidiada pela ideia fundamental de que tais direitos são válidos universalmente, visto que 
se referem à própria natureza humana, e podem ser exigidos em qualquer território e a 
qualquer tempo. 
 
Muitas das ideias sintetizadas nos artigos que constituem a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão poderão ser muito familiares a você. Aqui estão transcritos alguns 
desses artigos: 
“Art.1º - Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As destinações sociais 
só podem fundamentar-se na utilidade comum (...) 
Art. 7º - Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados 
pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, 
executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer 
cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso 
contrário torna-se culpado de resistência (...) 
Art. 9º - Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar 
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá 
ser severamente reprimido pela lei. 
Art. 10º - Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões 
religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida 
pela lei (...) 
Art. 17º - Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode 
ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o 
exigir e sob condição de justa e prévia indenização.” 
 
A partir desses artigos transcritos da Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, convido você a pesquisar os demais artigos que constituem o documento e 
encontrar semelhanças das ideias trazidas por ele com o Código Constitucional Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. O BRASIL E OS DIREITOS HUMANOS 
 
Objetivo 
Conhecer a história dos Direitos Humanos no Brasil. 
Identificar as leis que tratam das questões de Direitos Humanos. 
 
Introdução 
 
A preocupação com os direitos humanos está hoje refletida nos mandatos de quase 
todas as Organizações Internacionais. O respeito a esses direitos é percebido como 
indispensável para a busca dos ideais da paz e para a promoção do desenvolvimento. Os 
Estados são, assim, responsáveis por manter progressos na realização dos direitos 
humanos mesmo em condições políticas e econômicas adversas, e não podem ser 
indiferentes a crises humanitárias que envolvam violações graves e sistemáticas às normas 
internacionais sobre o tema. 
 
Na época da sociedade colonial, ou seja, no período de 1500 a 1822, a organização 
social do Brasil baseava-se no latifúndio e utilizava a mão de obra escrava (indígena e 
africana), de forma que os direitos eram inexistentes. 
 
A partir da declaração da independência do Brasil, em 1822, o cenário social da 
época continuou sendo marcado pela permanência da exploração, com uma população 
analfabeta, uma sociedade ainda escravocrata e um Estado absolutista. 
 
Na primeira república ainda prevalecia o sistema político do coronelismo, no qual 
Coronéis, chefes políticos da área rural e representantes do poder público detêm o poder, 
marcada pela total inexistência dos direitos sociais. 
 
Em 1937, a decretação do Estado Novo inaugura o populismo, momento no qual o 
governante atende a parte das necessidades populares, mas não incentiva a participação 
política, mantendo-se dessa forma o sistema político centralizador e excludente. 
 
A esta altura, você deve estar reparando algumas semelhanças entre esses 
momentos históricos do Brasil, há mais de cem anos atrás, e os tempos atuais. 
 
 
 
11 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Apesar da paulatina democratização da informação, através do aumento dos meios 
de acesso – marcadamente o acesso à internet, será mesmo que o populismo como 
estratégia política, principalmente nas regiões mais periféricas e carentes de recursos no 
nosso país, permanece simples e comumente uma lembrança de um determinado momento 
histórico do país? 
 
Não obstante às semelhanças, o período entre 1946 a 1964 foi marcado pela volta 
das eleições, e a promulgação de uma nova Constituição (1946) manteve as conquistas 
sociais do período anterior, garantindo os direitos civis e políticos, a liberdade de imprensa 
e a organização política, ainda que fossem relativas em razão do contexto de guerra. 
 
Já em 1964 houve a tomada de poder pelos militares, e com o apoio de alguns 
setores da sociedade civil, foram instalados, por 21 anos, governos ditatoriais, em um ato 
conhecido como AI-5, ou Ato Inconstitucional nº 5. 
 
Nessa época, o direito ao habeas corpus foi suspenso. A privacidade do lar e da 
correspondência era violada impunemente. As prisões foram feitas sem mandado judicial. 
Os presos foram mantidos isolados e incomunicáveis, sem qualquer direito a defesa. 
 
Vale mencionar que os fatos históricos indicam que os direitos humanos surgem 
mais marcadamente como tema de interesse público e político apenas neste momento, no 
contexto das lutas contra a ditadura militar (1964-1985), e naturalmente com forte subsídio 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e em seus desdobramentos. 
 
1.2. A Constituição Cidadã e as questões dos Direitos Humanos 
Em 1988 foi finalmente decretada a Constituição Brasileira de 1988, a 5ª Constituição 
do país. 
 
Através deste diploma legal foram trazidos importantes avanços sociais e 
trabalhistas. Alguns dos conceitos trazidos por este diploma ditam que: 
 “Todos são iguais perante a lei”; 
 “São invioláveis o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade”; 
 
 
12 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 “São direitos sociais: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, cultura, 
previdência social, proteção à maternidade, à infância e assistência aos 
desamparados”. 
 
A partir da aprovação da Constituição Brasileira de 1988, também conhecida como 
“Constituição Cidadã”, os Direitos Humanos foram efetivamenteassumidos como Política 
de Estado no Brasil. 
 
A Constituição atribui ao Estado a tarefa de promover, mediante políticas públicas, a 
universalização do acesso aos direitos econômicos, sociais, políticos e culturais e de 
elaborar e executar políticas que assegurem a distribuição equitativa do direito à educação, 
à saúde, à habitação, ao transporte público, ao meio ambiente saudável, ao lazer e à livre 
produção cultural, metas que foram afinadas com a agenda internacional dos direitos 
humanos e com os Objetivos do Milênio, da Organização das Nações Unidas. 
 
 
 
A Constituição ainda afirma que a República Federativa do Brasil constitui um 
Estado democrático de direito, fundado, além da soberania e da cidadania, na 
dignidade da pessoa humana e no pluralismo político. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento mais traduzido do 
mundo - já foi traduzido para mais de 360 idiomas, tendo servido como fonte para 
a elaboração das constituições de muitos Estados e de democracias mais 
recentes. 
 
