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Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Unidade 1
O EXERCÍCIO DOS DIREITOS HUMANOS
Aula 1
Re�exões éticas
Introdução
Olá, estudante!  
Nesta aula, vamos tratar da relação entre homem e sociedade. Para isso, começamos com um conceito que
vai ser utilizado ao longo de toda a unidade: o ser humano é simbólico. Você sabe o que isso signi�ca?
Sermos simbólicos implica que produzimos cultura e, ao fazê-lo, somos in�uenciados por ela. E, quando
produzimos cultura, criamos valores, que são formalizados em normas éticas.  
Pode parecer difícil, mas, na verdade, é muito simples; vamos dedicar essa aula a entender isso. Assim,
fazemos um convite! Que tal aprender qual é a relação dos seres humanos com a sociedade, a cultura, a
economia e a política? 
Bons estudos! 
Homem, sociedade e valores
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Você já ouviu falar que o homem é produto do meio? A�nal, o que isso signi�ca? Quando nascemos, somos
um corpo orgânico extremamente complexo. O bebê tem o instinto da sucção, que é o que viabiliza a
amamentação; ele chora, se alimenta, dorme e, como ser biológico, está em processo de crescimento. Mas
será que esse bebê tem apenas essa dimensão biológica?  
De forma alguma; esse bebê também está desenvolvendo-se como ser social e está construindo a sua
subjetividade. A fazer isso, torna-se um ser humano simbólico. O desenvolvimento social e subjetivo desse
bebê ocorre junto com seu desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, enquanto essa criança cresce em seu
corpo biológico, ela aprende as regras de vivência social, que são um conjunto de valores socialmente
criados. 
Com as primeiras regras sociais, essa criança vai acessar o contexto familiar. Esse processo é chamado de
socialização primária. Nesse processo, a criança aprende que ela possui relações de parentesco (pai, mãe,
irmãos, dentre outros). Aprende que tem hora para comer, que precisa guardar seus brinquedos, que não
pode colocar a mão no fogo e na tomada. Já na escola, formaliza-se o processo de socialização secundária,
que pode se estender para outros espaços, como igreja, casa de amigos, parques públicos, dentre outros. A
escola é, por excelência, onde a criança aprende as normas éticas formalizadas para viver em sociedade.  
Contudo, o que é ética? Ela é um conjunto de regras, que são estabelecidas a partir de valores e normas
morais de um grupo social. À medida que se inicia os processos de socialização e da aprendizagem ética, a
criança vai construindo a sua identidade e internalizando esse campo ético da vida humana. Não nascemos
com a nossa identidade pronta. Ela se constrói e reconstrói ao longo de toda a nossa vida. Isso é muito
importante, porque implica que, como ser humano, podemos mudar e ressigni�car nossas experiências.
Sobre isso, Setton (2011, p. 718) explica: 
o caminho socializador não é nem linear nem único, a identidade dos indivíduos é fruto de uma
superposição e coexistência de diferentes tradições. Toda identidade é um amálgama de
estruturas históricas anteriores dando lugar a uma série de con�itos internos, às vezes
compreensíveis graças ao esclarecimento das diversas tradições de onde provêm. 
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
O autor a�rma que a nossa identidade é resultado da nossa cultura e das relações sociais que construímos.
Ao pensarmos na sociedade contemporânea, percebemos que vivemos em um momento histórico repleto
de contradições. Ao mesmo tempo em que temos grande progresso cientí�co e nossa vida �cou muito mais
fácil em razão da tecnologia, a vida urbana gera insegurança, em decorrência dos altos índices de violência.
A dimensão ética nem sempre é valorizada pelos indivíduos. 
No entanto, não é só por isso que temos tantas contradições. A sociedade contemporânea está marcada por
problemas sociais, os quais di�cultam que os indivíduos construam um projeto de vida. Há incerteza sobre o
mundo do trabalho, devido aos altos níveis de desemprego e crise econômica. Por sua vez, as incertezas
sobre o futuro adoecem emocionalmente as pessoas, que se tornam cada vez mais dependentes de
remédios (RAITZ; PETTERS, 2008). 
As contradições da sociedade contemporânea e a ética
O ser humano estabelece uma relação dialética com todas as dimensões da sua sociedade, especialmente a
economia e a política. Isso signi�ca que questões econômicas e políticas impactam nossa rotina. De fato,
nossa trajetória de vida é afetada pelos problemas políticos e econômicos do espaço no qual vivemos;
dessa forma, é preciso entendê-los para estudar as contradições da nossa sociedade. 
Todo indivíduo deseja construir um projeto de vida para si, planejar o futuro e poder sonhar com bons
empregos, viagens, uma linda família, dentre outros. Mancebo et al. (2002) explicam que a sociedade
contemporânea tem um grande foco no consumo e que a subjetividade humana está muito ligada a ele. O
consumo traz diferenciação social e indica a que classe o indivíduo pertence.  
De fato, nós vivemos em uma sociedade de classes, na qual o consumo toma uma dimensão muito central
na nossa existência. As redes sociais são espaços nas quais os indivíduos expõem o seu padrão de
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
consumo, como idas a restaurantes, passeios, viagens, roupas, dentre tantos outros. Sobre isso, Mancebo et
al. (2002, p. 328) mostram o papel do consumo da nossa sociedade: 
O consumo, assim de�nido, pode ser compreendido como um processo de comunicação – pois a
circulação, a apropriação de bens e de signos diferenciadores constituem hoje a nossa
linguagem e o nosso código –, mas também como um e�ciente processo de classi�cação e
diferenciação social. 
Ocorre que há uma construção social na qual o consumo se torna protagonista na nossa sociedade, porque
se torna de�nidor de identidade. A construção da identidade a partir da roupa que se veste ou dos lugares
que se frequentam é muito comum, mas também causadora de muito sofrimento, porque determinados
padrões de consumo são restritos à classe alta. Dessa forma, o consumo se torna o padrão de valores da
nossa sociedade, mas isso viola a ética como base da solidariedade humana. 
Ainda, o acesso ao mercado de consumo se dá via mercado de trabalho. Em uma economia capitalista, é o
acesso ao emprego e, portanto, à renda, que possibilita às pessoas comprar e, com isso, exibir-se nas redes
sociais. Entretanto, os índices de desemprego no Brasil são alarmantes e estruturais. Ou seja, as constantes
crises econômicas mantêm os índices de desemprego muito altos.  
Isso tem um amplo impacto na subjetividade dos indivíduos e na dimensão ética da nossa sociedade. A
impossibilidade de planejar a própria vida com algum grau de certeza causa uma grande insegurança. O ser
humano hoje está em ampla vulnerabilidade em um mundo no qual a ética tem tantas falhas.  
A sociedade classista brasileira marginaliza e segrega grupos sociais mais pobres. O amplo processo de
favelização é a marca dessa marginalização, porque expulsa a população vulnerável dos espaços públicos,
dos melhores empregos, do transporte, da prefeitura, dos parques, dos hospitais, das escolas e de outros
serviços públicos. Além disso, nas favelas, nem sempre há esgotamento sanitário e água potável.  
Estudante, qual é o papel do Estado diante de tudo isso? Vamos pensar juntos sobre isso no próximo bloco. 
O papel do Estado na produção da ética
O Brasil não tem uma cultura democrática enraizada. Na verdade, somos uma democracia relativamente
nova, entremeada de momentos autoritários. Tivemos um governo autoritário de 1937 a 1945 e depois de
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
1964 a 1985. Isso implica que nossas instituições democráticas ainda estão em vias de consolidação.  
Ainda, nossa democracia coexiste com enorme desigualdade social e com a di�culdade do Estado em
garantir todos os direitos sociais que estão na Constituição Federal. Você sabe quais são eles? Vamos
aprender a seguir: 
Art. 6º São direitos sociais a educação,na Constituição. Eles são vinculantes para
todos os poderes públicos e particulares e, por isso, devem ser respeitados e aplicados em todas as
decisões e atos relacionados ao Estado e à sociedade (CANOTILHO, 2003). A título de exempli�cação, estão,
dentre os princípios constitucionais, o da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da
e�ciência, que regem a administração pública brasileira, e estão previstos expressamente no artigo 37 da
CRFB/88. (BRASIL, 1988). 
No Brasil, os Direitos Humanos estão presentes em diversas partes da Constituição e nem sempre estão
expressamente escritos; muitas vezes aparecendo implicitamente por meio de princípios constitucionais.
Por exemplo: os princípios da igualdade e isonomia podem ser facilmente identi�cados no artigo 5º, que
estabelece em seu caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” (BRASIL,
1988); este artigo também garante direitos fundamentais como a liberdade de expressão, a de religião, a
educação, a saúde e a moradia digna. Além disso, o Brasil é signatário de diversos tratados internacionais
de Direitos Humanos, o que reforça o compromisso do país com esses direitos. 
No entanto, a implementação deles no Brasil ainda é um desa�o. A desigualdade social, a violência policial, a
discriminação e a impunidade são problemas graves que afetam a vida de muitas pessoas. Por isso, é
importante que a sociedade entenda a relevância dos Direitos Humanos e lute por sua aplicação efetiva. 
A educação é uma ferramenta fundamental para conscientizar a população sobre os Direitos Humanos e
seus valores. Por meio da educação, é possível ensinar os princípios básicos dos Direitos Humanos desde
cedo, promovendo a tolerância, o respeito e a valorização da diversidade. Além disso, é necessário que os
governos e as instituições públicas e privadas estejam comprometidos com a proteção dos Direitos
Humanos, implementando políticas e medidas para garantir que esses direitos sejam respeitados e
protegidos. 
Em resumo, os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade humana e proteger os
indivíduos de abusos e violações. As lutas, batalhas e conquistas durante os séculos foram essenciais para
conscientizar a população sobre sua importância e sobre a necessidade de pressionar os governos a
implementar políticas e leis para sua aplicação e desenvolvimento. Portanto, vivemos atualmente um
momento que é fruto de conquistas passadas, e que devemos entender, respeitar e propagar como forma de
manutenção e aprimoramento desses valores tão importantes para todos, sem exceções.  
Videoaula: Introdução aos Direitos Humanos
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo
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Nesta videoaula, você terá a oportunidade de acompanhar, junto ao professor, o resumo deste conteúdo,
conhecendo o signi�cado, a história e a importância dos Direitos Humanos na sociedade atual. Lembre-se, é
importante realizar a leitura dos textos, responder às questões e acessar as o material complementar. Então,
prepare-se e vamos juntos conhecer um pouco mais sobre os Direitos Humanos!  
Saiba mais
Agora é o seu momento de extrapolar nossa aula e continuar a aprendizagem. Fazemos sugestões
interessantes de sites para que você navegue, leia o conteúdo e conheça ainda mais sobre os Direitos
Humanos e sua aplicação em nosso país e no mundo. A seguir, estão links de acesso a sites institucionais e
governamentais que tratam e atuam na aplicação e proteção dos Direitos Humanos. Inclusive o documento
com o inteiro teor da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que são apenas 30 artigos curtos, de fácil
e rápida leitura. 
Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. 
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal dos Deputados.    
Site da Unicef sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Acesso ao inteiro teor da Declaração dos Direitos Humanos no site das Nações Unidas. 
Acesso ao inteiro teor da Constituição Federal do Brasil no site do Planalto. 
https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=834
https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=834
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
https://brasil.un.org/pt-br/download/50044/91601
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidente da República.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.  Acesso em: 3 mai.
2023. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível
em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf.  Acesso em: 3 mai. 2023. 
Aula 2
A cidadania
Introdução
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante! 
Nesta aula, trataremos da cidadania. Você sabe o que ela realmente signi�ca? Qual a importância de
entender tal conceito? A cidadania pode ser entendida como o conjunto de direitos e deveres exercidos por
um indivíduo dentro de uma sociedade. Ela está relacionada com a participação política e a consciência dos
direitos e deveres que os cidadãos têm em relação ao Estado e à sociedade. 
O seu exercício é fundamental para o funcionamento democrático do país. Envolve a participação ativa dos
cidadãos na vida política e social, seja através do voto, da manifestação pací�ca, da �scalização dos órgãos
públicos ou do engajamento em movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Então, prepare-se e
vamos juntos entender um pouco mais sobre este tema tão relevante!  
Bons estudos! 
Conceituações sobre o tema
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
O termo “cidadania” é muito utilizado popularmente em vários contextos. É comum encontrarmos em
jornais, revistas, entrevistas, e até mesmo em conversas informais a presença dessa palavra, que muitas
vezes é utilizada de forma simplória e aquém do seu real signi�cado. Por isso, precisamos aqui delimitar
este entendimento de forma técnica e sob um viés acadêmico e jurídico. 
Neste sentido, veri�camos a etimologia do termo “cidadania” muito bem descrito pela professora Laura
Mascaro (2017, p.199) em seu livro Direitos Humanos e Cidadania:   
A palavra cidadania provém da palavra latina civitate, que signi�ca cidade, sendo o cidadão
aquele que possui ligação com a cidade. Por esse motivo, são considerados cidadãos apenas
aqueles que tenham alguma ligação com uma comunidade política. Por outro lado, estando
essencialmente ligada ao exercício da política, a cidadania também carrega a concepção de
liberdade em sua origem, uma vez que ciuis, em latim, é o ser humano livre. 
Apesar de sua origem na Grécia antiga, e sua conceituação presente nos dicionários, ligada à palavra “urbe”
enquanto aglomeração humana ou cidade, o termo cidadania se atualizou com o passar do tempo, e
mereceu ressigni�cação, trazendo consigo novos elementos que estão vinculados aos conceitos políticos e
jurídicos mais atuais (MORAES; KIM, 2013). 
Visto que a acepção jurídica atual de cidadania perpassa pela relação existente entre o indivíduoe o Estado,
é necessário detalhar a signi�cação deste último elemento. Estado, do ponto de vista jurídico e de forma
genérica, pode ser entendido resumidamente como uma instituição política, jurídica e socialmente
organizada, dotada de personalidade jurídica própria de Direito Público, submetida ao Direito, conduzida por
um governo com soberania (BONAVIDES, 2018). 
Assim, nos distanciamos do conceito de país, pátria, território e nação, que são corriqueiramente usados
para também de�nir “Estado”. O primeiro tem uma vinculação ao território, portanto, ao espaço geográ�co
delimitado onde há uma organização política e social que é reconhecida internacionalmente. O segundo,
podemos percebê-lo como uma região ou local de nascimento, de pertencimento originário. Quanto ao
território, podemos resumir sua compreensão como o local onde as normas e leis de um determinado
Estado são válidas e aplicadas. 
Nação é entendida como uma comunidade de pessoas que compartilham uma identidade cultural, histórica
e política em um determinado território. É uma noção ligada ao sentimento de pertencimento e solidariedade
entre os membros desse grupo. Embora a nação seja um conceito mais amplo, também não deve ser
confundida com o conceito de Estado (LINHARES; SEGUNDO, 2016). 
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Dentre os elementos que constituem o Estado, três são fundamentais: o povo, o território e o governo. São
como ingredientes de uma receita, cujo produto �nal é o que conhecemos atualmente como Estado. Apesar
de estes ingredientes e nomenclaturas não serem unânimes entre os doutrinadores e estudiosos do
assunto, são indispensáveis para percebermos a estrutura estatal (LINHARES; SEGUNDO, 2016). 
O conceito de cidadão é diferente de povo e população, apesar de estas palavras também serem usadas
vulgarmente como sinônimos. Dentre as várias acepções possíveis, população pode ser entendida como um
conjunto de indivíduos que ocupam um determinado espaço, mas não necessariamente mantêm uma
relação jurídica ou de direitos que os vincula àquele Estado (MASCARO, 2017). 
Figura 1 | Diagrama sobre população, povo e cidadãos. Fonte: elaborada pelo autor.
Pense em um turista estrangeiro que está a passeio de férias no Brasil. No momento em que está no
território brasileiro, ele pode ser considerado como parte da população, mas não necessariamente como
povo ou cidadão. Esta relação de deveres e direitos que nós, brasileiros, temos com o Estado brasileiro, e
que falta ao turista do exemplo, é o que nos torna parte do povo brasileiro. Ela é adquirida por sermos
brasileiros natos ou naturalizados, termos que explicaremos mais à frente.  
Assim, podemos entender que o cidadão é quem detém cidadania e goza de direitos políticos, por exemplo,
a capacidade de votar e ser eleito (MASCARO, 2017). Desta forma, exercer a cidadania proporciona um forte
vínculo de obrigações e deveres perante o Estado ao qual se está vinculado, ao mesmo tempo em que
confere aos cidadãos participação ativa na vida política, social e econômica da sociedade. 
Disciplina
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Sustentabilidade e Ética
A cidadania em nossa Constituição
Sabemos, então, que “cidadão” é um indivíduo que possui direitos e deveres civis e políticos em uma
sociedade, e que cidadania é a condição dos cidadãos, envolvendo sua participação plena na vida política,
social e jurídica de uma nação. Além dos direitos, a cidadania também implica obrigações e
responsabilidades, como o cumprimento das leis e contribuição para o bem-estar da comunidade, que, por
sua vez, envolve a plena participação dos indivíduos na vida política, social e jurídica de uma nação. Implica
também o gozo e o exercício dos direitos civis, como a liberdade de expressão, de religião e de locomoção,
bem como dos direitos políticos, tais como o direito de votar e ser votado. Além disso, engloba os direitos
sociais, como a educação, a saúde, a previdência social, o trabalho digno, entre outros. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 ocupa lugar de destaque no topo da pirâmide normativa, assim
compreendida e desenvolvida pelo renomado �lósofo, jurista e escritor austríaco do século XIX, Hans Kelsen
(BARROSO, 2022). Portanto, a Constituição está acima das normas infraconstitucionais, como as leis
complementares e ordinárias, que, por sua vez, estão acima das normas infralegais, como os decretos, as
portarias e as circulares (KELSEN, 2003). Podemos observar essa estrutura na Figura 2 a seguir, que não
contempla todos os tipos de normas possíveis, tampouco abarca todas as divergências doutrinárias sobre o
tema, e busca tão somente demonstrar a hierarquização e importância da Constituição frente às demais
normas, com base no pensamento de kelseniano. 
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 2 | Diagrama sobre a hierarquia das normas com a “Pirâmide de Kelsen". Fonte: elaborada pelo autor.
A cidadania é uma condição, característica ou status do cidadão que detém a nacionalidade. No Brasil, ela
pode ser adquirida através das formas previstas no artigo 12 da CRFB/88, contido no “Capítulo III – Da
Nacionalidade”. São considerados brasileiros natos aqueles que possuem nascimento no território brasileiro
ou �liação a brasileiros, enquanto os naturalizados são estrangeiros que adquirem a nacionalidade brasileira
de acordo com as condições previstas em lei (BRASIL, 1988, art. 12). 
A Constituição brasileira possui uma ampla abordagem sobre a cidadania, garantindo direitos e deveres aos
cidadãos brasileiros. Em seu texto, diversos artigos são voltados para a proteção e promoção dos direitos
fundamentais, garantindo uma base sólida para o exercício da cidadania. Primeiramente, destacamos o
artigo 5º, que consagra os direitos e garantias individuais, assegurando a igualdade perante a lei, a
inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da segurança e da propriedade. Além disso, esse artigo
também protege a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a liberdade de associação e reunião, entre
outros direitos essenciais para o exercício pleno da cidadania (BRASIL, 1988, art. 5º). 
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Relações Sociais,
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Em outro momento, a Constituição também estabelece uma série de direitos sociais que contribuem para a
inclusão e a dignidade dos cidadãos. O artigo 6º, por exemplo, trata dos direitos sociais, como à educação, à
saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à cultura, entre outros. Esses direitos garantem condições mínimas
para o desenvolvimento e a participação ativa dos cidadãos na sociedade (BRASIL, 1988, art. 6º). 
Por �m, a Constituição enfatiza a importância da participação política e da democracia. Ela prevê o direito de
votar e ser votado, o direito de associação política, a liberdade de manifestação e a criação de partidos
políticos. Além disso, a Carta Magna estabelece a divisão dos poderes, garantindo a independência e a
harmonia entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, como forma de assegurar a efetiva participação dos
cidadãos no processo democrático (BRASIL, 1988). 
Em suma, nossa Carta Magna reconhece e promove a cidadania por meio da proteção dos direitos
individuais, dos direitos sociais e da garantia da participação política. Essa abordagem ampla rea�rma o
compromisso do Estado brasileiro em garantir o exercício pleno da cidadania, contribuindo para a
construção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
A importância da cidadania nas sociedades
Em tempos de globalização, a aplicação dos Direitos Humanos e da cidadania torna-se ainda mais relevante
e desa�adora. É fundamental destacar que eles são universais e inalienáveis, devendo ser respeitados e
protegidos em todas as sociedades, independentemente das fronteiras (COMPARATO, 2019). A globalização,
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com sua interconectividade e interdependência entre os países, apresenta novos desa�os, mas também
oferece oportunidades para fortalecer e promover esses direitos. 
Percebemos a cidadaniacomo um status ou condição que os cidadãos possuem e que envolve a plena
participação dos indivíduos na vida política, social e jurídica de uma nação, implicando o gozo e exercício
dos direitos civis, como a liberdade de expressão, de religião e de locomoção, bem como dos direitos
políticos, como o direito de votar e ser votado. Deste modo, a cidadania também engloba os direitos
humanos e sociais, como a educação, a saúde, a previdência social, o trabalho digno, entre outros. 
Uma forma de aplicar os Direitos Humanos e a cidadania em tempos de globalização é por meio da
cooperação e do diálogo internacional. A criação de organismos internacionais, como a Organização das
Nações Unidas (ONU), proporciona um espaço de discussão e colaboração entre os Estados na busca por
soluções comuns para questões relacionadas aos Direitos Humanos. Através de tratados, convenções e
declarações internacionais, os Estados se comprometem a garantir e promover tais direitos em seus
territórios, levando em consideração as particularidades de cada cultura e sociedade. 
O Brasil é signatário de tratados, convenções e declarações internacionais que visam a garantir e promover
os direitos humanos. Um exemplo é a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial, rati�cada em 1968; nela, o país se compromete a adotar medidas para combater a discriminação
racial e assegurar a igualdade de tratamento na sociedade brasileira (COMPARATO, 2019). Além disso, o
Brasil é signatário de outras importantes convenções e declarações, como a Convenção sobre os Direitos da
Criança e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esses compromissos internacionais re�etem o
comprometimento do Brasil em respeitar e proteger os direitos fundamentais, contribuindo para uma
sociedade mais justa e igualitária. 
Percebe-se, portanto, ser fundamental fomentar a educação em Direitos Humanos e cidadania, tanto nas
esferas nacionais quanto internacionais. A conscientização e o conhecimento sobre os Direitos Humanos
Fundamentais são essenciais para que os indivíduos possam exigir o respeito aos seus direitos, bem como
reconhecer e respeitar os direitos dos outros. Essa educação deve ser inclusiva e abrangente, abordando
temas como igualdade, não discriminação, liberdade de expressão, direitos das minorias, direitos das
mulheres, direitos das crianças, entre outros. 
Ademais, é necessário que os Estados adotem políticas públicas que promovam a inclusão social, a justiça
distributiva e a igualdade de oportunidades, buscando reduzir as desigualdades socioeconômicas tanto
dentro de seus territórios quanto no âmbito global. A cooperação entre os Estados, organizações não
governamentais e setor privado é fundamental para enfrentar desa�os transnacionais, como o trá�co de
pessoas, o terrorismo, as mudanças climáticas e a pobreza. 
Em suma, a aplicação dos Direitos Humanos e da cidadania em tempos de globalização requer uma
abordagem colaborativa, educacional e inclusiva. A cooperação internacional, a educação em Direitos
Humanos e o fortalecimento das políticas públicas são instrumentos-chave para promover a igualdade, a
justiça social e o respeito aos direitos fundamentais em um contexto globalizado. Essa abordagem contribui
para a construção de sociedades mais justas, inclusivas e respeitosas, nas quais todos possam desfrutar
dos Direitos Humanos e exercer sua cidadania plenamente.  
Videoaula: A cidadania
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aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem
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A cidadania é fundamental para a existência de uma sociedade democrática e justa, garantindo a proteção
dos direitos individuais e promovendo o bem comum. Neste vídeo, você terá a oportunidade de acompanhar,
junto ao professor, o resumo desta aula, conhecendo o signi�cado, a história e o exercício da cidadania.
Lembre-se, é importante também realizar a leitura dos textos, responder às questões e acessar o material
complementar. Então, prepare-se e vamos juntos conhecer um pouco mais sobre a cidadania!  
Saiba mais
Lembre-se de que a educação para a cidadania é fundamental para a formação de uma sociedade mais
justa e democrática. Esperamos que, até aqui, tenhamos ajudado a compreender melhor o que é cidadania, a
relação entre a Constituição Federal e o exercício da cidadania e a importância dos Direitos Humanos em
tempos de globalização. Agora é a sua vez de continuar a aprendizagem. Fazemos sugestões interessantes
para que você navegue; leia e assista ao conteúdo sobre Cidadania, acessando os links a seguir: 
PELEGRINO. Carlos Roberto. M. Concepção jurídica de povo (Estado do povo ou o povo do Estado?).
Revista de informação legislativa, v. 37, n. 148, p. 167-176, out./dez. 2000. Disponível em: Senado.leg.
Acesso em: 3 maio 2023. 
A CONSTITUIÇÃO da cidadania – Documentário Completo. YouTube, 6 de novembro de 2019.
Disponível em:. Acesso em: YouTube. Acesso em: 3 maio 2023. 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/636/r148-10.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=yDRPI0a3uZQ
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Referências
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a
construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. 
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. 
BONAVIDES, Paulo. Teoria geral do estado. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2018. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 
LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos
Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 
MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017. 
MORAES, Alexandre; KIM, Richard Pae (coords.). Cidadania: o novo conceito jurídico e a sua relação com os
direitos fundamentais, individuais e coletivos. São Paulo: Atlas, 2013. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível
em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. 
Aula 3
Direitos Humanos e direitos fundamentais
Introdução
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante! 
Nesta aula, trataremos dos direitos fundamentais. Você sabe o que eles são? Como identi�cá-los? E como
diferenciá-los dos Direitos Humanos? Podemos resumir os direitos fundamentais como um conjunto de
direitos reconhecidos e garantidos a todas as pessoas, visando proteger sua dignidade, liberdade e
igualdade. Esses direitos são aplicáveis imediatamente perante o poder público.  
Apesar de parecerem semelhantes em diversos aspectos, os Direitos Humanos e os fundamentais são
igualmente relevantes; todavia, são termos distintos. Há diferenças signi�cativas entre eles; é também sobre
elas que trataremos a seguir. Vamos juntos aprofundar um pouco mais estes conceitos? 
Bons estudos! 
O que são direitos fundamentais?
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Os direitos fundamentais, também conhecidos como Direitos Humanos Fundamentais, são aqueles
reconhecidos e garantidos a todas as pessoasem uma determinada ordem jurídica, visando assegurar a
dignidade, a liberdade e a igualdade de cada indivíduo. Eles representam um conjunto de prerrogativas
essenciais que garantem o pleno desenvolvimento e a realização das potencialidades de cada ser humano. 
Segundo o renomado doutrinador brasileiro José Afonso da Silva, em seu livro Curso de Direito
Constitucional Positivo, os direitos fundamentais podem ser entendidos como aqueles que se distinguem
aos indivíduos como condição de sua realização e desenvolvimento como pessoas humanas, e têm como
objetivo proteger os valores básicos da pessoa humana (SILVA, 2005). Essa de�nição enfatiza a importância
dos direitos fundamentais na promoção da dignidade do homem, e na proteção dos valores essenciais à
existência e à realização plena de cada indivíduo, trazendo ainda a distinção do conceito de homem como
detentor de direitos. Segundo o ilustre professor José Afonso Silva (2005, p. 178), podemos observar no
trecho a seguir:  
Do homem, não como o macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana. Direitos
fundamentais do homem signi�ca direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos
fundamentais. É com esse conteúdo que a expressão direitos fundamentais encabeça o Título II
da Constituição, que se completa, como direitos fundamentais da pessoa humana,
expressamente, no art.17. 
Desta forma, podemos perceber que os conceitos aplicados a direitos fundamentais e Direitos Humanos são
extremamente próximos, e há uma razão de ser. Em certa medida, Direitos Humanos e fundamentais são os
mesmos, versam sobre as mesmas garantias, protegem os mesmos indivíduos e almejam objetivos
semelhantes. Todavia, há um ponto especí�co que aponta a diferença entre ambos, e, para isso, precisamos
entender sobre o que signi�ca positivismo jurídico. Resumidamente, o termo positivismo no direito  aponta
para a relevância das normas estarem dispostas em forma de leis ou da própria Constituição, e sobre isso
trataremos com mais detalhes mais à frente. 
Disciplina
Relações Sociais,
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Ainda quanto ao conceito de direitos fundamentais, de acordo com o professor Robert Alexy (2008), eles
baseiam-se na ideia de que existem certos Direitos Humanos que são essenciais e inalienáveis para o pleno
desenvolvimento e dignidade das pessoas. Argumenta ainda que os direitos fundamentais são direitos
subjetivos, ou seja, direitos individuais que conferem aos indivíduos uma posição jurídica especial perante o
Estado, garantindo sua proteção e respeito. (ALEXY, 2008). 
Ele acrescenta também que os direitos fundamentais são caracterizados por três elementos centrais:
universalidade, inalienabilidade e exigibilidade. A universalidade determina que esses direitos são aplicáveis
a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, raça, sexo ou qualquer outra condição. A
inalienabilidade estabelece que esses direitos não podem ser renunciados ou alienados, pois são inerentes à
condição humana. A exigibilidade refere-se à possibilidade de exigir do Estado a sua proteção e efetivação
(ALEXY, 2008). 
Assim, podemos perceber que a de�nição de Direitos Humanos e fundamentais é muito similar em vários
aspectos, mas é importante ressaltar que, embora haja semelhanças entre ambos, eles podem ter origens,
abrangência e formas de proteção diferentes em cada país, de acordo com sua Constituição e tratados
internacionais rati�cados. 
Identi�cando os direitos fundamentais
Neste momento, já sabemos que a Constituição Federal de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”, é
a lei fundamental do Brasil e estabelece os direitos e deveres dos cidadãos, bem como a organização e
funcionamento do Estado. Os direitos fundamentais, também chamados de Direitos Humanos
Constitucionalizados, ocupam um lugar central nesta Constituição, encontrando-se distribuídos em
diferentes partes do texto constitucional. 
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Os direitos fundamentais na Constituição brasileira podem ser percebidos em dois grupos principais: os
direitos individuais e coletivos e os direitos sociais. Essa divisão é encontrada no Título II, intitulado “Dos
Direitos e Garantias Fundamentais”, que compreende os artigos 5º a 17º da CRFB/88 (BRASIL, 1988).
Todavia, temos uma série de outros direitos fundamentais difundidos em diversos lugares da nossa Carta
Magna. O professor José Afonso da Silva (SILVA, 2005, p. 184) os esquematiza e classi�ca em seu livro
Curso de Direito Constitucional Positivo da seguinte forma:  
Em síntese, com base na Constituição, podemos classi�car os direitos fundamentais em cinco
grupos: 
1. direitos individuais (art.5º); 
2. direitos à nacionalidade (art.12); 
3. direitos políticos (arts. 14 a 17); 
4. direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.); 
5. direitos coletivos (art.5º); 
�. direitos solidários (art.3º e 225). 
Para entender, conhecer e identi�car os direitos fundamentais em nossa Constituição Federal, é
indispensável que seja feita uma leitura atenta dos artigos constitucionais. Neste sentido, no intuito de
facilitar e estimular a leitura, apresentamos a seguir os direitos fundamentais presentes na Constituição.  
Podemos delimitar em nossa Constituição os direitos individuais e coletivos (Artigos 5º a 11º). Essa parte
da Constituição trata dos direitos fundamentais relacionados às liberdades individuais e garantias
processuais. Alguns exemplos desses direitos são: 
Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Art. 5º). 
Direito à liberdade de expressão, de associação, de reunião pací�ca e de religião (Art. 5º). 
Direito ao devido processo legal, à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência (Art. 5º). 
Direito à inviolabilidade do domicílio e da correspondência (Art. 5º). 
Direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (Art. 5º). 
Direito de petição aos Poderes Públicos (Art. 5º). 
Direito de acesso à informação (Art. 5º). 
Direito de habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção, entre outros (Art. 5º). 
Em um segundo momento, há os direitos sociais (Artigos 6º a 11º). Essa parte da Constituição trata dos
direitos fundamentais relacionados à garantia de condições de vida digna e à igualdade social. Alguns
exemplos desses direitos são: 
Direito à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia e ao lazer (Art. 6º). 
