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Medicina Tradicional Chinesa Professora Esp. Thays Garcia Ravazzi Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP V252m Ravazzi, Thays Garcia Medicina tradicional chinesa / Thays Garcia Ravazzi. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 113 p. : il. Color. 1. Medicina chinesa. 2. Acupuntura. 3. Cuidados pessoais com a saúde. 3. Massagem terapêutica. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 615.89 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTORA Professora Thays Garcia Ravazzi ● Tecnóloga em Estética e Cosmética pela UNICESUMAR; ● Especialista em Estética corporal a 10 anos no mercado; ● Especialista em Acupuntura pela EBRAMEC; ● Professora do curso Tecnologia em Estética e Cosmética na UNICESUMAR; ● Presidente da Associação das esteticistas do Paraná (APEPR). CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3961114457267886 http://lattes.cnpq.br/3961114457267886 SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I UNIDADE II ................................................................................................... 23 Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II UNIDADE III .................................................................................................. 47 Acupuntura UNIDADE IV .................................................................................................. 80 Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos, principais técnicas, como empregar no dia a dia da clínica e tornar seu atendimento diferenciado. É uma área muito encantadora e prazerosa, pois nos possibilita ajudar o próximo, proporcionando saúde e bem estar. Espero muito conseguir despertar um pouquinho dessa paixão que tenho por terapias, em você. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela filosofia da Medicina Tradicional Chinesa, que tem muito a nos ensinar, e as principais diferenças entre a medicina chinesa e nossa medicina ocidental ainda aprofundaremos os cinco elementos, Yin e Yang e o Zang fu, no qual são bases da medicina chinesa. Já a Unidade II, daremos continuidade as bases da medicina chinesa, como a energia vital e o Qi ele representa a essência por trás de todas as coisas ou elementos encontrados na natureza e no universo. Ainda veremos como ele percorre todo o nosso corpo através dos meridianos, e como usamos esses canais de energia para tratar diversas patologias tanto físicas e emocionais. Na sequência, na Unidade III falaremos a respeito de uma das técnicas da medicina tradicional chinesa mais conhecida no mundo a Acupuntura, sua base é totalmente ligada aos conhecimentos da medicina oriental, passada de geração em geração a mais de 4.500 a.C. e ainda nos surpreende com os seus resultados incríveis até os dias de hoje. Em nossa Unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina abortando outras técnicas que fazem parte da medicina chinesa, como a Auriculoterapia baseada em um microssistema em que são aplicadas sementes ou agulhas em toda estrutura da orelha em pontos correspondentes a várias partes do corpo. Veremos ainda nessa unidade todos os benefícios da ventosaterapia e como essa técnica consegue trazer inúmeros benefícios para dor. E para finalizar essa unidade você ainda verá como é realizada a limpeza energética do canal auditivo através do cone Chinês. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto comigo percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Espero contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bons estudos. 3 Plano de Estudo: ● Diferença entre a Medicina Tradicional Chinesa e a Medicina Ocidental; ● Teoria do Yin e Yang; ● Cinco Elementos; ● Zang fu. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a filosofia da Medicina Tradicional Chinesa; ● Compreender as principais diferenças entre a Medicina Oriental e Ocidental; ● Estabelecer a importância do Yin e Yang, Cinco Elementos e o Zang Fu. UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Professora Esp. Thays Garcia Ravazzi 4UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I INTRODUÇÃO Prezado aluno, nesta unidade vamos conhecer a história milenar da Medicina Chinesa, como ela se desenvolveu até os dias de hoje. Veremos ainda as principais diferenças entre a Medicina Tradicional Chinesa e a Medicina Ocidental e como as duas medicinas buscam promover a saúde. Outro fator que será abordado é a teoria do Yin e Yang. Você vai entender como se relaciona com os Cinco elementos. E para finalizar vamos entender o Zang Fu. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a contribuir ainda mais para os estudos. Bons estudos! 5UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 1. DIFERENÇA ENTRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E A MEDICINA OCIDENTAL A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), é a denominação dada ao conjunto de práticas dentro da medicina chinesa. O berço da medicina chinesa surgiu na China, já as práticas da medicina ocidental surgiram na Grécia. (MACHADO e MARCIANO, 2021). Observe-se que geograficamente não corresponde exatamente a China que conhecemos hoje, e sim a Ásia, ao longo de milhares de anos, quando foram se consolidando as fronteiras dos atuais países, por isso, a medicina chinesa pode ser considerada, uma sistematização das mais antigas formas da medicina oriental. Historiadores acreditam que a medicina chinesa foi desenvolvida à mais o menos 4.500 anos no oriente.de preservação da espécie, onde suas técnicas foram aprimoradas e transmitida ao longo dos anos. Dentro desses conhecimentos foi-se desenvolvido uma das terapias mais antigas do mundo a acupuntura. Existem divergências sobre o período correto que se deu origem a essa técnica, mas baseando em dados arqueológicos isso ocorreu por volta de 4.500 a.C. Segundo esses dados arqueológicos, a acupuntura era realizada com lascas de pedras polida, ossos como espinhos de peixe e bambu, moldados para aplicação em várias partes do corpo (MACHADO e MARCIANO, 2021). FIGURA 1 - AGULHAS DE OSSOS Fonte: Machado e Marciano (2021, p. 36). 50UNIDADE III Acupuntura Com o passar dos anos foram desenvolvidas agulhas de ouro, prata e bronze, no qual eram guardadas, esterilizadas e reutilizadas. Nos dias de hoje utilizamos agulhas de aço inoxidável e são descartadas após o uso. A acupuntura era passada de geração em geração e eram produzidos relatórios com os resultados adquiridos ao longo dos tratamentos. Durante a Dinastia Chin, Han, Huei (221 a.C. a 264 d.C.) foi documentado tratamentos para doenças como a malária e foram mapeados vários meridianos. Um exemplo clássico de tradição passada de pai para filho foi da família Tung, os ensinamentos foram repassados e mantidos em segredo por gerações, com conhecimen- tos específicos compostos de pontos extras e de uma metodologia de microssistemas do corpo. Essa metodologia ficou conhecida no mundo todo por seus feitos em alívio das dores (MACHADO e MARCIANO, 2021). Nos últimos mil anos, a acupuntura vem rompendo barreiras geograficamente passando para países vizinhos, até chegar ao mundo todo inclusive no Brasil. Aproximadamente 400 d.C., durante a Dinastia Tang a acupuntura chega ao Japão, baseada na filosofia chinesa foi adaptada e hoje a conhecemos como acupuntura japonesa. Há mais de trezentos anos a acupuntura também se disseminou para outros países como os Estados Unidos, quando os primeiros chineses imigraram para o trabalho nas ferrovias, levando junto o conhecimento sobre acupuntura e fitoterapia (WEN e HSING, 2008). Com a imigração dos orientais para o Brasil no final do século XIX, eles começaram a exercer a acupuntura. Somente no início da década de cinquenta tivemos a introdução oficial da medicina oriental no Brasil através do professor Frederico Spaeth, em 1961 surgiu o primeiro curso de formação e o Instituto Brasileiro de Acupuntura. Nessa época, a medicina chinesa passou a ser bastante divulgada no Ocidente (BARROCO e TOMBI, 2019). Apesar da sua antiguidade, a acupuntura vem se desenvolvendo e progredindo com a ajuda de novos instrumentos e tecnologias avançadas, como ultrassom, infravermelho e laser, melhorando a sua aplicabilidade terapêutica e seus benefícios (WEN e HSING, 2008). 51UNIDADE III Acupuntura 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ACUPUNTURA Na antiguidade, era comum pressionar ou golpear superfície dolorida com pedaços de pedras quentes, acreditasse que possivelmente foi daí que surgiu a ideia de manipulação sob pressão de objetos pontiagudos ou quentes em pontos dolorosos, levando ao alívio da dor (MACHADO e MARCIANO, 2021). Os conhecimentos da Acupuntura eram transmitidos de geração em geração e o seu conjunto de conhecimentos é baseado na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que busca à cura de doenças através da aplicação de agulhas. O grande objetivo da acupuntura é a busca por manter um corpo saudável e equilibrado, para que isso aconteça a acupuntura busca na teoria do Yin e Yang, dos cinco elementos e a teoria dos órgãos interno (Zang fu) os fundamentos para um corpo saudável. O domínio desses conhecimentos é fundamental para elaboração de diagnósticos pelo acupunturista (BARROCO e TOMBI, 2019). “A acupuntura é a prática médica de inserção de agulhas na pele para promover a saúde. Originou-se de forma terapêutica nas planícies do sul da China, utilizando pontos em regiões pré-determinadas do corpo para aplicação de agulhas” (BARROCO e TOMBI, 2019, p. 35). Esses pontos pré-determinados reagem à aplicação da acupuntura. Ao se traçar linhas ligando esses pontos, obtém-se linhas longitudinais e horizontais que fazem ligação direta com os órgãos (Zang) e as vísceras (Fu) (MACHADO e MARCIANO, 2021). 52UNIDADE III Acupuntura Essas linhas são conhecidas como meridianos que percorrem as cavidades internas do corpo e outros estão localizados mais superficialmente, assim formando um mapa constituído por canais se que conectam e que reagem a estímulos. A acupuntura não é dirigida somente aos agentes causadores de doença ou nas áreas de foco patológico. Os tratamentos também podem ser direcionados para o sistema nervoso, estimulando a capacidade de recuperação e os mecanismos de equilíbrio de todo o corpo (WEN e HSING, 2008). São inúmeros os mecanismos de ação da acupuntura: A Acupuntura altera a circulação de sanguínea, por aumentar a circulação local, levando a vasodilatação promovendo o relaxamento muscular e diminuindo a inflamação e a dor (MACHADO e MARCIANO, 2021). Alguns pontos de Acupuntura, quando estimulados, promovem a liberação de hormônios como cortisol, endorfinas, encefalinas etc., promovendo analgesia e diminuindo a inflamação (WEN e HSING, 2008). Auxilia na imunidade, aumentando a resistência do hospedeiro e equilibrando o organismo. (MACHADO e MARCIANO, 2021). Regulariza e normaliza as funções do corpo. Como todas as funções dos organismos estão interrelacionadas, qualquer alteração de uma função pode levar a sintomas de doenças (WEN e HSING, 2008). É de suma importância que antes de realizar a sessão de acupuntura, seja levantado todos os dados do paciente, realizando uma anamnese completa inspeção, exame físico e diagnóstico da língua e pulso, para poder direcionar o melhor tratamento possível. Ao finalizar a anamnese do paciente deverá escolher os pontos conforme a necessidade do paciente. Segundo Maciocia (2019) a ação de um ponto de acupuntura é definida pelo efeito que promove no local, ou seja, mobilizar o qi (energia), expelir agentes patógenos, nutrir o sangue, entre outros. “Logo após a inserção da agulha, é comum observarmos uma coloração avermelhada ao redor dela. Essa reação faz parte da resposta do organismo, sendo interpretada como um efeito positivo de ação naquele ponto com a chegada” (MACHADO e MARCIANO, 2021, p. 41). 53UNIDADE III Acupuntura FIGURA 2: ILUSTRAÇÃO DO QI E para finalizar é importante ressaltar que nos tempos atuais as agulhas de acupuntura são de aço inoxidável e são descartadas ao finalizar a sessão. 54UNIDADE III Acupuntura 3. PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO Existem muitas técnicas diferentes para estimular os pontos de acupuntura, com o objetivo de provocar uma resposta no organismo e, assim, levar o reequilíbrio energético dos meridianos e alívio dos sinais e sintomas das doenças a serem tratadas. Um dos princípios utilizados para realizar um bom tratamento de acupuntura é respeitando os horários cada órgão durante o agulhamento assim potencializando os resultados (DONATTELI, 2018). ● 3:00-5:00= Pulmão; ● 5:00-07:00= Intestino Grosso; ● 7:00-09:00= Estômago; ● 9:00-11:00= Baço/pâncreas; ● 11:00-13:00= Coração; ● 13:00-15:00= Intestino delgado; ● 15:00-17:00= Bexiga; ● 17:00-19:00= Rins; ● 19:00-21:00= Circulação e sexualidade; ● 21:00-23:00= Meridiano do Triplo aquecedor; ● 23:00-01:00= Vesícula Biliar; ● 01:00-3:00= Fígado. 55UNIDADE III Acupuntura FIGURA 3 - HORÁRIO DE CIRCULAÇÃO DOS CANAIS Fonte: Donatelli (2018, p. 06). É de suma importância entender esses horários, pois eles vão te auxiliar na hora de avaliar o seu paciente. Por exemplo, suponhamos que seu paciente chegue ao consultório relatando que acorda sempre entre às 1:00 e às 3:00, com essa informação já conseguimos ver que há um desequilíbrio energético no canal do fígado. Caro aluno, agora que já conhecemos os meridianos na Unidade II, e acabamosde ver os seus horários de maior expansão energética, vamos relacionar eles a acupuntura. Segundo Machado e Tombi (2019) os chineses foram descobrindo os pontos de acupuntura, em pontos específicos na superfície da pele que, quando pressionados ou aquecidos, aliviavam as dores e auxiliavam na recuperação de patologias, reequilibrando o corpo. A acupuntura leva seus benefícios através dos meridianos, agora vamos abordá-los associando com os pontos de acupuntura. O primeiro canal que vamos ver é o do pulmão, ele nasce próximo à axila e segue em direção à mão pela face radial até o ângulo ungueal do polegar. Nesse meridiano encontramos onze pontos de acupuntura e possui característica Yin, no qual usaremos para tratar desequilíbrio, que apresentam os principais sintomas como mal-estar torácico, dispneia, tosse, tristeza, sudorese noturna, cansaço, choro, problemas metais como depressão, ansiedade; lembrando que, pelos cinco elementos, a Tristeza é a emoção do elemento Metal (BARROCO e TOMBI, 2019). 56UNIDADE III Acupuntura Ainda podemos classificar esses sintomas como excesso e deficiência, ou seja, quando existe um fluxo intenso de energia passando pelo meridiano, é determinado como excesso, agora quando o fluxo energético não preenche o canal energético é determinado com deficiência assim apresentando sintomas diferentes. Dentro do meridiano do Pulmão paciente em deficiência apresenta sintomas como: Escarro fluido, voz fraca, sudorese noturna, depressão (PEREZ E LEVIN, 2014). Quando o paciente apresenta excesso apresenta sintomas como: calafrio, febre, tosse, dor cutânea, dores nos ombros, desconforto torácico, voz alta, estertores pulmonares, expectoração com odor fétido (WEN E HSING, 2008). Segundo Maciocia (2007) existem dois pontos importantes para tratamentos eles são: o P3, que auxilia em tratamentos no movimento do braço, e o outro é o P7, responsável por tratar qualquer problema no canal do pulmão como tosse, resfriado, gripe, garganta dolorida, obstrução nasal, tristeza, depressão. FIGURA 4 - CANAL DO PULMÃO Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 80). 57UNIDADE III Acupuntura O canal de energia do Intestino Grosso no qual está acoplado ao Pulmão, possui característica Yang e representa o elemento metal. E inicia no ângulo ungueal do dedo indicador, seguindo em direção ao ombro pela face póstero lateral do braço, ascende para o pescoço e vai pela mandíbula até a asa do nariz (PEREZ e LEVIN, 2014). Encontramos vinte pontos nesse meridiano, nos quais utilizamos para o tratamento de patologias da face, olhos, ouvidos, nariz, paralisia facial, gengiva, garganta além de harmonizar o Qi do intestino regularizando suas funções. (BARROCO e TOMBI, 2019). As principais patologias encontradas por deficiência são: sensação de frio nas extremidades, cansaço, aumento de burburinhos e diarreia (PEREZ e LEVIN, 2014). Já em pacientes em excesso, se apresenta sintomas como: edema no pescoço e dor de garganta, secura na garganta, constipação intestinal, urina amarelada, dispneia, fome frequente e espasmos faciais (WEN E HSING, 2008). Dentro dos 20 acupontos encontrado no meridiano do Intestino Grosso, existem vários pontos de extrema importância dentro deles está o IG4, responsável por tratar problemas da face, como uma paralisia facial, porém esse ponto deve ser agulhado do lado oposto à região afetada (MACIOCIA, 2017). O acuponto IG11 é responsável por remover o calor interno e externo, tratando o excesso e deficiência do paciente, ele trata garganta dolorida, urticarias, constipação, diarreia, febre alta, paralisia, hipertensão (LIMA, 2016). FIGURA 5 - CANAL DO INTESTINO GROSSO Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 94). 58UNIDADE III Acupuntura Agora vamos para o próximo meridiano, o do Estômago que está acoplado ao Baço/Pancrêas, possui uma característica Yang e pertence ao elemento Terra. Ele inicia na cabeça, logo abaixo dos olhos, percorrendo toda a face, descendo pelo pescoço, tórax e abdome. Continua descendo pela perna e termina na extremidade lateral do segundo dedo do pé (PEREZ e LEVIN, 2014). Nesse meridiano é possível agulhar 45 pontos diferentes, que também é muito utilizado para distúrbios de modo geral da face, olhos, nariz, boca, estômago, intestino grosso, doenças mentais e febris (BARROCO e TOMBI, 2019). Paciente com deficiência apresenta sintomas como: perda do apetite, sensação de cansaço, bocejos frequentes, diarreia, refluxo, indigestão (PEREZ e LEVIN, 2014). Excesso já apresenta sintomas como: fome constante, distensão e dolorimento abdominal, espasmos faciais, boca seca, sede excessiva com halitose, dores na perna na região que passa o meridiano (WEN e HSING, 2008). Um fato importante que você precisa saber é que o meridiano do estômago passa pelo meridiano da Vesícula biliar (em VB3) e no da Bexiga em (B1), assim podendo influenciar também na energia destes canais, trazendo grandes resultados em afecções da face (MACIOCIA, 2007). Um acuponto muito utilizado dentro desse meridiano é o E36, pois além de beneficiar o Estômago e o Baço fortalecendo o elemento terra, tonifica o Qi e o Xue (sangue) acalma a mente, clareia visão, regulariza o funcionamento dos intestinos (LIMA, 2016). Outro acuponto muito utilizado é o E41 é o penúltimo ponto do canal do Estômago, ele é conhecido como Riacho do Desafogado, devido à uma das suas funções que é desobstruir o canal do Estômago, além de tranquilizar a mente, palpitações, confusão mental, tratar vertigem, constipação, dor em queimação no epigástrio, distensão abdominal, vomito, também auxilia na recuperação de lesões na região do tornozelo (LIMA, 2016). 