 
 
A Carta Internacional dos Direitos Humanos é composta pelo Pacto Internacional 
dos Direitos Civis e Políticos, seus dois Protocolos Opcionais, e pelo Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, juntamente com seu 
Protocolo Opcional. Esses documentos representam um conjunto abrangente de 
direitos e liberdades fundamentais reconhecidos internacionalmente. 
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos protege uma ampla gama de 
direitos civis e políticos, como o direito à vida, à liberdade de expressão, de 
religião, de associação e de participação política. Seus Protocolos Opcionais 
estabelecem mecanismos para a apresentação de queixas individuais à Comissão 
de Direitos Humanos e para a abolição da pena de morte. 
Por outro lado, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
assegura direitos relacionados a padrões de vida adequados, incluindo o direito 
 
 
13 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ao trabalho, à segurança social, à saúde, à educação e à cultura. Seu Protocolo 
Opcional permite que indivíduos e grupos submetam queixas de violações desses 
direitos ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
Esses documentos refletem o reconhecimento global da importância dos direitos 
humanos e da necessidade de protegê-los em níveis civil, político, econômico, 
social e cultural. 
A Carta Internacional dos Direitos Humanos é um marco significativo no 
desenvolvimento do direito internacional dos direitos humanos e serve como 
referência fundamental para a promoção e proteção dos direitos humanos em 
todo o mundo. 
Além da Declaração dos Direitos Humanos, uma série de outros tratados 
internacionais de direitos humanos merecem destaque no campo do direito 
internacional dos direitos humanos, dentre os quais podem ser mencionados a 
Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), a 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da 
Criança (1989) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
(2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURAÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
Objetivo 
Conhecer características ou qualidades dos Direitos Humanos. Identificar a 
classificação dos Direitos Humanos em gerações. 
 
Introdução 
 
Conforme solenemente proclamado na Conferência Mundial dos Direitos Humanos 
de Viena (1993): 
 
“Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados. A comunidade 
internacional deve tratar dos direitos humanos globalmente, de 
modo justo e equitativo, com o mesmo fundamento e a mesma 
ênfase. Levando em conta a importância das particularidades 
nacionais e regionais, bem como os diferentes elementos de 
base históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados, 
independentemente de seus sistemas políticos, econômicos e 
culturais, promover e proteger todos os direitos humanos e as 
liberdades fundamentais.” 
 
Depois da conceituação histórica que você estudou no texto anterior, você 
aprofundará o estudo sobre as características básicas - ou qualidades - dos direitos 
humanos e a sua estruturação. 
 
3.1. Características dos Direitos Humanos 
Se no esteio dos séculos XX e XXI foram e continuam sendo apresentados grandes 
progressos científicos e tecnológicos, em velocidade cada vez mais rápida, também foram 
séculos que deixaram trágicas marcas históricas. Ao mesmo tempo, foram paradoxalmente 
apresentadas marcas muito grande de destruição e crueldade. 
 
 
 
 
15 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mesmo considerando-se os avanços registrados nas últimas décadas na proteção 
internacional dos direitos humanos, graves e maciças violações aos direitos humanos 
continuam persistindo. 
 
As violações mais “frequentes”, em particular de alguns direitos civis e políticos 
(como o da liberdade de pensamento, de expressão e da informação), que continuam 
ocorrendo, infelizmente têm se avolumado à graves discriminações, que se sucedem com 
foco em bases étnicas, de nacionalidade, de religião ou até mesmo linguística. Além, é 
claro, das violações de direitos fundamentais e do direito internacional humanitário. 
 
A tese da indivisibilidade dos direitos humanos é aceita de forma bastante 
maciça, de forma que só se pode conceber a promoção e a proteção dos direitos 
humanos a partir de uma concepção integral do conjunto desses direitos. 
 
Ainda de acordo com essa ideia, Comparato (1989) afirma que, quanto aos princípios 
estruturais dos direitos humanos, eles são de duas espécies: irrevogáveis e 
complementares de maneira solidária. 
 
Assim, existem nove características ou qualidades dos Direitos Humanos que podem 
ser destacadas, e que merecem que você as compreenda mais atentamente. São elas: 
 
Qualidades dos Direitos Humanos: 
 
1. Imprescritibilidade 
2. Inalienabilidade 
3. Irrenunciabilidade 
4. Inviolabilidade 
5. Universalidade 
6. Efetividade 
7. Indivisibilidade 
8. Interdependência 
9. Historicidade 
 
 
Você pode dessa forma afirmar que os direitos humanos são: 
 
 
16 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
1. Imprescritíveis: Os Direitos Humanos não se perdem pelo decurso de prazo. Se 
são sempre exercíveis e, portanto, passíveis de serem exercidos, não há que se falar de 
qualquer intercorrência relacionada ao não-exercício que fundamente sua eventual perda 
por prescrição; 
 
2. Inalienáveis: Os Direitos Humanos não se transferem de uma pessoa para outra. 
São direitos que não são de conteúdo econômico-patrimonial, portanto intransferíveis e 
inegociáveis. Se a ordem constitucional confere tais direitos a todos, não há dessa forma 
como serem desfeitos; 
 
3. Irrenunciáveis: Não se pode renunciar a Direitos Humanos, sob qualquer 
justificativa. Alguns deles podem não ser exercidos eventualmente, entretanto não se pode 
aceitar que eles sejam renunciados; 
 
4. Invioláveis: Sob nenhuma lei ou justificativa os Direitos Humanos podem ser 
desrespeitados; 
 
5. Universais: Os Direitos Humanos se aplicam a toda pessoa humana; 
 
6. Efetivos: Os Direitos Humanos não são satisfeitos apenas com o reconhecimento 
abstrato de que eles existem. Eles devem ser efetivados; 
 
7. Indivisíveis: Os Direitos Humanos devem ser interpretados de forma conjunta, 
não cabendo interpretações ou leituras que dissociem o conjuntodesses direitos; 
 
8. Interdependentes: As leis constitucionais e infraconstitucionais não podem 
chocar-se com os direitos fundamentais. Ao contrário, devem relacionar-se com eles; 
 
9. Históricos: Foram e continuam sendo construídos através do processo histórico. 
 
 
 
 
 
 
 
17 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.2. As Gerações de Direitos Humanos 
Após o estudo das sucessões históricas que alteraram as garantias de direitos, você 
agora estudará as chamadas Gerações de Direitos Humanos. 
 