Direito à seguridade social, incluindo previdência, assistência social e saúde (Art. 6º). 
Direito à proteção da maternidade, da infância, da adolescência e da velhice (Art. 7º). 
Direito à igualdade de gênero, raça, cor, idade, entre outros (Art. 7º). 
Direito à proteção contra a discriminação e exploração do trabalho (Art. 7º). 
Direito à cultura, à comunicação e ao acesso à internet (Art. 6º e 7º). 
Além dessas duas partes destacadas, é importante mencionar que a Constituição de 1988 também prevê
outros direitos fundamentais em diferentes seções. Por exemplo, no Capítulo II do Título II, estão os direitos
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Relações Sociais,
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políticos (Artigos 14º a 16º) que tratam da participação democrática dos cidadãos na vida política do país.
No Capítulo III do Título II, encontram-se os direitos relacionados à nacionalidade (Artigos 12º e 13º).
Também há previsões especí�cas de direitos fundamentais em outros capítulos, como o Capítulo VII, que
trata da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso (Artigos 226º a 230º) (BRASIL, 1988). 
Os direitos fundamentais previstos na CRFB/88 são aplicados, na prática, a título de exempli�cação, por
meio do Poder Judiciário, Ministério Público, dos Poderes Executivo e Legislativo, órgãos de controle e
sociedade civil. O Judiciário interpreta a Constituição e garante o respeito aos direitos fundamentais ali
presentes. O Ministério Público defende estes direitos por meio de ações judiciais. 
O Executivo aplica e investe recursos para consubstanciar projetos que levam para a população a efetivação
destes direitos; o Legislativo elabora leis que protegem os direitos. Órgãosde controle atuam na defesa dos
direitos e recebem denúncias. A sociedade civil deve conscientizar, mobilizar e pressionar o Estado,
buscando o respeito aos direitos. Apesar dos desa�os, a atuação conjunta dos atores envolvidos e o
engajamento social são essenciais para a concretização dos Direitos Fundamentais.  
Qual a diferença entre Direitos Humanos e fundamentais?
Os Direitos Humanos e os direitos fundamentais são conceitos basilares no campo do direito constitucional
e são frequentemente utilizados de forma equivalente, embora haja diferenças técnicas entre eles. 
Os Direitos Humanos referem-se aos direitos inerentes a todas as pessoas, simplesmente por serem
humanas, independentemente de sua nacionalidade, etnia, gênero, religião ou qualquer outra condição.
Esses direitos são considerados universais, inalienáveis e indivisíveis, e estão consagrados em documentos
internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Os Direitos Humanos são
baseados em valores e princípios éticos, que visam a proteger a dignidade e a liberdade de todas as pessoas
(COMPARATO, 2019). 
Por outro lado, os direitos fundamentais são os direitos previstos em uma constituição especí�ca de um
país. Eles são aplicáveis apenas aos cidadãos desse país, ou a todas as pessoas presentes em seu território,
dependendo da abrangência estabelecida pela Constituição. Os direitos fundamentais são uma expressão
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Relações Sociais,
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concreta dos Direitos Humanos em um contexto nacional. Eles podem variar de acordo com cada país, pois
re�etem as particularidades históricas, culturais e políticas de cada nação (SARLET, 2014). 
Para ilustrar essa diferença, podemos analisar a Constituição brasileira de 1988. Ela estabelece diversos
direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à educação, à saúde, entre outros.
Esses direitos são garantidos a todos os cidadãos brasileiros, bem como aos estrangeiros residentes no
país. Eles são fundamentais para a proteção da dignidade humana e re�etem os valores e princípios
consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Um exemplo prático da diferença entre Direitos Humanos e direitos fundamentais na Constituição brasileira
é o direito à saúde. A Constituição estabelece que a saúde é um direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços de saúde. Nesse caso, o direito à saúde é um direito fundamental,
previsto na Constituição brasileira, e tem como objetivo concretizar o Direito Humano à saúde, reconhecido
internacionalmente. 
Como dito anteriormente, para estabelecer a diferença basilar entre Direitos Humanos e fundamentais é
indispensável entender o signi�cado de positivismo jurídico. Trata-se, portanto, de uma corrente teórica do
pensamento jurídico que se concentra na validade e aplicação das normas jurídicas estritamente em seu
aspecto formal. Segundo essa perspectiva, o direito é de�nido pelo conjunto de normas estabelecidas pelo
legislador, independentemente de seu conteúdo moral, ético ou �losó�co, destacando a importância da
positivação legal como fonte primária do direito (ALEXY, 2008). 
O positivismo no direito enfatiza a importância da norma jurídica escrita, determina que a validade das
normas jurídicas não depende de critérios morais, éticos ou �losó�cos, mas sim de sua criação e
reconhecimento pelo Estado. Sustenta ainda que o direito é um fenômeno social e sua existência e
aplicação estão relacionadas à autoridade e à legitimidade das normas estabelecidas pelo legislador. Assim,
o foco principal do positivismo jurídico está nas regras e princípios estabelecidos pelo sistema jurídico,
independentemente de sua justiça ou conformidade com outras normas éticas. Essa abordagem tenta
fornecer uma compreensão objetiva e positiva do direito, buscando identi�car e aplicar as normas vigentes
de forma imparcial (KELSEN, 2003). 
Disciplina
Relações Sociais,
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Figura 1 | Ilustração sobre a positivação dos Direitos Humanos. Fonte: elaborada pelo autor.
A positivação legal constitucional dos Direitos Humanos em direitos fundamentais refere-se à incorporação
dos direitos humanos em uma constituição escrita e sua elevação à categoria de normas supremas do
ordenamento jurídico de um país. Nesse contexto, os Direitos Humanos são reconhecidos e protegidos
como direitos fundamentais pelos princípios e valores consagrados na Constituição. Isso implica que tais
direitos têm uma relevância especial e devem ser respeitados e garantidos pelo Estado.  
As diferenças entre direitos fundamentais e Direitos Humanos também residem na abrangência e aplicação,
sendo os direitos fundamentais referentes à proteção interna estabelecida em uma Constituição especí�ca
de um país, enquanto os Direitos Humanos são reconhecidos internacionalmente e aplicáveis
universalmente. Os direitos fundamentais são protegidos no âmbito interno pelos sistemas jurídicos
nacionais, enquanto os Direitos Humanos possuem mecanismos internacionais de proteção. Além disso, os
direitos fundamentais têm uma esfera de proteção mais voltada para as relações entre o Estado e os
cidadãos, enquanto os Direitos Humanos abrangem preocupações globais e questões de direito
internacional. 
É importante ressaltar que essas diferenças não signi�cam uma dicotomia rígida entre direitos
fundamentais e Direitos Humanos, pois ambos se referem à proteção e garantia dos direitos individuais e
coletivos essenciais. No entanto, a diferenciação conceitual e normativa ajuda a compreender a abrangência
e o contexto de cada um desses conceitos.
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Relações Sociais,
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Videoaula: Direitos Humanos e direitos fundamentais
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Na Constituição brasileira, os direitos fundamentais são a concretização dos Direitos Humanos e incluem
direitos como o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à saúde. Portanto, podemos perceber que ambos
são conceitos similares, mas que possuem signi�cativa diferença. Neste vídeo, vamos juntos entender os
conceitos e diferenças entre os Direitos Humanos e fundamentais.  
Saiba mais
Até este momento, tratamos sobre a importância dos direitos fundamentais, seu signi�cado e distinções.
Sabemos que tanto os Direitos Humanos quanto os fundamentais são um conjunto de direitos reconhecidos
e garantidos a todas as pessoas, visando a proteger sua dignidade, liberdade e igualdade. Entendê-los é
fundamental para percebê-los e aplicá-los. Então, este é o momento de extrapolar e conhecer um pouco
mais sobre o conteúdo. Fazemos sugestões de dois livros interessantes, disponíveis na Biblioteca Virtual
para que você possa complementar o conhecimento apresentado: 
MORLOCK, Martin; MICHAEL, Lothar. Direitos Fundamentais. Tradução: António F. de Sousa e António
Franco. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em: Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023.  
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553600281/pageid/0
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
PEREIRA, Jane Reis Gonçalves. Interpretação Constitucional e Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. Disponível em: Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023. 
Referências
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a
construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. 
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.  Acesso em: 3 maio 2023. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 
LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos
Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.  
MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível
em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 mai. 2023. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2014. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788547212421/pageid/0
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf
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Relações Sociais,
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Aula 4
O exercício dos Direitos Humanos
Introdução
Olá, estudante! 
Nesta aula, seguiremos contextualizando os Direitos Humanos. A sociedade moderna enfrenta inúmeros
desa�os no que diz respeito ao exercício de direitos e à aplicação dos Direitos Humanos. Com a evolução
das relações sociais, políticas e econômicas, surgem novas necessidades a serem protegidas. A
Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel crucial na promoção, proteção e defesa dos
Direitos Humanos; é sobre isso que estudaremos a seguir. 
Então, prepare-se, revise o que já abordamos até aqui, e vamos juntos complementar nosso conhecimento
usando as de�nições e características apresentadas sobre Direitos Humanos, fundamentais e cidadania. 
Bons estudos! 
A sociedade moderna e o exercício dos Direitos Humanos
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
A sociedade moderna enfrenta uma série de desa�os no que diz respeito ao exercício de direitos; também é
caracterizada por uma série de transformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Essas
mudanças trazem consigo novas demandas e desa�os para o exercício de direitos, pois as relações entre os
indivíduos e as estruturas sociais se tornam cada vez mais complexas. Os Direitos Humanos e
fundamentais desempenham um papel crucial nesse cenário, buscando garantir a dignidade e a liberdade de
todos os indivíduos. Para compreender plenamente essas questões, é necessário fazer uma breve
contextualização.  
No âmbito global, o exercício de direitos enfrenta desa�os decorrentes da diversidade cultural, dos con�itos
socioeconômicos e das desigualdades presentes nas relações internacionais. A evolução das relações
políticas e econômicas, juntamente com a globalização, trouxe à tona questões complexas que comportam
uma análise aprofundada. Todavia, discorreremos de forma direcionada a alguns pontos relevantes,
buscando apresentar o caminho e aplicação dos Direitos Humanos na atualidade. 
Os Direitos Humanos têm raízes históricas profundas, sendo in�uenciados por diversas correntes �losó�cas,
religiosas e políticas ao longo dos séculos. Na antiguidade, por exemplo, conceitos como o “direito natural”
foram desenvolvidos por �lósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, que defendiam a existência de
princípios morais universais que deveriam ser respeitados por todos (COMPARATO, 2019). 
No entanto, foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 1948, que gerou um marco signi�cativo na consolidação dos Direitos Humanos como um
conjunto de princípios internacionalmente reconhecidos. Essa declaração a�rmou que todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, independentemente de qualquer discriminação
(MAHLKE, 2017). 
Desde então, a aplicação dos Direitos Humanos tem sido um desa�o constante. O progresso na sua
implementação é resultado de lutas históricas, como o movimento pelos direitos civis, que buscou combater
a segregação racial nos Estados Unidos, e o movimento feminista, que lutou pela igualdade de gênero e pelo
reconhecimento dos direitos das mulheres. 
Atualmente, a aplicação dos Direitos Humanos envolve diversas questões complexas. Globalmente, a
desigualdade socioeconômica, os con�itos armados, a discriminação racial, étnica e de gênero, a violência e
a perseguição política são desa�os que afetam a efetivação dos Direitos Humanos. O acesso à educação,
saúde, moradia digna e justiça também são questões essenciais para garantir a plena realização desses
direitos. Além disso, eles requerem um sistema jurídico robusto, instituições e�cientes e mecanismos de
responsabilização adequados. A independência do Judiciário, a existência de órgãos de proteção dos
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Direitos Humanos (como as Comissões Nacionais e os Tribunais Internacionais) e a existência de tratados e
convenções internacionais que estabelecem padrões mínimos de proteção são elementos fundamentais
nesse processo. 
Em resumo, a aplicação dos Direitos Humanos passou por uma evolução histórica signi�cativa, desde as
antigas concepções de direito natural até os tratados e declarações internacionais. Na sociedade moderna,
os desa�os persistem, exigindo uma abordagem multidisciplinar e uma atuação conjunta de governos,
organizações da sociedade civil e indivíduos para garantir a plena efetivação desses direitos em todo o
mundo. 
A aplicação dos Direitos Humanos na sociedade moderna
A aplicação dos Direitos Humanos na sociedade moderna é um tema de extrema relevância para o estudo
do direito constitucional. Ao longo das últimas décadas, houve avanços signi�cativos na proteção e
promoção desses direitos em âmbito internacional, nacional e regional. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um momento de consolidação desses direitos como um
conjunto de princípios internacionalmente reconhecidos. Ela estabelece uma ampla gama de direitos civis,
políticos, econômicos, sociais e culturais, que devem ser respeitados e protegidos pelos Estados
(COMPARATO, 2019). São diversos os atores responsáveis por aplicar os Direitos Humanos, como governos,
organizações da sociedade civil, instituições internacionais e os indivíduos. Os governos têm a
responsabilidade de criar e implementar políticas públicas que garantam o respeito aos Direitos Humanos
em todas as esferas da vida social. 
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Relações Sociais,
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No Brasil, um exemplo de aplicação dessa responsabilidade é o Programa Nacional de Direitos Humanos
(PNDH). Lançado em 1996, e atualizado em 2009, o PNDH busca orientar ações governamentais para
promover e proteger os Direitos Humanos no país. Ele estabelece diretrizes e políticas em diversas áreas,
como educação, saúde, segurança pública, meio ambiente e igualdade racial e de gênero. O PNDH visa a
enfrentar desigualdades e violações de direitos por meio da implementação de ações concretas. 
Ao longo dos anos, o PNDH passou por três versões, sendo a primeira lançada em 1996, a segunda em 2002
e a terceira em 2009 (MAHLKE, 2017). Cada versão representou uma atualização e aprimoramento das
políticas públicas relacionadas aos Direitos Humanos, abordando temas como igualdade racial, direitos das
mulheres, combate à tortura, entre outros. Embora o PNDH seja um documento de natureza política e não
possua força de lei, sua implementação depende do governo e da articulação com outros atores sociais. 
A efetivação dos direitos humanos no país requer não apenas a existência de programas e políticas, mas
também mecanismosde participação e �scalização para garantir sua aplicação de maneira abrangente e
efetiva. Um exemplo é a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, criada em 2003, que tem como
objetivo formular e implementar políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero e o combate à
violência contra as mulheres. 
Além disso, os sistemas judiciais desempenham um papel crucial na aplicação dos Direitos Humanos. Os
tribunais têm a função de proteger e garantir o cumprimento dos direitos previstos nas Constituições e nas
leis, bem como nos tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos. O acesso à justiça é
essencial para que as violações dos direitos sejam reparadas e para que as vítimas sejam compensadas
adequadamente. 
No Brasil, um exemplo de aplicação dos Direitos Humanos pelo sistema judicial é a atuação do Supremo
Tribunal Federal (STF).  Trata-se do órgão de cúpula do Poder Judiciário nacional; ele tem a responsabilidade
de zelar pela guarda da Constituição Federal. Por meio de suas decisões, desempenha um papel
fundamental na interpretação e aplicação dos direitos fundamentais consagrados na Constituição. 
Um exemplo marcante de aplicação dos Direitos Humanos pelo STF foi o reconhecimento da união estável
entre pessoas do mesmo sexo e a posterior legalização do casamento civil igualitário. Em 2011, o STF
julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.277 e o Recurso Extraordinário (RE) nº 646.721,
garantindo o direito ao casamento para casais homoafetivos em todo o território nacional. Essa decisão
histórica representou um avanço signi�cativo na proteção dos Direitos Humanos no Brasil, ao reconhecer a
igualdade de direitos e o princípio da não discriminação com base na orientação sexual. Além disso, essa
decisão in�uenciou outros países da América Latina a adotarem medidas semelhantes em relação ao
casamento igualitário (SARMENTO, 2016). 
A sociedade civil também desempenha um papel importante na aplicação dos Direitos Humanos.
Organizações não governamentais, grupos de defesa dos Direitos Humanos, movimentos sociais e ativistas
trabalham incansavelmente para promover a conscientização, denunciar violações e pressionar os governos
a agir em conformidade com os padrões internacionais de Direitos Humanos. 
No entanto, apesar dos avanços, desa�os persistentes ainda estão presentes na aplicação dos Direitos
Humanos; questões como desigualdade social, discriminação, violência, corrupção e exclusão continuam a
ser obstáculos para a plena realização desses direitos. Além disso, a globalização e o avanço da tecnologia
também apresentam novos desa�os, como a proteção da privacidade e mais atualmente o uso ético da
inteligência arti�cial.  
A Organização das Nações Unidas e sua relação com os direitos humanos
Disciplina
Relações Sociais,
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A Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel fundamental na promoção e proteção dos
Direitos Humanos em nível global. Desde a sua criação em 1945, a ONU tem buscado estabelecer padrões
internacionais de Direitos Humanos e garantir sua aplicação efetiva em todos os países membros. A
evolução histórica da ONU e sua relação com os Direitos Humanos re�ete o reconhecimento cada vez maior
da importância desses direitos para a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável (COMPARATO,
2019). 
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional reconheceu a necessidade de
prevenir a repetição dos horrores do con�ito. Nesse contexto, a Carta das Nações Unidas estabeleceu o
compromisso de promover o respeito aos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais de todos os
indivíduos, independentemente de sua raça, sexo, religião ou origem étnica. No entanto, a aplicação prática
desses princípios demorou a se consolidar (MAHLKE, 2017). 
Foi somente em 1948 que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, que se tornou um marco histórico na a�rmação e consolidação dos direitos humanos.
Este documento estabeleceu uma série de direitos e liberdades básicas, como o direito à vida, à liberdade de
expressão, à igualdade perante a lei e à dignidade humana. Desde então, a ONU tem trabalhado para traduzir
esses princípios em tratados e convenções internacionais que têm força jurídica vinculante (MAHLKE,
2017). 
Com sua sede principal na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, além de estimular a
cooperação entre os 193 países membros na atualidade, a organização supraestatal é composta por vários
órgãos, incluindo a Assembleia Geral, que é o principal fórum deliberativo, onde cada país membro tem
direito a um voto através dos seus representantes. A sede abriga, além da Assembleia Geral, o Conselho de
Segurança, responsável por tomar decisões sobre questões de paz e segurança internacional, composto por
15 membros, sendo 5 membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) e 10
membros rotativos, dentre e outros órgãos principais da organização. 
Além da sede principal, a ONU possui escritórios e agências em diversas partes do mundo, incluindo
Genebra, Viena, Nairóbi e outras cidades importantes. Essas agências desempenham papéis especí�cos em
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
relação a áreas temáticas e programas da organização, tais como:  
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), responsável pela proteção e promoção dos
direitos das crianças. 
OMS (Organização Mundial da Saúde), focada na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na
melhoria dos sistemas de saúde em nível global. 
OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tem como objetivo promover o trabalho digno e a
justiça social, abordando questões relacionadas ao trabalho e aos direitos dos trabalhadores.  
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), voltada para a
promoção da educação, do desenvolvimento cientí�co e da preservação do patrimônio cultural em
todo o mundo. 
Essas são apenas algumas das agências da ONU. Existem muitas outras que atuam em diferentes áreas,
como agricultura, meio ambiente, comércio, e claro, Direitos Humanos (PINHEIRO, 2022). 
O Brasil é um país membro da ONU desde sua fundação, e participa ativamente das deliberações e
discussões sobre questões globais, contribuindo para a promoção da paz, da segurança internacional e do
respeito aos Direitos Humanos. O país, além de abrigar alguns organismos da ONU em cidades como
Brasília e Rio de Janeiro, tem desempenhado um papel importante em diversas áreas, como a defesa da 
cooperação sul-sul, a proteção do meio ambiente, o combate à pobreza e a promoção da igualdade de
gênero. Além disso, o Brasil já ocupou assentos em órgãos importantes da ONU, como o Conselho de
Segurança, e tem sido um defensor ativo do multilateralismo e da diplomacia como formas de resolver
con�itos e promover o desenvolvimento sustentável globalmente. 
Figura 1 | Bandeira da Organização das Nações Unidas. Fonte: Pixabay.
Ao longo das décadas, a ONU ampliou sua atuação na área dos Direitos Humanos. Foram criados órgãos
especializados, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, responsável pela
promoção e proteção dos Direitos Humanos em todo o mundo. Além disso, foram estabelecidos
mecanismos de monitoramento e �scalização, como o Conselho de Direitos Humanos, que avalia a situação
dos Direitos Humanos nos Estados-membros e faz recomendações para sua melhoria, desempenhando um
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
papel fundamental na elaboração de tratados internacionais e na realização de exames periódicos dos
Estados-membros para garantir o cumprimento de seus compromissos em relação aos Direitos Humanos
(PINHEIRO, 2022). 
A ONU também tem sido palco de conferências e encontros internacionais que discutem temas especí�cos
relacionados aos direitos humanos, como a Conferência Mundial de Direitos Humanos em Viena, em 1993,
que rea�rmou o compromisso global com os Direitos Humanos e estabeleceua importância da cooperação
internacional nessa área (MAHKLE, 2017). Um dos postos-chave da Conferência foi o reconhecimento de
que a promoção e a proteção dos direitos humanos são responsabilidades de todos os Estados,
independentemente de seu sistema político, econômico e cultural. 
Além disso, foi enfatizada a importância da cooperação internacional para garantir a efetivação dos Direitos
Humanos em todo o mundo. Também se destacou a necessidade de enfrentar questões emergentes, como
a discriminação, a violência contra as mulheres, a pobreza, a exclusão social e a intolerância. O evento
ressaltou a importância da participação da sociedade civil na promoção e proteção dos direitos humanos,
reconhecendo a necessidade de envolver atores não governamentais na implementação dos compromissos
assumidos (MAHKLE, 2017).
Videoaula: O exercício dos Direitos Humanos
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A sociedade moderna enfrenta diversos desa�os no exercício dos direitos e na aplicação dos Direitos
Humanos, devido à complexidade das relações sociais, políticas e econômicas. Os Direitos Humanos são
fundamentais para garantir a dignidade e a liberdade de todos os indivíduos, abrangendo questões como
igualdade, liberdade de expressão, proteção contra discriminação e integridade física e moral. Neste vídeo,
vamos juntos conversar sobre a aplicação dos Direitos Humanos e o papel da ONU neste contexto.  
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Sugerimos uma leitura complementar a respeito d a ONU e seu papal na proteção dos Direitos Humanos. O
melhor local para saber mais detalhes sobre esta organização e sua forma de atuação é o seu site o�cial.
Por isso, convidamos você a explorar o site, os departamentos temáticos e conteúdos disponíveis. Veja
onde ela está presente e como atua no mundo promovendo os Direitos Humanos.  
Para complementar ainda mais seus estudos, sugerimos a seguir um livro sobre o Direito Internacional, em
seu Capítulo 2, sobre a ONU:  
PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. Disponível em:
Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023. 
Referências
https://www.un.org/
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/205609/pdf/0?code=vxFHXVatJW2mvupMB/ZrnFNlBW3+3kpIa6IeWvcLEcB4PuavFS17ipWxJ12CpJQSYmPBSQx5/G3FNpuErs98Zw==
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a
construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. 
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 
LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos
Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.  
MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Organização das Nações Unidas. Disponível em:
https://www.un.org/. Acesso em: 3 maio 2023. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível
em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. 
PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2014. 
SARMENTO, Daniel. Dignidade da pessoa humana: Conteúdo, trajetórias e metodologia. 2ª edição. Belo
Horizonte: Fórum, 2016. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.un.org/
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf
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Sustentabilidade e Ética
Aula 5
Revisão da Unidade
Conhecendo os Direitos Humanos
Olá, estudante! Neste resumo da Unidade 2, abordaremos os principais conceitos apresentados: Direitos
Humanos, direitos fundamentais, cidadania, a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a
importância da de�nição e aplicação desses conceitos no contexto jurídico e social. Vamos explorar como
esses temas são fundamentais para garantir a dignidade, igualdade e liberdade de todos os indivíduos. 
Primeiramente, os Direitos Humanos são direitos inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua
nacionalidade, origem étnica, gênero, religião ou qualquer outra condição. Esses direitos são universalmente
reconhecidos e protegidos, visando à promoção da igualdade, liberdade, justiça e bem-estar de todos os
indivíduos (SILVA, 2005). 
Os direitos fundamentais, por sua vez, são direitos estabelecidos em uma Constituição, que conferem
proteção jurídica aos cidadãos de um determinado país. Eles são considerados pilares do Estado
democrático de direito e garantem o exercício de liberdades individuais, como a liberdade de expressão, de
associação, de religião, além do direito à vida, à integridade física e moral, entre outros (BOBBIO, 2006). 
Embora os termos sejam frequentemente utilizados como sinônimos, eles possuem distinções importantes.
Os Direitos Humanos são universais, inalienáveis e inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua
nacionalidade ou status jurídico. Já os direitos fundamentais são aqueles reconhecidos e garantidos pela
Constituição de um país especí�co. Enquanto os Direitos Humanos possuem alcance global, os direitos
fundamentais são delimitados pelas normas constitucionais e aplicáveis apenas no âmbito interno do
Estado (CANOTILHO, 2003). 
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
A cidadania está intrinsecamente ligada aos Direitos Humanos e fundamentais. Ser cidadão implica o
exercício pleno dos direitos e deveres previstos na legislação de um determinado Estado. Ser cidadão é
participar ativamente da vida em sociedade, respeitando os direitos alheios e contribuindo para o bem
comum (MAHLKE, 2017). 
A Organização das Nações Unidas desempenha um papel crucial na promoção e proteção dos Direitos
Humanos em nível global. Criada em 1945, a ONU busca assegurar a paz, a justiça, o desenvolvimento
sustentável e a cooperação entre os países. Por meio de suas agências e órgãos especializados, como o
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ONU estabelece padrões e normas
internacionais para a proteção dos direitos fundamentais, além de monitorar seu cumprimento pelos
Estados-membros (COMPARATO, 2019). 
A de�nição e aplicação desses conceitos envolvem a interpretação das normas constitucionais e a atuação
dos poderes públicos. O Poder Judiciário, por exemplo, desempenha um papel fundamental na proteção dos
Direitos Humanos e fundamentais, garantindo o seu respeito e efetividade por meio das decisões judiciais. O
Poder Legislativo, por sua vez, tem a responsabilidade de legislar em consonância com os princípios e
valores dos Direitos Humanos. Já o Poder Executivo deve implementar políticas públicas e programas que
promovam a igualdade, a inclusão ea proteção dos direitos de todos os cidadãos. 
É importante destacar que a defesa dos Direitos Humanos e fundamentais é um compromisso de todos.
Como futuros pro�ssionais, é essencial que estejamos conscientes da importância desses temas em
nossas áreas de atuação. Ao respeitar e promover os direitos de todos, contribuímos para a construção de
uma sociedade mais justa e igualitária. 
Nesta Unidade, exploramos os fundamentos teóricos e práticos dos Direitos Humanos, direitos
fundamentais, cidadania e Organização das Nações Unidas, e a aplicação destes conceitos no contexto
jurídico e social. Esperamos que esse resumo tenha reforçado sua compreensão sobre esses temas cruciais
para o exercício da cidadania e a busca por uma sociedade mais justa e inclusiva.  
Videoaula: Revisão da Unidade
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A sociedade moderna enfrenta diversos desa�os no exercício dos direitos e na aplicação dos Direitos
Humanos, devido à complexidade das relações sociais, políticas e econômicas. Os Direitos Humanos são
fundamentais para garantir a dignidade e a liberdade de todos os indivíduos, abrangendo questões como
igualdade, liberdade de expressão, proteção contra discriminação e garantia da integridade física e moral.
Neste vídeo abordaremos a aplicação dos Direitos Humanos e o papel da ONU neste contexto.  
Estudo de caso
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Imagine que você trabalha em uma renomada empresa multinacional com sede em diversos países, e foi
convidado para participar de um podcast sobre Direitos Humanos. O objetivo do programa é proporcionar
informações acessíveis sobre o tema para um público diversi�cado, composto por pessoas leigas no
assunto, com pouca instrução e pouco hábito de leitura. Os colaboradores da empresa também vão
prestigiá-lo. Sua tarefa é elaborar um roteiro escrito para esse podcast, com duração de duas horas. O
roteiro deve conter perguntas e respostas que contenham os principais conceitos dos Direitos Humanos e
os relacionem com situações do cotidiano. A seguir, apresentamos o tema do programa e a
contextualização do caso. 
Tema do Podcast: Direitos Humanos – Garantindo a Dignidade para Todos 
Cenário: imagine que você foi convidado a realizar uma participação para um bate papo pelo apresentador
do programa de podcast sobre o tema Direitos Humanos, que vai ao ar ao vivo, semanalmente, através de
plataformas digitais online, tanto em formato de áudio quanto de vídeo (YouTube). Sua participação no
programa será na próxima semana. É solicitado a você que apresente seus pontos de vista e experiências
pro�ssionais sobre o tema. Como um bom conhecedor dos Direitos Humanos, empenhado em representar a
empresa multinacional e demonstrar que ela promove uma cultura organizacional mais inclusiva e
respeitosa aos direitos de seus colaboradores, você é convidado pelo apresentador do programa a elaborar
um roteiro escrito do podcast, para que haja uma melhor condução do programa e do tema abordado. 
Situação-problema: ao iniciar a palestra, você percebe que há uma falta de compreensão sobre os princípios
fundamentais dos Direitos Humanos e uma resistência inicial por parte do apresentador em relação a certos
conceitos. Além disso, você identi�ca a necessidade de abordar os conceitos que diferenciam Direitos
Humanos e fundamentais, trazendo exemplos práticos e explicando como isso está presente dentro da sua
empresa, a �m de contextualizar melhor os direitos e promover uma discussão mais aprofundada. 
Desa�o: como convidado do podcast, sua missão é envolver e conscientizar os ouvintes do programa sobre
a importância dos Direitos Humanos, considerando suas particularidades culturais. Você deve criar uma
abordagem pedagógica que promova a re�exão e a compreensão, respeitando a diversidade de opiniões e
experiências. 
Produto �nal: o roteiro escrito deste programa de podcast deve ser feito no Word, conter perguntas e
respostas, ordenadas em uma sequência lógica, em até 6 laudas, incluindo uma breve apresentação e
encerramento do programa. Lembrando que o tempo do programa é de 2h, com um intervalo de 10 minutos
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
após 1h de início do podcast. Para a preparação do roteiro, você pode utilizar como complementação
também recursos audiovisuais, diagramas, tabelas, imagens criadas por você, histórias reais inspiradoras e
recomendar materiais didáticos como livros, artigos cientí�cos, sites, entrevistas, vídeos, documentários,
�lmes, músicas, que despertem a atenção e o engajamento dos ouvintes. Lembre-se: o Podcast vai ao ar em
plataformas de áudio e também de vídeo, como o YouTube. 
Para superar esses desa�os, sugerimos que faça a divisão do roteiro em duas partes: 
1. Na primeira parte, você fornecerá uma visão geral dos Direitos Humanos, destacando conceitos,
classi�cações e distinções, apontando sua base jurídica internacional e a importância de sua
universalidade. Nessa etapa, você utilizará exemplos concretos e casos reais para ilustrar a relevância
prática dos direitos em diferentes contextos. 
2. Na segunda parte do podcast, você abordará especi�camente as questões culturais e tradições locais
presente na sua empresa, relacionando-as aos princípios dos Direitos Humanos. Você incentivará a
discussão e o diálogo construtivo, permitindo que os ouvintes expressem suas preocupações e visões
através de comentários online enviados ao vivo durante o programa. Será fundamental destacar a
importância do respeito mútuo e da busca por soluções que conciliem os valores universais dos