59UNIDADE III Acupuntura FIGURA 6 - CANAL DO ESTÔMAGO (TRADUÇÃO: MERIDIANO ESTOMACAL E MERIDIANO DO BAÇO) Dentro dos cinco elementos, o movimento Terra é representado pelos órgãos Baço e Estômago, eles possuem a responsabilidade de formar o Qi, por isso utilizamos com frequência pontos desses canais para tratamento. O canal do Baço possui 21 pontos e inicia-se na extremidade medial do hálux, percorre a face interna do pé́, perna e coxa. Continua subindo para o abdome e finaliza no tórax (BARROCO e TOMBI, 2019). Segundo Yamamura (2001) de modo geral, os canais do Baço apresentam sintomas como dor epigástrica, distensão abdominal, náuseas e vômitos após de alimentar-se, palidez desnutrição, fezes amolecidas ou pastosas, retenção de líquido com dificuldade de urinar, insônia e a preocupação que podemos correlacionar aos cinco elementos como o sentimento do elemento Terra. O meridiano do Baço é utilizado principalmente para tratamento do tubo digestivo, sangue (xue) e todas as alterações do sistema reprodutor feminino. Esse canal em deficiência apresenta os seguintes sintomas: palidez com amarelamento, fraqueza muscular, edema, membros frios, indigestão, diarreia, vontade excessiva de consumir doces (WEN e HSING, 2008). Já o estado de excesso apresenta sintomas como: distensão epigástrica, constipação, dor nas articulações, preocupação em excesso (PEREZ e LEVIN, 2014). 60UNIDADE III Acupuntura Dentro desses 21 pontos existentes vamos abordar dois mais utilizados dentro dos protocolos de acupuntura. Segundo Maciocia (2007), os acupuntos BA6 e BA 4, nutrem o Yin do corpo aumentando a energia, principalmente o Yin da perna, tratando dor no dorso do pé e no artelho maior. Outro fator importante é que o Ba6 também é conhecido como o encontro dos Três Yin, pois ali é o encontro do yin do Rim e do Fígado, harmonizando a energia desses três meridianos, além de tratar distúrbios ginecológicos, urinários, gastrointestinais e circulatórios (LIMA, 2016). FIGURA 7- MERIDIANO DO BAÇO/PÂNCREAS Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 168). O canal do Coração possui 09 acupontos, ele surge na axila, descende ao longo do aspecto antero medial do braço, segue pela palma da mão até a o ângulo ungueal lateral do dedo mínimo. Possui a natureza Yin e estárelacionado ao elemento fogo (BARROCO e TOMBI, 2019). Esse meridiano é utilizado para desordens no coração, tórax, língua e alterações mentais. De modo geral os principais sintomas relacionados a esse canal são aperto no peito, palpitações, agitação alterações vasculares como calor e rubor, suor noturno, dor adormecimento, ao longo do canal, língua vermelha com úlceras (YAMAMURA, 2001). 61UNIDADE III Acupuntura Em caso de deficiência pode ver sintomas como: dispneia no esforço, palpitação, membros frios, memória fraca, insônia (PEREZ e LEVIN, 2014) No caso de excesso surgiram sintomas como: ansiedade, rosto avermelhado, fala rápida e descoordenada, constipação intestinal, sensação de aperto no peito (WEN e HSING, 2008). No canal do coração encontramos os pontos C7 e C5 responsável por “acalmar o espírito”, ou seja, esses acupontos tratam pessoas com ansiedade, palpitações, psicose, pavor, manias, pesadelos, tratando a maioria dos distúrbios emocionais e mentais (LIMA, 2016). FIGURA 8 - MERIDIANO DO CORAÇÃO Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 193). O Intestino Delgado está acoplado ao coração e pertence ao elemento fogo e possui a característica Yang, possuindo 19 pontos, que se inicia no ângulo ungueal medial do dedo mínimo, subindo pela porção posterior do braço, percorrendo a região da escápula e seguindo pela lateral do pescoço até a orelha (BARROCO e TOMBI, 2019). O canal do Intestino Delgado está associado a tratamentos de afecções de garganta, pescoço, coluna vertebral, desordens mentais, olhos e ouvidos. De modo geral, está relacionado a dor, formigamento/adormecimento, rigidez da região cervical, ombro e braços que estão ligados ao trajeto do canal. 62UNIDADE III Acupuntura Quando o canal se encontra em deficiência apresenta sintomas como: adormecimento ou formigamento do braço ao longo do trajeto do meridiano, diarreia, zumbido, surdez (PEREZ e LEVIN, 2014). Em caso de excesso os sintomas são: rigidez cervical, dor no ombro, braço, dor de garganta (WEN e HSING, 2008). Como acabamos de ver é muito comum surgir dores nesse canal, quando o paciente chegar até você relatando dores no braço em modo geral é importante que você apalpe em direção ao meridiano para verificar onde está obstruído e logo após escolher o melhor acuponto ou massagear a região dolorida melhorando o fluxo energético. Como acabamos de ver, existem 19 acupontos dentro do canal do Intestino Delgado, dentro deles temos o ID3 ele possui uma função ampla e complexa, através dele conseguimos abordar várias patologias com um único ponto. Ele é responsável por desobstruir o canal do Intestino Delgado, Bexiga e Vaso Governador, além de tratar a dores e rigidez no pescoço, ombro e lombar, indecisão, convulsão, insônia e gripe (LIMA, 2016) FIGURA 9 - MERIDIANO DO INTESTINO DELGADO Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 205). 63UNIDADE III Acupuntura O próximo canal a ser abordado será o canal da Bexiga, ele possui a maior quantidade de acupontos, totalizando 67 pontos, possui a natureza Yang e pertence ao elemento água, pois está acoplado ao Rim (BARROCO e TOMBI, 2019). Esse canal muito importante, pois abriga alguns pontos denominado de Bei Shu, que se conectam aos órgãos internos, sendo muito utilizado na técnica de ventosaterapia, que veremos na próxima unidade. Inicia-se no ângulo interno do olho, sobe em direção ao crânio e o percorre lateralmente à linha mediana até́ a nuca. Continua descendo pelas costas paralelamente à coluna vertebral até o cóccix, em que desaparece da superfície para reaparecer na escápula, descendo novamente em paralelo à linha anterior. Continua pela face posterior da coxa, região poplítea e perna, finalizando na extremidade lateral do 5° dedo do pé (PEREZ e LEVIN, 2014). Como você pode ter percebido, o trajeto desse canal é bem extenso, e podemos imaginar que suas funções serão bem amplas, devido a extensão que ele atingiu, de modo geral ele trata afecções da cabeça, fronte, nariz, olhos, doenças mentais, distúrbios nas costas que irradiam para perna e problemas urinários (WEN e HSING, 2008). Quanto ao caráter energético, quando está em deficiência apresenta sintomas como: frio nas costas, adormecimento ou formigamento da perna ao longo do meridiano (PEREZ e LEVIN, 2014). Em caso de excesso: dor de cabeça, dor aguda das costas, lombar e pernas, dor em queimação do trato urinário (WEN e HSING, 2008). Segundo Maciocia (2007) o canal da Bexiga, possui uma grande influência nas costas devido o canal percorrer duas vezes ao lado da coluna, assim ele está trata duas patologias bem comuns, a dor nas costas e a dor de cabeça. O ponto B60 é um dos pontos principais para tratar problemas em toda a coluna, cefaleia (occipital), cansaço e insônia. 64UNIDADE III Acupuntura FIGURA 10 - MERIDIANO DA BEXIGA Fonte: Perez e Levin (2014, p. 33). O canal do rim está acoplado ao meridiano da Bexiga, ele possui 27 acupontos, que se inicia na planta do pé, subindo pela região medial da perna, ascendendo pelo abdome e termina próximo à clavícula. Segundo os cinco elementos ele pertence ao elemento água e possui a natureza Yin (BARROCO e TOMBI, 2019). No geral, o canal do Rim é utilizado para tratamentos auditivos, dores na lombar (devido ao fato do rim ficar nessa região), pedras no rim, dores de cabeça, doenças mentais, ósseas e problemas no sistema reprodutor feminino e masculino (YAMAMURA, 2001). Assim, como sintomas principais, teremos: esterilidade, impotência, cansaço, pouca resistência, distúrbios nos dentes e ossos como osteoporose, surdez, vertigem, cálculo renal, tendência a envelhecer mais rápido e medo. (BARROCO E TOMBI, 2019). Em caso de deficiência encontramos sintomas como: impotência, ejaculação precoce, lombalgia, enfraquecimento dos dentes, queda de cabelo, sensibilidade ao frio (PEREZ e LEVIN, 2014). São raros os excessos no meridiano do Rim, mas quando surgi apresenta sintomas como: rubor malar, sede, insônia, ansiedade, sensação de calor no corpo (WEN e HSING, 2008). Dentro dos 27 acupontos do meridiano do Rim, encontramos vários pontos importantes, porém o R3 é um ponto muito interessante para tratar patologias do Rim, pois ele tonifica o Yin e o Yang do rim, acalma a mente, fortalece a lombar, joelhos e útero (LIMA, 2016). 65UNIDADE III Acupuntura FIGURA 11 - MERIDIANO DO RIM Fonte: Perez e Levin (2014, p. 30). O meridiano do Pericárdio (circulação e sexualidade) possui uma função semelhante ao canal do coração, que inclui a circulação do Qi (energia) e Xue (sangue) e está ligado a mente (WEN e HSING, 2008). Ele possui 9 acupuntos, que percorre do tronco para as mãos, iniciando no tórax, seguindo pela face interna do braço e do antebraço, e finaliza na extremidade lateral do dedo médio. Pertence ao elemento fogo, e sua natureza é Yin (PEREZ e LEVIN, 2014). Os sintomas principais do canal do pericárdio (circulação e sexualidade) são a sensação de calor na região do coração, aperto no tórax, doenças psicossomáticas, inquietação, dor no cotovelo, dor e adormecimento do braço no trajeto do canal (MACIOCIA, 2007). Quando está em deficiência apresenta sintomas como: Ansiedade, preocupações e palpitações, falta de concentração, calor nas palmas das mãos. (WEN E HSING, 2008). No caso de plenitude ou excesso apresenta sintomas como: calor e vermelhidão facial, ansiedade, dor no coração, opressão toráxica (PEREZ e LEVIN, 2014). O canado do Pericárdio (circulação e sexualidade) é muito importante para tratar problemas relacionados ao tórax, destacando-se o acuponto PC6, ele move estagnações de sangue e Qi e libera o Qi do Fígado e Vesícula Biliar, além de tratar sensação de opres- são insônia, ansiedade, pânico e enxaqueca (LIMA, 2016). 66UNIDADE III Acupuntura FIGURA 12 - MERIDIANO DO PERICÁRDIO (CIRCULAÇÃO E SEXUALIDADE) Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 330). O próximo canal a ser abordado será o do triplo aquecedor, esse meridiano está acopladoao meridiano do Pericárdio (circulação e sexualidade), possui 23 pontos, que emerge próximo ao ângulo ungueal medial do dedo anular, segue ao longo do aspecto posterior do antebraço, percorre ombro e trapézio, região lateral do pescoço, contorna a orelha e termina na extremidade lateral da sobrancelha, além de pertencer ao elemento fogo e possui a característica Yang (PEREZ e LEVIN, 2014). Olhando o trajeto do canal do Triplo Aquecedor, já podemos imaginar quais são as afecções gerais que acorrem: vertigem, zumbido, dor no ouvido, dor no canto externo do olho, inchaço facial, distensão abdominal (MACIOCIA, 2007). Em caso de deficiência apresenta sintomas como: vertigem, surdez, zumbido, mãos frias e transpiração espontânea (PEREZ e LEVIN, 2014). Quando está em excesso apresenta sintomas: dor ao longo do meridiano, dor na faringe, rigidez da língua, distensão abdominal e edema (WEN e HSING, 2008). O trajeto do meridiano do triplo aquecedor confirma a influência do canal na orelha. Um acuponto muito utilizado para tratar afecções do ouvido, como dor, surdez e zumbido, é o ponto TA21, localizado no final da mandíbula (LIMA, 2016). 67UNIDADE III Acupuntura FIGURA 13 - MERIDIANO DO TRIPLO AQUECEDOR Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 342). Agora vamos falar de um canal muito recorrente para todos os terapeutas, o canal da Vesícula Biliar, ele passa pela “costura lateral da calça”, em que, muitas vezes o paciente relata dor nesse local, a famosa “dor no ciático”. Esse canal é bem grande possuindo 44 acupontos, ele começa no canto lateral do olho, percorre a região lateral da cabeça, desce pelo tronco, cintura, coxa e perna, terminando no ângulo ungueal lateral do quarto dedo do pé. Possui a natureza Yang e é acoplado como o meridiano do Fígado (BARROCO e TOMBI, 2019). O meridiano da Vesícula Biliar, como acabamos de ver abrange diversas áreas do corpo, assim podemos tratar diversos tipos de dor, como: ouvido, cabeça, nariz, nuca, garganta, axila, coxa e perna além de tratar Fígado e a própria Vesícula (YAMAMURA, 2001). De modo geral os sintomas desse canal são: vômito, vertigem, enxaqueca, problemas de visão, irritabilidade, indecisão, instabilidade para mexer/virar a região da cintura, boca amarga (BARROCO e TOMBI, 2019). Quando o paciente apresenta sinais de deficiência nesse canal apresenta sintomas como: vômito, zumbido, fobia, vertigem, tontura, perturbação da visão, insônia e sonha muito (PEREZ e LEVIN, 2014). 68UNIDADE III Acupuntura Em caso de excesso o paciente apresenta sintomas como: gosto amargo na boca, febre, irritabilidade, sede, constipação, língua com revestimento amarelado (WEN e HSING, 2008). Existem inúmeros pontos nesse canal, dentre eles encontramos o VB 34, responsável por relaxar e fortalecer tendões, desobstrui todo o canal, aliviando tensão muscular, distúrbios articulares, paralisia, dores no ciático, gosto amargo (LIMA, 2016). FIGURA 14 - MERIDIANO DA VESICULAR BILIAR Fonte: Perez e Levin (2014, p. 35). O meridiano da Vesícula Biliar também pode ser utilizado para tratar o seu acoplado o Fígado, um canal com 14 pontos pertencente ao elemento fogo. Ele surge no hálux, seguindo pelo dorso do pé e aspecto medial da perna até região a inguinal e abdominal e finaliza no sexto espaço intercostal (BARROCO e TOMBI, 2019). Yamamura (2007) afirma que o canal do Fígado é utilizado para tratar alterações energéticas da região pélvica, dos hipocôndrios, da cabeça e sistema reprodutor feminino e masculino, além do sistema digestivo e sanguíneo. Seus principais sintomas são: distúrbios da menstruação, perturbação da visão, patologias de fígado, febre, irritabilidade, opressão no peito, raiva, alterações de tendões e fáscias (BARROCO e TOMBI, 2019). Em caso de deficiência do trajeto energético apresenta sintomas como: visão em- baraçada, tontura, olhos secos, fraqueza em membros inferiores (PEREZ e LEVIN, 2014). 69UNIDADE III Acupuntura No caso de excesso ocorre: dor de cabeça, dor no peito, muita emotividade, náusea e vômito, perda de apetite e constipação (WEN e HSING, 2008). Um dos pontos muito interessantes de se usar é o F3, ele circula o Qi e o Xue (sangue) em todo o corpo, tranquiliza a mente, trata dores, enxaqueca, frustação, irritação, distúrbios menstruais (LIMA, 2016). FIGURA 15 - MERIDIANO DO FÍGADO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 36). Além dos doze canais principais, cujos fluxos energéticos são mais perceptíveis e estão relacionado aos órgãos internos, vamos falar de dois meridianos extraordinários o Vaso Governador e o Vaso da concepção. O Vaso Governador possui a natureza Yang, sendo assim responsável por governar e regular a energia Yang do corpo e manter a resistência dele. Possui 28 acupontos, ele nasce na região do cóccix e caminha em direção à região posterior do corpo subindo pela coluna vertebral até o crânio e continua descendo pela face e termina na gengiva (PEREZ e LEVIN, 2014). Quando esse canal apresenta disfunções, ocorrem rigidez do tronco, espasmos nas costas, cefaleia, convulsão, hemorroidas, hérnia, esterilidade e comportamento maníaco (WEN e HSING, 2008). Dentro dos acupontos do meridiano do Vaso Governador encontramos o VG20 ele é responsável por tranquilizar a mente, tonificar o Qi e o Yang, envia o Qi e Yang puro para cabeça, dado isso ele é considerado regulador do Yang. Seus benefícios são inúmeros dentre eles trata: cefaleia, sequelas de AVC, ansiedade, depressão, insônia e perda de consciência (LIMA, 2016). 70UNIDADE III Acupuntura FIGURA 16 - MERIDIANO DO FÍGADO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 37). O Vaso da Concepção fica na parte frontal do nosso corpo, iniciando-se no períneo e caminha em direção à região ventral, sendo a linha mediana, por fim percorre todo o abdome, tórax, pescoço e finaliza no queixo, totalizando 24 acupontos. Sua natureza é Yin, sendo assim responsável por regular a energia Yin do corpo (PEREZ e LEVIN, 2014). Qualquer desequilíbrio energético nesse canal causará problemas em todos os meridianos Yin, principalmente nos meridianos do Fígado e do Rim. Os principais sintomas são: retenção urinária, parto prematuro, problemas nos órgãos genitais, como leucorreia e esterilidade (WEN e HSING, 2008). Dentro dos pontos do meridiano Vaso da concepção encontramos o VC4 responsável por fortalecer todos os Zang-Fu (órgãos e vísceras) e estabilizar as emoções, além de tratar lombalgia, depressão, desânimo, alterações urinárias, ginecológicas e reprodutivas (LIMA, 2016). 71UNIDADE III Acupuntura FIGURA 17 - MERIDIANO DO VASO DA CONCEPÇÃO Fonte: Focks e Ulrich (2018, p. 436). Conhecer o trajeto dos canais principais é fundamental para qualquer profissional que trabalhe com a acupuntura. Podemos observar que cada canal possui sintomas específicos, isso porque dentro da medicina chinesa, nós temos várias formas de diagnosticar um desequilíbrio energético. O Diagnóstico pode ser realizado pela tabela dos cinco elementos, fisiologia do Zang Fu e do Qi, e por fim, como acabamos de ver pelos sintomas comuns dos canais. Por isso é de suma importância juntas todos os conhecimentos e o máximo de informações sobre o paciente para fechar o diagnostica e atingir o melhor resultado possível. Para praticarmos podemos usar o seguinte raciocínio: o paciente chega até nós relatando que está com dificuldade de urinar e com muita retenção de líquido, e a busca por alimentos doces aumentam, digestão está lenta e com fezes pastosas, e através da avaliação você percebe que é uma pessoa muito preocupada. Podemos pensa que a vontade de comer alimentos doces estão ligados ao sabor do Baço/Pâncreas, assim como o edema e a dificuldade de urinar. As fezes amolecidas é um sinal de deficiência da energia do Baço/Pâncreas, e como o Baço pertence ao elemento Terra, a preocupação é o sentimento desse elemento. 