A classificação dos Direitos Humanos em gerações foi proposta por Karel Vasak, em 
1979, na ocasião de uma conferência do Instituto Internacional de Direitos Humanos, com 
forte inspiração no lema da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade). 
 
Atualmente são consolidadas 4 gerações de direitos humanos, e ainda uma 5ª 
geração. 
A primeira geração de direitos humanos, também conhecida como direitos civis e 
políticos, surgiu no final do século XVIII e início do século XIX, após a Revolução Francesa 
e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esses direitos incluem a liberdade 
de expressão, o direito à vida, à igualdade perante a lei, entre outros. 
A segunda geração de direitos humanos, conhecida como direitos econômicos, 
sociais e culturais, emergiu no século XX, após as lutas trabalhistas e a criação de sistemas 
de proteção social. Eles abrangem direitos como o acesso à saúde, educação, moradia 
adequada, emprego digno, entre outros. Esses direitos visam garantir condições de vida 
dignas para todos os indivíduos. 
A terceira geração de direitos humanos, também chamada de direitos de 
solidariedade, surgiu na segunda metade do século XX, com foco na proteção dos direitos 
coletivos e difusos. Esses direitos incluem o direito ao desenvolvimento sustentável, ao 
meio ambiente saudável, à paz, à autodeterminação dos povos, entre outros. Eles refletem 
a necessidade de um mundo mais justo e equitativo, no qual os interesses coletivos sejam 
levados em consideração. 
A quarta geração de direitos humanos, embora não seja amplamente aceita ou 
consolidada, refere-se aos direitos relacionados à era digital e às tecnologias da 
informação. À medida que a sociedade se torna cada vez mais conectada e dependente de 
tecnologia, surgem questões sobre privacidade, acesso à internet, proteção de dados, entre 
outros. Esses direitos ainda estão em fase de desenvolvimento e discussão, à medida que 
a sociedade se adapta às rápidas mudanças tecnológicas. 
 
 
 
18 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A quinta geração de direitos humanos refere-se a um conjunto de direitos que 
emergiram no contexto da sociedade globalizada e tecnologicamente avançada. 
O direito à paz e segurança global reconhece que todas as pessoas têm o direito de 
viver em um mundo livre de conflitos e violência. Isso implica em promover a diplomacia, a 
mediação de conflitos e a cooperação internacional para prevenir e resolver conflitos, bem 
como garantir a proteção da população em situações de guerra e conflitos armados. 
O direito à autodeterminação dos povos reconhece o direito de cada povo de 
determinar livremente seu status político, econômico, social e cultural, sem interferência 
externa. Isso implica em respeitar a diversidade cultural e promover a participação ativa dos 
povos na tomada de decisões que os afetam. 
O direito à comunicação e informação reconhece o acesso livre e igualitário à 
informação como um direito. 
 
Apesar dessa sistematização, é importante salientar que a divisão dos direitos 
humanos em gerações não implica em hierarquização desses valores ou direitos, mas 
somente corresponde ao reconhecimento em dado momento histórico e em determinados 
ordenamentos jurídicos. 
 
Você se recorda da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), estudada 
no final do capítulo anterior? Você consegue reconhecer nela quais são os direitos 
individuais e sociais que ali existem previstos? Abaixo estão mencionados alguns 
exemplos. 
 
Os artigos 1 ao 21 são tradicionalmente denominados de direitos e garantias 
individuais, ou classificados como direitos humanos de primeira geração. 
 
Já os artigos de 22 a 28 contemplam os direitos econômicos, sociais e culturais, ou 
os denominados direitos sociais do homem, também conhecidos como direitos humanos 
de segunda geração. 
 
O artigo 29 trata dos deveres do indivíduo com a comunidade, classificando-se como 
direitos humanos de terceira geração. 
 
 
 
19 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Por fim, o artigo 30 menciona que a interpretação de qualquer dispositivo contido na 
Declaração somente pode ser feita em benefício dos direitos e das liberdades nela 
proclamados. 
 
 
Violações de Direitos Humanos: Trabalho forçado, escravidão moderna e tráfico 
de pessoas https://www.ilo.org/topics/forced-labour-modern-slavery-and-
trafficking-persons acesso 10/07/2024 
 
 
 
 
Após os estudos sobre a história dos direitos humanos, suas estruturas e 
características, e as denominadas Gerações dos Direitos, é fundamental que por fim, você 
possa refletir sobre a efetividade desses direitos. 
 
O valor maior colocado pelo cumprimento da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos é moral, de forma que os Estados sigam e internalizem as diretrizes do 
documento, ainda que os direitos e liberdades que nele estão expressos já são princípios 
gerais de direito. 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um conjunto de recomendações 
comumente qualificada como “proclamação”. 
 
Inúmeros obstáculos existem e ainda persistem. A sensibilidade com as questões e 
os sofrimentos humanos. Um olhar que não seja, à priori, imbuído e carregado de valores 
e ideais moralistas e de julgamento, em detrimento à percepção de que o contato com um 
fenômeno social e humano demanda muito mais de cada um de nós. 
 
Da mesma forma, não se pode reduzir a questão dos direitos humanos à uma visão 
jurista operativa. 
Isso não apenas reduziria as questões humanas a um conjunto teórico, enquanto 
cada um de nós tropeça cotidianamente em violações de direitos fundamentais. Outro ponto 
relevante é a garantia de efetividade do conjunto dos direitos humanos. 
 
 
https://www.ilo.org/topics/forced-labour-modern-slavery-and-trafficking-persons
https://www.ilo.org/topics/forced-labour-modern-slavery-and-trafficking-persons
 
 
20 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS DIREITOS HUMANOS E 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Objetivo 
Conhecer os princípios que norteiam os Direitos Humanos. 
Identificar a importância dos princípios no exercício profissional da administração 
pública. 
 