Direitos Humanos com a identidade cultural da empresa e dos diversos países em que ela atua. 
Seu objetivo �nal é garantir que os ouvintes compreendam a relevância dos Direitos Humanos em suas vidas
pro�ssionais e pessoais, e que se sintam motivados a agir em conformidade com eles, respeitando e
promovendo esses direitos em seu ambiente de trabalho e além dele. Lembre-se de reforçar a importância
da empatia, do diálogo respeitoso e da valorização da diversidade como elementos essenciais na promoção
e proteção dos Direitos Humanos.
______
Re�ita
Os Direitos Humanos são um conjunto de normas e princípios que visam a garantir a dignidade, liberdade e
igualdade de todas as pessoas, independentemente de sua raça, gênero, religião, nacionalidade ou qualquer
outra característica. Esses direitos são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e
respeitosa, assegurando a proteção dos indivíduos contra abusos e arbitrariedades do poder estatal. Além
disso, os Direitos Humanos têm uma dimensão universal, sendo reconhecidos e protegidos
internacionalmente por meio de tratados e convenções (MALKE, 2017). 
Para ilustrar a importância dos Direitos Humanos, podemos considerar o caso hipotético: em 2023, há um
país da América Latina em que os direitos das minorias étnicas são frequentemente violados. Nesse país,
membros de determinado grupo étnico sofrem discriminação, perseguição e violência, tendo suas
liberdades fundamentais restringidas por parte do governo autoritário que ocupa o poder. A eles são
negados o direito à educação, emprego, liberdade de expressão e acesso à justiça. Essa situação evidencia
a necessidade de promover e proteger os Direitos Humanos, a �m de garantir que todos os indivíduos
tenham seus direitos respeitados e possam viver com dignidade. 
Diante desse contexto, surgem questionamentos importantes a serem analisados. Primeiramente, como é
possível promover a conscientização e a mudança de atitude em relação aos Direitos Humanos nesse país?
Quais seriam as estratégias e ações necessárias para combater a discriminação e a violência contra as
minorias étnicas? Como as leis e as instituições jurídicas podem ser utilizadas como instrumentos para
proteger os Direitos Humanos e garantir a igualdade e a justiça para todos? 
Para resolveressas questões, é essencial que sejam adotadas medidas educativas e de conscientização,
visando a disseminar os princípios e valores dos Direitos Humanos na sociedade. É necessário promover a
inclusão e a diversidade, por meio da implementação de políticas públicas efetivas, como programas de
educação, sensibilização e treinamento para combater o preconceito e a discriminação. É necessário
também que o país adote tratados internacionais; positive e interiorize os princípios de Direitos Humanos em
sua legislação e constituição pátria, com atuação séria e responsável por parte do Poder Legislativo e
Executivo local; e participe ativamente das agendas da ONU, atuando e sendo �scalizado pela organização. 
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Sustentabilidade e Ética
Além disso, é importante fortalecer as instituições jurídicas, garantindo o acesso à justiça para as vítimas de
violações de Direitos Humanos e responsabilizando os perpetradores desses atos. O engajamento da
sociedade civil, organizações não governamentais e comunidade internacional também desempenha um
papel fundamental nesse processo, colaborando na defesa e promoção dos Direitos Humanos em âmbito
local e por consequência rea�rmando sua importância em um contexto global. 
Videoaula: Estudo de caso
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Como o objetivo é que você seja protagonista e resolva o estudo de caso, vamos fornecer uma estrutura e
algumas diretrizes para que você possa desenvolver sua resposta de forma mais autônoma. Solução para o
Estudo de Caso: 
Roteiro do Podcast: Direitos Humanos – Garantindo a Dignidade para Todos 
Apresentação (5 minutos): 
Saudações e introdução ao programa. 
Apresentação pessoal e pro�ssional do convidado. 
Breve contextualização sobre a importância dos Direitos Humanos nos dias atuais. 
Parte 1: Conceitos Fundamentais dos Direitos Humanos (40 minutos): 
O que são Direitos Humanos e qual sua importância para a sociedade? 
Quais são as principais características dos Direitos Humanos? (universalidade, inalienabilidade,
indivisibilidade). 
Como os Direitos Humanos estão fundamentados em documentos e tratados internacionais? 
Quais são as diferenças entre Direitos Humanos e direitos fundamentais? 
Exemplos práticos de violações de Direitos Humanos em diferentes contextos. 
A importância da dignidade humana como base para os Direitos Humanos. 
Intervalo (10 minutos) 
Parte 2: Direitos Humanos e Cultura Organizacional (55 minutos): 
Como os Direitos Humanos se aplicam no contexto empresarial? 
Como sua empresa promove uma cultura organizacional inclusiva e respeitosa aos Direitos Humanos? 
Quais são as políticas e práticas adotadas pela empresa para garantir a promoção dos Direitos
Humanos? 
Como lidar com desa�os culturais e tradições locais, conciliando-os com os princípios dos Direitos
Humanos? 
Exemplos de boas práticas de empresas multinacionais na promoção dos Direitos Humanos. 
Incentivo à participação dos ouvintes por meio de perguntas e comentários online. 
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Conclusão (10 minutos): 
Recapitulação dos principais pontos discutidos no programa, com ênfase na importância de respeitar e
promover os Direitos Humanos em todas as esferas da vida. Apresentar sugestões de materiais
complementares para aprofundar o conhecimento sobre o tema. Agradecimento aos ouvintes e
encerramento do programa. 
Ao longo do programa, utilize recursos audiovisuais e histórias reais inspiradoras e indicações de matérias
complementares para despertar o interesse e engajamento dos ouvintes. Lembre-se de criar um ambiente
aberto para a discussão e respeito às opiniões, incentivando o diálogo construtivo entre os participantes. 
Com esse roteiro, você estará preparado para oferecer uma abordagem pedagógica e informativa sobre os
Direitos Humanos, levando em consideração a diversidade cultural e as necessidades do público-alvo.
Esperamos que essas diretrizes ajudem você a desenvolver uma solução completa e coerente para o estudo
de caso. Se tiver alguma dúvida especí�ca, não hesite em pedir orientação adicional 
Resumo Visual
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Sustentabilidade e Ética
Figura 1 | Diagrama ilustrado com o resumo esquematizado da Unidade 2. Fonte: elaborada pelo autor.
Referências
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a
construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. 
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed.  São Paulo: Ícone, 2006. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 
LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos
Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.  
MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Organização das Nações Unidas. Disponível em:
https://www.un.org/. Acesso em: 3 maio 2023. 
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível
em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. 
PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2014. 
SARMENTO, Daniel. Dignidade da pessoa humana: Conteúdo, trajetórias e metodologia. 2ª ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2016. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2017. 
,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.un.org/
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Unidade 3
Desenvolvimento sustentável e sociedade
Aula 1
A educação ambiental
Introdução
Olá, estudante!
Nesta aula, abordaremos a educação ambiental, enfatizando sua relação com o meio ambiente e a sua
importância para sociedade brasileira. A educação é a base para que aconteçam mudanças, e, sem
educação, os padrões se repetem e não há evolução da sociedade.
Como resultado da aprendizagem, busca-se que seja despertada a vontade de compreender o meio em que
vivemos; o desejo de continuar aprendendo e de entender a importância da educação ambiental e a sua
relação com o meio ambiente e a sociedade. Por que educar ambientalmente as pessoas é tão importante?
Por que a sustentabilidade deve ser praticada? Por que um meio ambiente ecologicamente desequilibrado
gera impactos?
Assim, espera-se que o estudante adquira conhecimentos para responder a essas e a tantas outras questões
feitas na atualidade, além da percepção de que a educação ambiental aborda temas do presente e do futuro
tão importantes em todas as áreas pro�ssionais nas tomadas de decisões.
Bons estudos!
De�nindo a educação ambiental
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Após a Segunda Guerra Mundial, de um modo geral, a preocupação com as questões ambientais passou a
sera saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.   
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda
básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda,
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação �scal e
orçamentária. (BRASIL, 1988).  
Talvez a leitura desse artigo tenha deixado você com dúvidas. Se temos todos esses direitos, então por que
há pessoas vivendo em condições de extrema miséria no Brasil? Para que esses direitos sejam
concretizados, os governos precisam efetivar políticas públicas e nem sempre isso ocorre. Dessa forma,
nossa democracia tem baixa qualidade, ou seja, temos instituições democráticas – votamos, temos
partidos, temos oposição ao governo e uma imprensa livre – mas temos baixa capacidade de os governos
efetivarem todos esses direitos do artigo 6º da Constituição.  
Agora, vamos fazer uma re�exão juntos. O que nós, como sociedade civil, podemos fazer diante dessas
constantes omissões do Estado? Para você entender isso, precisamos conversar sobre participação social e
ética. 
Nos governos democráticos, temos o direito de contestar e de questionar os poderes públicos sobre suas
omissões. A forma mais e�caz de contestação é o voto, que tira do poder representantes políticos que não
tomam decisões a favor do interesse público e não são éticos. Além do voto, o regime democrático dá ao
povo o direito de se organizar em movimentos sociais, que são formas pelas quais a sociedade se coloca
como questionadora e cobra dos governos que suas demandas adentrem a agenda política. 
Todos os governos têm agendas políticas, ou seja, conjuntos de intenções sobre as ações que farão para o
povo. Quanto maior a capacidade da sociedade se organizar, com mais facilidade ela poderá cobrar dos
governos que as suas demandas entrem na agenda política e sejam efetivadas.  
Dessa forma, embora planejar a nossa vida hoje implique tanta incerteza, podemos ter o compromisso ético
de participação social, para que individualmente possamos colaborar com a mudança na nossa sociedade.
O exercício da cidadania implica envolvimento com as questões políticas. No Brasil, há aquele ditado de que
“política não se discute”, mas a verdade é que a cidadania demanda interesse nas questões políticas.
Melhorando o mundo, nosso projeto de vida será emancipatório e seremos protagonistas na nossa
sociedade.  
Videoaula: Re�exões éticas
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Relações Sociais,
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Pensar o homem como um ser social implica analisá-lo como profundamente impactado pela sua cultural.
Até mesmo a sua identidade é socialmente construída. Que tal conversamos mais sobre isso? Então assista
à nossa videoaula.  
Saiba mais
Nessa aula, mencionamos as di�culdades sociais e econômicas do Brasil. Para consolidar seus
conhecimentos sobre isso, acesse o site do Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística e veja os dados
sobre isso. 
Referências
https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 8 abr. 2023. 
MANCEBO, D.; et al. Consumo e subjetividade: trajetórias teóricas. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 2, p.
325–332, jul. 2002.  Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/sJqFGBk5KLhg5vYnNYk8VXj/?
lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 8 abr. 2023. 
RAITZ, T. R.; PETTERS, L. C. F. Novos desa�os dos jovens na atualidade: trabalho, educação e família.
Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 3, p. 408–416, set. 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/psoc/a/jNxSdtJbwbtPRXHBQwFwGMS/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 8 abr.
2023. 
SETTON, M. G. J. Teorias da socialização: um estudo sobre as relações entre indivíduo e sociedade.
Educação e Pesquisa, v. 37, n. 4, p. 711–724, dez. 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ep/a/7NZftPqSmGqR7y8DQXcDYfc/?lang=pt#. Acesso em: 8 abr. 2023. 
Aula 2
Re�exões políticas
Introdução
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
https://www.scielo.br/j/epsic/a/sJqFGBk5KLhg5vYnNYk8VXj/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.scielo.br/j/epsic/a/sJqFGBk5KLhg5vYnNYk8VXj/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.scielo.br/j/psoc/a/jNxSdtJbwbtPRXHBQwFwGMS/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.scielo.br/j/ep/a/7NZftPqSmGqR7y8DQXcDYfc/?lang=pt
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante. 
Temos, no Brasil, uma a�rmação muito equivocada, determinando que “política não se discute”. Ela tem
efeitos negativos para nosso país, pois afasta as pessoas de envolverem-se com a política e, portanto, de
serem cidadãos integrais. Em realidade, não basta falar sobre política. Precisamos envolver-nos com ela,
a�nal, cada decisão política tomada pelos nossos representantes afeta o nosso cotidiano. 
Dessa forma, estudante, gostaríamos de convidar você a pensar sobre conceito de política e de Estado,
re�etindo sobre como cada um de nós pode se envolver mais com as questões políticas e, com isso, ajudar
a determinar os rumos do nosso país. 
Bons estudos! 
Política e Estado
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
O que você pensa quando ouve a palavra participação política? Que imagens vêm à sua cabeça? Você
provavelmente pensou, de forma acertada, nas eleições e no voto. A política democrática envolve realmente
a participação nas eleições, por meio do voto. Por que votamos? Qual é o papel da política? 
Imaginemos uma sociedade sem regras, sem governo e sem ninguém para garantir que tenhamos um
comportamento ético? Será que essa sociedade é viável? Então, imagine-se vivendo nessa sociedade.
Suponha que estejamos em um momento de escassez de chuva e encontrar alimentos para comer seja
muito difícil. Contudo, de repente, você vê um animal e decide caçá-lo. 
Na sua percepção, o animal é seu, porque a caça foi fruto do seu trabalho. Essa percepção de que o obtido
como fruto do nosso trabalho nos pertence é típico das sociedades democráticas, ou seja, daquelas
baseadas na lei e na igualdade de todos perante a lei. Em uma sociedade sem lei, sem regras e sem governo,
talvez essa caça seja de quem for mais forte para pegá-la de você.  
Sem lei e sem governo, vivemos pela lei do mais forte. Não há liberdade, não há justiça e não há vida
possível. Toda sociedade, por de�nição, é formada por cultura, da qual faz parte um conjunto de regras que
possibilitam a convivência social. Há registros históricos de sociedades do paleolítico que tinham regras,
como enterrar os mortos, além de regras de parentesco, por exemplo (LESSA, 2004). 
Dessa forma, a política traz a possibilidade de viver em sociedades que tenham com base regramentos
legais e um governo que imponha punições para aqueles que não as cumpram. Vamos utilizar o exemplo
supramencionado para entender um exemplo atual. Você trabalhou vários anos e economizou dinheiro para
comprar um carro. Finalmente o carro é seu. Você o estaciona na rua. De quem é o carro? De quem for o
mais esperto ou mais forte para levá-lo embora ou o carro continua sendo seu? O carro é seu, porque temos
uma legislação que assegura isso e há um Estado que protege seu patrimônio. 
O conceito de política, Estado e governo estão todos conectados. O Estado é aquele que exerce seu poder
sobre um territóriogeral. Em especial, com o lançamento das bombas atômicas, que mostraram ao mundo seu poder de
destruição e devastação. Não há limites geográ�cos para os desastres ambientais, que podem não �car
restritos à localidade em que acontecem. Por exemplo, um rio que é contaminado pode atingir diversas
cidades, estados e até mesmo países.
Assim, surge a necessidade de serem criadas sociedades sustentáveis; nesse contexto, a educação
ambiental foi apresentada, apesar de já existir, como uma importante ferramenta.
Apesar de a literatura registrar que já se ouvia falar em educação ambiental desde meados da
década de 60, o reconhecimento internacional desse fazer educativo como uma estratégia para
se construir sociedades sustentáveis remonta a 1975, também em Estocolmo, quando se
instituiu o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), sob os auspícios da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em atendimento à Recomendação 96 da
Conferência de Estocolmo. E sobretudo dois anos depois, em 1977, quando foi realizada a
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, conhecida como Conferência de
Tbilisi, momento que se consolidou o PIEA e se estabeleceram as �nalidades, os objetivos, os
princípios orientadores e as estratégias para a promoção da educação ambiental. (BRASIL, 2005)
No Brasil, a de�nição de educação ambiental é objeto da Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, que dispõe, em
seu artigo 1º, que:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)
Educação ambiental: um dever de todos
A educação ambiental assume um protagonismo importante na sociedade, pois permite a formação de
cidadãos mais participativos nos assuntos relacionados às questões de responsabilidade socioambiental,
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
como a preservação do meio ambiente, o uso e reuso inteligente dos recursos naturais, o descarte correto
de resíduos, estímulo ao consumo consciente, etc.
A educação ambiental deve ser um componente essencial e permanente nas esferas da educação nacional,
em todos os seus níveis e modalidades do processo formativo. Cabe aos meios de comunicação de massa
colaborar na disseminação de informações e práticas educativas, e à iniciativa público-privada promover
programas de capacitação dos trabalhadores, sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente. A educação ambiental está diretamente relacionada à sustentabilidade e ao meio ambiente, na
medida em que é por meio dela que se garantirá a sustentabilidade em todos os seus aspectos.
_______
Assimile: ser ambientalmente sustentável é promover o desenvolvimento com uso racional dos recursos
naturais no presente, sem comprometer a sua disponibilidade para que as gerações futuras possam
igualmente se desenvolver.
_______
O desenvolvimento sustentável também implica estabelecer uma vida sustentável, em harmonia com a
natureza e com os demais seres vivos, através do acesso à educação, e garantia de direitos humanos à
coletividade.
Aprofundando a educação ambiental
Foi explicado previamente que a educação ambiental busca a construção de valores sociais sólidos e a
geração de conhecimentos e habilidades, garantindo que as pessoas estejam aptas a tomarem atitudes e a
construírem competências voltadas para a conservação do meio ambiente, o qual serve a todos nós e
também é um precioso bem para as gerações futuras.
Assim, a Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, em seu artigo 4º, dispõe que são princípios básicos da
educação ambiental:
(...) I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio
ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-
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Relações Sociais,
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econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e
concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação
entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e
permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII -
o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. (BRASIL, 1999)
Perceba que o enfoque da educação ambiental deve ser humanista; isso signi�ca que deve levar em
consideração a relação das pessoas com o meio no qual vivem e interagem, no qual se desenvolvem como
cidadãos.
A sustentabilidade, como será visto adiante, é um importante mecanismo para salvaguardar a vida humana
e de outras espécies animais no planeta Terra. Assim, devem ser observados os anseios e as necessidades
das pessoas enquanto sociedade, pois essas questões podem mudar, a depender de diversos fatores,
inclusive culturais.
A educação ambiental não pode ser entendida como algo passivo, como uma disciplina meramente teórica.
É uma disciplina que envolve o olhar crítico e o pensar, mas também o agir, o criar novas ideias, o inovar. Por
essa razão, ela deve ser inserida nos currículos escolares desde a educação básica e progredir nos demais
estágios, sejam formais ou informais.
É na educação infantil que os conceitos e valores ligados à convivência em sociedade são melhor
assimilados, uma vez que, nos ambientes escolares, a criança inicia o seu processo de interação social. Seja
com atividades lúdicas ou interdisciplinares, a criança consegue relacionar o cuidado com o meio ambiente
e a compreensão mais ampla e dinâmica sobre o mundo e seus desa�os. Não deve ser criada uma
disciplina especí�ca para ela, pois a educação ambiental deve ser trabalhada de forma integrativa nas
matérias escolares, ou seja, normalizando as questões que dizem respeito aos cuidados ambientais.
Diferente da realidade infantil, jovens e adultos, distribuídos respectivamente no ensino médio e superior,
carecem de uma abordagem distinta quanto à educação ambiental. Ela deve ser alinhada com os problemas
cotidianos desse público, sejam de ordem doméstica ou pro�ssional, tratando sobre medidas mitigatórias
para os problemas advindos da poluição ambiental, estimulando ações práticas, tais como: uso consciente
dos recursos naturais, descarte correto do lixo, consumo consciente, etc.
Por �m, cabe relembrar que as questões ambientais podem transcender os limites geográ�cos, criados por
nós enquanto sociedades. Assim, a discussão e as ações para proteção do meio ambiente não podem ser
somente localizadas.
Educação ambiental na prática
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Até agora analisamos o contexto histórico em que a educação ambiental passou a ser uma necessidade
para a preservação do meio ambiente, utilizando-se a sustentabilidade como meio, como ferramenta.
Citamos a Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental, veri�cando a importância da educação ambiental.
Explicamos que a educação ambiental não é uma matéria que aborda só teoricamente as questões
relevantes. Com isso, é necessário entendermos e visualizarmos como ela funciona na prática. Vimos que a
educação ambiental deve permear todas as matérias escolares, não sendo necessária a constituição de
uma disciplina exclusiva para ela. A ideia é de que a preservação ambiental permeia todos os assuntos.
Portanto, a educação ambiental deve primeiramente respeitar a idade dos envolvidos e sua capacidade de
entendimento, e evoluindo ao passar dos anos. Ela deve ser feita de maneira prazerosa, de modo que seja
natural cuidar do meio ambiente. Sabemos que os resultados da educaçãonão são imediatos, mas sim um
investimento cujos frutos se colherão a longo prazo.
Dessa forma, é interessante que, desde crianças, os indivíduos tenham o conhecimento sobre separação de
lixo orgânico e reciclável, por exemplo. É importante entender para onde vai o lixo que geramos e que os
materiais recicláveis podem ser reaproveitados – estimulando a economia e gerando lucro.
É possível, por exemplo, que se trabalhe com artesanatos de materiais recicláveis, que se faça campanha
para os alunos trazerem-nos para a escola. Interessante que esses materiais podem servir de base para se
ensinar educação �nanceira, por exemplo, montando-se um minimercado. A criatividade para os educadores
é o limite.
Outra forma de se trabalhar com a educação ambiental seria, por exemplo, montar uma horta comunitária na
escola ou um sistema de captação de água da chuva. Os alunos aprenderiam conceitos de ciência;
poderiam se trabalhar conceitos de biologia (por exemplo, polinização das plantas e �ores), de matemática,
de português (com a elaboração de um texto narrativo sobre o que se aprendeu), etc. En�m, poderia ser
ensinado o valor da terra, do alimento orgânico, do seu preparo.
Além disso, propostas como a limpeza de praias, de praças, parques, a depender da idade dos envolvidos,
também seriam de grande valia. Perceba que a preservação do meio ambiente está diretamente ligada com
as questões sociais. Se a pessoa cuida de um bem público, se ela sabe que aquele espaço também lhe
pertence; ela sempre zelará por ele e valorizará o trabalho do outro.
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Para �nalizarmos esta etapa, um último exemplo seria a não utilização de produtos descartáveis, tendo cada
aluno seu próprio copo/caneca, o que incentivaria o reuso de objetos; também o dia da carona, visando a
diminuir a emissão de poluentes. Assim, perceba que, com boa vontade e espírito de coletividade, é possível
trazer inúmeros benefícios não só para os envolvidos, mas para toda a sociedade. 
Videoaula: A educação ambiental
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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo
aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem
conexão à internet.
Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre educação ambiental. É muito comum que nos seja
destacada, desde crianças, a importância de preservarmos o meio ambiente. Assim, crescemos sabendo
dessa necessidade. Contudo, a educação ambiental deve permear todos os ramos de conhecimento e não
se restringe aos bancos escolares, exigindo a participação da sociedade como um todo.
Saiba mais
O Portal do Ministério da Educação traz diversas publicações sobre educação ambiental e sustentabilidade.
Nele, é possível encontrar diversos exemplos práticos da aplicação da educação ambiental no Brasil, por
exemplo, um manual de hortas comunitárias e um manual sobre consumo sustentável. Acesse e saiba mais:
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Ministério da Educação. Educação Ambiental – publicações. 
Referências
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é. Petrópolis: Editora Vozes, 2012.
BRASIL. Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 5 maio 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Educação Ambiental – publicações. [s.d.]. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-
continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes. Acesso em: 5 maio 2023.
BRASIL. Programa nacional de educação ambiental – ProNEA. Ministério do Meio Ambiente, Diretoria de
Educação Ambiental; Ministério da Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental. 3ª Ed. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao1.pdf.
Acesso em: 5 maio 2023.
TRAJBER, Rachel; MENDONÇA, Patrícia Ramos (orgs.). Educação na diversidade: o que fazem as escolas
que dizem que fazem educação ambiental. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao5.pdf. Acesso em: 5
maio 2023.
Aula 2
Meio ambiente e sua proteção
Introdução
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao1.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao5.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante!
Nesta aula, serão trabalhadas questões do meio ambiente, especi�camente no que tange à legislação
brasileira. Serão abordados conceitos, histórico, a Política Nacional do Meio Ambiente, bem como os
princípios básicos constantes da Constituição Federal, importantes para serem conhecidos os parâmetros
nacionais.
Como resultado da aprendizagem, é esperado que, ao serem apresentados às questões relativas à proteção
do meio ambiente por intermédio da legislação, os estudantes criem consciência sobre o quão protegido é o
meio ambiente, pelo menos na teoria.
Assim, espera-se que o estudante crie base teórica para analisar e produzir questionamentos e críticas sobre
os motivos pelos quais o meio ambiente ainda sofre diversas ofensas e por que ainda, como sociedade, não
conseguimos protegê-lo da forma adequada.
Bons estudos!
Conceitos e histórico
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Por volta dos anos 60, surgiu a Terceira Geração dos Direitos Humanos, ressaltando o direito ao meio
ambiente equilibrado, como um Direito Humano a ser respeitado. A preocupação com as questões
ambientais potencializaram-se nos anos pós Segunda Guerra Mundial, dada a tamanha devastação feita
com o lançamento das bombas atômicas. Constatou-se que, dali em diante, se a humanidade não tomasse
cuidado com seus atos, talvez pudesse ser responsável pela destruição do planeta. Assim, o mundo passou
a celebrar conferências e tratados para a proteção do meio ambiente.
Sachs (1981) cita alguns destes eventos:
Em 1962, Rachel Carson, ecologista norte-americana, publicou o livro A Primavera Silenciosa,
demonstrando que o DDT (diclorodifeniltricloroetano) pulverizado nas pessoas durante a Segunda
Guerra Mundial para combater o tifo, e também como agrotóxico nas lavouras, não trazia somente
benesses. Ao contrário, ele poderia causar câncer e outros danos. O livro fez surgir diversos
questionamentos sobre ecologia.
Em 1972, foi publicado o Relatório do Clube de Roma, que tratou sobre os riscos globais dos efeitos da
poluição e do esgotamento das fontes de recursos naturais, fazendo uma prospecção sobre a
utilização dos recursos naturais indiscriminadamente. O documento destacou que haveria um colapso
se não houvesse mudanças no modo de utilização dos recursos naquele momento. No mesmo ano,
aconteceu a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento e meio ambiente humano.
Ali, Ignacy Sachs, precursor do conceito de desenvolvimento sustentável, apresentou o conceito de
ecodesenvolvimento, destacando o que segue: “trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos
homens de nossa geração e à todas as gerações futuras a possibilidade de se desenvolver” (SACHS,
1981, p.14).
Em 1980, o ambientalista norueguês Arne Naess criou o conceito de ecologia profunda, o qual
determina que todos os elementos vivos devem ser respeitados, bem como que é necessário garantir o
equilíbrio da biosfera.
Disciplina
Relações Sociais,Sustentabilidade e Ética
Em 1987, foi publicado o relatório Brundtland (Our Common Future), advindo da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Este relatório trouxe o conceito de desenvolvimento
sustentável: “é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem às suas necessidades” (ONU, 1987, p. 41).
No Brasil, o principal marco da proteção ambiental ocorreu em 1988, com o advento da Constituição Federal.
Até então, tínhamos apenas legislações esparsas. Neste sentido:
Uma breve retrospectiva histórica pode demonstrar como é recente nossa percepção da proteção
integral do meio ambiente. De seu descobrimento até a metade do século XX, existiam poucas
regras de proteção ambiental no Brasil. A segunda fase, conhecida como fragmentária, é
marcada pela preocupação do legislativo com a quantidade de recursos naturais, mas não com a
sua qualidade integral – Código Florestal (1965); Códigos de Caça, de Pesca e de Mineração
(todos de 1967); Lei de Zoneamento Industrial (1980); e a Lei dos Agrotóxicos (1989). A terceira
fase, conhecida como holística, foi marcada pela edição da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981), e o
ambiente passa a ser compreendido como um sistema ecológico integrado que deve ser
protegido de forma completa. (BOLANHO; GOTTI, 2019, p. 141)
A legislação é fundamental para disciplinar a sociedade, mas é preciso que tenhamos em mente o fato de
sermos nós os dependentes do meio ambiente, e não o contrário. Enaltecer a consciência ambiental é
imprescindível para compreendermos que comungamos do tempo e espaço com outras criaturas e
interagimos com agentes diversos.
Política Nacional do Meio Ambiente
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Apesar da Constituição Federal (CF) de 1988 ser considerada o principal marco da proteção do meio
ambiente, já existiam no Brasil algumas leis esparsas. Uma delas, que foi recepcionada pela referida CF, é a
Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus
�ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Além de recepcionada e vigente no
ordenamento jurídico, ela é referência no que diz respeito à proteção ao meio ambiente.
Na CF, a proteção ao meio ambiente vem disciplinada no artigo 225, o qual determina, no seu caput, que
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, [s.p.]). Perceba que a CF trouxe também a noção de
desenvolvimento sustentável.
Já a PNMA traz efetividade ao artigo 225 da CF. Em seu artigo 2º, caput, a PNMA dispõe que tem por
objetivo “(...) a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e
à proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981, [s.p.]). Elenca, ainda, uma série de princípios a
serem atendidos:
Princípios – PNMA (art. 2º, Lei 6.938/81)
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.
III – planejamento e �scalização do uso dos recursos ambientais.
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas.
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos
recursos ambientais.
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental.
VIII – recuperação de áreas degradadas.
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação.
X – educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Quadro 1 | Princípios da PNMA. Fonte: elaborado pela autora a partir de Brasil (1981).
Já o artigo 3º da Lei da PNMA lista cinco importantes de�nições a serem conhecidas na matéria de
proteção ao meio ambiente: meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição e recursos
ambientais:
Art. 3º - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, super�ciais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a �ora. (BRASIL,
1981)
A Lei da PNMA (BRASIL, 1981) aborda ainda os objetivos da política nacional do meio ambiente, o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o Conselho Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos da
política Nacional do Meio Ambiente. Em seu escopo, especi�camente no art. 9°, são tratados os conceitos e
instrumentos para elaboração de diretrizes políticas sobre o meio ambiente que possam ser aplicados em
todas as esferas administrativas (municipal, estadual e federal), seja na elaboração de leis, ou na
�scalização delas, com, por exemplo, a demarcação dos zoneamentos ambientais; a avaliação de impactos
ambientais; licenciamentos ambientais e concessões de cunho ambiental.
Princípios ambientais na Constituição Federal
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Até agora analisamos o contexto histórico e alguns conceitos que dizem respeito ao meio ambiente,
especi�camente à sua proteção. Veri�camos ainda pontos importantes da legislação ambiental, como o
artigo 225 da Constituição Federal (CF) e alguns artigos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1.981).
No que diz respeito ao artigo 225 da CF, existem nele alguns princípios que serão identi�cados. Logo no
caput podemos identi�car três princípios: do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da participação
(BRASIL, 1988). O princípio do desenvolvimento sustentável impõe a necessidade de defesa e preservação
do meio ambiente, visando sua conservação tanto para geração atual quanto para as gerações futuras.
Constata-se que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as
atividades econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Busca-se com isso a coexistência
harmônica entre economia e meio ambiente. Permite-se o desenvolvimento, mas de forma
sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se
inócuos. (FIORILLO, 2006, p. 27)
O princípio da prevenção, por sua vez, é um dos mais importantes que norteiam o direito ambiental. É
sempre preferível a prevenção à reparação, pois o dano causado poderá ser irreversível. Neste sentido,
importa observar que:
A prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a
qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. De fato, é a