72UNIDADE III Acupuntura 4. MECANISMO DE APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA Durante os estudos decanais na Unidade III, abordamos alguns pontos de acupuntura, também conhecidos como acupontos, eles são os principais locais de tratamento dentro de um canal, em que cada ponto possui uma função característica ao qual foi descrita ao longo dos anos. Esses pontos são caracterizados por estarem em depressões (buracos) que em chinês é chamado de “tsun” (WEN e HSING, 2008). Barroco e Tombi (2019), afirma que ao inserir a agulha de acupuntura ela encontrará uma baixa resistência ao ser inserida. Existem quase dois mil pontos, sendo 670 localizados em meridianos, os demais são conhecidos como pontos extras. Ao estimular um ponto de acupuntura pode-se gerar um efeito sistêmico, como por exemplo controlar a febre, já o agulhamento local é quando aplicamos a agulhas na região da queixa, e à distância quando aplicamos um ponto que percorre todo o meridiano para tratar a queixa, como por exemplo o C7 responsável por tratar a ansiedade. O nosso sistema nervoso possui uma carga elétrica fisiológica necessária para a manutenção fisiológica e do impulso nervoso, o local no qual encontramos os acupontos representa uma área com maior condutividade elétrica, ou seja, a energia ali é maior. Quando esse ponto é estimulado, principalmente com agulha, geralmente ocorre uma sensação de “choquinho” ou calor, conhecida como De chi, ou seja, a chegada do Qi, no ponto de acupuntura, em que observamos uma coloração avermelhada ao redor do local agulhado, como se fosse um sinal de que a energia chegou, ou o ponto foi acertado (TAFFAREL e FREITAS, 2009). 73UNIDADE III Acupuntura O De qi não necessariamente é sentido somente no local cujo a agulha é inserida, podemos sentir o De qi percorrendo o meridiano, isso acontece muito em pessoas mais sensíveis, podendo sentir também uma sensação de onda, frio, calor até mesmo adormecimento. Cada ponto de acupuntura é encontrado no corpo através de medidas proporcionais chamadas de Cun, onde utiliza polegadas corporais como referência anatômica. Por exemplo 1 Cun é aproximadamente o comprimento de uma falange média ou um polegar, 1,5 cun é aproximadamente a largura dos dedos indicador e o médio no nível da primeira articulação interfalângica; 2,0 cun utiliza-se como referência três dedos, a largura do dedo indicador, médio e anelar; 3 cun utiliza a referência de quatro dedos a largura do dedo indicador, médio, anelar e mínimo (JARMEY, 2010). FIGURA 18 - RELAÇÃO AO DEDO (S) DO PACIENTE CORRESPONDENTE AO CUN Fonte: Wen e Hsing (2008, p. 32). 74UNIDADE III Acupuntura Também é possível determinar o tamanho das partes do corpo com o cun, conforme a figura a seguir: FIGURA 19 - MEDIDAS DIGITAIS, OS VALORES EM CUN/TSUN (T) E SUA DISTRIBUIÇÃO CORPORAL Fonte: Wen e Hsing (2008, p. 33). Utilizando o Cun, é possível encontrar facilmente a localização dos acupontos, essa medida pode variar, pois ela é proporcional ao tamanho do paciente, dessa forma é de suma importância que o terapeuta compare a sua mão com a do paciente, para obter uma estimativa do tamanho para localizar os pontos necessários. O tempo de permanência das agulhas para promover o De qi pode variar, de forma geral as agulhas permanecem 20 minutos, porém nos primeiros 10 minutos já podemos observar benefícios em caso de tonificação, e para sedação o tempo máximo é 30 minutos (BARROCO e TOMBI, 2019). O tamanho da agulha pode variar entre 0,18 x 0,8 mm, para auriculoterapia ou locais sensíveis a dor como dedos e mãos. As agulhas de calibre 25x30 mm, são mais utilizadas para o corpo. Já as agulhas do tamanho 25x 40 mm, são recomendadas para inserções mais profundas como a região glútea, muito utilizada para tratar ciatalgia agulhando o VB30 (MACHADO e MARCIANO, 2021). É importante observar a profundidade da inserção da agulha, ele pode variar conforme a estrutura anatômica do paciente, por exemplo em uma paciente em condição de 75UNIDADE III Acupuntura obesidade podemos aprofundar a inserção, já em paciente de estrutura magra realizar mais superficialmente, assim como em idosos e crianças. Assim como em casos de deficiência energética requer menor estímulo (MACHADO e MARCIANO, 2021). Além do mais existem pontos de acupuntura em regiões delicadas como no tórax em que a inserção deve ser realizada com cuidado para que não haja um pneumotórax. Existem algumas áreas que não devem ser sofrer puntura, como por exemplo, os mamilos, a gengiva, o umbigo, o bulbo do olho, genitais externos, nervos, órgãos internos e vasos sanguíneos. Existem algumas contraindicações gerais para o agulhamento, no qual ele não deve ser realizado em feridas, inchaços, como cistos, lipomas, verrugas, erupções, tecido cicatricial, furúnculos, crescimento da pele, linfedema ou infecções. Em vez disso, podemos escolher outros pontos ao longo do canal da área afetada (JARMEY, 2010). Pacientes que possuem fobia de agulhas ou apresentam alta sensibilidade a elas, podemos substituir as agulhas pelo laser, moxa, hai hua entre outros. O laser utiliza a radiação luminosa para estímulo de acupontos, sua principal ação é regular e fazer circular o Qi, aumentando a imunidade, estimular o colágeno e gerar efeitos anti-inflamatórios de forma não invasiva (BARROCO e TOMBI, 2019). FIGURA 20 - APLICAÇÃO DE LASER EM PONTO DE ACUPUNTURA 76UNIDADE III Acupuntura A moxaterapia é conhecida como uma espécie de acupuntura térmica, em que utiliza o princípio ativo da Artemísia, sua aplicação pode ser feita em duas formas, no formato de bastões, ou em lã, ambos são queimados e aproximados dos pontos de acupuntura (MACHADO e MARCIANO, 2021). FIGURA 21 - MOXA LÃ E MOXA BASTÃO O Hai hua é um equipamento que conduz a passagem de uma corrente elétrica com potentes magnetos de neodimel. A função desse magneto é facilitar a passagem de corrente pela pele em pontos específicos, realizando o desbloqueio e harmonizando o canal no qual está sendo aplicado. Para conduzir a eletricidade é necessário o acréscimo de água (BARROCO e TOMBI, 2019). 77UNIDADE III Acupuntura SAIBA MAIS A acupuntura sistêmica e auricular integra a área de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS). Essas técnicas são consideradas antigas e se originam de conhecimentos milenares orientais, fazendo parte da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). A acupuntura foi incluída no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, depois em 2017 outras PICS foram implantadas, totalizando atualmente 29 terapias ofertadas na saúde pública. Fonte: Machado e Marciano (2021, p. 35). REFLITA O Tao originou-se do Vazio e o Vazio produziu o Universo. O Universo produziu o Qi. O que era leve e limpo levantou-se para tornar-se o Céu, e o que era pesado e turvo solidificou-se para formar a Terra. Fonte: Barraco e Tombi (2019, p. 34). 78UNIDADE III Acupuntura CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado (a) aluno (a) Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da acupuntura, no qual foi abordado toda a história da acupuntura, trazendo fatos importantes que ocorreram até a chegada da acupuntura no Brasil. Abordamos também os principais conceitos e funções fisiológicas da acupuntura, que através das suas funções promove um equilíbrio energético e proporcionando um corpo saudável. Ainda nessa unidade você apreendeu a associar os meridianos as suas principais funções e como deficiência ou excesso de energia pode causar diversas patologias. E para finalizar você viu os diversos tamanhos de agulhas, e as formas de aplicar, de forma segura e eficaz. 79UNIDADE III Acupuntura MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Acupuntura Clássica Chinesa Autor: Dr. Tom Sintam Wen Editora: Cultrix. Sinopse: A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos da medicina chinesa tradicional que visa o restabelecimento da saúde por meio da aplicação de agulhas e de moxas, além do uso de outras técnicas. O Dr. Tom Sintan Wen, médico formado nas medicinas ocidental e oriental,dedicado à pesquisa e à prática nos campos da Neurocirurgia, Fisiatria e Acupuntura, e com experiência acumulada nesses dois tipos de medicina, escreveu este manual, que preenche uma lacuna na bibliografia sobre Acupuntura publicada no Brasil. Convencido de que, no futuro, a Acupuntura poderá contribuir positivamente para a reestruturação de determinadas áreas da medicina moderna, o autor ensina suas milenares técnicas de aplicação e as vantagens do seu uso, tendo sempre em vista as atuais conquistas da medicina tradicional. FILME/VÍDEO Título: O que é acupuntura Ano: 2020. Sinopse: O vídeo de hoje é sobre o básico da acupuntura!!! Você sabe o que é a acupuntura, ser humano??? Sabe quando surgiu e qual é a teoria de acordo com os chineses antigos??? Sabe o que a ciência contemporânea e a medicina ocidental acham dessa técnica milenar??? Quer explicar isso pra alguém??? Então vem comigo que o vídeo de hoje é pra você!!! Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=Riwv1JwqqFA 80 Plano de Estudo: ● História sobre auriculoterapia, ventosaterapia e cone chinês; ● Conceito das técnicas; ● Indicações e contraindicações; ● Aplicação das técnicas. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as diferentes técnicas dentro da medicina chinesa; ● Compreender qual técnica utilizar em determinados casos; ● Estabelecer a importância e indicação das técnicas abordadas dentro dessa unidade. UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Professora Esp. Thays Garcia Ravazzi 81UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês INTRODUÇÃO Olá, Prezado (a) Aluno (a), nesta unidade vamos compreender e conhecer sobre as diferentes técnicas baseadas na medicina chinesa, durante a unidade I conheceremos juntos a história de cada uma delas e como elas sugiram. Na Unidade II, conhecemos essas técnicas desvendando seus mecanismos de ação. Já na Unidade III, nos conhecemos suas indicações e contraindicações de cada uma dessas técnicas estudadas, assim te deixando mais seguro para trabalhar com elas posteriormente. E para finalizar, na aqui na Unidade IV, veremos as diversas formas de aplicar cada uma dessas técnicas. 82UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 1. HISTÓRIA SOBRE AURICULOTERAPIA, VENTOSATERAPIA E CONE CHINÊS A Medicina Tradicional Chinesa surgiu cerca de 5000 a.C. e através dela surgiu inúmeros tratamentos que foram passados de geração para geração até se espalhar para o mundo todo e trazer inúmeros benefícios até os dias de hoje. Dentro dos inúmeros tratamentos que sugiram dentro da Medicina Chinesa encontramos a auriculoterapia. Segundo Machado e Marciano (2021) não existe um período específico para o surgimento dessa técnica, mas acreditasse que ela surgiu juntamente com a acupuntura. A auriculoterapia é um recurso terapêutico que utiliza estímulos no pavilhão auricular para tratar diversas patologias, existem relatos que durante o século XVII, realizavam se cauterizações auriculares para tratar dores no ciático e no ano de 1935, iniciaram a fazer a cauterização sobre o ápice da orelha para tratar a conjuntivite ganhando evidência em toda a China (MACHADO e MARCIANO, 2021). Inclusive Hipócrates, considerado o pai da medicina, realizava a técnica de cauterização e sangria em pontos auriculares. Egípcios e indianos também utilizavam os benefícios dessa técnica (MACHADO e MARCIANO, 2021). Um grande passo para a difusão da auriculoterapia foi dada na década de 1950, pelo francês o médico francês Paul Nogier que publicou na revista MT, de Shangai, um texto descrevendo a relação das áreas do pavilhão auricular com as regiões correspondentes do corpo. Ele criou um mapa auricular correlacionando um feto invertido para sinalizar as regiões do corpo correspondentes (BARROCO e TOMBI, 2019). 83UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DA ORELHA COMO UM FETO DE PONTA-CABEÇA Fonte: Machado e Marciano (2021, p. 44). Assim como a auriculoterapia a ventosaterapia também faz parte das técnicas utilizadas na medicina chinesa, apesar de que os egípcios também faziam uso dela, há mais o menos quatro mil anos, devido à falta de registros não temos como afirmar quem fez uso dessa técnica primeiro. Dentro dos relatos encontrados, Wang Weiyi (987-1067 d.C.) na China utilizava a técnica da ventosa para remover a estagnação sanguínea e ativar a circulação do sangue, assim expelindo os fatores patogênicos e acalmando os meridianos (CAMPOS, 2015). A maioria dos tratamentos mecânicos realizados no antigo Egito e civilizações circunvizinhas usavam as ventosas com sangrias por escarificação, punturação da pele e aplicação de sanguessugas (CAMPOS, 2015). Os índios americanos a centenas de anos atrás utilizavam chifres de búfalos para aplicar sua aplicação, eles provocavam um vácuo com sucção oral na ponta do chifre e em seguida acoplava sobre a pele (CUNHA, 2007). 84UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 2 - ÍNDIO REALIZANDO A SUCÇÃO COM A VENTOSA DE CHIFRE A falta recursos durante o ocidente antigo, fez da ventosaterapia um elemento terapêutico corriqueiro e de grande valor tornando-se um remédio para todos os males que ocorriam naquela época. Em 460 a.C. Hipócrates também utilizava as ventosas em seus tratamentos, ele prescrevia grandes ventosas de vidros para serem aplicadas nos seios de mulheres que sofriam de menorragia (sangramento excessivo do útero) (CAMPOS, 2015). Celsus durante o primeiro século d.C. fazia o uso das ventosas secas (direto na pele) ou molhada (escarificava antes de aplicara para remover as toxinas através do sangue) para tratamento de doenças crônicas como e agudas (CUNHA, 2007). Naquele período utilizava-se chifres ocos ou cabaças conhecidas naquela época por “Curcubitula” que em latim significa ventosa. Com o passar dos anos essa técnica foi aprimorada e hoje encontramos ventosas de diversos materiais como de plástico, bambu, vidro e acrílico (CUNHA, 2007). 85UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 3 - APLICAÇÃO DE VENTOSAS DE BAMBU A falta de manuscritos ou até mesmo de tradução, faz com que a origem de algumas técnicas fique incompletas. Isso acontece com o cone chinês ou também conhecida como cone hindu, a certeza da origem não existe, alguns citam os chineses, hindus, tibetanos e os egípcios entre outros. Essa técnica foi passada de geração em geração há mais o menos 3.000 anos, com o objetivo de limpar os canais respiratórios e o canal auditivo. Hoje, os cones chineses ou hindus são utilizados em todo o mundo, principalmente dentro da Medicina Tradicional Chinesa e na Medicina Tradicional Indiana Ayurvédica. 86UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 4 - APLICAÇÃO DE CONE NO OUVIDO 87UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 2. CONCEITO DAS TÉCNICAS A auriculoterapia é considerada muito importante dentro da Medicina Tradicional Chinesa, além de ser um ramo da Acupuntura, sendo oficializada como uma terapia de microssistema. Ela é um método pouco invasivo, assim tendo uma boa aceitação pelos pacientes. Essa terapia é considerada um microssistema por estar localizada em uma região pequena, que no caso é a orelha, uma região muito inervada e conectada ao Sistema Nervoso Central. Foram mapeados dentro da auriculoterapia pontos que correspondem a todos os órgãos e funções do corpo. Ao estimular esses pontos, o cérebro recebe impulsos que geram reações físicas e químicas que irão promover um reequilíbrio de funções e áreas do corpo como um todo (MACHADO e MARCIANO, 2021). 88UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 5 - INERVASÕES DA ORELHA Fonte: Enomóto (2019, p. 25). Segundo Scavone (2016), essa técnica consiste em uma estimulação mecânica de pontos específicos do pavilhão auricular em que encontramos em média de 132pontos, com o objetivo de aliviar dores, tratar problemas físicos, psíquicos, diagnosticas doenças e disfunções por meio da observação de alterações nestes pontos. O microssistema da orelha é muito importante pois nela reflete todas as mudanças fisiopatológicas das vísceras e órgãos (Zang Fu), membros, tronco, tecidos e dos órgãos dos sentidos. Quando surge uma patologia ou uma simples disfunção em qualquer parte do corpo, ela reflete na orelha por meio de reações em diferentes lugares, sendo eles específicos a cada doença. Os pontos auriculares se caracterizam por zonas específicas e distribuídas na superfície auricular, o lóbulo da orelha corresponde à cabeça e à face; a anti-hélice ao tronco; a fossa escafóide, aos membros superiores; a cruz superior as anti-hélice, aos membros inferiores; a região inferior da concha ao tórax; a parte superior da concha corresponde ao abdome; a fossa triangular corresponde à pelve; o antítrago, à cabeça e ao cérebro; e a incisura do Intertrago corresponde ao sistema endócrino. Essa divisão facilita a localização dos pontos reflexos (WEN e HSING, 2008). 89UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês A maioria desses pontos possuem característica de serem reativos ao processo patológico em sua zona correspondente no corpo. Por exemplo, o paciente chega ao seu consultório se queixando de problemas pulmonares, na região correspondente ao Pulmão podemos encontrar vermelhidão, vasinhos entre outras alterações na região do órgão afetado (SCAVONE, 2016). A estimulação desse microssistema pode ser realizada com ou sem o uso de agulhas, podendo ser realizada de forma isolada ou associada a outras técnicas. O diagnóstico na auriculoterapia é realizado pela combinação métodos: palpação (averiguar qualquer relevo), observação de alterações dermatológicas e anatômicas como escamas, vasos dilatados, vermelhidão, regiões inchadas, lembrando que o local dessas manifestações está correlacionado a queixa do paciente e em locais seguindo o mapa auricular e para finalizar o seu diagnóstico é importante ter em mente os conhecimentos da teoria dos cinco elementos (MACHADO e MARCIANO, 2021). Por exemplo, se dentro da fossa escafoide, estiver com uma coloração de vermelho pálido ou escuro, pode haver a existência de dores crônicas no ombro. Pacientes com úlceras gástricas apresentam depressões em forma de gomos em locais a pontos correspondentes ao estômago e/ou duodeno. Distúrbios ginecológicos apresentam descamações na fossa triangular. Assim como outras reações estão relacionadas a diversas patologias (BARROCO e TOMBI, 2019). Em caso de dor, utilizamos um instrumento exploratório chamado de apalpador, que ao palpar o pavilhão auricular, podemos perceber sinais como sensibilidade à dor, regiões flácidas ou endurecidas. Ao apalpar essas regiões encontraremos o ponto exato para tratar a dor do nosso paciente. Durante o tratamento, o pavilhão auricular deve passar por uma assepsia rigorosa com algodão umedecido com álcool 70%, e logo após pode ser estimulado de diversas formas, como sementes de mostarda, colza entre outros tipos de sementes, esferas de metal, cristais, agulha semipermanente, sangria com lancetas, massagem, laser, agulhas sistêmicas (BARROCO e TOMBI, 2019). 90UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 6 - APLICAÇÃO DE VENTOSATERAPIA A utilização de ventosaterapia vem sendo procurada durante milhares de anos devidos os seus inúmeros benéficos além de ser uma técnica natural, na qual são criados vácuos por sucção da pele. O vácuo formado estimula a circulação sanguínea e com este processo são liberadas as toxinas existentes do sangue. Durante o procedimento as ventosas ativam a circulação, aumentando a circulação do sangue favorecendo a nutrição dos músculos, aliviando as tensões e as dores musculares e articulares. O uso das ventosas promove uma espécie de ginastica circulatória, devido ao seu mecanismo de ação, segundo Cunha (2007) a ventosa promove uma vasodilatação momentânea ao ser aplicada, e ao ser retirada o vaso sanguíneo retorna ao seu calibre normal. Quando ocorre a vasodilatação os tecidos e o sangue ficam mais oxigenados nutrindo melhor os tecidos, aliviando a fadiga e a tensão muscular. Além de aliviar as dores podemos aplicar no tratamento de fibroedema geloide e estrias (CHIRALI, 2001). Na visão da Medicina Chinesa, as ventosas possuem diversas funções como dissipar a estagnação do Qi e do Sangue, regulando seu fluxo energético tanto em condições de excesso ou deficiência que geralmente são as principais causas para dores musculares; por exemplo lombalgia pode estar relacionada ao excesso ou deficiência de Qi na região causando a dor, ao aplicar as ventosas conseguimos aliviar as dores instantaneamente (JARMEY, 2010). Ainda na visão da Medicina Chinesa, conseguimos conduzir o Qi para uma área e tonificar, por exemplo podemos dispersar a fleuma (umidade) dos pulmões quando aplicamos ela sobre o tórax, isso irá aumentar a troca gasosa nos pulmões diminuindo a fleuma (JARMEY, 2010). 91UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Segundo Campos (2015) os efeitos fisiológicos sobre a pele ocorrem quando o estímulo é realizado direto nas raízes dos pelos, dilatando os vasos sanguíneos, aumentando a temperatura da pele favorecendo o metabolismo do tecido cutâneo, melhorando o funcionamento das glândulas sebáceas e sudoríparas, dos terminais nervosos, da respiração cutânea, aumentando o suporte nutritivo da pele. Os efeitos fisiológicos sobre os músculos ocorrem através do estímulo dos capilares subcutâneos, que por sua vez ativam os vasos sanguíneos e facilitam o fluxo de sangue nos músculos, removendo o sangue congestionado e facilitando o fluxo da linfa (CAMPOS, 2015). A ventosaterapia também possui uma resposta fisiológica muito interessante para tratar dores articulares pois melhora o fluxo sanguíneo no interior das articulações, além de melhorar o seu desempenho e secreções dos fluidos sinoviais. Em casos de reumatismos por exemplo na sua fase mais branda a cura quase completa é possível. Conseguimos também estimular o interior dos órgãos abdominais, melhorando à secreção de fluidos digestivos, e estimular os movimentos peristálticos dos intestinos, estimular o epigástrico para melhorar o desempenho do estômago fortalecendo a sua digestão e absorção de nutrientes (JARMEY, 2010). A ventosaterapia consegue melhorar a nossa imunidade, pois ela produz o aumento de glóbulos brancos e das hemácias, melhora a ação anti-hemorrágica, tornando o sangue relativamente alcalino e fortalecendo o sistema imunológico (CUNHA, 2007). Segundo Chirali (2001) conseguimos realizar a purificação do sangue através da ventosaterapia, isso ocorre quando ao aplicar a ventosa sobre a pele é possível liberar o fluxo sanguíneo nas artérias e veias; liberando o fluxo em pontos com sangue congestionado, assim desbloqueando ou descongestionando a região inflamada. Essa ação pode ser realizada com a ventosa seca, ou seja, ela aplicada diretamente na pele, ou com a ventosa molhada quando fazemos pequenos furinhos com uma lanceta e em seguida aplicamos a ventosa de vidro. É importante lembra que ao aplicar a ventosa com sangria a ventosa deve ser de vidro, caso realize com a de acrílico ela deve ser revestida com um protetor. Para que a assepsia seja feita de forma correta após aplicação. Através da ventosaterapia também conseguimos estimular o Sistema Nervoso Central, através do estímulo das papilas sensitivas da pele. O efeito inibidor da dor hipersensitiva não se limita à área do tratamento, mas se estende através das áreas controladas pelos nervos envolvidos. Por exemplo, um tratamento na região dorsal é direcionado principalmente nervos espinhais e nervos parassimpáticos e os nervos simpáticos são encontrados lateralmente. Ele também possui uma ótima influencia no sistema nervoso autónomo (SNA)assim, como nos vários órgãos sobre o seu controle (CAMPOS, 2015). 92UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês As ventosas podem ser ótimas aliadas para tratamentos estéticos produzem inúmeros benefícios para o organismo como: melhora a circulação, aumentando a oxigenação, hidratação e nutrição tecidual, além de auxiliar na redução de retenção de líquidos, melhora o tônus tissular, promovendo mais firmeza para a pele (BARROCO e TOMBI, 2019). FIGURA 7 - APLICAÇÃO DE CONE CHINÊS O Cone Chinês, também conhecido como cone Hindu. É uma terapia que possui o objetivo de desobstruir os canais energéticos como: do canal auditivo, nariz e garganta. Essa técnica remove energias negativas e aumentando o padrão vibracional, fazendo cessar, em alguns casos, até mesmo os sintomas físicos dos desequilíbrios energéticos. A circulação de energia (QI) nos meridianos podem ser dificultados por diversos fatores internos ou externos, no qual podem ocasionar bloqueios e estagnações de energia. A porta de entrada para a aplicação do Cone Chinês é o ouvido, dentro dos meridianos, o ouvido está relacionado ao Rim. O Rim é responsável pelo armazenamento da fonte básica da energia do corpo (energia vital), eles determinam a nossa longevidade e o processo de envelhecimento, do sistema reprodutor, sistema nervoso, metabolismo ósseo e a orelha com as suas funções (MACHADO e MARCIANO, 2021). Segundo Maciocia (2007) o Rim é considerado a “Raiz da Vida”, essa energia vital é herdada e estabelecida durante a concepção e não é renovável, ou seja, ela é consumida com o passar dos anos, e a forma que desgastamos essa fonte de energia vai de acordo com o estilo de vida de cada indivíduo. 93UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Maus Hábitos alimentares, sedentarismo, excesso de atividade física ou sexual, sentimento de medo muito prolongado e o excesso de frio, são responsáveis por desgastar a energia vital (JARMEY, 2010). Os ouvidos dependem da nutrição da Essência (energia vital) para exercer as suas funções, portanto, os ouvidos estão fisiologicamente relacionados com o Rim. Se o Rim estiver debilitado, a audição poderá ser afetada, ocorrendo tinido (MACIOCIA, 2007). Podemos também associar a terapia do cone chinês aos cinco elementos a parafina ou cera de abelha utilizada para produzir o cone, e está relacionada ao elemento Terra, o líquido (parafina ou cera de abelha derretida dentro do cone) representa a água; O próprio cone, simbolizando o pavio, representa o fogo; a parafina evaporando representa o ar; e por último, o metal é representado pelo paciente (BENEVIDES, 2012). O Rim está relacionado ao elemento água, em grande parte das afecções que entramos dentro do canal auditivo é causado por um excesso de umidade, ao aplicar o cone conseguimos controlar a umidade melhorando os sintomas. Outro sinal evidente de que as funções energéticas do Rim não estão em plenitude, é com o surgimento de zumbidos, tinidos ou perca auditiva. (MACIOCIA, 2007). O mecanismo de ação do cone chinês ocorre da seguinte maneira, o cone atua através de princípios térmicos e biofísicos. O calor provoca uma vasodilatação pelo aumento da temperatura local e/ ou central, quando o calor do fogo consome todo o oxigênio contido no interior do cone, forma uma pressão negativa (processo de aspiração). Esse processo de aspiração juntamente com o calor e a fumaça, mobiliza o muco acumulado no ouvido, garganta e nariz, descongestionando as passagens internas e ajudando o organismo a se autorregular. Devido ao descongestionamento conseguimos melhorar a audição, tratando zumbidos e perda da audição por excesso de cerume. Na visão da Medicina Chinesa o cone é utilizado para promover o equilíbrio e fortalecimento do QI (energia), capaz de remover a umidade, frio e vento; além de atuar na parte física ele também atinge o equilíbrio emocional. Durante a aplicação do cone o paciente entra em um relaxamento profundo, o processo de descongestionamento, também clareia a mente, aguça os sentidos e aumenta a sensibilidade e a intuição. O cone além de tratar as patologias físicas consegue realizar uma limpeza profunda, retirando e transmutando as energias negativas, prevenindo inúmeras doenças. 94UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 3. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES 3.1 Indicações da auriculoterapia: A auriculoterapia é uma técnica de microssistema mais difundida no mundo e fácil de ser aplicada com pouquíssimas contraindicações. ● Problemas respiratórios; ● Problemas cardíacos; ● Alcoolismo; ● Tabagismo; ● Ansiedade; ● Depressão; ● Distúrbios psicológicos e emocional; ● Hipertensão; ● Dores de cabeça; ● Infecção urinária; ● Obesidade; ● Constipação; ● Emagrecimento (ajuda controlando o desejo compulsivo por comer); ● Distúrbios hormonais; ● Controle da TPM; ● Cólica e desequilíbrio menstrual; 95UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês ● Distensões musculares; ● Contraturas; ● Gripe; ● Dores musculares ou crônicas; ● Cervicalgia; ● Distúrbio da ATM; ● Tireoide; ● Tratamento do câncer (aliviando os sintomas da quimioterapia. Essas e muitas outras indicações na qual essa técnica pode contribuir de forma curativa ou complementar já que pode ser associada a qualquer outro tipo de tratamento. 3.2 Contraindicações da auriculoterapia: ● Gestantes não usar pontos de útero, ovário; ● Pacientes em fase terminal; ● Pacientes epiléticos (sem estar fazendo uso devido tratamento); ● Orelhas com qualquer tipo de lesão; ● Paciente que faz uso de marca-passo (não usar ponto de coração nem estímulo elétrico); ● Não é recomendado fazer em pacientes com jejum de mais de 3 horas, nem logo após a refeição. FIGURA 8 - APLICAÇÃO DE VENTOSAS NO MERIDIANO VASO GOVERNADO 96UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 3.3 Indicação da ventosaterapia: ● Paralisia (melhora a elasticidade do tecido); ● Artralgia; ● Torcicolo; ● Dor intercostal; ● Parestesia e dor no ombro; ● Ciatalgia; ● Lombociatalgia; ● Lombalgia; ● Parestesia dos MMII; ● Epigastralgia; ● Constipação; ● Diarreia; ● Gastrite; ● Cistite; ● Enxaqueca; ● Cefaleia tensional; ● Ansiedade e nervosismo; ● Insônia; ● Gripe; ● Tosse noturna; ● Bronquite; ● Obesidade. 3.4 Contraindicações da ventosaterapia Apesar de ser uma técnica minimamente invasiva para o corpo, as ventosas podem deixar marcar avermelhadas ou roxas, porém com o passar dos dias elas desaparecem. Não há muitas contraindicações para essa técnica. ● Gestante (não pode ser aplicada na barriga); ● Não deve ser aplicada em regiões que apresente lesões, micose, psoríase, dermatite, ferimentos recentes; ● Não deve ser aplicada logo após a refeição, o ideal é realizar a sessão com o intervalo de duas horas após as principais refeições. 97UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 9 - APLICAÇÃO DA TÉCNICA DO CONE CHINÊS 3.5 Indicações do Cone Chinês ● Remoção de excesso de cerúmen; ● Melhora da audição; ● Alívio na dor de garganta; ● Atua no controle da vertigem e labirintite; ● Ativa a circulação sanguínea e linfática na região; ● Desobstrui ouvido, nariz e a garganta; ● Estimula o SNC proporcionando clareza na audição e na visão, melhorando o paladar e o olfato; ● Fortalece o sistema imunológico; ● Reorganiza os chakras; ● Purifica a energia; ● Traz clareza aos pensamentos; ● Acalma o sistema nervoso; ● Proporciona o aumento da conexão interna. 98UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 3.6 Contraindicação do Cone Chinês ● Processos cirúrgicos recentes; ● Cistos nos ouvidos; ● Perda de audição congênita; ● Tumores no ouvido (benignos ou malignos); ● Osteosclerose (aumento anormal da densidade óssea); ● Mastoidite (otite média crônica); ● Corrimentos. 99UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 4. APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS A auriculoterapiacomo já foi mencionada anteriormente é uma técnica de fácil aplicação, além de ser uma técnica minimamente invasiva, oferece muita segurança durante o procedimento, pois não há perigo de lesão em nenhuma estrutura vital (ENOMÓTO, 2019). Antes de realizar a aplicação da auriculoterapia, é importante que você entenda a divisão anatômica da orelha, pois ela é subdividida em várias partes, na qual cada região corresponde por uma área do corpo. Lóbulo da orelha: porção carnosa da parte inferior da orelha representando a cabeça e a face; está abaixo do nível da margem inferior da incisura do intertrago, podendo ser dividido em nove regiões como exemplo: olhos, língua e bochechas (WEN e HSING, 2008). Antítrago: estrutura semelhante ao trago, mas do lado contrário, representa a cabeça e o cérebro. Fossa escafóide: sulco formado entre a hélix e a Anti-helix. Nela estão representados os membros superiores e alguns pontos com funções específicas. Como por exemplo, clavícula, ombro, cotovelo (ENOMÓTO, 2019). Anti-helix: No seu trajeto se divide em dois ramos. A crista da cauda e do corpo da anti-hélice corresponde à coluna; a superfície interna voltada para a concha corresponde à parte medial do tronco (região anterior) e a parte voltada para a fossa escafóide corresponde à lateral do tronco. A cruz inferior corresponde à região sacroilíaca e ao glúteo, e a cruz superior corresponde aos membros inferiores (WEN e HSING, 2008). 100UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Fossa triangular: A região entre as divisões do ramo superior e inferior da Anti-helix cujo formato é um triângulo. Nela estão representadas região pélvica, órgãos reprodutores e pontos com funções especificas. Raiz da hélice e área circundante: a raiz da hélice é a parte anterior e inferior da hélice que inicia no centro da orelha e vai até a cruz inferior da anti-hélice. A raiz corresponde às áreas do ânus e da genitália, além do ponto zero. A área circundante dessa zona corresponde ao sistema digestório (WEN e HSING, 2008). Concha cimba: é a metade superior da concha da orelha. Nela está representado baixo ventre, abdômen (ENOMÓTO, 2019). Concha cava: é a metade inferior da concha da orelha. Nela estão representados órgãos da região torácica (ENOMÓTO, 2019). Área do trago e incisura do intertrago: corresponde à área nasal e glândulas endócrinas do corpo (WEN e HSING, 2008). Área da incisura do intertrago: corresponde sistema endócrino, ovários e visão 1 (WEN e HSING, 2008). Incisura superior do antítrago: essa área está na junção entre anti-hélice e antítrago. Responsável pelos pontos do tronco encefálico, laringe e dor de dente. Helix: é o contorno da orelha, tem função de proteger e expulsar fator patogênico. Encontramos pontos para controlar o Yang do fígado, hemorroidas entre outros. FIGURA 10 - REGIÕES DA ANATOMIA AURICULAR Fonte: Enomóto (2019, p. 26). 101UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 4.1 Materiais Usados Na Auriculoterapia Agora que apreendemos as regiões da orelha, partiremos para prática, logo após avalição determinaremos os pontos a ser colocado as sementes, antes de iniciar a aplicação a orelha deve estar bem higienizada. Os materiais utilizados são: ● Álcool70%; ● Tintura de Benjoin (assepsia e melhora a adesividade do micropre; ● Micropore (ficar os estímulos); ● Algodão (para assepsia); ● Lanceta para sangria; ● Ecobox (caixa para descarte adequado para agulhas); ● Pinça (instrumento usado para fixa estímulos); ● Apalpador (instrumento usado para localização de pontos). Placa para sementes/ cristais/ esferas usa para facilitar o uso das esferas ou sementes. FIGURA 11 - PONTOS DE AURICULOTERAPIA (1- SHEN-MEN, 2- ESTÔMAGO, 3- BAÇO, 4- FOME; PROTOCOLO DE EMAGRECIMENTO) Fonte: Barroco e Tombi, (2019, p. 121). 102UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Após a aplicação das sementes nos pontos desejados é importante que as sementes permaneçam por 5 dias, e no decorrer dos dias o paciente estimule as sementes com movimentos circulares, para potencializar o tratamento. Pode haver situações que as sementes caiam antes do período determinado, é importante que o paciente não tente colocá-las novamente. A ventosaterapia pode ser realizada com copos de vidro ou acrílicos de diferentes formatos e tamanhos, como já mencionado anteriormente, seu mecanismo de ação ocorre por meio da pressão negativa, que produz o vácuo realizando a sucção da pele. Esse vácuo pode ser aplicado em pontos específicos nos meridianos e/ou com movimentos de deslizamento, para aumentar a energia e circulação local (BARROCO e TOMBI, 2019). Existem duas formas de formar o vácuo das ventosas uma delas é com o fogo, esse calor vai formar uma pressão negativa que vai sugar a pele, deve atendar a temperatura do fogo para não queimar o paciente. A outra forma é com uma bomba de vácuo ou por um sugador de borracha conectado ao copo de vidro ou de acrílico (WEN e HSING, 2008). O tempo de aplicação deve durar entre 2 a 10 minutos, podendo mudar conforme alguns fatores, como sensibilidade local, intensidade da sucção, espessura do músculo local e gravidade da doença. Por exemplo em casos de dor, a aplicação deve ser mais longa; em casos de paralisia, a duração deve ser menor. Para doenças graves, a duração é maior do que em doenças mais leves (WEN e HSING, 2008). Segundo Campos (2015) o tempo de permanência das ventosas não podem ultrapassar 15 minutos, pois poderia causar um sofrimento desnecessário ao paciente, podendo levar ao extravasamento do líquido intersticial, provocando hematomas supurantes, e/ou bolhosos, extremamente doloridos e até falência com necrose do tecido interno. 4.2 Os materiais na ventosaterapia: ● Álcool 70% (para assepsia do local); ● Ventosas (vidro, acrílico ou bambu); ● Óleo (para ventosa deslizante); ● Pistola de sucção; ● Pinça com algodão (para aquecer as ventosas de vidro). 103UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês FIGURA 12 - VENTOSA COM FOGO, APLICADA NO MERIDIANO VASO GOVERNADOR FIGURA 13 - VENTOSAS APLICADAS NO MERIDIANO DA BEXIGA E para finalizarmos essa unidade vamos falar das formas de aplicação do Cone Chinês, durante o atendimento devemos estar atentos ao paciente, afinal trabalharemos com fogo. O uso de toalha como proteção faz toda diferença, principalmente no momento de aplicação no ouvido é de suma importância proteger o cabelo do paciente. O calor não deve chegar ao corpo, ele deve fluir pelo tubo do Cone. 104UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês Durante o procedimento é importante ter uma cubeta próxima com água para apagar a chama. Durante a sessão é importante utilizar uma gaze de proteção no ouvido, assim, não corre o risco de parafina ou cera de abelha quente caia dentro do ouvido podendo causar perda do tímpano, surdez, bloqueio do canal do ouvido com resto de cera. Devemos estar atentos também para não causar lesões no couro cabeludo e na orelha. 4.3 Materiais Usados No Cone Chines ● Cone de parafina ou cera de abelha; ● Toalha; ● Gaze; ● Algodão; ● Isqueiro; ● Cubeta com água. FIGURA 14 - MATERIAL PARA APLICAÇÃO DO CONE 105UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês 4.4 Modo de aplicação de Cone Chinês para limpeza energética do ouvido 4.4.1 Deitar o paciente em decúbito lateral, com a cabeça no travesseiro; 4.4.2 Cobrir o cabelo e deixar a orelha livre para o procedimento; 4.4.3 Ascender o cone na ponta mais larga; 4.4.4 Introduzir a ponta fina no ouvido com uma gaze na ponta; 4.4.5 Deixa o cone no ouvida até que ele queime 60%; 4.4.6 Retirar o cone e apagar a chama na cubeta com água; 4.4.7 Colocar um chumaço de algodão no ouvido. Ao finalizar a sessão é importe colocar um chumaço de algodão no ouvido e mantê-lo por 40 min, para manter o canal auditivo aquecido, e impedir que entre vento frio, principalmente no inverno.Logo após a sessão é importante que o paciente não consuma bebidas gelada por 24 horas, para não perder o calor nas vias aeras. Evitar lavar o cabelo por 24 horas, para que não haja invasão de umidade. E para finalizar o reequilíbrio energético que continua agindo por 72 horas, durante esse período é possível que o paciente sinta coceira no ouvido, ou escorrer secreções pelo ouvido, narinas e garganta. FIGURA 15 - APLICAÇÃO DE CONE CHINÊS COM PROTEÇÃO AURICULAR 106UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês SAIBA MAIS Tendo como base a relação do feto com as áreas da orelha, a região do lóbulo representa a cabeça humana, e nela está o ponto da visão. Os piratas iam até a China para furar a orelha com brinco de ouro (que, para a acupuntura, é uma energia estimulante Yang), e tampavam a vista oposta ao furo com o objetivo de energizar sua visão e enxergar primeiro o barco do inimigo. Fonte: Machado e Marciano (2021, p. 44). REFLITA O Rim abre-se nos ouvidos; se o Rim estiver saudável, ele é capaz de ouvir os cinco sons. Fonte: Maciocia (2007, p. 130). 107UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado (a) aluno (a), Neste material, busquei trazer para você três técnicas muito utilizada dentro da medicina chinesa a auriculoterapia, ventosaterapia e cone chinês, ambas são muito utilizadas desde os primórdios na medicina tradicional chinesa, seus resultados são tão eficazes que resistiu as tecnologias e até hoje são encontrados em grandes spas com o objetivo de tratar patologias e buscar relaxamento. Podemos apreender juntos o conceito de cada uma dessas técnicas, por exemplo, o microssistema da auriculoterapia que age com pequenos pontos de energia em toda orelha, podendo tratar dores físicas até emocionais. Vimos também o poder da ventosaterapia que através de uma pressão negativa é capaz de remover toxinas do corpo, liberar tendões e músculos melhorando a mobilidade e aliviando dores por todo o corpo. E para finalizar conhecemos o encantador cone chinês, que através de um cone de parafina ou cera de abelha é capaz de tratar afeções no ouvido, nariz e garganta. 108UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês LEITURA COMPLEMENTAR EFEITOS DA VENTOSATERAPIA NO TRATAMENTO DA PARALISIA FACIAL: ESTUDO DE CASO A Paralisia Facial Periférica (PFP), é um acometimento atinge centenas de pessoas, podendo ser gerada de várias formas, desde traumas, infecções, acidentes vasculares, fatores emocionais, como também a paralisia idiopática ou de Bell. A Paralisia Facial é um acometimento que atinge a hemiface, podendo o paciente apresentar total ou parcial perda funcional e sensitiva. A PFP se caracteriza por ter um acometimento passageiro, mas que se não tratada devidamente, poderá deixar sequelas irreversíveis dependendo de sua causa. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da ventosaterapia deslizante como tratamento para um paciente com paralisia facial de origem traumática. Tratou-se de um estudo de caso, onde aplicou se a ventosaterapia como único tratamento durante 9 sessões, três vezes por semana, no período de novembro de 2018. O paciente foi avaliado antes e após a aplicação através da escala de House-Brackmann, avaliação de sensibilidade com monofilamentos e fotometria antes e após as sessões. Observou-se a melhora da simetria facial e da sensibilidade do paciente deste estudo. Fonte: ARAUJO, J. F. F. Efeitos Da Ventosaterapia No Tratamento Da Paralisia Fa- cial: Um Estudo De Caso, Juazeiro do Norte – CE. Centro universitário Dr. Leão Sampaio, 2018. Disponível em: https://unileao.edu.br/repositoriobibli/tcc/JONILSON%20FERNAN- DES%20FERREIRA%20DE%20ARA%C3%9AJO.pdf Acesso em: 10 jan. 2022. https://unileao.edu.br/repositoriobibli/tcc/JONILSON%20FERNANDES%20FERREIRA%20DE%20ARA%C3%9AJO.pdf https://unileao.edu.br/repositoriobibli/tcc/JONILSON%20FERNANDES%20FERREIRA%20DE%20ARA%C3%9AJO.pdf 109UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinês MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Ventosaterapia: o resgate da antiga arte da longevidade Autor: Augusto Campos. Editora: Andreoli. Sinopse: Pretende-se, com a presente publicação, resgatar o valor terapêutico da arte ancestral da ventosa terapia, promovendo a sua utilização, por se tratar de um método simples e eficiente, de fácil aplicação, barateando custos em hospitais, postos de saúde, prevenindo doenças, tratando as existentes e aquelas ainda por vir. Ao percorrer as páginas deste livro tem-se a empolgante impressão de viajar numa máquina do tempo, vislumbrando as práticas de cura várias civilizações. Ao longo do tempo, tantos pacientes têm se beneficiado com o uso de ventosas, que seria impossível enumerar todos os casos. FILME/VÍDEO Título: Divisão Anatômica e Distribuição de Pontos na Auriculoterapia Ano: 2021. Sinopse: Neste Intensivo De Auriculoterapia a Professora Roselaine Oliveira do Entendendo Auriculoterapia vai te ensinar a partir do zero a Auriculoterapia, e a conhecer a anatomia de um pavilhão auricular e a respectiva distribuição de pontos na Auriculoterapia. Veja também a localização de pontos em Auriculoterapia 3D. Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=K_4b0EhIaZY 110 REFERÊNCIAS ARCE, J. A. G. Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Editora Isis, 2018. BARROCO, C. A.; TOMBI, E. C. N. A. Terapias alternativas em estética. Porto Alegre: Grupo A, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788595027633/ Acesso em: 06 abr. 2022. BARROCO, C. U.; TOMBI, E. C. N. A. Terapias alternativas em estética. Porto Alegre: Sagah, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788595027633/ Acesso em: 10 jan. 2022. BENIVIDES, S. K. D. Limpeza energética com os cones chineses. São Paulo: Madras, 2012. CAMPOS, A. Ventosaterapia: o resgate da antiga arte da longevidade. São Paulo: Andreo- li, 2015. CHIRALI, I. Z. Ventosaterapia - Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Roca, 2001. CUNHA, A. A. Ventosaterapia. São Paulo: Ícone, 2007. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/122482/epub/0 Acesso em: 01 abr. 2022. ENOMÓTO, J. Auriculoterapia Método Enomóto. São Paulo: Ícone, 2019. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187271/pdf/0?code=ZE2demvnO5h- VWwTKc132xfC/6jpzdX/q0djInP0ibGF5/AJGmX8yq24HZtbLkhxmAoSXjbHmBmTPlJfe- 3C81wg== Acesso em: 10 jan. 2022. 111 FOCKS, C.; MÄRZ, U. Guia Prático de Acupuntura. Barueri, Sp: Editora Manole, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451984/. Acesso em: 06 abr.2022. JARMEY, C. Pontos de acupuntura: um guia prático. Barueri, Sp: Editora Manole, 2010. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520454961 Acesso em: 06 abr. 2022. JARMEY, C. Pontos de acupuntura: um guia prático. Barueri, SP: Editora Manole, 2010. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520454961 Acesso em: 10 jan. 2022. LIMA, P. R. Manual de acupuntura: direto ao ponto. 4. ed. Porto Alegre: Editora Zen, 2016. MACHADO, M. G. M.; MARCIANO, A. P. V.; SAHD, C. S.; AL., et al. Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. 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A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem como base o reconhecimento de filosofias fundamentais que controlam o funcionamento do organismo/corpo humano, associada a interação com o ambiente no qual ele vive, com o objetivo de compreender o seu estilo de vida para associar aos tratamentos para tratar doenças e preveni-las através de diversas técnicas. A ciência ocidental foca na redução dos fenômenos naturais em partes cada vez mais simples, mas tratando o indivíduo como um todo. Assim, para aprender sobre qualquer mecanismo, procura-se entender as partes que o compõem. Com esse sistema, a medicina ocidental conseguiu grandes avanços que podemos observar nos dias de hoje. 6UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Com a evolução da medicina ocidental vieram fármacos como antibióticos e vacinas, além do desenvolvimento de incontáveis terapias e drogas para doenças de grande prevalência, que diminuiu o número de mortes. Em paralelo a evolução da medicina ocidental vieram o acesso a saneamento básico e água potável, a difusão das técnicas de assepsia e o cuidado materno infantil. (VIEIRA, 2017). Além disso, houve um avanço em técnicas cirúrgicas e no tratamento de traumas por acidentes graves e desenvolvimento de métodos eficientes para o atendimento de doenças, assim aumentando significativamente a expectativa de vida da população. Observamos ao longo dos anos que o sistema de saúde encorajou os pacientes a acreditar que as respostas estão na tecnologia dos exames e nas medicações disponíveis, o que desestimula a reflexão sobre a interconexão das múltiplas causas que agem no desenvolvimento da doença. Predisposição genética, estilo de vida, emoções, pensamentos, relações interpessoais, cuidados consigo mesmo, orientação e acesso médico adequado são variáveis que, somadas, definem a melhora ou piora do quadro clínico da doença crônica. Essa prática da medicina está focada na parte sem considerar o todo e apoiada excessivamente na tecnologia assim criou barreiras de comunicação entre médico e paciente. O atendimento médico humanizado com troca de informações e perguntas e respostas estruturadas, o exame físico detalhado, a empatia e o acolhimento tornaram-se cada vez mais secundários. (VIEIRA, 2017). Com a falta de comunicação e relacionamento entre médico-paciente, e uso abusivo da tecnologia com custo cada vez maior e a falta de tratamento adequados para doenças crônico-degenerativas conseguimos enxergar as limitações da medicina ocidental. Sendo assim tivemos um aumento do interesse pelas terapias complementares. Inúmeras pesquisas americanas mostraram na década de 1990 que uma boa parte da população dos Estados Unidos estava muito interessada em ter mais acesso a tratamentos baseados em nutrição, fitoterápicos e medicina tradicional chinesa. Já havia um público para o qual a saúde e a cura demandavam mais que o uso de pílulas ou procedimentos cirúrgicos (VIEIRA, 2017). O conceito de saúde e doença e a visão do funcionamento do corpo humano são diferentes na visão ocidental e oriental. Segundo a medicina chinesa, por exemplo, não existe um conceito similar ao nosso sistema endócrino; os micro-organismos não são vistos como causa de doenças, eles veem fatores patogênicos externos, como frio, calor, e fatores internos, como sentimentos de raiva, tristeza entre outras emoções. 7UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I A medicina ocidental utiliza o microscópio como principal instrumento de investigação, tanto na teoria quanto na prática médica. Já a medicina tradicional chinesa (MTC) busca nos cinco elementos, observações físicas, mentais, emocionais, e energética com o objetivo entender o panorama geral do paciente, para concluir qual desarmonia o levou adoecer. Em geral, o pensamento ocidental tende a observar eventos isoladamente e avaliar sua interação com os demais fenômenos pontualmente, sistematizando seus modelos de estudos para que cada vez mais as variáveis sejam isoladas. O raciocínio oriental se inclina a identificar padrões globais, atentando para o todo, sem foco restrito. Pode-se diferenciar a organização da perspectiva ocidental da oriental, sendo a primeira redutiva e analítica, e a segunda ampla e interpretativa. Enquanto, no ocidente, se foca nos polos opostos, no oriente, observa-se a continuidade de transformação entre eles, o caminho entre um e outro. (BARROCO e TOMBI, 2019). A medicina tradicional chinesa (MTC) é um sistema médico complexo, terapêutico e tradicional e complementar, que busca à interação com o meio ambiente e qualidade de vida. Já a medicina ocidental é caracterizada pela racionalidade médica, tem suas próprias bases de morfologia, sistema de diagnose, sistema terapêutico e cosmetologia. A metodologia médica ocidental correlaciona os sintomas de uma doença à sua causa etiológica para definir uma ação terapêutica que busque a cura desse fator causal levando aos alívios dos sintomas. Como os sinais e sintomas são comuns em muitas doenças o médico recorre a diferentes métodos como anamnese, exames clínicos e subsidiários (de laboratório de imagem), para definir o diagnóstico do paciente (VIEIRA, 2017). Já na medicina chinesa o raciocínio clínico é feito por meio da anamnese e do exame físico, se o paciente apresenta sintomas de desequilíbrio nos princípios Yin e Yang, a partir daí, leva em consideração a relação aos cinco elementos e os seus órgãos Zang fu correspondentes. Para diferenciação de síndromes eles observam partes específicas do corpo como a língua, nela conseguimos observar se tem um quadro de excesso ou deficiência em diversos órgãos; ouvir os sons (fala, respiração, tosse) e sentir os odores apresentados pelo paciente principalmente o hálito; interrogar queixas, sintomas e evolução da doença, hábitos de vida e alimentares, sono, além do exame físico no qual é realizado no pulso. O exame do pulso é um importante diferencial nesse processo. No Ocidente, ele fornece basicamente o ritmo da contração do coração; no Oriente, é protagonista na propedêutica médica uma espécie de contador de histórias que revela a expressão do Qi, do sangue e do sistema Zang fu. 8UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Sua palpação é feita na artéria radial, na região do punho, em três posições e três profundidades, nos antebraços direito e esquerdo, juntos e separadamente. Cada ponto corresponde a um sistema específico do organismo. Parâmetros como força, forma, consistência, amplitude, frequência e regularidade são avaliados (VIEIRA, 2017). As bases teóricas da medicina tradicional chinesa são formadas por grandes obras antigas e densas, as quais trazem as três principais teorias para a compreensão e prática da medicina oriental: Yin e Yang, Cinco Elementos e Zang Fu. 9UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 2. TEORIA DO YIN E YANG O grande alicerce teórico de toda a medicina chinesa é a teoria de Yin e Yang, no qual pode ser aplicada para todo e qualquer fenômeno da natureza, não sendo restrita apenas à medicina. É importante compreender que os conceitos de Yin e Yang, pois ela é essencial para a prática clínica, tanto para avaliar o paciente, como também para determinar o tratamento e sugerir o diagnóstico. Antigamente, o Yin e Yang era considerado uma filosofia, primeiramente seu conteúdo era muito simples, fazia-se referência à luz do sol (Yang) e a noite (Yin). Depois, passou a corresponder aos aspectos do clima calor/frio, de posicionamento de cima/baixo; lado direito e esquerdo, e movimento(repouso/movimento). A cada fenômeno da natureza os antigos pensadores faziam relação com Yin/yang para justificar que tudo estava interligado; não existe Yin sem o YangAO, 2008. v. 2, cap. Medicina tradicional chinesa, p. 17-50. 112 PEREIRA, F. Spaterapia. Difusão Editora, São Paulo 2018. Disponível em: https://plata- forma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/177249/pdf/0?code=rdYUBbm8tN9RTAg1mM7s- 1Ja4thCSI6HIs1mzaD7XY/VHbHls8wQjcSUER3icKLxAoyKWIzx5u5KDrjAoBIQJhA==. Acesso em: 01 abr. 2022. PEREZ, E; LEVIN, R. Técnicas de Massagens Ocidental e Oriental. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/ books/9788536521411/pageid/2. Acesso em: 01 abr. 2022. SCAVONE, A. M. P. Manual de Auriculoterapia Acupuntura Auricular: Francesa e Chinesa. Kindle, 2016. TAFFAREL, M. O.; FREITAS, P. M. C. Acupuntura e analgesia: aplicações clínicas e principais acupontos. Ciência Rural, n. 39, v. 9, p. 2665-2672, 2009. VIEIRA, M. S. R. Acupuntura e medicina integrativa: sabedoria milenar, ciência e bem- -estar. São Paulo: MG Ed., 2017. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/ Publicacao/122482/epub/0. Acesso em: 01 abr. 2022. WEN, T. S.; HSING, W. T. Manual Terapêutico de Acupuntura. Barueri, SP: Edi- tora Manole, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788520443774/ Acesso em: 06 abr. 2022. WEN, T. S.; HSING, W. T. Manual Terapêutico de Acupuntura. Barueri, SP: Editora Manole, 2008. 9788520443774. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788520443774/ Acesso em: 06 abr. 2022. WEN, T. S.; HSING, W. T. Manual Terapêutico de Acupuntura. Barueri, São Paulo: Editora Manole, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788520443774/ Acesso em: 10 jan. 2022. YAMAMURA, Y. Acupuntura tradicional: a arte de inserir. São Paulo: Editora Roca, 2001. 