Introdução 
 
Depois da conceituação histórica que você estudou, você aprofundará o estudo 
sobre alguns princípios do direito que são norteadores e merecem destaque no exercício 
profissional da administração pública, correlacionando mais adiante tais princípios com as 
questões dos Direitos Humanos. 
 
Você se lembra de que os Direitos Humanos não podem ser divididos? Que os 
Direitos Humanos são uma unidade? 
 
Afinal, a liberdade e a igualdade não são dois pilares fundamentais da prática dos 
direitos humanos? 
 
4.1. Princípio da Legalidade 
Como o próprio nome diz, o princípio da Legalidade significa a submissão e o 
respeito à lei. 
 
O princípio da legalidade está presente em todas as constituições elaboradas no 
Brasil. 
 Constituição Política do Império do Brasil, de 1824; 
 Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1891; 
 Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1934; 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1937; 
 Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1946; 
 Constituição da República Federativa do Brasil, de 1967; 
 Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. 
 
 
21 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O princípio da legalidade guarda para o ente privado a prerrogativa de que é possível 
fazer, tudo o que a lei não proíbe. Já o agente público, representante da administração 
pública, poderá apenas fazer o que a lei autoriza ou determina. 
Esse princípio tem como objetivo principal garantir a segurança jurídica e a 
previsibilidade das ações estatais, assegurando que os cidadãos possam conhecer com 
antecedência quais são suas obrigações e quais são seus direitos. Além disso, o princípio 
da legalidade também impede o abuso de poder, estabelecendo limites claros para a 
atuação do Estado e de seus agentes. 
No âmbito penal, o princípio da legalidade é ainda mais rigoroso e é conhecido como 
princípio da reserva legal. Isso significa que apenas a lei, e não qualquer outra fonte 
normativa, pode definir quais são os crimes e suas respectivas sanções. Ninguém pode ser 
punido ou ter seus direitos restringidos senão em virtude de lei anterior que assim o 
estabeleça. 
Em resumo, o princípio da legalidade é um dos pilares fundamentais do Estado de 
Direito e garante a segurança jurídica, a previsibilidade das ações estatais e impede o 
abuso de poder. Ele estabelece que ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer 
algo, senão em virtude de uma lei previamente estabelecida. 
 
Esse princípio aplicado à administração pública guarda ao agente público uma forma 
muito mais restritiva em relação àquela aplicável à conduta de um ente particular. 
 
Isso significa dizer que na atuação da administração pública não é suficiente a 
inexistência de uma proibição legal, mas é necessária a existência de determinação ou 
autorização da atuação administrativa na lei. 
 
Se tal forma legal impõe ao exercício do agente público algumas restrições, também 
representa àqueles que se valerão dos serviços da administração pública uma garantia 
constitucional, tendo em vista que a atuação da administração estará limitada ao disposto 
pela lei. 
 
Você se lembra de ter estudado anteriormente de que apenas e tão somente a lei 
cria obrigações para o indivíduo? 
 
 
 
22 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É essa a previsão do princípio de legalidade, constante no inciso II do artigo 5° da 
Constituição, que foi responsável por criar um mecanismo visando essencialmente 
combater o poder arbitrário do Estado. Vale dizer que o princípio da legalidade é a base 
fundamental do Estado democrático de Direito. 
 
No tocante aos Direitos Humanos, alguns princípios que também coadunam com o 
princípio da legalidade são: 
 
 Princípio da prevalência dos Direitos Humanos; 
 Princípio in dúbio pro Direitos Humanos (interpretação favorável); 
 Princípio da taxatividade (reserva objetiva de direitos fundamentais). 
 
4.1.2. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
A Constituição Brasileira de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, 
afirma que a República Federativa do Brasil constitui um Estado democrático de direito, 
fundado, além da soberania e da cidadania, na dignidade da pessoa humana. 
 
Dessa forma, tal princípio pode ser tido como um “guia” para o ordenamento jurídico. 
Logo de início, no 1º artigo redigido na Constituição Cidadã, pode-se conferir: 
 
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: 
I. a soberania; 
II. a cidadania; 
III. a dignidade da pessoa humana; 
IV. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V. O pluralismo político.” 
 
 
Mas não apenas a constituição brasileira tem tal valor como prerrogativa essencial. 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, também inaugura os seus trinta 
artigos com o seguinte texto: 
 
“Art. 1º Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São 
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade.” 
 
 
 
 
23 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.1.3. Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade 
Quando você leu sobre a Declaração do Homem e do Cidadão, você se recorda uma 
das grandes contribuições históricas deste documento? 
 
Retomando o conteúdo da aula 1, pela primeira vez na história, foi redigido um 
documento afirmando que toda pessoa é detentora de direitos, definindo dessa forma os 
direitos individuais e coletivos dos seres humanos como universais. 
 
Diante disto, quais são os principais pilares dos direitos individuais? Você se 
recorda? 
 
- Caso você tenha dito a liberdade e a igualdade, acertou! 
 
É por conta desses conceitos, hoje concretizados no princípio da isonomia ou 
princípio da igualdade, que insurge a ideia de que todos são iguais perante a lei. 
 
Ou melhor, dizendo, a lei deverá ser igual para todos, independentemente da classe 
socioeconômica ou de discriminações relacionadas às questões de gênero, raça e/ou etnia. 
 
O princípio de isonomia ou princípio da igualdade são equivalentes e presentes nas 
constituições de muitos países. Na Constituição Brasileira, podemos encontrar a menção 
textual no artigo 5º. 
 
Da mesma forma como acontece com o princípio de Legalidade, no que se refere 
aos Direitos Humanos, alguns princípios que também coadunam com o Princípio da 
Isonomia e da Igualdade. São eles: 
 
 Princípio da Proibição de Discriminação (racial, status social, sexo, idade); 
 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (para todos os processos e 
procedimentos). 
 