consciência ecológica que propiciará o sucesso no combate preventivo do dano ambiental.
Todavia, deve-se ter em vista que a nossa realidade ainda não contemplaaludida consciência, de
modo que outros instrumentos tornam-se relevantes na realização do princípio da prevenção.
(FIORILLO, 2006, p. 40)
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Já o princípio da participação determina que o dever de defesa e preservação do meio ambiente cabe ao
Poder Público e à coletividade. Neste viés, a informação e a educação ambiental são instrumentos
fundamentais na atuação de preservação do meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Nesse
sentido, foi promulgada a lei nº 9.795, de 27/04/1999, estabelecendo uma Política Nacional de Educação
Ambiental.
A Política Nacional de Educação Ambiental veio a reforçar que o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e indispensável à sadia qualidade de vida, deve ser
defendido e preservado pelo Poder Público e pela coletividade (o que importa dizer que é um
dever de todos, pessoas físicas e jurídicas), por intermédio da construção de valores sociais, de
conhecimentos, habilidade e atitudes voltadas à preservação desse bem pela implementação da
educação ambiental. (FIORILLO, 2006, p. 45)
Por �m, o princípio do poluidor pagador encontra-se no parágrafo terceiro do mencionado artigo 225 da CF e
impõe a necessidade da responsabilização civil do agente poluidor pelos danos causados. Observa-se que
esse princípio não prega que aquele que pode pagar pode poluir. Na realidade, ele tem “(...) duas órbitas de
alcance: busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa sua
reparação (caráter repressivo)” (FIORILLO, 2006, p. 30).
_______
Assimile: o desenvolvimento sustentável acontece com participação e responsabilidade, de agentes
públicos e privados, através de diretrizes socioeconômicas alinhadas com as questões de cunho ambiental.
Videoaula: Meio ambiente e sua proteção
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Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre a proteção do meio ambiente. Trabalharemos com
diversos conceitos, como o de desenvolvimento sustentável, abordando aspectos importantes do histórico
da legislação brasileira na área ambiental. Por vezes, é muito difícil a proteção do meio ambiente porque há
grupos na sociedade cujos interesses econômicos se sobrepõem à proteção ambiental. Contudo, é
necessário conhecer para cuidar, e existem diversos instrumentos para que os interesses da coletividade
sejam protegidos.
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
A ONU (Organização das Nações Unidas) é um importante organismo internacional que busca proteger o
meio ambiente, já que sua proteção ultrapassa as fronteiras de�nidas pelos Estados e interessa a toda a
coletividade. Conheça mais sobre o trabalho da ONU em prol do meio ambiente visitando a página a seguir:
Nações Unidas Brasil. A ONU e o meio ambiente.
Referências
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Disponível na Biblioteca Virtual: http://biblioteca-
virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24. Acesso em: 7 jun. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2023
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm.  Acesso em: 7 jun. 2023.
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006.
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Report of the World Commission on Environment and
Development: Our Common Future. 1987. Disponível em:
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 7 jun.
2023.
SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981.
Aula 3
Meio ambiente sustentável
Introdução
Olá, estudante!
Nesta aula, serão trabalhadas questões atinentes à sustentabilidade. Os estudantes serão introduzidos ao
tema, conhecerão seu conceito e levantarão alguns questionamentos, como: o que é sustentabilidade? A
quem se dirige? Quem deve utilizá-la? Desde quando? Sustentabilidade é necessária ou apenas transitória?
Como é aplicada no Brasil?
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Como resultado da aprendizagem, após muita re�exão, é esperado que, ao serem apresentados às questões
relativas à sustentabilidade, os estudantes conheçam a temática e sejam capazes de aplicá-la em suas
vidas pessoais e pro�ssionais.
Assim, espera-se que o estudante compreenda o conceito de sustentabilidade e crie uma base teórica
su�ciente para analisar e produzir questionamentos e críticas referentes à sua sustentabilidade e sua
aplicação.
Bons estudos!
Conceitos de sustentabilidade
Aqui será feita uma introdução sobre a sustentabilidade e apresentado seu conceito. Conforme estudamos
nas aulas anteriores, após a Segunda Guerra Mundial, a preocupação com as questões ambientais foi
aumentando paulatinamente. Percebeu-se que a tecnologia estava avançando muito, e poderia não só
auxiliar os seres humanos, mas também destruí-los.
A partir daí, o interesse em preservar o mundo em que vivemos cresceu, e passou a ser objeto de estudo e
debate de especialistas de diversos campos. No entanto, esse interesse foi acontecendo de modo esparso:
estudos, artigos, livros, conferências etc., até que tomou fôlego a partir dos anos 70.
Apesar de a sustentabilidade ser objeto de interesse a partir dessa época, certo é que seu conceito remonta
há pelo menos 400 (quatrocentos) anos. Segundo Leonardo Boff (2012, p. 31-32), os dicionários nos
oferecem dois sentidos para o termo sustentabilidade – passivo e ativo.
O passivo diz que “sustentar” signi�ca segurar por baixo, suportar, servir de escora, impedir que
caia, impedir a ruína e a queda. Neste sentido, sustentabilidade “é”, em termos ecológicos, tudo o
que �zermos para que um ecossistema não decaia e se arruíne. Para impedi-los podemos, por
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
exemplo, criar expedientes de sustentabilidade como plantar árvores na encosta da montanha,
que servem de escora contra a erosão e os deslizamentos.
O sentido positivo enfatiza o conservar, manter, proteger, nutrir, alimentar, fazer prosperar
subsistir, viver, conservar-se sempre à mesma altura e conservar-se sempre bem. (BOFF, 2012, p.
31-32)
Ser sustentável é adotar procedimentos que permitam o desenvolvimento humano como um todo, sem
eliminar os organismos vivos. Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável deve ser economicamente
e�ciente, mas também ecologicamente prudente e socialmente desejável. Neste sentido, alguns tratados e
conferências trouxeram propostas para corroborar com essa questão.
Em 1972, foi publicado o Relatório do Clube de Roma, também denominado de “Os Limites do Crescimento”
(The Limits to Growth) alertando sobre os riscos globais dos efeitos da poluição e do esgotamento das
fontes de recursos naturais (SACHS, 1981). Sua publicação foi, naquela época, um choque, tratando-se de
um dos documentos mais lidos sobre o tema. O relatório foi fruto de uma demonstração – por meio de
programas de computador– de uma prospecção sobre a utilização indiscriminada dos recursos naturais.
Chamava atenção naquele momento que o planeta Terra poderia entrar em colapso, caso não fossem feitas
alterações no modo de utilização dos recursos (SACHS, 1981).
Outra conferência importante aconteceu em 1984, tendo originado a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento. Os trabalhos dessa comissão foram encerrados em 1987, tendo por resultado
o Relatório denominado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), também conhecido como Relatório
Brundtland. Fez-se importante, pois apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável, de�nido como
“aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das gerações
futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações” (ONU, 1987).
Atente-se que os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, embora diferentes e
próximos, caminham juntos. Estão conectados e, mais importante do que a semântica, é a real ligação entre
eles. A sustentabilidade somente se concretiza através do desenvolvimento sustentável. 
Sustentabilidade é necessidade?
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Após analisados os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, cumpre aprofundarmos
sobre a temática a partir do seguinte questionamento: a sustentabilidade é uma necessidade ou apenas
uma discussão transitória, um termo da moda, para a sociedade moderna? Antes de re�etirmos sobre a
questão, cabe explorar um pouco mais o conceito de sustentabilidade. Ela deve ser analisada sob alguns
aspectos e nunca isoladamente.
Assim, estudamos que a preocupação ambiental deve ser de toda a sociedade, devendo todos ser
ambientalmente educados desde os primeiros anos de infância. Na sociedade, existem diversos
personagens, que, juridicamente, poderíamos denominar como pessoas físicas e jurídicas. Todos causamos
impacto ambiental, isto é um fato, desde o momento em que nascemos; no caso das pessoas jurídicas,
desde sua criação. Neste cenário, decorre da lógica a�rmar que uma empresa, por exemplo, causa bem mais
impacto do que uma única pessoa.
Diante dessas re�exões, em 1999, John Elkington, no campo empresarial, concebeu a ideia do triple bottom
line, conhecido como “tripé da sustentabilidade”. A ideia era de que as empresas precisavam de alguns
parâmetros para agirem com responsabilidade social e de fato aplicarem a sustentabilidade. Segundo ele, a
sustentabilidade – sendo um tripé – está apoiada nos seguintes pontos: social, econômico e ambiental
(OLIVEIRA et al., 2019).
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 1 | Tripé da sustentabilidade. Fonte: elaborada pela autora.
Perceba que, na ideia do tripé da sustentabilidade, não há um aspecto mais importante que o outro. Se
pensarmos em um banquinho, com três pernas, e tirarmos uma, provavelmente ele perderá seu equilíbrio. É
exatamente o que acontece com a sustentabilidade. Ela depende desses parâmetros. Não basta, por
exemplo, ser ambientalmente sustentável e economicamente inviável. A busca pelo equilíbrio é o grande
desa�o. Assim, a sustentabilidade é um conceito sistêmico, que deve ser analisado de forma holística,
dependente de muitos fatores, tais como parâmetros culturais, éticos, políticos e estéticos.
Segundo Almeida (2002), sustentabilidade com ética requer uma aliança entre gerações, estabelecendo a
preocupação com o porvir. Caminha ao lado da ideia de desenvolvimento sustentável, como já visto, ao
utilizar os recursos naturais de modo que haja desenvolvimento, mas sem prejudicar a possibilidade das
gerações futuras terem acesso a esses recursos.
Já o parâmetro político apontaria para uma necessidade de governabilidade voltada para o respeito
ambiental e para o combate a desvios e corrupção, por exemplo. Por �m, o parâmetro estético diria respeito
ao cuidado com o patrimônio histórico, com as paisagens.
Portanto, re�etindo então sobre a questão inicialmente proposta, podemos a�rmar que a sustentabilidade é
uma necessidade, e não se trata de uma necessidade transitória. Podemos entendê-la como um instrumento
que pode auxiliar a humanidade a buscar alternativas de uso dos recursos naturais sem esgotá-los e sem
estagnar o desenvolvimento da sociedade. Ela é um ponto de partida, um caminho a ser percorrido, e não
apenas um objetivo a ser atingido.
Aplicação da sustentabilidade no Brasil
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Até agora analisamos o contexto de surgimento e o conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento
sustentável. Analisamos ainda se a sustentabilidade é uma necessidade da sociedade moderna ou apenas
um conceito que diz respeito à transitoriedade.
O Brasil, sendo um dos Estados Membros da ONU, adotou, em setembro de 2015, a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. Ela deu continuidade e ampliou a Agenda de Desenvolvimento do Milênio
(2000-2015). A Agenda 2030 nada mais é do que um plano de ação universal (BRASIL, 2023).
São objetivos de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2023):
1. Erradicação da pobreza.
2. Fome zero e agricultura sustentável.
3. Saúde e bem-estar.
4. Educação de qualidade.
5. Igualdade de gênero.
�. Água potável e saneamento.
7. Energia limpa e acessível.
�. Trabalho decente e crescimento econômico.
9. Indústria, inovação e infraestrutura.
10. Redução das desigualdades.
11. Cidades e comunidades sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis.
13. Ação contra a mudança global do clima.
14. Vida na água.
15. Vida terrestre.
1�. Paz, justiça e instituições e�cazes.
17. Parcerias e meios de implementação.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Perceba que a sustentabilidade está inserida em todos os âmbitos e deve ser utilizada em inúmeras frentes.
Trata-se de importante ferramenta que altera o modus operandi, seja da pessoa, seja de uma organização.
Assim, retomando o que estudamos no que tange à educação ambiental, a cultura da sustentabilidade deve
ser inserida desde casa e desde os primeiros anos de ensino. As crianças podem, por exemplo, trabalhar
com reciclagem, fazer uma horta comunitária, aprender a economizar água e energia, evitar o uso de
descartáveis, dentre outras ações. A criança, em especial, tem um papel fundamental na busca do
desenvolvimento sustentável, pois, além de serem os cidadãos do futuro, eles são capazes de in�uenciar os
hábitos familiares e compartilhar com os demais membros da família os ensinamentos que recebem na
escola.
Já nas organizações, as mudanças e o uso da sustentabilidade podem tomar várias frentes. Inicialmente, a
organização pode alterar o impacto de sua sede, adotando, por exemplo, a captação de água de chuva e seu
reuso. Pode-se abolir o uso de descartáveis, utilizar lâmpadas de LED, adotar uma praça para cuidar ou até
mesmo incentivar um programa de jovens aprendizes. Pode ainda treinar seus funcionários, oferecer cursos,
incentivar ideias sustentáveis por meio de concursos e implementar uma nova política organizacional.
Portanto, cumpre dizer que não basta não gerar impacto – o que se pode a�rmar que é praticamente
impossível – ou gerar impacto mínimo. É necessário gerar um impacto positivo, melhorar o ambiente em se
vive, tanto na esfera ambiental, quanto na social e econômica. Note que se trata de uma mudança de
paradigmas imensa, que deve ocorrer no íntimo de cada pessoa.
Em conclusão, é importante destacar que a sustentabilidade pode ser exercida em diversos níveis: seja pela
criança ao reciclar um material, pelo adulto ao instalar painéis elétricos, por uma organização a incentivar
um programa de jovens aprendizes, en�m, pode ser praticada por qualquer um que esteja com vontade para
esta ação, o que certamente terá por consequência o desenvolvimento sustentável da sociedade como um
todo. 
Videoaula: Meio ambiente sustentável
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Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre a sustentabilidade. Será trabalhado o seu conceito,
com base em diversas re�exões, como a necessidade ou a transitoriedade da sustentabilidade para a
sociedade moderna. Por �m, serão apresentadas ideias sobre como a sustentabilidade pode ser utilizada na
prática, uma vez que se trata de instrumento hábil para a mudança de paradigmas e mudança da sociedade
como um todo.
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
No site da ONU, há uma ferramenta que mostra a quantidade de recursos �nanceiros gastos para alcançar
cada objetivo do desenvolvimento sustentável:
Nações Unidas Brasil. Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no
Brasil. 
Referências
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Disponível em: http://biblioteca-
virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24. Acesso em: 7 jun. 2023.
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é o que não é. Petrópolis: Vozes, 2012.
BRASIL. Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços. Agenda 2030. Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS). Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/objetivos-de-desenvolvimento-
sustentavel-ods. Acesso em: 7 jun. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm.  Acesso em: 7 jun. 2023.
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Indicadores Brasileiros para os objetivos de
desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística. Disponível em
https://odsbrasil.gov.br/home/agenda.  Acesso em: 7 jun. 2023.
OLIVEIRA, Sonia Valle, Walter Borges de; LEONETI, Alexandre; CEZARINO, Luciana O. Sustentabilidade:
princípios e estratégias. Barueri: Editora Manole, 2019. E-book. ISBN 9788520462447. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520462447/.  Acesso em: 7 jun. 2023.
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Report of the World Commission on Environment and
Development: Our Common Future. 1987. Disponível em:
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 7 jun.
2023.
SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981.
Aula 4
Desenvolvimento, economia e meio ambiente
Introdução
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24
https://www.gov.br/governodigital/pt-br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods
https://www.gov.br/governodigital/pt-br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm
https://odsbrasil.gov.br/home/agenda
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520462447/
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante!
Nesta aula, serão trabalhadas questões atinentes ao desenvolvimento econômico e sua relação com a
proteção ambiental. Considera-se necessário o desenvolvimento econômico; porém, é preciso minimizar seu
impacto no meio ambiente.
Como resultado da aprendizagem, após muita re�exão, espera-se do estudante compreender que existem
diversas formas de desenvolvimento, que o desenvolvimento tecnológico pode ser limpo, e que também
podemos ter auxílio da economia verde e circular, por exemplo.
Assim, o estudante poderá dispor de ferramentas para poder discutir sobre o aparente con�ito entre
desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente. Também poderá criar uma base teórica
su�ciente para analisar, criticar e produzir questionamentos para se posicionar diante de um caso concreto
que lhe seja apresentado na vida pessoal e pro�ssional.
Bons estudos!
Desenvolvimento e proteção ambiental
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Aqui trabalharemos a aparente dicotomia existente entre o desenvolvimento econômico e a proteção ao
meio ambiente. Estudamos até aqui sobre a importância da educação ambiental desde a mais tenra idade
como forma de transformação social. Depois analisamos alguns aspectos da legislação brasileira em
matéria de direito ambiental. Feito isso, conhecemos o que vem a ser a sustentabilidade e sua aplicação
prática.
Foi explicado que a sustentabilidade é uma forma de desenvolvimento. Ela não pode ser tratada somente
como um objetivo a ser atingido, mas sim, deve ser utilizada como um instrumento na tomada de decisões,
principalmente nas decisões gerenciais das organizações, que causam grande impacto ao meio ambiente.
Diante deste cenário, surge a dúvida: como é possível manter o mesmo ritmo de desenvolvimento
econômico respeitando e protegendo o meio ambiente? Lembre que o tipo de desenvolvimento almejado é o
sustentável, que garante o acesso às futuras gerações aos mesmos recursos que temos acesso hoje (ONU,
1987).
A ideia do desenvolvimento sustentável é tão importante, pois se �zermos uma análise mais profunda,
percebemos que acessar os recursos (por exemplo, a água) não é somente utilizá-los para manutenção da
vida. Esse acesso deve dizer respeito também à preservação das espécies animais e vegetais. Imagine, por
exemplo, que, na Mata Atlântica, existe uma planta capaz de curar um determinado tipo de câncer. Com a
tecnologia existente daqui a 100 (cem) anos, um cientista poderá extrair dessa planta a cura. No entanto, ele
não terá acesso a essa planta, porque ela foi extinta.
Perceba, então, a importância do desenvolvimento sustentável e dos cuidados e preservação dos recursos
naturais. São eles que proporcionam a vida na terra, em todas as suas formas. Como integrar, assim, o
desenvolvimento econômico sem agredir o meio ambiente natural? Para atingir esse objetivo, devemos nos
utilizar de alguns instrumentos. Certamente a sustentabilidade é um deles. A economia é um pilar
importantíssimo para a sustentabilidade. É através dela que são geradas não só riquezas, mas também
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
tecnologia e empregos. Com os empregos, é possível que as pessoas tenham dignidade e consigam prover
a si mesmas e à sua família.
Por sua vez, a tecnologia também é um importante instrumento na preservação ambiental. É por meio dela,
muitas vezes nos utilizando da inovação, que conseguimos melhorar processos produtivos, inventar novas
máquinas, novos meios de produção, diminuir a poluição gerada, etc. Perceba que a humanidade, como um
todo, sempre busca melhorar suas ferramentas e dinamizar seus processos. Podemos tomar como exemplo
os computadores e a internet, que, no início dos anos 90, eram de mesa, lentos e com internet discada, via
telefone. Já hoje, temos internet rápida até em relógios, por meio de wi-� e bluetooth. Veja quantos não
foram os avanços em pouco tempo cronológico, já que vinte ou trinta anos é um espaço de tempo
relativamente curto em comparação com o arco histórico da humanidade.
Tecnologia limpa
Sabemos que a tecnologia limpa (clean technology) é aquela que busca soluções para redução ou
eliminação do impacto ambiental nos processos produtivos. Ela é a tecnologia preocupada com as questões
ambientais e com os recursos naturais. Por sua vez,
As Cleantechs são empresas de tecnologia limpa que representamatividades empreendedoras
dispostas a desenvolver novos modelos de negócios pautados em sustentabilidade ambiental e
tecnologia. (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022, [s.p.])
No início dos anos 2000, a tecnologia limpa surgiu como uma nova categoria de investimento, possibilitando
transformar um problema de negócio em uma nova oportunidade de empreendimento na perspectiva
ambiental, social e inclusiva (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022).
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
As Cleantechs estão inseridas no chamado subsetor de investimento em tecnologias de energias
renováveis, nanotecnologia, e�ciência energética, otimização na utilização de água, gestão de
resíduos, redução de emissão de poluentes e gases, além de processos de manufatura voltados
para produção limpa e renovável (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022).
As atividades ligadas às práticas verdes fazem parte de mercados que visam à economia com um menor
impacto ambiental e desenvolvimento sustentável (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022). Como
exemplos, podemos citar a energia eólica, que utiliza a forma dos ventos para a geração de energia; a
energia solar, que utiliza o sol para gerar energia; e a energia ondomotriz (que utiliza as ondas do mar para
gerar energia).
No entanto, nem todas as tecnologias limpas são consideradas limpas por toda a comunidade cientí�ca. Em
relação aos carros elétricos, existem dúvidas se seria mesmo uma tecnologia limpa, uma vez que suas
baterias podem ser causa de grande problema de poluição ambiental no futuro. Outra tecnologia limpa que
vem sendo reconsiderada são as hidrelétricas. Ainda que melhores que as usinas de carvão e nucleares para
geração de energia, fato é que, para serem implantadas, elas dão causa a um grande impacto ambiental,
mudando cursos de rios, dizimando espécies de plantas e animais e mudando cidades inteiras de
localização.
Entretanto, temos que nos atentar ao fato de que a busca pela tecnologia limpa cresce na medida em que
esse tipo de tecnologia é buscada pelo mercado verde. Ou seja: quanto mais as organizações, sejam elas
públicas ou privadas, exijam de seus fornecedores práticas ambientalmente corretas, mais haverá
investimentos em tecnologia limpa. Isso pode ser feito por exemplo, quando o setor público exige que em
uma licitação participem apenas empresas que detenham um determinado selo de qualidade referente ao
meio ambiente, ou que, no setor privado, por exemplo, uma empresa exija que sua cadeia de fornecedores
seja certi�cada. Perceba que, deste modo, as grandes organizações podem ser responsáveis por fazerem
com que os produtores menores também busquem agir de forma ambientalmente limpa. Mais uma vez,
notamos que as questões econômicas têm forte in�uência sobre a proteção ambiental.
Economia verde
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Até agora, analisamos a dicotomia entre o desenvolvimento econômico e a proteção ao meio ambiente.
Percebemos que, na verdade, não há uma dicotomia; pelo contrário, o desenvolvimento econômico não deve
ocorrer às custas da degradação ambiental, mas sim, em conjunto com o meio ambiente. Após, analisamos
o contexto em que a tecnologia limpa foi criada, em especial suas motivações.
Ao �nal do bloco anterior, a�rmou-se que a tecnologia limpa cresce na medida em que é buscada pela
economia verde. Então �ca a pergunta: o que é o mercado verde e como ele atua na prática? Inicialmente,
importa mencionar que o mercado consumidor está cada vez mais exigente. E o consumidor não quer
apenas ter um produto de boa qualidade e com um bom preço. As pessoas têm se importado em conhecer a
origem do produto, qual matéria-prima é utilizada, se a mão de obra é paga e quali�cada para o trabalho, etc.
Ou seja, os consumidores têm se preocupado em entender e veri�car o impacto social e ambiental que o
produto tem.
Além disso, as próprias organizações se interessam pelo tema. Por exemplo: pensemos que existe um
índice na Bolsa de Valores que se chama ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial. Ele tem por objetivo
reconhecer o comprometimento das organizações com a sustentabilidade nas suas atividades
empresariais.
Deste modo, um investidor pode querer somente investir em uma empresa que tenha um determinado
desempenho de acordo com a ISE. Esse mesmo investidor pode querer ter informações sobre a
rastreabilidade dos insumos utilizados da cadeia de produção. Assim,
O crescimento populacional e da renda média mundial tem efeito positivo sobre a demanda de
bens e serviços, que, por sua vez, é frequentemente atendida com base em recursos naturais,
especialmente terra e água. Em todo o mundo, essas tendências estão forçando um número
crescente de ecossistemas para além de suas capacidades. Nesse contexto, a economia
verde se apresenta como um modelo para reverter essas tendências, alterando políticas e
incentivos, de modo a apoiar o crescimento, a igualdade social e o bem-estar por meio da
conservação e do uso sustentável dos recursos naturais e do controle vigilante da poluição
(International Institute for Sustainable Development, 2014). (PEREIRA; LOPES; TORRES; LOPES;
2022, [s.p.])
Ou seja: a economia verde é um modelo de economia, uma outra forma de agir, que busca o
desenvolvimento econômico e social sem degradar o meio ambiente e explorá-lo mais do que ele suporta.
Veja que ela não é a mesma coisa que o desenvolvimento sustentável. Os dois caminham juntos: assim
como a sustentabilidade, a economia verde é uma forma de se alcançar o desenvolvimento sustentável.
Em conclusão, é importante ressaltar que a economia verde é um instrumento do desenvolvimento
sustentável, buscando reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a utilização de energia e�ciente e
limpa, a diminuição de resíduos, dentre outros inúmeros artifícios que a tecnologia limpa traz, mas também
tenta reduzir das diferenças sociais. O grande �agelo do mundo não é só a degradação ambiental, mas sim
a pobreza, que retira das pessoas a capacidade de entendimento e compreensão. Por, muitas vezes, não
terem suas necessidades básicas supridas, elas não podem cuidar do mundo em que vivem.
Videoaula: Desenvolvimento, economia e meio ambiente
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
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Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre o desenvolvimento econômico versus a proteção
ambiental. Eles são opostos ou podem ser trabalhados lado a lado? Além disso, serão feitas re�exões sobre
o que são as tecnologias limpas e o contexto em que está inserida a economia verde. Por �m, será proposta
uma re�exão sobre as questões sociais e o impacto da pobreza na preservação ambiental.
Saiba mais
No site da ONU, há uma interessante reportagem sobre a economia verde, como forma alternativa de
modelo econômico:
ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). ONU Meio Ambiente propõe modelos econômicos alternativos
sustentáveis. ONU News, 14 jun. 2019. 
Referências
https://news.un.org/pt/story/2019/06/1676321
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é o que não é. Petrópolis: Vozes, 2012.
BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente.
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm.  Acesso em: 7 jun. 2023.NORONHA, Matheus Eurico Soares; HAYASHI, Victor Takashi; SILVA, Luiz Otávio Estevam da; LIMA, Matheus
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PEREIRA, V. F.; LOPES, D. B.; TORRES, D. A. P.; LOPES, M. Economia Verde. In: Plataforma Visão de futuro do
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SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981.
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https://www.scielo.br/j/read/a/DJTDCNT5xVcRYr6j78gwrrF/?lang=pt
https://odsbrasil.gov.br/home/agenda
https://news.un.org/pt/story/2019/06/1676321
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
https://www.embrapa.br/visao-de-futuro/sustentabilidade/sinal-e-tendencia/economia-verde
https://www.embrapa.br/visao-de-futuro/sustentabilidade/sinal-e-tendencia/economia-verde
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Aula 5
Revisão da unidade
Desenvolvimento com sustentabilidade
Olá, estudante! A Constituição Federal de nosso país rati�ca que todos os brasileiros têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, pois este é um bem de uso comum do povo, e é algo imprescindível
para garantir uma qualidade de vida minimamente saudável. Cabe ao poder público e a toda a sociedade,
seja o cidadão ou uma corporação, defender e preservar o meio ambiente não só para a geração presente,
mas igualmente para as futuras.
Juntamente com nossa Constituição, a Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, dentre outras
providências, é referência no que diz respeito à proteção ao meio ambiente. Contudo, as leis, decretos e
regulamentações não são isolados no contexto ambiental, pois, para fazer valer seu teor e, assim, propiciar
resultados satisfatórios, outra medida é essencial: a educação ambiental. Esta desempenha um papel que
abrange a conscientização, informação e instrumentalização, como agente potencializador do nosso dever
enquanto usuários desse planeta, para defender e proteger o nosso meio ambiente.
Importa frisar que educar o cidadão passa pela abordagem da temática ambiental em todos os seus níveis
de formação, da básica à superior, mas acontece também informalmente com auxílio das distintas mídias
de comunicação e empresas em geral. A educação ambiental, portanto, trabalha diretamente com a
promulgação de um desenvolvimento sustentável, abrangendo as esferas públicas e privadas, como elucida
Ibrahin (2014, p. 111): “Várias atividades, desempenhadas por diferentes sujeitos, Poder Público, instituições,
comunidades, entre outros, podem proporcionar o exercício da Educação Ambiental, em busca de um futuro
ambiental, social e economicamente sustentável”.
Sempre há impacto ambiental, ainda que em diferentes graus, em todas as atividades desenvolvidas pela
humanidade; portanto, as medidas mitigatórias devem apontar sempre para a tentativa de minimizar as
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Relações Sociais,
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consequências advindas deste cenário inevitável. Nesse sentido, preconiza-se a instauração do
desenvolvimento sustentável, que pressupõe um crescimento econômico, mas com justiça social, conciliado
sobretudo com a preservação ambiental. Complementando isto, segundo o autor Ibrahin (2014, p. 24), “o
desenvolvimento sustentável implica a existência da vida sustentável, em harmonia com a natureza e com
os demais seres vivos, no acesso à educação, bem como na garantia de direitos humanos e fundamentais”.
O uso de tecnologias limpas e a conservação dos recursos ambientais, que sustentam a vida do planeta, são
práticas que deveriam ser adotadas em maior quantidade, cabendo a todos nós entender que o uso dos
recursos naturais de forma racional colabora com o desenvolvimento sustentável, quando respeita a sua
capacidade natural de regeneração.
Empregar tecnologias limpas, como a reciclagem de produtos de consumo, redução e tratamento de
resíduos tóxicos, uso de energia eólica e solar, controle de emissão e monitoramento de poluentes, dentre
outras, proporcionam um alívio à escassez de energia, água e outros recursos naturais, ao mesmo tempo em
que fornecem um caminho para que o planeta sofra menos agressões e se perpetue como abrigo para todas
as geração do porvir.
Videoaula: Revisão da unidade
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Esta videoaula reforçará alguns conceitos que estudamos, tais como o desenvolvimento sustentável e a
educação ambiental, mas com um olhar voltado para a ética ambiental, sem deixar de mencionar a
legislação existente. Abordaremos algumas práticas salutares para promover um desenvolvimento
econômico com menos agressões ambientais e com a conscientização atual que estabelece o consumo
sustentável.
Estudo de caso
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Imagine que você faz parte de uma instituição de cunho �lantrópico, que, dentre as tantas ações
comunitárias que desenvolve, promove também o debate no sentido de buscar uma maior participação da
sociedade em assuntos relativos ao meio ambiente, sobretudo quanto ao necessário respeito e proteção da
natureza.
Mensalmente, você é um dos convidados para participar de um programa que é vinculado a um canal de
streaming, no formato de áudio (podcast).
A equipe de produção deste podcast, com o qual você contribui principalmente com informações sobre a
temática ambiental, recebeu recentemente uma mensagem de um ouvinte assíduo do programa,
questionando a seguinte citação que leu em uma coluna de um jornal da sua cidade, a�rmando o seguinte:
A reestruturação das economias globais, graças ao crescente enriquecimento de países em
detrimento de uma baixíssima capacidade de distribuição desses ganhos de uma forma
homogênea para a população, trouxe consideráveis passivos sociais e ambientais. Somam-se
assim os desa�os para as nossas gestões público-privadas atuais, reforçando a necessidade de
instaurar-se prioridades político-sociais na busca por um desenvolvimento econômico que seja
sustentável e que possa acontecer com seu respectivo olhar voltado ao meio ambiente.
Este ouvinte comenta que gostaria de ouvir este tema aprofundado, com possíveis soluções para mitigar a
situação mencionada pelo colunista do jornal.
A proposta de equipe é que você aborde essa questão levantada pelo ouvinte, propondo re�exão para a
ressaltar os meios a serem priorizados na promoção de mudanças na forma de planejar, com um melhor
entendimento do funcionamento e da inter-relação dos ecossistemas naturaise construídos, somados ao
envolvimento da comunidade no processo de gestão do seu espaço, nas dimensões local e global.
A partir destas premissas, a pergunta central lançada para você seria: como promover, então, a revisão de
padrões de comportamento e ações que possibilitem ao ser humano navegar rumo a um equilíbrio
harmônico e duradouro, no contexto das dimensões social, ambiental e econômica? Como você poderia
organizar a sua fala, respondendo a essas questões levantadas pela equipe de produção do podcast que
você participará? 
_______
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Relações Sociais,
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Re�ita
É preciso pontuar que as diretrizes de uma política ambiental incluem aspectos de ordem econômica, social
e ambiental. “Na esfera governamental, ela é parte do conjunto de políticas públicas; mesmo tendo seus