113 CONCLUSÃO GERAL Prezado (a) aluno (a), Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos e técnicas a respeito desse tema tão importante das Terapias Integrativas. Para tanto abordei as definições teóricas e práticas, neste aspecto acredito que tenha ficado claro para você o quanto é importante dominar as técnicas, mas principalmente, ter um olhar diferente perante o paciente. Desta forma, confio que irá atender e oferecer um serviço diferenciado ao mercado, se destacando como profissional. O domínio sobre as bases da Medicina Chinesa vai te fazer um profissional pronto e apto a destinar o melhor tratamento para o seu paciente. Ao correlacionar todas essas diretrizes como o a teoria do Yin e o Yang, vão te dar uma direção sobre o que está em excesso ou deficiência. Ao relacionar os cinco elementos você vai entender qual órgão está sendo prejudicado. O Qi percorre os meridianos, em livre fluxo quando o organismo está em harmonia, assim nutrindo todos os canais energéticos de todos os Zang Fu (órgãos e vísceras), porém quando em desarmonia devemos observar os sinais e sintomas apresentados pelo paciente para podemos escolher o melhor tratamento para ele. Apesar das técnicas apresentadas serem minimamente invasivas, elas não oferecerem riscos à saúde dos indivíduos, levantei as contraindicações que deverão ser apuradas e respeitadas por parte do profissional. A partir de agora acredito que você já está preparado(a) para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para atender da melhor forma os pacientes que virão até você. +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II UNIDADE III Acupuntura UNIDADE IV Auriculoterapia, Ventosaterapia e Cone Chinêse vice-versa. O Yang e Yin são princípios essenciais à existência de tudo o que há no Universo. Essa dualidade que determina a origem de tudo na natureza, incluindo a vida. Além disso, observaram que todos os fenômenos da natureza podiam ser classificados em dois polos opostos chamados de Yin (negativo) e Yang (positivo). Aqueles que apresentam as características de força, calor, claridade, superficialidade, grandiosidade, dureza, peso etc., pertenciam ao Yang. Contrariamente, os que apresentam as características opostas ao mencionado, como passividade, frio, opacidade, profundidade, maciez e leveza, pertenciam ao Yin. No corpo humano há muitas dessas diferenças qualitativas na sua estrutura e na sua função (WEN e HSING, 2008). 10UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I FIGURA 1 - DIFERENÇAS QUALITATIVAS NA SUA ESTRUTURA E NA SUA FUNÇÃO Fonte: Adaptado de Wen e Hsing (2008, p.13) O Yin e Yang e sua concepção ao mesmo tempo é simples e complexa. Eles são os aspectos opostos ou, mas se vistos por outro lado, representam uma coisa única, pois cada um tem a sua singularidade e suas representações. Mas só possível ver o quanto eles se completam observando suas características, por exemplo: o calor é Yang, mas só temos referência do que é quente sabendo o que o frio (Yin). Por isso um não vive sem o outro. A teoria do Yin e Yang foi concebida à milênios com base na observação da natureza, obedece a três princípios básicos. 1 Primeiro princípio: Transformação do Yin e do Yang: Os aspectos Yang e Yin apresentam um constante movimento de transformação entre si. Mantendo-se em constante equilíbrio dinâmico. Isso significa que quando o Yang cresce, o Yin descresse e vice-versa. 2 Segundo princípio: Transmutação do Yang e do Yin: Os aspectos do Yang e do Yin quando chegam ao seu extremo se transmutam-se em seu aspecto oposto. Este processo de transmutação é um princípio geral da natureza. Podemos entender melhor observando o ciclo do dia/noite. O dia tem características Yang (claridade, calor, atividade) e a noite tem características opostas, Yin (escuro, frio, estado de repouso). Ao meio-dia, chegamos ao ápice do Yang e a meia noite o ponto máximo do Yin. No período que vai da meia noite ao meio-dia, o Yin máximo vai descendendo, transformando-se naturalmente e lentamente em Yang até chegar no seu ápice ao meio- dia; o mesmo processo acontece ao inverso, o Yang vai se tornando naturalmente Yin. 11UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 3. Terceiro princípio: relatividade do Yang e do Yin: Nesse princípio, o fenômeno do Yang ou Yin é um conceito relativo, significando que um aspecto pode ter ao mesmo tempo características Yang ou yin, dependendo do seu referencial. Conseguimos ver de forma clara quando fazemos referência as cores. O Vermelho representa o Yang, pois retrata movimento, a atividade, o calor, a agitação, a vida, já a cor violeta representa o Yin pois representa o repouso, a passividade, o frio, a calma, a morte. As cores intermediárias entre o vermelho e o violeta representam características Yang, quando comparadas a cor violeta, e Yin quando comparadas ao vermelho. Por exemplo a cor alaranjada é Yang quando comparada à cor violeta, mas pode se tornar Yin quando comparada a cor vermelha, ou seja, a cor alaranjada representa o Yang e o Yin ao mesmo tempo, mas o que vai defini-la é a sua referência, na qual vai terminar seu estado. A Medicina Tradicional Chinesa busca diagnosticar precocemente as alterações do equilíbrio Yang/Yin e buscar um método terapêutico direcionado para restabelecer esses equilíbrios energéticos. Órgãos e tecidos do corpo humano podem ser classificados como mais Yin ou mais Yang, dependendo da sua localização e função. Levando-se em conta o corpo humano como um todo, a cabeça, a superfície do tronco e as faces laterais e posteriores dos quatro membros são considerados mais Yang. Os órgãos (Zang Fu) que correspondem aos órgãos e vísceras da medicina moderna são considerados mais Yin. Analisando as vísceras (Fu), elas têm como função principal o transporte e a digestão, e são mais Yang, ao passo que os órgãos (Zang), cujas funções são mais de armazenamento e controle da energia vital do corpo, são mais Yin (WEN e HSING, 2008) 12UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 3. CINCO ELEMENTOS A teoria dos Cinco Movimentos ou também conhecida como Cinco elementos é uma das principais bases da Medicina Chinesa. Ele é baseado na evolução dos fenômenos naturais, em como os vários aspectos que compõem a natureza geram e dominam uns aos outros. Os antigos filósofos viam o mundo como uma constante interação e combinação desses cinco elementos. Eles foram classificados como Metal, Água, Madeira, Fogo e Terra. Todas as coisas existentes no universo são formadas da combinação desses elementos, incluindo todos os organismos vivos inclusive o corpo humano. Na Medicina Tradicional Chinesa, essas teorias são utilizadas para explicar as relações fisiológicas internas do corpo humano, o porquê de todos os fenômenos nos tecidos e órgãos, a fisiologia e a doença do corpo humano, assim como sua interrelação com o ambiente é vista como uma interrelação entre esses elementos básicos (WEN e HSING, 2008). As características de cada Elemento podem ser agrupadas em cinco categorias diferentes, que se encontram em constante movimentos de geração e dominância entre si; formando os cinco elementos. Os filósofos observaram que no inverno o clima é frio e o vento vindo do norte da China é gelado; nos países do norte as noites são longas, e o sal vem da água do mar. Concluindo que o elemento Água representa fenômenos naturais que se caracterizam por retração, profundidade, declínio, queda, eliminação e sabor salgado, relaciona-se com o Rim e bexiga. 13UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Na primavera, aumentam os raios solares, a grama e as árvores crescem, tudo se torna verde, o sabor predominante é o azedo. Suas principais características são crescimento, movimento, florescimento, síntese, relaciona-se com Fígado e Vesícula Biliar. Essas características descrevem elemento Madeira. No verão, o tempo é quente e há fogo por todos os lugares; as plantas exuberantes; nessa estação a cor em ascensão é a vermelha, o seu sabor é amargo; representa os fenômenos naturais que se caracterizam como: ascendente, desenvolvimento, expansão e atividade, relaciona-se com coração e Intestino Delgado. O elemento Terra não tem uma data de início e término igual as outras estações, ele fica no meio da transição, que tem início entre o Verão e Outono. Nesse período, as plantas começam a ficar amareladas; as frutas são maduras e doces; aumenta a umidade e o sabor é doce. O movimento Terra traz transmutações e mudanças e relaciona-se com Estômago e Baço. No outono, o tempo é seco e leve, a cor predominante é o branco; as frutas e as raízes das plantas são mais picantes; suas principais características são secura, branco, sabor picante e relaciona-se com Pulmão e Intestino Grosso. Os Cinco Movimentos, de acordo com as características naturais que representam, guardam entre si uma interrelação que permite posicioná-los obedecendo-se ao critério da geração. Deste modo, o Movimento Água gera o Movimento Madeira, este gera o Movimento Fogo, o qual gera o Movimento Terra, este gera o Movimento Metal e este, por sua vez, gera o Movimento Água (NAKANO et al., 2008). Os cinco elementos se relacionam se obedecendo, em condições de normalidade, mantendo um livre fluxo de energia; quando esse fluxo entra em desarmonia pode ser caracterizado como doença. Esse ciclo é conhecido como ciclo mãe-filho: o elemento que produz é denominado “Mãe”, e o elemento que é gerado é denominado “Filho”. Assim definimos o ciclo de geração Esse movimento constante de geração “Mãe-Filho” levariaa um desequilíbrio do universo. Para frear esse desequilíbrio, temos a lei da dominância agindo simultaneamente. Assim, a madeira controla a terra, a terra controla água, a água controla fogo, o fogo controla o metal e o metal controla madeira. Esse ciclo também é conhecido como Avô-Neto: o elemento controlador é chamado de “Avô” e o elemento controlado é chamado de “Neto” (PEREZ e LEVIN, 2014). 14UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I FIGURA 2 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO CICLO DE GERAÇÃO E DOMINÂNCIA Fonte: Perez e Levin (2014, p. 16). “Quando cada elemento faz a sua parte, tudo funciona harmonicamente. Cada elemento específico mantém outro em equilíbrio com o todo, sendo, por sua vez, harmonizado por outros” (WEN e HSING, 2008, p. 17). Existem casos de desequilíbrio podem ocorrer através de relações patológicas de superdominância e controdominância. A superdominância é um elemento que controla excessivamente o outro, passando do limite normal de regulação e provocando a diminuição do controlado. Já a controdominância é caracterizada por fazer a reação contraria, ou seja, em vez de ser controlada ela passa a controlar o seu controlador. (PEREZ e LEVIN, 2014). As principais relações entre os cinco elementos são a geração e a dominação. Quando um elemento gera o outro, está formando um ciclo de geração, ou seja, fogo gera terra, a qual gera o metal que, por consequência, gera a água que gera a madeira e, assim, o fogo é gerado. Essa relação cíclica de produção deve se manter de forma constante e equilibrada. Um exemplo que pode ocorrer a partir do desequilíbrio no ciclo de geração é quando o elemento fogo deixa de gerar terra, levando a uma deficiência do elemento terra (BARROCO e TOMBI, 2018). Qualquer objeto, fenômeno ou manifestação existente na natureza, como: estações do ano, as cores, os órgãos, os tons musicais, ou sabores está classificado dentro dos cinco elementos. 15UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I A classificação dos órgãos do corpo humano segundo estes cinco elementos é quando o coração pertence ao elemento fogo; o fígado pertence ao elemento madeira; o baço pertence ao elemento terra; os rins pertencem ao elemento água; e o pulmão pertence ao metal. O Qi dos rins alimenta o fígado (madeira), que estoca sangue ajudando o coração (fogo); este calor do coração irá aquecer o baço e o pâncreas, que se transformarão na essência(energia) dos alimentos, que irão encher o pulmão (metal). O pulmão purifica e auxilia os rins (água). De acordo com Perez e Levin (2014), a Teoria dos Cinco Elementos também é aplicada em situações patológicas. Por exemplo, se o Fígado estiver em desequilíbrio, ele pode deixar de nutrir adequadamente o Coração (caso haja deficiência de energia) ou pode agredir excessivamente o Baço-Pâncreas (caso haja de excesso de energia - ciclo de superdominação). Esse desequilíbrio energético produzirá sinais e sintomas nós órgãos afetados. 16UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 4. ZANG FU A concepção da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) sobre órgãos é diferente da Medicina Ocidental, considerando aspectos distintos como: o energético, o funcional e o orgânico. A parte orgânica e funcional corresponde a fisiologia e histologia dos órgãos e anatômica patológica estudada no Ocidente; a parte energética é caracterizada em Yang/ Yin que vão exercer o nível somático e mental. A Medicina Chinesa denomina Zang fu como o estudo de Órgãos e vísceras. O Zang fu formatam a principal referência orgânica das essências energéticas. Essas estruturas funcionam como receptoras, acumuladoras, metabolizadoras e distribuidoras de energia. (FARIA, 2015). Os órgãos (Zang) têm a função de armazenar à essência dos alimentos, que proporciona as características físicas, viscerais e mentais. São estruturas geradoras e transformadoras de energia e do Shen (consciência) que formam a energia no exterior, e as manifestações de energia interior. Os Órgãos (Zang) são representados pelo Coração, Pulmão, Fígado, Baço/ pâncreas e Rim, e são estruturas essenciais do organismo, responsáveis pela formação, crescimento, desenvolvimento e manutenção do corpo físico e da mente. O Fígado está localizado no aquecedor médio, porém algumas literaturas o descrevem como aquecedor inferior por suas funções. O fígado se relaciona com o Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Nervoso Autônomo, Sistema Circulatório e a visão, na Ótica Ocidental. 17UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Já na visão oriental, ele é responsável por armazenar sangue (xue); controla o livre fluxo e a harmonia propagação do Qi; Harmonia das emoções; harmonia da digestão; secreção da bile, da menstruação; controla tendões, relaciona-se com a ascendência e a circulação; abre nos olhos, manifesta-se nas unhas; relaciona-se com a Vesícula Biliar. O coração está localizado no aquecedor superior, considerado o soberano, o mais importante de todos os órgãos. Na medicina chinesa, as funções do coração vão além das funções que conhecemos na Medicina Ocidental. Ele é responsável por governar o sangue; os vasos sanguíneos; controlar a mente; relaciona-se com a transpiração, abre-se na língua; manifesta-se na face e relaciona-se com o intestino delgado. Baço está localizado no aquecedor médio, fazendo parceria com o estômago, é o principal órgão do sistema digestivo. O pâncreas representa as mesmas funções que o baço, visto que ele não é mencionado na literatura clássica da Medicina Chinesa. O Baço/pâncreas governa o sangue; responsável pela transformação e o transporte; Estoca Yi (consciência); controla os músculos; mantém o sangue dentro dos vasos; relaciona-se com a ascendência; eleva e mantém os órgãos em seus devidos lugares; abre-se na boca; manifesta-se nos lábios; está relacionado ao estômago. Pulmão está localizado no aquecedor superior, conectando-se com a traqueia, brônquios, faringe, para se abrir no nariz. As funções do Pulmão estão relacionadas com o Sistema Respiratório, Sistema Nervoso Autônomo, circulação do sangue e sistema imunológico, na visão Ocidental. Segundo a Medicina Chinesa o Pulmão harmoniza o Qi; controla os canais e os vasos sanguíneos; controla a respiração; circula e harmoniza as vias das águas; controla a dispersão e a descendência; estoca o Po (alma corpórea); controla o exterior; abre-se no nariz; manifesta-se nos pelos; relaciona-se com o intestino grosso. As funções do Rim relacionam-se com aquelas do sistema urinário, sistema reprodutivo, partes do sistema endócrino e sistema nervos, além do sistema imunológico, na visão Ocidental. No clássico do Nan Jing, Na Dificuldade 36 é possível encontrar a seguinte citação: “Dois rins, não são ambos rins, o da esquerda é o Rim, o da direita é o Ming Men. O Ming Men é o local em que fica a essência do Espírito, é o local cujo o Qi primário se conecta. Nos homens armazena a Essência, nas mulheres envolve o útero. Por esta razão sabemos que há apenas um Rim”. O Rim (lado esquerdo) possui a função de armazenar a Essência (energia ancestral); responsável pela origem do Yin e do Yang; controla a água, controla os ossos, abre-se nas orelhas, produz medula, manifesta nos cabelos, controla os orifícios inferiores; relaciona-se com a bexiga. 18UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Ming Men (lado direito do rim) é o portão da vitalidade, considerado a força motriz de todas as funções e atividades do corpo. Responsável por equilibrar o Yin e Yang do nosso corpo; aquece o aquecedor inferior; aquece o Estômago e o Baço, para facilitar a digestão; aumenta a libido. As Vísceras (Fu) possuem estruturas tubulares e ocas que têm a função de receber, transformar e assimilar os alimentos, além de promover a eliminação de dejetos. O tubo digestivo é formado pelo Estômago, Intestino Delgado,intestino Grosso e a Bexiga. Estas estruturas são envolvidas por um elemento altamente energético o triplo aquecedor, que é responsável por promover a atividade de todos os órgãos internos. ● Vesícula Biliar é responsável por estocar e secretar a Bile; controlar a coragem e as decisões; controla tendões e relaciona-se com o Fígado. ● Intestino Delgado, recebe os alimentos do Estômago; separa as impurezas; auxilia na transformação de líquidos corporais e relaciona-se com o coração. ● Estômago controla o recebimento e quebra dos alimentos; controla o transporte dos alimentos; da origem aos fluidos corporais; e relaciona-se com o Baço. ● Intestino Grosso recebe os alimentos do Intestino Delgado; elimina as impurezas através das fezes; relaciona-se com o Pulmão. ● Bexiga recebe, armazena e transforma os líquidos corporais; controla a eliminação dos líquidos impuros e relaciona-se com os rins. ● As Vísceras Curiosas ou extraordinárias são conhecidas como Vesícula Biliar, Vasos Sanguíneos, o Útero, os Ossos, Medula Óssea, Medula espinhal e o Encéfalo. ● Os característica energéticas do Zang fu (órgãos e vísceras), são responsáveis pela integridade do corpo. Quando eles estão em harmonia energética, tanto as funções físicas e psíquicas apresentam um bom desempenho. Quando as funções energéticas do Zang fu estão em desequilíbrio, promovem desordem mental, logo após nos órgãos e vísceras e por último alterações orgânicas das estruturas do corpo. Por exemplo uma alegria excessiva excesso de Yang do coração; raiva e nervosismo estão relacionados em um excesso de Yang no fígado; preocupação está relacionada a deficiência do Yin do Baço; assim como o medo está relacionado ao Rim e a tristeza ao Pulmão. Essas alterações energéticas podem exteriorizar para fora do nosso corpo, levando a queda de cabelo, zumbido no ouvido, impotência sexual e lombalgia, que estão relacionadas a deficiência do Yin do Rim; assim como cólicas menstruais, cefaleia, enxaquecas e unhas quebradiças estão relacionadas ao excesso de Yang do Fígado. 19UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I Para chegar, o tratamento energético é preciso chegar na origem das alterações energéticas que estão exatamente no Zang Fu. Além de promover sinais e sintomas orgânicos e viscerais, também se manifestam ao longo do trajeto de seus respectivos Meridiano (NAKANO et al., 2008). SAIBA MAIS A Medicina Tradicional Chinesa busca tratar seus pacientes de forma integral, usando o conceito do holismo, quando observamos todos os sinais e sintomas que o paciente apresenta, desde o ambiente que vive e trabalha, alimentação, rotina de sono; com base nessa observação utilizam os princípios do Yin/Yang e Cinco elementos, além de verificar qual órgão ou víscera que está sendo afetado. Fonte: A autora (2021). REFLITA "Busca humana da felicidade passa, de forma obrigatória, pelo equilíbrio da saúde. Sem isso, não é possível desfrutar plenamente da vida". Fonte: Vieira (2017, p. 09). 20UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I CONSIDERAÇÕES FINAIS Na Unidade I, ampliamos nossos conhecimentos sobre a Medicina Tradicional Chinesa ao conhecer a sua história e seus valiosos ensinamentos perduram até os dias de hoje e como ela pode acrescentar na Medicina Ocidental. Pudemos perceber a importância das características específicas de cada elemento, bem como a teoria do Yin e Yang, e a importância do Zang Fu, que são as principais bases da Medicina Chinesa. Espero que ao chegar no final dessa unidade você saia compreendendo a importância da Medicina Tradicional Chinesa. 21UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I LEITURA COMPLEMENTAR LEITURA 1: ACUPUNTURA E MEDICINA INTEGRATIVA: SABEDORIA MILENAR, CIÊNCIA E BEM-ESTAR Reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1995, a acupuntura vem sendo cada vez mais procurada por pacientes que desejam obter o alívio de diversos sintomas. Utilizada como tratamento complementar das mais variadas enfermidades – de insônia e depressão a infertilidade e lombalgia –, ela oferece o melhor da sabedoria milenar oriental aliada à segurança e à eficácia da medicina ocidental. Nesta obra, o médico fisiatra Mário Sérgio Rossi Vieira aborda, em linguagem clara e direta, os princípios que compõem a medicina tradicional chinesa, as evidências de que a acupuntura funciona, os vários tipos de tratamento, as principais indicações do agulhamento, os benefícios da técnica e as dúvidas mais comuns dos leigos. Além disso, mostra como a acupuntura está alinhada com uma nova visão de medicina, baseada na prevenção, na busca do equilíbrio do organismo, na qualidade de vida e no respeito ao paciente. Fonte: VIEIRA, M. S. R. Acupuntura e Medicina Integrativa: sabedoria milenar, ciência e bem-estar. São Paulo: MG Ed, 2017. Disponível em: https://plataforma.bvirtual. com.br/Leitor/Publicacao/122482/epub/28?code=nWVPNohWUkqvAMXEyr929YltaFGZ- tPpAubAyipxe+Ww5ZnqCnANbhs0uZ5WUXIL1p5ufqR11r5V0F6q5OxLZfQ== Acesso em: 10 jun. 2022. LEITURA 2: SHIATSU E TUINÁ A massagem Tuiná é uma das técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, que tem como objetivo dispersar, tonificar e harmonizar a energia dos meridianos relacionados aos órgãos e ainda promover a circulação sanguínea; desbloqueando, retirando tensões, relaxando e reequilibrando as energias yin e yang do corpo. Fonte: DOS SANTOS, A. M. Shiatsu e Tuiná. Curso de especializacao em teorias e tècnicas para cuidados integrativos. Universidade Federal de São Paulo, s.d. Disponível em:http://www.cuidadosintegrativos.com.br/pdf/APOSTILA%20Profa.%20Adriana%20 -%20Prat.%20Orientais.pdf Acesso em: 10 jun. 2022. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/122482/epub/28?code=nWVPNohWUkqvAMXEyr929YltaFGZtPpAubAyipxe+Ww5ZnqCnANbhs0uZ5WUXIL1p5ufqR11r5V0F6q5OxLZfQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/122482/epub/28?code=nWVPNohWUkqvAMXEyr929YltaFGZtPpAubAyipxe+Ww5ZnqCnANbhs0uZ5WUXIL1p5ufqR11r5V0F6q5OxLZfQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/122482/epub/28?code=nWVPNohWUkqvAMXEyr929YltaFGZtPpAubAyipxe+Ww5ZnqCnANbhs0uZ5WUXIL1p5ufqR11r5V0F6q5OxLZfQ== http://www.cuidadosintegrativos.com.br/pdf/APOSTILA%20Profa.%20Adriana%20-%20Prat.%20Orientais.pdf http://www.cuidadosintegrativos.com.br/pdf/APOSTILA%20Profa.%20Adriana%20-%20Prat.%20Orientais.pdf 22UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Princípios de medicina interna do Imperador Amarelo Autor: Huan Qi Nei King. Editora: Cone edição. Sinopse: O livro Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo é uma obra fundamental para todos aqueles que estudam ou praticam a Medicina Tradicional Chinesa. O livro elucida todas as características do principal ícone dentro da MTC, o Imperador Amarelo, que era dotado de uma inteligência fora do comum e capaz de estabelecer raciocínios avançados, além do normal para a sua idade que traz muitas histórias de ensinamento, ligadas à sabedoria taoísta. FILME/VÍDEO Título: Honra seu nome Ano: 2017. Sinopse: Um médico da Dinastia Joseon e uma cirurgiã cardiovascular da atualidade ultrapassam a barreia do tempo para aprender e curar juntos. Link do vídeo: https://www.netflix.com/watch/81167140?tra- ckId=14170286 23 Plano de Estudo: ● Energia vital e as funções do QI; ● Meridianos; ● Patologias; ● Princípios de diagnósticos segundo medicina chinesa. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a energia vital e as funções do QI; ● Compreender todos os canais energéticos que existem em nosso corpo, os meridianos; ● Entender o mecanismo que a doença se instala no corpo segundo a medicina chinesa; ● Estabelecer a importância do diagnóstico segundo a medicina chinesa, para que de forma assertiva você consiga estabelecer o tratamento adequado para os seus pacientes. UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina TradicionalChinesa II Professora Esp. Thays Garcia Ravazzi 24UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 24UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II INTRODUÇÃO Na Unidade I, começamos a nossa jornada pelo conceito da energia vital e como ela é fundamental para termos a saúde em dia. Aqui na Unidade II, como o QI percorre os meridianos, e o quanto eles são importantes para desenvolver os nossos tratamentos. Já na Unidade III, vamos abordar o mecanismo de ação da doença e como ela se instala em nosso corpo. Outro fator que será abortado será como reconhecer os sinais e sintomas de uma possível doença segundo a medicina chinesa. E para finalizar, depois de apreender a reconhecer as possíveis patologias, vamos estabelecer os possíveis tratamentos. Bons estudos! 25UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 25UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II 1. ENERGIA VITAL E AS FUNÇÕES DO QI O QI é considerado a energia em movimento; a energia universal que permeia as coisas inanimadas e animais; é semelhante às ondas ultravioletas ou ondas de rádio, pois não podemos ver, porém conseguimos reconhecer os seus efeitos. QI abarca um significado muito maior e mais complexo. O ideograma que representa esse conceito, mostra cereal cru na parte de baixo, e fumaça (ou gás) em cima, simbolizando o vapor que sobe do arroz enquanto cozinha (VIEIRA, 2017). Viera (2017) faz uma referência do que é palpável e não é ao mesmo tempo, tratando-se de algo entre a matéria e a energia. Representando tudo que há no mundo, a essência por trás de todas as coisas ou elementos encontrados na natureza e no universo. FIGURA 1 - SÍMBOLO DO QI Fonte: Vieira (2017, p. 23). 26UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 26UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II O QI pode adotar diferentes papéis em lugares diferentes, e atuar conforme o papel que ele esteja assumindo. Por exemplo, o QI Nutritivo, é localizado no interior do corpo e sua função é nutrir e é mais denso que o QI Defensivo, que está no Exterior protegendo o corpo (MACIOCIA, 2017). Wei QI (defensivo) este tipo de QI transita no espaço entre a pele e os músculos, protegendo o corpo dos fatores patogênicos externos. O Ying QI (nutritivo) promove aquecimento, gerando calor para os processos que precisam dele. (BARROCO e TOMBI, 2019). Existem variações dos tipos de QI e cada um tem sua função, na qual veremos agora. Yuan QI (QI original ou QI correto): também conhecido como QI Inato ou pré- celestial, ele nasce da junção do óvulo com o espermatozoide, trazendo o código genético (DNA) para cada ser, ou seja, é a herança energética herdado dos pais. Yuan QI é considerado a origem de todas as energias Yin e Yang que circulam pelo nosso corpo cuja principal função é fornecer a energia necessária para a realização de todas as atividades funcionais do organismo (PEREZ e LEVIN, 2014). Esta energia diminui durante a vida, com atividades extenuantes, como trabalho intenso, vida sexual desequilibrada e dieta irregular, e seu esgotamento ocorre com a morte. É importante lembrar que uma vez perdida não conseguimos recuperar, porém conseguimos complementar com o Ying QI (QI nutritivo) e Wei Chi (QI Defensivo). Gu QI (QI do alimento): representa o primeiro estágio de transformação dos alimentos em QI; é a base para produção do QI e sangue do corpo. Os alimentos são “decompostos” e “transformados” no estômago e se transforma em Gu QI no baço (BARROCO e TOMBI, 2019). Zong QI (QI reunião ou QI Toráxico) deriva da união do Gu QI com o ar (QI Puro). É responsável por nutrir o Coração e o Pulmão, além de controlar a fala e a força da voz (PEREZ e LEVIN, 2014). Zen QI inicia na transformação de Zong QI em Zhen QI Este é o último estágio do processo de refinamento e transformação do QI. Ele é a energia (QI) que circula nos canais. Sua origem é no pulmão, que é o órgão responsável por governá-lo (BARROCO e TOMBI, 2019). Ying QI (QI nutritivo) tem origem na substância essencial dos alimentos transformados pelo baço e pelo estômago. É a essência refinada que nutre os órgãos internos e todo o organismo. Está em íntima relação com o sangue e flui com ele pelos canais e vasos sanguíneos (BARROCO e TOMBI, 2019). 27UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 27UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II Xue (sangue) não representa apenas ao sangue fisiológico, mas também ao seu componente energético. É considerado uma forma densa e material de QI. Ele é formado a partir da transformação do QI dos alimentos (Gu QI) pelo Coração e Pulmão. Sua principal função é nutrir e umedecer o organismo (PEREZ e LEVIN, 2014). Wei QI (QI Defensivo) é principalmente derivado das substâncias essenciais dos alimentos e da água que formam uma parte do Ying QI. Age protegendo o organismo do ataque de fatores patogênicos exteriores. Ele é responsável por aquece, hidratar e nutrir parcialmente a pele e os músculos. Ajusta a abertura e o fechamento dos poros e regula a temperatura do corpo (BARROCO e TOMBI, 2019). Podemos considerar o QI como a base da vida, a base da nossa saúde. Quando o QI Nutritivo e o QI Defensivo estão no seu auge equilibrado, nosso sistema imunológico está forte. Porém, quando está em desarmonia, nossa imunidade cai, fragilizando o nosso corpo e tornando-o alvo fácil para invasões, manifestando doenças. Os padrões energéticos são individuais e cada um tem o seu. A qualidade do QI é determinada pela qualidade de vida do indivíduo e a forma que ele interage com a natureza e com o universo. De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, o QI flui livremente através do sistema de meridianos. Se houver qualquer fator que impeça sua livre circulação, haverá dor. Há dois tipos principais de distúrbios de QI, que são o excesso e a deficiência, e cada um merece um tratamento diferente. Através do quadro clínico e dos procedimentos diagnósticos, podemos facilmente diferenciar os vários tipos de dor facilmente segundo a MTC (WEN e HSING, 2008). 28UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 28UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II 2. MERIDIANOS Os meridianos, representam um papel muito importante na teoria energética da medicina chinesa, os canais desempenham um papel determinante pois percorrem toda a superfície do corpo. Há muitas opiniões diferentes de como surgiram os meridianos, mas a maioria afirma que surgiu juntamente com o estímulo de pontos sensíveis na superfície do corpo. Algumas pessoas são muito sensíveis, a ponto de sentir o fluxo de energia através do corpo, então quando era estimulados determinados pontos de Acupuntura, sentiam sensações como calores e parestesias que caminhavam em determinada direção (WEN e HSING, 2008). O corpo é constituído de uma rede muito vasta de canais comunicantes, os mais importantes são os 12 meridianos principais, que reproduzem os dois lados do corpo, e os dois meridianos extras, passando verticalmente pelo centro do corpo e tendo como função regular o fluxo energético dos meridianos principais (MACHADO e MARCIANO, 2021). O sistema de meridianos energéticos também pode ser chamado de canais e colaterais, por meio desta rede inicia uma comunicação entre órgãos e vísceras e extremidades do corpo como pele, músculos e órgãos de sentidos (BARROCO e TOMBI, 2019). O QI (energia) e Xue (sangue) estão intimamente ligados, o sangue se movimenta com o impulso de energia, e essa dupla de substâncias vitais percorre os meridianos inseparavelmente. 29UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 29UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II Essa teia energética faz ligação entre alto e baixo, exterior e interior, superficial e profundo, direita e esquerda. Entre suasprincipais funções estão ligar interiormente os Zang Fu e conectá-los aos membros e as demais porções periféricas do corpo, como tecidos e orifícios sensoriais, permitindo a circulação de QI e Xue por todo o organismo, conectando-o ao sistema de defesa (BARROCO e TOMBI 2019). Os meridianos principais são: pulmão (P), intestino grosso (IG), estômago (E), baço-pâncreas (BP), coração (C), intestino delgado (ID), bexiga (B), rins (R), circulação sexo (CS), triplo aquecedor (TA), vesícula biliar (VB) e fígado (F). Os meridianos extras são: vaso da concepção (VC) e vaso governador (VG). Esses Canais de Energia estão acoplados ligando o Zang (órgão) ao Fu (víscera) onde eles formam pares, para dar início a circulação energética O pulmão está acoplado ao Intestino Grosso; Baço/Pâncreas está acoplado ao Estômago; Coração está acoplado ao Intestino Delgado; O Rim está acoplado à Bexiga; Circulação e sexualidade estão acopladas com o triplo aquecedor; O Fígado está acoplado à Vesícula Biliar. A circulação energética inicia-se no meridiano do Pulmão e caminha em direção ao meridiano do Intestino Grosso. Este transmite a energia para o meridiano do Estomago que se inicia na cabeça e finaliza no pé desembocando no meridiano do Baço-Pâncreas. O fluxo energético volta para o tronco. O meridiano do Baço-Pâncreas transmite a energia para o meridiano do Coração que segue para o encontro do meridiano do Intestino Delgado nas mãos. Este, por sua vez, segue em direção à cabeça comunicando-se com o meridiano da Bexiga que irá descer até os pés para encontrar o meridiano do Rim. Mais uma vez, a circulação energética volta ao tronco. O meridiano do Rim transmite a energia para o meridiano da Circulação-Sexo que irá se comunicar com o meridiano do Triplo Aquecedor nas mãos. Este encontra o meridiano da Vesícula Biliar que se inicia na cabeça e caminha em direção aos pés para encontrar o meridiano do Fígado. Finalmente, o meridiano do Fígado sobe em direção ao tronco e despeja a energia para o meridiano do Pulmão iniciando um novo ciclo que se repete cinquenta vezes ao longo do dia (PEREZ e LEVIN, 2014). FIGURA 2 - SEQUÊNCIA DO FLUXO DE ENERGIA NOS MERIDIANOS PRINCIPAIS Fonte: Wen e Hsing (2008, p. 29). 30UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 30UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II Existem outras redes de canais comunicantes como meridianos divergentes, extraordinários, tendinomusculares e meridianos secundários. Os 12 meridianos divergentes estão organizados em seis pares, que se originam nos meridianos principais e se tornam dependentes deles energeticamente. Eles complementam a função do meridiano principal, transportando QI e Xue para locais em que não há distribuição pelos principais, principalmente para as regiões torácica e abdominal e, também, unindo internamente os pares acoplados Yin e Yang (BARROCO e TOMBI 2019). Os oito meridianos extraordinários também são conhecidos como vasos maravilhosos, segregados em quatro meridianos de natureza Yin e quatro meridianos Yang. Um deles passa pela linha mediana da região ventral do corpo e é chamado de Vaso Concepção (ou Ren Mai, em chinês); outro que passa pela linha mediana da parte dorsal do corpo, chamado de Vaso Governador (ou Du Mai, em chinês); e mais seis que têm distribuição longitudinal e irregular através dos meridianos ordinários. Esses dois meridianos formam a pequena circulação, a qual mantém o equilíbrio energético da grande circulação composta pelos 12 meridianos principais, por meio de vasos secundários que conectam uma à outra (WEN e HSING, 2008). Os 12 meridianos tendinomusculares são bilaterais, superficiais, de natureza Yang. Originam-se no ponto mais extremo dos meridianos principais, localizados nos pés ou nas mãos, chamados. Atuam diretamente nos músculos, nos tendões e nas articulações (BAR- ROCO e TOMBI, 2019). Os 12 meridianos secundários acompanham os Zang Fu, subdividem-se em 16 meridianos de conexão longitudinais e 12 meridianos de conexão transversais. Os meri- dianos longitudinais auxiliam aumentando a rede de distribuição de QI e Xue para o corpo, e o Wei QI também circula auxiliando no sistema de defesa do organismo (BARROCO e TOMBI, 2019). Agora que você apreendeu tudo sobre os meridianos vamos ver os trajetos de cada meridiano e como flui a energia de cada um deles. O meridiano dos pulmões, cujo elemento é o metal, comanda, além dos próprios pulmões, as vias respiratórias, abrangendo as vias superiores (laringe, fossas nasais e seios da face). lk e os principais sintomas referentes ao desequilíbrio desse meridiano são: mal-estar torácico, dor nos ombros, tosse com expectoração e urticária, pertence ao elemento metal. 31UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 31UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II FIGURA 3 - TRAJETO DO MERIDIANO DO PULMÃO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 30). O Intestino Grosso recebe os alimentos do Intestino Delgado, elimina as impurezas através das fezes e relaciona-se com o Pulmão. FIGURA 4 - TRAJETO DO MERIDIANO DO INTESTINO GROSSO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 30). Meridiano dos rins armazena a essência da vida. Os rins são órgãos naturais para armazenamento, sendo o principal lugar de depósitos de secreções. Eles controlam a quantidade de água do corpo que banham todo o sistema celular. O meridiano dos rins comanda a função renal e da glândula suprarrenal. Seus principais sintomas são: queda de cabelo, dores lombares, zumbido, surdez, formação de cálculos renais e baixa resistência. 32UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 32UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II De acordo com a medicina tradicional chinesa, o rim é o primeiro órgão a ser formado. A essência, ou energia ancestral, não pode ser reposta, mas pode ser preservada evitando excessos referentes a: relações sexuais, trabalho, consumo de bebidas alcoólicas, noites mal dormidas etc. Neste caso, o elemento correspondente é a água. FIGURA 5 - TRAJETO DO MERIDIANO DO RIM Fonte: Perez e Levin (2014, p. 30). A bexiga recebe a energia do meridiano do intestino delgado e a transmite ao meridiano dos rins, sendo pertencente ao elemento água. Quando há sinais de desequilíbrio energético, os sintomas são: frio nas costas, dor nas costas com irradiação para as pernas e adormecimento ou formigamento da perna ao longo de seu trajeto. FIGURA 6: TRAJETO DO MERIDIANO DA BEXIGA Fonte: Perez e Levin (2014, p. 33). 33UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 33UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II O fígado é o meridiano que armazena o sangue e controla o seu transporte e a sua transformação. Os olhos são a sua manifestação externa e, por meio deles e da relação com o mundo, o indivíduo se adapta ou não. Este meridiano é responsável por músculos e tendões. Os aspectos emocionais negativos deste órgão causam: irritabilidade, desespero, baixa autoestima, depressão, mágoa, indecisões alternância de humor e o elemento deste meridiano é a madeira. FIGURA 7 - TRAJETO DO MERIDIANO DO FÍGADO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 36). O meridiano da vesícula biliar tem como elemento a madeira e é responsável por produzir a bile, secreção utilizada pelo fígado e pelo intestino delgado para quebrar gorduras. Quando os níveis de energia caem nesse meridiano, há uma diminuição na bile, o que dificulta o processo de digestão. Neste caso, a pessoa sente insônia, tonturas e pode apresentar muco nos olhos. Se há excesso energético, os sintomas são semelhantes, uma vez que o indivíduo tem insônia, tensão ou dor no plexo solar, dor nos ombros, rigidez muscular, enxaquecas e inquietação mental. 34UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 34UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II FIGURA8 - TRAJETO DO MERIDIANO DA VESÍCULA BILIAR Fonte: Perez e Levin (2014, p. 35). O coração está localizado no aquecedor superior, considerado o mais importante de todos os órgãos, na medicina chinesa as funções do coração vão além das funções que conhecemos na medicina ocidental. Ele é responsável por governar o sangue, os vasos sanguíneos, estoca mente e relaciona-se com o intestino delgado. FIGURA 9 - TRAJETO DO MERIDIANO DO CORAÇÃO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 32). 35UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 35UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II O baço tem ação reguladora do sangue, e o pâncreas tem ação sobre as reservas de glicogênio. Este meridiano rege o aparelho genital e os hormônios sexuais, age sobre toda a parte central do corpo e causa indigestão e indisposições gerais, tendo ações mentais e morais. Quando há bloqueio energético, a energia se canaliza neste meridiano, resultando em excesso de energia que provocam: obsessões, agitação mental, ansiedade gases no estomago e no intestino, memória fraca e dificuldade de se concentrar, seu elemento é terra. FIGURA 10 - TRAJETO DO MERIDIANO DO BAÇO-PÂNCREAS Fonte: Perez e Levin (2014, p. 31). O Estômago controla o recebimento e a quebra dos alimentos, conhecido por Mar dos alimentos ele transforma a energia dos alimentos e transporta o QI do alimento para o Baço, também responsável por dar origem aos fluídos dos corporais. Se relaciona com o Baço e seu elemento é terra. 36UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 36UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II FIGURA 11 - TRAJETO DO MERIDIANO DO ESTÔMAGO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 31). O meridiano do Triplo aquecedor, não está vinculado a nenhum órgão específico, mas se relaciona com vários órgãos, ajustando as modificações de temperatura do corpo e transferindo energia de uma área para a outra. Esse meridiano está associado às funções cardiorrespiratórias e digestivas, sendo seu elemento fogo. FIGURA 12 - TRAJETO DO MERIDIANO DO TRIPLO AQUECEDOR Fonte: Perez e Levin (2014, p. 35). Circulação sexualidade também chamadas de mestre do coração responsável por proteger energeticamente o coração, está associado às funções cardiorrespiratórias. Está relacionado ao elemento fogo. 37UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 37UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II FIGURA 13: TRAJETO DO MERIDIANO DE CIRCULAÇÃO-SEXO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 33). Meridiano Vaso Concepção é responsável por regular a energia Yin do corpo. FIGURA 14 - TRAJETO DO MERIDIANO DO VASO CONCEPÇÃO Fonte: Perez e Levin (2014, p. 36). Meridiano Vaso Governador ele regular a energia Yang do corpo e manter a resistência do corpo. 38UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 38UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II FIGURA 15: TRAJETO DO MERIDIANO DO VASO GOVERNADOR Fonte: Perez e Levin (2014, p. 37). 39UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 39UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II 3. PATOLOGIAS Para compreender a Medicina Tradicional Chinesa, é preciso conhecer os seus fundamentos. Diferente das práticas de saúde ocidentais, que se baseiam no estudo de patologias, as Medicina Chinesa possuem bases filosóficas e não tão ligadas à fisiologia organicista. O estado de saúde de uma pessoa se caracteriza-se pelo equilíbrio entre o Yin-Yang acarretará, portanto, o surgimento de uma doença ou disfunção. Esse aparecimento está ligado igualmente à existência de dois processos, conforme Arce (2018) pontua: 1. Perda resistência do corpo, causada pela diminuição da energia vital, o QI Correto. 2. O agente patogênico sobre o corpo, é chamado de Energia Perversa. Através dela haverá o surgimento e desenvolvimento de uma doença ou disfunção. O desenvolvimento de uma doença acontece devido a luta entre o “QI Correto” e o “QI Perverso”. A fraqueza ou a perda de força do “QI Correto” acontece por a diversos fatores como estado físico, alimentação, qualidade do sono, resistência à atividade física e estado mental. Os antigos mestres chineses classificaram a grande variedade de agentes patogênicos em três principais categorias e na atualidade ainda se mantém esta classificação, as causas são causas e fatores internos, fatores externos, e fatores nem internos nem externos. 40UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 40UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II Fatores internos são causados pelas sete emoções e pode ocasionar distúrbios no QI e no Xue (sangue), além de poder alterar os movimentos regulares e funcionais do QI no que diz respeito a ascendência e descendência, cada emoção faz com que o corpo reaja de uma forma. Os sentimentos estão relacionados com os órgãos internos: alegria (coração), preocupação (baço), melancolia (pulmão), medo (rim), raiva (fígado). (WEN e HSING, 2010). Fatores externos também chamados de seis excessos são o frio, fogo, vento, seca, umidade, canícula. Estes são modificações climáticas normais, chamadas de “as seis energias” (6 QI). Os seres humanos são capazes de se adaptar às mudanças, porém com variações climáticas mais intensas ou a diminuição da capacidade de resistência do organismo podem se tornar frágeis à essas seis energias, que se tornam patogênicas, agridem o corpo e produzem doenças. Nesse caso, as seis energias são chamadas de “os seis excessos” (ARCE, 2018). Fatores nem internos e nem externos este grupo agrega todos os fatores que não foram citados acima, ele pode ocorrer devido uma alimentação inadequada que pode afetar as funções regulares do corpo, podendo gerar distúrbios no fluxo enérgico ascendente e descendente, assim facilitando a formação de Umidade interna e ainda mucosidade por exemplo o excesso de comidas frias podem gerar frio e umidade lesando a energia do Baço/ Estomago. Excesso que atividade física também se enquadra nesse caso pode consumir o QI e Yang, reptando a circulação do sangue e do QI debilitando o Baço (HSING e WEN TSAI, 2010). 41UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 41UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II 4. PRINCÍPIOS DE DIAGNÓSTICOS SEGUNDO MEDICINA CHINESA Dentro da filosofia chinesa acredita que, o corpo humano é um grande fluxo de energia (QI), que flui em canais denominados meridianos. A saúde individual, por sua vez, está relacionada ao equilíbrio entre o Yin e Yang, duas forças opostas, eles estão presente no organismo e precisa estar balanceada na relação dos indivíduos com a natureza (MACHADO e MARCIANO, 2021). “O diagnóstico energético é elaborado a partir das ferramentas de anamnese oriental, identificando possíveis desequilíbrios orgânicos, emocionais, mentais e energéticos” (BARROCO e TOMBI, 2019, p. 33). Os desarranjos no organismo, ou seja, as manifestações sintomáticas, são na verdade desequilíbrios no fluxo dessas energias opostas. O Yang representa a produção de calor, a atividade, a claridade; o Yin, por sua vez, é a energia que produz frio, o repouso, a escuridão. Quando uma dessas energia prevalece sobre a outra, inicia-se sinais e sintomas de desequilíbrio energético causando possíveis doenças (MACHADO e MARCIANO, 2021). Dentro da anamnese, utilizamos a inspeção onde vamos observar o paciente e diagnosticar a língua; a ausculta em que observaremos o tom da voz, queixa e dores do paciente; interrogatório através dele vamos conhecer a história do paciente e por fim o exame físico geral e análise do pulso. 42UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 42UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II A maioria desses procedimentos é semelhante aos da medicina moderna ocidental, mas a Medicina Tradicional Chinesabusca o equilíbrio do corpo e a íntima relação existente entre as manifestações externas e a saúde interna do organismo. Durante a inspeção precisamos observar o estado de consciência, a vitalidade indicando como o corpo reflete a energia e a saúde dos Zang Fu (órgãos e vísceras) e a energia de defesa do organismo. A coloração do paciente vai demonstrar a relação entre o QI e o Xue (sangue) ou a presença de um fator patogênico que se manifesta em uma determinada região com secreções ou excreções pelo corpo (WEN e HSING, 2008). Durante a observação é necessário examinar a cor e o estado do órgão. A coloração da face é muito importante para o diagnostico quando está brilhante é considerada normal, porém quando está escura e opaca, o paciente pode estar com uma doença crônica, profunda ou grave; por exemplo olhos amarelados podem significar icterícia. A avaliação da língua é muito importante para o diagnostico básico, pois nela encontramos áreas reflexas com todos os órgãos do nosso corpo, conforme as suas alterações conseguimos traças um diagnóstico; por exemplo se a língua está levemente esbranquiçada indica síndrome de deficiência do sistema do Rim. Temos que dar atenção às queixas do paciente escutando e questionando todo o seu histórico de vida e das dores. Sentir se o paciente está liberando odores como à halitose que pode estar relacionada com problemas estomacais. Para concluir um bom diagnóstico, precisamos fazer a palpação do pulso de certas artérias e correlacionar os seus achados às condições do paciente quanto à função e ao equilíbrio dos órgãos internos (WEN e HSING, 2008). Ao coletar todas as informações necessárias, conseguimos compreender qual doença está causando o desequilíbrio energético, assimilando aos seus sinais e sintomas das síndromes energéticas. Na tradição chinesa, compreende-se por doença o desequilíbrio de energia que se manifesta como sinais e sintomas das síndromes energéticas (MACHADO e MARCIANO, 2021). Dentro da Medicina Chinesa, temos inúmeras formas de tratar os nossos pacientes buscando o reequilíbrio dos meridianos e alívio dos sinais e sintomas das doenças. Veremos na próxima unidade. 43UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 43UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II SAIBA MAIS Você já percebeu que algumas pessoas ficam mais vezes doentes e com maior intensidade do que outras, mesmo o ambiente sendo o mesmo? Isso acontece em decorrência aos hábitos de cada indivíduo, como vimos na Unidade I, o QI é único e ele é responsável por proteger o nosso organismo contra agentes invasores, mas isso só ocorre quando o nosso QI está em sua plenitude, mais se o indivíduo não possui bons hábitos alimentares e dorme pouco por exemplo, já o suficiente para o seu sistema imunológico estar em desvantagem a outras pessoas no mesmo ambiente. Fonte: O autor (2021). REFLITA “O Tao originou-se do Vazio e o Vazio produziu o Universo. O Universo produziu o QI. O que era leve e limpo levantou-se para tornar-se o Céu, e o que era pesado e turvo solidificou-se para formar a Terra” (HuiaNanZi) (Dinastia Han, 122 a.C.) Fonte: Barroco e Tombi (2019, p 34). 44UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 44UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizamos está unidade, e conseguimos entender o que é a nossa energia vital, e o quanto o QI é importante para nos mantermos saudáveis, e quando o nosso fluxo enérgico não caminha de forma adequada pelos meridianos, começa diminuir o nosso sistema de defesa, deixando livre para que a doença se instale. Podemos concluir ainda nesse modulo que o diagnostico energético é fundamental para anamnese, para que conseguimos abordar o melhor tratamento possível para o nosso paciente. 45UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 45UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II LEITURA COMPLEMENTAR Artigo 1: Apostila de Teorias Básicas da MTC Acupuntura Bioenergética A acupuntura foi conhecida pelos jesuítas que estiveram na China no início do século XVII e lhe deram este nome, mas só começou a ser ensinada no ocidente no início do século XX por Soulié de Morant. É geralmente utilizada conjuntamente com a moxabustão, daí o nome mais adequado ser: Acupuntura e Moxabustão. Fonte: CLAUDINO, A. Apostila de Teorias Básicas da MTC Acupuntura Bioener- gética. Instituto Ivn Portugal, 2020. Disponível em: https://www.ivnportugal.com/site/public/ documents/articles/Teorias_Basicas.pdf Acesso em: 09 nov.2021. Artigo 2: O que é QI GONG? Qi (Chi), em chinês, significa energia. Gong (Kung), significa método, mobilização ou prática. O termo Qi Gong (pronuncia-se Chi Kun) se refere a um ramo da Medicina Tradicional Chinesa, que visa a mobilização da energia sutil do corpo (Qi), a correção de desarmonias e o restabelecimento do equilíbrio da saúde física e emocional do praticante. Fonte: MELISSA, F. O que é QI GONG?. Flávia Melissa, 2021. Disponível em: https://flaviamelissa.com.br/o-que-e-qi-gong/ Acesso em: 09 nov. 2021. https://www.ivnportugal.com/site/public/documents/articles/Teorias_Basicas.pdf https://www.ivnportugal.com/site/public/documents/articles/Teorias_Basicas.pdf https://flaviamelissa.com.br/o-que-e-qi-gong/ 46UNIDADE I Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa I 46UNIDADE II Princípios Básicos da Medicina Tradicional Chinesa II MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Os Fundamentos da Medicina Chinesa Autor: Giovanni Maciocia. Ano: 2017. Editora: Roca; 3ª edição (19 junho 2017). Sinopse: Os Fundamentos da Medicina Chinesa tem o objetivo de oferecer aos leitores do Ocidente uma clara explicação da teoria e da prática da medicina chinesa, incluindo as teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos, QI, Sangue e Fluidos Corpóreos e as funções dos Órgãos Internos. FILME/VÍDEO Título: Principais meridianos do corpo humano Ano: 2015. Sinopse: Aqui podemos ver os principais meridianos do corpo humano. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=lQzFtlYN7xM 47 Plano de Estudo: ● História do surgimento das técnicas de acupuntura; ● Conceitos e Definições da acupuntura; ● Princípios de tratamento; ● Mecanismo de aplicação da acupuntura. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender como surgiu a acupuntura e como a medicina tradicional chinesa influência até os dias de hoje; ● Conceituar e contextualizar os principais objetivos da acupuntura e seus mecanismos de ação; ● Entender os princípios de tratamentos observando as alterações que ocorrem nos meridianos; ● Estabelecer a importância conhecer o corpo do paciente antes de agulhar o acuponto para que não haja intercorrência. UNIDADE III Acupuntura Professora Esp. Thays Garcia Ravazzi 48UNIDADE III Acupuntura INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa, que a milênios traz resultado surpreendentes. Na Unidade I, vimos um pouco mais sobre os fundamentos da medicina tradicional chinesa e como ela se correlaciona com a acupuntura. Durante a Unidade II, nos conhecemos quais os principais objetivos da acupuntura e seus mecanismos de ação. Na Unidade III, iremos conhecer mais a fundo os meridianos e associar eles com pontos de acupuntura. E para finalizar, você vai apreender que existe formar diferentes de aplicar a acupuntura e os cuidados necessários durante a aplicação. 49UNIDADE III Acupuntura 1. HISTÓRIA DO SURGIMENTO DAS TÉCNICAS DE ACUPUNTURA Como já vimos na Unidade I, a Medicina Tradicional Chinesa é muito antiga, iniciada no período pré-histórico, em que não havia delimitações geográficas ainda. Ela surgiu com o instinto