 
 
 
 
 
24 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.1.4. Princípio da Impessoalidade 
Você já foi alguma vez atendido em algum serviço público em que lhe foi sugerido 
de que algum benefício dado ao agente público poderia eventualmente favorecer ou agilizar 
o seu requerimento? 
 
Apesar de abusiva e desrespeitosa, essa situação não é estranha à totalidade da 
população. Mesmo diante da progressiva profissionalização do atendimento no serviço 
público, um país de dimensões continentais como o Brasil não goza das mesmas condições 
em toda a sua territorialidade. 
 
O princípio da impessoalidade diz respeito à conduta do agente público em sua 
função, de forma que os atos praticados pelo agente público não podem visar o benefício 
pessoal. 
 
Dessa forma, todo o ato da administração pública deve obedecer a um objetivo legal, 
impessoal, não podendo ser realizado por mera liberalidade do administrador público, 
motivado pelo interesse pessoal de qualquer ordem: desapreço a um membro da 
sociedade, favorecimento a um membro ou determinado grupo, objetivos de 
enriquecimento pessoal. 
 
Este princípio está previsto na Constituição Federal com a seguinte redação: 
 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: (...) 
 
 
Ou ainda, de igual forma: 
 
“Art. 111. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos 
Poderes do Estado, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação, interesse público e 
eficiência (...)” 
 
Você consegue imaginar a prática dos direitos humanos a partir deste princípio?Você se recorda das qualidades dos Direitos Humanos? 
 
 
25 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Se os Direitos Humanos são efetivos, indivisíveis, invioláveis (dentre outras 
características), existiria a possibilidade de se pensar na defesa dos direitos humanos, de 
forma integral, sem a efetiva aplicabilidade do princípio da impessoalidade? 
 
4.1.5. Previsões Constitucionais do artigo 37 
Você se recorda que, de acordo com o princípio da legalidade, a administração 
pública poderá apenas fazer o que a lei determina? 
 
Dessa forma, para que as diversas instâncias da administração pública – seja 
Municipal, estadual ou Federal – sigam os princípios aqui estudados por você, deverá ser 
realizada em texto constitucional uma menção para tanto. 
 
Conforme você pode conferir na citação da constituição presente no item anterior, o 
artigo 37 da Constituição Federal traz a menção textual de que a administração pública de 
todos os poderes, seja da União, Estados ou ainda dos Municípios, deverão obedecer a 
cada um dos princípios mencionados no artigo, e alguns dos quais explanados. 
 
 
 
 O artigo 5° da Constituição Federal 
 O artigo 37 da Constituição Federal 
 
 
 
 
 
 
Conforme o texto constitucional, todos os atos da administração pública, seja ela 
municipal, estadual ou federal, deverão obrigatoriamente observar os seguintes 
princípios: 
 Princípio da Legalidade; 
 Princípio da Impessoalidade; 
 Princípio da Moralidade; 
 Princípio da Publicidade; 
 Princípio da Eficiência. 
Não obstante a aplicabilidade destes princípios nos atos públicos, o artigo ainda 
regula sobre os meios de entrada para o exercício de uma função ou cargo 
 
 
26 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
público, que de acordo com o texto, aos quais os cidadãos poderão ter acesso por 
meio de concurso público, destinado a prover vagas funcionais específicas, ou 
ainda ocupar os cargos chamados de “Confiança” ou “Cargos de Comissão”, esses 
de investidura da autoridade que dirige a instituição, restritos, conforme o texto, 
às atribuição de direção, chefia e assessoramento. 
 
 
 
 
27 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. CRIMES DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS – UMA 
REFLEXÃO CONSTRUÍDA À PARTIR DO TRÁFICO DE PESSOAS 
 
Objetivo 
Identificar os crimes de Violação dos Direitos Humanos. 
Conhecer o conceito de Tráfico de Pessoas. 
 
Introdução 
 
Inúmeros fenômenos sociais (criminosos) ou até mesmo ações do Estado (ou a 
prevaricação ou ausência do Estado em algumas situações) podem apresentar violações 
aos Direitos Humanos, matéria que você pôde estudar até este momento. 
 
Dentro do nosso sistema econômico capitalista, qualquer um de nós pode comprar 
um bem de consumo, seja uma cadeira, um relógio, ou até mesmo um avião. Basta você 
dispor da quantia de dinheiro necessária. É notório que as sociedades globalizadas 
capitalistas valorizam sobremaneira o “ter”, ou ser proprietário de algo. 
 
Mas você já pensou em comprar uma pessoa? O Ser Humano é passível de ser 
comercializado? 
 
Infelizmente, se você respondeu negativamente a esta última pergunta, errou. 
 
Se não fosse possível “comercializar” Seres Humanos, não teríamos tantas grifes de 
roupas que nas lojas e nas vitrines ostentam sua fama e seu status, mas guardam oculta 
toda a mão-de-obra que trabalhou em regime de escravidão e de severas violações de 
direitos para que as peças fossem produzidas e estivessem expostas nas araras e nas 
vitrines. 
 
Se não fosse possível “comercializar” Seres Humanos, o mercado do sexo não 
estaria tão abastecido de mulheres, crianças, transexuais e travestis, cada qual com um 
preço de mercado de acordo com a sua idade, sua estética e outros atributos, que são 
vendidos para serem comercializados à satisfazerem os desejos de outras pessoas, 
prontas para consumi-los. 
 
 
 
28 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Se não fosse possível “comercializar” Seres Humanos, também não existiria um 
aquecido mercado de comercialização de órgãos humanos, abastecido de forma ilegal e 
colocando em risco a vida de qualquer pessoa que por alguma razão foi levada ou coagida 
a vender um rim ou outra parte de seu corpo. 
 
Como você pode perceber, esse crime que reduz a vida humana à situação de 
“coisa”, de algo que pode ser vendido e comprado como um outro bem de consumo 
qualquer, poderia verdadeiramente ser chamado de “Comércio de Vidas”. 
 