próprios objetivos, depende da orientação política geral do governo e sofre a repercussão dos efeitos das
demais políticas públicas” (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014, p. 261).
Para promulgar uma política ambiental, o governo deve estabelecer os objetivos, de�nir as estratégias de
ação, criar as instituições e estruturar a legislação que a contém e direcionar a sua aplicabilidade. É esse
universo de implementação da política que formaliza o real sentido da gestão ambiental.
Resumidamente, a gestão ambiental seria a implementação, pelo governo, de sua política ambiental, por
intermédio da administração pública, mediante a de�nição de estratégias, ações, investimentos e
providências institucionais e jurídicas, com a �nalidade de garantir a qualidade do meio ambiente, a
conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
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A partir do contexto que lhe foi proposto, é importante que você explique a nossa situação atual: a
sociedade capitalista urbano industrial e seu atual modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico
vêm causando um crescente impacto sobre o meio ambiente, mas a percepção deste fenômeno tem
ocorrido de maneiras diferentes por ricos e pobres.
A população de baixa renda tem vivido com maior intensidade os impactos dos problemas ambientais. Tal
fato aumenta suas di�culdades cotidianas expressas pela falta de água, energia, espaços habitacionais
seguros, alimentação, entre outros. Também é fato que as alterações na tecnologia e nos padrões de
consumo ao longo da história, além da escala global que seus impactos alcançaram no último século,
impuseram marcos signi�cativos nas modi�cações dos espaços naturais.
Em outras palavras, toda e qualquer intervenção humana se re�ete em agressões ao meio ambiente. Mitigar
essa situação, mirando em um futuro mais igualitário e sustentável, passa primeiramente pela educação
ambiental, para formar e preparar cidadãos, através de uma re�exão crítica e ação social corretiva, ou
transformadora do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral de todos os seres humanos.
A educação ambiental coloca-se em uma posição contrária ao modelo de desenvolvimento econômico
vigente no sistema capitalista selvagem, no qual os valores da ética, da justiça social e da solidariedade não
são considerados integralmente. São situações cotidianas equivocadas, em que a cooperação não é
estimulada, pois prevalece o lucro a qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em
detrimento da maioria da população.
É impossível mudar uma realidade instaurada sem a conhecer de forma objetiva. Dessa maneira, o
desenvolvimento de um processo de educação ambiental implica que seja realizado, inicialmente, um
diagnóstico situacional, a partir do qual deverão ser estabelecidos os objetivos educativos que devem ser
alcançados. Não se trata apenas de entender e atuar sobre a problemática ecológica e na manutenção do
equilíbrio dos ecossistemas, mas de estabelecer a relação de causa e efeito dos processos de degradação
com a dinâmica dos sistemas sociais.
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O esforço deve ser conjunto, em uma simbiose entre o poder público como legislador e agente �scalizatório,
com a iniciativa privada e toda a sociedade civil, pois somos todos habitantes de um mesmo planeta, com
deveres e direitos iguais, quando se trata de proteger e garantir nossa sobrevivência.
Resumo visual
Figura 1 | Infográ�co sobre desenvolvimento sustentável e sociedade. Fonte: elaborada pelo autor.
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm.  Acesso em: 13 jun. 2023.
IBRAHIN, Francini Imene D. Educação Ambiental: Estudo dos Problemas, Ações e Instrumentos para o
Desenvolvimento da Sociedade. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.
PHILIPPI JR., Arlindo; PELICIONI, Maria Cecília F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Editora
Manole, 2014.
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Unidade 4
Diversidade, inclusão e desenvolvimento interpessoal
Aula 1
A história e a evolução social
Introdução
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm
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Olá, estudante!
Nesta aula, re�etiremos sobre a formação da nossa nação e dos diferentes povos que compõem a nossa
cultural. O Brasil foi um país de colonização europeia; todavia, quando os portugueses chegaram aqui,
encontraram inúmeros povos indígenas, com línguas e culturas diferentes. Além disso, durante o processo
de colonização, os europeus trouxeram milhares e milhares de pessoas do continente africano escravizadas.
Assim, nossa cultura é composta por enorme diversidade, o que nos enriquece enquanto nação. Contudo,
nossa história de escravidão e dominação traz inúmeros problemas sociais, porque aos povos indígenas e
africanos foram negados a sua condição de humanidade pelo colonizador.
Bons estudos!
Pensando sobre quem somos
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Para entender quem é o povo brasileiro, é fundamental retomar o nosso processo de colonização. Os
europeus chegaram aqui em um contexto histórico muito especí�co: o capitalismo mercantil. Isso signi�ca
que as monarquias europeias faziam a acumulação de capital explorando outros continentes. Já faziam isso
na Índia e, quando chegaram às Américas, perceberam quantas riquezas havia por aqui. Contudo, essas
terras já eram habitadas. Havia milhões de pessoas vivendo em todo o continente americano; elas
receberam, dos europeus, o nome de índios (COSTA, 2002).
A presença desses povos aqui nas Américas contrastava com os planos europeus de dominar essas terras
e, por isso, nos séculos XVI e XVII, ocorreu amplo genocídio e escravização dos povos indígenas que tinham
direito original às terras. Esse é o projeto colonizador – uma forma de enriquecimento dos reinos europeus
por meio da exploração da terra e da mão de obra.
Como a mão de obra escrava indígena não era su�ciente, os europeus começaram a escravizar os povos do
continente africano e a trazê-los para as Américas. A coroa portuguesa trouxe os povos africanos
especialmente para a cultura da cana-de-açúcar  (COSTA, 2002). Assim, o Brasil nasce como parte de projeto
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de enriquecimento da Europa, por meio da economia agroexportadora, baseada no latifúndio e na mão de
obra escrava.
Re�itamos: que estratégias utilizaram os europeus para um projeto baseado no genocídio e trabalho
escravo? O conceito de raçasurge como parte do projeto colonizador. Você já pensou por que falamos no
conceito de raça baseado na cor da pele de um povo? Esse conceito é neutro? Raça é um conceito
socialmente criado para legitimar o processo colonizador nas Américas. Ele surge para estabelecer que há
raças superiores e inferiores, melhores e piores e mais ou menos evoluídas. Isso não tem validade cientí�ca:
o conceito de raça foi criado para justi�car a dominação, ao determinar que os europeus eram superiores
aos povos africanos e indígenas (COSTA, 2002).
Em verdade, toda cultura é equivalente e não há raças, etnias ou culturas mais ou menos evoluídas. Contudo,
o colonizador usou esse argumento para justi�car a dominação dos povos africanos e indígenas. Por isso, é
muito importante conhecermos a história da África e dos povos indígenas; ao conhecermos a riqueza
dessas culturas, possibilitamos a desconstrução cultural de preconceitos e do sistema de racismo estrutural
da sociedade brasileira.
O racismo da sociedade brasileira é fruto do projeto colonial. Começamos como país a partir da dominação
de pessoas indígenas e negras. Isso só pode ser revertido com a reconstrução das nossas percepções
culturais (COSTA, 2002). No próximo bloco, vamos conhecer melhor sobre a história da África e sobre os
povos indígenas que habitavam o Brasil no século XVI.
Ressigni�cando a história
Quando você pensa na África, será que vem à sua cabeça essa imagem (Figura 1)?
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Figura 1 | Mapa da África. Fonte: Freepik.
Há alguma coisa que pareça estranha nesse mapa? Observe que há fronteiras separadas por linhas retas, o
que é incomum no mapa do Brasil ou da Europa, por exemplo. Isso porque a divisão dos países da África
não é resultado do processo histórico e de referências culturais, mas foi uma imposição (BARBOSA, 2018).
Essa divisão também foi resultado de um processo arti�cial e colonizador. A África foi partilhada na
Conferência de Berlim de 1884-1885, entre países europeus (BARBOSA, 2018).
Quando o trá�co de pessoas africanas começou, a África era tribal. Há registros de tribos com milhares de
pessoas. Contudo, os europeus tinham armas de fogo que propiciaram o exercício da sua dominação. A
criação dos Estados-nações africanos tal como os conhecemos hoje foi, portanto, um processo impositivo e
europeu. O processo formal de emancipação de todas as colônias na África encerrou-se apenas em 1975.
Contudo, a colonização agroexportadora costuma deixar uma marca na história dos países colonizados: a
pobreza. É assim na África, e é assim no Brasil.
Nas Américas, quando da chegada do europeu, também havia sociedades tribais. Havia grandes civilizações,
como os maias, os incas e os astecas, neste território. No Brasil, encontravam-se as sociedades tupinambás,
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bororós, guaranis, dentre tantas outras. Essas culturas tinham suas próprias línguas, sistemas religiosos e
de cura, além técnicas de caça, guerra e sobrevivência (BARBOSA, 2018).
A chegada do europeu arrasou esses povos. Basta pensar na ação dos jesuítas, catequizando os povos
indígenas, impondo a língua portuguesa, o catolicismo e o trabalho na lavoura. Os europeus justi�cam essas
práticas de violência e exploração a�rmando que estavam salvando as almas desses grupos e apresentando
um projeto civilizatório “superior”.
Contudo, eles tinham um projeto civilizatório etnocêntrico. Você já ouviu falar do conceito de etnocentrismo?
Ele é a visão de que determinada cultura seria melhor ou superior a outra. Os europeus foram etnocêntricos
nas suas relações com os povos africanos e indígenas e justi�cavam a dominação com base em um
argumento de que traziam o progresso e a salvação para os povos colonizados. Assim, impunham o
cristianismo e o capitalismo como as únicas formas possíveis de sociedade.
Essa é a base do racismo tão presente na nossa sociedade e que traz tanta violência para a sociedade
brasileira. A desconstrução do racismo passa pela percepção de que o conceito de raça é uma construção
cultural, e não um conceito neutro. Raça não trata de biologia; é, na verdade, uma forma de legitimar a
dominação do outro. O conceito ganha um conteúdo “biológico” – cor da pele – porque isso facilita que ele
tenha aparência de ciência. Contudo, existe apenas para subalternizar os corpos das populações negras e
indígenas (BARBOSA, 2018).
O direito à diferença
A formação da identidade brasileira é muito rica, porque temos ampla diversidade cultural. Contudo, a
cultura do dominador europeu sempre se impôs como a melhor e a superior. Precisamos romper com essa
percepção, valorizar outras formas de olhar o mundo e outras formas de se relacionar com o outro se chama
descolonização cultural (QUIJANO, 2005).
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O Brasil não é mais uma colônia de Portugal, mas continuamos colonizados culturalmente. O individualismo
capitalista, a cultura da competição no mercado de trabalho e a cultura do consumo em massa, tão
destrutiva para o meio ambiente, não era algo que existia antes do projeto civilizatório europeu ser
implantado aqui. Encontrar outras formas de pensar a vida e se relacionar com o outro é uma forma de
descolonização cultural (QUIJANO, 2005).
Para isso, precisamos reconhecer que temos o direito a ser diferentes e que temos o direito à diversidade.
Isso demanda de cada um comprometimento ético de valorizar a diversidade e exige dos nossos
governantes ações para construir uma sociedade igualitária e para praticar a educação antirracista.
O Brasil tem dado alguns passos importantes na luta antirracista. Veja esse artigo da Constituição Federal,
que torna o racismo um crime:
Art. 5. XLII - a prática do racismo constitui crime ina�ançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei. (BRASIL, 1988)
Assim, a pessoa presa por racismo não tem o direito a pagar �ança e o crime nunca vai prescrever, ou seja,
ela pode ser presa mesmo que se passem anos do dia em que tal crime foi cometido. A lei é certamente
uma forma de criar uma cultura de respeito à diversidade. Contudo, ela não basta: tem poder limitado de
transformar cultura.
Como mudamos o racismo, se apenas uma lei punitiva não basta? É pela educação que transformamos as
relações sociais. Segundo Oliveira e Candau (2010, p. 17):
(...) a interculturalidade tem um signi�cado intimamente ligado a um projeto social, cultural,
educacional, político, ético e epistêmico em direção à decolonização e à transformação. É um
conceito carregado de sentido pelos movimentos sociais indígenas latino-americanos e que
questiona a colonialidade do poder, do saber e do ser. En�m, ele também denota outras formas
de pensar e se posicionar a partir da diferença colonial, na perspectiva de um mundo mais justo.
Uma educação intercultural entende que não há uma cultura que deve se sobrepor a outra. Todas são
importantes e enriquecem a vida social. Valorizar a história e a cultura africana e indígena é ressigni�car a
nossa identidade como povo. É nossa responsabilidade ética tornar o mundo mais justo pelo respeito a
todos os seres humanos, mesmo que eles sejam diferentes de nós mesmos, porque o direito à diferença é
um Direito Humano.   
Videoaula: A história e a evolução social
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Nesta aula, discorremos sobre a importância de se compreender a história africana e indígena, para que
possamos ressigni�car as nossas práticas diárias e construir uma sociedade mais justa e humana. Em
nossa videoaula, vamos rever todos esses conceitos e avaliar como a humanidade se enriquece diante da
diversidade cultural. 
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Saiba mais
Você conhece a Convenção Interamericana contra o Racismo? Ela é um documento internacional muito
importante e(WEBER, 2001). O Brasil, por exemplo, tem um território, com fronteiras, bem delimitadas
no mapa. O Estado também administra esse território e cria as leis que tornam possível a existência
harmônica entre as pessoas, com o cumprimento das leis. Por sua vez, a política é a atividade daqueles que
exercem o poder e o governo é a administração de um Estado. 
Neste ponto, talvez você questione: há muitas pessoas que não cumprem a lei! E, ainda, talvez você se
lembre se algum amigo que tenha tido o carro furtado ao estacionar na rua. Qual é o papel do Estado diante
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desse fato?  
Política e sanção
Vamos, então, pensar no carro que foi furtado enquanto um casal estava no cinema. O casal certamente fará
um boletim de ocorrência e haverá uma investigação policial para encontrar o carro e punir o culpado. O réu
terá direito a um julgamento justo, com direito ao devido processo legal e à ampla defesa. Contudo,
estudante, uma sociedade baseada em regras apenas existe porque existe a punição para aqueles que não
cumprirem a lei. Será que as pessoas cumpririam as leis se não houvesse uma consequência ao descumpri-
las? Weber (2001) de�niu que o Estado tem o monopólio da violência legítima.  
Vamos entender isso: será que esse casal que teve seu carro roubado pode, por eles mesmos, punir o
culpado? Eles podem, por exemplo, agredir essa pessoa como vingança? Não podem, porque, em
sociedades democráticas, apenas o Estado tem o monopólio da violência legítima, que é de�nida pelo Poder
Judiciário. Essa violência é legítima porque ela é aplicada apenas depois de um julgamento justo. Talvez
seja prisão, multa, serviços à comunidade. Mas ela é legítima porque não ocorre sob tortura ou prisão
perpétua.  
Aqui chegamos a um ponto muito importante: a política democrática. A democracia não é a única forma de
fazer-se política, mas sem dúvidas é a melhor forma de governo, aquele que é justo, porque tem como base
uma regra de tomada de decisão muito simples – a regra da maioria. 
Na história humana, tivemos formas de governo muito desumanas. Podemos lembrar das monarquias
absolutistas europeias, que autorizaram o genocídio dos indígenas durante o processo colonizador e a
escravidão desses povos e de povos africanos. Houve os governos nazistas e fascistas, que também
promoveram campos de concentração e assassinatos em massa. No Brasil, houve o governo militar;
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famílias ainda hoje esperam encontrar os restos mortais de seus parentes desaparecidos e provavelmente
mortos nesse regime.  
A democracia ainda tem diversas falhas, mas dentro das formas de fazer política que temos, ela é ainda a
melhor, porque subordina os governantes e os governados às mesmas leis, impedindo decisões arbitrárias.
Além disso, a democracia tem em sua base a separação dos poderes e não há presidente que governe
arbitrariamente. Pelo contrário, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estão se �scalizando
mutuamente, para que a lei seja cumprida. 
Quais as falhas da democracia? Ela se pauta pela igualdade formal, ou seja, todos são iguais perante a lei.
Contudo, ainda há enorme di�culdade em garantir a igualdade material. A igualdade material tem como base
que todos precisam de um mínimo existencial para sobreviver: moradia, segurança alimentar, trabalho,
saúde e educação. Contudo, quando pensamos que há tantas pessoas em situação de rua no Brasil,
sabemos que a igualdade material ainda não se concretizou.  
Participação social
Você sabia que ainda há pessoas, no Brasil, que morrem das consequências da fome e da desnutrição?
Mesmo que tais pessoas tenham o direito à alimentação, de�nido na nossa Constituição, esse direito é
ainda muito violado. O Brasil tem pessoas que ainda vivem em ampla vulnerabilidade. 
Isso parece uma contradição com a democracia, na qual todos são iguais perante a lei. O Brasil é
considerado um país da periferia do capitalismo, ou seja, é um país de história colonial e de economia
agroexportadora. Somos um dos países com uma das maiores concentrações de renda do planeta inteiro;
ou seja, muito poucas pessoas detém a maior parte da renda e uma grande parte da população vive na
miséria.  
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Para mudar esse quadro, precisamos exercer a nossa cidadania. Ela começa no voto, com um compromisso
de votar em candidatos que tenham realmente um compromisso com a democracia e com a população
mais vulnerável da população. Porém, você sabe que existem outras formas de participar socialmente e
exigir dos poderes públicos a efetivação da nossa cidadania e dos nossos direitos?  
Uma forma de participação social é por meio de movimentos sociais e de organizações do terceiro setor
(ONGs). Há muitos movimentos sociais e ONGs no Brasil que lutam por direitos, contra preconceitos e por
justiça social. São espaços democráticos, que se organizam para fazer pressão junto aos governos para
obter os nossos direitos. No Brasil, há organizações que combatem racismo, LGBTfobia, a fome, a violência
doméstica, dentre tantos outras e buscam articulação com os governos para mudanças sociais. 
Ainda há muito mais. O Brasil tem, nos municípios, uma instituição participativa muito interessante,
chamada Orçamento Participativo. Por meio dessa instituição, a população pode decidir sobre como será
gasto parte do orçamento do município, podendo deliberar sobre aquilo que deve ser prioridade para a
prefeitura. 
Também há no Brasil instituições que são denominadas Conselhos Gestores de Políticas Públicas. Elas são
organizadas com 50% de representantes do governo e 50% da sociedade civil organizada e têm como
objetivo deliberar sobre as políticas públicas, monitorar se elas são efetivadas e �scalizar se os governos
estão usando o dinheiro corretamente. Há conselhos de educação, dos direitos das crianças e dos
adolescentes, do idoso, da saúde, da assistência social, dentre muitos outros. 
Você sabia que tem o direito de participar de audiências públicas no Poder Legislativo, para observar as
decisões que nossos representantes eleitos tomam? Você pode acompanhar quanto cada um dos nossos
representantes recebem como salário pelo Portal das Transparência. Terminamos aqui com uma re�exão
muito importante: ser cidadão não é apenas usufruir de direitos, mas também se envolver nas questões
políticas do país.  
Videoaula: Re�exões políticas
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Gostaríamos de convidar você a assistir à nossa videoaula, na qual abordaremos os conceitos de política,
Estado, democracia e participação social. Vamos pensar juntos, então, sobre o que signi�ca cada um desses
conceitos e como a participação social pode garantir os nossos direitos. 
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Nesta aula, mencionamos o Orçamento Participativo. Essa é uma instituição muito importante no âmbito
municipal. O Orçamento Participativo de Porto Alegre �cou internacionalmente famoso, pela ampla
participação. Sobre esse, leia este trecho. 
Referências
https://prefeitura.poa.br/smgov/orcamento-participativo#:~:text=O%20Or%C3%A7amento%20Participativo%20(OP)%20%C3%A9,ser%C3%A3o%20executados%20pela%20administra%C3%A7%C3%A3o%20municipal
https://prefeitura.poa.br/smgov/orcamento-participativo#:~:text=O%20Or%C3%A7amento%20Participativo%20(OP)%20%C3%A9,ser%C3%A3o%20executados%20pela%20administra%C3%A7%C3%A3o%20municipal
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
LESSA, A. Arqueologia da agressividade humana: a violência sob uma perspectiva paleoepidemiológica.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 11, n. 2, p. 279–296, maio 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/fs79kXyPyjs7z9fHXMbtXRL/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 3 maio.
2023. 
WEBER, M. Ciência e Política: duas vocações.foi adotado no Brasil. Veja mais sobre ela no artigo a seguir:
SENADO FEDERAL. Convenção Interamericana contra o Racismo passa a ser adotada no Brasil. Brasília,
2022.
Referências
https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/01/11/convencao-interamericana-contra-o-racismo-passa-a-ser-adotada-no-brasil
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
BARBOSA, M. S. A perspectiva africana na História Geral da África (Unesco). Tempo, v. 24, n. 3, p. 400–421,
set. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tem/a/jxmyrvdWdvxZJVqnvkr3FGm/?lang=pt. Acesso em:
27 abr. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 27 abr. 2023
COSTA, S. A construção sociológica da raça no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, v. 24, n. 1, p. 35–61, 2002.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/eaa/a/r5cSgh4tbG4DDHKmsjsHK9S/?lang=pt. Acesso em: 27 abr.
2023.
OLIVEIRA, L. F. de.; CANDAU, V. M. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil.
Educação em Revista, v. 26, n. 1, p. 15–40, abr. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/?lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2023.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (org.). La
colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires:
Clacso, 2005. p. 227-277
Aula 2
Diversidade social e sua importância
Introdução
https://www.scielo.br/j/tem/a/jxmyrvdWdvxZJVqnvkr3FGm/?lang=pt
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.scielo.br/j/eaa/a/r5cSgh4tbG4DDHKmsjsHK9S/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/?lang=pt
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante!
Continuando nossa temática, nesta aula, vamos pensar na diversidade de gênero e na diversidade racial,
apontando como precisamos trabalhar com a diversidade na perspectiva do multiculturalismo, ou seja, na
valorização de todas as culturas humanas. O mais importante desta aula é você entender que os conceitos
de gênero e raça foram tomados como se fossem naturais, mas são, na verdade, construções culturais,
históricas e, portanto, mutáveis.
Estranhar a naturalização de conceitos que são sociais é fundamental para a valorização de todos, em uma
perspectiva inclusiva e ética. Não há raças superiores ou inferiores, nem gêneros “normais” ou “anormais”.
Vamos pensar melhor sobre isso? Então vamos continuar estudando juntos.
Bons estudos!
Desnaturalizando a realidade
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Re�itamos sobre a nossa ciência moderna. Qual a sua lógica de funcionamento? Ela é classi�catória. Você
se lembra das aulas de ciências, na qual os professores ensinavam a classi�cação dos reinos biológicos, ou
ainda a classi�cação dos elementos químicos, por meio da tabela periódica? A nossa ciência é
classi�catória porque assim �ca mais fácil entender o mundo. Pense no seguinte exemplo: a baleia é um
peixe ou um mamífero? Ela é um mamífero, embora viva no mar com outros peixes. Porém, se vive no mar,
por que é um mamífero e não um peixe? Porque classi�camos os animais não pelo seu habitat, mas por
outras características, como a forma como alimenta os �lhotes. Não �ca mais fácil entender assim?
Contudo, nem todas as classi�cações são neutras, o que pode se constituir em um problema. Quando
classi�camos para dominar, então, temos um problema de natureza social e saímos do campo da ciência,
para ir para o campo de poder. Homens e mulheres são classi�cados assim por questões que são
anatômicas. Por exemplo, mulheres têm úteros e homens não. Contudo, há muito mais sobre gênero que
apenas questões anatômicas. Na verdade, gênero é uma categoria política, discursiva e de performance
(SCOTT, 1995).
Quando você ouve a palavra mulher, o que imagina? Talvez uma pessoa de cabelos longos, corpo com
curvas, vestido e maquiagem? Há estereótipos que são atribuídos aos gêneros e há de�nições socialmente
construídas sobre o que é se “comportar” como homem e como mulher. Há performances esperadas para
cada gênero (SCOTT, 1995).
Contudo, isso pode ser negativo e trazer prejuízos para as relações humanas, especialmente quando
tomamos algo que é socialmente construído como se fosse natural. O problema é que a sociedade faz um
julgamento moral sobre homens e mulheres que são diferentes do que se espera deles. Isso gera o
preconceito e a discriminação. As pessoas devem poder escolher como se vestir e se comportar, sem que
isso gere um julgamento moral sobre elas (SCOTT, 1995).
Você já ouviu a�rmações como: “mulher é mais sensível que homem”; ou ainda: “mulher consegue fazer
muitas coisas ao mesmo tempo, é multitarefa, e os homens só fazem uma coisa de cada vez”; ou assim:
“mulher tem jeito para cuidar, porque é mais carinhosa, e os homens são mais práticos”?
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Qual é a origem desse tipo de a�rmação? Será que ser carinhoso, terno, amoroso ou multitarefa são dados
biológicos determinados geneticamente pelo gênero ou são comportamentos aprendidos? Certamente são
aprendidos! Homens e mulheres podem ser educados para serem mais atenciosos e mais amorosos e
podem aprender a fazer diversas tarefas ao mesmo tempo!
Contudo, estudante, gostaria de fazer você pensar nas relações de poder por trás dessas classi�cações;
Masculinidade hegemônica
Convidamos você a pensar sobre gênero como um conceito político. A�rmar isso implica reconhecer que ele
não é neutro, mas que impõe relações de hierarquias e de dominação. Os autores Connell e Messerschmidt
(2013) estudaram essas relações e construíram o conceito de masculinidade hegemônica. Eles mostram
que o gênero justi�ca espaços subalternizados ocupados pelas mulheres nas relações sociais e no mercado
de trabalho.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Você já notou que muitas mulheres possuem jornadas triplas de trabalho? Cuidam da casa, �lhos e idosos,
além de terem um trabalho remunerado? Por outro lado, muitos homens apenas trabalham fora, mas
ninguém espera que cuidem da casa, de �lhos e de idosos. Connell e Messerschmidt (2013) constaram que
isso é fruto de discursos, como aquele que a�rma serem as mulheres naturalmente multitarefas e mais
sensíveis que os homens. Ou seja, a�rmar que uma mulher faz mais coisas ao mesmo tempo que o homem
ou que a mulher é naturalmente “melhor” com crianças não é um elogio a ela; trata-se de um discurso que
justi�ca e legitima essa divisão sexual do trabalho.
Talvez você esteja pensando: mas eu conheço realmente mulheres muito sensíveis, que gostam de crianças
e que fazem realmente muita coisa ao mesmo tempo. Ainda, talvez você esteja pensando: e conheço
homens realmente muito mais práticos, que nunca choram e que são bem insensíveis!
Estudantes, esses são dados identitários do ser humano e temos a percepção errada, vindo do senso
comum, de que dados de identidade são naturais, genéticos e orgânicos. Entretanto, é muito importante que
você entenda que aquilo que somos em nossa subjetividade e identidade também são socialmente
construídos e, portanto, aprendidos.
Quando uma família dá uma boneca para uma bebê menina e ensinam a ela que esse é um brinquedo
apropriado para seu gênero; ainda quando a�rmam que ela deve cuidar da sua bebê, está ensinando a
criança a ser tenra e cuidadora. Da mesma forma, quando a família dá para o menino um brinquedo de
“construtor”, como blocos e ferramentas, está ensinando a ele o lugar que é esperado que ocupe no mercado
de trabalho. Nada disso é neutro.  Comportamentos são ensinados.
Connell e Messerschmidt (2013) veri�caram que a forma como educamos as crianças cria uma
masculinidade hegemônica, ou seja, que o homem ocupa lugares no mercado de trabalho de decisão e a
mulher de cuidar. Dessa forma, o conceito de gênero cria uma sociedade machista, na qual o homem tem
papel de liderança, controle e podersobre a mulher.
As relações entre homens e mulheres não são naturais, elas são ensinadas desde a infância. Criando
formamos crianças assim, estamos passando de geração em geração uma percepção de que tudo isso é
natural e “normal”, mesmo que “normal” e “anormal” não sejam conceitos cientí�cos, mas bastante
preconceituosos.
Raça e gênero
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Na aula anterior, estudamos que, assim como gênero, raça também é um conceito socialmente construído,
que foi tomado como conceito biológico. Além disso, assim como o conceito de gênero de�ne dominações
entre homens e mulheres, o conceito de raça também de�ne relações de poder e hierarquias.
Quando classi�camos os seres humanos, em raça ou gênero, de�nimos com isso critérios de quem é
“superior” ou “inferior”, “normal” ou “anormal”, e nada disso é cientí�co. Não há indivíduos superiores ou
normais, o que nós temos é uma sociedade preconceituosa, que estabelece esses julgamentos de valor para
de�nir hierarquias.
Montero (2012) explica que as identidades (por exemplo, ser homem ou mulher, branco ou negro) são
construções sociais. Explica a autora (MONTEIRO, 2012, p. 85):
Diversos estudos sublinham o fato de que a questão da autoidenti�cação étnica é sempre o
resultado de uma luta política por direitos, e a de�nição dos prerrequisitos que darão
razoabilidade aos pleitos (provas históricas, por exemplo, da escravidão e fuga no século XIX,
registros de continuidade na ocupação de determinado território etc.) se constrói na linguagem
do direito e na lógica de sua argumentação.
Monteiro (2012) está explicando algo muito importante. Ao mesmo tempo em que gênero e raça são
conceitos usados para a dominação, também podem ser utilizados para lutar por direitos. Por exemplo, há o
movimento negro, o movimento LGBTQIA+, o movimento pelos direitos das mulheres, dentre tantos outros.
Esses movimentos têm como características serem multiculturais e ter dois objetivos principais: a luta pelo
reconhecimento e pelos direitos.
Por exemplo, durante muitos anos a homossexualidade e a transexualidade eram considerados doenças e
tinham até um número correspondente no catálogo internacional de enfermidades. Hoje sabemos que não
são doenças, mas sim questões da subjetividade humana. Porém, como há tanto preconceito, é preciso lutar
pelo reconhecimento das orientações sexuais e identidades de gênero.
Há também uma luta pela dimensão de direitos. Por exemplo, o Brasil é um país muito violento com pessoas
transgêneras. Lutar por segurança urbana é fundamental para pessoas LGBTQIA+. No caso das mulheres, há
uma luta por igualdade nas disputas por vagas no mercado de trabalho e por equiparação salarial. O
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
movimento negro também tem lutas parecidas, por segurança, �m da violência e outras formas de
discriminação, pelas cotas, pelos empregos, dentre tantos outros.
Os movimentos sociais no mundo todo lutam por uma sociedade multicultural, na qual os seres humanos
parem de ser julgados pela cor da pele, pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. São lutas pelo
direito de ser diferente, mas ter os mesmos direitos de todas as pessoas e uma vida digna. Uma vida ética é
uma vida que respeita as escolhas das pessoas e suas identidades e que percebe a diferença como
fundamental na sociedade.
Videoaula: Diversidade social e sua importância
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Falar em homem e mulher é tão comum no nosso dia a dia, não é mesmo? Mas você sabia que esses
conceitos foram socialmente criados por um motivo muito especí�co? Nessa aula, convidamos você a
pensar sobre a origem histórica desses conceitos, para entender as relações sociais que produzem. 
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Há muita diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho, mesmo que ocupem o mesmo
cargo. Sobre isso, leia a notícia a seguir, na qual poderemos ver as injustiças sociais no mercado de
trabalho.
CNN Brasil. Diferença salarial entre homens e mulheres vai a 22%, diz IBGE.
Referências
CONNELL, Raewyn; MESSERSCHMIDT, James. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos
Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 424, jan.-abr. 2013. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014/24650. Acesso em: 25
abr.2023
MONTERO, P. Multiculturalismo, identidades discursivas e espaço público. Sociologia & Antropologia, v. 2, n.
4, p. 81–101, out. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sant/a/cBg3KfW3YZTBvwppXbjYrcR/?
lang=pt. Acesso em: 10 maio 2023.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 20,
p. 71-100, jul./dez. 1995. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/plugin�le.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-
Joan%20Scott.pdf. Acesso em: 10 maio 2023. 
Aula 3
Inclusão social
Introdução
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres-vai-a-22-diz-ibge/
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014/24650
https://www.scielo.br/j/sant/a/cBg3KfW3YZTBvwppXbjYrcR/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/sant/a/cBg3KfW3YZTBvwppXbjYrcR/?lang=pt
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante!
Nessa aula, gostaríamos de convidar você a pensar sobre o conceito de inclusão social, que é central no
contexto da garantia do direito à diferença. Quando falamos em inclusão social, estamos nos referindo à
inclusão das pessoas com de�ciências físicas e intelectuais em todos os espaços da sociedade, desde o
mundo do trabalho, os serviços públicos, a cultura e o lazer.
Uma sociedade que respeita o direito à diferença leva em consideração que pessoas com de�ciência têm os
mesmos direitos das pessoas sem de�ciência. Com isso, temos ainda outro conceito central na nossa aula,
que é o capacitismo, nome que recebe o preconceito contra as pessoas com de�ciência.
Bons estudos!
Capitacismo
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Vamos começar essa aula compreendendo o conceito de capacitismo. Para isso, você precisa entender o
conceito de corponormatividade, que trata do padrão corporal do capitalismo. Este cria o mito de que o
trabalhador ideal é apenas aquele indivíduo sem nenhuma de�ciência. Com isso, ocorre o processo de
patologização da de�ciência, que marginaliza e exclui as pessoas com de�ciência do mercado de trabalho.
Isso ocorre porque o capitalismo tem um ideal de perfeição do corpo que não tem nenhuma base cientí�ca.