5.1. Conceito de Tráfico de Pessoas 
Conforme a definição do protocolo adicional da Convenção das Nações Unidas 
Contra o Crime Organizado, chamado Protocolo de Palermo e assinado pelos países-
membros em 1999, esse crime é intitulado Tráfico de Pessoas, e ainda, segundo a própria 
ONU, um dos mais violentos atentados à dignidade humana e, portanto, aos direitos 
humanos. 
 
Se a humanidade já foi capaz de produzir o holocausto, que dizimou de forma 
covarde, cruel e inescrupulosa milhões de judeus, o comércio de escravos, e outros crimes 
que devem permanecer vivos no processo histórico para que não nos esqueçamos das 
maiores atrocidades cometidas, como devemos nos posicionar diante das violências e dos 
desrespeitos “menores”, cometidos nas situações da vida cotidiana e nos diversos locais 
por onde circulamos? 
 
É importante salientar a partir das situações envolvendo o Tráfico de Pessoas, que 
serão expostas adiante, que até mesmo esses crimes contra a humanidade, que envolvem 
grandes dimensões de poder e corrupção para que ocorram, também são alimentados por 
situações da vida cotidiana, presentes ao alcance de cada um de nós. 
 
Segundo a definição trazida pelo Protocolo de Palermo, Tráfico de Pessoas significa: 
 
“(...) o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento 
de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, 
ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de 
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter 
o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de 
exploração.” 
 
 
 
29 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A partir dessa definição, convido você a dissecá-la a fim de que seja possível refletir 
sobre as situações envolvendo esta modalidade criminosa que gravemente viola qualquer 
possibilidade de acesso aos direitos humanos. 
 
Conforme as primeiras linhas da definição, que se refere ao “(...) recrutamento, o 
transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas (...)”, você pode 
imediatamente perceber: 
 
a) A existência e descrição de fases que ocorrem na prática deste crime. Simplificando-
as, é possível categorizá-las como: 
 
(1) A etapa do recrutamento, 
(2) a etapa do transporte, e 
(3) a etapa da exploração, propriamente dita; 
 
b) Ao mesmo tempo que contemplar essas etapas significa referir-se a uma 
complexidade de situações nas quais esse crime ocorre, denota ao mesmo tempo 
uma complexa REDE DE ATUAÇÃO, com papéis e responsabilidades de inúmeros 
atores do crime, que operacionalizam cada qual uma etapa da prática criminosa. 
Ora, aqui pode-se referir não a uma prática pontual e eventual deste ou daquele ator 
envolvido no processo criminoso, mas sim a trama de uma REDE CRIMINOSA, ou 
seja, ao CRIME ORGANIZADO. 
 
A definição trazida pelo Protocolo de Palermo menciona: 
 
“(...) recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de 
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à 
situação de vulnerabilidade ou à entregaou aceitação de pagamentos 
ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha 
autoridade sobre outra (...)”. 
 
Mas a que isso se refere exatamente? 
 
Pois bem, quando a definição se refere ao engano, ao abuso de autoridade, formas 
de coação, e/ou a situações de vulnerabilidade, ela está remetendo o leitor não apenas à 
 
 
30 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
situação de engodo e engano, ou ao famoso jargão “171”, com referência ao artigo do 
código penal brasileiro que se refere ao engano como forma de obter vantagem ilícita, mas 
a uma grande massa populacional marginal: À margem do acesso à educação que a torne 
efetivamente um sujeito de direitos, à margem do acesso aos serviços básicos de saúde, 
de moradia, muitas vezes de acesso à alimentação ou até mesmo à água potável, e muito 
frequentemente daquela parte da população que está à margem da sociedade pelo viés do 
preconceito e da rejeição (frutos primeiros da incompreensão), como ocorre com as 
travestis e transexuais, e até mesmo com a população sujeitada ao racismo. 
 
O Tráfico de Pessoas figura no ranking dos 3 crimes mais lucrativos da 
economia criminosa do planeta. Apenas em uma das várias modalidades possíveis, 
os dados apresentados pela ONU estimam que o Tráfico de Pessoas movimente 
próximo a US$ 32 bilhões/ano. 
 
Por fim, a definição do Protocolo de Palermo ainda faz referência a “(...) para fins de 
exploração.”. 
 
Se o objeto do Tráfico de Pessoas é o próprio Ser Humano, a forma como ele se 
tornará produto é exatamente o tal “fim de exploração”, ou as modalidades como esta 
prática criminosa tomará forma, mencionadas na tabela a seguir. 
 
Modalidades do Tráfico de pessoas: 
 
1. Exploração Sexual; 
2. Exploração da mão-de-obra em regime análogo à escravidão; 
3. Remoção ilegal de órgãos; 
4. Adoção ilegal; 
5. Servidão doméstica; 
6. Outros tipos de exploração. 
 
Cada uma dessas modalidades guarda características próprias, especificidades 
quanto ao “produto”, ou seja, com relação às pessoas que serão aliciadas e exploradas 
pelas redes criminosas. 
 
 
31 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Entretanto, todas as modalidades do Tráfico de Pessoas, assim como das outras 
modalidades de Tráfico (drogas e armas) e de tantos outros crimes que são duros casos 
de agressiva violação aos direitos humanos, guardam em comum um objetivo, ou a sua 
finalidade última. Você pode imaginar qual seja essa finalidade? 
 
- Para essa pergunta não há resposta mais direta do que o LUCRO FINANCEIRO. 
 
Em outras palavras, significa gerar dinheiro a partir de uma economia de mercado, 
através da exploração de um produto, que neste caso é o próprio Ser Humano, levado a 
condições últimas de exploração e violência para gerar o maior lucro possível a partir das 
suas possibilidades: Trabalhando em lavouras, canaviais ou em oficinas de produção têxtil 
para grandes marcas, escravizados no mercado do sexo, vendendo órgãos do seu próprio 
corpo. 
 