(SANTOS, KABENGELE e MONTEIRO, 2022). No texto citado a seguir, podemos ver como funciona o
preconceito capacitista:
Por mais diversi�cadas que sejam as formas como pessoas com de�ciência vivem, convivem e entendem
seu lugar no mundo, é a partir das barreiras físicas, sensoriais e atitudinais que são classi�cáveis como
pessoas com de�ciência. Não têm reconhecida esta condição pelas formas epistemologicamente novas de
entender a realidade que as limitações possam trazer. (SANTOS; KABENGELE; MONTEIRO, 2022, p. 234)
O capitalismo percebe a de�ciência como uma “falta” ou um “desvio”. O sistema de�ne o que é o corpo
“normal” e o “anormal” e seleciona dentre aqueles que têm esse “corpo feito” para o trabalho. Em
decorrência dessa grande marginalização das pessoas com de�ciência no mercado de trabalho, o
ordenamento jurídico brasileiro criou algumas leis e ações a�rmativas para garantir a empregabilidade das
pessoas com de�ciências. Veja, por exemplo, esse artigo da Constituição de 1988:
Art. 37. A administração pública direta e indireta dequalquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e e�ciência e, também, ao seguinte:    
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
de�ciência e de�nirá os critérios de sua admissão. (BRASIL, 1988)
Conforme se veri�ca, a Constituição de 1988 estabelece essa importante política a�rmativa, destinada a
pessoas com de�ciência, por meio de cotas em concursos públicos. O objetivo é possibilitar a reparação de
erros históricos que levam as pessoas com de�ciência a serem ignoradas pelo mercado de trabalho.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
As políticas a�rmativas são estratégias para garantia de direitos de grupos sociais que, ao longo do
processo histórico, tiveram seus direitos fundamentais negados. Pessoas com de�ciências físicas e
intelectuais eram comumente abandonadas em hospitais e asilos ou então se mantinham dentro das casas
de familiares, mas com pouca possibilidade de acesso à sociabilidade e ao mundo do trabalho.
Com isso, em 1988, o legislador constituinte entendeu que era preciso reparar essa marginalização e criou a
possibilidade de reservar cotas para elas nos concursos públicos, trazendo mais justiça social e
oportunidades que antes eram negadas. Pessoas com de�ciência são muito importantes no setor público e
podem ajudar a formular políticas para minorias a partir dessa vivência da exclusão.
Direito ao trabalho e à renda
Uma estratégia muito importante para garantir a empregabilidade e a renda das pessoas com de�ciência foi
a publicação da Lei 8.213/91, que �cou popularmente conhecida como Lei de Cotas para De�cientes nas
Empresas. Vejamos então o que diz o artigo 93 da mesma:
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois
por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com bene�ciários reabilitados ou pessoas
portadoras de de�ciência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados...........................................................................................2%;
II - de 201 a 500......................................................................................................3%;
III - de 501 a 1.000..................................................................................................4%;
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
IV - de 1.001 em diante. .........................................................................................5%. § 1o  A
dispensa de pessoa com de�ciência ou de bene�ciário reabilitado da Previdência Social ao �nal
de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em
contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro
trabalhador com de�ciência ou bene�ciário reabilitado da Previdência Social. (BRASIL, 1991)
Essa lei é importante porque obriga a empresa que tenha 100 ou mais empregados a contratar pessoas com
de�ciência em suas equipes. Caso a empresa não o faça, há uma multa diária. Por isso, o parágrafo primeiro
determina justamente que, antes de demitir uma pessoa com de�ciência, a empresa deve contratar outra
para evitar essa sanção.
Isso também força a empresa a se equipar para atender à diversidade de pessoas. Por exemplo, se contratar
um cadeirante, deverá dispor de rampas, elevadores e banheiros adaptados. Se, por outro lado, contratar
uma pessoa cega, precisará de piso tátil. A empresa deve se adaptar às demandas dessa pessoa com
de�ciência e prepará-la para exercer o cargo que ocupará. Também há o Benefício da Prestação Continuada.
Veja como a Lei Orgânica da Assistência Social o de�ne:
Art. 2o A assistência social tem por objetivos: e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício
mensal à pessoa com de�ciência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. (BRASIL, 1993)
Conforme podemos perceber, a pessoa com de�ciência tem direito a uma renda mensal. Esse valor sai do
Fundo Nacional de Assistência Social, mas é gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
como as aposentadorias.
Essa renda é muito importante, porque a sociedade brasileira e o próprio sistema capitalista é
corponormativo e ainda se baseia nos ideais de perfeição corporal. Com isso, aquelas pessoas com
de�ciência às quais não foram abertas possibilidades têm o direito de receber um salário mínimo como
benefício socioassistencial. Lembre-se: as pessoas que recebiam o benefício, mas conseguem um emprego,
deixam de recebê-lo, porque não é possível acumular o Benefício da Prestação Continuada (PBC) e um
salário.
Educação e saúde
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Você conhece alguma escola de educação especial? Antigamente, elas eram muito comuns, porque pessoas
com de�ciências intelectuais e/ou sensoriais não eram matriculadas em escolas regulares. Contudo, isso
leva à segregação, a�nal, o direito à educação é igual para todos. Por isso, em 1996, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional determinou:
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III
- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com de�ciência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis,
etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996)
Agora, nenhuma escola, em qualquer lugar do Brasil, pode negar matrícula à criança ou adolescente com
de�ciência. Ainda, cabe à escola se adequar a esse aluno, adaptando currículos, material didático e até
mesmo sua infraestrutura física. Ainda, a escola deve ter professores de educação especial, para atender às
demandas especí�cas desses alunos.
Também é importante que você conheça o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência – Plano
Viver sem Limite, que foi o�cializada no Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011, que garante diversos
direitos, conforme você pode veri�car a seguir:
Art. 3º São diretrizes do Plano Viver sem Limite: I - garantia de um sistema educacional inclusivo;
II - garantia de que os equipamentos públicos de educação sejam acessíveis para as pessoas
com de�ciência, inclusive por meio de transporte adequado; III - ampliação da participação das
pessoas com de�ciência no mercado de trabalho, mediante sua capacitação e quali�cação
pro�ssional; IV - ampliação do acesso das pessoas com de�ciência às políticas de assistência
social e de combate à extrema pobreza; V - prevenção das causas de de�ciência; VI - ampliação e
quali�cação da rede de atenção à saúde da pessoa com de�ciência, em especial os serviços de
habilitação e reabilitação; VII - ampliação do acesso das pessoas com de�ciência à habitação
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
adaptável e com recursos de acessibilidade; e VIII - promoção do acesso, do desenvolvimento e
da inovação em tecnologia assistiva. (BRASIL, 2011)
Por de�nição, pessoas com de�ciência estão em vulnerabilidade, especialmente em um sistema econômico
tão capacitista e com um Estado que tem tanta di�culdade em garantir políticas sociais. Na perspectiva do
Decreto nº 7.612/2011, o Estado deve garantir políticas sociais em rede para pessoas com de�ciência, que
tenham uma perspectiva de proteção social e possibilitem a essas pessoas viverem sem limites.
Ainda temos muito caminho pela frente. Precisamos de mudanças não apenas na legislação, mas também
na cultura, rompendo com o capacitismo estrutural que perpassa a sociedade brasileira. O direito é
fundamental para trazer mudanças, mas precisamos, acima, de tudo da desconstrução do preconceito.
Videoaula: Inclusão social
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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo
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conexão à internet.Nesta aula, apresentamos para você um panorama das políticas sociais brasileiras direcionadas às pessoas
com de�ciência. Que tal revisar cada uma delas e pensar em estratégias de superação do capacitismo?
Assista a essa aula e pense em quanto preconceito nossa sociedade tem contra as pessoas com de�ciência
e como isso deve ser rompido. 
Saiba mais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
O foco dessa aula foi conhecer os direitos das pessoas com de�ciência. Para isso, leia com atenção o
decreto a seguir, que menciona cada um deles:
BRASIL. Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência - Plano Viver sem Limite: Decreto nº 7.612,
de 17 de novembro de 2011.
Referências
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28 maio 2023.
BRASIL. Lei 8.213/91. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.  Acesso em:
28 maio 2023.
BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social. 1993. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm.  Acesso em: 28 maio 2023.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996 Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.  Acesso em: 28 maio 2023.
BRASIL. Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência - Plano Viver sem Limite: Decreto nº 7.612,
de 17 de novembro de 2011. Disponível em:   https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/decreto/d7612.htm. Acesso em: 28 maio 2023.
SANTOS, S. C. DOS.; KABENGELE, D. DO C.; MONTEIRO, L. M. Necropolítica e crítica interseccional ao
capacitismo: um estudo comparativo da convenção dos direitos das pessoas com de�ciência e do estatuto
das pessoas com de�ciência. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 81, p. 158–170, jan. 2022.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rieb/a/Nf8RzhZ7r6SKqPTczM7367D/. Acesso em: 28 maio 2023.
Aula 4
Pluralismo e diversidade social
Introdução
Olá, estudante!
Você que está aqui, lendo essa aula e estudando para ser um pro�ssional técnico, certamente tem planos
para o futuro. Contudo, a sua biogra�a de vida está diretamente relacionada com as relações sociais que
perpassam toda sua história, além do cenário político, econômico e social que marcam este momento.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm
https://www.scielo.br/j/rieb/a/Nf8RzhZ7r6SKqPTczM7367D/
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Como construir seu projeto de forma comprometida com a transformação da sua vida e da sua
comunidade?
Essa pergunta vai guiar as re�exões que propomos nesta aula. Além disso, vamos avaliar analiticamente
essa sociedade, que de�ne a nossa história de vida. Será que ela está avançando em direção a um mundo
mais justo ou será que retrocedemos como humanidade? Vamos então começar a nossa re�exão.
Bons estudos!
Desenvolvimento social e biogra�a coletiva
Ao buscar seu desenvolvimento pessoal, você faz planos para o futuro. Certamente você quer um bom
emprego, uma carreira de sucesso, momentos de lazer e diversão com as pessoas que são importantes para
você. Todos nós queremos ter uma boa condição �nanceira para poder consumir aquilo de que gostamos.
Mas nossa vida deve ser voltada apenas para obtenção de recursos materiais? Nesta aula, queremos propor
uma perspectiva de desenvolvimento individual mais amplo, que envolve a transformação da nossa
comunidade, além de nós mesmos!
Nosso desenvolvimento pessoal pode ser construído a partir de uma sociedade que valoriza a diversidade e
inclusão. Para isso, precisamos deixar de lado o consumismo da sociedade capitalista e o individualismo
competitivo e criar objetivos outros, que se relacionem ao pluralismo. Vamos compreender esse conceito?
Quanto a ele, Requejo (1999, p. 98) a�rma o seguinte: “o objetivo é incluir o pluralismo cultural como
um valor que valha a pena proteger, e não apenas como um fato indesejado que deve ser tolerado do melhor
jeito possível.”
Quando abordamos a diversidade humana e o respeito à diferença, não tratamos meramente de tolerar a
diferença. Pelo contrário, trata-se de entender que a diferença é condição humana e que a diversidade
enriquece a vida em sociedade.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
O estudo da história humana mostra que isso não é um objetivo fácil de ser alcançado. Quando olhamos
momentos históricos, como as Grandes Navegações, o colonialismo, a escravidão, o neoimperialismo
europeu na África, a Segunda Guerra Mundial, as guerras entre árabes e judeus, en�m, os séculos mostram
diversas estratégias etnocêntricas de apagamento da diversidade.  Elas tomam um grupo social como
superior e justi�cam a dominação dos demais a partir desse olhar de superioridade.
Nesse contexto, muitos grupos historicamente marginalizados se organizaram para que suas demandas
entrassem na agenda política, lutando por direitos e por reconhecimento. Dessa forma, um projeto de vida e
de desenvolvimento pessoal ético é aquele que percebe a importância dessa luta. É fundamental nos
colocarmos como aliados na busca de uma sociedade mais justa, na qual cada indivíduo tenha
reconhecidos seus valores e seus direitos. O conceito de pluralismo democrático nos fala justamente de
governantes que entenderam que uma democracia de qualidade apenas se consolida a partir de reparações
históricas a esses grupos os quais, conforme já mostramos, tiveram seus direitos violados.
Uma sociedade democrática, pluralista, diversa e inclusiva é aquela que reconhece todos como sujeitos de
direitos e a liberdade de cada um se expressar conforme sua identidade. Requejo (1999) fala da importância
do conceito de cidadão em oposição ao conceito de pessoa. O cidadão é aquele que percebe sua história de
vida como ligada à biogra�a coletiva. Se desejamos uma história de vida ética e cidadã, então precisamos
ser aliados ativos na transformação social.
Injustiças sociais
Estudante, na introdução, �zemos a seguinte indagação: nossa sociedade está avançando em direção a um
mundo mais justo ou retrocedemos como humanidade?
Não temos dúvidas de que essa não é uma pergunta fácil de responder e que nossa realidade é repleta de
contradições. Certamente nossa vida hoje é muito mais confortável do que a vida dos homens do paleolítico,
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
sobre os quais conversamos na Unidade 1. Não precisamos caçar, pescar ou colher alimentos. Basta ir ao
supermercado. Não resta dúvida de que a tecnologia facilitou nosso cotidiano. Os homens do paleolítico
dormiam nos interiores da caverna para se proteger de animais selvagens. Nós temos as nossas casas e as
nossas cidades, que nos afastam dos perigos de sermos caça, ao invés de caçadores.
Sem embargo, há muitas questões que transcendem as facilidades do nosso dia a dia e são trazidas à tona
pelo desenvolvimento tecnológico. Vejamos o que pensam sobre isso Machado e Resende (2019, p. 769):
Os indivíduos são incentivados pelos diversos veículos de publicidade a consumir cada vez mais,
de modo que a tecnologia da comunicação de massa passa a ser usada para aumentar os lucros
das grandes corporações (...) A sobrevivência da sociedade de consumo depende da criação de
falsas necessidades por novas mercadorias. É preciso, pois, embutir na consciência dos homens
a necessidade de adquirir novos bens e serviços, a �m de que o produto, ao ser inserido no
mercado, seja ao máximo consumido e, em seguida, substituído por outra mercadoria.
As empresas utilizam tecnologias para produzir e consumir esses produtos, que,por sua vez, viram lixo.
Dessa forma, há dois processos extremamente complexos: as fábricas utilizam nossos recursos naturais e
nós, consumidores, geramos lixo, que é poluidor do meio ambiente. No entanto, o problema é maior que o
ambiental. A�rmamos que podemos ir ao supermercado comprar comida e que nos protegemos nas nossas
casas do perigo e do frio. Isso é válido para todos? Será que todos os seres humanos estão realmente
incluídos no consumo?
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2022, s/p), a população em situação de rua
no Brasil apenas aumentou, conforme se pode ver a seguir:
A população em situação de rua no Brasil cresceu 38% entre 2019 e 2022, quando atingiu
281.472 pessoas. Em uma década, de 2012 a 2022, o crescimento desse segmento da população
foi de 211%. Trata-se de uma expansão muito superior à da população brasileira na última
década, de apenas 11% entre 2011 e 2021.
Podemos dizer que há justiça em uma sociedade na qual os benefícios da ciência e da tecnologia não são
para todos? 
Transformações sociais
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
A re�exão �nalizada anteriormente é clara em mostrar que evoluímos tecnicamente. Os homens do
paleolítico viviam vulneráveis às mudanças do clima, aos animais selvagens, à escassez de comida e à falta
de abrigo. A ciência encontrou soluções para a maior parte desses problemas, mas essas soluções não são
para todos.
Nossa sociedade é constituída a partir da lógica de mercado e, se quisermos comida, abrigo, proteção,
segurança, basta pagar por isso. Contudo, aqueles que não o conseguem, enfrentam os mesmos problemas
de milhões de anos atrás, ou seja: a fome, o medo e a incerteza. Essas pessoas conseguem ter projetos de
vida? Sobre isso, explicam Silva e Danza (2022, p. 3): “(...) compreendemos que o núcleo do propósito é a
intenção de conquistar algo no futuro. Essa intenção deve ser minimamente estável, isto é, deve possibilitar
à pessoa progredir em direção à sua realização ao invés de mudar frequentemente diante de variações
circunstanciais”.
A vida instável da miséria di�culta toda forma de projeto de vida, porque o nosso desenvolvimento pessoal
demanda que sejamos capazes de olhar para o futuro. Isso é tirado das camadas mais pobres da
população.
O mais assustador é como a sociedade capitalista naturaliza esse quadro. Passamos por pessoas em
situação de rua e por crianças vendendo balas nos semáforos – quando deveriam estar na escola – e os
ignoramos. A sociedade contemporânea “normalizou” essas situações e utiliza argumentos cruéis para
justi�cá-los, tais qual: “está na rua porque é preguiçosa” ou “está na rua porque não se esforça”. Esse é um
olhar que devemos romper. O fato é que a sociedade capitalista não oferece oportunidades para todos.
Vejamos o argumento de Silva e Danza (2022, p. 3) sobre projeto de vida e desenvolvimento pessoal:
Ademais, a intenção deve ser signi�cativa para a pessoa, pois, caso isso não ocorra, o vínculo afetivo e o
compromisso criado com ela podem esmorecer. Além de ser signi�cativa para o sujeito, a intenção deve ser
orientada por um sentido ético, promovendo benefícios para além do eu, seja na esfera pública seja na
esfera privada. (grifos nossos)
Um projeto de vida e de desenvolvimento pessoal deve ser eticamente signi�cativo para o sujeito. Em uma
sociedade que evoluiu tecnologicamente, mas que estagnou no que se refere à proteção dos direitos e da
dignidade das pessoas, uma vida signi�cativa não pode ser aquela que nega as violências sistêmicas às
quais tantas pessoas estão submetidas.
A construção de uma sociedade que valoriza o ser humano, que se pauta pelo pluralismo democrático, pela
diversidade e pela inclusão, depende de comportamentos éticos de todos, para construir suas vidas em
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
torno de objetivos coletivos, que se mobilizem para mais justiça. Se você passar por um idoso, morando na
rua, lembre-se das contradições sociais do sistema capitalista e que a falta de oportunidades e serviços
públicos o levou àquela condição.
Então, o que você pode fazer? 
Videoaula: Pluralismo e diversidade social
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Nesta aula, pensamos nas diversas contradições da nossa sociedade contemporânea, o quanto ela evoluiu
com a ciência, mas o quanto ela estagnou em termos de injustiça social. Você também aprendeu que um
projeto de vida ético é aquele que olha para as injustiças sociais com inquietação e percebe que a história
pessoal de qualquer indivíduo precisa questionar a biogra�a coletiva. Vamos pensar sobre tudo isso? Então
assista ao vídeo a seguir.
Saiba mais
Nesta aula, mostramos a naturalização de situações gravíssimas da nossa sociedade, como a população
em situação de rua. Para desconstruir conceitos há muito construídos, leia essa interessante pesquisa sobre
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
o tema.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas
no Brasil. Brasília, 2022.
Referências
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas
no Brasil. Brasília, 2022. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-
noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil. Acesso em: 28
maio 2023.
MACHADO, C. A. A.; RESENDE, A. C. L. D. Tecnologia, meio ambiente e democracia: re�exões necessárias.
Revista de Investigações Constitucionais, v. 6, n. 3, p. 749–771, set. 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rinc/a/ZRJ8sdsDm57f4Wjx7Q9shbm/?lang=pt.  Acesso em: 28 maio 2023.
REQUEJO, F. Pluralismo cultural e cidadania democrática. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 47, p.
91–119, ago. 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/JTpRzn3wWgQdkJTc4vZ9CKy/?lang=pt#.
Acesso em: 28 maio 2023.
SILVA, M. A. M. D.; DANZA, H. C. Projeto de vida e identidade: articulações e implicações para a educação.
Educação em Revista, v. 38, p. 35-45, 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/edur/a/YHwg8FxLkwcb7gGSc7QQKKg/. Acesso em: 28 maio 2023. 
Aula 5
Revisão da unidade
Sociedade, diversidade e inclusão
https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil
https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil
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https://www.scielo.br/j/rinc/a/ZRJ8sdsDm57f4Wjx7Q9shbm/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/ln/a/JTpRzn3wWgQdkJTc4vZ9CKy/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/edur/a/YHwg8FxLkwcb7gGSc7QQKKg/
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Olá, estudante! Nesta Unidade, propusemos uma discussão sobre diversidade, pensando sobre as
contradições da sociedade contemporânea capitalista, que ainda é bastante preconceituosa.  A nossa
Constituição Federal tem um compromisso com o �m da discriminação, mas ainda assim há preconceitos
estruturais na nossa sociedade. Veja a seguir:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988)
Você aprendeu que as leis são muito importantes para possibilitar a existência de uma sociedade harmônicae solidária, mas nem sempre elas conseguem modi�car a cultura, ou seja, modi�car como as pessoas
pensam e se comportam.  Por isso, as leis contra todas as formas de preconceito no Brasil muitas vezes
parecem ine�cazes.
Nós estudamos que há preconceito de raça, de gênero, de orientação sexual e identidade de gênero e ainda
contra pessoas com de�ciência. Você percebeu que esses preconceitos são historicamente construídos e
que nossa sociedade tende a classi�car as pessoas a partir dessas divisões de raça, etnia, gênero, condição
física, dentre todas outras. Contudo, essas classi�cações são apresentadas como se fossem naturais.
Esse processo costuma ser denominado de naturalização das desigualdades, ou seja, ao invés de
percebermos que as desigualdades e toda forma de preconceito são sociais e construídos para consolidar
relações de dominação, passamos a considerar as desigualdades como naturais.
No Brasil, temos um fenômeno que se denomina discriminação estrutural, ou seja, ela está dentro de cada
instituição social e se reproduz em discursos e práticas. Na verdade, a discriminação estrutural esconde
relações de poder e hierarquias entre indivíduos e classes sociais. Sobre isso, Lourenço (2023, p. 77) a�rma
que:
O Estado detém inúmeros dispositivos que, em última medida, atendem à elite a partir da tríade
controle-exclusão-extermínio daquelas(es) que são socialmente inadequadas(os) ou incapazes,
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
ou seja, negras(os), desempregadas(os), não escolarizadas(os), refugiadas(os), moradoras(es)
das periferias estariam sob o jugo das aristocracias.
Conforme podemos ler na citação, há inúmeros grupos sociais que sofrem a exclusão, são marginalizados e
privados de seus direitos. Esses grupos são chamados de minorias. Esse conceito não é quantitativo, ou
seja, não se refere a grupos em menor número. Na verdade, esse ele se refere a grupos que historicamente
sofreram violações de direito.
Hoje entendemos que cabe ao Estado realizar políticas a�rmativas, que são ações para garantir reparação
histórica. Elas tentam propiciar a equidade entre grupos sociais e têm potencial de modi�car essas relações
sociais de dominação entre eles. Uma sociedade equânime é democrática e valoriza a diversidade.  
Videoaula: Revisão da unidade
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Esta videoaula vai trabalhar com o conceito de desnaturalização da desigualdade, que é fundamental para a
construção de uma sociedade democrática. Para pensar uma sociedade mais equânime, também vamos
re�etir sobre políticas a�rmativas.
Estudo de caso
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Você sabe o que são refugiados? Eles formam grupos sociais considerados minorias, ou seja, que sofrem
com a marginalização e negação de direitos. São pessoas que fogem de seu país de origem em razão de
guerras, fome, perseguição religiosa, política ou étnica ou até mesmo por destruição ambiental. Sobre a
questão dos refugiados, leia o trecho a seguir, de Costa e Teles (2017, p. 29):
Estamos perante a necessidade de englobar as migrações internacionais numa perspectiva assistencialista
e de empoderamento dos indivíduos (efetiva integração dos mesmos nas sociedades de acolhimento) (...)
qualquer análise da atual crise dos refugiados deve ter presente o conjunto de direitos fundamentais dos
indivíduos, tidos como direitos universais inalienáveis. 
Os refugiados em todos o planeta estão aumentando muito por causa de guerra, de injustiças ambientais e
governos autoritários que perseguem seus cidadãos. Para se tornar refugiado, há um processo jurídico, que
envolve provar a violação de direitos. Depois que esse indivíduo ganha a quali�cação de refugiado, no Brasil
ele tem todos os direitos fundamentais de um brasileiro. Costa e Teles (2017, p. 30) a�rmam sobre isso que:
“O reconhecimento do estatuto de refugiado é um processo moroso e complexo, pouco adequado às
necessidades efetivas dos requerentes de asilo, uma vez que o cenário de retorno ao país de origem pode
colocar em perigo a vida destes indivíduos.”
Eles fogem para outros países em busca de refúgio, em busca de melhores condições de vida e paz.
Contudo, nem sempre os países estão em condições de acolher esses indivíduos e garantir todos os seus
direitos fundamentais. Dessa forma, os refugiados acabam marginalizados e em violação de direito.
Imagine que, no seu município, haja uma comunidade de refugiados de guerra. O grupo é formado por 150
pessoas, incluindo crianças e idosos.
Você passa por esse grupo sempre que volta do trabalho e se preocupa que as pessoas parecem estar
perdendo peso; as crianças, mesmo no frio, estão com poucas roupas e descalças. Você começa a
descon�ar que elas estão sofrendo violação de direitos. Você decide então que precisa fazer alguma coisa
sobre isso! O que pode ser feito para garantir direitos aos refugiados?
_______
Re�ita
Você sabe que é obrigação do Estado garantir direitos fundamentais aos refugiados? Veja, por exemplo, o
que diz o Estatuto do Refugiado:
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, ao
disposto nesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre
o Estatuto dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis, regulamentos e
providências destinados à manutenção da ordem pública. (BRASIL, 1997)
Contudo, conforme você sabe, nem sempre os governos garantem direitos. Dessa forma, você entende que
seu projeto de vida não é apenas baseado em ganhar dinheiro e comprar, mas também em criar
solidariedade social.
Por isso, decide realizar uma ação social, unindo seus amigos, familiares e a comunidade do seu bairro.
Então, estudante, de que forma podemos realmente ajudar essas pessoas e melhorar a sua condição de
vida? O que você acha que pode fazer?
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
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O primeiro passo para mudar a vida dessa comunidade é resolver as demandas imediatas dela,
especialmente de alimentos, roupas e encaminhamento para assistência médica. Como muitos refugiados
não falam a língua do país, nem mesmo procuram um médico. Lembre-se, estudante, do conceito de
vulnerabilidade social. Esse conceito se refere a pessoas ou grupos sociais que estejam em ameaça ou
violação de direitos. Certamente é o caso dessa comunidade que você observa todo dia. As ações feitas por
você e seus amigos devem propiciar o acolhimento dos refugiados, lembrando que eles podem ter diversos
problemas emocionais, causados pelo trauma de deixar o país de origem em situações de violência, fome ou
perseguição.
Para isso, você pode reunir as pessoas dispostas a ajudar para conseguir alimentos e roupas.  Além disso, é
possível ajudar com marcação de consulta nas Unidades de Atenção à Saúde do município e até
acompanhar ao médico, se possível. Com isso, as necessidades imediatas são resolvidas.
Contudo, para realmente mudar a realidade dessas pessoas, outras ações podem ser feitas. Conforme já
mencionamos, um dos grandes desa�os dessas pessoas é a barreira do idioma, que di�culta a obtenção de
emprego e até mesmo, em relação às crianças, o acesso à educação. Então, que tal propor um curso de
idioma para essas pessoas, na própria comunidade? Você e seus amigos podem se revezar para ensinar a
língua portuguesa para a comunidade, fora do horário do trabalho. Como são muitas pessoas, ninguém vai
se sobrecarregar. 
Ainda, considerando que a maioria das pessoas tem um computador, que tal vocês criarem currículos para
os adultos terem a oportunidade de procurarem emprego? Vocês podemtrabalhar, nas aulas de idioma, com
a simulação de entrevistas de emprego, mostrando como os recrutadores esperam que as pessoas se
comportem nas entrevistas.
Lembre-se também de que a fuga de um país em direção a outro pode causar problemas socioemocionais
nas pessoas, deixar marcas de trauma e gerar psicopatologias, como depressão e ansiedade. Por isso, é
fundamental procurar as políticas de saúde mental do município, porque a construção de uma nova vida
requer apoio psicossocial.
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Ações sociais como essa podem ser fundamentais para essas pessoas recuperarem a sua trajetória de vida,
mas também podem possibilitam que o seu projeto de vida faça a diferença.
Resumo visual
Figura 1 | Formas de preconceito. Fonte: elaborada pela autora.
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 2 | Formas de combate aos preconceitos. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 2 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997. Estatuto do Refugiado. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm. Acesso em: 2 jun. 2023
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
COSTA, B. F.; TELES, G. A política de acolhimento de refugiados - considerações sobre o caso Português.
REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 25, n. 51, p. 29–46, set. 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/remhu/a/QdvbQLxMdwhmPD6MGZVM7Bg/?lang=pt. Acesso em: 2 jun. 2023.
LOURENÇO, C. Uma sociedade desigual: re�exões a respeito de racismo e indicadores sociais no Brasil.
Serviço Social & Sociedade, v. 146, n. 1, p. 75–96, 2023. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/mqwfdScR8phfpRJ4tJW68Rz/. Acesso em: 2 jun. 2023. 
https://www.scielo.br/j/remhu/a/QdvbQLxMdwhmPD6MGZVM7Bg/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/mqwfdScR8phfpRJ4tJW68Rz/Rio de Janeiro: Cultrix, 2001.  
Aula 3
Re�exões morais
Introdução
Olá, estudante! 
Começamos com uma re�exão: qual é a diferença entre ética e moral? Seriam sinônimos ou são conceitos
diferentes? Nesta aula, vamos aprender que são conceitos diferentes, mas que têm em comum um sentido
de valor social. 
Existe uma sociedade sem um conjunto de valores sociais, sem moral ou sem ética? Os homens podem
viver em sociedade sem de�nir valores comuns para o grupo social? Por que há valores sociais tão distintos,
que mudam conforme o tempo histórico e a cultura? Vamos re�etir sobre isso nesta aula. 
Bons estudos!
Sociedade e moral
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/fs79kXyPyjs7z9fHXMbtXRL/?lang=pt#ModalHowcite
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
A princípio, pensemos sobre os rituais de morte da nossa sociedade cristã. Nela, é comum que os mortos
sejam enterrados e, em alguns casos, cremados. De qualquer forma, temos um ritual denominado velório, no
qual há orações, �ores, abraços, lamentações, palavras de apoio e suporte para a família enlutada e elogios
para a pessoa falecida.  
Há muitos valores por trás desse ritual. Em sua maioria, valores cristãos, que se baseiam na crença na vida
após a morte, no respeito à família que perdeu alguém e na celebração da vida da pessoa que partiu. Na
longa história da humanidade, o ato de enterrar os mortos é o principal indício arqueológico de civilização.
Assim, o ato de enterrar os mortos indica que um grupo de mamíferos é formado por seres racionais e que
cria cultura e valores.  
Strauss (2016) a�rma que arqueólogos já descobriram sepulturas de 80.000 a.C., no período chamado
Paleolítico, da pré-História. Obviamente não sabemos exatamente porque sepultavam seus mortos, mas há
pistas. Talvez o �zessem para evitar mau cheiro ou doenças. Ainda, talvez, tivessem crenças sobre deuses e
espíritos. Não temos resposta para todas as perguntas que se possam fazer a respeito disso, mas o fato de
que, perto dos sepultos, havia utensílios e desenhos em pedras indica que simbologias eram atribuídas à
morte e, com elas, sistemas de valores. Veja, na Figura 1, um crânio de milhares de anos descoberto em
Chapelle-aux-Saints, na França. Trata-se do crânio de um homem neandertal. 
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 1 | Crânio neandertal encontrado sepultado na França. Fonte: Wikimedia Commons.
Iniciamos essa discussão com esse exemplo para você entender as regras e os valores como fundantes da
sociedade humana. Animais não têm regras de convivência e não têm valores. Por sua vez, seres humanos
são capazes de viver em grupos porque constituem um conjunto de valores que, por sua vez, de�nem como
as pessoas devem se comportar.  
Se os rituais de morte são sistemas de valores, vamos pensar agora sobre a família enquanto valor social. A
sociedade ocidental, contemporânea e cristã é fundamental enquanto um conjunto de valores a partir da
ideia de família, formada tradicionalmente por pais, mãe e �lhos. Esse conceito está mudando. Hoje falamos
em família monoparental, homoafetiva e família extensa. Mas há um valor muito sólido que fundamenta
esse conceito, que é o valor da �delidade e da monogamia. Contudo, nem toda sociedade tem uma
percepção monogâmica de família. Basta pensar no islamismo ou nos mórmons fundamentalistas de Utah,
EUA (LUNA, 2007). 
Os valores fundam sistemas de moral, que são um conjunto de normas que de�nem padrões de
comportamento socialmente aceitos. Se, na sociedade cristã, a poligamia é uma violação da moral; nas
sociedades islâmicas, é aceitável que o homem tenha mais de uma mulher. No próximo tópico vamos
entender melhor sobre tudo isso. 
Moral e mudanças na estrutura de valores
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal, com unanimidade, reconheceu a união homoafetiva como um
núcleo familiar, dando autorização para o casamento civil de pessoas homoafetivas. Essa decisão causou
muita polêmica. Durante décadas, a homossexualidade foi considerada uma doença e, mesmo que tenha