Mas de que forma, afinal, isso é possível? 
 
Destituir um Ser Humano da sua condição de sujeito de direitos civis, políticos, 
econômicos, sociais e culturais para vendê-los? 
 
Mas para quem? 
 
Eis a pergunta que finaliza este capítulo, questionando que a possibilidade de um 
mercado bilionário como esse só existe enquanto houver igual demanda de mercado. Ou 
seja, pessoas que efetivamente consumam outras pessoas como produto, direta ou 
indiretamente, tendo ou não conhecimento sobre tal situação de exploração. 
 
Afinal, deve-se pensar quem é o consumidor das grandes marcas que se utilizam de 
mão de obra escrava em seu processo produtivo? Você já tentou alguma vez realizar uma 
busca na internet e descobrir se alguma das marcas que você consome e estão presentes 
no seu guarda-roupas ou na dispensa de sua casa se utiliza de mão de obra escrava? 
 
Tal mercado ainda persistirá e continuará a existir enquanto cada um dos grupos 
sociais dos quais nós fazemos parte e com os quais guardamos identificação de valores 
que acabarão por sua vez constituindo a nossa identidade pessoal – seja família, trabalho, 
grupos de amigos ou outros, em maior ou menor escala, persistirem em manter vivos os 
 
 
32 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
preconceitos e as incompreensões sobre outros grupos sociais, negando-lhes da mesma 
forma sua condição de sujeito de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. 
 
Que tal você pensar sobre o preconceito sobre a população negra? 
 
E quanto as mulheres? Elas já estão com os seus direitos garantidos em pé de 
igualdade àqueles garantidos aos homens? 
 
E quanto ao lugar ocupado pelas travestis e transexuais em nossa sociedade? 
 
Em todos os casos, torna potenciais vítimas do mercado de vidas! 
 
5.2. Relações Étnico-Raciais E Violações De Direitos: Uma Construção Histórica 
O Brasil parece ser um país onde é possível se pensar uma civilização “natural” e 
harmoniosamente miscigenada, tendo sua história marcada pela mistura étnica de brancos, 
negros e índios. 
 
Mas apesar disso, estima-se que houve no Brasil a importação aproximada de 5 
milhões de africanos para abastecer o mercado de trabalho, até a abolição do trabalho 
escravo, e não obstante, o Brasil também foi o último país do mundo a abolir o trabalho 
escravo de pessoas de origem africana, em 1888, através da Lei Áurea. 
 
O que você observa e vivencia cotidianamente? 
 
As diferenças que existem entre as pessoas (cor da pele, gênero 
(feminino/masculino/transgênero), ser mais “bonita” ou não tão “bonita” …) são irrelevantes 
na vida cotidiana de cada um de nós? 
 
Convido você a refletir sobre as relações no mundo do trabalho. 
 
Imagine que uma incorporadora de imóveis de alto padrão necessita de uma 
recepcionista para uma nova unidade de vendas, ou ainda uma nova loja de automóveis 
exclusivos e de alto padrão igualmente necessitando de uma recepcionista. Quais serão os 
 
 
33 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
critérios requeridos para a vaga, e que certamente serão levados em consideração pelo 
departamento responsável pelo processo de seleção da funcionária? 
 
Você conseguiu imaginar? Alguns critérios serão essenciais para encontrar o perfil 
da nova profissional: Fluência e facilidade de comunicação, eventualmente fluência em um 
idioma estrangeiro, organização, capacidade de concentração caso a profissional também 
vá exercer atividades de secretariado. 
 
Esses serão os critérios utilizados para a seleção dos currículos das profissionais. 
Entretanto, qual é a probabilidade de que sejam utilizados outros critérios, mais subjetivos, 
para encontrar a profissional ambicionada pela empresa? 
 
Com bastante certeza, ouso mencionar que critérios como altura, cor da pele, beleza 
conceituada e percebida através de determinados padrões estéticos, idade, dentre outros 
critérios que eventualmente não estarão formalmente descritos na ficha do selecionador, 
serão levados em consideração para escolher a profissional “correta”. 
 
Historicamente, apenas em 1952 pode-se verificar uma lei que efetivamente 
reconheceu a existência de preconceito racial no país, punindo-o como contravenção legal, 
conhecida como Lei Afonso Arinos. Apesar da criação desse instrumento legal, a prática da 
discriminação e da segregação continuou disseminada e sem ações efetivas para sua 
coibição. 
 
Após a abolição da escravatura, e a proclamação da República Federativa do Brasil, 
em 1889, a população negra foi marginalizada não apenas pela falta de oportunidade, de 
ausência de direitos civis e de espaço político nasociedade, mas também foi vitimizada por 
inúmeras teorias de diversos campos do conhecimento. 
 
É importante notar que os direitos ora reivindicados por uma determinada parcela da 
população (população negra, movimento feminista...), são indissociáveis e estão 
fundamentalmente relacionados com Defesa dos Direitos Humanos. 
 
Ou seja, o processo histórico de conquista de direitos sociais faz parte da construção 
histórica de conquista dos direitos humanos. 
 
 
 
34 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
No lastro de uma identidade nacional pluralista e multicultural, encontramos no 
Brasil inúmeros processos mais ou menos “silenciosos” de segregação e 
marginalização social, construídos através do tempo e da história. Alguns 
exemplos podem ser citados: 
- Segregação por Gênero: Através da ideia de que as mulheres são “melhores” 
ou “piores” em determinadas atividades, meios sociais, ou outros, demonstram-
se estratégias de dominação masculina sobre o gênero feminino; 
- Segregação por Orientação Sexual: Da mesma forma, utilizando-se de critérios, 
preconceitos e ideias estereotipadas associados à orientação sexual de um 
indivíduo, exclui-se da malha social a(s) orientação (ões) sexual (is) não aceitas 
pela classe dominante; 
- Segregação por Raça/Etnia: Igualmente através de conceitos ou ideias pré-
determinadas, busca-se pela classe ou estrutura dominante que determinada 
raça ou etnia permaneça em determinadas “zonas permitidas ou esperadas” da 
malha social. 
 