deixado de assim ser considerada, muitos consideraram e continuam considerando uma decisão imoral
(FIGUEIREDO, 2021). 
A mudança na legislação não implica na mudança completa do comportamento e dos valores sociais.
Contudo, a decisão do STF mostra uma mudança na dimensão dos valores, com a qual alguns concordam e
outros, ainda com muito preconceito, não. Toda sociedade tem um conjunto de valores, que de�nem como
os indivíduos interagem entre si.  
Mas ela nos traz inúmeras lições. Em primeiro lugar, a moral é coletiva e mutável. Santos (2012) explica que
ela não é um conjunto estático de valores e cada sociedade, em cada tempo histórico, tem sua moral. A
moral é passada de geração em geração, assim como as mudanças nela. Finalmente, entendemos que a
moral é percebida de maneira diferente pelos indivíduos, porque há uma interpretação subjetiva sobre a
moral em cada pessoa e sobre o que é o certo e o errado.  
A moral é sempre normativa. Veja, mencionado no bloco anterior, a regra moral do casamento monogâmico.
Então, essa norma é: no casamento, permite-se apenas um parceiro; a violação dessa regra seria adultério, o
que não é permitido. Embora não haja uma consequência jurídica punitiva para aquele que trai, ainda assim
a sociedade reprova tal ato. Você provavelmente já ouviu fofocas como essa, dita em voz baixa: “Você sabia
que João está traindo a Maria... coitada, nem percebeu...” 
A ética, por sua vez, é a re�exão sobre a moral e se coloca como um conjunto de princípios. Santos (2021, p.
2) apresenta uma de�nição sobre moral e ética e lança interessantes questionamentos: 
Tradicionalmente, há uma tendência em confundir os conceitos de ética e de moral. Neste
período de tensão política, por exemplo, a palavra ética está em moda, diferentemente de moral,
que é vinculada à moralismo, àquilo que, de uma forma ou de outra, caducou, e por isso mesmo
tem conotação pejorativa. Mas, o fato é que a ética é da ordem do pensamento e da re�exão,
enquanto a moral é da regra, do legal, do normativo. Enquanto a primeira re�ete, a segunda
descreve como agir em forma de regras. Mas o que esses termos têm em comum? Como
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abordar um sem fazer referência ao outro? Como elas se relacionam sem que cada uma perca
sua identidade? Em que medida eles dizem respeito à nossa vida cotidiana? 
Santos (2021), no começo de seu artigo, aponta que a moral é muitas vezes confundida com aquilo que é
conservador, porque é antigo. Por exemplo, quando falamos em relação a uma pessoa: “Nossa, como é
moralista a Maria! Não vê que o mundo mudou”.  
Contudo, esse é um uso discursivo da moral que diz respeito a algo que não foi atualizado, diante da
mudança da cultura e dos costumes. Aqui, estamos apresentando a moral a partir das concepções sociais
de valores e como um conjunto de valores que estipulam o que devemos ou não fazer.  
Ética e moral
Estudante, para entender melhor a diferença entre moral e ética e responder às questões propostas por
Santos (2021) vamos pensar no racismo. Em primeiro lugar, temos uma norma penal que proíbe o
comportamento racista. Trata-se da lei 7.716/ 1989, que determina: 
Art. 2º - A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou
procedência nacional.   
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  
 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.  
Pena: reclusão de um a três anos e multa. (BRASIL, 1989) 
A lei tipi�ca muitos outros crimes relacionados ao racismo; aqui quisemos trazer alguns exemplos. Para
além da proibição legal, também temos normas morais diante do racismo. Sem dúvidas, sabemos que se
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trata de uma atitude imoral e reprovável moralmente.  
A re�exão ética sobre o racismo vai além da de�nição normativa da moral e da leipositivada. A re�exão
ética pensa sobre as consequências sociais do racismo, dos seus desdobramentos para quem é vítima e
para toda a coletividade. O comportamento racista é antiético e tem impactos sociais nefastos. Muitas
vezes, a ética se desdobra em Códigos de Ética. Por exemplo, uma empresa pode de�nir, dentro do seu
Código de Ética, que não tolera racismo de seus colaboradores. Santos (2021, p.3-4) explica sobre a ética: 
A ética, desde o mundo grego, diz respeito à re�exão sobre a vida prática, ou seja, sobre a ação. A
ação ética é fruto de uma escolha re�etida, pensada, deliberada, que pressupõe uma justi�cativa.
Isso nos impõe exigências legítimas e, não raras vezes, complexas, até mesmo incompatíveis
com a vida pública.  
Dessa forma, uma vida ética é aquela baseada em ações cuidadosamente pensadas, especialmente em
relação a como determinado comportamento afeta o outro e a coletividade. Re�ita: o comportamento
racista tem efeitos sociais? Em primeiro lugar, ele é injusti�cável, porque se baseia na ideia de que há
pessoas melhores que as outras, o que não tem nenhuma base de verdade. Por sua vez, a vítima do racismo
tem sua dignidade atingida, é marginalizada e privada de direitos humanos. Finalmente, o racismo promove
efeitos negativos em toda a coletividade, que perde valores morais.  A escolha ética de uma vida não racista,
de respeito e valorização de todos, demanda uma re�exão racional sobre a moral.  
Santos (2021) questiona como a ética e a moral afetam a nossa vida cotidiana. Elas afetam as nossas
escolhas. Podemos decidir levar uma vida ética, de respeito à diversidade humana e à natureza. Podemos
escolher não sermos individualistas, mas sermos solidários. Essas escolhas devem ser feitas diariamente, a
cada decisão, a cada desa�o e em todas as relações sociais. 
Videoaula: Re�exões morais
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Por que devemos viver uma vida ética? Essa questão só faz sentido quando rompemos com o
individualismo da sociedade contemporânea. Uma vida comprometida com a coletividade e com o
humanismo acha com facilidade uma resposta para ela! Que tal assistir ao vídeo da nossa aula e
encontrarmos juntos uma resposta? 
Saiba mais
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A ética atualmente tem se desdobrado em ética pro�ssional, que de�ne como os colaboradores de uma
empresa devem se comportar, atender clientes e fornecedores e, ainda, como devem tratar uns aos outros.
Convidamos você a ler a respeito deste tema no artigo a seguir: 
PUCGOIÁS. Ética pro�ssional: importância, exemplos e como desenvolver. 
Referências
https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia
https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia
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Sustentabilidade e Ética
BRASIL. LEI Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm.  Acesso em: 14 maio 2023. 
FIGUEIRDO, I. A Conquista do direito ao casamento LGBTI+: da Assembleia Constituinte à Resolução do CNJ.
Rev. Direito e Práx., v. 12, n. 4, dez. 2021. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rdp/a/b4BFMtgP8DXWH7rjKLvhGKm/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 14 maio
2023. 
LUNA, N. Parentesco e pessoa. In: LUNA, N. Provetas e clones: uma antropologia das novas tecnologias
reprodutivas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. Coleção Antropologia e Saúde, p. 179-264. 
PUCGOIÁS. Ética pro�ssional: importância, exemplos e como desenvolver. 2020. Disponível em:
https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-pro�ssional-importancia. Acesso em: 14 maio 2023. 
SANTOS, A. C. dos. Variações conceituais entre a ética e a moral. Filoso�a Unisinos, v. 22, n. 2, p. e22207,
2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fun/a/L373KJHwbW4TcWk6Lcjyfvg/abstract/?
lang=pt#ModalHowcite. 14 maio 2023. 
STRAUSS, A. Os padrões de sepultamento do sítio arqueológico Lapa do Santo (Holoceno Inicial, Brasil).
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 11, n. 1, p. 243–276, jan. 2016. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/KZmqBVtfmkFgvF67B7cmFxd/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em:
14 maio 2023. 
Aula 4
A política na sociedade contemporânea
Introdução
Olá, estudante! 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm
https://www.scielo.br/j/rdp/a/b4BFMtgP8DXWH7rjKLvhGKm/abstract/?lang=pt
https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia
https://www.scielo.br/j/fun/a/L373KJHwbW4TcWk6Lcjyfvg/abstract/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.scielo.br/j/fun/a/L373KJHwbW4TcWk6Lcjyfvg/abstract/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/KZmqBVtfmkFgvF67B7cmFxd/?lang=pt#ModalHowcite
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Nesta aula, trataremos de um movimento muito importante, denominado de globalização. Ela modi�ca a
forma como os Estados se relacionam entre si, no sistema internacional. Ainda, com a globalização, um
novo sistema de valores é também internacionalizado, tendo como fundamento uma ordem de direitos que é
considerada universal e que não pode ser relativizada: os direitos humanos. Assim, nesta aula, vamos
abordar a política contemporânea e como esse movimento internacional em direção aos direitos humanos
afeta a nossa vida cotidiana. 
Bons estudos! 
A política e a ética
Começamos a nossa re�exão introdutória tratando dos Direitos Humanos. Eles surgiram logo após a II
Guerra Mundial e o Holocausto, como uma estratégia internacional para evitar que racismo, torturas,
assassinatos e prisões arbitrárias voltassem a ocorrer. Os Direitos Humanos são uma ordem de direito que
une direitos civis, políticos e sociais, mas que pressupõe direitos universais e não relativizáveis: seriam
comuns a todos os seres humanos, em qualquer lugar e em qualquer tempo histórico (ALVES, 2012). 
Um dos princípios mais importantes que regem os Direitos Humanos é a democracia; pois geram obrigações
para os Estados e para os governos. Eles determinam que os governos usem as regras da democracia para
administrar seu país, estado ou município de modo a garantir a dignidade de seus cidadãos.  
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Re�itamos: durante a II Guerra Mundial, milhões de judeus foram retirados de suas casas e presos em
campos de concentração, simplesmente porque eram judeus. Milhões foram torturados e até assassinatos.
Contudo, em um país democrático como o Brasil, um indivíduo apenas recebe a pena de prisão depois de ser
julgado e de ter direito ao contraditório e à ampla defesa, ou seja, o réu tem o direito de se defender e, ainda
que condenado, tem o direito de não ser torturado. Isso é um Direito Humano (ALVES, 2012). 
Dessa forma, os Direitos Humanos estabelecem um mínimo moral para a atividade política. Eles estão todos
de�nidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada pela Organização das Nações Unidas em
1948. Veja alguns desses princípios, conforma a ONU (1948, [s.p.]): 
1. Os seres humanos são livres e iguais em direitos. 
2. Os seres humanos não podem ser discriminados em razão de raça, cor, sexo, língua, religião, ideologia
política, classe social, nacionalidade ou qualquer outra condição.  
3. Os seres humanos têm direito à vida e a viver em liberdade e segurança. 
4. A tortura não é permitida.  
5. Prisões arbitrárias são proibidas. Todo indivíduo tem direito à presunção de inocência até que seja
julgado culpado por um tribunal competente. 
�. Os seres humanos têm direito à vida privada. 
7. Os seres humanos têm liberdade de religião, de expressão, de associação pací�ca e de opinião.  
�. O povo manifesta sua vontade por meio do sufrágio universal.  
9. Os seres humanos têm o direito ao trabalho decente, com uma remuneração que lhe traga dignidade. 
10. Os seres humanos têm direito à educação. 
Nessa lista, apresentamos apenas alguns desses direitos. Há muitos outros. Percebaque cabe ao Estado
garantir esses direitos. Se temos o direito à liberdade, ela só pode ser tirada de nós em virtude de crime
julgado por tribunal competente, depois do direito à defesa ser concluído. Os Direitos Humanos hoje de�nem
os limites da atuação do Estado e criam padrões do que é ético para um governo fazer. Dessa forma, são um
conjunto de normas de caráter moral, baseado em valores ocidentais, mas que tomam a forma de direito
internacional, a ser seguido pelos países. Na ordem internacional contemporânea, a política e o direito se
entrelaçam por meio dos valores morais dos Direitos Humanos. 
Uma sociedade internacional
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Provavelmente você já ouviu a palavra globalização na internet ou na televisão. Vamos entender melhor esse
processo. Ele é iniciado na década de 90, com a internacionalização da economia. Esse processo é gestado
dentro do mercado �nanceiro e das indústrias que se espalham pelo mundo todo. É comum que uma
indústria tenha a sua sede em um país do capitalismo central, como os Estados Unidos, e que sua produção
ocorra em países como o Brasil ou a China, onde a mão de obra é mais barata. Quantas vezes você já viu em
um produto a etiqueta “Made in China”. Agora você já sabe o porquê. Quantas montadoras de automóveis
temos no Brasil, cujas sedes estão em outros países, muito mais ricos e economicamente desenvolvidos?  
Sem embargo, a internacionalização da economia não é apenas isso. Trata-se de um processo que também
chega nas bolsas de valores. Hoje, podemos comprar ações de empresas do mundo todo, basta ter capital
para isso. Aquela ideia de empresas familiares, cujas fábricas estão dentro de um país e operam toda a sua
produção na mesma nação, está sendo deixada de lado (RAMALHO, 2012). 
A globalização começa, então, na economia, mas se expande também para a cultura do consumo. Ela
amplia a competição internacional por consumidores. Antes da internet, se você quisesse uma roupa nova,
talvez fosse ao centro comercial da sua cidade ou ao shopping center para comprar. Hoje, você pode
comprar roupas de lojas online na China por um preço muito mais baixo do que no shopping center e talvez
até com a mesma qualidade e, ainda, sem frete. Não é uma mudança nos padrões de consumo que torna o
mercado muito mais competitivo? Nisso, as marcas precisam se reinventar e pensar em novas formas de
publicidade, criando novas necessidades para as pessoas e, com isso, novas estratégias de marketing digital
(RAMALHO, 2012). 
É assim que se cria uma cultura de consumo, que impõe padrões de consumo, vendendo estilos de vida, não
mais apenas mercadorias. Isso é feito pelas redes sociais, pelo cinema, pela moda e pela música. Há um
imperialismo cultural ocidental que impõe uma dominação cultural nos padrões de consumo (RAMALHO,
2012). 
Diante de um mundo que se internacionaliza, cada vez mais são necessárias normas de comércio exterior,
gerenciadas internacionalmente. Com isso, começam a surgir instituições internacionais, como a
Organização Mundial do Comércio (OMC). São organizações supranacionais, mas que não podem se
sobressair ao Estado-nação, que continua soberano (RAMALHO, 2012). 
Na globalização, cada país continua tendo poder sobre seu território e continua tendo seu direito nacional.
Contudo, uma vez que se torne Estado-membro de uma organização internacional, precisa obedecer a suas
normas. Por exemplo, o Brasil é parte da ONU e, portanto, precisa garantir que os seus tratados de Direitos
Humanos sejam cumpridos. Esse é um pacto em nome da democracia. 
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Desigualdade e globalização
Você já ouviu falar em uma classi�cação para os países que os dividiam em países de primeiro, segundo e
terceiro mundo? O Brasil costumava ser classi�cado como países de terceiro mundo, devido à pobreza. Os
países de segundo mundo eram os países socialistas, mas, com a queda do muro de Berlim, essa
classi�cação perdeu o sentido. Hoje, falamos em países de capitalismo central e de capitalismo periférico; o
Brasil está nesta segunda categoria. 
Vamos entender os critérios para essa de�nição: os países de capitalismo periférico são aqueles que foram
colonizados entre os séculos XV e XIX e cujas economias se desenvolveram com base no latifúndio, mão de
obra escrava e economia agroexportadora, conforme Ramalho (2021). Assim foi no Brasil. Nós nos
desenvolvemos como país exportador de commodities, ou seja, produtos primários, e precisamos importar
tecnologias, o que deixa a nossa balança comercial bastante instável (RAMALHO, 2012). 
Vamos entender melhor o que isso signi�ca. Imagine que você tenha, no fundo da sua casa, uma pequena
horta, com diversos legumes e verduras. Você quer muito um smartphone e pensa que talvez pudesse trocar
alguns dos seus vegetais pelo smartphone novinho da sua vizinha. Quanto custa um quilo de verdura e
quanto custa um smartphone? É muito diferente, não? Quantos quilos de verdura você teria que entregar à
sua vizinha para que ela desse o celular? 
Nem é possível imaginar, e certamente ela não desejaria tantos vegetais, que estragariam antes de ela ser
capaz de comer tudo. Essa é a lógica da balança comercial. O que nós, no Brasil, temos para vender é muito
mais barato do que aquilo que precisamos comprar do exterior. Como essas negociações são em dólar, sai
muito mais dólar do Brasil do que entra, o que desequilibra a nossa economia (RAMALHO, 2012). 
Essa lógica existe desde o processo colonial e continua até a contemporaneidade. Com a globalização, há
uma distribuição bastante desigual da riqueza, não apenas entre as pessoas, mas também entre as nações.
As nações do capitalismo central criam grandes empresas transnacionais que, como você já aprendeu,
levam suas linhas de montagem para os países pobres, com altas taxas de desemprego, para explorar a
mão de obra barata. Os indivíduos que estão sem emprego, com contas vencendo e a fome batendo à porta,
estão tão vulneráveis que aceitam os baixos salários oferecidos.  
Por outro lado, quem enriquece é a nação do capitalismo central, porque os ganhos são dela. A riqueza �ca
especialmente para os países onde estão as sedes das multinacionais. O empobrecimento de um país
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também leva ao empobrecimento da sua população, porque o Estado tem ampla di�culdade em �nanciar
programas sociais, distribuição de renda, serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Assim,
os mais pobres saem perdendo dentro de uma lógica econômica sem ética. 
Videoaula: A política na sociedade contemporânea
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No senso comum, há um certo otimismo em relação à globalização, especialmente pela ampliação dos usos
da internet. No entanto, ela é muito mais do que a facilidade na comunicação, pois é um sistema de
exploração dos países mais pobres. Vamos pensar, então, eticamente essas questões?  
Saiba mais
É muito importante que as pessoas conheçam os seus direitos. Para exigir o seu cumprimento, precisamos
conhecê-los e entendê-los. Dessa forma, convidamos você a conhecer nossos principais Direitos Humanos,
no endereço eletrônico a seguir: 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Referências
ALVES, J. A. L. É preciso salvar os direitos humanos! Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 86, p. 51–88,
2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcite.
Acesso em: 21 maio 2023. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em: 21 maio 2023.RAMALHO, N. A. Processos de globalização e problemas emergentes: implicações para o Serviço Social
contemporâneo. Serviço Social & Sociedade, n. 110, p. 345–368, abr. 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite.  Acesso em: 21 maio
2023.  
Aula 5
Revisão da Unidade
Sociedade, política e ética
https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcite
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite
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Olá, estudante! Um dos conceitos centrais desta Unidade é o de política. Nós aprendemos que a política
possibilita a vida em sociedade, porque cria um conjunto de regras para viabilizar a convivência comum.  
Será que essas regras são sempre justas? Quando olhamos a história humana, certamente podemos a�rmar
que não. Os governos autoritários se mostram bastante injustos e incapazes de consolidar o interesse
público. Quando observamos, por exemplo, o período da ditadura militar no Brasil, vemos que direitos civis e
políticos foram retirados da população brasileira (SANTOS, 2021). 
Hoje, entendemos que a democracia é o sistema mais propenso a gerar normas justas, porque o princípio da
soberania popular permite que os líderes sejam eleitos pela população e que haja competição e oposição
política. Com isso, os políticos disputam cargos entre si e, para serem reeleitos, precisam atender aos
interesses públicos (DAHL, 1997). 
Talvez você esteja inquieto com o parágrafo anterior. Realmente, na prática política, a democracia também
traz muitas injustiças sociais e nem sempre os governos são éticos e justos. No entanto, a democracia é um
sistema considerado melhor, porque possibilita que os governantes sejam substituídos a cada ciclo eleitoral.
Contudo, a democracia se organiza para conviver com a desigualdade social. O Brasil é um país
democrático, mas há pessoas que ainda morrem dos efeitos da desnutrição (SENADO FEDERAL, 2022).
Dessa forma, é difícil pensar que nossa democracia é justa. 
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia
de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o
que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais
da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau:
leve, moderado ou grave. (SENADO FEDERAL, 2022, [s.p.]) 
Diante das injustiças produzidas por governos democráticos e por tantas outras produzidas pelos governos
autoritários, o sistema internacional, especialmente a ONU, criou um mínimo ético para os Estados, que é
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Relações Sociais,
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denominado de Direitos Humanos. Estes formam um conjunto de direitos, baseados em valores éticos das
sociedades ocidentais, que pressupõe garantias universais e não relativizáveis. Os Direitos Humanos
demandam dos Estados compromissos com a vida, a liberdade e a igualdade de todos perante a lei.  
Entretanto, para a consolidação de uma sociedade realmente ética, é fundamental a distribuição de renda. O
Brasil é um dos países com menor distribuição de renda no mundo, segundo dados do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada, publicados por Carvalho (2023). Para que possamos viver em uma sociedade baseada
em valores morais e éticos, precisamos diminuir a concentração de renda e possibilitar que todos tenham
um salário justo, que garanta uma vida digna.   
Videoaula: Revisão da Unidade
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Nesse vídeo, vamos lembrar as diferenças entre os conceitos de moral e ética. Também revisaremos os
conceitos de política, Estado e democracia. Finalmente, vamos lembrar como os Direitos Humanos são um
conjunto de regras que de�nem um mínimo ético para o Estado. 
Estudo de caso
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Estudante, uma discussão que tem mobilizado a sociedade brasileira diz respeito à prática do bullying,
também chamado de violência escolar. Para começar a nossa re�exão sobre esse tema, vamos ler uma
de�nição: 
O bullying sempre tem como objetivo ferir e magoar a vítima, ocorrendo principalmente de três
maneiras: agressões físicas diretas; agressões verbais diretas; e agressões indiretas (...) A
agressão física direta engloba ataques abertos à vítima envolvendo ações individuais ou em
grupo contra uma única pessoa, através de agressões (...) A agressão verbal direta envolve ações
de insultos em público, incluindo xingamentos, provocações, ameaças, apelidos maldosos,
comentários racistas, ofensivos ou humilhantes. E a agressão indireta se dá pelo isolamento e
exclusão social dentro do grupo de convivência, di�cultando as relações da vítima com os pares
ou prejudicando a sua posição social, por meio de boatos, ignorando a presença da vítima ou
ameaçando os outros para que não brinquem com a mesma. (ZEQUINÃO et al., 2016, p. 181) 
É preciso perceber a escola como um espaço de violência, onde grupos de indivíduos, desde alunos até a
própria gestão escolar, cria possibilidades de agressão. Se a violência se reproduz de maneira tão célere,
também a escola falha em garantir segurança e um ambiente mais solidário. Você já pensou por que há
tanta violência na escola? Precisamos primeiro entender que a sociedade brasileira é violenta e que a escola
reproduz aquilo que é social, porque a escola é um espelho da sociedade.  
A sociedade contemporânea é marcada pelo desemprego, pobreza, fome, di�culdades de acesso a serviços
públicos de saúde, moradia e assistência social. Diante dessa realidade, os jovens têm di�culdade em
construir um projeto de vida para si mesmos e para pensar um futuro. Especialmente se esses jovens estão
inseridos em contexto sociais nos quais veem seus pais desempregados ou ganhando salários muito baixos
e percebem que seus direitos mínimos, como alimentação, saúde e moradia, não estão efetivamente
garantidos, pensar um futuro é muito difícil. Precisamos, portanto, entender a violência escolar a partir de
problemas sociais, que são resultado da falta de políticas públicas. 
Ainda, faz-se necessário compreender a violência escolar também de uma perspectiva ética. O capitalismo,
enquanto sistema econômico dominante, coloca uns contra os outros e há um individualismo exacerbado,
baseado na competição. Será que a violência escolar não é fruto disso tudo? Pense sobre os valores que
essa escola deve priorizar e crie um Código de Ética que dê destaque a toda a comunidade escolar e que
tenha uma perspectiva de transformação pessoal.
______
Re�ita
A escola pode ter uma perspectiva de mudança social e de ruptura com as crises sociais que esses jovens
vivenciam. Ela tem potencial de dar repertório e ferramentas para que eles se mobilizem e lutem por seus
direitos, tornando-se protagonistas de suas próprias vidas por meio da participação política. Ainda, a escola
pode criar um sistema de regras mínimas de convivência, que tenha uma lógica diferente desse
individualismo capitalista, no qual cada indivíduo se torna adversário do outro. 
Re�ita: será que podemos criar um Código de Ética para a escola, de tal forma que haja mais solidariedade e
relações mais humanas entre todos na comunidade escolar (ou seja, não apenas alunos, mas também os
docentes e gestores escolares)? 
Videoaula: Estudo de caso
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Para resolver o nosso Estudo de caso, precisamos pensar sobre o que é ética. Ela é um conjunto de valores,
racional e historicamente pensados,que possibilitam a construção de um código de conduta e que de�nem
relações sociais e comportamento. 
A escola, para enfrentar o bullying e toda forma de violência, precisa pensar sobre as relações dentro de si
mesma. Ao ressigni�car essas relações, ela precisa se reconhecer como um espelho do sistema capitalista,
no qual as relações são constituídas a partir do consumo, da competição e do dinheiro. Será que a escola
pode se de�nir de forma diferente, pautando-se pela valorização do indivíduo e da solidariedade? Vamos
pensar juntos em algumas regras para nosso Código de Ética: 
Artigo 1: Na escola, as relações devem ser baseadas na ajuda mútua e na solidariedade, não na
competição. 
Nosso primeiro artigo tem um valor moral muito importante: o conceito simples de que as pessoas precisam
se ajudar, e não competir entre si. Se um aluno é bom em matemática, pode ajudar um colega a fazer a
tarefa para o dia seguinte. No mercado de trabalho, a recusa da ajuda é parte do projeto do capitalismo, para
garantir que ninguém consiga a promoção desejada. Vejamos agora o artigo 2: 
Artigo 2: Todas as pessoas são diferentes e devemos respeitá-las pela sua diferença. Toda forma de
discriminação é proibida.  
Uma das formas mais comuns de bullying é aquela que se pauta na negação do outro, ou seja, que zomba
daquele que é diferente. A escola precisa se pautar pelo direito à diferença e pela percepção de que a
diversidade é enriquecedora para a humanidade. Proibir a discriminação demanda que a escola não tolere
nenhum tipo de preconceito e que haja sanções para aqueles que agirem de forma preconceituosa.  
Artigo 3: A escola promoverá discussões sobre os problemas sociais enfrentados por todos na comunidade
escolar, dando o espaço para os alunos se manifestarem sobre sua realidade social e criarem estratégias
para questionarem os poderes públicos e in�uenciarem a agenda política. 
A escola deve fortalecer nos alunos a ideia de que a participação social é fundamental e possibilitar que eles
lutem pelos seus Direitos Humanos. 
Esses foram alguns dos artigos que você poderia propor. Ao �nal, é interessante fazer uma discussão, para
que todos manifestem sua opinião sobre o Código. Este deve ser um pacto coletivo, não uma imposição.
Finalmente, com a concordância de todos, o Código é assinado. 
Resumo Visual
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 1 | Moral e ética. Fonte: elaborada pela autora.
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Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
Figura 2 | Política, democracia e direitos humanos. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
DAHL, R. Poliarquia. São Paulo: Edusp, 1997. 
CARVALHO, S. S.  Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas – resultados da PNAD Contínua do primeiro
trimestre de 2022. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasília, 2023. Disponível em:
Disciplina
Relações Sociais,
Sustentabilidade e Ética
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/tag/indice-de-gini/. Acesso em: 28 maio 2023. 
SANTOS, M. S. DOS. Memória e ditadura militar: Lembrando as violações de direitos humanos. Tempo Social,
v. 33, n. 2, p. 289–309, maio 2021. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/ts/a/5g5n4wdd8syJwfDvHHfpghM/. Acesso em: 28 maio 2023. 
SENADO FEDERAL.  Retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU preocupa senadores e estudiosos. Brasília,
2022. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/10/retorno-do-brasil-ao-
mapa-da-fome-da-onu-preocupa-senadores-e-estudiosos. Acesso em: 28 maio 2023. 
ZEQUINÃO, M. A.; et al. Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educação e Pesquisa, v. 42, n. 1, p.
181–198, jan. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/tfsmpDFp9d73b75mLTPvVDR/?lang=pt#. 
Acesso em: 28 maio 2023. 
,
Unidade 2
O exercício dos Direitos Humanos
Aula 1
Introdução aos Direitos Humanos
Introdução
Olá, estudante! 
Conhecer os Direitos Humanos é um exercício de cidadania. Todos somos detentores destes direitos; por
isso, é muito importante entendê-los, para que consigamos enxergá-los, propagá-los e defendê-los em nossa
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https://www.scielo.br/j/ts/a/5g5n4wdd8syJwfDvHHfpghM/
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/10/retorno-do-brasil-ao-mapa-da-fome-da-onu-preocupa-senadores-e-estudiosos
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/10/retorno-do-brasil-ao-mapa-da-fome-da-onu-preocupa-senadores-e-estudiosos
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Sustentabilidade e Ética
sociedade.   
Nesta aula, trataremos do conceito de Direitos Humanos. Avançaremos para entender sobre sua origem e
como se transformaram até chegarem na atualidade. Também explicaremos por que os Direitos Humanos
são importantes para a sociedade.  
Este conjunto de valores comuns a todas as pessoas, que podem ser entendidos de forma coletiva ou
individual e estão intimamente ligados à natureza humana, será objetivo desta aula. Então, prepare-se e
vamos juntos construir este entendimento! 
Bons estudos! 
Conceituação e entendimento
Entender o conceito e signi�cado de um determinado tema a ser estudado é fundamental para adquirirmos a
capacidade de prosseguir nos estudos e aprofundá-los. Para estudarmos sobre os Direitos Humanos, esta
premissa de apresentar a signi�cação e conceituação também é válida, e se torna indispensável, visto que
tais Direitos são valores inerentes aos seres humanos, e que foram construídos e reconhecidos ao longo dos
últimos séculos.  
Neste sentido, veri�camos que os Direitos Humanos surgiram como uma resposta às violações dos direitos
naturais dos seres humanos, e foram consolidados em documentos como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948 (MAHLKE, 2017). Desde
então, os Direitos Humanos tornaram-se uma referência global para a proteção dos direitos fundamentais
das pessoas, sendo reconhecidos por governos, organizações internacionais, organizações não
governamentais, sociedades e indivíduos. 
Tais direitos são importantes para a sociedade, porque garantem que todas as pessoas sejam tratadas com
dignidade e respeito, e que tenham acesso a condições básicas de vida e oportunidades. Além disso, os
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Direitos Humanos são essenciais para a proteção das minorias e grupos vulneráveis, e para a prevenção e o
combate à discriminação, à opressão e à violência. 
Entre as características dos direitos humanos, destacam-se a universalidade, a interdependência e a
indivisibilidade. A universalidade determina que esses direitos são aplicáveis a todas as pessoas, sem
exceção. A interdependência estabelece que os direitos humanos são interconectados e interdependentes, e
que a violação de um direito pode ter um impacto negativo em outros. Já a indivisibilidade de�ne que os
direitos humanos não podem ser separados em categorias, como se fossem de primeira ou segunda classe
(MAHLKE, 2017). 
Um pertinente conceito que podemos adotar para de�ni-los está presente no livro Direitos Humanos, da
professora Helisane Mahlke (2017, p. 10), segundo a qual eles compõem: 
[...] um conjunto de valores comuns à humanidade, entendidos individual ou coletivamente,
considerados inerentes à natureza humana e, portanto, não cabe ao direito constituí-los, mas
apenas declará-los, são inalienáveis e imprescritíveis por princípio. 
Assim, percebemos que não há que se distinguir a aplicação de tais direitos para indivíduos ou à
coletividade, estando todos os seres humanos, sem nenhuma exceção, abarcados neste conceito. Por isso,
é importante entender também a relevância e distinção histórica que foi dada ao ser humano frente aos
demais seres vivos, a evolução conceitual e o caminho percorrido nas diversas épocas e diferentes
sociedades até a atualidade, passando por conceitos culturais, religiosos, �losó�cos, cientí�cos até ser
materializado como direito. Segundo o autor Fábio Konder Comparato (2019,p. 45), em sua obra A
a�rmação histórica dos Direitos Humanos: 
Não se pode deixar de observar que as re�exões da �loso�a contemporânea sobre a essência
histórica da pessoa humana, conjugadas à comprovação do fundamento cientí�co da evolução
biológica, deram sólido fundamento à tese do caráter histórico (mas não meramente
convencional) dos direitos humanos, tornando portanto sem sentido a tradicional querela entre
partidários de um direito natural estático e imutável e os defensores do positivismo jurídico, para
os quais fora do Estado não há direito. 
Importa também perceber os Direitos Humanos como valores sociais que independem do reconhecimento
estatal, ou seja, mesmo que um Estado ou país não os preveja no interior de suas constituições ou leis, eles
subsistirão. Como pontuado, não é cabível, tampouco necessário ao Estado criá-los, mas somente
reconhecê-los e declará-los em suas cartas normativas internas, e claro, defendê-los e aplicá-los (MAHLKE,
2017). 
Um breve recorte histórico
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Para que possamos prosseguir no entendimento, é indispensável traçarmos um breve histórico, reservando
atenção a alguns importantes marcos pretéritos. Os Direitos Humanos são uma das principais questões que
permeiam a humanidade, desde a antiguidade até os dias atuais. Com o passar do tempo, esse conceito foi
se desenvolvendo e se transformando, adquirindo novos signi�cados e se adaptando às diferentes
sociedades e épocas. 
O conceito de Direitos Humanos pode ser rastreado até a Grécia antiga, quando a ideia de justiça e
igualdade entre os cidadãos era enfatizada (COMPARATO, 2019). No entanto, foi somente durante a era
moderna que o conceito de Direitos Humanos foi formalizado e ganhou uma importância signi�cativa. 
  
 
  
 
Quando 
 
  
 
Quem 
 
  
 
Onde 
 
  
 
O quê 
  
 
 
593 a.C. 
 
 
Rei Ciro II 
 
 
Mesopotâmia /Iraque 
 
 
Cilindro de Ciro. 
  
 
 
 
Santo Agostinho 
 
 
Roma 
 
 
Cidade de Deus, aponta 
divergência entre 
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413  governos autoritários e 
legais. 
  
 
 
1215 
 
 
Rei João Sem Terra 
 
 
Inglaterra 
 
 
Carta Magna. 
  
 
 
1517 
 
 
Martinho Lutero 
 
 
Alemanha 
 
 
95 teses, Reforma 
Protestante. 
  
 
 
1537 
 
 
Papa João Paulo III 
 
 
Roma 
 
 
Bula Sublimi Deus, 
condenando a 
escravidão. 
  
 
 
1689 
 
 
Parlamento Inglês 
 
 
Inglaterra 
 
 
Bill of Rights, poderes ao 
Parlamento e limites ao 
Rei. 
  
 
 
1789 
 
 
Revolução Francesa 
 
 
França 
 
 
Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, 
liberdade e igualdade 
aos homens. 
  
 
 
1864 
 
 
Congresso EUA. 
 
 
EUA 
 
 
3ª Emenda da 
Constituição, proibindo 
escravidão e trabalho 
forçado 
  
 
 
1888 
 
 
Princesa Isabel 
 
 
Brasil 
 
 
Abolição da escravatura, 
última da América. 
  
 
 
 
 
Revolução Russa 
 
 
Rússia 
 
 
Eliminar a exploração do 
trabalhador. 
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O primeiro marco a merecer destaque, dentre vários momentos na história dos Direitos Humanos, foi a
Magna Carta, documento assinado em 1215, na Inglaterra. Ela limitava o poder absoluto do rei e garantia
alguns direitos aos barões e cidadãos. Esse documento in�uenciou a criação da Carta dos Direitos, que foi
incorporada à Constituição dos Estados Unidos em 1787. Outro marco importante na evolução dos Direitos
Humanos foi a Revolução Francesa, que aconteceu em 1789 e resultou na Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, um documento que estabeleceu a igualdade, a liberdade e a fraternidade como
valores fundamentais da sociedade. Esse documento in�uenciou a criação da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948 (COMPARATO, 2019). 
Figura 1 | A Liberdade guiando o povo, quadro de Eugène Delacroix.. Fonte: Pixabay.
Durante a Revolução Industrial, ocorrida a partir do século XVIII, surgiram graves violações dos Direitos
Humanos, especialmente no que diz respeito ao trabalho infantil e à exploração dos trabalhadores. Com
1918   
 
 
1948 
 
 
ONU 
 
 
Paris/França 
 
 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. 
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isso, surgiram movimentos trabalhistas que lutavam pela proteção dos direitos trabalhistas (MAHLKE,
2017). 
No início do século XX, ocorreu a Primeira Guerra Mundial, que levou a uma mudança signi�cativa no cenário
político e social da Europa. Esse período foi marcado por um grande movimento pela paz e pela justiça
social, o que in�uenciou a criação da Liga das Nações e, posteriormente, da Organização das Nações
Unidas. Durante a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945, aconteceram algumas das piores
violações dos Direitos Humanos na história da humanidade, incluindo o Holocausto, a perseguição aos
homossexuais, aos de�cientes físicos e mentais, e a bomba atômica lançada pelos Estados Unidos no
Japão. Como resposta a essas atrocidades, a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
1948 (COMPARATO, 2019). 
A partir da década de 1960, houve uma série de movimentos sociais que lutavam pela igualdade de direitos
e contra a discriminação, como o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e o movimento pelos
direitos das mulheres em todo o mundo (COMPARATO, 2019). Esses movimentos in�uenciaram a criação de
leis que garantiam a igualdade de direitos e o �m da discriminação em várias partes do mundo. 
Na contemporaneidade, os Direitos Humanos ainda enfrentam muitos desa�os a serem enfrentados,
incluindo a discriminação, a violência, a pobreza, a desigualdade e a falta de acesso a serviços; por isso,
veremos a seguir a sua importância para a sociedade.
A importância dos Direitos Humanos na sociedade
Neste momento, já podemos perceber que os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade
humana e proteger os indivíduos de abusos e violações por parte do Estado ou de outros indivíduos. Eles
existem desde tempos antigos, mas foram formalizados em documentos importantes ao longo da história,
como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, criada durante a Revolução Francesa, e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas em 1948
(MAHLKE, 2017). 
Os Direitos Humanos muitas vezes eram violados, especialmente em regimes absolutistas, autoritários e
escravocratas. A luta por esses direitos fez parte de muitos movimentos sociais ao longo da história, como o
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movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e o movimento antiapartheid na África do Sul
(COMPARATO, 2019). Esses movimentos ajudaram a conscientizar a população sobre a importância dos
Direitos Humanos e pressionaram os governos a implementar leis e políticas que protegessem esses
direitos. 
Na sociedade atual, os Direitos Humanos continuam sendo fundamentais para garantir a dignidade humana
e proteger os indivíduos de abusos e violações. Infelizmente, ainda existem muitos casos de violações deles
em todo o mundo, como tortura, discriminação racial, de gênero e de orientação sexual, contra os povos
indígenas, trabalho infantil, trá�co humano, entre outros. Por isso, é importante que estejamos todos,
enquanto sociedade e cidadãos, vigilantes destes direitos. 
Para entender melhor como os Direitos Humanos estão presentes em nosso país e �rmados em nossa atual
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988 (BRASIL, 1988),
também conhecida como Constituição Federal, Carta Magna, Carta Política ou apenas abreviada como
CRFB/88, é importante realizar algumas considerações a respeito do que são “princípios” do ponto de vista
jurídico.  
Os princípios constitucionais são as normas fundamentais que orientam a interpretação e aplicação da
Constituição de um país. São considerados a base do ordenamento jurídico e têm como objetivo garantir a
efetivação dos valores e direitos fundamentais estabelecidos

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