 
 
 
A dignidade humana é um valor compartilhado por todos nós, indiferentemente 
de classe social, cor da pele, ou qualquer outra característica utilizada como a 
simples e pura finalidade de excluir. 
Se a bandeira de cada um de nós for a dignidade humana, enquanto ela estiver 
sendo açoitada pelo interesse econômico e de manutenção de poder que 
ganham corpo em ideologias sociais que se traduzem em formas de preconceito 
e segregação, estaremos não apenas excluindo esta ou aquela pessoa ou grupo 
social. Continuaremos a excluir e a vitimizar a humanidade como um todo. 
 
 
 
 
 
 
35 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. ESFERA DE ATUAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
Objetivo 
Identificar a postura legal do agente de segurança pública 
Conhecer as limitações do agente e o abuso de poder 
 
Introdução 
 
Os direitos humanos constituem um constructo teórico em conjunto com o qual a 
atuação profissional deve ser colocada em prática. 
 
A construção dos direitos humanos é histórica, ou seja, está em constante mudança, 
o que significa dizer, na prática, que a antiga premissa que às vezes se vinculava à prática 
do agente público “assim sempre foi feito, assim deverá ser feito”, justificando que os 
procedimentos operativos de um determinado exercício profissional se justificam apenas 
pelo hábito histórico, criados pelo próprio agente público ou adquiridos/aprendidos com 
outrem, não contempla a necessária visão que deverá acompanhar a todo agente 
comprometido em sua função com a ampla garantia aos direitos humanos. 
 
6.1. A postura legal do agente de segurança publica 
O conceito e o exercício da cidadania, ou seja, a atuação na esfera pública da 
sociedade, não apenas antecede a atividade profissional que cada um de nós exercerá, 
como também estará presente em todos os atos da vida pública, e, portanto, na práxis 
profissional de todo e qualquer cidadão. 
 
Seria possível imaginar uma situação na qual esteja ocorrendo uma emergência que 
necessite da imediata intervenção de um agente de segurança, e este agente, ao identificar 
as informações da situação, restringir-se a não a atender, uma vez que a vítima é o seu 
vizinho pelo qual o agente não possui qualquer simpatia pessoal? 
 
Seria igualmente possível imaginar uma determinada demanda para a qual seja 
acionado um agente de segurança, e na qual ele oriente suas ações e procedimentos 
simplesmente pelos seus valores pessoais, em detrimento a todo e qualquer princípio legal? 
 
 
36 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os princípios previstos legalmente pela Constituição Federal são fundamentais para 
nortear a conduta do agente público, e igualmente a postura do agente de segurança, 
conforme exposto adiante. 
 
a) Princípio da Legalidade 
 
Os atos dos agentes públicos devem estar em acordo e consonância com as 
disposições e determinações legais. Conforme já estudado, o agente público deve seguir 
estritamente as determinações da lei, em detrimento de um particular, que pode nortear 
suas ações de forma a não incidir nas infrações da lei. 
 
b) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
O princípio da Dignidade Humana não pode apenas ser um dos princípios que 
orientam a Constituição Federal de nosso país. Ele deve ter um caráter prático, operativo, 
presente na conduta profissional de cada cidadão. 
 
Sobremaneira, este princípio demanda não apenas uma formação legalista e teórica 
para o agente de segurança, sob pena de que cada um de nós continue testemunhando e 
tropeçando, na vida cotidiana, com as infrações a todas as garantias de acesso aos direitos 
humanos, indo na contramão de toda a discussão deste curso. 
 
Com especial importância, o princípio da dignidade humana requisita do agente de 
segurança uma formação teórico-conceitual consistente, aliada em pé de igualdade e de 
importância à internalização dos valores de conduta e postura trazidos por tal princípio, o 
que requer que esses valores efetivamente dialoguem com os valores pessoais de cada 
um dos agentes de segurança, para que estejam presentes de forma perene em cada 
momento de atuação profissional. 
 
c) Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade 
 
O agente de segurança é institucional e legalmente investido de poderes, de acordo 
com o seu grau de atuação, para representar os interesses do Estado em suas ações. 
 
 
 
37 Direitos Humanos em Segurança Pública – Profa. Fabíola 
Adami 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É imaginável, dessa forma, que o exercício de tal poder ocorra de forma 
discricionária, ou seja, levando-se em consideração critérios pessoais ou de origem diversa 
da lei, para privilegiar este ou aquele cidadão? 
 
Se há previsão legal de que todos os cidadãos são iguais perante a lei, é probo ao 
agente de segurança que exerça por razões diversas uma discriminação ou distinção pela 
cor da pele, por questões de gênero, ou utilize-se de qualquer outro parâmetro que construa 
distinções de acesso à lei e à cidadania? 
 
d) Princípio da Impessoalidade 
 
Você pensou na situação acima, na qual o agente de segurança não atende a uma 
demanda em razão de diferenças pessoais com a vítima envolvida na situação? 
 
A direção que deve marcar a atuação do agente de segurança é a do interesse 
público e comum, e, portanto, marcada pela impessoalidade, em detrimento às 
predisposições ou à tendência de humor pessoal. 
 
Além desses princípios, é importante notar que a conduta do agente de segurança 
também deverá observar: 
 
 Princípio da Moralidade – Subsidiar as ações atendendo às disposições morais 
aceitas pela sociedade. 
 
 Princípio da Eficiência – A ação do agente deve ser instrumentalizada por meios 
que atendam aos fins do bem público da melhor forma possível, ou seja, da forma 
mais rápida, econômica e que apresente os melhores resultados. Os meios 
utilizados para a atuação do agente de segurança devem ser meios apenas nas 
missões públicas do agente de segurança. 
 
 Princípio da Publicidade – A transparência deve conceituar e subsidiar as ações 
do agente de segurança, uma vez que atendem ao bem público, tornando notório 
o conhecimento dos

Mais conteúdos dessa disciplina